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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
PR
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
CAMPUS DE CURITIBA
DEPARTAMENTO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA
E DE MATERIAIS - PPGEM
JULIANE DE BASSI PADILHA
FERRAMENTA PARA AVALIAÇÃO DE
ALTERNATIVAS NA ETAPA CONCEITUAL DE
DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO
UMA ABORDAGEM BASEADA EM CRITÉRIOS DE INOVAÇÃO
CURITIBA
AGOSTO - 2008
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JULIANE DE BASSI PADILHA
FERRAMENTA PARA AVALIAÇÃO DE
ALTERNATIVAS NA ETAPA CONCEITUAL DE
DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO
UMA ABORDAGEM BASEADA EM CRITÉRIOS DE INOVAÇÃO
Dissertação apresentada como requisito parcial
à obtenção do título de Mestre em Engenharia,
do Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Mecânica e de Materiais, Área de
Concentração em Engenharia de Manufatura,
do Departamento de Pesquisa e Pós-
Graduação, do Campus de Curitiba, da
UTFPR.
Orientador: Prof. Carlos Cziulik, Ph.D.
CURITIBA
AGOSTO – 2008
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TERMO DE APROVAÇÃO
JULIANE DE BASSI PADILHA
FERRAMENTA PARA AVALIAÇÃO DE
ALTERNATIVAS NA ETAPA CONCEITUAL DE
DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO
UMA ABORDAGEM BASEADA EM CRITÉRIOS DE INOVAÇÃO
Esta Dissertação foi julgada para a obtenção do título de mestre em engenharia,
área de concentração em engenharia de manufatura, e aprovada em sua forma final
pelo Programa de Pós-graduação em Engenharia Mecânica e de Materiais.
_________________________________
Prof. Neri Volpato, Ph.D.
Coordenador de Curso
Banca Examinadora
______________________________ ______________________________
Prof. Dalton Luiz Razera, D. Eng.
(UFPR)
Profª. Carla Cristina Amodio Estorilio,
Dra. Eng.
(UTFPR)
______________________________ ______________________________
Prof. Milton Borsato, D. Eng. Prof. Carlos Cziulik, Ph.D.
(UTFPR) (UTFPR)
Curitiba, 27 de agosto de 2008.
iii
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, grande Pai, presente em todos os momentos da
minha vida, nos momentos de calmaria e nas maiores tempestades nunca me abandonou.
É, sem dúvida, a Essência do meu viver.
À minha família, minha mãe (Elizete), meu pai (Edinê) e minha irmã e grande amiga
(Ana Caroline) que sempre me encorajaram e me deram motivos a mais para continuar.
Ao Paulo, pela cumplicidade, carinho, paciência e incentivo os quais foram
fundamentais para a realização e conclusão deste trabalho.
Ao meu orientador, Prof. Ph.D. Carlos Cziulik, com quem muito aprendi e de quem
mantenho um grande respeito e admiração. Agradeço pela amizade, competência e
direcionamento dados em todas as etapas deste estudo.
A todos os meus colegas de Mestrado, em especial à Niara de Oliveira Kaus (in
memorian) e Fábio Ribeiro de Camargo pela amizade, companheirismo e aprendizado.
Considero a amizade de vocês um grande presente. Fica a saudade que só o tempo poderá
amenizar.
Ao corpo docente do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica e de
Materiais da UTFPR que muito contribuiu para que eu pudesse vislumbrar novos
conhecimentos no campo de desenvolvimento de produto.
À Kazuko Suzuki Sato, professora, designer e amiga, pelo apoio, pelas produtivas
discussões e pelo tempo que me foi disponibilizado para a realização deste estudo. Muito do
que aprendi e continuo aprendendo sobre design devo aos seus ensinamentos.
À Carolina, Cristiane, Elisandra, Gheysa, Josmael e Lindsay que disponibilizaram
parte de seu tempo para participar do experimento e tecer considerações de grande valia
para este estudo. Aos meus alunos do curso de Desenho Industrial da Unifae, Christiane,
Guilherme e Maicon que também reservaram parte do seu tempo para participar do
experimento.
A todos os profissionais que se dispuseram em responder os questionamentos
levantados nesta investigação.
iv
“Ao explicar nos esclarecemos
Ao consolar nos reconfortamos
Ao orientar nos localizamos
Ao abrir portas também entramos.”
José Predebon
v
PADILHA, Juliane de Bassi, Ferramenta para Avaliação de Alternativas na Etapa
Conceitual de Desenvolvimento de Produto: uma Abordagem Baseada em
Critérios de Inovação, 2008, Dissertação (Mestrado em Engenharia) - Programa de
Pós-graduação em Engenharia Mecânica e de Materiais, Universidade Tecnológica
Federal do Paraná, Curitiba, 146p.
RESUMO
O desenvolvimento de produtos que apresentem alguma novidade é um dos maiores
objetivos das organizações empresariais. Logo, investir no projeto de novos produtos
consiste em uma atividade de vital importância. Para tanto, é necessário o uso de
métodos que possibilitem tornar esta atividade mais ágil e cujos produtos
apresentem potencial inovador. É na etapa do projeto conceitual que se definem
princípios de solução que nortearão o produto em desenvolvimento. Portanto, muitas
das soluções inovadoras são provenientes desta etapa. A presente dissertação tem
por objetivo apresentar o desenvolvimento de uma ferramenta para seleção de
alternativas na etapa do projeto conceitual, cujo embasamento esteja em critérios de
inovação. A partir de um levantamento bibliográfico de caráter exploratório, foram
tratados assuntos referentes à inovação, projeto de produto, projeto conceitual,
ferramentas para a geração e seleção de alternativas. Do mesmo modo, por meio de
uma análise reversa feita com produtos considerados inovadores, estabeleceram-se
os critérios pertinentes à inovação. Através de um instrumento de coleta de dados,
aplicado a projetistas, foram analisadas as práticas correntes para a avaliação e
seleção de alternativas. Em seguida, os dados obtidos no levantamento bibliográfico
foram comparados aos obtidos no instrumento de coleta de dados. A partir daí foi
definida a pontuação dos critérios e dos respectivos subcritérios. Deste modo
determinou-se a estrutura do modelo e o layout da ferramenta. Isto posto, foi
idealizado e conduzido um experimento em que se simulou uma situação de projeto.
Assim, foi possível verificar o comportamento da ferramenta quando aplicada, bem
como da equipe de projeto durante o uso da mesma. Os resultados preliminares
indicam que a abordagem utilizada pela ferramenta é satisfatória para avaliar
alternativas conceituais com base em critérios de inovação. Trabalhar a inovação de
modo sistemático nas etapas de projeto potencializa as chances de sucesso do
produto. Assim, pois, o uso desta ferramenta poderá contribuir na redução do tempo
de projeto, no aumento da competitividade e na geração de produtos diferenciados e
de valor agregado.
Palavras-chave: Ferramenta de projeto; Inovação; Projeto conceitual; Avaliação de
alternativas.
vi
PADILHA, Juliane de Bassi, Tool for Assessing Alternatives During Conceptual
Design Stage: an Approach Based on Innovation Criteria, 2008, Dissertação
(Mestrado em Engenharia) - Programa de Pós-graduação em Engenharia Mecânica
e de Materiais, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 146p.
ABSTRACT
The development of products that show a certain amount of innovation is one of the
main of any organization. Thus, it is vital to place money and effort into the design of
new products. For that, it is important to employ approaches that induces agility to
the process as well as result in innovative products. It is during the conceptual design
stage that the principles solution for the design problem are defined. Thus, most of
the innovative solutions are derived from this stage. This work aims at developing an
approach and respective tool for assessing alternative solutions during conceptual
design, focusing on innovation criteria. From the literature review subjects related to:
product design, conceptual design, innovation and tools for generating and assessing
alternative solutions. Additionally, a thorough study on products considered to be
innovative was conducted. From that, criteria related to innovation could be
established. From a survey involving practitioners working with product development,
information from approaches, methods and tools for assessing and selecting
alternatives was gathered. Comparing theoretical and practical information allowed to
establish the weights for each criteria, as well as, the structure and layout of the
envisaged tool. A preliminary application tested the tool usage. Next, an experiment
involving product designers with different levels of expertise was conducted. The
obtained results indicate that the approach and tool are suitable to assess conceptual
alternatives based on innovation criteria.
Keywords: Project tool, Innovation, Conceptual project; Assessment of alternatives.
vii
SUMÁRIO
RESUMO....................................................................................................................vi
ABSTRACT...............................................................................................................vii
LISTA DE FIGURAS ...................................................................................................x
LISTA DE TABELAS ..................................................................................................xi
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .................................................................... xii
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................14
1.1 Fundamentação..................................................................................................................... 14
1.1.1 Projeto Conceitual e Inovação .......................................................................................... 15
1.2 Apresentação do Problema................................................................................................... 16
1.2.1 Relevância do problema.................................................................................................... 17
1.3 Objetivos do Projeto.............................................................................................................. 18
1.3.1 Objetivo geral .................................................................................................................... 18
1.3.2 Objetivos específicos......................................................................................................... 18
1.4 Abordagem Metodológica ..................................................................................................... 19
1.4.1 Estrutura do estudo........................................................................................................... 20
2 A INOVAÇÃO NO ÂMBITO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE
PRODUTO ................................................................................................................22
2.1 Inovação: conceitos............................................................................................................... 22
2.1.1 Grau de novidade das inovações...................................................................................... 26
2.1.2 Ciclo de vida de um produto.............................................................................................. 29
2.1.3 Fatores que dificultam as atividades de inovação ............................................................ 32
2.1.4 Estratégias de inovação.................................................................................................... 34
2.2 Inovação e Tecnologia.......................................................................................................... 36
2.3 Inovação e Design................................................................................................................. 37
2.4 Inovação e Criatividade......................................................................................................... 38
2.5 Processo de Desenvolvimento de Produto........................................................................... 39
2.5.1 Definição de produto ......................................................................................................... 39
2.5.2 O processo de desenvolvimento de produto..................................................................... 40
2.6 Projeto Conceitual................................................................................................................. 46
2.6.1 Modelagem funcional ........................................................................................................ 48
2.6.2 Desenvolver princípios de solução.................................................................................... 51
2.6.3 Desenvolver alternativas de solução................................................................................. 52
2.6.4 Selecionar a concepção do produto.................................................................................. 54
2.7 Considerações Sobre o que a Literatura Aponta.................................................................. 57
2.8 Análise do Processo de Inovação......................................................................................... 58
viii
2.8.1 Considerações a respeito de inovação............................................................................. 66
2.9 Pesquisa de Campo.............................................................................................................. 66
2.9.1 Caracterização do estudo ................................................................................................. 67
2.9.2 Caracterização dos profissionais entrevistados................................................................ 68
2.10 Interpretação e Análise dos Resultados................................................................................ 71
2.11 Considerações Finais............................................................................................................ 77
3 PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DA FERRAMENTA API_PC ...............79
3.1 Premissas para Aplicação da Ferramenta............................................................................ 80
3.2 Avaliação Global de cada Critério......................................................................................... 81
3.3 Avaliação dos Critérios e seus Desmembramentos ............................................................. 82
3.4 Plataforma da Ferramenta .................................................................................................... 87
3.5 Uso da ferramenta API_PC................................................................................................... 89
3.6 Casos Especiais.................................................................................................................... 92
3.6.1 Nenhuma célula é preenchida........................................................................................... 92
3.6.2 Todas as células são preenchidas em todas as alternativas............................................ 93
3.6.3 Empate entre alternativas com o preenchimento das mesmas células............................ 93
3.6.4 Empate entre alternativas com o preenchimento de diferentes células ........................... 93
3.6.5 Não preenchimento das células de um ou mais critérios.................................................. 94
3.6.6 Preenchimento das células de apenas um critério ........................................................... 94
3.7 Aplicação Descritiva.............................................................................................................. 94
3.7.1 Avaliação das alternativas................................................................................................. 98
3.8 Considerações Finais............................................................................................................ 99
4 APLICAÇÃO DA FERRAMENTA API_PC.......................................................100
4.1 Realização do Experimento ................................................................................................ 100
4.1.1 Caracterização do cenário e das alternativas................................................................. 101
4.1.2 Formação dos grupos e realização da tarefa.................................................................. 108
4.2 Resultados do Experimento ................................................................................................ 110
4.3 Análise dos Questionários................................................................................................... 112
4.3.1 Familiarização com o tema bem como com as práticas projetuais ................................ 113
4.3.2 Avaliação da tarefa proposta........................................................................................... 115
4.3.3 Avaliação da ferramenta ................................................................................................. 117
4.3.4 Avaliação das alternativas – grupo de controle .............................................................. 119
4.4 Considerações Finais sobre o Experimento ....................................................................... 121
5 CONCLUSÕES.................................................................................................123
5.1 Recomendações para Trabalhos Futuros........................................................................... 124
PRODUÇÃO CIENTÍFICA NO PERÍODO (Março 2005 – Março 2008)..................126
REFERÊNCIAS.......................................................................................................127
APÊNDICE A – Questionário Aplicado no Instrumento de Coleta de Dados ..........130
APÊNDICE B – Dados dos Participantes do Experimento......................................135
APÊNDICE C – Documento de Avaliação do Grupo G1 (Grupo de Controle) ........136
APÊNDICE D – Questionário Aplicado aos Participantes do Experimento – Grupos
G2, G3, G4 E G5
.....................................................................................................138
ix
APÊNDICE E - Questionário Aplicado aos Participantes do Experimento – Grupo G1
(Grupo de Controle)
................................................................................................141
APÊNDICE F – Fotos do Experimento....................................................................144
x
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1 – Estrutura do estudo
1
..............................................................................21
Figura 2.1 - Ciclo de vida de um produto genérico....................................................30
Figura 2.2 – Tipos de Curva-S ..................................................................................31
Figura 2.3 - Processo geral de solução.....................................................................42
Figura 2.4 - Modelo de processo de projeto..............................................................43
Figura 2.5 - Modelo de processo de projeto..............................................................45
Figura 2.6 – Representação gráfica da função global...............................................49
Figura 2.7 – Desdobramento da função global..........................................................50
Figura 2.8 – Matriz morfológica aplicada ao projeto de um carrinho de mão............53
Figura 3.1 – Representação gráfica do estudo proposto...........................................79
Figura 3.2 – Ocasião de uso da ferramenta..............................................................81
Figura 3.3 – Layout da ferramenta API_PC ..............................................................88
Figura 3.4 – Layout contendo as pontuações da ferramenta API_PC.......................90
Figura 3.5 – Diretrizes para uso da ferramenta API_PC ...........................................91
Figura 3.6 – Produtos concorrentes ..........................................................................95
Figura 4.1 – Representação gráfica da Alternativa 01 ............................................104
Figura 4.2 – Representação gráfica da Alternativa 02 ............................................105
Figura 4.3 – Representação gráfica da Alternativa 03 ............................................107
Figura 4.4 – Representação gráfica da Alternativa 04 ............................................108
Figura 4.5 – Distribuição do grupos no experimento...............................................109
xi
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 - Inovação: conceitos...............................................................................23
Tabela 2.2 - Inovação: categorias.............................................................................25
Tabela 2.3 - Fatores de aceleração do processo de inovação..................................32
Tabela 2.4 - Fatores que dificultam as atividades de inovação.................................33
Tabela 2.5 – Estratégias de inovação e suas características....................................35
Tabela 2.6 – Níveis dos produtos..............................................................................40
Tabela 2.7 – Classificação dos métodos de criatividade...........................................51
Tabela 2.8 – Técnicas para geração de idéias..........................................................54
Tabela 2.9 – Ferramentas para organização de idéias .............................................55
Tabela 2.10 – Ferramentas para seleção de idéias ..................................................56
Tabela 2.11 – Aspirador de pó Trilobite ....................................................................59
Tabela 2.12 – Linha Jangada....................................................................................60
Tabela 2.13 – Ventilador Spirit..................................................................................61
Tabela 2.14 – Lavadora Superpop............................................................................62
Tabela 2.15 – Válvula Duo Flux ................................................................................63
Tabela 2.16 – Critérios para inovação.......................................................................64
Tabela 2.17 – Matriz de análise ................................................................................65
Tabela 2.18 – Caracterização dos profissionais entrevistados..................................69
Tabela 2.19 – Comparativo entre metodologias........................................................70
Tabela 2.20 – Configuração das alternativas no projeto conceitual..........................72
Tabela 2.21 – Nível de detalhamento das alternativas no projeto conceitual............73
Tabela 2.22 – Métodos de seleção de alternativas no projeto conceitual. ................74
Tabela 2.23 – Critérios para seleção das alternativas no projeto conceitual.............75
xii
Tabela 2.24 – Desmembramento dos critérios para seleção das alternativas no
projeto conceitual
...............................................................................................76
Tabela 3.1 – Média dos critérios globais...................................................................82
Tabela 3.2 – Médias e pesos dos subcritérios ..........................................................84
Tabela 3.3 – Comparativo entre as médias...............................................................85
Tabela 3.4 – Pesos e pontuações dos critérios.........................................................86
Tabela 3.5 – Descrição e parâmetros de produto “Bio Amp” ....................................96
Tabela 3.6 – Bio Amp: aplicação da ferramenta API_PC..........................................97
Tabela 4.1 – Composição dos grupos para o experimento.....................................109
Tabela 4.2 – Comparativo dos resultados dos grupos ............................................111
Tabela 4.3 – Formas de acesso dos participantes às abordagens metodológicas .113
Tabela 4.4 – Seleção de alternativas para produtos inovadores.............................114
Tabela 4.5 – Métodos para seleção de alternativas................................................115
Tabela 4.6 – Compreensão da tarefa proposta.......................................................116
Tabela 4.7 – Comentários e sugestões dos grupos................................................119
Tabela 4.8 – Parâmetros para a seleção da alternativa..........................................120
xiii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CAD Computer Aided Design (Projeto Auxiliado por Computador)
CITEC Centro de Inovação Tecnológica
FINEP Financiadora de Estudos e Projetos
MCT Ministério de Ciência e Tecnologia
OCDE Organização para a Cooperação Econômica e o Desenvolvimento
PDP Processo de Desenvolvimento de Produto
P&D Pesquisa e Desenvolvimento
UTFPR Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Capítulo 1 Introdução 14
1 INTRODUÇÃO
1.1 Fundamentação
O atual cenário de competição nacional e internacional aponta a sobrevivência
das empresas como função do grau de competitividade de seus produtos. Não
obstante, esta competitividade está baseada em requisitos de qualidade, custo e
tempo para o desenvolvimento do produto. O consumidor, melhor informado, está
mais exigente e à procura de produtos que, além de satisfazer suas necessidades e
desejos, possam apresentar algum diferencial frente aos concorrentes. Um produto
que tiver retardado seu lançamento ou que não apresente algo “novo” perceptível
pelo consumidor poderá não mais satisfazer as necessidades do mercado em
constante mutação. Além disto, inserido neste cenário, observa-se que: i) o número
de empresas entrando no mercado é crescente; ii) a competição por preços e outros
tipos de dimensões competitivas têm se tornado mais acirrada; iii) o ciclo de vida dos
produtos está ficando cada vez mais curto; e iv) a produção de grande variedade e
pequenos lotes está crescendo, em resposta à diversificação das necessidades dos
consumidores (BACK; FORCELLINI, 1998).
Diante destes aspectos, tem-se consciência da importância da atividade de
projeto de produtos e da busca por conhecimentos e métodos que tornem esta
atividade mais dinâmica, de modo a reduzir o intervalo de tempo no lançamento de
um novo produto no mercado. É neste ambiente que a busca por produtos
inovadores se faz presente. Muito se debate a respeito da inovação no ambiente
empresarial e do modo como esta deve estar refletida nos produtos. Entretanto, é
notório que a mesma não acontece repentinamente em uma organização. São
necessários investimentos a médio e longo prazo para a criação de um ambiente
favorável à inovação dentro da empresa. Ou seja, deve ser criada uma “cultura”
empresarial que contemple a inovação de produtos.
O emprego de abordagens metodológicas que prevejam o uso de ferramentas
e métodos que considerem o âmbito da inovação são extremamente necessárias
para a criação do ambiente citado acima.
Capítulo 1 Introdução 15
Dentro do processo de desenvolvimento de produtos, é na etapa do projeto
conceitual que se produzem princípios de solução para o novo produto de modo a
direcionar como este poderá atingir os benefícios básicos. Desta forma, o projeto
conceitual fixa uma série de princípios que nortearão as demais etapas do processo
de projeto.
Entretanto, a inexistência de uma ferramenta específica que permita mensurar
através de critérios, graus de inovação na etapa conceitual, torna a avaliação e
seleção de alternativas uma atividade não documentada e empírica.
Deste modo, percebe-se que não existe um método claro e sistematizado que
forneça resultados concisos a respeito da alternativa que possa vir a se tornar um
produto com potencial inovador.
1.1.1 Projeto Conceitual e Inovação
Dentre as fases que norteiam a atividade de projeto, pode-se afirmar que é na
etapa conceitual que é gerada, a partir de uma necessidade detectada e esclarecida,
uma concepção de produto que possa atender da melhor maneira possível a busca
por produtos diferenciados.
Entretanto, existe uma dificuldade no estabelecimento de critérios de escolha
na seleção da melhor e mais inovadora alternativa.
Os critérios freqüentemente utilizados estão relacionados às informações
levantadas na especificação do projeto, pertinentes à etapa do projeto informacional.
Ou seja, são dados levantados no escopo do projeto. Estas informações são
relevantes para a seleção de conceitos. Entretanto, não possibilitam uma decisão
objetiva quanto à melhor alternativa, sob o ponto de vista da inovação. Muitas vezes,
após serem gerados os conceitos do novo produto, a seleção da melhor alternativa é
feita de forma empírica e não mensurável.
A inexistência de critérios orientados à avaliação da inovação, mediante a
aplicação de uma ferramenta, transforma a etapa do projeto conceitual numa fase
não documentada, subjetiva e muitas vezes sem respaldo científico que justifique a
opção por uma determinada alternativa em detrimento das demais.
Capítulo 1 Introdução 16
A existência de uma ferramenta que possibilite auxiliar, de modo objetivo, a
seleção do conceito com potencial mais inovador permitirá maior agilidade no
processo de desenvolvimento de novos produtos, além de contribuir para uma
redução no tempo de desenvolvimento de produto.
1.2 Apresentação do Problema
Para o desenvolvimento de um produto que acrescente alguma novidade, o
investimento em pesquisa e desenvolvimento se faz necessário. O correto
direcionamento das etapas de projeto pode reduzir o tempo gasto para o
desenvolvimento de um novo produto, bem como potencializar as chances de
sucesso do mesmo.
Não obstante, também é imprescindível a utilização de técnicas e meios que
viabilizem a avaliação do projeto do produto, durante as etapas de desenvolvimento.
Apesar da inovação (seja ela radical ou incremental) ser um objetivo a ser
atingido durante o processo de desenvolvimento de produtos, nem sempre é
possível garantir que o resultado final será um produto inovador, pois se observa a
inexistência de orientação dos critérios de modo a fornecer uma avaliação objetiva
do grau de inovação das alternativas na etapa conceitual. Sendo assim, tende-se a
retardar a tomada de decisão quanto à seleção da melhor alternativa.
A principal dificuldade é justamente estabelecer critérios objetivos de solução
para um modelo de produto ainda bastante abstrato.
Como conseqüência, tem-se dois pontos críticos passíveis de análise: o
primeiro está relacionado ao grau de subjetividade muitas vezes empregado na
seleção de alternativas; o segundo está relacionado ao tempo de desenvolvimento
de produto que poderia ser reduzido com o uso de ferramentas adequadas. Sendo
assim, os seguintes fatores contribuem para a realização deste estudo: i) o
desconhecimento de uma ferramenta de avaliação de alternativas que aborde
especificamente o tema inovação; ii) o caráter por vezes subjetivo utilizado para a
seleção de alternativas, o que dificulta a documentação das decisões tomadas em
cada etapa de projeto; e iii) a importância de se mensurar a inovação já nas etapas
iniciais do desenvolvimento de produto, de modo a sistematizar o processo inovativo.
Capítulo 1 Introdução 17
O desenvolvimento de uma ferramenta para avaliação e seleção de
alternativas, a qual permita avaliar o grau de inovação, durante a etapa do projeto
conceitual, será o objeto de estudo do presente trabalho.
1.2.1 Relevância do problema
O desenvolvimento de novos produtos é uma atividade complexa, pois envolve
interesses e habilidades distintos, como: i) os consumidores que desejam novidades,
produtos diferenciados e melhores que os já existentes, a preços razoáveis; ii) os
vendedores que desejam diferenciações e vantagens competitivas; iii) os
engenheiros que desejam simplicidade na fabricação e facilidade de montagem; iv)
os designers que desejam experimentar novos materiais, processos e soluções
formais; e v) os empresários que desejam poucos investimentos e retorno rápido do
capital empregado. Ou seja, ao se desenvolver novos produtos diversos tipos de
interesses devem ser contemplados.
Do mesmo modo, a atividade de projeto vem a ser um fator-chave no que diz
respeito à competitividade das empresas no mercado. Percebe-se uma redução no
ciclo de vida dos produtos. Tal observação implica no uso de métodos que permitam
o lançamento de novos produtos com intervalos cada vez mais curtos.
O intervalo de tempo relativo ao lançamento de um novo produto no mercado e
sua assimilação pelo consumidor foi reduzido consideravelmente no século XX. Um
estudo realizado pelo Instituto de Pesquisas de Stanford comprovou que o tempo
médio entre a introdução de um produto e sua saturação no mercado foi de 34 anos
para o aspirador de pó, o fogão elétrico e a geladeira, que foram introduzidos no
mercado a partir de 1920. Já para a frigideira elétrica, a televisão, a secadora e a
lavadora, que surgiram no mercado entre 1930 e 1939, o período foi de apenas oito
anos (OLIVEIRA, 1987).
Na década de 60, devido a um aumento da produção de bens de consumo, os
produtos tradicionais deixaram de ter o grande apelo que possuíam antes. A
televisão ou refrigerador não despertavam no consumidor o desejo de aquisição.
Ainda mais, não apresentavam novidades que fizessem este consumidor desejar
trocar seu aparelho antigo por um novo (ibidem). A partir destes exemplos, é
Capítulo 1 Introdução 18
possível identificar que os produtos tendem a ser tornar obsoletos cada vez mais
rápido e as empresas precisam estar cientes e preparadas para esta realidade.
Uma fonte importante de inovação e competitividade está na capacidade das
organizações em interpretar as necessidade de mercado e identificar as mutações
que podem ocorrer em função das alterações de preferências e gostos deste
mercado.
Durante o projeto do produto, o uso de uma abordagem metodológica a qual
permita sistematizar a atividade de projeto se faz necessária. Esta sistematização
permite a racionalização de recursos, a fixação de um cronograma realístico, o
estabelecimento de ciclos de lançamento de novos produtos, facilidade na
delegação de tarefas, além de mapear as etapas deste processo.
O uso de uma metodologia de projeto, aliado ao de ferramentas adequadas,
visando à inovação, tende a gerar produtos competitivos, de valor agregado,
diferenciados e que satisfaçam às necessidades do mercado consumidor.
1.3 Objetivos do Projeto
1.3.1 Objetivo geral
A presente investigação tem por objetivo o desenvolvimento de uma ferramenta
que possa ser aplicada na etapa conceitual de projeto, de modo a fornecer
parâmetros para a tomada de decisão no processo de seleção de alternativas. Estes
parâmetros estão orientados por critérios os quais têm como foco o âmbito da
inovação.
1.3.2 Objetivos específicos
Como objetivos específicos deste estudo têm-se:
a) Abordar sistematicamente a inovação de produtos e de que modo esta possa
ocorrer durante as etapas de desenvolvimento do mesmo, em especial, no projeto
conceitual;
Capítulo 1 Introdução 19
b) Reforçar a necessidade do uso sistemático de uma metodologia de projeto de
modo a corroborar para um aumento da competitividade das organizações;
c) Estabelecer critérios que forneçam parâmetros relacionados à inovação e que
sirvam de suporte para a seleção objetiva da alternativa com maior potencial
inovador;
d) Propor que a inovação esteja presente como um item obrigatório no escopo
do projeto, uma vez que a mesma será medida numa etapa posterior;
e) Contribuir para que a atividade de projeto de novos produtos seja um
processo mais ágil, eficiente e cíclico.
1.4 Abordagem Metodológica
O presente trabalho envolverá uma abordagem teórico-prática. O foco principal
será a elaboração da ferramenta, a qual será estruturada por meio de um
levantamento bibliográfico em conjunto com dados levantados através de um
questionário. Esta estrutura servirá de apoio para a elaboração dos critérios para a
construção da ferramenta.
A metodologia adotada envolverá também a realização de um experimento
através do qual seja possível verificar o comportamento da ferramenta numa
situação de projeto.
De acordo com Silva e Muszkat (2000), a pesquisa tem um caráter pragmático,
é um processo formal e sistemático de desenvolvimento do método científico. O
objetivo fundamental da pesquisa é descobrir respostas para problemas mediante o
emprego de procedimentos científicos.
O tipo de pesquisa a ser desenvolvida, do ponto de vista da sua natureza, será
pesquisa aplicada, uma vez que estará destinada à geração de conhecimentos para
aplicação prática, direcionados para a solução de um problema específico –
estabelecer a ferramenta de avaliação em questão.
Capítulo 1 Introdução 20
Do ponto de vista de seus objetivos, a pesquisa em questão será, num primeiro
momento, de caráter exploratório. Deste modo pretende-se, numa fase inicial,
proporcionar maior familiaridade com o problema levantado neste estudo: a
necessidade de se determinar uma ferramenta de avaliação a qual permita
selecionar, na etapa conceitual, alternativas com potencial inovador.
1.4.1 Estrutura do estudo
No capítulo dois foi realizado um levantamento bibliográfico, com o intuito de
identificar o estado-da-arte no que tange à inovação, ao processo de
desenvolvimento de novos produtos e à etapa do projeto conceitual. Esta pesquisa,
teve por objetivo fornecer referências a respeito do tema inovação bem como
identificar e compreender como esta ocorre no processo de desenvolvimento de
produtos. A estreita relação existente entre inovação e projeto de produto estabelece
uma simbiose através da qual as organizações podem e devem tirar proveito. Para
esta etapa inicial foram consultadas fontes diversas tais como livros, anais de
congressos referentes ao tema, periódicos, monografias, dissertações, o Portal de
Periódicos da CAPES, entre outros. Foi dada prioridade ao material que possuísse
rigor científico, credibilidade e rastreabilidade. Isto posto, foi feita uma análise
reversa através da avaliação de produtos inovadores já existentes no mercado.
Através desta avaliação foi possível identificar pontos em comum nestes produtos e,
a partir daí levantar critérios pertinentes ao âmbito da inovação. Com os critérios pré-
definidos, a próxima etapa englobou a aplicação de um instrumento de coleta de
dados, aplicado via e-mail, cujo intuito foi verificar as práticas correntes no processo
de seleção de alternativas no projeto conceitual, já tendo neste caso a inovação
como ponto principal.
O capítulo três apresenta o desenvolvimento do modelo e ferramenta. A partir
das informações levantadas na pesquisa bibliográfica e da análise dos dados
colhidos no questionário, definiram-se as premissas que o modelo e
Capítulo 1 Introdução 21
ferramenta deveriam atender. O capítulo quatro tem por intuito validar a ferramenta
proposta, através da aplicação da mesma em um experimento realizado em
ambiente controlado. Neste caso, cinco grupos de projetistas receberam um cenário
de projeto, com alternativas pré-definidas, de modo que estes grupos pudessem
submeter as alternativas à ferramenta. Por meio de um questionário foi possível
fazer uma análise das percepções de cada grupo com relação à tarefa proposta. O
capítulo cinco apresenta as conclusões, contribuições e recomendações para
trabalhos futuros. A Figura 1.1 apresenta a estrutura proposta para a condução da
presente investigação.
Figura 1.1 – Estrutura do estudo
1
1 Todas as figuras e tabelas sem indicação explícita da fonte foram produzidas pela mestranda.
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 22
2 A INOVAÇÃO NO ÂMBITO DO PROCESSO DE
DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO
Neste capítulo será feita uma abordagem teórica sobre conceitos de inovação,
etapas do processo de desenvolvimento de produto e projeto conceitual. Isto posto
será apresentada uma análise reversa feita com cinco produtos considerados
inovadores pelo mercado, de modo a identificar elementos em comum que os
caracterizaram como inovadores, determinando, deste modo, critérios pertinentes ao
âmbito da inovação. A partir dos critérios levantados nesta análise, será aplicado um
questionário o qual visa identificar as práticas adotadas no processo de avaliação e
seleção das alternativas bem como a relevância dos critérios neste processo. Com
base nas informações levantadas no referencial teórico, juntamente com a análise
dos dados coletados no questionário, será apresentada uma definição própria para
inovação, visando focar a sua importância dentro do processo de desenvolvimento
de produto. Ressalta-se que este capítulo engloba tanto informações e dados
apontados pela literatura (seções 2.1 a 2.7) quanto contribuições resultantes de uma
análise feita pela própria autora do estudo em questão (seções 2.8 a 2.10).
2.1 Inovação: conceitos
O conceito do “novo” quer seja um produto, processo ou serviço, foi ampliado
no mercado, pela idéia da inovação. As empresas ou organizações que optam em
sempre seguir o mesmo caminho, trabalhando com produtos e/ou tecnologias
saturados, tendem a perder espaço dentro do mercado. O consumidor, cada vez
melhor informado, procura por novidades, ou seja, produtos/serviços que possam
satisfazer seus desejos em constante mutação.
De acordo com a FINEP/ MCT - Financiadora de Estudos e Projetos/ Ministério
de Ciência e Tecnologia (2007), inovação é a introdução, com êxito, no mercado, de
produtos, serviços, processos, métodos e sistemas que não existiam anteriormente,
ou contendo alguma característica nova e diferente do padrão em vigor.
Compreende diversas atividades científicas, tecnológicas, organizacionais,
financeiras, comerciais e mercadológicas. A exigência mínima é que o
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 23
produto/serviço/processo/método/sistema inovador deva ser novo ou
substancialmente melhorado para a empresa em relação aos seus competidores.
Simantob e Lippi (2003) definem inovação como uma iniciativa, modesta ou
revolucionária, que surge como uma novidade para a organização e para o mercado
e que, aplicada na prática, traz resultados econômicos para a empresa – sejam eles
relacionados à tecnologia, gestão, processos ou modelo de negócio. A revisão
bibliográfica sobre o assunto permite encontrar uma série de definições a respeito do
conceito de inovação. A
Tabela 2.1 reúne algumas percepções de renomados
autores.
Tabela 2.1 - Inovação: conceitos
Autor Definição
Martin Bell e Keith Pavitt
(Universidade de Sussex)
A inovação pode ser vista como um processo de aprendizagem
organizacional.
C. K. Prahalad
(Universidade de Michigan)
Inovação é adotar novas tecnologias que permitem aumentar a
competitividade da companhia.
Ernest Gundling (3M) Inovação é uma nova idéia implementada com sucesso, que
produz
resultados econômicos.
Fritjof Capra (Universidade
de Berkeley)
As organizações inovadoras são aquelas que se aproximam do
limite do caos
Giovanni Dosi (Universidade
de Pisa)
Inovação é a busca, descoberta, experimentação,
desenvolvimento, imitação e adoção de novos produtos, novos
processos e novas técnicas organizacionais.
Joseph Schumpeter
(economista)
A inovação caracteriza-se pela abertura de um novo mercado.
Guilherme Ary Plonski
(Instituto de Pesquisas
Tecnológicas de São Paulo)
Inovação pode ter vários significados e sua compreensão depende
do contexto em que ela for aplicada. Pode ser ao mesmo tempo
resultado e processo ou ser associada à tecnologia ou marketing.
Peter Drucker (Universidade
de Claremont)
Inovação é o ato de atribuir novas capacidades aos recursos
(pessoas e processos) existentes na empresa para
gerar riqueza.
Price Pritchett ( Pritchett
Rummler-Brache )
Inovação é como nós nos mantemos à frente do nosso ambiente.
As inovações fora da nossa organização vão acontecer “quando
elas quiserem” – estejamos prontos ou não.
Ronald Jonash e Tom
Sommerlatte (consultores)
Inovação é um processo de alavancar a criatividade para criar
valor de novas maneiras, por meio de novos produtos, novos
serviços e novos negócios.
Tom Kelley (IDEO) Inovação é o resultado de um esforço de equipe.
Fonte: (SIMANTOB e LIPPI, 2003)
As definições sintetizam uma idéia comum na qual a inovação é um processo
conduzido desde a invenção (a idéia básica, esboço ou modelo para um projeto,
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 24
produto, processo ou sistema novo/melhorado) até a difusão do resultado através de
uma potencial população de usuários. A conversão desta nova idéia em um produto
envolve atividades variadas como pesquisa, design, desenvolvimento, engenharia
de produção e manufatura, entre outros.
Uma inovação é a implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou
significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de marketing, ou
um novo método organizacional nas práticas de negócios, na organização do local
de trabalho ou nas relações externas (OCDE, 2005). As atividades de inovação são
definidas como etapas científicas, tecnológicas, organizacionais, financeiras e
comerciais que têm por objetivo conduzir à implementação de inovações, inserindo a
pesquisa e desenvolvimento que não está diretamente relacionada ao
desenvolvimento de uma inovação específica. Essas atividades podem ser
inovadoras em si ou necessárias para a implementação de inovações. A inovação é
dividida em quatro áreas: i) produto; ii) processo; iii) marketing; iv) organizacional
(ibidem).
Mudança no design do produto é referenciada, como inovação de marketing.
Design de produto, segundo a OCDE (2005), refere-se às mudanças na forma e na
aparência do produto, as quais não alteram as características funcionais ou de uso
do mesmo. Neste caso, usar o termo design para se referir apenas à concepção
estética de um produto limita a atividade de design a apenas uma de suas
atribuições. Vale ressaltar que design (ibidem) engloba um conjunto de atividades
voltadas para o planejamento de procedimentos, especificações técnicas e outras
características funcionais e de uso para novos produtos e processos. Entre elas
estão as preparações iniciais para o planejamento de novos produtos e processos e
o trabalho em sua concepção e implementação, incluindo ajustes e mudanças
posteriores. Sendo assim, a mudança relativa à aparência do produto deveria estar
incluída na categoria
inovação de produto e não na categoria inovação de marketing
uma vez que a concepção estética é parte integrante e indissolúvel no planejamento
de um novo produto (entenda-se produto, neste caso, como um artefato, um objeto
físico e de uso). De acordo com Baxter (2000), a concepção estética de um produto
constitui-se de uma parte tão importante quanto os aspectos funcionais do projeto.
Portanto, este quesito deveria estar inserido na categoria inovação de produto.
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 25
Sendo assim, o termo design, no que se refere apenas à forma e aparência, será
substituído, neste estudo, por
concepção estética e será tratado dentro da categoria
das inovações de produto. A
Tabela 2.2 apresenta as características referentes a
cada área, bem como exemplos e considerações.
Tabela 2.2 - Inovação: categorias
Tipo Características Exemplos
Produto
Compreende a introdução de um bem
ou serviço novo ou significativamente
melhorado no que diz respeito às
suas
características ou usos
previstos. Estão inclusos
melhoramentos significativos em
especificações técnicas, componentes
e materiais, softwares incorporados,
facilidade de uso ou outras
características funcionais.
Nesta definição, o termo “produto”,
abrange bens e serviços.
A substituição de insumos por materiais com
características melhoradas (e.g. tecidos respiráveis,
ligas leves mas resistentes, plásticos não agressivos ao
meio ambiente).
Sistemas de posicionamento global (GPS) em
equipamentos de transporte.
Câmeras em telefones celulares.
Aparelhos domésticos que incorporam softwares
que melhoram a facilidade ou a conveniência de uso
(e.g. torradeiras que desligam automaticamente quando
o pão está torrado ou cafeteiras com timer)
Redes sem fio, embutidas em laptops.
Mudanças significativas em produtos para atender
padrões ambientais.
Processo
É a implementação de um método de
produção novo ou significativamente
melhorado. Incluem-se mudanças
significativas em técnicas,
equipamentos e/ou softwares.
Instrumentos de corte a laser.
Desenvolvimento de produto auxiliado por
computador.
Equipamentos computadorizados para o controle da
qualidade da produção.
Marketing
É a implementação de um novo
método de marketing com mudanças
significativas na
concepção do
produto ou em sua embalagem, no
posicionamento do produto, em sua
promoção ou na fixação de preços.
Implementação de uma mudança significativa na
concepção de uma linha de móveis para dar-lhe nova
aparência e ampliar seu apelo.
Implementação de uma concepção
fundamentalmente nova para frascos de loção para o
corpo visando dar ao produto uma aparência exclusiva.
Implementação de um sistema de informação
personalizado, obtido, por exemplo, a partir de cartões
de fidelidade para adequar a apresentação de produtos
às necessidades específicas dos consumidores
individuais.
O uso, pela primeira vez, do lançamento de um
produto por meio de líderes de opinião, celebridades ou
grupos particulares que estejam na moda ou que
estabeleçam tendências de produtos.
Estes exemplos poderiam configurar a categoria
inovação de produto.
Organizacional
É a implementação de um novo
método organizacional nas práticas de
negócios da empresa, na organização
do seu local de trabalho ou em suas
relações externas.
Introdução pela primeira vez de programas de
treinamento para criar equipes eficientes e funcionais
que integram funcionários de diferentes setores ou áreas
de responsabilidade.
Implementação pela primeira vez de um sistema
anônimo de relato de incidentes para encorajar a
comunicação de erros ou riscos visando identificar suas
causas e reduzir sua freqüência.
Fonte: (OCDE, 2005)
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 26
O requisito mínimo para se definir uma inovação é que o produto, processo,
método de marketing ou organizacional sejam novos (ou significativamente
melhorados) para a empresa. Isso inclui produtos, processos e métodos em que as
empresas são pioneiras em desenvolver e aqueles que foram adotados de outras
empresas ou organizações.
Uma classificação similar é apresentada pelo Fórum de Inovação (consórcio de
organizações criado pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo da
Fundação Getúlio Vargas) citado por Simantob e Lippi (2003). Neste caso, a
inovação está classificada em: i) inovação de produtos e serviços: desenvolvimento
e comercialização de produtos ou serviços novos, fundamentados em novas
tecnologias e vinculados à satisfação de necessidades dos clientes; ii) inovação de
processos: desenvolvimento de novos meios de fabricação de produtos ou de novas
formas de relacionamento para a prestação de serviços; iii) inovação de negócios:
desenvolvimento de novos negócios que forneçam uma vantagem competitiva
sustentável; e iv) inovação em gestão: desenvolvimento de novas estruturas de
poder e liderança.
2.1.1 Grau de novidade das inovações
A natureza das atividades de inovação varia dentro das empresas. Enquanto
algumas sistematizam esta atividade, inserindo-a em projetos bem definidos (como o
desenvolvimento e a introdução de um novo produto), outras realizam apenas
melhoramentos contínuos em seus produtos. Empresas de ambos os tipos podem
ser inovadoras. Uma inovação pode consistir na implementação de uma mudança
significativa, ou em uma série de pequenas mudanças incrementais.
Quanto ao grau de novidade de uma inovação, esta pode obedecer a três
conceitos (PUERTO, 1999):
1. nova para a empresa: um método de produção, processamento, marketing
ou um método organizacional pode já ter sido implementado por outras empresas,
mas se ele é novo para a empresa (ou se é o caso de produtos e processos
significativamente melhorados), então se trata de uma inovação para essa empresa;
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 27
2. nova para o mercado: esta situação ocorre quando a empresa é a primeira
a introduzir a inovação em seu mercado. O mercado é definido como a empresa e
seus concorrentes, podendo incluir uma região geográfica ou uma linha de produto,
de acordo com a própria visão da empresa sobre seu mercado de operação,
podendo este ser de empresas domésticas ou internacionais;
3. nova para o mundo: uma inovação é nova para o mundo quando a
empresa é a primeira a introduzir a inovação em todos os mercados e indústrias -
domésticos ou internacionais. Deste modo, uma inovação inédita para o mundo
implica em um grau de novidade qualitativamente maior do que quando nova
somente para o mercado.
Já quanto ao processo de inovação, este pode ser pode ser classificado em
dois grupos. São eles:
1. inovação radical: este processo de inovação está relacionado à atividade
criativa, normalmente advinda de atividades de pesquisa e desenvolvimento,
resultando em produtos/ processos completamente novos, jamais vistos antes ou a
exploração de mercados inexistentes anteriormente. Rocha Neto (1993) define
inovação tecnológica radical da seguinte forma:
(...) eventos descontínuos irregularmente distribuídos em setores e no tempo, indutores de uma
quebra na estrutura passada de produção de bens e serviços; inovação tecnológica fundamentada na
aplicação inédita de conhecimentos técnico-científicos novos, para a produção de bens e serviços
também inéditos; mudança radical do conteúdo científico da tecnologia empregada, tecnologia de
ponta: biotecnologia, informática, laser, etc.; inovação fundamentada nas tecnologias de ponta, (...)
inéditas e de grande densidade de conteúdo técnico-científico; tecnologias desenvolvidas com base
em conhecimentos científicos mais recentes e ainda sob progresso intenso; tecnologias densas em
conhecimentos técnico-científicos inéditos.
2. inovação incremental: este processo envolve pequenas melhorias e
aperfeiçoamento de produtos ou métodos de fabricação, resultando em melhores
acabamentos, melhor qualidade, funcionalidade acrescida, entre outros. A principal
característica da inovação incremental é seu caráter relativo em termos de novidade.
Rocha Neto (1993) define a inovação tecnológica incremental como:
A introdução de mudanças progressivas nos produtos e processos, decorrente do aprendizado
tecnológico (learn-by-doing), sem envolver a utilização de novos conhecimentos científicos ou a
aplicação de uma nova teoria que revolucione os processos produtivos ou que envolva o lançamento
de produtos novos no mercado; mudanças graduais de produção e processos para atendimento de
demandas de mercado; processo geralmente viável, inclusive, para pequenas e médias empresas
convencionais (pouco intensivas em conteúdo técnico-científico).
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 28
Em uma economia baseada no conhecimento, a inovação adquiriu um papel
central, sendo mais bem compreendida por meio de diversos estudos realizados nos
últimos anos. A OCDE (2004) aponta um importante estudo o qual revela que a
estreita ligação existente entre a capacidade de inovação e a criação de
conhecimento, desempenha um papel crucial em processos econômicos. Segundo
esse estudo, as nações que desenvolvem e gerenciam efetivamente seus ativos de
conhecimento têm melhor desempenho que as outras.
Assim sendo, a empresa inovadora possui determinadas características que
podem ser agrupadas em duas categorias principais de competências (ibidem):
a) competências estratégicas: visão de longo prazo, capacidade de identificar e
até antecipar tendências de mercado, disponibilidade e capacidade de reunir,
processar e assimilar informações tecnológicas e econômicas;
b) competências organizacionais: disposição para o risco e capacidade de
gerenciá-lo, cooperação interna entre os vários departamentos operacionais e
cooperação externa com consultorias, pesquisas de público, clientes e fornecedores,
envolvimento de toda a empresa no processo de mudança e investimento em
recursos humanos.
As empresas precursoras na implementação de uma inovação podem ser
consideradas condutoras do processo de inovação.
Deste modo, nota-se que a inovação vem a ser um ingrediente vital para
garantir vantagem competitiva. A economia de livre mercado depende de empresas
competindo entre si, de modo a superar os produtos dos concorrentes em tempo
hábil.
A introdução contínua de novos produtos é quesito obrigatório para que estas
organizações consigam manter a competitividade e possam se diferenciar das
demais. A busca por inovações cresceu juntamente com o lançamento de produtos
globalizados e a redução do ciclo de vida dos produtos (BAXTER, 2000).
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 29
2.1.2 Ciclo de vida de um produto
O ciclo de vida de um produto consiste em um conceito importante, uma vez
que sua análise determina o momento mais oportuno para o lançamento bem como
para a retirada de produtos no mercado. Sendo assim, o conhecimento deste
conceito é importante para o planejamento estratégico do desenvolvimento de novos
produtos.
Através da análise do ciclo de vida de um produto é possível detectar em qual
momento o produto em questão já não atende mais às expectativas do consumidor e
qual é o melhor momento para retirá-lo ou para reestruturá-lo. Pode ser dividido em
cinco etapas (PUERTO, 1999):
1. Introdução: período no qual os custos adicionais de promoção e penetração
no mercado são grandes, pois o mesmo ainda deverá se “acostumar” com o novo
produto. É uma fase de investimento e risco;
2. Crescimento: rápida evolução de vendas, com o surgimento de novos
concorrentes lançando produtos similares. Devido à alta competitividade nesta fase,
muitas empresas optam por lançar variações do mesmo produto, oferecendo
serviços e garantias de modo que aumente o valor percebido pelos clientes;
3. Maturidade: redução do crescimento de vendas e estagnação do mercado. A
maior parte dos lucros com o produto é obtida nesta fase;
4. Declínio: vendas e lucros em forte queda devido à concorrência com novos
produtos, inovações e desenvolvimentos tecnológicos (que levam o produto à
obsolescência) e mudanças de hábitos dos consumidores;
5. Rejuvenescimento do produto: período de mudanças que visam a melhoria
na qualidade quer seja no aspecto funcional (e.g. segurança, durabilidade,
confiabilidade) ou no aspecto estético (e.g. forma, cor, acabamento, tamanho). Estas
alterações podem acontecer durante a fase de crescimento do produto e não
somente após seu declínio. A Figura 2.1 ilustra estes períodos e exemplifica os
estágios de um ciclo de vida genérico.
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 30
Figura 2.1 - Ciclo de vida de um produto genérico
(PUERTO, 1999)
O tempo de vida de um produto pode ser medido por meio da Curva-S. Esta
vem a ser um gráfico da relação entre o esforço monetário despendido em melhorar
um produto ou método e os resultados obtidos como retorno deste investimento
(FOSTER, 1988).
Esta curva pode ser interpretada da seguinte forma: sua fase inicial é marcada
por progressos menores, envolvendo poucas pessoas e recursos, de modo que à
medida que se avançam os conhecimentos técnicos e científicos, a curva tende a
crescer exponencialmente, denotando maiores recursos e esforços, até chegar na
sua fase de decadência, quando a aceleração diminui até cessar o crescimento e
esta tecnologia ser substituída por outra.
Foster (1988) define as descontinuidades tecnológicas como sendo os
períodos de mudança de um grupo de produtos ou métodos para outro. Existe um
intervalo entre a Curva-S e uma nova curva que começa a se formar. A divergência
entre o par de Curvas-S representa uma descontinuidade – o ponto em que uma
tecnologia substitui a outra. Através da Curva-S, na Figura 2.2 [a], é possível
detectar o momento em que uma tecnologia torna-se obsoleta. A Figura 2.2 [b]
ilustra o período de descontinuidade tecnológica.
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 31
[a] a Curva-S e seus três ciclos [b] a Curva-S e período de descontinuidade
Figura 2.2 – Tipos de Curva-S
(FOSTER, 1988)
Como exemplos de descontinuidade tecnológica pode-se citar a mudança de
discos para fitas cassete e para discos a laser ou a mudança das máquinas de
escrever manuais para as máquinas de escrever elétricas, chegando aos programas
de edição de textos via computador.
O ciclo de vida de uma inovação está se reduzindo através de rápidos
desenvolvimentos em cada etapa que compõe esse ciclo. O ciclo de vida de uma
inovação corresponde ao tempo percorrido desde o nascimento da primeira idéia da
invenção até a disseminação dessa idéia convertida em serviço ou produto
(PUERTO, 1997).
Observa-se que o fator tempo está cada vez mais curto. Segundo Puerto
(1997), existem condições objetivas internas e externas que servem de aceleradores
do processo de inovação. Estes fatores são apresentados na Tabela 2.3.
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 32
Tabela 2.3 - Fatores de aceleração do processo de inovação
Fatores externos Fatores internos
Redes de informação que proporcionam
intercâmbio entre pesquisadores;
Aliança estratégica de grandes
empresas líderes com o intuito de
ratearem os altos custos nas pesquisas de
ponta;
Concorrência cada vez maior entre
empresas inovadoras;
Globalização da economia, permitindo
que uma inovação seja rapidamente
difundida;
Nascimento de grande número de
empresas que acreditam num determinado
setor tecnológico;
Crescimento de investimentos
econômicos;
O aparecimento de novos mercados;
Freqüência maior de clusters de
inovações.
Acúmulo de conhecimentos sobre cada área é
cada vez maior;
Grande quantidade de inovações incrementais
aplicadas a um conceito básico;
Existência de laboratórios de P&D, onde o
trabalho de equipes interdisciplinares desloca a
figura do cientista ou inventor isolado;
A presença da interdisciplina como elemento
que incorpora a visão mais ampla e diferenciada;
Presença de entidades organizadas que
coordenam as atividades de pesquisa e facilitam a
passagem destes conhecimentos para a produção
e difusão das inovações;
Componente tecnológica "Design",
proporcionando versatilidade a mercados
definidos, através da diferenciação de produtos,
quando várias empresas entram a disputar um
mesmo mercado.
Fonte: (PUERTO, 1997)
2.1.3 Fatores que dificultam as atividades de inovação
As atividades de inovação podem encontrar obstáculos para serem
implementadas ou fatores que retardam ou que têm um efeito negativo sobre os
resultados esperados.
Estão inclusos fatores econômicos, como os custos altos ou a ausência de
demanda; fatores empresariais, como a carência de pessoal qualificado ou de
conhecimentos; e fatores legais, como as regulações e as regras tributárias (OCDE,
2005).
Essas barreiras podem relacionar-se a um tipo específico de inovação ou a
todos os tipos. Por exemplo, os fatores relativos a custos podem ser relevantes para
todos os tipos de inovação, e os fatores de mercado podem afetar tanto o
desenvolvimento de inovações de produto como o trabalho na concepção do
produto. A Tabela 2.4 aponta quais são os tipos de inovação relevantes para cada
barreira:
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 33
Tabela 2.4 - Fatores que dificultam as atividades de inovação
Relevantes para
(inovações)
Fatores
Produto
Processo
Organizacional
Marketing
Riscos percebidos como excessivos
Custo muito elevado
Carência de financiamento interno
Carência de financiamento de outras fontes fora da empresa:
– capital de risco
Relativos ao custo
– fontes públicas de financiamento
Potencial inovador (P&D, design) insuficiente
Carência de pessoal qualificado:
– no interior da empresa
– no mercado de trabalho
Carência de informações sobre tecnologia
Carência de informações sobre os mercados
Deficiências na disponibilização de serviços externos
Dificuldade de encontrar parceiros para cooperação em:
– desenvolvimento de produto ou processo
– parcerias em marketing
Inflexibilidades organizacionais no interior da empresa:
– atitude do pessoal com relação a mudanças
– atitude da gerência com relação a mudanças
– estrutura gerencial da empresa
Relativos ao conhecimento
Incapacidade de direcionar os funcionários para as atividades de
inovação em virtude dos requisitos da produção
Demanda incerta para bens ou serviços inovadores
Mercado
Mercado potencial dominado pelas empresas estabelecidas
Carência de infra-estrutura
Fragilidade dos direitos de propriedade
Institucionais
Legislação, regulações, padrões, tributação
Não necessidade de inovar decorrente de inovações antigas
Outras
razões
Não necessidade decorrente da falta de demanda por inovações
Fonte: (OCDE, 2005)
Em países em desenvolvimento, como o Brasil, a inovação, bem como a
sistematização da mesma, ainda é um tema novo.
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 34
A abertura de mercado, nos anos 90, obrigou muitas empresas a aprimorar
seus processos de gestão, incorporar avanços tecnológicos, a atrair e reter talentos
e a investir em programas de qualidade.
Entretanto, de acordo com Simantob e Lippi (2003) é necessário que estas
empresas se desprendam dos antigos referenciais para que possam criar uma
mentalidade inovadora deixando, assim, de copiar produtos e modelos de sucesso
de outros países ou das concorrentes de primeira linha.
Muitos empresários consideram-se inovadores por terem lançado um produto
de sucesso no mercado. Entretanto, esquecem de dar continuidade ao processo, de
estabelecer ciclos de inovações.
2.1.4 Estratégias de inovação
A definição de estratégias vem a ser uma necessidade dentro da qual as
organizações deverão estar inseridas.
A empresa que tem suas estratégias bem estabelecidas consegue manter a
supremacia frente aos concorrentes, pois sua estrutura gerencial, os investimentos e
seus recursos humanos são direcionados e visam a metas e objetivos comuns a
toda empresa.
O mercado e o clima concorrencial tendem a determinar a predisposição de
uma empresa para a inovação. As empresas, ao introduzirem inovações no
mercado, não alteram apenas as suas posições relativas neste mercado, mas
alteram fundamentalmente o próprio mercado (REIS, 2004).
As estratégias das empresas, em termos de inovação, não se definem de modo
isolado, estando dependente dos elementos que configuram as estruturas de
mercado e os padrões de concorrência.
Reis (2004) apresenta seis estratégias de inovação propostas, conforme a
Tabela 2.5.
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 35
Tabela 2.5 – Estratégias de inovação e suas características
Estratégia Características
Ofensiva
Usada por um número muito pequeno de empresas;
A empresa procura uma posição de liderança técnica e de mercado e tem a iniciativa
de inovar e de disputar com as suas concorrentes;
O departamento de P&D da empresa tem uma importância fundamental, mesmo
quando recorre a outras fontes técnicas e científicas, porque as informações
necessárias nunca estão plenamente disponíveis;
Em um ambiente de estratégia ofensiva a empresa tem vantagens e mais facilidades
para desenvolver pesquisa fundamental orientada, embora isso não represente uma
regra geral;
A empresa tende a contratar técnicos muito bem qualificados e até mesmo cientistas;
A empresa dá muito valor ao sistema de patentes;
A empresa não usa essa estratégia continuamente.
Defensiva
É um tipo de estratégia bastante identificada com mercados em que predominam
oligopólios;
As empresas normalmente não estão relacionadas aos tipos mais originais de
inovação. A estratégia da empresa prende-se mais ao fato de aproveitar-se de
eventuais erros dos pioneiros, bem como o desejo de não ficar defasada em termos
de mudanças técnicas;
Essas empresas também realizam atividades de pesquisa e desenvolvimento. No
entanto, diferem das de estratégia ofensiva quanto à natureza e ao ritmo da
introdução das inovações;
As atividades de P&D realizadas por essas empresas fazem com que elas reúnam
capacidades de resposta e de adaptação às inovações introduzidas pelas
concorrentes;
As empresas procuram a diferenciação de seus produtos, incorporando avanços
técnicos, porém a custos inferiores;
As empresas utilizam as patentes como meio para enfraquecer a posição e a
liderança técnica dos pioneiros;
As empresas desse tipo também contratam recursos humanos de elevada qualidade
técnica e científica.
Imitadora
As empresas enquadradas nessa característica não disputam posições com os
líderes, limitando-se a acompanhá-los à distância. Em alguns casos, aspiram a
converterem-se em inovadores defensivos;
A procura pelo mercado pode provocar mudanças substanciais no seu produto;
Essas empresas adquirem patentes secundárias como subproduto de suas
atividades. De modo geral, possuem uma forte capacidade de engenharia e de
desenho de produção;
Normalmente essas empresas se apóiam em custos mais baixos de produção ou em
vantagens organizacionais;
A informação consiste num item fundamental para a decisão do que imitar e das
fontes de aquisição de know-how.
Dependente
Empresas representadas por fabricantes de peças ou componentes ou empresas
terceirizadas que dependem das matrizes ou de seus clientes para a introdução de
inovações. Um bom exemplo de empresas que atuam com nesta categoria encontra-
se no setor automobilístico, no qual a introdução de inovações nas empresas
terceirizadas só ocorre quando a empresa montadora introduz alguma inovação no
projeto original.
As empresas são basicamente rotineiras e conservadoras.
Tradicional
São empresas que atuam em mercados estáveis, onde a demanda por grandes
mudanças é baixa. Normalmente, as inovações são pouco relevantes, estando
limitadas a mudanças mínimas no produto. São empresas pouco equipadas para
introduzir inovações.
Oportunista
Enquadram-se nesse tipo as empresas que sobrevivem em espaços de mercado
muito específicos e particulares, aos quais aderem completamente.
Fonte: (REIS, 2004)
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 36
2.2 Inovação e Tecnologia
Segundo Reis (2004), inovação tecnológica pode ser definida como a aplicação
de novos conhecimentos tecnológicos, resultando em novos produtos, serviços ou
processos; ou em melhoria significativa de alguns de seus atributos. A inovação
tecnológica vem a ser o principal agente de mudança no mundo atual, pois o
progresso econômico e social, tanto de países quanto de organizações, depende do
modo como o conhecimento tecnocientífico é produzido, transferido, difundido e
incorporado aos produtos, processos e serviços.
No âmbito da inovação tecnológica, a transferência de tecnologia auxilia o
processo de desenvolvimento de novos produtos, pois possibilita a troca de
informações, de técnicas, de processos, entre outros (VALERIANO, 1998).
Os resultados de um projeto, a aquisição de uma máquina, a prestação de um
serviço, o treinamento de um usuário para operar um bem ou utilizar um serviço são
formas de transferência de tecnologias (também chamada de fornecimento de
tecnologia).
Nos países menos desenvolvidos, que se industrializaram através da
importação de tecnologia, é percebido que a formação tecnológica se dá por um
processo lento de assimilação e transferência de tecnologias importadas, podendo
culminar com a inovação tecnológica, embora muitas vezes isto não aconteça.
Primeiramente, ocorre o domínio da tecnologia no nível operacional, seguida da fase
de formação por imitação, na qual se copiam os procedimentos industriais. Por fim,
ocorrem as adaptações, aperfeiçoamentos e inovações tecnológicas como ponto
máximo do processo de formação tecnológica (REIS, 2004).
As organizações devem estar cientes da importância do alinhamento que deve
haver entre a estratégia do negócio e o conhecimento técnico da empresa. Deste
modo, a tecnologia precisa ser planejada em três níveis: i) no nível dos negócios; ii)
no nível do produto; e iii) no nível de tecnologias.
Perini (2002) cita Eirma (1998) o qual aponta as técnicas conhecidas por
Roadmapping usadas por empresas para distribuir e expressar as visões dos seus
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 37
negócios, bem como as ações necessárias para distribuí-los ao longo do tempo
entre os vários níveis.
Através do uso roadmaps é possível alinhar questões de marketing, pesquisa e
desenvolvimento nas unidades de negócios e nas áreas de pesquisa corporativa. No
caso de roadmaps de produto, as características desejadas para os novos produtos
são estabelecidas e, paralelamente, é feito o roadmap da tecnologia, o qual
seleciona as tecnologias necessárias para a obtenção destas características. Na
metodologia do roadmapping busca-se traduzir as necessidades de mercado em
características necessárias para o produto ao longo do tempo e, como
conseqüência, traduzir as características dos produtos em necessidades
tecnológicas , sincronizando ambas para a obtenção de novas aptidões tecnológicas
no momento necessário para o negócio (PERINI, 2002).
2.3 Inovação e Design
Design e desenvolvimento são partes integrantes do processo total da
inovação. Pode-se caracterizar o Desenho Industrial (industrial design) como uma
disciplina de projeto ligada à inovação tecnológica em forma de produtos materiais
(PUERTO, 1997).
Design e inovação têm muitos pontos em comum: tratam da criação, de
novidade; trabalham basicamente com tecnologia; são paradigmáticos; partem dos
mesmos princípios (invenções ou descobertas); ambos realizam desenvolvimentos
experimentais; antes que os dois aconteçam passam por testes; os dois são
interdisciplinares; ambos visam o mercado; utilizam-se de processos produtivos
(ibidem).
Existem alguns mitos com relação à utilização do design como estratégia no
desenvolvimento de produtos. Muitas empresas têm a visão errônea de que design
está relacionado apenas à estética do produto, sendo responsável, muitas vezes,
pelo incremento do custo final. Trata-se de uma visão completamente distorcida,
pois o nível de atuação do designer é muito mais amplo, estando relacionado à
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 38
forma, aos materiais empregados, à ergonomia do produto, à identificação e perfil do
usuário, à embalagem, à sustentabilidade, à construção do objeto e sua produção,
incluindo o descarte do mesmo, entre outras atribuições. Trata-se de uma atividade
multidisciplinar, na qual o designer interage com toda a equipe de desenvolvimento
de produto.
O design pode ser utilizado como uma ferramenta estratégica para o
desenvolvimento de novos produtos dentro das organizações, interagindo com todas
as áreas relevantes da empresa.
A partir da análise das necessidades do consumidor, deve-se antecipar os
problemas e enfocar as oportunidades, procurando desenvolver o produto certo
(eficácia do processo de design) e não se ater somente em desenvolver
corretamente o produto (eficiência no processo de design). Agindo desta maneira, o
design torna-se uma importante ferramenta de diferenciação de produtos.
2.4 Inovação e Criatividade
O processo de desenvolvimento de produtos requer o uso de metodologias ou
sistemáticas apropriadas para a atividade de projeto, de modo que a criatividade
passa a ser uma atividade inerente às organizações.
Compreender a criatividade pode ser complexo e tanto quanto confuso,
havendo variações nas definições que lhe são atribuídas. Mas, de acordo com King
e Schlicksupp (1999), há um consenso de que criatividade é a capacidade de as
pessoas gerarem novos projetos, produtos ou idéias que, até o momento da geração
eram completamente desconhecidos do criador.
Criatividade e inovação são adotadas, em muitas ocasiões, como sinônimos.
Isto se deve ao engano no conceito de criatividade. O termo “criatividade” se refere
ao processo de geração da idéia; já “inovação” descreve o processo de seleção de
idéia e a tradução da idéia em realidade (ibidem).
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 39
Para que indivíduos e equipes possam obter resultados mais criativos, devem
fazer uso do pensamento criativo, o qual pode ser descrito como pensamento
divergente.
Este conceito enfatiza a criação profusa de possibilidades e idéias originais e
singulares. A utilização do pensamento criativo gera novas formas de se pensar. Seu
produto ou saída é freqüentemente novo e desvenda formas interessantes de fazer
negócio, ver problemas e de se relacionar com as pessoas.
O uso de ferramentas que auxiliem a equipe de projeto na geração e seleção
de alternativas durante o projeto de produto auxilia a equipe de projeto a expandir
seu pensamento, explorar idéias de modo positivo, encontrar novas conexões e criar
produtos diferenciados e com grande potencial inovador.
2.5 Processo de Desenvolvimento de Produto
Esta seção visa identificar as etapas pertinentes ao processo de
desenvolvimento de produto sob a visão de diferentes autores, bem como situar a
etapa do projeto conceitual dentro deste processo.
2.5.1 Definição de produto
Segundo Kotler (2002), produto é algo que pode ser oferecido a um mercado
para satisfazer a um desejo ou necessidade. Neste caso, estão inclusos bens
físicos, serviços, pessoas, locais, organizações e idéias.
Os produtos são apresentados em cinco níveis. Cada nível acrescenta mais
valor para o consumidor, constituindo a hierarquia de valor para o consumidor.
A Tabela 2.6 apresenta e descreve os cinco níveis.
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 40
Tabela 2.6 – Níveis dos produtos
Nível Descrição geral
Benefício Representa o benefício que o consumidor realmente está comprando. As
empresas devem ver-se como fornecedoras de benefícios.
Produto básico Neste nível, a empresa deve transformar o benefício em um produto básico.
Produto esperado Conjunto de atributos e condições que o consumidor espera e concorda
quando adquire o produto.
Produto ampliado Conjunto de atributos e condições que atendam aos desejos do consumidor
além das suas expectativas. É neste nível que um determinado produto se
destaca dos demais concorrentes.
Produto potencial Envolve todas as ampliações e transformações que este produto deverá sofrer
futuramente. Poderia se considerado como o a evolução do produto ampliado.
É neste nível que as empresas buscam, de forma agressiva, por novas
maneiras de satisfazer o consumidor e se diferenciar da concorrência.
Fonte: (KOTLER, 2002)
A partir da hierarquia atribuída na Tabela 2.6 juntamente com os conceitos
estabelecidos na seção 2.1., no que tange à inovação de produtos, pode-se concluir
que para um produto ser considerado inovador, este deverá apresentar
características que o diferenciem dos demais e que atendam ao consumidor além de
suas expectativas. Logo, uma equipe de projeto deverá endereçar o produto a ser
desenvolvido ao nível do
produto ampliado em direção ao produto potencial.
2.5.2 O processo de desenvolvimento de produto
O processo de desenvolvimento de um novo produto requer o uso de métodos
sistemáticos envolvendo pesquisa, planejamento e controle das etapas que
envolvem a atividade projetual.
A utilização de uma metodologia visa sistematizar o trabalho projetual,
racionalizar recursos no setor de desenvolvimento e de produção, além de mapear
as etapas que englobam o desenvolvimento de novos produtos.
A atividade de projeto pode ser considerada como um fator-chave para o
sucesso das empresas no mercado. Um bom projeto não garante o sucesso do
produto, mas é de fundamental importância para tal.
O processo de projeto pode ser entendido como um “mapa” o qual mostra
como, a partir das necessidades de um produto específico, chegar ao produto final.
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 41
A partir da identificação destas necessidades, diferentes caminhos levarão a
diferentes produtos que satisfazem a estas necessidades.
Por meio da definição das etapas de projeto, é possível fixar um cronograma
realístico, através do qual seja possível estabelecer um ciclo de lançamento de
novos produtos, obedecendo à demanda do mercado. A delegação de tarefas se
torna mais fácil quando estas estão inseridas num procedimento metodológico.
O projeto de um produto está embutido num processo mais abrangente
chamado de “desenvolvimento do produto” (BACK e FORCELLINI, 1998). O
desenvolvimento do projeto de um novo produto deve estar coerente com o
planejamento da sua produção, distribuição, vendas, utilização e descarte.
O entendimento do ciclo de vida do produto, conforme citado na seção 2.1.3, é
de extrema importância para a identificação de novas oportunidades de projeto, bem
como do reprojeto de produtos já existentes.
Para Pahl et al. (2005), a atividade de planejar e projetar pode ser
compreendida como conversão de informação, na qual para cada saída de
informação, melhorias poderão ser acrescentadas.
O desdobramento da atividade de projeto em etapas de trabalho e de decisão
assegura a subsistência da necessária e indissolúvel relação entre: objetivo,
planejamento, execução e controle.
O projeto de produtos inclui atividades que vão da geração das especificações
de projeto para o produto, o desenvolvimento de idéias de como deveria parecer e
como deveria operar, até a elaboração da documentação e desenhos completos,
contendo as informações pelas quais o produto será produzido.
A Figura 2.3 apresenta os procedimentos, propostos por Pahl et al. (2005), na
solução de problemas ou tarefas.
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 42
Figura 2.3 - Processo geral de solução
Fonte: (PAHL et al., 2005)
Back e Forcellini (1998) propõem um modelo de projeto denominado de modelo
consensual. Tal modelo é composto por quatro fases: i) projeto informacional; ii)
projeto conceitual; iii) projeto preliminar; e iv) projeto detalhado.
A Figura 2.4 apresenta graficamente as fases deste modelo proposto, além do
fluxo de informação entre as fases, bem como o resultado obtido em cada uma
delas. Ao final de cada fase, há um acréscimo de informação, alimentando a fase
seguinte e melhorando o entendimento da fase anterior.
Essa característica faz com que o conhecimento, tanto do problema quanto da
solução, tenha um aumento significativo.
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 43
Figura 2.4 - Modelo de processo de projeto
Fonte: (BACK e FORCELLINI, 1998)
Este modelo pode ser comparado ao modelo proposto por Pahl et al. (2005) no
qual é feito o desdobramento do processo de desenvolvimento e de projeto nas
seguintes fases principais:
1. Planejamento e esclarecimento da tarefa (definição informativa): destina-se à
coleta de informações sobre os requisitos colocados ao produto, bem como as
condicionantes existentes e sua relevância;
2. Conceber (definição preliminar): define-se a solução preliminar através da
abstração dos principais problemas, da formação de estruturas funcionais, da
procura de princípios de trabalho adequados e sua combinação;
3. Projetar (definição da configuração): determina-se, a partir da solução
preliminar, a estrutura da construção de um produto técnico segundo critérios
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 44
técnicos e econômicos. Partindo de idéias qualitativas, buscam-se definições
quantitativas da solução;
4. Detalhar (definição da tecnologia de produção): complementa-se a estrutura
de construção de um produto técnico por meio de prescrições definitivas sobre a
forma, dimensionamento e acabamento superficial de todas as peças, definição de
todos os materiais, verificação das possibilidades de produção, bem como custos
definitivos.
A atividade crucial no desenvolvimento de um produto e na solução de tarefas
consiste num processo de análise seguido de um processo de síntese passando por
etapas de trabalho e de decisão. Em geral, os procedimentos iniciam-se de forma
qualitativa, tornando-se cada vez mais concretos e, portanto, quantitativos (ibidem).
Para Baxter (2000) as atividades de projeto são classificadas em quatro
etapas:
1. Exploram-se algumas idéias para um primeiro teste de mercado. Essas
idéias podem ser apresentadas na forma de um desenho de apresentação, o qual
pode ser mostrado a um pequeno número de potenciais consumidores;
2. Se aprovada a primeira etapa, é feita a especificação da oportunidade,
especificação do projeto e volta-se para o projeto conceitual para selecionar o
melhor conceito;
3. Selecionado o conceito, o mesmo é submetido a um segundo teste de
mercado. Sendo este satisfatório, são iniciadas as atividades de configuração do
produto. Nesta etapa, a equipe de projeto pode descobrir alternativas de projeto que
não foram consideradas anteriormente, ou direcionar algumas mudanças técnicas no
que diz respeito a materiais e processos de fabricação, o que pode levar ao
retrocesso de algumas etapas de modo a verificar o impacto destas mudanças. Se
houver mudança em algum aspecto-chave, é necessário revisar a especificação da
oportunidade;
4. Sendo aprovado, iniciam-se os desenhos detalhados do produto e de seus
componentes, passando para a construção do protótipo. A aprovação oficial deste
protótipo indica o início do processo de produção e lançamento do produto no
mercado. É possível observar que Baxter (2000) aborda o desenvolvimento de
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 45
produto como sendo um processo estruturado, mas marcado por avanço e retornos.
Estes retrocessos têm a função de melhorar o produto, uma vez que determinados
detalhes podem ser resolvidos, clarificando o conceito do produto, além de permitir a
identificação de oportunidade e problemas que tenham passado despercebidos. A
Figura 2.5 apresenta um diagrama o qual ilustra graficamente as etapas descritas
anteriormente.
Figura 2.5 - Modelo de processo de projeto
Fonte: (BAXTER, 2000)
Cada etapa deste processo compreende um ciclo de geração de idéias,
seguido de uma seleção das mesmas. O processo decisório é estruturado e
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 46
ordenado, mas nada indica que as atividades geradoras dessas decisões também
devam seguir a mesma estrutura (ibidem).
Na seqüência será abordada, de um modo mais detalhado, a etapa do projeto
conceitual, uma vez que esta fase será o objeto de estudo da presente investigação.
2.6 Projeto Conceitual
O projeto conceitual é a fase do processo de projeto que gera, a partir de uma
necessidade detectada e esclarecida, uma concepção para um produto que atenda
da melhor maneira possível esta necessidade, sujeita às limitações de recursos e às
restrições de projeto (BACK e FORCELLINI, 1998).
De acordo com Baxter (2000), é no projeto conceitual que se desenvolve as
linhas básicas da forma e função de um produto. Tem por objetivo produzir princípios
funcionais e de estilo a partir do benefício básico que este produto visa suprir. Ele
deve ser suficiente para satisfazer as exigências do consumidor e diferenciar o
produto de outros produtos existentes no mercado. Trata-se de uma etapa na qual a
demanda por criatividade é elevada.
Para que a equipe de projeto chegue a uma solução nova, deve-se procurar
evitar o uso de idéias fixas ou convencionais. É preciso verificar cuidadosamente
quais os caminhos inovadores e práticos, que levam à solução, são passíveis de
implementação. Neste caso, é útil a abstração objetivada. Deste modo, busca-se
conhecer o geral e o principal. Essa generalização , que permite salientar o principal,
leva ao ponto fulcral do problema. Se este estiver precisamente formulado, então a
função global e as condicionantes principais, caracterizadoras da problemática , são
identificáveis, sem no entanto, fixar um tipo particular de solução (PAHL et al., 2005).
Esta identificação do geral e do principal de uma tarefa pode ser obtida por
meio de uma análise das relações funcionais e das condicionantes específicas da
tarefa em questão. Pahl et al. (2005) descrevem cinco passos a serem observados
neste processo:
1. Suprimir vontades mentalmente;
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 47
2. Somente considerar requisitos que afetam diretamente as funções e as
principais condicionantes;
3. Converter dados quantitativos em qualitativos. Nessa conversão, reduzí-los
a afirmações essenciais;
4. Ampliar de forma adequada o que foi percebido;
5. Formular o problema de forma neutra quanto à solução.
Em linhas gerais, o projeto conceitual está dividido em duas partes: análise e
síntese. O nível de detalhamento do projeto conceitual deve permitir a continuidade
do projeto, bem como a avaliação de sua viabilidade. Ou seja, a concepção deve ser
desenvolvida até que se possa representar os princípios de solução para as
funções.
No projeto conceitual as atividades da equipe de projeto estão relacionadas
com a
busca, criação, representação e seleção de princípios de solução para a
oportunidade de projeto. A busca por soluções pode ser feita por meio de pesquisa
em produtos concorrentes ou similares apresentados em livros, catálogos, artigos,
base de dados, entre outros. O processo de solução é livre de restrições. Entretanto,
deve estar direcionado a atender os requisitos e especificações descritos no projeto
informacional. Nesta fase, a equipe de projeto pode fazer uso de ferramentas de
criatividade para a geração de idéias novas. Tão importante quanto gerar idéias é
saber representá-las de modo que possam ser compreendidas. Neste caso, a equipe
de projeto poderá fazer uso de esquemas, croquis, desenhos (manuais ou
computacionais). A seleção de soluções é feita através de métodos apropriados que
tem por base as necessidades e requisitos previamente definidos (ROZENFELD et
al., 2006).
No início da fase do projeto conceitual, o produto a ser desenvolvido é
modelado funcionalmente e descrito de um modo abstrato, sem considerar, nesta
etapa, seus princípios físicos. Deste modo, permite-se que o foco seja mantido na
essência do problema de projeto e não na solução imediata. A função principal ou
global é, em seguida, desdobrada em várias estruturas de funções. Definida a
estrutura de funções, são propostos vários princípios de solução que satisfaçam
cada uma das funções. A partir da combinação de vários princípios, torna-se
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 48
possível criar diversas alternativas de solução, dentre as quais uma ou mais poderão
ser selecionadas. Essas concepções passam por um crivo de seleção de modo a
identificar a que melhor atende às especificações de projeto.
A concepção selecionada é uma descrição aproximada das tecnologias,
princípios de funcionamento e proposta formal do produto em questão. Pode ser
expressa por meio de um esquema ou um modelo tridimensional que possa fornecer
subsídios para o entendimento da proposta selecionada (ROZENFELD et al., 2006).
Na seqüência, o projeto conceitual será desdobrado nas etapas: i) modelagem
funcional; ii) desenvolvimento de princípios de solução; iii) desenvolvimento de
alternativas de solução; e iv) seleção da concepção do produto.
2.6.1 Modelagem funcional
De um modo geral, funções descrevem as capacidades desejadas ou
necessárias que tornarão um produto capaz de desempenhar seus objetivos e
especificações.
Na etapa da análise funcional a formulação do problema ainda deve ser feita
de forma abstrata, por meio das funções que o produto deve realizar.
A modelagem funcional auxilia a equipe de projeto a descrever os produtos em
um nível abstrato, de modo que o produto seja representado por meio de suas
funções, independente de qualquer solução particular.
Neste caso, deve-se considerar tanto as funções representadas externamente,
em sua interação com o ambiente quanto as funções internas ao produto, realizadas
pelas suas partes (ROZENFELD et al., 2006).
As funções de um produto podem ser classificadas em (ibidem):
1. Funções interativas: dizem respeito à interação entre produto e usuário.
Estão subdividas em funções comunicativas (sintáticas e semânticas) e
ergonômicas;
2. Funções técnicas: podem ser representadas pela relação existente entre a
entrada e saída de um sistema, ou seja, a transformação de um estado de um
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 49
sistema para outro. Funções são geralmente definidas por meio de um predicado
composto por um verbo e um substantivo (e.g. lavar roupa, triturar alimentos ou abrir
tampa).
Na modelagem funcional, primeiramente define-se o produto em termos de
suas funções. Para tanto, define-se a função global (também chamada de função
total) do produto. Todos os produtos possuem uma
função predominante, a qual
deve ser um resumo do que se espera que o produto execute.
Em geral, a
função global é representada graficamente por uma transformação
que ocorre em uma “caixa preta”, com entradas e saídas definidas – denominados
de
estados do sistema.
A Figura 2.6 ilustra a representação gráfica da função global.
Figura 2.6 – Representação gráfica da função global
Fonte: (ROZENFELD et al., 2006)
Para o caso das funções técnicas, a transformação das entradas nas saídas é
descrita por energia, material e sinal, conceituados como:
a. Sinal: pode ser considerado como a forma física na qual a informação é
transportada. Os sinais podem ser preparados, recebidos, comparados, combinados,
transmitidos, mostrados ou gravados.
b. Material: possui propriedades de forma, massa, cor, condições, entre outros.
Materiais podem ser misturados, separados, mudados quimicamente;
c. Energia: responsável pelo transporte ou transformação de matéria em sinal.
(e.g. energia elétrica, cinética, calor, magnética e óptica). Deve haver um fluxo de
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 50
energia entrando e saindo do sistema. A energia que entra em um sistema ou deve
sair ou ser armazenada.
A partir daí, a função global é decomposta em funções de menor complexidade
- as
estruturas de funções (também chamada de árvores de funções). A
decomposição da função global facilita a busca por soluções e proporciona um
melhor entendimento do problema. A estrutura de funções deve refletir a função total
do produto.
As fronteiras da estrutura de funções podem ser obtidas a partir do contorno da
função global, com suas entradas e saídas.
A Figura 2.7 ilustra o desdobramento da função global em funções mais
simples.
Figura 2.7 – Desdobramento da função global
Fonte: (ROZENFELD et al., 2006)
A decomposição da função global torna viável a possibilidade de diferentes
estruturas funcionais satisfazerem a função global. Essas estruturas funcionais
alternativas podem ser obtidas por: i) divisão ou combinação de funções; ii) mudança
de disposição de funções individuais; iii) mudança do tipo de ligação (série ou
paralelo); e iv) alteração das fronteiras do sistema (ROZENFELD et al., 2006).
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 51
2.6.2 Desenvolver princípios de solução
Depois de definida a estrutura de funções do produto, vários princípios de
solução são propostos, com o intuito de satisfazer cada uma das funções. A partir da
combinação de vários princípios é possível criar diversos princípios de solução. Na
etapa da pesquisa por princípios de solução, passa-se do abstrato ao concreto; da
função à forma.
O princípio de solução deve representar as formas aproximadas dos
componentes, fazendo referência apenas às dimensões necessárias ao
entendimento da função ou do comportamento do princípio de solução.
Informações referentes aos movimentos necessários aos elementos do
princípio de solução para o cumprimento de sua função poderão ser representadas
por meio de símbolos apropriados.
Não se devem referenciar materiais específicos. Apenas atributos referentes às
propriedades destes materiais devem ser especificados. (e.g. rigidez, fragilidade,
transparência, entre outros).
Com o intuito de auxiliar a busca por princípios de solução, a literatura aponta a
existência de diversos métodos de criatividade.
Rozenfeld et al. (2006) classificam estes métodos em: i) intuitivos; ii)
sistemáticos; e iii) orientados. A Tabela 2.7 – Classificação dos métodos de
criatividade apresenta exemplos de métodos conforme a classificação citada.
Tabela 2.7 – Classificação dos métodos de criatividade
Métodos Intuitivos Métodos Sistemáticos Métodos Orientados
Brainstorming
Método Morfológico TRIZ
Método 635 Análise e Síntese Funcional SIT
Lateral Thinking Analogia Sistemática
Synetivs ou Sinergia Análise de Valor
Galeria Questionários e Checklists
Fonte: (ROZENFELD et al., 2006)
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 52
2.6.3 Desenvolver alternativas de solução
A partir das alternativas de princípio de solução para as várias funções que
compõem a estrutura de funções, parte-se para a elaboração dos modelos de
concepção (combinação dos princípios de solução individuais para formar os
princípios de solução totais para o produto).
Nesta etapa pode ser utilizada a matriz morfológica, pois este método permite
uma análise das possíveis configurações para o produto em questão (ROZENFELD
et al., 2006). Na matriz morfológica, para cada função do produto existe um número
possível de soluções.
Para a elaboração da matriz, devem-se seguir os seguintes passos:
1. Listar as funções essenciais do produto, não excedendo dez funções. Deve-
se ter o cuidado de listar funções e não componentes. Cada função deverá ser
mutuamente exclusiva;
2. Listar os possíveis princípios de solução para cada função através de novas
idéias bem como soluções e componentes já conhecidos. As idéias podem ser
representadas visualmente ou por palavras;
3. Esboçar a matriz contendo os possíveis princípios de solução. Na
seqüência, combinar os princípios de solução de modo a obter as alternativas de
solução. Como o número total de combinações pode ser grande, é necessário que
se limite às opções mais viáveis ou atrativas.
A Figura 2.8 apresenta um exemplo de parte de uma matriz morfológica
aplicada ao projeto de um carrinho de mão.
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 53
Figura 2.8 – Matriz morfológica aplicada ao projeto de um carrinho de mão
Fonte: (DUFOUR, 1996)
Há diversas ferramentas e técnicas que corroboram na estimulação e
aceleração do pensamento criativo.
Baxter (2000) apresenta seis diferentes técnicas para geração de idéias,
conforme Tabela 2.8.
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 54
Tabela 2.8 – Técnicas para geração de idéias
Técnica Descrição geral
Análise da função do produto
Parte-se da análise de um produto existente. Suas funções são
ordenadas hierarquicamente. Isso estimula a equipe a identificar
a função básica do produto e as funções secundárias, as quais
contribuem para a execução da função básica.
Permutação das características
do produto
Parte-se também de um produto existente e se exploram todas
as combinações possíveis entre seus elementos. Essa técnica é
importante para a fase de configuração do produto.
Análise ortográfica
Apresenta dois ou três atributos de um problema em gráfico bi ou
tridimensional. Isso permite que as soluções possíveis sejam
exploradas por meio de combinação, permutação, interpolação ou
extrapolação.
MESCRAI
É uma sigla composta das iniciais de "Modifique, Elimine,
Substitua, Combine, Rearranje, Adapte e Inverta". É uma lista
para estimular a busca de formas alternativas para transformar
um produto existente.
Analogias
São usadas para estimular o pensamento lateral. A Sinética é
uma técnica específica, para estimular essas analogias. Essas
técnicas são usadas para se criar um produto novo ou introduzir
mudanças profundas em produtos existentes.
Clichês e provérbios
São usados ditos populares para se examinar um problema sob
novas perspectivas e para facilitar o pensamento lateral
Fonte: (BAXTER, 2000)
2.6.4 Selecionar a concepção do produto
Estas concepções passam por um processo de seleção o qual apontará qual
atende melhor as especificações de projeto.
A concepção obtida é uma descrição aproximada das tecnologias, princípios de
funcionamento e formas de um produto, a qual pode ser expressa por meio de um
esquema ou modelo tridimensional.
A dificuldade central que esta tarefa envolve encontra-se na principal
característica da etapa de Projeto Conceitual: informações técnicas ainda limitadas e
abstratas (ROZENFELD et al., 2006).
Tão importante quanto gerar boas idéias, é saber selecionar a melhor
alternativa para explorar, construir e posteriormente implementar as idéias geradas.
Para tanto, a literatura aponta algumas ferramentas existentes cujo objetivo é
auxiliar a equipe de projeto na seleção da alternativa mais promissora.
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 55
A Tabela 2.9 destaca algumas das ferramentas existentes, quanto à
ordenação das idéias geradas.
Tabela 2.9 – Ferramentas para organização de idéias
Ferramenta Descrição geral
Técnica Nominal de Grupo
Usada quando, a partir de um número de idéias, deseja-se
priorizar as principais, de modo a selecionar qual idéia será
explorada mais detalhadamente. Após a equipe ter gerado
uma lista de idéias, poderá ser utilizada a Técnica Nominal
de Grupo para atribuir prioridade ás idéias. Deste modo,
todos os membros da equipe participam igualmente do
processo, uma vez que a ferramenta permite que cada
membro da equipe priorize as questões sem ser
pressionado pelos demais.
Diagrama de Afinidade
Permite que uma equipe organize um grande número de
idéias e questões e, depois, as reúna em grupos para
compreender a essência do problema e suas soluções
inovadoras.
Auxilia a equipe a coletar dados de linguagem (idéias,
opiniões, questões), organizá-los em grupos com base no
relacionamento natural entre cada item e definir grupos de
itens.
Diagrama de
Inter-Relacionamento
Auxiliar as equipes na organização das principais idéias,
mapeando os vínculos entre itens relacionados entre si.
O Diagrama de Inter-relacionamento permite à equipe
identificar, analisar e classificar os relacionamentos de
causa e efeito existentes entre um conjunto de questões.
Deste modo, permite-se um raciocínio multidirecional.
Fonte: (KING e SCHLICKSUPP, 1999).
As ferramentas citadas na Tabela 2.9 podem ajudar uma equipe de projeto a
entrar em consenso com relação a diversas questões e a identificar obstáculos,
causas básicas e temas dominantes.
A equipe de projeto pode também desejar utilizar ferramentas baseadas em
critérios para tomar decisões, com o intuito de selecionar as melhores e mais
promissoras idéias.
A Tabela 2.10 apresenta ferramentas para seleção de alternativas.
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 56
Tabela 2.10 – Ferramentas para seleção de idéias
Ferramenta Descrição geral Passo a passo
A Matriz de Priorização Básica
é utilizada quando uma equipe
precisa decidir onde focalizar
suas atividades em meio às
muitas idéias, de modo a
basear sua decisão em critérios
específicos.
1. Determinar os critérios a serem utilizados
para avaliar as idéias;
2. A partir dos critérios estabelecidos, construir
uma matriz para avaliar as idéias;
3. Designar valores, atribuir escalas de
classificação para as idéias;
4. Discutir e escolher as idéias com base na
classificação geral.
Matrizes de Priorização*
*Esta ferramenta permite que a equipe compare sistematicamente
várias opções, selecionando, atribuindo peso e aplicando critérios.
Há diversas formas de se contruir a Matriz de Priorização. Serão
apresentados dois modelos
Métodos de Critérios Analítico
Completo: são utilizados para
fazer comparações mais
detalhadas, uma vez que utiliza
um critério de peso para
priorizar tarefas, questõe,
caracteríticas do produto ou
outros fatores.
1. Descrever a meta a ser alcançada de modo
objetivo, através de uma frase clara e concisa;
2. Criar a lista de critérios a serem aplicados às
opções geradas;
3. Julgar a importância relativa dos critérios,
comparando-os uns com os outros;
4. Comparar as opções com base nos critérios
e seus valores;
5. Comparar as opções com os critérios
estabelecidos;
6. Selecionar a melhor opção, levando em
consideração todos os critérios.
Ferramenta Pugh de Seleção de Novos
Conceitos
A partir de vários conceitos, é
feita uma avaliação rigorosa.
Desta avaliação, resulta em
uma análise estruturada e
completa das razões pelas
quais um conceito é mais forte
ou mais fraco do que outro.
Deste modo, é possível
compreender as interações
entre os conceitos propostos,
podendo surgir um novo
conceito ou idéia.
1. Listar as idéias ou conceitos representando
cada um através de um esboço ou uma figura
simples;
2. Escolher os critérios para avaliar os conceitos
alternativos;
3. Criar uma matriz em forma de L colocando os
critérios na linha e os desenhos dos conceitos na
coluna;
4. Explanar os conceitos;
5. Escolher a base (normalmente um produto já
existente);
6. Avaliar e comparar as alternativas com a
base;
7. Calcular o total da avaliação;
8. Discutir como minimizar os pontos negativos
e aprimorar os positivos;
9. Repetir o processo de modo a identificar se
houve mudança na percepção do produto.
Fonte: (KING e SCHLICKSUPP, 1999)
O termo “seleção” implica em ações de valoração, comparação e tomada de
decisão. Existem dois tipos de comparação: i) absoluta; e ii) relativa. Na comparação
absoluta é utilizado um “modelo-padrão” o qual servirá de base para a comparação
da cada conceito. Este “modelo-padrão” pode ser algum tipo de informação,
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 57
experiência, requisitos de projeto. Na comparação relativa os modelos são
comparados entre si para a seleção do que melhor satisfaz as exigências do projeto.
A partir da seleção da alternativa que melhor responda às exigências de
projeto, parte-se então para outra etapa do processo de desenvolvimento de produto
que é a etapa do Projeto Detalhado, conforme descrito na seção 2.5.2.
2.7 Considerações Sobre o que a Literatura Aponta
A partir das informações obtidas no âmbito da inovação e da sua interação com
o processo de desenvolvimento de produto, especificamente na etapa do projeto
conceitual, podem-se detectar alguns pontos relevantes a serem considerados:
1. A inovação deve ser um processo sistematizado e constante, de modo a
fazer parte do cotidiano das organizações;
2. A busca por produtos diferenciados e competitivos é notória, sendo que as
organizações que optarem em seguir sempre o mesmo caminho, sem agregar valor
aos seus produtos, estarão deixando de obter vantagem competitiva e poderão
passar despercebidas pelo consumidor;
3. A etapa do projeto conceitual demanda por criatividade e pela busca por
soluções que satisfaçam os requisitos de projeto. Verificou-se a existência de
métodos que corroboram para a geração e seleção de conceitos. Entretanto,
nenhum dos métodos apresentados direciona para a seleção de alternativas tendo
como foco o quesito inovação;
4. Percebeu-se a falta de objetividade na determinação de critérios que
possam mapear uma alternativa inovadora. Não se nega a existência de critérios.
Entretanto nem sempre estes estão claramente definidos pela equipe de projeto.
Através destas constatações, verificou-se uma lacuna existente no que diz
respeito ao uso de uma ferramenta que direcione, na etapa do projeto conceitual, à
avaliação e seleção do princípio de solução que apresente maior potencial de se
tornar um produto
inovador. Para tanto, nota-se a importância de critérios que
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 58
orientem esta seleção de modo sistemático e objetivo, auxiliando a equipe de projeto
no processo de tomada de decisão.
2.8 Análise do Processo de Inovação
Para que se possa identificar de que modo houve a materialização da idéia em
produto, foi conduzida uma análise reversa através da seleção de cinco produtos de
variados segmentos da indústria. Os produtos selecionados têm em comum a
presença de elementos que os tornaram inovadores.
Procurou-se identificar esses elementos, organizá-los em grupos de modo a
estabelecer critérios para mapear o conceito do que vem a ser uma solução
inovadora e de que modo o mercado percebeu este produto como uma inovação.
A seleção destes produtos foi feita com base nos prêmios conquistados e na
resposta do consumidor em relação ao grau de novidade do mesmo.
As Tabelas 2.11 a 2.15 apresentam os produtos selecionados, bem como uma
breve descrição dos mesmos, o ano de lançamento, o “júri” que os avaliou e os
elementos que caracterizam a inovação dos produtos em questão.
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 59
Tabela 2.11 – Aspirador de pó Trilobite
PRODUTO ELEMENTOS QUE CARACTERIZAM A INOVAÇÃO
Aspirador de pó TRILOBITE – Electrolux
O conceito do produto: um aspirador de pó capaz de “guiar-se” no
ambiente, executando a tarefa de
remover partículas sem o auxílio
humano;
As baterias dispensam o uso de fios externos, o que permite maior
mobilidade;
Quando o nível de energia está baixo, o aspirador se auto-
recarrega na tomada mais próxima;
Uso do ultra-som (analogia com o morcego) para evitar obstáculos,
como pernas de mesas e animais domésticos; determinar as
dimensões de um quarto e a melhor rota que ele pode fazer para
limpar o local;
Uso de fitas magnéticas para delimitar a área a ser aspirada;
A concepção estética do produto (analogia com o trilobite – extinto
artrópode marinho), harmoniosa e de linhas orgânicas, faz o mesmo se
diferenciar dos demais aspiradores de pó já existentes;
Possibilidade de diferentes níveis de aspiração – aspiração normal,
rápida e pontual, de acordo com a necessidade do usuário.
Outras empresas já haviam desenvolvido protótipos de aspiradores
de pó robôs, mas o Trilobite foi o primeiro a ser comercializado.
DESCRIÇÃO ANO JÚRI
Aspirador de pó robô autônomo
(trabalha sozinho e movimenta-
se pelo cômodo sem precisar
de ajuda) movido por baterias
recarregáveis de níquel.
O início do trabalho de desenvolvimento
deu-se em 1992. Os dez primeiros
aspiradores-robôs foram construídos em
1997.
O lançamento do produto aconteceu em
2001.
Pesquisa feita entre os consumidores do produto indicou alto grau de
satisfação. As principais motivações que levaram as pessoas a
comprar o produto foram (dados do fabricante):
Alta tecnologia - 67% Conveniente - 46%
“Fun” - 56% Prático - 53%
Novo design - 50% Economiza tempo - 39%
“Personal” - 17%
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 60
Tabela 2.12 – Linha Jangada
PRODUTO ELEMENTOS QUE CARACTERIZAM A INOVAÇÃO
Linha JANGADA - Kakakis Indústria e Comércio de Móveis Ltda
O conceito de toda linha está baseado na pequena embarcação da
jangada. Conceito este presente não apenas nas questões estéticas, mas
também no sistema construtivo:
- Encaixes cônicos por pressão das diferentes partes, sem uso de pregos.
A terminação cônica funciona melhor quanto maior for a pressão. Na
jangada, as cordas são tencionadas para baixo do banco e do cavalete.
Este elemento de tensão se faz presente na cadeira com um parafuso.
- A vela na jangada pode ser solta com facilidade. A opção de desmonte na
cadeira facilita limpeza, venda e transporte.
- O mastro da jangada tem mobilidade em vários ângulos. A poltrona Enora
(canto superior direito), com estrutura trapezoidal similar, tem vários pontos
de inclinação de encosto e assento, em forma simultânea.
Todos esses detalhes geraram produtos com uma estética própria,
enfatizando e valorizando elementos da cultura local, o que cria uma
identidade própria e única;
O uso racional e diferenciado da matéria-prima - madeira reflorestada
(Lyptus, híbrido de Eucalyptus urophilla e Eucalyptus grandis) certifica e
personaliza o produto;
As cadeiras da Linha Jangada são desarmáveis. Os móveis podem ser
facilmente montados pelo próprio cliente.
DESCRIÇÃO ANO JÚRI
A Linha Jangada é composta por uma série de cadeiras, mesas,
estantes e poltronas inspiradas na embarcação de mesmo
nome. A riqueza conceitual deste pequeno barco gerou diversas
alternativas no desenvolvimento da coleção. Produzida em
eucalipto reflorestado, a linha é predominantemente composta
por encaixes cônicos e amarre vertical, por meio de parafusos; o
que torna o produto desmontável.
2001
Menção Honrosa no XV Prêmio Museu da Casa Brasileira (2001), pelo
projeto da poltrona Enora;
Menção Honrosa no concurso de design Movelsul 2002, pela poltrona
Minburá. A coleção completa foi finalista no mesmo concurso;
Menção Honrosa no concurso regional de design Expodema, na
Argentina, pelo projeto da cadeira Tauaçu;
A coleção Jangada foi exposta no Salão Satelite 2003, em Milão, na Itália.
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 61
Tabela 2.13 – Ventilador Spirit
PRODUTO ELEMENTOS QUE CARACTERIZAM A INOVAÇÃO
Ventilador de teto SPIRIT – Plajet
Minimização de peças e simplificação do produto – enquanto a maioria dos
ventiladores de teto tem no mínimo sete peças, o ventilador Spirit tem seu núcleo
principal composto de três peças;
O produto pode ser montado pelo próprio cliente;
Integração entre forma e função: seu desenho, inspirado nas hélices dos aviões, tem
a finalidade de aproveitar ao máximo a aerodinâmica, gerando um desempenho 30%
superior à média;
Diferencial no material - os ventiladores existentes no mercado possuíam, na sua
maioria, três ou mais pás em madeira e a carcaça em aço, o que gerava baixa ventilação
e não permitia uma boa solução de integração com o lustre. O ventilador Spirit tem como
matéria-prima básica o policarbonato, material reciclável, leve, com ótima resistência
(inclusive à maresia);
Devido à variedade de cores, permite maior integração com o lustre. A maior parte
dos ventiladores tem mais de 20 anos de existência, com poucas variações de modelos,
cores e lustres;
Com os prêmios recebidos, o Spirit possibilitou à empresa desenvolver uma forte
estratégia de marketing, reforçando ainda mais a marca do produto no mercado. O
percentual do faturamento gasto em design, em torno de 2%, acabou por proporcionar
um aumento de faturamento da ordem de 50%.
DESCRIÇÃO ANO JÚRI
Ventilador de teto, em policarbonato, de estilo
minimalista, composto por três peças em
diversas cores.
2001
Museu da Casa Brasileira 2001;
IF Design Award 2002 - Categoria
Construção;
Prêmio Ecodesign 2003 – Fiesp;
Prêmio Moinho Santista 2003;
IF Design Award 2004 - Categoria
Iluminação;
Top de Marketing ADVB Rio 2003 e 2004;
Rio Faz Design 2004 e 2006;
POPAI - Point of Purchase Advertise
International 2004;
Prêmio The Bizz Awards 2005;
Marketing e Negócios Internacional 2004;
Prêmio Qualidade Brasil 2005;
IF Design Hannover 2005.
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 62
Tabela 2.14 – Lavadora Superpop
PRODUTO ELEMENTOS QUE CARACTERIZAM A INOVAÇÃO
LAVADORA SUPERPOP – Mueller Eletrodomésticos
DESCRIÇÃO ANO
O eletrodoméstico é uma lavadora semi-automática (não realiza, por
exemplo, a centrifugação, como nas máquinas de lavar mais
completas), para consumidores de menor poder de compra. A
intenção da Mueller era fazer um eletrodoméstico acessível a um
número maior de pessoas - estima-se que no Brasil apenas 30% da
população possua máquina de lavar.
2006
JÚRI
Prêmio Mercado Design – Top XXI, promovido pela revista ARC Design.
20º Prêmio Museu da Casa Brasileira.
37ª Edição do Top de Marketing nacional da ADVB (Associação de
Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil).
Pesquisa e desenvolvimento no processo de fabricação,
possibilitou a produção de uma versão transparente do produto,
denominada “SuperPop Glass, lançada em março de 2007”. Trata-
se da primeira lavadora transparente do mercado.
A máquina vem desmontada, numa embalagem 40% menor
que as tradicionais. Isso reduziu o custo do transporte do produto e
a necessidade de espaço para estocagem nos depósitos;
Possibilidade dos consumidores levarem a máquina para casa
na hora da compra, evitando entregas posteriores;
A equipe de projeto optou por cortar em dois o tradicional
gabinete das máquinas de lavar. Com isso, a parte inferior, menor,
acomoda-se dentro da maior (cuba e parte superior), gerando maior
compactação, ideal para embalagem e transporte;
Produto acessível ao mercado-alvo, sendo o peço final um de
seus maiores atrativos: a Mueller sugere a venda da SuperPop por
R$199,00. Mas o fato de ser dirigido a essa faixa da população não
isenta o equipamento de resultar de um rigoroso trabalho de
design. O design entra como geração de valor para um produto de
baixo custo e sua estética influi na auto-estima do consumidor,
atendendo à necessidade de status das pessoas de baixa renda em
sua comunidade;
Direcionamento do produto ao público-alvo por meio de
estratégia de lançamento diferenciada. A empresa organizou
eventos regionais que reuniram compradores, lojistas, gerentes e
vendedores em diversos estados brasileiros e no Paraguai, enviou
mala-direta para clientes e potenciais clientes cadastrados. Além
disso, em sintonia com seu público-alvo, veiculou merchandising
em rede nacional, na oportunidade do lançamento, além de
anúncios em revistas especializadas do setor de eletrodomésticos;
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 63
Tabela 2.15 – Válvula Duo Flux
PRODUTO ELEMENTOS QUE CARACTERIZAM A INOVAÇÃO
Válvula DUO FLUX - Deca
O projeto inovador de seu acabamento permite a identificação do tipo
de descarga que se pretende, com mais água (tecla maior) ou menos água
(tecla menor);
A instalação pode ser feita tanto na posição horizontal como na
vertical, substituindo válvulas já existentes, aumentando a economia de
água e evitando o desperdício;
Ao se pressionar o botão menor, de maior curso, o limitador de fluxo
interno da válvula é acionado, liberando um fluxo de aproximadamente três
litros por descarga. Este ciclo é fixo e permite uma grande economia de
água para a limpeza de dejetos líquidos da bacia sanitária. O botão maior,
por ter seu curso menor, não aciona o limitador de fluxo, permitindo uma
descarga completa, ideal para a remoção de sólidos. Possui válvula para
alta (1.1/4”) e baixa pressão (1.1/2”), o que permite ser instalada tanto em
residências térreas quanto em sobrados e apartamentos;
O design da válvula também resulta em economia de espaço na
construção, maior durabilidade e robustez. Seu princípio de funcionamento,
com duas opções de descarga, é adequado para qualquer tipo de bacia
sanitária. É feita com latão cromado, elastômeros e plásticos de
engenharia;
Pode ser adaptada a instalações já existentes.
DESCRIÇÃO ANO JÚRI
Válvula de descarga com volume seletivo de água (limpeza
rápida e limpeza completa), podendo ser instalada tanto na
posição vertical quanto horizontal.
2005
19º Prêmio Museu da Casa Brasileira (2005) Categoria Equipamentos
de Construção;
Prêmio Mercado Design - Top 21 (2007) Categoria Equipamento de
Banheiro.
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 64
Para que esta análise pudesse direcionar, de modo claro e objetivo, quais
elementos inerentes aos produtos os caracterizaram como inovadores, foram
identificados seis critérios. São eles: i) ergonomia; ii) forma; iii) função; iv)
manufatura; v) tecnologia; e vi) transporte. A base para a determinação destes
critérios partiu dos elementos em comum identificados na análise reversa. Foi
adotada esta estratégia pelo fato de se perceber que, dentro da revisão de literatura
apresentada, não existe uma definição clara de critérios de inovação adotados para
a avaliação e seleção de alternativas na etapa conceitual de projeto. Para cada
critério estabelecido, foram determinadas condições nas quais os produtos
analisados deveriam estar inseridos – parcialmente ou integralmente - para
satisfazer o requisito inovação. A Tabela 2.16 apresenta os grupos e as condições
impostas. Para alguns critérios foram estabelecidas duas condições. Por exemplo,
para que o produto obedeça ao critério forma, ele deverá satisfazer ou a condição 1
(C1), ou a condição 2 (C2) ou ambas as condições.
Tabela 2.16 – Critérios para inovação
CRITÉRIO
Condição 1 (C1)
Se:
Condição 2 (C2)
Se:
Ergonomia
O produto possuir uma concepção
ergonômica diferenciada das existentes.
X
Forma
A solução formal se diferenciar
significativamente dos demais produtos
concorrentes.
Apresentar algum nível de personalização
(cores, composições, texturas)
Função
Implementar alguma função nova ou
adicionar mais funções que os produtos
concorrentes.
Executar a mesma função que os produtos
concorrentes, mas um modo diferente.
Manufatura
O processo produtivo for simplificado ou
melhorado.
O material empregado na fabricação
apresentar algum diferencial significativo em
relação aos produtos concorrentes
Tecnologia
O produto possuir algum atributo
tecnológico que o diferencie dos
concorrentes.
X
Transporte
Apresentar um novo modo de acondicionar
o produto em relação aos concorrentes.
Apresentar um novo modo de transportar o
produto em relação aos concorrentes.
A partir dos critérios e das condições estabelecidas para cada critério, foi
possível identificar atributos presentes nos produtos analisados e que contribuem
para o quesito inovação. A Tabela 2.17 apresenta o resultado desta análise na forma
de uma matriz na qual, para cada produto analisado foram identificadas as
condições satisfeitas de cada critério da Tabela 2.16.
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 65
Tabela 2.17 – Matriz de análise
Critérios Aspirador de pó Trilobite Linha de móveis Jangada Ventilador de teto Spirit
Lavadora de roupas
Superpop
Válvula de descarga Duo
Flux
Ergonomia
C1: a existência de um visor o
qual permite que a interface
do produto “converse” com o
usuário através deste visor.
X X
C1: A lavadora prevê espaço
nas laterais para que o
usuário possa carregá-la sem
dificuldades.
X
Forma
C1: produto cuja concepção
formal – orgânica e
harmoniosa destaca-se em
relação aos já existentes no
mercado.
C2: criação de uma
identidade própria, por meio
da valorização de elementos
da cultura local.
C1: analogia às hélices de
avião deixou sua solução
formal leve e harmoniosa.
C2: diversas opções de cores
permite maior variedade de
composições entre ventilador
e lustre.
C1: agregação de valor em
um produto destinado a uma
população de menor poder
aquisitivo.
C2: primeira lavadora
transparente do mercado.
C2: produto pode ser
instalado tanto na posição
vertical quanto na horizontal
Função
C1: possibilidade de
diferentes níveis de
aspiração.
C2: aspirador de pó
autônomo na execução da
tarefa e na reposição de
energia
X
C2: executa a mesma função
que os ventiladores
concorrentes, mas com
aproveitamento 30% superior.
X
C1: produto implementa uma
função a mais – seleção do
tipo de descarga (com mais
ou menos água).
Manufatura
X
C1: a analogia ao sistema
construtivo da jangada
permitiu simplificação do
processo produtivo.
C1: simplificação na
quantidade de peças – de
sete para três, sem perda de
desempenho.
C2: uso coerente da matéria-
prima – madeira reflorestada.
C1: pesquisa e
desenvolvimento no processo
de fabricação possibilitaram a
produção da versão
transparente do produto, sem
elevar o custo para o
consumidor.
C2: uso de material leve,
resistente e reciclável
(policarbonato).
X
Tecnologia
C1: uso do ultra-som para
guiar-se no ambiente.
Uso de fitas magnéticas para
delimitar a área a ser aspirada
X X X X
Transporte
X
C1: produto desmontável e
desarmável, podendo ser
facilmente acondicionado.
C2: o próprio cliente pode
montar o produto.
X
C1: produto vem desmontado
numa embalagem 40%
menor.
C2: o próprio consumidor
pode levar a máquina de lavar
para casa no momento da
compra.
C1: o produto pode ser
adaptado às instalações
existentes.
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 66
Com isto, foi possível concluir que, para um produto ser percebido como inovador a
presença de alguns critérios é inerente e direcionada. Do mesmo modo, verificou-se que
nem todas as condições estabelecidas para cada critério necessitam estar preenchidas.
A ausência de algumas condições não inviabilizou a percepção do produto como sendo
inovador.
2.8.1 Considerações a respeito de inovação
Com base no que a literatura apontou, juntamente com os resultados obtidos desta
análise reversa, foi possível elaborar um conceito próprio para inovação. Este conceito
não exclui os apresentados pela literatura. Entretanto, notou-se a necessidade de
determinar um conceito para inovação considerando sua presença no processo de
desenvolvimento de produto.
Sendo assim, no contexto deste trabalho,
inovação é um processo organizado e
sistematizado, dentro do qual é indispensável o emprego de critérios específicos,
através dos quais se torne possível o desenvolvimento de um produto significativamente
novo ou diferenciado em relação aos existentes e que corrobore na obtenção de
vantagens competitivas para a empresa. Ou seja, a inovação não ocorre por acaso, mas
é fruto de um intenso processo de pesquisa e desenvolvimento direcionado e bem
estruturado.
2.9 Pesquisa de Campo
Este tópico tem por finalidade capturar as informações, a partir de um instrumento
de coleta de dados, relacionadas às considerações que a equipe de projeto faz ao
selecionar alternativas na etapa do projeto conceitual. Estas informações serão
comparadas e analisadas juntamente com os parâmetros obtidos no referencial teórico
de modo a estabelecer as premissas e os critérios pertinentes ao processo de seleção
das alternativas no projeto conceitual com foco na inovação.
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 67
2.9.1 Caracterização do estudo
Para o presente estudo buscou-se obter informações através de uma pesquisa de
campo realizada com profissionais da área de desenvolvimento de produtos. O objetivo
principal foi detectar quais premissas as alternativas devem obedecer para que possam
ser avaliadas e selecionadas, bem como a relevância de determinados critérios para a
seleção das alternativas quando o foco é inovação. Para tanto, foi aplicado um
questionário composto por questões objetivas, dividido em duas partes. O referido
questionário encontra-se no Apêndice A.
Para a realização da pesquisa de campo foram pré-selecionados cinco
profissionais os quais tinham em seu portfolio o desenvolvimento de produtos
inovadores. Em um primeiro contato por e-mail, foi explicado o objetivo da pesquisa,
bem como a importância da contribuição destes profissionais para o desenvolvimento da
ferramenta que este estudo visa apresentar.
Procurou-se também acessar o portal de design “Rede Design Brasil”, no qual foi
possível obter uma lista de profissionais (num total de 28) que trabalham com
desenvolvimento de produto, finalizando em 33, o total de contatos para os quais foram
enviados os questionários.
Deste modo, tem-se o seguinte panorama: foram recebidos oito questionários
respondidos, sendo que destes, três foram das empresas selecionadas no primeiro
contato e cinco de profissionais selecionados através do portal “Rede Design Brasil”.
Logo após uma carta de apresentação, a qual visou esclarecer o objetivo da
pesquisa e o foco central da mesma, foi feita uma breve descrição das etapas que
permeiam o desenvolvimento de produtos, de modo a situar a etapa do projeto
conceitual. Ainda nesta etapa, foi identificada em qual circunstância a ferramenta será
abordada.
O objetivo desta breve explanação foi criar uma linguagem comum entre todos os
respondentes, de modo que, independente da nomenclatura adotada por cada
profissional, todos estejam plenamente cientes do alvo que se pretende atingir.
A primeira parte do questionário teve por finalidade buscar informações a respeito
da empresa bem como do entrevistado (e.g. formação profissional, tempo de mercado,
entre outras).
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 68
A segunda parte abordou questões referentes à configuração das alternativas
geradas no projeto conceitual bem como os pressupostos que estas devem atender para
que possam ser submetidas a um processo de avaliação e seleção. Foram também
verificados quais os métodos mais utilizados para a seleção das alternativas.
Nas três primeiras questões, o entrevistado teve a opção de marcar mais de uma
resposta. Neste caso, foi solicitada a marcação de um duplo “xx” na opção utilizada com
maior freqüência.
Para posterior análise, foi estabelecida a seguinte escala de pontuação:
a. Zero para a opção que não foi assinalada;
b. Um para opções que receberam um único “x”;
c. Dois para opções com duplo “xx” - no caso a apontada como utilizada com maior
freqüência.
Nas duas últimas questões foram apresentados critérios que podem servir de base
para a seleção de alternativas. Foi então proposta uma escala de avaliação para cada
critério, a qual obedecia a seguinte pontuação:
(1) Irrelevante;
(2) Pouco relevante;
(3) Relevante;
(4) Muito relevante;
(5) Essencial.
A última questão desmembrou os critérios da questão anterior em subcritérios,
utilizando a mesma escala proposta na questão quatro.
2.9.2 Caracterização dos profissionais entrevistados
Os profissionais selecionados para a entrevista desenvolvem produtos para
diferentes ramos da indústria (e.g. setor moveleiro, eletrodomésticos, eletroeletrônicos,
entre outros).
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 69
Visando manter o sigilo e a confidencialidade mencionados na solicitação do
questionário, os profissionais receberam uma identificação com a letra “P”, seguida de
um número. Por exemplo P1 (profissional de número um). A ordem de numeração foi
aleatória, não obedecendo a nenhum tipo de critério.
A Tabela 2.18 apresenta uma síntese do perfil destes profissionais.
Tabela 2.18 – Caracterização dos profissionais entrevistados
Profissional Formação
Tempo de atuação do
profissional no
mercado
Cargo
Tempo de atuação da
empresa no mercado
P1 Design
08 anos Sócio-gerente 16 anos
P2 Design
13 anos Diretor 13 anos
P3 Design
25 anos
Designer
25 anos
P4 Design
09 anos Coordenador 15 anos
P5 Design
25 anos Diretor 02 anos
P6
Técnico em
Mecânica
20 anos Diretor 15 anos
P7 Design
02 anos Diretor 02 anos
P8 Design
07 anos Coordenador 04 anos
A partir destes dados, é possível identificar o seguinte cenário:
1. Com relação à formação profissional:
Sete profissionais têm formação na área de design;
Um profissional tem formação na área técnica em mecânica.
2. Com relação ao tempo de formação destes profissionais:
Quatro profissionais têm até dez anos de formação na área de projeto;
Dois profissionais têm entre 11 e 20 anos de formação na área de projeto;
Dois profissionais têm mais de 21 anos de formação na área de projeto.
3. Com relação ao cargo ocupado:
Quatro profissionais exercem o cargo de diretor;
Dois profissionais exercem o cargo de coordenador;
Um profissional exerce o cargo de sócio-gerente;
Um profissional exerce o cargo de designer.
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 70
4. Com relação ao tempo de mercado das empresas em que estes profissionais
trabalham:
Três empresas têm até dez anos de atuação no mercado;
Quatro empresas têm entre 11 e 20 anos de atuação no mercado;
Uma empresa tem mais de 21 anos de atuação no mercado.
De um modo geral, as empresas em que estes profissionais trabalham contam com
uma metodologia para o desenvolvimento de produtos. O site de duas das empresas
apresenta uma breve descrição da metodologia abordada no processo de
desenvolvimento de produtos. A Tabela 2.19 mostra um comparativo entre estas
metodologias, as semelhanças existentes, bem como posteriormente é feita uma
descrição a respeito da etapa do projeto conceitual, sob o ponto de vista de cada
empresa.
Tabela 2.19 – Comparativo entre metodologias
Metodologia 01 Metodologia 02
ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO
DE PRODUTOS
1. Conhecimento da empresa/
mercado;
2. Briefing/Pesquisa de mercado;
3. Conceito do Produto;
4. Desenvolvimento de
alternativas;
5. Verificação e seleção de
alternativas;
6. Implantação.
1. Desenvolvimento de briefing
preliminar;
2. Desenvolvimento de briefing
definitivo;
3. Pesquisa;
4. Criação de conceitos;
5. Geração de modelo;
6. Detalhamento técnico ou
finalização digital;
7. Prototipagem ou provas;
8. Viabilização.
Na visão abordada pela Metodologia 01 o conceito do produto é definido como
sendo o conjunto de benefícios a serem oferecidos aos usuários, no qual estão as
variáveis de mercado e de produto, o produto ideal e os objetivos de marketing.
Do mesmo modo, a Metodologia 02 define conceito como sendo as “idéias
apresentadas na forma de desenhos ou modelos físicos. Um novo design pode
representar novas possibilidades de linguagem estética, novos sistemas mecânicos,
tecnologias e uso de materiais”. Neste aspecto, são situados dois tipos de conceitos: i)
conceitos para o presente, os quais levam em consideração os processos e materiais
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 71
disponíveis atualmente, além de possuírem restrições de custos, prazos e qualidade
bem definidos (são importantes na solução de problemas práticos e imediatos, tais como
defesa contra ataques da concorrência, criação de novos produtos com cronograma
definido, prolongamento de ciclo de vida, entre outros) e ii) conceitos para o futuro, os
quais estão mais próximos de sonhos, buscando atingir visões de uma realidade ideal
que possa se concretizar no futuro (são importantes para inspirar a criação de novas
tecnologias que os viabilizem, além de inspiram consumidores e agregar valor à marca
que patrocina o seu desenvolvimento).
A Metodologia 01 está associada ao P1, o qual possui experiência de oito anos no
mercado em uma empresa que atua há 16 anos com desenvolvimento de produtos,
sendo que este profissional exerce a função de sócio-gerente. A Metodologia 02 está
associada ao P2, o qual possui 13 anos de experiência profissional no cargo de diretor,
em uma empresa que está também há 13 anos no mercado. Visando manter o sigilo
mencionado na seção 2.9.2, os nomes das respectivas empresas não serão citados. O
que vale ressaltar, neste caso é que ambas desenvolveram produtos considerados
inovadores. Esta percepção de inovação foi feita pelo próprio mercado, através de
prêmios concedidos a produtos lançados por estas empresas. Do mesmo modo,
verificou-se a preocupação destas empresas em destacar a existência de uma
abordagem metodológica em seu método de trabalho.
Em ambas as metodologias percebeu-se a existência de etapas, dentro do projeto
conceitual, que visam selecionar a alternativa que melhor responda aos objetivos do
projeto. Neste caso, não há uma identificação clara do modo como as alternativas são
selecionadas. Esta percepção só foi possível após a aplicação do questionário.
2.10 Interpretação e Análise dos Resultados
Este tópico visa apresentar a análise de cada item levantado no questionário,
examinando as respostas individuais de cada profissional.
O primeiro tópico específico abordado no questionário diz respeito ao tipo de
configuração que as alternativas devem apresentar para que possam ser submetidas a
uma avaliação e seleção.
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 72
Foram propostos sete tipos de configurações e deixado um espaço em branco caso
houvesse alguma configuração não abordada na questão e que o entrevistado julgasse
conveniente informar. A Tabela 2.20 apresenta os resultados obtidos.
Tabela 2.20 – Configuração das alternativas no projeto conceitual
1. Na etapa do projeto conceitual, qual o nível de
configuração das alternativas geradas para que
estas possam ser avaliadas e selecionadas?
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8
Total
Desenho esquemático simulando apenas as
funções principais do produto.
110110105
Desenho de vistas ortogonais com dimensões
preliminares.
110010003
Modelo computacional 3d. 22010101
7
Desenho à mão livre em traço. 00210202
7
Perspectiva ilustrada à mão, com informações
adicionais a respeito do produto indicadas no
desenho.
000220015
Uso de tecnologias digitais para finalização de
idéias traçadas à mão. Exemplo: traço à mão,
digitalizado e finalizado em programas de edição de
imagem (E.g. Photoshop, Corel Draw, entre outros)
100000001
Modelo volumétrico (mock up ) 200110004
Outros. Especificar:
__
Protótipo e
modelos 1:1
___
Modelo
funcional
(protótipo)
_
Ao analisar os resultados obtidos, foi possível perceber que a configuração mais
utilizada é o modelo computacional 3D, gerado em ambiente CAD.
Outra configuração apontada foi o desenho à mão livre em traço, no qual é possível
esboçar as idéias principais do conceito de um modo rápido e prático. Apesar de as
duas opções terem obtido a mesma pontuação, o modelo computacional 3D foi a opção
apontada por um maior número de entrevistados. Ambas as configurações são formas
de se reproduzir uma idéia. O que se pode concluir é que, antes de uma alternativa
passar para um ambiente CAD 3D, ela foi pré-concebida em um desenho à mão livre, no
qual procurou-se estabelecer a idéia principal do conceito. Após esta etapa inicial, o
conceito é então redesenhado em três dimensões e melhor detalhado.
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 73
A segunda questão teve o intuito de investigar o nível de detalhamento que as
alternativas devem obedecer para que possam passar por um processo de avaliação. A
Tabela 2.21 apresenta os resultados obtidos.
Tabela 2.21 – Nível de detalhamento das alternativas no projeto conceitual
2. Na visão da equipe de projeto, que
pressupostos devem ser atendidos para que
possa ser feita a seleção de uma alternativa?
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8
Total
A forma deve estar completamente definida. 000 0 10012
As cores e/ou texturas devem estar determinadas. 000 0 00000
A(s) função(ões) que o produto irá executar deve(m) estar
resolvidas(s).
211 1 1221
11
Se o produto for composto por subsistemas, todos os
subsistemas deverão estar solucionados para que a
alternativa seja avaliada.
001 1 10003
A tecnologia de produção deverá estar definida. 0 0 1 1 1 1 0 1
5
Questões relacionadas à ergonomia deverão estar
definidas.
101 0 10014
Outros. Especificar:
O fator mais importante nesse momento é o estilo
do design.
__
A forma não necessita estar completamente
definida, mas deve estar definido o partido formal, a
linguagem/semântica do produto; faltando apenas
“refinar” os elementos estéticos formais.
__
Estimativa de custo, pois a solução deve ser viável
/ visibilidade, é necessário se prototipar as
alternativas
_
Quanto ao nível de detalhamento que as alternativas devem apresentar, verificou-
se que a(s) função(ões) que o produto desenvolverá já deverão estar definidas. Este
quesito apresentou significativa pontuação em relação às demais opções dispostas. Em
segundo lugar ficou a opção relacionada à tecnologia de produção. Apesar da opção
“forma” não possuir uma significativa pontuação, esta foi abordada nas observações.
Assim sendo, a forma final não necessitaria estar totalmente definida, mas um
estilo, uma linguagem formal deverá estar presente nas alternativas, faltando apenas um
posterior “refino” destes elementos.
A terceira questão visou identificar a existência ou não de métodos formais para a
seleção de alternativas no projeto conceitual. A Tabela 2.22 apresenta os resultados.
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 74
Tabela 2.22 – Métodos de seleção de alternativas no projeto conceitual.
3. Como é feita a seleção da(s) alternativa(s)
pela equipe de projeto?
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8
Total
Tabela comparativa das alternativas. 0 1 0 1 0 0 0 2 4
Através de um check list feito com o briefing, de modo a
avaliar se parte ou todos os requisitos foram preenchidos.
211110 0 1
7
Processo empírico e subjetivo. 1 1 0 2 0 1 0 0 5
Com base nas necessidades dos clientes detectadas por
meio de uma ferramenta de projeto (ex: Casa da
qualidade)
011010 0 0 3
Outros. Especificar:
_
Experiência e visão do gerente de projeto.
_
Participação do cliente; aproveitar a "expertise", percepção e
conhecimento de mercado que a empresa tem (também para dividir
responsabilidades).
__
Mescla entre um check list dos requisitos do projeto, entre o
feeling dos envolvidos e entre as necessidades dos clientes
identificadas informalmente. Dependendo do projeto, uma dessas
três “orientações” acabam pesando mais na avaliação.
_
O método mais utilizado consiste em um check list no qual os requisitos levantados
no briefing são comparados com as alternativas existentes, de modo a verificar qual
alternativa satisfaz a maioria destes requisitos. A alternativa relacionada ao modo
intuitivo e empírico de selecionar alternativas teve uma pontuação considerável, ficando
logo atrás da opção check list. Também a experiência do profissional e a participação do
cliente foram opções levantadas pelos respondentes. O que se pôde observar foi a
inexistência do uso de uma ferramenta formal nesta etapa. Muitas das decisões ocorrem
por comparação ou de um modo intuitivo, não havendo formalização e documentação
deste processo.
A quarta questão abordou critérios genéricos para a seleção das alternativas. Com
uma escala de variou de 1 (irrelevante) a 5 (essencial) - conforme descrito na seção
2.9.1, procurou-se identificar qual o nível de importância de cada critério, conforme a
Tabela 2.23.
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 75
Tabela 2.23 – Critérios para seleção das alternativas no projeto conceitual.
4. A partir dos critérios apresentados abaixo
identifique qual o seu nível de relevância no processo
de seleção de alternativas, no projeto conceitual.
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8
Total
Forma 54554423 32
Função 54355555
37
Manufatura 3 4 535455 34
Tecnologia 24553354 31
Transporte 14423125 22
Ergonomia 3 4 425433 28
Outros. Especificar. _ _ _
Adequação ao business da
empresa – viabilidade comercial
__
Usabilidade / manutenção
No contexto apresentado pelas respostas desta questão, percebeu-se que o critério
Função apresentou maior pontuação, seguido do critério Manufatura. De modo igual, ao
retornar para a análise da questão dois (Tabela 2.21) pôde-se verificar que os
pressupostos
função e tecnologia de produção foram as opções que deveriam estar
mais bem definidas para que as alternativas pudessem ser submetidas a um processo
de seleção. Ou seja, ao fazer um comparativo entre essas duas questões, foi possível
perceber coerência entre as respostas. Apesar de o critério
Função ter apresentado
maior pontuação, não houve diferença significativa entre as pontuações dos demais
critérios, tendo o critério
Transporte recebido a menor pontuação.
A última questão apresentou um desmembramento dos critérios da questão
anterior, tendo, contudo, a inovação como foco principal. Ou seja, os subcritérios foram
trabalhados tendo em vista a busca por uma alternativa que apresente maior potencial
inovador. A escala de avaliação utilizada foi a mesma da questão quatro, de modo que
houvesse possibilidade de uma posterior comparação entre os resultados obtidos. Os
subcritérios apresentados têm como ponto de partida os elementos encontrados nos
produtos inovadores da análise reversa feita na seção 2.8 (Análise do Processo de
Inovação). A partir desta análise foi possível pontuar elementos comuns em produtos
inovadores, bem como situar os critérios que permeiam estes produtos. A Tabela 2.24
apresenta os resultados obtidos.
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 76
Tabela 2.24 – Desmembramento dos critérios para seleção das alternativas no projeto
conceitual
5. Qual a relevância destes critérios quando o
foco, no processo de seleção de alternativas
no projeto conceitual passa a ser inovação.
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8
Total
Forma
: a alternativa se diferencia
significativamente dos demais produtos
existentes.
54433425
30
Forma
: a alternativa apresenta alguma
característica que a torne peculiar (ex. uso de
elementos culturais, analogia com elementos da
natureza, outros
)
.
2453431426
Forma
: a alternativa apresenta algum nível de
personalização (cores, composições, texturas).
4423231322
Forma: a alternativa é modular podendo estar
prevista a adição de novos componentes em
edições posteriores do produto.
3432343325
Função
: a alternativa implementa alguma função
completamente nova.
54354454
34
Função: a alternativa implementa funções
adicionais, inexistentes nos produtos similares.
54355534
34
Função: a alternativa implementa a mesma
função que os produtos similares, mas de um
modo si
g
nificativamente diferente.
3425435430
Ergonomia:
a alternativa possui uma concepção
ergonômica diferenciada das concepções
existentes.
34134334
25
Manufatura
: a alternativa visa simplificar ou
melhorar significativamente o processo de
manufatura do futuro produto.
44334533
29
Manufatura
: a alternativa prevê o emprego de
um material novo,
j
amais utilizado antes.
2434324325
Manufatura: a alternativa prevê o emprego de
um material conhecido, mas jamais utilizado para
o fim proposto.
2443324325
Tecnologia
: a alternativa possui algum atributo
tecnológico que a diferencia dos produtos
similares.
44153453
29
Transporte
: a alternativa apresenta um novo
modo de acondicionar o produto em relação aos
similares.
2433422424
Transporte
: a alternativa apresenta um novo
modo de transportar o produto em relação aos
similares.
2413423322
Transporte
: a alternativa apresenta um novo
modo de distribuir o produto em relação aos
similares.
24154333
25
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 77
A partir dos resultados, é possível ponderar o seguinte:
a. No critério
Forma, o subcritério que apresentou maior pontuação está
relacionado à diferenciação estético-formal da alternativa em relação aos produtos
existentes para que a alternativa possa ser considerada potencialmente inovadora;
b. No do critério
Função, os subcritérios que apresentaram maior pontuação estão
relacionados à implementação de uma função totalmente nova no produto ou à adição
de funções inexistentes em produtos similares;
c. No critério
Ergonomia, é necessário que a alternativa apresente alguma
concepção ergonômica diferenciada (quer seja na pega, no modo de acomodar as
dimensões humanas) para que esta possa ser considerada potencialmente inovadora;
d. No critério
Manufatura, o subcritério que apresentou maior pontuação está
relacionado à simplificação ou melhora significativa do processo de produção;
e. No critério
Tecnologia, é necessário que a alternativa apresente algum atributo
tecnológico que a torne diferente das demais concepções tecnológicas existentes para
que esta possa ser considerada potencialmente inovadora. Isso não significa
necessariamente o desenvolvimento de uma nova tecnologia; mas sim o uso
diferenciado da tecnologia (quer ela seja pré-existente ou completamente nova);
f. No critério
Transporte, o subcritério que apresentou maior pontuação está
relacionado a um novo modo de distribuição do produto.
Estas ponderações tiveram o intuito de identificar os subcritérios com maior
pontuação. Entretanto, vale ressaltar que não houve uma diferença significativa entre as
pontuações obtidas pelos subcritérios.
2.11 Considerações Finais
A partir desta pesquisa de campo, foi possível identificar os métodos adotados na
prática, bem como algumas percepções com relação à importância de determinados
critérios no processo de tomada de decisão. Os dados obtidos através da análise
reversa e da pesquisa de campo, juntamente com as análises desenvolvidas a partir das
referências teóricas, servirão de base para o desenvolvimento do modelo de ferramenta
que este estudo se propõe.
Algumas considerações podem ser observadas:
Capítulo 2 A Inovação no Âmbito do Processo de Desenvolvimento de Produto 78
1. Para que a ferramenta tenha uniformidade na aplicação, é necessário que as
alternativas obedeçam a um padrão de configuração. No caso, o padrão identificado
pelo instrumento de pesquisa consiste em um modelo computacional 3D, precedido de
um esboço preliminar feito à mão livre, no qual busca-se traçar apenas a idéia principal.
Neste caso, fica a cargo da ferramenta computacional a definição de detalhes do
conceito. No entanto não existe a obrigatoriedade das concepções estarem
representadas em ambiente 3D, mas sim, de apresentarem um mesmo nível de
representação;
2. Para que as alternativas possam ser avaliadas, é necessário que suas funções
estejam definidas de um modo claro e objetivo;
3. Verificou-se que a seleção dos conceitos ocorre por meio de comparações,
sem necessariamente haver o emprego de uma ferramenta direcionada à inovação que
permita documentar esta etapa;
4. Nem todos os critérios abordados no instrumento de pesquisa apresentaram o
mesmo peso. Quando observados de um modo global, tanto quanto desmembrados em
subcritérios, houve pontuações diferentes as quais deverão ser ponderadas na
ferramenta.
Desta forma, fica caracterizada a oportunidade de investigação que o presente
estudo visa conduzir: o desenvolvimento de uma ferramenta a qual permita avaliar as
alternativas geradas na etapa conceitual, tendo como base critérios pertinentes ao
âmbito da inovação.
O próximo capítulo descreve o processo de desenvolvimento da ferramenta, os
parâmetros utilizados, bem como o modo como a equipe de projeto deve proceder ao
fazer uso da ferramenta proposta.
Capítulo 3 Processo de Desenvolvimento da Ferramenta API_PC 79
3 PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DA FERRAMENTA API_PC
Este capítulo visa abordar o processo adotado para o desenvolvimento da
ferramenta API_PC – Ferramenta de Avaliação do Potencial de Inovação no Projeto
Conceitual, os critérios utilizados e as ponderações estabelecidas para o
funcionamento da mesma.
A estruturação partiu de um modelo baseado na constatação de uma realidade
(dificuldade de avaliação das alternativas no projeto conceitual sob o ponto de vista
da inovação). Foi então estabelecido o modo como este modelo seria desenvolvido
(a partir da definição e pontuação dos critérios e subcritérios). Isto posto, a
ferramenta resultante deste processo deverá atender ao objetivo proposto pelo
modelo (avaliar, por meio da pontuação dos critérios e subcritérios, o potencial
inovador das alternativas de um determinado espaço solução proposto).
A Figura 3.1 representa graficamente este processo.
Figura 3.1 – Representação gráfica do estudo proposto
Capítulo 3 Processo de Desenvolvimento da Ferramenta API_PC 80
3.1 Premissas para Aplicação da Ferramenta
O processo de geração de alternativas consiste numa etapa dinâmica dentro
do processo de desenvolvimento de produtos. Existem muitas formas de materializar
as idéias concebidas na geração de conceitos. Conforme descrito na seção 2.5.2
“(...) as idéias podem ser apresentadas na forma de um desenho de apresentação
(...)” ou ainda a solução preliminar pode ser concebida através da “abstração dos
principais problemas, da formação de estruturas funcionais, da procura de princípios
de trabalho adequados e sua combinação”. Do mesmo modo, a seção 2.6 aponta
que no projeto conceitual “(...) a concepção selecionada é uma descrição
aproximada das tecnologias, princípios de funcionamento e proposta formal do
produto em questão. Pode ser expressa por meio de um esquema ou modelo
tridimensional que possa fornecer subsídios para o entendimento da proposta
selecionada”.
Deste modo, através do instrumento de coleta dados, buscou-se identificar a
configuração mais apropriada para que as alternativas pudessem passar por um
processo de avaliação. Ou seja, para que a ferramenta possa ser aplicada, as
alternativas devem obedecer algumas premissas. São elas:
1. As alternativas geradas devem apresentar suas funções definidas para que
possam ser avaliadas;
2. A tecnologia de produção deve estar estruturada de modo a identificar as
restrições e limitações impostas pelo processo produtivo;
3. A forma final do produto ainda não necessita estar completamente definida
(conforme levantado na pesquisa de campo). Entretanto, a semântica do produto
deve estar bem entendida pela equipe de projeto. Ou seja, o que o produto deve
comunicar e que elementos formais poderão contribuir para uma melhor
comunicação e um melhor entendimento da mensagem que este produto visa
passar;
4. No instrumento de coleta de dados, verificou-se que o meio mais usual para
apresentação das alternativas é através de uma perspectiva em ambiente CAD 3D
ou uma perspectiva em traço, feita à mão com indicações de detalhes no próprio
desenho. O nível de detalhamento deste desenho deve ser superficial, uma vez que
Capítulo 3 Processo de Desenvolvimento da Ferramenta API_PC 81
visa transmitir as idéias principais, sem ater-se a detalhes muito técnicos (e.g.
definição de sistemas de encaixes, detalhamento de todos os componentes internos,
entre outros). Vale ressaltar que para a aplicação da ferramenta as alternativas
podem apresentar outras formas de representação (e.g. desenho em vistas,
ilustração executada à mão). O que deve estar bem claro para a equipe de projeto é
que todas as alternativas submetidas à ferramenta deverão possuir o mesmo nível
de detalhamento e de representação.
Do mesmo modo, é importante que a equipe de projeto esteja ciente do
momento da etapa conceitual em que a ferramenta será aplicada. Conforme
descrito na seção 2.6.4, é no momento de selecionar a alternativa que a ferramenta
proposta deverá ser aplicada, conforme ilustra a Figura 3.2.
Figura 3.2 – Ocasião de uso da ferramenta
3.2 Avaliação Global de cada Critério
A partir da avaliação global de cada critério, obtida na questão quatro do
instrumento de pesquisa, buscou-se identificar qual critério obteve maior pontuação.
Capítulo 3 Processo de Desenvolvimento da Ferramenta API_PC 82
Para tanto, somou-se a pontuação dada por cada entrevistado (observando a escala
de um a cinco apresentada na seção 2.9.1, de modo a obter uma pontuação total.
Feito isso, obteve-se a média de cada critério, conforme apresentado na Tabela 3.1.
Tabela 3.1 – Média dos critérios globais.
4. A partir dos critérios apresentados abaixo
identifique qual o seu nível de relevância no processo
de seleção de alternativas, no projeto conceitual.
Total (ver
Tabela
2.23)
Média
Forma 32 4,000
Função 37 4,625
Manufatura 34 4,250
Tecnologia 31 3,875
Transporte 22 2,750
Ergonomia 28 3,500
A pontuação máxima que cada critério poderia ter obtido seria 40
(considerando oito entrevistados e cinco o valor máximo da escala proposta).
Observou-se que o critério Função obteve a maior pontuação, conforme já analisado
na seção 2.10.
3.3 Avaliação dos Critérios e seus Desmembramentos
Tendo em vista a observação dos critérios globais, a etapa seguinte consistiu
no desmembramento destes critérios em subcritérios, tendo como foco o quesito
inovação. Os subcritérios têm como ponto de partida a análise reversa feita na seção
2.8 a qual buscou identificar, em produtos já existentes, pontos comuns que os
caracterizaram como produtos inovadores. A identificação destes pontos em comum
é que permitiu um primeiro desmembramento de critérios globais em subcritérios.
Desta forma, foi possível estabelecer condições para a identificação destes
subcritérios nos produtos analisados, conforme observado na Tabela 2.16 , com a
identificação das condições e na Tabela 2.17, na qual é feita uma matriz de
avaliação.
Capítulo 3 Processo de Desenvolvimento da Ferramenta API_PC 83
A partir do desmembramento observado na questão cinco do instrumento de
pesquisa, foi possível identificar como os profissionais entrevistados pontuam cada
subcritério no processo de seleção de alternativas quando o foco é inovação. Para
tanto, foi obtida a média de cada subcritério e peso que este tem em relação ao
critério global.
Para determinar o peso, foi feito o seguinte cálculo, conforme a Equação 3.1.
pontuação do subcritério
Peso
subcritério
=
pontuação total do critério
Eq. 3.1
Desta forma, foi possível obter uma pontuação na qual a soma dos pesos dos
subcritérios fosse igual ao número inteiro um. A Tabela 3.2 apresenta os
resultados obtidos.
Assim sendo, como exemplo tem-se que para o subcritério
a.1 do critério
Forma, o peso de 0,291 foi obtido pela divisão de 30 (pontuação do subcritério a.1)
por 103 (soma de todos os subcritérios do critério
Forma).
Capítulo 3 Processo de Desenvolvimento da Ferramenta API_PC 84
Tabela 3.2 – Médias e pesos dos subcritérios
Total (ver
Tabela 2.24)
Média Peso
a.1
Forma
: a alternativa se diferencia
significativamente dos demais produtos
existentes.
30 3,750 0,291
a.2
Forma
: a alternativa apresenta alguma
característica que a torne peculiar (ex. uso de
elementos culturais, analogia com elementos
da natureza, outros).
26 3,250 0,252
a.3
Forma
: a alternativa apresenta algum nível
de personalização (cores, composições,
texturas).
22 2,750 0,214
a.4
Forma
: a alternativa é modular podendo estar
prevista a adição de novos componentes em
edições posteriores do produto.
25 3,125 0,243
103 3,219
1,00
b.1
Função
: a alternativa implementa alguma
função completamente nova.
34 4,250 0,347
b.2
Função
: a alternativa implementa funções
adicionais, inexistentes nos produtos
similares.
34 4,250 0,347
b.3
Função
: a alternativa implementa a mesma
função que os produtos similares, mas de um
modo significativamente diferente.
30 3,750 0,306
98
4,083
1,000
ERGONOMIA
c.1
Ergonomia:
a alternativa possui uma
concepção ergonômica diferenciada das
concepções existentes.
25 3,125 1,000
Total 25 3
,
125 1
,
000
d.1
Manufatura
: a alternativa visa simplificar ou
melhorar significativamente o processo de
manufatura do futuro produto.
29 3,625 0,367
d.2
Manufatura
: a alternativa prevê o emprego
de um material novo, jamais utilizado antes.
25 3,125 0,316
d.3
Manufatura
: a alternativa prevê o emprego
de um material conhecido, mas jamais
utilizado para o fim proposto.
25 3,125 0,316
79
3,292
1,000
TECNOLOGIA
e.1
Tecnologia
: a alternativa possui algum
atributo tecnológico que a diferencia dos
produtos similares.
29 3,625 1,000
29 3,625 1,000
f.1
Transporte
: a alternativa apresenta um novo
modo de acondicionar o produto em relação
aos similares.
24 3,000 0,338
f.2
Transporte
: a alternativa apresenta um novo
modo de transportar o produto em relação
aos similares.
22 2,750 0,310
f.3
Transporte
: a alternativa apresenta um novo
modo de distribuir o produto em relação aos
similares.
25 3,125 0,352
71
2,958
1,000
FORMA
5. Qual a relevância destes critérios quando o
foco, no processo de seleção de alternativas
no projeto conceitual passa a ser inovação.
Total
Total
TRANSPORTE
Total
MANUFATURA
Total
FUNÇÃO
Total
Após definir o peso de cada subcritério, fez-se uma análise comparativa entre
as médias, com o critério analisado de modo global (questão quatro do questionário)
e desmembrado em subcritérios (questão cinco do questionário).
Ao analisar este comparativo, percebeu-se que o critério
Função apresenta a
maior pontuação em ambos os casos. O mesmo sucede com o critério
Transporte, o
qual apresentou a menor pontuação. Ao verificar o peso dos critérios, observando a
média dos critérios globais, tem-se a seguinte distribuição: i) Função; ii) Manufatura;
iii) Forma; iv) Tecnologia; v) Ergonomia e vi) Transporte.
Capítulo 3 Processo de Desenvolvimento da Ferramenta API_PC 85
Seguindo o mesmo raciocínio, ao verificar o peso dos critérios e observando a
média dos critérios desmembrados, tem-se a seguinte distribuição: i) Função; ii)
Tecnologia; iii) Manufatura; iv) Forma; v) Ergonomia; e vi) Transporte.
Deste modo, optou-se por obter uma média geral a partir da média dos critérios
globais e da média dos critérios desmembrados. A Tabela 3.3 apresenta o
comparativo entre as médias.
Tabela 3.3 – Comparativo entre as médias.
CRITÉRIOS
Média critérios
globais (Tabela
3.1)
Média
Desmembramento
dos critérios
(Tabela 3.2)
Média Geral
Peso total do
critério
Forma
4,000
3,219
3,609 0,167
Função
4,625
4,083
4,354 0,201
Er
g
onomia
3,500
3,125
3,313 0,153
Manufatura
4,250
3,292
3,771 0,174
Tecnologia
3,875
3,625
3,750 0,173
Transporte
2,750
2,958
2,854 0,132
21,651 1,000
Total
Ao obter esta nova média, foi possível determinar o peso total de cada critério,
de modo que soma destes valores resultasse no número inteiro um. A determinação
deste peso foi dada pela fórmula da Equação 3.2.
Média Geral do Critério
Peso
Total do Critério
=
Médias Gerais
Eq. 3.2
A partir dos pesos dos subcritérios, conforme apresentado na Tabela 3.2 e
do Peso Total do Critério, conforme Tabela 3.3, foi possível obter o
Peso do
Subcritério em Relação ao Peso Total do Critério, a partir da seguinte Equação 3.3
Peso do Subcritério
Peso
Subcritério em Relação
=
ao Peso Total do Critério
Peso Total do Critério
Eq. 3.3
Capítulo 3 Processo de Desenvolvimento da Ferramenta API_PC 86
Com base nas comparações e análises efetuadas a partir das informações
levantadas no instrumento de coleta de dados foi possível estabelecer pesos e
pontuações os quais servirão de base para a elaboração da ferramenta proposta.
A Tabela 3.4 apresenta os resultados obtidos.
Tabela 3.4 – Pesos e pontuações dos critérios
CRITÉRIO
SUBCRITÉRIO
Peso do
subcritério
Peso total do
critério
Peso de cada
subcritério em relação
ao peso total do critério
Forma: a alternativa se diferencia significativamente
dos demais produtos existentes.
0,291 0,049
Forma
: a alternativa apresenta alguma característica
que a torne peculiar (ex. uso de elementos culturais,
analogia com elementos da natureza, outros).
0,252 0,042
Forma
: a alternativa apresenta algum nível de
personalização (cores, composições, texturas).
0,214 0,036
Forma
: a alternativa é modular podendo estar
prevista a adição de novos componentes em edições
posteriores do produto.
0,243 0,040
1,000 0,167
Função: a alternativa implementa alguma função
completamente nova.
0,347 0,070
Função
: a alternativa implementa funções
adicionais, inexistentes nos produtos similares.
0,347 0,070
Função: a alternativa implementa a mesma função
que os produtos similares, mas de um modo
significativamente diferente.
0,306 0,062
1,000 0,201
ERGONOMIA
Ergonomia: a alternativa possui uma concepção
ergonômica diferenciada das concepções existentes.
1,000 0,153 0,153
Total 1,000 0,153
Manufatura: a alternativa visa simplificar ou
melhorar significativamente o processo de
manufatura do futuro produto.
0,367 0,064
Manufatura
: a alternativa prevê o emprego de um
material novo, jamais utilizado antes.
0,316 0,055
Manufatura
: a alternativa prevê o emprego de um
material conhecido, mas jamais utilizado para o fim
proposto.
0,316 0,055
1,000 0,174
TECNOLOGIA
Tecnologia
: a alternativa possui algum atributo
tecnológico que a diferencia dos produtos similares.
1,000 0,173 0,173
1,000 0,173
Transporte
: a alternativa apresenta um novo modo
de acondicionar o produto em relação aos similares.
0,338 0,045
Transporte
: a alternativa apresenta um novo modo
de transportar o produto em relação aos similares.
0,310 0,041
Transporte: a alternativa apresenta um novo modo
de distribuir o produto em relação aos similares.
0,352 0,046
1,000 0,132
1,000 1,000
Total
0,174
0,132
MANUFATURA
TRANSPORTE
Total
Total
Total
SOMA DOS PESOS DOS CRITÉRIOS
0,167
0,201
FORMA
Total
FUNÇÃO
Capítulo 3 Processo de Desenvolvimento da Ferramenta API_PC 87
3.4 Plataforma da Ferramenta
Este tópico visa apresentar o layout e a plataforma na qual a ferramenta
proposta foi estruturada.
A partir da configuração apresentada na Tabela 3.4, foi montada e diagramada
a ferramenta que este estudo visa apresentar.
A ferramenta foi estruturada em uma planilha de cálculo Microsoft® Office
Excel™. Nesta planilha, os critérios, num total de seis foram colocados na primeira
coluna.
Os critérios foram desmembrados em subcritérios, os quais receberam uma
identificação composta por duas letras seguida de um número, ficando a distribuição
da seguinte maneira:
Critério Ergonomia – dividido em um subcritério (Eg1).
Critério Forma – dividido em quatro subcritérios (Fr1, Fr2, Fr3. Fr4).
Critério Função – dividido em três subcritérios (Fn1, Fn2, Fn3).
Critério Manufatura – dividido em três subcritérios (Mn1, Mn2, Mn3, Mn4).
Critério Tecnologia – dividido em um subcritério (Tc1).
Critério Transporte – dividido em três subcritérios (Tr1, Tr2, Tr3).
Cada critério desmembrado apresenta, juntamente com a sigla, uma breve
descrição a qual servirá de base para o projetista no momento da aplicação da
ferramenta.
No lado direito estão dispostas as concepções, sob a denominação de C1, C2,
C3, Cn, conforme a quantidade de alternativas geradas para avaliação.
A Figura 3.3 apresenta o layout da ferramenta proposta.
Capítulo 3 Processo de Desenvolvimento da Ferramenta API_PC 88
1
2
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
AB C D E F
C1 C2 C3
CRITÉRIO
SIGLA
SUBCRITÉRIO X X X
ERGONOMIA
Eg1
Ergonomia:
a alternativa possui uma concepção
ergonômica diferenciada das concepções existentes.
Fr1
Forma
: a alternativa se diferencia significativamente dos
demais produtos existentes.
Fr2
Forma: a alternativa apresenta alguma característica que
a torne peculiar (ex. uso de elementos culturais, analogia
com elementos da natureza, outros).
Fr3
Forma: a alternativa apresenta algum nível de
personalização (cores, composições, texturas).
Fr4
Forma
: a alternativa é modular podendo estar prevista a
adição de novos componentes em edições posteriores do
produto.
Fn1
Função: a alternativa implementa alguma função
completamente nova.
Fn2
Função: a alternativa implementa funções adicionais,
inexistentes nos produtos similares.
Fn3
Função
: a alternativa implementa a mesma função que
os produtos similares, mas de um modo
significativamente diferente.
Mn1
Manufatura: a alternativa visa simplificar ou melhorar
significativamente o processo de manufatura do futuro
produto.
Mn2
Manufatura
: a alternativa prevê o emprego de um
material novo, jamais utilizado antes.
Mn3
Manufatura: a alternativa prevê o emprego de um
material conhecido, mas jamais utilizado para o fim
proposto.
TECNOLOGIA
Tc1
Tecnologia
: a alternativa possui algum atributo
tecnológico que a diferencia dos produtos similares.
Tr1
Transporte
: a alternativa apresenta um novo modo de
acondicionar o produto em relação aos similares.
Tr2
Transporte: a alternativa apresenta um novo modo de
transportar o produto em relação aos similares.
Tr3
Transporte
: a alternativa apresenta um novo modo de
distribuir o produto em relação aos similares.
FERRAMENTA PARA SELEÇÃO DE ALTERNATIVAS
CONCEITOS
FORMAFUNÇÃO
MANUFATURA
TRANSPORTE
Figura 3.3 – Layout da ferramenta API_PC
Capítulo 3 Processo de Desenvolvimento da Ferramenta API_PC 89
Com o intuito de não induzir o projetista no momento da avaliação a privilegiar
determinados critérios e/ou subcritérios, os pesos e pontuações não estarão
disponíveis no momento da aplicação da ferramenta. Apenas o resultado final estará
disponível em uma outra planilha vinculada à planilha de aplicação da ferramenta.
Do mesmo, modo a distribuição dos critérios na ferramenta obedeceu a uma ordem
alfabética de apresentação. Vale ressaltar também que o fato de determinados
critérios possuírem um maior número de desmembramentos não significa que estes
possuam maior ou menor pontuação. A pontuação, bem como o peso dos
subcritérios está atrelada ao comparativo obtido no instrumento de coleta de dados,
conforme descrito na seção 3.3. Isto deve ficar claro para a equipe de projeto no
momento da aplicação da ferramenta, de modo a evitar interpretações equivocadas.
3.5 Uso da ferramenta API_PC
A ferramenta em questão tem por objetivo auxiliar a equipe de projeto no
processo de decisão quanto à alternativa que apresente maior potencial de se
converter em um produto inovador. Justamente por isso, a ferramenta deverá ser de
fácil compreensão e de fácil uso, além de possuir neutralidade durante a aplicação
de modo a não induzir a equipe de projeto a priorizar determinados conceitos em
função da sua pontuação. Com base nessas premissas, definiu-se que durante o
uso da ferramenta a pontuação, seja ela parcial (referente a cada conceito) ou total
não estará disponível à equipe. Somente após as considerações a respeito das
alternativas, bem como a avaliação das mesmas é que será disponibilizada a
pontuação. Esta pontuação será disponibilizada em uma outra planilha vinculada à
planilha que contém a ferramenta API_PC. Após a avaliação das alternativas, a
equipe de projeto poderá verificar a pontuação que cada alternativa obteve.
Quanto ao uso da ferramenta, a equipe de projeto deverá proceder da seguinte
maneira: a partir do contexto do projeto, bem como da apresentação da alternativa
em questão, a equipe deverá observar se aquela alternativa contempla o subcritério
descrito na ferramenta. Caso positivo deverá ser marcado um “x” no campo
correspondente. Caso negativo, deverá ser mantido o espaço em branco.
Capítulo 3 Processo de Desenvolvimento da Ferramenta API_PC 90
A partir de um espaço solução homogêneo, em nível de representação, no qual
as alternativas apresentem o mesmo grau de detalhamento, é possível realizar a
aplicação da ferramenta. O fluxograma apresentado na Figura 3.5 apresenta as
diretrizes a serem tomadas durante o uso da ferramenta.
À medida em que os espaços forem preenchidos, será somada a pontuação
referente ao peso do subcritério contemplado, de modo que ao final tenham-se
valores numéricos que indiquem a alternativa com maior potencial inovador. A Figura
3.4 apresenta, nas primeiras linhas a pontuação total e parcial de cada alternativa.
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
AB C D E F
C1 C2 C3
0,153 0,153 0,153
0,167 0,167 0,167
0,201 0,201 0,201
0,174 0,174 0,174
0,173 0,173 0,173
0,132 0,132 0,132
1,000 1,000 1,000
CRITÉRIO
SIGLA
SUBCRITÉRIO X X X
ERGONOMIA
Eg1
Ergonomia: a alternativa possui uma concepção
ergonômica diferenciada das concepções existentes.
XXX
Fr1
Forma: a alternativa se diferencia significativamente dos
demais produtos existentes.
XXX
Forma: a alternativa apresenta alguma característica que
FERRAMENTA PARA SELEÇÃO DE ALTERNATIVAS
CONCEITOS
Ergonomia
Forma
Função
Manufatura
Tecnologia
Transporte
Soma dos pesos dos critérios
Fr2
a torne peculiar (ex. uso de elementos culturais, analogia
com elementos da natureza, outros).
XXX
Fr3
Forma: a alternativa apresenta algum nível de
personalização (cores, composições, texturas).
XXX
Fr4
Forma: a alternativa é modular podendo estar prevista a
adição de novos componentes em edições posteriores do
produto.
XXX
Fn1
Função: a alternativa implementa alguma função
completamente nova.
XXX
Fn2
Função: a alternativa implementa funções adicionais,
inexistentes nos produtos similares.
XXX
Fn3
Função: a alternativa implementa a mesma função que
os produtos similares, mas de um modo
significativamente diferente.
XXX
Mn1
Manufatura: a alternativa visa simplificar ou melhorar
significativamente o processo de manufatura do futuro
produto.
XXX
Mn2
Manufatura: a alternativa prevê o emprego de um
material novo, jamais utilizado antes.
XXX
Mn3
Manufatura: a alternativa prevê o emprego de um
material conhecido, mas jamais utilizado para o fim
proposto.
XXX
TECNOLOGIA
Tc1
Tecnologia: a alternativa possui algum atributo
tecnológico que a diferencia dos produtos similares.
XXX
Tr1
Transporte: a alternativa apresenta um novo modo de
acondicionar o produto em relação aos similares.
XXX
Tr2
Transporte: a alternativa apresenta um novo modo de
transportar o produto em relação aos similares.
XXX
Tr3
Transporte: a alternativa apresenta um novo modo de
distribuir o produto em relação aos similares.
XXX
FORMAFUNÇÃO
MANUFATURA
TRANSPORTE
Figura 3.4 – Layout contendo as pontuações da ferramenta API_PC
Capítulo 3 Processo de Desenvolvimento da Ferramenta API_PC 91
Figura 3.5 – Diretrizes para uso da ferramenta API_PC
Capítulo 3 Processo de Desenvolvimento da Ferramenta API_PC 92
A partir das diretrizes fixadas no fluxograma, é possível identificar alguns casos
especiais que podem ocorrer durante o uso da ferramenta. O tópico seguinte
abordará estes casos bem como direcionará as medidas a serem tomadas na
ocorrência dos mesmos.
3.6 Casos Especiais
A ferramenta permite a avaliação total, a partir da soma dos pesos dos
subcritérios, bem como uma avaliação parcial, na qual é possível identificar a
pontuação total de cada critério separadamente. Entretanto, em algumas
circunstâncias podem ocorrer situações nas quais seja necessário recorrer ao uso
de outras ferramentas para obter um resultado final. Vale salientar que a ferramenta
proposta não é excludente. Ou seja, o seu uso não inviabiliza o uso de outras
ferramentas de projeto que podem vir a complementar os resultados obtidos a partir
da ferramenta proposta.
3.6.1 Nenhuma célula é preenchida
Neste caso, é indicado que a equipe de projeto interrompa o processo de
seleção de alternativas e retorne à fase de geração das mesmas. Esta constatação
prova que as alternativas existentes no espaço solução em questão
não apresentam
critérios que as contemplem como inovadoras. A partir do momento em que esta
constatação é realizada na etapa conceitual, torna-se possível à equipe de projeto
uma pré-avaliação do grau de inovação que as alternativas geradas apresentam.
Neste caso, impediu-se que alternativas sem potencial inovador fossem levadas
para uma fase posterior do processo de projeto. Quanto mais tempo a equipe de
projeto levar para ter esta percepção, maior terá sido o gasto desembolsado no
desenvolvimento do mesmo. Sendo assim, a ferramenta proposta direciona a equipe
de projeto a interromper o processo nas fases iniciais e voltar à geração de
alternativas para que, numa aplicação posterior a ferramenta possa indicar a
alternativa potencialmente inovadora.
Capítulo 3 Processo de Desenvolvimento da Ferramenta API_PC 93
3.6.2 Todas as células são preenchidas em todas as alternativas
Neste caso, a ferramenta contribuiu para consolidar que todas as alternativas
do espaço solução apresentam potencial inovador. Sendo assim, o próximo passo
será submeter estas alternativas a uma outra ferramenta de projeto (e.g. matriz de
avaliação absoluta, matriz de avaliação relativa, conforme descrito na seção 2.6.4 ).
Conforme já mencionado na seção 3.6, o uso de outra ferramenta na
complementação dos resultados não deprecia a ferramenta em questão, uma vez
que a mesma não é excludente. Neste caso, a ferramenta proposta indica que, no
âmbito da inovação, todas as alternativas apresentam potencial inovador. Quando
estas alternativas forem submetidas à outras ferramentas, o requisito inovação já
terá sido avaliado.
3.6.3 Empate entre alternativas com o preenchimento das mesmas células
Neste caso, a ferramenta indicou que existe
mais de uma alternativa do espaço
solução com potencial inovador.
A recomendação dada então é a mesma do tópico anterior: submeter as
alternativas empatadas a uma outra ferramenta de projeto (e.g. matriz de avaliação
absoluta, matriz de avaliação relativa).
3.6.4 Empate entre alternativas com o preenchimento de diferentes células
Neste caso, se a soma dos pesos apresentar o
mesmo valor para duas ou mais
alternativas, recomenda-se a observação da pontuação parcial dos critérios. A
alternativa que apresentar maior pontuação no critério de maior peso será a
selecionada.
Se ainda assim houver empate, deve-se observar o segundo critério de maior
peso e avaliar a pontuação parcial que esta alternativa teve neste critério.
Não havendo ainda assim desempate parte-se para o terceiro critério de maior
peso e assim sucessivamente, de modo a obter uma alternativa selecionada.
Capítulo 3 Processo de Desenvolvimento da Ferramenta API_PC 94
3.6.5 Não preenchimento das células de um ou mais critérios
Neste caso pode-se considerar dois aspectos:
1. O critério não apresenta relevância significativa dentro do contexto do
projeto em questão. Portanto, o não preenchimento das suas células não acarretará
em prejuízo para a avaliação;
2. Se o critério não preenchido estiver claramente presente nas
especificações de projeto, a equipe deverá rever as alternativas geradas de modo a
endereçar aspectos deste critério no processo de geração de alternativas. Ou seja, o
conjunto solução desconsiderou um aspecto importante das especificações do
projeto.
3.6.6 Preenchimento das células de apenas um critério
A equipe deverá verificar, nas especificações de projeto, a inexistência de
menções aos demais critérios abordados na ferramenta. Caso positivo dá-se
seqüência ao processo de seleção. Caso negativo, a equipe deverá interromper o
processo e rever as alternativas geradas.
3.7 Aplicação Descritiva
Com o intuito de verificar o comportamento da ferramenta numa situação de
projeto, foi proposta uma aplicação preliminar realizada com um produto
desenvolvido e apresentado no I Criação Paraná, em 2002. O objetivo do Programa
Criação Paraná era o de difundir, entre as indústrias do Paraná, o design como uma
ferramenta de inovação, através da qual se pudesse criar produtos competitivos e de
valor agregado (Centro de Design do Paraná, 2002). Outro quesito era o de
despertar, no empresário local, a necessidade por buscar opções diferenciadas de
produtos que atendessem a um mercado consumidor cada vez mais exigente e
mutante.
Capítulo 3 Processo de Desenvolvimento da Ferramenta API_PC 95
O produto selecionado foi o aparelho amplificador portátil para deficientes
auditivos “Bio Amp”. Este produto surgiu através da identificação da dificuldade de
acesso dos deficientes auditivos aos aparelhos amplificadores portáteis, quer seja
por seu alto custo, quer seja por seu aspecto estético remeter ao de um produto
médico. A partir desta constatação, o produto deveria satisfazer as seguintes
exigências:
1. Ser um amplificador portátil de boa qualidade, cuja forma remeta ao apelo
visual dos aparelhos de som portáteis;
2. Ser acessível ao deficiente visual, independente do poder aquisitivo;
3. Utilizar tecnologia existente e acessível. No caso o processo de fabricação
do produto será injeção em molde bipartido e o material ABS;
4. Permitir altas tiragens do produto;
5. Possuir dimensões compatíveis, de modo a ser de fácil transporte.
Devido ao fato de ser um produto especificamente da área médica, a Figura 3.6
apresenta alguns dos produtos existentes no mercado para que se possa assimilar
melhor as especificações de projeto e os diferenciais que o novo produto deverá
abranger.
Figura 3.6 – Produtos concorrentes
A partir da identificação da oportunidade e da definição das características que
o produto deverá ter, a equipe de projeto desenvolveu três concepções que são
apresentadas na Tabela 3.5. A representação gráfica das alternativas foi feita por
meio de um desenho em perspectiva feito à mão, com as especificações dos
detalhes feitas no próprio desenho.
Capítulo 3 Processo de Desenvolvimento da Ferramenta API_PC 96
Tabela 3.5 – Descrição e parâmetros de produto “Bio Amp”
Fonte: (adaptado do catálogo do CENTRO DE DESIGN DO PARANÁ, 2002)
Alternativas Características
Alternativa 01
Forma orgânica e visualmente “limpa”;
Possibilidade de acabamento diferenciado
em detalhes (ex. metalização - galvanoplastia);
Bateria solar;
Sistema de montagem através de parafuso;
Fácil acesso ao botão de regulagem do
volume (na lateral do produto);
Espaço para os led de liga/ desliga;
Espaço para o led de nível da bateria.
Alternativa 02
Forma orgânica e visualmente “limpa”;
Compartimento destinado a guardar os
fones de ouvido (na parte posterior do produto);
Bateria solar;
Opções de cores;
Sistema de montagem através de snap fit;;
Fácil acesso ao botão de regulagem do
volume (na parte frontal do produto);
Espaço para os led de liga/ desliga;
Espaço para o led de nível da bateria.
Alternativa 03
Forma orgânica e visualmente “limpa”;
Fácil acesso ao botão de regulagem do
volume (na lateral do produto);
Sistema de montagem através de snap fit;;
Opções de cores;
Espaço para os led de liga/ desliga;
Espaço para o led de nível da bateria;
Tampa frontal rebatível, o que possibilita o
produto ser apoiado em uma superfície (ex.
tampo de uma mesa);
Compartimento destinado a guardar os
fones de ouvido.
Com o detalhamento contido na Tabela 3.5. observa-se que as alternativas
atendem às premissas levantadas na seção 3.1: i) as alternativas apresentam as
funções definidas; ii) a tecnologia de produção está estruturada; iii) a linguagem do
produto está definida; e iv) homogeneidade no nível de representação das
alternativas. Portanto, podem ser submetidas ao processo de avaliação com foco na
inovação, conforme apresentado na Tabela 3.6.
Capítulo 3 Processo de Desenvolvimento da Ferramenta API_PC 97
Tabela 3.6 – Bio Amp: aplicação da ferramenta API_PC
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
AB C D E F
C1 C2 C3
0,000 0,000 0,000
0,084 0,084 0,084
0,000 0,070 0,070
0,055 0,064 0,064
0,173 0,173 0,000
0,000 0,045 0,000
0,312 0,436 0,218
CRITÉRIO
SIGLA
SUBCRITÉRIO X X X
ERGONOMIA
Eg1
Ergonomia: a alternativa possui uma concepção
ergonômica diferenciada das concepções existentes.
Fr1
Forma: a alternativa se diferencia significativamente dos
demais produtos existentes.
XXX
Fr2
Forma
: a alternativa apresenta alguma característica que
a torne peculiar (ex. uso de elementos culturais, analogia
com elementos da natureza, outros).
Fr3
Forma
: a alternativa apresenta algum nível de
personalização (cores, composições, texturas).
XXX
Fr4
Forma: a alternativa é modular podendo estar prevista a
adição de novos componentes em edições posteriores do
produto.
Fn1
Função: a alternativa implementa alguma função
completamente nova.
Fn2
Função: a alternativa implementa funções adicionais,
inexistentes nos produtos similares.
XX
Fn3
Função: a alternativa implementa a mesma função que
os produtos similares, mas de um modo
significativamente diferente.
Mn1
Manufatura: a alternativa visa simplificar ou melhorar
significativamente o processo de manufatura do futuro
produto.
XX
Mn2
Manufatura: a alternativa prevê o emprego de um
material novo, jamais utilizado antes.
Mn3
Manufatura
: a alternativa prevê o emprego de um
material conhecido, mas jamais utilizado para o fim
proposto.
X
TECNOLOGIA
Tc1
Tecnologia
: a alternativa possui algum atributo
tecnológico que a diferencia dos produtos similares.
XX
Tr1
Transporte: a alternativa apresenta um novo modo de
acondicionar o produto em relação aos similares.
X
Tr2
Transporte: a alternativa apresenta um novo modo de
transportar o produto em relação aos similares.
Tr3
Transporte: a alternativa apresenta um novo modo de
distribuir o produto em relação aos similares.
FERRAMENTA PARA SELEÇÃO DE ALTERNATIVAS
CONCEITOS
FORMA
Ergonomia
Forma
Função
Manufatura
Tecnologia
Transporte
FUNÇÃO
MANUFATURA
TRANSPORTE
Soma dos pesos dos critérios
Capítulo 3 Processo de Desenvolvimento da Ferramenta API_PC 98
3.7.1 Avaliação das alternativas
A partir das especificações propostas, foram feitas ponderações para as
alternativas com base nos critérios e subcritérios orientados pela ferramenta. Essas
ponderações não foram obtidas a partir da comparação entre alternativas, mas sim,
pela constatação se a alternativa em questão contempla ou não determinado critério.
No critério
Ergonomia, nenhuma das alternativas apresentou uma concepção
ergonômica que as diferencie das concepções existentes. Isso não significa que as
alternativas não sejam ergonomicamente adequadas. Mas, no contexto de inovação,
estas não apresentam novidade.
No critério
Forma, as três alternativas apresentaram uma significativa
diferenciação dos produtos existentes. Para tanto, deixaram de ter o aspecto de um
produto voltado para a área médica e passaram a remeter à idéia de um produto de
lazer (aparelhos de som portáteis). Houve então significativa agregação de valor,
satisfazendo uma exigência do próprio público-alvo. Ainda no critério
Forma, em
todas as alternativas foi prevista alguma diferenciação sob o ponto de vista da opção
de cor e acabamento. Na Alternativa 01, manteve-se a cor branca comum aos
aparelhos médicos, mas com detalhes de acabamento com efeito metálico. As
Alternativas 02 e 03 previram o uso de pigmento no ABS, podendo oferecer modelos
coloridos. Nesse caso, pode-se indicar alguma tendência de cores e direcionar o
aparelho a grupos distintos, alterando apenas a cor do produto final: adolescentes,
jovens, homens, mulheres.
No critério
Função as Alternativas 02 e 03 apresentaram elementos que
incorporaram ao produto novas funções, como o espaço destinado aos fones de
ouvido, implementando assim a função de acondicionamento. A Alternativa 03, além
de implementar esta função, também possui a opção de suporte ao produto quando
este estiver assentado em uma superfície plana. Esta função é implementada
através da tampa frontal que, quando rebatida, serve de apoio ao aparelho.
No critério
Manufatura, a Alternativa 01 apresentou o uso do processo de
galvanoplastia em partes da peça. O ABS é o único material plástico passível de
cromação em escala industrial. Com isso, a alternativa apresentou dois
acabamentos diferentes em um mesmo material. As Alternativas 02 e 03
Capítulo 3 Processo de Desenvolvimento da Ferramenta API_PC 99
apresentaram sistemas de encaixe do tipo snap fit, o que simplifica o processo de
produção e montagem do produto.
No critério
Tecnologia, as Alternativas 01 e 02 apresentaram o uso de baterias
recarregadas com energia solar, o que as tornou diferenciadas em relação à forma
de energia freqüentemente empregada.
No critério
Transporte, a Alternativa 03 apresentou um novo modo de
acondicionar/ expor o produto através do rebatimento da tampa frontal que serve de
apoio para o produto. De acordo com a pontuação determinada pela ferramenta, a
qual encontra-se na Tabela 3.6, a Alternativa 02 seria, dentre as alternativas
geradas, a que possui maior potencial inovador, pois atendeu melhor aos critérios
relacionados na ferramenta.
3.8 Considerações Finais
A partir do desenvolvimento do modelo buscou-se mapear os critérios
referentes à inovação bem como desmembrá-los em subcritérios para posterior
pontuação. Foi possível definir premissas que as alternativas deverão obedecer para
aplicação da ferramenta, bem como estruturar e aplicar a ferramenta proposta. A
partir de uma aplicação preliminar, foi possível perceber como a ferramenta avalia e
direciona para a alternativa com maior potencial inovador. A ferramenta em questão
auxiliou, durante o processo de avaliação e seleção das alternativas, a mapear os
critérios referentes à inovação bem como a ponderá-los, selecionando, de modo
sistemático e documentado, a alternativa cujas características estejam no âmbito da
inovação. O não preenchimento de determinado critério, no caso
Ergonomia, não
descaracterizou as alternativas geradas como potencialmente inovadoras. Do
mesmo modo, o fato de determinadas células terem permanecido em branco não
desqualificou as alternativas, conforme citado na seção 3.6.5. Após a aplicação da
ferramenta, foi possível observar quais foram os pontos fortes e pontos fracos de
cada alternativa e como estes pontos fortes tiveram peso no processo de avaliação e
seleção das mesmas.
Capítulo 4 Aplicação da Ferramenta API_PC 100
4 APLICAÇÃO DA FERRAMENTA API_PC
Neste capítulo, será apresentada a aplicação da ferramenta API_PC dentro de
um cenário específico, através de um experimento aplicado a projetistas. O objetivo
principal foi verificar como a ferramenta se comporta diante de uma situação de
projeto, com profissionais da área de desenvolvimento de produtos. Além disso, teve
também o intuito de capturar as percepções destes profissionais quanto ao uso de
uma ferramenta que possibilite sistematizar o processo de desenvolvimento de
produtos e auxiliar a equipe de projeto quanto à seleção de alternativas no projeto
conceitual, sendo o foco a inovação.
4.1 Realização do Experimento
O experimento em questão ocorreu dia 28 de junho de 2008, nas
dependências da UTFPR, nos laboratórios do CITEC (Centro de Inovação
Tecnológica). O experimento teve início às 8:30 e término às 12:00.
Para a realização do mesmo, foram chamadas 14 pessoas, sendo dez
profissionais com experiência em desenvolvimento de produtos e quatro estudantes
universitários da área de design. Entretanto, participaram efetivamente nove
pessoas, sendo seis profissionais e três estudantes. Cinco profissionais não
puderam participar do experimento devido à compromissos profissionais que
surgiram na véspera do experimento.
O experimento ocorreu em ambiente controlado, no qual foi proposta uma
situação de projeto, com cenário definido e com alternativas já concebidas. O
experimento consistiu então na avaliação destas alternativas, em função dos
requisitos pré-estabelecidos, bem como na seleção da alternativa que tivesse maior
potencial inovador.
Foi feita uma breve apresentação na qual foi salientado o objetivo do
experimento – seleção de alternativas na etapa conceitual, bem como a ênfase do
mesmo na inovação. Para que os grupos estivessem cientes do que seria
caracterizado como inovação, foi repassado o conceito apresentado na seção 2.8.1,
Capítulo 4 Aplicação da Ferramenta API_PC 101
no qual “inovação é um processo organizado e sistematizado, dentro do qual é
indispensável o emprego de critérios específicos, através dos quais se torne possível
o desenvolvimento de um produto significativamente novo ou diferenciado em
relação aos existentes e que corrobore na obtenção vantagens competitivas para a
empresa. Ou seja, a inovação não ocorre por acaso, mas é fruto de um intenso
processo de pesquisa e desenvolvimento direcionado e bem estruturado”. Esta
definição foi escrita em tiras de papel e distribuída a cada participante.
Do mesmo modo, durante a apresentação inicial, foi salientado em que etapa
do processo de desenvolvimento de produto encontra-se a etapa conceitual, bem
como, dentro do projeto conceitual, a etapa em que se encontra o objeto de estudo
do experimento. Deste modo, foi possível criar uma linguagem comum e homogênea
a todos os participantes.
4.1.1 Caracterização do cenário e das alternativas
Todos os grupos receberam um documento o qual continha o cenário do
projeto, com a descrição da empresa fabricante, as especificações de projeto e
quatro alternativas a nível conceitual, juntamente com uma breve descrição da cada
alternativa.
O cenário de projeto aplicado no experimento refere-se a um produto
desenvolvido para o I Criação Paraná, em 2002. A empresa fabricante neste caso
denominada de “Empresa ABC” trabalha com produtos da linha odontológica
(escova dental, fio dental, anti-sépticos e acessórios) desde 1985, sendo 100%
nacional. Seus produtos têm a aprovação pelo INMETRO e pela ABO (Associação
Brasileira de Odontologia). O projeto foi executado por um escritório de design,
presente há 25 anos no mercado desenvolvendo produtos para os mais variados
segmentos industriais. O escritório em questão já desenvolveu outros produtos da
linha odontológica para a empresa fabricante.
A cada ano, a “Empresa ABC” solidifica sua efetiva participação no segmento
de escovas, fios dentais e enxaguatórios, disponibilizando também a sua capacidade
técnica e operacional na produção de marcas próprias de grandes redes do setor
alimentar e fármaco, terceirização para multinacionais e licenciamento de marcas.
Capítulo 4 Aplicação da Ferramenta API_PC 102
O produto a ser desenvolvido trata-se de uma escova dental, cujo conceito é
o de um
produto de massa com aspecto de um objeto diferenciado e de valor
agregado.
A escova dental em questão deverá despertar a curiosidade no usuário, uma
vez que se
diferenciará formalmente dos produtos existentes no mercado. Com isso,
o produto será top de linha da empresa que o produzirá. Outro diferencial está nas
cerdas em várias inclinações, o que acompanha as últimas tendências em técnicas
de escovação.
O processo produtivo também engloba algumas novidades. Entre elas, cita-se
que o cabo será feito pelo processo de
dupla injeção, no qual dois materiais distintos
podem ser injetados ao mesmo tempo (por exemplo, dois tipos de polímeros ou um
polímero e borracha). No processo de fabricação convencional, a injeção de
materiais diferentes é realizada em injetoras distintas ou em tempos distintos. No
caso da dupla injeção, o processo passa a ser realizado numa mesma injetora que
produz apenas o produto acabado, dispensando a estocagem e transporte da
primeira etapa do produto.
Neste caso, a concepção formal dos conceitos gerados pode fazer uso dos
benefícios deste processo para gerar conceitos diferenciados.
Neste produto são envolvidos três pontos básicos, sendo eles: i) o
cabo; ii) o
desenho da escova; e iii) a cabeça. Dentro destes parâmetros, devem ter sido
observadas as seguintes especificações:
1.
Cabo: para qualquer que seja seu tamanho e função, sua configuração
formal, anatômica e dimensional deve ser adequada à empunhadura, à pega e ao
manuseio (que envolve o ato da higienização, realizada por meio de diversos
movimentos de escovação nas faces frontal e lateral, por fora e por dentro e superior
dos dentes e, ainda, situações especiais de limpeza entre os dentes e as gengivas).
Isto para todos os usuários sejam eles crianças, adultos ou idosos, sempre visando
a segurança, o conforto, a facilidade e a eficiência de uso;
2.
Desenho da escova: do mesmo modo, para qualquer que seja seu tamanho
e função, sua configuração formal e dimensão antropométrica devem ser adequadas
à correta escovação dos dentes, sobretudo em relação à dureza das cerdas (de
Capítulo 4 Aplicação da Ferramenta API_PC 103
preferência obedecendo à recomendações dos dentistas) e possibilidade de alcance
dos dentes mais afastados, para melhor higienização e conforto;
3.
Cabeça: independente do formato da cabeça e do número de cerdas
implantadas deverá adequar-se à anatomia da boca, não oferecendo riscos e danos
ao usuário e atendendo de forma eficiente a função de remoção de partículas
indesejadas nos dentes.
Alguns dados relevantes foram levantados para a concepção do produto:
a. Todas as pessoas, independente do fato de ser destro ou canhoto, usam a
mão direita para escovar os dentes;
b. Outro dado detectado está relacionado aos diferentes modos como as
pessoas seguram o cabo durante a escovação: algumas costumam segurar o cabo
pela extremidade, envolvendo-o com as mãos fechadas; outras seguram a escova
em uma região próxima ao pescoço, apenas com as pontas dos dedos polegar e
indicador;
c. Boa parte dos usuários costuma apoiar o dedo polegar no corpo da escova
para realizar a escovação.
Estas constatações poderão servir de base para a geração de alternativas que
contemplem estes casos.
Alternativa 01
Na Alternativa 01 optou-se por desenvolver um cabo simétrico e arredondado,
com diminuição do diâmetro na ponta, de modo a facilitar a empunhadura (o modo
como se segura a escova durante a escovação). Na região da pega, existe um
pequeno desnível cujo objetivo é facilitar o posicionamento do dedo polegar,
garantindo uma pega mais confortável. Neste desnível, foi aplicada a dupla injeção,
sendo utilizado um material emborrachado, justamente para assegurar o conforto e o
devido posicionamento do polegar durante a escovação. Foram também indicados
seis pequenos pontos de borracha para atender às pessoas que eventualmente
costumam segurar a escova em uma região mais central do cabo. Do mesmo modo,
na região do pescoço da escova foi colocado um anel cuja intenção foi de garantir o
Capítulo 4 Aplicação da Ferramenta API_PC 104
travamento quando esta for disposta numa superfície plana. Além disso, este anel
tem a função de direcionar a pega no caso de pessoas que seguram a escova com
as pontas dos dedos durante sua utilização.
O pescoço alongado garante maior conforto durante a escovação, uma vez que
atinge melhor as áreas de difícil acesso dos dentes posteriores.
O formato e as dimensões da cabeça, levemente arredondada, tendendo a um
formato quase triangular, facilita o posicionamento da cabeça da escova durante a
escovação. A cabeça foi projetada para receber 40 tufos de cerdas. A distribuição
dos tufos acompanha o formato da cabeça.
A escova possui seção elíptica, sendo que, à medida que se aproxima da ponta
do cabo, a seção tende a um formato quase circular. A largura máxima atinge 17 mm
e a altura máxima 13,5 mm. A seção próxima ao anel do pescoço tem 11 x 8 mm.
O comprimento total da escova é de 190 mm, sendo que o comprimento da
cabeça é de 35 mm. A distância entre a ponta da cabeça e a posição da pega
corresponde a 81,5 mm.
A Figura 4.1 apresenta a configuração da alternativa.
Figura 4.1 – Representação gráfica da Alternativa 01
Capítulo 4 Aplicação da Ferramenta API_PC 105
Alternativa 02
Na Alternativa 02 optou-se por desenvolver um cabo assimétrico cujo desenho
adapte-se ao formato dos dedos das mãos no momento da escovação. Deste modo
os dedos indicador, médio e anelar ficam devidamente acomodados, caracterizando
o tipo de pega denominada pega geométrica. Nesta região, também houve aplicação
de dupla injeção, tendo sido usado um material emborrachado para garantir uma
melhor inserção dos dedos no cabo. Do mesmo modo, houve aplicação de dupla
injeção na ponta do cabo e parte posterior do mesmo, de modo a possibilitar o
travamento da escova quando esta for colocada sobre uma superfície plana. Na
região da pega, existe uma leve ondulação, a qual impulsiona esta região para cima
e direciona o usuário a posicionar os dedos na região pré-determinada.
A cabeça possui um formato assimétrico com a ponta arredondada, o que
facilita o posicionamento da cabeça da escova durante a escovação. A cabeça foi
projetada para receber 40 tufos de cerdas, sendo que a distribuição dos tufos
acompanha o formato da cabeça, sem, no entanto apresentar assimetria.
A escova possui seção elíptica em toda sua extensão. A largura máxima atinge
18 mm e a altura máxima 14 mm. O comprimento total é de 190 mm, sendo que o
comprimento da cabeça é de 33 mm. A distância entre a ponta da cabeça e a
posição da pega corresponde a 80 mm. A Figura 4.2 apresenta a configuração da
alternativa.
Figura 4.2 – Representação gráfica da Alternativa 02
Capítulo 4 Aplicação da Ferramenta API_PC 106
Alternativa 03
Na Alternativa 03, optou-se por desenvolver um cabo simétrico e arredondado,
com diminuição do diâmetro na ponta, de modo a facilitar a empunhadura (o modo
como se segura a escova durante a escovação). Na região da pega, existe um
desnível cujo objetivo é facilitar o posicionamento do dedo polegar, garantindo uma
pega mais confortável. Em todo o cabo foi aplicada dupla injeção, sendo utilizado um
material emborrachado. Apenas na região do desnível destinada ao apoio do dedo
polegar foi mantido o mesmo material da escova. Deste modo o usuário tem a região
da pega bem definida. Da mesma forma foi reservado um espaço próximo à região
da ponta do cabo na qual não foi aplicada dupla injeção. Nesta região será aplicado
o nome do fabricante, ficando este evidenciado.
O pescoço alongado garante maior conforto durante a escovação, uma vez que
atinge melhor as áreas de difícil acesso dos dentes posteriores.
O formato ovalado e as dimensões arredondadas da cabeça facilitam o
posicionamento da cabeça da escova durante a escovação. A cabeça foi projetada
para receber 40 tufos de cerdas, sendo que a distribuição dos tufos acompanha o
formato ovalado da cabeça.
A escova possui seção quase circular, sendo o diâmetro maior de 15 mm. Na
região do cabo, na parte posterior a seção apresenta um pequeno corte reto de
modo a garantir o correto posicionamento da escova quando esta for posta em uma
superfície plana. O comprimento total da escova é de 190 mm, sendo que o
comprimento da cabeça é de 33 mm. A distância entre a ponta da cabeça e a
posição da pega corresponde a 79 mm.
A Figura 4.3 apresenta a configuração da alternativa.
Capítulo 4 Aplicação da Ferramenta API_PC 107
Figura 4.3 – Representação gráfica da Alternativa 03
Alternativa 04
Na Alternativa 04 optou-se por desenvolver um cabo simétrico e arredondado
com sensível diminuição do diâmetro na ponta, de modo a facilitar a empunhadura (o
modo como se segura a escova durante a escovação).
Na região da pega foi utilizada dupla injeção com material emborrachado de
modo a posicionar melhor o dedo polegar, além de evitar que o mesmo deslize
durante a escovação. Na região central do cabo também foi aplicada dupla injeção
em um formato espiralado, de modo ajustar o posicionamento dos demais dedos
durante a escovação. Além disso, a aplicação do material emborrachado também
tem a função de auxiliar no travamento da escova quando esta for colocada numa
superfície plana.
O formato e as dimensões da cabeça, levemente arredondada, tendendo a um
formato triangular, facilita o posicionamento da mesma durante a escovação. A
cabeça foi projetada para receber 40 tufos de cerdas, sendo que a distribuição dos
tufos acompanha o formato do desenho da cabeça.
A escova possui seção elíptica, tendendo a um formato circular na região do
cabo. A largura máxima atinge 14 mm e a altura máxima 14 mm.
Capítulo 4 Aplicação da Ferramenta API_PC 108
O comprimento total da escova é de 190 mm, sendo que o comprimento da
cabeça é de 33 mm até o início do pescoço. A distância entre a ponta da cabeça e a
posição da pega corresponde a 75,5 mm.
A Figura 4.4 apresenta a configuração da alternativa.
Figura 4.4 – Representação gráfica da Alternativa 04
4.1.2 Formação dos grupos e realização da tarefa
Para a realização do experimento, foram formados cinco grupos: quatro
compostos por duplas; um profissional realizou o experimento sozinho. A formação
das duplas foi previamente estabelecida durante a elaboração do experimento.
Cada dupla recebeu um documento o qual continha uma situação de projeto.
Neste documento, havia a descrição de um cenário para o projeto, bem como a
apresentação de quatro alternativas através de um desenho em vistas e um texto
descritivo de cada alternativa.
As equipes receberam uma denominação composta pela letra “G” seguida de
um número, de modo a identificar os grupos. Sendo assim, a Tabela 4.1 apresenta a
distribuição dos grupos bem como a formação acadêmica de cada participante.
Capítulo 4 Aplicação da Ferramenta API_PC 109
Tabela 4.1 – Composição dos grupos para o experimento
Grupos Composição Formação acadêmica
G1
Um profissional;
Um estudante.
Profissional de Arquitetura/ Tecnólogo em Móveis;
Estudante do curso de design.
G2
Dois estudantes. Estudantes do curso de design.
G3
Dois profissionais.
Designer ;
Tecnólogo em Mecânica.
G4
Dois profissionais.
Designer ;
Tecnólogo em Móveis.
G5
Um profissional. Designer .
Dos cinco grupos formados, quatro ficaram alocados no laboratório do CITEC
enquanto o grupo denominado G1 foi conduzido a uma outra sala. Este grupo foi
chamado de Grupo de Controle, pois executaria a mesma tarefa que os demais
grupos, sem no entanto fazer uso da ferramenta API_PC. Ao invés disso, o G1
deveria analisar, avaliar e selecionar a alternativa que julgasse ter maior potencial
inovador a partir do documento entregue, o qual continha cenário de projeto. O
método adotado para este processo foi determinado pelo próprio grupo, não tendo
havido nenhuma interferência com relação ao uso de critérios específicos. Para
tanto, foi solicitado que todos os pareceres emitidos para cada alternativa fossem
registrados em um documento padrão, o qual encontra-se no Apêndice C . Do
mesmo modo, foi solicitado que o grupo, ao selecionar a alternativa, justificasse a
escolha da mesma.
Os grupos G2, G3, G4 e G5 foram encaminhados para os computadores do
laboratório com o arquivo da planilha Excel™ aberto. Neste momento, foi
apresentada a ferramenta, bem como explicada sua utilização. A Figura 4.5
apresenta a distribuição dos grupos.
Figura 4.5 – Distribuição do grupos no experimento
Capítulo 4 Aplicação da Ferramenta API_PC 110
Juntamente com o documento contendo o cenário de projeto e a definição de
inovação, foi entregue uma cópia impressa da planilha, de modo que ao final do
experimento, houvesse um registro físico de utilização da ferramenta. Caso
houvesse algum imprevisto com os arquivos das planilhas, haveria como resgatar as
informações.
As equipes foram orientadas a respeito do preenchimento das células da
ferramenta e tiveram o tempo de aproximadamente uma hora e trinta minutos para a
realização da tarefa.
Após a aplicação da ferramenta, as equipes receberam um questionário de
avaliação, o qual apresenta-se dividido em três partes: i) na primeira parte relaciona-
se a familiaridade dos participantes com as metodologias de projeto e os meios de
usuais de seleção de alternativas; ii) a segunda parte concerne a percepção dos
grupos no entendimento e objetivos da tarefa; e iii) a terceira parte captura a
percepção dos grupos na utilização da ferramenta. O G1 (Grupo de Controle)
recebeu um questionário similar ao dos demais grupos, havendo apenas algumas
modificações na terceira parte, uma vez que este grupo não fez uso da ferramenta.
Neste caso, as questões referentes ao uso da ferramenta foram substituídas por
questões referentes ao método empregado pela dupla para a seleção da alternativa.
Após a realização da tarefa, todos os participantes foram novamente reunidos
e foram feitas considerações a respeito da tarefa, bem como a respeito da
ferramenta e do modo como esta pode auxiliar a equipe de projeto na tomada de
decisão.
4.2 Resultados do Experimento
Durante a aplicação da ferramenta não foi disponibilizada para os grupos a
pontuação que cada alternativa estava recebendo, de modo a evitar que alguma das
alternativas fosse privilegiada sendo marcada nas células de maior peso.
Do mesmo modo, deixou-se bem claro que a disposição do critérios obedecia
uma ordem alfabética e que o desmembramento de mais ou menos subcritérios não
estava relacionado ao peso do critério. Ou seja, critérios mais desmembrados não
teriam necessariamente maior peso.
Capítulo 4 Aplicação da Ferramenta API_PC 111
Também foi deixada evidente a inexistência da alternativa mais ou menos
certa. Houve sim, a necessidade de selecionar uma alternativa que pudesse se
converter em um produto inovador. Portanto, coube a cada grupo fazer sua própria
avaliação, com base nos critérios pré-estabelecidos pela ferramenta.
Após a avaliação de cada alternativa, foram exibidas nas planilhas as células
que continham a pontuação total e parcial das alternativa, de modo a orientar cada
grupo sobre qual alternativa foi a indicada pela ferramenta como potencialmente
mais inovadora.
A Tabela 4.2 apresenta a pontuação total e parcial (por critério) obtida por cada
grupo para cada alternativa.
Tabela 4.2 – Comparativo dos resultados dos grupos
Grupos
G2 G3
CRITÉRIOS
C1 C2 C3 C4 C1 C2 C3 C4
Ergonomia 0,000 0,153 0,000 0,000 0,153 0,153 0,000 0,153
Forma 0,076 0,084 0,040 0,078 0,036 0,084 0,036 0,084
Função 0,000 0,070 0,000 0,062 0,070 0,062 0,000 0,062
Manufatura 0,000 0,000 0,064 0,000 0,064 0,064 0,064 0,064
Tecnologia 0,000 0,173 0,000 0,173 0,000 0,000 0,000 0,000
Transporte 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000
Total 0,076 0,480 0,104 0,312 0,322 0,363 0,100 0,363
Grupos
G4 G5
CRITÉRIOS
C1 C2 C3 C4 C1 C2 C3 C4
Ergonomia 0,153 0,000 0,000 0,153 0,000 0,153 0,000 0,000
Forma 0,078 0,091 0,040 0,126 0,042 0,126 0,042 0,042
Função 0,131 0,070 0,000 0,201 0,000 0,000 0,000 0,000
Manufatura 0,119 0,000 0,064 0,055 0,000 0,000 0,000 0,000
Tecnologia 0,173 0,173 0,000 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173
Transporte 0,000 0,091 0,045 0,087 0,000 0,000 0,000 0,000
Total 0,654 0,425 0,149 0,796 0,215 0,452 0,215 0,215
Para os grupos G2, G3 e G5, a Alternativa 02 teria maior potencial inovador. Já
para o G4, foi a Alternativa 04 que obteve maior pontuação. No caso da avaliação do
Capítulo 4 Aplicação da Ferramenta API_PC 112
G3 a pontuação final recaiu no caso descrito na seção 3.6.3 - empate entre as
alternativas nas mesmas células. A ferramenta, neste caso, indicou que existe mais
de uma alternativa, no espaço solução, com potencial inovador. A recomendação
dada é a de submeter as alternativas empatadas (Alternativas 02 e 04) a uma outra
ferramenta de projeto (e.g. matriz de avaliação absoluta, matriz de avaliação
relativa).
Para o G1 (Grupo de Controle) a Alternativa 04 foi a selecionada. Na avaliação
da dupla, percebeu-se que mesmo sem a fixação prévia de critérios, o próprio grupo
estabeleceu critérios referentes à inovação para poder fazer uma análise. De acordo
com o G1 (Grupo de Controle), o critério “utilização” estabelecido pelo grupo foi o
que teve maior peso para a definição da alternativa. Também, vale ressaltar que a
existência de uma linguagem comum quanto à definição de inovação contribuiu para
que ficasse mais claro o objetivo da tarefa. A dupla chegou a ficar em dúvida entre
as Alternativas 02 e 04. Mas, a partir da leitura e assimilação da definição fornecida
no início do experimento, a dupla optou pela Alternativa 04.
Os principais critérios adotados pelo G1 (Grupo de Controle) estavam
relacionados à forma, utilização, diferenciação, ergonomia, processo produtivo,
manutenção. Estes critérios não foram pontuados e colocados de modo sistemático,
embora estejam presentes nas observações e análises descritas no documento
entregue pelo grupo. Foi possível perceber que, intuitivamente existe uma tendência
a se determinar critérios para avaliar a inovação nas alternativas. Entretanto, o que
não existe é uma documentação formal e sistemática destes critérios. Deste modo,
nem todos os critérios são ponderados e avaliados nas alternativas analisadas.
Através do uso de uma ferramenta de projeto que direcione, pondere, aponte e
desmembre critérios torna-se possível documentar esta etapa. Desta forma, tem-se
um histórico de procedimentos devidamente registrados, o que pode auxiliar a
equipe de projeto em projetos futuros.
4.3 Análise dos Questionários
Após a realização da tarefa foi apresentado um questionário para cada grupo
com o intuito de verificar a familiarização do grupo com o tema, a percepção do
Capítulo 4 Aplicação da Ferramenta API_PC 113
grupo em relação à tarefa e o comportamento da ferramenta em uma situação de
uso. O referido questionário encontra-se no Apêndice D.
Na seqüência, serão apresentados os resultados colhidos durante o
experimento.
4.3.1 Familiarização com o tema bem como com as práticas projetuais
Nesta seção, as perguntas foram direcionadas à experiência de cada
participante na atividade de desenvolvimento de produtos. Com relação ao
conhecimento de alguma abordagem metodológica para o desenvolvimento de
produtos, houve resposta afirmativa de todos grupos.
A questão seguinte visou identificar como estes grupos obtiveram
conhecimento de alguma abordagem metodológica. A Tabela 4.3 apresenta os
resultados.
Tabela 4.3 – Formas de acesso dos participantes às abordagens metodológicas
G1 G2 G3 G4 G5
Literatura acadêmica. X X X X
Empiricamente. X
Em treinamentos ou atividade acadêmica. X X X X X
Em órgãos públicos ou ONGs. X
Não tenho conhecimento.
Todos os participantes tiveram acesso às abordagens metodológicas através
de treinamentos ou atividades acadêmicas. Quatro, dos cinco grupos, tiveram
acesso também através de literatura acadêmica. Apenas um participante indicou ter
adquirido estes conhecimento empiricamente e também por meio de órgãos públicos
ou ONGs, além dos outros meios já citados. Independente do meio, foi possível
constatar que todos os participantes de um modo ou de outro estão familiarizados
com a metodologia de projeto e, portanto, compreendem as etapas que permeiam
este processo.
Capítulo 4 Aplicação da Ferramenta API_PC 114
A terceira questão envolveu a participação anterior dos grupos em equipes
que tiveram por objetivo o desenvolvimento de um produto inovador. Quatro grupos
afirmaram já ter tido esta experiência.
Na questão seguinte foi abordado o tema inovação dentro do processo de
desenvolvimento de produto. Neste contexto, foi questionado aos grupos se o
método para seleção de alternativas sofreria alguma modificação pelo fato de ter a
inovação como parâmetro principal. Quatro grupos responderam afirmativamente.
Apenas o G5 (formado por um profissional) respondeu o contrário. Na seqüência, foi
solicitado que se justificasse a resposta. A Tabela 4.4 exibe as justificativas
apresentadas por cada grupo.
Tabela 4.4 – Seleção de alternativas para produtos inovadores
G1
No desenvolvimento de um produto inovador não será necessário abordar diretamente
alguns critérios como custo.
G2
O método buscaria também soluções inovadoras e não só as características que atendam às
necessidades do cliente.
G3
Identificar o diferencial do produto perante os existentes e as alternativas desenvolvidas.
G4
Enfatizar a fase de seleções de alternativas para obter um melhor resultado.
G5
Não porque se tornaria mais um requisito de projeto. A não ser que o projeto peça por
métodos não usualmente aplicados no método "padrão". Ex: uso de focus group; ou quando
o projeto é feito por pessoas sem a formação na área de projeto. Ex: artesãos.
Foi possível perceber que existe uma preocupação com o processo de
desenvolvimento de produto quando o foco deste é a inovação. O processo de
seleção das alternativas passa a ser mais criterioso, com foco em requisitos que
atendam ao âmbito da inovação.
A questão seguinte abordou os métodos para seleção de alternativas mais
usuais. A Tabela 4.5 apresenta os resultados.
Capítulo 4 Aplicação da Ferramenta API_PC 115
Tabela 4.5 – Métodos para seleção de alternativas
G1 G2 G3 G4 G5
Tabela comparativa das alternativas.
X X X X
Através de um check list feito com o briefing, de
modo a avaliar se parte ou todos os requisitos
foram preenchidos.
X X X X
Processo empírico e subjetivo.
X
Com base nas necessidades dos clientes
detectadas por meio de uma ferramenta de projeto
(i.g. casa da qualidade).
X X
Outros. Especificar:
Verificou-se que quatro grupos costumam usar uma tabela comparativa com as
alternativas e/ou um ckeck list no qual as alternativas são comparadas com os
requisitos levantados no briefing ou escopo do projeto. Dois grupos afirmaram usar
alguma ferramenta de projeto para auxiliar no processo de seleção. Um grupo
indicou juntamente com o uso da tabela comparativa e do check list usar de
subjetividade neste processo.
Ao analisar a primeira parte deste questionário, percebeu-se que os grupos
participantes têm ciência do uso de abordagens metodológicas para o
desenvolvimento de produtos e que existe uma preocupação com o quesito
inovação como forma de diferenciação destes produtos. Também, foi possível
identificar que a maioria dos grupos participantes não faz uso de ferramentas de
projeto que possam auxiliar o processo de tomada de decisão.
4.3.2 Avaliação da tarefa proposta
Esta seção visou identificar como os participantes receberam a tarefa de
avaliar e selecionar as alternativas no projeto conceitual. Quando foram
questionados sobre a compreensão da tarefa, apenas o G5 indicou não haver
compreendido claramente. Isso se deve ao fato deste ser formado por apenas um
profissional. Não houve um trabalho de leitura e interpretação em equipe. Por este
motivo, credita-se o fato da tarefa não ter tido uma compreensão imediata.
Capítulo 4 Aplicação da Ferramenta API_PC 116
A segunda questão desta seção esteve relacionada à definição dada à
inovação apresentada no início da tarefa. Todos os participantes afirmaram ter
compreendido esta definição.
A terceira questão esteve relacionada às informações repassadas aos
participantes através do cenário de projeto proposto e das alternativas
apresentadas. A Tabela 4.6 exibe os resultados.
Tabela 4.6 – Compreensão da tarefa proposta
G1 G2 G3 G4 G5
Sim, foi possível compreender a tarefa sem ter havido dúvidas quanto às
informações repassadas pelas propostas.
X
Inicialmente sim, mas com o decorrer da tarefa algumas dúvidas surgiram.
X X X
Inicialmente não, mas com o decorrer da tarefa algumas dúvidas foram
sendo esclarecidas.
X
Não, as informações repassadas não deixaram claro o entendimento da
tarefa.
Nota-se que, para a maioria dos grupos a tarefa ficou inicialmente clara, mas,
com o decorrer da mesma, algumas dúvidas começaram a surgir. Credita-se essa
dificuldade à falta de hábito dos participantes em utilizar ferramentas de projeto que
corroborem para a seleção de alternativas. Pôde-se chegar a esta conclusão ao
observar o item apontado pelo G2. Este mesmo grupo assinalou ter compreendido a
tarefa sem ter havido dúvidas quanto às informações repassadas.
Do mesmo modo, este grupo indicou, na seção anterior, fazer uso de
ferramentas de projeto para a seleção de alternativas. Não obstante, esse grupo foi
formado por dois estudantes que, por freqüentarem o ambiente acadêmico, estão
mais habituados ao uso de ferramentas de projeto em trabalhos desenvolvidos na
própria academia.
Já o G1 (Grupo de Controle), que não utilizou a ferramenta, assinalou
inicialmente não ter compreendido a tarefa, mas que com o decorrer da mesma
algumas dúvidas foram esclarecidas. O fato de o grupo ter sido levado a uma outra
sala e as coordenadas terem sido repassadas isoladamente pode ter causado
Capítulo 4 Aplicação da Ferramenta API_PC 117
alguma dúvida relacionada à tarefa. Entretanto, com o decorrer da mesma e após
terem sido entregues os registros de documentação do experimento, as dúvidas
foram sendo sanadas.
Nesta seção, foi possível perceber a carência e algumas dificuldades que
muitas equipes de projeto enfrentam por não utilizarem usualmente ferramentas que
possam auxiliar a tomada de decisão.
4.3.3 Avaliação da ferramenta
Esta seção do questionário procurou abordar o modo como a ferramenta foi
recebida pelos grupos bem como apresentar considerações sobre o uso da mesma.
A primeira questão desta seção esteve relacionada à interface da ferramenta e à sua
assimilação pelo grupo no momento de uso.
Neste quesito, todos os grupos afirmaram ter assimilado facilmente a mesma.
Apenas o G5 sugeriu, neste caso, haver uma escala dentro de cada subcritério.
Deste modo, a alternativa poderia atender integralmente, parcialmente ou não
atender àquele subcritério, sendo dadas pontuações intermediárias. Poderia haver
esta escala, mas optou-se em não utilizá-la justamente porque seria necessário
definir o que é uma alternativa atender parcialmente um subcritério. Haveria então
uma tendência à subjetividade que cada avaliador poderia fazer da alternativa. Por
este motivo, procurou-se trabalhar a ferramenta de modo objetivo. Ou seja,
procurou-se determinar uma pontuação na qual para cada subcritério houvesse
apenas uma resposta: sim ou não; ou a alternativa contempla o subcritério, sendo
dada a pontuação total ou ela não contempla, sendo zerado aquele subcritério para
aquela alternativa.
A segunda questão procurou verificar a facilidade de uso e o entendimento da
ferramenta por parte de cada grupo. Todos os grupos responderam de forma
afirmativa neste requisito. Apenas o G3 descreveu ter tido um pouco de dúvida
inicialmente.
O grupo ficou em dúvida se a avaliação era entre alternativas (avaliação
relativa) ou se era para avaliar cada alternativa independentemente das demais
Capítulo 4 Aplicação da Ferramenta API_PC 118
(avaliação absoluta). Vale ressaltar que a ferramenta visa identificar, dentro de um
espaço solução, qual alternativa tem maior potencial inovador.
A avaliação ocorre na comparação se a alternativa “x” contempla ou não
determinado subcritério da ferramenta. Esta verificação ocorre de modo absoluto,
sem compará-la a outra alternativa. A terceira questão abordou diretamente os
critérios e subcritérios, de modo a identificar se estes endereçaram ou não ao tema
inovação. Todos os grupos responderam positivamente, sendo que o G3 observou
que tanto os critérios, bem como os subcritérios endereçam automaticamente à
inovação porque se utilizam de expressões como “diferencia significativamente”,
“jamais utilizado antes”, “significativamente diferente”.
A quarta questão visou identificar qual a alternativa a ferramenta selecionou e,
na seqüência, a quinta questão buscou identificar se a alternativa selecionada pela
ferramenta correspondeu às expectativas do grupo.
Houve duas alternativas que se sobressaíram na ferramenta, conforme descrito
na seção 4.2 deste estudo. Apenas o G5 indicou que a alternativa selecionada pela
ferramenta não correspondeu às expectativas. A justificativa dada pelo G5 abordou
questões referentes ao sucesso econômico das alternativas como um dos
parâmetros de avaliação.
Entretanto, vale ressaltar que esta fase visa selecionar a alternativa que
possua maior potencial inovador sem se ater diretamente, neste primeiro momento,
às questões que envolvem custos de produção.
A sexta questão buscou verificar se a existência de uma ferramenta que
abordasse critérios referentes à inovação realmente auxiliaria a equipe de projeto no
processo de tomada de decisão. Todos os grupos responderam afirmativamente
sobre o uso da ferramenta.
Foi dado um espaço para que os grupos, caso desejassem, deixassem
registrados comentários e sugestões com relação ao uso de uma ferramenta de
projeto para a seleção de alternativa no projeto conceitual. A Tabela 4.7 apresenta
os comentários e dados pelos grupos. Apenas o G2 não fez menção a nenhum
comentário adicional.
Capítulo 4 Aplicação da Ferramenta API_PC 119
Tabela 4.7 – Comentários e sugestões dos grupos
G2
-
G3
A ferramenta seria utilizada em conjunto com o check list original
(especificações do produto) e com a matriz de seleção (ponderada) em que o
quesito inovação seria expandido com a ferramenta proposta.
G4
A ferramenta auxilia a equipe de projeto a buscar a inovação no processo de
seleção, uma vez que há uma tendência de comportamento de buscar soluções
que já são conhecidas por funcionamento, uso, etc.
G5
Eu achei muito interessante, pois pode tornar-se uma ferramenta muito útil. O
fato de saber que haverá uma ferramenta que avaliará as alternativas quanto à
inovação pode mudar a atitude de quem elabora as alternativas.
4.3.4 Avaliação das alternativas – grupo de controle
Para o G1 (Grupo de Controle), foi aplicado um questionário semelhante aos
demais grupos, havendo modificações na terceira parte, por esta se referir ao uso da
ferramenta.
Para este grupo, foram abordadas questões relacionadas à tarefa de selecionar
e justificar a seleção de alternativas no projeto conceitual. O referido questionário
encontra-se no Apêndice E.
A primeira questão teve o intuito de verificar se houve consenso entre o grupo
quanto ao processo de tomada de decisão. De acordo com a resposta obtida, houve
divergências entre o grupo quanto à alternativa com maior potencial inovador.
A segunda questão buscou identificar os parâmetros utilizados como base para
a seleção da alternativa. Os parâmetros identificados pelo grupo encontram-se na
Tabela 4.8.
Estes parâmetros foram pré-estabelecidos pelo questionário. Caso houvesse
outros parâmetros não abordados no questionário, foi deixado um espaço para que
o grupo o preenchesse.
Capítulo 4 Aplicação da Ferramenta API_PC 120
Tabela 4.8 – Parâmetros para a seleção da alternativa
G1
Com base no conceito que apresentou maior afinidade com as especificações do
projeto.
X
Através da experiência de cada membro da equipe. X
Foram estabelecidos critérios de avaliação. X
Foi feita uma votação entre cada membro da equipe e “venceu” o conceito com maior
número de votos.
Outro. Qual?
Os parâmetros destacados pelo grupo estavam relacionados às afinidades que
a alternativa apresentou em relação às especificações de projeto, a experiência de
cada membro da equipe e a critérios referentes à inovação estabelecidos pelo
próprio grupo. A questão três visou identificar quais os critérios adotados pelo grupo.
São eles: i) público-alvo; ii) ergonomia, iii) utilização; e iv) forma.
A questão quatro solicitou que o grupo identificasse qual alternativa foi
selecionada bem como fizesse algumas considerações sobre o processo de escolha.
O grupo, num primeiro momento, esteve em dúvida entre as Alternativas 02 e
04. Segundo o parecer do grupo, a Alternativa 02 se destacava pela forma
assimétrica que além de se diferenciar das demais, dava à alternativa um aspecto
mais robusto, apesar de demandar uma quantidade maior de material. Entretanto,
sob o aspecto ergonômico, a alternativa limitava o uso apenas à mão direita.
A Alternativa 04 também apresentava um diferencial na forma espiralada do
cabo. Quanto à questão de uso e de ergonomia, o grupo julgou que esta alternativa
satisfaria um maior número de usuários.
A definição de inovação repassada no início do experimento foi um fator de
peso para a seleção da alternativa. Sendo assim, com base na definição e a partir
do julgamento da alternativa que preencheria um maior número de requisitos, o
grupo decidiu selecionar a Alternativa 04 como sendo potencialmente inovadora.
Capítulo 4 Aplicação da Ferramenta API_PC 121
4.4 Considerações Finais sobre o Experimento
Após a aplicação da ferramenta e o preenchimento do questionário, os grupos
foram novamente reunidos em uma única sala. Foi então explicado ao G1 (Grupo de
Controle) o que houve de diferente na tarefa deste grupo em relação a dos demais.
Neste momento, foi possível obter considerações a respeito da tarefa e do modo
como os grupos receberam e aplicaram a ferramenta. Todo o experimento foi
registrado através de fotos, conforme Apêndice F, sendo que esta etapa do
experimento foi registrada através de uma gravação, feita em um gravador digital de
voz.
Neste momento, foi deixado bem claro para as equipes que não havia uma
alternativa mais correta que as demais. O objetivo foi perceber como num contexto
pré-definido a equipe de projeto faz a avaliação das alternativas apresentadas, quer
seja através de uma ferramenta específica, quer seja através da análise das
especificações de projeto.
A existência de uma ferramenta de projeto que enderece a uma avaliação do
potencial inovador das alternativas geradas no projeto conceitual, sistematiza o
processo inovativo. O próprio processo de geração de alternativas passa a ter uma
abordagem diferenciada, uma vez que as alternativas geradas serão submetidas a
um processo de avaliação. Esta foi a percepção levantada pelas equipes. A partir do
momento em que a inovação será “medida” nas alternativas, a mesma passa a ser
um requisito indispensável já nas etapas iniciais do desenvolvimento de produtos.
Outra questão levantada nesta etapa do experimento foi a possibilidade futura
de haver maiores desmembramentos dos critérios apresentados e a ferramenta ser
apresentada na forma de um software.
O G1 (Grupo de Controle), que não fez uso da ferramenta para avaliar as
alternativas concluiu que o processo de seleção teria sido mais direcionado caso a
ferramenta tivesse sido aplicada. Isso porque muitos dos critérios abordados estão
implícitos no processo de seleção. A inexistência de uma ferramenta que os torne
explícitos faz com que, muitas vezes, estes passem despercebidos. Portanto, a
Capítulo 4 Aplicação da Ferramenta API_PC 122
ferramenta proposta serviria como um check list de requisitos inerentes ao âmbito da
inovação.
Outro dado importante está relacionado ao fato da ferramenta não exibir,
durante a avaliação, a pontuação que cada alternativa está recebendo. Isso impede
que haja tendência a direcionar a seleção de determinada alternativa em função da
pontuação. Por este motivo, em alguns casos o resultado apontado pela ferramenta
não coincidiu exatamente com o esperado pelo grupo. A ferramenta, de certo modo,
tira o caráter intuitivo deste processo e passa a dar um aspecto mais científico e
objetivo ao processo de seleção de alternativas.
Não obstante, o fato de fazer uso de uma ferramenta de projeto auxilia também
na documentação desta etapa. Desse modo, tem-se um histórico do processo que,
por ser registrado, pode ser resgatado a qualquer momento do processo de projeto
ou mesmo em projetos futuros.
A ferramenta permitiu aos grupos identificar, comparar, analisar e classificar
sistematicamente as opções geradas. Esta avaliação foi obtida por meio de pesos e
critérios relacionados ao âmbito da inovação. A partir desta avaliação, a ferramenta
criou um consenso em relação aos critérios de inovação bem como sua importância
relativa.
Deste modo, desenvolveu-se uma ferramenta cuja aplicação foi de simples
entendimento e cujas vantagens ficaram esclarecidas.
Capítulo 5 Conclusões 123
5 CONCLUSÕES
O presente estudo possibilitou um melhor entendimento de como a inovação
deve estar presente no processo de desenvolvimento de produtos. Sistematizar o
processo inovativo significa estar atento ao desenvolvimento de produtos
potencialmente inovadores em todas as etapas do processo de projeto. Ou seja,
reforça-se a idéia de que a inovação não deve ser resultado do mero acaso. Deve
sim estar prevista desde o escopo do projeto, seja esta uma inovação radical ou
incremental.
O fato de haver, durante o processo de projeto, uma etapa que avaliará
concepções sob o foco da inovação, permite que a equipe de projeto tenha uma
postura que contemple a geração de alternativas diferenciadas e que apresentem
elementos que as diferenciem dos produtos existentes.
Todo o estudo foi desenvolvido mediante uma amarração feita entre a teoria e
as práticas correntes na atividade de projeto. A partir do relacionamento das
informações obtidas pelo que a teoria aponta, foi possível propor uma definição
própria para inovação. A análise reversa estruturada contribuiu para a determinação
dos critérios que serviram de base para a construção da ferramenta. O questionário
aplicado à profissionais que atuam com desenvolvimento de produto contribuiu para
ponderar o peso total de cada critério, bem como o peso relativo de cada subcritério
em função do peso total. A partir destas informações foi possível, estruturar a
ferramenta e verificar seu comportamento numa primeira aplicação descritiva. A
partir daí, procurou-se analisar e avaliar como a ferramenta foi recebida e utilizada
por equipes de projeto numa situação em ambiente controlado, na qual foi fornecido
um cenário de projeto com conceitos pré-estabelecidos de um determinado produto.
A escolha de produtos do Projeto Criação Paraná mostrou-se adequada para a
validação da ferramenta devido ao caráter inovador que os produtos possuíam.
A receptividade dos grupos quanto ao uso de uma ferramenta de projeto que
avalie a inovação na etapa conceitual também foi positiva. Foi possível perceber o
interesse por parte dos participantes em futuramente poder utilizar a ferramenta e
Capítulo 5 Conclusões 124
incorporar a inovação como parte integrante do processo de desenvolvimento de
produtos.
Outra questão a ser levantada é que a ferramenta proposta não exclui outros
métodos de seleção. Em determinadas situações ela vem a ser um check list de
inovação para a aplicação de outras ferramentas.
Com isso, pode-se concluir que a ferramenta proposta, mediante algumas
adaptações, tem condições de ser utilizada na prática projetual, no processo de
seleção de alternativas, pois se trata de uma ferramenta que auxilia e direciona a
equipe de projeto na escolha da alternativa com maior potencial inovador.
Por fim, acredita-se que a abordagem apresentada neste estudo é inédita e
cientificamente embasada em elementos que asseguram sua credibilidade.
5.1 Recomendações para Trabalhos Futuros
As recomendações apresentadas a seguir dizem respeito à ferramenta
proposta bem como as pesquisas futuras relacionadas ao tema deste trabalho.
Na aplicação da ferramenta foi identificada uma limitação relacionada aos
grupos formados. Pela quantidade de participantes presentes no experimento, foi
possível a formação somente de duplas. Para uma melhor percepção da ferramenta
seria interessante a formação de grupos com maior quantidade de participantes, de
modo a haver maior interação entre projetistas de diferentes áreas de formação (e.g
design, mecânica, tecnologia).
Acredita-se que, embora o caso estudado tenha servido para uma validação
parcial da ferramenta, esta necessitaria ser verificada numa situação em que a
própria equipe que submete as alternativas ao processo de seleção tivesse também
feito a geração destas alternativas a partir de um contexto real de projeto, com base
nas especificações levantadas no projeto informacional.
Conforme as considerações levantadas ao longo do experimento há a
possibilidade de expandir, em trabalhos futuros, os subcritérios apresentados na
ferramenta atual e transformá-la em um software no qual cada critério e seus
Capítulo 5 Conclusões 125
respectivos subcritérios seriam apresentados separadamente. A equipe de projeto
passaria então a fazer a avaliação do potencial inovador de cada proposta sob a
ótica de cada critério exposto na ferramenta.
Do mesmo modo, futuramente poderão ser adicionados mais critérios à
ferramenta e, a partir de uma extensão da análise reversa, com uma maior
quantidade de produtos analisados, poderão ser abordados critérios como: i)
público-alvo (levantado pelo G1 – Grupo de Controle – no experimento); ii)
sustentabilidade; iii) manutenção, entre outros. Ou ainda, determinar um segmento
industrial (e.g. moveleiro, automotivo, eletroeletrônico) e partir para uma análise
reversa orientada a produtos deste segmento, direcionar a aplicação da ferramenta
a um segmento específico.
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Referências 127
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Apêndice A Questionário Aplicado no Instrumento de Coleta de Dados 130
APÊNDICE A – Questionário Aplicado no Instrumento de Coleta de
Dados
Apêndice A Questionário Aplicado no Instrumento de Coleta de Dados 131
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PRANÁ
DEPARTAMENTO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA E DE
MATERIAIS
FERRAMENTA PARA SELEÇÃO DE ALTERNATIVAS NO PROJETO
CONCEITUAL COM BASE EM CRITÉRIOS DE INOVAÇÃO
Questionário para Coleta de Informações
Este questionário de coleta de informações é parte de um projeto de investigação
que busca identificar os critérios adotados para a seleção de alternativas, na etapa
do projeto conceitual, tendo como foco a inovação.
É na etapa do projeto conceitual que os princípios de solução do novo produto são
determinados e é nesta fase que soluções inovadoras podem ocorrer. O principal
objetivo desta investigação é identificar quais são as premissas que as alternativas
geradas devem atender para que seja possível fazer uma avaliação criteriosa e
posterior seleção da alternativa que possua maior potencial de se converter em um
produto inovador.
Para tanto, a questão central desta investigação foi definida de maneira a identificar
como a inovação é abordada nesta etapa de projeto e quais os procedimentos
adotados, identificando a relevância do critério apontado.
O questionário foi projetado para ser respondido num espaço de tempo curto
(aproximadamente 10 minutos), ficando assegurada a confidencialidade de todas as
respostas.
Havendo interesse de sua parte, em momento oportuno retornaremos os resultados
desta pesquisa.
( ) Sim. ( ) Não.
Desde já agradecemos sua inestimável colaboração com este trabalho.
Atenciosamente
Juliane de Bassi Padilha Carlos Cziulik
Mestranda Professor Orientador
Apêndice A Questionário Aplicado no Instrumento de Coleta de Dados 132
Dentre as fases que permeiam o processo de desenvolvimento de novos produtos, é na etapa do
projeto conceitual que os princípios de solução são apresentados. Trata-se de uma etapa na qual
a demanda por criatividade é elevada. O esquema abaixo ilustra as etapas do processo de
desenvolvimento de produtos, destacando, na etapa do projeto conceitual o foco de estudo desta
investigação.
As questões a seguir abordam justamente esta etapa da atividade de projeto e visam identificar os
“caminhos percorridos” para a seleção da alternativa.
1° Parte: Dados da empresa e entrevistado
Empresa:
Endereço:
Cargo: Formação:
Tempo de mercado da
empresa:
Tempo de mercado do
profissional entrevistado:
Apêndice A Questionário Aplicado no Instrumento de Coleta de Dados 133
2° Parte: Coleta de dados
1. Na etapa do projeto conceitual, qual o nível de configuração das alternativas geradas para
que estas possam ser avaliadas e selecionadas? Caso haja mais de uma resposta, identificar
com um “duplo X” [xx], a mais utilizada.
[ ] Desenho esquemático simulando apenas as funções principais do produto.
[ ] Desenho de vistas ortogonais com dimensões preliminares.
[ ] Modelo computacional 3d.
[ ] Desenho à mão livre em traço.
[ ] Perspectiva ilustrada à mão com informações adicionais a respeito do produto indicadas no
desenho.
[ ] Uso de tecnologias digitais para finalização de idéias traçadas à mão. Exemplo: traço à mão,
digitalizado e finalizado em programas de edição de imagem (Photoshop)
[ ] Modelo volumétrico (mock up)
[ ] Outros. Especificar:
2. Na visão da equipe de projeto, que pressupostos devem ser atendidos para que possa ser
feita a seleção de uma alternativa?
[ ] A forma deve estar completamente definida.
[ ] As cores e/ou texturas devem estar determinadas.
[ ] A(s) função(ões) que o produto irá executar deve(m) estar resolvidas(s).
[ ] Se o produto for composto por subsistemas, todos os subsistemas deverão estar solucionados
para que a alternativa seja avaliada.
[ ] A tecnologia de produção deverá estar definida.
[ ] Questões relacionadas à ergonomia deverão estar definidas.
[ ] Outros. Especificar:
3. Como é feita a seleção da(s) alternativa(s) pela equipe de projeto?
[ ] Tabela comparativa das alternativas.
[ ] Através de um check list feito com o briefing, de modo a avaliar se parte ou todos os requisitos
foram preenchidos.
[ ] Processo empírico e subjetivo.
[ ] Com base nas necessidades dos clientes detectadas por meio de uma ferramenta de projeto (ex:
Casa da qualidade)
[ ] Outros. Especificar:
4. A partir dos critérios apresentados abaixo identifique qual o seu nível de relevância no
processo de seleção de alternativas, no projeto conceitual. Aplicar a escala abaixo:
[1] Irrelevante
[2] Pouco relevante
[3] Relevante
[4] Muito relevante
[5] Essencial
[ ] Forma
[ ] Função
[ ] Manufatura
[ ] Tecnologia
[ ] Transporte
[ ] Ergonomia
[ ] Outros. Especificar:
Apêndice A Questionário Aplicado no Instrumento de Coleta de Dados 134
5. Qual a relevância destes critérios quando o foco, no processo de seleção de alternativas no
projeto conceitual passa a ser
inovação. Aplicar a escala abaixo:
[1] Irrelevante
[2] Pouco relevante
[3] Relevante
[4] Muito relevante
[5] Essencial
[ ] Forma: a alternativa se diferencia significativamente dos demais produtos existentes.
[ ] Forma: a alternativa apresenta alguma característica que a torne peculiar (ex. uso de elementos
culturais, analogia com elementos da natureza, outros).
[ ] Forma: a alternativa apresenta algum nível de personalização (cores, composições, texturas).
[ ] Forma: a alternativa é modular podendo estar prevista a adição de novos componentes em
edições posteriores do produto.
[ ] Função: a alternativa implementa alguma função completamente nova.
[ ] Função: a alternativa implementa funções adicionais, inexistentes nos produtos similares.
[ ] Função: a alternativa implementa a mesma função que os produtos similares, mas de um modo
significativamente diferente.
[ ] Ergonomia: a alternativa possui uma concepção ergonômica diferenciada das concepções
existentes.
[ ] Manufatura: a alternativa visa simplificar ou melhorar significativamente o processo de manufatura
do futuro produto.
[ ] Manufatura: a alternativa prevê o emprego de um material novo, jamais utilizado antes.
[ ] Manufatura: a alternativa prevê o emprego de um material conhecido, mas jamais utilizado para o
fim proposto.
[ ] Tecnologia: a alternativa possui algum atributo tecnológico que a diferencia dos produtos
similares.
[ ] Transporte: a alternativa apresenta um novo modo de acondicionar o produto em relação aos
similares.
[ ] Transporte: a alternativa apresenta um novo modo de transportar o produto em relação aos
similares.
[ ] Transporte: a alternativa apresenta um novo modo de distribuir o produto em relação aos
similares.
O espaço abaixo é destinado aos comentários, sugestões e pareceres que o entrevistado
julgue pertinente. Obrigada!
Apêndice B Dados dos Participantes do Experimento 135
APÊNDICE B – Dados dos Participantes do Experimento
Nome completo Formação Empresa aonde trabalha
01 Carolina Taeko Fujita
Desenho Industrial – Projeto de
Produto.
Especialização em Gestão do Design.
_
02 Christiane Horst
Estudante do Curso de Desenho
Industrial da UNIFAE.
_
03
Cristiane Akiko Sakamoto
Maruo
Desenho Industrial – Projeto de
Produto.
Especialização em Marketing.
Doma Design.
04 Elisandra Schepanski
Arquitetura e Urbanismo
Tecnologia em Design de Móveis.
Arquitetura e Interiores
05 Gheysa Caroline Prado
Tecnologia em Design de Móveis.
Aluna de Especialização em
Ergonomia.
Og Design.
06 Guilherme Barchik
Estudante do Curso de Desenho
Industrial da UNIFAE.
SESC – PR.
07 Josmael Roberto Kampa
Tecnologia em Mecatrônica.
Especialização em Gestão de
Desenvolvimeno de Produto.
Mestrando em Engenharia Mecânica e
de Materiais.
Bolsista do Mestrado.
08 Lindsay Jemima Cresto
Desenho Industrial – Projeto de
Produto.
Especialização em Design de Móveis.
Docente do Departamento
acadêmico de Desenho
Industrial – UTFPR.
09 Maicon Thomazi Estudante do Curso de Desenho
Industrial da UNIFAE.
WRM Móveis.
Apêndice C Documento de Avaliação do Grupo G1 (Grupo de Controle) 136
APÊNDICE C – Documento de Avaliação do Grupo G1 (Grupo de
Controle)
Apêndice C Documento de Avaliação do Grupo G1 (Grupo de Controle) 137
GRUPO G1
A partir das considerações feitas sobre o projeto e da descrição dada a cada
alternativa juntamente com a configuração apresentada, selecione e justifique a
escolha da alternativa que, na visão da equipe tem maior potencial de se tornar um
produto inovador.
ALTERNATIVA 00
Pressupostos
Parâmetros considerados
Parecer da equipe
Apêndice D Questionário Aplicado aos Participantes do Experimento – Grupos G2, G3, G4 e G5 138
APÊNDICE D – Questionário Aplicado aos Participantes do
Experimento – Grupos G2, G3, G4 E G5
Apêndice D Questionário Aplicado aos Participantes do Experimento – Grupos G2, G3, G4 e G5 139
QUESTIONÁRIO PARA OS PARTICIPANTES – Grupos G2, G3, G4 e G5
PARTE 1. COM RELAÇÃO À FAMILIARIZAÇÃO COM AS PRÁTICAS PROJETUAIS:
1.1 É do seu conhecimento alguma abordagem metodológica para o desenvolvimento de
produtos?
Sim
Não
1.2 Como você tomou conhecimento da abordagem metodológica mencionada na questão
anterior?
Literatura acadêmica.
Empiricamente.
Em treinamentos ou atividade acadêmica.
Em órgãos públicos ou ONGs.
Não tenho conhecimento.
1.3 Você já participou de alguma equipe de desenvolvimento de produto, cujo objetivo fosse o
desenvolvimento de um produto inovador?
Sim
Não
1.4 Se o objetivo do processo de desenvolvimento do produto for especificamente de um
produto com características inovadoras, o método de seleção de alternativas sofreria alguma
modificação?
Sim.
Não.
Caso positivo, qual?
1.5 No seu método de trabalho, como são tomadas as decisões quanto à seleção de
alternativas no projeto conceitual?
Tabela comparativa das alternativas.
Através de um check list feito com o briefing, de modo a avaliar se parte ou todos os requisitos
foram preenchidos.
Processo empírico e subjetivo.
Com base nas necessidades dos clientes detectadas por meio de uma ferramenta de projeto (i.g.
casa da qualidade).
Outros. Especificar:
PARTE 2. COM RELAÇÃO À TAREFA:
2.1 A tarefa foi de fácil compreensão?
Sim
Não
2.2 A definição dada ao tema inovação clarificou o objetivo da tarefa?
Sim
Não
Apêndice D Questionário Aplicado aos Participantes do Experimento – Grupos G2, G3, G4 e G5 140
2.3 As informações apresentadas nas alternativas propostas foram suficientes para o
entendimento dos conceitos?
Sim, foi possível utilizar a ferramenta sem ter havido dúvidas quanto às informações repassadas
pelas propostas.
Inicialmente sim, mas com o decorrer do uso da ferramenta algumas dúvidas surgiram.
Inicialmente não, mas com o decorrer do uso da ferramenta algumas dúvidas foram sendo
esclarecidas.
Não, as informações repassadas não deixaram claro o entendimento das propostas.
PARTE 3. COM RELAÇÃO AO USO DA FERRAMENTA:
3.1 Com relação à interface da ferramenta, esta foi de fácil assimilação?
Sim
Não
Caso negativo, que medidas poderiam ser adotadas para que a interface ficasse mais “amigável”?
3.2 A ferramenta foi de fácil utilização?
Sim
Não
Caso negativo, que medidas poderiam ser adotadas para que a ferramenta tenha um melhor
entendimento?
3.3 Na opinião da equipe, os critérios abordados na ferramenta estão inseridos no âmbito da
inovação?
Sim
Não
3.4 Qual foi a alternativa apontada pela ferramenta?
Conceito 01
Conceito 02
Conceito 03
Conceito 04
3.5 A alternativa apontada pela ferramenta coincidiu com as expectativas da equipe?
Sim
Não
3.6 O uso de uma ferramenta que aborde o âmbito da inovação auxilia a equipe de projeto na
tomada de decisão?
Sim
Não
Caso a equipe deseja fazer algum comentário adicional, críticas ou sugestões, utilize este espaço:
Apêndice E Questionário Aplicado aos Participantes do Experimento – Grupo G1 (Grupo de Controle) 141
APÊNDICE E - Questionário Aplicado aos Participantes do
Experimento – Grupo G1 (Grupo de Controle)
Apêndice E Questionário Aplicado aos Participantes do Experimento – Grupo G1 (Grupo de Controle) 142
QUESTIONÁRIO PARA OS PARTICIPANTES – Grupos G1 (Grupo de Controle)
PARTE 1. COM RELAÇÃO À FAMILIARIZAÇÃO COM AS PRÁTICAS PROJETUAIS:
1.1 É do seu conhecimento alguma abordagem metodológica para o desenvolvimento de
produtos?
Sim
Não
1.2 Como você tomou conhecimento da abordagem metodológica mencionada na questão
anterior?
Literatura acadêmica.
Empiricamente.
Em treinamentos ou atividade acadêmica.
Em órgãos públicos ou ONGs.
Não tenho conhecimento.
1.3 Você já participou de alguma equipe de desenvolvimento de produto, cujo objetivo fosse o
desenvolvimento de um produto inovador?
Sim
Não
1.4 Se o objetivo do processo de desenvolvimento do produto for especificamente de um
produto com características inovadoras, o método de seleção de alternativas sofreria alguma
modificação?
Sim.
Não.
Caso positivo, qual?
1.5 No seu método de trabalho, como são tomadas as decisões quanto à seleção de
alternativas no projeto conceitual?
Tabela comparativa das alternativas.
Através de um check list feito com o briefing, de modo a avaliar se parte ou todos os requisitos
foram preenchidos.
Processo empírico e subjetivo.
Com base nas necessidades dos clientes detectadas por meio de uma ferramenta de projeto (i.g.
casa da qualidade).
Outros. Especificar:
PARTE 2. COM RELAÇÃO À TAREFA:
2.1 A tarefa foi de fácil compreensão?
Sim
Não
2.2 A definição dada ao tema inovação clarificou o objetivo da tarefa?
Sim
Não
Apêndice E Questionário Aplicado aos Participantes do Experimento – Grupo G1 (Grupo de Controle) 143
2.3 As informações apresentadas nas alternativas propostas foram suficientes para o
entendimento dos conceitos?
Sim, foi possível fazer a avaliação sem ter havido dúvidas quanto às informações repassadas
pelas propostas.
Inicialmente sim, mas com o decorrer da tarefa algumas dúvidas surgiram.
Inicialmente não, mas com o decorrer da tarefa algumas dúvidas foram sendo esclarecidas.
Não, as informações repassadas não deixaram claro o entendimento das propostas.
PARTE 3. COM RELAÇÃO AO PROCESSO DE SELEÇÃO:
Com relação ao processo de tomada de decisão, houve consenso entre os membros da
equipe?
Sim
Não
Caso negativo, que medidas poderiam ser adotadas para que a interface ficasse mais “amigável”?
Com base em que parâmetros foi feita a seleção da alternativa com maior potencial
inovador?
Com base no conceito que apresentou maior afinidade com as especificações do projeto.
Através da experiência de cada membro da equipe.
Foram estabelecidos critérios de avaliação.
Foi feita uma votação entre cada membro da equipe e “venceu” o conceito com maior número de
votos.
Outro. Qual?
Houve a identificação de critérios, relacionados à inovação, que servissem se suporte à
equipe para a tomada de decisão?
Sim
Não
Caso positivo, quais foram os critérios adotados?
3.4 Qual foi a alternativa apontada pelo grupo?
Conceito 01
Conceito 02
Conceito 03
Conceito 04
Caso a equipe deseja fazer algum comentário adicional, críticas ou sugestões, utilize
este espaço:
Apêndice F Fotos do Experimento 144
APÊNDICE F – Fotos do Experimento
Equipes
Equipes durante o experimento
145
Equipes durante o experimento
Considerações finais
Considerações finais
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