sociais), A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado, Ludwig
Feuerbach, um artigo sobre a política externa do governo russo, notáveis artigos sobre o
problema da habitação, e, finalmente, dois artigos curtos mas de grande interesse, sobre
o desenvolvimento econômico da Rússia. Marx morreu sem ter conseguido completar
sua obra monumental sobre o capital. Contudo esta obra já estava terminada em
rascunho e Engels, após a morte do amigo, assumiu a pesada tarefa de redigir e publicar
os tomos II e III de O Capital. Editou o tomo II em 1885 e o tomo III em 1894 (não teve
tempo de redigir o tomo IV). Estes dois tomos exigiram um trabalho enorme de sua
parte. O social-democrata austríaco Adler observou muito justamente que, editando os
tomos II e III de O Capital, Engels ergueu ao seu genial amigo um grandioso
monumento no qual, involuntariamente, tinha gravado o seu próprio nome em letras
indeléveis. Estes dois tomos de O Capital são, com efeito, obra de ambos, de Marx e
Engels. As lendas da antigüidade contam exemplos comoventes de amizade. O
proletariado da Europa pode dizer que a sua ciência foi criada por dois sábios, dois
lutadores, cuja amizade ultrapassa tudo o que de mais comovente ofereceram as lendas
dos antigos. Engels, em geral com toda razão, sempre se apagou diante de Marx. "Ao
lado de Marx, escreveu ele a um velho amigo, fui sempre o segundo violino". O seu
carinho por Marx enquanto este viveu e a sua veneração à memória do amigo morto
foram ilimitadas. Este militante austero e pensador rigoroso tinha uma alma
profundamente efetuosa.
Durante o seu exílio, depois do movimento de 1848-1849, Marx e Engels não se
dedicaram unicamente ao trabalho científico. Marx fundou em 1864 a "Associação
Internacional dos Trabalhadores", de que assegurou a direção durante dez anos. Engels
desempenhou nela, igualmente, um papel considerável. A atividade da "Associação
Internacional", que unia, de acordo com os ideais de Marx, os proletários de todos os
países, teve uma enorme importância no desenvolvimento do movimento operário. .
Mesmo após a sua dissolução , nos anos 70, continuou o papel de Engels e Marx como
unificadores da classe operária. Melhor: pode-se dizer que a sua importância como
dirigentes espirituais do movimento operário não cessou de crescer, pois o próprio
movimento se desenvolvia sem parar. Após a morte de Marx, Engels, sozinho,
continuou a ser o conselheiro e o dirigente dos socialistas da Europa. A ele vinham
pedir conselhos e indicações tanto os socialistas alemães, cuja força crescia contínua e
rapidamente apesar das perseguições governamentais, como os representantes dos
países atrasados, por exemplo, os espanhóis, os romenos, russos, que meditavam e
mediam então os seus primeiros passos. Todos eles corriam ao riquíssimo tesouro dos
conhecimentos e experiência do velho Engels.
Marx e Engels, que conheciam o russo e liam as obras publicadas nessa língua,
interessaram-se vivamente pela Rússia, seguiam com simpatia o movimento
revolucionário do nosso país e mantinham relações com os revolucionários russos.
Ambos eram já democratas antes de se tornarem socialistas e tinham profundamente
arraigado o sentimento democrático de ódio à arbitrariedade política. Este sentimento
político nato, aliado a uma profunda compreensão teórica da relação existente entre a
arbitrariedade política e a opressão econômica, assim como a sua riquíssima experiência
da vida, tinham tornado Marx e Engels extraordinariamente sensíveis precisamente no
sentido
político. Por isso a luta heróica de um pequeno punhado de revolucionários
russos contra o poderoso governo tzarista encontrou a mais viva simpatia no coração
dos dois experimentados revolucionários . Inversamente, toda veleidade de voltar as
costas, em nome de pretensas vantagens econômicas, à tarefa mais importante e mais