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O autor, quando escreve, tem em mente um tipo de leitor (leitor ideal) que
possa entender todo o significado que cada significante estará transmitindo. Na
maioria das vezes, porém, quem lê o texto não é esse tipo de leitor, pois cada leitor
transporta para o texto seus conhecimentos prévios de mundo, ou seja, tudo o que
tem significado para ele. Portanto, quando Bakhtin diz que a palavra é semi-alheia
refere-se à relação entre o mundo, o autor e o leitor.“Diria que um texto é um jogo
de estratégias mais ou menos como pode ser à disposição de um exército para uma
batalha”. (ECO, 1.984,p.9)
Segundo Umberto Eco, (1986,p. 36), o autor prevê seu leitor (leitor modelo) e
age no sentido de organizar o texto para que ocorra um tipo de leitura, que ele
considera adequada às suas intenções e, para isso, utiliza estratégias textuais, as
mais diversas, dos estudos lingüísticos às ideologias, envolvendo forma e conteúdo.
O mundo oferece o universo das palavras e o autor utilizar-se-á delas, de acordo
com a sua ideologia e com a sua bagagem cultural.
Para que um texto se torne vivo, presentificando-se através do ato da leitura,
é necessário que o receptor acredite que o autor tem algo a dizer, caso contrário,
não o lerá. Além disso, fará sua leitura sempre de acordo com sua ideologia e com
seu conhecimento de mundo. Para analisar um texto é necessário que façamos sua
desconstrução para que, posteriormente, possamos reconstruí-lo com a nossa
interpretação, que será baseada em nosso repertório, valores e cosmo- visão.
O texto possibilita uma leitura horizontal – sintagmática- e uma leitura
vertical-paradigmática. Em ambas, quando os vazios aparecerem, o leitor deverá
preenchê-los buscando respostas às suas dúvidas, em seus conhecimentos
lingüísticos e sociais, em suas crenças, preconceitos, medos e esperanças. No
entanto, não se pode aceitar uma leitura aleatória, que não seja pertinente à
intenção do autor e assim sendo, deve seguir parâmetros, ter limites impostos pela
própria narrativa e suas estruturas lingüísticas e ideológicas.
Como já dissemos, o autor constrói seu discurso dentro de seu mundo de
valores e quando seu texto encontra o leitor cria-se um contexto, onde há interação
entre interlocutores, cabendo ao receptor analisar as estratégias utilizadas pelo
emissor para que haja interação entre ambos. Cada teórico denomina o leitor que
interage com o texto de uma forma diversa, sob um ângulo diferente: