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Embora os dados sobre a prevalência exata de endometriose sejam incertos, há
relatos de que a endometriose pélvica afete 15 a 20% das mulheres em idade
reprodutiva (Matarese et al., 2003). Outros estudos apontam uma prevalência em
torno de 5 a 10% (Kitawaki et al., 2002; Giudice & Kao, 2004) nesta população. Das
mulheres inférteis, 30 a 50% o são devido a esta patologia (Matarese et al., 2003;
Giudice & Kao, 2004).
Além de aliviar ou reduzir a dor, com o tratamento da endometriose pretende-se:
diminuir o tamanho das lesões; reverter ou limitar a progressão da doença; preservar
ou restaurar a fertilidade da paciente; e ainda evitar ou adiar a recorrência da
doença. Os tratamentos, na maioria das vezes caros, envolvem a administração de
androgênios, agonistas GnRH, progestinas e/ou contraceptivos orais. Entretanto, os
medicamentos para diminuir as concentrações circulantes de estrogênios não
podem ser usados continuamente pela paciente devido aos possíveis efeitos
adversos (como osteosporose e risco à doença cardiovascular) ou a pretensão de
gravidez. Neste último caso, o mais importante no tratamento da endometriose é o
planejamento das ações terapêuticas em comum acordo com o planejamento da
gravidez (Medicine, 2004). Novas drogas, algumas ainda em fase de avaliação,
outras em uso clínico, encontram-se desenvolvidas para o tratamento da
endometriose. Estes novos medicamentos incluem antagonistas da progesterona;
moduladores seletivos dos receptores de estrogênios e/ou de progesterona (ER e/ou
PR); agentes imunológicos; antiinflamatórios não esteroidais (AINES); inibidores de
angiogênese; inibidores da metaloproteinase de matriz (MMP) e, até mesmo,
agentes hipocolesterolêmicos (Chabbert-Buffet et al., 2005; Ferrero et al., 2005a;
Harris et al., 2005). Além destes, os inibidores da aromatase prometem ser a
intervenção farmacológica de escolha, quando associados a agonistas GnRH,
progestinas e/ou contraceptivos orais para as pacientes férteis (Bulun et al., 1999;
Zeitoun & Bulun, 1999; Bulun et al., 2000b; Ferrero et al., 2005a; Attar & Bulun,
2006). Muitas vezes como última alternativa para melhora da dor, as pacientes são
submetidas a cirurgias freqüentes; embora cirurgias repetidas são desaconselhadas
por aumentarem a chance de aderências peritoniais tão prejudiciais como a própria
doença. Cerca de 75% das pacientes apresentam recidiva dos sintomas dois anos
após a cirurgia (Giudice & Kao, 2004). A recorrência da detecção clínica da doença
parece ser maior quanto mais avançado o estágio da endometriose ao primeiro
diagnóstico (Parazzini et al., 2005). Também estão associados à doença riscos