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O autor expõe que desde o fim do século XIX, o comércio de abastecimento
urbano desenvolveu-se em Florianópolis, tornando-se fonte de enriquecimento
para os que a ele se dedicaram. O comércio desenvolveu-se continuamente,
acompanhando o crescimento da população. A ele, na segunda metade do século
XIX, acrescentou-se o comércio de mercadorias e de exportação.
Em 1831, é inaugurado o primeiro jornal de Florianópolis, O Catharinense,
cujo proprietário e fundador foi Jerônimo Coelho. O jornal surgiu depois de 13
anos da inauguração dos primeiros jornais brasileiros (Correio Braziliense e
Gazeta do Rio de Janeiro). No primeiro número, o fundador do jornal, o capitão de
engenheiros Jerônimo Francisco Coelho, ataca violentamente o império dizendo
que se não fora ela (a imprensa), talvez ainda hoje estivéssemos escravos desse
Pedro estúpido, avarento e doido. O jornal divulgou idéias liberais, anti-lusitanas e
defensoras da liberdade de imprensa, segundo Moacir Pereira (1992)
A imprensa, conforme Celestino Sachet (1970), apresentava-se à
sociedade catarinense como um veículo capaz de consolidar o sistema de
liberdade, dar alguns esclarecimentos acerca dos negócios do Brasil, investigar a
maneira de se fazerem alguns melhoramentos na província, indagar sobre os
abusos existentes e a maneira de remediá-los, censurar os autores e os
procedimentos ilegais, noticiar quanto houver ocorrido na província e na Corte,
publicar alguns atos do poder legislativo, relatar o que houver de mais interessante
nos diferentes periódicos, e, finalmente, expender tudo quanto julgar digno de
publicidade.
Segundo C. Sachet (1970) quase todos os jornais de Florianópolis no
século XIX, se identificavam como imparciais. As tendências, entretanto, podiam
ser facilmente reveladas pelos ataques ou elogios aos políticos locais. Além disso,
alguns jornalistas, às vezes, dirigiam dois tipos de jornais, um que se denominava
imparcial e outro com vinculação explícita a partido político.
Ainda segundo o mesmo autor, alguns grupos literários se reuniam em
torno de atividades jornalísticas, como é o caso do grupo chamado “Guerrilha
Literária dos 80”, que floresceu de 1880 a 1890, liderado por Virgílio Várzea e
Gama Rosa e com a participação de João da Cruz e Sousa. Esses grupos