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O intelectual demonstrava sua concordância em relação à destituição de Goulart, pois
parecia acreditar que este preparava a entrega do país aos comunistas. Para Corção, o
movimento de 1964 teria impedido esta entrega e derrotado o comunismo no Brasil. Esta
derrota, segundo o articulista, apontaria para o início do declínio deste ideário no mundo:
“Tenho a convicção de que a derrota comunista no Brasil
foi o ponto de inflexão do declínio definitivo do comunismo. E
a desmoralização, a curiosa e cômica desmoralização com que
foram aqui castigados os líderes comunistas que tinham tudo,
aparentemente tudo a seu favor, propaga-se e contagia os outros
povos. Daqui por diante é difícil levar a sério comunismo,
infiltrados, festival, enfoque, alienação, momento histórico,
diálogo, e as demais categorias que nos tiravam o sono meses
atrás.”
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Gustavo Corção, ao que parece, teria dado ampla dimensão ao movimento de 1964,
entendendo que as conseqüências deste teriam reflexos no mundo inteiro. Observa-se que, o
intelectual parece apontar os comunistas como pessoas faltosas, ou que cometeram algum
erro, necessitando, portanto, de castigo. Nota-se que esse castigo, para o intelectual, deveria
servir de exemplo para que outros comunistas não cometessem o mesmo ‘erro’ de tentar
tomar o poder em algum outro país.
Ainda nesta perspectiva, afirma:
“O Brasil, ao meu ver, prestou o mais relevante serviço dos
últimos tempos à causa da democracia, e trouxe a essa
contribuição o timbre especial do bom humor que deixou os
comunistas, os espertos comunistas, os ardilosos e maliciosos
comunistas, em situação de irremediável ridículo. O mundo
livre, se tivesse compreendido bem a nossa contribuição, teria
soltado uma imensa gargalhada, e o comunismo passaria a ser
para os jovens, para os intelectuais disponíveis, um besteira
superada e tornada completamente desinteressante.”
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16
CORÇÃO, Gustavo. Mosaico. Correio do Povo. Porto Alegre, 24 set. 1964, p.4.
17
CORÇÃO, Gustavo. O Brasil e o Vietname. Correio do Povo. Porto Alegre, 25 mar. 1965, p.4.