5. Discussão
Dentre todos os genes estudados, a RC apresenta a maior porcentagem de sítios variáveis
informativos para parcimônia, seguida dos genes que codificam para proteína (ND2 e citocromo b;
25,73% e 21,24%, respectivamente) e, finalmente, os genes ribossomais (12S e 16S; 13,71% e 14,58%,
respectivamente). As seqüências da região controladora (RC) revelaram que as porções conservadas em
aves (poli-C, repetições TAS, blocos conservados F a C, origem de replicação OH e SBC) foram
facilmente identificadas. O domínio II ou central da RC foi o mais conservado entre as espécies
estudadas, enquanto que os domínios I e III apresentaram maior variação, esse padrão era o esperado de
acordo com o que foi descrito em aves (Randi e Lucchini, 1998; Crochet e Desmarais, 2000; Ruokonen e
Kvist, 2002; Pereira e col., 2004; Roques e col., 2004). Considerando todos os táxons ou somente as
espécies do gênero Ara, a média das distâncias p da RC é maior (0,1258 e 0,083, respectivamente) do que
a do citocromo b (0,0951 e 0,074, respectivamente). Já os valores encontrados somente entre as espécies
do gênero Primolius mostram maior média de diferenças com o citocromo b (0,032 versus 0,027 para a
RC). Segundo Ruokonen e Kvist (2002), as médias de divergência desses genes variam de acordo com
cada gênero, pois nesse estudo, a taxa de divergência da RC foi maior do que a do citocromo b entre as
espécies do gênero Cyanoramphus e o inverso nas espécies dos gêneros Alectoris e Polioptila.
A análise filogenética dos genes separados resultou em topologias bastante concordantes, sendo
que as obtidas com a RC foram as que se apresentaram mais semelhantes àquelas resultantes dos dados
combinados. O monofiletismo do gênero Ara não foi obtido em nenhuma análise com os genes isolados.
Já o monofiletismo do gênero Primolius foi obtido com bons valores de “bootstrap” em todas as análises.
Alguns clados se apresentaram com bom suporte em quase todas análises com os genes independentes:
(Diopsittaca nobilis, Guarouba guarouba), figuras 07 a 11; ((Ara ambigua, A. militaris), (A. chloroptera,
Ara macao)), figuras 07, 08, 09, 10 e 11. O fragmento analisado do gene ND2 foi o único que não
apresentou Ara ararauna e A. glaucogularis como espécies irmãs, assim como A. chloroptera e A.
macao. A. macao mostrou-se basal no clado (((A. ambigua, A. militaris), A. chloroptera), A. macao)). As
relações das espécies Orthopsittaca manilata, Cyanopsitta spixii, Anodorhynchus hyacinthinus e Aratinga
aurea não foram bem resolvidas. As espécies Rynchopsitta pachyryncha e Pyrrhura leucotis foram
utilizadas como grupo externo em todas as análises, exceto para a RC, pois não foi possível alinhar a
seqüência de Rynchopsitta pachyryncha com as demais espécies, possivelmente por ser uma espécie
filogeneticamente distante das demais espécies estudadas (Tavares e col., aceito).
Nas análises com os dados moleculares combinados (Figuras 12, 13 e 14), o gênero Ara apresenta-
se monofilético tendo o clado com as espécies do gênero Primolius como grupo irmão de Ara. Essa
relação de grupos irmãos está de acordo com estudos prévios (Tavares e col, 2004; aceito), porém a
sustentação para essa relação não estava bem suportada nesses trabalhos. As relações entre as espécies do
gênero Primolius se apresentaram bem estabelecidas, sendo P. auricollis e P. maracana espécies irmãs
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