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trabalho doméstico, onde a criança, muitas vezes, também é submetida a castigos
físicos e abusos sexuais.
Os riscos a que são expostas as crianças que trabalham são
incontestáveis, em especial aos riscos nas piores formas de trabalho infantil, pois
sujeitam o menor a mutilações físicas e morais, tirando-lhe qualquer condição de
dignidade e possibilidade de desenvolvimento sadio.
E ainda, quando a criança deixa de freqüentar a escola para
trabalhar, está sendo prejudicada, pois, além de futuramente não conseguir se
integrar no mercado de trabalho, é privada do conjunto de fatores imprescindíveis
para o seu desenvolvimento que a escola proporciona, como a convivência com
outras crianças (que vai afetar a sociabilidade) e desenvolvimento de atividades
adequadas que irão contribuir para sua formação social.
Diversamente do que culturalmente se expõe o trabalho não
socializa, mas ao contrário, retira da criança a possibilidade de desenvolvimento
equilibrado e sadio, pois ela está deslocada ambientalmente, exercendo atividades
inadequadas à sua condição física e maturidade, o que a impede de exercer seu
correto papel dentro do grupo.
A boa notícia é que este paradigma de que o trabalho é bom para
criança está mudando. Segundo pesquisa realizada pelo Ibope
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por iniciativa da
Agência de Notícias dos Direitos da Infância – ANDI em parceria com a OIT, a
maioria da população brasileira considera o trabalho infantil prejudicial à criança
91
.
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IPEC. Maioria da população acha que trabalho infantil é prejudicial ao país. Disponível em
http://www.oitbrasil.org.br/ipec/imp/ler_not.php?id=2575. Acesso 02/04/2007.
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Para 77,3% dos entrevistados mais jovens, com idade entre 16 e 24 anos, é preferível trabalhar
com 16 anos ou mais. Para 44,4% da população, a responsabilidade por não permitir o trabalho
infantil é do Estado, para 32,7% a responsabilidade é da família, e para 18,6% é da sociedade. Para
90% dos jovens entre 16 e 24 anos, pessoas que utilizam mão-de-obra infantil, expondo a criança a
riscos, deveriam ir para a cadeia. Para 55,5% dos entrevistados, o trabalho infantil gera pobreza,
desemprego e é prejudicial para a economia do país. Ao todo, 68% das pessoas com idade entre 16
e 24 anos, e o mesmo percentual dos que têm entre 25 a 29 anos, discordam da afirmação de que é
correto crianças trabalharem em um país como o Brasil. 70% dos que têm nível superior consideram
que não é correto que criança trabalhe. A pior forma de trabalho infantil é, para a maioria dos
entrevistados (78%), a exploração sexual comercial de crianças e adolescentes. Em segundo lugar,
para 65%, a pior forma de trabalho infantil é a exploração de crianças no plantio e tráfico de drogas. A
televisão e o jornal impresso são os maiores difusores do debate sobre o trabalho infantil. Ao todo,
73,9% dos entrevistados afirmou ter visto ou ouvido sobre o tema na TV, e 21,8% afirmou ter lido em
jornais impressos. FNPETI. A opinião pública sobre o trabalho infantil. Disponível em:
http://www.fnpeti.org.br/images/stories/docs_estatisticas/dados_ineditos_2006.pdf. Acesso em
02/04/2007.