começou a viajar. No momento de minha visita, ele estava na Bahia. “Meu pai vive
mais no meio de mundo do que em casa” disse Gegê, um de seus filhos.
Segundo Gegê, lá ele vende principalmente para os donos de crediário e se
instala num ponto alugado. Gegê se apressou em dizer o problema desse
negócio: “os donos pagam as redes só com cheque. A tecelagem já ficou um ano
parada porque meu pai começou a ter cheque devolvido. Mas ele é teimoso,
continuou trabalhando”.
Gegê tem mais três irmãos e duas irmãs. O mais velho deles é dono uma
tecelagem própria, separada. “Ele é esperto” – disse Gegê num tom de crítica,
contando que antigamente todos trabalhavam juntos, mas que “não deu certo
porque ele é esperto”. Inicialmente, as viagens eram feitas somente pelo pai, que
passou a alugar uma casa na Bahia. Depois, um dos irmãos de Gegê começou a
viajar para São Paulo, onde mora um tio, irmão de Zé, que cede um espaço de
sua casa para servir de depósito. O tio é dono de um bar.
Segundo Gegê, o irmão que vai para São Paulo é sócio do pai, enquanto
ele mesmo apenas trabalha na tecelagem, o que significa que ele ganha um
salário como os outros funcionários. Atualmente, o terceiro irmão, que até então
ficava responsável pela tecelagem, também viaja para São Paulo, mas não é
sócio. A partir daí, Gegê ficou responsável por esta tarefa de administrar a
pequena fábrica. “Mas não sei fazer isso não, não sei se vai dar certo. Porque
quando atrasa o dinheiro e eu não tenho como pagar o trabalhador, tem que ouvir
muita reclamação... Eu prefiro ficar trabalhando só de tecer mesmo, é difícil lidar
com as pessoas, cada um pensa de um jeito...”.
Perguntei, então, por que os outros irmãos viajam, se ele, Gegê, não gosta
de ficar tomando conta da tecelagem. “Quando não dá certo num lugar, tem o
outro pra compensar. O negócio dá mais dinheiro no crediário. Uma rede que
custa R$8,00, aqui se vende no máximo por R$9,00, mas lá, à vista é R$15,00 e
no crediário pode ganhar até R$40,00. Só que a venda no crediário dá muito
cheque devolvido”.
Quanto às mulheres da família, D. Francisca é dona de casa e,
antigamente, fazia bordados “pra mim mesma, pra comprar minhas coisas, ou