1. [...] depois do incêndio foram vistos diversos índios roubando o que
havia escapado das chamas, e matando as criações que encontravam”
(LEVERGER, 1862, p. 62).
2. Principiarão estes a fazer algumas hostilidades, logo no começo da
seca, nas fazendas situadas nas immediações do rio São Lourenço, na
estrada geral, que desta província vai ter a de Goyaz, por isso fiz d’aqui
partir uma bandeira no dia 30 de Julho do anno ultimo, uma bandeira em
rumo ao dito São Lourenço, e em 6 de Setembro outra em rumo da
estrada geral de Goyaz, ambas não corresponderam as minhas vistas, e
intenções, pela má direcção dos seos encarregados: a primeira deo hum
assalto nos índios Coroados que talvez só servisse para no princípio da
futura secca apparecerem com mais ferocidade, pela timidez q. observão
nos assaltantes, que apenas puderão capturar duas crianças, que as
conduzirão a esta capital, deixando de segui-los por frivolas rasões,
dando assim aza á que elles mais sensoberbação; a segunda nada fez,
satisfeita voltou informando ter só encontrado vestígios destes bárbaros,
quando moradores e viandantes da referida estrada queixavão-se de
alguãs hostilidades por elles perpretadas; tanto que disto fui informado,
mandei guarnecer os differentes pontos da mesma por praças de 1ª Lª. do
Exército, não só para desassombrar e proteger os moradores [...]
(GUIMARÃES, 1847, p. 18-19).
3. Por participação do Commandante do destacamento da Estiva fui
informado de se haver retirado para hum Engenho vizinho o morador do
lugar denominado Roncador, por ter sido ameaçado no dia 3 do mez
próximo passado pelos Indios bravios, que lhe matarão algumas criações,
segundo a expressão daquelle Commandante. Como está na estação da
secca são frequentes as correrias desses Indios, acabo de reforçar as
praças dos tres destacamentos de Linha estacionadas na estrada desta
Cidade para Goyaz nos pontos da Estiva, do Sangrador e do rio-Grande;
não me parecendo [....] que não he a primeira vez que corre dos Indios,
por já havê-lo anteriormente feito de outro lugar, fosse suficiente para
justificar a sahida de huma bandeira contra os Indios, cuja Nação não se
conhece bem, por dizerem huns ser a dos Coroados e outros a dos
Cayapós [...]” (RIBEIRO, 1848). Alertava-se ainda a possibilidade de se
“lançar mãos de meios de que se servio no anno de 1837 para castigar e
repellir a barbaridade dos Boróros da Campanha (RIBEIRO, 1848).
4. Os Coroados habitão as cabeceiras de diversos galhos do rio São
Lourenço. Poucas e pouco exactas são as notícias que temos do seu
número, de sua índole, e de seus usos, pois não se relacionam conosco,
fogem de nós e quando procurão os nossos moradores e viandantes é para
hostilizá-los. Com taes disposições e dominadas por sua situação as
estradas que vão desta cidade para Goiás e para São Paulo, os coroados
tornarião as mesmas estradas intranzitáveis para o Christão, se não fosse
os sentimentos de cobardia comum a quase todas as nações indígenas,
que faz com que raríssimas vezes acometam a rosto descoberto, ou
expondo a sua vida ao menor risco. Entretanto, por vezes, tem atacado
aos viandantes e moradores do sertão, que viram-se obrigados a
abandonar os seus estabelecimentos, os quais, se bem que de pouca
importância, eram de grande utilidade para as tropas que neles achavam,
pelo menos, o provimento do milho tão necessário para os animais já
cançados por longa e penoza viagem. Os mesmos Índios chegaram a
cometer estragos matando e incendiando até em sitios do termo desta
cidade e distantes dela menos de vinte léguas; por essas razões, poucos