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seu nome, seguido de sua pátria, sua localidade mais específica na polis, sua
filiação e seu apelido: “Arístócles de Atenas, filho de Aríston e de Perictione, do
demo de Colutés, conhecido como Platão”.
Filho de Aríston e Perictione, Platão pertencia a uma
tradicional família de Atenas e estava ligado, pelo lado materno, a grandes
personalidades do meio político. Sua genitora descendia do grande legislador
Sólon, era irmã de Carmides e prima de Crítias, dois dos trinta tiranos que
dominaram Atenas durante algum tempo. Teve dois irmãos mais velhos, Adimanto
e Gláucon, e uma irmã, Potone, que foi mãe de seu discípulo e sucessor, Seusipo.
Segundo narra O Parmênides, teve ainda um irmão, por parte de mãe, Antífon,
filho de Pirilampes e Perictione. Talvez seja possível atribuir o desapreço de
Platão pelos políticos de seu tempo ao convívio e, conseqüentemente, ao
conhecimento dos bastidores políticos, adquirido desde criança.
Fato que marcou a juventude de Platão foi ter
conhecido seu maior mestre, Sócrates
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. Na época da oligarquia dos trinta tiranos,
os governantes tentaram fazer Sócrates cúmplice na execução de Leon de
Salamina, cujos bens desejavam confiscar. Sócrates recusou-se a participar da
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WATANABE, Ligia Araújo. op. cit., p. 34: “Platão aparece na vida de seu mestre Sócrates
primeiramente sob a forma de sonho. Tendo Sócrates sonhado com um cisne e tendo Platão se
apresentado no dia seguinte a ele para ouvir as palestras deste já então famoso filósofo, Sócrates
concluiu que o cisne de seu sonho era seu novo discípulo. O cisne representava para os gregos de
então um atributo simbólico do deus Apolo, um sinal do caráter apolíneo de seu discípulo Platão.
Ser apolíneo significava ser amante da ordem, da beleza tranqüila e da razão paciente e calculista
– imagem que por muito tempo foi conferida a todo o Classicismo e à arte clássica grega, em
particular -, em oposição ao caráter dionisíaco, do deus Dioniso, deus da embriaguez e da des-