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Regulamentos e seus conteúdos substanciados no livro didático”. Dessa forma, a adoção e
padronização de métodos e compêndios garantiriam a uniformidade no sistema escolar, e
conseqüentemente os livros didáticos passariam “[...] por irreversível processo de
homogeneização [...]” (SIQUEIRA, 2000, p. 227).
Contudo, mesmo que a cultura escolar da época atribuísse aos métodos de ensino e aos
livros didáticos a finalidade de uniformização do sistema escolar, as práticas manifestadas
nessa cultura acabaram expressando uma diversificação no cotidiano. De acordo com o
Presidente da Província Herculano Ferreira Penna, não era possível padronizar as escolas
quanto ao uso de compêndios do 1º grau devido à grande escassez de livros e às dificuldades
para sua aquisição (Mato grosso, Presidência da Província, Relatório, 1862). Isso porque o
livro era um artigo caro e de luxo. O custo elevado explicava-se por vários motivos, tendo
destaque o fato de muitos serem importados, em especial, de Portugal e da França, ou ainda
pela ínfima existência de tipografias nacionais e dos preços exorbitantes dos materiais que
dariam suporte à produção, tais como papel e tinta.
Segundo Lajolo e Zilberman (2003, p. 64), a “[...] Impressão Régia, depois as
tipografias aparecidas no Rio de Janeiro, mais adiante os editores Laemmert, Garnier e outros,
foram preenchendo lacunas [...]” na distribuição dos impressos do Brasil. Quanto aos livros
didáticos, Siqueira (2000, p. 226) explica que “O percurso dos livros didáticos no Brasil
manteve estreita relação com o desenvolvimento da imprensa nacional, impulsionada pela
vinda da Família Real, em 1808”. Contudo, a imprensa oficial, por se dedicar quase que
exclusivamente à publicação de manuais de caráter militar e administrativo, pouco se
preocupou com os livros escolares, incorporando apenas alguns de caráter didático.
As províncias brasileiras acompanharam, cada uma a seu estilo, o modelo editorial da
Corte ao longo do século XIX, da seguinte forma:
Bahia, precursora da atividade editorial em 1810 [...] Outra província onde a
imprensa floresceu na primeira década do século passado, foi Minas Gerais,
seguida o Maranhão, cuja elite algodoeira apoiou a instalação da imprensa
na região que contava com extrema facilidade de contatos diretos com a
Europa. [...] das províncias nordestinas, a pernambucana, paraibana e
paraense compõem aquelas que tiveram livreiros e editores. As demais,
somente a partir da segunda década do último século obtiveram um impulso
editorial, momento em que foram instaladas as imprensas: São Paulo (1827),
Rio Grande do Sul (1828), Goiás (1830), Santa Catarina (1831), Rio Grande
do Norte (1832), Sergipe (1832), Espírito Santo (1840), Paraná (1853)
(SIQUEIRA, 2000, p. 227).
De acordo com Rodrigues (1960, p. 130), a imprensa de Mato Grosso foi criada em
agosto de 1838. Segundo Siqueira (2000, p. 90) [grifo da autora], o nascedouro oficial da