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uma retrospectiva interessante da história do Brasil, identificando alguns fatores que
mantiveram o País na retaguarda do avanço científico e tecnológico, característica
marcante dos países subdesenvolvidos.
Primeiro, o autor lembra que foi justamente a supremacia técnica dos países
centrais da Europa que levou ao estabelecimento do colonialismo, criando, já
naquele tempo, relações de dominância e dependência entre os países. Os países
que foram os protagonistas das conquistas ultramarinas apresentavam, naquela
época, vigoroso desenvolvimento científico e técnico, o que lhes garantiu, por muito
tempo, hegemonia econômica sobre os demais países. No entanto, o autor afirma
que, o fato de o Brasil ser um país colonizado, não é razão suficiente para justificar
seu atraso científico e tecnológico. Tomando como exemplo os Estados Unidos, que
também eram colônia na época, podia-se observar o desenvolvimento de atividades
técnicas não desprezíveis. E mesmo no Brasil, durante o domínio holandês, houve
um pequeno surto de atividade científica e técnica.
Alguns autores defendem que a inexistência de universidades na época foi o
fator determinante da situação de atraso do Brasil no terreno da ciência e tecnologia,
situação agravada pelo ensino predominantemente escolástico por parte dos
jesuítas. Porém, Motoyama (1984) contra-argumenta, afirmando que, mesmo na
Europa, o ensino era predominantemente escolástico, e que não eram poucas as
reações contra a pesquisa científica e seu ensino.
Seria então um problema de falta de capacidade criativa e empreendedora
por parte dos colonos? O autor afirma que não, uma vez que, mesmo sob condições
adversas, a produção açucareira, atividade econômica mais importante na Colônia,
se deu sob um modelo organizacional aperfeiçoado e uma adaptação bem-sucedida
à falta de mão-de-obra qualificada.
Outra hipótese sugere que o atraso científico e tecnológico do Brasil se deve
às características políticas, econômicas, sociais e culturais de Portugal. Esse país,
que na época do Renascimento desfrutava de uma hegemonia indiscutível graças ao
seu avançado desenvolvimento técnico em assuntos náuticos, acabou por se
entregar às práticas imediatistas diante do mercantilismo e da Contra-Reforma. Essa
visão teria sido transmitida à sua colônia, que teria absorvido o pensamento
imediatista. De fato, como afirma Motoyama, “essa tem sido uma constante nos
países subdesenvolvidos: sacrificar a ciência e a pesquisa técnica em favor de