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Fatos Florestais da Amazônia 2003
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Fatos Florestais
da Amazônia 2003
Marco Lentini Adalberto Veríssimo Leonardo Sobral
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Lentini et al.
Revisão:
Lize Barmann
Tatiana Corrêa Veríssimo
Capa:
Douglas Malentaqui
Fotos da Capa:
Arquivos do Imaflora e do Imazon e arquivos pessoais de Gabriel Medina
(Cifor), James Grogan (Imazon), Leonardo Sobral (Imazon), Patricia
Shanley (Cifor) e Pedro Bernardo (Cifor)
Editoração Eletrônica:
Jânio Veríssimo
Os dados e as opiniões expressas neste trabalho são de responsabilidade dos
autores e não refletem necessariamente a opinião dos financiadores deste estudo.
Imazon
Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia
Caixa Postal 5101. Belém, Pará. CEP 66613-397
Tel.: (91) 235-4214
Fax: (91) 235-0122
correio eletrônico: [email protected]
http://www.imazon.org.br
B438 Fatos Florestais da Amazônia 2003. / Marco Lentini, Adalberto
Veríssimo, Leonardo Sobral. Belém: Imazon, 2003.
110 p.; 22 cm
ISBN: 85-86212-11-2
1. Indústria madeireira Amazônia. 2. Madeira Amania.
3. Madeireira  Exploração  Amazônia . 4. Amazônia Legal. I.
Veríssimo, Adalberto. II. Sobral, Leonardo. III. Título.
CDD 363.700498560
CATALOGAÇÃO NA FONTE
DO DEPARTAMENTO NACIONAL DO LIVRO
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Fatos Florestais da Amazônia 2003
O Imazon
O Imazon - Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia -
é uma instituição de pesquisa, sem fins lucrativos, cuja missão é
promover o desenvolvimento sustentável na Amazônia através de
estudos, disseminação de informações e formação profissional.
O Instituto foi fundado em 1990, e sua sede fica na Grande Belém,
Pará.O Imazon publicou mais de 170 trabalhos técnicos, dos quais 75
foram veiculados em revistas científicas internacionais ou como
capítulos de livros. O Instituto também editou 19 livros, 8 livretos e 20
números da Série Amazônia.
Os Autores
Marco Lentini é engenheiro florestal, graduado pela Escola
Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São
Paulo. Lentini é pesquisador do Imazon desde 2000 com atuação na
área de política e economia florestal.
Adalberto Veríssimo é mestre em Ecologia pela Universidade
Estadual da Pensilvânia (EUA). Veríssimo é co-fundador do Imazon,
onde atua desde 1990 com pesquisas nas áreas de manejo, política e
economia florestal.
Leonardo Sobral é engenheiro florestal, graduado pela Faculdade
de Ciências Agronômicas da Universidade Estadual Paulista. Sobral é
pesquisador do Imazon desde 2001 com atuação na área de política e
economia florestal.
Sumário
Índice de figuras ............................................................................................. 6
Índice de tabelas ............................................................................................. 7
GLOSSÁRIO DE SIGLAS ............................................................................. 11
APRESENTAÇÃO.......................................................................................... 13
RESUMO....................................................................................................... 15
TERRITÓRIO, POPULAÇÃO E ECONOMIA.............................................. 17
VEGETAÇÃO E USO DO SOLO ................................................................. 21
Economia da Floresta: o Fator Chuva ............................................................. 23
O SETOR MADEIREIRO DA AMANIA .................................................. 29
Pessoal Economicamente Ocupado ................................................................ 36
As Serrarias Circulares no Estuário Amazônico .............................................. 38
Florestas Plantadas na Amazônia.................................................................... 48
CARACTERÍSTICAS DA EXPLORAÇÃO MADEIREIRA.............................. 51
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DE USO SUSTENTÁVEL ...................... 55
SITUAÇÃO DOS PLANOS DE MANEJO FLORESTAL ............................... 61
CERTIFICAÇÃO FLORESTAL NA AMAZÔNIA .......................................... 65
MERCADO DE MADEIRA AMANICA ................................................... 69
O Pará e as Exportações de Madeira .............................................................. 72
ECONOMIA DA ATIVIDADE MADEIREIRA .............................................. 73
Mogno: Lições para o Brasil ........................................................................... 82
CONCLUSÕES ............................................................................................. 85
AGRADECIMENTOS .................................................................................... 87
REFERÊNCIAS............................................................................................... 89
APÊNDICES ..................................................................................................95
Métodos ......................................................................................................... 97
Análises Realizadas ........................................................................................ 99
Instituições Selecionadas com Atuação na Área Florestal na Amazônia ....... 109
Índice de figuras
Figura 1. Amazônia Legal. ...................................................................................... 1 7
Figura 2. Principais rodovias da Amazônia Legal, 2002. ...................................... 20
Figura 3. Principais zonas de pluviosidade da Amazônia Legal, 2000. ............... 24
Figura 4. Áreas protegidas na Amazônia Legal, 2002. .......................................... 25
Figura 5. Cobertura vegetal da Amazônia Legal e do Bioma Amazônia, 2001. ....... 28
Figura 6. Fronteiras e pólos madeireiros da Amazônia Legal, 2001. ....................30
Figura 7. As zonas madeireiras da Amazônia Legal, 1998. .................................. 37
Figura 8. Serrarias circulares do estuário e Baixo Amazonas, 1998. .................... 39
Figura 9. Pólos e zonas madeireiras do Estado do Pará, 1998. ............................. 4 1
Figura 10. Pólos e zonas madeireiras do Estado de Mato Grosso, 1998. ............ 4 3
Figura 11. Pólos e zonas madeireiras do Estado de Rondônia, 1998. ................. 4 5
Figura 12. Localização das florestas certificadas na Amazônia, 2003. ................ 66
Figura 13. Destino da madeira amazônica no Estado de São Paulo, 2001.......... 7 0
Figura 14. Principais países importadores de madeira do Estado do Pará, 2002. ...... 72
Figura 15. Preços médios (US$/m
3
) de madeira serrada, 1998, 2001 e 2003. .......... 81
Figura 16. Zona de ocorrência do mogno na Amazônia Legal. ........................... 8 3
Figura 17. Extensão dos Biomas da Amazônia Legal, 2000.................................. 99
Índice de tabelas
Tabela 1. População, área e densidade demográfica dos Estados da Amazônia
Legal, 2000. ....................................................................................... 1 8
Tabela 2. Indicadores sociais e econômicos da Amazônia Legal, 2000. ............. 1 9
Tabela 3. Situação fundiária da Amazônia Legal, 1996-2002. ............................. 2 1
Tabela 4. Uso do solo nas áreas privadas da Amazônia Legal, 1996. .................. 22
Tabela 5. Áreas protegidas da Amazônia Legal, 2002. ......................................... 2 6
Tabela 6. Desflorestamento na Amazônia Legal, 1998-2002. .............................. 2 7
Tabela 7. Cobertura vegetal da Amazônia Legal e do Bioma Amazônia, 2001. ....... 28
Quadro 1. As fronteiras madeireiras da Amazônia Legal, 2001. ............................ 2 9
Tabela 8. Volume de madeira explorado e renda bruta da atividade madeireira
na Amazônia Legal, 1998. ................................................................ 3 1
Tabela 9. Madeira processada na Amazônia Legal, 1998. .................................... 32
Tabela 10. Tipo de empresas madeireiras da Amazônia Legal, 1998. .................. 3 3
Tabela 11. Porte das empresas madeireiras da Amazônia Legal, 1998. ................ 33
Tabela 12. Empregos diretos gerados pelo setor madeireiro na Amazônia
Legal, 1998. ....................................................................................... 3 4
Tabela 13. Empregos indiretos gerados pelo setor madeireiro da Amazônia
Legal, 1998-2002. ............................................................................. 3 5
Tabela 14. Geração de empregos nas madeireiras da Amazônia, 1998. .............. 35
Tabela 15. Pessoal ocupado por segmento econômico da Amazônia Legal,
1996 e 2000. ..................................................................................... 36
Tabela 16. Serrarias circulares na Amazônia Legal, 1998. .................................... 38
Tabela 17. Principais pólos madeireiros da Amazônia Legal, 1998. ..................... 40
Tabela 18. Pólos madeireiros do Estado do Pará, 1998. ........................................ 4 2
Tabela 19. Pólos madeireiros do Estado de Mato Grosso, 1998. .......................... 4 4
Tabela 20. Pólos madeireiros do Estado de Rondônia, 1998. ............................... 46
Tabela 21. Pólos madeireiros dos demais Estados da Amazônia Legal, 1998. ....... 47
Tabela 22. Produção de madeira em tora (m
3
) oriunda de silvicultura na
Amazônia Legal, 1998-2001. ............................................................ 4 8
Tabela 23. Áreas plantadas (hectares) de Pinus e Eucalyptus na Amazônia
Legal, 2000. ....................................................................................... 4 9
Tabela 24. Participação das florestas plantadas nas propriedades privadas da
Amazônia Legal, 1996. ..................................................................... 4 9
Tabela 25. Consumo de madeira em tora por tipo de produto do setor
florestal brasileiro, 2000. .................................................................. 5 0
Tabela 26. Responsável pela exploração madeireira na Amazônia, 1998. ........... 5 1
Tabela 27. Tipos de arraste usados na exploração madeireira na Amazônia
Legal, 1998. ....................................................................................... 5 2
Tabela 28. Origem da matéria-prima florestal na Amazônia Legal, 1998. ............ 5 3
Tabela 29. Volume de madeira extraído por tamanho de propriedade nos
Estados do Pará, de Mato Grosso e de Rondônia, 1998. ................ 5 4
Tabela 30. Flonas existentes na Amazônia, 2002. .................................................. 5 6
Tabela 31. Flotas existentes na Amazônia, 2002.................................................... 5 7
Tabela 32. Flonas e Flotas em processo de criação na Amazônia, 2003. ............. 5 8
Tabela 33. Resexs da Amazônia Legal, 2002.......................................................... 59
Tabela 34. Outras Unidades de Uso Sustentável na Amazônia Legal, 2002. ....... 6 0
Tabela 35. Situação legal dos Planos de Manejo na Amazônia Legal, 1998. ....... 6 2
Tabela 36. Situação legal dos Planos de Manejo na Amazônia Legal, 2000........ 6 3
Tabela 37. Situação legal dos Planos de Manejo na Amazônia Legal, 2001........ 6 3
Tabela 38. Volume de madeira autorizado pelo Ibama para exploração,
1998-2001. ........................................................................................ 6 4
Tabela 39. Áreas florestais nativas certificadas pelo FSC na Amazônia, 2003...... 6 5
Tabela 40. Empresas com certificação de cadeia de custódia na Amazônia
Legal, 2003. ....................................................................................... 6 7
Tabela 41. Mercado de madeira processada (m
3
) na Amazônia Legal, 1998. ...... 6 9
Tabela 42. Mercado de madeira processada (%) na Amazônia Legal, 1998. ....... 7 0
Tabela 43. Consumo de madeira amazônica e demanda por madeira
certificada no Estado de São Paulo, 2001. ....................................... 7 1
Tabela 44. Valor das exportações de madeira nos Estados da Amazônia, 1998-2002. ... 71
Tabela 45. Valor das exportações por tipo de produto no Estado do Pará, 2000-2003. .... 72
Tabela 46. Custos médios da atividade madeireira na Amazônia Legal, 1998. ........ 73
Tabela 47. Custos médios de transporte de toras por tipo de superfície na
Amazônia Legal, 1998. ..................................................................... 7 4
Tabela 48. Custos médios de transporte de madeira processada entre alguns
pólos madeireiros da Amazônia Legal e o Estado de São Paulo, 2001. .. 75
Tabela 49. Preços de madeira em tora das principais espécies madeireiras da
Amazônia Legal, 1998. ..................................................................... 7 7
Tabela 50. Preços de madeira serrada das principais espécies madeireiras da
Amazônia Legal, 1998. ..................................................................... 7 8
Tabela 51. Preços de madeira serrada das principais espécies madeireiras da
Amazônia Legal, 2001. ..................................................................... 7 9
Tabela 52. Preços de madeira serrada das principais espécies madeireiras da
Amazônia Legal, 2003. ..................................................................... 8 0
Tabela 53. Valores históricos da exploração de mogno na Amazônia Legal, 2002. ..... 83
Tabela 54. Entrevistas realizadas e amostragem (%) nas indústrias madeireiras
da Amazônia Legal, 1998. ................................................................98
Tabela 55. Composição da produção de madeira serrada nos Estados da
Amazônia Legal, 1998. ...................................................................101
Tabela 56. Empregos gerados pelas marcenarias e indústrias moveleiras da
Amazônia Legal, 2000. ...................................................................102
Tabela 57. Ocupações geradas pelo transporte de madeira processada na
Amazônia Legal, 1998. ...................................................................103
Tabela 58. Máquinas e empregos gerados para a manutenção de equipamentos
na Amazônia Legal, 1998. .............................................................. 104
Quadro 2. Exemplos de espécies utilizadas para segregar as classes de valor
madeireiro. .......................................................................................107
Tabela 59. Classes de valor madeireiro (US$/m
3
) na Amazônia Legal, 1998-2003. .... 107
Tabela 60. Número de observações, teste F e coeficientes de determinação
dos modelos ajustados. ................................................................... 108
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Lentini et al.
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Fatos Florestais da Amazônia 2003
GLOSSÁRIO DE SIGLAS
Abimci Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente
Abipa Associação Brasileira da Indústria de Painéis de Madeira
Abracave Associação Brasileira de Florestas Renováveis
ADA Agência de Desenvolvimento da Amazônia
Aimex Associação das Empresas Exportadoras de Madeira do Estado do Pará
Bracelpa Associação Brasileira de Celulose e Papel
CI Conservation International
Cifor Centro para Pesquisa Florestal Internacional
Cites Convenção sobre Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas
COC Cadeia de Custódia (Certificação Florestal)
Confea Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia
Crea Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia
CTA Centro de Trabalhadores da Amazônia
Decex Departamento de Operações de Comércio Exterior
DFID Department for International Development
Embrapa Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
FFT Fundação Floresta Tropical
FJP Fundação João Pinheiro
Flona Floresta Nacional
Flota Floresta Estadual
FSC Forest Stewardship Council
FVA Fundação Vitória Amazônica
GTA Grupo de Trabalho Amazônico
GTZ Cooperação Técnica Alemã
Ibama Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDH Índice de Desenvolvimento Humano
Imaflora Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola
Imazon Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia
Inpa Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
Inpe Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
Ipaam Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas
Ipam Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia
Ipea Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
ISA Instituto Socioambiental
ISPN Instituto Sociedade, População e Natureza
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Lentini et al.
MMA Ministério do Meio Ambiente
MPEG Museu Paraense Emílio Goeldi
PFC Associação dos Produtores Florestais Certificados na Amazônia
PIB Produto Interno Bruto
PMFS Plano de Manejo Florestal Sustentável
PNF Programa Nacional de Florestas
PNUD/UNDP Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
ProManejo Projeto de Apoio ao Manejo Florestal Sustentável na Amazônia
Pronatura Instituto Brasileiro de Pesquisas e Estudos Ambientais
RDS Reserva de Desenvolvimento Sustentável
Resex Reserva Extrativista
SBS Sociedade Brasileira de Silvicultura
SCS Scientific Certification Systems
Secex Secretaria de Comércio Exterior
Sefe Secretaria Executiva de Florestas e Extrativismo do Estado do Acre
SGS Société Générale de Surveillance
Senai Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SIG Sistema de Informações Geográficas
SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservação
Ufra Universidade Federal Rural da Amazônia
Uniflor União das Entidades Florestais do Estado do Pará
WHRC Woods Hole Research Center
WWF Fundo Mundial para a Natureza
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Fatos Florestais da Amazônia 2003
APRESENTAÇÃO
Fatos Florestais da Amazônia é um trabalho pioneiro cujo
objetivo é resumir as principais informações disponíveis sobre o setor
florestal da Amazônia brasileira. O trabalho está baseado na premissa
de que dados (abrangentes, atualizados e disponíveis) são essenciais
para entender e planejar o desenvolvimento do setor florestal. O Imazon
pretende continuar editando periodicamente esse trabalho de modo a
incorporar novos dados e atualizar as informações publicadas.
Nesta primeira edição o enfoque é o setor madeireiro, mas
esperamos incluir estatísticas sobre os produtos florestais não-
madeireiros, biodiversidade e serviços ambientais nas próximas
edições. A maioria das informações provém de levantamentos primários
realizados pelo Imazon com dados complementares de outras
instituições como IBGE, Ipea, Inpe, ISA, PNUD, Ibama.
Primeiramente, resumimos os dados gerais sobre território,
população, situação fundiária e economia da Amazônia. Num segundo
momento, abordamos o setor madeireiro em relação à produção
extrativa, transporte e processamento industrial. Em seguida, tratamos
da situação do manejo e certificação florestal. Finalmente, descrevemos
as principais informações sobre mercado (interno e externo) para os
produtos madeireiros da Amazônia, bem como os custos de extração,
processamento e transporte de madeira. Em geral, os dados
compreendem o período de 1998 a 2003.
Fatos Florestais da Amazônia foi escrito, sobretudo, para
profissionais e estudantes da área florestal, pesquisadores, técnicos
governamentais com atuação na área de recursos naturais, tomadores
de decisão, economistas, jornalistas e profissionais com atuação nas
instituições de crédito e planejamento regional.
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Lentini et al.
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Fatos Florestais da Amazônia 2003
RESUMO
A Amazônia Legal (5 milhões de quilômetros quadrados) abrigava
em 2000 uma população de 21 milhões de habitantes. A economia da
região é baseada na atividade florestal, na agropecuária, na mineração
e no parque industrial da Zona Franca de Manaus. Em 2000 seu Produto
Interno Bruto (PIB) foi R$ 73 bilhões (apenas 6,5% do PIB do Brasil).
A maioria (47%) das terras da Amazônia ainda é devoluta ou
sem titulação definida. As áreas públicas protegidas nas categorias de
Terras Indígenas, Unidades de Conservação e Áreas Militares
representam 29% e as terras privadas tituladas somam apenas 24% do
território amazônico.
A maior parte (64%) da cobertura vegetal da Amazônia Legal é
florestal. Os cerrados e campos representam conjuntamente 24%,
enquanto cerca de 12% da Amazônia está alterada pela ação antrópica
(a maioria, área desmatada).
A atividade madeireira é um dos principais usos da terra na
Amazônia, gerando anualmente uma renda bruta de US$ 2,5 bilhões.
A indústria madeireira gera cerca de 350 mil empregos diretos e
indiretos. O setor madeireiro da região é constituído por 2.570 empresas
distribuídas em 72 centros de processamento (pólos madeireiros), os
quais consumiram em 1998 cerca de 28,3 milhões de metros cúbicos
de madeira em tora. Uma produção equivalente a 78% da madeira
nativa extraída por ano no Brasil (excluindo lenha e carvão).
Em 1998, as madeireiras produziram cerca de 10,8 milhões de
metros cúbicos de madeira processada (rendimento médio de 38,2%).
A maioria (68%) dessa produção foi de madeira serrada, enquanto as
lâminas e os compensados representaram 21% e a madeira beneficiada
(portas, janelas, pisos, forros, lambris etc.) totalizou 11%.
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Lentini et al.
A grande maioria (86%) da produção madeireira destina-se ao
mercado nacional, enquanto apenas 14% são exportados. Entretanto,
o valor das exportações teve um aumento expressivo no período 1998-
2002, com participação crescente de produtos beneficiados. Em 1998,
a Amazônia exportou US$ 379 milhões, valor que subiu para US$ 513
milhões em 2002. No Pará, o principal Estado exportador (61% do
valor das exportações da Amazônia), os produtos beneficiados (portas,
janelas, decks etc.) representaram 21% do valor das exportações.
Entre 1998 e 2003, as espécies de alto valor econômico tiveram
preços médios de madeira serrada entre US$ 272 e US$ 244 por metro
cúbico. As espécies de médio valor alcançaram valores entre US$ 164
(1998) e US$ 152 (2003). Finalmente, cada metro cúbico de madeira
serrada de baixo valor variou entre US$ 121 (1998) e US$ 102 (2003).
A maior parte (72%) da madeira anualmente explorada na
Amazônia é oriunda de áreas de terceiros, enquanto 28% são
provenientes das próprias empresas. Cerca de 41% da madeira
consumida pelas indústrias processadoras é proveniente de pequenas
propriedades florestais (abaixo de 500 hectares); 24%, de médias
propriedades (entre 500 e 5 mil hectares); e 35%, de grandes
propriedades (acima de 5 mil hectares).
A exaustão dos estoques de florestas comerciais no leste e sul da
Amazônia tem ocasionado a migração das madeireiras para áreas
centrais da região. A alternativa é a adoção de práticas de manejo
florestal. Entretanto, os avanços do manejo florestal têm sido lentos.
Em 2001, o volume de madeira oriunda de planos de manejo de acordo
com os critérios do Ibama representou um terço da madeira extraída
na região. As florestas certificadas pelo FSC (Forest Stewardship
Council) somam 406 mil hectares na Amazônia, o que representa
apenas 2% da produção anual de madeira em tora da região.
- 17 -
Fatos Florestais da Amazônia 2003
TERRITÓRIO, POPULAÇÃO E ECONOMIA
Território. A Amazônia Legal, com extensão aproximada de 5
milhões de quilômetros quadrados (59% do território brasileiro), totaliza
762 municípios e engloba os Estados da Região Norte do País (Acre,
Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins), Mato Grosso
1
,
parte do Maranhão (a 44 graus de longitude oeste) e uma pequena
porção de Goiás (acima de 13 graus de latitude sul) (Figura 1).
Figura 1. Amazônia Legal
1
.
1
A Amazônia Legal foi criada pela Lei 1.806, de 6/1/1953. Nessa época, o Estado de Mato
Grosso tinha apenas a porção localizada a 16 graus de latitude norte incluída na Amazônia
Legal. Posteriormente, esse Estado foi totalmente incluído na Amazônia Legal através da Lei
Complementar n.º 31 de 11/10/1977 (ADA 2003).
1
Fonte: IBGE (1997).
- 18 -
Lentini et al.
População. A Amazônia evoluiu de uma região com população
extremamente escassa (8,2 milhões em 1970
2
), passando por 17 milhões
em 1991, até atingir 21 milhões de habitantes em 2000. A densidade
demográfica subiu de apenas 1,7 habitante por quilômetro quadrado
(1970) para 4,2 habitantes por quilômetro quadrado em 2000 (Tabela
1).
Tabela 1. População, área e densidade demográfica dos Estados da Amazônia
Legal, 2000
1
.
PIB. A economia da Amazônia é largamente baseada no setor
rural (extração de madeira, pecuária e agricultura), na mineração
industrial (em especial, ferro e bauxita) e na Zona Franca de
Manaus. O PIB regional totalizou R$ 73 bilhões em 2000
(equivalente a US$ 40 bilhões), o que representa apenas 6,5% do PIB
1
Fonte: IBGE (1997, 2000a).
2
Considerando a população total do Maranhão, embora a porção inserida na Amazônia Legal represente
79% do Estado.
3
Áreas estimadas em SIG através de dados do IBGE (1997). Cerca de 98% do Tocantins está inserido
na Amazônia Legal.
4
Inclui 3 mil km
2
pertencentes a Goiás (9% do Estado) inseridos na Amazônia Legal.
5
Inclui apenas os municípios inseridos na Amazônia Legal (IBGE 1997).
6
Inclui cinco municípios do Estado de Goiás.
Estado População Área Número Densidade
(milhares) (milhares de km
2
) de Municípios Demográfica
(habitantes/km
2
)
Acre 557 153 22 3,6
Amapá 477 143 16 3,3
Amazonas 2.813 1.571 62 1,8
Maranhão 5.651
2
264
3
182
5
17,0
Mato Grosso 2.504 903 126 2,8
Pará 6.192 1.248 143 5,0
Rondônia 1.380 238 52 5,8
Roraima 324 224 15 1,4
Tocantins 1.157 272
3
139 4,2
Amazônia Legal 21.055 5.019
4
762
6
4,2
2
Desconsiderando a população do Estado do Tocantins, criado apenas em 5/10/1988 pela
atual Constituição Federal. Foi também através da Constituição que os territórios federais do
Amapá e de Roraima foram transformados em Estados (ADA 2003).
- 19 -
Fatos Florestais da Amazônia 2003
do Brasil, embora a região represente quase 60% do território e abrigue
12% da população nacional. O PIB per capita da Amazônia Legal em
2000 foi igual a R$ 3.480 (equivalente a US$ 1.903) (Tabela 2).
IDH. A qualidade de vida dos habitantes da Amazônia, medida
pelo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)
3
, revela que a média
dos Estados da região (entre 0,65 e 0,77) foi inferior à média nacional
(0,83) no ano de 2000. Houve uma ligeira melhora do IDH em relação
ao índice de 1996 nos Estados do Acre, Maranhão, Pará e Tocantins.
Por outro lado, houve uma queda nos valores de IDH para os Estados
do Amapá, do Amazonas, de Rondônia e de Roraima. Considerando
uma média ponderada pelo número de habitantes de cada Estado
teremos um valor de IDH de 0,707 para a Amazônia Legal (Tabela 2).
Estado PIB
2
(milhões de R$) PIB
2
per capita Índice de Gini
3
IDH
4
Acre 1.703 3.037 0,571 0,692
Amapá 1.968 4.098 0,569 0,751
Amazonas 18.873 6.668 0,611 0,717
Maranhão 9.207 1.627 0,608 0,647
Mato Grosso 13.428 5.342 0,6 0,767
Pará 18.914 3.041 0,598 0,720
Rondônia 5.625 4.065 0,575 0,729
Roraima 1.117 3.417 0,564 0,749
Tocantins 2.450 2.110 0,612 0,721
Amazônia Legal 73.285 3.480 - -
Equivalente em US$
5
40.075 1.903 - -
Índices Médios Ponderados
6
- - 0,600 0,707
1
Fontes: IBGE (2002), PNUD, Ipea, FJP e IBGE (2002).
2
Fonte: IBGE (2002).
3
Fonte: IBGE (2000b).
4
Fontes: PNUD, Ipea, FJP e IBGE (2002).
5
Assumindo valor médio do dólar em 2000 de R$ 1,83. Fonte: Ipea (2003).
6
Constitui a média dos índices dos Estados da Amazônia Legal ponderada pela população de cada
Estado.
3
O índice é formado pelos seguintes indicadores: (i) expectativa de vida; (ii) educação,
expressa pela alfabetização de adultos e pela taxa de escolaridade (primário, secundário e
superior); e (iii) renda. O índice varia de 0 até 1 (PNUD 2002).
Tabela 2. Indicadores sociais e econômicos da Amazônia Legal, 2000
1
.
- 20 -
Lentini et al.
Índice de Gini. Esse índice mede o grau de concentração de renda
das pessoas responsáveis pelos domicílios, cujo valor varia de zero
(perfeita igualdade) até 1 (desigualdade máxima) (IBGE 2000). Portanto,
quanto mais próximo do índice 1, maior é a concentração de renda.
No caso da Amazônia Legal, o índice médio ponderado pelo número
de habitantes de cada Estado (0,600) é muito próximo da média nacional
(0,609). Esse índice teve uma ligeira melhora ao longo do tempo em
1991, a média nacional era de 0,636 e a média da Região Norte era de
0,612 (IBGE 1991) (Tabela 2).
Estradas. A rede de estradas públicas totaliza 63 mil quilômetros
4
,
dos quais aproximadamente 29% estão asfaltados e o restante (71%)
são estradas não-pavimentadas em diferentes condições de rodagem
(Figura 2). Além disso, há pelo menos cerca de 15 mil quilômetros de
estradas madeireiras no Pará, em Mato Grosso, em Rondônia e no
sudeste do Amazonas.
Figura 2. Principais rodovias da Amazônia Legal, 2002
1
.
4
Estimativas geradas em SIG a partir do mapa de estradas do IBGE (1997), atualizado com o auxílio
de Guias Rodoviários (2001, 2002).
1
Fonte: IBGE (1997), atualizado através de Guias Rodoviários (2001, 2002).
- 21 -
Fatos Florestais da Amazônia 2003
VEGETAÇÃO E USO DO SOLO
Situação Fundiária. Existe hoje uma carência de informações sobre
a situação fundiária da Amazônia. De acordo com o Censo Agropecuário
(IBGE 1996), 24% do território amazônico é declarado como propriedades
privadas. Outros 29% são áreas legalmente protegidas, incluindo as
Unidades de Conservação e Terras Indígenas (Figura 4, Tabela 3 e Tabela
5). O restante, 47% da Amazônia Legal, é composto de áreas devolutas e
terras em disputa ou sob litígio (Tabela 3).
Tabela 3. Situação fundiária da Amazônia Legal, 1996-2002
1
.
1
Fonte: Ibama (2002), Ricardo e Capobianco (2001), ISA (1999) e IBGE (1996).
2
Área total das propriedades privadas declaradas no Censo Agropecuário (IBGE 1996).
3
Inclui as Unidades de Conservação e Terras Indígenas. Tais áreas foram calculadas em SIG,
excluindo as sobreposições existentes (adaptado de Ibama 2003, Ricardo e Capobianco 2001 e
ISA 1999).
4
Definido como o complemento dos porcentuais de áreas protegidas e áreas privadas. Por essa
razão, inclui as áreas privadas não declaradas.
Situação Fundiária (% da Amazônia Legal)
Estado Terras Privadas
2
Áreas Protegidas
3
Terras Devolutas ou
Privadas em Disputa
4
Acre 22 36 43
Ama 5 53 42
Amazonas 2 34 64
Maranhão 38 11 51
Mato Grosso 55 15 30
Pa 18 28 54
Rondônia 38 45 17
Roraima 13 51 36
Tocantins 61 12 27
Amazônia Legal 24 29 47
- 22 -
Lentini et al.
Uso do Solo nas Áreas Privadas. De acordo com o Censo
Agropecuário (IBGE 1996), a pecuária ocupa 42% da área das
propriedades rurais. As culturas anuais, culturas perenes e terras
abandonadas somam 10% das áreas privadas. O restante, 48% das áreas
das propriedades, corresponde a ocupações por florestas ou demais tipos
de vegetação natural como campos naturais e cerrados (Tabela 4).
Tabela 4. Uso do solo nas áreas privadas da Amazônia Legal, 1996
1
.
Uso do Solo nas Propriedades (%)
Estado Pastagens Culturas Culturas Terras
Anuais
2
Perenes Abandonadas
3
Florestas
4
Acre 19 3 1 2 75
Ama 35 2 1 3 59
Amazonas 16 6 3 3 72
Maranhão 42 14 1 4 39
Mato Grosso 43 7 - 4 46
Pará 33 5 1 3 58
Rondônia 33 3 3 1 60
Roraima 52 4 2 5 37
Tocantins 66 4 - 4 26
Amazônia Legal 42 6 1 3 48
1
Fonte: Censo Agropecuário (IBGE 1996).
2
Inclui lavouras temporárias e lavouras temporárias em descanso.
3
Definidas como terras inaproveitáveis pelo Censo Agropecuário.
4
Inclui também florestas plantadas, cerrados, campos naturais e áreas produtivas não utilizadas.
- 23 -
Fatos Florestais da Amazônia 2003
Economia da Floresta: o Fator Chuva
O excesso de chuvas fa-
vorece a cobertura florestal e di-
ficulta as práticas agrícolas (em
especial, o cultivo de grãos).
Um estudo pioneiro realizado
pelo Imazon e Banco Mundial
(Schneider et al. 2000) revela
que, à medida que aumenta a
pluviosidade, diminui a renta-
bilidade econômica da agricul-
tura. Nesse estudo, os autores
dividiram a Amazônia em três
regiões pluviométricas: seca
(menos de 1.800 mm/ano),
transição (mais de 1.800 mm/
ano e menos de 2.200 mm/
ano) e úmida (mais de 2.200
mm/ano) (Figura 3).
A Amazônia Seca (17%
da Amazônia) concentra-se
principalmente ao sul da re-
gião e possui condições cli-
máticas favoráveis à agricul-
tura. Os solos existentes nes-
sa zona, embora pobres, são
bem drenados e possuem re-
levo favorável à mecanização
agrícola.
A Amazônia de Transi-
ção (38% da região) tem chu-
vas abundantes e um curto
período de estiagens, o que
dificulta a produção de grãos.
Entretanto, a utilização de cul-
turas perenes e maiores inves-
timentos em tecnologia (vari-
edades agrícolas adaptadas,
intensificação da pecuária)
pode gerar bons retornos eco-
nômicos.
A Amazônia Úmida
(45% da Amazônia) sofre chu-
vas excessivas e possui solos
encharcados em muitas áreas,
o que reduz drasticamente a
rentabilidade da agricultura
(em especial, grãos).
- 24 -
Lentini et al.
Figura 3. Principais zonas de pluviosidade da Amazônia Legal, 2000
1
.
1
Fonte: Schneider et al. (2000).
- 25 -
Fatos Florestais da Amazônia 2003
5
Excluindo desse cálculo as Áreas de Preservação Permanente (previstas no Código Florestal, Lei
4.771/65, modificada pela Lei 7.803/89) e as Reservas Particulares do Patrimônio Natural (ou RPPNs,
reconhecidas pelo Decreto 1.922/96).
1
Fonte: Ibama (2002) e ISA (1999).
2
Não está incluída neste mapa a Flona de Jatuarana (AM), estabelecida em 2002, que totaliza apro-
ximadamente 8,4 mil km
2
.
Figura 4. Áreas protegidas na Amazônia Legal, 2002
1,2
.
Áreas Protegidas. Cerca de 29% das áreas da Amazônia Legal estão
legalmente protegidas
5
. A maioria delas (20% do total) são Terras Indígenas, 4%
são Unidades de Uso Sustentável (Florestas Nacionais, Reservas Extrativistas),
4% são Unidades de Proteção Integral (Parques Nacionais, Reservas Biológicas
e Estações Ecológicas) e 0,5% são áreas militares (Figura 4, Tabela 5).
- 26 -
Lentini et al.
Tabela 5. Áreas protegidas da Amazônia Legal, 2002
1
.
1
Fonte: Ibama (2002), Ricardo e Capobianco (2001) e ISA (1999).
2
Aproximadamente 3% da Amazônia Legal (146 mil km
2
) está coberta pela sobreposição de diferentes
tipos de áreas protegidas. Nos casos de sobreposição, consideramos a categoria de área protegida
mais restritiva em relação ao uso dos recursos naturais. Por exemplo, nos casos em que sobreposição
entre Terras Indígenas e Unidades de Uso Sustentável (Flonas e Resexs) optamos por classificar as
áreas como Terras Indígenas.
Categoria Área Amazônia Legal
(milhões de km
2
) (%)
Proteção Integral 0,19 3,8
Parques Nacionais 0,14 2,7
Reservas Biológicas 0,02 0,5
Estações Ecológicas 0,02 0,4
Outras Unidades 0,01 0,2
Uso Sustentável 0,20 4,0
Flonas e Flotas 0,10 2,0
Reservas Extrativistas 0,05 0,9
Reservas de Desenvolvimento Sustentável 0,04 0,8
Florestas Extrativistas 0,01 0,3
Terras Indígenas 1,01 20,2
Terras Militares 0,02 0,5
Total
2
1,43 28,5
- 27 -
Fatos Florestais da Amazônia 2003
Tabela 6. Desflorestamento
1
na Amazônia Legal, 1998-2002
2
.
1
Desflorestamento é definido pelo Inpe comoconversão de áreas de fisionomia florestal primária por
ações antropogênicas, para desenvolvimento de atividades agrosilvipastoris, detectada a partir de
plataformas orbitais.
2
Adaptado de Inpe (2002, 2003b) e IBGE (1997).
3
Fonte: IBGE (1997).
4
O Inpe considera as seguintes categorias de cobertura florestal, segundo o mapa de vegetação do
RadamBrasil: formações pioneiras, campinarana florestada, cerradão, região de contato, floresta
estacional, floresta ombrófila aberta e floresta ombrófila densa.
5
Refere-se à relação entre o desflorestamento bruto em cada ano (Inpe 2002, 2003b) e a área oficial
dos Estados (IBGE 2000a). É importante notar que parte do território dos Estados da Amazônia Legal
não possui cobertura florestal. Portanto, essa relação não expressa o total de cobertura vegetal
desmatada em cada Estado.
6
No ano de 2002, a taxa de desflorestamento bruto para a Amazônia Legal foi igual a 25.476 km
2
.
Temos, portanto, uma extensão total de 631.368 km
2
desmatados até 2002 (Inpe 2003b).
Taxas de Desflorestamento. A Amazônia perdeu cerca de 12%
de sua cobertura florestal nos últimos 30 anos (Tabela 6). Considerando
apenas o Bioma Amazônia, essa perda foi de aproximadamente 11%
até 2001 (Tabela 7). Além disso, vastas áreas têm sofrido perdas parciais
de cobertura vegetal em função de incêndios florestais e exploração
madeireira. De acordo com estudo realizado por pesquisadores do
Ipam e Imazon (Nepstad et al. 1999), a atividade madeireira afetou
entre 10.000 e 13.000 quilômetros quadrados por ano no biênio 1997-
1998. Utilizando imagens de satélite, Matricardi (2003) estima que
cerca de 11,6 mil quilômetros quadrados de florestas tenham sido
explorados na Amazônia Legal entre 1996 e 1999.
Estado % Original de Desflorestamento (% da área total)
4,5
Cobertura florestal
3
1998 1999 2000 2001 2002
6
Acre 98,4 9,6 10,1 10,3 10,6 -
Amapá 78,4 0,1 0,1 0,1 0,1 -
Amazonas 88,2 1,8 1,9 1,9 2,0 -
Maranhão 30,4 38,1 38,8 39,5 39,9 -
Mato Grosso 48,9 14,6 15,2 15,9 16,8 -
Pará 87,4 15,1 15,6 16,0 16,5 -
Rondônia 85,2 22,4 23,3 24,5 25,6 -
Roraima 64,9 2,6 2,7 2,8 3,0 -
Tocantins 11,7 9,7 9,8 9,9 9,9 -
Amazônia Legal 72,6 11,0 11,4 11,7 12,1 12,6
- 28 -
Lentini et al.
Figura 5. Cobertura vegetal da Amazônia Legal e do Bioma Amazônia, 2001
1
.
Tabela 7. Cobertura vegetal da Amazônia Legal e do Bioma Amazônia, 2001
1
.
1
Fonte: Inpe (2003a), WWF (2000), IBGE (1997), WHRC (1992) e IBGE (1991).
2
Bioma pode ser definido como um conjunto de ecorregiões, fauna, flora e dinâmicas e processos
ecológicos similares (WWF 2000). Ver maiores detalhes sobre o Bioma Amazônia na Figura 17
(Apêndices).
3
Área estimada em SIG.
Tipo de Cobertura Tipo de Cobertura (%)
Amazônia Legal Bioma Amania
2
Áreas Desflorestadas 12 11
Formações Não-Florestais 24 13
Florestas 64 76
Estacionais 1 0,5
Transicionais 4 3
Abertas 18 22
Densas 41 50,5
Área Total (em milhares de km
2
) 5.019 4.056
3
1
Fonte: Inpe (2003a), WWF (2000), IBGE (1997), WHRC (1992) e IBGE (1991).
- 29 -
Fatos Florestais da Amazônia 2003
O SETOR MADEIREIRO DA AMAZÔNIA
Fronteiras Madeireiras. Podemos classificar as fronteiras
madeireiras da Amazônia de acordo com as tipologias florestais, estágio
de ocupação, condições de acesso e tipos de transporte (Veríssimo et al.
2002). Dessa maneira, caracterizamos quatro tipos de fronteiras:
Antigas (mais de 30 anos), localizadas ao sul e leste da Amazônia,
em regiões como Paragominas e Redenção (PA), Sinop (MT), Vilhena,
Ji-Paraná e Ariquemes (RO). Nessas regiões encontram-se as melhores
condições de infra-estrutura.
Intermediárias (10 a 30 anos), situadas em regiões como as
proximidades de Tailândia - Jacundá (PA), Tucuruí - Marabá (PA),
Altamira (PA), Marcelândia - Guarantã do Norte - Alta Floresta (MT) e
Juara - Juína (MT).
Novas (menos de 10 anos), localizadas no oeste do Pará, extremo
noroeste de Mato Grosso (Novo Aripuanã) e sudeste do Amazonas
(Apuí).
Estuarina, onde a exploração madeireira ocorre de forma
esporádica desde o século XVII. Entretanto, nos últimos 40 anos a
exploração madeireira no estuário tem ocorrido de forma mais intensa
(Quadro 1, Figura 6).
Fronteira Idade da
Madeireira Fronteira (anos) Tipo de Floresta Principais Pólos
Antigas > 30 Transicionais (sul) e Paragominas (PA), Tailândia (PA), Sinop (MT),
Densas (norte) Ariquemes (RO)
Intermediárias 10  20 Abertas (sul) e Santarém (PA), Altamira (PA),
Densas (norte) Marcelândia (MT), Alta Floresta (MT)
Novas < 10 Densas Novo Progresso (PA), Cotriguaçu (MT)
Estuarina > 300
2
Florestas de Várzea Breves (PA), Porto de Moz (PA)
1
Fonte: Veríssimo et al. (2002), Veríssimo e Lima (1998) e dados de pesquisa.
2
A exploração madeireira ocorre na zona estuarina desde o século XVII (Rankin 1985). Essa exploração
era seletiva, mas intensificou-se com a instalação de grandes indústrias na década de 60 (Veríssimo
et al. 2002 e Barros e Uhl 1995).
Quadro 1. As fronteiras madeireiras da Amazônia Legal, 2001
1
.
- 30 -
Lentini et al.
Figura 6. Fronteiras e pólos madeireiros da Amazônia Legal, 2001
1
.
1
Fonte: Veríssimo et al. (2002), Veríssimo e Lima (1998) e dados de pesquisa.
Produção
6
e Renda Madeireira. Em 1998, os 72 pólos
processadores de madeira
7
da Amazônia Legal exploraram cerca de
28,3 milhões de metros cúbicos de madeira em tora
8
para produzir
10,8 milhões de metros cúbicos de madeira processada (rendimento
médio de 38,2%). A renda bruta da atividade madeireira nesse ano foi
US$ 2,5 bilhões (Tabela 8).
6
Os cálculos de volume neste trabalho referem-se ao volume geométrico, ao invés do Francon,
que é mais usado nas áreas de extração madeireira. O volume Francon equivale a 77% do
volume geométrico.
7
Pólo madeireiro é um município ou microrregião com consumo anual superior a 100 mil
metros cúbicos de madeira em tora (Veríssimo et al. 2002).
8
Considerando uma média de 4 m
3
por árvore explorada, teríamos anualmente mais de 7
milhões de árvores extraídas das florestas.
- 31 -
Fatos Florestais da Amazônia 2003
Em 1998, os principais Estados produtores eram o Pará (40%),
Mato Grosso (36%) e Rondônia (17%), enquanto os Estados restantes
(Acre, Amazonas, Amapá, Roraima, Tocantins e Maranhão)
participaram com apenas 7% da produção regional.
A maioria da produção (68%) foi de madeira serrada, em geral
sem secagem. Os laminados e compensados somaram 21%, enquanto
a madeira beneficiada (portas, janelas, pisos, forros etc.) totalizou
apenas 11% da produção (Tabela 9).
Tabela 8. Volume de madeira explorado e renda bruta da atividade madeireira na
Amazônia Legal, 1998.
Estado Número de Pólos mero Volume Total Renda Bruta
Madeireiros
1,2
de Empresas
1,2
Explorado (US$ milhões)
2,6
(milhares de m
3
)
5
Acre 1 25 200
2
18,2
Amapá
3
1 66 140
3
11,7
Amazonas 3 32 710
1
110,4
Maranhão 2 67 710
1
65,1
Mato Grosso 23 740 10.070
2
758,3
Pará
4
24 1.210 11.280
4
1.026,3
Rondônia 16 390 4.790
2
472,5
Roraima 1 23 240
1
23,2
Tocantins 1 17 120
1
11,4
Amazônia Legal 72 2.570 28.260
1,2
2.497,1
1
Fonte: Veríssimo e Lima (1998).
2
Fonte: dados de pesquisa.
3
Fonte: Veríssimo et al. (1999).
4
Fonte: Veríssimo et al. (2002).
5
Existem estimativas de produção madeireira mais recentes para alguns Estados da Amazônia como o
caso do Acre, onde foram explorados 280 mil metros cúbicos de madeira em tora em 2002 (Sefe
2002) e do Pará, que teve sua produção de madeira em tora ligeiramente reduzida para 10,8 milhões
de metros cúbicos em 2001 (Veríssimo et al. 2002).
6
Assumindo valor médio do dólar em 1998 de R$ 1,16. Fonte: Ipea (2003).
- 32 -
Lentini et al.
Tabela 9. Madeira processada na Amazônia Legal, 1998.
Estado Produção Processada (%) Produção
Serrada Beneficiada Laminados e Processada
(Aparelhados)
5
Compensados (milhares de m
3
)
Acre
1
82 12 6 75
Amapá
2
63 37 - 56
Amazonas
1
55 28 17 281
Maranhão
1
52 13 35 283
Mato Grosso
3
69 11 20 3.919
Pará
4
77 6 17 4.255
Ronnia
3
45 22 33 1.784
Roraima
1
91 9 - 91
Tocantins
1
67 25 8 48
Amazônia Legal
3
68 11 21 10.792
1
Fonte: Veríssimo e Lima (1998).
2
Fonte: Veríssimo et al. (1999).
3
Fonte: dados de pesquisa.
4
Fonte: Veríssimo et al. (2002).
5
Considerando a madeira processada em empresas diretamente envolvidas com o desdobro de toras.
Não inclui, portanto, a produção de indústrias beneficiadoras de madeira serrada.
Tipo de Empresas. Em 1998, havia 2.570 madeireiras em
funcionamento nos pólos madeireiros da Amazônia. A maioria (57%)
dessas indústrias eram serrarias de serra-de-fita, enquanto as serrarias
circulares totalizavam 32% das empresas. As laminadoras de madeira
representavam 7% e as fábricas de compensados, apenas 4% do total
de empresas (Tabela 10).
Porte das Empresas. As empresas de porte micro (menos de 4
mil metros cúbicos de madeira em tora por ano) representam 34% das
madeireiras da Amazônia. As empresas pequenas (entre 4 mil e 10 mil
metros cúbicos) totalizam outros 19%, enquanto as médias (entre 10
mil e 20 mil metros cúbicos anuais) somam 32% das indústrias
processadoras. Por último, apenas 15% das empresas da região possuem
porte grande, ou seja, utilizam mais de 20 mil metros cúbicos anuais
de madeira em tora (Tabela 11).
- 33 -
Fatos Florestais da Amazônia 2003
Tabela 10. Tipo de empresas madeireiras da Amazônia Legal, 1998.
1
Fonte: Veríssimo e Lima (1998).
2
Fonte: Veríssimo et al. (1999).
3
Fonte: dados de pesquisa.
4
Fonte: Veríssimo et al. (2002).
5
Considerando apenas as empresas localizadas nos pólos madeireiros da Amazônia Legal.
6
As serrarias circulares são microempresas familiares localizadas majoritariamente no estuário amazô-
nico. A produção dessas microempresas, geralmente de baixa qualidade, destina-se principalmente à
construção civil da população de baixa renda nas capitais amazônicas. Os equipamentos de
processamento incluem serras circulares, induspan e engenhos horizontais.
Estado Quantidade e Tipo de Madeireira
5
Serrarias Serrarias Fábricas de
Circulares
6
(serra-de-fita) Laminadoras Compensados Total
Acre
1
- 24 - 1 25
Amapá
2
58 8 - - 66
Amazonas
1
10 16 - 6 32
Maranhão
1
- 54 7 6 67
Mato Grosso
3
188 458 68 26 740
Pará
4
534 602 43 31 1.210
Ronnia
3
43 262 57 28 390
Roraima
1
- 23 - - 23
Tocantins
1
- 16 - 1 17
Amazônia Legal
3
833 1.463 175 99 2.570
Tabela 11. Porte das empresas madeireiras da Amazônia Legal, 1998.
Estado Porte das Madeireiras
Micro
5
Pequenas
6
Médias
7
Grandes
8
Total
Acre
1
1 7 16 1 25
Amapá
2
60 2 4 - 66
Amazonas
1
10 2 5 15 32
Maranhão
1
9 40 7 11 67
Mato Grosso
3
198 95 309 138 740
Pará
4
540 190 329 151 1.210
Ronnia
3
53 131 138 68 390
Roraima
1
1 9 13 - 23
Tocantins
1
7 7 2 1 17
Amazônia Legal
3
879 483 823 385 2.570
1
Fonte: Veríssimo e Lima (1998).
2
Fonte: Veríssimo et al. (1999).
3
Fonte: dados de pesquisa.
4
Fonte: Veríssimo et al. (2002).
5
Consumo anual de madeira em tora inferior a 4 mil metros cúbicos.
6
Consumo anual de madeira em tora entre 4 mil e 10 mil metros cúbicos.
7
Consumo anual de madeira em tora entre 10 mil e 20 mil metros cúbicos.
8
Consumo anual de madeira em tora superior a 20 mil metros cúbicos.
- 34 -
Lentini et al.
Empregos Gerados pela Atividade Madeireira. A atividade
madeireira gerou cerca de 127 mil empregos diretos em 1998. Os
principais Estados produtores - Pará, Mato Grosso e Rondônia - tiveram
uma participação de 90% nos postos de trabalho gerados (Tabela 12).
Tabela 12. Empregos diretos gerados pelo setor madeireiro na Amazônia Legal, 1998
1
.
1
Fonte: Veríssimo e Lima (1998).
2
Fonte: Veríssimo et al. (1999).
3
Fonte: dados de pesquisa.
4
Fonte: Veríssimo et al. (2002).
5
Refere-se às 15 principais indústrias beneficiadoras de madeira situadas na Grande Belém, as quais
utilizam como matéria-prima madeira serrada para o mercado de exportação.
Empregos Diretos (em milhares)
Estimamos que cada emprego direto gera, em média, 1,8 posto
de trabalho em áreas de revenda de madeira (estâncias e depósitos),
marcenarias, transporte de madeira processada, setor de serviços
(engenheiros florestais), lojas de revenda de equipamentos e máquinas
e serviços de manutenção. Dessa maneira, estimamos o número total
de empregos diretos e indiretos gerados pelo setor madeireiro em
aproximadamente 350 mil (Tabela 13). Na Amazônia Legal, o total de
empregos (diretos e indiretos) equivale a 4,4% das pessoas ocupadas.
Acre
1
0,3 0,5 0,1 - 0,9
Amapá
2
0,2 0,4 - - 0,6
Amazonas
1
1,1 1,9 2,2 - 5,2
Maranhão
1
1,2 1,3 2,2 - 4,7
Mato Grosso
3
16,1 12,6 6,9 - 35,6
Pará
4
18,1 22,4 14,1 4,0 58,6
Ronnia
3
7,7 6,5 6,0 - 20,2
Roraima
1
0,3 0,5 - - 0,8
Tocantins
1
0,2 0,4 0,1 - 0,7
Amazônia Legal
3
45,2 46,5 31,6 4,0 127,3
Estado Exploração Laminadoras e
Florestal Serrarias Fábricas de Exportadoras e Total
Compensados Beneficiadoras
5
- 35 -
Fatos Florestais da Amazônia 2003
Tabela 13. Empregos indiretos gerados pelo setor madeireiro da Amazônia Legal,
1998-2002
1
.
1
Adaptado de Sobral et al. (2002) e IBGE (2000c). Os cálculos dessa estimativa podem ser vistos nos
Apêndices.
2
Estabelecimentos de venda de madeira no varejo nas cidades da região amazônica.
3
Refere-se apenas aos empregos gerados dentro da Amazônia Legal.
4
Ver Pessoal Economicamente Ocupado.
Tabela 14. Geração de empregos nas madeireiras da Amazônia, 1998
1
.
Tipo de Produção
2
Produção Anual de Madeira Processada (m
3
) por Empresa
< 1,5 mil 1,5 mil 5 mil 5 mil 10 mil > 10 mil Média Geral
Madeira Serrada 6 20 37 118 27
Laminados 22 29 47 131 71
Madeira Beneficiada 20 26 51 159 43
Compensados - 90 93 209 159
Média Geral 7 21 43 148 39
1
Fonte: Veríssimo et al. (2002), Veríssimo e Lima (1998) e dados de pesquisa.
2
É comum uma empresa produzir diferentes tipos de produtos. Nesses casos, consideramos a produ-
ção preponderante da empresa (superior a 50% do total). Nos casos em que isso não foi possível (dois
tipos de produtos com 50% cada) as empresas foram descartadas desse cálculo.
As empresas que produzem madeira processada com baixa
agregação de valor (madeira serrada) geram, em média, menos
empregos do que indústrias que investem mais em suas linhas de
produção (compensados e madeira beneficiada) (Tabela 14).
Empregos Indiretos
Revendas de Madeira
2
Trabalhadores de Marcenarias
Manutenção de Tratores e Caminhões
Revendas de Motosserras
Profissionais da Área Florestal
Dentro da Amazônia Legal
Revendas de Madeira
Transporte de Madeira Processada
Restante do Brasil
Total de Empregos Indiretos
Total de Empregos Diretos
Total de Empregos Diretos e Indiretos
Relação Empregos Indiretos/Empregos Diretos
Relação Empregos Diretos e Indiretos
3
/Pessoal Total Ocupado
4
Total de Pessoas
8.605
92.708
2.185
1.120
900
105.518
96.257
23.910
120.167
225.685
127.359
353.044
1,8
4,4%
- 36 -
Lentini et al.
Tabela 15. Pessoal ocupado por segmento econômico da Amazônia Legal,
1996 e 2000
1
.
1
Fonte: IBGE (1996, 2000b).
2
Indústrias extrativas e de transformação ligadas às atividades de agricultura, pecuária, silvicul-
tura, exploração florestal e pesca (IBGE 2000b).
3
Atividades de comércio, reparação de veículos automotores, objetos pessoais e domésticos (IBGE
2000b).
4
Administração pública, defesa e seguridade social (IBGE 2000b).
5
Inclui produção e distribuição de eletricidade, gás e água; construção civil; setores de aloja-
mento e alimentação; transporte, armazenagem e comunicações; intermediação financeira,
atividades imobiliárias, aluguéis e serviços prestados às empresas; educação; saúde e serviços
sociais; outros serviços coletivos, sociais e pessoais; serviços domésticos; e dedicação a insti-
tuições internacionais (IBGE 2000b).
6
Pessoal ocupado com atividades agropecuárias nas zonas rurais (IBGE 1996).
Pessoal Economicamente Ocupado
9
Como o IBGE não possui estatísticas de população economicamente ativa para os Estados
da Amazônia Legal, utilizamos as estimativas de pessoal ocupado durante os períodos dos
levantamentos (1996 para o Censo Agropecuário e 2000 para a Pesquisa Nacional por Amos-
tra de Domicílios) para os diversos setores econômicos.
De acordo com o Censo
Agropecuário, pelo menos 3,5
milhões de pessoas estavam
envolvidas com a agropecuária
em 1996. Além disso, 1,8 mi-
lhão de pessoas encontravam-
se ocupadas
9
nos setores indus-
triais, comerciais, públicos e de
serviços na Amazônia Legal em
2000 (Tabela 15).
Estado Pessoal Ocupado por Setor Econômico (milhares de pessoas)
Indústria
2
Comércio
3
Setores Outros Agricultura Total
Públicos
4
Setores
5
e Pecuária
6
Acre 4 12 34 16 93 159
Amapá 2 11 21 12 17 63
Amazonas 56 47 80 83 350 616
Maranhão 26 69 114 95 1.332 1.636
Mato Grosso 76 102 69 102 330 679
Pará 73 102 150 156 884 1.365
Rondônia 28 47 38 34 304 451
Roraima 1 8 2 5 35 51
Tocantins 10 28 54 24 194 310
Amazônia Legal 276 426 562 527 3.539 5.330
- 37 -
Fatos Florestais da Amazônia 2003
Zonas Madeireiras. onze zonas madeireiras na Amazônia
Legal, entre elas cinco encontram-se no Estado do Pará, três estão no
Mato Grosso e três localizam-se em Rondônia (Figura 7). Nos demais
Estados da Amazônia, os pólos madeireiros existentes são insuficientes
para serem agregados em zonas madeireiras.
Figura 7. As zonas madeireiras da Amazônia Legal, 1998
1
.
1
Fonte: Veríssimo et al. (2002), dados de pesquisa e Veríssimo e Lima (1998).
- 38 -
Lentini et al.
As Serrarias Circulares no Estuário Amazônico
Tabela 16. Serrarias circulares na Amazônia Legal, 1998
1
.
1
Fonte: Veríssimo et al. (2002), dados de pesquisa e Veríssimo e Lima (1998).
2
Inclui serrarias equipadas com serras circulares, induspan e engenhos horizontais.
3
Inclui serrarias circulares localizadas em regiões de florestas de terra firme.
Estado Número de Número de Consumo Produção
Serrarias Empregos em Tora Processada
Circulares
2,3
Diretos (milhares de m
3
) (milhares de m
3
)
Amapá 58 362 55 20
Amazonas 10 93 23 8
Mato Grosso 188 1.827 554 200
Pará 534 3.578 561 201
Rondônia 43 399 97 35
Total 833 6.259 1.290 464
Participação das Serrarias
Circulares na Amazônia 32,4% 5,1% 4,6% 4,3%
A Amazônia Legal abri-
gava 833 serrarias circulares
em 1998. Essas serrarias es-
tavam localizadas principal-
mente no estuário amazôni-
co (71%) - nos furos e tribu-
tários dos rios Amazonas,
Xingu, Tocantins e Pará (Figu-
ra 8). Essas processadoras fa-
miliares consumiram conjun-
tamente apenas 1,3 milhão de
metros cúbicos de madeira
em tora (5% da produção da
Amazônia), gerando 6,3 mil
empregos diretos (Tabela 16).
Em geral, essas empresas produ-
zem madeira serrada de baixa
qualidade para os mercados de
Belém, Macapá e cidades do es-
tuário. Desde o início da explo-
ração do estuário em larga esca-
la, na década de 60, houve um
grande declínio da produção lo-
cal, impulsionado pela exaustão
dos estoques de espécies comer-
ciais, pelo aumento do rigor na
fiscalização e pela competição
com as madeiras de baixo valor
oriundas das florestas de terra
firme.
- 39 -
Fatos Florestais da Amazônia 2003
Figura 8. Serrarias circulares do estuário e Baixo Amazonas, 1998
1
.
1
Fonte: Veríssimo et al. (2002), dados de pesquisa e Veríssimo e Lima (1998).
- 40 -
Lentini et al.
Principais Pólos Madeireiros. Os dez maiores pólos madeireiros
da Amazônia representaram 36% da produção total de madeira em tora
em 1998. O maior pólo madeireiro era Paragominas (PA), com 155
empresas, extraindo por ano cerca de 2,3 milhões de metros cúbicos em
tora. A renda bruta gerada no pólo de Paragominas foi aproximadamente
US$ 169 milhões. Em seguida, aparece Sinop (MT), com 100 empresas,
extraindo 1,7 milhão de metros cúbicos em tora. A renda bruta gerada
em Sinop foi cerca de US$ 124 milhões (Tabela 17).
Tabela 17. Principais pólos madeireiros da Amazônia Legal, 1998
1
.
Pólo Madeireiro UF Volume Número de Número de Renda Bruta
Explorado Empresas Empregos (US$ milhões)
(milhares de m
3
) Diretos
Paragominas PA 2.300 155 11.943 169,3
Sinop MT 1.700 100 7.026 124,3
Tailândia PA 900 44 3.520 70,6
Ariquemes RO 750 55 2.748 72,9
Jacundá PA 750 50 1.642 66,8
Marcelândia MT 750 52 2.442 51,7
Tomé Açu PA 750 52 3.426 55,0
Vilhena RO 750 37 3.641 82,2
Cláudia MT 730 35 2.843 52,8
Breu Branco PA 700 40 3.739 62,4
Contribuição dos Maiores
Pólos na Amazônia 36% 24% 35% 32%
1
Fonte: Veríssimo et al. (2002), Veríssimo e Lima (1998) e dados de pesquisa.
- 41 -
Fatos Florestais da Amazônia 2003
Pará. Em 1998, o Estado possuía 24 pólos distribuídos em 5 zonas
madeireiras (Figura 9). Havia 1.210 empresas que extraíam
conjuntamente 11,3 milhões de metros cúbicos de madeira em tora.
O volume de madeira processada (serrados, laminados, compensados
e beneficiados) totalizou 4,3 milhões de metros cúbicos. A renda bruta
gerada foi cerca de US$ 1 bilhão e os empregos diretos representaram
aproximadamente 55 mil (Tabela 18).
Figura 9. Pólos e zonas madeireiras do Estado do Pará, 1998
1,2
.
1
Fonte: Veríssimo et al. (2002).
2
O leste e sul do Pará são as zonas madeireiras mais antigas, onde a exploração comercial iniciou-se
com a abertura das primeiras rodovias (década de 70). No sul, havia originalmente muitas florestas
de mogno (Swietenia macrophylla), cujos estoques foram praticamente dizimados. O centro do Esta-
do é uma transição entre o leste e o oeste, a nova fronteira madeireira. O estuário é a região típica
das florestas de várzea. Maiores detalhes sobre as zonas madeireiras do Pará podem ser encontrados
em Veríssimo et al. (2002).
- 42 -
Lentini et al.
Tabela 18. Pólos madeireiros do Estado do Pará, 1998
1
.
los Número de Volume Total Número de Renda Bruta
Madeireiros Empresas Explorado Processado Empregos (US$ milhões)
(milhares de m
3
) (milhares de m
3
) Diretos
Afuá
2
256 130 46,8 1.587 10,3
Altamira
3
37 250 99,0 1.482 29
Breu Branco
4
40 700 263,3 3.739 62,4
Breves 97 510 192,1 3.117 66,1
Cametá
5
77 170 61,2 801 12,3
Capitão Poço
6
25 180 65,4 714 14,5
Dom Eliseu
7
25 570 222,4 4.141 56,5
Goianésia 34 450 166,8 1.606 35,3
Itaituba
8
22 330 124,7 1.242 34,6
Itupiranga 13 180 65,6 622 14,4
Jacundá 50 750 303,2 1.642 66,8
Marabá 22 360 141,6 1.577 33,3
Novo Progresso 19 300 109,6 1.261 26,7
Novo Repartimento 9 110 40,1 390 15,6
Oeiras
9
100 120 43,2 748 8,8
Paragominas
10
155 2.300 851,1 11.943 169,3
Portel 11 180 68,6 1.034 27,5
Porto de Moz 16 220 82,6 1.141 31,1
Redenção
11
30 650 244,2 2.558 58,5
Rondon
12
34 630 246,2 2.908 57,5
Santarém 33 430 170,3 2.993 58,8
Tailândia 44 900 331,4 3.520 70,6
Tomé Aç u
13
52 750 275,2 3.426 55
Uruará
14
9 110 39,9 402 11,4
Pará 1.210 11.280 4.254,7 54.594 1.026,3
1
Fonte: Veríssimo et al. (2002), Veríssimo e Lima (1998) e dados de pesquisa.
2
Inclui Anajás.
3
Inclui Brasil Novo e Senador José Porfírio.
4
Inclui Tucuruí.
5
Inclui Baião, Igarapé-Miri e Mocajuba e o distrito de Ituquara.
6
Inclui Garrafão, Nova Esperança e o distrito de Cristal.
7
Inclui Itinga e o distrito de Ligação do Pará (Ulianópolis).
8
Inclui Rurópolis.
9
Inclui Limoeiro do Ajuru.
10
Inclui Ipixuna, Mãe do Rio e Ulianópolis.
11
Inclui Tucumã e Santana do Araguaia.
12
Inclui Abel Figueiredo.
13
Inclui Acará e Concórdia do Pará.
14
Inclui Medicilândia.
- 43 -
Fatos Florestais da Amazônia 2003
Mato Grosso. As 740 empresas madeireiras (serrarias,
laminadoras e fábricas de compensados) do Estado extraíram cerca de
10 milhões de metros cúbicos de madeira em tora em 1998. O volume
de madeira processada totalizou 3,9 milhões de metros cúbicos. A renda
bruta gerada foi US$ 750 milhões para um total de 36 mil empregos
diretos (Tabela 19). Os 23 pólos do Mato Grosso podem ser divididos
em 3 zonas madeireiras: central, norte e noroeste (Figura 10).
Figura 10. Pólos e zonas madeireiras do Estado de Mato Grosso, 1998
1,2
.
1
Fonte: Veríssimo e Lima (1998) e dados de pesquisa.
2
O centro do Mato Grosso é a zona madeireira mais antiga, comportando alguns dos principais pólos
como Sinop e Cláudia. Essa zona é constituída por florestas abertas e transicionais. As florestas
densas ocorrem no norte e noroeste do Estado, que são fronteiras madeireiras mais recentes.
- 44 -
Lentini et al.
Tabela 19. Pólos madeireiros do Estado de Mato Grosso, 1998
1
.
los Número de Volume Total Número de Renda Bruta
Madeireiros Empresas Explorado Processado Empregos (US$ milhões)
(milhares de m
3
) (milhares de m
3
) Diretos
Alta Floresta 44 550 216,9 1.974 41,8
Aripuanã 18 350 137,2 1.081 28,6
Brásnorte 17 200 88,9 758 20,8
Cláudia 35 730 282,0 2.843 52,8
Colíder
2
16 100 42,0 301 8,7
Comodoro
3
22 210 79,3 580 15,3
Cotriguaçu 18 250 94,5 860 21,9
Feliz Natal 45 600 233,7 1.784 42,5
Guarantã
4
66 610 233,5 2.030 41,3
Juara 18 400 152,3 1.661 30,4
Juína 33 460 185,4 1.593 38,7
Juruena 15 270 111,3 1.455 24,8
Marcelândia 52 750 289,7 2.442 51,7
Paranaíta
5
30 500 198,6 1.395 36,8
Peixoto de Azevedo
6
32 190 72,0 676 12
Porto dos Gaúchos
7
18 210 82,6 704 16,5
Santa Carmen 17 160 61,3 466 11,5
São José do Rio Claro 22 300 119,1 1.086 27,5
Sinop 100 1.700 647,2 7.026 124,3
Sorriso 33 410 161,3 1.290 30,6
Tabaporã 21 310 116,3 999 21,2
União do Sul 29 260 98,7 794 16,9
Vera 39 550 215,7 1.807 41,7
Mato Grosso 740 10.070 3.919,5 35.605 758,3
1
Fonte: Veríssimo e Lima (1998) e dados de pesquisa.
2
Inclui o município de Itaúba.
3
Inclui o munipio de Pontes Lacerda.
4
Inclui o munipio de Novo Mundo.
5
Inclui os municípios de Apiacás e Nova Monte Verde.
6
Inclui o município de Matupá.
7
Inclui o município de Novo Horizonte.
- 45 -
Fatos Florestais da Amazônia 2003
Figura 11. Pólos e zonas madeireiras do Estado de Rondônia, 1998
1,2
.
1
Fonte: Veríssimo e Lima (1998) e dados de pesquisa.
2
As regiões próximas da BR 364, que corta o Estado de norte a sul, sofreram uma colonização madei-
reira mais antiga (mais de 30 anos). No centro do Estado, zona em que se concentram algumas
manchas de florestas densas, existem regiões onde a atividade madeireira é mais recente (São Fran-
cisco do Guaporé e Seringueiras, por exemplo).
Rondônia. As 390 empresas madeireiras existentes nos 16 pólos
madeireiros de Rondônia extraíram cerca de 4,8 milhões de metros
cúbicos de madeira em tora em 1998. O volume de madeira processada
(serrados, laminados, compensados e beneficiados) totalizou 1,8 milhão
de metros cúbicos. A renda bruta foi cerca de US$ 470 milhões, gerando
aproximadamente 20 mil empregos diretos (Tabela 20). Os 16 pólos
de Rondônia podem ser divididos em 3 zonas madeireiras: central,
norte e sudeste (Figura 11).
- 46 -
Lentini et al.
Tabela 20. Pólos madeireiros do Estado de Rondônia, 1998
1
.
los Número de Volume Total Número de Renda Bruta
Madeireiros Empresas Explorado Processado Empregos (US$ milhões)
(milhares de m
3
) (milhares de m
3
) Diretos
Alta Floresta do Oeste 14 140 51,5 544 9,7
Alto Paraíso 12 130 47,7 460 9,8
Ariquemes 55 750 278,6 2.748 72,9
Buritis 24 220 82,4 700 18,5
Cujubim
2
11 150 55,9 455 11,3
Espigão do Oeste 14 160 61,3 748 14
Jaru
3
32 500 187,6 2.209 56,7
Ji-Paraná
4
37 350 132,3 2.034 35,1
Machadinho do Oeste
5
17 200 73,4 806 22,7
Monte Negro
6
18 160 59,7 876 13,7
Nova Mamoré
7
36 280 103,8 1.121 29,1
Ouro Preto do Oeste 11 160 57,6 516 21
Pimenta Bueno 13 250 93,8 1.059 23,4
Rolim de Moura
8
21 190 71,7 1.031 20,5
S. Francisco Guaporé
9
38 400 148,5 1.250 31,9
Vilhena
10
37 750 278,4 3.641 82,2
Rondônia 390 4.790 1.784,1 20.198 472,5
1
Fonte: Veríssimo e Lima (1998) e dados de pesquisa.
2
Inclui Rio Crespo.
3
Inclui Mirante da Serra.
4
Inclui Alvorada do Oeste.
5
Inclui Vale do Anari.
6
Inclui Campo Novo de Rondônia.
7
Inclui a rego de Porto Velho.
8
Inclui Cacoal.
9
Inclui Seringueiras.
10
Inclui Colorado do Oeste.
- 47 -
Fatos Florestais da Amazônia 2003
Tabela 21. Pólos madeireiros dos demais Estados da Amazônia Legal, 1998.
1
Fonte: Veríssimo e Lima (1998).
2
Fonte: dados de pesquisa.
3
Inclui Santa Fé.
4
Inclui Itinga.
5
Inclui Santana, Pedra Branca do Amapari, Porto Grande, Mazagão e Laranjal do Jari.
6
Inclui Brasiléia, Feijó, Manoel Urbano, Plácido de Castro, Sena Madureira, Senador Guiomard, Tarauacá
e Xapuri.
Demais Estados. Nos Estados do Amazonas e Maranhão foram
extraídos 0,7 milhão de metros cúbicos de madeira em tora em 1998.
Nesse mesmo ano, as madeireiras dos Estados do Acre e de Roraima
extraíram cada uma cerca de 200 mil metros cúbicos de madeira em
tora, enquanto no Amapá e Tocantins a produção madeireira foi pouco
mais de 100 mil metros cúbicos (Tabela 21).
Pólos Número de Consumo Total Número de Renda Bruta
Madeireiros Empresas
1
em Tora Processado Empregos (US$ milhões)
2
(milhares de m
3
)
1
(milhares de m
3
)
1
Diretos
1,2
Açailândia (MA) 39 480 192,1 3.340 43,8
Araguaina (TO)
3
17 120 48,0 676 11,4
Boa Vista (RR) 23 240 90,7 806 23,2
Humaitá (AM) 13 120 46,7 892 9,8
Imperatriz (MA)
4
28 230 91,4 1.339 21,3
Itacoatiara (AM) 10 440 174,7 3.296 65,9
Macapá (AP)
5
66 140 56,0 638 11,7
Manaus (AM) 9 150 60,0 1.055 34,7
Rio Branco (AC)
6
25 200 75,0 920 18,2
Total 230 2.120 834,6 12.962 240,0
- 48 -
Lentini et al.
Florestas Plantadas na Amazônia
Produção. A Amazônia
Legal produziu em 2001 cer-
ca de 2,9 milhões de metros
cúbicos de madeira em tora
oriunda de florestas planta-
das, principalmente de espé-
cies do gênero Pinus e
Eucalyptus (Tabela 22). Essa
produção representa apenas
4% da produção brasileira.
Tabela 22. Produção de madeira em tora (m
3
) oriunda de silvicultura na
Amazônia Legal, 1998-2001
1
.
1
Fonte: IBGE (2001).
Estado Produção (em milhares de m
3
)
1998 1999 2000 2001
Amapá 1.287 1.352 1.195 1.093
Amazonas 28 28 32 36
Mato Grosso 1 5 2 3
Pará 1.462 1.506 1.654 1.807
Amazônia Legal 2.778 2.891 2.883 2.939
Prodão Brasileira 72.582 64.563 71.717 69.758
Área Plantada. Segundo
a SBS, havia em 2001 cerca de
150 mil hectares de florestas
plantadas de Pinus e Eucalyptus
na Amazônia, representando
apenas 3% da área brasileira
destinada à silvicultura dessas
espécies (Tabela 23). Se consi-
derarmos todas as plantações
florestais, temos uma área igual
a 350 mil hectares em 1996, de
acordo com o Censo
Agropecuário (IBGE 1996) (Ta-
bela 24).
- 49 -
Fatos Florestais da Amazônia 2003
Tabela 23. Áreas plantadas (hectares) de Pinus e Eucalyptus na Amazônia
Legal, 2000
1
.
Estado Área de Florestas Plantadas (em milhares de hectares)
Pinus Eucalyptus Total
Amapá 80,4 12,5 92,9
Pará 14,3 45,7 60,0
Amazônia Legal 94,7 58,2 152,9
Área Brasileira 1.840 2.966 4.806
1
Fonte: SBS (2001).
Tabela 24. Participação das florestas plantadas nas propriedades privadas
da Amazônia Legal, 1996
1,2
.
Estado Área Total (em milhares de hectares)
Florestas Plantadas Total de Áreas Privadas
Acre 11,3 3.183
Amapá 84,9 700
Amazonas 1,1 3.323
Maranhão 27,8 12.561
Mato Grosso 67,8 49.850
Pará 114,4 22.520
Rondônia 41,0 8.890
Roraima 1,4 2.977
Tocantins 0,08 16.766
Amazônia Legal 349,78 120.770
1
Fonte: IBGE (1996).
2
Inclui reflorestamentos de essências como pinho cuiabano (Schizolobium amazonicum),
teca (Tectona grandis) e outras espécies nativas.
- 50 -
Lentini et al.
A Amazônia e o consu-
mo brasileiro de madeira em
tora. O Brasil consome anu-
almente 166 milhões de
metros cúbicos de madeira
em tora nos processos indus-
triais. Cerca de 102 milhões
de metros cúbicos são oriun-
dos de plantações florestais,
restando 64 milhões de
metros cúbicos explorados
em florestas naturais.
Considerando apenas
as florestas nativas, 12 mi-
lhões de metros cúbicos em
tora são utilizados na produ-
ção de carvão vegetal e 16
Tabela 25. Consumo de madeira em tora por tipo de produto do setor
florestal brasileiro, 2000
1
.
1
Fonte: SBS (2001), também utilizando informações da Abracave, STCP, Abipa, Abimci e
Bracelpa.
2
Sigla de Medium Density Fiberboard.
Tipo de Produto Procedência (em milhares de m
3
)
Florestas Plantações Total
Naturais Florestais
Celulose e Papel - 32.000 32.000
Carvão Vegetal 11.800 33.400 45.200
Lenha Industrial 16.000 13.000 29.000
Serrados 34.000 15.100 49.100
Lâminas e Compensados 2.050 3.960 6.010
Aglomerados, Chapas de Fibras, MDF
1
e outros - 5.000 5.000
Total 63.850 102.460 166.310
milhões como lenha para si-
derurgia, restando 36 milhões
de metros cúbicos utilizados
nas serrarias, laminadoras e
fábricas de compensados em
todo o país (Tabela 25).
A estimativa de consu-
mo de madeira em tora em in-
dústrias madeireiras na Ama-
zônia apresentada neste tra-
balho (28,3 milhões de
metros cúbicos em 1998), re-
presentaria, portanto, 78% da
madeira nativa utilizada no
Brasil em processos industri-
ais (excluindo lenha e car-
vão).
- 51 -
Fatos Florestais da Amazônia 2003
CARACTERÍSTICAS DA EXPLORAÇÃO MADEIREIRA
Responsável pela Exploração Madeireira. Os extratores
autônomos e outros terceiros respondem por 51% do volume extraído,
enquanto as madeireiras verticalizadas extraem 49% do volume de
madeira consumido na Amazônia Legal (Tabela 26).
Tabela 26. Responsável pela exploração madeireira na Amazônia, 1998.
Estado Responsável pela Exploração Madeireira (%) Total
Empresas Madeireiras Terceiros
5
(milhares de m
3
)
Acre
1
80 20 200
Amapá
2
78 22 140
Amazonas
1
66 34 710
Maranhão
1
21 79 710
Mato Grosso
3
43 57 10.070
Pará
4
56 44 11.280
Rondônia
3
43 57 4.790
Roraima
1
- 100 240
Toca nt in s
1
81 19 120
Total (%) 49 51 100
Total (milhares de m
3
) 13.491 14.569 28.260
1
Fonte: Veríssimo e Lima (1998).
2
Fonte: Veríssimo et al. (1999).
3
Fonte: dados de pesquisa.
4
Fonte: Veríssimo et al. (2002).
5
Inclui extratores autônomos, outras empresas madeireiras, colonos, ribeirinhos etc.
- 52 -
Lentini et al.
10
O skidder é um trator desenvolvido especificamente para o arraste florestal, possuindo
melhor desempenho, com melhor produtividade e provocando menores danos ao solo e às
árvores remanescentes (Amaral et al. 1998).
11
Nesse sistema, tratores agrícolas adaptados com guinchos e torres são utilizados no arraste
das toras.
12
Os tratores de esteiras - máquinas utilizadas na construção de ramais, estradas e pátios de
exploração - podem também servir para o arraste de toras. Entretanto, provocam maior
compactação de solo e maiores danos às árvores remanescentes em comparação ao skidder
(Veríssimo et al. 2002).
13
No sistema “catraca”, os ramais são abertos na floresta para a entrada de caminhões e as
árvores são embarcadas com o auxílio de cabos de aço.
14
No sistema manual, as árvores são cortadas com machado e arrastadas manualmente até os
igarapés, com o auxílio de estivas de madeira. Nos cursos d’água, são transportadas por
jangadas até as serrarias (Veríssimo et al. 1999).
15
Sistema de arraste aquático, caracterizado pela flutuação de toras em florestas submersas.
Equipamentos de Exploração Florestal. Cerca de 31% da madeira
explorada na Amazônia é arrastada por tratores florestais skidder, veículo
recomendado para operações florestais
10
. Em seguida, temos o arraste
com o auxílio de tratores agrícolas adaptados (29%)
11
. O uso de tratores
de esteiras
12
no arraste de toras responde por 28% da madeira explorada
na Amazônia. Outros sistemas menos utilizados incluem a catraca
(8%)
13
, a exploração manual (2%)
14
e a submersa (2%)
15
(Tabela 27).
Tabela 27. Tipos de arraste usados na exploração madeireira na Amazônia Legal, 1998.
Estado Sistema de Exploração (% do volume extraído)
Trator Trator de Catraca Trator Manual Submersa
Skidder Esteiras Agrícola
Acre
1
6 - 11 83 - -
Amapá
2
- 7 - 57 36 -
Amazonas
1
29 57 - 7 7 -
Maranhão
1
43 23 - 34 - -
Mato Grosso
3
30 16 5 49 - -
Pará
4
29 43 12 7 5 4
Rondônia
3
42 14 2 42 - -
Roraima
1
- 50 50 - - -
Toca nt in s
1
- 82 18 - - -
Amazônia Legal
3
31 28 8 29 2 2
1
Fonte: Veríssimo e Lima (1998).
2
Fonte: Veríssimo et al. (1999).
3
Fonte: dados de pesquisa.
4
Fonte: Veríssimo et al. (2002).
- 53 -
Fatos Florestais da Amazônia 2003
Origem da Matéria-Prima. A maioria (72%) da madeira extraída
na Amazônia é oriunda de áreas de terceiros (terras privadas tituladas,
privadas em disputa ou devolutas), enquanto apenas 28% provêm de
áreas declaradamente próprias (Tabela 28).
Tabela 28. Origem da matéria-prima florestal na Amazônia Legal, 1998.
Estado Origem da Matéria-Prima (% do total explorado)
Áreas Próprias Áreas de Terceiros
5
Total (milhares de m
3
)
Acre
1
3 97 200
Amapá
2
51 49 140
Amazonas
1
65 35 710
Maranhão
1
12 88 710
Mato Grosso
3
30 70 10.070
Pará
4
36 64 11.280
Rondônia
3
8 92 4.790
Roraima
1
- 100 240
Tocantins
1
19 81 120
Amazônia Legal
3
28 72 28.260
1
Fonte: Veríssimo e Lima (1998).
2
Fonte: Veríssimo et al. (1999).
3
Fonte: dados de pesquisa.
4
Fonte: Veríssimo et al. (2002).
5
Incluem as áreas públicas (protegidas ou devolutas).
Tamanho das Propriedades. Nos principais Estados produtores
(Pará, Mato Grosso e Rondônia), a maior parte da madeira (41%) é
retirada de pequenas propriedades rurais (abaixo de 500 hectares),
enquanto 35% são extraídos de grandes áreas florestais (acima de
5 mil hectares) e 24% são provenientes de médias propriedades
(Tabela 29).
- 54 -
Lentini et al.
Tabela 29. Volume de madeira extraído por tamanho de propriedade nos Estados
do Pará, de Mato Grosso e de Rondônia, 1998.
Principais Tamanho das Propriedades (% do total explorado)
Estados Pequenas Médias Grandes
Produtores
1
(< 500 ha) (500 ha - 5.000 ha) (> 5.000 ha)
Mato Grosso
2
42 25 33
Pará
3
32 23 45
Rondônia
2
60,5 23 16,5
Média Geral
4
41 24 35
1
Representam 92% da produção madeireira da Amazônia Legal.
2
Fonte: dados de pesquisa e Veríssimo e Lima (1998).
3
Fonte: Veríssimo et al. (2002).
- 55 -
Fatos Florestais da Amazônia 2003
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DE USO
SUSTENTÁVEL
As Unidades de Conservação de Uso Sustentável incluem as
Florestas Nacionais (Flonas), Reservas Extrativistas, Reservas de
Desenvolvimento Sustentável e Florestas Extrativistas. De acordo com
o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC
16
), Flona é
definida como uma área com cobertura florestal de espécies
predominantemente nativas, cujo objetivo é o uso múltiplo sustentável
dos recursos florestais e a pesquisa científica. O governo pode manejar
as Flonas diretamente ou conceder, temporariamente, o direito de uso
para instituições privadas ou de economia mista (Veríssimo et al. 2000).
Nas Flonas também é permitida a permanência de populações
tradicionais que a habitam no momento de sua criação. Cada Flona
disporá de um conselho consultivo, presidido pelo órgão responsável
por sua administração e constituído por representantes de órgãos
públicos, de organizações da sociedade civil e, quando for o caso, das
populações tradicionais existentes.
Florestas Nacionais e Estaduais. Em 2002, existiam 36 Flonas e
13 Florestas Estaduais (Flotas) na Amazônia. Desse total, dez Flonas
possuíam sobreposição total com outras Unidades de Conservação
(Unidades de Proteção Integral) ou Terras Indígenas. Nesses casos de
sobreposição, optamos por excluí-las da área total de Flonas. Dessa
maneira, a área líquida dessas Unidades é cerca de 101 mil quilômetros
quadrados (Tabela 30 e Tabela 31). Além disso, cerca de 46 mil
quilômetros quadrados de novas Florestas Nacionais ou Estaduais
estavam em processo de criação em agosto de 2003 (Tabela 32).
16
Lei 9.985, de 18/7/2000, complementada pelo Decreto 4.340, de 22/8/2002.
- 56 -
Lentini et al.
Tabela 30. Flonas existentes na Amazônia, 2002
1
.
1
Fonte: Ibama (2002), Ricardo e Capobianco (2001).
2
Áreas livres de sobreposição com outras Unidades de Conservação.
3
No caso da Flona de Jatuarana, criada em 2002, não foi possível avaliar se há sobreposição com
outras Áreas Protegidas. Nesta tabela foi utilizada a área oficial divulgada pelo Ibama (2002).
4
Sobreposições calculadas em SIG.
5
As Flonas de Cubaté, Cuiari, Içana, Içana-Aiari, Pari-Cachoeira I, Pari Cachoeira II, Piraiauara,
Taracuá I, Taracuá II e Uruçu (totalizando 38 mil km
2
), localizadas no Estado do Amazonas, possuem
total sobreposição com áreas protegidas de uso mais restritivo (principalmente Terras Indígenas) e por
isso não foram consideradas nesse cálculo.
Florestas Nacionais Criação Área
(km
2
)
2
Altamira (PA) 1998 6.880
Amapá (AP) 1989 4.120
Amazonas (AM) 1989 787
Bom Futuro (RO) 1988 2.450
Carajás (PA) 1998 4.119
Caxiuanã (PA) 1967 2.000
Humaitá (AM) 1998 4.401
Itacaiunas (PA) 1998 1.414
Itaituba I (PA) 1998 2.200
Itaituba II (PA) 1998 4.404
Jamari (RO) 1984 2.138
Jatuarana
3
(AM) 2002 8.370
Macauã (AC) 1988 1.725
Mapiá-Inauiní (AM) 1989 3.070
Mulata
4
(PA) 2001 2.034
Pau-Rosa
4
(AM) 2001 8.019
Purus (AM) 1988 2.202
Roraima (RR) 1989 102
Santa Rosa do Purus
4
(AC) 2001 1.595
São Francisco
4
(AC) 2001 206
Saraçá-Taquera (PA) 1989 4.296
Tapajós (PA) 1974 6.000
Tapirapé-Aquiri (PA) 1989 910
Te(AM) 1989 10.200
Xié (AM) 1990 35
Xingu (PA) 1998 2.528
Área Total de Flonas
5
86.204
- 57 -
Fatos Florestais da Amazônia 2003
Tabela 31. Flotas existentes na Amazônia, 2002
1
.
1
Fonte: Ibama (2002), Ricardo e Capobianco (2001).
2
Áreas livres de sobreposição com outras Unidades de Conservação.
3
Somatório das áreas não sobrepostas de Flonas e Flotas da Amazônia.
Florestas Estaduais Criação Área (km
2
)
2
Antimari (AC) 1987 579
Rio Abunã (RO) 1990 622
Rio Machado (RO) 1990 1.758
Rio Madeira A (RO) 1990 638
Rio Madeira B (RO) 1996 824
Rio Madeira C (RO) 1990 300
Rio Mequens (RO) 1990 4.088
Rio Roosevelt (RO) 1990 245
Rio São Domingos (RO) 1990 2.674
Rio Vermelho A (RO) 1990 387
Rio Vermelho B(RO) 1990 1.520
Rio Vermelho C(RO) 1990 202
Rio Vermelho D (RO) 1990 1.351
Área Total de Flotas 15.188
Área Total de Flonas e Flotas
3
101.392
- 58 -
Lentini et al.
Reservas Extrativistas. De acordo com o SNUC, Reserva
Extrativista (Resex) é uma área utilizada por populações extrativistas
tradicionais que vivem do extrativismo, da agricultura de subsistência
e da criação de animais de pequeno porte. Os objetivos básicos de
uma Resex são proteger os meios de vida e a cultura dessas populações
e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais (Lei 9.985/2000).
A exploração comercial de recursos madeireiros é admitida so-
mente em bases sustentáveis e em situações especiais e complementa-
res às demais atividades desenvolvidas na Resex. Em 2002, havia 16
Resexs federais e 7 estaduais na Amazônia Legal, totalizando uma área
de 44 mil quilômetros quadrados (Tabela 33).
Tabela 32. Flonas e Flotas em processo de criação na Amazônia, 2003
1,2
.
1
Tabela atualizada até agosto de 2003.
2
Fonte: Ibama (2003a).
3
Fonte: Governo do Estado do Acre (2003).
4
Fonte: Ipaam, c.p.
Flonas em Criação UF Área (km
2
)
1
Acari AM 5.182
Balata-Tufari AM 6.713
Pombal PA 930
Rio Novo PA 800
Crepori PA 2.502
Alalaú AM 2.650
Sucunduri AM 8.371
Roraima RR 900
Jacundá RO 2.980
Anauá RR 2.601
Paredão RR 900
Jauaperi RR 2.361
Flotas em Criação UF Área (km
2
)
Rio Gregório
3
AC 4.400
Maués
4
AM 4.300
Área Total em Criação - 45.590
- 59 -
Fatos Florestais da Amazônia 2003
Tabela 33. Resexs da Amazônia Legal, 2002
1
.
Resexs U F Ano de Criação Área (km
2
)
Federais 38.209
Alto Juruá AC 1990 5.062
Alto Tarauacá AC 2000 1.512
Auati-Paraná AM 2001 1.470
Baixo Juruá AC 2001 1.880
Barreiro das Antas RO 2001 1.072
Cajari AP 1990 4.817
Chico Mendes AC 1990 9.683
Ciríaco MA 1992 71
Extremo Norte do Tocantins TO 1992 93
Lago do Cuniã RO 1999 559
Mata Grande MA 1992 105
Médio Juruá AM 1997 2.532
Quilombo Flexal MA 1992 95
Rio Cautário RO 2001 738
Rio Ouro Preto RO 1990 2.046
Tapajós-Arapiuns PA 1998 6.476
Estaduais 6.250
Curralinho RO 1995 18
Guariba-Roosevelt MT 1996 576
Pacaás Novos RO 1995 106
Pedras Negras RO 1995 1.244
Rio Cautário RO 1995 1.303
Rio Jaci-Paraná RO 1996 2.050
Rio Preto/Jacundá RO 1996 953
Área Total das Reservas Extrativistas (km
2
) 44.459
1
Fonte: Ricardo e Capobianco (2001) e ISA (1999).
- 60 -
Lentini et al.
Tabela 34. Outras Unidades de Uso Sustentável na Amazônia Legal, 2002
1
.
1
Fonte: Ricardo e Capobianco (2001) e ISA (1999).
Outras Unidades de Uso Sustentável. As Unidades de Uso
Sustentável incluem também as Florestas Extrativistas e Reservas de
Desenvolvimento Sustentável, ambas criadas pelos Estados, as quais
totalizam conjuntamente 52 mil quilômetros quadrados (Tabela 34).
Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS). Definida como
uma área natural que abriga populações tradicionais, onde são
permitidas a visitação pública, a pesquisa científica e a exploração
sustentável (SNUC 2000).
Outras Unidades Estaduais U F Ano de Criação Área (km
2
)
Florestas Extrativistas 9.990
Laranjeiras RO 1990 307
Pacaás Novos RO 1990 106
Rio Preto/Jacundá RO 1989 9.577
Reservas de Desenvolvimento Sustentável 42.085
Amanã AM 1997 23.115
Rio Iratapuru AP 1997 7.955
Mamirauá AM 1996 11.015
Área Total 52.075
- 61 -
Fatos Florestais da Amazônia 2003
SITUAÇÃO DOS PLANOS DE MANEJO FLORESTAL
A madeira utilizada pelas indústrias na Amazônia oriunda de
florestas naturais pode ser proveniente de duas fontes: (i) Planos de
Manejo Florestal ou (ii) Autorizações de Desmatamento. Neste último
caso, o desmatamento está restrito a 20% das propriedades rurais
localizadas em áreas de florestas na Amazônia Legal, de acordo com a
Medida Provisória 2.166-65, de 2001.
A exploração florestal deve ocorrer mediante Plano de Manejo
Florestal Sustentável (PMFS)
17
. Esse Plano poderá contemplar as
modalidades de manejo empresarial (acima de 500 hectares), manejo
em pequena escala (abaixo de 500 hectares), comunitário (associações
ou cooperativas) e em florestas de palmeiras
18
.
A Instrução Normativa 4 (4/2/2002) requer o censo das árvores
a serem exploradas, exceto para sistemas tradicionais de exploração
(abaixo de 10 metros cúbicos por hectare), que requer apenas a
apresentação do Plano de Corte. Essa Instrução também procura
diminuir o tempo de transação do manejo (regulado em até 60 dias
para a aprovação do PMFS).
Os PMFSs devem ser elaborados por profissionais credenciados
(Confea, Crea
19
). A partir de abril de 2003
20
esses profissionais também
se tornaram responsáveis pelo acompanhamento dos Planos, devendo
apresentar ao Ibama a Declaração de Acompanhamento e Avaliação
de Plano de Manejo Florestal Sustentável.
17
Artigo 15 do Código Florestal, Lei 4.771 de 1965.
18
Instrução Normativa do Ministério do Meio Ambiente n° 4, de 4/2/2002.
19
Respectivamente, Conselho Federal e Conselhos Regionais de Engenharia, Arquitetura e
Agronomia.
20
Portaria Ibama n° 19, de 11/4/2003.
- 62 -
Lentini et al.
Tabela 35. Situação legal dos Planos de Manejo na Amazônia Legal, 1998
1
.
1
Fonte: Ibama (1998).
2
A categoria outros inclui planos em manutenção, em análise, indeferidos e cancelados.
Estado Número de Planos de Manejo Área Total (em milhares de hectares)
Aptos Suspensos Outros
2
Total Aptos Suspensos Outros
2
Total
Acre 5 6 23 34 46 77 52 175
Amapá 23 28 - 51 13 11 - 24
Amazonas 57 26 37 120 246 200 - 446
Maranhão 81 51 5 137 124 50 18 192
Mato Grosso 187 646 641 1.474 246 892 333 1.471
Pará 462 334 84 880 942 449 112 1.503
Rondônia 46 27 21 94 147 27 36 210
Roraima - - - - - - - -
Tocantins 5 10 1 16 2 3 - 5
Total 866 1.128 812 2.806 1.766 1.709 551 4.026
Área Manejada. O Ibama tem avaliado anualmente a qualidade
dos Planos de Manejo Florestal. Os planos analisados são classificados
em três categorias: (i) aptos; (ii) suspensos; e (iii) cancelados. Em 1998,
o órgão aprovou 866 Planos de Manejo, declarando uma área total de
1,8 milhão de hectares (Tabela 35). A partir de 2000 o Ibama começou
a divulgar apenas os dados referentes às aprovações de cada ano. Em
2000, havia 389 planos aptos cuja área total somava 185 mil hectares
de florestas (Tabela 36). Em 2001, houve um novo aumento no número
de planos aptos (549 planos) e a área manejada subiu para 340 mil
hectares (Tabela 37).
- 63 -
Fatos Florestais da Amazônia 2003
Tabela 37. Situação legal dos Planos de Manejo na Amazônia Legal, 2001
1
.
1
Fonte: Ibama (2001b).
Estado Número de Planos de Manejo Área Total (em milhares de hectares)
Aptos Suspensos Em Recom Total Aptos Suspensos Em Recom Total
-posição -posição
Acre 15 2 - 17 7 6 - 13
Amapá 29 21 2 52 7 3 - 10
Amazonas 39 5 1 45 22 2 - 24
Marano 47 73 11 131 23 33 21 77
Mato Grosso 105 98 21 224 99 55 18 172
Pará 205 86 10 301 133 39 4 176
Rondônia 109 158 6 273 49 74 4 127
Roraima - - - - - - - -
Tocantins - 16 - 16 - 7 - 7
Total 549 459 51 1.059 340 219 47 606
Tabela 36. Situação legal dos Planos de Manejo na Amazônia Legal, 2000
1
.
1
Fonte: Ibama (2001a).
2
A categoria outros inclui planos em manutenção, em análise, indeferidos e cancelados.
Estado Número de Planos de Manejo Área Total (em milhares de hectares)
Aptos Suspensos Outros
2
Total Aptos Suspensos Outros
2
Total
Acre 7 1 14 22 3 1 3 7
Amapá 21 34 11 66 3 9 3 15
Amazonas 45 9 3 57 17 4 1 22
Marano 63 14 13 90 7 1 12 20
Mato Grosso 107 81 6 194 86 88 4 178
Pará 82 175 19 276 42 63 7 112
Rondônia 60 34 5 99 26 17 1 44
Roraima - - - - - - - -
Tocantins 4 13 1 18 1 4 - 5
Total 389 361 72 822 185 187 31 403
- 64 -
Lentini et al.
Tabela 38. Volume de madeira autorizado pelo Ibama para exploração, 1998-2001
1
.
Categoria Volume de madeira (em milhares de m
3
)
1998 2000 2001
Planos de Manejo 89.472 4.135 9.373
Autorizações de Desmatamento 5.390 5.283 5.616
Total 94.862 9.418 14.989
1
Fonte: Ibama (1998, 2001a, 2001b, 2003b).
Volume de Madeira Autorizado. Em 1998, o Ibama aprovou 89,5
milhões de metros cúbicos de madeira em tora, referentes a todo o
período de exploração dos planos aptos. Infelizmente, os dados
divulgados não permitem saber quanto foi liberado para exploração
apenas naquele ano.
Em 2000, o órgão começou a divulgar o volume aprovado de
planos por ano. Nesse ano, 4,1 milhões de metros cúbicos de madeira
em tora foram aprovados (44% do total), enquanto 5,3 milhões de metros
cúbicos (56%) foram autorizados através de desmatamento.
Em 2001, aproximadamente 15 milhões de metros cúbicos de
madeira em tora foram autorizados pelo Ibama. Desse total, 9,3
milhões de metros cúbicos eram provenientes de Planos de Manejo,
enquanto 5,6 milhões de metros cúbicos eram oriundos de
autorizações de desmatamento
(Tabela 38). Ou seja, assumindo que
o consumo anual de madeira em tora da Amazônia fosse igual ao de
1998 (28,3 milhões de metros cúbicos), teríamos que 47% da madeira
processada em 2001 possuía origem ilegal.
- 65 -
Fatos Florestais da Amazônia 2003
CERTIFICAÇÃO FLORESTAL NA AMAZÔNIA
Florestas Certificadas. A certificação florestal é um mecanismo
independente de auditoria com o objetivo de avaliar a qualidade do
manejo florestal e da silvicultura em todas as áreas florestais do mundo
(nativas e plantadas). O sistema de maior credibilidade no mercado é o
FSC, ou Conselho de Manejo Florestal, fundado em 1993 e em operação
no Brasil desde 1996. O FSC opera de acordo com princípios e critérios
de manejo florestal, elaborados a partir de considerações sociais
(respeito às leis sociais e promoção do bem-estar dos trabalhadores e
das comunidades vizinhas), econômicas (rentabilidade do
empreendimento) e ambientais (redução de danos ambientais,
conservação da fauna, proteção da biodiversidade etc.).
Em uma década de operação, o FSC certificou 35 milhões de
hectares distribuídos em 55 países. O Brasil possui mais de 1,3 milhão
de hectares de florestas certificadas, dos quais aproximadamente 406
mil hectares estão na Amazônia (Tabela 39, Figura 12).
Tabela 39. Áreas florestais nativas certificadas pelo FSC na Amazônia, 2003
1,2
.
1
Tabela atualizada até outubro de 2003.
2
Fonte: FSC Brasil (2003).
3
Associação Indígena Bep-Noi de Defesa do Povo Xikrin do Cateté.
4
Iniciativa de manejo florestal comunitário.
Proprietário Florestal Município/UF Área Certificada (ha)
Associação Indígena Bep-Noi
3,4
Nova Marabá (PA) 44.000
Cikel Brasil Verde S.A. Paragominas (PA) 140.658
Emapa - Exportadora de Madeira do Pará Ltda. Afuá (PA) 12.000
Gethal Amazonas S.A. Manico(AM) 40.862
Juruá Florestal Ltda. Tailândia e Novo Repartimento (PA) 36.999
Lisboa Madeireira Ltda. Portel (PA) 45.738
Porto Dias
4
Acrendia (AC) 4.209
Precious Woods Amazon (Mil Madeireira) Itacoatiara (AM) 80.571
Seringal Cachoeira
4
Xapuri (AC) 900
Total - Áreas Certificadas 405.937
- 66 -
Lentini et al.
Figura 12. Localização das florestas certificadas na Amazônia, 2003
1,2
.
Produtos Certificados. Para que um determinado produto, oriundo
de florestas certificadas, possa ser comercializado com o selo FSC, é
necessário obter a certificação de cadeia de custódia
21
. A cadeia de custódia
é destinada a processadores de produtos florestais (designers, marceneiros,
indústrias de móveis, portas e esquadrias etc.) e atesta que esses
transformadores usam madeira certificada. No Brasil, mais de 200 produtos
são fabricados com o selo FSC e na Amazônia existem 17 unidades
processadoras detentoras de certificação de cadeia de custódia (Tabela 40).
1
Mapa atualizado até outubro de 2003.
2
Fonte: FSC Brasil (2003).
21
Para maiores detalhes sobre cadeia de custódia, acessar o Manual de Cadeia de Custódia (Imaflora
2003b) em www.imaflora.org.
- 67 -
Fatos Florestais da Amazônia 2003
Tabela 40. Empresas com certificação de cadeia de custódia na Amazônia Legal,
2003
1,2
.
Empresa
3
Município da Cadeia de Custódia
Associação Indígena Bep-Noi
4
Nova Marabá (PA) SW-FM/COC 217
Aver Amazônia
5
Xapuri (AC) SGS-COC 0682
Braspor Madeiras Itacoatiara-AM SW-COC 680
Cikel Brasil Verde Ltda. Ananindeua (PA) SCS-COC 00274, 00323 e 00324
Eidai do Brasil Madeiras S.A. Belém (PA) SCS-COC 00488
Eldorado Exportação e Serviços Belém (PA) SW-COC 546
Emapa Belém (PA) SCS-FM/COC-00061N
Escola Lutheria da Amazônia Manaus (AM) SW-COC 247
Gethal Amazonas S.A. Itacoatiara (AM) SW-COC 121; SW-COC 119
Belém (PA) SCS-COC 00265
Juruá Florestal Ltda. Novo Repartimento (PA) SCS-COC 00411
Tailândia (PA) SCS-COC 00441
Lisboa Madeireira S.A. Icoaraci (PA) SW-FM/COC 182
III Millennium Várzea Grande (MT) SGS-COC 0855
Muaná Alimentos Muaná (PA) SW-MF/COC 127
Nordisk Timber Belém (PA) SW-COC 547
Porto Dias Acrelândia (AC) SW-FM/COC 221
Precious Woods Amazon Itacoatiara (AM) SW-FM/COC 019
Seringal Cachoeira Epitaciolândia (AC) SW-FM/COC 181
Shalom S.A. Madeireira São Luiz (MA) SW-COC 433
Tramontina Belém S.A. Belém (PA) SW-COC 420
1
Tabela atualizada até outubro de 2003.
2
Fonte: FSC Brasil (2003), SCS (2003), SGS (2003) e Imaflora (2003a).
3
A empresa Floresteca também possui florestas certificadas e cadeia de custódia (SGS-COC 1159) e
localiza-se dentro dos limites da Amazônia Legal (municípios de Jangada e Cáceres, Mato Grosso).
Entretanto, a empresa não foi incluída na lista porque utiliza madeira de plantações de Teca (Te ctona
grandis).
4
Associação Indígena Bep-Noi de Defesa do Povo Xikrin do Cateté.
5
Refere-se ao Pólo das Indústrias Florestais de Xapuri.
- 68 -
Lentini et al.
- 69 -
Fatos Florestais da Amazônia 2003
MERCADO DE MADEIRA AMAZÔNICA
Destino da Madeira Amazônica. A Amazônia Legal, um dos
maiores produtores de madeira tropical do mundo, com 28,3 milhões
de metros cúbicos de madeira em tora anuais (Tabela 8), gera
anualmente cerca de 10,8 milhões de metros cúbicos de madeira
processada (Tabela 41). Contrariando muitas especulações, o estudo
Acertando o Alvo (Veríssimo e Smeraldi 1999) revelou que 86% da
produção de madeira da Amazônia é destinada ao mercado interno
brasileiro, sendo o Estado de São Paulo o maior consumidor (20% da
produção total). Os Estados da Região Sul consomem 22%
conjuntamente, seguidos dos demais Estados do Sudeste (18%), do
Nordeste (13%), da Amazônia Legal (7%) e da Região Centro-Oeste,
exceto o Estado de Mato Grosso (6%) (Tabela 42).
Tabela 41. Mercado de madeira processada (m
3
) na Amazônia Legal, 1998.
1
Fonte: Veríssimo e Smeraldi (1999).
2
Fonte: dados de pesquisa.
3
Fonte: Veríssimo et al. (2002).
Estado Mercado de Madeira (em milhares de m
3
processados)
Região São Sudeste Região Região Exterior Outros Total
Sul Paulo exclui SP Nordeste Norte Estados
Acre
1,2
9 14 5 - 46 0,5 0,5 75
Amapá
1,2
- - - - 56 - - 56
Amazonas
1,2
45 20 - - 35 181 - 281
Maranhão
1,2
34 51 10 163 3 16 6 283
Mato Grosso
1,2
1.390 1.206 682 86 153 224 178 3.919
Pará
3
383 468 681 1.149 298 1021 255 4.255
Rondônia
1,2
564 344 594 13 84 129 56 1.784
Roraima
1,2
- - - - 63 28 - 91
Tocantins
1,2
- - - 14 16 4 14 48
Amazônia Legal
1,2
2.425 2.103 1.972 1.425 754 1.603,5 509,5 10.792
- 70 -
Lentini et al.
Tabela 42. Mercado de madeira processada (%) na Amazônia Legal, 1998
1
.
1
Fonte: Veríssimo e Smeraldi (1999).
2
Fonte: dados de pesquisa.
3
Fonte: Veríssimo et al. (2002).
Mercado Interno. Um estudo mais recente do Imazon sobre o
consumo de madeira amazônica no Estado de São Paulo (Sobral et al.
2002) revela que dois terços da madeira amazônica são utilizados na
construção civil (casas e pequenas edificações), principalmente para
estruturas de telhado de casas, andaimes e fôrmas para concreto. O
consumo restante de madeira (um terço) destina-se à fabricação de
móveis populares, a forros, pisos e esquadrias, a casas pré-fabricadas
de madeira e a móveis finos e peças de decoração (Figura 13).
Figura 13. Destino da madeira amazônica no Estado de São Paulo, 2001
1
.
1
Fonte: Sobral et al. (2002).
Estado Mercado de Madeira (% da produção anual processada)
Região São Sudeste Região Região Outros
Sul Paulo exclui SP Nordeste Norte Exterior Estados
Acre
1,2
12 19 7 - 61 0,5 0,5
Amapá
1,2
- - - - 100 - -
Amazonas
1,2
16 7 - - 12 65 -
Maranhão
1,2
12 18 4 57 1 6 2
Mato Grosso
1,2
36 31 17 2 4 6 4
Pará
3
9 11 16 27 7 24 6
Rondônia
1,2
32 19 33 1 5 7 3
Roraima
1,2
- - - - 70 30 -
Tocantins
1,2
- - - 29 34 8 29
Amazônia Legal
1,2
22 20 18 13 7 14 6
móveis finos e peças
de decoração
1%
casas pré-fabricadas
de madeira
3%
forros, pisos e
esquadrias
11%
móveis populares
15%
andaimes e fôrmas
para concreto
(28%)
estrutura de telhado
de casas
(42%)
- 71 -
Fatos Florestais da Amazônia 2003
Interesse em Certificação. O estudo Acertando o Alvo 2 (Sobral
et al. 2002) levantou que existe uma demanda por madeira certificada
no Estado de São Paulo de 20% do total consumido (1,2 milhão de
metros cúbicos em tora). Os setores de casas pré-fabricadas e de pisos
e esquadrias são os que apresentam a maior demanda (80% do volume
de madeira que consomem) (Tabela 43).
Tabela 43. Consumo de madeira amazônica e demanda por madeira certificada
no Estado de São Paulo, 2001
1
.
1
Fonte: Sobral et al. (2002).
Setores envolvidos Consumo de Demanda por Madeira Certificada
Madeira em Tora Em milhares Consumo (%)
(milhares m³/ano) de /ano
Depósitos madeira 4.200 630 15
Indústrias
Móveis 666 167 25
Casas de madeira 165 1.321 80
Pisos e esquadrias 147 118 80
Diversas 301 60 10
Construção Vertical 605 91 15
Total 6.084 1.198 20
Exportações de Madeira. De maneira geral, as exportações de
madeira vem crescendo ao longo dos últimos anos. Em 1998, as
exportações de madeira da Amazônia somaram US$ 379 milhões,
enquanto em 2002 atingiram US$ 513 milhões (Tabela 44).
Tabela 44. Valor das exportações de madeira nos Estados da Amazônia, 1998-2002
1
.
Estado Valor Exportado (em milhões de US$)
1998 1999 2000 2001 2002
Pa 255 278 309 286 313
Mato Grosso 29 58 78 84 105
Rondônia 29 43 55 52 61
Amapá 38 26 21 18 12
Amazonas 26 23 19 18 13
Maranhão 2 3 4 6 9
Amazônia Legal
2
379 431 486 464 513
1
Fonte: Secex/Decex (2003) e Aimex (2003a).
2
Exclui Estados de participação minoritária nas exportações como Acre, Roraima e Tocantins.
- 72 -
Lentini et al.
O Pará e as Exportações de Madeira
Tabela 45. Valor das exportações por tipo de produto no Estado do Pará,
2000-2003
1
.
1
Fonte: Secex/Decex (2003) e Aimex (2003a).
Figura 14. Principais países importadores de madeira do Estado do Pará,
2002
1
.
1
Fonte: Secex/Decex (2003) e Aimex (2003a).
Produto Valor Exportado (em milhões de US$)
2000 2001 2002 2003 (1° Semestre)
Madeira Serrada 171 148 157 82
Compensados 68 57 64 31
Laminados 8 6 7 2,5
Madeira Beneficiada 46 59 67 40
Outros 16 16 18 9,5
Total 309 286 313 165
O Estado do Pará é atual-
mente o terceiro maior exporta-
dor de madeira do Brasil, atrás
apenas do Paraná e de Santa
Catarina. Em 2002, o Pará foi
responsável por 61% das expor-
tações de produtos madeireiros
da Amazônia (Tabela 40). Do
total exportado pelo Estado, a
madeira beneficiada represen-
tou 21%, contra 15% em 2000
(Tabela 45). No primeiro semes-
tre de 2003 houve um aumento
de 13% em relação ao mesmo
período de 2002 (Aimex
2003b). Em 2002, os principais
países importadores da produ-
ção do Pará foram os Estados
Unidos (35%), a França (14%)
e a Espanha (8%) (Figura 14).
35%
14%
8%
7%
5%
2%
28%
EUA Fran
ç
a Espanha Holanda China Portu
g
al Outros
- 73 -
Fatos Florestais da Amazônia 2003
ECONOMIA DA ATIVIDADE MADEIREIRA
Custos. Considerando um rendimento médio de processamento
da madeira serrada igual a 36% (Gerwing e Uhl 1997), o custo médio
da exploração (identificação, corte e arraste das árvores) fica entre
US$ 39 e US$ 45 para cada metro cúbico de madeira serrada produzido
na Amazônia Legal. Para o nível tecnológico da produção madeireira
típica na Amazônia, Stone (1997) estimou o custo do processamento
de um metro cúbico de madeira serrada em US$ 33 (Tabela 46).
Tabela 46. Custos médios da atividade madeireira na Amazônia Legal, 1998
1
.
Estado Custos Médios da Atividade Madeireira (US$)
2
Exploração
3
Processamento
4
Mato Grosso 39 -
Pa 45 33
Rondônia 39 -
1
Fonte: Veríssimo et al. (2002), Veríssimo e Lima (1998), Stone (1997), Gerwing e Uhl (1997) e dados
de pesquisa.
2
Câmbio médio de 1998: US$ 1,00/ R$ 1,16.
3
Custo da exploração madeireira (corte, arraste e carregamento) para cada metro cúbico de madei-
ra serrada produzido (fator de conversão da madeira em tora para serrada = 0,36).
4
Custo médio do processamento madeireiro calculado por Stone (1997) para serrarias de grande
porte localizadas em Paragominas, em 1995.
- 74 -
Lentini et al.
Tabela 47. Custos médios de transporte de toras por tipo de superfície na
Amazônia Legal, 1998
1
.
1
Fonte: Veríssimo et al. (2002), Veríssimo et al. (2000), Veríssimo e Lima (1998) e dados de pesquisa.
2
Câmbio médio de 1998: US$ 1,00/ R$ 1,16.
Tipo de Acesso Custo de Transporte
2
(US$/m
3
tora por km)
Fluvial (jangadas) 0,05 - 0,06
Fluvial (balsas) 0,08 - 0,10
Rodovias asfaltadas 0,10  0,12
Rodovias de terra piçarradas (razoáveis) 0,18 - 0,20
Rodovias de terra não-piçarradas (baixa qualidade) 0,28 - 0,30
Rodovias rústicas sem nivelamento e revestimento 0,60
O custo de transporte entre as florestas e as indústrias
processadoras depende do tipo de acesso e veículos utilizados. O custo
do transporte fluvial está entre US$ 0,05 e US$ 0,10 por metro cúbico
de madeira em tora em cada quilômetro transportado, dependendo da
utilização de balsas ou de jangadas. O transporte rodoviário situa-se
entre US$ 0,10 e US$ 0,60, dependendo da qualidade das estradas
(Tabela 47).
- 75 -
Fatos Florestais da Amazônia 2003
O custo de transporte rodoviário entre as indústrias processadoras
e o Estado de São Paulo foi estimado entre US$ 38 e US$ 63 por metro
cúbico de madeira serrada de acordo com a localização dos pólos
madeireiros (Tabela 48).
Tabela 48. Custos médios de transporte de madeira processada entre alguns
pólos madeireiros da Amazônia Legal e o Estado de São Paulo, 2001
1,2
.
Pólos Madeireiros Custo de Transporte
3
(US$/m
3
serrado)
Paragominas (PA) 38
Altamira (PA) 39
Marabá (PA) 40
Jacundá (PA) 41
Tailândia (PA) 44
Ariquemes (RO) 45
Cláudia (MT) 47
Sinop (MT) 49
Cacoal (RO) 50
Tabaporã (MT) 50
Sorriso (MT) 52
Buritis (RO) 52
o Francisco do Guaporé (RO) 54
Ji-Paraná (RO) 56
Pontes Lacerda (MT) 63
1
Fonte: Sobral et al. (2002).
2
São Paulo é o principal Estado consumidor de madeira processada na Amazônia (Sobral et al. 2002).
3
Câmbio médio de 2001: US$ 1,00/ R$ 2,31 (Ipea 2003).
- 76 -
Lentini et al.
Preços de Madeira em Tora. Em 1998, nos Estados de Mato Grosso,
do Pará e de Rondônia, os preços médios de madeira em tora oscilaram
entre US$ 26 e US$ 30 por metro cúbico (madeiras brancas e espécies de
baixo valor) até valores entre US$ 55 e US$ 79 em cada metro cúbico
(espécies de alto valor como cedro, ipê e freijó). Os preços das toras de
mogno variaram entre US$ 160 e US$ 210 por metro cúbico (Tabela 49).
Preços de Madeira Serrada (mercado nacional). Em 1998, os
preços de madeira serrada variaram entre US$ 260 e US$ 320 para as
espécies de alto valor. As espécies de médio valor (garapeira,
maçaranduba, jatobá, muiracatiara, cumaru etc.) apresentaram preços
entre US$ 130 e US$ 180 por metro cúbico serrado. Os preços do
mogno de segunda qualidade, para mercado nacional, variaram entre
US$ 475 e US$ 650. Espécies de baixo valor tiveram preços inferiores
a US$ 100 por metro cúbico serrado (Tabela 50).
Em 2001, espécies de baixo valor (cupiúba, cedrorana, marupá
etc.) tiveram preços entre US$ 80 e US$ 100 por metro cúbico de
madeira serrada. As espécies de médio valor apresentaram preços
típicos entre US$ 120 e US$ 140. A madeira de alto valor foi cotada
entre US$ 207 e US$ 246 (Tabela 51).
No ano de 2003, os preços de madeira serrada de alto valor
oscilaram entre US$ 200 e US$ 320. As espécies de médio valor foram
cotadas entre US$ 120 e US$ 180 por metro cúbico. A madeira branca
e pertencente a espécies de baixo valor apresentou preços inferiores a
US$ 110 por metro cúbico serrado (Tabela 52).
- 77 -
Fatos Florestais da Amazônia 2003
Tabela 49. Preços de madeira em tora das principais espécies madeireiras da
Amazônia Legal, 1998
1
.
Nome Vulgar Nome Científico Preços Médios (US$)
2,3,4
Pará Mato Grosso Rondônia
Andiroba Carapa guianensis 24 - -
Angelim Pedra Hymenolobium sp. 36 31 32
Angelim Vermelho Dinizia excelsa 34 36
7
32
Cabreúva Myroxylon peruiferum -37
7
48
Cedrinho Scleronema micranthum 26
7
30 34
Cedro Vermelho Cedrela sp. 76 76 79
Cedrorana Cedrelinga catenaeformis 27 27 30
Cerejeira Torresia acreana -7570
Cumaru Dipteryx odorata 38 33 35
Cupiúba Goupia glabra 27 29 -
Freijó Cordia sp. 55 75 73
Garapeira Apuleia sp. 27
7
28 34
Ipê Tabebuia sp. 71 79 60
Jatobá Hymenaea courbaril 35 37 41
Louro Vermelho Sextonia rubra 32 49
7
56
Maçaranduba Manilkara sp. 34 - 27
Mogno Swietenia macrophylla 207 162 167
Muiracatiara Astronium lecointei 34 31 31
Peroba Aspidosperma sp. -3234
Piquiá Caryocar villosum 28 - 26
Roxinho Peltogyne sp. 32 - 32
Sucupira Bowdichia sp. 50 29 47
Tatajuba Bagassa guianensis 33 37
7
37
7
Tauari Couratari sp. 30 - 33
Madeira Branca
5
Diversas Espécies
6
26 30 29
1
Fonte: dados de pesquisa.
2
Preços médios obtidos com 478 informantes do setor madeireiro.
3
Câmbio médio de 1998: US$ 1,00/ R$ 1,16 (Ipea 2003).
4
O símbolo (-) implica espécies não exploradas nos respectivos Estados.
5
Espécies de baixo valor econômico, geralmente constituindo produção de baixa qualidade. As espé-
cies que servem para madeira serrada são destinadas principalmente à construção civil de baixa
renda, muitas vezes com mercado apenas regional, ou são utilizadas na indústria de laminados e
compensados.
6
Inclui espécies como a amescla (Protium sp.), copaíba (Copaifera sp.), faveira (Pterodon sp.), melancieira
(Alexa grandiflora), pará-pará (Jacaranda copaia), paricá ou pinho cuiabano (Schizolobium
amazonicum), piquiarana (Caryocar glabrum), sumaúma (Ceiba sp.), tachi (Sclerolobium goeldianum)
e virola (Virola surinamensis).
7
Preços estimados através de regressão linear (ver Apêndices).
- 78 -
Lentini et al.
Tabela 50. Preços de madeira serrada das principais espécies madeireiras da
Amazônia Legal, 1998
1
.
Nome Vulgar Nome Científico Preços Médios (US$)
2,3
Pará Mato Grosso Rondônia
Andiroba Carapa guianensis 147 - -
Angelim Pedra Hymenolobium sp. 168 155 142
Angelim Vermelho Dinizia excelsa 156 152 168
Cabreúva Myroxylon peruiferum - 161 215
Cedrinho Scleronema micranthum 108 130 154
Cedro Vermelho Cedrela sp. 315 281 289
Cedrorana Cedrelinga catenaeformis 141 152 155
Cerejeira Torresia acreana - 270 259
Cumaru Dipteryx odorata 221 178 172
Cupiúba Goupia glabra 121 134 -
Freijó Cordia sp. 263 275 280
Garapeira Apuleia sp. 112 154 144
Ipê Tabebuia sp. 275 261 259
Jatobá Hymenaea courbaril 175 181 175
Louro Vermelho Sextonia rubra 204 251 207
Maçaranduba Manilkara sp. 154 - 158
Mogno (3
a
qualidade) Swietenia macrophylla 653 519 474
Muiracatiara Astronium lecointei 160 157 145
Peroba Aspidosperma sp. - 157 157
Piquiá Caryocar villosum 146 - 155
Roxinho Peltogyne sp. 156 - 151
Sucupira Bowdichia sp. 250 182 178
Tatajuba Bagassa guianensis 147 161 172
Tauari Couratari sp. 172 - 181
1
Fonte: dados de pesquisa.
2
Preços médios obtidos com 454 informantes do setor madeireiro.
3
Câmbio médio de 1998: US$ 1,00/ R$ 1,16 (Ipea 2003).
- 79 -
Fatos Florestais da Amazônia 2003
Tabela 51. Preços de madeira serrada das principais espécies madeireiras da
Amazônia Legal, 2001
1
.
Nome Vulgar Nome Científico Preços Médios (US$)
2,3
Pará Mato Grosso Rondônia
Andiroba Carapa guianensis 125 - -
Angelim Pedra Hymenolobium sp. 124 110 99
Caixeta Simarouba sp. - 112 125
Cedro Vermelho Cedrela sp. 246 244 213
Cedrorana Cedrelinga catenaeformis 95 82 86
Cerejeira Torresia acreana - 194 -
Cumaru Dipteryx odorata 135 132 138
Cupiúba Goupia glabra 84 91 -
Currupixá Micropholis sp. - 112 -
Freijó Cordia sp. 214 213 207
Garapeira Apuleia sp. 119 109 100
Ipê Tabebuia sp. 225 216 -
Itaúba Mezilaurus itauba 78 144 -
Jatobá Hymenaea courbaril 143 134 -
Maçaranduba Manilkara sp. 121 112 -
Marupá Simarouba amara - 98 99
Muiracatiara Astronium lecointei 121 112 -
Pau-amarelo Euxylophora sp. 123 - -
Peroba Aspidosperma sp. - 85 114
Roxinho Peltogyne sp. 123 - -
Sucupira Bowdichia sp. 125 - -
1
Fonte: dados de pesquisa.
2
Preços médios obtidos com 64 informantes do setor madeireiro.
3
Câmbio médio de 2001: US$ 1,00/ R$ 2,31 (Ipea 2003).
- 80 -
Lentini et al.
Tabela 52. Preços de madeira serrada das principais espécies madeireiras da
Amazônia Legal, 2003
1
.
Nome Vulgar Nome Científico Preços Médios (US$)
2,3
Pará Mato Grosso Rondônia
Andiroba Carapa guianensis 127 - -
Angelim Pedra Hymenolobium sp. 138 93 181
Cabreúva Myroxylon peruiferum - - 321
Cedrinho Scleronema micranthum 170 86 102
Cedro Vermelho Cedrela sp. 279 203 288
Cedrorana Cedrelinga catenaeformis 103 - 135
Cerejeira Torresia acreana - 186 169
Cumaru Dipteryx odorata 184 164 215
Cupiúba Goupia glabra 109 96 -
Freijó Cordia sp. 238 - 237
Garapeira Apuleia sp. 129 123 169
Ipê Tabebuia sp. 289 203 220
Jatobá Hymenaea courbaril 187 135 200
Itaúba Mezilaurus itauba 115 152 183
Maçaranduba Manilkara sp. 139 115 166
Marupá Simaruba amara 85 139
Muiracatiara Astronium lecointei 144 115 169
Pau Amarelo Euxylophora sp. 186 - 171
Peroba Aspidosperma sp. - 142 169
Piquiá Caryocar villosum 117 - 115
Sucupira Bowdichia sp. 163 139 178
Tauari Couratari sp. 197 95 220
1
Fonte: dados de pesquisa.
2
Preços médios obtidos com 12 informantes do setor madeireiro.
3
Câmbio médio de fevereiro de 2003: US$ 1,00/ R$ 2,95 (Ipea 2003).
- 81 -
Fatos Florestais da Amazônia 2003
Figura 15. Preços médios (US$/m
3
)
1
de madeira serrada, 1998
2
, 2001 e 2003
3
.
272
227
244
164
130
152
121
90
102
0
50
100
150
200
250
300
1998 2001 2003
Preço Serrado (US$/m
3
)
Alto Valor dio Valor Baixo Valor
1
Considerando os seguintes câmbios médios: 1998 (US$ 1,00/R$ 1,16), 2001 (US$ 1,00/R$ 2,31)
e 2003 (US$ 1,00/R$ 2,95). O método para a divisão de espécies em classes de valor madeireiro
pode ser visto nos Apêndices.
2
Fonte: Veríssimo e Lima (1998) e Veríssimo et al. (2002).
3
Fonte: dados de pesquisa e Veríssimo et al. (2002).
Classes de Valor Madeireiro (1998 a 2003). Entre 1998 e 2003,
as espécies de alto valor econômico tiveram preços médios de madeira
serrada variando entre US$ 227 e US$ 272 por metro cúbico. As
espécies de médio valor ficaram entre US$ 130 e US$ 164. Finalmente,
cada metro cúbico de madeira serrada de baixo valor variou entre
US$ 90 e US$ 121 (Figura 15).
- 82 -
Lentini et al.
Mogno: Lições para o Brasil
22
FOB é sigla de free on board, ou seja, representa o preço de um determinado produto embarcado
para exportação. O preço do frete até o destino final, portanto, fica a cargo do importador.
O mogno (Swietenia
macrophylla King, Meliaceae), uma
das espécies madeireiras mais valio-
sas do mundo, começou a ser inten-
samente explorado no Brasil a partir
da década de 70 (Figura 16). Em
2003, um metro cúbico de mogno
de qualidade superior foi cotado a
US$ 1.400 (preço FOB
22
). Em 30
anos de exploração, estima-se que te-
nham sido extraídos 12,6 milhões de
metros cúbicos de mogno em tora,
resultando em 5,7 milhões de metros
cúbicos de madeira serrada, os quais
foram exportados principalmente
para os Estados Unidos e Inglaterra.
O valor bruto total dessa exploração
foi estimado em US$ 3,9 bilhões
(Grogan et al. 2002) (Tabela 53).
O elevado valor comercial e a
vulnerabilidade ecológica da espécie
incentivaram a adoção de medidas
para restringir a exploração e o comér-
cio de mogno, entre as quais: (i) a es-
tipulação e crescente diminuição das
cotas de exportação de mogno pelo
governo federal, sendo igual a 30 mil
metros cúbicos anuais em 2001; (ii) a
suspensão dos Planos de Manejo Flo-
restal de exploração de mogno pelo
Ibama, em 2001; e (iii) a inclusão da
espécie no Anexo II da Convenção
sobre Comércio Internacional de Es-
pécies Ameaçadas (Cites) - o que im-
plica maior controle sobre a explora-
ção e manejo desse recurso - em no-
vembro de 2002 (Grogan et al. 2002).
Em fevereiro de 2003, o De-
creto presidencial 4.593 suspen-
deu a exploração da espécie por
150 dias. Em 5 de junho de 2003,
o Decreto 4.722 estabeleceu que
a exploração do mogno só poderá
ocorrer sob regime de manejo. Esse
instrumento também proíbe o aba-
te do mogno em áreas autorizadas
para desmatamento.
As novas regras para o manejo
do mogno foram divulgadas em 26 de
agosto de 2003 (Instrução Normativa
07). Essa medida adota o princí-
pio de precaução ao requerer 60 cen-
tímetros na altura do peito (DAP)
como diâmetro mínimo de corte para
o mogno. Além disso, exige que 20%
das árvores adultas de mogno sejam
mantidas na área de manejo como
matrizes ou porta-sementes. Por fim,
a medida do Ibama requer um inven-
tário 100% para todas as árvores com
DAP maior que 20 centímetros.
O governo brasileiro doou à
Fase (entidade socioambiental) 14,5
mil metros cúbicos de mogno (cerca
de 5,7 mil toras) apreendidos pelo
Ibama na região de Uruará-Altamira
(PA). Esse é o primeiro lote de um to-
tal de 60 mil metros cúbicos aprendi-
- 83 -
Fatos Florestais da Amazônia 2003
Figura 16. Zona de ocorrência do mogno na Amazônia Legal
1
.
1
Adaptado de Lamb (1966).
Tabela 53. Valores históricos da exploração de mogno na Amazônia Legal, 2002
1
.
1
Fonte: Grogan et al. (2002).
2
Considerando preço médio histórico de US$ 700/m
3
de madeira serrada (Grogan et al. 2002).
Itens Avaliados Valores Históricos
Volume Total Explorado (1971 a 2001) 12,6 milhões de m
3
Volume Total Processado 5,7 milhões de m
3
- Comercializado no Mercado Nacional 30%
- Exportado 70%
Valor Bruto da Produção (1971 a 2001)
2
US$ 3,9 bilhões
dos, que serão doados a organizações
socioambientais. Essas toras serão ser-
radas por empresas certificadas pelo
FSC (no caso desse primeiro lote, a
Cikel Brasil Verde) e serão posterior-
mente vendidas. Os recursos resultan-
tes financiarão: (i) um fundo para pro-
jetos sociais e ambientais, incluindo
benefícios para comunidades indíge-
nas; e (ii) o fortalecimento do sistema
de monitoração e controle da ativida-
de madeireira do Ibama. O Ministé-
rio Público fiscalizará esse processo
(Greenpeace Brasil 2003).
- 84 -
Lentini et al.
- 85 -
Fatos Florestais da Amazônia 2003
CONCLUSÕES
ü Aproximadamente metade das terras da Amazônia ainda é
devoluta ou está sem titulação definida.
ü As condições climáticas (excesso de chuvas) favorecem a
abundância de florestas (60% da Amazônia Legal). Esse fato, aliado
à baixa aptidão agrícola da Amazônia, torna a floresta a opção
econômica mais promissora para a maior parte do território.
ü O setor florestal tem participação expressiva na economia
regional. As 2.570 empresas existentes geram uma renda bruta
de US$ 2,5 bilhões e 350 mil empregos. Entretanto, a produção,
igual a 28 milhões de metros cúbicos de madeira em tora, ainda
é largamente não-manejada.
ü Cerca de 10,7 milhões de metros cúbicos de madeira processada
são gerados anualmente. O mercado interno absorve 86% dessa
produção.
ü O valor das exportações tem crescido nos últimos anos,
totalizando US$ 513 milhões em 2002. No Pará, os produtos
madeireiros beneficiados (com maior valor agregado)
correspondiam a 21% dos US$ 313 milhões exportados pelo
Estado em 2002.
ü As práticas de bom manejo florestal têm aumentado na região.
Em maio de 2003, cerca de 406 mil hectares de florestas da
Amazônia estavam certificados pelo FSC, o mais respeitado
sistema de auditoria de florestas manejadas em todo o mundo.
Essa área, entretanto, é capaz de suprir apenas 2% da demanda
por madeira amazônica.
ü Os dados apresentados nesta edição referem-se apenas ao setor
madeireiro. Esperamos incluir informações sobre produtos não-
madeireiros e serviços ambientais nas próximas edições.
- 86 -
Lentini et al.
- 87 -
Fatos Florestais da Amazônia 2003
AGRADECIMENTOS
Agradecemos os comentários e as sugestões de Garo Batmanian
(consultor ambiental), Tasso Azevedo e Carlos Vicente (Ministério do
Meio Ambiente), Rodney Salomão e Paulo Amaral (Imazon). Durante
a coleta de dados de campo tivemos a colaboração de Eirivelthon Lima,
Marky Brito, Frank Pantoja, Priscilla Stephan, Jocilene Souza e Mariza
Misturini. Agradecemos também a Elson Vidal e Mércia Lentini, pelo
apoio logístico e administrativo durante a execução deste trabalho.
Diversos empresários da indústria madeireira e pesquisadores
da área florestal contribuíram com informações relevantes para este
estudo, destacando Roberto Pupo e Guilherme Carvalho (Aimex),
Leandro Ferreira (Museu Paraense Emílio Goeldi), Roberto e Luise
Bauch (SCS), Alcir Almeida e Manoel Silva (Cikel), André G. de Freitas
(Imaflora), Aurea Nardelli (SGS), Tim Van Eldik (EcoFlorestal),
Justiniano Queiroz Neto e Robert Veiga (Sindiserpa), Valdemar Antoniolli
(Coimal), Luis Fernando Laranja (Ouro Verde Ecomadeiras), Antonio
Carlos Rosa (Rosa Madeireira), Norberto Hubner (Cibra), Renato
Mengoni (Cruz Machado), Marcos Garcia (Senai/Sinop-MT), Fátima
Oliveira (A.F.G. Oliveira Madeireira), Rubens Resstel (Madevale) e
Oswaldo Dillon (Sotreq-Belém).
Agradecemos a colaboração de diversos sindicatos da indústria
madeireira. No Pará, esses sindicatos foram Paragominas (Sindiserpa),
Tailândia (Sindimata), Novo Progresso (Simaspa) e Uniflor. No Mato
Grosso, os sindicatos madeireiros foram Alta Floresta (Simenorte), Juína
(Simava) e Sinop (Sindusmad). Finalmente, somos gratos aos técnicos
de diversos escritórios regionais do Ibama visitados durante a execução
dos trabalhos de campo.
Esta publicação recebeu apoio da Fundação Avina, da Agência
Técnica de Cooperação da Alemanha (GTZ), da Embaixada do Reino
dos Países Baixos e do Projeto de Apoio ao Manejo Florestal Sustentável
na Amazônia (ProManejo)  Componente 1.
- 88 -
Lentini et al.
- 89 -
Fatos Florestais da Amazônia 2003
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Fatos Florestais da Amazônia 2003
APÊNDICES
- 96 -
Lentini et al.
- 97 -
Fatos Florestais da Amazônia 2003
Métodos
Estudos anteriores do Imazon revelaram uma forte concentração
das indústrias madeireiras em torno dos núcleos urbanos (Uhl et al.
1991; Veríssimo et al. 1992; Veríssimo et al. 1995; Stone 1997). Por
essa razão, optamos por concentrar o levantamento nos pólos
madeireiros onde o consumo de madeira fosse igual ou superior a 100
mil metros cúbicos de madeira em tora por ano. De acordo com
informações da literatura e do levantamento de campo, estimamos
que os pólos madeireiros concentram aproximadamente 95% da
madeira extraída e processada na Amazônia.
A pesquisa foi realizada em 1998 em todos os 72 pólos
madeireiros da Amazônia. Em cada pólo, entrevistamos pelo menos
40% das madeireiras em funcionamento (Tabela 54), selecionadas de
forma aleatória. Entre fevereiro e setembro de 2001, visitamos alguns
dos principais pólos madeireiros (23) para levantar a situação da
produção extrativa (madeira em tora e processada), dos preços de
madeira e dos custos médios de exploração, transporte e processamento
madeireiro. Finalmente, em fevereiro de 2003, estabelecemos contato
telefônico com informantes do setor madeireiro dos Estados do Pará,
de Mato Grosso e de Rondônia para coletar preços de madeira serrada.
Inicialmente, realizamos um censo das madeireiras em cada pólo.
Para isso, consultamos os informantes locais (sindicatos madeireiros,
escritórios do Ibama, prefeituras etc.) sobre a quantidade e a localização
das empresas. Em seguida, fizemos uma rápida inspeção de campo
(no máximo um dia por pólo) para quantificar o total de empresas
efetivamente em funcionamento e identificar o tipo de indústria
(serraria, laminadora ou fábrica de compensados).
A amostragem foi inferior para as serrarias circulares
1
(Tabela
54), localizadas principalmente nos pólos madeireiros do estuário do
Pará e Amapá (59% das serrarias circulares). Entretanto, a baixa
produção dessas empresas e sua relativa homogeneidade tornam
desnecessária uma amostragem mais intensa.
1
Outros equipamentos de processamento utilizados em florestas de terra firme eram serras induspan
e engenhos horizontais.
- 98 -
Lentini et al.
As entrevistas tiveram duração média de 30 minutos. Os
questionários abordavam: (i) dados gerais da empresa tipo de
empresa, ano de instalação, tecnologia de processamento, empregos
gerados (processamento e floresta); (ii) consumo anual de matéria-prima
e produção anual de madeira processada (serrada, beneficiada,
laminados e compensados); (iii) sistema de exploração (responsável
pela exploração e equipamentos utilizados); (iv) principais espécies
processadas; (v) origem da matéria-prima, incluindo tipo de propriedade
(área própria, área de terceiro) e tamanho das propriedades florestais;
(vi) transporte de madeira em tora, distância (média e amplitude) e
condição de acesso (estrada asfaltada, não-asfaltada e rio navegável);
(vii) mercado (estadual, nacional e internacional); (viii) preços de
madeira (em pé, em tora e processada); e (ix) custos médios de
exploração, de transporte e de processamento.
Tabela 54. Entrevistas realizadas e amostragem (%) nas indústrias madeireiras
da Amazônia Legal, 1998.
Estado Empresas Madeireiras Serrarias Circulares
Entrevistas Amostragem (%) Entrevistas Amostragem (%)
Acre 13 52 - -
Amapá 8 100 58 100
Amazonas 12 55 0 0
Maranhão 19 28 - -
Mato Grosso 265 47 20 11
Pará 287 43 57 11
Rondônia 152 44 4 9
Roraima 8 35 - -
Tocantins 8 47 - -
Amazônia Legal 772 44 139 17
- 99 -
Fatos Florestais da Amazônia 2003
Figura 17. Extensão dos Biomas da Amazônia Legal, 2000
1
.
1
Fonte: WWF (2000).
Análises Realizadas
Bioma Amazônia. Durante a análise dos tipos de cobertura vegetal
estimamos as fisionomias existentes na Amazônia Legal e no Bioma
Amazônia. O conceito de Bioma
2
é importante porque ao sul da Amazônia
Legal concentram-se grandes porções de cerrados e outras formações não-
florestais. O Bioma Amazônia possui extensão de 4,1 milhões de quilômetros
quadrados e é formado por 23 ecorregiões distintas (Figura 17).
2
Bioma pode ser definido como “um conjunto de ecorregiões, fauna, flora e dinâmicas e processos
ecológicos similares” (WWF 2000).
- 100 -
Lentini et al.
Consumo de Madeira em Tora. Os cálculos de volume deste
trabalho referem-se ao volume geométrico, ao invés do Francon (mais
comumente utilizado nas áreas de extração madeireira), que equivale a
77% do volume geométrico.
Para estimar o volume de madeira em tora utilizamos duas taxas
de conversão de madeira em tora para madeira processada: (i) 36%
para o caso da madeira serrada; e (ii) 40% para os laminados e
compensados (Gerwing e Uhl 1997). Produtos beneficiados podem
ser produzidos diretamente do desdobramento da madeira em tora
3
ou
pelo reaproveitamento de sobras do processamento. Assumimos que
50% da madeira beneficiada é oriunda de reaproveitamento, o que
representa um pequeno aumento no rendimento médio das serrarias
com beneficiamento (rendimento final: 37% a 40%).
Renda Bruta. Apresentamos estimativas da renda bruta gerada
pela atividade madeireira em 1998. Para isso, consideramos preços
médios de madeira serrada (baixo, médio e alto valor), laminados,
compensados e de madeira beneficiada (aparelhada)
4
. Neste último caso,
consideramos o preço da madeira beneficiada igual ao dobro do preço
da madeira serrada. Todos os preços foram considerados para o mercado
nacional, porém, para o mercado de exportação, consideramos somente
os preços de madeira serrada e beneficiada (preço FOB em dólares). A
renda bruta, portanto, está levemente subestimada, pois não incluímos
em nosso cálculo a renda gerada pela exportação de laminados e
compensados.
Para o cálculo do preço médio da madeira serrada foi necessário
assumirmos uma composição média da produção das serrarias
(porcentual de madeira de alto, médio e baixo valor). Alguns
informantes do setor madeireiro nos auxiliaram a calibrar essas
estimativas (Tabela 55).
3
Nesse caso, por não termos o rendimento de conversão da madeira em tora em madeira beneficia-
da, assumimos o mesmo rendimento da madeira serrada (Gerwing e Uhl 1997).
4
Diferentes produtos (como rodapés, forros, portas, janelas, lambris etc.) são gerados no
processamento secundário realizado por algumas empresas madeireiras. Seus preços podem oscilar
significativamente, atingindo valores entre duas e quatro vezes o preço da madeira serrada.
- 101 -
Fatos Florestais da Amazônia 2003
Tabela 55. Composição da produção de madeira serrada nos Estados da Amazônia
Legal, 1998.
Empregos na Exploração Florestal. Uma equipe típica de extração
madeireira explora 10 mil metros cúbicos de madeira em tora por ano.
Essa equipe é tipicamente composta por 16 pessoas: 3 motosserristas,
3 ajudantes de motosserrista, 2 tratoristas, 2 ajudantes de tratorista, 1
cozinheiro, 1 gerente de extração, 1 operador de carregadeira e 3
motoristas de caminhão. Utilizamos essa relação média para estimar o
número de empregos diretos gerados pela exploração madeireira.
Empregos Indiretos. Neste trabalho, estimamos o número de
empregos indiretos gerados pela atividade madeireira da Amazônia,
composta pelos seguintes elementos:
Empregos gerados nas revendas de madeira. Nesse caso, as
informações disponíveis foram levantadas pelo estudo Acertando o Alvo
2 (Sobral et al. 2002), segundo o qual, para o Estado de São Paulo,
existem 2 mil depósitos de madeira para comercializar os 2,1 milhões
de metros cúbicos de madeira processados na Amazônia. Assumimos
que cada depósito gera em média 12 empregos, também baseados
nos dados levantados nesse estudo. Essa relação média foi utilizada
para estimar o número de depósitos e o número de empregos em cada
região consumidora de madeira processada na Amazônia.
Estado Classe de Valor Madeireiro (% da Produção)
Alto Médio Baixo
Acre 30 60 10
Ama 5 40 55
Amazonas 10 40 50
Maranhão 10 50 40
Mato Grosso 24 55 21
Pará 19 48 33
Rondônia 27 50 23
Roraima 10 50 40
Tocantins - 60 40
- 102 -
Lentini et al.
Empregos gerados nas marcenarias da Amazônia. As marcenarias
são empresas de pequeno porte
5
que confeccionam produtos a partir
de madeira processada. A Sefe realizou em 2000 um diagnóstico do
Setor Madeireiro do Acre e encontrou nesse Estado 349 marcenarias
que, no total, geravam 1.294 empregos. Para os demais Estados,
utilizamos dados do Cadastro Central de Empresas (IBGE 2000c),
segundo os quais foram gerados cerca de 93 mil empregos pela indústria
de mobiliário na Amazônia (Tabela 56).
5
As marcenarias constituem uma modalidade de microempresa, possuindo em média menos
de 15 funcionários.
6
Não consideramos as pessoas que fazem o carregamento dos caminhões, assumindo que os
próprios funcionários das serrarias poderiam realizar essa atividade.
Tabela 56. Empregos gerados pelas marcenarias e indústrias moveleiras da
Amazônia Legal, 2000
1
.
1
Fonte: Cadastro Central de Empresas (IBGE 2000c).
Estado Número de Empregos Gerados
Produtos de Indústrias de Artigos de Total
Madeira Móveis Mobiliário
Acre 905 281 234 1.420
Amapá 316 220 168 704
Amazonas 2.581 2.752 916 6.249
Maranhão 2.682 1.798 1.521 6.001
Mato Grosso 23.323 2.250 1.962 27.535
Pará 31.312 1.691 1.342 34.345
Rondônia 12.575 1.319 1.180 15.074
Roraima 370 73 61 504
Tocantins 251 407 344 1.002
Amazônia Legal 74.315 10.791 7.728 92.834
Empregos gerados no transporte de madeira processada aos
mercados nacionais. Contabilizamos o número mínimo de pessoas que
seriam necessárias para transportar a madeira aos mercados consumidores
(motoristas), descarregar a madeira nos depósitos de revenda
6
e realizar
a manutenção nos caminhões utilizados no transporte (mecânicos ou
técnicos). Estimamos que é necessário um mínimo de 24 mil pessoas
para desenvolver essas atividades (Tabela 57).
- 103 -
Fatos Florestais da Amazônia 2003
Tabela 57. Ocupações geradas pelo transporte de madeira processada na
Amazônia Legal, 1998
1
.
1
Fonte: Imazon.
2
Consideramos uma média de 30 metros cúbicos de madeira processada por viagem de caminhão ao
mercado consumidor.
3
Consideramos que um motorista trabalha em média 280 dias por ano. Além disso, assumimos as
seguintes durações para as viagens (ida e volta) aos mercados consumidores: (i) Região Sul, 20 dias;
(ii) São Paulo e outros Estados do Sudeste brasileiro, 15 dias; (iii) Região Nordeste, 12 dias; (iv)
Mercado Regional, 1 dia considerando que a madeira destinada ao mercado regional não é
transportada a longas distâncias; e (v) Centro Oeste, 8 dias.
4
Consideramos que um trabalhador trabalha em média 260 dias por ano 30% dos quais são ociosos
por falta de trabalho e é capaz de participar de um descarregamento por dia. Além disso,
assumimos que são necessários quatro trabalhadores para realizar um descarregamento de um
caminhão que transporta 30 metros cúbicos de madeira.
5
Consideramos que um caminhão necessita pelo menos de 124,8 horas-homem de manutenção
por ano e que um mecânico trabalha em média 1.288 horas por ano (ver próximo item).
Empregos gerados em serviços de manutenção em tratores e
caminhões (mecânicos e técnicos). Utilizamos a estimativa do número
médio de pessoas envolvidas na exploração florestal para calcular o
número de máquinas envolvidas nas operações de extração madeireira,
de transporte das toras até as indústrias processadoras e de
empilhamento das toras nos pátios dessas empresas. Com o auxílio de
informantes de empresas de manutenção de máquinas na região,
pudemos gerar estimativas do número de horas de manutenção que
tais equipamentos precisam anualmente. Estimamos que seriam
necessárias cerca de 2.200 pessoas para manter essas máquinas
funcionando adequadamente (Tabela 58).
Mercado Consumo Número Anual
Consumidor Anual de Viagens
2
Número de Ocupações Geradas
(milhares de m
3
) (milhares) Caminhoneiros
3
Carregadores
4
Mecânicos
5
Região Sul 2.425 81 5.774 1.777 559
São Paulo 2.103 70 3.755 1.541 364
Sudeste (menos SP) 1.972 66 3.521 1.445 341
Região Nordeste 1.425 47 2.036 1.044 197
Mercado Regional 754 25 90 552 9
Centro Oeste 509,5 17 485 373 47
Amazônia Legal 9.188,5 306 15.661 6.732 1.517
- 104 -
Lentini et al.
Tabela 58. Máquinas e empregos gerados para a manutenção de equipamentos
na Amazônia Legal, 1998
1
.
Tipo de quina Quantidade
2
Horas de Manu- Número de
tenção por Ano Mecânicos
8
(1/máquina)
3,4
Tratores Skidder 883 218
5
150
Tratores de Esteiras 2.468 218
5
419
Tratores Agrícolas 1.655 275
6
353
Empilhadeiras 2.076 275
6
443
Caminhões 8.478 125
7
821
Total - - 2.185
1
Fonte: Imazon.
2
Consideramos que uma equipe de exploração de 16 pessoas explora 10 mil metros cúbicos de
madeira em tora por ano utilizando para isso 2 tratores (2 tratores de esteiras, ou 1 skidder e 1 trator
de esteiras, ou 2 tratores agrícolas) e 3 caminhões. Assumimos que uma empresa madeireira de porte
pequeno ou médio (i.e., empresas que consomem até 20 mil metros cúbicos de madeira em tora por
ano) possui apenas uma empilhadeira e que indústrias de porte grande possuem duas máquinas
desse tipo.
3
Consideramos que, a cada dez mil horas, tratores skidder ou tratores de esteiras sofrem uma
minuciosa manutenção geral, na qual são necessárias dez pessoas (nove mecânicos e um eletricis-
ta) trabalhando durante dez dias para a total recuperação da máquina. Para as empilhadeiras e os
tratores agrícolas, estimamos que são necessários seis dias com a mesma equipe. Além disso,
estimamos que a cada 400 horas cada máquina precisa de uma manutenção de 8 horas com uma
equipe de 2 pessoas. Para o caso dos caminhões, consideramos essa manutenção (a cada 400
horas) como a única a ser realizada.
4
O número de horas anuais de manutenção depende do número de horas de funcionamento de cada
máquina. Estimamos que os tratores skidder e os tratores de esteiras tenham uma carga de 1.820
horas anuais (10 horas por dia x 26 dias por mês x 7 meses por ano) e as empilhadeiras e tratores
agrícolas, 3.120 (10 horas por dia x 26 dias por mês x 12 meses por ano).
5
[(10 pessoas x 8 horas/dia x 10 dias)/(10.000 horas/1.820 horas/ano)]+[(2 pessoas x 8 horas)/(400
horas/1.820 horas/ano)]
6
[(10 pessoas x 8 horas/dia x 6 dias)/(10.000 horas/3.120 horas/ano)]+[(2 pessoas x 8 horas)/(400
horas/3.120 horas/ano)]
7
[(2 pessoas x 8 horas)/(400 horas/3.120 horas/ano)]
8
Considerando que um mecânico trabalha em média 1.288 horas por ano (230 dias x 8 horas por dia
 30% do total de 1.840 horas é ocioso por falta de trabalho).
Empregos gerados em lojas de revenda de equipamentos e
máquinas. Consideramos apenas as lojas de revendas de motosserras,
por serem os únicos equipamentos praticamente exclusivos da
atividade madeireira na Amazônia Legal (excluindo, portanto, as
motosserras utilizadas em podas de arborização urbana, por
exemplo). Na lista telefônica foram encontradas 160 revendas de
- 105 -
Fatos Florestais da Amazônia 2003
motosserras na Amazônia Legal
7
. Considerando uma média de 7
funcionários por loja, estimamos que 1.120 empregos são gerados
na Amazônia Legal nesses estabelecimentos.
Empregos gerados para profissionais autônomos (engenheiros
florestais) para confeccionar e acompanhar Planos de Manejo Florestal.
Utilizamos dados do número de engenheiros florestais cadastrados nos
Conselhos Regionais, disponíveis para alguns Estados da Amazônia
(Pará, Amazonas e Rondônia).
Ainda existem outras ocupações que são indiretamente criadas
pela atividade madeireira na Amazônia e não puderam ser estimadas
devido à carência de índices adequados. Dentre esses, podemos citar:
(i) empregos da exportação de madeira (escritórios de exportação,
carregamento e descarregamento de navios etc.); (ii) empregos gerados
em indústrias, marcenarias e pequenas oficinas que utilizam madeira
amazônica nos Estados brasileiros não pertencentes à Amazônia Legal;
e (iii) comercialização de produtos beneficiados confeccionados com
madeira amazônica em todo o País.
Zonas Madeireiras. Nos Estados do Pará, de Mato Grosso e de
Rondônia, os principais produtores de madeira da Amazônia, as análises
dos dados foram conduzidas considerando as zonas madeireiras
existentes. Essas zonas foram eleitas a partir dos mesmos critérios
utilizados para a definição das fronteiras madeireiras, a seguir: (i)
tipologias florestais; (ii) idade da fronteira madeireira; e (iii) condições
de acesso e tipo de transporte. Dessa forma, estabelecemos cinco zonas
madeireiras no Estado do Pará (central, estuarina, leste, oeste e sul),
três em Mato Grosso (central, norte e noroeste) e três em Rondônia
(central, norte e sudeste).
Espécies Exploradas. Obtivemos apenas o nome vulgar dos tipos
de madeiras comercializados. Com base em estudos anteriores do
Imazon (Uhl et al. 1991; Veríssimo et al. 1992), foi possível
correlacionar alguns nomes vulgares com espécies botânicas. É
importante notar que um nome vulgar pode corresponder a várias
espécies botânicas.
7
Nos Estados do Maranhão e Tocantins consideramos apenas as revendas localizadas nos pólos
madeireiros.
- 106 -
Lentini et al.
Unidades dos Custos e Preços. Todos os custos (exploração,
transporte e processamento) foram apresentados em dólares para o ano
de 1998 (câmbio médio igual a R$ 1,16), único período em que
coletamos esses dados em toda a Amazônia. Os preços de madeira
(madeira em tora e serrada) foram apresentados para os anos de 1998,
2001 (câmbio médio de R$ 2,32) e 2003 (câmbio médio de fevereiro
de 2003 igual a R$ 3,59).
Classes de Valor de Madeira. Classificamos os preços de madeira
(em pé, tora e processada) em três categorias: (i) baixo; (ii) médio; e
(iii) alto.
Algumas espécies madeireiras são amplamente exploradas na
Amazônia e podem a priori ser discriminadas em classes de valor
(exemplos no Quadro 2). Por isso, foram utilizadas como indicadoras
da segregação dos dados coletados em 1998, 2001 e 2003 em classes
de valor madeireiro. O intervalo de confiança da média do preço da
madeira serrada dessas espécies (nível de probabilidade de 5%; n-1
g.l.) foi utilizado para determinar os limites inferiores e superiores das
classes de valor. A diferença entre o limite superior e inferior de classes
consecutivas (i.e., baixo e médio valor, médio e alto valor) foi dividida
igualmente entre essas classes.
Excluímos os preços de madeira das serrarias circulares da região
estuarina
8
por serem muito baixos. A análise desses dados foi realizada
separadamente.
Utilizando os valores de madeira serrada para as espécies
madeireiras indicadoras, obtivemos três classes de valor madeireiro.
Dessa forma, consideramos como madeira de baixo valor as espécies
que obtiveram pro dio de madeira serrada inferior a US$ 100/m
3
.
As madeiras de médio valor estavam situadas entre US$ 100/m
3
e
US$ 200/m
3
, enquanto as espécies de alto valor possuíam preços
acima de US$ 200/m
3
(Tabela 59).
8
As peças produzidas (3 m a 4 m de comprimento e 15 cm a 25 cm de largura) são vendidas em
dúzias, cujo preço médio freqüentemente não ultrapassava US$ 45/m
3
em 2001.
- 107 -
Fatos Florestais da Amazônia 2003
Tabela 59. Classes de valor madeireiro (US$/m
3
) na Amazônia Legal, 1998-2003.
1
Refere-se à maioria das 350 espécies madeireiras exploradas na Amazônia (Martini et al. 1994 e
Veríssimo et al. 1998).
2
As espécies madeireiras de médio valor econômico incluem: angelim-vermelho (Dinizia excelsa), angelim
pedra (Hymenolobium sp.), cabreúva (Myroxylon sp.), cambará (Gochnatia polymorpha), cedrinho
(Scleronema sp.), cedrorana (Cedrelinga sp.), cumaru (Dipteryx odorata), itaúba (Mezilaurus sp.),
garapeira (Apuleia sp.), jatobá (Hymenaea sp.), maçaranduba (Manilkara sp.), entre outras.
3
As espécies madeireiras de alto valor econômico (cinco a seis espécies) incluem cedro (Cedrela sp.),
cerejeira (Torresia acreana), freijó (Cordia sp.), ipê (Tabebuia sp.) e, em algumas regiões, louro-
vermelho (Sextonia sp.) e sucupira (Bowdichia sp.).
Classe de Valor Madeireiro Preço Médio da Madeira Serrada (US$/m
3
)
Baixo
1
< 100
Médio
2
100  200
Alto
3
> 200
9
As pressuposições dos modelos lineares são as seguintes: (i) o modelo é linear nos seus parâmetros e o
erro é aditivo; (ii) o número de observações é maior que o número de parâmetros a serem estimados; (iii)
a variável preditora é não-estocástica; (iv) os erros são aleatórios, mas independentes; (v) os erros têm
variância constante em relação ao modelo; e (vi) os erros têm distribuição normal com média igual a zero.
Quadro 2. Exemplos de espécies utilizadas para segregar as classes de valor
madeireiro.
Classe de
Valor
1
Nome Popular/Científico
Baixo Cambará (Gochnatia polymorpha), Faveira (Pterodon sp.), Timborana (Newtonia sp.)
Médio Angelim Pedra (Hymenolobium sp.), Angelim-Vermelho (Dinizia excelsa), Cumaru (Dipteryx
odorata), Jatobá (Hymenaea courbaril)
Alto Cedro (Cedrela odorata), I Amarelo (Tabebuia sp.), Freijó (Cordia sp.)
1
Não incluímos o mogno (Swietenia macrophylla K.), espécie de valor muito alto, porque representa
menos de 2% do volume extraído no Estado do Pará.
Modelos Estatísticos. Utilizamos regressão linear para estimar o
preço da madeira em tora a partir do preço da madeira serrada, para
algumas espécies madeireiras (ver Tabela 49). Ajustamos modelos para
cada um dos principais Estados produtores. Os melhores ajustes obtidos
(e que melhor satisfizeram os pressupostos estatísticos necessários
9
)
foram os seguintes:
- 108 -
Lentini et al.
10
É o parâmetro que expressa a proporção da variabilidade total dos dados que é explicada pelo
modelo ajustado.
Tabela 60. Número de observações, teste F e coeficientes de determinação dos
modelos ajustados.
Equações Ajustadas Número de Teste F
1,2
R
2
Ajustado
Observações
Pará 733 520,4** 0,78
Mato Grosso 286 189,4** 0,80
Rondônia 417 258,6** 0,71
** Expressa resultados significativos ao nível de 1% de probabilidade.
1
O teste F tem o objetivo de testar duas hipóteses: (i) a hipótese nula, que afirma que os parâmetros do
modelo não diferem estatisticamente de zero; ou (ii) a hipótese alternativa, que dita que pelo menos
um dos parâmetros do modelo é diferente de zero. Uma vez comprovada a hipótese alternativa (i.e.,
rejeitada a hipótese nula) utiliza-se o teste t para cada um dos parâmetros do modelo. Nessa etapa,
individualmente, os parâmetros são testados e avalia-se se são ou não estatisticamente diferentes
de zero.
2
No caso de variáveis correlacionadas (PS e PS
2
), realizamos um teste F entre tais variáveis separada-
mente, testando isoladamente se pelo menos um dos coeficientes é diferente de zero.
(1) Pará
PT = -21,87 + 0,26. PS + 0,0000024. PS
2
+ 3,46. CPA + 18,60. LPA + 5,22. OPA
(2) Mato Grosso
PT = 25,14 + 0,003. PS + 0,0003. PS
2
+ 4,4. CMT + 4,3. NMT + 36,3. ALT + 0,87. MED
(3) Rondônia
PT = 8,14 + 0,17. PS + 0,00017. PS
2
2,76. CRO 4,70. NRO
Onde:
ALT = igual a 1, se os preços se referem à madeira de alto valor; 0, se não;
CMT = igual a 1, se os preços se referem à zona central do Estado de Mato Grosso; 0, se não;
CPA = igual a 1, se os preços se referem à zona central do Estado do Pará; 0, se não;
CRO = igual a 1, se os preços se referem à zona central do Estado de Rondônia; 0, se não;
LPA = igual a 1, se os preços se referem à zona leste do Estado do Pará; 0, se não;
MED = igual a 1, se os preços se referem à madeira de médio valor; 0, se não;
NMT = igual a 1, se os preços se referem à zona norte do Estado de Mato Grosso; 0, se não;
NRO = igual a 1, se os preços se referem à zona norte do Estado de Rondônia; 0, se não;
OPA = igual a 1, se os preços se referem à zona oeste do Estado do Pará; 0, se não;
PS = preço de madeira serrada (R$/m
3
); PT = preço de madeira em tora (R$/m
3
);
Os coeficientes de determinação
10
e o número de observações
utilizadas para o ajuste dos modelos podem ser vistos na Tabela 60.
- 109 -
Fatos Florestais da Amazônia 2003
Instituições Selecionadas com Atuação na Área Florestal
na Amazônia
Instituição Área de Telefone Página de Internet
Atuação
Aimex Empresarial (91) 242-7161 www.aimex.com.br
(91) 242-7218
Amigos da Terra  Ambiental (11) 3887-9369 www.amazonia.org.br
Amazônia Brasileira
Cifor Pesquisa (91) 276-0041 www.cifor.cgiar.org
CTA Socioambiental (68) 223-2727 Não há site disponível
(68) 223-2878
Embrapa - Amazônia Oriental Pesquisa (91) 299-4500 www.cpatu.embrapa.br
Escola Agrotécnica Federal Ensino (92) 618-5121 -
de Manaus
Fase  Regional Amazônia Socioambiental (91) 242-0318 www.fase.org.br
FSC Brasil Certificação (61) 364-7443 www.fsc.org.br
FFT Treinamento (91) 229-8371 www.fft.org.br
FVA Ambientalista (92) 642-4559 www.fva.org.br
(92) 642-7866
Greenpeace Brasil Ambientalista (11) 3035-1151 www.greenpeace.org.br
Grupo de Compradores de Empresarial e (11) 3887-9369 www.amazonia.org.br/
Produtos Florestais Certificados Comunitário compradores
GTA Socioambiental (61) 346-7048 www.gta.org.br
Imaflora Certificação (19) 3414-4015 www.imaflora.org
Imazon Pesquisa (91) 235-4214 www.imazon.org.br
Inpa Pesquisa (92) 643-3398 www.inpa.gov.br
- 110 -
Lentini et al.
Instituição Área de Telefone Página de Internet
Atuação
Ipam Pesquisa (91) 241-6700 (Belém) www.ipam.org.br
(61) 340-9992 (Brasília)
ISA Socioambiental (61) 349-5114 (Brasília) www.socioambiental.org
e Indigenista (11) 3660-7949 (São Paulo)
MPEG Pesquisa (91) 219-3319 www.museu-goeldi.br
(91) 219-3369
Associação dos Produtores Empresarial e (91) 235-4214 -
Florestais Certificados na Comunitário
Amazônia
Pronatura Ambientalista (21) 2533-4777 www.pronatura.org.br
SCS Certificação (19) 3424-5028 www.scscertified.com
Senai - Regional Mato Grosso Treinamento (65) 611-1555 www.fiemt.com.br
(Sede - Cuiabá)
SGS Certificação (31) 3891-7343 www.qualifor.com
SOS Amazônia Ambientalista (68) 223-1036 www.sosamazonia.org.br
Ufra Ensino (91) 274-2770 www.fcap.br
(91) 274-2505
Uniflor Empresarial (91) 261-4238 -
WWF Brasil Ambientalista (61) 364-7400 www.wwf.org.br
(61) 364-7474 (Brasília)
(68) 223-1089 (Rio Branco)
Endereços Úteis
Ibama - DIREF Governo (61) 316-1478 www.ibama.gov.br
(61) 316-1476/1477
MMA  PNF Governo (61) 317-1115 www.mma.gov.br/port/
sbf/pnf
- 2 -
Lentini et al.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
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