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efêmero do sentido das palavras, e conseqüentemente, a sua mudança e a criação
de novas palavras no léxico.
Entre coisas e palavras – principalmente entre palavras – circulamos. A maioria delas não
figura nos dicionários de há 30 anos, ou figura com outras acepções, a todo momento impõe-
se tomar conhecimento de novas palavras e combinações de.
Você que me lê, preste atenção. Não deixe passar nenhuma palavra ou locução atual, pelo
seu ouvido, sem registrá-la. Amanhã, pode precisar dela. E cuidado ao conversar com seu
avô; talvez ele não entenda o que você diz.
O malote, o cassete, o “spray”, o fuscão, o copião, a Vemaguet, a chacrete, o linóleo, o
“nylon”, o “nycron”, o ditafone, a Informática, a dublagem, o sinteco, o telex... existiam em
1940?
Ponha aí o computador, os anticoncepcionais, os mísseis, a motoneta, a Velo-solex, o biquíni,
o módulo lunar, o antibiótico, o infarte, a acupuntura, a biônica, o auréulico, o ta legal, o
apartheid, o som “pop”, a arte “op”, as estruturas e infraestrutura.
Não se esqueça também (seria imperdoável) o Terceiro Mundo, a descapilização, o
desenvolvimento, o unissex, o bandeirinha, o “mass média” o Ibope, a renda “per capita”, a
mixagem.
De passagem, anote a reunião de cúpula, a mincopa, a conjuntura, o Porcão, a Reflexologia,
a ioga,o iogurte, os alucinógenos, o morfema, o semantema, o estocástigo, o ergódigo e o
markoviano.
Só, não tem seu lugar ao sol a metalinguagem, o servoeanismo, as algias, a coca-cola, o
superego, a Futurologia, a homeostatia, a Adecif, a Transamazônica, a SUDENE, o Incra, a
Unesco, o Isop, a Oea e a Onu.
A idéia de efemeridade é expressa pela seleção de vocábulos como:
“o cassete”, “o spray”, a “Vemaguet”, a “Chacrete”, o “nycron”, a que
simultaneamente o autor contrapõe palavras como: “informática”, “telex”, “apartheid”,
IBOPE”, renda “per-capita”, “mixagem “... Assim, Drummond utiliza-se de
metalinguagem para traduzir o significado de palavras por meio de palavras e
também, sugerir que, além do caráter efêmero delas, há a dificuldade de apreender
e acompanhar a constante inovação do léxico. “No seu processo criador, a língua se
movimenta dentro de coordenadas geométricas e temporais, lançando o passado
(arcaísmos) em face, do futuro (neologismo)”, (Teles, 1987, p. 20).