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6. DESEMPENHO ASSOCIADO ÀS VARIÁVEIS SOCIOECONÔMICAS
6.1 O IMPACTO DAS VARIÁVEIS SOCIOECONÔMICAS NO DESEMPENHO
Em uma análise global, as variações de desempenho respondem à
influência dos fatores socioeconômicos estruturais que caracterizam os participantes do
exame e condicionam suas possibilidades de acesso às condições de ensino. Como
veremos adiante, a incorporação, pelo Enem 2002, de indivíduos mais pobres, associados a
faixas de menor renda familiar, terá impacto contundente no desempenho global da escola
pública.
Também veremos que as distinções associadas à escola pública e à escola
particular estão reafirmadas, e reproduzem o cenário desigual já observado em 2001,
quando a grande abrangência do Enem, pela primeira vez obtida, explicitou de forma aguda
os desequilíbrios do sistema de ensino.
Os dados indicam que as possibilidades dos jovens de superar sua condição
socioeconômica ou historicamente condicionadas estão, em boa medida, no acesso ao
ensino de qualidade. Assim mostram os dados de desempenho segundo a cor dos
participantes e os dados de defasagem das séries do ensino fundamental e médio, por tipo
de escola, em um cenário em que a escola pública se destaca de forma negativa.
Estão também apresentados os dados de desempenho por sexo, idade,
faixas de renda e as faixas de escolaridade dos pais dos participantes.
Os dados indicam que a diminuição da média de desempenho da prova
objetiva em 2002 com relação a 2001 – de 40,46 para 34,13 – está associada à ocorrência
de dois fenômenos distintos.
O primeiro fenômeno afeta diretamente a escola pública, e explica a
significativa elevação do desempenho insuficiente dos participantes.
Como o Quadro 8 demonstra, em 2002, o aumento do número de
participantes ocorre exclusivamente nas faixas mais baixas de renda, e a maior parte desse
contingente mais pobre está concentrada na escola pública.
171
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Quadro 8 – Distribuição do Total de Participantes por Faixas de Renda Familiar em 2001 e 2002
e Porcentagem dos Participantes da Escola Pública nas Faixas Mais Baixas de Renda
Faixas de renda
familiar
2001 2002
Escola pública
Nenhuma renda 12.904 15.569 83% (12.956)
Até 1 s.m. 69.866 102.634 94% (96.302)
1 a 2 s.sm 229.102 289.616 91% (263.906)
2 a 5 s.m. 370.494 403.898 83% (335.000)
5 a 10 s.m. 230.102 220.123
10 a 30 s.m. 156.583 145.133
30 a 50 s.m. 32.805 29.341
+ de 50 s.m. 17.428 14.365
Para esse contingente de jovens, as deficiências do sistema de ensino
agravam-se fortemente em função das desigualdades sociais, explicando a alta
concentração de notas baixas – entre 0 e 40 – verificadas na prova objetiva para a escola
pública, com um aumento da proporção entre 2001 e 2002 de 67,6% para 84,5% dos
participantes, nessa faixa de desempenho.
30,8
14,8
84,5
67,6
0,71,7
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
escola pública
2001
escola pública
2002
bom a
excelente
regular a
bom
insuficiente a
regular
O segundo fenômeno observado afeta a escola privada e está associado ao
perfil demográfico dos participantes: mais de 45% dos jovens da escola privada têm menos
de 18 anos, sugerindo o estímulo das escolas ao treinamento ou participação antecipada no
Enem e condicionando, portanto, seu desempenho.
172
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Assim, dos 37,6% dos jovens da escola privada que obtiveram notas na
prova objetiva entre 0 e 40 – a faixa de desempenho insuficiente a regular –, mais de 42%
têm menos de 18 anos, impondo uma diminuição considerável do desempenho entre bom e
excelente de 2001 para 2002:
53,3
37,6
23,0
60,8
9,2
16,2
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
escola privada 2001 escola privada 2002
bom a
excelente
regular a
bom
insuficiente
a regular
42,6% de jovens
com menos de 18
anos
Observe-se que essa conclusão não se aplica à interpretação desses
segmentos na redação, dado que no Enem 2002 o conhecimento escolar é mais vinculado
às questões objetivas do exame do que na redação, privilegiada pelo acesso imediato ao
senso comum.
Com relação à Redação
, a média geral em 2002 aumentou quase 2 pontos
em relação à de 2001, de 52,58 para 54,31. O tema proposto neste ano – O direito de votar:
como fazer dessa conquista um meio para promover as transformações sociais que o Brasil
necessita -- foi marcado pela oportunidade de envolvimento e a utilização de recursos do
senso comum, afetando positivamente o desempenho dos participantes em geral.
As tabelas a seguir, que apresentam as médias da redação e da prova
objetiva segundo algumas variáveis socioeconômicas e demográficas, permitem uma visão
mais detalhada do desempenho.
173
Tabela 13 – Médias das Notas da Redação, segundo o Tipo de Escola, a Idade, Cor, Faixas de
Renda, Sexo e Escolaridade dos Pais dos Participantes do Enem 2001 e 2002
2001 2002
Tipo de escola no ensino médio
Somente escola pública
50,07 52,10
Escolas pública e particular
54,12 56,42
Somente escola particular
61,57 63,03
Idade do participante
18 anos ou menos
56,28 58,40
19 anos
51,94 53,15
20 anos
49,76 51,26
21 anos
48,16 49,99
22 anos
47,10 49,32
De 23 a 26 anos
46,79 49,02
27 anos ou mais
46,11 48,61
Cor
Branco
55,01 56,45
Negro
49,54 50,48
Mulato/pardo
47,61 51,95
Amarelo
52,87 55,13
Indígena
47,57 49,72
Faixas de renda
Até 1 salário mínimo (*)
44,29 47,69
De 1 a 2 s.m.
47,33 50,54
De 2 a 5 s.m.
51,64 54,10
De 5 a 10 s.m.
55,59 57,57
De 10 a 30 s.m.
60,77 62,31
De 30 a 50 s.m.
63,02 64,54
Mais de 50 s.m.
62,93 64,34
Sexo
Masculino
51,99 52,37
Feminino
53,15 55,78
Faixas de escolaridade da mãe
Sem escolaridade
44,61 47,28
Da 1ª à 4ª série
49,18 51,26
Da 5ª à 8ª série
51,16 53,15
Ensino médio incompleto
53,37 55,21
Ensino médio completo
55,70 57,50
Ens. Superior incompleto
58,91 60,35
Ens.superior completo
61,61 62,76
Pós-graduação
62,54 63,58
Faixas de escolaridade do pai
Sem escolaridade
44,79 47,75
Da 1ª à 4ª série
49,60 51,64
Da 5ª à 8ª série
51,75 53,69
Ensino médio incompleto
53,67 55,71
Ensino médio completo
55,46 57,39
Ens. Superior incompleto
59,44 60,72
Ens. Superior completo
61,80 63,06
Pós-graduação
63,83 64,98
Média geral 52,58 54,31
(*)1s.m. = R$200,00
Fonte: MEC/Inep/Enem
174
Tabela 14 – Médias das Notas da Parte Objetiva da Prova, segundo o Tipo de Escola, a Idade,
Cor, Faixas de Renda, Sexo e Escolaridade dos Pais dos Participantes do Enem 2001 e 2002
2001 2002
Tipo de escola no ensino médio
Somente escola pública
36,56 30,39
Escolas pública e particular
42,71 36,77
Somente escola particular
53,57 47,22
Idade do participante
18 anos ou menos
43,85 37,67
19 anos
40,25 33,62
20 anos
38,32 31,92
21 anos
36,69 30,74
22 anos
35,45 29,88
De 23 a 26 anos
35,08 29,25
27 anos ou mais
34,78 28,36
Cor
Branco
43,33 36,85
Negro
35,22 29,65
Mulato/pardo
36,76 30,84
Amarelo
41,56 35,31
Indígena
35,14 29,25
Faixas de renda
até 1 salário mínimo (*)
30,67 26,01
De 1 a 2 s.m.
33,40 28,28
De 2 a 5 s.m.
38,11 32,44
De 5 a 10 s.m.
43,74 38,15
De 10 a 30 s.m.
52,58 47,01
De 30 a 50 s.m.
57,41 51,80
Mais de 50 s.m.
58,12 52,67
Sexo
Masculino
43,81 36,49
Feminino
38,94 32,90
Faixas de escolaridade da mãe
Sem escolaridade
31,66 26,36
Da 1ª à 4ª série
35,31 29,16
Da 5ª à 8ª série
37,80 31,53
Ensino médio incompleto
40,70 34,29
Ensino médio completo
44,05 37,51
Ens. Superior incompleto
49,38 42,78
Ens.superior completo
54,22 47,94
Pós-graduação
55,01 48,60
Faixas de escolaridade do pai
Sem escolaridade
31,66 26,46
Da 1ª à 4ª série
35,67 29,50
Da 5ª à 8ª série
37,36 32,15
Ensino médio incompleto
41,18 34,81
Ensino médio completo
43,81 37,47
Ens. Superior incompleto
50,03 43,58
Ens. Superior completo
54,56 48,48
Pós-graduação
57,94 51,80
Média geral 40,56 34,13
(*)1s.m. = R$200,00
Fonte: MEC/Inep/Enem
175
6.2 MÉDIAS NA ESCOLA PÚBLICA E NA ESCOLA PRIVADA
O panorama do desempenho é dividido claramente pelas diferenças
associadas à escola pública e à escola privada.
Para todos os segmentos internos às variáveis selecionadas, embora as
médias não alcancem valores altos, a escola particular apresenta-se, invariavelmente,
melhor do que a escola pública. São destaques as médias associadas à escolaridade da
mãe e do pai (pós-graduação) e para a faixa de renda familiar de mais de 50 salários
mínimos, tanto para a redação quanto para a parte objetiva. As médias mais baixas,
localizadas todas na escola pública, estão articuladas à ausência de escolaridade dos pais e
às mais baixas faixas de renda familiar de um salário mínimo, tanto para a redação quanto
para a parte objetiva da prova.
É oportuno destacar que o desempenho médio na redação não se altera
significativamente se consideradas as faixas de renda, muito provavelmente porque a
abordagem do tema proposto foi facilitada pela recorrência ao senso comum e pelas mídias
intensivas sobre as eleições, acessíveis a todas as camadas sociais.
Tabela 15 – Médias das Notas da Redação, segundo a Idade dos Participantes, Faixas de
Renda, Sexo, Cor e Escolaridade dos Pais, por Tipo de Escola freqüentada no Ensino Médio –
Enem 2001 e 2002
(continua)
Escola pública Escola particular
2001 2002 2001 2002
Idade
18 anos ou menos
53,29 55,63 62,66 64,00
19 anos
49,67 51,19 60,64 62,18
20 anos
47,98 49,81 59,50 60,98
21 anos
46,79 48,87 58,38 60,33
22 anos
46,06 48,35 56,63 58,78
De 23 a 26 anos
45,98 48,34 55,22 57,36
27 anos ou mais
45,37 48,07 52,36 53,94
Cor
Branco
51,94 53,61 62,44 63,74
Negro
48,06 49,78 58,88 58,85
Mulato/pardo
46,86 50,56 56,27 61,12
Amarelo
49,97 52,74 61,33 62,74
Indígena
46,16 48,61 56,65 58,50
Faixas de renda
até 1 salário mínimo (*)
44,17 47,58 49,89 53,03
de 1 a 2 s.m.
47,06 50,22 52,92 56,32
de 2 a 5 s.m.
50,92 53,25 57,45 60,15
de 5 a 10 s.m.
53,44 55,18 61,14 62,91
de 10 a 30 s.m.
56,20 57,39 63,61 64,99
de 30 a 50 s.m.
56,63 57,59 64,26 65,76
mais de 50 s.m.
53,54 53,50 63,94 65,67
176
Tabela 15 – Médias das Notas da Redação, segundo a Idade dos Participantes, Faixas de
Renda, Sexo, Cor e Escolaridade dos Pais, por Tipo de Escola freqüentada no Ensino Médio –
Enem 2001 e 2002
(conclusão)
Sexo
Feminino
50,59 53,51 62,53 64,48
Masculino
49,16 49,79 60,18 60,93
Faixas de escolaridade da mãe
Sem escolaridade
44,52 47,23 48,91 50,38
Da 1ª à 4ª série
48,79 50,95 55,64 57,16
Da 5ª à 8ª série
50,27 52,38 57,71 59,51
Ensino médio incompleto
51,80 53,79 59,42 61,01
Ensino médio completo
53,12 55,16 61,07 62,66
Ens. superior incompleto
55,09 56,60 62,75 64,33
Ens. superior completo
56,61 57,71 64,19 65,36
Pós-graduação
56,86 57,84 65,15 66,16
Faixas de escolaridade do pai
Sem escolaridade
44,63 47,67 49,50 51,73
Da 1ª à 4ª série
49,10 51,21 56,32 58,09
Da 5ª à 8ª série
50,77 52,76 58,33 60,13
Ensino médio incompleto
51,84 54,16 59,85 61,38
Ensino médio completo
52,99 55,11 60,84 62,40
Ens. superior incompleto
56,03 57,32 62,98 64,19
Ens. superior completo
57,08 58,29 64,12 65,39
Pós-graduação
58,78 59,20 65,31 66,64
(*)1s.m. = R$200,00
Fonte: MEC/Inep/Enem
Tabela 16 – Médias das Notas da Parte Objetiva da Prova, segundo a Idade dos Participantes,
Faixas de Renda, Sexo, Cor e Escolaridade dos Pais, por Tipo de Escola freqüentada no
Ensino Médio – Enem 2001 e 2002
(continua)
Escola pública Escola particular
2001 2002 2001 2002
Idade
18 anos ou menos
38,59 32,58 54,42 47,43
19 anos
36,24 29,86 54,04 48,13
20 anos
35,33 29,07 52,93 47,69
21 anos
34,55 28,77 51,04 45,39
22 anos
33,87 28,38 48,70 43,29
De 23 a 26 anos
33,99 28,27 46,08 39,69
27 anos ou mais
33,91 27,72 41,72 34,51
Cor
Branco
38,23 31,88 54,78 48,51
Negro
34,24 28,72 45,67 39,29
Mulato/pardo
34,62 28,78 49,36 43,23
Amarelo
36,65 30,61 54,48 48,23
Indígena
33,07 27,57 47,55 40,53
Faixas de renda
Até 1 salário mínimo (*)
30,42 25,78 37,79 32,14
De 1 a 2 s.m.
33,02 27,85 39,78 34,85
De 2 a 5 s.m.
37,02 31,14 46,22 40,69
De 5 a 10 s.m.
40,43 34,40 51,76 45,95
De 10 a 30 s.m.
43,35 39,00 56,80 51,03
De 30 a 50 s.m.
47,98 40,68 59,13 53,56
Mais de 50 s.m.
44,38 37,46 59,54 54,39
177
Tabela 16 – Médias das Notas da Parte Objetiva da Prova, segundo a Idade dos Participantes,
Faixas de Renda, Sexo, Cor e Escolaridade dos Pais, por Tipo de Escola freqüentada no
Ensino Médio – Enem 2001 e 2002
(conclusão)
Sexo
Feminino
35,25 29,41 51,45 45,19
Masculino
38,96 32,01 56,60 50,07
Faixas de escolaridade da mãe
Sem escolaridade
31,45 26,21 36,92 30,42
Da 1ª à 4ª série
34,73 28,67 43,67 36,96
Da 5ª à 8ª série
36,48 30,36 46,75 40,09
Ensino médio incompleto
38,30 32,03 49,24 42,73
Ensino médio completo
39,89 33,55 52,15 45,44
Ens. superior incompleto
42,85 36,35 55,57 49,19
Ens. superior completo
45,72 38,92 58,27 52,18
Pós-graduação
45,23 38,36 59,17 52,72
Faixas de escolaridade do pai
Sem escolaridade
31,38 26,25 37,59 31,39
Da 1ª à 4ª série
34,92 28,85 44,59 37,93
Da 5ª à 8ª série
36,88 30,73 47,44 40,97
Ensino médio incompleto
38,37 32,37 50,13 43,02
Ensino médio completo
39,92 33,78 51,63 44,83
Ens. superior incompleto
44,37 37,69 55,48 49,10
Ens. superior completo
46,71 40,00 58,14 52,26
Pós-graduação
49,25 42,41 60,24 54,26
(*)1s.m. = R$200,00
Fonte: MEC/Inep/Enem
Os dados da Tabela 17 apontam para o papel da educação no processo de
mobilidade social e superação das divisões da sociedade brasileira. O acesso a um ensino
de melhor qualidade, com mais recursos, contribui para a diminuição de desigualdades
socioeconômicas estruturais.
Tais possibilidades são ilustradas pelas médias de notas dos jovens negros
participantes do Enem 2002: a média obtida na prova objetiva pelos negros que realizaram
o ensino médio na escola particular é maior que as médias obtidas por todos os outros
segmentos que realizaram o ensino médio ou na escola pública, ou na escola pública e
privada, e a diferença que separa as médias do conjunto de negros distribuídos na escola
pública e particular é de mais de 10 pontos. Esses dados indicam que as possibilidades
limitadas desse segmento, historicamente marginalizado das melhores condições de ensino,
podem ser ampliadas no âmbito da escola, em busca de sua superação.
178
Tabela 17 – Médias das Notas da Parte Objetiva e da Redação, segundo o Tipo de Escola e Cor
dos Participantes do Enem 2002.
Escola em que realizou
o ensino médio
Cor
Médias
Parte Objetiva
Médias
Redação
Branco 31,88 53,61
Pardo/Mulato 28,78 50,56
Negro 28,72 49,78
Amarelo 30,61 52,74
Indígena 27,57 48,61
Escola Pública
Total 30,39 52,10
Branco 38,61 57,68
Pardo/Mulato 33,88 54,64
Negro 32,47 52,97
Amarelo 36,60 56,29
Indígena 32,40 52,12
Escola Pública e
Privada
Total 36,77 56,42
Branco 48,51 63,74
Pardo/Mulato 43,23 61,12
Negro 39,29 58,85
Amarelo 48,23 62,74
Indígena 40,53 58,50
Escola Privada
Total 47,22 63,03
Os dados da Tabela 18 mostram o impacto negativo da defasagem
idade/série, em uma tendência nítida decrescente tanto para a escola pública quanto para a
escola particular, conforme aumenta a idade dos participantes.
Nessa direção, uma análise do tempo utilizado para a educação básica
mostra a importância do ciclo regular sobre o desempenho.
Nos resultados globais do Enem 2002, o subgrupo de participantes que
realizaram sua formação básica em 11 anos obteve a melhor média na prova objetiva e na
redação, respectivamente 38,84 e 58,49. Esse subgrupo, no entanto, compreende apenas
49% do total dos participantes. Há, portanto, pouco mais da metade de jovens que realiza
ou realizou a formação básica sob combinações variadas de tempo e nível de ensino.
Da mesma maneira, quando analisadas segundo a categoria administrativa
(escola pública e escola particular), são significativas as diferenças de desempenho,
reiterando a importância das decisões sobre o combate à repetência e à evasão, bem como
a definição adequada das políticas de progressão continuada e organização curricular em
ciclos.
179
Tabela 18 – Médias das Notas da Parte Objetiva e da Redação, segundo o Tempo de Realização
do Ensino Fundamental e Médio dos Participantes do ENEM 2002
Tempo de realização
(
*
)
Médias
Categorias
Administrativas
Ensino
Fundamental
Ensino
Médio
Parte
Objetiva
Redação
Menos de 3 anos 26,55 45,96
3 anos 29,44 52,28
Menos de 8 anos
4 anos 28,45 49,56
Menos de 3 anos 27,98 48,75
3 anos 33,58 55,82
8 anos
4 anos 33,15 54,36
Menos de 3 anos 25,99 45,53
3 anos 28,48 50,77
Escola Pública
9 anos
4 anos 28,81 50,12
Menos de 3 anos 40,37 57,86
3 anos 45,11 62,79
Menos de 8 anos
4 anos 40,25 59,49
Menos de 3 anos 41,36 58,37
3 anos 50,39 64,93
8 anos
4 anos 44,55 61,17
Menos de 3 anos 32,23 51,53
3 anos 39,62 58,59
Escola Particular
9 anos
4 anos 37,39 56,59
Total 8 anos 3 anos 38,84 58,49
(*) Estão apresentadas apenas as três possíveis combinações de tempo por nível de ensino com maior
ocorrência
Os dados apresentados a seguir sobre o desempenho dos participantes do
Enem 2002 na redação e na parte objetiva estão organizados segundo diferentes
indicadores demográficos e socioeconômicos, observados à luz da natureza administrativa
da escola.
Desempenho e Escola
5,3
12,3
18,7
68,3
74,0
73,6
26,4
13,7
7,8
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
pública pública e particular particular
insuficiente a regular - 0 a 40 regular a bom - 40 a 70 bom a excelente - 70 a 100
Gráfico 53 – Distribuição Percentual dos Participantes segundo as Faixas de Desempenho
para a Redação, por Tipo de Escola Cursada no Ensino Médio (%)
Fonte: MEC/Inep/Enem
180
84,5
66,3
37,6
14,8
31,0
53,3
0,7
2,7
9,2
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
pública pública e particular particular
insuficiente a regular - 0 a 40 regular a bom - 40 a 70 bom a excelente - 70 a 100
Gráfico 54 – Distribuição Percentual dos Participantes segundo as Faixas de Desempenho
para a Parte Objetiva da Prova, por Tipo de Escola Cursada no Ensino Médio (%)
Fonte: MEC/Inep/Enem
Desempenho e Idade
65,5
28,3
21,5
24,3
25,8
27,0
8,5
12,0
17,5
70,1
68,2
67,3
66,2
75,6
74,7
72,5
6,2
8,4
7,5
6,9
6,8
15,9
13,3
10,1
0
20
40
60
80
100
18 anos ou
menos
18 anos 19 anos 20 anos 21 anos 22 anos de 23 a 26
anos
27 anos ou
mais
insuficiente a regular - 0 a 40 regular a bom - 40 a 70 bom a excelente - 70 a 100
Gráfico 55 – Distribuição Percentual dos Participantes segundo as Faixas de Desempenho
para a Redação, por Idade (%)
Fonte: MEC/Inep/Enem
181
89,1
0,6
79,8
82,5
84,5
85,9
64,3
70,1
76,0
10,3
17,4
15,5
13,8
12,9
32,9
26,7
20,8
2,8
2,0
1,7
1,1
2,8
3,2
3,3
0
20
40
60
80
100
18 anos ou
menos
18 anos 19 anos 20 anos 21 anos 22 anos de 23 a 26
anos
27 anos ou
mais
insuficiente a regular - 0 a 40 regular a bom - 40 a 70 bom a excelente - 70 a 100
Gráfico 56 – Distribuição Percentual dos Participantes segundo as Faixas de Desempenho
para a Parte Objetiva da Prova, por Idade (%)
Fonte: MEC/Inep/Enem
Desempenho e Cor
14,3
24,3
12,6
19,7
22,8
73,5
69,0
73,1
71,8
70,0
12,2
6,7
14,4
8,4
7,2
0
20
40
60
80
100
branco mulato negro amarelo indígena
insuficiente a regular - 0 a 40 regular a bom - 40 a 70 bom a excelente - 70 a 100
Gráfico 57 – Distribuição Percentual dos Participantes segundo as Faixas de Desempenho
para a Redação, por Cor (%)
Fonte: MEC/Inep/Enem
182
71,8
86,5
66,7
82,8
86,4
24,5
12,5
29,7
16,0
13,1
3,7
1,0
3,6
1,2
0,6
0
20
40
60
80
100
branco mulato negro amarelo indígena
insuficiente a regular - 0 a 40 regular a bom - 40 a 70 bom a excelente - 70 a 100
Gráfico 58 – Distribuição Percentual dos Participantes segundo as Faixas de Desempenho
para a Parte Objetiva da Prova, por Cor (%)
Fonte: MEC/Inep/Enem
Desempenho e Sexo
13,2
19,8
74,0
70,1
12,8
10,1
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
masculino feminino
insuficiente a regular - 0 a 40 regular a bom - 40 a 70 bom a excelente - 70 a 100
Gráfico 59 – Distribuição Percentual dos Participantes segundo as Faixas de Desempenho
para a Redação, por Sexo (%)
Fonte: MEC/Inep/Enem
183
77,4
67,6
21,1
28,1
1,64,2
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
masculino feminino
insuficiente a regular - 0 a 40 regular a bom - 40 a 70 bom a excelente - 70 a 100
Gráfico 60 – Distribuição Percentual dos Participantes segundo as Faixas de Desempenho
para a Parte Objetiva da Prova, por Sexo (%)
Fonte: MEC/Inep/Enem
Desempenho e Faixas de Renda
10,8
6,3
5,0
5,4
27,5
21,2
15,1
73,4
68,2
64,0
63,2
68,6
73,0
75,2
15,8
25,5
31,0
31,5
3,8
5,8
9,8
0 204060801
até 1 salário
mínimo
de 1 a 2 s.m.
de 2 a 5 s.m.
de 5 a 10 s.m.
de 10 a 30 s.m.
de 30 a 50 s.m.
mais de 50 s.m.
00
insuficiente a regular - 0 a 40 regular a bom - 40 a 70 bom a excelente - 70 a
Gráfico 61 – Distribuição Percentual dos Participantes segundo as Faixas de Desempenho da
Redação e as Faixas de Renda Familiar (%)
1s.m. = R$200,00
Fonte: MEC/Inep/Enem
184
62,6
38,6
26,9
25,9
94,4
90,2
79,2
34,3
51,9
58,2
57,8
5,5
9,5
19,9
3,1
9,5
14,8
16,3
0,1
0,2
0,9
0 204060801
até 1 salário
mínimo
de 1 a 2 s.m.
de 2 a 5 s.m.
de 5 a 10 s.m.
de 10 a 30 s.m.
de 30 a 50 s.m.
mais de 50 s.m.
00
insuficiente a regular - 0 a 40 regular a bom - 40 a 70 bom a excelente - 7
Gráfico 62 – Distribuição Percentual dos Participantes segundo as Faixas de Desempenho da
Parte Objetiva da Prova e as Faixas de Renda Familiar (%)
1s.m. = R$200,00
Fonte: MEC/Inep/Enem
Desempenho e Escolaridade da Mãe
5,3
66,3
13,4
10,6
7,8
5,9
29,0
20,1
16,5
75,3
74,2
71,2
67,6
67,0
73,3
74,9
28,6
11,3
15,2
21,1
26,5
4,0
6,7
8,6
0 102030405060708090100
Sem escolaridade
Da 1ª à 4ª série
Da 5ª à 8ª série
Ensino médio incompleto
Ensino médio completo
Ens. Superior incompleto
Ens.superior completo
Pós-graduação
insuficiente a regular - 0 a 40 regular a bom - 40 a 70 bom a excelente - 70 a 100
Gráfico 63 – Distribuição Percentual dos Participantes segundo as Faixas de Desempenho da
Redação e a Escolaridade do Mãe (%)
Fonte: MEC/Inep/Enem
185
53,4
11,6
35,1
73,8
64,5
49,7
36,5
93,9
87,8
81,7
24,6
32,6
44,1
52,9
5,9
11,8
17,5
1,6
2,9
6,2
10,6
0,1
0,4
0,8
0 20406080100
Sem escolaridade
Da 1ª à 4ª série
Da 5ª à 8ª série
Ensino médio incompleto
Ensino médio completo
Ens. Superior incompleto
Ens.superior completo
Pós-graduação
insuficiente a regular - 0 a 40 regular a bom - 40 a 70 bom a excelente - 70 a 100
Gráfico 64 – Distribuição Percentual dos Participantes segundo as Faixas de Desempenho da
Parte Objetiva da Prova e a Escolaridade da Mãe
Fonte: MEC/Inep/Enem
Desempenho e Faixas de Escolaridade do Pai
63,3
32,2
4,6
12,6
10,7
7,5
5,5
27,7
19,3
15,7
75,3
74,3
70,7
67,5
68,1
73,6
75,0
12,1
15,0
21,8
27,0
4,2
7,1
9,3
0 204060801
Sem escolaridade
Da 1ª à 4ª série
Da 5ª à 8ª série
Ensino médio incompleto
Ensino médio completo
Ens. Superior incompleto
Ens.superior completo
Pós-graduação
00
insuficiente a regular - 0 a 40 regular a bom - 40 a 70 bom a excelente - 70 a 100
Gráfico 65 – Distribuição Percentual dos Participantes segundo as Faixas de Desempenho da
Redação e a Escolaridade do Pai (%)
Fonte: MEC/Inep/Enem
186
58,1
14,7
27,2
72,4
64,4
47,2
35
93,7
86,8
80,1
25,9
32,9
46,6
54,1
6,1
12,7
19
1,7
2,7
6,2
10,9
0,1
0,4
0,9
0 20406080100
Sem escolaridade
Da 1ª à 4ª série
Da 5ª à 8ª série
Ensino médio
incompleto
Ensino médio
completo
Ens. Superior
incompleto
Ens.superior completo
Pós-graduação
insuficiente a regular - 0 a 40 regular a bom - 40 a 70 bom a excelente - 70 a 100
Gráfico 66 – Distribuição Percentual dos Participantes segundo as Faixas de Desempenho da
Parte Objetiva da Prova e a Escolaridade do Pai (%)
Fonte: MEC/Inep/Enem
187
188
7. CONSIDERAÇÕES PEDAGÓGICAS
Novamente em 2002, parece ter sido a ausência do domínio de leitura
compreensiva a causa principal de situar-se o desempenho entre insuficiente e regular, para
a maioria dos participantes.
A leitura compreensiva é um processo global difuso, intrinsecamente ligado
às intenções do participante (leitor), dos professores autores das situações-problema, e ao
contexto sociohistórico em que tanto o autor quanto o leitor estão imersos.
Compreender o texto das situações-problema do Enem não é retirar quase
que “fotograficamente” a resposta para o problema. O participante precisa construir um
modelo mental da situação descrita, e isso requer uma série de habilidades anteriores: o
reconhecimento de palavras, o entendimento das relações gramaticais e semânticas entre
palavras e a integração das idéias e conceitos por meio de inferências.
As inferências intra-sentenciais exigem a associação das informações que
se encontram no texto da situação-problema; as inferências pragmáticas necessitam de
conhecimentos previamente construídos; e as inferências avaliativas exigem
posicionamentos pessoais e envolvem valores. A leitura compreensiva é, portanto, um
processo de integração e construção de significados.
Aliada à não assimilação de conteúdos básicos próprios, em sua maioria, ao
ensino fundamental, a leitura superficial e fragmentada parece ter acarretado escolhas
equivocadas de resposta na parte objetiva da prova e, na redação, resultou na elaboração
de textos que, embora adequados ao tema proposto, apresentaram problemas na sua
estruturação, em que pesem os poucos excelentes registros de desempenho nesta parte da
prova.
Na redação, a maioria dos participantes demonstrou compreender a
proposta muito provavelmente pela familiaridade do tema, pela simultaneidade da época da
prova com o período eleitoral do Brasil e, principalmente, porque o diálogo com o tema foi
facilitado pelo senso comum mais do que pelo domínio de conceitos ou teorias elaboradas.
Apesar do melhor desempenho da redação ter recaído na Competência I, que expressa o
domínio da norma culta, é ainda significativo o número de participantes que não
demonstraram domínio das regras gramaticais.
A maioria demonstrou ter recorrido principalmente a conceitos vinculados
pelo senso comum, utilizando chavões e parafraseando os textos-estímulo. Mais da metade
dos participantes demonstrou conhecer as regras próprias do texto dissertativo-
argumentativo, mas apresentam dificuldade na utilização de recursos coesivos.
189
No que se refere à elaboração de propostas, a maioria dos participantes
apresentou propostas razoavelmente relacionadas ao tema, mas, novamente, pouco
articuladas às discussões desenvolvidas no próprio texto.
Além da análise específica do desempenho dos participantes em cada item da
parte objetiva da prova, merecem ser destacados aspectos incongruentes nos desempenhos
demonstrados, vinculados principalmente à leitura superficial e fragmentada das situações-problema
e à ausência dos conceitos estruturais das várias ciências.
Em relação aos conteúdos matemáticos, os participantes demonstraram não
reconhecer características do gráfico cartesiano quando apresentadas em formas diferentes
da tradicionalmente trabalhada na escola, não sendo capazes de transpor e aplicar o
conceito de gráfico cartesiano às novas formulações apresentadas na prova (questões 3,
12, 36, 60 e 61).
Note-se na questão 3 que muitos não perceberam que a relação linear entre
as variáveis informava da proporcionalidade e permitia o uso de regra de três para a solução
do problema.
Da mesma maneira, o baixo desempenho na questão 4 evidencia a falta de
compreensão de comparação de potências de mesma base com expoente negativo,
ocorrendo o mesmo na questão 29 com o problema de conversão de unidades.
Demonstraram dificuldades em trabalhar com taxas percentuais referidas a
universos populacionais diferentes (questão 38).
O desempenho na questão 41 mostra a dificuldade em converter a
explicação de um fenômeno, dada em linguagem comum, para a linguagem matemática,
que expressa as relações entre as variáveis envolvidas no fenômeno.
O desempenho na questão 55 mostra dois aspectos que devem ser
considerados: apenas poucos participantes demonstram compreender que, para atingir um
ponto diametralmente oposto a outro na superfície da Terra, percorre-se uma
semicircunferência. De outro lado, um número significativo deles considerou como possível
o cálculo do diâmetro sem sequer refletir que estariam “viajando pelo centro da terra”.
Em relação aos conceitos científicos, um número significativo de
participantes ainda considera as alterações ambientais apenas como sinônimo de poluição
química. Também é significativo o número de participantes que demonstra não ter
assimilado o conceito de cadeia alimentar e a importância da bioacumulação de metais
pesados nessas cadeias. O desconhecimento dos conceitos que explicam fenômenos cujas
ocorrências estão quase diariamente nos jornais sugere uma grande defasagem entre as
práticas na sala de aula e temas do cotidiano (questões 8, 14, 31, 32).
Este fato é ainda mais acentuado quando examinamos o desempenho dos
participantes nas questões que abordam temas relativos à energia. Nunca se falou tanto
190
deste tema como nos dias atuais. Entretanto, os participantes do Enem 2002 demonstram
não compreender o conceito de eficiência dos processos de geração de energia; confundem
veículo de transporte de energia com combustível e fazem associações incorretas entre o
caráter renovável de fontes de energia com ausência de impacto ambiental (questões 26,
33, 35, 43, 47).
Os participantes demonstraram desconhecer elementos fundamentais que
estruturam a ordem econômica mundial, o que os impediu de identificar corretamente países
desenvolvidos daqueles em desenvolvimento (questão 5).
Muitos participantes demonstraram desconhecer a relação entre fuso horário
e o sentido de rotação da terra (questão 2).
Alguns desempenhos demonstrados surpreenderam as expectativas, tanto
positiva quanto negativamente.
As questões 15 e 22 envolviam raciocínios geométricos de complexidades
diferentes. A questão 15, mais simples e possível de ser resolvida com um “desenho” pelo
participante (tratava-se de combinar a junção sem quebras de ladrilhos octogonais com um
de forma geométrica a ser escolhido entre as opções dadas), apresentou grande dificuldade
(apenas 20% acertaram a resposta). De outro lado, 37% dos participantes foram capazes de
resolver corretamente a questão 22, de raciocínio geométrico mais complexo que envolve a
identificação de figuras geométricas de mesma área.
Em relação à questão 27, na qual surpreendentemente apenas 25% dos
participantes optou pela resposta correta, cumpre ressaltar que, mesmo sem conhecer o
princípio fundamental de contagem, era possível resolver o problema refletindo sobre cada
“código”, associando essa reflexão à definição de código de barras. Para tanto, foi
apresentado um código com apenas 5 barras.
Se de um lado houve aparente confusão entre energia renovável e impacto
ambiental, os participantes demonstram compreender corretamente o problema mundial de
escassez de água, associando-o à característica de quantidade e qualidade (questão 16).
Deve-se ressaltar, também, que, felizmente, apenas 5% dos participantes
demonstram desconhecer as medidas de prevenção contra a AIDS (questão 44).
Com base na constatação de que são pouco trabalhados em sala de aula da
educação básica os conceitos de fenômenos aleatórios, probabilidade e estatística, causou
surpresa o desempenho positivo de cerca de 60% de participantes que demonstraram ser
capazes de desenvolver a simulação proposta na questão 19, utilizando um raciocínio
hipotético-dedutivo envolvendo resultados estatísticos de uma pesquisa.
Apesar da prova, em sua parte objetiva, ter explorado preferencialmente
conteúdos elementares – na maioria dos casos, correspondentes às etapas de escolaridade
do ensino fundamental –, as proposições das situações-problema requeriam a mobilização
191
simultânea de diferentes operações cognitivas plenamente acessíveis aos jovens
participantes do Enem.
Entretanto, para que o participante pudesse mobilizar as competências
requeridas para o enfrentamento dos desafios das situações-problema, deveriam ser
capazes de compreender as proposições que os expressam por meio da leitura dos
mesmos.
Ressalte-se, mais uma vez, que a ausência do domínio da leitura
compreensiva foi possivelmente a causa do desempenho apresentado. Só a leitura
superficial e fragmentada pode explicar a opção por alternativas de resposta que revelam
leitura de gráficos sem associação com a proposta, escolha de alternativas dissociadas do
contexto, dificuldade de estabelecer relações entre linguagens expressas por tabelas,
fórmulas e gráficos, escolha de afirmações e argumentos contraditórios e mutuamente
excludentes. São exemplos dessas situações as opções pelas alternativas C das questões
25 e 26, B e E da questão 28, A da questão 21, D da questão 36 e D e E da questão 38.
Da mesma forma, a ausência de leitura compreensiva pode ser mais
destacada no desempenho observado nos itens 1, 4, 5, 6, 7, 10, 18, 23, 24, 30, 34, 35, 39,
40, 46, 48, 50, 51, 54, 58, 60 e 63.
A natureza de questões objetivas de múltipla escolha não permite uma análise
determinista das causas do desempenho. No caso do Enem, as características técnicas da
formulação das situações problema e das alternativas de resposta permitem o levantamento de
hipóteses consistentes que ajudam a compreender o desempenho avaliado.
As hipóteses a serem consideradas sobre a explicação do desempenho dos
participantes do Enem 2002 têm caráter essencialmente pedagógico. Fogem a esse
universo de considerações o acaso e o descaso que porventura tenham inspirado as
escolhas dos participantes.
Os resultados do Enem 2002 evidenciam que, entre os múltiplos desafios
apresentados para a escola brasileira, o acesso ao aprendizado da leitura apresenta-se
como o mais valorizado e exigido pela sociedade.
O acesso à leitura é o único meio de alcance da democracia e da autonomia
individual que permite compreender “porque as coisas são como são”. Só o domínio da
leitura permite ir além do que é evidente, possibilitando a descoberta das relações por trás
das circunstâncias e situações.
192
ANEXOS
Manual do Inscrito – Questionário Socioeconômico
Boletim de Resultados da Escola
Boletim Individual de Resultados
193
194194
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