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BETANIA FACHETTI RIBEIRO
EXPRESSÃO IMUNO-HISTOQUÍMICA DA
METALOPROTEINASE-1, -2 E -9 EM AMELOBLASTOMA
SÓLIDO E TUMOR ODONTOGÊNICO ADENOMATÓIDE
NATAL – RN
2008
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SDE
DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PATOLOGIA ORAL
CURSO DE MESTRADO EM PATOLOGIA ORAL
EXPRESSÃO IMUNO-HISTOQUÍMICA DA
METALOPROTEINASE-1, -2 E -9 EM AMELOBLASTOMA
SÓLIDO E TUMOR ODONTOGÊNICO ADENOMATÓIDE
Dissertação apresentada ao Colegiado do
Programa de Pós-Graduação em
Patologia Oral do Departamento de
Odontologia do Centro de Ciências da
Saúde da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte.
MESTRANDA: BETANIA FACHETTI RIBEIRO
ORIENTADORA: PROFª DRª ROSEANA DE ALMEIDA FREITAS
NATAL – RN
2008
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DEDICATÓRIA
4
DEDICATÓRIA
Aos meus pais e irmãos pela formação que me proporcionaram, pela nossa
união e amizade.
A todos meus familiares pelo incentivo, apoio e carinho que sempre pude
contar.
Ao Eduardo pelo companheirismo, amor e paciência durante essa caminhada.
5
AGRADECIMENTOS
6
AGRADECIMENTOS
A minha Orientadora Profª. Drª. Roseana Freitas, exemplo de determinação e
competência, pelo incentivo e pela dedicação na realização desse trabalho e no
decorrer do curso, sempre me orientando o melhor caminho a seguir.
Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral da
UFRN, Dr. Leão Pereira Pinto, Drª. Lélia Batista de Souza, Drª. Hebel Cavalcanti
Galvão, Drª. Lélia Maria Guedes Queiroz, Dr. Antônio de Lisboa Lopes Costa, Drª.
Márcia Cristina da Costa Miguel, Drª. Ana Miryam Medeiros, meus sinceros
agradecimentos pela dedicação, compreensão e pelos ensinamentos transmitidos
durante o curso.
Ao Prof. Dr. Ângelo Roncalli pela paciência e pelo auxílio na realização da
análise estatística deste trabalho. Muito Obrigada!
À Prof. Adriana Terezinha, que durante o curso de graduação sempre nos
incentivava e estava disposta a nos ajudar, e foi muito importante para a minha
chegada aqui. Minha eterna gratidão!
Aos meus amigos do mestrado, Déborah, Domingos, Marcelo, Pedro Paulo e
Ruth pela amizade, respeito e carinho que nos uniu durante todo o curso. Levarei
comigo lembranças dos momentos difíceis e das muitas alegrias compartilhadas
aqui.
Aos amigos e colegas do curso de Pós-Graduação, Cristina, George, Polliana,
Karuza, Éricka, Marta, Janaína, Claudine, Emanuel, Bruna Rafaela, Bruna Amaral,
Valéria, Alexandre e Cassiano, que de alguma forma contribuíram para a realização
desta pesquisa. Agradeço pela troca de conhecimentos e pelo convívio durante o
curso.
Aos funcionários Gracinha, Idel, Canindé, Sandrinha, Hévio e Lourdinha pela
atenção, dedicação e pelo carinho com que sempre me trataram.
7
Ao CNPQ pela bolsa de estudo concedida que permitiu concluir esta
pesquisa.
E para todos aqueles que contribuíram, direta ou indiretamente, para a
realização deste trabalho.
Meus sinceros agradecimentos.
8
RESUMO
9
RESUMO
O ameloblastoma e o tumor odontogênico adenomatóide são tumores
odontogênicos derivados do epitélio odontogênico que possuem comportamentos
distintos. Na tentativa de compreender a interação existente entre as células
tumorais e a matriz extracelular, o presente trabalho teve como objetivo avaliar e
comparar a expressão das metaloproteinases-1 (MMP-1), -2 (MMP-2) e -9 (MMP-9),
através da técnica imuno-histoquímica em 20 casos de ameloblastoma e 10 de
tumor odontogênico adenomatóide. A MMP-1 teve uma marcação predominante nos
dois tumores, sendo observada tanto no parênquima como no estroma de todos os
tumores estudados. Para a MMP-2, observou-se uma expressão variada, sendo 80%
e 60% das células tumorais imunorreativas nos ameloblastomas e tumores
odontogênicos adenomatóides, respectivamente. Em relação às células do
mesênquima, 65% dos ameloblastomas e 80% tumores odontogênicos
adenomatóides exibiram positividade. Verificou-se imunoexpressão para a MMP-9
nas células parenquimatosas e estromais em todos os casos, sendo que nos
ameloblastomas, houve o predomínio de menos de 50% das células
imunomarcadas; enquanto que em 60% dos tumores odontogênicos adenomatóides
mais de 50% das células apresentaram positividade. Observou-se diferença
estatisticamente significante na expressão da MMP-1 em relação à MMP-2 e -9 nos
ameloblastomas (p<0,001). A análise estatística não pôde ser aplicada para os
tumores odontogênicos adenomatóides, porém verificou-se tendência de maior
expressão da MMP-1 em relação às outras MMPs avaliadas. Os resultados deste
estudo sugerem que as MMPs-1, -2 e -9 estão relacionadas com crescimento e
progressão dos tumores analisados e, particularmente no ameloblastoma, sua maior
agressividade pode resultar, em parte, pela participação tamm do estroma
presente de forma bem mais marcante permeando o parênquima tumoral e sendo
fonte também das proteases estudadas.
Palavras-chave: Ameloblastoma. Tumor odontogênico adenomatóide.
Metaloproteinase de matriz. Matriz extracelular.
10
ABSTRACT
11
ABSTRACT
Ameloblastoma and adenomatoid odontogenic tumor are odontogenic tumors
arising from the odontogenic epithelium with distinct clinical behavior. In attempt to
comprehend the interaction between the odontogenic tumor cells and the
extracellular matrix, the present work evaluated and compared the
immunohistochemical expression of the matrix metalloproteinases-1 (MMP-1), -2
(MMP-2) and -9 (MMP-9) in 20 cases of ameloblastoma and 10 adenomatoid
odontogenic tumor. MMP-1 exhibited exuberant expression in the parenchyma and in
the stroma of both studied tumors, while the MMP-2 showed varied expression with
about of 80% and 60% of the neoplastic cells exhibiting positivity in the
ameloblastoma and adenomatoid odontogenic tumor, respectively. With relation to
the MMP-2 expression by the mesenchymal cells, it was observed that 65% of the
ameloblastoma and 80% of the adenomatoid odontogenic tumor were positive. The
immunoreactivity of MMP-9 was detected in all studied cases, although its expression
had occurred predominantely in less than 50% of the parenchyma cells of the
ameloblastoma, while in about of 60% of the adenomatoid odontogenic tumor more
than 50% of cells were positive. The mesenchymal cells were positive to MMP-9 in
65% of the ameloblastoma and in 80% of the adenomatoid odontogenic tumor,
respectively. Statistically significant difference was observed to the MMP-1
expression with relation to MMP-2 and MMP-9 in the ameloblastoma (p < 0.001). It
was not possible to perform statistical analysis to the cases of adenomatoid
odontogenic tumor, however there was a tendency toward a differential expression of
the MMP-1 with relation to other studied MMPs. These results suggest that MMP-1, -
2 and -9 are implicated in the growth and progression of both tumors analyzed as
well as the more pronounced participation of the stroma in the ameloblastoma could
together to be related to the higher clinical aggressiveness.
Keywords: Ameloblastoma. Adenomatoid odontogenic tumor. Matrix
metalloproteinases. Extracellular matrix.
12
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
13
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
QUADROS
Quadro 01 - Características clínicas dos casos de ameloblastomas 55
Quadro 02 - Características clínicas dos casos de tumores odontogênicos
adenomatóides 56
Quadro 03 - Clone , especificidade, fonte, diluição, incubação e procedimento de
recuperação antigênica dos anticorpos primários 57
FIGURAS
Figura 01 - Ameloblastoma. Padrão folicular (H.E., 200X) 64
Figura 02 - Ameloblastoma. Padrão plexiforme (H.E., 200X) 64
Figura 03 - Tumor odontogênico adenomatóide. Células do epitélio odontogênico
com morfologia variada, organizadas em lençol, com formações ductiformes e
calcificações (H.E., 100X) 64
Figura 04 - Expressão imuno-histoquímica da MMP-1 nas células tumorais e em
células inflamatórias no estroma do ameloblastoma (SABC, 200X) 70
Figura 05 - Imunoexpressão da MMP-1 em ameloblastoma. Marcação
citoplasmática nas células neoplásicas (SABC, 400X) 70
Figura 06 - Expressão da MMP-1 em ameloblastoma. Marcação citoplasmática nas
células neoplásicas e células estromais (SABC, 400X) 70
Figura 07 - Expressão imuno-histoquímica da MMP-2 nas células tumorais e em
células inflamatórias no estroma do ameloblastoma (SABC, 400X) 71
Figura 08 - Expressão imuno-histoquímica da MMP-9 nas células tumorais e em
células inflamatórias no estroma do ameloblastoma (SABC, 400X) 71
Figura 09 - Expressão imuno-histoquímica da MMP-1 no tumor odontogênico
adenomatóide (SABC, 200X) 72
Figura 10 - Detalhe da expressão imuno-histoquímica da MMP-1 nas células
parenquimatosas do tumor odontogênico adenomatóide (SABC, 400X) 72
Figura 11 - Expressão imuno-histoquímica da MMP-9 nas células tumorais do tumor
odontogênico adenomatóide (SABC, 200X) 72
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LISTA DE TABELAS
15
LISTA DE TABELAS
Tabela 01 - Escores das células tumorais marcadas nos ameloblastomas para as
MMPs-1, -2 e -9. Natal/RN, 2008 67
Tabela 02 - Escores das células tumorais marcadas nos tumores odontogênicos
adenomatóides para as MMPs-1, -2 e -9. Natal/RN, 2008 69
Tabela 03 - Imunoexpressão da MMP-1 em ameloblastomas e tumores
odontogênicos adenomatóides. Natal/RN, 2008 73
Tabela 04 - Imunoexpressão da MMP-2 em ameloblastomas e tumores
odontogênicos adenomatóides. Natal/RN, 2008 74
Tabela 05 - Imunoexpressão da MMP-9 em ameloblastomas e tumores
odontogênicos adenomatóides. Natal/RN, 2008 74
Tabela 06 - Imunoexpressão das MMPs-1, -2 e -9 em ameloblastomas. Natal/RN,
2008 75
Tabela 07 - Imunoexpressão das MMPs-1, -2 e -9 em tumores odontogênicos
adenomatóides. Natal/RN, 2008 75
16
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
17
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
BFGF - Fator de crescimento básico de fibroblastos, do inglês basic fibroblast growth
factor;
BSA - Albumina bovina, do inglês bovine serum albumin;
DAB - Agente cromógeno diaminobenzidina;
EGF - Fator de crescimento epidérmico, do inglês epidermal growth factor;
H.E - Hematoxilina e eosina;
HCL - Ácido clorídrico;
kDa - kiloDaltons;
IL-1α
αα
α - Interleucina-1 alfa, do inglês interleukin-1
α
;
IL-1β
ββ
β - Interleucina-1 beta, do inglês interleukin-1
β
;
IL-6 - Interleucina-6, do inglês interleukin-6;
MEC - Matriz extracelular;
MMP- Metaloproteinase de matriz extracelular;
MT-MMP - Metaloproteinase de matriz extracelular associada à membrana;
OMS - Organização Mundial da Saúde;
PCNA - Antígeno nuclear de célula em proliferação, do inglês proliferating cell
nuclear antigen;
PDGF - Fator de crescimento derivado de plaquetas, do inglês platelet-derived
growth factor;
pH - Potencial hidrogeniônico;
RT-PCR - Reação em cadeia da polimerase com transcriptase reversa, do inglês
reverse transcription polymerase chain reaction;
SABC - Técnica da estreptavidina-biotina imunoperoxidase, do inglês streptavidin-
biotin complex;
TIMP - Inibidor tecidual das metaloproteinase de matriz extracelular, do inglês tissue
inhibitor of metalloproteinase;
TGF-α
αα
α - Fator de transformação do crescimento-alfa, do inglês transforming growth
factor-
α
;
TGF-β
ββ
β - Fator de transformação do crescimento-beta, do inglês transforming growth
factor-
β
;
TNF-α
αα
α - Fator de necrose tumoral-alfa, do inglês tumor necrosis factor-
α
;
18
TOA -Tumor odontogênico adenomatóide;
TRIS – Tris-hidroxi-metil-aminocetano;
UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
19
LISTA DE SÍMBOLOS
20
LISTA DE SÍMBOLOS
ºC - Grau Celsius;
β
ββ
β - beta;
α
αα
α - alfa;
µ
µµ
µm - micra.
21
SUMÁRIO
22
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 24
2 REVISÃO DE LITERATURA 26
2.1 AMELOBLASTOMA
26
2.1.1 Ameloblastoma sólido ou multicístico 27
2.2 TUMOR ODONTOGÊNICO ADENOMATÓIDE 31
2.3 MATRIZ EXTRACELULAR (MEC) 36
2.4 METALOPROTEINASES DE MATRIZ (MMPs)
37
2.4.1 MMP-1 (Colagenase-1) 44
2.4.2 MMP-2 (Gelatinase A) 45
2.4.3 MMP-9 (Gelatinase B) 47
2.4.4 Expressão das MMPs-1, -2 e -9 em lesões odontogênicas 48
3 PROPOSIÇÃO 52
4 MATERIAIS E MÉTODOS 54
4.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO 54
4.2 POPULAÇÃO 54
4.3 AMOSTRA 54
4.3.1 Caracterização clínica dos ameloblastomas e tumores
odontogênicos adenomatóides 54
4.4 ANÁLISE MORFOLÓGICA DOS ESPÉCIMES 56
4.5 ESTUDO IMUNO-HISTOQUÍMICO 57
4.5.1 Coloração pelo método imuno-histoquímico 57
4.5.2 Análise imuno-histoquímica 59
4.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA 59
23
4.7 IMPLICAÇÕES ÉTICAS 60
5 RESULTADOS 62
5.1 RESULTADOS MORFOLÓGICOS 62
5.1.1 Ameloblastoma 62
5.1.2 Tumor Odontogênico Adenomatóide 62
5.2 RESULTADOS IMUNO-HISTOQUÍMICOS 65
5.2.1 Ameloblastoma 65
5.2.2 Tumor odontogênico adenomatóide 68
5.3 RESULTADOS ESTATÍSTICOS 73
5.3.1 Resultados das análises inferenciais dos escores de
imunoexpressão das metaloproteinases-1, - 2 e -9 73
6 DISCUSSÃO 77
7 CONCLUSÕES 89
REFERÊNCIAS 91
APÊNDICE 102
ANEXO 104
24
INTRODUÇÃO
25
1 INTRODUÇÃO
O ameloblastoma e o tumor odontogênico adenomatóide constituem dois
representantes de tumores benignos derivados do epitélio odontogênico, sem a
participação do ectomesênquima (BARNES et al, 2005).
O ameloblastoma é definido como neoplasia odontogênica rara que, apesar
de apresentar natureza benigna, possui um comportamento agressivo e invasivo,
podendo causar grande destruição tecidual. De acordo com suas características
clínicas, radiográficas e histológicas, é classificado atualmente em quatro tipos:
sólido ou multicístico, unicístico, desmoplásico e periférico (BARNES et al, 2005).
O tumor odontogênico adenomatóide consiste em uma lesão de crescimento
lento, porém progressiva e compreende 2 a 7% dos tumores odontogênicos. As
lesões são geralmente assintomáticas e localizam-se preferencialmente na maxila,
sendo sua detecção feita, comumente, através de exames radiogficos de rotina,
uma vez que a associação com o canino incluso é comum (REGEZI, SCIUBBA,
2000; SEMPERE et al, 2006).
As MMPs compõem uma família de endopeptidases que possuem a
capacidade de degradar todos os componentes da MEC, incluindo a matriz
intersticial e a membrana basal, participando, portanto, de eventos fisiológicos como
a remodelação tecidual e a embriogênese, além de processos patológicos, como por
exemplo, as neoplasias (SOUZA, LINE, 2002).
Diversos estudos têm enfatizado a ação e a importância das
metaloproteinases de matriz (MMPs) no crescimento de processos patológicos das
mais variadas naturezas. Essas proteases possuem a capacidade de atuar sobre os
componentes da matriz extracelular (MEC) favorecendo a invasão e a proliferação
das células neoplásicas (MOTT, WERB, 2004).
Para uma melhor compreensão do comportamento biológico local dos
ameloblastomas e dos tumores odontogênicos adenomatóides, o presente trabalho
tem como objetivo avaliar e comparar a expressão imuno-histoquímica das MMPs-1,
-2 e -9 nos tumores odontogênicos citados.
26
REVISÃO DE LITERATURA
27
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 AMELOBLASTOMA
O ameloblastoma é definido como um tumor odontogênico benigno que
acomete os ossos gnáticos, porém apresenta um comportamento agressivo e
invasivo, causando uma considerável destruição óssea (PINHEIRO et al, 2004;
KUMAMOTO, OOYA, 2005b; KUMAMOTO, OOYA, 2006a; BELLO et al, 2007). De
acordo com a Classificação de Tumores Odontogênicos da Organização Mundial de
Saúde (OMS) de 2005, o ameloblastoma é uma lesão rara, derivada do epitélio
odontogênico, sem a participação do ectomesênquima odontogênico (BARNES et al,
2005).
Em relação à origem do ameloblastoma, Neville et al (2004) afirmam que esse
tumor pode originar-se de remanescentes da lâmina dentária e do órgão do esmalte,
do revestimento epitelial de um cisto odontogênico ou de células da camada basal
da mucosa oral.
Estudos realizados em diferentes países constataram que a freqüência de
tumores odontogênicos é baixa entre as biópsias realizadas, com uma variação de
0,7 a 2,5% (DALEY, WYSOCKI, PRINGLE, 1994; MOSQUEDA-TAYLOR et al, 1997;
SANTOS et al, 2001; OCHSENIUS et al, 2002; MODOLO, et al, 2004; TAMME et al,
2004; FERNANDES et al, 2005).
A freqüência e distribuição dos ameloblastomas, segundo dados da literatura,
variam em diferentes países (SANTOS et al, 2001; ADEBAYO, AJIKE, ADEKEYE,
2005; CAMISASCA et al, 2005; BUCHNER, MERREL, CARPENTER, 2006), porém,
ocupam, geralmente, o primeiro ou segundo lugar dos tumores odontogênicos com
maior ocorrência na cavidade oral.
Em países como Nigéria, China, em uma população do Brasil, Hong-Kong e
Japão, estudos têm demonstrado que o ameloblastoma é o tumor odontogênico
mais comum nessas regiões, com uma freqüência que varia de 45,2% a 73,3%
(ODUKOYA, 1995; LU et al, 1998; ADEBAYO, AJIKE, ADEKEYE, 2002 e 2005;
LADEINDE et al, 2005; FERNANDES et al, 2005; BARNES et al, 2005).
Trabalhos realizados no Canadá, México, Chile e Estados Unidos detectaram
que o ameloblastoma ocupa a segunda posição dentre os tumores odontogênicos
mais freqüentes na cavidade oral, perdendo apenas para o odontoma (DALEY,
28
WYSOCKI, PRINGLE, 1994; MOSQUEDA-TAYLOR et al, 1997; OCHSENIUS et al,
2002; BUCHNER, MERREL, CARPENTER, 2006).
Na Classificação da Organização Mundial de Saúde de 2005, o
ameloblastoma foi dividido em quatro variantes, de acordo com suas características
clínicas, radiográficas e histopatológicas: ameloblastoma sólido ou multicístico,
ameloblastoma periférico ou extra-ósseo, ameloblastoma unicístico e ameloblastoma
desmoplásico (BARNES et al, 2005). Nas classificações anteriores de 1971 e 1992,
o tipo desmoplásico era considerado apenas uma variante histológica do
ameloblastoma (KRAMER, PINDBORG, SHEAR, 1992). Philipsen e Reichart, em
2002, sugeriram as referidas modificações, uma vez que as variantes citadas do
ameloblastoma possuem caractesticas clínicas, radiológicas e histológicas
diferentes, assim como comportamento biológico distinto.
No presente trabalho, será analisado apenas o ameloblastoma sólido
caracterizado por um comportamento mais agressivo em comparação com as
demais variantes do tumor.
2.1.1 Ameloblastoma sólido ou multicístico
O ameloblastoma sólido é um tumor odontogênico benigno de crescimento
lento, porém localmente invasivo (KUMAMOTO, OHKI, OOYA, 2005; GOMES et al,
2006; OKADA, YAMAMOTO, TILAKARATNE, 2007).
A maioria dos ameloblastomas sólidos acomete indivíduos da meia-idade,
sendo geralmente diagnosticados entre 30 e 60 anos. Raramente pessoas com
menos de 20 anos são afetadas (NEVILLE et al, 2004). Buchner, Merrell e Carpenter
(2006) evidenciaram uma média de idade de 48 anos na população da Califórnia,
Estados Unidos, enquanto Okada, Yamamoto e Tilakaratne (2007) encontraram uma
média de idade de 33,2 anos na população do Sri Lanka.
Barnes et al (2005) afirmam que nos ameloblastomas não predileção por
sexo. Lu et al (1998), Ladeinde et al (2005) e Buchner, Merrell e Carpenter (2006)
relataram em suas pesquisas uma predileção pelo sexo masculino.
Lu et al (1998) encontraram 264 homens (60%) e 179 mulheres (40%) dos
445 casos de ameloblastoma avaliados na população chinesa. Ladeinde et al (2005)
evidenciaram uma ligeira predileção pelo sexo masculino, com 106 casos de
ameloblastoma diagnosticados em homens (53%) e 95 em mulheres (47%), do total
29
de 201 casos de ameloblastomas avaliados na Nigéria. Buchner, Merrell e Carpenter
(2006) observaram, na população da Califórnia, que o ameloblastoma sólido foi
diagnosticado em 41 homens (59%) e 28 mulheres (41%) do total de 69 casos do
tumor.
Santos et al (2001) observaram uma preferência pelo sexo feminino, com um
percentual de 56,4% e os homens com 43,6%, do total de 39 casos de
ameloblastomas. O mesmo foi verificado por Mosqueda-Taylor et al (1997) na
população do México e por Ochsenius et al (2002) no Chile.
Em relação à localização, a mandíbula é mais afetada do que a maxila, com
uma forte predileção na região posterior. Quando o envolvimento da maxila,
geralmente o sítio anatômico de eleição é a região posterior, assim como na
mandíbula (BUCHNER, MERELL, CARPENTER, 2006; GOMES et al, 2006;
OKADA, YAMAMOTO, TILAKARATNE, 2007).
Fernandes et al (2005) encontraram 85% dos 154 ameloblastomas
acometendo mandíbula e a região de molares foi a mais afetada. Dados
semelhantes foram encontrados por Mosqueda-Taylor et al (1997), Lu et al (1998),
Santos et al (2001), Ochsenius et al (2002) e Ladeinde et al (2005) nas populações
do México, da China, do Brasil, do Chile e da Nigéria, respectivamente.
Na análise realizada em 157 ameloblastomas no Sri Lanka, Okada,
Yamamoto e Tilakaratne (2007) encontraram 94,3% desses tumores na mandíbula e
apenas 5,7% na maxila, sendo que dos 148 casos que afetaram a mandíbula, 100
casos estavam localizados na região posterior.
A sintomatologia nem sempre se faz presente, sendo que as lesões menores
são detectadas através de exames radiográficos. O crescimento da lesão é lento,
podendo alcançar grandes tamanhos, causando tumefação e expansão óssea, bem
como reabsorção da raiz de elementos dentários adjacentes. Raramente se observa
dor e parestesia (GOMES et al, 2002; ABU EL-NAAJ, EMODI, PELED, 2005).
Considerando o comportamento biológico dos ameloblastomas, Vered et al
(2005) relatam que os miofibroblastos o encontrados no estroma de neoplasias e
possuem um potencial de facilitar a progressão de lesões neoplásicas de origem
epitelial. De acordo com os referidos autores, a alta freqüência de miofibroblastos no
estroma de lesões odontogênicas agressivas, como nos ameloblastomas sólidos,
pode contribuir para o comportamento biológico dessa lesão.
30
Estudos genéticos realizados por Lim et al (2006) revelam a existência de
genes superexpressos em ameloblastomas que estão relacionados com o
desenvolvimento e a progressão desse tumor. Esses genes estão envolvidos em
processos celulares como: ciclo celular, crescimento da célula, transcrição, adesão e
invasão celular entre outros. A presença de subexpressão de genes relacionados
com a matriz extracelular, adesão, invasão, resposta imunológica do hospedeiro,
entre outros processos, também pode ser verificada. Para os referidos autores, a
superexpressão e a subexpressão de determinados grupos de genes podem estar
relacionadas com os fatores prognósticos.
Radiograficamente, os ameloblastomas sólidos apresentam uma imagem
radiolúcida multilocular ou unilocular com as bordas festonadas. Quando
multilocular, as loculações grandes são descritas com o aspecto de bolhas de sabão,
enquanto que as menores são denominadas como favos de mel. A imagem
unilocular pode lembrar uma lesão cística. Evidencia-se, ainda, expansão das
corticais ósseas e reabsorção radicular de dentes adjacentes à lesão. Outra
característica que pode ser encontrada é a presença de elemento dentário incluso e,
nesse caso, o terceiro molar inferior é o dente mais frequentemente associado. O
diagnóstico definitivo não pode ser dado apenas com a análise das características
radiográficas, uma vez que outras lesões odontogênicas podem ter um aspecto
radiográfico semelhante (GOMES et al, 2002; SANTANA, BORAKS, SETTANNI,
2004; LEDESMA-MONTES et al, 2007).
Conforme Kumamoto, Kimi e Ooya (2001a), Souza, Sousa e Pinto, (2001) e
Zemann et al (2007), os ameloblastomas sólidos apresentam histologicamente
diversos padrões, podendo ser folicular, plexiforme, acantomatoso, de células
granulares e de células basais. Os tipos folicular e plexiforme são os mais
encontrados e muitas vezes há associação de mais de um tipo histológico.
O tipo folicular consiste em proliferação de ilhas e ninhos de epitélio
odontogênico em um estroma de tecido conjuntivo fibroso maduro. Os ninhos
apresentam as células da periferia colunares e altas, por vezes, bicas, que se
assemelham aos ameloblastos. Essas células estão dispostas em paliçadas, com
núcleos hipercromados e polarização invertida. A porção central dos ninhos é
constituída por células arranjadas frouxamente, lembrando o retículo estrelado do
órgão do esmalte. Pode ocorrer a formação de cistos nos ninhos epiteliais. O padrão
plexiforme exibe a formação de cordões de epitélio odontogênico que se
31
anastomosam, com as lulas da periferia exibindo morfologia colunar ou cúbica,
semelhante aos ameloblastos e estão circundando lulas epiteliais frouxamente
arranjadas. O estroma geralmente é frouxo. A formação cística nesse tipo histológico
é mais incomum e quando presente está associada à degeneração do estroma. O
ameloblastoma acantomatoso caracteriza-se pela metaplasia escamosa e pela
presença de ceratina na porção central das ilhas epiteliais de um ameloblastoma do
tipo folicular. O padrão do ameloblastoma de células granulares exibe células
granulares, com citoplasma abundante e grânulos eosinofílicos. Já o tipo basalóide é
o menos comum e consiste em ninho de células basalóides na porção central e
células cúbicas na sua periferia (NEVILLE et al, 2004; BARNES et al, 2005).
Diversas formas de terapia são relatadas na literatura para o tratamento dos
ameloblastoma sólidos. As modalidades terapêuticas podem variar desde uma
enucleação e curetagem à ressecção em bloco com margens de segurança. Porém,
os tratamentos mais conservadores estão associados a uma alta taxa de
recorrência, pois fragmentos do tumor podem permanecer no osso (GOMES et al,
2002).
Abu El-Naaj, Emodi e Peled (2005) relatam que a taxa de recorrência, quando
se estabelece uma simples curetagem em ameloblastoma, pode ser maior que 75%.
Meer et al (2003), Chapelle et al (2004) e Barros et al (2006) relatam que
ameloblastomas sólidos tratados com enucleação e curetagem exibem taxas de
recidiva em torno de 55 a 90%.
A ressecção marginal em bloco com margem de segurança é o tratamento
comumente estabelecido, apresentando uma taxa de recorrência de
aproximadamente 15%. Em ameloblastomas localizados na região posterior da
maxila, a possibilidade de infiltração para os espaços medulares, dificultando a
definição de uma margem de segurança adequada, sendo indicado um tratamento
mais radical (KIM, JANG, KOREA, 2001; GOMES et al, 2002; CHAPELLE et al,
2004).
Barros et al (2006) relatam que, como opção de tratamento para
ameloblastomas, a marsupialização que promove descompressão intratumoral e
redução do tamanho da lesão. Consequentemente, a extensão cirúrgica pode ser
minimizada, evitando cirurgias radicais; porém, é necessário haver cooperação e
assiduidade do paciente. Em sua pesquisa, os autores citados verificaram através da
análise imuno-histoquímica do antígeno nuclear de proliferação celular (PCNA, do
32
inglês proliferating cell nuclear antigen) e da proteína p53, que a utilização da
marsupialização como forma de tratamento não propiciou uma diminuição na
capacidade proliferativa das células tumorais.
Gomes et al (2002) relataram a possibilidade da utilização da crioterapia,
após curetagem ou enucleação como forma de tratamento para o ameloblastoma
sólido. A crioterapia utiliza nitrogênio líquido a baixas temperaturas (-198ºC)
promovendo a desvitalização do osso e manutenção da matriz inorgânica.
De acordo com Vayvada et al (2006) é necessário utilizar métodos de
reconstrução para reabilitação oral após tratamentos mutiladores. Esse
procedimento é satisfatório principalmente se realizado imediatamente após a
mandibulectomia.
O acompanhamento por um período de tempo prolongado deve ser
estabelecido após o tratamento dos ameloblastomas sólidos, uma vez que, as
recorrências podem demorar mais de 10 anos a aparecer (GOMES et al, 2006).
O ameloblastoma raramente apresenta um comportamento maligno, tendo
uma freqüência de malignidade de menos de 1%. Os termos utilizados para as
lesões malignas são ameloblastoma maligno e carcinoma ameloblástico
(KUMAMOTO, KIMI, OOYA, 2001b; REGEZI, 2002). O primeiro exibe uma lesão
metastática que microscopicamente se assemelha ao ameloblastoma, sem
características de malignidade; enquanto o carcinoma ameloblástico apresenta
células com características de malignidade no tumor primário e nos casos de
recorrência e metástase, quando presentes (KUMAMOTO, OHKI, OOYA, 2002;
KUMAMOTO, OOYA, 2005a).
2.2 TUMOR ODONTOGÊNCIO ADENOMATÓIDE
O tumor odontogênico adenomatóide é uma lesão de natureza benigna. Sua
descrição foi realizada primeiramente por Dreiblat em 1907 como
adenoameloblastoma, sendo uma variante do ameloblastoma. A denominação de
tumor adenomatóide ameloblástico também já foi usada como sinônimo para o
referido tumor. Porém, a partir de 1969, Philipsen e Birn propuseram o termo tumor
odontogênico adenomatóide, sendo uma entidade patológica distinta, devido as suas
características clínicas e seu comportamento biológico. Essa denominação foi aceita
e utilizada pela OMS na primeira classificação de tumores odontogênicos em 1971,
33
na qual era considerado como de natureza epitelial (SILVA et al, 2004; SEMPERE et
al, 2006).
Na classificação da OMS de 1992, o tumor odontogênico adenomatóide
passou a fazer parte dos tumores odontogênicos de epitélio odontogênico com
ectomesênquima, contendo ou não formação de tecido duro dentário (KRAMER,
PINDBORG, SHEAR, 1992). Em 2002, Philipsen e Reichart sugeriram que essa
lesão odontogênica fosse classificada juntamente com os tumores odontogênicos de
epitélio odontogênico sem a participação do ectomesênquima. Os autores afirmaram
que material de dentina displásica pode ser ocasionalmente encontrado nesses
tumores, porém não deve ser considerado dentina normal.
Na nova classificação da OMS de tumores odontogênicos publicada em 2005,
o tumor odontogênico adenomatóide passou a ser enquadrado nos tumores de
epitélio odontogênico sem ectomesênquima (BARNES et al, 2005).
O tumor odontogênico adenomatóide compreende cerca de 2 a 7% dos
tumores odontogênicos (SILVA et al, 2004; LEON et al, 2005). Estudos realizados
em países como Canadá, México, Chile, Brasil e Estados Unidos da América
confirmam esse dado (DALEY, WYSOCKI, PRINGLE, 2004; MOSQUEDA-TAYLOR
et al, 1997; OCHSENIUS et al, 2002; FERNANDES et al, 2005; BUCHNER,
MERRELL, CARPENTER, 2006).
Pesquisas realizadas na China, em uma população do Brasil e na Nigéria
encontraram uma freqüência ligeiramente maior que os estudos citados. Nesses
países, o tumor odontogênico adenomatóide foi o terceiro mais comum dentre os
tumores odontogênicos, com freqüência que variou de 8,3% a 9,0% (LU et al, 1998;
SANTOS et al, 2001; ADEBAYO AJIKE, ADEKEYE, 2002).
A histogênese do tumor odontogênico adenomatóide é controversa, assim
como sua natureza neoplásica ou hamartomatosa. De acordo com Nigam, Gupta e
Chaturvedi (2005), esse tumor é considerado mais uma lesão hamartomatosa do
que um neoplasma verdadeiro. Sua histogênese é incerta, porém evidências que
esse tumor se origina a partir da lâmina dentária ou de seus remanescentes.
Crivelini et al (2003) e Crivelini, Soubhia e Felipini (2005) consideram o tumor
odontogênico adenomatóide como um hamartoma e sua origem estaria relacionada
com o epitélio reduzido do órgão do esmalte.
Sempere et al (2006) relatam que a baixa capacidade de proliferação celular,
a presença de calcificações ou a formação inadequada de tecido dentinóide, além
34
da produção de material semelhante à substância amilóide são características que
reforçam a idéia de que o tumor odontogênico adenomatóide seria um hamartoma.
Lopes et al (2005) verificaram em uma análise imuno-histoquímica a presença
de citoqueratinas 14 e 19 em tumores odontogênicos adenomatóides e, com isso,
confirmaram a sua origem a partir do epitélio odontogênico.
Takahashi et al (2001) afirmam que a origem odontogênica para o tumor
odontogênico adenomatóide é a mais aceita pelos pesquisadores, pois o mesmo é
uma lesão intra-óssea e frequentemente associado a outras lesões como o cisto
dentígero, assim como dentes impactados. Am disto, possui características
similares aos componentes do órgão do esmalte, da lâmina dentária, epitélio
reduzido do órgão do esmalte e seus remanescentes.
O tumor odontogênico adenomatóide é considerado um tumor odontogênico
de crescimento lento, porém progressivo. Pode causar assimetria facial e geralmente
está associado a um dente incluso (PHILIPSEN, REICHART, 1998; SILVA et al,
2004).
Sempere et al (2006) realizaram um estudo imuno-histoquímico em tumores
odontogênicos adenomatóides e verificaram uma baixa reatividade para o marcador
de proliferação celular Ki67. Apenas 2 a 3% das células tumorais fusiformes e dos
nódulos marcaram para o Ki67, confirmando seu baixo potencial de proliferação.
O período mais frequentemente acometido é a segunda década de vida,
sendo comum em adolescentes e mulheres (SEMPERE et al, 2006; CHUAN-XIANG,
YAN, 2007). Estudos realizados por Okada, Yamamoto e Tilakaratne (2007)
evidenciaram uma média de idade de acometimento de 18,2 anos e uma predileção
pelo sexo feminino na proporção de homem:mulher de 1:2,5. Reiterando os achados
acima citados, citam-se os trabalhos realizados por Mosqueda-Taylor et al (1997) no
México, Lu et al (1998) na China, Santos et al (2001) e Fernandes et al (2005) no
Brasil e Ladeinde et al (2005) na Nigéria.
Ochsenius et al (2002) e Adebayo, Ajike e Adekeye (2005) encontraram
resultados diferentes em suas pesquisas. Ochsenius et al (2002) observaram no
Chile, 54,2% de homens afetados por esse tumor e 45,8% de mulheres. Na Nigéria,
Adebayo, Ajike e Adekeye (2005) verificaram uma prevalência um pouco maior do
tumor odontogênico adenomatóide em homens do que em mulheres, com um
percentual de 56% para o sexo masculino e 44% para o feminino.
35
Quanto à localizão, uma maior incidência na maxila em relação à
mandíbula, sendo a região anterior o sítio anatômico mais comumente afetado
(SILVA et al, 2004; LEON et al, 2005; SEMPERE et al, 2006). Características
semelhantes foram constatadas em trabalhos realizados por Okada, Yamamoto e
Tilakaratne em 2007, que detectaram na população do Sri Lanka uma distribuição de
57,1% desses tumores em maxila e 42,9% em mandíbula. O mesmo foi evidenciado
por Mosqueda-Taylor et al (1997), Lu et al (1998), Fernandes et al (2005) e Ladeinde
et al (2005) na população mexicana, chinesa, brasileira e nigeriana,
respectivamente.
O tumor odontogênico adenomatóide possui três variantes clinicopatológicas:
o tipo intra-ósseo folicular, quando associado a um elemento incluso; intra-ósseo
extrafolicular, sem associação com elemento incluso; e o tipo periférico ou extra-
ósseo. A variante periférica raramente é observada, correspondendo a 3% dos
tumores odontogênicos adenomatóides. Clinicamente, se assemelha a lesões
fibrosas que acometem a gengiva (NIGAM, GUPTA, CHATURVEDI, 2005; CHUAN-
XIANG, YAN, 2007).
Em 60% a 73% dos casos, o tumor odontogênico adenomatóide está
associado a um elemento incluso, preferencialmente o canino, sendo o tipo folicular
o mais freqüente (SILVA et al, 2004; SEMPERE et al, 2006).
A maioria dos tumores odontogênicos adenomatóides não causa
sintomatologia dolorosa, sendo diagnosticados em exames radiográficos de rotina.
Com o crescimento da lesão, pode ser observada expansão da cortical óssea e
assimetria facial, assim como o deslocamento de dentes adjacentes e sintomatologia
dolorosa (REGEZI, SCIUBBA, 2000; SILVA et al, 2004).
Radiograficamente, o tipo folicular apresenta-se como uma imagem
radiolúcida bem definida, circundando a coroa do dente incluso e se estendendo ao
longo da raiz, ultrapassando a junção esmalte-cemento. A diferenciação do tumor
odontogênico adenomatóide com o cisto dentígero pode ser difícil nesses casos,
porém o prolongamento da imagem radiolúcida para a raiz pode ser uma
característica auxiliar no diagnóstico (PHILIPSEN, REICHART, 1998; NIGAM,
GUPTA, CHATURVEDI, 2005).
O tipo extrafolicular, que representa aproximadamente 24% dos tumores
odontogênicos adenomatóides, não está associado ao elemento incluso e exibe uma
imagem radiolúcida unilocular. Focos radiopacos discretos podem estar presentes
36
em 2/3 dos tumores odontogênicos adenomatóides intra-ósseos (SILVA et al, 2004;
SEMPERE et al, 2006).
A variante periférica nem sempre exibe uma imagem radiográfica, podendo
ser evidenciada uma erosão no osso alveolar (PHILIPSEN, REICHART, 1998;
KIGAM, GUPTA, CHATURVEDI, 2005).
Conforme Philipsen e Reichart (1998), o tumor odontogênico adenomatóide,
macroscopicamente, é uma lesão geralmente encapsulada com uma cápsula fibrosa
bem definida. A massa tumoral é lida e pode apresentar espaços císticos
pequenos contendo um material amarelado. No tipo folicular, a coroa e parte da raiz
do dente incluso podem estar associados à massa tumoral.
Em relação aos aspectos microscópicos, o tumor exibe células do epitélio
odontogênico com formas variadas, podendo ser fusiformes, cuboidais ou colunares,
dispostas em ninhos e estruturas semelhantes a rosetas em um escasso estroma de
tecido conjuntivo fibroso. Na porção central das rosetas, pode ser evidenciado um
material eosinofílico amorfo compatível com substância amilóide. Estruturas
semelhantes a ductos ou tubulares podem ser visualizadas, em quantidade variável
ou estar ausentes. As células da periferia desses túbulos que rodeiam o espaço
central o colunares ou cúbicas, com o núcleo polarizado no sentido oposto à
superfície luminal. Essas estruturas não são verdadeiros ductos. O pseudo-lúmen é
formado pela secreção das células epiteliais colunares e pode estar vazio ou
preenchido com material eosinofílico ou células descamadas. Podem ser
visualizados, em alguns casos, focos de calcificação no tumor em quantidade
variável, sendo interpretados como cemento ou material dentinóide (PHILIPSEN,
REICHART, 1998; MURATA et al, 2000; NEVILLE et al, 2004).
O tratamento do tumor odontogênico adenomatóide é a excisão cirúrgica
local, podendo ser realizadas tanto a enucleação como a curetagem. A ressecção
em bloco só é indicada em casos extremos, onde há riscos de fratura óssea. Por ser
uma lesão encapsulada, sua remoção é considerada fácil e a recorrência raramente
ocorre (PHILIPSEN, REICHART, 1998; BARBOZA et al, 2005; NIGAM, GUPTA,
CHATURVEDI, 2005; SEMPERE et al, 2006).
37
2.3 MATRIZ EXTRACELULAR (MEC)
A matriz extracelular é composta por uma rede complexa de macromoléculas
presente nos espaços intercelulares, responsável por fornecer sustentação para as
células, sendo secretada localmente por estas (RAITZ, MARTINS, ARAÚJO, 2003;
MOTT, WERB, 2004). A MEC está distribuída entre os vários tecidos do organismo
de forma diferente e fornece condições adequadas para o crescimento e
diferenciação celular (PEREIRA et al, 2005).
Labat-Robert (2004) afirma que a matriz extracelular secretada pelas células
ocorre de uma forma programada e geneticamente determinada, porém pode ser
influenciada pelo meio.
Três grupos são responsáveis pela formação da matriz extracelular: proteínas
estruturais fibrosas, proteínas estruturais não-fibrosas e a substância fundamental
com proteínas fibrosas imersas. Dentre as proteínas estruturais fibrosas estão o
colágeno e a elastina. as proteínas não-fibrilares são representadas pelas
glicoproteínas adesivas, entre elas a fibronectina e a laminina, além da tenascina,
entactina e ondulina, que têm função de proporcionar adeo célula-matriz. A
substância fundamental é composta por um gel altamente hidratado com
glicosaminoglicanos (ácido hialurônico) e proteoglicanos (PEREIRA et al, 2005).
O colágeno, principal proteína da matriz extracelular, é secretado por
fibroblastos existentes no tecido conjuntivo e outros tipos celulares. Nesse tecido,
encontram-se os colágenos fibrilares, representados pelos tipos I, II, III, V, e XI,
sendo o tipo I o principal colágeno presente na pele e nos ossos; os colágenos
associados a fibrilas, que são os tipos IX e XII; e os formadores de rede,
denominados tipo IV e VII. Sua estrutura é longa e rígida, formada por uma fita tripla
helicoidal, na qual três cadeias polipeptídicas de colágeno estão entrelaçadas
formando uma fita única (ALBERTS et al, 2004).
As macromoléculas que formam a matriz extracelular podem se organizar em
matriz intersticial e membrana basal. A matriz intersticial está presente nos espaços
por entre as células, bem como no tecido conjuntivo, sendo constituída por colágeno
fibrilar (tipo I, III, V) e não-fibrilar, além de elastina, fibronectina, proteoglicanos e
ácido hialurônico (KUMAR, ABBAS, FAUSTO, 2004; PEREIRA et al, 2005).
A membrana basal, constituída por colágeno não-fribilar, principalmente o tipo
IV, laminina, heparan sulfato e proteoglicanas, é produzida por células epiteliais e
38
mesenquimais, estando associadas à superfície celular (NAKANO et al, 2002;
KUMAMOTO et al, 2003; PEREIRA et al, 2005). Dentre as funções desempenhadas
pela membrana basal estão: atuação no processo de reparo e na orientação da
proliferação celular, indução à diferenciação das células, além de servir como
barreira estrutural à invasão tumoral (OLIVEIRA et al, 2002).
Dentre as diversas funções que a matriz extracelular exerce, pode-se citar:
armazenamento de fatores biologicamente ativos, como os fatores de crescimento,
as citocinas e os hormônios; fornecimento de substrato para adesão, migração e
proliferação das células, influenciando e regulando as funções celulares, assim como
o crescimento, a morfologia e a diferenciação das células. A matriz extracelular
desempenha o papel de sustentação, auxiliando na manutenção das células e dos
tecidos unidos, além de manter um ambiente organizado no qual as lulas podem
mover-se e interagir umas com as outras (THESLEFF, PARTANEN, VAINIO, 1991;
WERNERT, 1994; MEDEIROS, 2001; RAITZ, MARTINS, ARAÚJO, 2003; MOTT,
WERB, 2004; OLIVEIRA et al, 2004; ANDRADE et al, 2007).
De acordo com Alberts et al (2004), a matriz extracelular é de extrema
importância na regulação dos processos biológicos nos tecidos, seja em processos
fisiológicos do organismo ou em condições patológicas. Seus componentes são
constantemente renovados e sua degradação está associada à atuação de
proteases específicas, denominadas de metaloproteinases de matriz (MMPs), que
são secretadas por células locais.
As MMPs têm a capacidade de degradar os componentes da MEC, alterando
a aderência das células e liberando fatores bioativos armazenados na MEC,
atuando, portanto, na modulação da matriz extracelular (MOTT, WERB, 2004;
PEREIRA et al, 2005).
2.4 METALOPROTEINASES DE MATRIZ (MMPs)
As metaloproteinases de matriz (MMPs) compõem uma família de enzimas
proteolíticas dependentes de zinco e cálcio que têm a capacidade de degradar a
matriz extracelular intersticial e os componentes da membrana basal (KUMAMOTO
et al, 2003; SORSA, TJÄDERHANE, SALO, 2004; PINHEIRO et al, 2004; NAGASE,
VISSE, MURPHY, 2006).
39
O primeiro membro da família das MMPs, a colagenase, foi descoberto por
Gross e Lapière em 1962 ao estudarem a reabsorção da cauda de girinos. Os
pesquisadores verificaram a degradação do colágeno por ação enzimática durante a
metamorfose (WOESSNER JÚNIOR, 1991; SOUZA, LINE, 2002; ALA-AHO,
KÄHÄRI, 2005). Entretanto, no ano de 1949, já havia relatos da existência de
enzimas, as MMPs, que teriam a capacidade de facilitar o crescimento tumoral
(VERMA, HANSCH, 2007).
As metaloproteinases de matriz podem ser produzidas por lulas de vários
tipos como: fibroblastos, macrófagos, neutrófilos, linfócitos, células sinoviais e
epiteliais, assim como células tumorais (BAKER et al, 2006; VERMA, HANSCH,
2007).
Atualmente, foram identificados aproximadamente 24 tipos de
metaloproteinases de matriz e sua classificação é feita de acordo com o substrato
específico que degradam e com sua estrutura molecular. As MMPs se dividem em
MMP tipo-solúvel e MMP associada à membrana. Dentre as MMPs solúveis, estão
as colagenases, gelatinases, estromelisinas, matrilisinas e um grupo heterogêneo de
MMPs. As colagenases são representadas pelas MMP-1, -8 e -13; as gelatinases
pelas MMP-2 e -9; as estromelisinas pelas MMP-3, -10 e as matrilisinas pelas MMP-
7 e -26. Essas enzimas têm importante função nos eventos de remodelação
(SOUZA, LINE, 2002; NABESHIMA et al, 2002; KUMAMOTO et al, 2003; SORSA,
TJÄDERHANE, SALO, 2004; SILVEIRA et al, 2007).
De acordo com Nabeshima et al (2002), as metaloproteinases de matriz
associadas à membrana são representadas por seis tipos de metaloproteinases,
sendo divididas de acordo com o mecanismo de ancoragem à membrana. As
enzimas MT1-MMP, MT2-MMP, MT3-MMP, MT5-MMP são do tipo I transmembrana,
enquanto as metaloproteinases MT4-MMP e MT6-MMP estão associadas à
membrana através da molécula de glicosilfosfatilinositol. Entre as funções
desempenhadas por essas MT-MMP estão ações relacionadas com eventos
celulares como migração e invasão celular. As MT-MMPs são ativadas no interior
das células e expressas na sua superfície na forma ativa.
Entre as principais funções exercidas pelas MMPs estão: a degradação dos
componentes da matriz extracelular, a facilitação da migração celular, a
diferenciação celular e a participação nos processos de reparo, de
40
neovascularização, apoptose e em condições patológicas, como invasão tumoral
(RANDALL, HALL, 2004; NAGASE, VISSE, MURPHY, 2006).
As MMPs são formadas por uma estrutura que contém: domínio pré-peptídico,
seguido do pró-peptídeo e do domínio catalítico, am do domínio c-terminal
hemopexina presente em quase todas metaloproteinases. No domínio pré-peptídico
encontra-se o peptídeo sinalizador, que é removido após o direcionamento e síntese
da enzima no retículo endoplasmático. O pró-peptídeo possui aproximadamente 80
aminoácidos e é responsável pela manutenção da latência da pró-MMP. O domínio
catalítico, com cerca de 170 aminoácidos, contém zinco e necessita de cálcio para
sua estabilidade e atividade. O domínio c-terminal hemopexina, responsável pela
determinação da especificidade do substrato e pela interação com o inibidor
endógeno, possui 200 aminoácidos e está presente em todas metaloproteinases
ligadas ao domínio catalítico, com exceção das matrilisinas (MMP-7 e -26) e da
MMP-23 (STERNLICHT, WERB, 2001; SOUZA, LINE, 2002; NABESHIMA et al,
2002; FOLGUERAS et al, 2004; NAGASE, VISSE, MURPHY, 2006).
Algumas MMPs, como as MMP- 2 e -9, necessitam de domínios adicionais ou
pequenas inserções. Portanto, verifica-se a presença de três inserções tipo
fibronectina II ligadas ao domínio catalítico nessas metaloproteinases
(STERNLICHT, WERB, 2001; SOUZA, LINE, 2002; NABESHIMA et al, 2002;
FOLGUERAS et al, 2004; NAGASE, VISSE, MURPHY, 2006; CAWSTON, WILSON,
2006).
as MT-MMP contêm um domínio adicional transmembrana ou uma
molécula de glicosilfosfatilinositol que permite sua ancoragem na superfície celular
(STERNLICHT, WERB, 2001; VERMA, HANSCH, 2007). ainda nas MT-MMPs a
presença de uma inserção adicional localizada entre o pró-peptídeo e o domínio
catalítico que é clivado pela protease semelhante à furina, promovendo a ativação
intracelular da proenzima (FOLGUERAS et al, 2004).
As MMPs são secretadas de forma inativa como um zimógeno e sua ativação
nos tecidos ocorre pela clivagem do pró-peptídeo (SOUZA, LINE, 2002;
NABESHIMA et al, 2002). De acordo com Rundhaug (2003), as MMPs são ativadas
por proteases, como a plasmina e furina, entretanto, algumas metaloproteinases
podem ser ativadas por membros de sua família.
A ação das MMPs é muito importante na regulação da matriz extracelular, no
desenvolvimento embrionário e na remodelação dos tecidos. Essas enzimas
41
também estão envolvidas em diferentes processos fisiológicos e patológicos como a
inflamação, doença periodontal, artrite reumatóide, osteoporose, invasão tumoral e
metástase (PINHEIRO et al, 2004; SORSA, TJÄDERHANE, SALO, 2004; VICENTE
et al, 2005; KUMAMOTO, OOYA, 2006b).
Segundo Mott e Werb (2004), as MMPs são responsáveis por atuar na
liberação de fatores de crescimento e na modificação da interação na interface
célula-matriz extracelular, sendo necessárias na regulação da matriz extracelular.
Rundhaug (2003), Ala-Aho e Kähäri (2005) e Nagase, Visse e Murphy (2006)
afirmam que a expressão e as atividades das MMPs passam por um processo de
regulação. Portanto, a síntese e a secreção das metaloproteinases ocorrem quando
necessário, por sinais através de citocinas, fatores de crescimento, hormônios,
interação célula-célula e matriz-célula, bem como mecanismos de estresse e
transformações oncogênicas. Em condições normais, a atividade das MMPs nos
tecidos é mínima.
Segundo Thomas, Lewis e Speight (1999), a interleucina-1β (IL-1β, do inglês
interleukin-1
β
) e o fator de transformação do crescimento-β (TGF-β, do inglês
transforming growth factor-
β
) são substâncias com capacidade de regular a
expressão das MMPs. O primeiro atua estimulando a expressão das
metaloproteinases, enquanto o TGF-β inibe a expressão gênica das mesmas.
De acordo com Folgueras et al (2004) e Verma e Hansch (2007), as MMPs
em condições fisiológicas normais podem ser controladas em três diferentes
estágios: em nível transcricional, na ativação do zimógeno e na inibição da forma
ativa através do inibidor natural das metaloproteinases de matriz (TIMP). em
condições patológicas, o equilíbrio é perdido e o aumento da atividade da MMP
promove a degradação do tecido.
A MMP-2 é a única metaloproteinase não regulada em nível transcricional
como as demais MMPs. Sua expressão é controlada por um mecanismo único de
ativação enzimática e de estabilização pós-transcricional do RNAm (STERNLICHT,
WERB, 2001).
Em relação à regulação transcricional, a expressão gênica das MMPs pode
sofrer influência das variações genéticas, como a presença de fragmentos de
polimorfismo nas regiões promotoras de genes em algumas MMPs, influenciando o
desenvolvimento e a progressão de diferentes patologias (STERNLICHT, WERB,
42
2001), bem como a susceptibilidade de desenvolver câncer (FOLGUERAS et al,
2004).
A regulação da forma ativa das metaloproteinases de matriz pode ser feita
através de inibidores endógenos. A α2-macroglobulina e os inibidores naturais das
metaloproteinases de matriz (TIMPs) são substâncias endógenas capazes de inibir
as MMPs (NAGASE, VISSE, MURPHY, 2006), sendo o TIMP o inibidor mais
específico das MMPs (FOLGUERAS et al, 2004).
A α2-macroglobulina é uma glicoproteína plasmática de 725kDa capaz de
inibir as MMPs no plasma e nos fluídos tissulares através do aprisionamento dessas
enzimas dentro da macroglobulina e posterior endocitose do complexo α2-
macroglobulina/MMP, removendo a MMP e impedindo consequentemente sua ação
(STERNLICHT, WERB, 2001; NAGASE, VISSE, MURPHY, 2006).
Sternlicht e Werb (2001), Kumamoto et al (2003) e Ala-Aho e Kähäri (2005),
relatam que os inibidores naturais das metaloproteinases de matriz (TIMPs) são os
principais reguladores da atividade das MMPs no meio extracelular. A família dos
TIMPs é composta por quatro pequenas proteínas multifuncionais, com tamanhos
que variam de 21 a 28kDa, que atuam inibindo as formas ativas das MMPs, assim
como formas latentes. São denominados TIMP-1, TIMP-2 , TIMP-3 e TIMP-4. A
estrutura desses inibidores apresenta dois domínios: N-terminal, necessário para a
inibição, e C-terminal, responsável pela especificidade. A atividade inibitória dessas
moléculas é um processo reversível e ocorre de forma semelhante, mas elas diferem
em relação à distribuição nos tecidos, à regulação da sua expressão e à interação
com pro-gelatinases.
A expressão dos TIMPs pode ser regulada por vários fatores como: IL-1β,
interleucina-6 (IL-6, do inglês interleukin-6), fator de crescimento epidérmico (EGF,
do inglês epidermal growth factor), fator de crescimento básico de fibroblastos
(BFGF, do inglês basic fibroblast growth factor), fator de crescimento derivado de
plaquetas (PDGF, do inglês platelet-derived growth factor), fator de necrose tumoral-
α (TNF-α, do inglês tumor necrosis factor-
α
), TGF-β, retinóides, fatores ricos,
ésteres de forbol e ativadores de quinases A e C. Esses fatores também estão
associados à regulação do crescimento e funções das células, assim como, a
expressão das MMPs e de outras proteínas da matriz extracelular. Acredita-se que
isto ocorra devido à existência de fatores de transcrição comuns nos genes das
43
MMPs, TIMPs e outras proteínas da MEC (THOMAS, LEWIS, SPEIGHT, 1999;
STAMENKOVIC, 2000).
Westermarck e Kähäri (1999) e Visse e Nagase (2003) relatam outras funções
dos TIMPs, além da capacidade de inibir as metaloproteinases de matriz. Essas
moléculas estão envolvidas em funções biológicas, estimulando o crescimento de
diferentes tipos celulares e induzindo mudanças na morfologia das células. O TIMP-
2 possui a capacidade de inibir a proliferação das células endoteliais induzidas pelo
fator de crescimento básico fibroblástico. o TIMP-3 possui uma ação pró-
apoptótica, enquanto os TIMP-1 e -2 são anti-apoptóticos.
Recentemente, outros inibidores endógenos, como o intensificador da
proteinase C-terminal do pró-colágeno, foram descobertos. Essas proteínas
possuem uma seqüência semelhante ao domínio N-terminal dos TIMPs
(FOLGUERAS et al, 2004).
Segundo Souza e Line (2002), Kumamoto et al (2003) e Pinheiro et al (2004),
o equilíbrio entre a expressão das MMPs e dos TIMPs determina a extensão da
degradação da matriz extracelular, seja em condições fisiológicas ou patológicas. O
balanço entre a produção de MMPs e seus inibidores TIMPs é de extrema
importância para a manutenção da homeostase da matriz extracelular. O
desequilíbrio entre elas pode levar ao desenvolvimento de diversas patologias.
Ikebe et al (1999), Nagel et al (2004) e Pinheiro et al (2004) afirmam que a
atividade proteolítica das MMPs desempenha um papel crucial na invasão e na
metástase de diversos tipos de câncer. Dessa forma as gelatinases, representadas
pelas MMPs-2 e -9, exercem uma importante função, que atuam diretamente
sobre os componentes da membrana basal, considerada a primeira barreira a ser
degradada na invasão tumoral.
Na cavidade oral, diferentes processos patológicos, como a destruição do
tecido periodontal na periodontite, a cárie de raiz, a invasão tumoral e as desordens
temporomandibulares, são associados à ação das MMPs (SOUZA, LINE, 2002).
Baker et al (2006) enfatizam a importância das MMPs no câncer, relatando a
participação dessas enzimas na degradação dos componentes da matriz extracelular
e da membrana basal, na angiogênese, na invasão local, vascular e linfática. Os
autores detectaram, em sua pesquisa realizada com carcinoma de células
escamosas, um aumento nos níveis de MMP-1, -2, -3, e -9 quando comparado com
tecido oral normal.
44
No estudo de Amorim (2004) observou-se a expressão das matrilisinas (MMP-
7 e -26) e da β-catenina no carcinoma de células escamosas de língua e sua
correlação entre a presença ou não de metástases tumorais. Verificou-se que o
potencial metastático do carcinoma de células escamosas em língua não pode ser
determinado de forma eficaz pelo método utilizado.
Barros (2006) constatou em sua pesquisa a participação marcante das
metaloproteinases -1, -2, -7, -9 e -26 no desenvolvimento de carcinoma epidermóide
de lábio inferior e língua. As MMPs tiveram a expressão mais evidente no front de
invasão. Observou-se positividade para a MMP-1 nas células neoplásicas no front de
invasão em 93,3% dos casos analisados, constatando-se, segundo a autora, a
importância da MMP-1 no processo de invasão tumoral. Em relação à MMP-2, 60%
dos 30 casos de carcinoma epidermóide estudados apresentaram imunomarcação
positiva e 63,33% dos casos exibiram imunorreatividade para a MMP-9, indicando a
participação das gelatinases no desenvolvimento dessa neoplasia, uma vez que
possuem a capacidade de degradar o colágeno tipo IV e outros componentes da
membrana basal.
Vicente et al (2005) afirmam que as gelatinases (MMP-2 e -9) são importantes
no processo de invasão tumoral devido à capacidade de degradar o colágeno tipo
IV, principal constituinte da membrana basal, que é a primeira barreira a ser rompida
nesse processo.
As metaloproteinases também têm sido alvo de estudo em lees
odontogênicos, como cistos e tumores. Nos cistos odontogênicos estão associadas
ao crescimento e à expansão cística, uma vez que possuem a capacidade de
degradar os constituintes da matriz extracelular. Em relação aos tumores
odontogênicos, a expressão das MMPs está relacionada com o crescimento e
progressão tumoral (KUBOTA et al, 2002; KUMAMOTO et al, 2003; PINHEIRO et al,
2004; SILVEIRA et al, 2007).
De acordo com Kumamoto (2006), as metaloproteinases também atuam nos
tumores odontogênicos uma vez que os mesmos possuem os componentes da
matriz extracelular, como colágeno, fibronectina, tenascina, laminina e
proteoglicanos. As MMPs podem contribuir para a invasividade e progressão do
tumor.
45
2.4.1 MMP-1 (Colagenase-1)
As colagenases compreendem três tipos de metaloproteinases que possuem
a capacidade de degradar as fibras colágenas tipo I, II, III, V, IX. As colagenases 1, 2
e 3 correspondem às MMPs-1, -8 e -13, respectivamente (ALA-AHO, KÄHÄRI, 2005;
PEREIRA et al, 2006).
A degradação do colágeno fibrilar leva à formação de moléculas que o
termicamente instáveis e formam gelatinas que posteriormente serão degradadas
por outro membro da família das MMPs (PARDO, SELMAN, 2005).
De acordo com Borkakoti (2000), a colagenase é a única proteína que possui
a capacidade de clivar a tripla hélice do colágeno em um local específico produzindo
fragmentos menores, de ¾ e ¼ da molécula inicial.
A MMP-1, primeira enzima da família das metaloproteinases, descoberta em
1962, é também denominada de colagenase-1, colagenase fibroblástica e
colagenase intersticial (PARDO, SELMAN, 2005).
A clonagem da primeira MMP-1 de seres humanos e o seu sequenciamento
foram obtidos através de fibroblastos da pele de um adulto (ALA-AHO, KÄHÄRI,
2005).
A MMP-1 é sintetizada como um polipeptídeo e secretada como uma pró-
enzima (PARDO, SELMAN, 2005). Para que ocorra a ativação da MMP-1, é
necessária a conversão das formas latentes de 52 e 57kDa em formas ativas de 42
e 47kDa, respectivamente. De forma seqüencial, as proteases atuam no sítio de
clivagem do pró-peptídeo, produzindo uma forma intermediária de meia-vida curta
com 46kDa, que rapidamente é convertida em uma forma estável de 43kDa. A MMP-
1 pode ser ativada por diferentes moléculas, como plasmina, calicreína e quimase,
bem como, as MMP-3, MMP-7, MMP-10. A estrutura gênica da MMP-1 compõe-se
de 10 éxons e 9 íntrons e sua localização se encontra no braço longo do
cromossomo 11 (WOESSNER JUNIOR, 1991; ALA-AHO, KÄHÄRI, 2005).
Em tecidos normais seus níveis são baixos, porém na presença de processos
fisiológicos como cicatrização de feridas, processos de remodelação, bem como em
condições patológicas, sua expressão é elevada. Entre os processos patológicos
citam-se as úlceras cutâneas crônicas e os diferentes tipos de tumores malignos
(PARDO, SELMAN, 2005; ALA-AHO, KÄHÄRI, 2005).
46
A MMP-1 age sobre uma variedade de substratos, sendo considerada uma
molécula multifuncional. Essa enzima é responsável pela degradação de fibras
colágenas tipo I, II, III, VII, VIII e X, além de outras moléculas como perlecana,
agrecana, versicana, tenascina-C, anti-tripsina e α2-macroglobulina (PARDO,
SELMAN, 2005; ALA-AHO, KÄHÄRI, 2005).
A inibição da forma ativa da MMP-1 ocorre principalmente pela ação da TIMP-
1, que se mostra mais eficiente que a TIMP-2 (ALA-AHO, KÄHÄRI, 2005).
Em doenças como a artrite reumatóide, demonstrou-se um aumento na
expressão da MMP-1 e consequentemente uma maior degradação do colágeno. Em
diferentes tipos de câncer, a MMP-1 também se encontra em alta concentração
(PARDO, SELMAN, 2005).
Ala-Aho e Kähäri (2005) afirmam que a colagenase 1 atua na degradação das
fibras colágenas fibrilares do tipo I, II e III da matriz extracelular, contribuindo e
sendo essencial para a invasão de células malignas.
A MMP-1 é sintetizada por células tumorais e por fibroblastos estromais,
macrófagos, plasmócitos, linfócitos e neutrófilos, em resposta a fatores produzidos
por células do tumor, e sua expressão pode ser evidenciada no local da invao
tumoral. A superexpressão dessa metaloproteinase foi determinada em diferentes
tipos de ncer em estágio avançado e está associada a um pobre prognóstico
(ALA-AHO, KÄHÄRI, 2005; SILVEIRA et al, 2007).
Baker et al (2006) encontraram uma maior concentração de MMP-1 em
amostras de carcinoma de células escamosas quando comparadas com amostras
de tecido oral normal. De acordo com Ala-Aho e Kähäri (2005), a expressão da
MMP-1 está geralmente localizada nas células estromais ao redor das ilhas tumorais
do carcinoma de células escamosas, além das próprias células neoplásicas que são
estimuladas a sintetizar essa enzima.
2.4.2 MMP-2 (Gelatinase A)
A MMP-2, também denominada de gelatinase A, foi a segunda
metaloproteinase de matriz a ser descoberta e tem como principal função degradar o
colágeno tipo IV, componente fundamental da membrana basal, e outros
componentes da matriz extracelular (SORSA, TJÄDERHANE, SALO, 2004), dentre
47
os quais se podem citar colágeno tipo V, VII, X, gelatina tipo I, fibronectina e elastina
(WOESSNER JÚNIOR, 1991; TERONEN et al, 1995).
A forma latente dessa protease possui 72 kDa, enquanto que a ativa possui
66 kDa. Sua estrutura gênica é composta por 13 éxons e 9 íntrons e localiza-se no
cromossomo 16 (WOESSNER JÚNIOR, 1991; O’TOOLE, 2001).
De acordo com Rundhaug (2003), a ativação da MMP-2 depende não apenas
da MT-MMP, mas também do TIMP-2. Reiterando essa afirmativa, Kumamoto, Kimi
e Ooya (2001a) e Vicente et al (2005) referem que a MMP-2 é secretada na forma
inativa de zimógeno (pró-MMP-2) e para que ocorra a conversão para a forma ativa,
a pró-MMP-2 forma um complexo juntamente com a MT1-MMP e o TIMP-2 na
superfície da célula. Posteriormente, a pró-MMP-2 é ativada pela MT1-MMP.
Ala-Aho e Kähäri (2005) e Nagase, Visse e Murphy (2006) relatam que
diferentes MMPs podem ativar formas latentes de MMPs. Em relação à ativação da
MMP-2, diversas MMPs, como as MMP-1, -3, -7, -10, -12, -13, e as MT-MMP 1, 2, 3,
5 e 6, podem exercer essa função.
Fanchon et al (2004) sugeriram, em um estudo realizado com germes
dentários de ratos, a participação das gelatinases (MMP-2 e MMP-9), além das
MMP-3 e MMP-20 durante o processo inicial de formação e da mineralização do
esmalte e da dentina, reiterando a ão das MMPs durante a odontogênese, sendo
superexpressa quando a degradação da membrana basal e diferenciação dos
odontoblastos e subexpressa quando se inicia a deposição da matriz da dentina e do
esmalte.
De forma semelhante, Cotrim et al (2002) verificaram a expressão progressiva
da MMP-2 durante a formação do primeiro molar em ratos desde o nascimento até o
15º dia de vida. Na região da papila dentária, a expressão desta metaloproteinase foi
maior do que no órgão dentário. Portanto, durante o desenvolvimento e a maturação
do germe dentário em ratos, a MMP-2 tem expressão e atividade variadas.
Em um estudo realizado por Baker et al (2006), verificou-se uma maior
concentração de MMP-2 e -9 em carcinoma de células escamosas em relação ao
tecido oral normal. De acordo com Pereira et al (2006), na literatura diversos
estudos que demonstram elevados níveis de MMP-2 e MMP-9 em carcinoma de
células escamosas, associando este fato a um alto potencial de invasão e
metástase.
48
Vicente et al (2005) realizaram uma pesquisa para avaliar a expressão das
MMP-2 e MMP-9 em 68 casos de carcinoma de células escamosas oral. De acordo
com os resultados encontrados, os autores verificaram a participação dessas
metaloproteinases, através da imuno-histoquímica, na invasão tumoral.
2.4.3 MMP-9 (Gelatinase B)
A MMP-9 é uma protease com 92kDA, também denominada de gelatinase B.
Assim como a MMP-2, possui a capacidade de degradar o colágeno do tipo IV e V,
além das gelatinas I e V (WOESSNER JÚNIOR, 1991; O’TOOLE, 2001;
KUMAMOTO et al, 2003).
Semelhante a outras metaloproteinases, a MMP-9 é secretada na forma
inativa, como um zimógeno. Sua ativação depende da ação de diferentes
metaloproteinases como as MMPs-2, -3, -7, -13, e -26 (ALA-AHO, KÄHÄRI, 2005).
Sorsa, Tjäderhane e Salo (2004) relatam que a MMP-9 é sintetizada em
carcinoma pelas células tumorais e células inflamatórias. Pacientes portadores do
carcinoma de células escamosas com alta expressão de MMP-2 e MMP-9 têm um
pobre prognóstico em relação aos tumores com baixa atividade das gelatinases.
Corroborando os dados citados anteriormente, Vicente et al (2005) apontam
que a MMP-9 está relacionada com um pobre prognóstico em pacientes com
carcinoma de células escamosas oral sem metástase para linfonodos regionais.
Barros, em 2006, verificou em seu trabalho a participação dessa metaloproteinase
na invasão tumoral.
Kubota et al (2000) demonstraram em seus estudos que as formas latentes e
ativas da MMP-9 são reguladas pela IL-1α secretada por células epiteliais do
ceratocisto odontogênico. A IL-1α regula a secreção e a ativação da pró-MMP-9,
sugerindo sua participação na expansão dos cistos ósseos odontogênicos.
Em 2001, Kubota et al identificaram em uma pesquisa, através da zimografia,
as formas ativas e latentes da MMP-9 no fluído de ceratocistos odontogênicos
enquanto nos ameloblastomas o percentual dessa metaloproteinase foi bem menor.
Os autores afirmam que através da análise do fluído dessas duas lesões pode ser
feito a diferenciação entre elas.
49
2.4.4 Expressão das MMPs-1, -2 e -9 em lesões odontogênicas
Estudos têm sido realizados para verificar a participação das
metaloproteinases em lesões odontogênicas como cistos e tumores (KUBOTA et al,
2002; KUMAMOTO, 2006).
Em 1995, Teronen et al relatam a participação das MMP-2 e MMP-9 nos
mecanismos de expansão dos cistos ósseos por ação da degradação dos
componentes da membrana basal e da matriz osteóide. Os autores verificaram a
presença dessas enzimas na parede de cistos odontogênicos como radicular,
dentígero, residual e ceratocisto, através da técnica Western-blot, sendo que a
MMP-9 foi encontrada em maior quantidade que a MMP-2.
Em relação aos cistos odontogênicos, Lin et al (1997) verificaram a expressão
da MMP-1 e do TIMP-1 em 30 cistos radiculares através da imuno-histoquímica. Os
resultados encontrados mostraram positividade para MMP-1 no revestimento
epitelial, bem como, em fibroblastos, macrófagos, células endoteliais e osteoblastos.
Em relação ao TIMP-1, evidenciou-se marcação positiva em todos os casos para os
osteoblastos, os osteócitos e as células endoteliais, sendo que, em apenas cinco
casos de cistos radiculares com intenso infiltrado inflamatório subepitelial, detectou-
se o TIMP-1 no revestimento epitelial e na parede cística. Os autores concluíram que
há a participação da MMP-1 na expansão dos cistos radiculares e que a fraca
expressão do TIMP-1 no revestimento epitelial cístico evidencia o desequilíbrio entre
a produção da MMP-1 e TIMP-1, proporcionando a expansão do cisto radicular.
Em 2002, Kubota et al relatam que está sendo observada a expressão de
MMPs, como a MMP-1, MMP-2, MMP-8 e MMP-9, nos cistos odontogênicos e em
seus fluídos, assim como a participação dessas enzimas na degradação da
membrana basal e da matriz extracelular promovendo a expansão cística. De acordo
com os referidos autores, a ativação da pró-MMP-2 secretada pelos fibroblastos em
ceratocistos odontogênicos é aumentada pela IL-1α devido à maior expressão da
MT1-MMP em fibroblastos, sugerindo a participação da IL-1α na expansão desses
cistos.
No estudo realizado por Silveira et al (2007), observou-se a expressão das
MMPs-1, -2 e -9 no epitélio e no mesênquima de cistos radiculares, residuais,
dentígeros e ceratocistos odontogênicos. Os autores constataram maior
expressividade da MMP-1 no epitélio dos cistos radiculares, residuais e dentígero,
50
assim como nas células mesenquimais dos ceratocistos odontogênicos. A expressão
da MMP-2 foi variada, sendo focal no epitélio dos cistos radiculares e dos
ceratocistos odontogênicos e difusa na maioria dos casos de cistos residuais. Em
relação ao mesênquima, os ceratocistos e cistos dentígeros apresentaram marcação
focal no mesênquima enquanto que, nos demais cistos, a marcação foi
predominantemente negativa. A expressão da MMP-9 no epitélio dos cistos foi, na
maioria dos casos, focal. No mesênquima dos ceratocistos odontonicos observou-
se expressão marcante da MMP-9, enquanto nos demais cistos a marcação foi
predominantemente negativa. Os autores concluíram que as metaloproteinases
estudadas estão envolvidas nos mecanismos de crescimento e expansão cística e a
maior expressividade das MMPs no mesênquima dos ceratocistos pode estar
relacionada com a maior agressividade dessa lesão.
Nos tumores odontogênicos, estudos têm sido realizados para avaliação da
expressão das MMPs e sua relação com a progressão tumoral, uma vez que esses
tumores possuem os substratos degradados pelas metaloproteinases de matriz
(KUMAMOTO et al, 2003).
Reiterando a participação das MMPs na progressão dos tumores
odontogênicos, Kumamoto (2006) afirma que componentes da matriz extracelular,
como colágeno, tenascina, fibronectina, laminina e proteoglicanos, presentes nessas
neoplasias, sofrem degradação por ação das MMPs. Em tumores benignos, como
ameloblastomas e mixomas odontogênicos, a presença das MMP-1, -2 e -9 foi
detectada, contribuindo para a degradão da matriz extracelular e da membrana
basal. As moléculas inibidoras das MMPs, TIMPs-1 e -2, também foram encontradas
em ameloblastomas.
Kumamoto et al (2003) avaliaram em sua pesquisa a expressão imuno-
histoquímica das MMPs-1, -2 e -9, e dos inibidores TIMPs-1 e -2 na progressão
tumoral em 22 casos de ameloblastoma, assim como verificaram a marcação em 7
germes dentários. Verificou-se marcação intensa para as MMPs e TIMPs no
citoplasma dos fibroblastos e fraca reação nas células endoteliais dos germes
dentários e nas células tumorais dos ameloblastomas. A MMP-1 foi detectada nas
células estromais, mas não nas células tumorais dos ameloblastoma analisados. Na
MMP-2 observou-se fraca marcação nas células tumorais de 19 casos de
ameloblastoma e 3 casos não apresentaram positividade. Para a MMP-9 detectou-se
fraca marcação no citoplasma das células tumorais em 4 casos e os demais casos
51
foram negativos. Em relação às células estromais, todos os 22 casos foram positivos
para as MMPs- 2 e -9. Os autores concluíram que a expressão das MMPs e dos
TIMPs está associada à interação entre as células epiteliais e mesenquimais nos
tecidos odontogênicos neoplásicos e normais e que essas moléculas são
importantes na regulação da progressão dos tumores como ameloblastoma e
também no processo da odontogênese.
Pinheiro et al (2004) analisaram a participação e a importância das MMPs na
invasão local dos ameloblastomas. Os autores verificaram a expressão positiva,
através da análise imuno-histoquímica, das MMPs-1, -2 e -9 em 12 casos de
ameloblastoma e a atuação dessas enzimas na degradação da matriz óssea e na
liberação de fatores mitogênicos, proporcionando um aumento na proliferação
tumoral. As MMPs-1, -2 e -9 apresentaram positividade nas células colunares da
periferia dos ninhos de epitélio odontogênico dos ameloblastoma analisados, assim
como no estroma e na interface osso/neoplasma. Através do Western blot e da
enzimografia, os autores observaram a presença de formas ativas e inativas das
MMPs-1, -2 e -9. A produção das metaloproteinases estaria sendo regulada e
estimulada por citocinas e fatores de crescimento como interleucina-1α (IL-1α, do
inglês interukin-1
α
), IL-1β, TNF-α, fator de transformação do crescimento -α (TGF-α,
do inglês transforming growth factor-
α
), entre outros.
No trabalho desenvolvido por Nonaka (2006), evidenciou-se a expressão das
MMPs-1, -2 e -9 em mixomas odontogênicos, demonstrando a participação dessas
enzimas na degradação da matriz extracelular. Em relação à MMP-1, foi constatado
um maior número de células neoplásicas positivas quando comparado com a MMP-2
e -9, revelando a grande importância dessa metaloproteinase na degradação da
MEC e na capacidade de invasão no referido tumor.
52
PROPOSIÇÃO
53
3 PROPOSIÇÃO
O presente trabalho tem como objetivo avaliar e comparar a expressão
imuno-histoquímica das metaloproteinases-1 (MMP-1), -2 (MMP-2) e -9 (MMP-9) em
ameloblastomas lidos e tumores odontogênicos adenomatóides visando
compreender a relação das células tumorais com o estroma para o melhor
entendimento do comportamento local destes tumores.
54
MATERIAL E MÉTODOS
55
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO
A presente pesquisa consistiu em uma análise semi-quantitativa, descritiva e
comparativa do padrão de expressão das metaloproteinases-1(MMP-1), -2 (MMP-2)
e -9 (MMP-9) em uma série de casos de ameloblastomas sólidos e tumores
odontogênicos adenomatóides.
4.2 POPULAÇÃO
A população deste estudo foi representada por todos os casos de
ameloblastomas sólidos e tumores odontogênicos adenomatóides registrados e
armazenados nos arquivos do Laboratório de Anatomia Patológica da Disciplina de
Patologia Oral da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), no período
de 1977 a 2007.
4.3 AMOSTRA
A amostra objeto desta pesquisa constituiu-se por 20 casos de
ameloblastomas sólidos e 10 de tumores odontogênicos adenomatóide registrados
no Serviço supracitado.
Como critérios de inclusão, foram considerados os seguintes: (1) quantidade
suficiente de tecido neoplásico no material arquivado referente a cada caso; (2) boas
condições de armazenamento do espécime incluído em parafina; (3) lesões intra-
ósseas.
4.3.1
Caracterização clínica dos ameloblastomas e tumores odontogênicos
adenomatóides
Os dados clínicos dos casos de ameloblastoma e
tumor odontogênico
adenomatóide selecionados, obtidos nas fichas clínicas dos pacientes, podem ser
observados nos quadros 01 e 02, respectivamente.
56
Quadro 01 - Características clínicas dos casos de ameloblastomas. Natal/RN, 2008
Caso
Sexo
Idade (anos)
Raça
Localização
Anatômica
1
Feminino 36 Não-branca Corpo mandíbula
2
Masculino 92 Branca Trígono retromolar
3
Feminino 22 Branca Corpo e ramo mandibular
4
Feminino 45 Branca N/E
5
Masculino 43 Branca Mandíbula
6
Feminino 65 Não-branca Mandíbula (região de mento)
7
Masculino 46 Não-branca Região de 34 a 38
8
Masculino 51 Não-branca Região 34,35,36
9
Feminino 23 Branca Mandíbula (região 48)
10
Feminino 80 Não-branca Região posterior mandíbula
11
Masculino 19 Branca Região 44,45
12
Feminino 41 N/E Mandíbula
13
Masculino 26 N/E Mandíbula (região posterior)
14
Masculino 54 Não-branca Região 43
15
Feminino N/E N/E Pré-maxila
16
Masculino 53 Não-branca Região 34 a 48
17
Masculino 46 Não-branca Região 34 a 38
18
Masculino N/E Branca Mandíbula (rebordo alveolar)
19
Feminino 18 Branca Região de 34 a 44
20
Masculino 20 Não-branca Mandíbula (rebordo alveolar)
Legenda: N/E – não especificado.
57
Quadro 02 - Características clínicas dos casos de tumores odontogênicos
adenomatóides. Natal/RN, 2008
Caso
Sexo
Idade (anos)
Raça
Localização
Anatômica
1
Masculino 26 Branca Mandíbula (região de mento)
2
Feminino 15 Branca Região anterior da maxila
3
Feminino 19 Branca Rebordo alveolar (região 21 a
23)
4
Masculino 14 Branca Maxila
5
Feminino 16 Não-branca Palato (região incisivos)
6
Masculino 12 Branca Região seio maxilar com
elemento incluso
7
Masculino 13 Branca Maxila
8
Feminino 14 Branca Região anterior da mandíbula
9
Feminino 13 Branca Região anterior da maxila
10
Feminino N/E N/E Mandíbula (região 34 incluso)
4.4 ANÁLISE MORFOLÓGICA DOS ESPÉCIMES
Realizou-se análise descritiva dos cortes histogicos corados pela técnica de
rotina da hematoxilina e eosina (H.E.), em lâminas existentes nos arquivos do
Laboratório de Anatomia Patológica da Disciplina de Patologia Oral da UFRN sob
microscopia de luz (microscópio Olympus CH30, Olympus Co.; Ltd., Japão). Foram
descritos os aspectos referentes aos padrões de organização das células
neoplásicas, aos tipos morfológicos assumidos pelas células e às características do
estroma dos tumores odontogênicos em estudo, de acordo com a Classificação da
OMS de Tumores Odontogênicos (BARNES et al, 2005).
58
4.5 ESTUDO IMUNO-HISTOQUÍMICO
4.5.1 Coloração pelo método imuno-histoquímico
Toda a amostra selecionada, fixada em formol a 10% e incluída em parafina,
foi submetida a cortes histológicos de 3µm de espessura e estendidos em lâminas
de vidro devidamente preparadas com adesivo à base de organosilano (3-
aminopropyltrietroxisilano, Signa Chemical CO, USA). Posteriormente, submeteu-se
o material à técnica da estreptavidina-biotina imunoperoxidase (SABC, do inglês
streptavidin-biotin complex) utilizando anticorpos anti-MMP-1, anti-MMP-2 e anti-
MMP-9 (Quadro 03).
Como controle positivo interno, foram utilizados cortes de mucosa oral normal
contido em alguns espécimes e como controle negativo, em alguns cortes, substitui-
se o anticorpo primário por albumina de soro bovino a 1% (BSA, do inglês bovine
serum albumin) em uma solução tampão.
Quadro 03 - Clone, especificidade, fonte, diluição, incubação e procedimento
de recuperação antigênica dos anticorpos primários*
Clone Especificidade Fonte Diluição Incubação
Recuperação
Antigênica
41-1E5 MMP-1 Calbiochem 1:100
Overnight
(18 horas)
Citrato pH 6.0
Pascal
17B11 MMP-2 Novocastra 1:50 60 min
EDTA pH 8.0
Pascal
2C3 MMP-9 Novocastra 1:20
Overnight
(18 horas)
Citrato pH 6.0
Pascal
* segundo recomendações dos fabricantes.
A técnica utilizada seguiu o seguinte protocolo:
Desparafinização – realizada por meio de 2 banhos em xilol, sendo o
primeiro em temperatura de 60°C por 30 minutos e o segundo em
temperatura ambiente durante 20 minutos;
Re-hidratação em banhos de etanóis com concentrações decrescentes:
Álcool etílico absoluto I (5 minutos);
Álcool etílico absoluto II (5 minutos);
Álcool etílico absoluto III (5 minutos);
59
Álcool etílico 95° GL (5 minutos);
Álcool etílico 80° GL (5 minutos).
Imersão em solução de hidróxido de amônia a 10% por 10 minutos, com
a finalidade de remoção do pigmento formólico;
Lavagem do material em água corrente por 10 minutos e duas passagens
por água destilada;
Recuperação antigênica (Quadro 03);
Passagem em água corrente durante 10 minutos;
Imersão em água destilada por 2 vezes, com tempo de 5 minutos cada;
Duas passagens dos cortes, durante 15 minutos cada, em solução de
peróxido de hidrogênio a 10 volumes;
Lavagem em água corrente durante 10 minutos;
Duas imersões em água destilada, com tempo de 5 minutos cada;
Duas imersões em solução tampão de TRIS-HCl (pH 7.4) durante 5
minutos cada;
Incubação dos cortes com os anticorpos primários diluídos, conforme
determinação do fabricante, em preparado com albumina bovina (BSA) a
1%;
Lavagem com TRIS-HCl (pH 7.4);
Incubação em TRIS-HCl (pH 7.4) (duas trocas de 5 minutos cada);
Incubação com o complexo estreptavidina-biotina (Dakocytomation LSAB
+ System-HRP, Dakocytomation, A/S, Glostrup, Dinamarca), durante 30
minutos à temperatura ambiente;
Observação: tanto o anticorpo secundário quanto o complexo estreptavidina-
biotina foram diluídos em tampão TRIS-HCl (pH 7.4).
Incubação em duas trocas de TRIS-HCl (pH 7.4) por 5 minutos cada;
Aplicação do agente cromógeno diaminobenzidina (DAB), durante 3
minutos, diluído em TRIS-HCl (pH 7.4) e ativada pelo peróxido de
hidrogênio a 10 volumes, em câmara escura;
Lavagem em água corrente e água destilada durante 10 minutos cada;
Contra-coloração utilizando hematoxilina de Mayer durante 10 minutos;
Desidratação em série de etanóis com concentrações ascendentes:
60
Álcool etílico 80° GL (3 minutos);
Álcool etílico 95° GL (3 minutos);
Álcool etílico absoluto I (3 minutos);
Álcool etílico absoluto II (3 minutos);
Álcool etílico absoluto III (3 minutos).
Imersão em xilol I (5 minutos);
Imersão em xilol II (5 minutos);
Montagem em resina Erv-mount para observação ao microscópio de luz.
4.5.2 Análise imuno-histoquímica
Após obtenção das lâminas coradas pela técnica da imuno-histoquímica, cada
caso de ameloblastoma e tumor odontogênico adenomatóide foi analisado ao
microscópio de luz e as características do padrão de expressão de cada
metaloproteinase foram anotadas em fichas (Apêndice A).
Os aspectos analisados nos referidos tumores foram os descritos a seguir:
Presença ou não de expressão imuno-histoquímica das MMPs-1, -2 e -
9;
Localização da imunomarcação (células parenquimatosas e estromais);
Padrão de distribuição (focal ou difusa);
Análise semi-quantitativa das células imunomarcadas de acordo com
os seguintes escores (adaptado de NAGEL et al, 2004):
Escore 0: < 10% de células tumorais positivas;
Escore 1: 10 - 50% de células tumorais positivas;
Escore 2: > 50% de células tumorais positivas.
4.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA
As informações coletadas na análise imuno-histoquímica dos espécimes
teciduais, referentes a cada metaloproteinase, foram em seguida apropriadamente
61
tabuladas e tratadas estatisticamente no software SPSS, versão 13.0 para Windows
(Statistical Package for Social Sciences, SPSS Inc, Chicago, EUA).
Para avaliar a diferença entre os escores e a associação entre as
metaloproteinases em cada tumor, utilizou-se o teste não-paramétrico Qui-quadrado
de Pearson, com nível de significância de 5% e para diminuir a dispersão dos dados,
os escores foram dicotomizados, sendo os escores 0 e 1 unidos em uma única
classe, resultando em: ausência ou < 50% das células imunomarcadas (união dos
escores 0 e 1), e o escore 2 significando mais de 50%. Porém para o tumor
odontogênico adenomatóide, essa mesma estratégia estatística não de ser
realizada, uma vez que os dados dos resultados não permitiram a realização da
análise estatística, sendo esta descritiva.
4.7 IMPLICAÇÕES ÉTICAS
O presente trabalho faz parte do projeto “Expressão Imuno-histoquímica de
Metaloproteinases em Cistos e Tumores Odontogênicos” já aprovado pelo Comitê de
Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte para a sua
execução através do protocolo 139/05 (Anexo A).
62
RESULTADOS
63
5 RESULTADOS
5.1 RESULTADOS MORFOLÓGICOS
5.1.1 Ameloblastoma
A análise morfológica dos espécimes de ameloblastomas realizada em cortes
histológicos de 5 µm de espessura, corados pela técnica de hematoxilina e eosina
(H.E.), examinados em microscopia de luz, revelou a proliferação de células de
epitélio odontogênico que se organizavam em diferentes padrões, ora formando
ninhos e ilhas, ora cordões (figuras 01 e 02). Houve o predomínio do padrão folicular
em 65% (13 casos), seguido do padrão plexiforme com 25% (05 casos). Em 02
casos (5%) não havia predomínio entre esses dois padrões.
As células da periferia dos ninhos apresentavam-se colunares, por vezes
cúbicas, com núcleos hipercromados e com polarização invertida, dispostas em
paliçada, semelhantes aos ameloblastos. As células da porção central estavam
arranjadas frouxamente lembrando o retículo estrelado do órgão do esmalte.
Evidenciou-se a presença de metaplasia em 06 casos e de degeneração cística em
diversos ninhos epiteliais. Quando arranjadas em cordões, estes se apresentavam
longos e tendiam a se anastomosar. As células na periferia dos cordões se
assemelhavam a ameloblastos, apresentando-se ora colunares, ora cúbicas, e as
células epiteliais da porção central embora menos evidentes que no padrão folicular,
estavam, também, frouxamente organizadas.
O estroma dos espécimes era representado por tecido conjuntivo fibroso de
densidade variada, sendo predominantemente denso. Verificou-se que dois casos
mostraram extensa área de hialinização do estroma. Em 15 casos, evidenciou-se a
presença de células inflamatórias, principalmente linfócitos e plasmócitos.
5.1.2 Tumor Odontogênico Adenomatóide
Os espécimes de tumor odontogênico adenomatóide analisados
morfologicamente sob microscopia de luz, em cortes de 5 µm de espessura, corados
pela técnica de hematoxilina e eosina (H.E.), revelou um parênquima que exibia
células de epitélio odontogênico com morfologia variada, apresentando-se ora
64
fusiforme, ora cuboidal arranjadas em lençol e ninhos. As células também se
organizavam formando rosetas e algumas delas exibiam um material eosinofílico
amorfo no seu interior.
Evidenciaram-se estruturas semelhantes a ductos em quantidade variável,
sendo que as células da periferia dessas estruturas eram bicas ou colunares e a
porção central, em alguns casos, continha um material eosinofílico (figura 03). A
presença de calcificações foi detectada em alguns espécimes (03 casos).
O estroma constituía-se de escasso tecido conjuntivo fibroso e, em 06
espécimes, evidenciou-se a presença de células inflamatórias.
65
Figura 01 Ameloblastoma. Padrão folicular (H.E., 200X)
Figura 02 Ameloblastoma. Padrão plexiforme (H.E., 200X)
Figura 03 Tumor odontogênico adenomatóide. Células do epitélio odon-
togênico com morfologia variada, organizadas em lençol, com formações
ductiformes e calcificações (H.E., 100X)
66
5.2 RESULTADOS IMUNO-HISTOQUÍMICOS
5.2.1 Ameloblastoma
MMP-1
A expressão imuno-histoquímica da MMP-1 foi evidenciada em todos os 20
casos de ameloblastomas analisados (100%). As células neoplásicas exibiram
citoplasma fortemente imunomarcado independente de estarem localizadas na
periferia ou na porção central dos ninhos (figuras 04 e 05). Em relação ao padrão de
distribuição, houve o predomínio do padrão difuso com 19 casos (95%) e apenas 01
espécime (5%) com marcação focal. Na tabela 01, observa-se o percentual de
células imunomarcadas, onde se verifica que 90% dos espécimes apresentaram
mais de 50% das células positivas (escore 2).
Em áreas com metaplasia escamosa, observou-se uma intensificação na
imunorreação, e nas áreas de degeneração cística, foi constatada uma menor
expressão da MMP-1.
No estroma, também se evidenciou positividade para esta proteína,
principalmente em fibroblastos, células endoteliais e células inflamatórias nos 20
casos de ameloblastomas analisados (figura 06). Em dois casos, verificou-se
estroma com intensa hialinização, onde a expressão da MMP-1 nas células
neoplásicas dos ninhos próximos dessa região foi negativa.
MMP-2
Em relação à MMP-2, constatou-se 16 casos com marcação positiva
correspondendo a 80% dos 20 casos de ameloblastomas (figura 07) e em 04 casos
(20%) não se evidenciou imunorreatividade nas células tumorais. Quanto ao padrão
de distribuição da imunoexpressão nos 16 casos positivos, 08 exibiram marcação
difusa e 08, focal. O percentual de células tumorais marcadas pode ser observado
na tabela 01, onde se detectou o predomínio de escore 0, correspondendo a menos
de 10% de positividade nas células tumorais.
Os casos com metaplasia escamosa apresentaram imunomarcação variada,
sendo positivo em alguns casos e por vezes negativo.
Considerando o estroma, 65% dos casos de ameloblastoma apresentaram
positividade (13 casos) em alguns fibroblastos, células endoteliais e inflamatórias.
67
Os outros 07 casos, correspondente a 35%, foram negativos para as células
estromais.
MMP-9
A MMP-9 apresentou expressão imuno-histoquímica nas células do
parênquima em 100% dos casos de ameloblastoma avaliados (20 casos). As células
tumorais exibiram positividade independente da localização celular nos ninhos
tumorais (figura 08). O padrão de distribuição que predominou foi o difuso em 55%
dos casos (11) e 45% (09 casos) apresentaram padrão de marcação focal. Na tabela
01, observa-se o percentual de células imunomarcadas. Verificou-se que 85% dos
casos apresentaram menos de 50% das células positivas, sendo 09 casos com
escore 0 (menos de 10%) e 8 casos com escore 1 (10 a 50%). Em apenas 15% (03
casos) a imunorreatividade foi detectada em mais de 50% das células.
Nos casos que apresentavam metaplasia escamosa, a expressão mostrou-se
variada nestas áreas para a MMP-9, com alguns casos apresentando positividade e
outros não.
Em relação ao estroma, 100% dos casos apresentaram positividade para a
MMP-9, localizada em fibroblastos, células endoteliais e células inflamatórias.
68
Tabela 01 - Escores das células tumorais marcadas nos ameloblastomas para as
MMPs-1, -2 e -9. Natal/RN, 2008
Caso
Escores atribuídos ao percentual de células
imunorreativas
MMP-1 MMP-2 MMP-9
1
2
2 1
2
2 1 0
3
2
2 1
4
2 1 0
5
2 1 0
6
0 0 1
7
2 0 1
8
2 0 1
9
2 0 1
10
2 0 2
11
2 0 0
12
1 1 1
13
2
1 0
14
2 2 0
15
2 0 0
16
2 0 2
17
2 0 2
18
2 0 0
19
2 0 1
20
2
0 0
Escore 0: menos de 10% das células imunorreativas; escore 1: 10 a 50%; escore 2: mais de 50%.
69
5.2.2 Tumor odontogênico adenomatóide
MMP-1
Nos 10 casos de tumor odontogênico adenomatóide analisados observou-se
marcação positiva para a MMP-1 nas células tumorais (figuras 09 e 10). O padrão de
distribuição, em 100% dos casos foi difuso. Na tabela 02, observa-se o percentual de
células imunorreativas. Constatou-se que em todos os casos mais de 50% das
células epiteliais exibiram positividade para a MMP-1 (escore 2).
Observou-se que no material presente dentro das estruturas ductiformes
houve marcação em alguns casos. Em outros, onde a celularidade organizava-se em
um arranjo predominantemente cordonal, verificou-se imunoexpressão menos
exuberante. Considerando as calcificações presentes, a expressão para a MMP-1 foi
variada, sendo ora positiva e ora negativa.
Em relação ao estroma, todos os 10 casos (100%) exibiram expressão para a
MMP-1 nos fibroblastos, nas células endoteliais e nas células inflamatórias.
MMP-2
Considerando a MMP-2, evidenciou-se expressão positiva em 60% dos casos
nas células tumorais e 40%, foram negativos. O padrão de distribuição predominante
foi o focal, observado em 05 casos dos 06 espécimes de tumor odontogênico
adenomatóide que apresentaram positividade para a MMP-2. Em apenas 01 caso,
constatou-se o padrão de distribuição difuso. Em relação ao percentual de células
imunomarcadas, foi detectado que a maioria dos casos (83%) que expressaram a
MMP-2 exibiu menos de 10% (escore 0) das células tumorais positivas, como pode
ser observado na tabela 02. As calcificações presentes não apresentaram expressão
para a MMP-2.
A positividade nas células do estroma foi variada, com 08 casos (80%)
apresentando positividade e 02 casos (20%) negativos.
MMP-9
A expressão imuno-histoquímica da MMP-9 foi observada no parênquima de
100% (10 casos) dos tumores odontogênicos adenomatóides, com o predomínio do
padrão difuso detectado em 90% dos casos (figura 11). Detectou-se apenas 01 caso
(10%) com padrão de distribuição focal. Na tabela 02, observa-se o percentual de
70
células neoplásicas que expressaram a MMP-9. Constatou-se que em 60% (06
casos) dos tumores odontogênicos adenomatóides, mais de 50% das células
tumorais foram positivas. Deve-se destacar que um caso apresentou expressão
menos exuberante em áreas cordonais. As calcificações presentes apresentaram
marcação ora positiva ora negativa para a MMP-9.
Em relação às células do estroma, observou-se que em 100% dos casos
houve expressão para a MMP-9 nos fibroblastos, células endoteliais e inflamatórias.
Tabela 02 - Escores das células tumorais marcadas nos tumores odontogênicos
adenomatóides para as MMPs-1, -2 e -9. Natal/RN, 2008
Caso
Escores atribuídos ao percentual de células
imunorreativas
MMP-1 MMP-2 MMP-9
1
2 0 2
2
2 1 2
3
2 0 2
4
2 0 2
5
2 0 2
6
2 0 0
7
2 0 1
8
2 0 1
9
2 0 1
10
2 0 2
Escore 0: menos de 10% das células imunorreativas; escore1: 10 a 50%, escore 2: mais de 50%.
71
Figura 04 — Expressão imuno-histoquímica da MMP-1 nas células tumorais e em cé-
lulas inflamatórias no estroma do ameloblastoma (SABC, 200X)
Figura 05 - Imunoexpressão da MMP-1 em ameloblastoma. Marcação citoplasmática
nas células neoplásicas (SABC, 400X)
Figura 06 - Expressão da MMP-1 em ameloblastoma. Marcação citoplasmática nas cé-
lulas neoplásicas e células estromais (SABC, 400X)
72
Figura 07 - Expressão imuno-histoquímica da MMP-2 nas células tumorais e em células inflamatórias no estroma
do ameloblastoma (SABC, 400X)
Figura 08 - Expressão imuno-histoquímica da MMP-9 nas células tumorais e em células inflamatórias no estroma
do ameloblastoma (SABC, 400X)
73
Figura 09 - Expressão imuno-histoquímica da MMP-1 no tumor odontogênico adenomatóide
(SABC, 200X)
Figura 10 – Detalhe da expressão imuno-histoquímica da MMP-1 nas células parenquima-
tosas do tumor odontogênico adenomatóide (SABC, 400X)
Figura 11 - Expressão imuno-histoquímica da MMP-9 nas células tumorais do tumor odon-
togênico adenomatóide (SABC, 200X)
74
5.3 RESULTADOS ESTATÍSTICOS
5.3.1 Resultados das análises inferenciais dos escores de imunoexpressão das
metaloproteinases-1, - 2 e -9
Não foi possível estabelecer diferença estatística significativa entre os
escores de imunomarcação de cada metaloproteinase individualmente (MMP-1,
MMP-2 e MMP-9) e as lesões analisadas, uma vez que o teste estatístico não pôde
ser aplicado devido ao tamanho da amostra.
Entretanto, pode-se observar na tabela 03 que na maioria dos casos dos dois
tumores, houve o predomínio do escore 2 para a MMP-1, em 90% dos
ameloblastomas e 100% dos tumores odontogênicos adenomatóides.
Para a MMP-2, o escore 0 foi predominante em mais de 50% dos casos nos
dois tumores, como pode ser verificado na tabela 04.
Considerando a MMP-9, na tabela 05 evidencia-se que 85% dos casos de
ameloblastomas mostraram menos de 50% das células tumorais imunomarcadas;
enquanto que no tumor odontogênico adenomatóide, o predomínio foi do escore 2,
com mais de 50% das células positivas, em 60% dos casos.
Tabela 03 - Imunoexpressão da MMP-1 em ameloblastomas e tumores
odontogênicos adenomatóides. Natal/RN, 2008
AMELOBLASTOMA TOA TOTAL
n % n % n %
Escore 2 18 90,0% 10 100,0% 28 93,4%
Escore 1 1 5,0% 0 0,0% 1 3,3%
Escore 0 1 5,0% 0 0,0% 1 3,3%
Total
20 100,0%
0 100,0%
30 100,0%
Legenda: TOA = tumor odontogênico adenomatóide
75
Tabela 04 - Imunoexpressão da MMP-2 em ameloblastomas e tumores
odontogênicos adenomatóides. Natal/RN, 2008
AMELOBLASTOMA TOA TOTAL
n % n % n %
Escore 2 3 15,0% 0 0,0%
3 10,0%
Escore 1 5 25,0% 1 10,0% 6 20,0%
Escore 0 12 60,0% 9 90,0% 21 70,0%
Total 20 100,0%
10 100,0%
30 100,0%
Legenda: TOA = tumor odontogênico adenomatóide
Tabela 05 - Imunoexpressão da MMP-9 em ameloblastomas e tumores
odontogênicos adenomatóides. Natal/RN, 2008
AMELOBLASTOMA TOA TOTAL
n % n % n %
Escore 2 3 15,0% 6 60,0%
9 30,0%
Escore 1 8 40,0% 3 30,0% 11 36,7%
Escore 0 9 45,0% 1 10,0% 10 33,3%
Total
20 100,0%
10 100,0%
30 100,0%
Legenda: TOA = tumor odontogênico adenomatóide
Para avaliar a metaloproteinase com maior expressão nas células tumorais
dos ameloblastomas e dos tumores odontogênicos adenomatóides, os escores 0 e 1
da imunomarcação das MMPs em ambas as lesões foram agrupados para diminuir a
dispersão dos dados. Utilizou-se o teste não-paramétrico Qui-quadrado de Pearson
com nível de significância de 5%. Para tanto foi utilizado o software SPSS, versão
13.0 para Windows.
Evidenciou-se que nos ameloblastomas analisados, houve uma diferença
estatisticamente significativa entre a positividade da MMP-1 nas células tumorais
quando comparado com a MMP-2 e -9 (tabela 06).
76
Nos tumores odontogênicos adenomatóides, a imunomarcação da MMP-1 foi
mais evidente que a MMP-2 e -9, porém o teste estatístico não pôde ser aplicado
(tabela 07).
Tabela 06 - Imunoexpressão das MMPs-1, -2 e -9 em ameloblastomas. Natal/RN,
2008
METALOPROTEINASE
MMP-1 MMP-2 MMP-9 TOTAL
n % n % n % n %
Ausente ou
até 50,0%
2 10,0%
17 85,0% 17 85,0% 36 60,0%
Mais de 50,0%
18 90,0%
3 15,0% 3 15,0% 24 40,0%
Total
20 100,0%
20 100,0% 20 100,0% 6
0 100,0%
Teste Qui-quadrado Pearson p<0,001
Tabela 07 - Imunoexpressão das MMPs-1, -2 e -9 em tumores odontogênicos
adenomatóides. Natal/RN, 2008
METALOPROTEINASE
MMP-1 MMP-2 MMP-9 TOTAL
n % n % n % n %
Ausente ou
até 50,0%
0 0,0%
10 100,0% 4 40,0% 14 46,6%
Mais de 50,0%
10 100,0%
0 0,0% 6 60,0% 16 56,4%
Total
10 100,0%
10 100,0% 10 100,0%
30 100,0%
77
DISCUSSÃO
78
6 DISCUSSÃO
O ameloblastoma e o tumor odontogênico adenomatóide são tumores
odontogênicos benignos que derivam do epitélio odontogênico e possuem
comportamentos distintos. O ameloblastoma apresenta maior agressividade e
capacidade de invadir localmente causando destruição tecidual, enquanto o tumor
odontogênico adenomatóide tem um crescimento mais lento e indolente
(KUMAMOTO et al, 2003; SEMPERE et al, 2006).
Na literatura, uma concordância entre os autores no que diz respeito ao
comportamento agressivo e à capacidade de invasão local dos ameloblastomas
(PINHEIRO et al, 2004; GOMES et al, 2006; OKADA, YAMAMOTO, TILAKARATNE,
2007).
Diferentes trabalhos foram realizados para tentar elucidar importantes
aspectos da histogênese e patogênese dos ameloblastomas, destacando-se,
estudos que investigam proteínas do ciclo celular (KUMAMOTO, KIMI, OOYA,
2001a; MEER et al, 2003; SANTANA, BORAKS, SETTANNI, 2004; BARBOZA et al,
2005; KUMAMOTO, OHKI, OOYA, 2005); moléculas de adesão (MODOLO et al,
2004; ANDRADE et al, 2007; BELLO et al, 2007); fatores relacionados com apoptose
(KUMAMOTO, KIMI, OOYA, 2001b; KUMAMOTO, OOYA, 2005a) e com
diferenciação celular (CRIVELINI et al, 2003; KUMAMOTO, OOYA, 2005b; LOPES
et al, 2005); componentes da matriz extracelular da neoplasia (MEDEIROS, 2001;
SOUZA, SOUSA, PINTO, 2001; KUMAMOTO, OHKI, OOYA, 2002; NAKANO et al,
2002; VERED et al, 2005; KUMAMOTO, OOYA, 2006a) e proteases, como as
metaloproteinases (KUMAMOTO et al, 2003; PINHEIRO et al, 2004; KUMAMOTO,
OOYA, 2006b).
Em relação aos tumores odontogênicos adenomatóides, realizaram-se
estudos para analisar fatores relacionados com a diferenciação celular (CRIVELINI
et al, 2003; CRIVELINI, SOUBHIA, FELIPINI, 2005; LEON et al, 2005; LOPES et al,
2005); moléculas de adesão (ANDRADE et al, 2007); moléculas da matriz
extracelular (MURATA et al, 2000; MEDEIROS, 2001; CRIVELINI, SOUBHIA,
FELIPINI, 2005; KUMAMOTO, OOYA, 2006a) e proteínas do ciclo celular
(BARBOZA et al, 2005; CRIVELINI, SOUBHIA, FELIPINI, 2005; LEON et al, 2005;
SEMPERE et al, 2006).
79
O conhecimento do comportamento biológico das lesões é de extrema
importância para que se estabeleça um tratamento adequado e eficaz para o
paciente (BARROS, 2006).
Sabe-se que a matriz extracelular atua na regulação das funções celulares e
de processos biológicos nos tecidos. As interações existentes entre epitélio-
mesênquima são necessárias no controle e na regulação de funções celulares como
proliferação, diferenciação, apoptose e migração (MEDEIROS, 2001; RAITZ,
MARTINS, ARAÚJO, 2003; MOTT, WERB, 2004).
A importância do estroma tumoral no comportamento biológico de uma
neoplasia começou a ser estudada em 1970, por Judah Folkman, que demonstrou a
importância da vascularização para o crescimento tumoral. Até essa data, apenas as
células neoplásicas eram foco de pesquisas. A partir desta descoberta, a estrutura e
os componentes do estroma passaram e ser estudados (WERNERT, 1997). As
células estromais também participam do processo de degradação da matriz
extracelular através de proteases, como as metaloproteinases, favorecendo assim, a
invasão tumoral e a migração das células neoplásicas (MOTT, WERB, 2004; ALA-
AHO, KÄHÄRI, 2005).
O ameloblastoma e o tumor odontogênico adenomatóide, apesar de serem
classificados no mesmo grupo de tumores odontogênicos possuem comportamento
clínico e biológico diferente e por essa razão foram escolhidos para o presente
trabalho que teve como objetivo, avaliar, através da técnica de imuno-histoquímica, a
participação de três metaloproteinases, as MMPs-1, -2 e -9, uma vez que atuam na
modificação estrutural da MEC, nos tumores odontogênicos citados.
As metaloproteinases são importantes proteases que atuam na modulação da
MEC, atuando na modificação estrutural e funcional dos componentes da matriz
extracelular. Em condições fisiológicas normais, as MMPs são pouco expressas
pelos tecidos, enquanto que em processos patológicos, há superexpressão das
mesmas devido ao desequilíbrio na atividade das metaloproteinases e seus
inibidores TIMPs (PEREIRA et al, 2005; NAGASE, VISSE, MURPHY, 2006; VERMA,
HANSCH, 2007).
As MMPs desempenham importante papel na invasão e metástase de
diversos tipos de câncer, como carcinoma de esôfago, de pele, do endométrio, de
laringe e oral, entre outros, destacando-se as metaloproteinases-2 e -9 que atuam
na degradação dos componentes da membrana basal (STAMENKOVIC, 2000;
80
NAGEL et al, 2004; VICENTE et al, 2005; PEREIRA et al, 2006; PINHEIRO et al,
2006).
Na literatura, afirma-se que em lesões malignas encontra-se uma elevada
expressão das MMPs (THOMAS, LEWIS, SPEIGHT, 1999; NAGEL et al, 2004;
PARDO, SELMAN, 2005). Em carcinoma de células escamosas orais, foi
detectado um aumento na expressão das MMPs-1, -3, -2, -9, -7 e -26 (IKEBE et al,
1999; BAKER et al, 2006; BARROS, 2006), sendo que a MMP-9 está relacionada a
um pobre prognóstico (VICENTE et al, 2005).
Corrobando os achados anteriores, Barros (2006) evidenciou que a MMP-9
em carcinomas de lulas escamosas orais localizados na língua exibiu uma maior
expressão estatisticamente significante em relação aos carcinomas localizados em
lábio inferior, o que pode contribuir para o comportamento mais invasivo das células
neoplásicas nas lesões localizadas na língua.
Em lesões odontogênicas, as MMPs também têm sido detectadas através de
estudos que mostram a participação dessas enzimas na progressão das lesões. Em
cistos odontogênicos se verificou a participação das metaloproteinases no seu
desenvolvimento, uma vez que as proteases atuam na degradação dos constituintes
da MEC, promovendo assim, a expansão cística (LIN et al, 1997; KUBOTA et al,
2002; SILVEIRA et al, 2007).
A MMP-1 foi detectada em cistos radiculares (LIN et al, 1997; SILVEIRA et
al, 2007), cistos residuais e dentígeros, assim como nos ceratocistos odontogênicos,
tendo uma maior expressão no epitélio dos cistos radiculares, residuais e dentígeros
e nas células mesenquimais dos ceratocistos (SILVEIRA et al, 2007).
As gelatinases (MMP-2 e MMP-9) também são moléculas que participam do
desenvolvimento dos cistos odontogênicos, promovendo a degradação da
membrana basal e da matriz osteóide, com conseente participação no
crescimento cístico (TERONEN et al, 1995; SILVEIRA et al, 2007). Porém, a
expressão dessas metaloproteinases é menos exuberante do que a imunomarcação
da MMP-1 (SILVEIRA et al, 2007). Deve-se ressaltar que as MMPs-2 e -9 são de
extrema importância para completa degradação do colágeno, que foi clivado
inicialmente por ação da MMP-1 (TERONEN et al, 1995; SILVEIRA et al, 2007).
Nos ceratocistos odontogênicos, Silveira et al (2007) evidenciaram uma
marcação proeminente da MMP-9 nas células mesenquimais o que poderia estar
relacionada com a maior agressividade dessa lesão.
81
A IL-1α secretada por células do epitélio odontogênico tem a capacidade de
estimular a secreção e ativação da pró-MMP-9 que quando ativada degrada o
colágeno intersticial. A regulação da expressão da IL-1α tem importante papel na
expansão dos cistos (KUBOTA et al, 2000). Ela também promove um aumento na
expressão da MT1-MMP, induzindo a ativação da pró-MMP2 secretado por
fibroblastos em ceratocisto (KUBOTA et al, 2002).
Considerando os tumores odontogênicos, poucos trabalhos foram realizados
para avaliar a expressão de metaloproteinases nessas lesões. No presente estudo,
de uma forma geral, as MMPs foram expressas tanto nas células tumorais como nas
estromais dos dois tumores analisados, sendo mais evidente a marcação da MMP-1.
Todos os casos de ameloblastoma exibiram positividade para a MMP-1 nas células
tumorais e estromais, com predomínio do padrão de distribuão difuso. Esse
resultado é comparável com o obtido por Pinheiro et al (2004), em que a MMP-1 foi
observada nas células tumorais, no estroma e na interface neoplasma-osso dos
ameloblastomas.
Porém, estes autores verificaram a presença da MMP-1 apenas nas células
da periferia dos ninhos dos ameloblastomas, diferentemente do trabalho ora
apresentado, que constatou marcação dessa enzima nas células da periferia e da
porção central dos ninhos de epitélio. Esse resultado pode ser explicado pela
presença da tenascina detectada na porção central dos ninhos que lembram o
retículo estrelado do órgão do esmalte observado por Medeiros (2001). Este autor
sugere que a presença dessa molécula da MEC nesta localização, possivelmente,
está associada à formação de microcistos nos ninhos de epitélio odontogênico dos
ameloblastomas, a exemplo do que sugerem Oliveira et al (2004) a respeito do
crescimento cístico em seu estudo, onde a tenascina foi expressa nas células mais
superficiais do revestimento epitelial de cistos odontogênicos.
Contrariamente aos resultados anteriormente citados, Kumamoto et al (2003)
detectaram a marcação da MMP-1 apenas nas células estromais dos
ameloblastomas e não nas tumorais. Já nos germes dentários foi possível detectar a
MMP-1 no folículo dentário e na papila dentária. Os autores sugerem que a
produção dessa metaloproteinase pelas células deve estar relacionada com a
progressão do tumor e com a regulação da formação do elemento dentário,
respectivamente.
82
Considerando ainda os gemes dentários, Nonaka (2006) evidenciou
expressão da MMP-1 no retículo estrelado do órgão do esmalte e ocasionalmente
em ameloblastos e odontoblastos. Esses achados corroboram, de certa forma, a
presença da MMP-1 na porção central que se assemelha ao retículo estrelado do
órgão do esmalte e nas células da periferia dos folículos de epitélio odontogênico
dos ameloblastomas.
A obtenção de resultados divergentes, pode ser explicado pela utilização de
diferentes clones ou, possivelmente, pela expressão temporal desta MMP na
dependência das necessidades da evolução da neoplasia.
A maior expressão estatisticamente significante da MMP-1 em relação à
MMP-2 e -9 nos ameloblastomas, detectada através do teste Qui-quadrado de
Pearson (p<0,001), mostra que essa metaloproteinase é uma das principais enzimas
que atuam na degradação da matriz extracelular, sendo essencial para o
crescimento tumoral, o que é facilmente verificado e explicado no ameloblastomas
através de seu marcado potencial de crescimento. O mesmo pôde ser verificado por
Nonaka (2006) em mixoma odontogênicos e por Silveira et al (2007) ao analisar
cistos odontogênicos, evidenciando de forma marcante a MMP-1 no epitélio e na
cápsula dos cistos.
A elevada expressão da MMP-1 nos ameloblastomas pode estar relacionada
com a maior proliferação celular existente nessa neoplasia como já foi verificado por
Meer et al (2003), Santana, Boraks e Settanni (2004) e Barboza et al (2005),
possibilitando seu elevado ritmo de crescimento, uma vez que é fundamental a
degradação dos componentes da MEC, principalmente do colágeno tipo I, que sofre
a ação da MMP-1, para o crescimento local da neoplasia.
Em 2001, Medeiros verificou a presença de proteínas da matriz extracelular,
como o colágeno I e a tenascina em ameloblastomas, estando localizados
principalmente no estroma e nas adjacências dos ninhos e lençóis epiteliais,
respectivamente. Esses componentes da MEC sofrem degradação por ação da
MMP-1, favorecendo o crescimento tumoral.
O tumor odontogênico adenomatóide, caracterizado por ser uma lesão menos
agressiva e com um menor potencial proliferativo que o ameloblastoma (BARBOZA
et al, 2005), também teve imunomarcação para a MMP-1 nas células
parenquimatosas e mesenquimais em todos os casos analisados, revelando a
83
extrema importância dessa enzima na degradação da matriz extracelular,
independentemente da agressividade do tumor.
Medeiros (2001) verificou, no tumor odontogênico adenomatóide, intensa
marcação do colágeno I no estroma e uma expressão variada e escassa da
tenascina no estroma e na região de membrana basal, sendo que em áreas
próximas ao parênquima tumoral, a marcação foi mais acentuada. Isso pode explicar
a positividade para MMP-1 verificada no presente trabalho, tanto em células
parenquimatosas como do mesênquima, confirmando a atuação dessa enzima no
crescimento e expansão tumoral. No interior de estruturas ductiformes, a expressão
dessa metaloproteinase pôde ser observada em alguns casos analisados,
confirmando a presença de colágeno I, verificado por Medeiros (2001), também em
apenas alguns casos de tumor odontogênico adenomatóide no interior destas
estruturas.
A expressão das metaloproteinases-2 e -9 nos ameloblastomas e tumores
odontogênicos adenomatóides foi variada, sendo que a MMP-9 apresentou maior
imunorreatividade quando comparada com a MMP-2. O mesmo foi evidenciado em
trabalhos realizados por Teronen et al (1995) e Silveira et al (2007) em cistos
odontogênicos. Esses achados podem sugerir um papel secundário das gelatinases
nas lesões avaliadas, uma vez que a MMP-1 é a principal protease responsável por
degradar o colágeno I, tendo, portanto, um papel crucial no processo de degradação
da matriz extracelular e no crescimento tumoral. As MMP-2 e -9 atuam de forma
conjunta com a MMP-1, já que são essenciais para degradação das gelatinas,
oriundas da quebra do colágeno tipo I, iniciada pela MMP-1.
A maioria dos casos analisados nos dois tumores teve uma fraca marcação
para MMP-2 nas células parenquimatosas, independente da localização, o que
era esperado, uma vez que trabalhos como o de Kumamoto et al (2003), Barros
(2006) e Silveira et al (2007) demonstraram baixa imunoexpressão dessa
metaloproteinase em ameloblastomas, carcinoma de células escamosas e cistos
odontogênicos, respectivamente. Resultados parcialmente semelhantes foram
obtidos por Pinheiro et al (2004) que verificaram imunomarcação para a MMP-2 nas
células tumorais, porém apenas naquelas localizadas na periferia dos ninhos de
epitélio odontogênico dos ameloblastomas, enquanto Kumamoto et al (2003), e o
presente trabalho, demonstraram fraca reatividade para a MMP-2 tanto nas células
da periferia como nas células da porção central dos ninhos de epitélio odontogênico
84
dos ameloblastomas. Kumamoto et al (2003) detectaram ainda baixa expressão
dessa metaloproteinase na lâmina dentária de germes dentários.
A MMP-2 degrada principalmente o colágeno tipo IV, presente na membrana
basal, além de outros componentes da MEC como laminina, elastina, fibronectina,
gelatina, colágeno V, VII e X. Acreditamos que a baixa expressão da MMP-2 se deva
à necessidade de preservação, pelo menos em parte, dos constituintes da
membrana basal, fundamental para o processo de diferenciação das células
neoplásicas bem como para a manutenção da arquitetura estrutural nos ninhos
tumorais, característicos no ameloblastoma.
Deve-se ressaltar que a membrana basal desempenha importantes funções
nos tecidos, participando do processo de reparo, da proliferação e migração celular,
bem como na indução da diferenciação de células (OLIVEIRA et al, 2002). Souza,
Sousa e Pinto (2001) observaram que a membrana basal dos ameloblastomas com
padrão folicular exibiu expressão do colágeno tipo IV delimitada e contínua,
enquanto nos outros padrões histológicos, a mesma apresentou-se descontínua.
Estes achados justificam a fraca expressão da MMP-2 observada no presente
estudo.
Medeiros (2001) verificou positividade da fibronectina no estroma dos
ameloblastomas e tumores odontogênicos adenomatóides, assim como na interface
epitélio-mesênquima. Células da porção central dos ninhos de epitélio odontogênico
dos ameloblastomas também exibiram expressão da fibronectina, enquanto no tumor
odontogênico adenomatóide, a imunomarcação nas células epiteliais foi focal. Esses
achados justificam os resultados ora obtidos na presente pesquisa, em que a MMP-2
foi expressa, mesmo que fracamente, no parênquima e mesênquima dos
ameloblastomas, sendo predominantemente focal nas células tumorais dos tumores
odontogênicos adenomatóides.
Sabe-se que uma relação entre a fibronectina e a polarização de células
que estão a ela conectados e que durante a odontogênese, essa proteína da MEC
participa das interações célula-matriz, que culminam com a indução da polarização e
diferenciação dos odontoblastos (THESLEFF, PARTANEN, VAINIO, 1991).
Diante do exposto, Medeiros (2001) verificou que as regiões de membrana
basal nos ameloblastomas exibiram intensa expressão da fibronectina e nos tumores
odontogênicos adenomatóides ocorreu de forma descontínua e linear. Isso pode ser
explicado pela disposição das células da periferia dos ninhos e cordões dos
85
ameloblastomas que exibem morfologia colunar alta, por vezes cúbica, dispostas em
paliçada, com polarização inversa e núcleos hipercromados, lembrando os
ameloblastos.
No espaço luminal das estruturas ductiformes dos tumores odontogênicos
adenomatóides, Murata et al (2000) detectaram fibronectina e outras proteínas da
MEC relacionadas com a membrana basal, como o colágeno tipo IV e V, heparan
sulfato e laminina. Os autores sugeriram que as células do tumor odontogênico
adenomatóide, de forma similar aos pré-ameloblastos, possuem a capacidade de
sintetizar proteínas da MEC constituintes da membrana basal, apesar de não se
observar indução para camada odontoblástica e pré-dentina.
No presente trabalho observou-se positividade para a MMP-9 nas células
tumorais dos ameloblastomas e tumores odontogênicos adenomatóides,
evidenciando a participação desta metaloproteinase na degradação da matriz
extracelular. A gelatinase B é importante, assim como a MMP-2, para completa
degradação do colágeno iniciada pela MMP-1 (TERONEN et al, 1997; COTRIM et al,
2002) e conseqüente promoção do crescimento tumoral. Os resultados encontrados
por Kumamoto et al (2003) e Pinheiro et al (2004) em ameloblastomas se
assemelham em parte ao resultado ora apresentado, uma vez que a fraca expressão
da MMP-9 só foi verificada nas células da periferia, enquanto que no presente
trabalho, tanto a porção central quanto a periferia dos ninhos e cordões de epitélio
odontogênico exibiram imunorreatividade para essa metaloproteinase.
Kumamoto et al (2003) evidenciaram ainda baixa expressão da MMP-9 nos
componentes epiteliais e mesenquimais dos germes dentários e acreditam que isso
pode estar associado à regulação das interações que ocorrem entre epitélio-
mesênquima. Já Nonaka (2006) observou expressão da MMP-9 no retículo estrelado
do órgão do esmalte e no epitélio interno do órgão do esmalte de germes dentários,
confirmando a participação dessa enzima durante a odontogênese.
Sabe-se que durante o desenvolvimento dos germes dentários, a papila
dental e o órgão do esmalte sofrem alterações morfológicas e biológicas (COTRIM et
al, 2002). Fanchon et al (2004) observaram que as gelatinases A e B participam do
processo inicial de formação do esmalte e da dentina durante a odontogênese,
juntamente com as MMPs-3 e -20. Randall e Hall (2002) evidenciaram a
participação das metaloproteinases-1, -2, -3 e -9, através da técnica imuno-
histoquímica, durante as fases iniciais da odontogênese em germes dentários de
86
ratos. Utilizando métodos mais sensíveis, como reação em cadeia da polimerase
com transcriptase reversa (RT-PCR, do inglês reverse transcription polymerase
chain reaction) e enzimografia, Cotrim et al (2002) detectaram a MMP-2 em germes
dentários de ratos nos primeiros 15 dias de vida. Essa protease exibiu um aumento
progressivo na sua expressão e se mostrou maior na papila dentária que no órgão
dentário.
A baixa expressão da MMP-2 relatada durante a odontogênese, no órgão do
esmalte, que tem como um de seus constituintes o epitélio interno do órgão do
esmalte composto por células que sofrem diferenciação em ameloblastos durante a
odontogênese, pode estar relacionada com a menor positividade dessa enzima nos
ameloblastomas, uma vez que, durante a odontogênese, ela atua na degradação da
membrana basal, antes de iniciar a formação da matriz do esmalte e da dentina.
Como no ameloblastoma este processo de diferenciação não se completa, o se
faz necessária modificação estrutural da membrana basal através da sua
degradação, não sendo necessário, portanto, grande quantidade das MMPs-2 e -9
para degradar o colágeno IV.
A presença das MMPs-2 e -9 nos ameloblastomas e nos tumores
odontogênicos adenomatóides possivelmente está relacionada com a diferenciação
celular que ocorre nas células tumorais. De acordo com Murata et al (2000) as
células que formam as estruturas ductiformes nos tumores odontogênicos
adenomatóides se diferenciam em células semelhantes à ameloblastos, porém não
sofrem o processo de maturação e possuem a capacidade de produzem moléculas
da MEC. De forma semelhante, os ameloblastomas exibem as células da periferia
dos ninhos de epitélio odontogênico cúbicas ou colunares altas, lembrando os
ameloblastos, porém também o atingem a maturação necessária para que ocorra
a formação de esmalte (TSUJIGIWA et al, 2005).
A positividade exibida pelas três metaloproteinases estudadas nas células
estromais dos dois tumores demonstra que essas enzimas são produzidas por
fibroblastos, células endoteliais e inflamatórias, como linfócitos, plasmócitos,
macrófagos e neutrófilos que também participam da degradão da MEC,
contribuindo para a expansão da massa tumoral. De forma semelhante, os
resultados obtidos por Kumamoto et al (2003) e Pinheiro et al (2004) exibiram
positividade para as MMPs avaliadas nas células mesenquimais dos
ameloblastomas, mostrando que essas enzimas provavelmente são sintetizadas por
87
indução tumoral e em resposta a citocinas, fatores de crescimento, hormônios e
estão associadas à progressão tumoral, concordando com Mott e Werb (2004) e Ala-
Aho e Kähäri (2005) que afirmam a participação das células estromais na
degradação da MEC por ação de MMPs, facilitando a migração das células
neoplásicas e a invasão tumoral.
Vicente et al (2005) afirmam, ainda, que as MMPs-2 e -9 participam da
angiogênese e do crescimento tumoral, estando associadas a um comportamento
mais agressivo de algumas neoplasias.
De forma semelhante aos resultados obtidos nesse trabalho, Lin et al (1997)
evidenciaram imunomarcação para MMP-1 em lulas inflamatórias, fibroblastos e
células endoteliais em cistos radiculares e sugeriram a participação dessa
metaloproteinase na expansão cística. O mesmo foi afirmado por Sorsa, Tjäderhane
e Salo (2004) em relação ao carcinoma de células escamosas.
Corrobando os resultados citados, Silveira et al (2007) verificaram maior
expressão das MMPs-1, -2 e -9 nas células mesenquimais de ceratocistos
odontogênicos, quando comparado com cistos radiculares, residuais e dentígeros,
confirmando a participação dessas enzimas no crescimento dessa lesão, assim
como justificando a maior agressividade dos ceratocistos odontogênicos.
Apesar de não detectarmos diferença estatisticamente significante entre a
expressão das MMPs nas células parenquimatosas dos ameloblastomas e dos
tumores odontogênicos adenomatóides, a maior agressividade do ameloblastoma
possivelmente pode estar associado à maior quantidade de estroma existente nesse
tumor, uma vez que também detectamos as metaloproteinases nas células
mesenquimais, confirmando sua participação na degradação dos constituintes da
MEC, favorecendo assim o crescimento tumoral.
Deve-se ressaltar que através da técnica imuno-histoquímica, o trabalho ora
realizado, assim como o de Kumamoto et al (2003), permite detectar a presença ou
não das MMPs-1, -2, e -9 nos tumores analisados, não sendo possível determinar a
atividade enzimática dessas metaloproteinases. Porém no estudo desenvolvido por
Ikebe et al (1999), observou-se que há correlação entre a técnica de zimografia
realizada para verificar a atividade das metaloproteinases e o grau de marcação
exibido através da imuno-histoquímica.
No trabalho realizado por Pinheiro et al (2004), além da técnica imuno-
histoquímica, os autores utilizaram as técnicas de zimografia e Western-blot para
88
verificar a atividade funcional das metaloproteinases-1, -2 e -9 em ameloblastoma,
confirmando a participação dessas enzimas na degradação da matriz óssea, com
conseqüente liberação de fatores mitogênicos e aumento da proliferação tumoral.
Diante dos resultados obtidos, que caracterizaram a presença das MMPs-1, -
2 e -9 nas células do parênquima e do estroma dos ameloblastomas e tumores
odontogênicos adenomatóides e sua ativa participação no crescimento dos referidos
tumores, acredita-se que outros trabalhos utilizando técnicas mais sensíveis devam
ser realizados na tentativa de uma melhor compreensão da atuação e influência
dessas enzimas no comportamento local dos tumores estudados.
89
CONCLUSÕES
90
7 CONCLUSÕES
Diante dos resultados encontrados nessa pesquisa, pode-se concluir que:
1. As MMPs-1, -2 e -9 são expressas nas células parenquimatosas e estromais
dos ameloblastomas e tumores odontogênicos adenomatóides, o que sugere
sua contribuição para o crescimento e expansão tumoral. A presença das
referidas metaloproteinases nas células estromais revela a participação ativa
dessas células, juntamente com as células parenquimatosas, na degradação
dos constituintes da MEC, contribuindo para o crescimento dos tumores
estudados.
2. A expressão da MMP-1 foi mais marcante que as demais metaloproteinases
estudadas nos dois tumores analisados, sendo estatisticamente significante
nos ameloblastomas (p<0,001), mostrando o papel fundamental que essa
protease exerce na degradação da MEC e no crescimento tumoral.
3. A presença de grande quantidade de estroma positivo para as MMPs
estudadas permeando os ninhos epiteliais no ameloblastoma, nos leva a
sugerir que o maior potencial de invasão local desta neoplasia, deva-se, em
parte, à soma de secreção das MMPs tanto pelo parênquima quanto pelo
estroma.
91
REFERÊNCIAS
92
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102
APÊNDICE
103
APÊNDICE
APÊNDICE A - Ficha para coleta de dados referentes às MMP-1, -2 e -9 em
ameloblastoma e tumor odontogênico adenomatóide
Caso:
Imunomarcação
( ) + ( ) –
Localização imunomarcação ( ) células tumorais ( ) estroma
Padrão de distribuição ( ) focal ( ) difusa
Percentual de células imunorreativas ( ) escore 0 ( ) escore 1 ( ) escore 2
OBS:
104
ANEXO
105
ANEXO
Anexo A - Protocolo n° 139/05 de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa
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