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acompanhou ao longo de 20 anos a evolução de todas as crianças de um
bairro extremamente pobre, constata-se que apenas 25% delas não
repetiram o ciclo tradicional da pobreza caracterizado pela delinqüência,
marginalidade, gravidez precoce, alcoolismo e doença mental. Para
entender isso, tem-se utilizado o conceito de resilência familiar, que é um
termo emprestado da Física e que significa a capacidade de um material
voltar ao estado inicial depois de sofrer pressões ou deformações (por
exemplo, uma mola tem alta resilência; a argila, pouca). Parece que as
famílias com mais resilência, que enfrentam melhor as dificuldades da vida,
conseguem manter um equilíbrio dinâmico entre dois grupos de
características psicológicas complementares. O primeiro é formado por
valores auto-afirmativos que incluem iniciativa, independência, criatividade,
humor e flexibilidade. O segundo engloba as necessidades integradoras tais
como visão de mundo compartilhada, cooperação, altruísmo, e
espiritualidade. Além disso, os indivíduos que escaparam do ciclo da
pobreza atribuíam sempre seu destino a uma mão amiga estendida por
alguém.
O contexto sócio-cultural é um parâmetro indispensável para a compreensão
do que se passa com a família de hoje. Fatores sociais como o desemprego, a
corrupção e a violência atingem todos os setores da sociedade, principalmente a
família, que desprotegida pelas Entidades Governamentais, encontra-se só para
enfrentar essas
desordens, em muitos casos, não está preparada para enfrentar
todos esses agravantes.
Considerando o contexto que vivemos, deparamo-nos com a questão da
origem de tantos divórcios. Problemas conjugais sempre existiram e vão continuar a
existir, para que se resolvam essas situações, precisa-se trabalhar com o casal. O
que percebe-se, são pessoas mais independentes, e também menos tolerantes.
Segundo Tiba (2002), a sociedade moderna educa as pessoas para exigir o
“máximo” da vida, não aceitando os limites de uma relação com o outro. No entanto,
em uma separação, os sentimentos de perda são muito grandes, principalmente
quando há filhos. Os sentimentos fortes de fracasso, frustração, raiva e desejos de
vingança são comuns quando um casamento é desfeito, na maioria dos casos isso é
transmitido aos filhos, mesmo que esse não seja o desejo nessa fase de ruptura.
Existem casos, ainda que em números menores, nos quais os filhos são
preservados. Deve-se destacar que isso só ocorre se houver maturidade suficiente
entre os cônjuges e o divórcio se der de forma amigável.
De acordo com Gardner (1980), as separações mais difíceis, principalmente
nos casamentos de pessoas muito dependentes, com história de perda familiar,
despertam grandes temores na criança e sensações de insegurança e desamparo. É
comum que nesse período o(a) filho(a) precise mostrar seu desagrado, mesmo que