Download PDF
ads:
JANDER FAGUNDES ROSADO
FATORES DE MORTALIDADE NATURAL DE Coccus viridis EM
CAFEEIRO
Tese apresentada à Universidade
Federal de Viçosa, como parte das
exigências do Programa de Pós-
graduação em Entomologia, para
obtenção do título de
Magister
Scientiae.
VIÇOSA
MINAS GERAIS – BRASIL
2009
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
i
JANDER FAGUNDES ROSADO
FATORES DE MORTALIDADE NATURAL DE Coccus viridis EM
CAFEEIRO
Tese apresentada à Universidade
Federal de Viçosa, como parte das
exigências do Programa de Pós-
graduação em Entomologia, para
obtenção do título de
Magister
Scientiae.
APROVADA: 17 de Fevereiro de 2009.
Prof. Leandro Bacci Profa. Madelaine Venzon
(Co-orientador) (Co-orientadora)
Prof. Laércio Zambolim Profa. Terezinha Maria Castro
Della Lucia
Prof. Marcelo Coutinho Picanço
(Orientador)
ads:
ii
AGRADECIMENTOS
À Universidade Federal de Viçosa e ao Programa de Pós-graduação em
Entomologia pela oportunidade de realização deste curso.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq), pela concessão da bolsa de estudos.
Ao meu orientador professor Marcelo Coutinho Picanço, pela
participação na minha formação e orientação. Agradeço também sua família
pelo convívio.
Aos co-orientadores Leandro Bacci e Madelaine Venzon e os
professores Laércio Zambolim e
Terezinha Maria Castro Della Lucia
pelas
sugestões que em muito acrescentaram a este trabalho.
A todos os amigos do Laboratório de Manejo Integrado de Pragas, pela
amizade a agradável convívio. Em especial aos que me ajudaram na realização
deste trabalho.
Aos meus pais Jose das Graças Rosado e Nazaré Aparecida Fagundes
Rosado pela educação, confiança, amor e tudo mais que não conseguiria
descrever.
Aos meus irmãos Jarbas e Jáider pelo carinho e convivência além da
grande amizade.
A minha namorada Beatriz pelo amor, amizade, companheirismo,
compreensão e confiança demonstrados durante estes anos de convivência.
E finalmente, a todos que fizeram este trabalho ser realizado, os meus
sinceros agradecimentos.
iii
BIOGRAFIA
JANDER FAGUNDES ROSADO, filho de José das Graças Rosado e
Nazaré Aparecida Fagundes Rosado, nasceu em Viçosa, Minas Gerais, em 07
de março de 1981.
Em dezembro de 1999, concluiu o segundo grau no Centro de
Desenvolvimento Agrário de Florestal (CEDAF-UFV) e em março de 2001
ingressou no curso de Agronomia pela Universidade Federal de Viçosa.
Durante a graduação de agosto de 2001 a março 2007 foi estagiário no
Laboratório de Manejo Integrado de Pragas do DBA/UFV sob orientação do
Prof. Marcelo Coutinho Picanço, onde desenvolveu vários trabalhos com
manejo integrado pragas de hortaliças, grandes culturas, fruteiras e
ornamentais. Nesse período foi bolsista de Iniciação Científica por anos
consecutivos pela Empresa brasileira de pesquisa Agropecuária (EMBRAPA
CAFÉ).
Em março de 2007, ingressou no curso de Mestrado em Entomologia na
UFV, curso que concluiu em fevereiro de 2009, sendo então aceito para cursar
doutorado em Entomologia nesta mesma instituição
iv
ÍNDICE
RESUMO............................................................................................................v
ABSTRACT....................................................................................................... vii
1 INTRODUÇÃO.............................................................................................1
2 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................4
2.1 Condições experimentais .....................................................................4
2.2 Criação de Coccus viridis.....................................................................5
2.3 Estabelecimento da coorte ...................................................................5
2.4 Avaliação dos fatores de mortalidade...................................................5
2.5 Construção e análise das tabelas de vida............................................6
3 RESULTADOS ............................................................................................9
3.1 Fatores naturais de mortalidade...........................................................9
3.2 Estádios críticos de mortalidade.........................................................12
3.3 Fatores - chave de mortalidade..........................................................15
4 DISCUSSÃO..............................................................................................18
5 CONCLUSÕES..........................................................................................25
6 LITERATURA CITADA ..............................................................................26
v
RESUMO
ROSADO, Jander Fagundes, M.S. Universidade Federal de Viçosa, fevereiro
de 2009. Fatores de mortalidade natural de Coccus viridis em
cafeeiro. Orientador: Marcelo Coutinho Picanço. Co-orientadores:
Leandro Bacci e Madelaine Venzon.
Coccus viridis (Green) (Hemiptera: Sternorrhyncha: Coccidae) é uma
cochonilha praga do cafeeiro, sobretudo em locais sombreados e plantios
adensados. Apesar da importância de C. viridis como praga do cafeeiro até o
presente momento não se conhece a fase crítica do seu ciclo de vida nem o
fator-chave de mortalidade que regula suas populações. Assim, o objetivo
deste trabalho foi determinar os fatores de mortalidade natural de C. viridis no
cafeeiro, bem como determinar a fase crítica e o fator-chave de mortalidade do
seu ciclo de vida. As mortalidades e suas causas foram monitoradas
diariamente nos estádios de desenvolvimento de C. viridis até que as
cochonilhas se tornassem fêmeas reprodutivas. Foram construídas oito tabelas
de vida ecológicas para C. viridis durante as estações dos anos de 2004 a
2006 em cafeeiro. A mortalidade total de C. viridis foi 96,08%, sendo que
ocorreram 70,47; 54,16; 53,31 e 38,06% no primeiro, segundo e terceiro
ínstares e na fase adulta. Os fatores de mortalidade de C. viridis foram chuva,
parasitismo, predação, queda de folha e o fungo Lecanicillium lecanii. A
vi
predação foi importante em todos os estádios de C. viridis, com mortalidades
marginais de 28,76; 23,31; 17,96 e 19,03%, para ninfas de primeiro, segundo,
terceiro ínstar e adultos. Os estádios mais jovens de C. viridis foram mais
afetados pelo parasitismo, com mortalidades de 31,86 (primeiro ínstar) e
25,16% (segundo ínstar). Já o fungo L. lecanii causou maiores mortalidades em
estádios mais avançados de C. viridis, com 15,99 e 12,07%, nas ninfas de
terceiro ínstar e adultos. A queda de folhas causou elevadas mortalidades
durante todos os estádios imaturos de C. viridis, com mortalidades de 34,64;
11,91 e 15,99% para ninfas de primeiro, segundo e terceiro ínstares. O estádio
crítico de mortalidade de C. viridis foi o de ninfas de segundo ínstar. O fator-
chave de mortalidade foi a ação de parasitóides sobre ninfas de segundo
ínstar, seguido pela mortalidade causada por queda das folhas e chuvas neste
ínstar.
vii
ABSTRACT
ROSADO, Jander Fagundes, MS University of Viçosa, in February of 2009.
Factors of natural mortality of Coccus viridis in coffee. Advisor:
Marcelo Coutinho Picanço. Co-advisors: Leandro Bacci and Madelaine
Venzon.
Coccus viridis (Green) (Hemiptera: Sternorrhyncha: Coccidae) is insect
pest of coffee, especially in stand density in plantations. Despite the importance
of C. viridis as peste coffee at the moment do not know the critical stage of their
life cycle and the key factor governing mortality of their populations. The aim of
this study was to determine the factors of natural mortality of C. viridis in coffee
as well as determine the critical stage and key factor of mortality of their life
cycle. The mortality and its causes were monitored daily in the development
stages of C. viridis until the scales become reproductive females. We
constructed eight scales of ecological life to C. viridis during the years of 2004
to 2006 in coffee. The total mortality of C. viridis was 96.08% and 70.47
occurred, 54.16, 53.31 and 38.06% in the first, second and third instars and
adulthood. The factors of mortality of C. viridis were rainfall, parasitism,
predation, and drop-leaf fungus Lecanicillium lecanii. Predation is important in
all stages of C. viridis, with marginal mortality 28.76, 23.31, 17.96 and 19.03%
for nymphs of the first, second, third instar and adults. The younger stages of C.
viii
viridis were more affected by parasitism with mortality of 31.86 (first instar) and
25.16% (second instar). But the fungus L. lecanii caused higher mortality in
more advanced stages of C. viridis, with 15.99 and 12.07% in the third instar
nymphs and adults. The fall of leaves caused high mortality in all immature
stages of C. viridis, with mortality of 34.64, 11.91 and 15.99% for nymphs of the
first, second and third instars. The critical level of mortality of C. viridis was the
second-instar nymphs. The key factor of mortality was the action of parasitoids
on second-instar nymphs, followed by deaths caused by falling leaves and rain
of this instar.
1
1 INTRODUÇÃO
A cochonilha verde Coccus viridis (Green) (Hemiptera: Sternorrhyncha:
Coccidae) é praga de grande importância econômica em diversas regiões
tropicais do mundo. Ocorre no sul da África, na Ásia, nas Américas e nas ilhas
do Pacífico, podendo matar plantas de café, citros, cacau, goiaba, ameixa de
natal, macadâmia e diversas ornamentais (Waite, 2000). No cafeeiro Coffea
arabica ela ataca ramos e folhas de plantas jovens e adultas, sobretudo em
condições de baixa luminosidade e em plantios adensados (Steiman, 2000).
Suas injúrias são caracterizadas pela sucção de seiva e introdução de toxinas
no sistema vascular causando definhamento das plantas e queda de folha.
Como conseqüência do seu ataque ocorre redução drástica no
desenvolvimento e na produtividade das plantas. Esse inseto pode ainda
reduzir indiretamente a fotossíntese devido ao favorecimento dos fungos
Capnodium spp. que se desenvolvem na sua excreção rica em carboidratos
(Silva, 1977; Moreira et al., 2007).
O ciclo de vida de C. viridis varia de 50 a 70 dias. Os adultos são verdes
com corpo oval achatado de 2,5 a 3,3 mm de comprimento e um sinal preto em
forma de "U” no dorso. Sua reprodução é por partenogênese telítoca e são
ovovivíparos. As fêmeas produzem cerca de 150 ovos durante 50 dias. As
2
ninfas de primeiro ínstar (0,7 mm de comprimento) têm intensa movimentação
e são responsáveis pela escolha dos locais de alimentação. as ninfas de
segundo (0,74 mm) e terceiro ínstares (0,78 mm) pouco se movimentam e os
adultos são sésseis (Silva, 1977; Moreira et al., 2007).
Nos programas de Manejo Integrado de Pragas (MIP) necessidade de
se conhecer os fatores que interferem na intensidade de ataque das pragas às
culturas. Entre esses, os mais importantes são o controle biológico natural e os
fatores climáticos (Morris, 1963; Varley et al., 1973; Podoler & Rogers, 1975;
Miranda et al., 1998; Gonring et al., 2003).
Entre os principais instrumentos de pesquisa utilizados em estudos de
fatores determinantes da intensidade de ataque das pragas estão as tabelas de
vida ecológicas. Elas permitem o estudo qualitativo e quantitativo das causas
determinantes da dinâmica populacional dos insetos (Morris, 1963; Harcourt,
1969; Varley et al., 1973; Rabinovich, 1978), possibilitando a identificação de
fatores-chave (Morris, 1963) e a fase crítica de mortalidade de pragas
(Harcourt, 1969; Crocomo, 1990). Na fase crítica ocorrem as mortalidades que
mais influenciam a mortalidade total, assim, ela regula o tamanho da
população. O fator-chave de mortalidade é aquele de maior importância relativa
na fase crítica, então ele que mais influencia na mortalidade total. (Morris,
1963; Harcourt, 1969; Varley et al., 1973; Podoler & Rogers, 1975; Rabinovich,
1978).
Apesar da importância de C. viridis como praga do cafeeiro até o presente
momento não se conhece a fase crítica de seu de desenvolvimento nem o
fator-chave de mortalidade deste inseto-praga. Assim, este trabalho tem por
objetivo estudar os fatores de mortalidade natural de C. viridis no cafeeiro
3
usando-se tabelas de vidas ecológicas bem como determinar a fase crítica e o
fator-chave de mortalidade para este inseto-praga.
4
2 MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Condições experimentais
Este estudo foi realizado em Viçosa (20
o
48’45’’S; 42
o
56’15’’W; altitude
600m), Minas Gerais, Brasil. Os dados para a construção das tabelas de vida
foram coletados em plantas de Coffea arabica cv. Catuaí IAC 15 cultivadas
conforme Zambolim (2001), durante oito estações nos anos de 2004 a 2006. As
estações e os períodos foram: verão de 2004 (20/12/2004 a 20/03/2005),
outono de 2005 (21/03 a 21/06/2005), inverno de 2005 (22/06 a 22/09/2005),
primavera de 2005 (23/09 a 21/12/2005), verão de 2006 (22/12/2005 a
20/03/2006), outono de 2006 (21/03 a 21/06/2006), inverno de 2006 (22/06 a
23/09/2006) e a primavera de 2006 (24/09 a 21/12/2006).
O experimento foi conduzido em uma área de 864m
2
no campus da
Universidade Federal de Viçosa (UFV) numa lavoura em formação. A lavoura
foi constituída por 12 fileiras de 30 plantas dispostas no espaçamento 2,8 ×
1,0m. Durante o período experimental não foram realizadas aplicações com
nenhum inseticida e nem fungicida.
5
2.2 Criação de Coccus viridis
Para estabelecimento da criação foram coletadas ninfas e adultos de C.
viridis de folhas de café em plantações comerciais em Viçosa, MG. Estas
cochonilhas foram criadas em plantas da variedade catuaí vermelho de C.
arabica mantidas em casa de vegetação do Departamento de Biologia Animal -
DBA-UFV. As ninfas foram transferidas para folhas de café isentas de pragas e
doenças. Posteriormente, foram acondicionadas no interior das gaiolas de
madeira (1,0m de comprimento x 0,5m de largura x 1,0m de altura) teladas com
organza branca e protegidas de predadores e parasitóides.
2.3 Estabelecimento da coorte
Foram limpas seis plantas por estação retirando folhas com pragas e
doenças. Para o estabelecimento das coortes, folhas retiradas da criação
contendo C. viridis foram colocadas sobre folhas do primeiro par dos ramos no
dossel apical. As ninfas de primeiro ínstar oriundas desta folha migraram para
as folhas das plantas do experimento. Baseado no número médio de ninfas que
migraram para as primeiras parcelas foi estabelecido que o número inicial por
parcela fosse de 65 ninfas de primeiro ínstar.
O delineamento foi inteiramente casualizado com seis repetições e oito
tratamentos (estações). Os fatores em estudo foram as oitos estações
(descritas no item 2.1) ao longo de dois anos. Cada parcela experimental foi
constituída de uma planta de café.
2.4 Avaliação dos fatores de mortalidade
As causas, a idade e o número de insetos mortos em cada estádio de
desenvolvimento de C. viridis foram monitorados diariamente em todas as
parcelas, com auxílio de lupa com aumento de 10 vezes, a partir da
6
transferência das ninfas até que as fêmeas adultas originassem a primeira
ninfa.
Foi anotado o número de cochonilhas mortas e o estádio de
desenvolvimento que cada indivíduo se encontrava.
Foram avaliadas as causas de mortalidade causada por chuvas,
parasitismo, predação, queda de folha e Fungo.
Ninfas ou adultos que sumiram após um evento de chuva foram
considerados mortos por este fator. Os indivíduos que entre duas avaliações
subseqüentes estavam com seu interior sem a presença de hemolinfa ou
apresentavam apenas partes residuais do corpo foram consideradas mortas
por predadores. Indivíduos que morriam após escurecimento do corpo e ou
apresentavam furos no dorso foram considerados mortos por parasitismo.
Aqueles que estavam presente em folhas, livre de outras pragas ou doença,
que caíram da planta entre duas avaliações subseqüentes e na ausência de
chuva foram considerados mortos por queda de folha. as ninfas e adultos
que apresentavam micélios de fungo sobre o corpo foram considerados mortos
por ação de fungos
2.5 Construção e análise das tabelas de vida
A partir dos dados experimentais foram estimadas as mortalidades de C.
viridis. Foram elaboradas cinqüenta e oito tabelas de vida para determinação
da fase crítica e dos fatores-chave de mortalidade na fase crítica. Para cada
estação foram elaboradas no mínimo seis tabelas. A tabela de vida
representada neste trabalho é a média das estações dos anos 2005-2006. Foi
composta pelas colunas x, lx, dx, dxF, 100qx, 100rx, MM, K e MI (Rabinovich,
1978; Southwood & Henderson, 2000) em que:
x = fase do ciclo de vida;
7
)()( 11
dxlxlx , onde x (1, 2, 3, a) representam os estádios de ninfas
de 1º, 2º, ínstares e adultos, respectivamente, (lx - 1) e (dx 1) representam
lx e dx do estádio anterior, dx representa o número de insetos mortos em um
estádio ou mortos por um fator dentro de um estádio;
100100
)/( lxdxqx , onde 100qx representa a mortalidade aparente (%);
1001100
)/( ldxrx , onde 100rx a mortalidade real ou acumulativa (%).
Assumiu-se que a probabilidade de predação de ninfas parasitadas e
ninfas não-parasitadas foi a mesma. Então a equação é simplificada para
calcular MM foi:
( )
1001001
100
/
=
qx
qx
MM
B
B
,onde a letra B indica fator de mortalidade,
100qx (%) é a mortalidade aparente do fator B, Σ100qx (%) é a soma das
mortalidades aparentes de todos os outros fatores contemporâneos
relevantes.:
(
)
1001 /log MMxk =
, onde MMx é a mortalidade marginal (%) para um
dado fator em um dado estádio de desenvolvimento.
A mortalidade insubstituível ou indispensável (MI) consiste na porção da
mortalidade total da geração que poderia o ocorrer se um dado fator de
mortalidade fosse eliminado (Southwood & Henderson, 2000). A mortalidade
indispensável (%) foi estimada para cada fator de mortalidade e para cada
estádio de desenvolvimento de acordo com Carey, (1989) e Naranjo &
Ellsworth (2005) através da fórmula:
( ) ( )
1001001110011
1
×
=
j
i
i
j
i
ii
MMMMMI //
onde MM
i
é a mortalidade marginal para o fator ou estádio i, e j é o
número de todos os fatores de mortalidade ou estádios de desenvolvimento. O
8
primeiro produto inclui todos os fatores ou estádios de mortalidade, enquanto o
segundo produto inclui todos os fatores de mortalidade ou estádios exceto o
fator ou estádio de interesse.
Para a identificação dos estádios críticos e dos fatores-chave de
mortalidade foram realizadas análises de correlação entre as mortalidades
parciais (k) e a mortalidade total (K) (Varley et al., 1973). Adicionalmente a esta
análise foi utilizado o método gráfico proposto por Varley & Gradwell, (1960).
Foi considerado como estádio crítico de mortalidade aquele que
apresentou correlação positiva e significativa (p < 0,05) com a mortalidade total.
O fator-chave de mortalidade foi determinado para o estádio crítico através da
analise de correlação. Aqueles fatores que apresentaram correlação positiva e
significativa (p < 0,05) com a mortalidade total foram selecionados para
realização da regressão linear, passando pela origem, entre as mortalidades
parciais destes estádios com a mortalidade total. O fator-chave de mortalidade
foi aquele que apresentou maior inclinação a p < 0,05. A diferença entre as
inclinações foi verificada pelo intervalo de confiança a 95% de probabilidade
(Podoler & Rogers, 1975).
9
3 RESULTADOS
3.1 Fatores naturais de mortalidade
A mortalidade total de Coccus viridis durante seu ciclo de vida foi 96,08%,
sendo que ocorreram 70,47; 54,16; 53,31 e 38,06% de mortalidade no primeiro,
segundo e terceiro ínstares e na fase adulta. Assim, das 3908 ninfas que
iniciaram o primeiro ínstar, 153 indivíduos chegaram ao estádio de fêmeas
reprodutivas (Tabela 1).
Chuva, parasitismo, predação, queda de folha e doença fúngica foram os
fatores responsáveis pelas mortalidades ocorridas em todos os estádios de
desenvolvimento de C. viridis (Tabela 1). Predação foi importante em todos os
estádios, com mortalidades marginais de 28,76; 23,31; 17,96 e 19,03%, para
ninfas I, II e III e adultos, respectivamente. Os estádios mais jovens foram mais
afetados pelo parasitismo, com mortalidades de 31,86% (primeiro ínstar) e
25,16% (segundo ínstar). o fungo Lecanicillium lecanii causou maiores
mortalidades em estádios mais avançados, com 15,99 e 12,07%, para ninfa de
terceiro ínstar e adulto. A queda de folha causou 34,64; 11,91 e 15,99% de
mortalidade para ninfas de primeiro, segundo e terceiro ínstares (Tabela 1).
10
A maior mortalidade indispensável foi observada em ninfas de primeiro
ínstar (9,26%), sendo os principais fatores a queda de folha (1,75%),
parasitismo (1,54%) e a predação (1,33%) (Tabela 1).
As chuvas causaram remoção de ninfas e adultos das folhas derrubando-
os no solo. As cochonilhas parasitadas ficaram escurecidas devido à presença
de pupas de microhimenópteros parasitóides no interior de seu corpo. As
cochonilhas mortas por predadores, de aparelho bucal mastigador, deixaram
fragmentos de seus corpos, enquanto que aquelas mortos por predadores de
aparelho bucal sugador, apresentavam as partes internas do seu corpo
digerida. Os principais predadores observados nas folhas com as cochonilhas
foram: percevejos predadores (Hemiptera: Heteroptera: Anthocoridae), bicho
lixeiro (Neuroptera: Chrysopidae) e joaninhas Cycloneda sanguinea, Azya
luteipes e Scymnus sp. (Coleoptera: Coccinellidae).Devido à sucção de seiva
das folhas pelas cochonilhas muitas das folhas, que estas atacaram, caíram ao
solo levando a morte os indivíduos aí presentes. O fungo verificado controlando
ninfas e adultos de C. viridis foi Lecanicillium lecanii (Tabela 1).
11
Tabela 1. Tabela de vida ecológica de Coccus viridis (Hemiptera:
Sternorrhyncha: Coccidae) em cafeeiro. Viçosa, Minas Gerais, Brasil. 2004-
2006.
x Lx
Fator de
mortalidade
dx
100qx
100rx
MM
k
MI
Ninfa I 3908±263
Chuva
259±21
6,63
6,63
9,30
0,04
0,34
Parasitismo
591±31
15,12
15,12
31,86
0,17
1,54
Predação
1124±122
28,76
28,76
28,76
0,15
1,33
Queda de folha
670±62
17,14
17,14
34,64
0,18
1,75
Fungo
110±25
2,81
2,81
8,70
0,04
0,31
2754±191
70,47
70,47
0,58
9,26
Ninfa II 1154±89
Chuvas
36±5
3,12
0,92
4,07
0,02
0,14
Parasitismo
194±20
16,81
4,96
25,16
0,13
1,11
Predação
269±22
23,31
6,88
23,31
0,12
1,00
Queda de folha
78±9
6,76
2,00
11,91
0,06
0,45
Fungo
48±9
4,16
1,23
8,32
0,04
0,30
625±39
54,16
86,46
0,35
4,12
Ninfa III 529±55
Chuvas
35±8
6,62
0,90
8,06
0,04
0,29
Parasitismo
32±4
6,05
0,82
9,82
0,04
0,36
Predação
95±14
17,96
2,43
17,96
0,09
0,72
Queda de folha
73±14
13,80
1,87
19,89
0,10
0,82
Fungo
47±12
8,88
1,20
15,99
0,08
1,60
282±32
53,31
93,68
0,34
3,91
Fêmea 247±33
Chuva
0
0,81
0,05
1,00
0,00
0,03
Parasitismo
12±2
4,86
0,31
6,45
0,03
0,23
Predação
47±5
19,03
1,20
19,03
0,09
0,78
Queda de folha
12±2
4,86
0,31
6,45
0,03
0,23
Fungo
21±5
8,50
0,54
12,07
0,06
0,45
94±9
38,06
96,08
0,21
2,05
Fêmea
em
reprodução
153±28
3755±242
96,08
No cabeçalho as colunas significam: x = estádio do ciclo de vida, Lx = número de
insetos vivos no início de cada estádio (média ± erro padrão), dx = número de insetos
mortos num estádio ou mortos por um fator neste estádio (média ± erro padrão), 100qx
= mortalidade aparente (%), 100rx = mortalidade real ou acumulativa (%), MM = a
mortalidade marginal (%), k = log (MM) e MI = mortalidade indispensável ou
insubstituível (%).
12
3.2 Estádios críticos de mortalidade
Somente a mortalidade parcial das ninfas apresentou correlação positiva
e significativa (p<0,05) com a mortalidade total (Figura 1). Dessa forma, as
mortalidades ocorridas neste estádio foram separadas para verificar qual
estádio ninfal é responsável pela regulação das populações de C. viridis.
Somente a mortalidade do segundo ínstar apresentou correlação significativa
(p<0,05) com a mortalidade total de ninfas (Figura 2). Portanto, o estádio crítico
de mortalidade de C. viridis foi o de ninfas de segundo ínstar.
13
0,0
0,2
0,4
0,6
1,2
1,6
2,0
2,4
V O I P V O I P
1,2
1,6
2,0
2,4
Mortalidades parciais (k)
Mortalidade total (K)
Adultos
Ninfas
Total no ciclo de vida
2005 2006
Estações do ano
r = 0,50; t = 1,42; p = 0,207
r = 0,87; t = 4,26; p = 0,005
Figura 1. Variação das mortalidades parciais (k) e total (K) (média ± erro
padrão), para as fases do ciclo de vida de Coccus viridis (Hemiptera:
Sternorrhyncha: Coccidae) em cafeeiro nas estações de verão (V), outono (O),
inverno (I) e primavera (P). Viçosa, Minas Gerais, Brasil. 2004-2006.
14
0,3
0,6
0,9
0,4
0,8
1,2
0,0
0,3
0,6
0,9
V O I P V O I P
1,0
1,5
2,0
Mortalidades parciais (k)
Mortalidade total (K)
Ninfa II
Ninfa III
Total na fase de ninfa
Ninfa I
2005 2006
Estações do ano
r = 0,25; t = 0,62; p = 0,557
r = 0,84; t = 3,82; p = 0,009
r = 0,34; t = 0,88; p = 0,413
Figura 2. Variação das mortalidades parciais (k) e total (K) (média ± erro
padrão), para os ínstares ninfais de Coccus viridis (Hemiptera: Sternorrhyncha:
Coccidae) em cafeeiro nas estações de verão (V), outono (O), inverno (I) e
primavera (P). Viçosa, Minas Gerais, Brasil. 2004-2006.
15
3.3 Fatores - chave de mortalidade
As mortalidades causadas por chuvas, parasitóides e pela queda de folha
apresentaram correlações positivas e significativas (p<0,05) com a mortalidade
total do segundo ínstar (estádio crítico) (Figura 3). Entre estes três fatores, a
curva da mortalidade causada por parasitóides apresentou o maior coeficiente
angular (Figura 4). Portanto, o fator-chave de mortalidade foi a ação de
parasitóides sobre ninfas de segundo ínstar, seguida pela mortalidade causada
por queda das folhas e chuvas neste ínstar.
16
0,0
0,2
0,4
0,0
0,1
0,2
0,3
0,0
0,1
0,2
0,3
0,0
0,1
0,2
0,3
Mortalidades parciais (k)Mortalidade total (K)
Predação
Queda de folhas
Fungo
Parasitismo
0,0
0,1
0,2
0,3
Chuvas
V O I P V O I P
0,0
0,5
1,0
Total no estádio de ninfa II
2005 2006
r = 0,73; t = 2,63; p = 0,039
r = 0,78; t = 3,04; p = 0,023
r = 0,51; t = 1,46; p = 0,195
r = 0,93; t = 6,15; p = 0,001
r = -0,20; t = -0,51; p = 0,626
Estações do ano
Figura 3. Variação das mortalidades parciais (k) e total (K) (média ± erro
padrão) causadas por diversos fatores em ninfas de segundo ínstar de Coccus
viridis (Hemiptera: Sternorrhyncha: Coccidae) em cafeeiro nas estações de
verão (V), outono (O), inverno (I) e primavera (P). Viçosa, Minas Gerais, Brasil.
2004-2006.
17
Mortalidade total no segundo instar (K)
0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
Mortalidades parciais (k)
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
Pa k= 0,33K; IC
95
= 0,23-0,44; F= 55,68; R
2
= 0,89; p < 0,001
Q k= 0,22K; IC
95
= 0,13-0,32; F= 31,40; R
2
= 0,82; p < 0,001
Ch k= 0,16K; IC
95
= 0,05-0,29; F= 10,57; R
2
= 0,60; p = 0,014
Figura 4. Curva de regressão entre mortalidades, passando pela origem,
parciais (k), causadas por chuvas (Ch), parasitismo (Pa) e queda de folha (Q)
com a mortalidade total Coccus viridis (Hemiptera: Sternorrhyncha: Coccidae)
(K) em cafeeiro. Viçosa, Minas Gerais, Brasil. 2004-2006. IC
95
= intervalo de
confiança do coeficiente angular das curvas a 95% de probabilidade.
18
4 DISCUSSÃO
A mortalidade natural acumulativa de Coccus viridis foi 96,08%. Deste
modo, dos 3.908 indivíduos que iniciaram a tabela de vida, apenas 153
chegaram a se reproduzir. Elevadas mortalidades ocasionadas por fatores
bióticos ou abióticos são comuns em insetos filófagos em regiões tropicais
(Cornell & Hawkins 1995). Este resultado é parecido os encontrado por
Wakgari & Giliomee (2001), que observaram altas mortalidades da cochonilha
Ceroplastes destructor (Newstead) (Hemiptera: Sternorrhyncha: Coccidae) na
África do Sul.
Um fator abiótico que pode ter influenciado essa mortalidade e a
precipitação. O impacto das gotas de chuvas causaram remoção de ninfas e
adultos das folhas derrubando-os no solo. Esse fator de mortalidade foi mais
importante para os estádios imaturos de C. viridis. Vários autores têm sugerido
que os fatores climáticos desempenham um papel importante na mortalidade e
na dinâmica populacional de insetos fitófagos. No Sudão, Khalifa & El-Khidir
(1964) observaram que populações de Bemisia tabaci (Gennadius) (Hemiptera:
Aleyrodidae), que possui a fase imatura semelhante a C. viridis, diminuíram
drasticamente por ação de fortes chuvas. Gameel (1970) verificou declínio
similar na densidade populacional da mesma praga. No entanto, apesar da
19
maior suscetibilidade de ninfas devido a sua mobilidade e ao reduzido
tamanho, os adultos C. viridis se fixam fortemente às folhas diminuindo este
fator de mortalidade neste estádio.
Dentre os fatores de mortalidade, os parasitóides e os predadores foram
os mais importantes. Estes resultados é comum para insetos fitófagos em
regiões tropicais (Cornell & Hawkins 1995). As cochonilhas parasitadas ficaram
escurecidas devido à presença de pupa de microhimenópteros parasitóides no
interior de seu corpo. Esta característica também foi relacionada como
parasitismo por Naranjo & Ellsworth (2005) em ninfas de B. tabaci. Em C. viridis
o parasitismo ocorreu em todos os estádios de desenvolvimento levando a
acreditar que a cochonilha é parasitada por varias espécies.
Neste trabalho predador da família Chrysopidae e Coleoptera foram os
mais importantes Os mesmo são relatados na literatura, como: larvas de
Neuroptera (Chrysopidae), larvas e adultos de Coleoptera (Coccinellidae) e
aranhas (Araneae) (Stratopoulou & Kapatos, 1998; Oztemiz et al., 2008). Estes
predadores são generalistas e possuem alta capacidade predatória. Segundo
Carvalho & Souza (2000), indivíduos da família Chrysopidae são predadores de
insetos pequenos, tendo importante papel na regulação do tamanho das
populações de muitas pragas. Diferentes espécies pertencentes desta família
foram citadas na literatura como inimigos naturais de cochonilhas do gênero
Coccus (Oztemiz et al., 2008). Os coccinelídeos também são citados como
principais predadores de diversas espécies de cochonilhas (Murphy, 1991;
Stratopoulou & Kapatos, 1998; Michaud, 2004; Valente et al., 2004; Pluke et al.,
2005; Oztemiz et al., 2008). As espécies mais encontradas neste trabalho
também são relatadas na literatura como as principais predadoras de
20
cochonilhas do gênero Coccus são: Cycloneda sanguinea, Eriopis conexa,
Azya luteipes e Scymnus sp.
A mortalidade causada pelos predadores foi elevada em todos ínstares,
principalmente nos dois primeiros. Uma explicação para este fato é que ninfas
de 1
o
e 2
o
ínstares possuem volume corporal bem menor, levando os
predadores a se alimentarem de um número maior de indivíduos para suprir
suas necessidades nutricionais (Heinz & Zalom, 1995; Hodek, 1996).
Além das chuvas e dos inimigos naturais, muitas cochonilhas morreram
por queda das folhas. Este fato possivelmente está relacionado com a contínua
sucção de seiva e introdução de toxinas nas folhas. Adicionalmente, a queda
de folhas do cafeeiro pode ser devida também a outros fatores, tais como:
estado fisiológico das folhas, chuvas, déficit hídrico/nutrientes e ataque de
outras pragas ou doenças (Crowe, 1964; Ng et al., 1975; Konnorova & Della
Vega, 1985; Matiello et al., 2002).
Também foi verificada a ação do fungo Lecanicillium lecanii em ninfas e
adultos de C. viridis. A ocorrência do fungo, de forma geral, foi um fator que
pouco influenciou a mortalidade de C. viridis. Esses resultados são recorrentes
em insetos da ordem dos hemípteros (Horowitz et al., 1984; Lacey et al., 1996;
Faria & Wraight, 2001). Este fator de mortalidade pode ser importante apenas
em algumas épocas do ano e em estádios mais avançados.
Apesar dos fatores de mortalidade ocorrer em todos os estádios de
desenvolvimento, a magnitude de cada fator variou ao longo do ciclo da praga.
Houve uma tendência de redução da mortalidade com o aumento da idade
deste inseto. Isso ocorreu devido à diminuição da importância relativa de
alguns fatores de mortalidade em estádios mais avançados (ninfas de terceiro
ínstar e adultos).
21
Em C. viridis ocorre maiores mortalidades em indivíduos menores.
Wakgari & Giliomee (2001) observaram o contrario, ou seja, menores
mortalidades nos estádios iniciais de C. destructor em plantas de citros. O
padrão observado por esses autores é normalmente encontrado para insetos
fitófagos em regiões tropicais (Cornell & Hawkins 1995). Segundo eles isso se
deve a ínstares iniciais serem mais inconspícuos ou pouco compensadores
para inimigos naturais. Porém se considerando este mesmo argumento seria
necessário um número maior de ninfas para saciar os predadores (Cornell &
Hawkins 1995), assim esse argumento se explica perfeitamente os resultados
deste trabalho.
A importância dos inimigos naturais na regulação da dinâmica
populacional de C. viridis foi observada neste trabalho. A soma das
mortalidades ocasionadas por predadores e parasitóides foi superior a qualquer
outro fator de mortalidade. Contudo, a diferente tendência de C. viridis ao
padrão normalmente observado é devido a algumas peculiaridades das
interações entre esse este inseto com a planta hospedeira e seus inimigos
naturais.
A primeira peculiaridade é relativa à interação de C. viridis com a planta
hospedeira. No cafeeiro altas densidades de cochonilha causar queda das
folhas (fator de mortalidade). Suportando esse fato neste trabalho mostra que
as maiores densidades foram observadas em estádios mais jovens. A medida
que os indivíduos avançam na idade os fatores de mortalidade reduzem o
número de cochonilhas por folha. Assim, a mortalidade por este fator em
estádios iniciais foi devida as altas densidades e em estádios mais avançados
se deve principalmente a senescência natural das folhas.
22
A segunda peculiaridade é relativa à interação de C. viridis com seus
inimigos naturais. Ela ajuda a explicar a maior mortalidade em estádios mais
jovens deste inseto. O parasitismo de C. viridis foi maior em ninfas de primeiro
e segundo ínstares devido ao inseto uma vez parasitado não mudar de ínstar.
Para a grande maioria dos insetos hospedeiros o parasitismo ocorre em
estádios iniciais, mas o fator de mortalidade só será observado mais tarde, com
a emergência do parasitóide adulto. Ao contrário desses insetos, C. viridis uma
vez parasitada não muda de ínstar.
Adicionalmente a essas peculiaridades, a predação de estádios mais
jovens foi superior à ocorrida em estádios mais avançados. a ocorrência de
chuvas e fungo não foram determinantes nessas diferenças. Os fungos foram
inclusive fatores de mortalidade mais importantes em estádios mais avançados.
Assim, a variação de mortalidade nos estádios de C. viridis influencia a
dinâmica populacional deste inseto e deve, portanto ser considerada no
planejamento de táticas e estratégias a comporem sistemas de manejo
integrado (Dent, 1991; Dent, 1997).
Além da identificação e quantificação dos fatores de mortalidade natural,
trabalhos de tabela de vida ecológica são importantes para a determinação dos
estádios críticos e dos fatores chave de mortalidade que regulam a população
da praga. Como esperado, o estádio de C. viridis mais vulnerável aos fatores
de mortalidade foi o estádio ninfal. Isso se deve, possivelmente, ao maior
período de desenvolvimento deste estádio em relação ao estádio de adulto
antes da reprodução. Resultado reforçado por Horowitz et al., (1984) com
ninfas de B. tabaci e por Wakgari & Giliomee (2001) com ninfas de C.
destructor.
23
Dentro do estádio ninfal, a mortalidade ocorrida em ninfas de segundo
ínstar foi a que mais influenciou a mortalidade total. Dessa forma, ninfa de
segundo ínstar foi considerada o estádio crítico de mortalidade. Esses
resultados demonstram que além da maior mortalidade ocorrida em estádios
mais jovens, a regulação do tamanho da população se nesta fase. Apesar
da maior mortalidade ter acontecido em ninfas de primeiro ínstar, a flutuação
ocorrida em ninfas de segundo ínstar acompanhou melhor a flutuação da
mortalidade total
Dentro do estádio crítico, o fator-chave de mortalidade foi a ação de
parasitóides, seguida pela mortalidade causada por queda das folhas e chuvas.
A mortalidade causada por parasitóides pode ter sido a mais importante devido
à presença de formigas associadas às cochonilhas. Reimer et al. (1993)
constataram que a presença de formigas nas plantas diminui o ataque de
predadores, porém não influencia o parasitismo. Além disso, as cochonilhas
são facilmente encontradas por microhimenópteros parasitóides devido a sua
baixa movimentação e alta densidade populacional. Caso não ocorresse ação
de parasitóides ao longo do ciclo de vida de C. viridis, a mortalidade que
deixaria de acontecer seria de 3,24%. Apesar de parecer baixa, essa redução
na mortalidade iria ocasionar um significante aumento populacional da praga se
considerar a sua grande capacidade reprodutiva.
As mortalidades causadas por parasitóides constatadas neste trabalho
variaram, entre as fases do ciclo de vida, de 6,45 a 31,86%. Estes valores são
semelhantes aos observados por Tena et al. (2008) que verificaram 8,96% de
parasitismo em Saissetia oleae (Olivier) (Hemiptera: Sternorrhyncha: Coccidae)
atacando plantas de citrus. Neste mesmo trabalho foram relatadas três
espécies de parasitóides do gênero Metaphycus (Hymenoptera: Encyrtidae) em
24
ninfas dessa cochonilha. Stratopoulou & Kapatos (1998) também encontraram
espécies deste gênero parasitando S. oleae. Esses parasitóides estão
relacionados a diversos outros hospedeiros da ordem Hemiptera (Menezes Jr &
Pazini, 2001; Butignol & Pedrosa-Macedo, 2003; Daane et al., 2005; Mehrnejad
& Copland, 2006) o que nos leva a sugerir que este grupo também parasita C.
viridis.
A identificação dos estádios de desenvolvimento nos quais a maior parte
da mortalidade ocorre, assim como os fatores de mortalidade que atuam nestes
estádios, tem implicação direta no manejo de pragas. Uma vez que estes
inimigos naturais representam o fator mais importante de mortalidade de C.
viridis, o controle biológico conservativo deve ser uma tática a ser considerada.
Dessa forma, o nível populacional dos inimigos naturais deve ser preservado e
aumentado no agroecossistema. Uma forma de favorecê-los é disponibilizar
alimento alternativo e abrigo dentro da lavoura. A importância dos fatores de
mortalidade natural de C. viridis representa o primeiro passo para um melhor
entendimento de sua dinâmica populacional e desenvolvimento de estratégias
e táticas de manejo.
25
5 CONCLUSÕES
Os fatores de mortalidade natural de Coccus viridis são parasitismo,
predação, chuvas, queda de folhas e o fungo Lecanicillium lecanii.
O estádio crítico de mortalidade de C. viridis é o de ninfas de segundo
ínstar.
O fator-chave de mortalidade é a ação de parasitóides sobre ninfas de
segundo ínstar, seguida pela mortalidade causada por chuvas e queda
das folhas durante este ínstar.
26
6 LITERATURA CITADA
Butignol, C. A. & Pedrosa-Macedo, J. H. Biologia de Neotrioza tavaresi
Crawford, 1925 (Hemiptera, Psyllidae), galhador da folha do aracazeiro
(Psidium cattleianum). Revista Brasileira de Entomologia, v.47, n.1,
p.1-7. 2003.
Carey, J. R. The multiple decrement life table a unifying framework for cause of
death analysis in ecology. Oecologia, v.78, n.1, p.131-137. 1989.
Carvalho, C. F. & Souza, B. Controle biológico de pragas: produção massal e
controle de qualidade. In: Bueno, V. H. P. (Ed.). todos de criação e
produção de crisopídeos. Lavras: UFLA, 2000. p.196
Cornell, H. V. & Hawkins, B. A. Survival patterns and mortality sources of
herbivorous insects some demographic trends. American Naturalist,
v.145, n.4, p.563-593. 1995.
Crocomo, W. B. O que é manejo integrado de pragas? In: Crocomo, W. B.
(Ed.). Manejo integrado de pragas. Botocatú: UNESP, 1990. p.9-34
Crowe, T. J. Coffee leaf miners in Kenya. II-Causes of outbreaks. Kenya
Coffee, v.29, n.342, p.223-231, 1964.
Daane, K. M.; Sime, K. R.; Dahlsten, D. L.; Andrews, J. W.; Zuparko, R. L. The
biology of Psyllaephagus bliteus Riek (Hymenoptera: Encyrtidae), a
27
parasitoid of the red gum lerp psyllid (Hemiptera : Psylloidea). Biological
Control, v.32, n.2, p.228-235. 2005.
Dent, D. R. Insect pest management. Wallingford: CAB International. 1991.
604 p.
Dent, D. R. Quantifying insect populations: estimates and parameters. In: Dent,
D. R. & Walton, M. P. (Eds.). Methods in ecological & agricultural
entomology. New York: CAB, 1997. p.57-109
Faria, M. & Wraight, S. P. Biological control of Bemisia tabaci with fungi. Crop
Protection, v.20, n. 9, p.767-778. 2001.
Gameel, O. I. The effects of whitefly on cotton. Growth of Cotton in the Gezira
Environment. In: Siddig, M. A. & Hughes, L. C. (Eds.). The Gezira
Environment. Cambridge, UK.: Agricultural Research Corporation, 1970.
p.265-280
Gonring, A. H. R.; Picanço, M. C.; Guedes, R. N. C.; Silva, E. M. Natural
biological control and key mortality factors of Diaphania hyalinata
(Lepidoptera : Pyralidae) in cucumber. Biocontrol Science and
Technology, v.13, n.3, p.361-366. 2003.
Harcourt, D. G. Development and use of life tables in study of natural insect
populations. Annual Review of Entomology, v.14, n.6, 175, p.175.
1969.
Heinz, K. M. & Zalom, F. G. Variation in trichome based resistance to Bemisia
argentifolii (Homoptera, Aleyrodidae) oviposition on tomato. Journal of
Economic Entomology, v.88, n.5, p.1494-1502. 1995.
Hodek, I. Ecology of Coccinellidae. Dordrecht?. In: Hodek, I. & Honek, A.
(Eds.). Food relationships: Kluwer Academic, 1996. Ecology of
Coccinellidae. Dordrecht, p.143-238
28
Horowitz, A. R.; Podoler, H.; Gerling, D. Life table analysis of the tobacco
whitefly Bemisia tabaci (gennadius) in cotton fields in Israel. Acta
Oecologica-Oecologia Applicata, v.5, n.3, p.221-233. 1984.
Khalifa, A. & El-Khidir, E. Biological study on Trialeurodes lubia and Bemisia
tabaci (Aleyrodidae). Bulletin of the Entomological Society of Egypt,
v.48, n.1, p.115-129. 1964.
Konnorova, E. & Della Vega, A. Nocividad de Leucoptera coffeella
(Lepidoptera: Lyonetiidae). III. Caracteristicas y dimensiones de las
lesiones producidas a las hojas del cafeto. Ciencia y Técnica en la
Agricultura: Café y Cacao, v.7, n1, p.25-40. . 1985.
Lacey, L. A.; Fransen, J. J.; Carruthers, R. Global distribution of naturally
occurring fungi of Bemisia, their biologies and use as biological control
agents. In: Gerling, D. & Mayer, R. (Eds.). Bemisia 1995: Taxonomy,
biology, damage, control and management. Andover: Intercept, 1996.
p.401-433
Matiello, J. B.; Santinato, R.; Garcia, A. W. R.; Almeida, S. R.; Fernandes, D. R.
Cultura de café no Brasil: novo manual de recomendações. Rio de
Janeiro: MAPA/PROCAFÉ. 2002
Mehrnejad, M. R. & Copland, M. J. W. Host stage selection and oviposition
behaviour of Psyllaephagus pistaciae, parasitoid of the common
Pistachio psylla Agonoscena pistaciae. Biological Control, v.36, n.2,
p.139-146. 2006.
Menezes Jr, A. M. & Pazini, A. Parasitóides (Hymenoptera: Chalcidoidea)
Associados a Triozoida limbata (Enderlein) (Hemiptera: Psyllidae) sobre
goiabeira, Psidium guajava L. (Myrtaceae) na Região Norte do Paraná.
In: Simpósio de controle biológico. Poços de Caldas. Resumos...
Poços de Caldas: Universidade Federal de Lavras/Embrapa Centro
Nacional de Pesquisa de Milho e Sorgo, v.7, 2001. p.344.
29
Michaud, J. P. Natural mortality of Asian citrus psyllid (Homoptera : Psyllidae) in
central Florida. Biological Control, v.29, n.2, p.260-269. 2004.
Miranda, M. M. M.; Picanço, M.; Zanuncio, J. C.; Guedes, R. N. C. Ecological
life table of Tuta absoluta (Meyrick) (Lepidoptera : Gelechiidae).
Biocontrol Science and Technology, v.8, n.4, p.597-606. 1998.
Moreira, M. D.; Fernandes, F. L.; Picanço, M. C.; Fernandes, M. E. S.; Bacci, L.;
Martins, J. C.; Coutinho, D. C. Características rastreáveis do manejo
integrado das pragas do cafeeiro. In: Zambolim, L. (Ed.).
Rastreabilidade para a cadeia produtiva do café. Viçosa: UFV-DFT,
2007. p.450
Morris, R. F. Predictive population equations based on key factors. Memoirs of
the Entomological Society of Canada, v.32, n.1, p.16-21. 1963.
Murphy, S. T. Insect natural enemies of coffee green scales (Hemiptera,
Coccidae) in Kenya and their potential for biological control of Coccus
celatus and Coccus viridis in Papua New Guinea. Entomophaga, v.36,
n.4, p.519-529. 1991.
Naranjo, S. E. & Ellsworth, P. C. Mortality dynamics and population regulation in
Bemisia tabaci. Entomologia Experimentalis et Applicata, v.116, n.2,
p.93-108. 2005.
Ng, T. T.; Wilson, J. R.; Ludlow, M. M. Influence of water stress on water
relations and growth of a tropical (C4) grass, Panicum maximum var.
trichoglume. Australian Journal of Plant Physiology, v.2, n.4, p.581-
595. 1975.
Oztemiz, S.; Karacaoglu, M.; Yarpuzlu, F. Natural Enemies of Ceroplastes
species (Homoptera: Coccidae), Their efficiency and population
movement in citrus orchards in the Eastern Mediterranean region of
Turkey. Journal of the Entomological Research Society, v.10, n.3,
p.35-46. 2008.
30
Pluke, R. W. H.; Escribano, A.; Michaud, J. P.; Stansly, P. A. Potential Impact of
ladybeetles on Diaphorina citri (Homoptera: Psyllidae) in Puerto Rico.
Florida Entomologist, v.88, n.2. p.123-128, 2005.
Podoler, H. & Rogers, D. New method for identification of key factors from life-
table data. Journal of Animal Ecology, v.44, n.1, p.85-114. 1975.
Rabinovich, J. E. Ecologia de poblaciones animales. Washington: OEA.
1978. 144 p.
Reimer, N. J.; Cope, M. L.; Yasuda, G. Interference of Pheidole megacephala
(Hymenoptera, Formicidae) with biological control of Coccus viridis
(Homoptera, Coccidae) in coffee. Environmental Entomology, v.22,
n.2, p.483-488. 1993.
Silva, C. G. Biologia e danos de Coccus viridis (Green, 1889) (Homoptera-
Coccidae) em mudas de café (Coffea arabica ). Mestrado em
Entomologia, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba,
1977. 58 p.
Southwood, T. R. E. & Henderson, P. Ecological methods. London: Blackwell
Science. 2000. 576 p.
Steiman, S. Coffee as a crop with emphasis on Hawaii. 2008:
http://www.grayskies.net/honeybear/crop.html p. 2000.
Stratopoulou, E. T. & Kapatos, E. T. Key factors and regulation of population of
Saissetia oleae (Homoptera; Coccidae) on olive trees in the region of
Magnesia, Greece. Journal of Applied Entomology-Zeitschrift Fur
Angewandte Entomologie, v.122, n.9-10, p.501-507. 1998.
Tena, A.; Soto, A.; Garcia-Mari, F. Parasitoid complex of black scale Saissetia
oleae on citrus and olives: parasitoid species composition and seasonal
trend. Biocontrol, v.53, n.3, p.473-487. 2008.
31
Valente, C.; Manta, A.; Vaz, A. First record of the Australian psyllid Ctenarytaina
spatulata Taylor (Homoptera : Psyllidae) in Europe. Journal of Applied
Entomology, v.128, n.5, p.369-370. 2004.
Varley, G. C. & Gradwell, G. R. Key factors in population studies. Journal of
Animal Ecology, v.29, n.2, p.399-401. 1960.
Varley, G. C.; Gradwell, G. R.; Hassell, M. P. Insect population ecology: an
analytical approach. Berkeley: University of California. 1973. 212 p.
Waite, G. K. Pests and pollinators of mango. In: Peña, J. E.;Sharp, J. L.;Wysoki,
M. (Eds.). Tropical fruit pests and pollinators: biology, economic
importance, natural enemies and control. Wallingford, UK: CAB 2000.
p.103-131
Wakgari, W. M. & Giliomee, J. H. Population dynamics of the white wax scale,
Ceroplastes destructor (Hemiptera : Coccidae), on citrus in South Africa,
with implications for biological control. Bulletin of Entomological
Research, v.91, n.4, p.307-315. 2001.
Zambolim, L. Tecnologias de produção de café com qualidade. Viçosa:
UFV. 2001. 648 p.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo