Resumo
Atualmente, a Psicologia tem voltado seu olhar para o estudo das
potencialidades e habilidades dos indivíduos na superação de situações adversas.
Estes estudos possibilitaram a incorporação do termo Resiliência nas
investigações dos aspectos positivos, que levam o indivíduo suportar as situações
de tensão e superá-las de maneira adaptada.
Esta habilidade pode ser identificada através da verificação de alguns
fatores de proteção, que se mostram como significativos para obtenção de
comportamentos resilientes. A verificação de fatores de proteção pode favorecer o
desenvolvimento de estratégias interventivas que auxiliem na superação das
adversidades.
O adolescente em cumprimento de medida sócioeducativa está inserido em
um contexto adverso em termos sociais, que exige comportamentos adequados e
propõe meios de inserção adaptados. Os vários programas de assistência ao
adolescente infrator buscam, elaborar estratégias de intervenção, para que estes
jovens possam superar este momento, se beneficiarem e reconstruírem suas
vidas.
Neste sentido, este trabalho tem como objetivo verificar os fatores de
proteção de adolescentes em cumprimento de medida sócioeducativa de
Liberdade Assistida, para que através desta verificação se pudesse refletir sobre
estratégias de intervenção, o contexto da medida e os vários atores envolvidos
nesta temática.
Utilizou-se o método de Pesquisa-Ação, que favoreceu a participação de
todos os envolvidos na questão do adolescente infrator, promovendo reflexões,
questionamentos e elaboração de novas estratégias de superação. Os
atendimentos realizados com os adolescentes, na Fundação Criança de São
Bernardo e na comunidade do Jardim Esmeralda (periferia da cidade de São
Bernardo do Campo), viabilizaram a análise do conteúdo do discurso, o que
revelou qualitativamente a presença de alguns fatores de proteção e questões
referentes às suas necessidades, potencialidades e sobre o contexto da medida
sócioeducativa . Na aplicação da escala de Quociente de Resiliência de Reivich.
K. & Shatté, A. (2002) verificou-se quantitativamente os fatores Regulação de
Emoções, Controle dos Impulsos, Auto-Eficácia, Análise Causal, Empatia,
Otimismo e Exposição, que produziram resultados significativos, e analisou-se
qualitativamente seus resultados. Este procedimento também foi executado
espontaneamente pelos Educadores do projeto, que se mostraram interessados
em participar e responder a escala. Suas respostas e análises foram avaliadas
qualitativamente e qualitativamente e comparadas com as dos adolescentes.
De forma geral, os resultados demonstram que novas possibilidades
interventivas são possíveis, se existir a valorização desta população e promover
sua participação nas intervenções. A elaboração de novas estratégias de
intervenção pode ser possível através da apropriação de seu contexto histórico,
social e cultural. Esta apropriação favorece a transformação do sujeito e possibilita
a ele ser protagonista de sua própria história.