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obra História Universal da Infâmia, como sendo “exercícios narrativos”. Segundo o mesmo,
competia a ele apenas “costurar” as informações de que dispunha, com algumas variantes. Por
outro lado, elas afirmam, de forma objetiva, o propósito de seu trabalho de demonstrar que a
obra em questão “ultrapassa este juízo e contém germinalmente o todo da criação borgiana”.
Diante do que foi explanado, deve-se salientar que tanto Jorge Luis Borges, como
Regina Zilberman e Ana Mariza Filipouski escreveram tais pronunciamentos na década de
setenta. Todavia, deve-se considerar o meio no qual as mesmas estavam inseridas e
principalmente a idéia de que cada ser humano é único, assim como o entendimento que tem
acerca de determinado assunto.
Tendo em vista os autores do referido corpus crítico, Vinicius Jockyman, Paulo
Hecker Filho, Flávio Moreira da Costa, Paulo de Gouvêa, João Carlos Tyburski, Regina
Zilberman, Ana Mariza R. Filipouski, Emi Maria Santini Saft, Jayme Paviani, Maria da
Glória Bordini, José Augusto Guerra, Guilhermino César e Lya Luft, torna-se válido
mencionar que desses, com exceção dos quatro primeiros, os demais eram/são professores
(alguns já faleceram, como por exemplo José Augusto Guerra, em 15/02/1982) e, a partir
dessa base comum, cada um desempenhava outras diferentes funções, seja como pesquisador,
crítico, escritor, jornalista ou advogado. Os demais integrantes da lista desenvolviam
comumente o papel de jornalista e, assim como os outros escritores, exerciam outras
atividades, seja como poeta, romancista, contista, teatrólogo, tradutor, crítico literário,
humorista e/ou advogado. Isso demonstra que uma terça parte origina-se da área do
jornalismo, enquanto a grande maioria é/era professor, o que, em geral, atribui-lhes um
conhecimento teórico mais profundo acerca da literatura.
Dos textos que foram escritos por jornalistas, somente em “Jorge Luis Borges as
amargas sim”, de Paulo de Gouvêa, desvela-se explicitamente a profissão do autor: “Para
nós, homens da imprensa, tal coisa não surpreende, tão bem conhecemos os cavacos do
ofício, o que não impede seja lamentável essa omissão.” (GOUVÊA, 1975: 5). Os outros
escritores não se auto definem como jornalistas, entretanto, as suas produções textuais, assim
como a de Gouvêa, desvelam, através de uma linguagem clara, expositiva, objetiva e
informativa, a profissão que eles exercem e o veículo de “massa” (jornal), responsável pela
propagação de suas idéias.
Ao traçar esse breve panorama sobre os questionamentos a seguir: Quem eram esses
escritores gaúchos? E que atividades exerciam?, desperta a atenção o fato de que, com
exceção de Lya Luft, todos já dominavam o terreno da crítica literária, ou seja, os textos por
eles produzidos, que constituem uma parte do corpus em análise, não são produções