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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA – INPA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS – UFAM
Alexandre Mendes Fernandes
Dissertação de mestrado apresentado ao Programa de
Pós-graduação em Biologia Tropical e Recursos
Naturais do convênio INPA/UFAM, como parte dos
requisitos para obtenção do titulo de Mestre em
Ciências Biológicas, área de concentração em
Genética, Conservação e Biologia Evolutiva.
Manaus – Amazonas
2007
Filogeografia Comparativa de Três Aves Passeriformes na Bacia do Rio
Madeira
,
Amazônia
,
Brasil.
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2
INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA – INPA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS – UFAM
Alexandre Mendes Fernandes
Orientador : Dr. Mario Cohn-Haft
Co-orientadora: Dra. Izeni Pires Farias
Dissertação de mestrado encaminhado ao Programa
de Pós-graduação em Biologia Tropical e Recursos
Naturais do convênio INPA/UFAM, como parte dos
requisitos para obtenção do titulo de Mestre em
Ciências Biológicas, área de concentração em
Genética, Conservação e Biologia Evolutiva.
Manaus – Amazonas
2007
Filogeografia Comparativa de Três Aves Passeriformes na Bacia do Rio
Madeira, Amazônia, Brasil.
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III
Aos meus primeiros orientadores, os dois grandes biólogos evolutivos, Leonora Pires Costa e
Yuri Leite. Eles tiveram forte influência no direcionamento que tenho dado em minha carreira
acadêmica e naturalmente no tema dessa dissertação.
IV
Agradecimentos
Agradeço ao meu orientador Dr. Mario Cohn-Haft, pelos aprendizados de ornitologia durante a
minha estadia na Amazônia. Isso me permitiu ter maturidade e conhecimento necessário para
desenvolver esse estudo.
Dra. Izeni Pires Farias minha co-orientadora. Ela esteve sempre presente, orientou de perto, em
diversas ocasiões foi para bancada junto comigo e sempre resolveu de forma rápida e eficiente todos
os “probleminhas” que ocorrem em um estudo de biologia molecular. Esteve atenta aos prazos, lendo
meus trabalhos sempre no tempo certo.
Dr. Tomas Hrbek, informalmente, foi meu terceiro orientador. Ele também me forneceu grande
suporte laboratorial, o que me permitiu obter ótimas sequencias e resultados muito confiáveis.
Ajudou-me com análises estatísticas e revisões de textos, resumos, etc.
William Rangel, Carla Sardelli, Daniel Toffoli, me ensinaram técnicas laboratoriais, análises
estatísticas e me forneceram boas bibliografias. Luciano Naka e Francisco Prosdoscimi revisaram este
estudo e deram boas contribuições. Renata Smith pela ajuda em análises estatísticas. Rodrigo Loyola
pela ajuda na parte gráfica. Juliana Schietti, SIGLAB/INPA, pelas imagens Landsat. Aos referees
Drs. Cristina Miyaki, Jaime Garcia Moreno, Renato Cintra, Maria Nazareth da Silva e Arnaldo
Carneiro, pelas excelentes contribuições.
Todos os colegas da Coleção de Aves pelo apoio e contribuições diversas durante todo o estudo.
Aos colegas do Laboratório de Evolução e Genética Animal (LEGAL), especialmente os alunos de
PIBIC, que me ajudaram pacientemente na bancada. Aos ajudantes de campo.
Aos professores e ao programa do curso de Genética, Conservação e Biologia Evolutiva. Ao
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Universidade Federal do Amazonas (UFAM),
Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB; programa BECA), Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), Secretaria de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas
(SDS), Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira
(PROBIO), Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB - Programa BECA), Birder´s
exchange.
Aos meus pais e minhas duas irmãs pelo grande apoio e incentivo. Fernanda Antunes Carvalho,
minha esposa, grande aventureira e companheira. Forneceu grande contribuição intelectual e prática,
me ajudou em momentos difícies durante toda a minha estadia na Amazônia.
V
Resumo
Estudos de distribuição geográfica de espécies amazônicas demonstraram que muitos táxons são
limitados pelos grandes rios, e assim delimitam áreas de endemismo. Recentemente dados
morfológicos e genéticos têm sugerido que rios menores como o Aripuanã e o Jiparaná podem
também delimitar populações de primatas e aves. Nós investigamos níveis de diferenciação genética e
demografia populacional de três espécies de pássaros, Glyphorynchus spirurus (Dendrocolaptidae),
Hylophylax poecilinotus (Thamnophilidae) e Schiffornis turdina (Pipridae), usando seqüências do
gene mitocôndrial citocromo b (aproximadamente 950 pb). Análises filogenéticas (máxima
verossimilhança e parcimônia) e filogeográfica (Nested Clade Analyses ) revelaram clados
reciprocamente monofiléticos e altos níveis de diferenciação genética (acima de 3%) em lados
opostos do Rio Madeira para as três espécies. E, para G. spirurus foram determinados quatro clados e
altos níveis de diferenciação genética (3.5 a 5%) em lados opostos dos três rios. Análises de
demografia populacional (mismatch distribution, diversidade nucleotídica e haplotípica e testes de
neutralidade) sugeriram que o Rio Madeira pode ter sido o responsável pela diversificação de
populações de Hylophylax poecilinotus. Neste estudo nós reconhecemos três áreas de endemismo
entre os rios Madeira e Tápajos. Uma área ao nordeste do Rio Aripuanã, outra ao sudoeste do Rio
Jiparaná, e uma terceira entre os rios Aripuanã e Jiparaná. Essas áreas estão entre as regiões mais
ameaçadas da Amazônia Brasileira.
VI
Abstract
Studies focusing on the geographic distribution of Amazonian species have shown that many taxa are
limited by large rivers, which thus delimit areas of endemism. Recent morphological and genetic
studies have suggested that smaller rivers like the Aripuanã and Jiparaná could also restrict
populations of primates and birds. We investigated the levels of genetic differentiation and population
demography of three passerine species, Glyphorynchus spirurus (Dendrocolaptidae), Hylophylax
poecilinotus (Thamnophilidae) and Schiffornis turdinus (Pipridae), using sequences of the
mitochondrial cytochrome b gene (approximately 950 pb). Phylogenetics (maximum likelihood and
parsimony) and phylogeography (Nested Clade Analyses) analyses reveal reciprocally monophyletic
clades and high levels of genetics differentiation (over 3%) on opposite sides of Madeira River for all
three species. For G. spirurus, four distinct clades with high levels of genetic differentiation (3.5 to
5%) were encountered on opposite sides of the three rivers. Population demography (mismatch
distribution, nucleotide and haplotype diversity, and neutrality tests) suggested that the Madeira
Rivers could be responsible for the diversification of Hylophylax poecilinotus populations. Here we
recognize three areas of endemism between the Madeira and Tapajós Rivers. An area northeast of the
Aripuanã, an area southwest of the Jiparaná, and an area between the Aripuanã and Jiparaná
rivers.These are among the most threatened regions of the Brazilian Amazon.
VII
Índice
Dedicação............................................................................................................................................................III
Agradecimentos..................................................................................................................................................IV
Resumo.................................................................................................................................................................V
Abstract...............................................................................................................................................................VI
Lista de figuras................................................................................................................................................VIII
1 - Introdução.......................................................................................................................................................1
1.1 – O interflúvio Madeira/Tapajós, área de endemismo “Rôndonia”.......................................................1
1.2 – Filogeografia e o uso do DNA mitocondrial.......................................................................................4
1.3 - Filogeografia Comparativa..................................................................................................................5
1.4. – Uso do habitat e ecologia...................................................................................................................5
1.4 – Objetivo...............................................................................................................................................6
1.4.1 – Objetivo geral.........................................................................................................................6
1.4.2 – Objetivos específicos..............................................................................................................6
2 – Material e Métodos........................................................................................................................................7
2.1 – Espécies estudadas.......................................................................................................
.......................7
2.1.1 – Glyphorynchus spirurus.........................................................................................................7
2.1.2 – Hylophylax poecilinotus.........................................................................................................8
2.1.3 – Schiffornis turdina..................................................................................................................8
2.2 – Desenho amostral................................................................................................................................9
2.3 – Coleta dos indivíduos........................................................................................................................10
2.4 – Extração do DNA..............................................................................................................................10
2.5 – Amplicação.......................................................................................................................................10
2.6 – Sequenciamento................................................................................................................................11
2.7 – Ediçãoe alinhamento das sequências de mtDNA..............................................................................11
2.8 – Análises estatísticas...........................................................................................................................12
2.8.1 - Análise de clados inseridos “Nested Clade Analysis” – NCA..............................................12
2.8.2 – Análises filogenética............................................................................................................12
2.8.3 - Análises de demografia populacional...................................................................................13
3 – Resultados.....................................................................................................................................................14
3.1 – Glyphorynchus spirurus....................................................................................................................14
3.1.1 – Análises filogenéticas……………………………………..…………….............................14
3.1.2 - Análise de clados inseridos “Nested Clade Analysis” – NCA..............................................15
3.2 – Hylophylax poecilinotus....................................................................................................................19
3.2.1 – Análises filogenéticas…………………………………...………………............................19
3.2.2 - Análise de clados inseridos “Nested Clade Analysis” – NCA..............................................19
3.2.3 - Análises populacionais..........................................................................................................20
3.3 – Schiffornis turdina.............................................................................................................................25
3.3.1 - Análises filogenéticas………………………………………………………........................25
3.2.2 - Análise de clados inseridos “Nested Clade Analysis” – NCA..............................................26
4 – Discussão.......................................................................................................................................................30
4.1 – Biogeografia......................................................................................................................................30
4.2 – História de vida e uso do habitat.......................................................................................................32
4.3 – Sitemática e taxônomia.....................................................................................................................34
4.3.1 - Glyphorynchus spirurus....................................................................................... ................34
4.3.2 - Hylophylax poecilinotus........................................................................................................35
4.3.3 - Schiffornis turdina.................................................................................................................35
5 – Recomendações...............................................................................................................................
..............35
6 – Conclusão......................................................................................................................................................37
7 – Referências bibliográficas...........................................................................................................................38
Anexo...................................................................................................................................................................45
VIII
Lista de Figuras
1 Ecoregiões WWF.................................................................................................................................2
2 Localidades amostradas........................................................................................................................9
3 Cladograma de áreas de Glyphorynchus spirurus..............................................................................16
4 Árvores consenso de Glyphorynchus spirurus...................................................................................17
5 Redes Haplotípicas de Glyphorynchus spirurus................................................................................18
6 Cladograma de áreas de Hylophylax poecilinotus..............................................................................21
7 Árvores consenso de Hylophylax poecilinotus...................................................................................22
8 Redes Haplotípicas de Hylophylax poecilinotus................................................................................23
9 Mismatch distribuition de populações de Hylophylax poecilinotus...................................................25
10 Cladograma de áreas de Schiffornis turdina....................................................................................27
11 Árvores consenso de Schiffornis turdina.........................................................................................28
12 Redes Haplotípicas de Schiffornis turdina.......................................................................................29
13 Hipóteses biogeográficas alternativas..............................................................................................31
14 Imagem Landsat da Bacia do Rio Madeira......................................................................................37
1
1 - Introdução
Padrões de distribuição geográfica de aves são bem conhecidos e influentes em estudos sobre
processos evolutivos. Haffer (1969, 1974) foi o primeiro a compilar dados de distribuição de aves
para descrever padrões biogeográficos. Sua proposta forneceu grande contribuição para estudos
evolutivos e formulação de hipóteses de processos biogeográficos além de ter servido como base para
Cracraft (1985) delimitar as áreas de endemismo de aves neotropicais. Na Amazônia essas áreas se
destacam pela presença de táxons irmãos, que se substituem em margens opostas dos principais rios,
sugerindo inter-relações históricas entre elas (Cracraft e Prum 1988, Prum 1988; Bates et al. 1998;
Cohn-Haft 2000, Marks et al. 2002).
Estudos sobre a distribuição geográfica também foram feitos para outros grupos taxonômicos na
Amazônia como répteis, plantas, primatas e borboletas (Vanzolini e Williams 1970, Prance 1973,
Hershkovitz
1977, Brown Jr. 1982). E, assim como em aves, as espécies de primatas, mais
notavelmente que os outros organismos, também se substituem geograficamente em margens opostas
de grandes rios como Amazonas, Negro, Madeira e Tapajós
(Wallace 1886, Hershkovitz 1977).
Entretanto, apesar de ser bem aceito que os principais rios da Amazônia limitam a distribuição
de algumas espécies de aves e primatas, um único evento como o surgimento de um grande rio parece
não ser capaz de explicar toda a diversificação. Os dados atuais de biogeografia permitem supor que
os padrões biogeográficos na bacia amazônica foram determinados por diferentes eventos de
vicariância e especiação (Haffer 1969, Cracraft 1988, Cracraft e Prum 1988, Prum 1988, Bates et al.
1998, Cohn-Haft 2000, Marks et al. 2002, Aleixo 2004, Ribas et al. 2005). Diferentes hipóteses de
processos biogeográficos tentando explicar padrões foram propostas (para revisão das hipóteses ver
Haffer 1997).
1.1 - O interflúvio Madeira/Tapajós, área de endemismo “Rondônia
Estudos com primatas e aves no interflúvio Madeira/Tapajós, área de endemismo “Rondônia”
(Cracraft 1985), têm sugerido que rios menores dentro desse interflúvio também limitam a
distribuição de formas diferenciadas e formam pequenas sub-áreas de endemismo. Entretanto, a
existência de mini-interflúvios nessa região abrigando avifaunas distintas ainda
2
não é reconhecida. Mesmo nas ecoregiões definidas pelo WWF (Dinerstein et al. 1995) esse interflúvio
persiste como sendo uma região uniforme (Fig. 1)
Fig. 1. Mapa mostrando as 23 ecorregiões que compõem o bioma Amazônia (Dinerstein et al. 1995).
Uma única ecoregião foi definida entre os rios Madeira e Tapajós.
O primeiro a discutir padrões complexos de distribuição de aves no interflúvio Madeira/Tapajós
foi Willis (1969) em um estudo com aves do gênero Rhegmatorhina. Ele discute a ocorrência
parapátrica de Rhegmatorhina berlepschi e Rhegmatorhina hoffmannsi e sugere que os rios Tapajós e
Madeira mudaram seu curso várias vezes causando separação de populações e especiação. Roosmalen
et al. (1998) relata substituição geográfica para primatas (gêneros Callithrix e Calicebus) em margens
opostas de pequenos rios desse interflúvio, e descreve uma nova espécie de sagüi, Callithrix humilis,
que só ocorre na margem ocidental do
3
Rio Aripuanã. A partir desse estudo ficou evidente a importância de rios menores delimitando a
distribuição de primatas, e essa observação estimulou o trabalho com aves realizado por M.
Cohn-Haft e B. M. Whitney (dados não publicados). Esses pesquisadores encontraram exemplos
interessantes de endemismos mais restritos nessa região. Por exemplo, o pica-pau-anão, Picumnus
aurifrons, tem seu limite oriental de distribuição na margem esquerda do Rio Aripuanã, enquanto
outra espécie, Picumnus borbae, o substitui ecologicamente a partir da margem direita do Rio
Aripuanã. Assim, as duas espécies aparentemente se substituem em lados opostos desse rio. Um outro
exemplo é a ocorrência da ave recém descoberta, ainda não descrita do gênero Herpsilochmus, que
tem distribuição restrita ao mini-interflúvio Jiparaná/Aripuanã (Cohn-Haft com. pess.). Padrões
semelhantes também foram relatados para borboletas (Hall & Harvey 2001).
Estudos moleculares também sugeriram delimitação de populações por rios dentro do
interfluvio Madeira/Tapajós. Bates et al. (1999), ao estudarem populações do pássaro Hypocnemis
cantator, encontraram 4,5% de diferenciação genética, em seqüências de DNA mitocondrial entre
duas localidades dentro do interflúvio Madeira/Tapajós. Os autores desse estudo sugeriram que o Rio
Jiparaná pudesse estar delimitando populações dessa espécie. Entretanto, as duas populações
amostradas estão localizadas muito distantes da borda do rio e, portanto, essa diferenciação poderia
ser explicada por outros fatores. Marks et al. (2002) encontraram resultado similar: 6,5% de
diferenciação entre populações da ave Glyphorynchus spirurus em duas localidades entre os rios
Madeira e Tapajós. Cohn-Haft (2000) e Sardelli (2005) encontraram 3 clados dentro do interflúvio
Madeira/Tapajós entre indivíduos de aves do complexo Hemitriccus minor, sugerindo também
delimitação de populações pelos rios Jiparaná e Aripuanã. Entretanto, nenhum desses três últimos
estudos examina diretamente a influência desses rios usando um delineamento amostral adequado
para testar a hipótese que são esses que de fato delimitam as distribuições, ou seja, coletando
amostras em margens opostas ao longo de cada um desses rios para diversos grupos de aves. Somente
assim seria possível determinar se a separação de populações em lados opostos desses rios menores é
um padrão comum em aves e não uma exceção.
4
1.2 – Filogeografia e o uso do DNA mitocondrial
Estudos com diversos organismos têm utilizado filogenias baseadas em variações de proteínas
ou seqüências nucleotídicas para inferir processos biogeográficos para a Amazônia (incluindo
anfíbios, Gascon et al. 1998, 2000; répteis, Glorr et al. 2001; aves, Hackett 1993,
Bates et al. 1999, 2001, 2004, Cohn-Haft 2000, Marks et al. 2002, Aleixo 2004; e mamíferos Patton
1994, 1997, 2000). Filogenias moleculares oferecem a oportunidade de examinar o tempo e o modo
de especiação.
Em estudos de filogeografia, o DNA mitocondrial tem sido muito utilizado. A filogeografia é
uma subdisciplina da biogeografia, que estuda aspectos históricos da distribuição de linhagens
gênicas (Avise 2000). Os dois principais aspectos enfatizados em estudos de filogeografia são: (1)
descrição da variação molecular dentro e entre populações e (2) evolução dos sistemas gênicos dos
organismos (Avise et al. 1986). Aproximadamente 70 % dos estudos de filogeografia animal
envolveram análises, exclusivamente ou primariamente realizadas com seqüências de DNA
mitocondrial (Avise 2000).
O uso desse marcador em estudos de genética de populações se deve às suas características
peculiares como herança uniparental, geralmente materna, possuindo, portanto DNA haplóide, além
de seus genes não estarem sujeitos à recombinação (Avise 2000). Isso permite inferir, com uma
precisão satisfatória, o passado evolutivo e demográfico de populações. Além disso, essa molécula
apresenta uma alta taxa de mutação, favorecendo comparações intra-específicas. Acredita-se que esta
alta taxa de mutação da mitocôndria deve-se aos seguintes fatores: ausência de proteínas
codificadoras diretamente relacionadas com sua replicação; ausência de mecanismos de reparo de
erros; excesso de resíduos metabólicos; baixa fidelidade na replicação da mitocôndria; e ausência de
associação com proteínas histonas (Avise 2000). Essa molécula possui também grande facilidade de
manipulação devido ao grande número de cópias por célula, tamanho pequeno e organização simples
(Avise 2000).
Para aves, os primeiros estudos de filogenia molecular na Amazônia que propuseram hipóteses
históricas de processos biogeográficos utilizaram marcadores de proteínas (Capparella 1987, Hackett
1993, Capparella e Brumfield 1996, Bates 2000). Recentemente, estudos de filogeografia a partir do
seqüenciamento do DNA mitocondrial têm revelado apresentar variação adequada para estudos intra-
específicos (Hackett 1996; Bates et al. 1999, 2001, 2004; Cohn-Haft 2000; Marks et al. 2002; Aleixo
2002, 2004).
5
Entretanto, a escolha do gene mitocondrial a ser utilizado em estudos de filogeografia deve ser
muito cuidadosa. O DNA mitocondrial possui uma grande variabilidade em taxas de mutação entre
seus diferentes genes e entre diferentes organismos (Pesole et al. 1999). Neste
estudo, utilizamos o gene mitocondrial citocromo b (cyt b), porque tem sido demonstrado, em estudos
com pássaros na região Neotropical, que esse gene é muito informativo, possuindo variabilidade
adequada para comparações intra-específicas (Cohn-Haft 2000; Aleixo 2002, 2004; Marks 2002;
Bates 2001, 2004; Sardelli 2005).
1.3 - Filogeografia comparativa
A filogeografia comparativa busca determinar, a partir de cladogramas de genealogias de
múltiplas espécies co-distribuídas, os processos históricos biogeográficos de uma região
(Bermingham & Moritz 1998, Avise 2000). A concordância entre cladogramas de espécies co-
distribuídas reflete uma história evolutiva em comum e permite, associado a dados de estudos
paleontológicos e geológicos, inferir a origem e formação de uma região biogeográfica (Zink 1996).
Entretanto, estudos de filogeografia comparativa na região Neotropical têm demonstrado
padrões incongruentes de filogenias de espécies co-distribuídas. Costa (2003) relata padrões
incongruentes para pequenos mamíferos e sugere que os processos de especiação foram únicos para
cada grupo de organismos, e que “incongruências de topologias de filogenias são uma realidade para
a região Neotropical”. Para aves não existem evidências de uma única história evolutiva em comum
que permita explicar todos os padrões biogeográficos encontrados. Essa variação de padrões
observada até o momento justifica a importância de se realizarem mais estudos comparativos de
filogenética entre táxons co-distribuídos, pois os processos envolvidos na região Neotropical parecem
ser complexos e bastante variáveis entre grupos.
1.4 – Uso do habitat e ecologia
Os diferentes padrões filogeográficos encontrados na região Neotropical, além de refletirem a
complexidade da história dessa região, podem também estar associados a diferentes respostas dos
organismos diante de um mesmo evento de vicariância; como diferenças em taxas de dispersão e
fluxo gênico, tamanho efetivo da população e tempo de geração. Essa variedade de respostas dificulta
inferências sobre processos biogeográficos
6
(Hickerson et al. 2006). Portanto, as diferenças em padrões filogeográficos encontrados dentro de
grupos filogeneticamente próximos devem ser interpretadas investigando-se características
morfólogicas e ecológicas das espécies. Por exemplo, é de se esperar que aves pequenas sejam
piores dispersores e assim apresentem pouco fluxo gênico entre suas populações. Pássaros
generalistas, que são capazes de ocupar diferentes ambientes possivelmente terão mais facilidade de
dispersão consequentemente espera-se que suas populações sejam menos estruturadas geneticamente.
Nesse estudo, investigamos padrões filogeográficos de três espécies relativamente comuns:
Glyphorynchus spirurus (Dendrocolaptidae), Hylophylax poecilinotus (Thamnophilidae), e
Schiffornis turdina (Pipridae). Escolhemos espécies comuns pela facilidade de obtenção de amostras.
As três espécies são amplamente distribuídas na Amazônia e variam entre si no grau de diferenciação
geográfica descrito, principalmente em relação ao Rio Madeira; além disso, elas pertencem a famílias
distintas, o que permitiu, no caso dos resultados congruentes, eliminar o efeito de proximidade
filogenética. As três espécies são encontradas no sub-bosque da mata e possuem características
distintas como tamanho corporal e tipo de ambiente ocupado.
1.4 - Objetivo
1.4.1 - Objetivo geral
Descrever os padrões de diversificação espacial e temporal de três espécies de aves passeriformes
de diferentes famílias no interflúvio Madeira/Tapajós para melhor entender os papéis dos rios
Madeira, Aripuanã e Jiparaná na diversificação de passáros nessa região.
1.4.2 - Objetivos específicos
Determinar níveis de diferenciação genética entre indivíduos de três espécies de aves
passeriformes em margens opostas dos rios Madeira, Aripuanã e Jiparaná.
Inferir processos históricos como expansão demográfica e fragmentação populacional a partir
dos padrões evolutivos encontrados.
Responder as seguintes perguntas: existem congruências de áreas comparando-se as genealogias
para as três espécies de aves passeriformes; Glyphorynchus spirurus
(Dendrocolaptidae), Hylophylax poecilinotus (Thamnophilidae), e Schiffornis turdina (Pipridae); na
Bacia do Rio Madeira? Os rios Madeira, Aripuanã e Jiparaná delimitam a distribuição de populações
das três espécies de aves passeriformes acima citadas?
7
2 - Material e métodos
2.1 - Espécies estudadas
2.1.1 - Glyphorynchus spirurus (Dendrocolaptidae)
Gênero monotípico amplamente distribuído. Ocorre em toda a Amazônia, América Central e
floresta Atlântica (sul da Bahia e norte do Espírito Santo) (Ridgely e Tudor 1994). Possui treze
subespécies descritas, cinco para a Amazônia Brasileira. Para a bacia do Rio Madeira são descritas
três formas, Glyphorynchus spirurus castelnaudii (oeste do Rio Madeira até os Andes),
Glyphorynchus spirurus albigularis (alto Rio Madeira até Bolivia e sudeste do Peru) e
Glyphorynchus spirurus inornatus (leste do Rio Madeira até o Rio Tapajós) (Peters 1951, Marantz et
al. 2003).
Essa ave possui tamanho corporal pequeno, peso corporal médio de 13,7 gramas (dados
PDBFF, G. Ferraz com.pessoal) é a menor espécie da família Dendrocolaptidae e a menor das três
espécies analisadas nesse estudo (Ridgely e Tudor 1994). É bem generalista, ocorre no sub-bosque de
diferentes tipos de vegetação como floresta de Terra-Firme, Várzea e Igapó (Stotz 1996) e é
moderadamente sensível a modificações ambientais (Ferraz et al. 2007).
Marks et al. (2002) seqüenciaram parte de três genes mitocondriais (citocromo b, NAD II e
NAD III) para analisar padrões de diversificação dessa espécie numa escala mais ampla que o
presente estudo incluindo as áreas de endemismo definidas por Cracraft (1985). Os autores
encontraram incongruência com alguns padrões de diferenciação morfológica descritos e sugeriram
um padrão de diversificação mais complexo no interflúvio Madeira/Tapajós. Entretanto, o estudo não
permitiu determinar se rios como Aripuanã e Jiparaná limitam a distribição de populações de
Glyphorynchus spirurus.
8
2.1.2 - Hylophylax poecilinotus (Thamnophilidae)
Espécie endêmica da Bacia Amazônica, com sete subespécies descritas (Peters 1951, Zimmer &
Isler 2003). Em toda bacia do Rio Madeira é descrita uma única subespécie, Hylophylax poecilinotus
griseiventris. Bates (2000) encontrou diferenciação genética, a partir de análises com isoenzimas, em
margens opostas desse rio (Bates 2000). Entretanto foram analisadas duas localidades das cabeceiras
e muito distantes das margens do Rio Madeira, o que não permite determinar se é mesmo o rio que
está delimitando populações dessa espécie e não outras barreiras geográficas. Em margens opostas
dos rios Aripuanã e Jiparaná não existem estudos descrevendo diferenciação.
Essa ave ocorre no sub-bosque, exclusivamente em florestas de Terra-Firme. Possui tamanho
corporal um pouco maior que a anterior, peso médio de 16.8 gramas (dados PDBFF, G. Ferraz com.
pessoal) e é um seguidor facultativo de correição.
2.1.3 - Schiffornis turdina (Pipridae)
Amplamente distribuído, ocorre em toda a Amazônia, América Central e floresta Atlântica.
Possui treze subespécies descritas, três para a Amazônia Brasileira. Para a bacia do Rio Madeira é
descrito uma única subespécie Schiffornis turdina amazona (Snow 2004). Nyári (no prelo) a partir de
3 genes mitocondriais e diferenças em canto, propõe relações filogenéticas entre populações das
diferentes áreas de endemismo definidas por Cracraft (1985). O estudo determinou que as duas áreas
de endemismo situadas na bacia do Rio Madeira abrigam grupos monofiléticos distintos. Entretanto,
foram amostradas populações de localidades na borda da bacia do Rio Madeira o que não permitiu
definir barreiras geográficas e limites de distribuição de cada clado. Não foi encontrado diferenças
vocais em todo o sul da Amazônia.
Essa ave ocorre no médio e sub-bosque de florestas Terra-Firme (Stotz 1996) e são comumente
encontradas em matas de transição Terra-Firme/Campinarana (obs pessoal). Possui peso corporal de
35.5 gramas (dados PDBFF, G. Ferraz com.pessoal). É uma ave muito susceptível a desaparecer em
áreas fragmentadas (Ferraz et al. 2007).
9
2.2 - Desenho amostral
Coletamos indivíduos das três espécies em margens opostas dos rios Madeira, Aripuanã e
Jiparaná. Amostramos as duas margens dos três rios: em duas áreas do Rio Madeira (porções média e
alta), duas áreas do Rio Aripuanã (baixa e média) e uma área ao longo do Rio Jiparaná (parte baixa)
(Fig.2).
Fig. 2. Pontos amostrados (ver anexo para descrição dos pontos)
O total de indivíduos coletados para as três espécies juntas foi de 97 (anexo). Coletamos entre 3
e 10 indivíduos em cada ponto amostral para cada espécie (Glyphorynchus spirurus n = 27;
Hylophylax poecilinotus n = 46; Schiffornis turdina = 25).
10
2.3 - Coleta dos indivíduos
As aves foram capturadas em redes de neblina. Em muitas das coletas, o canto foi gravado e
utilizado para atrair o indivíduo até a rede. A gravação do som foi feita usando um gravador Sony
TCM – 5000 com microfone direcional Sennheiser ME-66 acoplado, gravando em fita cassete Maxell
UDXL-II 60 mim. As gravações serão arquivadas no Acervo Sonoro da Coleção de Aves do Instituto
de Pesquisas da Amazônia (INPA).
Os indivíduos coletados foram ou estão sendo preparados como pele. Os tecidos (músculo,
coração e fígado) para análises moleculares foram retirados imediatamente após coleta e estão sendo
mantidos em nitrogênio liquido (-196ºC). As peles, os tecidos, os conteúdos estomacais e outras
partes de cada exemplar foram depositados na Coleção de Aves do INPA.
2.4 - Extração do DNA
A extração do DNA dos indivíduos foi feita de amostras de tecido muscular (peito), (0,2g
aproximadamente). O DNA foi extraído via método fenol-clorofórmio (Sambrook et al. 1989). Foram
acrescentados proteinase K (20mg/ml), que é uma enzima proteolítica, não especifica, com atividade
em vários níveis de pH, e solução SDS (10%), um detergente iônico que dissolve membranas
celulares solubilizando lipídeos e desagregando complexos macromoleculares. Foram acrescentados
também: 5 microlitros de RNAse (10mg/ml), 500 µl de tampão STE contendo Tris, HCl 10mM,
EDTA 10mM, SDS 1%, NaCl 0,3M.A seguir foram feitas lavagens sucessivas com fenol, fenol
clorofórmio, fenol clorofórmio álcool isoamílico (25:24:1) e clorofórmio hidratado (600 µl de cada
um desses reagentes). Na fase seguinte foi feita a precipitação do DNA, que consiste em acrescentar
NaCl 3M (10% do volume total) e Etanol a 100% (95% do volume total). O DNA precipitado foi
diluído em 50 µl a 100 µl da água milli-Q.
2.5 - Amplificação
A amplificação do DNA foi feita através da Reação de Cadeia da Polimerase (PCR) com as
seguintes condições: desnaturação a 94
C, anelamento a 48
C, extensão a 72
C, em 35 ciclos. O
gene mitocondrial Citocromo b contém 1140 pares de bases (pb) e fica posicionado no genoma
mitocondrial entre os genes ND5 (NADH dehidrogenase de
subunidade 5) e o tRNA
THR
(RNA transportador da treonina) encontrado na região final 3’ do
citocromo b (cyt b). Foi construído um par de primers a partir de regiões conservadas de DNA de
pássaros sub-oscines (forward H16064 5’-ATCTCARCCTGATGAAAYTTYGG-3’; reverse L14993
11
5’AAGTGGTAAGTCTTCAGTCTTTGGTT-3’). Após a amplificação, os produtos de PCR foram
purificados a partir do método de precipitação com acetato de amônia e etanol 95% (10% NaOAc,
3M, pH 4.8, do volume total do produto de PCR, este novo volume é multiplicado por dois e o valor
resultante completado com álcool etílico 95%. A solução é homogeneizada e incubada a -20°C por 30
minutos. Após esse período a solução é centrifugada a 12000 rpm por 30 minutos. O sobrenadante é
descartado e adicionado 250µL de etanol 70%. A centrifugação é repetida e o sobrenadante
descartado. Depois, o DNA purificado é secado e ressuspendido com 20µL de água deionizada
autoclavada.
2.6 - Seqüenciamento
O seqüenciamento do gene citocromo b foi feito por meio do método da terminação de cadeia
(Sanger et al. 1997) utilizando nucleotídeos terminadores marcados por fluorescência presentes no
Kit BigDye Terminator (Applied Biosystems Inc.), segundo especificações do fabricante. As reações
de sequenciamento foram realizadas com os primers forward e reverse descritos anteriormente. Os
produtos da reação de seqüenciamento foram precipitados com acetato de amônio e álcool e
ressuspendidos em formamida para serem resolvidos e visualizados pela eletroforese de capilar no
seqüenciador automático ABI 3730 (Applied Biosystems Inc.).
2.7 - Edição e alinhamento das seqüências de mtDNA
As seqüências do citocromo b (cyt b) foram visualizadas e editadas utilizando o programa
Bioedit (Hall 1999). O alinhamento que consiste na hipótese de homologia entre a posição de bases
nitrogenadas de dois ou mais táxons, foi realizado no programa Clustal W (Thompson et al. 1996)
inserido no Bioedit (Hall 1999). Foi investigada a ocorrência de pseudogenes. Os pseudogenes são
cópias duplicadas de DNA que perderam a função. Essas seqüências de DNA possuem taxa evolutiva
diferente dos genes funcionais e se forem inseridos nas análises podem
12
estimar erroneamente as divergências genéticas e distorcer a reconstrução da filogenia (Quinn 1997;
Cohn-Haft 2000). Desta forma, foram analisadas algumas características das seqüências que
permitem identificar os pseudogenes, como: 1- presença de códon de parada no meio ou início, 2-
inserções e deleções de bases nitrogenadas formando gaps, 3 - número de transversões maior que
número de transições, 4 – proporção de bases diferentes do esperado para genes mitocondriais, 5- não
correspondência entre as fitas forward e reverse do DNA.
2.8 - Análises estatísticas
2.8.1 – Análise de clados inseridos “Nested Clade Analysis” - NCA
Foi feito uma matriz de alinhamento para cada uma das três espécies a partir das seqüências
obtidas. Estas matrizes foram utilizadas para construir cladogramas intra-específicos não enraizados
de haplótipos, com o uso do critério da máxima parcimônia, menor número de mudanças evolutivas,
atraves do programa TCS 1.18 (Clement et al. 2000). Com o objetivo de realizarmos a análise de
clados inseridos “Nested Clade Analysis” – NCA (Templeton et al. 1995; Templeton, 1998, 2004),
determinou-se os níveis de agrupamentos dos haplotipos na árvore de haplotipos seguindo as regras
de Templeton et al. (1987), Templeton & Sing (1993) e Crandall (1996). Posteriormente
implementou-se a análise de contigência no Programa Geodis 2.2 (Posada et al. 2000) com dez mil
permutações e os valores obtidos foram examinados utilizando-se a chave de inferência de Templeton
obtida no site http://darwin.uvigo.es/software/geogis.html
, versão de 11 de novembro de 2005. Essa
chave examina qual possível fator (restrito fluxo gênico, expansão geográfica ou fragmentação
alopátrica) determinou o padrão geográfico encontrado. Essa análise somente foi feita para clados que
apresentaram amostragem de acordo com as premissas exigidas em Templeton (2006).
2.8.2 – Análises filogenéticas
Para corroboração da análise de clados inseridos foram realizadas análises filogenéticas intra-
especificas entre populações de cada uma das três espécies. Sítios informativos das seqüências foram
analisados no programa PAUP
*
v4.10b (Swofford 2002) usando os modelos
13
de parcimônia por busca heurística e de máxima verossimilhança utilizando o modelo de parâmetros
determinados pelo programa de computador Modeltest (Posada & Crandall 1998).
Os grupos externos das três espécies analisadas foram indivíduos de populações de outros
interflúvios. Essa escolha foi feita baseado em fortes evidências de que os grandes rios da bacia
amazônica limitam a distribuição de pássaros e formam áreas de endemismo (Cracraft 1985, Silva et
al. 2005). Para Glyphorynchus spirurus foram sequenciados e utilizados como grupo externo dois
indivíduos de populações do alto Rio Negro, um de cada margem desse rio e um indivíduo da
margem direita do baixo rio Juruá (ver anexo). Para Hylophylax poecilinotus foi sequenciado e
utilizado como grupo externo um indivíduo coletado na RDS Amanã, noroeste da Bacia Amazônica.
E para Schiffornis turdina foram utilizadas seqüências presentes no GenBank da espécie Schiffornis
virescens e foi sequenciado um indivíduo coletado na Reserva da Campina do INPA (Km 40 da Br
174, norte de Manaus).
A análise de máxima parcimônia foi feita utilizando-se busca heurística com os seguintes
parâmetros: TBR branch-swapping com um táxon aleatório adicionado a cada réplica. A robustez
para os ramos da árvore filogenética foi inferida pelo índice de bootstrap com 1000 réplicas em cada
nó (Felsenstein, 1985). A análise de máxima verossimilhança foi feita utilizando-se o modelo
GTR+G; gamma=0.1602; Pinvar=0; selecionado pelo índice AIC no programa Modeltest e bootstrap
com 100 réplicas. Foram determinados níveis de divergência genética (distância genética não
corrigida) entre indivíduos de diferentes clados e foram construídos filogramas.
2.8.3 – Análises de demografia populacional
Apesar desse estudo não ter tido um enfoque populacional, para Hylohylax poeclinotus também
foram feitas análises populacionais devido a boa amostragem de populações dessa espécie. Foram
determinados níveis de polimorfismos, diversidade nucleotídica (π) e haplotípica (h) de Nei (1987)
pelo programa DNAsp 3.5 (Rozas e Rozas 2003). Foram feitos testes de neutralidade Fu’s Fs (Fu
1997) e Tajima´s D (1989) pelo programa DnaSp 3.5 (Rozas and Rozas, 2003). Nesses testes as
populações foram definidas pelos clados determinados na análise filogenética. A divergência par-a-
par, mismatch distributions (Rogers, 1995) foi calculada também para investigar a história
demográfica das populações das três espécies.
14
Nessa análise, os gráficos com curvas uni-modais sugerem rápida expansão demográfica Harpending
et al. 1998, Marjoran, P & Donnelly, P. 1994).
3. - Resultados
Foram seqüenciados entre 946 a 968 pb (varia entre as três espécies) do gene mitocondrial
citocromo b de 97 indivíduos. Não foi detectado códon de parada no meio ou no início de nenhuma
das fitas. Não foram detectados inserções e deleções de bases nitrogenadas. O número de transversões
de indivíduos das três espécies analisadas sempre foi menor que número de transições como é o
esperado para genes mitocondriais (Avise 2000). A composição de pares de bases nitrogenadas para
as três espécies foram típicas de genes mitoncondriais de aves (Joseph et al. 2002), deficientes em
guanina (12,3% para as três espécies). Houve uma sobreposição das fitas “forward” ereverse” de
até 600 pb. Alguns indivíduos foram sequenciados mais de uma vez. Tudo isso minimizou a
possibilidade de inclusão de pseudo-genes nas análises. A percentagem máxima de divergência foi
5,1%, muito abaixo do nível (10%) em que a saturação na terceira posição do codon se torna um
problema.
3.1 - Glyphorynchus spirurus (Dendrocolaptidae)
3.1.1. Análises filogenéticas
Foram sequenciados 946pb do gene mitocondrial citocromo b de 27 indivíduos dessa espécie,
incluindo os três indivíduos utilizados como grupo externo. Os resultados de parcimônia e máxima
verossimilhança foram concordantes indicando estruturação genética em margens opostas dos três
rios analisados. Foram determinados quatro clados denominados: mini-interflúvio Aripuanã/Jiparaná
(AJ); mini- interflúvio Madeira/Jiparaná (MJ); mini-interflúvio Aripuanã/Tapajós (AT); margem
esquerda do Rio Madeira (ME) (Fig. 3).
A análise de parcimônia resultou em 2 árvores igualmente parcimoniosas (comprimento = 170,
CI = 0.8235, RI = 0.9504). Altos valores de boostrap (99 e 100%) suportaram monofiletismo para os
quatro clados (Fig 4). De 130 loci variáveis, 110 foram informativos. O indivíduo da margem
esquerda do baixo Rio Juruá, utilizado também como grupo externo, ficou agrupado em um clado
interno (clado ME).
15
A análise de Máxima verossimilhança (-ln L = 2012.00097) sugeriu uma topologia muito
similar com a hipótese de parcimônia (Fig. 4). Altos valores de bootstrap (96 a 100%) foram
determinados para os quatro clados, separados pelos três rios. Níveis de divergência genética
(distância P não corrigida) entre indivíduos de diferentes clados variaram entre 4,3% (populações de
AJ versus MJ) e 6,4% (populações de ME versus AT). Níveis de divergência entre indivíduos de um
mesmo clado variaram entre 0 e 1,5% (Fig. 3).
3.1.2 - Análise de clados inseridos “Nested Clade Analysis” – NCA
Houve uma forte associação da geografia com a distribuição dos haplótipos desta espécie.
Foram determinadas quatro redes haplotipicas não conectadas (Fig. 5), delimitadas pelos três rios
(Madeira, Aripuanã e Jiparaná). Isso caracteriza fragmentação alopátrica (Templeton 2006).
As análises do programa GeoDis não puderam ser feitas para esta espécie porque dois pré-
requisitos dessa análise não foram preenchidos: amostragens contínuas e baixa distância genética
entre os diferentes clados. As coletas de Glyphorynchus spirurus foram feitas apenas nas bordas dos
rios, as regiões centrais dos mini-interflúvios não foram amostradas. Além disso, um alto número de
mutações separou cada um dos quatro clados (não conectividade entre os haplotipos).
16
Fig. 3. Cladograma de áreas e níveis de divergência genética (distância P não corrigida) entre os
quatro clados de Glyphorynchus spirurus. Margem esquerda do Rio Madeira (ME); mini- interflúvio
Aripuanã/Jiparaná (AJ); mini- interflúvio Madeira/Jiparaná (MJ); mini- interflúvio interflúvio
Aripuanã/Tapajós (AT). Valores nos círculos vermelhos são os números de indivíduos coletados em
cada localidade.
17
Fig.4. Árvores de Glyphorynchus spirurus baseados em 946 pb do gene citocromo b. Os valores de
bootstrap estão indicados sob os nós. Barra verde - Margem esquerda do Madeira (ME); barra azul -
mini- interflúvio Aripuanã/Jiparaná (AJ); barra rosa - mini- interflúvio Madeira/Jiparaná (MJ); barra
amarela - mini-interflúvio Aripuanã/Tapajós (AT).
18
Fig. 5. Redes haplotípicas não conectadas de populações de Glyphorynchus spirurus. Mini-
interflúvio Aripuanã/Jiparaná (AJ); mini- interflúvio Madeira/Jiparaná (MJ); mini- interflúvio
Aripuanã/Tapajós (AT); margem esquerda do Madeira (ME).
19
3.2 - Hylophylax poecilinotus (Thamnophilidae)
3.2.1. Análises filogenéticas
Foram sequenciados 956pb do gene mitocondrial citocromo b dos 46 indivíduos dessa espécie.
Os resultados de parcimônia e máxima verossimilhança foram concordantes indicando estruturação
genética em margens opostas do Rio Madeira. Foram determinados dois clados: margem direita do
Rio Madeira (MD) e margem esquerda do Rio Madeira (ME). Não ha indícios de estruturação em
lados opostos dos rios aripuana e jiparana (Fig. 6).
A análise de parcimônia resultou em 100 árvores igualmente parcimoniosas (comprimento = 94,
CI = 0.8723, RI = 0.9634). Altos valores de bootstrap (100%) suportaram o monofiletismo para os
dois clados separados pelo Rio Madeira (Fig. 7). De 71 loci variáveis, 41 foram informativos.
A análise de máxima verossimilhança (-ln L = 1757.25307) resultou em uma topologia muito
similar à hipótese de parcimônia (Fig. 7). Altos valores de bootstrap (100 ) foram determinados para
os dois clados, separados pelo Rio Madeira. Nível de divergência genética (distância P não corrigida)
entre indivíduos dos dois clados separados pelo Rio Madeira, MD versus ME, foi de até de 3,5%.
Níveis de divergência entre indivíduos de um mesmo clado variaram entre 0 a 1,2%.
3.2.2 - Análise de clados inseridos “Nested Clade Analysis” – NCA
Para essa espécie também foi observada uma forte associação da geografia com a distribuição
dos haplótipos (Fig. 8). Foram determinadas duas redes haplotípicas não conectadas separadas pelo
Rio Madeira, caracterizando assim fragmentação alopátrica (Templeton 2006). Entretanto, não foi
detectado efeito dos rios Aripuanã e Jiparaná na distribuição dos haplótipos.
As análises do programa GeoDis foram rodadas separadamente para os clados (MD) e (ME)
porque não houve conectividade entre esses clados. A hipótese nula de não associação geográfica
com a distribuição dos haplótipos não pode ser rejeita se não existir valores significativos de
distância, Dn, Dc e I x T (ver chave de inferência de Templeton 2005). Para a margem esquerda do
Rio Madeira (ME) os resultados não foram significativos. Para a margem direita do Rio Madeira
(MD) o único resultado significativo foi para o clado 3-1 e a chave de
20
Templeton (2005) inferiu um evento de expansão gênica contínua. Para os outros clados nenhum
resultado foi significativo (Tabela 1).
3.2.3 - Análises populacionais
As populações dessa espécie primeiramente foram definidas pelos clados determinados na
análise filogenética, população ME (margem esquerda) e MD (margem direita). Posteriormente, com
o objetivo de comparar níveis de diversidade e determinar centros de dispersão, a população MD foi
dividida em quatro populações: AMD (indivíduos da margem direita do alto Rio Madeira); BJ
(indivíduos das duas margens do baixo Rio Jiparaná); BA (indivíduos das duas margens do baixo Rio
Aripuanã); MA (indivíduos das duas margens do médio Rio Aripuanã).
Para todas as populações foi encontrada alta diversidade haplotípica e baixa diversidade
nucleotídica. Mas quando todos os indivíduos foram incluídos numa mesma análise, a diversidade
nucleotídica também foi alta (Tabela 2). Os resultados de Fu’s Fs foram significativos para as
populações AMD e MD. Nenhum resultado de Tajima´s D foi significativo. As populações AMD e
MD apresentaram curvas uni-modais de mismatch distribution o que sugere expansão gênica (Fig. 9).
21
Fig. 6. Distribuição geográfica e níveis de divergência genética (distância P não corrigida) entre os
dois clados de Hylophylax poecilinotus. Margem esquerda do Rio Madeira (ME), margem direita do
Rio Madeira (MD), grupo externo (GE).
22
Fig.7. Árvores de Hylophylax poecilinotus baseados em 956 pb do gene citocromo b. Os valores de
bootstrap estão indicados sob os nós. Barra verde - Margem esquerda do Madeira (ME); barra azul -
mini- interflúvio Aripuanã/Jiparaná (AJ); barra rosa - mini- interflúvio Madeira/Jiparaná (MJ); barra
amarela - mini- interflúvio Aripuanã/Tapajós (AT).
23
Fig. 8. Duas redes haplotípicas não conectadas de populações de Hylophylax poecilinotus. Margem
esquerda do Rio Madeira (ME), margem direita do Rio Madeira (MD).
24
Tabela 1. Resultados de “Nested Clade Analysis” (NCA) de Hylophylax poecilinotus.
Clado X
2
/Prob. Interpretação da
chave de inferência
Nível
1-5 0/0 - Nenhum valor significativo
1-6 9/0,6 - Nenhum valor significativo
1-12 5/0,6 - Nenhum valor significativo
2-2 5/0,4 - Nenhum valor significativo
2-3 13/0,2 - Nenhum valor significativo
2-5 2/1 Nenhum valor significativo
2-7 6/0,3 Nenhum valor significativo
3-1 11/0,5 1, 2, 11, 12
Expansão continua
Clado interior (prob.<= de Dc eDn
significantes); I-T (prob.<= de Dc eDn
significante
3-2 4,5/0,5 - Nenhum valor significativo
3-3 6/0,3 - Nenhum valor significativo
A chave de inferência de Templeton (2005) somente é aplicável se existirem valores
significativos de Dc, Dn e I-T
Tabela 2. Resultados dos testes de diversidade genética e neutralidade de Hylophylax poecilinotus
Pop. N π h Fu’s Fs D
AMD 10 0,002 0,9 -2,9 -1,6
BA 6 0,006 0,9 -0,2 -0,3
BJ 9 0,003 0,9 -2 -0,5
MA 9 0,006 0,9 -0,7 -0,3
MD 37 0,005 0,9 -9,7 -1,4
ME 8 0,002 0,9 -2,7 -1,4
Todas 45 0,01 0,9
População Alto Madeira Direita (AMD); Baixo Aripuanã (BA); Baixo Jiparaná (BJ); Médio Aripuanã
(MA); Madeira Direita (MD), Madeira Esquerda (ME).
25
Fig. 9. Mismatch distribuition de populações de Hylophylax poecilinotus: curvas uni-modais sugerem
eventos de expansão populacional. Linhas pontilhadas representam dados observados. Linhas
contínuas representam valores esperados em um modelo de tamanho populacional constante. Alto
Madeira Direita (AMD); Baixo Aripuanã (BA); Baixo Jiparaná (BJ); Médio Aripuanã (MA); Madeira
Direita (MD), Madeira Esquerda (ME).
3.3 - Schiffornis turdina (Pipridae)
3.3.1 - Análises filogenéticas
Foram sequenciados 968pb do gene mitocondrial citocromo b dos 24 indivíduos dessa espécie.
Foram determinados dois clados denominados: margem direita do Rio Madeira (MD) e margem
esquerda do Rio Madeira (ME) (Fig. 10). Os clados menores dentro de MD não mostram padrão
geográfica ou evidencia de diferenciação em lados opostos dos rios Aripuana e Jiparaná (Fig. 11).
26
A análise de parcimônia resultou em 48 árvores igualmente parcimoniosas (comprimento = 175,
CI = 0.9371, RI = 0.9214). Altos valores de bootstrap (100%) corroboraram o
monofiletismo para os dois clados separados pelo Rio Madeira (Fig. 11). De 159 loci variáveis 67
foram informativos.
A análise de máxima verossimilhança (-ln L = 2043.26577) determinou uma topologia muito
similar com a hipótese de parcimônia (Fig. 11). Altos valores de bootstrap (92 a 94%) foram
determinados para os dois clados, separados pelo Rio Madeira.
Níveis de divergência genética (distância P não corrigida) entre indivíduos de diferentes clados,
MD versus ME, foram de até 3,3%. Níveis de divergência entre indivíduos de um mesmo clado
variaram entre 0 a 0,3%.
3.3.2 - Análise de clados inseridos “Nested Clade Analysis” – NCA
Houve também uma forte associação da geografia com a distribuição dos haplótipos (Fig. 12).
Foram determinadas duas redes haplotípicas não conectadas separadas pelo Rio Madeira,
caracterizando assim fragmentação alopátrica (Templeton 2006). Não foi dectado efeito dos outros
dois rios na distribuição dos haplótipos.
As análises do programa GeoDis foram rodadas somente para o clado MD (margem direita do
Rio Madeira) porque foram coletados somente três indivíduos dessa espécie para a margem esquerda
do Rio Madeira. Não foi realizada uma análise incluindo os dois grandes clados (MD e ME) porque
um alto número de mutações separa esses dois clados. Para a margem direita do Rio Madeira (MD)
obteve-se resultado significativo somente para o clado 2-2. Mas apesar de ter sido significativo
nenhum evento pôde ser inferido pela chave de Templeton de 2005 para esse clado (Tabela 3).
27
Fig. 10. Distribuição geográfica e níveis de divergência genética (distância Po corrigida) entre os
dois clados de Schiffornis turdina. Margem esquerda do Rio Madeira (ME), margem direita do Rio
Madeira (MD), grupo externo (GE). Valores dentro dos circulos vermelhos correspondem ao número
de indivíduos coletados por localidade.
28
Fig.11. Árvores de Schiffornis turdina baseados em 968 pb do gene citocromo b. Os valores de
bootstrap estão indicados sob os nós. Barra verde - Margem esquerda do Madeira (ME); barra azul -
mini- interflúvio Aripuanã/Jiparaná (AJ); barra rosa - mini- interflúvio Madeira/Jiparaná (MJ); barra
amarela - mini- interflúvio Aripuanã/Tapajós (AT).
29
Fig. 12. Duas redes haplotípicas não conectadas de populações de Schiffornis turdina. Margem
esquerda do Rio Madeira (ME), margem direita do Rio Madeira (MD).
30
Tabela 3. Resultados de “Nested Clade Analysis” (NCA) de Schiffornis tudina.
Clado X
2
/Prob. Interpretação da
chave de inferência
Nível
1-2 2/1 - Nenhum valor significativo
2-1 3/1 - Nenhum valor significativo
2-2 20/0,1 1, 2, 11, 17 resultado
inconclusivo
Clado 1-3, externo (prob.>= de Dn
significante); clado 1-5, externo (prob.<= de
Dn significante)
A chave de inferência de Templeton (2005) somente é aplicável se existirem valores
significativos de Dc, Dn e I-T
4 – Discussão
4.1 – Biogeografia
Desde os primeiros naturalistas que estudaram a região amazônica ficou reconhecido que
muitos táxons delimitam-se geograficamente pelos rios (Wallace 1889, Hellmayr 1910, Snethlage
1913). Quase um século atrás Hellmayr (1910) sugere que o Rio Madeira parece limitar populações
de pássaros. Novos estudos com aves corroboram essa hipótese (Cracraft 1985; Capparella, 1987;
Hackett, 1993; Cohn-Haft, 2000; Aleixo, 2004). Isso tem fornecido a idéia de que o surgimento dos
rios fragmentou populações causando diferenciação. Entretanto, os padrões atuais de distribuição e de
filogeografia somente corroboram a hipótese de que os rios delimitam a distribuição dos organismos.
Mas o processo que levou a diversificação ainda é muito controverso e difícil de ser testado devido às
inúmeras hipóteses existentes e a dificuldade em distinguí-las nos resultados encontrados (para
resumo das hipóteses, ver Haffer 1997).
De acordo com Patton et aL. 2000 a partir da filogenia é possível inferir três diferentes
hipóteses de processo de diversificação. A) Diversificação primária: quando são encontrados clados
reciprocamente monofiléticos e irmãos limitados por um rio que se impôs sobre um centro de origem
das espécies existentes. B) Contato secundário: quando é encontrado clados reciprocamente
monofiléticos, mas não irmãos, limitados por um rio que serviu como ponto de encontro secundário
dos clados que se desenvolveram alhures. C) Dispersão: parentesco parafilético de haplótipos da
margem direita em relação aos da margem esquerda, devido a um
31
episódio de transferência no cruzamento dos rios (Fig. 13). No presente estudo, foram encontrados
clados reciprocamente monofiléticos em margens opostas do rio Madeira para as três espécies. Além
disso, foi encontrado que os dois rios menores, Aripuanã e Jiparaná, delimitam populações de uma
das três espécies estudadas (Glyphorynchus spirurus). Esses resultados fortalecem ainda mais a
importância dos rios da Amazônia como divisores geográficos e sugerem a existência de uma
hierarquia relacionada com a largura dos rios. Assim, o rio Madeira (o mais largo dos três) delimita
uma quebra em todas as espécies estudas, e a quebra mais basal na filogenia de Glyphorynchus
spirurus. Nessa mesma espécie, existem evidências de fluxo gênico nas cabeceiras onde a largura do
rio é mais estreita (um indivíduo da margem direita do Rio Aripuanã, coletado no alto Rio Sucunduri,
agrupou no clado Madeira/Jiparaná) (Fig 3).
Fig. 13. Três hipóteses filogeográficas alternativas. A) Diversificação primária.
B) Contato secundário. C) Dispersão. De Patton et al. (2000).
As análises filogeográficas e populacionais podem fortalecer as interpretações da filogenia.
Evidências de contato secundário podem ser corroboradas quando os haplótipos mais comuns e mais
antigos, ou seja os haplótipos do interior da rede haplotípica, são de localidades longe da borda dos
rios e quando a diversidade genética é maior no interior do interflúvio à borda. Resultados negativos
dos testes de neutralidade e curvas uni-modais de mismatch distribution (o que indica expansão
gênica) são encontrados em populações do interior do interflúvio.
32
Nesse estudo os resultados de filogeografia e demografia populacional para Hylophylax
poecilinotus corroboraram o que foi sugerido pela filogenia, o rio Madeira pode ter tido papel
primário na diversificação dessa espécie. Não existem evidências de expansão demográfica do
interior para a borda desse rio. Não existem evidências de que os haplótipos mais antigos (interior da
rede haplotípica) são de localidades no interior do interflúvio. A diversidade genética das populações
do interior do interflúvio é similar com a da borda dos rios. Todos os eventos de expansão sugeridos
foram de populações na borda do Rio Madeira (populações AMD e BA) (tabela 4).
Entretanto os resultados se referem ao DNA mitocondrial, que é uma linhagem exclusivamente
maternal. Diferenças em padrões de migração de machos e fêmeas, aspecto pouco estudado em
pássaros podem determinar diferentes padrões para diferentes genes. Outras populações e outras
espécies devem ser amostradas utilizando outros marcadores moleculares e análises de bioacústica.
Somente assim será possível entender melhor os papeis dos rios de maior e de menor tamanho da
Amazônia na evolução de pássaros.
Tabela 4 - Tabela comparativa de resultados entre as três espécies.
Clado Análise Resultado
Glyphorynchus
spirurus
Filogenética
Filogeografia
4 clados separados pelos 3 rios
fragmentação populacional entre os três rios
Hylophylax
poecilinotus
Filogenética
Filogeografia
Populacional
2 clados separados pelo Rio Madeira.
fragmentação populacional entre clados ME x MD e
expansão demográfica contínua para o clado 3-1.
expansão demográfica no interflúvio Madeira/Tapajós como
um todo e para a população AMD
Schiffornis
turdina
Filogenética
Filogeografia
2 clados separados pelo Rio Madeira.
fragmentação populacional entre clados ME x MD
4.2 – História de vida e uso do habitat
Os resultados desse estudo sugerem que o rio Madeira limita populações das três espécies
analisadas. Entretanto somente populações de G. spirurus apresentaram sub-estruturação relacionada
aos rios menores (Tabela 6). Como esse resultado deve ser intrepretado? Aspectos
33
da história de vida e uso do habitat, características que influenciam a estrutura genética populacional
devem ser investigados.
Ferraz et al (2007), a partir de treze anos de dados de captura de aves nas áreas do experimento
“Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais” testaram premissas da teoria de biogeografia
de ilhas e metapopulação. Os autores desse estudo derivam duas medidas, vulnerabilidade da espécie
ao isolamento e sensibilidade devido ao tamanho da área. Essas duas medidas refletem sensibilidade a
modificações ambientais. Dentre as 54 espécies analisadas por Ferraz et al (2007), G. spirurus foi a
menos sensível ao tamanho da área e uma das dez espécies menos vulneráveis devido ao isolamento.
S. turdina ficou agrupado entre as espécies mais vulneráveis e mais sensíveis. Não foram
apresentados dados para H. poecilinotus. Essa plasticidade em ocupar e se adaptar a modificações do
ambiente permite que G. spirurus ocupe diferentes tipos de florestas, como florestas de Terra-Firme e
florestas alagáveis. Portanto, é esperado que populações dessa espécie não apresentem estruturação
genética relacionada com o rio, pois ambientes de Várzea e Igapó não são uma barreira para essa
espécie. Estudos com aves e mamíferos têm demonstrado que os rios podem não delimitar a
distribuição de organismos que vivem na Várzea, porque estes são capazes de colonizar ilhas e cruzar
o rio (Caparella 1987; Patton et al. 1996; Aleixo 2002). Diferentemente, S. turdina e H. poecilinotus,
que ocorrem exclusivamente em florestas de Terra-Firme, além de terem que vencer a barreira do rio,
têm também que atravessar as florestas alagáveis. Entretanto, os resultados do presente estudo
discordam dessas previsões, sendo que as populações de G. spirurus apresentaram maior estruturação
genética que as duas outras espécies. Provavelmente não existe relação entre ocupar diferentes
ambientes e facilidade de transpor o rio, mas novos padrões devem ser descritos.
Um outro aspecto que pode influenciar o poder de dispersão é o tamanho corporal. Apesar de
terem sido comparadas somente três espécies os resultados mostraram que, das três espécies
analisadas, as duas maiores parecem ter suas populações delimitadas somente pelo Rio Madeira e a
menor pelos três rios analisados. Espécies menores podem ter maior dificuldade para atravessar uma
barreira geográfica que espécies grandes. G. spirurus (peso 13 a 15g), a menor espécie das três
analisadas, foi a única que teve suas populações delimitas pelos três rios estudados. Um resultado
similar foi encontrado para o pequeno pássaro Hemitriccus minor (peso 7 a 8g) (Sardelli 2005). Neste
caso, a partir também do
34
seqüenciamento do gene mitocondrial citocromo b, os rios Aripuanã e Jiparaná parecem delimitar
populações de Hemitriccus minor. Isler et al. (2007) a partir de análise bioacústica determina três
grupos vocais separados pelo rio Aripuanã e Jiparaná para um outro pássaro pequeno, Hypocnemis
cantator (peso 11 a 12g). Entretanto, mesmo considerando essas evidências indiretas, falta testar
diretamente a relação entre tamanho e grau de estruturação geográfica com um número maior de
espécies para determinar se o tamanho corporal têm influência na dificuldade de transpor uma
barreira como um rio.
4.3 - Sistemática e taxonomia
As classificações de aves utilizando o status de sub-espécie são baseadas quase exclusivamente
em diferenças morfológicas (Peters 1938-1951). Recentemente em alguns casos, devido a enorme
variação vocal que tem sido encontrada em pássaros, tem-se utilizado também diferenças em canto
nas classificações biológicas (Isler et al. 1998; Cohn-Haft 2000; Isler et al. 2007). Entretanto, estudos
moleculares têm demonstrado que variações morfológicas em aves podem não representar linhagens
evolutivas (Zink 2004). Semelhantemente, variações vocais, principalmente em pássaros oscines,
onde a formação do canto tem um forte componente da aprendizagem, podem não ser concordantes
com padrões de estudos moleculares (Kroodsma et al.1996). Na Amazônia, a diversidade genética
tem sido sub-estimada. Por exemplo, Cohn-Haft (2000) e Sardelli (2005) demonstraram que
variações morfológicas do complexo de espécies Hemitriccus minor é muito menor que o número de
clados gerados a partir de seqüências de DNA mitocondrial. Casos semelhantes têm sido encontrados
em outros estudos com aves na Bacia Amazônica (Aleixo 2004; Marks 2002). No presente estudo
foram encontradas incongruências para as três espécies com o status de sub-espécie.
4.3.1 - Glyphorynchus spirurus (Dendrocolaptidae)
Esse estudo determinou na bacia do Rio Madeira quatro clados de G. spirurus que diferem entre
si em aproximadamente 5% em seqüências de DNA mitocondrial e em menos que 1,5% entre
indivíduos de um mesmo clado. Essa grande diferenciação genética entre populações pode ser uma
evidência de que táxons distintos ocorrem em margens opostas dos três rios. Mas, como
aparentemente não existem diferenças morfógicas visíveis, pelo menos em plumagem, sugerimos que
novas características como outros caracteres morfológicos, vocalização e outros marcadores
moleculares sejam investigados. Confirmando-se diferenciação em outros marcadores, sugerimos que
sejam reconhecidas duas novas formas (sub-especie ou espécie), uma para o mini- interflúvio
35
Aripuanã/Jiparaná e a outra para o mini-interflúvio Alto Madeira/Jiparaná; as populações da margem
direita do Rio Aripuanã provavelmente pertencem a sub-espécie G. spirurus inornatus pois a
localidade tipo é a cidade de Parintins, localizada nesse mesmo mini-interflúvio.
4.3.2 - Hylophylax poecilinotus (Thamnophilidae)
H. poecilinotus griseiventris é a sub-espécie reconhecida entre o Rio Tapajós e os Andes ao sul
do Rio Solimões (Peters 1951). Entretanto, devido aos 3,5 % de diferenciação genética entre os dois
grupos irmãos reciprocamente monofiléticos limitados pelo Rio Madeira, sugerimos que, como em G.
spirurus, novos marcadores sejam investigados. Caso seja confirmada diferenciação, somente as
populações da margem direita do Rio Madeira devem ser incluídas nessa sub-espécie. Pois a
localidade tipo de H. p. griseiventris é a cidade de Borba localizada nesse mesmo interflúvio
(Madeira/Tapajós). Deve ser nomeado um novo táxon para as populações da margem esquerda desse
rio.
4.3.3 - Schiffornis turdina (Pipridae)
Atualmente uma única sub-especie, Schiffornis turdina amazona, é reconhecida no sul da
Amazônia (Amadon et al. 1979). Os resultados confirmaram a existência de dois clados irmãos no sul
da Amazônia e determinaram que o limite de distribuição de cada um desses clados é o Rio Madeira.
Nyári (2007) sugere que sejam reconhecidas duas espécies para o sul da Amazônia: Schiffornis
amazona para sudoeste e Schiffornis turdina para o sudeste da Amazônia e Floresta Atlântica.
Entretanto, como não existe variação vocal em populações dessa sub-espécie em todo o sul da
Amazônia (Nyári 2007) e existe variação vocal entre populações da Floresta Atlântica e o sudeste da
Amazônia (apesar de não existir variação genética em marcadores mitocondriais), sugerimos que
antes de ser adotada essa revisão sejam investigados caracteres morfológicos e marcadores genéticos
nucleares.
5 – Recomendações
36
O reconhecimento que os rios Aripuanã e Jiparaná separam pequenas áreas de endemismo de
aves amazônicas tem duas implicações importantes: primeiro faz com que uma região que engloba os
dois lados de um rio tenha uma diversidade de espécies elevada, e
segundo, aponta pequenas distribuições de espécies crípticas (i.e. espécies idênticas em morfologia,
mas geneticamente diferentes). Ou seja, faz com que muitas linhagens evolutivas, que não podem ser
reconhecidas somente pela morfologia das espécies, tenham a sua distribuição restrita à região entre
dois rios pequenos. Isso foi confirmado nesse estudo: o interflúvio Madeira/Tapajós parece abrigar
pelo menos três avifaunas distintas.
Infelizmente, as florestas da porção sul da bacia do Rio Madeira estão ameaçadas. Atualmente,
a Bacia do Rio Jiparaná se encontra em estado avançado de destruição devido à nova expansão de
atividades agrícola, pecuária, e madeireira, vindo do sul. Aproximadamente 70% dessa região se
encontram totalmente desflorestadas (A. Carneiro, com. pessoal; Fig. 14), o que provavelmente deve
ter provocado extinções locais e erosão da diversidade genética. É imprescindível que sejam tomadas
medidas imediatas de proteção dos últimos remanescentes de floresta dessa região, que, apesar de
estar ameaçada, ainda abriga uma das mais diversas avifaunas de todo o planeta (Cohn-Haft et al.
2007).
37
Fig. 14. Imagem de 2000 mostrando o processo avancado de fragmentação florestal na Bacia do Rio
Jiparaná no mini-interfluvio Madeira/Jiparana. Áreas em rosa semelhante a espinha de peixe são as
regiões desmatadas.
6 - Conclusão
Os dados apresentados aqui (clados divergentes e com bom suporte em margens opostas do rio
Madeira para as três espécies e estruturação geográfica nos mini-interflúvios para uma
38
das espécies analisadas) reforça o papel dos rios como divisores geográficos. Os resultados também
sugerem que os rios tiveram importância como processo de diversificação.
Foi demonstrado que os pássaros possuem diferenças em poder de dispersão e capacidade de
transpor uma barreira geográfica. Características como o tamanho corporal podem estar relacionadas
com o poder de dispersão de pássaros.
A taxonomia atual baseada somente em morfologia deve ser revista e associada a dados de
bioacústica e moleculares. Esse estudo corrobora a possível existência de muitas espécies
crípticas (espécies idênticas em morfologia mas diferentes geneticamente) de pássaros na Amazônia,
principalmente em margens opostas dos rios. Novos estudos analisando-se morfologia e outros
marcadores para diferentes espécies devem ser feitos.
Medidas imediatas de conservação para a Amazônia devem ter foco na bacia do Rio Jiparaná.
Os poucos fragmentos florestais encontrados em margens opostas desse rio abrigam organismos com
que parecem ter mais de um milhão de anos de separação evolutiva.
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penalties and weight matrix choice. Nucleic Acids Research. 22: 4673-4680.
Vanzolini, P.E.; Williams, E.E. 1970. South American anoles: the geographic differentiation and
evolution of the Anolis chrysolepis species group (Sauria, Iguanidae). Arq. Zool. (São Paulo),
19:1–298.
Wallace, A. R. 1853. .Narrative of travels on the Amazon and Rio Negro. London: Reeve & Co.
Weir, J. T. 2006. Divergent timing and patterns of species accumulation in lowland and highland
neotropical birds. Evolution, 60(4): 842-855.
Willis, E. O. 1969. On the behavior of five species of Rhegmatorhina, ant-following antbirds of the
Amazon basin. The Auk, 81(4): 362-394.
Zimmer, K. J. & Isler, M. L. 2003. Family Thamnophilidae (Typical antbirds). Pp. 668 in: del Hoyo,
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Zink, R. 2004. The role of subspecies in obscuring avian biological diversity and misleading
conservation policy. Proc. R. Soc. Lond. 271:561-564.
45
A
nexo
Espécie Coordenadas Número DNA Local de Coleta
Glyphorynchus spirurus 8º52`S; 64º0`W INPA A 329 2) RO: margem direita do Rio
Madeira, 9,5 Km sudoeste de Porto
Velho
Glyphorynchus spirurus 9º10`S; 64º23`W INPA A 349 3) RO: margem esquerda do Rio
Madeira, próximo a Jacy Paraná,
cerca de 45 Km sudoeste de Porto
Velho
Glyphorynchus spirurus 9º10`S; 64º23`W INPA A 359 3) RO: margem esquerda do Rio
Madeira, próximo a Jacy Paraná,
cerca de 45 Km sudoeste de Porto
Velho
Glyphorynchus spirurus 9º 31`S; 65º21`W INPA A 173 5) RO: margem esquerda do Rio
Madeira, cerca de 20 Km N Abunã.
Glyphorynchus spirurus 9º 31`S; 65º21`W INPA A 191 5) RO: margem esquerda do Rio
Madeira, cerca de 20 Km N Abunã.
Glyphorynchus spirurus 9º35`S; 65º21`W INPA A 208 6) RO: margem direita do Rio
Madeira, cerca de 20 Km N Abunã.
Glyphorynchus spirurus 6º18'S; 60º20'W INPA A 536 7) AM: margem direita do Rio
Aripuanã, igarapé Extremo, 135 Km S
Novo Aripuanã
Glyphorynchus spirurus 6º18'S; 60º20'W INPA A 559 7) AM: margem direita do Rio
Aripuanã, igarapé Extremo, 135 Km S
Novo Aripuanã
Glyphorynchus spirurus 6º18'S; 60º20'W INPA A 561 7) AM: margem direita do Rio
Aripuanã, igarapé Extremo, 135 Km S
Novo Aripuanã
Glyphorynchus spirurus 6º18'S; 60º24'W INPA A 461 9) AM: margem esquerda do Rio
Aripuanã, Rio Arauazinho, 130 Km S
de Novo Aripuanã
Glyphorynchus spirurus 6º18'S; 60º24'W INPA A 466 9) AM: margem esquerda do Rio
Aripuanã, Rio Arauazinho, 130 Km S
de Novo Aripuanã
Glyphorynchus spirurus 6º18'S; 60º24'W INPA A 510 9) AM: margem esquerda do Rio
Aripuanã, Rio Arauazinho, 130 Km S
de Novo Aripuanã
Glyphorynchus spirurus 6º15'S; 60º27'W INPA A 553 9) AM: margem esquerda do Rio
Aripuanã, Rio Arauazinho, 130 Km S
de Novo Aripuanã
Glyphorynchus spirurus 6º15'; 60º27'W INPA A 562 9) AM: margem esquerda do Rio
Aripuanã, Rio Arauazinho, 130 Km S
de Novo Aripuanã
Glyphorynchus spirurus 7º37'S;60º40'W INPA A 890 10) AM: margem direita do médio Rio
Aripuanã, confluência com Rio
Roosevelt
Glyphorynchus spirurus 7º35'S;60º43'W INPA A 906 11) AM: margem esquerda do baixo
Rio Roosevelt, confluência com Rio
Aripuanã
Glyphorynchus spirurus 7º38'S;60º40'W INPA A 895 12) AM: margem direita do baixo Rio
Roosevelt, confluência com Rio
Aripuanã
46
Espécie Coordenadas Número DNA Local de Coleta
Glyphorynchus spirurus 08°21'S, 58°37'W INPA A 852 13) AM: Parque Estadual do
Sucunduri; margem direita do Rio
Bararati
Glyphorynchus spirurus 08°21'S, 58°37'W INPA A 855 13) AM: Parque Estadual do
Sucunduri; margem direita do Rio
Bararati
Glyphorynchus spirurus 08°34.5'S, 59
08.5'W
INPA A 845 14) AM: Floresta Estadual do
Sucunduri, margem direita do alto Rio
Sucunduri
Glyphorynchus spirurus 8º09'S;62º47'W INPA A 877 15) RO: margem direita do baixo Rio
Jiparaná, comunidade Demarcação
cerca de 20 Km sudeste de Calama
Glyphorynchus spirurus 8º09'S;62º47'W INPA A 875 15) RO: margem direita do baixo Rio
Jiparaná, comunidade Demarcação
cerca de 20 Km sudeste de Calama
Glyphorynchus spirurus 8º14'S;62º46'W INPA A 870 16) RO: margem esquerda do baixo
Rio Jiparaná, comunidade
Demarcação cerca de 20 Km sudeste
de Calama
Glyphorynchus spirurus 8º10'S;62º48'W INPA A 886 16) RO: margem esquerda do baixo
Rio Jiparaná, comunidade
Demarcação cerca de 20 Km sudeste
de Calama
Glyphorynchus spirurus* 0º8’S;67º5’W INPA A 1153 AM: margem direita do Rio Negro, 3
Km SW de São Gabriel da Cachoeira
Glyphorynchus spirurus* 3º36’S;66º4’W INPA A 808 AM: margem direita do baixo Rio
Juruá, RESEX Baixo Juruá,
comunidade Socó
Glyphorynchus spirurus* 0º10’S;66º59’W INPA A 1118 AM:margem esquerda do Rio Negro,
10 Km leste de São Gabriel da
Cachoeira
Hylophylax poecilinota 5º09'S;60º44'W INPA A 420 1) AM: "Campo do Lago Preto",
margem esquerda do Rio Madeira, 39
Km W Novo Aripuanã
Hylophylax poecilinota 5º09'S;60º44'W INPA A 421 1) AM: "Campo do Lago Preto",
margem esquerda do Rio Madeira, 39
Km W Novo Aripuanã
Hylophylax poecilinota 5º09'S;60º44'W INPA A 422 1) AM: "Campo do Lago Preto",
margem esquerda do Rio Madeira, 39
Km W Novo Aripuanã
Hylophylax poecilinota 5º09'S;60º44'W INPA A 424 1) AM: "Campo do Lago Preto",
margem esquerda do Rio Madeira, 39
Km W Novo Aripuanã
47
Espécie Coordenadas Número DNA Local de Coleta
Hylophylax poecilinota 8º52`S; 64º0`W INPA A 307 2) RO: margem direita do Rio
Madeira, 9,5 Km sudoeste de Porto
Velho
Hylophylax poecilinota 8º52`S; 64º0`W INPA A 326 2) RO: margem direita do Rio
Madeira, 9,5 Km sudoeste de Porto
Velho
Hylophylax poecilinota 8º52`S; 64º0`W INPA A 327 2) RO: margem direita do Rio
Madeira, 9,5 Km sudoeste de Porto
Velho
Hylophylax poecilinota 8º52`S; 64º0`W INPA A 334 2) RO: margem direita do Rio
Madeira, 9,5 Km sudoeste de Porto
Velho
Hylophylax poecilinota 8º52`S; 64º0`W INPA A 308 2) RO: margem direita do Rio
Madeira, 9,5 Km sudoeste de Porto
Velho
Hylophylax poecilinota 9º8,41’S;67º13W INPA A 345 3) RO: margem esquerda do Rio
Madeira, próximo a Jacy Paraná,
cerca de 45 Km sudoeste de Porto
Velho
Hylophylax poecilinota 9º8,41’S;67º13W INPA A 347 3) RO Margem esquerda do Rio
Madeira, próximo a Jacy Paraná, ca
45 Km sudoeste de Porto Velho
Hylophylax poecilinota INPA A 368 4) RO: margem direita do Rio
Madeira, próximo a Jacy Paraná, ca
45 Km sudoeste de Porto Velho
Hylophylax poecilinota INPA A 367 4) RO: margem direita do Rio
Madeira, próximo a Jacy Paraná, ca
45 Km sudoeste de Porto Velho
Hylophylax poecilinota 9°31' S, 65°21'W INPA A 182 5) RO: margem esquerda do Rio
Madeira, cerca de 20 Km N Abunã,
Hylophylax poecilinota INPA A 248 6) RO: margem direita do Rio
Madeira, cerca de 20 Km N Abunã,
Hylophylax poecilinota INPA A 264 6) RO: margem direita do Rio
Madeira, cerca de 20 Km N Abunã
Hylophylax poecilinota INPA A 265 6) RO: margem direita do Rio
Madeira, cerca de 20 Km N Abunã
Hylophylax poecilinota 6º18'; 60º20'W INPA A 478 8) Margem direita do Rio Aripuanã,
igarapé Extremo, 135 Km S Novo
Aripuanã
Hylophylax poecilinota 6º18'; 60º20'W INPA A 479 8) Margem direita do Rio Aripuanã,
igarapé Extremo, 135 Km S Novo
Aripuanã
Hylophylax poecilinota 6º18'S; 60º24'W INPA A 475 9) AM: margem esquerda do Rio
Aripuanã, Rio Arauazinho, 130 Km S
de Novo Aripuanã
Hylophylax poecilinota 6º18'S; 60º24'W INPA A 504 9) AM: margem esquerda do Rio
Aripuanã, Rio Arauazinho, 130 Km S
de Novo Aripuanã
Hylophylax poecilinota 6º18'S; 60º24'W INPA A 465 9) AM: margem esquerda do Rio
Aripuanã, Rio Arauazinho, 130 Km S
de Novo Aripuanã
Hylophylax poecilinota 6º18'S; 60º24'W INPA A 472 9) AM: margem esquerda do Rio
Aripuanã, Rio Arauazinho, 130 Km S
de Novo Aripuanã
48
Espécie Coordenadas Número DNA Local de Coleta
Hylophylax poecilinota 7º37'S;60º40'W INPA A 888 10) AM: margem direita do médio Rio
Aripuanã, confluência com Rio
Roosevelt
Hylophylax poecilinota 7º37'S;60º40'W INPA A 887 10) AM: margem direita do médio Rio
Aripuanã, confluência com Rio
Roosevelt
Hylophylax poecilinota 7º37'S;60º40'W INPA A 891 10) AM: margem direita do médio Rio
Aripuanã, confluência com Rio
Roosevelt
Hylophylax poecilinota 7º35'S;60º43'W INPA A 902 11) AM: margem esquerda do baixo
Rio Roosevelt, confluência com Rio
Aripuanã
Hylophylax poecilinota 7º35'S;60º43'W INPA A 904 11) AM: margem esquerda do baixo
Rio Roosevelt, confluência com Rio
Aripuanã
Hylophylax poecilinota 7º38'S;60º40'W INPA A 894 12) AM: margem direita do baixo Rio
Roosevelt, confluência com Rio
Aripuanã
Hylophylax poecilinota 7º38'S;60º40'W INPA A 896 12) AM: margem direita do baixo Rio
Roosevelt, confluência com Rio
Aripuanã
Hylophylax poecilinota 7º38'S;60º40'W INPA A 900 12) AM: margem direita do baixo Rio
Roosevelt, confluência com Rio
Aripuanã
Hylophylax poecilinota 7º38'S;60º40'W INPA A 898 12) AM: margem direita do baixo Rio
Roosevelt, confluência com Rio
Aripuanã
Hylophylax poecilinota 8°21'S, 58°37'W INPA A 857 13) AM: Parque Estadual do
Sucunduri; margem direita do Rio
Bararati
Hylophylax poecilinota 8°21'S, 58°37'W INPA A 856 13) AM: Parque Estadual do
Sucunduri; margem direita do Rio
Bararati
Hylophylax poecilinota 8°34.5'S;59° 8'W INPA A 849 14) AM: Floresta Estadual do
Sucunduri, margem direita do alto Rio
Sucunduri
Hylophylax poecilinota 8º09'S;62º47'W INPA A 876 15) RO: margem direita do baixo Rio
Jiparaná, comunidade Demarcação
cerca de 20 Km sudeste de Calama
Hylophylax poecilinota 8º09'S;62º47'W INPA A 884 15) RO: margem direita do baixo Rio
Jiparaná, comunidade Demarcação
cerca de 20 Km sudeste de Calama
Hylophylax poecilinota 8º10'S;62º48'W INPA A 878 15) RO: margem direita do baixo Rio
Jiparaná, comunidade Demarcação
cerca de 20 Km sudeste de Calama
Hylophylax poecilinota 8º09'S;62º47'W INPA A 907 15) RO: margem direita do baixo Rio
Jiparaná, cerca de 70 Km sudeste de
Humaitá
Hylophylax poecilinota 8º10'S;62º48'W INPA A 873 16) RO: margem esquerda do baixo
Rio Jiparaná, comunidade
Demarcação cerca de 20 Km sudeste
de Calama
49
Espécie Coordenadas Número DNA Local de Coleta
Hylophylax poecilinota 8º10'S;62º48'W INPA A 882 16) RO: margem esquerda do baixo
Rio Jiparaná, comunidade
Demarcação cerca de 20 Km sudeste
de Calama
Hylophylax poecilinota 8º10'S;62º48'W INPA A 871 16) RO: margem esquerda do baixo
Rio Jiparaná, comunidade
Demarcação cerca de 20 Km sudeste
de Calama
Hylophylax poecilinota 8º10'S;62º48'W INPA A 881 16) RO: margem esquerda do baixo
Rio Jiparaná, comunidade
Demarcação cerca de 20 Km sudeste
de Calama
Hylophylax poecilinota 8º10'S;62º48'W INPA A 872 16) RO: margem esquerda do baixo
Rio Jiparaná, comunidade
Demarcação cerca de 20 Km sudeste
de Calama
Hylophylax poecilinota 7º13'S;64°10'W INPA A 101 17) AM: margem direita do Rio Purús,
Igarapé do Ussuã, afluente do Rio
Mucuim (margem direita)
Hylophylax poecilinota* 2º36’S;64º52’W INPA A 396 RDS Amanã, Comunidade Nova
Canaã, Igarapé Centro Grande
Schiffornis turdina 5º09'S;60º44'W INPA A 413 1) AM: "Campo do Lago Preto",
margem esquerda do Rio Madeira, 39
Km W Novo Aripuanã
Schiffornis turdina 5º09'S;60º44'W INPA A 395 1) AM: "Campo do Lago Preto",
margem esquerda do Rio Madeira, 39
Km W Novo Aripuanã
Schiffornis turdina 9º8,41’S;67º13W INPA A 348 3) RO: margem esquerda do Rio
Madeira, próximo a Jacy Paraná, ca
45 Km sudoeste de Porto Velho
Schiffornis turdina INPA A 371 4) RO: margem direita do Rio
Madeira, próximo a Jacy Paraná, ca
45 Km sudoeste de Porto Velho
Schiffornis turdina INPA A 372 4) RO: margem direita do Rio
Madeira, próximo a Jacy Paraná, ca
45 Km sudoeste de Porto Velho
Schiffornis turdina INPA A 374 4) RO: margem direita do Rio
Madeira, próximo a Jacy Paraná, ca
45 Km sudoeste de Porto Velho
Schiffornis turdina INPA A 249 6) RO: margem direita do Rio
Madeira, cerca de 20 Km N Abunã
Schiffornis turdina INPA A 266 6) RO: margem direita do Rio
Madeira, cerca de 20 Km N Abunã
Schiffornis turdina 6º18'; 60º20'W INPA A 538 7) AM: margem direita do Rio
Aripuanã, igarapé Extremo, 135 Km S
Novo Aripuanã
Schiffornis turdina 6º18'; 60º20'W INPA A 525 7) AM: margem direita do Rio
Aripuanã, igarapé Extremo, 135 Km S
Novo Aripuanã
Schiffornis turdina 6º18'; 60º20'W INPA A 527 7) AM: margem direita do Rio
Aripuanã, igarapé Extremo, 135 Km S
Novo Aripuanã
Schiffornis turdina 6º15'; 60º27'W INPA A 533 9) AM: margem esquerda do Rio
Aripuanã, Rio Arauazinho, 130 Km S
de Novo Aripuanã
50
Espécie Coordenadas Número DNA Local de Coleta
Schiffornis turdina INPA A 889 10) AM: margem direita do médio Rio
Aripuanã, confluência com Rio
Roosevelt
Schiffornis turdina 7º37'S;60º40'W INPA A 892 10) AM: margem direita do médio Rio
Aripuanã, confluência com Rio
Roosevelt
Schiffornis turdina 7º35'S;60º43'W INPA A 903 11) AM: margem esquerda do baixo
Rio Roosevelt, confluência com Rio
Aripuanã
Schiffornis turdina 7º38'S;60º40'W INPA A 893 12) AM: margem direita do baixo Rio
Roosevelt, confluência com Rio
Aripuanã
Schiffornis turdina 8º34.5'S,59º
8.5'W
INPA A 846 14) AM: Floresta Estadual do
Sucunduri, margem direita do alto Rio
Sucunduri
Schiffornis turdina 8º34.5'S,59º
8.5'W
INPA A 850 14) AM: Floresta Estadual do
Sucunduri, margem direita do alto Rio
Sucunduri
Schiffornis turdina 8º34.5'S,59º
8.5'W
INPA A 848 14) AM: Floresta Estadual do
Sucunduri, margem direita do alto Rio
Sucunduri
Schiffornis turdina 8º09'S;62º47'W INPA A 885 15) RO: margem direita do baixo Rio
Jiparaná, comunidade Demarcação
cerca de 20 Km sudeste de Calama
Schiffornis turdina 8º10'S;62º48'W INPA A 874 16) RO: margem esquerda do baixo
Rio Jiparaná, comunidade
Demarcação cerca de 20 Km sudeste
de Calama
Schiffornis turdina 8º10'S;62º48'W INPA A 883 16) RO: margem esquerda do baixo
Rio Jiparaná, comunidade
Demarcação cerca de 20 Km sudeste
de Calama
Schiffornis turdina 8º10'S;62º48'W INPA A 880 16) RO: margem esquerda do baixo
Rio Jiparaná, comunidade
Demarcação cerca de 20 Km sudeste
de Calama
Schiffornis turdina* INPA A 777 AM: Br 174, Km 43, Reserva da
Campina/INPA
* Indivíduos usados como grupo externo
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