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indício mais evidente dessa problemática é que boa parte da população de crianças que
ingressam na instituição escolar, especialmente a pública, não consegue concluir bem sua
jornada de oito anos mínimos e obrigatórios; um considerável número de pessoas, oriundas
desta, parece ter uma história de insucesso ou inadequação para relatar. Convencionou-se
denominar este processo de fracasso escolar. Nessa perspectiva, o sistema educacional
brasileiro amarga índices de retenção e evasão escolar semelhantes aos de países africanos
como a Nigéria e o Sudão, constituindo-se como um contra-senso o fato de que em questões
econômicas o Brasil possa ser comparado aos países europeus ou asiáticos e no quesito
educacional seja alocado no mesmo patamar de países castigados da África Subsaariana.
Nessa direção, dados do Programa Internacional para Avaliação de Alunos (PISA)
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demonstram a vergonhosa posição ocupada, pelo Brasil, no ranking internacional.
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Não se
têm dúvidas de que o nosso país carece melhorar a escolarização de seus habitantes e,
caminhar nessa direção, significa, dentre outras questões, investir na distribuição de renda e
elevação do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
Segundo o último estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE) direcionado para o setor, o Education at a Glance 2007, o Brasil é um
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O PISA é um programa internacional de avaliação comparada, cuja principal finalidade é produzir indicadores
sobre a efetividade dos sistemas educacionais, avaliando o desempenho de alunos na faixa dos 15 anos, idade em
que se pressupõe o término da escolaridade básica obrigatória na maioria dos países. Esse programa é
desenvolvido e coordenado internacionalmente pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE), havendo, nos 41 países participantes, uma coordenação nacional. No Brasil, o PISA é
coordenado pelo INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. As provas
incluem cadernos de questões e acontecem a cada três anos, com ênfases distintas em três áreas: Leitura,
Matemática e Ciências enfatizando não apenas o conteúdo em si, mas a capacidade de relacioná-lo e aplicá-lo na
prática. Em cada edição, o foco recai principalmente sobre uma dessas áreas. Em 2000, o foco deu-se na Leitura:
em 2003, foi a Matemática; em 2006, a ênfase foi em Ciências. A Prova foi aplicada a 400 mil estudantes.
In:<http://www.inep.gov.br/internacional/pisa/Novo/oquee.htm
> -
<http://www.inep.gov.br/download/internacional/pisa/result_pisa2003_resum_tec.pdf> Acesso em 05/12/2007
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Os resultados do PISA 2006 mostram que a educação brasileira ainda tem muito a melhorar. Os dados revelam
que os jovens brasileiros de escolas públicas e particulares ficaram na 52ª posição entre 57 países e territórios,
com nota média de 390 pontos, na escala até 800. Com o sexto pior resultado, o Brasil está ficando lado a lado
com Catar, Quirguistão e Azerbaijão: piorou em Leitura e melhorou em Matemática, em comparação a 2003
(passou de 356 pontos, em 2003, para 370 pontos, em 2006). Já em Leitura, a nota caiu 10 pontos, passando de
403, em 2003, para 393, em 2006. Em Ciências manteve a média de 2003: 390, na escala até 800. A pesquisa
Pisa é liderada pela Finlândia. O grupo dos dez países melhor posicionados é completado por Hong Kong,
Canadá, Taiwan, Estônia, Japão, Nova Zelândia, Austrália, Holanda e Liechtenstein.
http://www.seed.se.gov.br/detalharNoticia.asp?acao=1&cmd=1&codNoticia=1795
http://www.ritla.net/index.php?option=com_content&task=view&id=2085&Itemid=149