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GUSTAVO PINA GODOY
EXPRESSÃO IMUNO-HISTOQUÍMICA DAS INTEGRINAS α
αα
α2β
ββ
β1,
α
αα
α3β
ββ
β1 E α
αα
α5β
ββ
β1 EM FOLÍCULOS PERICORONÁRIOS ESPESSADOS
E CISTOS DENTÍGEROS INCIPIENTES
Natal/RN
2005
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2
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PATOLOGIA ORAL
CURSO DE DOUTORADO EM PATOLOGIA ORAL
EXPRESSÃO IMUNO-HISTOQUÍMICA DAS INTEGRINAS α
αα
α2β
ββ
β1,
α
αα
α3β
ββ
β1 E α
αα
α5β
ββ
β1 EM FOLÍCULOS PERICORONÁRIOS ESPESSADOS E
CISTOS DENTÍGEROS INCIPIENTES
Doutorando: Gustavo Pina Godoy
Orientadora: Profa. Dra. Lélia Maria Guedes Queiroz
Natal / RN
2005
Tese apresentada ao Colegiado do Programa de
Pós-
Graduação em Patologia Oral da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
como parte dos requisitos
para obtenção do
grau de doutor em Patologia Oral.
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3
Catalogação da publicação. UFRN/Biblioteca Setorial de Odontologia
Godoy, Gustavo Pina.
Expressão das integrinas α2β1, α3β1 e α5β1 em folículos pericoronários
espessados e cistos dentígeros incipientes/Gustavo Pina Godoy.__Natal,[RN],
2005.
120f. : il.
Orientadora: Lélia Maria Guedes Queiroz.
Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de
Ciências da Saúde. Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral.
1. Cistos odontogênicos – Tese. 2. Folículo pericoronário – Tese. 3. Cisto
dentígero – Tese. 4. Integrinas –Tese. 5. Imuno-histoquímica-Tese. I Queiroz, Lélia
Maria Guedes. II. Título.
RN/UF/BSO/2005 BLACK D793
4
A Deus
DeusDeus
Deus, presença constante em minha vida, por me fazer forte e digno de merecer alcançar os
meus objetivos, por me dar serenidade e discernimento de que este é apenas o início de uma luta diária
pela qual sempre aspirei: a vida acadêmica.
Aos meus pais, Marcos
MarcosMarcos
Marcos e Eneide
EneideEneide
Eneide, responsáveis pela formação do ser humano em que me
tornei., agradeço pela dedicação, apoio, carinho e por sempre me incentivarem a buscar algo maior.
Através desta referência de amor incontestável, me mantive norteado sob todos os aspectos de minha
construção pessoal. A vocês dedico não só esta tese, mas também a minha vida. Amo vocês!
Para ser grande, sê inteiro
Nada teu exagera ou exclui
Sê todo em cada coisa.
Põe quanto és no mínimo que fazes.
Assim em cada lago
A lua toda brilha
Porque alta vive.”
(Ricardo Reis)
5
À minha irmã e grande amiga Juliana
JulianaJuliana
Juliana, agradeço cada instante de sua presença em minha vida. Seu
cuidado e amor incondicional me servem como referência e alento.Desde os primeiros passos dividimos
tudo juntos, e por isso comemoro mais esta vitória ao seu lado, como haverá de ser sempre assim!
Obrigado por tudo e meu amor eterno!
Aos meus familiares, em especial ao meu irmão Marc
MarcMarc
Marcos
osos
os, minha sobrinha Gabriella
GabriellaGabriella
Gabriella, meus
cunhados Alexandre
AlexandreAlexandre
Alexandre e Izabella
IzabellaIzabella
Izabella e minha madrinha e segunda mãe Marly
MarlyMarly
Marly. Agradeço a torcida, o apoio
e por se tornarem co-partícipes na sensação plena de família que tenho.
À minha orientadora Dra. Lélia Maria Guedes Queiro
Lélia Maria Guedes QueiroLélia Maria Guedes Queiro
Lélia Maria Guedes Queiroz
zz
z, agradeço pelos ensinamentos, pela
atenção especial com que sempre fui tratado, pela confiança irrestrita em mim depositada na
realização das atividades acadêmicas e pelos laços de amizade que foram solidificados durante o
Mestrado e o Doutorado. Serei sempre grato por sua boa vontade e disponibilidade constantes.
Aos professores deste Programa de Pós-graduação, em especial à Dra. Lélia Batista de
Lélia Batista de Lélia Batista de
Lélia Batista de
Souza
SouzaSouza
Souza, minha madrinha na profissão, agradeço pelo carinho, incentivo e por sempre me auxiliar em
todas as instâncias; à Dra. Roseana de Almeida Freitas
Roseana de Almeida FreitasRoseana de Almeida Freitas
Roseana de Almeida Freitas, pela convivência salutar, respeitosa e
descontraída e por seus valiosos ensinamentos; ao Dr. Leão Pereira Pinto
Leão Pereira PintoLeão Pereira Pinto
Leão Pereira Pinto, pela confiança em mim
depositada, pelo estímulo e pela grande disponibilidade em oferecer seus préstimos; ao Dr. Antonio de
Antonio de Antonio de
Antonio de
Lisboa Lopes Costa
Lisboa Lopes CostaLisboa Lopes Costa
Lisboa Lopes Costa, pelo exemplo de dignidade e idealismo; e à Dra. Hébel Cavalcanti Galvão
Hébel Cavalcanti GalvãoHébel Cavalcanti Galvão
Hébel Cavalcanti Galvão, por
sua doçura, respeito e atenção dispensadas. Não posso deixar de ressaltar a inesquecível Dra. Claudia
Claudia Claudia
Claudia
Roberta L.V. Figueiredo
Roberta L.V. FigueiredoRoberta L.V. Figueiredo
Roberta L.V. Figueiredo, minha orientadora do Mestrado, que certamente me serve como referência
profissional e contribuiu enormemente para minha evolução como patologista. Saudades de todos
desde já!
À professora e amiga Jurema Freire Lisboa de Castro
Jurema Freire Lisboa de CastroJurema Freire Lisboa de Castro
Jurema Freire Lisboa de Castro, a quem atribuo todo o direcionamento
da minha vida profissional. A você agradeço por despertar em mim o interesse pela Patologia Oral,
por me orientar na opção por Programa para realização da minha Pós-graduação, por sua amizade,
confiança e estímulo sempre constantes.
Ao professor e amigo Kenio Costa Lima
Kenio Costa LimaKenio Costa Lima
Kenio Costa Lima, pela dedicação sem medidas na análise estatística
deste estudo, pelos exemplos de dignidade e caráter, e por ter se tornado um amigo tão caro e sincero.
Aos meus grandes amigos Márcia
Márcia Márcia
Márcia e Manuel
ManuelManuel
Manuel. Estar ao lado de vocês dividindo os momentos
alegres, os sonhos, as angústias e as expectativas do dia-a-dia fez com que se solidificasse um
6
sentimento puro e intenso de amizade verdadeira. Fica a certeza de que se fosse por isso, minha
vinda a Natal já teria valido a pena.Difícil e inevitável é dizer adeus, assim como impossível será não
levá-los comigo nos meus melhores pensamentos.
Aos amigos de uma turma de Doutorado tão especial: Marcio
MarcioMarcio
Marcio, amigo fiel, honesto, sincero e
grande caráter, Rivadávio
RivadávioRivadávio
Rivadávio, amigo sempre disponível, irreverente e idealista, Rosilene
RosileneRosilene
Rosilene, amiga solícita,
sempre bem humorada e altruísta. O que fizemos por nós e pela Pós-graduação resta ser lembrado
com bastante orgulho e uma saudade sem fim!
Aos demais colegas da Pós-graduação, Tarsila
TarsilaTarsila
Tarsila, Leonardo
LeonardoLeonardo
Leonardo, Jamille
JamilleJamille
Jamille, Franciel
FrancielFranciel
Francielli
lili
li, Andréa, João,
Andréa, João, Andréa, João,
Andréa, João,
Karuza, Cassiano, Danielle, George, Igor, Simone, Flavio, Sormani, Fernanda, Carmem, Antonio
Karuza, Cassiano, Danielle, George, Igor, Simone, Flavio, Sormani, Fernanda, Carmem, Antonio Karuza, Cassiano, Danielle, George, Igor, Simone, Flavio, Sormani, Fernanda, Carmem, Antonio
Karuza, Cassiano, Danielle, George, Igor, Simone, Flavio, Sormani, Fernanda, Carmem, Antonio
Luiz, Emanuel, João Luiz, Roberta, Janaina, Marta
Luiz, Emanuel, João Luiz, Roberta, Janaina, Marta Luiz, Emanuel, João Luiz, Roberta, Janaina, Marta
Luiz, Emanuel, João Luiz, Roberta, Janaina, Marta e Claudine
Claudine Claudine
Claudine agradeço pelos incontáveis
momentos de descontração e pelas oportunidades de crescimento pessoal e profissional. Agradeço
especialmente às amigas e “irmãs” Ericka
ErickaEricka
Ericka e Ruthinéia
RuthinéiaRuthinéia
Ruthinéia, pela disponibilidade, companheirismo e
ternura. Sem vocês tudo poderia ter sido mais difícil.
Aos amigos que fiz em Natal e que estiveram sempre presentes, especialmente a Serginho
SerginhoSerginho
Serginho,
Karina
KarinaKarina
Karina, Ângela
ÂngelaÂngela
Ângela e Demerson
DemersonDemerson
Demerson, com os quais vivi momentos inesquecíveis. Agradeço sobremaneira a
Ketsia
KetsiaKetsia
Ketsia, minha grande referência, a quem atribuo minha lucidez e determinação perante as tribulações
e por me fazer sempre uma pessoa melhor no seu sentido mais pleno.
Pelo auxílio que tive de diversas pessoas e instituições para obtenção da amostra utilizada
nesta tese, agradeço aos Serviços de Patologia Oral da UFPE
UFPEUFPE
UFPE, USP
USPUSP
USP-
--
-São Paulo
São PauloSão Paulo
São Paulo, UNIFOR
UNIFORUNIFOR
UNIFOR, UFS
UFSUFS
UFS e
UFMA
UFMAUFMA
UFMA, como também aos cirurgiões dentistas Daniel
DanielDaniel
Daniella Medeiros Gomes, Jimmy Charles
la Medeiros Gomes, Jimmy Charles la Medeiros Gomes, Jimmy Charles
la Medeiros Gomes, Jimmy Charles e Sergio
Sergio Sergio
Sergio
Martorelli
Martorelli Martorelli
Martorelli que não mediram esforços em oferecer os seus préstimos.
Aos funcionários da Disciplina de Patologia Oral, Gracinha, Canindé, Sandrinha, Hévio
Gracinha, Canindé, Sandrinha, HévioGracinha, Canindé, Sandrinha, Hévio
Gracinha, Canindé, Sandrinha, Hévio e
Idelzuite,
Idelzuite,Idelzuite,
Idelzuite, pela disponibilidade, bom humor e convivência tão salutar. Sentirei muita falta do nosso
convívio.
Aos professores e funcionários da UEPB,
UEPB, UEPB,
UEPB, pela acolhida calorosa, pelo estímulo e pela
paciência nos momentos em que minha ausência foi inevitável.
À CAPES
CAPESCAPES
CAPES, pelo auxílio financeiro, permitindo desta forma a realização não desta tese,
mas também das pesquisas por mim realizadas durante o Mestrado e o Doutorado.
7
“Segue o teu destino
Rega as tuas plantas
Ama as tuas rosas
O resto é sombra
De árvores alheias.”
(Ricardo Reis)
8
SUMÁRIO
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
RESUMO
1 - INTRODUÇÃO............................................................................................. 17
2 - REVISÃO DA LITERATURA.................................................................... 21
2.1- CISTO DENTÍGERO............................................................................. 21
2.1.1- CONSIDERAÇÕES GERAIS........................................................... 21
2.1.2- HISTOGÊNESE DO CISTO DENTÍGERO.................................. 22
2.1.3- ASPECTOS CLÍNICOS E RADIOGRÁFICOS DO CISTO
DENTÍGERO............................................................................... 23
2.1.4- CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS DO CISTO
DENTÍGERO......... ................................................................... 25
2.2- FOLÍCULO PERICORONÁRIO........................................................... 26
2.2.1- DIFERENCIAÇÃO ENTRE O CISTO DENTÍGERO
INCIPIENTE E O FOLÍCULO PERICORONÁRIO
ESPESSADO............................................................................................. 26
2.3- PROTEÍNAS DA MATRIZ EXTRACELULAR................................... 35
2.4- INTEGRINAS......................................................................................... 41
2.4.1- CONSIDERAÇÕES GERAIS........................................................ 41
2.4.2- INTERAÇÕES ENTRE AS INTEGRINAS E OS
COMPONENTES DA MATRIZ
EXTRACELULAR.................................................................................. 43
2.4.3- ESTUDOS AVANÇADOS COM AS INTEGRINAS α
2
β
1,
α
3
β
1
E
α
5
β
1
............................................................................................... 44
2.4.4- ESTUDOS COM AS INTEGRINAS α
2
β
1,
α
3
β
1
E α
5
β
1
EM
NEOPLASIAS MALIGNAS.................................................................. 50
3 – PROPOSIÇÃO............................................................................................. 61
4 - MATERIAL E MÉTODOS......................................................................... 63
4.1- CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO.................................................... 64
4.2- POPULAÇÃO........................................................................................ 64
4.3- AMOSTRA............................................................................................. 64
4.4- ESTUDO MORFOLÓGICO.................................................................. 65
9
4.5- ESTUDO IMUNO-HISTOQUÍMICO................................................... 65
4.6- ANÁLISE DO PERFIL IMUNO-HISTOQUÍMICO............................. 67
4.7- ANÁLISE ESTATÍSTICA..................................................................... 68
4.8- IMPLICAÇÕES ÉTICAS....................................................................... 69
5 - RESULTADOS............................................................................................. 70
6 - DISCUSSÃO................................................................................................. 83
7 - CONCLUSÕES............................................................................................ 99
SUMMARY
REFERÊNCIAS
ANEXOS
10
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Página
QUADROS
Quadro 1- Especificidade, clone, recuperação antigênica, diluição e tempo de
incubação dos anticorpos utilizados
65
6565
65
TABELAS
Tabela 1- Número de espécimes, média dos postos, intervalos de confiança (95%) e
significância estatística para intensidade geral de expressão das integrinas α
2
β
1
, α
3
β
1
e
α
5
β
1
em folículos pericoronários e cistos dentígeros incipientes. Natal / RN, 2005.
73
7373
73
Tabela 2- Número de espécimes, média dos postos, intervalos de confiança (95%) e significância
estatística para intensidade geral de expressão das integrinas α
2
β
1
, α
3
β
1
e α
5
β
1
em relação aos folículos
pericoronários e aos cistos dentígeros incipientes. Natal / RN, 2005.
74
7474
74
Tabela 3- Número de espécimes, média dos postos, intervalos de confiança (95%) e significância
estatística para intensidade de expressão das integrinas α
2
β
1
, α
3
β
1
e α
5
β
1
na interface epitélio/tecido
conjuntivo em folículos pericoronários e cistos dentígeros incipientes. Natal / RN, 2005.
75
7575
75
Tabela 4- Número de espécimes, média dos postos, intervalos de confiança (95%) e significância
estatística para intensidade de expressão das integrinas α
2
β
1
, α
3
β
1
e α
5
β
1
na interface epitélio/tecido
conjuntivo em relação aos folículos pericoronários e aos cistos dentígeros incipientes. Natal / RN, 2005.
76
7676
76
Tabela 5- Número de espécimes, média dos postos, intervalos de confiança (95%) e significância
estatística para intensidade de expressão das integrinas α
2
β
1
, α
3
β
1
e α
5
β
1
nas ilhotas de epitélio
odontogênico em folículos pericoronários e cistos dentígeros incipientes. Natal / RN, 2005.
76
7676
76
Tabela 6- Número de espécimes, média dos postos, intervalos de confiança (95%) e significância
estatística para intensidade de expressão das integrinas α
2
β
1
, α
3
β
1
e α
5
β
1
nas ilhotas de epitélio
odontogênico em relação aos folículos pericoronários e aos cistos dentígeros incipientes. Natal / RN,
2005.
77
7777
77
Tabela 7. Número de espécimes, média dos postos, intervalos de confiança (95%) e significância
estatística para expressão das integrinas α
2
β
1
, α
3
β
1
e α
5
β
1
nos contatos intercelulares em folículos
pericoronários. Natal / RN, 2005
78
7878
78
Tabela 8. Número de espécimes, média dos postos, intervalos de confiança (95%) e
significância estatística para expressão das integrinas α
2
β
1
, α
3
β
1
e α
5
β
1
nos contatos
intercelulares em cistos dentígeros incipientes. Natal / RN, 2005.
78
7878
78
Tabela 9. Padrão de distribuição da integrina α
3
β
1
nos espécimes de folículos
pericoronários e cistos dentígeros incipientes.
Natal / RN, 2005.
FIGURAS
79
7979
79
Figura 1- Fraca imunorreatividade para a integrina α
αα
α
2
β
ββ
β
1
no epitélio
reduzido do órgão do esmalte no folículo pericoronário espessado
80
8080
80
11
(Estreptoavidina- Biotina- 400x).
Figura 2- Expressão imuno-histoquímica discreta da integrina α
2
β
1
nas ilhotas de
epitélio odontogênico no folículo pericoronário espessado (Estreptoavidina- Biotina-
400x).
80
8080
80
Figura 3- Forte marcação imuno-histoquímica da integrina α
2
β
1
no limitante epitelial
do cisto dentígero incipiente (Estreptoavidina- Biotina- 400x).
80
8080
80
Figura 4- Expressão imuno-histoquímica intensa da integrina α
2
β
1
nas ilhotas de
epitélio odontogênico no folículo pericoronário espessado (Estreptoavidina- Biotina-
400x).
80
8080
80
Figura 5- Discreta marcação imuno-histoquímica da integrina α
3
β
1
no epitélio
reduzido do órgão do esmalte no folículo pericoronário espessado (Estreptoavidina-
Biotina- 400x).
81
8181
81
Figura 6- Fraca imunorreatividade para a integrina α
3
β
1
nas ilhotas de epitélio
odontogênico no folículo pericoronário espessado (Estreptoavidina- Biotina- 400x).
81
8181
81
Figura 7- Expressão imuno-histoquímica discreta da integrina α
3
β
1
no limitante
epitelial do cisto dentígero incipiente (Estreptoavidina- Biotina- 400x).
81
8181
81
Figura 8- Discreta marcação imuno-histoquímica da integrina α
3
β
1
nas ilhotas de
epitélio odontogênico no cisto dentígero incipiente (Estreptoavidina- Biotina- 400x).
81
8181
81
Figura 9- Intensa marcação imuno-histoquímica da integrina α
5
β
1
no epitélio reduzido
do órgão do esmalte no folículo pericoronário espessado (Estreptoavidina- Biotina-
400x).
82
8282
82
Figura 10- Forte imunorreatividade para a integrina α
5
β
1
nas ilhotas de epitélio
odontogênico no folículo pericoronário espessado (Estreptoavidina- Biotina- 400x).
82
8282
82
Figura 11- Expressão imuno-histoquímica intensa da integrina α
5
β
1
no limitante
epitelial do cisto dentígero incipiente (Estreptoavidina- Biotina- 400x).
82
8282
82
Figura 12- Intensa marcação imuno-histoquímica da integrina α
5
β
1
nas ilhotas de
epitélio odontogênico no cisto dentígero incipiente (Estreptoavidina- Biotina- 400x).
82
8282
82
12
RESUMO
Uma das grandes controvérsias encontradas na literatura científica consiste no
estabelecimento de critérios para distinção entre um folículo pericoronário espessado e
um cisto dentígero incipiente. O objetivo do presente estudo consistiu em avaliar a
expressão imuno-histoquímica das integrinas α
2
β
1,
α
3
β
1
e
α
5
β
1
nas referidas entidades,
onde foram selecionados 23 casos de folículos pericoronários espessados e 21casos de
cistos dentígeros incipientes. Analisou-se a presença ou ausência de expressão destas
integrinas nas ilhotas de epitélio odontogênico e nos epitélios constituintes de cada
entidade, enfatizando a localização, intensidade e padrão de distribuição para
comparação entre as mesmas. Todas as integrinas apresentaram marcação nos casos
analisados. Foi observada uma diferença estatisticamente significativa (p<0,0001) para
a integrina α
2
β
1
entre as duas entidades, apresentando os cistos dentígeros incipientes
uma marcação mais intensa. Também se verificou diferença entre a camada basal e a
suprabasal no epitélio cístico (p<0,0034). A integrina α
3
β
1
apresentou uma diferença
estatisticamente significativa (p<0,013) entre as duas entidades, com os cistos
dentígeros incipientes apresentando uma tendência de marcação intensa. Em relação a
integrina α
5
β
1,
não se observou diferença de expressão entre os dois grupos, ressaltando-
se entretanto a intensa marcação desta integrina na maioria dos casos aqui avaliados,
reforçando o entendimento da participação da mesma na diferenciação celular.
Concluiu-se portanto que a maior expressão da integrina α
2
β
1
em cistos dentígeros
incipientes, bem como nas células da camada basal do epitélio deste cisto, pode estar
relacionada com a maior atividade proliferativa das referidas células, enquanto que a
tendência de expressão mais intensa da integrina α
3
β
1
nos cistos dentígeros incipientes
se deva à participação desta integrina na organização da estratificação epitelial bem
como na expansão cística por possível ativação de metaloproteinases. Adicionalmente,
verificou-se que estes achados corroboram a possibilidade de distinção histopatológica
entre um folículo pericoronário espessado e um cisto dentígero incipiente, onde a
metaplasia escamosa do epitélio reduzido do órgão do esmalte para um epitélio
pavimentoso estratificado seria o primeiro sinal visível de transformação cística.
Palavras-chave: Cistos odontogênicos, folículo pericoronário, cisto dentígero,
integrinas, imuno-histoquímica.
13
1. INTRODUÇÃO
O folículo pericoronário ou saco dentário corresponde a uma
condensação ectomesenquimal que envolve a coroa de um dente não-
erupcionado, sendo responsável pela orientação da erupção dentária.
O limitante epitelial constitui-se em epitélio reduzido do órgão do
esmalte, o qual é composto por camada única de células cúbicas.
O limitante epitelial deste tecido pode originar algumas patologias, dentre elas
os cistos e tumores de origem odontogênica, destacando-se especialmente o cisto
dentígero, o qual é conceituado, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS),
como um cisto folicular de desenvolvimento que envolve a coroa de um dente não-
erupcionado e a ele está aderido na altura da junção amelocementária (KRAMER,
PINDBORG, SHEAR, 1992).
Um dos pontos de grande discordância na literatura atual consiste no
estabelecimento de critérios que ofereçam subsídios para o diagnóstico conclusivo de
um cisto dentígero incipiente ou de um folículo pericoronário espessado.
Alguns estudos indicaram que o diagnóstico conclusivo de um cisto dentígero
pode ser emitido através da informação cirúrgica de presença de cavidade patológica
entre a coroa dentária e a porção ectomesenquimal, ressaltando destarte que não é
possível a distinção entre o cisto dentígero incipiente e o folículo pericoronário
espessado através do exame histopatológico (DAMANTE, 1987; DALEY, WISOCKI,
1995).
Outras pesquisas têm enfatizado que a distinção entre eles pode ser feita através
de critérios identificados pelo patologista, baseando-se principalmente no tipo de
epitélio presente no espécime. Esses estudos ressaltaram que o epitélio do tipo reduzido
do órgão do esmalte, o qual caracteriza-se por ser cúbico simples e com áreas de
descontinuidade, seria indicativo de epitélio de um folículo pericoronário. para o
cisto dentígero, a metaplasia escamosa do epitélio anteriormente referido seria sua
14
característica preponderante, onde se verificaria que o mesmo se dispõe pelo espécime
de maneira contínua e delgada em sua maior extensão (EISENBERG, 1995; GLOSSER,
CAMPBELL, 1999; ADELSPERGER et al 2000).
Diante da grande controvérsia existente em torno deste assunto, estudos mais
aprofundados são necessários para nortear os profissionais das áreas envolvidas,
direcionando-os para um diagnóstico conclusivo. As integrinas representam uma família
de heterodímeros com importante função em diversas atividades biológicas, em virtude
de sua participação efetiva nos eventos que medeiam as interações célula-célula e
célula-matriz extracelular, estando envolvidas na diferenciação das células através das
camadas epiteliais de acordo com Decline e Rousselle (2001) e Hart, Healy e Jones
(2003), o que justificaria desta forma sua utilização como um diferencial a mais para
distinção entre o cisto dentígero incipiente e o folículo pericoronário espessado.
Portanto, o objetivo desta pesquisa foi realizar um estudo imuno-histoquímico,
utilizando anticorpos específicos para as integrinas α
2
β
1
, α
3
β
1
e α
5
β
1
, as quais
correspondem, respectivamente, aos ligantes de maior afinidade para o colágeno IV,
laminina e fibronectina, visando comparar a expressão das mesmas entre o cisto
dentígero incipiente e o folículo pericoronário espessado, com o intuito de fornecer
subsídios adicionais que contribuam para a diferenciação histopatológica entre estas
duas entidades.
15
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. CISTO DENTÍGERO
2.1.1.CONSIDERAÇÕES GERAIS
O cisto dentígero é definido como um cisto que se origina pela separação do
folículo que envolve a coroa de um dente incluso, apresentando o termo “dentígero” o
significado de contendo um dente” (MABRIE et al., 2000). É o cisto odontogênico de
desenvolvimento mais comum, sendo o segundo mais freqüente dentre todos os cistos
odontogênicos, perfazendo aproximadamente 24% do total de cistos verdadeiros dos
maxilares (KRAMER, PINDBORG, SHEAR, 1992; NEVILLE et al., 2004). Sua
freqüência na população em geral tem sido estimada em 1,44 casos para cada 100
dentes não-erupcionados (KO, DOVER, JORDAN, 1999).
O cisto dentígero envolve a coroa de um dente incluso e a ele está unido no
limite da junção esmalte-cemento. Ocorre com maior freqüência em terceiros molares
inferiores, seguido dos caninos superiores e terceiros molares superiores. Raramente
envolvem dentes decíduos sendo verificados principalmente em pacientes jovens, com a
idade entre 10 e 30 anos, do gênero masculino e da raça branca. Ocasionalmente podem
associar-se a dentes supranumerários, odontomas e tumores odontogênicos
adenomatóides. Alguns casos de cistos dentígeros bilaterais ou múltiplos podem fazer
parte do quadro de síndromes como a displasia cleidocraniana, a síndrome de Gorlin-
Goltz e a síndrome de Maroteaux-Lamy ou mucopolissacaridose tipo VI. Na ausência
destas síndromes, os cistos dentígeros bilaterais são raros (SOUSA, SOUZA, PINTO,
1994; BOYCZUK, BERGER, 1995; VALLEJO et al., 1998; SANDS, TOCCHIO,
1998; KO, DOVER, JORDAN, 1999; MABRIE et al., 2000).
Sousa, Souza, Pereira Pinto (1994) estudaram 102 casos de cistos dentígeros,
observando que a lesão ocorreu com uma freqüência maior nas três primeiras décadas
de vida, principalmente na segunda década. Houve ligeira predileção pelo gênero
masculino, sendo a raça branca a mais afetada. A localização anatômica mais comum
foi a região de terceiros molares inferiores e caninos superiores. Na maioria dos casos
não houve associação com outras lesões.
16
Bento, Souza e Pereira Pinto (1996), em um estudo de 446 cistos odontogênicos,
verificaram que o cisto dentígero foi a segunda lesão mais prevalente, correspondendo a
21,5% dos casos observados. Houve uma maior predominância de lesões no gênero
masculino (60,4%) e nas três primeiras décadas de vida. As localizações mais
freqüentes foram a região anterior da maxila e a posterior da mandíbula.
Os cistos dentígeros são raros na primeira década de vida (DALEY, WISOCKI,
1997; MABRIE et al., 2000; NEVILLE et al., 2004) O’Neil, Mosby e Lowe (1989)
descreveram um caso de um paciente de 5 anos de idade, raça negra, com um cisto
dentígero bilateral nos primeiros molares inferiores permanentes sem associação com
síndrome alguma. Kusukawa et al. (1992) apresentaram um caso de um cisto dentígero
em um paciente do gênero masculino com 2 anos de idade. Takagi e Koyama (1998)
relataram a presença de um cisto dentígero associado a um segundo pré-molar superior
no seio maxilar em uma paciente de 6 anos de idade. Sands e Tocchio (1998)
descreveram um caso de uma paciente do gênero feminino com 3 anos de idade, que
apresentava múltiplos cistos dentígeros situados nos dentes 31, 41, 36 e 46 e não era
portadora de qualquer síndrome.
2.1.2. HISTOGÊNESE DO CISTO DENTÍGERO
A origem do cisto dentígero tem sido bastante discutida na literatura. Algumas
destas lesões se desenvolvem precocemente na odontogênese, pela degeneração do
retículo estrelado do órgão do esmalte, apresentando o dente envolvido, neste caso,
hipoplasia do esmalte. Porém, em muitas outras situações, as coroas dos dentes
envolvidos estão completamente formadas, sugerindo que o cisto origine-se pelo
acúmulo de líquido entre a coroa do elemento dentário e o epitélio reduzido do órgão do
esmalte, ou entre as camadas deste epitélio (BROWNE, 1991; KAYA, BOCUTOGLU,
1994; BENN, ALTINI, 1996; GALVÃO, SOUZA, 1999; MARTÍNEZ-PEREZ,
VARELA-MORALES, 2001; NEVILLE et al., 2004).
Main apud Benn e Altini (1996) sugere que tal acúmulo de líquido ocorre como
resultado da pressão exercida por um dente com potencial eruptivo em seu folículo
impactado provocando a obstrução do fluxo venoso, o que acarretaria na rápida
transudação de plasma através das paredes dos capilares.
17
2.1.3. ASPECTOS CLÍNICOS E RADIOGRÁFICOS DO CISTO DENTÍGERO
Clinicamente os cistos dentígeros pequenos são assintomáticos, sendo
descobertos em radiografias de rotina. Alguns podem aumentar consideravelmente de
tamanho chegando a causar assimetria facial, fato este que é bastante incomum. A
tumefação e a dor estão associadas a infecções secundárias (KAYA, BOCUTOGLU,
1994; NEVILLE et al., 2004). Algumas lesões apresentam uma considerável expansão
podendo ser confundidas com outras entidades quanto ao aspecto clínico. Quando se
expande para o seio maxilar, esta lesão pode fazer diagnóstico diferencial com a
mucocele, bem como a displasia fibrosa e alguns tumores odontogênicos, incluindo o
ameloblastoma e o tumor de Pindborg ou tumor odontogênico epitelial calcificante
(MABRIE et al., 2000).
Kaya e Bocutoglu (1994) relataram um caso de um cisto dentígero envolvendo a
coroa de um canino superior que se estendia até o seio maxilar e o assoalho da órbita. O
diagnóstico e tratamento inicial foram de um abscesso. Shapira, Smidt e Casap (1996)
relataram um caso de cisto dentígero que envolvia o terceiro molar superior esquerdo,
em um paciente do gênero feminino e de 32 anos de idade. Foi observada, clinicamente,
uma área de drenagem na distal do segundo molar superior esquerdo e que apresentava
uma bolsa periodontal de 10 mm, tendo o diagnóstico clínico inicial de uma lesão
periodontal.
A punção biópsia do cisto dentígero revela a presença de um quido cístico de
cor que varia do amarelo claro ao marrom escuro, sendo, por vezes, sanguinolento. Sua
composição bioquímica mostra níveis de imunoglobulinas semelhantes às do soro,
sendo que apenas o nível de IgA está ligeiramente elevado. O vel de proteínas
solúveis (acima de 5g/100ml) é semelhante ao dos demais cistos odontogênicos, apesar
de discretamente menor, sendo, portanto, mais próximo dos valores do soro
(DAMANTE, 1987).
Radiograficamente, o cisto dentígero apresenta-se como uma lesão
radiotransparente unilocular, circundando simetricamente a coroa de um dente incluso,
ligando-se a ela lateralmente ou envolvendo o dente através da junção amelocementária,
como se o mesmo estivesse irrompido para o seu interior. A área radiotransparente
18
geralmente é bem definida, com margens escleróticas, exceto quando o cisto está
infectado. Em algumas situações, o deslocamento do dente envolvido para distâncias
consideráveis é observado (BENTO, SOUZA, PEREIRA PINTO, 1996; KO, DOVER,
JORDAN, 1999; MARNEZ-PÉREZ, VARELA-MORALES, 2001; NEVILLE et al.,
2004).
Yoshiura et al. (1997) realizaram uma investigação das características
apresentadas por ceratocistos odontogênicos, cistos dentígeros e cistos radiculares na
tomografia computadorizada. Estes definiram o padrão dos cistos dentígeros como
predominantemente unilocular, com algumas lesões podendo exibir lobulações ou
aspecto multilocular.
Shibata et al. (2004) realizaram uma avaliação radiográfica no intuito de
verificar a relação entre os dentes decíduos e cistos dentígeros envolvendo os dentes
sucessores permanentes durante a dentição mista. Para isto, foi desenvolvido estudo
retrospectivo no qual foram selecionados 70 pacientes abaixo dos 16 anos de idade que
tiveram o diagnóstico histopatológico de cisto dentígero, sendo utilizadas radiografias
periapicais e panorâmicas para verificação de suas características radiográficas. A
maioria dos casos de cisto dentígero (54 casos, 77%) acometeram a região de pré-
molares, com 7 destes não apresentando o dente antecessor decíduo. Dos 47 casos
restantes, 44 tiveram associação com a inflamação proveniente do dente antecessor
decíduo em decorrência de extensas lesões de cárie.
O diagnóstico diferencial do cisto dentígero inclui outras lesões císticas, como o
ceratocisto odontogênico e o cisto paradentário, e tumores odontogênicos como o
ameloblastoma unicístico, o fibroma ameloblástico e o tumor odontogênico
adenomatóide (ACKERMANN, COHEN, ALTINI, 1987; KO, DOVER, JORDAN,
1999; MARTÍNEZ-PÉREZ, VARELA-MORALES, 2001).
2.1.4. CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS DO CISTO DENTÍGERO
Histologicamente, o cisto dentígero apresenta uma cápsula de tecido conjuntivo
fibroso arranjada frouxamente, contendo pequenas ilhas ou cordões de restos de epitélio
odontogênico, que podem sofrer calcificação. A presença de um infiltrado inflamatório
19
do tipo mononuclear pode ser observada e, ocasionalmente, alguns polimorfonucleares
também podem estar presentes. Ainda, na cápsula, podem ser encontrados áreas de
hemorragia, depósitos de hemossiderina, edema, vasos congestos e imagens negativas
de cristais de colesterol. O limitante epitelial apresenta-se contínuo e delgado
constituindo-se de duas a quatro camadas de células epiteliais cúbicas, tendo a junção
epitélio/conjuntivo plana. Na grande maioria dos casos, a camada basal apresenta-se
indistinta das demais e sem núcleos polarizados. O conteúdo cístico é representado por
um exsudato seroso ou hemorrágico com presença eventual de células epiteliais e
inflamatórias (BROWNE, 1991; SOUSA, SOUZA, PINTO, 1994; BENN, ALTINI,
1996; JUÁREZ, LUCAS, LUCAS, 2000; NEVILLE et al., 2004).
No cisto dentígero secundariamente inflamado, a cápsula fibrosa apresenta-se
mais colagênica, e exibe infiltrado de células inflamatórias crônicas. O limitante
epitelial poderá mostrar variação de hiperplasia, com ocasional desenvolvimento de
projeções arciformes. Células mucosas também podem ser encontradas neste
revestimento epitelial (BENN, ALTINI, 1996; NEVILLE et al., 2004).
Dunsche et al. (2003) objetivaram verificar se o ameloblastoma unicístico pode
ser confundido histologicamente com o cisto dentígero quando apenas dois cortes da
peça forem examinados. Para isso foram avaliados 101 casos de lesões que
radiograficamente se assemelharam ao cisto dentígero, tendo como critério de inclusão
da amostra a lesão apresentar pelo menos 15 mm de diâmetro na radiografia
panorâmica. A avaliação microscópica não identificou epitélio ameloblastomatoso nos
101 casos observados, levando os autores a concluir que o ameloblastoma unicístico não
é confundido histologicamente com o cisto dentígero.
2.2. FOLÍCULO PERICORONÁRIO
Durante o processo de erupção, os dentes são envolvidos por um folículo ou
saco dentário que, concomitantemente ao desenvolvimento do órgão do esmalte e da
papila dentária, surge de uma condensação celular marginal do ectomesênquima que
cerca aquelas estruturas, tendo suas células um importante papel na formação do
cemento e do ligamento periodontal (KATCHBURIAN, ARANA, 1999). Durante o
processo de maturação dentária o limitante epitelial é composto por epitélio reduzido do
20
órgão do esmalte composto por camada única de células cúbicas (MILLER, BEAN,
1994).
O folículo pericoronário parece regular muitos eventos celulares e moleculares
na erupção dentária, incluindo a diferenciação osteoclástica necessária para a reabsorção
do osso alveolar direcionando desta maneira um caminho para erupção dos dentes
(WISE, YAO, 2003). Destaca-se dentre outras citocinas o TNF-α (fator de necrose
tumoral) que promove o recrutamento de células mononucleadas para o folículo
pericoronário permitindo a referida diferenciação osteoclástica (YAO, WISE, 2003).
De acordo com Sands e Tocchio (1998), o espaço pericoronário,
radiograficamente, apresenta-se radiolúcido, representando o espaço ocupado pelo
tecido capsular do folículo. A espessura deste espaço varia entre os dentes, assim como
entre os indivíduos, sendo influenciada pela espessura do próprio folículo. De acordo
com estes autores, a presença de fluido acumulado entre o tecido mole capsular e a
coroa determinaria um aumento dessa espessura e assim representaria um cisto.
2.2.1 DIFERENCIAÇÃO ENTRE O CISTO DENTÍGERO INCIPIENTE E O
FOLÍCULO PERICORONÁRIO ESPESSADO
Para muitos autores a diferenciação de um cisto dentígero pequeno e um
folículo pericoronário espessado na coroa de um dente incluso é uma tarefa bastante
difícil (STANLEY, KROGH, PANNKUK, 1965; ELIASSON, HEIMDAHL,
NORDENRAM, 1989; EISENBERG, 1993; MILLER, BEAN, 1994; DALEY,
WISOCKI, 1995; KO, DOVER, JORDAN, 1999; GLOSSER, CAMPBELL, 1999;
ADELSPERGER et al. 2000; DAMANTE, FLEURY, 2001; NEVILLE et al., 2004).
Stanley, Krogh e Pannkuk (1965) em um estudo clássico observaram as
variações histológicas que podem ocorrer nos folículos pericoronários em diferentes
períodos cronológicos. Foram estudados 70 folículos, onde a idade dos pacientes variou
dos 13 aos 69 anos (média de 26,5 anos). Os espécimes foram divididos em 2 grupos:
um de pacientes com menos de 22 anos (I) e o outro com pacientes de 22 anos ou mais
(II). Observou-se que no grupo I houve uma predominância do epitélio reduzido do
órgão do esmalte, enquanto que no grupo II predominou o epitélio escamoso
21
exclusivamente. Nenhum epitélio reduzido foi encontrado em pacientes acima dos 26
anos de idade e, quando este epitélio esteve presente, nenhuma concentração de células
inflamatórias foi encontrada subjacente ao mesmo.
Os autores supracitados relataram que, geralmente, quando o folículo é separado
do dente associado, o limitante epitelial do tipo reduzido do órgão do esmalte fica
aderido ao esmalte, não sendo visto nos cortes histológicos devido à presença de fibrilas
submicroscópicas (hemidesmossomos) que permitem uma adesão mais efetiva entre o
referido epitélio e a superfície do esmalte, enquanto que o epitélio escamoso não se
adere ao esmalte com a mesma intensidade, sendo visto portanto em uma concentração
mais significativa nos espécimes analisados. Outro achado importante foi a redução do
número de ilhotas de epitélio odontogênico com o passar da idade. Tais ilhotas, que nos
jovens eram circundadas por tecido mixomatoso, também sofreram metaplasia
escamosa com a idade, e o componente mixomatoso foi sendo substituído por colágeno.
As calcificações no epitélio de revestimento e nos restos epiteliais também se
intensificaram com o passar do tempo. Os autores ressaltaram ainda que o fato do
epitélio escamoso predominar em pacientes acima dos 26 anos dificultaria bastante a
distinção dos folículos pericoronários em relação aos cistos dentígeros incipientes.
Moreira-Diaz apud Damante (1987) estudou, macroscopicamente, 200 supostos
folículos pericoronários de terceiros molares retidos, que não apresentavam imagens
radiográficas císticas, com objetivo de estimar a porcentagem de casos cuja
histopatologia era compatível com cisto dentígero. As imagens radiográficas tinham
uma espessura média de 1 mm ou menos. O fragmento selecionado foi a região cervical
do folículo pericoronário, sendo considerado como cisto dentígero os casos cuja
histopatologia mostravam, na face interna, uma cavidade virtual com a superfície do
esmalte e que se encontrava revestida por duas ou mais camadas de células epiteliais.
Concluiu-se que 11,5% dos espécimes estudados corresponderam histologicamente a
um cisto dentígero, sendo ressaltado que a aparente normalidade radiográfica do
folículo pericoronário não era conclusiva, razão pela qual deveria realizar biópsia
sistemática dessa estrutura para se chegar a um diagnóstico definitivo.
22
Stephens, Kogon e Reid (1989) realizaram uma análise crítica da literatura usada
como base para justificar a prática de cirurgias profiláticas de terceiros molares
impactados assintomáticos, uma vez que é bastante citada a associação desses dentes
impactados com alguma patologia ou com reabsorção radicular do dente adjacente. Os
autores afirmaram que a extração deve ser indicada quando houver uma patologia
evidente como infecção, cistos, tumores ou reabsorções radiculares. De acordo com os
mesmos, lesões como cisto dentígero não são tão freqüentes, bem como a transformação
neoplásica do limitante destes cistos, tornando a indicação da remoção preventiva dos
dentes impactados não-justificável.
Eliasson, Heimdahl e Nordenram (1989) investigaram radiograficamente
alterações patológicas relacionadas a terceiros molares impactados em 644 pacientes. A
amostra consistiu de 1211 dentes impactados, dos quais 477 eram dentes superiores e
734 eram dentes inferiores. Um espaço pericoronário patologicamente espessado
indicativo de um cisto dentígero, com medida superior a 2,5 mm, foi observado em 5
dos dentes superiores e em 43 dos dentes inferiores, sugerindo uma pequena incidência
desta lesão em dentes impactados. Estes autores recomendaram, por conseguinte, um
acompanhamento clínico e radiográfico dos casos não indicativos de alterações
patológicas.
Knights, Brokaw e Kessler (1991) avaliaram 170 espécimes obtidos de terceiros
molares inclusos com o objetivo de observar a incidência do cisto dentígero nesta
amostra. A idade dos pacientes variou dos 17 aos 39 anos (média de 21,6 anos), sendo a
população composta por 126 homens e 44 mulheres. Os espécimes foram categorizados
em 3 grupos: (1) cisto dentígero, (2) folículo dental hiperplásico com remanescentes de
epitélio reduzido do órgão do esmalte (FDHR) e (3) folículo dental hiperplásico (FDH).
O critério microscópico para os cistos dentígeros foi a presença de um limitante epitelial
do tipo escamoso estratificado com mais de 3 camadas de células. Dos 170 espécimes,
76 (44,7%) foram diagnosticados como cisto dentígero.
Kim e Ellis (1993) investigaram a incidência e as possíveis razões para o
diagnóstico incorreto de um folículo pericoronário. O diagnóstico de folículo
pericoronário foi realizado em 847 espécimes de 663 pacientes, sendo que 84% destes
estiveram na segunda e terceira décadas, com uma proporção de 1,4:1 dos neros
23
masculino/feminino. O estudo revelou que 20% dos casos foram incorretamente
diagnosticados, sendo especialmente o cisto dentígero, bem como o mixoma
odontogênico e o fibroma odontogênico as lesões mais comumente referidas. Segundo
os autores, o folículo pericoronário apresenta quantidade variável do limitante epitelial,
com este epitélio podendo ser um epitélio reduzido do órgão do esmalte ou um epitélio
escamoso estratificado, sendo a metaplasia escamosa justificada pela presença de uma
inflamação crônica, por uma alteração inerente ao envelhecimento ou por uma possível
formação de um cisto dentígero.
De acordo com Eisenberg (1993), o cisto dentígero origina-se a partir do
limitante epitelial dos folículos pericoronários e que a alteração metaplásica do limitante
epitelial de um epitélio reduzido do órgão do esmalte para um epitélio escamoso seria a
marca inicial da degeneração de um folículo pericoronário para um cisto dentígero.
Miller e Bean (1994) preconizaram que o espaço folicular normal mede
aproximadamente 2,5 a 3 mm entre a coroa dentária e a parede folicular, e,
conseqüentemente, áreas radiolúcidas que excedam esta medida poderiam ser
consideradas como um cisto dentígero.
Daley e Wysocki (1995) relataram que a distinção entre folículo pericoronário e
cisto dentígero é feita com base na informação cirúrgica, que radiograficamente e
histologicamente são bastante semelhantes. Um cisto verdadeiro permite ao cirurgião
uma separação fácil deste em relação à superfície do esmalte do dente impactado. Esses
autores puderam verificar através da análise de 1662 casos de cisto dentígero e 824 de
folículos pericoronários que a epidemiologia destas condições são distintas. A
incidência dos folículos foi maior na segunda década de vida e o gênero feminino foi
mais acometido. Aproximadamente 49,3% desses envolveram os terceiros molares
inferiores, sendo 24,3% associados a terceiros molares superiores e 13% a caninos
superiores. os cistos dentígeros foram mais comuns na terceira década de vida e no
gênero masculino. Em 77% dos casos houve associação aos terceiros molares inferiores,
enquanto 6,6% envolviam os caninos superiores e 6,5% os terceiros molares superiores.
Ainda segundo estes autores a progressão natural do epitélio reduzido do órgão do
24
esmalte para um epitélio escamoso em dentes impactados nos pacientes com maior faixa
etária não ocasionaria um acréscimo na incidência de cistos dentígeros.
Adicionalmente, segundo os autores anteriormente referidos, para o diagnóstico
do cisto dentígero recomenda-se que três critérios sejam observados: sendo eles: (1)
radiolucidez pericoronária maior do que 4 mm em seu maior diâmetro; (2)
histologicamente ser observado tecido conjuntivo fibroso exibindo limitante epitelial do
tipo escamoso estratificado não-ceratinizado e; (3) espaço cístico observado
cirurgicamente entre o esmalte e o limitante epitelial.
Moresco e Barbachan (1997) analisaram microscopicamente folículos
pericoronários de terceiros molares inferiores, caninos superiores e terceiros molares
superiores inclusos nos diferentes tempos de retenção, sendo examinados 280 espécimes
e observadas alterações presentes no tecido conjuntivo e no epitélio odontogênico. O
aspecto microscópico dos folículos pericoronários caracterizava-se por ser constituído
por tecido conjuntivo fibroso bem organizado, variando desde áreas com aspecto
mixóide até mesmo áreas hialinizadas. Verificou-se a presença de infiltrado
inflamatório predominantemente mononuclear, sem que houvesse perda das
características de normalidade. Os remanescentes de epitélio odontogênico
apresentaram-se dispostos sob a forma de ilhotas epiteliais ou sob forma de
revestimento epitelial (epitélio reduzido do órgão do esmalte). Concluiu-se, dessa
forma, que houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos dentários
estudados, com relação às alterações microscópicas observadas, ressaltando-se, dentre
elas, a redução do número de ilhotas de epitélio odontogênico com o aumento do tempo
de retenção nos folículos pericoronários
Manganaro (1998) avaliou a probabilidade de patologias acometerem terceiros
molares inclusos, utilizando a amostra de 101 dentes em 42 pacientes, na maioria dos
casos extraídos por razões ortodônticas. O diagnóstico de cisto dentígero foi instituído
em 46 casos (45,5%), onde a espessura da radiolucidez variou de 0,1 a 3 mm, com
média de 1 mm, tendo o autor utilizado como critério diagnóstico microscópico a
presença de um limitante epitelial com, no mínimo, três camadas de espessura. O autor
ainda referiu que a alta porcentagem de cistos dentígeros chama atenção para a remoção
dos dentes impactados devido à probabilidade de transformação cística ou neoplásica
25
dos folículos pericoronários (até antes dos 30 anos de idade) ou anaplásica (displasia ou
carcinoma) em uma faixa etária mais avançada.
Andrade (1999) analisou 102 folículos pericoronários através da microscopia
óptica com intuito de verificar alterações histológicas indicativas ou precursoras de
patologias. Foram estudados folículos de dentes inclusos com cirurgia indicada, sendo
excluídos da amostra aqueles cujo espaço pericoronário visualizado na radiografia
panorâmica medisse mais que 4 mm de largura. Os folículos foram divididos em 2
grupos: (I) formado por folículos de terceiros molares e (II) por folículos de outros
dentes, inclusive os supranumerários, sendo avaliada a relação das alterações
histológicas com os fatores sexo, faixa etária e sintomatologia dolorosa.
O autor supracitado observou que a ocorrência de alterações histológicas como
hiperplasia do epitélio de revestimento, proliferação dos restos epiteliais, formação
cística, transformação ameloblastomatosa e inflamação na cápsula conjuntiva, esteve
mais evidente no grupo II do que no I. O gênero feminino apresentou uma diferença
significativa entre os grupos, enquanto no grupo II predominaram os casos com
alteração histológica, no grupo I predominaram os espécimes com aspecto histológico
normal. A relação entre a distribuição das alterações histológicas e os fatores faixa
etária e sintomatologia não obteve significância estatística.
Para Ko, Dover e Jordan (1999) o espaço folicular radiograficamente normal é
de 3 a 4 mm de diâmetro, podendo ser aventada a presença de um cisto dentígero
quando o espaço é maior do que 5mm.
Glosser e Campbell (1999) investigaram a incidência de anormalidades
histológicas em tecido mole adjacente a terceiros molares impactados que não estiveram
associados com lesões líticas pericoronárias, correspondendo teoricamente a um folículo
pericoronário. Para este estudo, foram excluídos pacientes com espaço folicular maior
que 2,4 mm. Histologicamente foram considerados como cisto dentígero os espécimes
de tecido mole com epitélio escamoso ao longo da sua superfície. Foram colhidos 96
espécimes de pacientes com média de idade de 22 anos, dentre os quais 31 foram
diagnosticados como cisto dentígero. Enquanto 25% dos espécimes da maxila
corresponderam a cistos dentígeros, aproximadamente 37% dos da mandíbula tiveram
este mesmo diagnóstico. Os autores concluíram que a incidência de cistos dentígeros
26
associados a terceiros molares impactados parece ser muito maior que a relatada em
outros estudos radiográficos, ressaltando-se ainda que nenhuma outra entidade
patológica foi diagnosticada.
Adelsperger et al. (2000) objetivaram avaliar histologicamente patologias de
tecido mole pericoronário em terceiros molares impactados, com espaço folicular menor
que 2 mm radiograficamente. Foram selecionados 100 espécimes e o diagnóstico de
cisto dentígero foi dado quando se evidenciou metaplasia escamosa no limitante
epitelial. A idade dos pacientes variou de 15 a 34 anos, com média de 18,9 anos, e a
relação do gênero masculino/feminino foi de 1,5:1. Um aumento significativo da
presença de metaplasia escamosa esteve relacionado com um aumento na idade dos
pacientes. Os resultados mostraram que, em 34% dos pacientes, a presença de
metaplasia escamosa era consistente com um cisto dentígero.
Ainda no estudo citado anteriormente, da amostra total, foram selecionados 10
casos de folículo pericoronário e 8 de cisto dentígero, com o objetivo de observar a
atividade proliferativa celular no limitante epitelial através da marcação para o PCNA.
Nenhum dos folículos marcou positivamente para o PCNA, enquanto 5 cistos
dentígeros apresentaram marcação positiva. Logo, concluiu-se que a metaplasia
escamosa é uma alteração patológica passível de ocorrer no desenvolvimento do cisto
dentígero devido a um aumento da atividade celular nestas lesões, evidenciada pela
marcação para o PCNA. Portanto, foi sugerido pelos referidos autores que a ausência de
manifestações radiográficas não necessariamente reflete a ausência de uma lesão. Para
eles, as alterações epiteliais são, possivelmente, alterações iniciais que parecem
preceder alterações ósseas que, radiograficamente, caracterizam o cisto dentígero.
Damante e Fleury (2001) realizaram uma inter-relação clínica, radiográfica e
microscópica do espaço pericoronário de 165 dentes, dentre os quais 130 correspondiam
a dentes não-irrompidos e 35 eram dentes parcialmente irrompidos. Os espaços
pericoronários variaram de 0,4 a 5,6 mm de largura, exibindo a maioria dos casos entre
1 e 3 mm. Segundo esses autores, o alargamento do espaço pericoronário é
acompanhado microscopicamente pela presença de epitélio pavimentoso estratificado,
com variados graus de hiperplasia e inflamação no conjuntivo subjacente, sendo a
inflamação um fator determinante neste alargamento. O autor concluiu que não
27
parâmetros radiográficos nem microscópicos que permitam diferenciar folículos
pericoronários de cistos dentígeros incipientes, reforçando que o diagnóstico seria
possível de realizar quando clinicamente fossem detectados cavitação e conteúdo cístico
pelo cirurgião.
Raimundo (2001) investigou em seu estudo o comportamento clínico,
radiográfico e histológico de 104 folículos pericoronários de terceiros molares inferiores
semi-inclusos. A faixa etária dos pacientes variou entre 18 e 26 anos. A largura da
radiolucidez pericoronária alternou de 0,8 a 11 mm de diâmetro, sendo a sintomatologia
dolorosa freqüente em 77% dos casos, existindo uma relação dessa sintomatologia com
eventos inflamatórios.
Costa-Filho (2001) avaliou radiográfica e histologicamente o folículo
pericoronário de terceiros molares inclusos humanos, em diferentes fases de rizogênese.
Foram selecionados 25 pacientes na faixa etária de 13 a 22 anos, totalizando 46 dentes.
A medida da radiolucidez pericoronária foi realizada em radiografia panorâmica,
elegendo-se a área de maior largura, obtendo-se uma variação de 1 a 6 mm, com uma
concentração de 70% dos casos entre 2 e 3 mm.
Ainda no estudo acima referido, na avaliação histológica do epitélio de
revestimento, predominou o tipo reduzido do órgão do esmalte, na forma inativa, como
também nos remanescentes epiteliais. Foi observada a presença de tecido conjuntivo
fibroso com predominância para denso. A ausência de inflamação foi observada na
maioria dos folículos e a calcificação foi um achado comum. O autor concluiu que a
radiografia constitui um complemento ao diagnóstico clínico e histológico, não
permitindo diagnóstico conclusivo da normalidade dos folículos, sendo impossível
relacionar os estágios de rizogênese com os achados radiográficos e histológicos dos
folículos pericoronários.
Farah e Savage (2002) relataram que quando o espaço pericoronário apresentar-
se maior do que 2,5 mm na radiografia periapical ou maior do que 3 mm na radiografia
panorâmica deve-se suspeitar de uma possível patologia na região, destacando-se o cisto
28
dentígero como a lesão mais comum. Segundo estes pesquisadores, quando essas
medidas forem excedidas justifica-se a intervenção cirúrgica na região.
Curran e Damm (2002) realizaram um estudo identificando as características
histopatológicas de uma extensa série de tecidos pericoronários em adultos, utilizando-
se uma amostra de 2646 casos. Destes, observou-se que 67,1% correspondiam a
folículos pericoronários , enquanto que 32,9% apresentaram alguma patologia, onde o
cisto dentígero correspondeu à lesão mais freqüente, seguido do ceratocisto
odontogênico, odontoma, ameloblastoma, carcinoma, dentre outros. Os autores
concluíram que os folículos pericoronários apresentam um grande potencial de
transformação patológica, justificando portanto a remoção destes dentes inclusos
quando houver algum sinal radiográfico significativo.
Godoy et al (2003) reavaliaram microscopicamente 113 casos diagnosticados
como cisto dentígero no intuito de separar aqueles que deveriam ser classificados como
folículo pericoronário, sugerindo desta forma uma alteração no diagnóstico destes casos.
Para a reclassificação em folículo pericoronário, os critérios utilizados pelos autores
foram a presença de um limitante epitelial delgado e descontínuo, do tipo reduzido do
órgão do esmalte, bem como um tecido conjuntivo frouxo, discretamente vascularizado
e com escassas células inflamatórias mononucleadas. Da amostra total, 13 casos
(11,5%) foram reclassificados como folículos pericoronários.
2.3. PROTEÍNAS DA MATRIZ EXTRACELULAR
Uma das características dos cistos odontogênicos, dentre eles o cisto dentígero, é
a contínua proliferação epitelial, que leva, em conseqüência, a um crescimento
ininterrupto da lesão. Esta capacidade de proliferação varia entre os diferentes tipos de
cistos odontogênicos, estando ainda não totalmente esclarecido o que leva esses
epitélios a proliferarem. Recentes estudos tentam correlacionar a modificação dos
componentes da matriz extracelular com a quebra da manutenção e integridade dos
tecidos (TOSIOS, KAPRANOS, PAPANICOLAOU, 1998; WILSON, 1999).
A matriz extracelular é uma rede complexa e organizada de macromoléculas que
se encontra subjacente às células epiteliais ou envolvendo as células mesenquimais,
29
sendo composta de glicosaminoglicanas, proteoglicanas, proteínas fibrosas (colágeno e
elastina) e glicoproteínas (laminina, nidogênio, fibronectina, tenascina, ondulina e
trombospondina). Ela atua como um filtro molecular e desempenha papel muito ativo e
complexo na regulação do comportamento das células com as quais faz contato,
influenciando seu desenvolvimento, migração, proliferação, forma e função. Pressupõe-
se que a matriz exerça influências químicas e mecânicas na forma e fisiologia celular.
As interações entre as células normais e a matriz extracelular podem ser alteradas em
neoplasias e, dessa forma, pode influir na proliferação e invasão tumoral (WERNET,
1997; LIOTTA apud OLIVEIRA, 2000).
A membrana basal, também chamada de lâmina basal, é uma estrutura elástica
composta por diversas moléculas, dentre elas o colágeno IV e VI, o heparan sulfato e o
sulfato de condroitina, além de glicoproteínas como a laminina, a tenascina e a
fibronectina. Esta membrana é constituída por três camadas, sendo elas: a lâmina lúcida,
a lâmina densa e a lâmina reticular ou região de ancoragem (GONZÁLEZ et al., 1994;
WILSON et al., 1999). O maior componente estrutural é o colágeno IV, o qual é
unicamente encontrado nesta membrana e consiste numa proteína de alto peso
molecular, formada por duas cadeias polipeptídicas (α1 e α2), unidas em uma única
molécula tri-helicoidal que se dispõe em rede, constituindo o principal componente da
lâmina densa, uma vez que os outros componentes da matriz são organizados através de
sua estrutura. De acordo com Dumont e Bitonti (1994) a adesão a esta proteína pode ser
crítica na migração de células tumorais através da camada endotelial e da membrana
basal/matriz extracelular. O colágeno I também existe na matriz subendotelial.
A lâmina lúcida mede entre 10 e 50 nm, e se encontra adjacente à membrana
plasmática basal das células que repousam na membrana basal, enquanto que a lâmina
densa mede de 30 a 300 nm, estando situada logo abaixo da lâmina lúcida. a lâmina
reticular, que contém as fibrilas de ancoragem, situa-se abaixo da lâmina densa
mantendo contato com o tecido conjuntivo subjacente (THORGEIRSSON,
TURPEENNIEMI-HUJANEN, LIOTTA, 1985; GONZÁLEZ et al., 1994).
A membrana basal apresenta papel funcional e estrutural nos estágios iniciais de
desenvolvimento do organismo. Já foi comprovado em embriões que as células
epiteliais sintetizam sua própria membrana basal, que, por sua vez, atua como
30
arcabouço para as células durante a morfogênese, sendo assim requerida para a
diferenciação terminal. Nos tecidos adultos, as maiores funções da membrana basal são:
exercer suporte estrutural, promover a ligação entre as camadas celulares e o tecido
conjuntivo intersticial subjacente, servir como barreira para a passagem de moléculas e
controlar a proliferação celular (THORGEIRSSON, TURPEENNIEMI-HUJANEN,
LIOTTA, 1985).
A laminina é a glicoproteína mais abundante da membrana basal, com alto peso
molecular que varia de 200 a 400kD. É encontrada em todas as membranas basais
teciduais, sendo sintetizada por células epiteliais. Sua molécula é constituída por uma
cadeia pesada (α), e duas cadeias leves (β e γ), conectadas por pontes dissulfídicas que
assumem uma configuração assimétrica em forma de cruz. Tal proteína localiza-se na
lâmina lúcida e é considerada um potente imunógeno, com capacidade de unir-se a
sítios bacterianos específicos. Sua função é desconhecida, sendo sugerida uma possível
atuação na adesão das células epiteliais basais à lâmina densa e ao colágeno IV, ao
sulfato de heparana, à entactina e outros receptores protéicos. A laminina regula uma
variedade de fenômenos biológicos incluindo fixação, crescimento, morfologia e
migração celular (GONZÁLEZ et al., 1994; KOSMEHL, BERNDT, KATENKAMP,
1996; COLETTA et al., 1997).
A fibronectina é uma das proteínas da matriz extracelular mais abundante, tendo
em sua estrutura duas cadeias polipeptídicas conectadas entre si por pontes dissulfídicas
em forma de “V”. Apresenta sítios de ligação para o colágeno, heparina e receptores de
superfície celular, sendo considerada, portanto, uma proteína adesiva. Muitas de suas
funções são divididas com a laminina, formando parte de um sistema filamentoso de
ancoragem da lâmina lúcida. Esta proteína tem atuação conhecida no processo de
reparação tecidual através da reepitelização, estando, por conseguinte, relacionada com
a adaptação espacial das células (GONZÁLEZ et al., 1994).
Segundo Kosmehl, Berndt e Katenkamp (1996), a fibronectina pode apresentar-
se em duas formas diferentes, sendo uma forma plasmática e solúvel encontrada no
sangue e outros líquidos corporais, e uma outra forma celular e insolúvel que faz parte
da matriz extracelular.
31
Armstrong e Armstrong (2000) relataram que a fibronectina em alguns tipos de
matriz extracelular promove invasão tecidual, enquanto que em outros a presença da
fibronectina inibe esta invasão. A diferença está relacionada ao fato de o tecido invasor
estar migrando por uma matriz extracelular acelular ou se a invasão se em um tecido
ricamente celularizado. Na primeira hipótese, a fibronectina promove a invasão tecidual
enquanto que na segunda hipótese a mesma estabiliza a interface em contato com os
tecidos e inibe a invasão.
Heikinheimo et al. (1991) avaliaram a distribuição de algumas proteínas de
matriz extracelular em dois tipos de tumores odontogênicos, sendo eles o
ameloblastoma e o fibroma ameloblástico, e em germes dentários. Para isto foram
utilizados anticorpos monoclonais para a fibronectina, tenascina e laminina. Verificou-
se que a fibronectina com um domínio oncofetal, identificada em carcinomas, foi
detectada focalmente nos ameloblastomas e estando ausente nos fibromas
ameloblásticos e nos germes dentários. A tenascina apresentou forte marcação na
membrana basal de todos os tumores odontogênicos, bem como nos germes dentários.
Ainda no estudo citado anteriormente, a laminina marcou fortemente em todos
os espécimes, exceto em alguns focos nos ameloblastomas, onde a marcação esteve
ausente. Estes resultados levaram os autores a sugerir que a expressão peculiar das
proteínas de matriz extracelular no ameloblastoma pode estar relacionada com o seu
comportamento agressivo e, em adição, que a tenascina e a fibronectina estão
envolvidas em interações epitélio/mesenquimais durante o desenvolvimento dos dentes
e dos tumores odontogênicos.
Becker, Schuppan e Müller (1993) verificaram a expressão imuno-histoquímica
de algumas proteínas da matriz extracelular, dentre elas o colágeno IV e a tenascina, em
lesões diagnosticadas como hiperplasias fibrosas e constataram que a distribuição destas
é semelhante àquela observada na mucosa oral normal.
Coletta et al. (1997) ao avaliarem a expressão e distribuição da laminina em
germes dentais de primeiros molares de ratos jovens, verificaram que tal proteína estava
expressa nas membranas basais dos epitélios interno e externo do órgão do esmalte, nos
32
pequenos vasos sangüíneos e nas fibrilas nervosas localizadas na papila e no folículo
pericoronário. Nas regiões onde ocorreu diferenciação de células mesenquimais em
odontoblastos e de células do epitélio interno em ameloblastos, a expressão da laminina
não foi observada. Os autores sugeriram que a expressão desta proteína na membrana
basal está relacionada com a diferenciação celular e secreção da matriz orgânica.
Oliveira et al (2002) verificaram o padrão de distribuição da laminina e colágeno
IV na membrana basal de 10 cistos radiculares, 10 cistos dentígeros e 10 ceratocistos
odontogênicos. Os resultados desta pesquisa revelaram que a laminina e o colágeno IV
apresentaram um padrão de marcação mais contínuo e intenso nos cistos radiculares,
enquanto que nos ceratocistos odontogênicos foi descontínuo e fraco. Os cistos
dentígeros apresentaram um padrão intermediário entre os citados anteriormente. Os
autores sugeriram que, em virtude da fraca expressão das proteínas de membrana basal
identificada nos ceratocistos odontogênicos, possíveis modificações nas relações
interativas entre o epitélio e o tecido conjuntivo adjacente devem acontecer, o que
poderia contribuir, de certa forma, para um comportamento biológico mais agressivo
exibido por este cisto.
Raitz, Martins e Araújo (2003) pesquisaram a expressão imuno-histoquímica da
laminina, colágeno IV, fibronectina e tenascina nos tumores originados do ducto
intercalado das glândulas salivares, dentre eles o adenoma pleomórfico (8 casos),
mioepitelioma (2 casos), adenoma de células basais (3 casos), adenocarcinoma
polimorfo de baixo grau (11 casos) e carcinoma adenóide cístico (10 casos). Verificou-
se que a laminina e o colágeno IV estiveram presentes em todos os tumores,
principalmente na periferia das estruturas ductiformes, separando-as do estroma, sendo
identificadas também no próprio estroma de todas as lesões. A fibronectina teve
marcação semelhante, exceto pelo fato de não estar presente nos espaços pseudocísticos
da variante cribiforme do carcinoma adenóide cístico. Observou-se adicionalmente que
a fibronectina na membrana basal esteve espessada nos tumores malignos, sugerindo
uma possível relação com a capacidade invasiva destas lesões.
Oliveira et al (2004), avaliaram o padrão de expressão da fibronectina e
tenascina em 10 casos de cisto radicular, 10 casos de cisto dentígero e 10 casos de
ceratocisto odontogênico. Verificou-se que o padrão de expressão da fibronectina
33
apresentou-se variável entre os cistos estudados, sendo predominantemente fibro-
reticular no mesênquima e linear, descontínuo e fraco em membrana basal nos cistos
radiculares. Nos ceratocistos odontogênicos esta expressão foi fibrilar ou reticular no
mesênquima e linear, contínua e mais intensa na membrana basal. Nos cistos dentígeros,
a expressão desta proteína foi fibro-reticular no mesênquima e, em membrana basal,
apresentou-se como uma linha descontínua. Os resultados demonstraram, portanto,
diferenças no padrão de expressão das proteínas de matriz extracelular estudadas entre
estes cistos, o que justificaria, segundo estes pesquisadores, as diferenças em seus
comportamentos biológicos.
Estudos como os de Tiitta et al. (1994), Sekiguchi et al. (1995), Yoshida et al.
(1997), Wernert (1997), Tosios, Kapranos e Papanicolaou (1998) e Wilson et al. (1999)
têm sido realizados no intuito de estabelecer, com maior clareza, as alterações
patológicas que ocorrem nas proteínas da matriz extracelular, favorecendo, em algumas
situações relacionadas ao câncer, o processo de invasão tumoral, uma vez que a matriz
extracelular, dentre outras funções, atua como mecanismo de suporte e ancoragem
celular, além de mediar a ligação entre as células.
Sekiguchi et al. (1995) conjeturaram que a degradação de alguns tipos de
colágeno, dentre eles o colágeno IV, pode facilitar a invasão de células tumorais em
carcinomas de células escamosas orais.
De acordo com González et al. (1994) e Chiquet-Ehrismann (1995), as
diferentes proteínas da matriz extracelular desempenham um papel extremamente
importante na manutenção do equilíbrio tecidual, por interferir diretamente no
comportamento celular. Sendo assim, qualquer alteração na expressão destas proteínas
resultará em um comprometimento fisiológico dos tecidos.
.
2.4. INTEGRINAS
2.4.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS
As integrinas são uma família de heterodímeros α e β de receptores de adesão
celular, os quais são ligados não-covalentemente e medeiam interações célula-célula e
célula-matriz extracelular. Esta ligação se de maneira bastante complexa, podendo
34
várias proteínas da matriz extracelular ligarem-se ao mesmo complexo de integrinas por
exemplo (VIRTANEN et al, 1990; TAKADA et al, 1997; GRUNDSTRÖM et al 2003;
KARMAKAR, MUKHERJEE, 2003). De acordo com Grundström et al (2003) existem
até o momento 8 subunidades β e 18 subunidades α que ao se combinarem originam 24
tipos distintos de integrinas, com capacidade de ligação a uma ou mais proteínas.
A subunidade α apresenta um polipeptídeo sinalizador, um longo domínio
extracelular (composto por aproximadamente 1008 a 1152 aminoácidos), um domínio
transmembrana (composto em média por 20 a 30 aminoácidos), e um pequeno segmento
citoplasmático (composto por volta de 22 a 32 aminoácidos). O domínio I extracelular é
crítico para a função de ligação, apresentando todas as informações necessárias para o
sítio de ligação. A subunidade β, composta por aproximadamente 770 aminoácidos,
também apresenta este domínio I na região N terminal extracelular, a qual apresenta
fragmentos críticos para ligações específicas (TAKADA et al, 1997; SIEBERS et al,
2005). Segundo Azuma et al (1996), a subunidade β é suficiente para ligações focais de
maneira ligante-independente, enquanto a subunidade α regula a especificidade das
interações ligante-dependentes. Hoog et al (1994) ressaltaram que ambas as
subunidades necessitam da presença de fatores intracelulares e cátions divalentes
extracelulares, dentre eles os íons Ca
+2
e/ou Mg
+2
, para adesão com seus ligantes.
Haier e Nicolson (2001) ressaltaram que a interação das integrinas ocorre em
duas etapas distintas. Na primeira, estas se aderem aos seus ligantes de baixa afinidade.
Para estes autores esta ligação de baixa afinidade parece ser a condição primária para
ativação de uma ligação de maior afinidade, a qual estabiliza a adesão celular.
As integrinas são os primeiros receptores para as proteínas da matriz extracelular
e são essenciais no processo de mobilidade celular, contribuindo em diversas etapas do
referido processo. Inicialmente, a afinidade da integrina com a proteína da matriz
extracelular pode ser modulada por sinais intracelulares, correspondendo a um processo
chamado “inside-out”. Em seguida, a ativação da integrina mobiliza diversas moléculas
na interface célula-substrato, caracterizando um processo de sinalização denominado
“outside-in”. Depois, a ligação que a integrina forma entre a actina intracelular do
35
citoesqueleto e a matriz extracelular permite às células exercer uma força em seu
ambiente. A geração desta força é crítica para muitos processos celulares, incluindo o
deslocamento das células. A migração celular é, portanto, um processo cíclico que
requer a participação das integrinas em muitas, senão em todas as etapas do processo
(HOLLY; LARSON; PARISE, 2000).
Sua expressão nos tecidos e tumores pode refletir a origem e/ou
desenvolvimento destes (VIRTANEN et al, 1990; HAIER, NICOLSON, 2001). De
acordo com Virtanen et al (1990), a utilização de diferentes integrinas como receptores
de membrana basal em vários tecidos pode, de maneira geral, regular as propriedades
adesivas das células e controlar a sua função e diferenciação. Jensen e Wheelock (1995)
referiram que na epiderme, por exemplo, a distribuição das integrinas ocorre
principalmente na região pericelular dos ceratinócitos basais e nos imediatamente
suprabasais, localizações que necessitam uma adesão célula-célula mais eficiente.
Segundo Cai et al (2000), as integrinas são capazes de realizar transdução de
sinais através da membrana plasmática celular para regular processos como
desenvolvimento, reparo, inflamação, trombose, tumorigênese e metástase. Elas
precisam ser reguladas de diversas maneiras, sabendo-se que fatores de crescimento e
diferenciação podem regular os veis de expressão destas integrinas. Dentre estes se
destacam o TGF-β, uma família de polipeptídeos que conhecidamente regula diversos
processos, dentre eles a proliferação e diferenciação celular, e que podem modificar a
expressão de diversos componentes na matriz extracelular bem como diferentes
subunidades α e β das integrinas, alterando conseqüentemente a adesão e migração de
vários tipos celulares.
2.4.2. INTERAÇÕES ENTRE AS INTEGRINAS E OS COMPONENTES DA
MATRIZ EXTRACELULAR
Dentre as integrinas mais estudadas, destacam-se a α
2
β
1
que se adere
principalmente ao colágeno e laminina, α
3
β
1
que se liga mais a laminina e epiligrina, e
α
5
β
1
que apresenta uma maior especificidade a fibronectina (JENSEN, WHEELOCK,
1995; HAIER, NICOLSON, 2001; DECLINE, ROUSSELLE, 2001).
36
Grundström et al (2003) referiram que quatro integrinas apresentam ligação
intersticial ao colágeno, que são α
1
β
1,
α
2
β
1,
α
10
β
1
e
α
11
β
1.
Emsley et al (2004) relataram
que o colágeno contém sítios de ligação específicos para as integrinas anteriormente
referidas. Segundos estes autores, estas interações exercem um papel importante em
diversas funções celulares, incluindo, adesão, disseminação, migração, divisão e
expressão de diferentes fenótipos celulares. Adicionalmente, a desregulação das
interações célula-proteínas da matriz extracelular está implicada no desenvolvimento de
alguns processos patológicos como a trombose, crescimento tumoral e metástase.
De acordo com Heino (2000) e Haier e Nicolson (2001), a integrina α
2
β
1
é
expressa em vários tipos celulares, incluindo plaquetas, lulas epiteliais, fibroblastos,
osteoblastos, condrócitos, células endoteliais, linfócitos e também células tumorais. Esta
integrina serve como receptor de ligação ao colágeno ou laminina. Segundo estes
autores, a ativação da integrina α
2
β
1
pode ser acompanhada pela ligação de proteínas
regulatórias ao domínio citoplasmático da integrina, que resulta em alterações
conformacionais que permitem alta afinidade de ligação ao colágeno.
Ha-Chung, Wu e Huang (2004) referiram que, uma vez que as integrinas α
1
β
1
e
α
2
β
1
promovem migração celular, proliferação e reorganização da matriz extracelular,
seria possível que a ativação destas esteja envolvida também nos processos
angiogênicos.
Segundo relatos de Darribère et al (2000), a perda da integrina α
3
β
1
afeta a
organização da membrana basal epidérmica, observando-se em conseqüência disto uma
descontinuidade ultraestrutural e desgarramento celular, uma vez que a α
3
pode
dimerizar com a subunidade β
1
para formar um receptor para a laminina e entactina.
Segundo estes autores, a ausência desta integrina ou de outras associadas à subunidade
β
1
afetam tanto na formação quanto na manutenção das membranas basais.
Hemler e Rutishauser (2000) enfatizaram que a integrina α
3
β
1
atua não apenas
como receptor de membrana basal, mas também como organizadora da matriz
extracelular e moduladora na migração celular, na organização do citoesqueleto e na
37
produção de metaloproteinases. Os autores ressaltaram ainda que estas funções são
efetuadas com a ligação da integrina α
3
β
1
com outras proteínas transmembrana além da
laminina.
Labat-Robert (2002) ressaltaram que a α
5
β
1
é uma integrina amplamente
difundida entre os tecidos e está envolvida na deposição ativa da fibronectina na matriz
extracelular pericelular, bem como na remodelação da mesma, exercendo um
importante papel no crescimento, migração e tumorigenicidade celulares. Sua expressão
inativa os genes de proliferação celular, destacando-se o c-fos, c-jun e jun B, reduzindo
destarte o crescimento das células e a tumorigenicidade conseqüentemente.
2.4.3. ESTUDOS AVANÇADOS COM AS INTEGRINAS α
2
β
1
, α
3
β
1
E α
5
β
1.
Vários estudos têm sido realizados com o intuito de esclarecer a participação das
integrinas α
2
β
1,
α
3
β
1
e α
5
β
1
em diversas situações, desde eventos fisiológicos até a
possível participação das referidas integrinas em processos patológicos.
Blaschuk e Holland (1994) examinaram a expressão da integrina α
5
β
1
durante o
crescimento e diferenciação de culturas de células musculares de bíceps humanos. O
tratamento de algumas destas culturas com o BudR, um análogo da timidina que inibe a
diferenciação das células musculares, resultou em um aumento na expressão da
subunidade α
5.
Entretanto, houve uma redução na expressão da α
5
β
1
quando, mesmo
acrescentando ao meio o BudR, foi retirado deste os fatores de crescimento, levando a
crer que a expressão da α
5
β
1
não é uma conseqüência da diferenciação terminal das
células musculares, mas é dependente da combinação destes fatores de crescimento
exógenos que também são necessários para a diferenciação e proliferação das células
musculares.
Jensen e Wheelock (1995) avaliaram o papel das integrinas α
2
β
1
e α
3
β
1
na
adesão celular em cultura de ceratinócitos humanos. Inicialmente foram dirigidos
anticorpos contra os receptores das referidas integrinas para verificação dos efeitos na
adesão celular. Observou-se que a α
2
β
1
e
α
3
β
1
não apresentaram papel preponderante na
adesão intercelular dos ceratinócitos, apesar de serem essenciais em algumas condições
38
devido ao seu envolvimento significativo na motilidade celular. Adicionalmente foi
verificado que as referidas integrinas foram susceptíveis à influência regulatória da E-
caderina na adesão celular.
Becker e Schuppan (1995) investigaram a expressão imuno-histoquímica de
proteínas da matriz extracelular, bem como das integrinas α
2,
α
3,
α
4,
α
5,
α
6
e
β
4
em 14
espécimes de líquen plano, 5 de gengivas ortoceratinizadas e 4 hiperplasias fibrosas. As
integrinas α
2,
α
3
e α
5
apresentaram expressão aumentada nas células epiteliais das
camadas suprabasais no líquen plano, bem como uma maior expressão das mesmas na
região pericelular das células inflamatórias na lâmina própria. Entretanto, os autores não
verificaram correlação entre a distribuição das proteínas da matriz extracelular e os seus
receptores de integrinas. Segundo os referidos pesquisadores, a reação auto-imune no
líquen plano pode não ser direcionada aos ceratinócitos orais, e sim a um antígeno
desconhecido no tecido conjuntivo subjacente.
Nishimura et al (1998) verificaram a expressão imuno-histoquímica das
integrinas α
2,
α
3
e
β
4
em 9 casos de ceratocistos odontogênicos e em 6 casos de cistos
dentígeros. As integrinas α
2
e α
3
foram expressas em todas as camadas celulares nos
epitélios de revestimento cístico de ambas lesões. Nos epitélios de menor espessura, a
expressão foi observada fortemente na camada basal, enquanto nas células suprabasais
foi fraca ou esporádica. Segundo estes autores, a estratificação do epitélio pavimentoso
depende do contato célula-célula que é mediado pela qualidade adesiva das integrinas
α
2
e α
3
. Logo, a perda de expressão destas integrinas aparentemente leva a uma redução
na adesão célula-célula e constante desgarramento das células superficiais, favorecendo,
portanto a ceratinização dessas células e conseqüente descamação. Os autores
concluíram desta maneira que a espessura epitelial dos cistos odontogênicos está
relacionada à distribuição das integrinas e que estas moléculas exercem importante
papel na regulação do espessamento epitelial.
Decline e Rousselle (2001) investigaram o papel da laminina-5 na migração dos
ceratinócitos no processo de reparação de feridas através de cultura de células. Foi
verificado que, os ceratinócitos migraram através da fibronectina e colágeno IV,
necessitando para isto a deposição da laminina-5 recém-sintetizada. A respeito do papel
39
da laminina-5 na migração celular, observou-se que este processo é acompanhado por
uma redução significativa na adesão a laminina-5 “selvagem”. Entretanto, a laminina-5
recém-sintetizada interage com a α
3
β
1
tornando as células mais aderidas e retardando
desta forma a migração celular. a interação da laminina-5 com a α
2
β
1
mostrou-se
essencial para a migração celular por toda extensão da laminina-5.
Bennett et al (2001) verificaram as diferenças na expressão das integrinas em
diferentes e sucessivos estágios de uma linhagem osteoblástica oriunda da mandíbula
humana. Em um grupo, as células cresceram na presença do EGF, dando um fenótipo
proliferativo e menos diferenciado; em um outro grupo as células cresceram em um
meio administrando vitamina D3 e hidrocortisona, resultando um fenótipo mais
diferenciado; no terceiro grupo as células cresceram sem a administração de qualquer
componente. A expressão da α
5
β
1
esteve aumentada quando as células cresceram no
meio que favoreceu o fenótipo osteoblástico, sugerindo que a sinalização através do
receptor para a α
5
β
1
é mais importante quando necessita a diferenciação celular. A
subunidade α
2
foi expressa em baixos níveis, tendo uma maior expressão quando o EGF
foi adicionado, sugerindo-se desta forma que a α
2
se expressa em momentos precoces,
em tipos celulares em proliferação. A maior expressão da α
3
, principalmente nos
osteócitos, sugere um papel para esta subunidade como mediador de interações célula-
matriz após a diferenciação osteoblástica. Esses resultados levam a crer que as células
em sucessivos estágios de diferenciação exibem diferentes padrões de expressão das
integrinas, os quais contribuem para a diferenciação osteoblástica.
De acordo com White et al (2003), experimentos em cultura de células com gel
de colágeno que verificaram que as integrinas α
1
β
1
e α
2
β
1
apresentam efeitos distintos
nas células, onde a α
1
β
1
tem sido associada à proliferação celular, enquanto a α
2
β
1
esteve mais associada à regulação da remodelação da matriz extracelular.
Adicionalmente, outros estudos indicam que altos níveis de expressão da integrina α
2
β
1
na superfície das plaquetas aumenta o risco de acidente vascular cerebral e enfarte do
miocárdio, além de ser verificado um aumento considerável também em um número
variável de tumores malignos, dentre eles o melanoma.
40
Grundström et al (2003) avaliaram a interação da α
2
β
1
, devido a sua grande
especificidade de ligação ao colágeno, bem como de fatores de crescimento derivados
de plaquetas (PDGF), nas atividades funcionais com o colágeno utilizando para isto
cultura de células de linhagem fibroblástica (GD25). Foi verificado que as células que
perdiam a expressão das subunidades α
1
e
α
2
das integrinas não aderiram ao colágeno.
Entretanto verificou-se que quando adicionado ao meio o PDGF, houve estimulação
para interação dos fibroblastos com o colágeno através da integrina α
v
β
3
quando a
função da β
1
encontrava-se prejudicada, caracterizando, portanto, uma forma alternativa,
sob condição específica, de ligação celular ao colágeno.
Zhang et al (2003) analisaram a possibilidade de diferenciação glandular de um
clone de células normais de intestino (Caco-2) em cultura de células, investigando o
papel das integrinas α
2
e α
3
neste processo. Observou-se que, no grupo controle, as
células Caco-2 se diferenciaram e apresentaram um aumento na expressão da α
3
.
Entretanto, quando foram utilizados anticorpos monoclonais que bloquearam os efeitos
das integrinas α
2
e α
3
, não foi observada uma diferenciação glandular destas células,
reforçando, por conseguinte, o papel significativo destas integrinas no referido processo.
Kataoka et al (2003) investigaram a expressão da integrina α
2
em meio de
cultura de fibroblastos oriundos da gengiva de ratos, sendo em seguida adicionada ao
meio a ciclosporina em um grupo, e em um outro esta droga não foi administrada. A
fagocitose colagênica, uma das formas de degradação do colágeno, foi medida in vitro,
verificando-se que esta se apresentou sensivelmente reduzida no grupo submetido a
ciclosporina. Adicionalmente, observou-se menor expressão da integrina α
2
no grupo
tratado com ciclosporina. Concluiu-se desta maneira que um dos fatores implicados na
inibição da fagocitose colagênica foi a diminuição da expressão da integrina α
2
nos
fibroblastos gengivais.
DeHart, Healy e Jones (2003) pesquisaram se a α
3
β
1
apresentava alguma
participação na organização estrutural das células nas membranas basais. Para isto foi
investigado se esta integrina exerce alguma função na modelagem da laminina-5 na
matriz extracelular de uma cultura de ceratinócitos oriunda da pele de ratos. Foram
41
divididos dois grupos, onde um destes constituiu-se de ceratinócitos “selvagens” e o
outro de ceratinócitos com ausência da integrina α
3
. Foi verificado que os ceratinócitos
com a ausência da referida integrina apresentaram uma deficiente organização e
remodelação à laminina-5, com as células exibindo uma reduzida capacidade
organizacional na matriz extracelular, levando portanto à evidência de que a interação
entre a α
3
β
1
e a laminina-5 é um importante determinante para a adesão entre as células
epidérmicas e a membrana basal.
Andrade (2003) analisou a expressão imuno-histoquímica das integrinas α
2
β
1
,
α
3
β
1
e α
5
β
1
em ameloblastomas, tumores odontogênicos adenomatóides (TOAs) e
germes dentais fetais. Para isto, foram utilizados 30 ameloblastomas (20 sólidos e 10
unicísticos), 12 TOAs e 5 germes dentais fetais em diferentes fases da odontogênese.
Foi verificada uma diferença estatisticamente significativa entre o ameloblastoma e o
TOA e entre o ameloblastoma e os germes dentais fetais para a integrina α
2
β
1
; entre o
ameloblastoma e os germes dentais e entre o TOA e os germes dentais para a integrina
α
3
β
1
; e entre o ameloblastoma e o TOA para integrina α
5
β
1
. Adicionalmente, não foi
identificado diferença na expressão das referidas integrinas entre as variantes do
ameloblastoma. O autor concluiu que as variações observadas na expressão imuno-
histoquímica das integrinas
α
2
β
1
, α
3
β
1
e α
5
β
1
nas referidas entidades sugerem uma
possível influência das mesmas nos eventos celulares e nas interações célula-matriz
nestas neoplasias e na odontogênese.
Modolo et al (2004) pesquisaram a intensidade e padrão de distribuição das
integrinas α
2
,
α
3,
α
5,
α
v,
β
1,
β
3
e β
4
em 14 espécimes de ameloblastoma, dos quais 4 eram
do subtipo folicular, 6 plexiformes, 2 acantomatosos e 2 unicísticos, e compararam a sua
expressão com amostras de germe dentário, lâmina dentária e epitélio de mucosa oral.
Todas as integrinas foram expressas em todos os casos estudados, especialmente nas
células periféricas do ameloblastoma, sugerindo um importante papel destas na
interação entre as células e a membrana basal. Observou-se que o germe dentário na
fase de campânula apresentou forte marcação em padrão reticular para todas as
integrinas, e todas as camadas do epitélio do órgão do esmalte foram positivas. A
imunomarcação no epitélio interno do órgão do esmalte concentrou-se no pólo basal das
42
células, enquanto a papila dentária apresentou ausência de marcação para as referidas
integrinas. Já na lâmina dentária, a distribuição reticular e fortemente positiva localizou-
se na camada basal das células periféricas e por todo o citoplasma das células centrais.
Adicionalmente, os autores verificaram que o ameloblastoma folicular, acantomatoso e
unicístico exibiram padrão de expressão das integrinas semelhante ao epitélio de
mucosa oral, enquanto a variante plexiforme foi similar ao germe e à lâmina dentária.
2.4.4. ESTUDOS COM AS INTEGRINAS α
2
β
1,
α
3
β
1
E α
5
β
1
EM NEOPLASIAS
MALIGNAS
De maneira geral, nos tumores humanos, as células neoplásicas apresentam as
mesmas integrinas que os tecidos de origem, entretanto, em tumores pobremente
diferenciados, ocorre a diminuição ou perda de expressão de algumas destas integrinas
(VIRTANEN et al, 1990).
Jones et al (1993) avaliaram a distribuição das subunidades de integrina α
2,
α
3,
α
6,
β
1
e β
4
em epitélio normal, hiperplásico, displásico e em carcinoma de células
escamosas. Observou-se que a expressão destas integrinas foi maior na camada basal
dos espécimes de epitélio normal, enquanto que no epitélio displásico e no hiperplásico
adjacente a áreas de ulceração, a marcação nas camadas suprabasais esteve mais
pronunciada. Com relação aos carcinomas de células escamosas, verificou-se que 13
dos 17 casos avaliados apresentaram perda de expressão da maioria das integrinas,
sendo verificada inclusive esta perda em relação as integrinas α
2
e α
3
. Os autores
concluíram que, uma vez que as integrinas regulam não apenas a adesão dos
ceratinócitos, mas também a diferenciação dos mesmos, as alterações na expressão
destas proteínas transmembrana podem apresentar papel relevante no comportamento
individual dos tumores.
Dumont e Bitonti (1994) verificaram o papel da PMA, substância que é
responsável pela fosforilação de algumas subunidades de integrinas, dentre estas a α
1,
α
2
e α
3
, no processo de metástase, utilizando para isto uma linhagem de células de
melanoma metastático. Constatou-se que o tratamento com a referida substância
proporcionou um aumento na fosforilação tanto da α
3
quanto da α
1
, entretanto o
43
apresentou nenhum efeito na α
2
. Estes resultados sugerem que a fosforilação da α
3
β
1
através da PMA pode explicar a facilitação de metástases através da ativação da
proteinoquinase C (PKC).
Kosmehl et al (1995) pesquisaram a expressão de algumas proteínas da matriz
extracelular (fibronectina, laminina e colágeno IV) e das integrinas α
2
β
1,
α
6
e α
5
em 25
espécimes de carcinomas de células escamosas orais e 6 espécimes de mucosa oral
normal. Nos espécimes de mucosa normal verificou-se que a expressão das integrinas
α
2
β
1
e α
6
esteve restrita às camadas basal e parabasal, enquanto a α
5
expressou-se
descontinuamente na interface entre as células da camada basal e a membrana basal. As
integrinas α
2
β
1
e α
6
também foram expressas nos carcinomas, onde foi verificada uma
expressão da α
2
β
1
semelhante à mucosa normal nas lesões bem diferenciadas,
observando-se um aumento na expressão da α
6
e uma redução na expressão da α
5
nos
casos de carcinoma. Adicionalmente, constatou-se que a alta atividade proliferativa,
verificada através da expressão do Ki-67, que esteve associada com uma redução na
expressão das integrinas α
2
β
1
e α
6,
levando os autores a concluir que uma possível
participação destas integrinas na patogênese dos carcinomas.
Azuma et al (1996) avaliaram a expressão das integrinas α
2
, α
3
, α
6
e
β
1
em
clones de células de glândula salivar normal, bem como nos tumores malignos das
referidas glândulas. A marcação por imunofluorescência bem como a análise por
“immunobloting” revelou que as subunidades α
2
, α
3
e α
6
estiveram marcadamente
reduzidas nos clones de células metastáticas, enquanto que a subunidade β
1
não
apresentou diferença significativa entre os grupos estudados. Entretanto, quando
adicionado ao meio o TGF-β
1
, observou-se uma maior expressão da subunidade β
1
nas
células normais. Os autores sugeriram que a redução da expressão das subunidades α
2
,
α
3
e α
6
teria uma relação inversamente proporcional com o grau de malignidade celular,
especialmente com a α
2
, e que o TGF-β
1
é um fator regulador positivo na expressão da
subunidade β
1
nas células normais mas não nos clones malignos.
Franchi et al. (1997) compararam o padrão de expressão imuno-histoquímico das
integrinas α
2
, α
3,
α
4
, α
5
, α
6
e α
v
em uma rie de tumores benignos e malignos
(carcinomas) das glândulas salivares. Foi observado que as subunidades α
2
e α
3
foram
44
expressas em todos os casos de tumores benignos, com a imunomarcação localizando-se
não apenas na interface epitélio-mesênquima, mas também nos contatos célula-célula. A
α
5
esteve expressa em 76,9% dos casos, com distribuição preferencial nas áreas de
deposição de matriz (tanto condróide quanto mixóide). Quanto aos tumores malignos, a
expressão da α
2
e α
3
foi observada em quase todos os casos, variando de focal a difusa,
exceto em um caso de carcinoma de células acinares, o qual apresentou metástase para
linfonodos, e não exibiu marcação para as referidas integrinas.Quanto à α
5
, nenhum dos
casos dos carcinomas apresentou-se positivo. Os autores sugerem que a perda de
expressão de algumas subunidades de integrinas , bem como a manutenção de algumas
outras, pode ser uma etapa essencial para a sobrevida celular e também um favorecedor
para um perfil proliferativo das células neoplásicas malignas.
Lundström et al (1998) verificaram os mecanismos moleculares envolvidos na
adesão de uma linhagem de células malignas de mama à matriz óssea. Inicialmente
foram direcionados anticorpos monoclonais contra as subunidades α
2
, α
3
e α
5
impedindo-as de se ligarem ao osso. Os autores verificaram que ao não se aderirem às
integrinas, as células não proliferaram, sugerindo portanto que as integrinas,
especialmente a α
2
β
1
e
α3β
1
, são essenciais para a adesão destas células malignas à
matriz óssea extracelular.
Thorup et al (1998) avaliaram a expressão imuno-histoquímica das integrinas
α
2
β
1,
α
3
β
1,
α
6
β
4
bem como da laminina-5 em 18 casos de carcinomas de células
escamosas, 21 casos de leucoplasias e 11 espécimes de mucosa oral com inflamação
crônica. Verificou-se uma redução na expressão das integrinas α
3
β
1
e α
6
β
4
bem como da
laminina-5 no front invasivo dos carcinomas de células escamosas pobremente
diferenciados, enquanto que houve um ligeiro aumento na expressão da α
2
β
1
na referida
região. Nas leucoplasias e nas mucosas orais com inflamação observou-se também
pequena redução na expressão da α
3
β
1,
α
6
β
4
e laminina-5 nas células da camada
suprabasal. Os autores correlacionam a alteração de expressão das integrinas e da
laminina-5 à condição patológica propriamente dita, inclusive nos casos associados à
inflamação, cujas células epiteliais sofrem efeito dos produtos das células inflamatórias
(proteases e citocinas).
45
Shaw (1999) relatou que a integrina α
2
β
1
apresenta-se expressa normalmente nas
células luminais bem como nas células mioepiteliais de mama. Sua expressão é mantida
em lesões benignas, como nos fibroadenomas e doenças fibrocísticas. Entretanto, sua
expressão reduz sensivelmente com o estágio de diferenciação dos adenocarcinomas de
mama. Especificamente as lesões pobremente diferenciadas expressam níveis baixos ou
quase ausência de expressão da α
2
β
1
. Estes achados sugerem que a integrina α
2
β
1
é
importante para a manutenção da diferenciação e controle da proliferação das células
epiteliais da mama, e que sua perda de expressão é um importante determinante na
progressão para um carcinoma invasivo.
Cai et al (2000) pesquisaram os efeitos do TGF-β
1
na expressão da integrina
α
5
β
1
em linhagens de lulas de carcinoma hepatocelular. Observou-se que houve uma
redução na expressão desta integrina em um grupo sem tratamento com o TGF-β
1
,
enquanto que no grupo submetido ao referido tratamento, houve um aumento na
expressão desta integrina, inclusive nos níveis de RNAm da subunidade α
5
, estimulando
desta forma a adesão celular à fibronectina e laminina, e promovendo a migração
celular, sugerindo portanto que o TGF-β
1
pode regular o comportamento das células
tumorais através da sinalização mediada por integrinas, especialmente a α
5
β
1.
Adachi et al (2000) avaliaram a expressão da integrina α
5
β
1,
através da imuno-
histoquímica e RT-PCR, em 20 linhagens celulares de câncer de pulmão e em 88
espécimes retirados de pacientes com câncer de pulmão que não apresentavam
envolvimento linfonodal. Foi observado que dos 88 espécimes relatados, 44 (50%)
apresentaram uma expressão mais intensa da integrina α
5
β
1
, e que essa superexpressão
esteve associada com o estágio de diferenciação e com a idade dos pacientes. Foi
constatado ainda que os pacientes que apresentaram a superexpressão da referida
integrina tiveram um índice de sobrevida significativamente inferior do que aqueles que
não apresentaram. Os autores concluíram que a superexpressão da integrina α
5
β
1
pode
ser um fator preditivo para um pior prognóstico nos pacientes com câncer de pulmão
sem envolvimento linfonodal.
Loducca et al (2000) observaram a presença e distribuição do colágeno IV e
laminina, bem como de seus ligantes (α
2
β
1
e
α
3
β
1
) em 5 casos de adenocarcinoma
46
polimorfo de baixo grau e 5 casos de carcinoma adenóide cístico, com o intuito de
verificar diferenças histoarquiteturais entre estas duas entidades. O adenocarcinoma
polimorfo de baixo grau apresentou um padrão de expressão delgado ao redor das
estruturas ductais para a laminina e o colágeno IV, bem como uma forte marcação para
as integrinas α
2
β
1
e
α
3
β
1
. Já o carcinoma adenóide cístico apresentou expressão de
forma espessa para as proteínas da matriz ao redor das estruturas ductais, cribiformes ou
tubulares, enquanto as integrinas foram expressas nos espaços intercelulares e ao redor
das células luminais das estruturas tubulares. A expressão destas proteínas da matriz e
de seus ligantes (integrinas) levaram os autores a considerar que as estruturas ductais do
adenocarcinoma polimorfo de baixo grau apresentam camada única, enquanto as que
compõem o carcinoma adenóide cístico apresentam estruturas ductais compostas por
dupla camada de células neoplásicas.
Kawashima et al (2001) verificaram o efeito do TNF-α sobre as integrinas α
2
β
1
e α
5
β
1
na linhagem de células OST de osteossarcomas através da cultura de células, RT-
PCR e imunofluorescência. Observou-se que as células OST que foram estimuladas
pelo TNF-α tiveram não a adesão à matriz extracelular, mas também a migração
celular potencializada. Os autores através deste estudo sugeriram que a expressão da
α
2
β
1
, quando aumentada, favorece uma maior adesão e migração celular,
correlacionando o fato, desta forma, com uma maior habilidade metastática para estas
células. Já a α
5
β
1
favoreceu uma maior habilidade para a migração das células na
fibronectina, porém não afetou a adesão celular com a referida proteína. Destarte, a
superexpressão da integrinas α
2
β
1
e α5β
1
parece contribuir para um maior potencial de
invasão e metástase tumoral.
Araújo et al (2001) avaliaram a expressão das integrinas β
1,
β
3
e β
4
em 8 casos de
carcinoma adenóide cístico e 5 casos de adenocarcinoma polimorfo de baixo grau com o
intuito de ter subsídios adicionais para a distinção histopatológica entre a variante
cribiforme de ambas as entidades.Observou-se que todas as integrinas estiveram
expressas nas estruturas cribiformes do adenocarcinoma polimorfo de baixo grau,
exibindo um padrão bipolar, enquanto que no carcinoma adenóide cístico os espaços
cribiformes apresentaram células luminais negativas para as integrinas estudadas.
Concluiu-se, portanto, que as áreas cribiformes de ambas lesões apresentam-se similares
47
histologicamente, entretanto ultraestruturalmente são diferentes. Os autores concluíram
que a avaliação da expressão imuno-histoquímica das integrinas pode servir como
critério adicional para distinção entre essas lesões.
Owens e Watt (2001) verificaram se a expressão das integrinas na camada
suprabasal pode alterar a susceptibilidade dos ceratinócitos para transformação maligna,
utilizando para isto ratos transgênicos nos quais observou-se a expressão das integrinas
α
2
β
1
e α3β
1
nas células da camada epitelial referida. Estes ratos foram submetidos a um
protocolo de carcinogênese química que permite o desenvolvimento de neoplasias
benignas (papilomas) e malignas (carcinoma de células escamosas). Observou-se que os
ratos transgênicos para α
3
β
1
apresentaram índice de transformação neoplásica menor do
que os transgênicos para a α
2
β
1
bem como os do grupo controle. Esses resultados
levaram os autores a sugerir que a integrina α
3
β
1
pode suprimir a transformação
maligna por mecanismos que ainda não estão completamente esclarecidos.
De acordo com Fornaro, Manes e Languino (2001), a maioria das subunidades α
das integrinas apresenta níveis mais reduzidos nos adenocarcinomas de próstata,
enquanto a expressão da subunidade β
1
esteve aumentada nas referidas lesões. Uma vez
que se observa um aumento na expressão quando as subunidades α
estão formando
heterodímeros com a subunidade β, os autores sugeriram uma mudança na composição
estrutural da integrina na progressão do câncer de próstata.
Pichard et al. (2001) estudaram os efeitos do EGF (fator de crescimento
epidérmico) e os componentes da MEC na etiopatogênese dos adenocarcinomas. Para
isto, foi realizado um estudo “in vitro” através de cultura de uma linhagem celular
HT29-D4 de adenocarcinomas de cólon onde o papel do EGF e do colágeno IV foi
examinado na adesão celular. Foi observado que o EGF mediou um aumento na adesão
celular essencialmente através da integrina α
2
β
1
. Através da citometria de fluxo
verificou-se ainda que o efeito do EGF se deu através de um aumento da ativação da
α
2
β
1
e não por um aumento numérico na expressão na superfície celular da referida
integrina, provavelmente por um mecanismo de fosforilação FAK EGF-dependente.
48
Dyce et al (2002) verificaram o padrão de expressão das integrinas α
2,
α
3,
α
5,
α
6,
β
1
e β
4
em duas linhagens celulares de carcinoma de células escamosas de cabeça e
pescoço de comportamento biológico distinto, sendo uma a UM-SCC-1, de
comportamento mais agressivo, e a outra a JHU-022-SCC, de comportamento menos
agressivo. Observou-se que as subunidades α
2
β
1
e α
3
β
1
estiveram expressas com maior
intensidade na linhagem UM-SCC-1, levando os autores a justificar o fato a uma maior
afinidade das células através destas integrinas com a laminina-5, justificando uma
motilidade celular mais significativa para estas células, denotando por conseqüência um
comportamento mais agressivo para a referida linhagem celular.
Su et al (2002) analisaram o padrão de expressão da FAK (quinase de adesão
focal) e das integrinas α
5
e β
1
em diferentes tipos de carcinomas, dentre eles o gástrico,
colorretal, hepatocelular, uterocervical e de pulmão. Verificou-se que as integrinas α
5
e
β
1
exibiram redução na sua expressão de acordo com o grau de diferenciação de todos
os tumores referidos, onde a expressão foi mais fraca nos carcinomas pobremente
diferenciados, sendo intermediária nos casos bem diferenciados e maior nos tecidos
normais que foram utilizados como controle. Adicionalmente, verificou-se que em
alguns tumores essa redução foi mais significativa, destacando-se o carcinoma de
pulmão e o uterocervical. Os autores concluíram que as integrinas α
5
e β
1
apresentaram
participação efetiva na diferenciação, mas não na invasão e metástase das células
tumorais.
Prifti et al (2002) realizaram um estudo com intuito de determinar se existe uma
correlação entre as integrinas e componentes do sistema plasminogênio com a invasão
das células tumorais em linhagens de células endometriais malignas. Inspirados neste
propósito, foi realizada a imunocitoquímica com anticorpos para α
2
β
1
e α
5
β
1
, dentre
outras integrinas, e posteriormente a imunorreatividade dos componentes do sistema
plasminogênio foi verificada pelo teste ELISA. Os anticorpos direcionados a estas
integrinas inibiram a adesão das células à fibronectina e laminina no matrigel, sugerindo
portanto um papel regulatório destas integrinas na invasão de linhagens de células
neoplásicas endometriais malignas.
49
Whittard et al (2002) verificaram uma possível interação entre a E-caderina e a
integrina α
2
β
1
. Diante desta premissa, foi utilizada cultura de células de fibrossarcomas
humanos, as quais interagem com a E-caderina. Inicialmente, foram dirigidos anticorpos
antifuncionais para a integrina α
2
β
1
, verificando em seguida uma redução na expressão
das E-caderinas. Diante destes achados, os autores concluíram que a E-caderina, que
usualmente realiza interações homotípicas, também participa de ligações heterotípicas
com a α
2
β
1
. Eles ainda utilizaram estas informações para a pele, sugerindo que as
interações entre as integrinas e a E-caderina no epitélio pavimentoso da pele,
especialmente nas células da camada basal e suprabasal, são necessárias na regulação da
estratificação epitelial e na manutenção da estrutura epidérmica.
Lindberg et al. (2002) avaliaram o papel da superexpressão da cerbB2
diretamente implicada na patogênese do carcinoma de mama utilizando para isto cultura
de células HB2 e verificando-se os resultados através de citometria de fluxo de Western
Blot. Foi verificado que esta superexpressão apresentou influência direta na inativação
das integrinas, especialmente a α
2
β
1,
causando destarte
uma disrupção das células ao
colágeno, diminuindo sua adesão ao mesmo, favorecendo uma disseminação destas
células.
Jayne et al (2002) investigaram a correlação da expressão de algumas proteínas
da matriz extracelular (fibronectina, laminina e colágeno IV), bem como da integrina
α
5
β
1,
com os índices de apoptose e proliferação celular no câncer retal, avaliando
subseqüentemente a resposta ao tratamento quimioradioterápico. Foi utilizada uma
amostra de 32 pacientes com carcinoma de reto, sendo realizadas biópsias pré e pós-
tratamento quimioradioterápico, sendo realizada uma comparação entre as mesmas.
Verificou-se que 18 casos apresentaram insucesso no tratamento, enquanto que 14
tiveram boa resposta, havendo remissão total em 5 dos casos. Da amostra total, 22
espécimes apresentaram moderada ou intensa marcação para a fibronectina, enquanto
que esta expressão foi vista em 18 casos para a laminina e em 5 casos para o colágeno
IV. A expressão da integrina α
5
β
1
teve correlação significativa com a fibronectina e
também com a resposta ao tratamento quimioradioterápico, onde se verificou que os
tumores que apresentaram boa resposta ao referido tratamento exibiram marcação mais
intensa para a α
5
β
1.
Os autores concluíram que a expressão da integrina α
5
β
1
pode ser
50
utilizada como parâmetro fidedigno na verificação dos casos de carcinomas retais que
apresentam maior chance de êxito no tratamento quimioradioterápico.
Karmakar e Mukherjee (2003) pesquisaram “in vitro” as interações existentes
entre as integrinas e as proteínas da matriz extracelular no processo de invasão celular e
metástase, utilizando uma linhagem de células de adenocarcinoma de cólon.
Inicialmente verificou-se que, adicionando o TNF-α ao meio, houve uma
superexpressão das proteínas referidas. Em seguida, foram utilizados anticorpos
bloqueadores para os receptores de integrinas como as α
2
β
1
, α
4
β
1
e α
5
β
1,
bem como as
integrinas β
2
. Observou-se que houve uma redução significativa na adesão celular,
levando os autores a sugerir que estas integrinas são essenciais no processo de metástase
a sítios secundários específicos através de interações célula-célula bem como célula-
matriz extracelular.
Han et al (2003) analisaram a distribuição das integrinas α
5
e
β
1
e das proteínas
de matriz extracelular (colágeno IV, laminina e fibronectina) em pacientes com
carcinomas de células grandes do pulmão, fazendo uma correlação entre os diferentes
tipos histológicos, bem como correlação com metástase linfonodal. Foi observado que a
superexpressão das integrinas α
5
e β
1
esteve associada com a metástase linfonodal nas
referidas patologias. Segundo estes autores, a ligação da α
5
β
1
à fibronectina favorece a
sobrevida celular e provavelmente está mediada pela superexpressão da bcl-2.
Observou-se ainda que os adenocarcinomas apresentaram uma maior expressão da α
5
β
1
em relação ao carcinoma de células escamosas, reforçando desta forma a maior
propensão metastática dos adenocarcinomas.
Pochec et al (2003) observaram o perfil da glicosilação da integrina α
3
β
1
em
uma linhagem celular humana do melanoma. Para isto, foram separados dois grupos:
um oriundo de melanoma não-metastático e outro oriundo do melanoma metastático.
Foi observado que a glicosilação no domínio ligante da integrina α
3
β
1
esteve presente
apenas na linhagem de células metastáticas, sugerindo que esta glicosilação em células
do melanoma está relacionada a uma maior capacidade de invasão durante a progressão
da lesão. Desta forma, corrobora-se o fato de que a glicosilação das integrinas está
implicada na modulação de suas afinidades.
51
Yamanaka et al (2003) compararam a expressão das integrinas em uma cultura
de células de adenocarcinoma cervical, onde um grupo foi tratado com o EGF, enquanto
o outro esteve isento deste tratamento. Dentre várias integrinas testadas, foi verificado
que a α
2
β
1
esteve superexpressa após o tratamento com o EGF e que este exerceu um
papel importante na progressão e disseminação das células neoplásicas. Foi sugerido,
portanto que esse aumento na migração celular esteve relacionado diretamente a um
maior número de receptores para a α
2
β
1
favorecendo a disseminação das células
neoplásicas através da interação da α
2
β
1
especialmente com o colágeno IV e também
com a fibronectina.
Loducca et al (2003) avaliaram o padrão de expressão das integrinas β
1,
β
3
e
β
4
em 7 casos de adenocarcinoma polimorfo de baixo grau, 10 casos de carcinoma
adenóide cístico e 3 casos de carcinoma de células acinares, comparando seus
respectivos resultados com os de 5 espécimes de glândula salivar normal. Observou-se
que as estruturas neoplásicas dos tumores estudados apresentaram expressão das
referidas integrinas semelhante às estruturas normais das glândulas salivares.
Entretanto, nos carcinomas adenóides císticos observou-se que nas células neoplásicas
que circundavam os espaços pseudocísticos, esta expressão apresentou-se escassa, fato
também observado nas células anaplásicas presentes na variante sólida do carcinoma
adenóide cístico. Este padrão de expressão levou os autores a concluir que esta variação
se deve ao comportamento mais agressivo do carcinoma adenóide cístico.
Evans et al (2004) verificaram a freqüência de mutações no domínio I da
subunidade da integrina β
1
em uma amostra de 124 casos de carcinomas de células
escamosas de boca. Para este estudo, foi investigada uma possível mutação em tecidos
tumorais, utilizando-se como comparação amostras de mucosa normal e de sangue.
Foram detectadas seis alterações nucleotídicas simples na seqüência referida, as quais
estiveram presentes tanto nos tecidos tumorais quanto nos tecidos sadios. Os autores
concluíram que tais alterações não correspondiam a mutações adquiridas durante o
curso da doença, reforçando que essas mutações são incomuns nos carcinomas de
células escamosas.
52
Miguel (2005) avaliou a expressão imuno-histoquímica das integrinas α
2
β
1
, α
3
β
1
e α
5
β
1
em 14 casos de adenoma pleomórfico de glândula salivar maior, 14 casos de
adenoma pleomórfico de glândula salivar menor e em 10 casos de carcinoma adenóide
cístico. Foi verificado que houve diferença estatisticamente significativa para a integrina
α
2
β
1
entre os dois tumores, com os adenomas pleomórficos apresentando marcação mais
intensa. Adicionalmente, verificou-se que o subtipo sólido apresentou expressão ausente
ou reduzida das referidas. A autora concluiu que a reduzida expressão da α
2
β
1
nos
carcinomas adenóides císticos pode estar relacionada com a menor diferenciação celular
neste tumor, e que a reduzida expressão da α
5
β
1
pode estar implicada no comportamento
mais agressivo do subtipo sólido do carcinoma adenóide cístico.
53
3- PROPOSIÇÃO
O presente estudo teve como objetivo avaliar a expressão imuno-histoquímica
das integrinas α
2
β
1
, α
3
β
1
e α
5
β
1,
as quais correspondem respectivamente aos ligantes de
maior afinidade para o colágeno IV, laminina e fibronectina, em cistos dentígeros
incipientes e folículos pericoronários espessados, com o intuito de fornecer subsídios
adicionais que reforcem a possibilidade de distinção histopatológica entre as referidas
entidades, fato de grande controvérsia na literatura.
54
4- MATERIAL E MÉTODOS
4.1- CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO
O presente estudo consistiu de uma pesquisa descritiva
constituída pela observação, e registro da expressão imuno-
histoquímica das integrinas α
αα
α2β
ββ
β1, α
αα
α3β
ββ
β1 e α
αα
α5β
ββ
β1 em cistos dentígeros
incipientes e folículos pericoronários espessados, objetivando realizar
uma análise comparativa da expressão destes marcadores entre as
referidas entidades.
4.2- POPULAÇÃO
Do total de casos registrados e diagnosticados nos arquivos do
Serviço de Anatomia Patológica da Disciplina de Patologia Oral da
Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte/UFRN, foram selecionados os casos de cistos dentígeros
incipientes e folículos pericoronários espessados que constituíram a
amostra.
4.3- AMOSTRA
A amostra foi constituída por 21 casos de cistos dentígeros
incipientes e 23 casos de folículos pericoronários espessados, todos
emblocados em parafina, obtidos nos arquivos do Serviço de Anatomia
Patológica da Disciplina de Patologia Oral da Faculdade de
Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN.
Foram utilizados, como critérios de inclusão, o relato da hipótese
diagnóstica de cisto dentígero ou folículo pericoronário, dado constante
na ficha clínica encaminhada pelo cirurgião-dentista para realização
do exame anatomo-patológico. Os critérios histopatológicos para
55
eleição dos casos foram os seguintes: para o cisto dentígero deveria ser
observado epitélio de revestimento da cavidade cística, o qual era do
tipo pavimentoso estratificado, delgado e com áreas de continuidade,
disposto por toda extensão de uma cápsula conjuntiva de densidade
variável. Já para os folículos pericoronários foi observado um epitélio
do tipo reduzido do órgão do esmalte, o qual se caracterizava por ser
um epitélio cúbico simples, delgado e descontínuo, disposto em tecido
conjuntivo fibroso frouxo. Como critério de exclusão da amostra,
foram descartados os casos que não apresentaram a dúvida do
cirurgião-dentista quanto ao fato de se tratar de um cisto dentígero ou
de um folículo pericoronário. Adicionalmente, foram excluídos da
pesquisa os espécimes de folículo pericoronário que não apresentaram
uma quantidade considerável de epitélio reduzido do órgão do esmalte,
bem como os espécimes de cisto dentígero que apresentaram grande
concentração de células inflamatórias na cápsula cística.
4.4- ESTUDO MORFOLÓGICO
Para o estudo morfológico, foram utilizadas lâminas com cortes
de 5 µm de espessura do material incluído em blocos de parafina,
corado pela técnica da Hematoxilina/Eosina (descrita adiante) e
posteriormente examinados à microscopia de luz. Foi então realizada
uma análise descritiva dos aspectos histológicos observados nos cistos
dentígeros incipientes e folículos pericoronários espessados.
4.5- ESTUDO IMUNO-HISTOQUÍMICO
Do material emblocado em parafina foram obtidos cortes dem
de espessura e estendidos em lâminas de vidro previamente limpas e
preparadas com adesivo à base de Organosilano (3-
56
aminopropyltriethoxi-silano, Sigma Chemical Co, St Louis, MO, USA).
O material foi posteriormente submetido a anticorpos para as
integrinas α
αα
α2β
ββ
β1, α
αα
α3β
ββ
β1 e α
αα
α5β
ββ
β1 (conforme protocolo descrito no Quadro
1). Empregou-se, nesta técnica imuno-histoquímica, o método da
estreptoavidina-biotina (SABC- streptoavidin biotin complex),
utilizando o sistema de amplificação CSA (catalized signal
amplification).
QUADRO 1- Especificidade, clone, recuperação antigênica, diluição e tempo de
incubação dos anticorpos utilizados
ESPECIFICIDA
DE
CLONE
RECUPERAÇÃO
ANTIGÊNICA
DILUIÇÃ
O
TEMPO DE
INCUBAÇÃ
O
Integrina α
αα
α2β
ββ
β1 *
BHA
2,1
Pepsina 0,5%
(Estufa
37
0
C/30Minutos)
1/1000 60 minutos
Integrina α
αα
α3β
ββ
β1*
M-
KD
102
Pepsina 0,5%
(Estufa
37
0
C/30Minutos)
1/500 60 minutos
Integrina α
αα
α5β
ββ
β1*
FBS
5
Pepsina 0,5%
(Estufa
37
0
C/30Minutos)
1/1000 60 minutos
* (Chemicon International, Temeluca, CA, USA)
TÉCNICA DA IMUNO-HISTOQUÍMICA- SABC
Xilol I a 59º C (30 minutos)
Xilol II a temperatura ambiente (20 minutos)
Álcool absoluto I (5 minutos)
Álcool absoluto II (5 minutos)
Álcool absoluto III (5 minutos)
Álcool 95º GL (5 minutos)
57
Álcool 80º GL (5 minutos)
Hidróxido de amônia a 10% em etanol 95º GL (10 minutos)
Lavagem em água corrente (10 minutos)
Água destilada (dupla passagem de 5 minutos cada)
Recuperação antigênica: (Otimizada por Andrade, 2003)
Água corrente (10 minutos)
Água destilada (dupla passagem de 5 minutos cada)
Bloqueio da peroxidase endógena com peróxido de hidrogênio a
3%, durante 20 minutos
Lavagem em água corrente (10 minutos)
Água destilada (dupla passagem de 5 minutos cada)
Imersão em solução tampão de TRIS-HCL, pH 7.4, dupla
passagem de 5 minutos cada, (tris- hidroximetil-aminometano,
Sigma Chemical, St Louis, MO, USA)
Incubação com BSA (albumina de soro bovino a 1%) em PBS
(solução tampão de fosfato) por 60 minutos a temperatura
ambiente, para supressão das ligações inespecíficas com
reagentes subseqüentes
Incubação dos cortes com o anticorpo primário para as
integrinas α
αα
α2β
ββ
β1, α
αα
α3β
ββ
β1 e α
αα
α5β
ββ
β1 (Ver especificações no Quadro 1)
diluídos em solução de BSA (albumina de soro bovino a 1%
conservada em azida sódica a 0,1%/ BSA- Bioset S/A, São Paulo,
Brasil) em TRIS HCl, pH 7.4
Dupla lavagem de 5 minutos cada, em solução de Tween 20 a 1%
em TRIS-HCL, pH 7.4, para melhor identificação das integrinas
Incubação por 15 minutos em cada um dos regentes seqüenciais
do kit CSA (Catalized Signal Amplification- System for mouse
primary antibodies-Dako, K1500, Carpinteria, CA) que são:
58
anticorpo secundário, complexo estreptoavidina biotina,
reagente amplificador e estreptoavidina peroxidase
Dupla lavagem de 5 minutos cada, em solução de Tween 20 a 1%
em TRIS-HCL, pH 7.4
Revelação da reação com a solução cromógena
Diaminobenzidina a 0,03% (Sigma Chemical Co, St Louis,
MO, USA) diluída em 100 ml de TRIS-HCL, ativada por 600 µ
µµ
µl
de peróxido de hidrogênio a 10 volumes em câmara escura (3
minutos)
Lavagem em água corrente (10 minutos)
Lavagem em água destilada
Contracoloração com Hematoxilina de Mayer (10 minutos)
Água corrente (10 minutos)
Água destilada (dupla passagem de 5 minutos cada)
Álcool 70º GL (2 minutos)
Álcool 95º GL (2 minutos)
Álcool absoluto I (3 minutos)
Álcool absoluto II (3 minutos)
Álcool absoluto III (3 minutos)
Xilol I (5 minutos)
Xilol II (5 minutos)
Xilol III (5 minutos)
Montagem em Permount® (Fischer Scientific, Fair Lawn, NJ,
USA)
4.6- ANÁLISE DO PERFIL IMUNO-HISTOQUÍMICO
A expressão imuno-histoquímica das integrinas α
αα
α2β
ββ
β1, α
αα
α3β
ββ
β1 e
α
αα
α5β
ββ
β1 em cistos dentígeros incipientes e folículos pericoronários
59
espessados foi analisada verificando-se a presença ou ausência, a
intensidade e o padrão de distribuição da marcação. Com relação à
intensidade de marcação foram atribuídos os escores 0, 1 e 2, os quais
correspondem respectivamente a ausência, fraca e forte marcação.
Esta intensidade foi avaliada de uma forma geral no espécime, e
também em locais específicos como a interface epitélio/ tecido
conjuntivo, nos contatos intercelulares e nas ilhotas de epitélio
odontogênico. No tocante aos contatos intercelulares, especificamente
nos cistos dentígeros, estes foram avaliados separadamente nas
camadas basal e suprabasal, em virtude da estratificação presente no
referido epitélio, diferentemente dos folículos pericoronários, que por
apresentarem epitélio com camada única de células, não necessitaram
desta distinção entre camadas. Com relação ao padrão de distribuição,
a marcação focal foi estabelecida para os casos onde esta esteve
presente em agrupamentos de células, independente do número destas,
enquanto que o padrão difuso foi estabelecido nos casos onde a
marcação foi homogênea nas células por todo o espécime. As amostras
foram analisadas por um único observador em um microscópio de luz
com um aumento de 400x (LEICA ATC 2000) em dois momentos
distintos. Os achados foram então descritos e tabulados em fichas
específicas (anexo 1 e 2), objetivando a posterior análise comparativa
dos resultados obtidos.
4.7- ANÁLISE ESTATÍSTICA
Os resultados obtidos foram submetidos à análise estatística, a fim de
confirmar ou refutar as hipóteses propostas no presente estudo. Para tanto, os dados
foram digitados no programa Statistical Package SPSS
®
versão 10.0 para ambiente
windows (SPSS Inc. Chicago, Illinois,1999), onde foram realizadas as referidas
análises.
60
A existência ou não de distribuição normal dos dados não foi verificada, em
virtude de estes serem representados por escores, o que nos remete à realização de uma
análise não paramétrica. Esses dados referem-se ao desfecho, intensidade de marcação
(variável dependente), das integrinas α2β1, α3β1 e α5β1 para as entidades cisto
dentígero incipiente e folículo pericoronário, nas ilhotas de epitélio odontogênico, nos
contatos intercelulares e na interface epitélio/ tecido conjuntivo (variáveis
independentes). Ademais, foi avaliado o padrão de distribuição (variável independente)
de marcação para as referidas integrinas nas duas entidades estudadas.
Portanto, para a comparação da intensidade geral de marcação das três integrinas
em cada uma das entidades, realizou-se o teste de Kruskal-Wallis, seguido do pós-teste
de comparação múltipla de Dunn, desde que o primeiro mostrasse diferença
significativa. Esse mesmo teste foi utilizado quando foi comparada a intensidade de
marcação nos contatos intercelulares, ilhotas de epitélio odontogênico e na interface
epitélio/ tecido conjuntivo para cada uma das entidades. Quando a comparação da
intensidade geral e por localização de marcação foi realizada entre as entidades para
cada uma das integrinas, o teste estatístico utilizado foi o de Mann-Whitney. O nível de
significância foi estabelecido em 95% (α=0,05).
No tocante à distribuição de marcação (se focal ou difusa) para cada uma das
integrinas em relação às entidades estudadas, foi utilizado o teste do qui-quadrado que
estabelece uma possível associação entre o tipo de entidade e o tipo de distribuição de
marcação para cada uma das integrinas.
Para todos os testes estatísticos utilizados, o nível de significância estabelecido
foi de 95% (α=0,05).
4.8- IMPLICAÇÕES ÉTICAS
O projeto de pesquisa a ser desenvolvido foi submetido à apreciação do Comitê
de Ética e Pesquisa desta instituição, o qual aprovou o projeto através do parecer n
o
85/2004, constante em anexo.
61
5. RESULTADOS
A análise da expressão imuno-histoquímica das integrinas α
2
β
1,
α
3
β
1
e α
5
β
1
nos
folículos pericoronários espessados e cistos dentígeros incipientes foi efetuada através
da microscopia de luz. Observou-se que todos os casos apresentaram marcação positiva
para as referidas integrinas, entretanto algumas peculiaridades foram identificadas para
cada integrina e para cada entidade avaliada.
A integrina α
2
β
1
exibiu predominantemente um padrão de marcação discreto
para os espécimes de folículos pericoronários espessados, onde 20 (86,96%) dos 23
casos apresentaram esta característica. Foi observado que esta marcação apresentou
distribuição difusa e granular em todos os casos, sendo identificada a referida expressão
nos contatos célula- célula e na interface epitélio/tecido conjuntivo. Do total de folículos
pericoronários espessados avaliados,15 (83,33%) apresentaram marcação discreta para a
α
2
β
1
nas ilhotas de epitélio odontogênico, enquanto que 3 (16,67%) apresentaram
marcação intensa. Em 5 casos de folículos pericoronários espessados não foram
identificadas ilhotas de epitélio odontogênico dispersas pelo tecido conjuntivo (Figuras
1-2).
para os cistos dentígeros incipientes, a integrina α
2
β
1
exibiu marcação intensa
em 14 (66,67%) dos 21 casos, enquanto que em 7 (33,33%) verificou-se uma discreta
marcação. Foi observado que esta marcação apresentou distribuição difusa e granular
em todos os casos, e que a mesma foi identificada nos contatos célula- célula e na
interface epitélio/ tecido conjuntivo. Adicionalmente, verificou-se uma tendência de
marcação mais intensa das células da camada basal do limitante epitelial em
comparação com as células da camada suprabasal. Apenas 8 (38,10%) dos 21 casos de
cistos dentígeros incipientes apresentaram ilhotas de epitélio odontogênico, e em todos
estes casos o padrão de marcação para a integrina α
2
β
1
foi discreto (Figuras 3-4).
62
Em relação à integrina α
3
β
1
, verificou-se um padrão de marcação discreto na
maioria dos folículos pericoronários espessados avaliados (86,96%), enquanto que
apenas 3 casos (13,04%) exibiram uma marcação intensa. Observou-se ainda que a
maioria dos casos apresentou um padrão de distribuição focal (82,6%), enquanto que 4
casos (17,4%) revelaram um padrão de distribuição difuso. A marcação para a integrina
α
3
β
1
também apresentou aspecto granular no citoplasma das células epiteliais.
Adicionalmente, não se verificou diferença na intensidade de marcação para esta
integrina entre as células da camada basal e as células da camada suprabasal do
limitante epitelial. Em 17 casos foram identificadas ilhotas de epitélio odontogênico,
dos quais 15 destes (88,24%) exibiram discreta marcação para a α
3
β
1
, enquanto que 2
casos (11,76%) apresentaram intensa marcação (Figuras 5-6).
Quanto aos cistos dentígeros incipientes, a expressão da integrina α
3
β
1
revelou-
se discreta em 11 casos (52,28%), enquanto que em 10 (47,62%) apresentou-se intensa.
Foi verificado que o padrão de distribuição da α
3
β
1
foi difuso e de aspecto granular em
todos os casos, sendo identificada esta expressão nos contatos célula-célula e na
interface epitélio/tecido conjuntivo. Não foi observada diferença de expressão para a
referida integrina entre as células da camada basal e suprabasal do limitante epitelial.
Apenas 8 (38,10%) dos 21 casos exibiram ilhotas de epitélio odontogênico, dos quais 6
(75%) apresentaram discreta marcação para a α
3
β
1
e 2 (25%) apresentaram intensa
marcação para esta integrina (Figuras 7-8).
Em se tratando da integrina α
5
β
1
, verificou-se que o padrão de marcação intenso
esteve presente em 20 casos (86,94%) dos folículos pericoronários, enquanto que em 3
(13,04%) observou-se uma discreta marcação. Foi verificado que o padrão de
distribuição difuso e granular esteve presente em todos os espécimes de folículos
pericoronários espessados, identificando-se essa expressão nos contatos célula-célula e
na interface epitélio/tecido conjuntivo. Dos 23 casos da amostra, 16 (69,57%)
apresentaram ilhotas de epitélio odontogênico, dos quais 14 (87,5%) exibiram intensa
marcação nas referidas ilhotas, enquanto que 2 casos (12,5%) revelaram discreta
marcação (Figuras 9-10).
63
A integrina α
5
β
1
apresentou intensa marcação em 18 casos (85,72%) dos cistos
dentígeros incipientes, enquanto que em 3 (14,28%) verificou-se discreta marcação. Foi
observado ainda que todos os casos exibiram padrão de distribuição difuso e granular,
ressaltando-se ainda que não houve diferença no padrão de expressão das células da
camada basal e suprabasal do limitante epitelial. Adicionalmente, em 12 (57,14%) casos
foram identificadas ilhotas de epitélio odontogênico, dos quais 10 (83,33%)
apresentaram intensa marcação para a α
5
β
1
, enquanto que em 2 casos (16,67%)
observou-se discreta marcação para a referida integrina Figuras 11-12).
Ao comparar-se a intensidade geral de expressão das integrinas α
2
β
1,
α
3
β
1
e
α
5
β
1
entre os folículos pericoronários espessados e os cistos dentígeros incipientes, foi
verificado que houve uma diferença estatisticamente significativa para as integrinas
α
2
β
1
e α
3
β
1
entre as referidas entidades, não sendo possível constatar diferença
significativa em se tratando da integrina α
5
β
1
(Tabela 1).
Tabela 1. Número de espécimes, média dos postos, intervalos de confiança (95%) e significância
estatística para intensidade geral de expressão das integrinas α
2
β
1
, α
3
β
1
e α
5
β
1
em folículos
pericoronários e cistos dentígeros incipientes. Natal / RN, 2005
Intensidade Geral
Integrina Espécime n
Median
a
IC (95%) Média dos
postos
p
Folículo 23 1 0,981 – 1,279 16,37
α
αα
α
2
β
ββ
β
1
CD 21 2 1,504 – 1,925 29,21
0,0001
Folículo 23 1 0,981 – 1,279 18,87
α
αα
α
3
β
ββ
β
1
CD 21 1 1,243 – 1,709 26,48
0,013
Folículo 23 2 1,721 – 2,018 22,63
α
αα
α
5
β
ββ
β
1
CD 21 2 1,694 – 2,020 22,36
0,906
Ainda com relação à intensidade geral de expressão das integrinas α
2
β
1,
α
3
β
1
e
α
5
β
1
, foi verificada a existência de diferença estatística no padrão de expressão destas
integrinas em cada uma das entidades separadamente. Com relação aos folículos
64
pericoronários espessados, a diferença foi estatisticamente significativa entre as
integrinas α
2
β
1
e
α
5
β
1
, bem como entre as integrinas α
3
β
1
e
α
5
β
1
. Já para os cistos
dentígeros incipientes, observou-se diferença estatisticamente significativa quando
foram comparados os resultados entre todas integrinas, ou seja, entre a α
2
β
1
e
α
3
β
1
, entre
a α
2
β
1
e
α
5
β
1
, e entre a α
3
β
1
e
α
5
β
1
(Tabela 2).
Tabela 2. Número de espécimes, média dos postos, intervalos de confiança (95%) e significância
estatística para intensidade geral de expressão das integrinas α
2
β
1
, α
3
β
1
e α
5
β
1
em relação aos folículos
pericoronários e aos cistos dentígeros incipientes. Natal / RN, 2005
Intensidade Geral
Entidade Integrina
n
Mediana
IC
(95%)
Média
dos
postos
p
α
2
β
1
a*
23
1 0,981
1,279
16,37
α
3
β
1
a*
23
1 1,504
1,925
18,87
Folículo
α
5
β
1
b*
23
2 0,981
1,279
22,63
<
0,0001
α
2
β
1
a*
21
2 1,243
1,709
29,21
α
3
β
1
b*
21
1 1,721
2,018
26,48
CD
α
5
β
1
c*
21
2 1,694
2,020
22,36
<
0,0292
* Letras diferentes representam diferença estatisticamente significativa para α= 0,05 segundo pós-teste de
comparação múltipla de Dunn.
65
Em uma análise direcionada à interface epitélio/ tecido conjuntivo dos folículos
pericoronários espessados e dos cistos dentígeros incipientes, foi constatada uma
diferença estatisticamente significativa para a intensidade de expressão das integrinas
α
2
β
1
e α
3
β
1
, enquanto que a diferença para a integrina α
5
β
1
não apresentou significância
estatística (Tabela 3).
Tabela 3. Número de espécimes, média dos postos, intervalos de confiança (95%) e significância
estatística para intensidade de expressão das integrinas α
2
β
1
, α
3
β
1
e α
5
β
1
na interface epitélio/tecido
conjuntivo em folículos pericoronários e cistos dentígeros incipientes. Natal / RN, 2005
Intensidade Interface
Integrina Espécime n
Mediana IC (95%) Média dos
postos
p
Folículo 23 1 0,981 – 1,279 15,87
α
αα
α
2
β
ββ
β
1
CD 21 2 1,563 – 1,961 29,76
0,0001
Folículo 23 1 0,981 – 1,279 18,87
α
αα
α
3
β
ββ
β
1
CD 21 1 1,243 – 1,709 26,48
0,013
Folículo 23 2 1,721 – 2,018 22,63
α
αα
α
5
β
ββ
β
1
CD 21 2 1,694 – 2,020 22,36
0,906
Ainda com relação à intensidade de expressão das integrinas na interface
epitélio/tecido conjuntivo, procedeu-se uma comparação dos resultados para cada uma
das entidades analisadas separadamente. Foi observado que nos folículos pericoronários
espessados houve diferença estatisticamente significativa no padrão de expressão entre
as integrinas α
2
β
1
e
α
5
β
1,
bem como entre as integrinas α
3
β
1
e
α
5
β
1.
para os cistos
dentígeros incipientes, a diferença mostrou ser estatisticamente significativa entre a
α
2
β
1
e α
3
β
1
, como também entre a α
2
β
1
e α
5
β
1,
e entre a α
3
β
1
e
α
5
β
1
(Tabela 4)
.
66
Tabela 4. Número de espécimes, média dos postos, intervalos de confiança (95%) e significância
estatística para intensidade de expressão das integrinas α
2
β
1
, α
3
β
1
e α
5
β
1
na interface epitélio/tecido
conjuntivo em relação aos folículos pericoronários e aos cistos dentígeros incipientes. Natal / RN, 2005
Intensidade Interface
Entidade Integrina n
Median
a
IC (95%) Média dos
postos
p
α
2
β
1
a*
23 1 0,981 – 1,279 26,50
α
3
β
1
a* 23 1 0,981 – 1,279 26,50
α
5
β
1
b* 23 2 1,721 – 2,018 52,00
< 0,0001
α
2
β
1
a* 21 2 1,563 – 1,961 37,00
α
3
β
1
b* 21 1 1,243 – 1,709 34,00
CD
α
5
β
1
c* 21 2 1,694 – 2,020 25,00
< 0,0211
* Letras diferentes representam diferença estatisticamente significativa para α= 0,05 segundo pós-teste de
comparação múltipla de Dunn.
Uma análise da intensidade de expressão das integrinas α
2
β
1,
α
3
β
1
e
α
5
β
1
também
foi realizada nas ilhotas de epitélio odontogênico presentes nos folículos pericoronários
espessados e nos cistos dentígeros incipientes. Para estas entidades não foi identificada
diferença estatisticamente significativa para cada uma das integrinas (Tabela 5).
Tabela 5. Número de espécimes, média dos postos, intervalos de confiança (95%) e significância
estatística para intensidade de expressão das integrinas α
2
β
1
, α
3
β
1
e α
5
β
1
nas ilhotas de epitélio
odontogênico em folículos pericoronários e cistos dentígeros incipientes. Natal / RN, 2005
Intensidade Ihotas
Integrina Espécime n
Mediana IC (95%) Média dos
postos
p
Folículo 18 1 0,976 – 1,357 14,17
α
αα
α
2
β
ββ
β
1
CD 08 1 1,000 – 1,000 12,00
0,229
Folículo 17 1 0,974 – 1,184 13,85
α
αα
α
3
β
ββ
β
1
CD 12 1 0,963 – 1,537 16,63
0,148
Folículo 16 2 1,693 – 2,057 13,00
α
αα
α
5
β
ββ
β
1
CD 08 2 1,363 – 2,137 11,50
0,448
67
À semelhança das análises anteriores, uma comparação da intensidade de
expressão das integrinas α
2
β
1,
α
3
β
1
e
α
5
β
1
foi realizada nas ilhotas de epitélio
odontogênico em cada uma das entidades. Constatou-se que, nos folículos
pericoronários espessados, houve diferença estatisticamente significativa entre as
integrinas α
2
β
1
e
α
5
β
1,
bem como entre as integrinas α
3
β
1
e
α
5
β
1
. Já para os cistos
dentígeros incipientes, esta diferença apresentou significância estatística entre as
integrinas α
2
β
1
e α
3
β
1
, bem como entre a α
2
β
1
e
α
5
β
1
e entre a α
3
β
1
e
α
5
β
1
(Tabela 6)
.
Tabela 6. Número de espécimes, média dos postos, intervalos de confiança (95%) e significância
estatística para intensidade de expressão das integrinas α
2
β
1
, α
3
β
1
e α
5
β
1
nas ilhotas de epitélio
odontogênico em relação aos folículos pericoronários e aos cistos dentígeros incipientes. Natal / RN,
2005
Intensidade Ilhotas
Entidade Integrina
n
Mediana
IC
(95%)
Média
dos
postos
p
α
2
β
1
a*
18
1 0,976
1,357
21,500
α
3
β
1
a*
17
1 0,934
1,184
18,500
Folículo
α
5
β
1
b*
16
2 1,693
2,057
39,313
<
0,0001
α
2
β
1
a*
08
1 1,000
1,000
20,500
α
3
β
1
b*
08
1 0,963
1,537
10,000
CD
α
5
β
1
c*
12
2 1,363
2,137
13,500
<
0,0055
* Letras diferentes representam diferença estatisticamente significativa para α= 0,05 segundo pós-teste de
comparação múltipla de Dunn.
68
Para a verificação da intensidade expressão das integrinas α
2
β
1,
α
3
β
1
e
α
5
β
1
nos
contatos intercelulares, o método de avaliação para cada uma das entidades foi distinto.
No folículo pericoronário espessado, em virtude de apresentar uma camada única de
células epiteliais, o resultado foi expresso em apenas um valor, caracterizado como
intensidade de expressão nos contatos intercelulares. Observou-se diante dos resultados
que houve diferença estatisticamente significativa entre as integrinas α
2
β
1
e α
5
β
1
e entre
a α
3
β
1
e
α
5
β
1
(Tabela 7).
Tabela 7. Número de espécimes, média dos postos, intervalos de confiança (95%) e significância
estatística para expressão das integrinas α
2
β
1
, α
3
β
1
e α
5
β
1
nos contatos intercelulares em folículos
pericoronários. Natal / RN, 2005
Intensidade contatos
intercelulares
Entidade Integrina
n
Mediana
IC
(95%)
Média
dos
postos
p
α
2
β
1
a*
23
1 0,981
1,279
26,50
α
3
β
1
a*
23
1 1,504
1,925
26,50
Folículo
α
5
β
1
b*
23
2 0,981
1,279
52,00
<
0,0001
* Letras diferentes representam diferença estatisticamente significativa para α= 0,05 segundo pós-teste de
comparação múltipla de Dunn.
Já para os cistos dentígeros incipientes, a intensidade de marcação entre os
contatos intercelulares foi subdividida em dois grupos: nas células da camada basal e
nas células da camada suprabasal. A opção por esse tipo de avaliação se justificou em
virtude da estratificação do epitélio dos cistos dentígeros incipientes. Foi observado que,
para a integrina α
2
β
1
houve uma diferença estatisticamente significativa entre as células
69
da camada basal e as células da camada suprabasal, o mesmo não sendo identificado
para as integrinas α
3
β
1
e α
5
β
1
(Tabela 8)
.
Tabela 8. Número de espécimes, média dos postos, intervalos de confiança (95%) e significância
estatística para expressão das integrinas α
2
β
1
, α
3
β
1
e α
5
β
1
nos contatos intercelulares em cistos
dentígeros incipientes. Natal / RN, 2005
Intensidade de marcação
Integrina Camada n
Mediana IC (95%) Média dos
postos
p
Basal 21 2,000 1,563 – 1,961
27,00
α
2
β
1
Suprabasal 21 1,000 1,039 – 1,437
16,00
0,0034
Basal 21 1,000 1,243 – 1,709
21,50
α
3
β
1
Suprabasal 21 1,000 1,243 – 1,709
21,50
0,9898
Basal 21 2,000 1,694 – 2,020
21,50
α
5
β
1
Suprabasal 21 2,000 1,694 – 2,020
21,50
0,9895
As integrinas α
2
β
1
e α
5
β
1
apresentaram um padrão de distribuição difuso por
todo o espécime em todos os casos de folículos pericoronários espessados e cistos
dentígeros incipientes, justificando destarte a o realização de testes estatísticos em
virtude da não variabilidade entre os escores. Já para a integrina α
3
β
1,
observou-se
marcação focal em 19 casos (82,6%) de folículos pericoronários espessados, enquanto
que em apenas 4 casos (17,4%) esta marcação foi difusa. para os cistos dentígeros
incipientes, em todos os casos a marcação para a α
3
β
1
foi difusa, mostrando portanto
uma associação estatisticamente significativa entre o padrão de distribuição e o tipo de
entidade avaliada.
Tabela 9. Padrão de distribuição da integrina α
3
β
1
nos espécimes de folículos pericoronários e cistos
dentígeros incipientes.
Natal / RN, 2005
Padrão de Distribuição
Entidade
Focal Difusa Total p
Folículo 19 (82,6%) 4 (17,4%) 23 (100%)
CD 0 (0%) 21 (100%) 21 (100%)
<0,0001
70
6. DISCUSSÃO
O cisto dentígero é o cisto odontogênico de desenvolvimento mais comum,
apresentando características clínicas, radiográficas e histopatológicas bem estabelecidas.
Sua histogênese é bastante discutida, não havendo ainda um consenso na literatura a
respeito da sua possível etiopatogenia, sendo aventadas principalmente a degeneração
do retículo estrelado do órgão do esmalte e o acúmulo de quido entre a coroa do dente
e o epitélio reduzido do órgão do esmalte ou entre as camadas do referido epitélio
(BROWNE, 1991; BENN, ALTINI, 1996; GALVÃO, SOUZA, 1999; MARTÍNEZ-
PÉREZ, VARELA-MORÁLEZ, 2001; NEVILLE et al, 2004).
Na maioria dos casos, o cisto dentígero não assume grandes proporções, sendo
descobertos geralmente em radiografias de rotina. Entretanto, algumas lesões
apresentam um comportamento biológico não usual, podendo exibir tumefação,
assimetria facial e dor (KAYA, BOCUTOGLU, 1994; SHAPIRA, SMIDT, CASAP,
1996; KO, DOVER, JORDAN, 1999). Uma das grandes controvérsias que envolvem o
cisto dentígero consiste na dificuldade de diferenciação entre um cisto dentígero
incipiente e um folículo pericoronário espessado (EISENBERG, 1993; DALEY,
WISOCKI, 1995; GLOSSER, CAMPBELL, 1999; ADELSPERGER et al, 2000;
DAMANTE, FLEURY, 2001; NEVILLE et al, 2004).
Inicialmente, um trabalho clássico desenvolvido por Stanley, Krogh e Pankuk
(1965) foi utilizado como parâmetro para estabelecimento de critérios para o
diagnóstico histopatológico de um folículo pericoronário. Segundo estes pesquisadores,
esta entidade poderia apresentar dois tipos de epitélio: o reduzido do órgão do esmalte e
o pavimentoso estratificado, fato este que levaria uma grande dificuldade para distinção
entre o folículo pericoronário e o cisto dentígero. Autores como Stephens, Kogon e Reid
(1989); Eliasson, Heimdahl e Nordenram (1989); Knights, Brokaw e Kessler (1991) e
Kim e Ellis (1993) em trabalhos posteriores reforçaram a grande dificuldade de
distinção entre as duas entidades.
Um dos achados histopatológicos importantes descritos no trabalho de Stanley,
Krogh e Pankuk (1965) foi a forte tendência de adesão das células do epitélio reduzido
71
do órgão do esmalte à superfície dentária, mais especificamente ao esmalte do dente,
fato este justificado pela presença de hemidesmossomos que permitem uma adesão mais
efetiva entre o referido epitélio e a superfície do esmalte. Isso levaria ao entendimento,
por conseguinte, da pequena concentração de células epiteliais identificadas nos
espécimes de folículo pericoronário, onde este epitélio é sempre visto com grandes
áreas de descontinuidade. Já nos casos com metaplasia epitelial para um epitélio
pavimentoso estratificado, observou-se uma maior adesão das células ao tecido
conjuntivo e não à superfície do esmalte.
Estes achados anteriormente citados e o fato de uma metaplasia tecidual não ser
esperada em tecidos com organogênese estabelecida, levaram Eisenberg (1993) a
afirmar categoricamente que a alteração metaplásica de um epitélio do tipo reduzido do
órgão do esmalte para um epitélio pavimentoso estratificado seria o evento inicial de
transformação cística em um folículo pericoronário.
Os trabalhos seguintes aumentaram a controvérsia quanto aos parâmetros para
estabelecimento de critérios conclusivos para diagnóstico. Daley e Wisocki (1995)
preconizaram que, para o diagnóstico de cisto dentígero, três condições deveriam ser
observadas: radiolucidez pericoronária maior do que 4 mm em seu maior diâmetro;
identificação do epitélio pavimentoso estratificado no exame histopatológico; e espaço
cístico observado cirurgicamente entre o esmalte e o limitante epitelial. Alguns outros
estudos, dentre estes o de Ko, Dover e Jordan (1999) e o de Farah e Savage (2002)
referiram que a mensuração do espaço pericoronário através de radiografias
convencionais direcionaria para o diagnóstico definitivo. O primeiro trabalho citou que
o cisto dentígero deve ser diagnosticado em espaços foliculares superiores a 5 mm,
enquanto que o segundo estudo referiu que este espaço, quando apresentar medida
superior a 3 mm, sinalizaria a hipótese de uma possível alteração na região, em
especial o cisto dentígero. Em contrapartida, para Damante e Fleury (2001), não existem
parâmetros radiográficos nem microscópicos que permitam diferenciar um folículo
pericoronário espessado de um cisto dentígero incipiente. Segundo estes autores, o
diagnóstico de cisto dentígero deveria ser emitido quando fossem referenciados pelo
cirurgião-dentista a presença de cavitação e conteúdo cístico.
72
Entretanto, a maioria dos estudos utilizou como critério as informações
fornecidas por Eisenberg (1993), destacando-se dentre estes Manganaro (1998), Glosser
e Campbell (1999), Adelsperger et al (2000), Curran e Damm (2002) e Godoy et al
(2003). Segundo estes pesquisadores, a presença de um limitante epitelial do tipo
pavimentoso estratificado seria o critério diferencial para o diagnóstico de um cisto
dentígero.
Foi verificada a necessidade de informações adicionais que
pudessem contribuir para a constatação ou não dos critérios aqui
utilizados para a distinção entre as duas entidades. Constatou-se
portanto que uma avaliação de componentes da matriz extracelular e
seus ligantes específicos, dentre eles as integrinas, poderia trazer uma
contribuição importante para o caso em questão.
Sabe-se atualmente que a membrana basal é composta por diversas moléculas,
dentre elas o colágeno IV e glicoproteínas como a laminina e a fibronectina
(GONZÁLEZ et al, 1994; WILSON et al, 1999). Esta membrana basal apresenta papel
funcional e estrutural nos estágios iniciais de desenvolvimento do organismo, mas
também assume outras funções importantes como: exercer suporte estrutural, promover
a ligação entre as camadas celulares e o tecido conjuntivo adjacente, servir como
barreira para passagem de moléculas e controlar a proliferação celular
(THORGEIRSSON, TUPEENNIEMI-HUJANEN, LIOTTA, 1985). O estudo das
relações das células epiteliais entre si e destas com os componentes da membrana basal
poderia trazer informações importantes para serem utilizadas no conhecimento mais
aprofundado dos folículos pericoronários e dos cistos dentígeros.
As integrinas representam uma família de heterodímeros (α e β) que são ligados
não-covalentemente e medeiam interações célula-célula e célula-matriz. Este estudo
avaliou a expressão imuno-histoquímica das integrinas α
2
β
1
, α
3
β
1
e α
5
β
1
que
representam respectivamente os principais receptores celulares para o colágeno IV,
73
laminina e fibronectina em folículos pericoronários espessados e cistos dentígeros
incipientes com o intuito de verificar se diferenças que sirvam como subsídio
adicional para reforçar a possibilidade de distinção histopatológica entre as referidas
entidades.
Apesar da grande freqüência de realização de procedimentos cirúrgicos para
remoção de dentes inclusos na Clínica Odontológica, um dos grandes contratempos do
presente estudo foi a obtenção da amostra. Um dos motivos que justificaram esta
dificuldade foi o hábito pouco disseminado entre os cirurgiões-dentistas de
encaminhamento dos espécimes cirúrgicos para avaliação histopatológica. Isto poderia
mascarar, segundo Curran e Damm (2002) uma incidência maior de patologias
pericoronárias, dentre elas o cisto dentígero. Um outro fato que também dificultou a
obtenção da referida amostra foi o critério imprescindível de informação duvidosa do
cirurgião-dentista entre folículo pericoronário e cisto dentígero, sendo as medidas
verificadas nas radiografias de rotina portanto não conclusivas de uma lesão cística.
Adicionalmente, a obtenção das amostras de folículos pericoronários apresentou
dificuldade em virtude da maioria dos espécimes não conservarem um fragmento
representativo de epitélio reduzido do órgão do esmalte, que seria uma condição
essencial para a avaliação destes no presente estudo.
Com relação aos resultados da presente pesquisa, foi observado que todos os
casos de folículos pericoronários e de cistos dentígeros incipientes apresentaram
marcação positiva para as integrinas que foram avaliadas, sendo esta positividade
identificada através de um padrão de expressão granular disposto preferencialmente em
localização citoplasmática e na maioria dos casos em proximidade com a membrana
citoplasmática celular. Este tipo de expressão pericelular pôde ser identificado também
por Jensen e Wheelock (1995) em ceratinócitos epidérmicos, reforçando o entendimento
da importância das integrinas no processo de adesão célula-célula e célula-matriz
extracelular, através da membrana basal. Essa positividade também foi identificada nas
amostras de germe dentário, lâmina dentária e epitélio de mucosa oral estudados por
Modolo et al (2004), reforçando a importância das integrinas na manutenção
arquitetural de diversos tipos de epitélio.
74
As ligações das integrinas podem ser homotípicas e heterotípicas, onde nesta
última se destaca a E-caderina como importante molécula de adesão, fazendo
especialmente uma ligação com a integrina α
2
β
1.
De acordo com Whittard et al (2002),
a interação existente entre a E-caderina e a α
2
β
1
é importante na regulação da
estratificação epitelial e na manutenção estrutural do epitélio pavimentoso estratificado
da pele, especialmente nas células da camada basal e da camada suprabasal.
No presente estudo, a integrina α
2
β
1
apresentou um padrão de marcação
diferente entre os folículos pericoronários e os cistos dentígeros incipientes, sendo
verificado que nos folículos pericoronários essa marcação foi mais discreta, tanto nas
células que compõem o epitélio reduzido do órgão do esmalte quanto nas ilhotas de
epitélio odontogênico, quando estas estiveram presentes nos espécimes. Em
contrapartida, a marcação nos cistos dentígeros incipientes foi predominantemente
intensa, especialmente nas células que compunham a camada basal do limitante epitelial
cístico. Esses achados estão de acordo com os relatos de Bennett et al (2001), que
referiram que a subunidade α
2
é expressa em maior quantidade em células que estão em
proliferação. Isto justificaria a tendência de expressão mais significativa nas células da
camada basal do epitélio cístico, uma vez que estas células encontram-se em constante
atividade proliferativa no limitante epitelial, diferentemente das células que compõem o
epitélio reduzido do órgão do esmalte, as quais apresentam tendência à quiescência, não
sendo requisitadas a entrar constantemente no ciclo celular. Este fato pôde ser
comprovado no presente estudo através da diferença estatisticamente significativa na
expressão da α
2
β
1
na interface epitélio/ tecido conjuntivo entre os folículos
pericoronários e cistos dentígeros incipientes (p<0,0001). Em contrapartida, autores
como Modolo et al (2004) referiram que a integrina α
2
β
1
inibe o ciclo celular e promove
remodelação da matriz extracelular, apesar de verificarem uma forte expressão desta
integrina em tecidos em proliferação como a lâmina dentária.
Nishimura et al (1998) referiram que a subunidade de integrina α
2
tem
participação efetiva na estratificação de epitélios escamosos, dentre eles o epitélio de
lesões císticas. Estes autores identificaram que a α
2
esteve mais expressa nas células da
camada basal do limitante epitelial que compõe os cistos dentígeros e os ceratocistos
odontogênicos, relatando que a redução de expressão nas camadas subseqüentes se
deveria a uma redução na adesão célula-célula e favoreceria uma descamação das
75
células mais superficiais. Estes achados puderam ser constatados na presente pesquisa,
uma vez que foi identificada uma diferença estatisticamente significativa na intensidade
de expressão da integrina α
2
β
1
nas células da camada basal em detrimento das células
da camada suprabasal no epitélio dos cistos dentígeros incipientes.
Acreditamos que esta marcação mais intensa pode ser justificada não pelos
argumentos explicitados anteriormente, mas também pela constatação das informações
citadas por González et al (1994), Wilson et al (1999) e Oliveira et al (2002), onde o
colágeno IV, principal proteína à qual se adere a integrina α
2
β
1
, encontra-se disposto
abundantemente em membranas basais, sendo o seu principal componente estrutural.
Tal fato justificaria portanto a maior concentração de moléculas de integrina α
2
β
1
nas
células da camada basal do epitélio dos cistos dentígeros incipientes, favorecendo
destarte uma melhor organização estrutural destas células.
A marcação mais discreta para a α
2
β
1,
nas células que compõem o epitélio
reduzido do órgão do esmalte nos folículos pericoronários, pode ser justificada não
apenas porque estas células não apresentam atividade proliferativa relevante. Uma outra
explicação plausível se deve ao fato referenciado no trabalho clássico de Stanley, Krogh
e Pankuk (1965), onde estas lulas epiteliais apresentariam uma adesão mais
expressiva à superfície do esmalte através de hemidesmossomos, sendo a adesão celular
ao tecido conjuntivo subjacente pouco eficiente, justificando portanto uma ligação mais
tênue entre a integrina α
2
β
1
e o colágeno IV presente nesta membrana basal.
Com relação às ilhotas de epitélio odontogênico, foi verificado nesta pesquisa
que estas, quando identificadas nos folículos pericoronários e nos cistos dentígeros
incipientes, apresentaram um padrão de marcação mais discreto para a α
2
β
1
em ambas
entidades, não havendo diferença estatisticamente significativa na intensidade de
marcação nas referidas ilhotas entre os folículos pericoronários e os cistos dentígeros
incipientes. Tal fato pode ser justificado em virtude das células que compõem as ilhotas
de epitélio odontogênico apresentarem uma tendência à quiescência, especialmente com
o passar do tempo pois, de acordo com Stanley, Krogh e Pankuk (1965); Kim e Ellis
76
(1993) e Moresco e Barbachan (1997) as ilhotas de epitélio odontogênico, tanto nos
folículos pericoronários quanto nos cistos dentígeros, apresentam a tendência de
sofrerem calcificação, havendo inclusive uma redução do número de ilhotas com o
passar do tempo de retenção intra-óssea destas entidades.
No presente estudo, a integrina α
3
β
1
apresentou um padrão de marcação discreto
tanto nos folículos pericoronários quanto nos cistos dentígeros incipientes, entretanto
algumas peculiaridades puderam ser identificadas. Observou-se que nos folículos
pericoronários o padrão de distribuição predominante foi o focal, enquanto que nos
cistos dentígeros incipientes esse padrão de distribuição foi difuso, não sendo
identificada diferença na intensidade de marcação entre as células da camada basal e as
células da camada suprabasal do epitélio cístico. Para os cistos dentígeros incipientes
houve uma ligeira tendência de marcação discreta para a α
3
β
1
, com 52,28% dos casos
apresentando esta característica, enquanto que a grande maioria dos folículos
pericoronários apresentou marcação discreta, com 86,96% dos casos.
A identificação da α
3
β
1
em todos os casos avaliados nesta pesquisa encontra
respaldo nos achados de Darribère et al (2000) e deHart, Heally e Jones (2003), os quais
afirmaram a importância da interação da integrina α
3
β
1
com a laminina-5 em
membranas basais, o que favoreceria a adesão das células epiteliais à referida
membrana, bem como na adesão célula-célula, levando em conseqüência à organização
e remodelação dos diversos tipos de células epiteliais. Ao ser comparada a intensidade
geral de marcação para a integrina α
3
β
1
entre folículos pericoronários e cistos
dentígeros incipientes, foi verificada uma diferença estatisticamente significativa entre
as referidas entidades, apesar do padrão discreto ainda ser predominante nos dois
grupos. Tal achado pode encontrar respaldo nos relatos de Nishimura et al (1998) que
ressaltaram a importância da α
3
β
1
na estratificação dos epitélios císticos estudados
naquela pesquisa, o que explicaria uma tendência maior de expressão da α
3
β
1
nos cistos
dentígeros incipientes em detrimento dos folículos pericoronários, fato comprovado
também através da diferença estatisticamente significativa da expressão da α
3
β
1
na
interface epitélio/ tecido conjuntivo entre os folículos pericoronários e os cistos
dentígeros incipientes.
77
O padrão de marcação para a α
3
β
1
semelhante para todas as camadas do epitélio
cístico indica que a adesão célula-célula através da referida integrina encontra-se
uniforme por toda extensão epitelial, indicando portanto que esta integrina,
diferentemente da α
2
β
1,
não teria papel preponderante na estratificação das camadas
epiteliais. O padrão de marcação mais discreto desta integrina identificado na maioria
dos casos, talvez indique que a α
3
β
1
participe na organização estrutural do epitélio
cístico, porém de maneira menos expressiva.
Esse padrão de marcação mais discreto verificado para a α
3
β
1
no presente estudo
também foi identificado nas pesquisas de Andrade (2003), que utilizou ameloblastomas
e tumores odontogênicos adenomatóides, e de Miguel (2005), que utilizou adenomas
pleomórficos e carcinomas adenóides císticos. Thorup et al (1998) também referiram
que em patologias como a leucoplasia e o carcinoma epidermóide, uma tendência de
redução de expressão da α
3
β
1
. Azuma et al (1996) afirmaram que a redução na
expressão da α
3
β
1
estaria inversamente proporcional ao grau de malignidade em
tumores de glândula. Em contrapartida, Dyce et al (2002) associaram que um aumento
na expressão da α
3
β
1
favoreceria a motilidade celular no caso de linhagens de células de
carcinoma epidermóide.
Estudos como os de Hemler e Rutishauser (2000) e Dyce te al (2002) referiram
que a integrina α
3
β
1
pode produzir e ativar algumas metaloproteinases, processo que
justificaria também a tendência de expressão mais intensa desta integrina nos cistos
dentígeros incipientes em comparação com os folículos pericoronários, uma vez que se
sabe da importância da participação de algumas metaloproteinases no processo de
degradação da matriz óssea e conseqüente expansão cística. Esse processo seria menos
intenso, por conseguinte, em se tratando dos folículos pericoronários, especialmente nos
casos em que o dente perdeu a força de erupção e observa-se a inabilidade para
reabsorção óssea e conseqüente exfoliação do dente não-erupcionado.
78
Houve uma constatação de diferença estatisticamente significativa no padrão de
distribuição da α
3
β
1
nos folículos pericoronários e cistos dentígeros incipientes, onde no
primeiro grupo foi predominantemente focal, enquanto que no segundo grupo esta
marcação foi difusa em todos os casos. Esse achado pode ser justificado através dos
relatos de Nishimura et al (1998) e deHart, Heally e Jones (2003), os quais reforçaram a
importância da α
3
β
1
na organização estrutural de epitélios pavimentosos como o
encontrado nos cistos dentígeros incipientes na presente pesquisa, onde esta integrina é
necessária para adesão célula-célula e célula-matriz extracelular, sendo verificado
portanto um padrão de marcação difuso nestas lesões. A fraca adesão das células do
epitélio reduzido do órgão do esmalte ao tecido conjuntivo subjacente nos folículos
pericoronários seria uma das possíveis explicações para um padrão de marcação focal
da α
3
β
1,
o que justificaria a tendência do referido epitélio estar ausente ou com grandes
áreas de descontinuidade nos espécimes de folículos pericoronários, uma vez que
estudos como os de Darribère et al (2000) e Hemler e Rutishauser (2000) enfatizaram a
grande importância da ligação da integrina α
3
β
1
à laminina-5 para organização de
células epiteliais com a membrana basal.
A integrina α
5
β
1
apresentou intensa marcação e padrão de distribuição difuso e
granular tanto nos folículos pericoronários quanto nos cistos dentígeros incipientes, não
sendo identificada diferença estatisticamente significativa na intensidade de marcação
entre as duas entidades. Foi verificado também que não houve diferença no padrão de
expressão entre as células da camada basal e as da camada suprabasal do epitélio
cístico. As ilhotas de epitélio odontogênico, quando presentes nos espécimes das duas
entidades, também apresentaram intensa marcação para a α
5
β
1,
não sendo observada
diferença estatisticamente significativa na intensidade de expressão entre os dois
grandes grupos aqui estudados.
A interpretação dos resultados da integrina α
5
β
1
tem apresentado várias
controvérsias na literatura, especialmente em se tratando de sua avaliação em neoplasias
malignas, onde autores como Adachi et al (2001), Kawashima et al (2001) e Han et al
79
(2003) relacionaram uma superexpressão da α
5
β
1
a tumores mais invasivos e com mais
habilidade para metástase. Em contrapartida, Su et al (2002) e Jayne et al (2002)
relacionaram uma maior expressão da α
5
β
1
a tumores com comportamento biológico
menos agressivo, enquanto que Miguel (2005) associou a redução na expressão da α
5
β
1
a um comportamento biológico mais agressivo nos carcinomas adenóides císticos, uma
vez que esse achado foi identificado nos subtipos sólidos desta lesão.
Segundo relatos de Bennett et al (2001) e Su et al (2002), a integrina α
5
β
1
é
muito importante para a diferenciação celular, fato este que pôde ser corroborado pelos
resultados do presente estudo, onde foi identificada uma intensa marcação nas células
do epitélio reduzido do órgão do esmalte nos folículos pericoronários e nas células do
epitélio pavimentoso estratificado dos cistos dentígeros incipientes. Estas células têm a
característica de apresentarem diferenciação bem estabelecida, o que justificaria a alta
expressão da integrina α
5
β
1
. Esses resultados entretanto são discordantes dos achados
de Kosmehl et al (1995), onde foi identificada uma marcação descontínua da α
5
β
1
na
interface epitélio/ membrana basal em amostras de mucosa oral normal, e uma
marcação mais intensa em amostras de carcinoma epidermóide pobremente
diferenciados. Segundo estes autores, as células mais indiferenciadas é que
apresentariam uma tendência de maior expressão da integrina α
5
β
1.
De acordo com Labat-Robert (2002), a expressão da integrina α
5
β
1
inativa os
genes de proliferação celular, favorecendo em conseqüência um controle no
crescimento tecidual. Este fato pode justificar a intensa expressão da integrina α
5
β
1
tanto no epitélio reduzido do órgão do esmalte nos folículos pericoronários quanto no
epitélio pavimentoso estratificado nos cistos dentígeros, inclusive na interface epitélio/
tecido conjuntivo, onde não foi identificada diferença estatisticamente significativa na
intensidade de expressão entre os folículos pericoronários e os cistos dentígeros
incipientes, corroborando a importância da interação da α
5
β
1
com a fibronectina,
presente em abundância na membrana basal subjacente, no controle da proliferação
celular.
Foi observado, no presente estudo, que as células da camada basal exibiram o
mesmo padrão de marcação para a α
5
β
1
que o das células da camada suprabasal no
epitélio dos cistos dentígeros incipientes, não havendo diferença estatisticamente
80
significativa entre as duas camadas celulares. Este fato pode ser explicado não apenas
pela diferenciação celular em todas as camadas celulares do epitélio cístico, levando a
uma maior expressão da α
5
β
1
citada por Bennett et al (2001), mas também pela
participação desta integrina no processo de adesão célula- célula favorecendo uma
organização estrutural do referido epitélio.
Os relatos de Bennett et al (2001) e Andrade (2003) referiram que as células em
diferenciação terminal exibem uma grande tendência de superexpressar a integrina α
5
β
1.
Talvez essa seja uma justificativa para a forte expressão da α
5
β
1
nas células que
compõem o epitélio reduzido do órgão do esmalte nos folículos pericoronários.
Com relação às ilhotas de epitélio odontogênico nos folículos pericoronários e
nos cistos dentígeros incipientes, verificou-se também uma intensa marcação para a
integrina α
5
β
1,
não havendo diferença no padrão de expressão entre as duas entidades.
Esse padrão de expressão também pode ser justificado pelos achados de Bennett et al
(2001) e Andrade (2003), uma vez que as lulas que compõem as ilhotas de epitélio
odontogênico também são células em diferenciação terminal, inclusive com tendência à
calcificação, levando por conseguinte a uma maior expressão da integrina α
5
β
1.
Adicionalmente, vale ressaltar a concentração significativa de moléculas de fibronectina
nas membranas basais, bem como sua produção através da integrina α
5
β
1,
justificando a
intensa marcação não nas ilhotas de epitélio odontogênico, mas também nas células
que compõem os tecidos epiteliais nos folículos pericoronários e nos cistos dentígeros
incipientes.
Diante de todos os resultados individuais para cada integrina, foi comparado o
padrão de expressão entre cada uma delas dentro da mesma entidade, sendo verificado
que houve uma diferença estatisticamente significativa na intensidade geral de
expressão bem como na interface epitélio/ tecido conjuntivo entre as integrinas α
2
β
1
e
α
5
β
1
e entre a α
3
β
1
e a α
5
β
1
nos folículos pericoronários. Isto se deveu a uma expressão
mais significativa da α
5
β
1
em comparação com a α
2
β
1
e α
3
β
1,
indicando uma
participação mais efetiva da interação α
5
β
1
-fibronectina na organização do limitante
epitelial e das ilhotas de epitélio odontogênico nos folículos pericoronários. Tal fato
pode ser justificado porque este epitélio é bem diferenciado e pouco proliferativo, onde
81
essas células apresentam-se quiescentes e, em virtude de uma alteração no padrão de
erupção, encontram uma participação de fatores ósteo-reabsortivos menos evidente
sobre as integrinas, o que alteraria ao padrão de expressão das mesmas, favorecendo
uma tendência geral de fraca marcação nos folículos pericoronários.
De acordo com Tosios, Kapranos e Papanicolaou (1998) e Wilson (1999) os
cistos odontogênicos, dentre eles o cisto dentígero, encontram-se em contínua
proliferação epitelial, favorecendo um crescimento ininterrupto da lesão. Segundo estes
autores, os componentes da matriz extracelular, bem como seus ligantes, podem
apresentar alguma participação neste processo. Tal fato foi identificado através da
expressão imuno-histoquímica das integrinas α
2
β
1 ,
α
3
β
1
e α
5
β
1
nos cistos dentígeros
incipientes aqui estudados, sendo verificada uma tendência de marcação mais intensa
para a α
2
β
1
e α
5
β
1
tanto no aspecto de intensidade geral de marcação quanto na interface
epitélio/ tecido conjuntivo.
Observou-se portanto diferença estatisticamente significativa nos cistos
dentígeros incipientes entre a α
2
β
1
e α
3
β
1,
bem como entre a α
2
β
1
e α
5
β
1
e entre a α
3
β
1
e
α
5
β
1.
Isso se deve ao fato que o epitélio cístico é bem diferenciado e mais proliferativo
do que o do folículo pericoronário, justificando as diferenças significativas na expressão
entre as referidas integrinas.
com relação à expressão das integrinas nas ilhotas de epitélio odontogênico,
observou-se uma diferença estatisticamente significativa entre a α
2
β
1
e a α
3
β
1,
bem
como entre a α
2
β
1
e a α
5
β
1
e a α
3
β
1
e a α
5
β
1 .
Tal fato pode ser justificado através das
observações anteriormente constatadas para as ilhotas de epitélio odontogênico, pois as
mesmas apresentam-se quiescentes, sem atividade proliferativa evidente, reduzindo a
intensidade de expressão para a α
2
β
1,
que se mostrou discreta em todos os casos
observados, diferentemente do que foi identificado para a marcação da α
2
β
1
no
limitante epitelial cístico. Esta variação na marcação da α
2
β
1
nas ilhotas de epitélio
odontogênico favoreceu portanto a verificação de diferença estatisticamente
significativa entre as integrinas nas ilhotas de epitélio odontogênico dos cistos
dentígeros incipientes.
82
A avaliação da marcação das integrinas nos contatos intercelulares foi realizada
de maneira distinta nos folículos pericoronários e nos cistos dentígeros incipientes em
virtude destas entidades apresentarem epitélios com organização estrutural distinta. Nos
folículos pericoronários o epitélio é simples, com camada única de células, favorecendo
uma observação mais simplificada nos contatos intercelulares, uma vez que a marcação
pôde ser identificada nos contatos laterais das células e entre estas e a membrana basal.
O padrão de marcação pericelular identificado na maioria dos estudos, dentre eles os de
Loducca et al (2002), Andrade (2003), Han et al (2003), Modolo et al (2004) e Miguel
(2005) foi corroborado pelos resultados do presente estudo. À semelhança do padrão de
intensidade geral para as integrinas nos folículos pericoronários, observou-se diferença
estatisticamente significativa entre a α
2
β
1
e a α
5
β
1
bem como entre a α
3
β
1
e a α
5
β
1,
com
as possíveis explicações anteriormente já citadas neste texto.
para os cistos dentígeros incipientes, optou-se por verificar separadamente a
expressão das integrinas na camada basal e na camada suprabasal, em virtude da
estratificação epitelial, o que alteraria o padrão de expressão das integrinas de acordo
com Nishimura et al (1998). Logo, a observação das células da camada basal se
através dos contatos célula-célula e sofrem influência também dos contatos célula-
membrana basal, enquanto que nas células da camada suprabasal a observação dos
contatos intercelulares é meramente célula-célula. Tal fato poderia apresentar uma
diferença de expressão nas integrinas entre as referidas camadas, o que foi identificado
na expressão da α
2
β
1
, que revelou uma diferença estatisticamente significativa entre as
células da camada basal e as células da camada suprabasal. Kosmehl et al (1995) e
Juarez, Lucas e Lucas (2000) referiram que as células da camada basal dos epitélios
estratificados apresentam atividade metabólica e proliferativa mais intensa do que nas
demais camadas, fato identificado inclusive através da microscopia óptica por uma
coloração mais basofílica no núcleo destas células. Adicionalmente, o colágeno IV é um
dos grandes componentes da membrana basal nos epitélios císticos, como foi descrito
no estudo de Oliveira et al (2002), o que levaria a uma adesão mais efetiva das células
da camada basal à membrana basal subjacente através da interação da integrina α
2
β
1
com este colágeno IV. Estes achados portanto justificariam a diferença estatisticamente
significativa entre as duas camadas epiteliais nos cistos dentígeros incipientes.
83
Diante de todos os achados da expressão das integrinas α
2
β
1,
α
3
β
1
e α
5
β
1
em
folículos pericoronários e cistos dentígeros incipientes, sugere-se portanto que a
metaplasia escamosa pode ser realmente o primeiro sinal visível de transformação
cística nos folículos pericoronários, uma vez que foram identificadas diferenças
significativas no padrão de expressão das integrinas entre as duas entidades. Tais
resultados nos fazem corroborar os relatos de Eisenberg (1993), que referiu a
possibilidade de distinção histopatológica entre um folículo pericoronário e um cisto
dentígero incipiente.
Entretanto, ressaltamos a importância de se ter prudência no diagnóstico
conclusivo, sendo as informações clínicas e cirúrgicas bastante importantes, uma vez
que, de acordo com Katchburian e Arana (1999) no processo normal de erupção dos
dentes existe um fusionamento das células do epitélio reduzido do órgão do esmalte
com as células da camada basal do epitélio da mucosa oral, o que poderia confundir o
patologista ao identificar áreas de epitélio pavimentoso estratificado nos espécimes de
folículo pericoronário que se encontram semi-inclusos. Portanto, os critérios relatados
para distinção entre um folículo pericoronário e um cisto dentígero incipiente são
válidos apenas para dentes totalmente inclusos. Adicionalmente, sugere-se outros tipos
de estudos, em especial através da verificação da participação das metaloproteinases,
para corroborar os achados desta pesquisa e de outros estudos pregressos, favorecendo
um consenso na emissão do diagnóstico de folículos pericoronários e dos cistos
dentígeros incipientes.
84
7. CONCLUSÕES
Diante dos achados do presente estudo, foi possível concluir que:
1) As integrinas α
2
β
1,
α
3
β
1
e α
5
β
1
apresentaram marcação positiva em todos os casos de
folículos pericoronários espessados e cistos dentígeros incipientes, reforçando o
entendimento da participação das mesmas no processo de adesão célula-célula e célula-
matriz extracelular, favorecendo uma manutenção arquitetural do epitélio destas
entidades.
2) A integrina α
2
β
1
apresentou diferença estatisticamente significativa entre os folículos
pericoronários espessados e os cistos dentígeros incipientes, e também entre as camadas
basal e suprabasal no epitélio deste cisto, comprovando a participação da referida
integrina na proliferação celular, bem como na organização estrutural das células nas
diferentes camadas do epitélio estratificado do cisto dentígero.
3) A integrina α
3
β
1
apresentou diferença estatisticamente significativa, entre os folículos
pericoronários espessados e os cistos dentígeros incipientes, na intensidade geral de
expressão e também no padrão de distribuição, permitindo o entendimento da
participação desta integrina na estratificação epitelial identificada nos cistos.
Adicionalmente, sugere-se que a maior expressão da α
3
β
1
em cistos dentígeros
incipientes se deve à produção e ativação de metaloproteinases nestas lesões.
4) A integrina α
5
β
1
não apresentou diferença estatisticamente significativa entre os
folículos pericoronários espessados e os cistos dentígeros incipientes, reforçando o
conhecimento da importância desta integrina na diferenciação celular bem como no
controle do crescimento tecidual para ambas entidades.
5) Através da avaliação imuno-histoquímica das integrinas α
2
β
1,
α
3
β
1
e α
5
β
1,
verificou-
se achados adicionais que corroboram a possibilidade de distinção histopatológica entre
um folículo pericoronário espessado e um cisto dentígero incipiente, onde a metaplasia
escamosa do epitélio reduzido do órgão do esmalte para o epitélio pavimentoso
estratificado seria o primeiro sinal visível de transformação cística.
85
SUMMARY
The distinction between incipient dentigerous cyst (DC) and thick pericoronal
dental follicle (PDF) remains one of the most controversial questions in the literature.
The goal of the present study was to analyze the immunohistochemistry expression of
α
2
β
1,
α
3
β
1
e
α
5
β
1
in 23 cases of PDFs and 21 cases of incipient DCs. It was taken into
consideration the expression or not of the referred integrins in islands of odontogenic
epithelium with special attention to localization, intensity and distribution pattern in
order to perform comparative analysis. All integrins were immunopositive in the studied
cases. A significant difference was detected regarding α
2
β
1
integrin (p<0,0001) in which
a higher expression was present in DCs. Moreover, statistical difference was also found
between basal and suprabasal cell layer in cystic epithelium (p<0,0034). The α
3
β
1
integrin expression showed significant difference (p<0,013) between PDF and DC with
a tendency of more pronounced staining in DC. It was not observed significant
differences regarding α
5
β
1
integrin. Nonetheless, it must be pointed out the intense
immunostaining of this integrin in most of the studied cases giving support to its role in
cellular differentiation. It can be concluded that the higher expression of α
2
β
1
integrin
not only in DC but also in its basal cell layer of the epithelium may be related to higher
proliferative activity of these cells. On the other hand, the tendency of more pronounced
expression of α
3
β
1
integrin in incipient DC could be associated with its the role in
epithelium stratification and cystic growth by metalloproteinase activation.
Furthermore, these results corroborate the possibility of histopathological distinction
between a thick PDF and incipient DC in which squamous metaplasia of reduced
enamel epithelium to stratified epithelium would be the first event of cystic
transformation.
Key-Words: Odontogenic cyst, pericoronal dental follicle, dentigerous cyst, integrins,
immunohistochemical.
86
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α
2
β
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α
αα
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β
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β
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e α
αα
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