POSIÇÃO ATUAL DA ESCOLA TÉCNICA
O ensino técnico no Brasil, incipiente até
à década de 30, teve o seu início de implan-
tação em termos regulares decorrentes de uma
política educacional específica, após o advento
da chamada reforma Capanema, com a criação
da rede federal de Escolas Técnicas, poste-
riormente regulamentadas pela Lei n
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3552.
Paralelamente, desenvolviam-se com êxito as
Escolas Técnicas do SENAI e do SENAC, ex-
pandindo-se bem mais o ensino profissionali-
zante. Outras escolas surgiram na nova área de
ensino, em face da forte demanda do mercado
de trabalho que começava a reclamar profis-
sionais habilitados em número crescente. Eram
entidades oficiais, ligadas aos sistemas esta-
duais de educação.
Começaram também a surgir centros de
treinamentos nas empresas, num avanço desor-
denado, que reclamava a definição de uma
filosofia própria como cerne de uma legislação
adequada e abrangente inadiável.
O progresso tecnológico mostrava a neces-
sidade da profissionalização, se não em massa,
pelo menos crescente, requerendo a alteração
da tradicional formação integral básica de
nível médio, com a introdução do ensino
profissionalizante obrigatório, medida corajosa-
mente recomendada pela Lei n' 5692/71.
Evidentemente que modificações profundas,
constantes do novo diploma, deveriam vencer
vários tropeços de ordem social e econômica,
enquadrando-se no primeiro caso a difícil ba-
talha contra a tradição em vigor até então e,
no segundo, os grandes investimentos que exi-
giriam o funcionamento pleno do sistema, em
que não eram menores os relativos à formação
docente específica.
Ante esse panorama, as Escolas Técnicas
apresentavam-se absolutas, tranquilas e pres-
tigiadas cada vez mais, sobretudo pela coerência
das suas atividades em harmonia com os novos
tempos, decorrentes de uma longa vivência na
difusão do ensino tecnológico, que ocorreu gra-
dativamente, por imposição do próprio desen-
volvimento.
A vertiginosa procura das Escolas Técnicas,
mediante concurso de admissão, acentuada-
mente crescente de ano para ano, passou a ser
significativa característica da participação cada
vez maior de jovens pertencentes a camadas
sociais que até então não se interessavam por
esse tipo de ensino.
No concurso de admissão à Escola Técnica
Federal "Celso Suckow da Fonseca", no Rio
de Janeiro, em 1978, mais de 35% dos apro-
vados eram dependentes de responsáveis de
faixa salarial superior a 6 (seis) salários-
mínimos, fato que merece a atenção dos estu-
diosos da Sociologia. De um lado, a penetração
da formação técnica em meio até há pouco
infenso a essa área de ensino; de outro, a
evidente falta de recursos para a preparação,
precisamente, dos mais carentes, preteridos
circunstancialmente na postulação de uma pro-
fissionalização a curto prazo.