154
in tög MZD mulher, afim de afins (afim ao clã da mãe)
tẽh S filho real
mèh BS homem, agnato, 1
a
geração descendente
ẽstẽh ZS, DH homem, afim, 1
a
geração descendente
tög D, BD mulher, agnata, 1
a
geração descendente
ẽstög’ ZD, SW mulher, afim, 1
a
geração descendente
dö’
SS, SD, DS, DD criança, 2
a
geração descendente
Tabela 3: Termos de parentesco hup, denotata genealógicos imediatos e significação (adaptado de
Pozzobon 2000 a partir da grafia da língua hup proposta por Henri Ramirez 2006)
Essas tabelas não são exaustivas. Além do mais, existem diferenças entre as
apresentações do quadro terminológico em Reid (1979) e em Pozzobon (1991 e 2000),
somando-se a isso as discrepâncias entre o que os etnógrafos apresentam e os sentidos e usos
dos termos conforme a exposição do dicionário de Ramirez (2006). Não saberia afirmar em
que medida essas diferenças correspondem a variações dialetais ou a diferenças entre as
metodologias dos pesquisadores. Para não alongar em demasia a exposição dos termos de
parentesco, fiz a opção algo arbitrária de seguir ao máximo o quadro proposto por Pozzobon,
realizando alterações mínimas
118
. Cabe destacar uma ressalva, não obstante as alterações
realizadas no quadro terminológico acima, não tratei de corrigir o erro apontado por Viveiros
de Castro (2002a: 127) na construção da “caixa” terminológica dravidiana em sistemas em
que a terminologia se relaciona com instituições patrilineares, como é o caso dos Hupda e das
118
Sobre isso, seguem alguns comentários. Todos os termos de parentesco, à exceção dos que designam o pai
(ip), a mãe (in), o filho (tẽh), o esposo e a esposa (te’ip e te’in, respectivamente, que não constam no quadro),
referem-se tanto a parentes reais quanto classificatórios (Reid 1979: 117). O termo mehin, “mulher afim da
geração de ego”, logo, esposa em potencial, não consta no dicionário da língua hup (Ramirez 2006), de forma
que a grafia do termo permanece como a proposta por Reid e seguida por Pozzobon. Quanto à distinção entre teh
(filho real) e meh (filho classificatório), acrescentei ao quadro de Pozzobon com base no quadro original de Reid
e algumas colocações de Ramirez, considerando que, segundo o próprio Pozzobon, uma das ínfimas diferenças
entre a terminologia de parentesco dos Maku do Uaupés e a dos índios do rio é justamente “um termo para
designar univocamente o próprio filho” (Pozzobon 1983: 276). Os termos variam em função do gênero de ego
apenas na geração de ego e na primeira geração descendente; para uma listagem também dos termos de ego
feminino, conferir Reid (1979: 394-5). Por fim, algo que Reid aponta como uma “curiosidade”: entre os termos
ù!, “homem, 2
a
geração ascendente”, e dö’, “criança, 2
a
geração descendente”, ocorrem inversões se levados em
conta seu uso como termo de referência ou vocativo. No quadro de Pozzobon, segundo a exposição de Reid,
constam os usos como vocativo desses termos, pois se forem usados como de referência, inverteriam-se os usos,
o “avô” seria referido como dö’ e o “neto” como ù (Reid 1979: 117, 394-5). No quadro proposto por Athias
(1995), constam algumas variações dos termos:
h, seria “o homem, agnato, mais velho, geração de ego”,
enquanto púy’ seria o mais novo;
y, seria a “mulher, agnata, mais velha, geração de ego”, e méh, a mais moça
(Athias 1995).