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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO URBANA
ALEXANDRE BAIONI TRENTO
ESTÍMULO AO EMPREENDEDORISMO PARA O
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO LOCAL:
ESTUDO DE CASO SOBRE PROGRAMAS PÚBLICOS EM CURITIBA – PARANÁ
CURITIBA
2008
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ALEXANDRE BAIONI TRENTO
ESTÍMULO AO EMPREENDEDORISMO PARA O
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO LOCAL:
ESTUDO DE CASO SOBRE PROGRAMAS PÚBLICOS EM CURITIBA – PARANÁ
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Gestão Urbana do Centro de Ciências
Exatas e de Tecnologia da Pró-Reitoria de Graduação,
Pós-Graduação e Pesquisa da Pontifícia Universidade
Católica do Paraná como requisito à obtenção do
título de Mestre.
Orientadora: Profa. Dra. Letícia Peret Antunes Hardt
Co-orientador: Prof. Dr. Ricardo Kureski
CURITIBA
2008
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Dedico este trabalho, que me exigiu extrema
dedicação, me privou de momentos
importantes de minha vida, mas que muito me
acrescentou, aos meus pais, por sempre
batalharem e prezarem por minha maior
herança, a educação que me foi proporcionada.
AGRADECIMENTOS
Agradeço, com muita alegria, a todas as pessoas que me incentivaram e estiveram ao
meu lado nesta empreitada. Em especial, à minha orientadora, Profa. Dra. Letícia Peret
Antunes Hardt, que me encorajou e apoiou desde a primeira vez em que fiz contato
demonstrando interesse por este curso. Ao Prof. Dr. Ricardo Kureski, que mesmo com seu
tempo restrito, procurou colaborar.
À minha família, em especial aos meus primos e minha irmã Rafaela, pela paciência e
pela compreensão da minha ausência em tantos momentos que deveríamos estar juntos. Ao
meu pai, Edison, e à minha mãe, Evanilde, pelo exemplo de força e perseverança,
indispensáveis para a conclusão deste trabalho.
À minha esposa Ana Paula, por estar ao meu lado, sempre incentivando com muito
carinho e resolvendo meus problemas profissionais com tanta competência nos meus períodos
de ausência.
Aos meus amigos, que souberam compreender as diversas recusas dos convites para
estarmos juntos.
À Ana Paula Pickler e Márcio Carboni, pela dedicação e empenho na colaboração para
o levantamento dos dados necessários ao sucesso da pesquisa.
A Companhia de Desenvolvimento de Curitiba (Curitiba S.A.), pela atenção e boa
vontade na cessão das informações.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), pela
concessão da bolsa.
“Empreender é imaginar o futuro, é fazer
planos com técnica e criatividade, é ter
determinação e perseverança, é mudar a
direção, eliminando qualquer possibilidade
de chegar onde estamos agora”.
Alexandre Trento
RESUMO
O desenvolvimento econômico local passa a ser discutido amplamente no Brasil a partir dos
anos 1990, fruto de um contexto de maior autonomia das gestões locais e de transformações
socioeconômicas do final do século XX. Em meio a programas e ações públicas com esta
finalidade, emerge, como elemento fundamental, o papel da ação e cultura empreendedora.
Neste contexto, o objetivo geral da presente pesquisa consiste em discutir programas públicos
de estímulo ao empreendedorismo para o desenvolvimento econômico local, recorrendo a
técnicas da análise de redes sociais para verificar a capacidade de aumento qualiquantitativo
de atividades econômicas em suas áreas de intervenção. Para tanto, desenvolve, como estudo
de caso, a avaliação do programa Bom Negócio e demais ações atualmente coordenadas pela
Companhia de Desenvolvimento de Curitiba, investigando junto aos participantes do
programa, a partir da lógica das redes, a caracterização de possível rede de apoio ao
empreendedorismo na capital paranaense. A confirmação da organização em rede, além da
análise e discussão dos resultados, demonstra as possibilidades e os limites da gestão pública
na organização de programas voltados ao desenvolvimento econômico local. Foram
determinados os perfis dos participantes e suas empresas sob os aspectos de motivação do
negócio, idade, sexo, formação do empreendedor, além do ano de abertura, localização, ramo
de atividade, principais mercados, mortalidade e acesso a recursos por parte de suas empresas.
A pesquisa também analisou o programa sob a ótica dos participantes, proporcionando a
identificação de sugestões, aspectos positivos e possibilidades de melhorias. Além de
contribuir com informações para a seqüência de programas similares aos estudados, o método
desenvolvido pode ser aplicado pela administração pública como instrumento de
gerenciamento de redes de apoio ao empreendedorismo, proporcionando ampla visão da
conectividade entre empresas e ações, bem como a possibilidade de monitoração do seu
desempenho. Neste sentido, fundamenta a gestão urbana e regional na busca da superação de
procedimentos tradicionais da administração municipal, contribuindo para a consecução de
novos métodos e processos para soluções locais.
Palavras-chave: Gestão urbana e regional. Desenvolvimento econômico local.
Empreendedorismo. Análise de redes sociais.
ABSTRACT
The local economic development passes to be widely argued in Brazil from the years 1990
outcome of a bigger autonomy context of local management and socioeconomics
tranformations of the 20th century’s end. Among programs and public actions with this
purpose, emerge as basic element the rule of the enterprising action and culture. The present
study searchs to discuss public programs of stimulus to the entrepreneurship for the local
development, appealing to tecnics from Social Network Analisys - ARS, in order to verify the
capacity of qualiquantitativity increase of economic activities in its intervention area. For
this, it presents as case study, the program Bom Negócio and other actions currently co-
ordinated by the Company of Development of Curitiba, investigating together to the
participants of the program, from the network logic, characteristics of one possible network
of support to the Entrepreneurship in functioning at the paranaense capital. The confirmation
of the organization in net, beyond the analysis and quarrel of the results, demonstrates the
possibilities and the limits of the public administration in the organization of programs for
local economic development. The profiles of the participants and its companies were
determined under the aspects of motivation of the business, age, sex, formation of the
entrepreneur had been determined, beyond the year of opening, localization, branch of
activity, main markets, mortality and access the resources on the part of its companies. The
research also analyzed the program under the optics of the participants, providing the
identification of suggestions, positive aspects and possibilities of improvements. Beyond
contributing with information for the sequence of similar programs to the studied ones, the
developed method can be aplied to assist the public administration as instrument of
management of nets of support to the entrepreneurship, providing ample vision of the
conectivity between companies and actions, as well as the possibility of monitor its
performance. On this direction, it bases the urban and regional management in the search of
the overcoming of traditional procedures of the municipal administration, contributing for the
achievement of new methods and processes for local solutions.
Keywords: Urban and regional management. Local economic development.
Entrepreneurship. Social networks analisys.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Representação esquemática da tipologia dos centros urbanos ........................................................ 23
Figura 2: Representação esquemática exemplificativa da rede ...................................................................... 51
Figura 3: Mapa do Linhão do emprego e respectivos pólos de atuação em Curitiba ..................................... 58
Figura 4: Organograma da concepção e arranjo institucional do Linhão do Emprego................................... 59
Figura 5: Mapa de localização dos barracões empresariais do Linhão do Emprego ...................................... 62
Figura 6: Organograma de ações coordenadas pela Companhia de Desenvolvimento de Curitiba................ 71
Figura 7: Organograma comparativo entre as ações dos programas Linhão do Emprego e Bom
Negócio........................................................................................................................................... 77
Figura 8: Representação esquemática do direcionamento de relações entre empresas e ões do
programa Bom Negócio.................................................................................................................. 82
Figura 9: Matriz de relacionamentos ilustrativa das empresas com as ações do Bom Negócio ..................... 88
Figura 10: Gráfico base da matriz de relacionamentos entre atores a ações do programa Bom Negócio ........ 91
Figura 11: Gráfico de diferenciação entre empresas e ações do programa Bom Negócio................................ 92
Figura 12: Gráfico de diferença percentual entre empresários e não empresários ........................................... 93
Figura 13: Gráfico de distribuição dos empresários do programa Bom Negócio pela motivação.................... 94
Figura 14: Gráfico de distribuição dos participantes do programa Bom Negócio por faixas etárias................ 95
Figura 15: Gráfico de distribuição dos participantes do programa Bom Negócio por faixas etárias entre
os empresários................................................................................................................................. 96
Figura 16: Gráfico de distribuição dos participantes do programa Bom Negócio por faixas etárias entre
os não empresários.......................................................................................................................... 97
Figura 17: Pirâmide etária da população total de Curitiba, por sexo – 2000.................................................... 97
Figura 18: Gráfico de interação entre idade e motivação do negócio entre os participantes do programa
Bom Negócio ................................................................................................................................ 100
Figura 19: Pirâmide etária da população residente total do Brasil, por sexo – 1980, 1991 e 2000 ................ 102
Figura 20: Gráfico de distribuição dos participantes do programa Bom Negócio por grau de
escolaridade .................................................................................................................................. 103
Figura 21: Gráfico de distribuição dos empresários participantes do programa Bom Negócio por grau
de escolaridade.............................................................................................................................. 104
Figura 22: Gráfico de distribuição dos não empresários participantes do programa Bom Negócio por
grau de escolaridade...................................................................................................................... 104
Figura 23: Gráfico de interação entre formação e motivação do negócio entre os participantes do
programa Bom Negócio................................................................................................................ 105
Figura 24: Gráfico de distribuição dos empresários participantes do programa Bom Negócio por sexo
(gênero)......................................................................................................................................... 107
Figura 25: Gráfico de distribuição dos não empresários participantes do programa Bom Negócio por
sexo (gênero)................................................................................................................................. 107
Figura 26: Gráfico de diferenciação entre empresas e ações do programa Bom Negócio a partir do grau
de conectividade............................................................................................................................ 110
Figura 27: Gráfico de rede de atores do programa com grau de conectividade igual ou superior a 2,
excluído o Bom Negócio .............................................................................................................. 112
Figura 28: Gráfico de proporcionalidade de empresas ligadas à rede de apoio do programa Bom
Negócio......................................................................................................................................... 113
Figura 29: Gráfico de motivação dos negócios entre empresas de grau 2 ou superior no programa Bom
Negócio......................................................................................................................................... 114
Figura 30: Gráfico de diferenciação entre empresas novas e empresas consolidadas do programa Bom
Negócio......................................................................................................................................... 115
Figura 31: Gráfico de diferenciação entre empresas de grau 2 ou superior novas e consolidadas do
programa Bom Negócio................................................................................................................ 116
Figura 32: Gráfico de proporcionalidade de adesão à rede pelas empresas consolidadas, em
consolidação ou abertas após o curso por participantes do programa Bom Negócio a partir
de 2005.......................................................................................................................................... 117
Figura 33: Gráfico de localização das empresas do programa Bom Negócio ................................................ 118
Figura 34: Gráfico de proporcionalidade de ramos de atividades das empresas participantes do
programa Bom Negócio................................................................................................................ 119
Figura 35: Gráfico de ramos de atividade entre empresas com grau de conectividade 2 ou superior do
programa Bom Negócio................................................................................................................ 121
Figura 36: Gráfico de proporcionalidade de principais mercados das empresas participantes do
programa Bom Negócio................................................................................................................ 122
Figura 37: Gráfico de principais mercados das empresas participantes do programa Bom Negócio.............123
Figura 38: Gráfico de alcance de mercado das empresas participantes do programa Bom Negócio.............. 124
Figura 39: Gráfico de número de empregos gerados pelas empresas participantes do programa Bom
Negócio......................................................................................................................................... 126
Figura 40: Gráfico de mortalidade de empresas do programa Bom Negócio................................................. 127
Figura 41: Gráfico de proporcionalidade de fontes de acesso a recursos pelas empresas participantes
do programa Bom Negócio........................................................................................................... 128
Figura 42: Gráfico de proporcionalidade de tipologias de comentários e sugestões de participantes do
programa Bom Negócio................................................................................................................ 132
Figura 43: Gráfico de proporcionalidade de tipologias de sugestões de participantes do programa Bom
Negócio......................................................................................................................................... 133
Quadro 1: Síntese de relações entre os objetivos da pesquisa e suas respectivas fases.................................... 79
Tabela 1: Principais obras de infra-estrutura do Programa Linhão do Emprego no período de 1997 a
2003, segundo setor, serviço, quantidade e unidades...................................................................... 66
Tabela 2: Mapa de relações dos atributos dos atores e das ações do Programa Bom Negócio ...................... 83
Tabela 3: Graus simétricos entre das empresas e ações do programa Bom Negócio a partir do grau de
conectividade (superior a 2).......................................................................................................... 111
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Abep Associação Brasileira de Estudos Populacionais
Aide Academia Internacional de Direito e Economia
AFPR Agência de Fomento do Paraná
Anpad Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração
ARS Análise de redes sociais
B. NEG. Programa Bom Negócio.
BB Banco do Brasil
BCB Banco Central do Brasil
BID Banco Interamericano de Desenvolvimento
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
Capes Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
Cepal Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe
Cepam Centro de Estudos e Pesquisas em Administração Municipal
CIC Companhia de Desenvolvimento de Curitiba
Cietep Centro Integrado de Empresários e Trabalhadores do Estado do
Paraná
CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
Cohab Companhia de Habitação Popular de Curitiba
Confea Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia
Copel Companhia Paranaense de Energia
CR Central de Relacionamentos
DESIGN Programa Municipal de Design
Eaesp Escola de Administração de Empresas de São Paulo
Emater-PR Empresa Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural
EXPORTA Curitiba Exporta
Fapesp Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
FAS Fundação de Ação Social
FCC Fundação Cultural de Curitiba
FGPC Fundo de Garantia para a Promoção da Competitividade
FGV Fundação Getúlio Vargas
Finep Financiadora de Estudos e Projetos
Geap Fundação de Seguridade Social
GEM Global Entrepreneurship Monitor
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IBQP-PR Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade no Estado do Paraná
ICI Instituto Curitiba de Informática
IEL/Fiep Instituto Euvaldo Lodi / Federação das Indústrias do Estado do Paraná
IICA Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura
IMF Instituição de Microcrédito
INCUB Parque de Incubadoras Empresariais de Curitiba;
INSS Instituto Nacional do Seguro Social
Ipardes Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social
IPCPE Instituto Pró-Cidadania
Ipea Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
IPPUC Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba
IPTU Imposto Predial e Territorial Urbano
ISS TEC. Imposto sobre Serviços Tecnológicos
ISS Imposto sobre Serviços
ITBI Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis
Lactec Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento
M. CRED. Microcrédito;
MCT Ministério da Ciência e Tecnologia
ONGs organizações não-governamentais
P&D Pesquisa & Desenvolvimento
P. SOFT. Parque de Software
PGM Procuradoria Geral do Município
PMC Prefeitura Municipal de Curitiba
PN Plano de Negócios
PPA Preparação para uma Aposentadoria Ativa
PROF. E. Profissão Empresário.
Proger Programa de Geração de Emprego e Renda
PUCPR Pontifícia Universidade Católica do Paraná
RMC Região Metropolitana de Curitiba
Sanepar Companhia de Saneamento do Paraná
Sebrae Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
Sefa Secretaria de Estado da Fazenda
Senai Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
Sesc Serviço Social do Comércio
Sesi Serviço Social da Indústria
Sine Sistema Nacional de Emprego
SISCT Secretaria municipal de Indústria, Comércio e Turismo
SMAB Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento
SMAD Secretaria Municipal de Administração
SMCS Secretaria Municipal de Comunicação Social
SME Secretaria Municipal de Educação
SMF Secretaria Municipal de Finanças
SMMA Secretaria Municipal de Meio Ambiente
SMOP Secretaria Municipal de Obras Públicas
SMS Secretaria Municipal de Saúde
SMSA Secretaria Municipal de Saneamento
SMU Secretaria Municipal de Urbanismo
SNA Social Network Analysis
TECNO Tecnoparque
Tecpar Instituto de Tecnologia do Paraná
TI Tecnologia da Informação
UFPR Universidade Federal do Paraná
UniFAE Centro Universitário Franciscano do Paraná
UTP Universidade Tuiuti do Paraná
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................... 16
1.1 TEMA........................................................................................................................... 16
1.2 PROBLEMA ................................................................................................................ 18
1.3 OBJETIVOS................................................................................................................. 19
2 REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................. 20
2.1 VALORIZAÇÃO DO LOCAL .................................................................................... 20
2.2 GESTÃO URBANA .................................................................................................... 23
2.3 EXPERIÊNCIAS DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO LOCAL ................... 26
2.3.1 Desenvolvimento econômico...................................................................................... 26
2.3.2 Desenvolvimento econômico local............................................................................. 28
2.4 EMPREENDEDORISMO............................................................................................ 33
2.5 EMPREENDEDORISMO NO BRASIL...................................................................... 44
2.6 REDES SOCIAIS......................................................................................................... 49
3 HISTÓRICO RECENTE DE PROGRAMAS DE ESTÍMULO
AO EMPREENDEDORISMO PARA O DESENVOLVIMENTO
ECONÔMICO LOCAL EM CURITIBA..............................................54
3.1 PROGRAMA LINHÃO DO EMPREGO .................................................................... 56
3.1.1 Base empresarial ........................................................................................................60
3.1.2 Infra-estrutura............................................................................................................ 65
3.1.3 Educação e capacitação.............................................................................................. 67
3.2 PROGRAMA BOM NEGÓCIO .................................................................................. 68
3.2.1 Parque de Incubadoras Empresariais de Curitiba.................................................. 71
3.2.2 Profissão Empresário .................................................................................................72
3.2.3 Tecnoparque ...............................................................................................................72
3.2.4 Parque de Software ....................................................................................................73
3.2.5 Curitiba Exporta ........................................................................................................74
3.2.6 Programa Municipal de Design................................................................................. 74
3.2.7 Microcrédito................................................................................................................ 75
3.2.8 Imposto sobre Serviços (ISS) Tecnológico ...............................................................75
3.3 SÍNTESE COMPARATIVA ENTRE OS PROGRAMAS LINHÃO DO
EMPREGO E BOM NEGÓCIO ..................................................................................76
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS................................................78
4.1 CARACTERIZAÇÃO DA REDE DE AÇÕES DO BOM NEGÓCIO ....................... 79
4.1.1 Perfil dos entrevistados e avaliação dos relacionamentos....................................... 82
4.2 ANÁLISE DO PROGRAMA SOB A ÓTICA DOS PARTICIPANTES .................... 88
4.3 SUBSÍDIOS PARA FUTUROS PROGRAMAS SIMILARES................................... 89
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................... 90
5.1 PERFIL DOS EMPREENDEDORES ENTREVISTADOS ........................................ 92
5.1.1 Motivação do negócio.................................................................................................93
5.1.2 Idade ............................................................................................................................95
5.1.3 Formação................................................................................................................... 103
5.1.4 Sexo ............................................................................................................................106
5.2 REDE DE APOIO E EMPRESAS PARTICIPANTES .............................................109
5.2.1 Ano de abertura........................................................................................................114
5.2.2 Localização das empresas ........................................................................................118
5.2.3 Ramo de atividade ....................................................................................................119
5.2.4 Principal mercado a alcance de mercado...............................................................122
5.2.5 Número de empregos gerados ................................................................................. 125
5.2.6 Mortalidade de empresas......................................................................................... 126
5.2.7 Acesso a recursos ......................................................................................................128
5.3 ANÁLISE DO PROGRAMA SOB A ÓTICA DOS PARTICIPANTES .................. 131
5.3.1 Sugestões.................................................................................................................... 132
5.3.2 Aspectos positivos .....................................................................................................136
5.3.3 Possibilidades de melhoria....................................................................................... 136
5.4 SUBSÍDIOS PARA FUTUROS PROGRAMAS SIMILARES................................. 137
5.4.1 Apoio à abertura de novos negócios por oportunidade ........................................137
5.4.2 Capitalização de empreendimentos nascentes .......................................................139
5.4.3 Apoio pós-capacitação.............................................................................................. 141
5.4.4 Orientação à exportação ..........................................................................................142
5.4.5 Fomento à troca de experiências.............................................................................143
5.4.6 Aprimoramento de estratégias de comunicação....................................................143
5.4.7 Organização em rede................................................................................................ 144
6 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 146
REFERÊNCIAS.....................................................................................153
APÊNDICES......................................................................................................... 162
APÊNDICE A
QUESTIONÁRIO RELAÇÃO ENTRE EMPREENDEDOR E
PROGRAMA BOM NEGÓCIO ............................................................................. 162
APÊNDICE B
MATRIZ DE RELACIONAMENTOS DAS EMPRESAS COM AS AÇÕES
DO PROGRAMA BOM NEGÓCIO ...................................................................... 164
16
1 INTRODUÇÃO
O final do século XX foi marcado por um conjunto de transformações econômicas e sociais,
fruto da reestruturação produtiva, da redução do tamanho do Estado e da globalização
financeira. Este período se caracterizou pelas baixas taxas de crescimento econômico, pelo
aumento do desemprego e pela precarização das relações de trabalho.
Também nesta época, a partir da Constituição de 1988, iniciou-se no Brasil um
processo de descentralização, em que a gestão de políticas públicas, anteriormente tratadas
com maior intensidade nos âmbitos dos governos federal e estadual, torna-se agora
preocupação também na esfera municipal. A unidade básica da organização social passa a ser
a cidade (DOWBOR, 1999). Neste contexto, a gestão urbana busca a superação de
procedimentos tradicionais da administração municipal, utilizando novos métodos e processos
para soluções locais.
1 TEMA
Em busca da amenização do quadro registrado nos anos 1990, a temática do
desenvolvimento econômico local no Brasil passa a ser mais amplamente debatida,
incentivando novas experiências e iniciativas em municípios brasileiros (FRANÇA; VAZ;
SILVA, 2002).
Com maior autonomia, os gestores municipais assumiram, dentre muitas outras
atribuições, a responsabilidade e a capacidade de estimular o desenvolvimento econômico em
suas comunidades, por meio de projetos e programas locais, muitos deles baseados no
estímulo ao empreendedorismo, o que determina o recorte temático da pesquisa em questão.
A compreensão da atividade empreendedora, sua natureza, dinâmica e processos, é
uma preocupação mundial, se considerada a importância do seu papel no desenvolvimento
econômico, social e tecnológico dos países (SCHLEMM, 2006).
17
Embora com mais tradição em países europeus e nos Estados Unidos, o
empreendedorismo no Brasil vem ampliando seus espaços entre o governo, o meio
empresarial e as instituições representativas de classe e de ensino.
Instituições internacionais, a exemplo do Banco Interamericano de Desenvolvimento
(BID), defendem que, por meio da atenção ao empreendedorismo nos países emergentes, a
criação de micro e pequenas empresas dinâmicas pode contribuir para o desenvolvimento
econômico em nível local. Isto se torna possível com a transformação de idéias inovadoras em
oportunidades econômicas, estímulo à competitividade na renovação da cadeia produtiva e
aumento da produtividade e da oferta de novos postos de trabalho.
Gestões municipais podem estimular a capacitação de empresários inovadores por
meio de políticas de desenvolvimento e inovação, utilizando-se de estruturas como
incubadoras e parques tecnológicos, ou a partir da promoção da competitividade e da
sustentabilidade de empresas, organizando arranjos produtivos inovadores e fomentando a
capacitação e outros mecanismos de suporte à criação e fortalecimento de novos negócios.
Essas iniciativas se inserem em um novo conceito de desenvolvimento econômico
baseado no deslocamento do entendimento do processo alavancado por formas exógenas
(basicamente investimentos de capitais externos) para um enfoque voltado à valorização da
capacidade de se desenvolver a partir de forças endógenas das localidades e territórios
(BARQUERO, 1998).
Face ao anteriormente exposto, a presente pesquisa discute programas de estímulo à
atividade empreendedora no município de Curitiba, no intuito de identificar, na prática, as
possibilidades e limitações de ações desta natureza. Este recorte espacial se justifica tanto
pela existência de experiências com características adequadas aos objetivos do estudo quanto
pelo conhecimento prévio destas experiências e pela maior facilidade de acesso aos seus
dados, possibilitando o aprofundamento da investigação e a realização de levantamentos de
campo mais específicos. O Bom Negócio, principal objeto de estudo, implantado na capital
paranaense em 2005 e coordenado pela Companhia de Desenvolvimento de Curitiba
(Curitiba S.A.), a qual também gerencia diversas outras ações voltadas ao desenvolvimento
econômico municipal, as quais, pela concepção deste trabalho, constituem uma suposta rede
de apoio ao empreendedorismo.
Algumas destas ações foram herdadas do primeiro programa curitibano de porte desta
natureza, o Linhão do Emprego, implantado em 1997, o qual é também apresentado neste
trabalho, com vistas à adequada compreensão do objeto de estudo. Assim, como recortes
temporais, têm-se os seguintes períodos: de 1997 a 2003 compreendendo a vigência efetiva
18
do programa Linhão do Emprego, de 2003 a 2005 comportando o espaço de transição entre
os programas, e a partir de 2005 – englobando as ações específicas do Bom Negócio.
A identificação e interpretação desta rede de apoio se tornaram possíveis pela
aplicação do software Ucinet 6 destinado à análise de redes sociais (ARS), que constitui uma
das bases principais dos procedimentos metodológicos adotados. A ARS busca estabelecer
formas objetivas de identificação de conexões (laços ou relações) e pontos (nós ou atores) em
um sistema determinado e, desta maneira, representar padrões estruturais de relacionamentos.
Além de possibilitar a avaliação da capacidade de potencialização do Bom Negócio e
da respectiva rede do aumento qualiquantitativo de atividades econômicas nas suas áreas de
intervenção, esta análise serve de instrumento pedagógico para contribuição no
aprimoramento de ações da gestão urbana e regional, assim como um mecanismo de estudo
para manutenção ou adequação de programas de estímulo ao empreendedorismo que visem ao
desenvolvimento econômico local.
1.2 PROBLEMA
No Brasil, têm sido implantadas experiências de desenvolvimento econômico local
com diferentes características potencialmente complementares. No entanto, em grande parte
das localidades, estes diferenciados tipos de iniciativas ainda não estão devidamente
integrados (FRANÇA; VAZ; SILVA, 2002).
Segundo estes autores, a pluralidade destas experiências sugere um processo de busca
por alternativas capazes de alavancar o desenvolvimento da economia localmente. No entanto,
os alcances e limites dessas experiências ainda necessitam de avaliações e reflexões mais
apuradas.
Apesar de existirem em diversas escalas regional e municipal, as experiências de
desenvolvimento local no Brasil “ainda realizam-se de forma fragmentada, sem uma política
pública mais integrada e capaz de potencializá-las. Isoladas como ilhas neste arquipélago
brasileiro, torna-se necessário desenvolver um sistema público de apoio ao desenvolvimento
local” (COELHO, 2003, p.5).
Como anteriormente comentado, a Curitiba S.A., além das ações inerentes ao
programa Bom Negócio, promove diversas outras que buscam prover sustentação e incentivo
à criação e manutenção de atividades econômicas no interior de sua região de abrangência. A
19
interatividade entre estas ações é de vital importância para o completo assessoramento aos
empreendedores.
Por este motivo, faz-se necessário analisar os programas sob a ótica das novas
configurações em rede das organizações. De acordo com Castells (1999), as redes constituem
a nova morfologia da sociedade, sendo a difusão da sua lógica capaz de modificar
substancialmente a operação e os resultados dos processos produtivos, poder e cultura.
A análise das ações disponibilizadas e da sua possível configuração em rede a partir
do Bom Negócio pode demonstrar as possibilidades da gestão pública na organização de
programas voltados ao desenvolvimento econômico localmente.
Com base nessas considerações, a questão central da pesquisa se volta à investigação
da atual imprecisão dos alcances e limites de programas públicos municipais de estímulo ao
empreendedorismo para o desenvolvimento econômico local.
Neste contexto, como hipótese norteadora do estudo tem-se que programas locais
públicos de estímulo ao empreendedorismo, por meio do estabelecimento de redes, são
capazes de potencializar o aumento qualiquantitativo de atividades econômicas em sua área
de intervenção.
1.3 OBJETIVOS
O objetivo geral da pesquisa consiste em discutir programas públicos de estímulo ao
empreendedorismo para o desenvolvimento econômico local, adotando-se, como estudo de
caso, o programa Bom Negócio, em Curitiba, desde sua implementação em 2005.
A partir do estabelecimento do referencial teórico pertinente ao tema e da
sistematização de histórico recente de programas de estímulo ao empreendedorismo para o
desenvolvimento econômico local na capital paranaense, tem-se como objetivos específicos:
a) demonstrar, por meio do desenvolvimento de procedimentos metodológicos
específicos, a estruturação da rede de apoio ao empreendedorismo configurada a
partir do programa Bom Negócio;
b) caracterizar a rede de ações de estímulo ao empreendedorismo configurada a
partir do programa Bom Negócio;
c) analisar o programa Bom Negócio sob a ótica dos seus participantes;
d) formular subsídios para futuros programas similares, com vistas à fundamentação
do processo de gestão urbana e regional.
20
2 REFERENCIAL TEÓRICO
O referencial teórico consiste em uma revisão da literatura, uma das etapas da pesquisa
que tem por função a sua instrumentalização, consistindo no estudo de vários conceitos e
teorias referentes ao tema em questão, proporcionando base e direcionamento à investigação.
Informando acerca das fontes consultadas, relata os tópicos publicados sobre o assunto e os
aspectos já abordados sobre as questões relativas ao trabalho elaborado (GIL, 1999).
As alíneas abaixo sintetizam, sob a ótica do trabalho, os principais itens a serem
apresentados no referencial teórico:
a) demonstração da valorização do local;
b) determinação do papel e da importância da gestão urbana;
c) contextualização e caracterização das experiências de desenvolvimento
econômico local no Brasil;
d) verificação do histórico e desenvolvimento do empreendedorismo;
e) identificação das características do empreendedorismo no Brasil;
f) conceituação da análise de redes sociais.
2.1 VALORIZAÇÃO DO LOCAL
O crescente processo de urbanização, somado ao advento da globalização, muda o
cenário das cidades, as quais, além de serem compelidas à gestão dos processos de sua
dinâmica interna, se vêem frente à necessidade de tratar novas questões que vêm deteriorando
a dinâmica desses locais (LOPES, 1998).
As cidades deixam de apresentar características estáticas e controláveis, adentrando
um contexto onde o significado do tempo e espaço é diminuído (CASTELLS, 1999). Desta
maneira, perderam seu caráter urbanístico baseado em questões espaciais, abrangendo
também o desenvolvimento econômico institucional e ambiental (FRANCO, 1999). Neste
21
cenário, é atribuído um novo papel estratégico às cidades, que permite a sua manutenção no
contexto global (CARVALHO, 2000).
Os municípios tornam-se agentes e pontos centrais do desenvolvimento. Desenvolver
regiões e cidades adquire importância crescente, na medida em que, na atual ordem
econômica internacional, estas se tornaram atores tão significativos quanto os estados
nacionais (COSTA; CUNHA, 2004).
As definições das políticas públicas se dão de forma mais expressiva em vel local,
ou seja, passam por processo intenso de municipalização. A cidade “desponta como a unidade
social básica da organização social, desempenhando um papel semelhante para a sociedade ao
que a empresa moderna representa para as atividades econômicas” (DOWBOR, 1999, p.6).
Para Arretche (2003), a gestão local de políticas públicas, nas últimas décadas, carrega
expectativas positivas com relação a resultados desejáveis da ação do Estado. Opondo-se aos
vícios e problemas gerados pelas estruturas centralizadas instituídas ao longo do século XX,
estão no topo da lista de resultados virtuosos proporcionados pela descentralização a
democratização do processo decisório, a eficiência na gestão das políticas públicas, o controle
social e a qualidade da informação entre decisores, provedores e beneficiários.
A partir da Constituição de 1988 (BRASIL, 2002), iniciou-se no Brasil o processo de
descentralização, onde os municípios passaram a ter maior autonomia, podendo, então, definir
suas prioridades e determinar e gerir os recursos necessários para atendê-las, de acordo com
suas especificidades e possibilidades. O poder municipal brasileiro é, historicamente, anterior
ao próprio Estado e à Nação, sendo o legitimador das instituições e do constitucionalismo
imperial em épocas passadas. Hoje, incontestavelmente, consiste em uma peça constitutiva do
sistema nacional de comunhão política do ordenamento (BONAVIDES, 2004).
Bonavides (2004) explica que a nova legislação transformou o município em
dimensão básica, funcionando como uma terceira esfera de autonomia administrativa vertical,
alterando a tradição dual do federalismo brasileiro.
Pode-se afirmar que os municípios brasileiros estão na vanguarda dos modelos
autonomistas, pois se desconhece uma federação onde se tenha alcançado tão expressiva
caracterização política e jurídica (BONAVIDES, 2004).
Costa (2001) afirma que a autonomia municipal adquirida desde então pode variar de
amplitude, encontrando-se relacionada com a matéria que a abrange: administrativa,
financeira, política ou legislativa. A autonomia administrativa adquirida compreende a gestão
dos serviços locais, isto é, aqueles em que o interesse municipal é maior que o federal ou o
22
estadual. A organização dos serviços públicos locais está direcionada primordialmente para
aqueles aspectos que dizem respeito à vida urbana.
Na área financeira, a autonomia se torna efetiva em matéria de interesse local, por
meio do poder concedido para obtenção da própria renda, independente das outras unidades
federadas. O poder para arrecadar seus tributos e aplicar suas rendas, de acordo com os
respectivos orçamentos, constitui a autonomia financeira. A competência tributária exclusiva
é essencial para se assegurar a organização dos serviços públicos locais.
Politicamente autônomo, o município passa a estruturar seus poderes políticos locais,
bem como o relacionamento entre eles. A municipalidade tem a capacidade, então, de
organizar e constituir o seu próprio governo.
A legislação de organização dos municípios, antes da atual Constituição Federal, era
baseada em uma lei estadual votada pela assembléia legislativa e sancionada pelo governador.
A Constituição de 1988 alterou esta questão, estabelecendo que as próprias municipalidades
elaborassem suas leis orgânicas, dentro do espírito de conceder real autonomia a estes entes
federados.
Frente a esta realidade, os governos municipais passaram a elaborar políticas públicas
que até então ficavam a cargo dos governos federal e estadual. Segundo Abrucio e Couto
(1996, p.46), ficam constatados os dois maiores desafios do Estado na esfera municipal:
cumprir suas funções para promoção tanto do desenvolvimento local quanto do bem-estar
social.
O motivo que levou à transferência desses desafios para o nível local foi “o
esgotamento da capacidade de lidar com problemas complexos e extensos por parte dos
governos centrais” (PINHO; SANTANA, 2002, p.275).
Assim, o local, neste trabalho entendido como a cidade e demais tipologias
relacionadas aos centros urbanos, representadas na Figura 1, é um cenário multifacetado onde
podem atuar as mais diversas influências, tomando para si a atenção devido à sua capacidade
econômica e à potencialidade de solução de problemas frente a sua pequena dimensão
(DOWBOR, 1999; FRANCO, 1999).
23
Figura 1: Representação esquemática da tipologia dos centros urbanos
Fonte: HARDT (2006)
2.2 GESTÃO URBANA
Ganham importância, no contexto acima apresentado, os novos processos e modelos
de gestão urbana que superam os procedimentos tradicionais da administração municipal,
utilizando novos métodos e processos flexíveis, além de se desvincular de formas carismáticas
e autoritárias de governo (COSTA; CUNHA, 2004).
Pensar o desenvolvimento a partir do local consiste no principal desafio da gestão
urbana, contemplando não o crescimento da produção, mas também avanços na qualidade
de vida, na eqüidade e na proteção ao meio ambiente (COSTA; CUNHA, 2004).
Sob a ótica da administração, o conceito de gestão está relacionado com o conjunto de
recursos e a aplicação de atividades destinadas ao ato de gerir. O processo de gestão é uma
função básica da administração que integra planejamento estratégico e administração em um
único processo (CHIAVENATO, 2000).
Segundo Rezende e Castor (2005, p.27):
a gestão urbana pode ser entendida como a gestão da cidade. Está relacionada com o
conjunto de recursos e instrumentos da administração aplicados na cidade como um
todo, visando à qualidade da infra-estrutura e dos serviços urbanos, propiciando as
melhores condições de vida e aproximando os cidadãos nas decisões e ações da
governança pública municipal.
24
Para Rezende; Frey e Betini (2003), a gestão urbana deve considerar o envolvimento
dos cidadãos, maneira pelos quais participam do quadro político social de um país, auxiliando
na aquisição do conhecimento para novas formas ou modelos de gestão da cidade.
A gestão municipal pode ser entendida como a gestão da prefeitura e de seus órgãos,
institutos, autarquias e secretarias. Está relacionada com o conjunto de recursos e
instrumentos aplicados na administração local por meio dos servidores do Município. No que
diz respeito ao planejamento, a gestão enfatiza o planejamento estratégico municipal
(REZENDE; CASTOR, 2005, p.27).
A gestão é capaz de articular o sistema urbano à instância política e regular as relações
entre seus elementos. Pode ser definido por sua posição, numa “dupla dicotomia Global/Local
(representando o conjunto do sistema político ou ligando as condições locais) e vice versa,
seja sobre um dos elementos do sistema urbano, seja sobre o conjunto (Específico/Geral)”
(CASTELLS, 1983, p.341).
A Constituição de 1988 estabeleceu diretrizes gerais para a política urbana. Fazia-se
necessária a regulamentação desses preceitos constitucionais, o que somente se efetivou com
a promulgação do Estatuto da Cidade Lei Federal n° 10.257, de 10 de julho de 2001, que se
originou do projeto de lei n° 5.788, de 1990 (SANTOS; FLORES, 2002).
Deveriam ser estabelecidas normas de ordem pública e interesse social que regulassem
o uso da propriedade urbana. A função social da cidade não poderia permanecer inerte, sendo
indispensável à existência de instrumentos jurídicos que garantissem a sustentabilidade não só
da propriedade rural, mas também da urbana (SANTOS; FLORES, 2002).
Por ser a idéia central para o alcance desses objetivos, o planejamento é preocupação
constante na constituição brasileira. Pode-se também constatar que em praticamente todo o
texto legal, o Estatuto da Cidade traz à tona a idéia de cidades sustentáveis, democráticas e
planejadas. Com este intuito, disciplina instrumentos de planejamento, como o plano diretor e
o parcelamento, uso e ocupação do solo, bem como a previsão de zoneamento ambiental.
“Todos estes instrumentos, ressalte-se, destinam-se a conferir uma função social à
propriedade urbana” (SANTOS; FLORES, 2002, p.11).
O Estatuto da Cidade define o plano diretor como o instrumento básico de
desenvolvimento urbano, delegando-lhe a meta de estabelecer as formas pelas quais a cidade
cumprirá sua função social, devendo indicar os objetivos municipais, definir estratégias e
oferecer instrumentos necessários ao cumprimento destes objetivos. Este é o instrumento
primordial no exercício das políticas públicas que visam à promoção do adequado
planejamento e controle do uso, parcelamento e ocupação do solo urbano (CIDADES, 2004).
25
Para garantir seu pleno desenvolvimento e sucesso, é fundamental que haja a ação
participativa, com base em métodos e procedimentos para que a população possa interagir
durante a elaboração do plano. Democratizar é importante para que todos se sintam
compromissados e responsáveis pela sua construção e implementação. Por meio do
planejamento territorial, o plano diretor pode contribuir para a redução das desigualdades
sociais, garantindo oportunidades e uso dos recursos disponíveis a todos os cidadãos
(CIDADES, 2004).
Segundo o inciso 1° do artigo 182 da Constituição Federal de 1988, exige-se a
elaboração deste plano para municípios com mais de 20.000 habitantes. Também é exigido
para aqueles que integrem regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, onde o Poder
Público deseje utilizar determinados instrumentos previstos na Constituição Federal, em áreas
de especial interesse turístico ou que estejam sob influência de empreendimentos ou
atividades com significativos impactos ambientais de influência regional ou nacional
(BRASIL, 2002).
É importante salientar que os processos de planejamento e gestão urbanos estão
fortemente ligados ao conceito de estratégia, que trata de um conjunto de ações e atitudes
adotadas objetivando melhorias presentes ou futuras (TACHIZAWA; REZENDE, 2000).
Interpreta-se a estratégia como a maneira de pensar o futuro, integrada no processo
decisório, com base em procedimentos formalizados e articuladores de resultados e em
programação específica. Pode ser entendida, portanto, como um padrão ou um plano que
integra, de forma coesa, os objetivos, políticas e ações de determinada organização
(MINTZBERG; QUINN, 2001).
A utilização da estratégia em conjunto com a gestão urbana possibilita a melhoria da
qualidade na tomada de decisão, o atendimento às necessidades de cidadãos e a adaptação às
mudanças internas e externas do contexto público (TACHIZAWA; REZENDE, 2000).
Não as funções da administração (planejamento, organização, direção e controle)
devem ser consideradas em um planejamento de cunho estratégico para um município; os
conceitos e preceitos da administração e do pensamento estratégicos devem ser vivenciados
na sua elaboração. Para que se obtenha sucesso, é essencial a integração da estratégia com o
planejamento municipal, por meio do plano diretor, políticas municipais e projetos
participativos, dentre outros instrumentos (REZENDE; CASTOR, 2005).
Respeitando-se essas premissas, seguindo uma metodologia apropriada e utilizando
com habilidade os instrumentos legais, pode-se supor que a gestão urbana possibilite cidades
sustentáveis, democráticas, planejadas e justas socialmente.
26
2.3 EXPERIÊNCIAS DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO LOCAL
Este item do trabalho procura demonstrar como a gestão urbana pode contribuir para o
desenvolvimento econômico local, apresentando tipologias de experiências com esta
finalidade. Para melhor compreensão desta temática, torna-se essencial a definição prévia de
desenvolvimento econômico para posterior conceituação do desenvolvimento econômico
local abordado neste estudo.
2.3.1 Desenvolvimento econômico
É de fundamental importância para este trabalho a clara distinção entre crescimento e
desenvolvimento econômicos.
A abordagem do desenvolvimento foi enfatizada em função das flutuações econômicas
do século XIX e da concentração de renda e riqueza em países com maior grau de
industrialização, evidenciando, desta forma, a disparidade entre nações ricas e pobres. Esta
realidade salientou o desnível do desenvolvimento entre as regiões e classes sociais,
enfatizando a noção de desenvolvimento vinculado à distribuição. A Grande Depressão de
1930 evidenciou o dramático problema do desemprego. Neste período, tornou-se necessária a
ação do Estado na economia, realizando investimentos diretos e manipulando políticas
anticíclicas, com a finalidade de reduzir o desemprego e amenizar as repercussões sociais das
flutuações econômicas (SOUZA, 2005).
Souza (2005) aponta a existência de duas correntes de pensamento econômico sobre o
tema. A primeira encara o crescimento como sinônimo de desenvolvimento, enquanto na
segunda, crescimento pode ser condição indispensável para o desenvolvimento, mas não é
suficiente. Na primeira corrente, estão os modelos de crescimento da tradição clássica e
neoclássica. Já na segunda, são inseridos os economistas de orientação crítica, formados na
tradição marxista ou cepalina, que conceituam o crescimento como simples variação
quantitativa do produto interno bruto (PIB), enquanto desenvolvimento é caracterizado por
mudanças qualitativas no modo de vida das pessoas, nas instituições e nas estruturas
produtivas.
27
No entanto, as diferenças entre os conceitos de crescimento econômico e
desenvolvimento, ainda não estão totalmente esclarecidas. Segundo Scatolin (1989), são raros
outros conceitos nas Ciências Sociais que têm se prestado a tanta controvérsia. Alguns
conceitos, como progresso, crescimento, industrialização, transformação e modernização, têm
sido utilizados de forma freqüente como sinônimos de desenvolvimento. Porém, os mesmos
carregam uma compreensão específica dos fenômenos e constituem verdadeiros diagnósticos
da realidade, pois o conceito prejulga, indicando em que se deverá atuar para alcançar o
desenvolvimento.
Muitas vezes o crescimento assume formulações perversas, sendo preciso extinguir a
idéia de que o desenvolvimento com base nos avanços tecnológicos e científicos é sempre
capaz de garantir o incremento dos potenciais humanos, da liberdade e do poder (CASTRO,
1996).
Scatolin (1989, p.7), fazendo uma análise do desempenho dos indicadores de
desenvolvimento para o Estado do Paraná, aborda essa problemática, demonstrando que, para
muitos autores, o desenvolvimento é entendido “como crescimento econômico, pois, em suas
visões, o problema básico da economia brasileira é a falta de crescimento, sendo o grande
desafio, obter taxas de crescimento do produto de forma mais rápida do que as taxas de
incremento populacional”.
Crescimento e desenvolvimento não são sinônimos. Enquanto persistirem as
disparidades sociais, o crescimento manter-se-á, com certeza, como condição necessária,
embora de modo algum suficiente, do desenvolvimento, cujos aspectos distributivos e
qualitativos não podem ser negligenciados. É errôneo afirmar-se que os exorbitantes custos
sociais e ecológicos de certas formas de crescimento econômico constituem os danos
inelutáveis do progresso (SACHS, 1995).
Assim, torna-se indispensável uma nova concepção de desenvolvimento para reduzir
os efeitos das desigualdades sociais e encontrar soluções para a pobreza estrutural que assola
muitos países. Deveria se enfrentar o “mais importante desafio intelectual dos próximos anos
que será a renovação do pensamento sobre desenvolvimento” (SACHS, 1995, p.12).
O mundo detém experiências e informações suficientes para formular uma teoria
integrada de desenvolvimento visto como processo social e cujo centro seja o homem e todos
os seres humanos (SACHS, 1995).
Na década de 1960, as agitações estudantis e movimentos socioculturais dirigiram seus
ataques à supremacia do capitalismo e do industrialismo sem limites, os quais colocavam a
acumulação material acima das melhorias sociais.
28
Surgiram, então, críticas acirradas contra o produtivismo e o consumismo como metas
mais importantes da vida humana, despreocupados com os efeitos devastadores sobre o meio
ambiente provocados pelo crescimento sem limites (CASTRO, 1996).
Para Castro (1996), a concepção dominante de desenvolvimento, baseada na
industrialização, urbanização e burocratização, ressalta seus efeitos indesejados: deterioração
ambiental, concentração urbana, desertificação rural e fracasso nas tentativas de redução das
desigualdades socioeconômicas. Sob tal crítica, se faz necessário e urgente ultrapassar a idéia
etnocêntrica, conservadora, economicista e historicista de desenvolvimento, que tem tido
lugar até hoje nas reflexões e ações relativas ao assunto, não havendo como adiar o desafio da
reconversão desse conceito (CASTRO, 1996; GUERRERO, 1996).
Neste contexto, emerge a busca de um novo paradigma de concepção do
desenvolvimento, com base em processos de produção que mantenham a sustentabilidade
apoiada nos recursos materiais e humanos (CASTRO, 1996).
Em 1987, com o documento “Nosso Futuro Comum”
1
, nasce a expressão “desenvolvimento
sustentável” com sua definição clássica: “desenvolvimento sustentável é aquele que atende às
necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem
suas próprias necessidades” (BRUNDTLAND, 1988
2
apud CASTRO, 1996, p.8)Portanto, ao
se falar em desenvolvimento, trata-se não da questão econômica, mas também do
desenvolvimento humano, social e sustentável ambientalmente. Por isso, é preciso investir
também em capital humano, social e natural, além dos correspondentes ao econômico e
financeiro (ALBUQUERQUE, 2004).
2.3.2 Desenvolvimento econômico local
As experiências de desenvolvimento econômico local, objeto de estudo deste trabalho,
cada vez mais difundidas, emergem nos últimos vinte anos ao lado do conjunto de
transformações econômicas que têm abalado profundamente as bases do paradigma produtivo
que orientou a economia mundial até os anos 1970 (LEITE, 2000a).
1
Este documento corresponde ao Relatório Brundtland, elaborado pela Comissão Mundial sobre o Meio
Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD) em 1987. Fez parte de uma série de iniciativas, anteriores à
Agenda 21, as quais reafirmam uma visão crítica do modelo de desenvolvimento adotado pelos países
industrializados e reproduzido pelas nações em desenvolvimento, ressaltando os riscos do uso excessivo
dos recursos naturais sem considerar a capacidade de suporte dos ecossistemas.
Ver CMMAD Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Nosso futuro comum.
Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas – FGV, 1988.
29
A seqüência deste item delimita o contexto em que se iniciaram as discussões sobre o
desenvolvimento econômico local no Brasil.
O quadro de reestruturação produtiva e globalização do final do século XX rompe com
o modelo Keynesiano de intervenção estatal, encerrando uma importante etapa do capitalismo
imaginada como definitiva crescimento estável acompanhado de pleno emprego,
instaurando baixas taxas de crescimento econômico, a difusão de relações precárias de
trabalho e o aumento substancial do desemprego (MICHEL; RIBEIRO, 1999).
De acordo com estes autores, a nova dinâmica econômica instalada neste período, foi
incapaz de criar instrumentos que regulassem e garantissem estabilidade ao processo de
desenvolvimento econômico. Neste sentido destaca-se a inexistência de algum nível de
comprometimento social, capaz de produzir esta regularidade. No modelo de
desenvolvimento anterior, o qual muitos autores chamam de modelo de acumulação fordista,
foi a existência deste compromisso social que garantiu um crescimento estável das economias
do capitalismo do imediato pós-guerra até a década de 1970, conhecida como os 30 anos de
ouro do capitalismo.
No Brasil, estas transformações se fizeram mais claras a partir de 1992, com a abertura
econômica no país. Como conseqüência, o mercado de trabalho foi particularmente atingido.
A profunda revolução tecnológica em curso colocou como imperativa uma estrutura de planta
produtiva cada vez mais restrita e flexível, com significativos impactos nos níveis de emprego
e, conseqüentemente, no perfil da distribuição de renda e na capacidade de mobilização da
classe trabalhadora (MICHEL; RIBEIRO, 1999).
Têm início neste período os processos de redução de quadros, surgindo diversos
programas de demissão voluntária em empresas públicas e privadas.
As excessivas regulamentações das relações de trabalho e os benefícios assegurados
pelo wellfare state impedem o mercado de trabalho de responder às novas pressões vinculadas
à nova configuração da economia mundial.
Até os anos 1970, 90% do capital internacional destinavam-se a grandes investimentos
de longo prazo, que financiaram o desenvolvimento, e apenas 10% se voltaram à especulação.
Com a globalização financeira, são abandonadas as taxas fixas de câmbio, o que eleva, no
final dos anos 1990, o capital especulativo para 90% contra 10% destinados a investimentos
de longo prazo (MICHEL; RIBEIRO, 1999).
Com a crise deste regime de acumulação fordista anteriormente citada, caracterizada
pelo processo de produção em massa em grandes unidades, concentradas espacialmente,
fomentado e apoiado pelo sistema político keynesiano, que se materializa na existência de um
30
Estado centralizado, intervencionista, planificador e outorgador de bem-estar, passa-se hoje a
crer na aparição do regime de acumulação flexível e, nesta transição, supõe-se abrir uma
lacuna para a possibilidade do “desenvolvimento local” (FROEHLICH, 1998).
O desenvolvimento econômico local não pode ser definido simplesmente como o
resultado de um processo de desenvolvimento nacional em uma dada localidade. Os principais
fatores que o diferenciam são o protagonismo e a autonomia dos atores locais na formulação
de estratégias, na tomada de decisões econômicas e na sua implementação
(ALBUQUERQUE, 2004; BARQUERO, 1998; COELHO, 2003; ZAPATA, 2000).
O enfoque do desenvolvimento local possui uma visão integrada de todas as
dimensões anteriormente apresentadas, uma vez que não se pode separar a interdependência
existente entre elas. “A política de desenvolvimento local adota, portanto, uma perspectiva
integrada desses componentes do desenvolvimento, com um desenho que é realizado nos
próprios territórios e com a participação dos atores locais” (ALBUQUERQUE, 2004, p.6).
Segundo Guerrero (1996), a partir desta crise, busca-se passar do paradigma
funcionalista para o paradigma territorial, em que a localidade converte-se em suporte de uma
sociedade composta por atores que se relacionam, que têm capacidade de atuação diante dos
problemas a serem resolvidos, que contam com recursos e que podem e devem participar em
seu próprio desenvolvimento.
Assim, o espaço passa hoje a desempenhar um papel crucial para se pensar o
desenvolvimento, pois a própria sociedade é concreta com o espaço, sobre o
espaço, no espaço. Espaço agora multifacetado, porque se considera que, só pensado
enquanto multidimensional, pode ser autêntico o desenvolvimento. Desse modo, não
é menos equivocado imaginar ser possível transformar as relações sociais sem
modificar o espaço social que as condiciona, que pensar que a sociedade mudará se
as formas e estruturas espaciais mudarem. É neste âmbito argumentativo que se pode
considerar válido atribuir um sentido “localista” ao desenvolvimento, podendo-se
falar em algo como “desenvolvimento local” (FROELICH, 1998, p.95).
O contexto até aqui apresentado, abre espaço para a abordagem acerca do
desenvolvimento econômico local no Brasil, a qual se torna objeto de amplo debate ao longo
dos anos 1990, impulsionando novas soluções e iniciativas em diversas localidades. Uma
série de experiências está em andamento no país, com características distintas e
potencialmente complementares, como, por exemplo, as incubadoras, agências de
desenvolvimento, capacitação de empreendedores, criação de infra-estrutura, intervenções
urbanas, políticas de atração de investimentos, consórcios intermunicipais etc. Na grande
maioria das localidades, entretanto, os diferentes tipos de iniciativas ainda não estão
integrados (FRANÇA; VAZ; SILVA, 2002).
31
Do ponto de vista de Coelho (2003, p 1):
as experiências de desenvolvimento econômico local surgem como a constituição de
uma ambiência produtiva inovadora, na qual se desenvolvem e se institucionalizam
formas de cooperação e integração das cadeias produtivas e das redes econômicas e
sociais, de tal modo que amplie as oportunidades locais, gere trabalho e renda, atraia
novos negócios e crie condições para um desenvolvimento humano sustentável.
Apesar de existirem em diversas escalas regional e municipal, as experiências de
desenvolvimento local no Brasil “ainda realizam-se de forma fragmentada, sem uma política
pública mais integrada e capaz de potencializá-las. Isoladas como ilhas neste arquipélago
brasileiro, torna-se necessário desenvolver um sistema público de apoio ao desenvolvimento
local” (COELHO, 2003, p.5).
“A diversidade de experiências sugere um processo de busca de alternativas capazes
de conduzir o desenvolvimento econômico local, caracterizando um experimentalismo
difuso” (SILVEIRA; BOCAYUVA; ZAPATA, 2002
3
apud FRANÇA; VAZ; SILVA, 2002,
p.8).
Simultaneamente, possibilita a criação de categorias de análise, como maneira de
aprofundar o conhecimento das especificidades e as potencialidades das diferentes formas de
intervenção (FRANÇA; VAZ; SILVA, 2002).
Conforme explicita Barquero (1998), essas experiências se inserem num novo
conceito de desenvolvimento econômico que se baseia no deslocamento do entendimento do
processo como sendo alavancado por meio de formas exógenas (basicamente investimento de
capitais externos) para um enfoque que busca a valorização da capacidade de se desenvolver a
partir de forças endógenas das localidades e territórios.
Trata-se de valorizar e utilizar o potencial existente no território com base no conjunto
de recursos (econômicos, humanos, institucionais e culturais) e de economias de escala não
exploradas, a partir da visão de que os sistemas locais de pequenas empresas podem ter papel
relevante nos processos de crescimento e mudança estrutural, dado que, assim como as
grandes empresas, podem, em determinadas situações, gerar desenvolvimento econômico.
Segundo França, Caldas e Vaz (2004), existem diferentes visões; alguns sustentam que
o desenvolvimento local seja apenas a expressão espacial do novo arranjo industrial “pós-
fordista”, enquanto, para outros, as experiências apresentam dinâmicas próprias, sendo mais
do que reflexo de uma reorganização internacional do capital.
3
Ver SILVEIRA, C.; BOCAYUVA, C.; ZAPATA, T. Ações integradas e desenvolvimento local:
tendências, oportunidades e caminhos. In: SPINK, P.; BAVA, S. C.; PAULICS, V. Novos contornos
da gestão local: conceitos em construção. São Paulo: Polis; Programa Gestão Pública e Cidadania da
Fundação Getúlio Vargas – FGV / Escola de Administração de Empresas de São Paulo – Eaesp, 2002.
32
Os alcances e limites dessas experiências ainda necessitam de avaliações e reflexões
mais apuradas. Diversos analistas dizem ser positivo o fato de diversas experiências se
apresentarem como resistência a um modelo econômico e a uma estrutura política excludente.
Entretanto, a nobreza do caráter de “resistência” das políticas de desenvolvimento local não
pode ocultar o fato de que existe um objetivo maior por trás da energia utilizada nas dezenas
de negociações para aprimorar a elaboração e implementação dos projetos públicos
(FRANÇA; VAZ; SILVA, 2002).
As iniciativas locais necessitam reconhecer a existência de diferentes interesses e
conflitos, como pressuposto de uma articulação inovadora de atores locais. Trata-se, neste
caso, de recusar o desenvolvimento econômico local visto como “paradigma alternativo à
sociedade plagada de conflitos” (OLIVEIRA, 2001, p.5).
Soluções efetivas para os problemas urbanos dependem significativamente do
envolvimento da sociedade civil e de esferas governamentais na busca de novas formas de
gestão. Além disso, segundo Castells (1999), o planejamento público atento ao capitalismo
global e à nova economia baseada no informacionalismo e funcionamento em rede pode ser
fator decisivo no processo geral à medida que organiza as forças sociais e sua própria
estrutura organizacional a favor do desenvolvimento socioeconômico de determinada região
(TRENTO; HARDT, 2006).
Cabe ressaltar também que, a partir dos anos 1990, no período em que as
preocupações dos planejadores urbanos e políticos com o desenvolvimento econômico local
se tornaram mais evidentes (como anteriormente exposto), o ambiente macroeconômico com
elevadas taxas de desemprego e baixo crescimento, embora tenha gerado iniciativas locais de
resistência a esse cenário, acabou se tornando empecilho para a obtenção de resultados
positivos neste sentido.
Autores como Mattos (1989) defendem que, dentro da lógica econômica em vigor do
desenvolvimento, é impossível que os “pequenos produtores”, do localismo da pequena
escala, induzam o desenvolvimento nos marcos dos modelos vigentes de acumulação.
Por mais que se mude a organização territorial da administração do poder em um
determinado âmbito nacional que, é claro, não é o mesmo que mudar as bases econômicas,
políticas e ideológicas do poder não se pode pretender alcançar modificações essenciais na
33
orientação e nas modalidades dos processos de geração, apropriação e utilização do excedente
econômico (MATTOS, 1989
4
apud FROELICH, 1998).
Estes aspectos são relevantes para evitar a mitificação das iniciativas locais,
encarando-as como soluções capazes de viabilizar o desenvolvimento isoladamente dos rumos
gerais da economia nacional, pois o local não prescinde do nacional. Ao mesmo tempo,
demonstra a necessidade de estudos com maior profundidade sobre os alcances e limites das
políticas de desenvolvimento local (FRANÇA; VAZ; SILVA, 2002).
Deve-se reconhecer que ainda permanece o desafio da criação de formas de
mensuração dos impactos das iniciativas que abordem não os aspectos econômicos, mas
também as demais dimensões do desenvolvimento (FRANÇA; VAZ; SILVA, 2002).
2.4 EMPREENDEDORISMO
Muitas das experiências anteriormente citadas, além das potencialidades locais,
dependem da iniciativa de um importante ator local: o empreendedor.
Segundo Trento e Hardt (2006), na última década, o empreendedorismo ganhou
destaque, ainda que não unicamente nos países em desenvolvimento, passando a representar
objeto e objetivo, meio e finalidade, ação e resultado quando se refere à geração de emprego.
Empreender revela-se importante ação para promoção do crescimento e do desenvolvimento
econômicos, podendo ser inserida em um contexto cultural que se configura em torno de
empreendedores e suas empresas.
Agindo conjuntamente, com organização e consciência, as empresas, indivíduos,
poder público e sistemas de pesquisa, ensino, extensão e apoio empresarial tornam-se os
atores responsáveis pelo desenvolvimento local e regional. Juntos, podem constituir um
ambiente empreendedor, sustentado por uma cultura empreendedora, resultando em uma
sociedade empreendedora com maior capacidade de resolução das suas mais graves distorções
e desigualdades, principalmente nas áreas urbanas (TRENTO; HARDT, 2006).
A compreensão da atividade empreendedora, sua natureza, dinâmica e processos, é
uma preocupação mundial, se considerada a importância do seu papel no desenvolvimento
econômico, social e tecnológico dos países (SCHLEMM, 2006).
4
Ver MATTOS, C. A. La descentralización : una nueva panacea para enfrentar el subdesarrollo
regional?. Caracas: Instituto Interamericano de Cooperación para la Agricultura – IICA, 1989.
34
Embora a palavra empreendedor” possa ser interpretada de várias maneiras, é
comumente definida em termos de funções e resultados econômicos. Em princípios do século
XVIII, Richard Cantillon a definia para identificar aquele que assume riscos no processo de
compra de serviços a um determinado preço, tendo em vista a sua posterior revenda a preços
indeterminados.
Jean-Baptiste Say (2001) comentava, no início do século XIX, que o “empreendedor”
transfere recursos econômicos de um setor de produtividade mais baixa para outro de
produtividade mais elevada e de maior rendimento.
A obra de maior significância na literatura clássica sobre o empreendedorismo é a de
Joseph Schumpeter, o qual demonstra, no início do século XX, novas maneiras de alocar os
recursos econômicos por meio de negócios que envolvem processos de inovação
5
, sendo os
empreendedores os agentes de mudança da economia por meio de nova tecnologia ou
aprimoramento de uma antiga (GEM, 2006).
Schumpeter abordou o empreendedor e seus impactos sobre a economia. Todo
economista sabe que o empreendedor é importante e provoca interferências; no entanto, para
os economistas, empreender é um evento “meta-econômico”, algo que influencia de forma
significativa a economia, porém, não faz parte da mesma (DRUCKER, 1996).
Schumpeter (1997) sustenta que, em um modelo de economia onde todas as atividades
se apresentam de maneira idêntica e contínua, a figura do empresário inovador torna-se
fundamental para o desenvolvimento da economia. Ele é o agente econômico cujas mais
eficientes combinações propiciam a geração de novos produtos para o mercado, quer pela
aplicação prática de uma intervenção própria, quer por inovação tecnológica absorvida.
A economia “sem” desenvolvimento, para Schumpeter (1997), é descrita por um
sistema circular de equilíbrio, com lucros normais
6
. Não existem inovações tecnológicas e os
processos de produção são rotineiros. Este “fluxo circular” constitui um sistema de equilíbrio
geral, onde as relações entre as variáveis ocorrem em condições de crescimento equilibrado,
sendo determinadas pelo ritmo da expansão demográfica (SOUZA, 2005).
Na visão schumpeteriana, o desenvolvimento é definido tanto como mudança
espontânea e descontínua dos canais de fluxo quanto como perturbação do equilíbrio, cujo
5
Inovação é o processo de transformar oportunidades em novas idéias e colocá-las em prática (TIDD;
BESSANT; PAVITT, 2001).
6
Lucros normais correspondem à remuneração do empresário (seu custo de oportunidade, ou o que ele
ganharia se aplicasse seu capital em outra atividade, que pode ser associado à uma espécie de
rentabilidade média de mercado). Por sua vez, Lucros extraordinários ocorrem quando as receitas
superam os custos.
35
estado previamente existente é alterado e deslocado para sempre. Ele resulta de mudanças
radicais, que alteram definitivamente a situação prévia, como foi o caso das ferrovias e das
máquinas a vapor no século XIX (SHUMPETER, 1982
7
apud SOUZA, 2005).
De acordo com Schumpeter (1997), é a oferta (produtores) que exerce mudanças
relevantes; os consumidores são meramente induzidos a consumir os novos produtos. A
organização da produção e as novas formas de produzir e combinar diferentes insumos e
habilidades, gerando novos produtos e processos, constituem elementos fundamentais do
desenvolvimento. Estes representam um fenômeno interno ao sistema capitalista, embora se
apresentem como necessariamente extrínsecos ao fluxo circular (POSSAS, 1987
8
apud
SOUZA, 2005).
Este é o papel do empresário, uma vez que uma inovação implica em um inovador,
alguém que cause uma ruptura nas rotinas estabelecidas. O administrador do fluxo circular
diferencia-se do empresário (empreendedor) do processo de desenvolvimento; este não se
identifica, necessariamente, com o inventor ou o capitalista. O empresário é quem adota novas
combinações produtivas, definindo sua função de colocar em prática as inovações, podendo
acumular outras funções econômicas enquanto indivíduo (POSSAS, 1987
8
apud SOUZA,
2005).
Drucker (1996) amplia a definição de Schumpeter para focá-la em oportunidade.
Empreender não é apenas criar um negócio, mas fazê-lo em função de uma oportunidade. O
autor apresenta um breve histórico, onde considera o surgimento de uma verdadeira economia
empreendedora nos Estados Unidos durante as décadas de 1960 e 1980 como sendo o
acontecimento mais promissor e significativo ocorrido na história econômico-social daquelas
décadas.
O autor demonstra que, entre 1965 e 1985, o número de americanos com 16 anos ou
mais (pertencentes à força de trabalho conforme convenções das estatísticas americanas)
aumentou em torno de 40%, passando de 129 para 180 milhões. A quantidade de americanos
assalariados, com emprego fixo, aumentou neste intervalo de tempo em torno de 50%, ou
seja, de 71 para 106 milhões, ou seja, 35 milhões de vagas, sendo que a maior parte destes na
segunda década daquele período. Em períodos de paz, nunca se tinha registrado tantos novos
empregos, calculados em números absolutos ou percentuais. No entanto, os dez anos que
7
Ver SCHUMPETER, J. A. Teoria do desenvolvimento econômico: uma investigação sobre
lucros, capital, crédito, juro e o ciclo econômico. São Paulo: Abril Cultural, 1982.
8
Ver POSSAS, M.L. A dinâmica da economia capitalista: uma abordagem teórica. São
Paulo: Brasiliense, 1987.
36
começaram com a crise do petróleo em fins de 1973, foram de extrema turbulência, de crises
de energia, do quase colapso das indústrias de “chaminés” e de sérias recessões (DRUCKER,
1996).
O desempenho americano na criação de empregos durante os anos 1970 e início dos
anos 1980 foi completamente avesso às previsões de 25 anos antes, onde se imaginava que a
economia, mesmo com um drástico crescimento, não seria capaz de absorver todas as crianças
do chamado “baby-boom”
9
, que iriam atingir a idade de ingresso no mercado de trabalho
neste mesmo período. Piorando este cenário, a economia dos Estados Unidos passou a
necessitar praticamente do dobro deste número previsto, pois algo imprevisível aconteceu
com as mulheres casadas afluindo decididamente para o mercado de trabalho em meados dos
anos 1970. Entretanto, desde o final da década de 1960, a criação de empregos aconteceu em
outro campo. Os antigos setores” que criavam empregos perderam vagas nesta época. Por
volta de 1984, a lista das “500 da fortune
10
havia perdido entre 4 a 6 milhões de empregos.
Portanto, não foram criados 35 milhões de empregos, mas por volta de 40 (DRUCKER,
1996).
Assim, todos estes novos empregos só podem ter sido criados pelas pequenas e médias
empresas privadas, das quais a maioria de novas empresas. Num primeiro momento, poder-se-
ia pensar que os postos de trabalho foram criados pelo setor de alta tecnologia, mas este
contribuiu com cerca de 5 a 6 milhões de empregos, ou seja, não criou mais do que as
“chaminés” perderam, obviamente sem se questionar a incomensurável importância
qualitativa da alta tecnologia (computadores, telecomunicações, biogenética, bioengenharia
etc.). Na verdade, estes empregos vieram de uma nova aplicação do conhecimento humano,
uma prática e uma disciplina, chamada por Drucker (1996) de administração empreendedora,
que se utiliza da inovação e da capacidade de criar negócios.
Baseados nos preceitos anteriormente expostos, autores como Leite (E. F., 2000)
afirmam que não se deveria gastar tempo nem dinheiro com discussões sobre o fim dos
problemas com empregos, mas com a formação de empreendedores – pessoas capazes de criar
seus próprios postos de trabalho.
Prévost (1998) assinala que a ação integrada entre empreendedores, comunidade e
poder público são fundamentais para promover o desenvolvimento econômico local. A
9
Baby-boom” significa o nível elevado de natalidade registrado nos Estados Unidos neste período.
10
“500 da fortunecompreende os maiores representantes de empresas; de governos federal, estaduais e
municipais; de universidades; de escolas secundárias; de hospitais.
37
coordenação dos aparatos econômico, humano, financeiro e decisório propicia as condições
essenciais para desenvolvimento da comunidade.
A iniciativa de criar negócios o empreendedorismo tornou-se a pedra angular do
desenvolvimento social e econômico dos povos (GEM, 2006).
Drucker (1996) explica que nem todos os novos negócios são empreendedores ou
representam um empreendimento. Para que um negócio se torne um empreendimento, precisa
criar uma nova satisfação ao consumidor ou uma nova demanda para o mesmo a partir da
oportunidade.
Neste trabalho, a definição de empreendedorismo adotada não faz esta diferenciação,
sendo a mesma proposta pelo Global Entrepreneurship Monitor (GEM)
11
:
Empreendedorismo é qualquer tentativa de criação de um novo negócio ou novo
empreendimento, como, por exemplo, uma atividade autônoma, uma nova empresa,
ou a expansão de um empreendimento existente, por um indivíduo, grupos de
indivíduos ou por empresas já estabelecidas” (GEM, 2006, p.15).
O termo empreendedorismo tem conotação prática, mas também implica atitudes e
idéias. Significa fazer coisas novas ou novas maneiras de fazer as coisas. A preparação para a
prática empreendedora, que pode ser aplicada a qualquer campo da atividade humana,
envolve tanto o desenvolvimento da autoconsciência quanto o do know-how (DOLABELA,
1999).
Vários autores tentaram teorizar em torno do fenômeno, mas não existe ainda
nenhuma teoria econômica sobre o empreendedor que reúna consenso, nem modelo
econômico que explique o desenvolvimento a partir da função empreendedora, pois esta é
dificilmente quantificável.
Historicamente, Jean Baptiste Say, Joseph Schumpeter e Peter Drucker trabalham o
empreendedorismo sob a ótica do ganho de capital. Vários outros autores, os chamados
“behavioristas”, trabalharam o fator comportamental, como, por exemplo, David Clarence
McClelland, psicólogo de Harvard, que identificou nos empreendedores de sucesso um
elemento psicológico crítico, denominado por ele de “motivação da realização” ou “impulso
para melhoria” (McCLELLAND, 1972).
McClelland (1972) desenvolveu o trabalho de maior destaque neste flanco. Os
resultados de suas pesquisas apontaram conjuntos de habilidades e competências que foram
desdobradas em muitas características. Para os defensores dessa abordagem, as competências
11
Global Entrepreneurship Monitor (GEM) consiste em uma pesquisa anual realizada por um consórcio
de universidades e institutos de pesquisa em 34 países, coordenada pela London Business School, da
Inglaterra, e pelo Babson College, dos Estados Unidos, representando a principal pesquisa internacional
sobre o tema “empreendedorismo”.
38
empreendedoras podem ser reforçadas por meio da utilização orientada de habilidades e as
características empreendedoras podem ser incrementadas por intermédio de técnicas
específicas de treinamento.
A questão central dos behavioristas consistiu em identificar o empreendedor. Até os
anos 1990, houve uma proliferação de pesquisas sobre as características e traços de
personalidade dos empreendedores.
Chiavenato (2004) resume as seguintes características básicas de um empreendedor:
a) necessidade de realização existem pessoas que se contentam com o status atual.
Porém, aquelas com alta necessidade de realização gostam de competir com certo
padrão de excelência e preferem ser pessoalmente responsáveis por tarefas e
objetivos que atribuíram a si próprias. Em muitos casos, o impulso empreendedor
torna-se evidente desde cedo, até mesmo na infância;
b) disposição para assumir riscos – o empreendedor assume variados riscos ao iniciar
seu próprio negócio: financeiros, decorrentes do investimento do próprio dinheiro
e do abandono de empregos seguros e de carreira definidas; familiares, ao
envolver a família no negócio; e psicológicos, pela possibilidade de fracasso em
negócios arriscados. Os empreendedores preferem situações arriscadas até o ponto
em que podem exercer determinado controle pessoal sobre os resultados, em
contraste com situações de jogo em que as conseqüências dependem apenas de
sorte. A preferência pelo risco moderado reflete a autoconfiança do
empreendedor;
c) autoconfiança quem a possui, sente que pode enfrentar desafios e tem domínio
sobre os problemas. Pesquisas mostram que os empreendedores de sucesso são
pessoas independentes, que visualizam os obstáculos inerentes a um novo
negócio, mas acreditam em suas habilidades pessoais para transpô-los.
Parece haver um núcleo comum a todas estas definições de empreendedor: a
combinação, organização ou reorganização de recursos; a iniciação da mudança e a
capacidade de operar sob condições de risco ou incerteza.
Dornelas (2005) aprofunda a questão e apresenta o seguinte elenco de características
de um empreendedor de sucesso:
a) são visionários têm visão de como será o futuro para seus negócios e suas vidas,
e ainda têm habilidades para implementar seus sonhos;
39
b) sabem tomar decisões – não se sentem inseguros, tomam decisões corretas na hora
certa, principalmente em momentos de adversidade atitude importante para o
sucesso – e vão além, pois implementam suas ações rapidamente;
c) são indivíduos que fazem a diferença – transformam algo de difícil definição, uma
idéia abstrata, em algo concreto, que funciona; transformando o que é possível em
realidade, agregam valor aos serviços e produtos que colocam no mercado;
d) sabem explorar ao máximo as oportunidades a maioria das pessoas acredita que
as boas idéias são daqueles que as vêem primeiro, por sorte ou acaso; porém, para
os empreendedores, as boas idéias são geradas daquilo que todos conseguem ver,
mas não identificaram algo prático para transformá-las em oportunidade, por meio
de dados e informação;
e) são determinados e dinâmicos implementam suas ações com total
comprometimento e atropelam adversidades, ultrapassando os obstáculos; com
vontade de concretizar suas idéias; sempre dinâmicos, cultivam um certo
inconformismo diante da rotina;
f) são dedicados comprometem o relacionamento com amigos, família e até com a
própria saúde. São trabalhadores exemplares, encontrando energia para continuar
até quando encontram obstáculos, sendo incansáveis e muito dedicados ao
trabalho;
g) são otimistas e apaixonados pelo que fazem – adoram o trabalho que fazem, sendo
este o principal indutor que os mantém animados e autodeterminados, fazendo-os
os melhores vendedores de seus produtos e serviços, pois sabem, como ninguém,
como fazê-lo. Este otimismo permite que sempre vejam o sucesso em vez de
imaginar o fracasso;
h) são independentes e constroem o próprio destino desejam estar à frente das
mudanças e ser independentes, ao invés de empregados; querem criar algo novo,
gerar empregos e determinar seus próprios passos, abrir seus próprios caminhos e
ser seus próprios patrões;
i) são líderes e formadores de equipes têm senso de liderança. São respeitados por
seus funcionários, pois sabem valorizá-los, estimulá-los e recompensá-los,
formando um time em torno de si, pois sabem que, para obter êxito e sucesso,
dependem de uma equipe de profissionais competentes. Também sabem recrutar
os melhores consultores para assessorá-los nos campos onde não têm o
conhecimento ampliado;
40
j) são bem relacionados (networking) – sabem construir uma rede de contatos que os
auxiliam no ambiente externo da empresa, junto a clientes, fornecedores e
entidades de classe;
k) são organizados sabem obter e alocar os recursos materiais, humanos,
tecnológicos e financeiros, de forma racional, procurando o melhor desempenho
para o negócio;
l) sabem planejar planejam cada passo de seu negócio, desde o primeiro rascunho
do plano de negócios até a sua apresentação a investidores, com definição das
estratégias de marketing do negócio etc., com forte visão de negócio que
possuem;
m) possuem conhecimento procuram aprender, pois sabem que quanto maior o
domínio sobre um ramo de negócio, maior sua chance de sucesso. O
conhecimento pode vir da experiência prática, de informações obtidas em
publicações especializadas, em cursos ou mesmo de conselhos de pessoas que
montaram empreendimentos semelhantes;
n) assumem riscos calculados talvez essa seja a característica mais conhecida dos
empreendedores. Mas o verdadeiro empreendedor é aquele que assume riscos
calculados e sabe gerenciar o risco, avaliando as reais chances de sucesso, pois
assumir riscos é um desafio e, para o empreendedor, quanto maior o mesmo, mais
estimulante será a jornada empreendedora;
o) criam valores para a sociedade utilizam seu capital intelectual para geração de
empregos, dinamizando a economia e inovando, usando sua criatividade em busca
de soluções para melhorar a qualidade de vida das pessoas.
Filion e Dolabela (2000) definem o empreendedor como uma pessoa imaginativa e
com capacidade de fixar alvos e objetivos, em identificar oportunidades e atingir
oportunidades.
Apesar do aprofundamento adquirido sobre o tema, muitos mitos sobre os
empreendedores persistem até os dias de hoje.
Dolabela (1999) destaca, por exemplo, o de que os empreendedores já nascem prontos.
Na realidade, isso não se confirma na prática, pois a vontade e a energia para criar dependem
da sua formação e da acumulação de relevantes habilidades, experiências e contatos.
Mesmo em países em que o ensino do empreendedorismo encontra-se mais difundido
e avançado em relação ao Brasil, onde começa a se consolidar, ainda é difícil convencer as
pessoas de que as características empreendedoras de alguém podem ser desenvolvidas por
41
meio de aprendizado especial, uma vez que, para o senso comum, as características
empreendedoras do ser humano são inatas (DOLABELA, 1999).
Stevenson (1999), da escola de administração de Harvard, comenta que os
empreendedores não devem limitar-se aos seus próprios talentos pessoais e intelectuais para
iniciar o ato de empreender (comportamento), mas devem mobilizar recursos externos,
valorizando a interdisciplinaridade do conhecimento e da experiência para alcançar seus
objetivos.
Para o empreendedor, construir uma base inicial de recursos representa um grande
desafio. O processo pelo qual uma idéia se torna uma realidade tangível caracteriza-se pela
existência de barreiras e múltiplas tentativas (KATZ; GARTNER, 1988). Acredita-se que o
dinheiro é o aspecto mais importante para se montar uma empresa, mas, desde que haja
talento e técnica, os recursos financeiros podem ser alcançados.
A principal ferramenta de um empreendedor é o business plan (plano de negócio
PN), documento escrito que tem o objetivo de estruturar as principais idéias e opções que
serão analisadas pelo empreendedor para decisão quanto à viabilidade da empresa a ser
iniciada. Este instrumento também é utilizado para a solicitação de empréstimos e
financiamento junto a instituições financeiras (SEBRAE, 2007).
Para Dornelas (2005), no Brasil, a cultura de planejamento não está totalmente
difundida, ao contrário de alguns países, como, por exemplo, os Estados Unidos, onde um
plano de negócios é o pré-requisito básico para a abertura e gerenciamento de qualquer
negócio, independente de seu tipo ou porte.
Esta situação vem mudando rapidamente nos últimos anos, especialmente pelo fato de
muitas instituições, como bancos, órgãos governamentais (Ministério da Ciência e Tecnologia
– MCT, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES, Financiadora de
Estudos e Projetos Finep, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
Fapesp, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq etc.)
estarem exigindo o plano de negócios como base para a análise e concessão de crédito,
financiamento e recursos às empresas, entidades etc. (DORNELAS, 2005).
Para Sebrae (2007), em uma visão mais ampla, o plano de negócio tem as seguintes
funções:
a) avaliar o novo empreendimento do ponto de vista mercadológico, técnico,
financeiro, jurídico e organizacional. O PN permite o desenvolvimento de
procedimentos para o negócio, além de ser oportuno para o refinamento de
estratégias;
42
b) avaliar a evolução do empreendimento ao longo de sua implantação, monitorando
seu desempenho. O PN pode e deve ser usado como base para o planejamento
estratégico;
c) facilitar, ao empreendedor, a obtenção de capital inicial ou de giro. Grande parte
dos financiadores ou investidores exige e analisa um plano de negócios como
condição para concessão de crédito. O plano pode ser usado como ferramenta de
negociação e contribui para a aprovação de empréstimos em bancos e acesso a
linhas de financiamento.
De acordo com Sebrae (2007), para elaboração de um plano de negócios se faz
necessário pesquisar e conhecer com profundidade:
a) o ramo de atividade faz-se necessário o conhecimento de alguns dados
elementares sobre o ramo em que se pretende atuar e as possibilidades de atuação
dentro do segmento;
b) o mercado consumidor é fundamental o estudo deste mercado, gerando dados
para o empreendimento e abrangendo informações necessárias à identificação dos
prováveis compradores, o que produzir, de que forma vender, o local adequado
para a venda, a demanda potencial para o produto etc.;
c) o mercado fornecedor para iniciar e manter qualquer atividade empresarial, a
empresa depende de seus fornecedores de equipamentos, máquinas, matéria-
prima, mercadorias e outros materiais necessários ao seu funcionamento. O
conhecimento desse mercado vai se refletir nos resultados pretendidos pela
empresa;
d) o mercado concorrente composto por pessoas ou empresas que oferecem
mercadorias ou serviços semelhantes aos que se pretende ofertar. O mercado deve
ser analisado criteriosamente, identificando-se os concorrentes, as mercadorias ou
serviços oferecidos, as vendas efetuadas pelas demais empresas, além de suas
vantagens comparativas e competitivas;
e) a localização da empresa – a escolha da localização (ponto) do negócio tem
influências diretas sobre os resultados. Empreendimentos, por exemplo,
destinados ao público de maior renda, introduzidos em regiões de baixo poder
aquisitivo, podem não obter sucesso;
f) o marketing não consistindo somente em propaganda, o marketing é também o
conjunto de atividades desenvolvidas pela empresa, para o atendimento dos
43
desejos e necessidades de seus clientes. As atividades de marketing podem ser
classificadas em áreas básicas, traduzidas nos chamados 4 P's do marketing:
produto, pontos de venda, promoção (comunicação) e preço;
g) o processo operacional devem ser abordados os procedimentos de fabricação,
venda ou prestação de serviços, definindo os quadros para a execução das
atividades, materiais e equipamentos necessários. Também é necessário identificar
os portadores de conhecimento e experiência no ramo: o empreendedor, um futuro
sócio ou um profissional contratado;
h) a projeção do volume de produção, de vendas ou de serviços – o empreendedor ou
empresário deve considerar a capacidade de seus recursos materiais máquinas e
instalações, a disponibilidade de recursos financeiros, a disponibilidade de
matéria-prima, mercadorias, embalagens e outros materiais necessários, além da
capacidade de seus recursos humanos.
i) a projeção da necessidade de pessoal identificar o número de pessoas
necessárias para montagem de seu quadro funcional e suas respectivas
qualificações;
j) a análise financeira deve-se realizar uma projeção de resultados da empresa,
bem como do capital necessário para abertura e gerenciamento do negócio.
Dolabela (1999) diz que muitos empreendedores de sucesso abriram suas empresas
sem conhecer o que é um plano de negócios. Porém, é certo que milhares colheram insucessos
fatais por causa de erros elementares passíveis de serem evitados. Um grande número de
negócios de alto potencial torna-se inviável em virtude do despreparo dos empreendedores.
Apesar disso, milhares de pessoas abrem e continuarão abrindo empresas com ou sem
preparo. Por este motivo, o poder público pode e deve desenvolver novas maneiras de
disseminar a cultura empreendedora e a preparar novos empresários para o sucesso.
Dolabela (1999) salienta algumas ações importantes para a disseminação da cultura
empresarial, como, por exemplo, a identificação, criação e busca de oportunidades para
empresas existentes e novas; as políticas de apoio e suporte à criação de empresas, incluindo
ambiência econômica e cultural; e a legislação e tributação, além do estabelecimento de
networks entre universidades, instituições, organizações e todas as demais forças sociais.
A atividade empreendedora pode ser interpretada como uma possibilidade para
aplicação dos conhecimentos técnicos e científicos adquiridos durante a formação pessoal.
Todavia, estratégias para geração de riquezas constituem tarefas arriscadas que exigem
44
atitudes, valores, habilidades e informações que pertencem ao domínio desta área do
conhecimento denominada “empreendedorismo”.
2.5 EMPREENDEDORISMO NO BRASIL
Com maior tradição em centros de ensino da Europa, Estados Unidos e Canadá, o
empreendedorismo no Brasil vem se disseminando com rapidez, bem como ampliando seus
espaços entre o governo, o meio empresarial e as instituições representativas de classe e de
ensino.
Segundo BID (2002), por meio da atenção ao empreendedorismo nos países em
desenvolvimento na América Latina e no Leste Asiático, empresas dinâmicas recém fundadas
têm contribuído para o desenvolvimento econômico. Isto se dá pela conversão de idéias
inovadoras em oportunidades econômicas, pelo estímulo à competitividade na renovação da
cadeia produtiva e pelo aumento da produtividade e oferta de novos postos de trabalho.
De acordo com GEM (2006), no ano de 2005, o Brasil se posicionou em sétimo lugar
no ranking global, com uma taxa de empreendedores iniciais de 11,3%. Ou seja, em 2005,
pouco mais de 11% dos brasileiros com idade entre 18 e 64 anos tinham um negócio próprio
aberto há, no máximo, 42 meses, segundo os critérios do levantamento.
Em termos mundiais, a grande maioria dos empreendedores iniciais sustenta estar
seguindo uma oportunidade de negócio. Em 2005, a maioria dos empreendimentos iniciais
orientados por uma oportunidade encontrava-se na Nova Zelândia e na Holanda. O Brasil e a
Croácia encontravam-se no extremo oposto da escala. o de forma surpreendente, os países
com níveis econômicos elevados são também aqueles onde a taxa de empreendedorismo por
oportunidade prevalece sobre a taxa de empreendedorismo por necessidade (SCHLEMM,
2006).
A motivação dos empreendedores em estágio inicial está praticamente estabilizada nos
últimos anos. O importante, no caso brasileiro é que, embora a maioria dos empreendedores
seja orientada por oportunidade, a presença dos que empreenderam por necessidade é
sensivelmente alta se comparada a outros países participantes da pesquisa (GEM, 2006).
A pesquisa de 2005 confirma que boa parte dos brasileiros com iniciativa para
desenvolver o seu próprio negócio o fazem por necessidade e não por oportunidade. O Brasil
ocupa o 15º lugar no ranking do empreendedorismo por oportunidade (6%) e o no do
empreendedorismo por necessidade (5,3%).
45
Calculando-se a razão entre estas duas taxas, o Brasil fica com a 34ª posição entre os
países pesquisados, evidenciando-se a influência do empreendedorismo movido pela
necessidade na posição do Brasil em relação aos demais países (SCHLEMM, 2006).
Esta é uma situação comum nos países com predomínio de população de baixa renda,
como os da América Latina, onde, por exemplo, as mulheres têm participação significativa no
mercado de trabalho por necessitarem desenvolver alguma atividade para complementar os
ganhos familiares, além das altas taxas de desemprego (GEM, 2004).
No Brasil, como nestes países, dada a escassez de alternativas viáveis, os indivíduos
são levados a querer iniciar um negócio, mesmo que sua perspectiva de sucesso seja ínfima.
No entanto, em países que proporcionam bons sistemas de segurança social, além de elevados
níveis de renda, como é o caso da Suécia, Japão ou Suíça, os indivíduos não se vêem
obrigados a iniciar negócios com baixas perspectivas de sucesso (SCHLEMM, 2006).
Para Schlemm (2006), este quadro pode explicar uma das razões críticas que faz os
empreendimentos apresentarem um índice de mortalidade precoce elevado no Brasil,
impedindo o avanço dos negócios, para que passem a gerar emprego e renda de forma mais
consistente e longeva ao próprio empreendedor, seus familiares e seus empregados. A quase
totalidade destes negócios acontece em setores e segmentos tradicionais, de baixa tecnologia e
reduzido valor agregado.
A posição de liderança ocupada pelo Brasil no ranking mundial dos países que
apresentam um nível mais elevado de atividade empreendedora segundo dados da
pesquisa GEM, enseja ainda hoje após seis anos de pesquisa, perplexidades e
questionamentos. Afinal, como pode um país tão sofrido e inconstante no
direcionamento econômico, apresentar taxas tão elevadas de pessoas envolvidas com
algum tipo de atividade empreendedora? O Brasil, desde 2000, quando da sua
primeira participação no consórcio GEM que investiga o nível de
empreendedorismo de países tão distintos como o Japão, a Finlândia, Alemanha,
Canadá, China, Nova Zelândia, Austrália, França, Argentina Holanda, Inglaterra e
EUA, tem se posicionado entre os dez mais empreendedores. As conclusões que
podem ser destiladas dos dados acumulados pelo projeto podem ser de grande valia
para a melhor compreensão deste fenômeno mundial, uma vez que os quase quarenta
países que dele participam respondem por 2/3 da população e 90% do PIB mundial
(SCHLEMM, 2006, p.1).
Segundo Hamel e Prahalad (2002), a dimensão fundamental que regula o destino e
crescimento de um empreendimento consiste na intenção estratégica (strategic intent) do(s)
empreendedor(es). Uma investigação mais profunda da origem dos empreendimentos e razões
de base que movem o indivíduo empreendedor pode ser promissora na identificação dos
componentes necessários, ou mesmo, determinantes, para o crescimento e consolidação da
empresa brasileira.
46
Os avanços observados no campo da psicologia cognitiva podem ajudar a esclarecer o
nível de empenho e comprometimento do empreendedor com o crescimento do negócio,
revelando a extensão da sua visão estratégica quanto às oportunidades no setor ou ramo de
atividade em que está atuando ou pretende atuar. Se a motivação ou impulso inicial for a mera
sobrevivência, como aparenta ser o caso de praticamente 50% dos empreendedores brasileiros
que afirmam ter optado por esta modalidade por necessidade, e não por busca voluntária de
oportunidade com potencial para crescer, poder-se-ia conjeturar, então, que a falta de intenção
estratégica, conforme afirmam Hamel e Prahalad (2002), pode estar impedindo os
empreendimentos, mesmo os por oportunidade, a buscar realizar o seu potencial e consolidar
sua posição no segmento em que atuam. Pode explicar também, a baixa procura por nichos e
tecnologias inovadoras, que poderiam assegurar uma posição mais estratégica e competitiva
entre empreendimentos semelhantes.
Uma fraca intenção estratégica impede o empreendedor de perceber e desejar avançar
para além do território conhecido, valendo-se de conceitos e técnicas de gestão avançados,
que permitiriam o controle gerencial nas operações internacionais, a exemplo dos
empreendimentos estrangeiros que aportam no país e propiciam o avanço dos negócios no
contexto global (HAMEL; PRAHALAD, 2002).
De modo geral, constata-se que o nível do empreendedorismo no Brasil sofre uma
série de limitações, tanto do ponto de vista da gestão dos negócios quanto da infra-estrutura
de apoio oferecida pelas instituições governamentais e financeiras (GEM, 2006).
Os níveis educacionais e de renda do empreendedor brasileiro são relativamente mais
baixos se comparados aos países de média e alta renda. Estes dois aspectos refletem-se no
baixo uso de informação e de ferramentas de gestão que permitiriam o investimento em
negócios mais complexos (GEM, 2006).
O Brasil passa por uma transição educacional. Até 1992, o ensino nacional preparava
pessoas para uma economia de abastecimento, priorizando a aprendizagem de habilidades
operacionais. Esta condição determinou a preparação de pessoas unicamente para conseguir
seus empregos. Recentemente, qualificar pessoas para empreender passa a ser de vital
importância para qualquer cidade ou região.
O desenvolvimento da capacidade empreendedora, o aperfeiçoamento das técnicas de
identificação e de aproveitamento de oportunidades, a aquisição e gerenciamento de recursos
necessários à abertura e manutenção de um negócio e a valorização da criatividade e da
atitude pró-ativa são os pontos mais relevantes desta área do conhecimento, que ganha
47
significativa atenção dos formuladores de política empresarial e de instituições de suporte
voltadas a estudos econômicos (GEM, 2006).
O sucesso do empreendedorismo e das pequenas e médias empresas deve ser
valorizado por revelar a importância de se criar um ambiente que permita ampliar o número
de pessoas que empreendem no Brasil, apesar de limitadores como os altos encargos
tributários e trabalhistas, a precariedade do sistema educacional e a deficiência dos currículos
escolares, que não prevêem a preparação das pessoas para empreender.
A mentalidade empreendedora no país ainda esbarra em mitos, em que se imagina que
as pequenas e médias empresas estão longe do mercado global e fora da era da tecnologia da
informação (DOLABELA, 1999).
Considerando que quase sempre as empresas começam pequenas, isso chega a ser um
paradoxo, uma vez que atualmente empresas deste porte constituem a principal fonte de
empregos formais e informais e são responsáveis, em muitos países, por mais de 50% do PIB
(DOLABELA, 1999).
Em contraposição, Cacciamali (2000) defende que estas aproximações, frutos, às
vezes, do anseio de mensurar também o setor informal e da ausência de informações mais
completas nas estatísticas oficiais, podem obscurecer a natureza e o caráter desse conjunto de
produtores no processo de desenvolvimento econômico, além de poderem conduzir a
interpretações incorretas sobre a qualidade do desenvolvimento econômico em gestação, tanto
para mais quanto para menos.
O acesso ao crédito das micro e pequenas empresas está limitado devido aos reduzidos
fundos que demandam e à falta de garantias. Pesquisa e desenvolvimento dificilmente podem
ser financiados por estes tipos de empresas, fato que requer a disponibilização de tecnologia
por meio do setor público ou a instituição de parcerias com as universidades. Fica evidente
que o surgimento, consolidação e sobrevivência das pequenas firmas não é um fato simplista
e, nesse sentido, deveria merecer políticas mais específicas (RAMOS, 2003).
Administrações públicas podem incentivar e apoiar os empresários inovadores por
meio de políticas de desenvolvimento e inovação, utilizando-se de estruturas como
incubadoras e parques tecnológicos, ou a partir da promoção da competitividade e da
sustentabilidade destas empresas, organizando arranjos produtivos inovadores, capacitação e
outros mecanismos de suporte à criação e fortalecimento de novos negócios ou empresas
estabelecidas. Iniciativas como estas somam-se a antigos conceitos de desenvolvimento, onde
os principais caminhos eram voltados à atração de uma “grande empresa” para a região, à
48
conquista de uma “grande obra ou investimento do governo” ou à espera por algo que
acontecesse espontaneamente.
Em países avançados, a inovação é responsável por 80% do crescimento da
produtividade, tornando-se a chave do aumento da competitividade, crescimento e emprego
(QUANDT, 2006).
Segundo Quandt (1998), o potencial destas políticas está condicionado pela
composição setorial e configuração espacial da produção, além de outros fatores, como o
nível tecnológico, qualificação da mão-de-obra, produtividade e posição competitiva.
Introduzindo-se núcleos dinâmicos em determinada região pode-se impulsionar mudanças nas
bases técnicas, organizacionais e institucionais de seu sistema produtivo (QUANDT, 1998).
A anteriormente citada pesquisa sobre o empreendedorismo no mundo (GEM – Global
Entrepreneurship Monitor), em sua última publicação, datada de 2006, sinaliza com algumas
possibilidades acerca do fortalecimento do empreendedorismo no Brasil para os formuladores
de políticas públicas, pesquisadores, planejadores e gestores de programas de apoio a esta
finalidade. Dentre estas sinalizações, algumas vêm ao encontro direto do objeto desta
pesquisa.
Especificamente para os formuladores de políticas, sugere-se o apoio à criação e
aplicação de indicadores para avaliação da efetividade de políticas e programas voltados ao
empreendedorismo, devido ao fato da existência de uma pluralidade destes tipos de programas
que contam com recursos públicos e que, para serem melhor explorados, precisam ser
avaliados quanto à sua efetividade.
A avaliação de programas e projetos deve ser encarado tanto como instrumento
pedagógico para a melhoria das ações do setor público quanto como mecanismo de
conhecimento para a adequação e formulação de políticas.
Para os planejadores e gestores de programas, as sinalizações destacam proposições
para a realidade empreendedora brasileira, onde se encontram elevadas taxas de
empreendedorismo por necessidade. Dentre elas, destaca-se o desenvolvimento de métodos e
instrumentos que permitam identificar indivíduos que, por qualquer motivo, saíram do
mercado de trabalho formal, prestando-lhes assessoria sobre oportunidades efetivas de
negócios e sobre como abrir e conduzir empresas profissionalmente.
Além disso, as entidades que atuam no apoio ao empreendedorismo deveriam
desenvolver programas flexíveis de atendimento a carências de informações dos
empreendedores, evitando a abertura de negócios sem fundamento técnico, que se baseiam
apenas em crenças e opiniões de conhecidos. Para isto, faz-se necessária a orientação
49
financeira e técnico-gerencial, assim como a assessoria na elaboração de projetos e planos de
negócios (business plan) e de programas de apoio pós-incubação, orientações sobre o
potencial do comércio exterior e esclarecimentos sobre banco de imóveis para
empreendimentos (GEM, 2006).
Para os pesquisadores, permanece a responsabilidade de contribuir para a melhoria da
qualidade do empreendedorismo no país. A criatividade e a perspicácia no campo da
pesquisa não podem ter limites; sendo assim, toda a proposta que leve a um maior
conhecimento sobre a realidade de empreender é válida e deve ser incentivada” (GEM, 2006,
p.125-126).
2.6 REDES SOCIAIS
O estímulo e o apoio público ao empreendedorismo no Brasil, como se pôde constatar
até este ponto do trabalho, consiste em experiências (programas e ações) demasiadamente
difusas, desenvolvidas a partir dos anos 1990. Embora as ações propostas pelas gestões locais
(muitas vezes simultâneas) sejam potencialmente complementares, como: capacitação de
empreendedores, implementação de incubadoras empresariais, facilitação de crédito,
estabelecimento de programas de exportação etc, nem sempre são exploradas conjuntamente.
A possibilidade de utilização simultânea de diversas ações públicas de apoio ao
empreendedorismo por parte das empresas locais (sejam novas ou não) pode configurar uma
verdadeira rede de suporte aos novos empreendimentos e ampliação de negócios existentes
para dinamização da economia local.
Grande parte da pesquisa em pauta se baseia na conceituação sobre redes e na
utilização de um software específico para sua interpretação; assim, este item busca introduzir
a análise de redes sociais (ARS ou SNA sigla em inglês de Social Network Analysis) e
apresentar alguns conceitos básicos para a compreensão dos procedimentos metodológicos
adotados.
Não se pretende, portanto, realizar uma análise clássica de redes baseada na
investigação e no entendimento da dinâmica dos movimentos sociais no mundo
contemporâneo, mas produzir um método que se utiliza de um recurso tecnológico para este
tipo de análise, capaz de proporcionar a visualização gráfica de diversas variáveis
simultaneamente.
50
As propriedades das redes vêm sendo cada vez mais utilizadas pelas engenharias e
ciências sociais para a análise de fenômenos que podem ser melhor percebidos com este
instrumento conceitual e metodológico (KAUCHAKJE et al., 2006).
De acordo com Castells (1999), a nova morfologia da sociedade é constituída por
redes, cuja lógica difundida possibilita a alteração substancial da operação e resultados dos
processos produtivos.
Como instrumento metodológico, a rede auxilia na organização de objetos e ações que
não têm articulação evidente, desvendando alguns fenômenos de difícil percepção
(KAUCHAKJE et al., 2006).
Para Santos (1999), entender os nós e as relações que entre eles se estabelecem em
uma rede, ou seja, as interações que respondem não apenas pela atual conformação espacial
da rede, mas também por sua evolução futura, é fundamental para a elaboração de programas
e para o estabelecimento de metas de políticas públicas de desenvolvimento, como no
presente estudo de caso.
Para Marteleto (2001), rede é um conjunto de participantes autônomos, unindo idéias e
recursos em torno de valores compartilhados. Assim, uma rede pode ser definida como um
conjunto de atores conectados pessoas, grupos ou outras unidades com ligações simétricas
ou assimétricas.
A ARS baseia-se no pressuposto da importância das relações entre unidades que
interagem, ou seja, ligações entre unidades constituem o componente fundamental das teorias
de redes. As regularidades ou padrões de interação dão origem às estruturas (BARBOSA;
BYINGTON; STRUCHINER, 2007).
Este tipo de análise busca a solução de problemas que não se ajustam ao convencional.
Os dados analisados pelos métodos de rede distinguem-se dos encontrados nas Ciências
Sociais e do Comportamento. No referencial tradicional de análise de dados, pressupõe-se que
se dispõe de um conjunto de medidas tomadas de unidades individuais ou casos, originando,
assim, o familiar arranjo de dados de "casos por variáveis". O pressuposto de independência
amostral das observações das unidades individuais permite que se aplique quantidade
considerável de técnicas de análise estatística para determinado espectro de questões
investigadas. No entanto, a ARS está interessada nas inter-relações das unidades sociais
(BARBOSA; BYINGTON; STRUCHINER, 2007).
As dependências entre unidades podem ser medidas como variáveis estruturais. As
teorias que incorporam idéias de redes diferenciam-se pelas proposições a respeito das
relações entre as unidades sociais. Argumenta-se que as unidades influenciam umas às outras,
51
pois não agem independentemente. Tematizar essas variáveis estruturais proporciona muitas
possibilidades ou restrições para a análise de dados e a construção de novos modelos. A ARS
fornece um modo preciso para definir importantes conceitos sociais, uma alternativa teórica
para o pressuposto de atores sociais independentes e um referencial para o teste de teorias
acerca das relações sociais estruturadas (BARBOSA; BYINGTON; STRUCHINER , 2007).
Considera-se a ARS como um tipo de abordagem advinda da Sociologia, da Psicologia
Social e da Antropologia, que estuda as ligações relacionais (da expressão em inglês
relational tie) entre atores sociais. A ARS interessa a pesquisadores de vários campos do
conhecimento, que, na tentativa de compreender seus impactos sobre a vida social, deram
origem a diversas metodologias de análise que têm como base as relações entre os indivíduos,
numa estrutura em forma de redes (SILVA et al., 2006).
Para Fazito (2002), a ARS busca estabelecer uma maneira objetiva de identificar
conexões (laços ou relações) e pontos (atores) dentro de um sistema determinado (uma rede
pessoal ou total, por exemplo) e, desta forma, representar padrões estruturais de relações que
podem ser mais ou menos constantes, ou totalmente imprevisíveis e não-lineares (relações
emergentes). Quando um ator possui um ou mais laços ou relações, passa a ser chamado de nó
(KAUCHAKJE et al., 2006). A Figura 2 ilustra um exemplo de esquema de rede.
Figura 2: Representação esquemática exemplificativa de rede
Fonte: Elaboração baseada no software Ucinet 6.
52
Para Peci (2000), as redes sociais têm sido os grandes laboratórios da gestão
contemporânea, pois se acredita que uma das mais significativas mudanças históricas nas
funções administrativas consiste no aumento da interdependência organizacional, seja na área
empresarial, seja na governamental. Esta interdependência parece ser facilitada pelas redes
sociais.
A inovação no trabalho em redes compreende sua promessa como forma global de
organização com raízes na participação individual, reconhecendo a independência enquanto
apóia a interdependência (MARTELETO 2001).
Segundo Matheus e Silva (2006), um ator em ARS pode se caracterizar por uma
empresa, uma atividade, uma pessoa ou um conjunto discreto de pessoas agregadas em uma
unidade social coletiva, como subgrupos, organizações e outras coletividades. Os atributos de
um ator constituem suas características individuais.
O laço relacional, também chamado de laço ou ligação (linkage), responsabiliza-se
pelo estabelecimento da conexão entre pares de atores. Habitualmente, podem-se encontrar
laços como: avaliação individual (amizade ou respeito); transação e transferência de recursos
materiais (compra e venda entre duas empresas); transferência de recursos não materiais
(troca de mensagens eletrônicas) ou não; interação (sentar-se próximo a outra pessoa);
movimentação e conexão física e social; laços entre papéis formais (autoridade do chefe sobre
o subordinado em uma empresa); e relações biológicas (pai e filho) (MATHEUS; SILVA,
2006). Além destas, tem se o laço da afiliação, que ocorre quando os atores (as empresas
no método proposto
12
) participam de eventos em comum (a exemplo das ações de um
programa de desenvolvimento local).
Uma relação em uma rede (relation) define todo o conjunto de laços que respeitam o
mesmo critério de relacionamento, dado um conjunto de atores. Redes multirrelacionais são
aquelas nas quais existem mais de um tipo de laço, portanto mais de uma relação. As relações
têm duas propriedades importantes que devem ser consideradas nas pesquisas e que
condicionam os métodos de análise de dados disponíveis:
a) direcionamento, podendo ser direcional, quando tem-se um ator como transmissor
e outro como receptor (amizade), ou não-direcional, no qual a relação é recíproca
(conhecimento);
12
Ver seção 4 – Procedimentos metodológicos.
53
b) valoração, podendo ser dicotômica, o que implica sua presença ou ausência (as
relações existem ou não), ou valorada, com valores discretos ou contínuos
(atribuindo-se peso à relação).
Uma rede de modo-duplo (two-mode networks) tem dois conjuntos distintos de atores,
com atributos particulares para cada conjunto. Uma rede por afiliação (affiliation networks)
também denominada membership network é um tipo especial de rede de modo-duplo, na
qual existem dois conjuntos: atores e eventos ou atividades (MATHEUS; SILVA, 2006).
Para a compreensão dos procedimentos metodológicos deste trabalho, que visam
analisar programas e experiências de desenvolvimento local, conceitua-se a rede a seguir
estudada como de afiliação, onde o conjunto de atores é constituído pelas empresas
participantes do programa público de desenvolvimento local em estudo, o conjunto de eventos
é formado pelas ações deste programa e a relação é estabelecida pelo critério de vínculo da
empresa com uma ou mais atividades propostas pelo mesmo.
54
3 HISTÓRICO RECENTE DE PROGRAMAS DE ESTÍMULO AO
EMPREENDEDORISMO PARA O DESENVOLVIMENTO
ECONÔMICO LOCAL EM CURITIBA
O presente estudo busca analisar o principal programa público de estímulo ao
empreendedorismo para o desenvolvimento econômico local em Curitiba na atualidade, o
Bom Negócio. No entanto, quando se analisa o programa sob a ótica da análise de redes,
dentro do contexto da Curitiba S.A., o mesmo carrega consigo adaptações e ações existentes
em outro que o precedeu. Por este motivo, apresenta-se um breve histórico explicativo com o
Bom Negócio e o programa anterior, seus objetivos e alguns dos principais resultados obtidos.
Curitiba implantou seu primeiro programa de porte desta natureza na década de 1990,
quando multiplicavam-se no Brasil as experiências locais em busca do desenvolvimento.
Segundo IPPUC (1996), constatou-se uma série de problemas na análise estratégica
realizada para identificação das deficiências de algumas regiões carentes da cidade. Dentre
elas, estavam:
a) carência de informação sobre a dinâmica da atividade econômica;
b) inadequação do uso e ocupação do solo;
c) insuficiência de infra-estrutura urbana e ocupação indevida ao longo das linhas de
transmissão;
d) baixo nível de desenvolvimento da atividade econômica;
e) reduzida qualificação profissional;
f) dificuldade de acesso ao crédito;
g) baixa escolaridade do adulto em fase de busca de emprego;
h) deficiência das políticas de incentivos fiscais;
i) escassez de mecanismos de participação da sociedade.
55
A partir deste diagnóstico, somado ao contexto macroeconômico e às tendências de
mercado, surgiram propostas e diretrizes que consistiram essencialmente em (IPPUC, 1996):
a) promover a capacitação profissional;
b) fomentar a organização econômica das comunidades;
c) fornecer o suporte de qualidade e competitividade à produção por meio de um
núcleo de design;
d) incentivar o associativismo e a formação de cadeias produtivas interligadas;
e) propiciar o resgate da marginalidade urbana à população de baixa renda com
suporte para sua qualificação;
f) melhorar as condições sociais de infra-estrutura urbana e equipamentos sociais de
consumo coletivo.
Trata-se de uma tipologia de desenvolvimento voltado para as comunidades, de dentro
para fora, com respeito às suas tradições e à sua cultura. Surge então, em 1997, o Linhão do
Emprego, a primeira experiência de maior expressão conduzida na capital paranaense.
Os programas Linhão do Emprego (1997 a 2004) e Bom Negócio (a partir de 2005),
implantados em Curitiba, cada qual em seu respectivo período e subordinados a
administrações municipais específicas, apresentam características marcantes do papel da
gestão pública como propulsora da cultura empreendedora, promovendo o desenvolvimento
por meio do incentivo à criação de novos negócios dentro de suas regiões de abrangência.
O primeiro denota maior preocupação de cunho social, atendendo áreas específicas da
cidade, carentes de infra-estrutura e alternativas de emprego. Por meio da geração de diversas
ações emancipatórias
1
, da ampliação da infra-estrutura de suporte a estas ações e da melhoria
das condições urbanas (transporte, habitação, saúde, educação, lazer etc.), buscou alavancar o
desenvolvimento nestas áreas menos favorecidas. Atualmente, algumas ações promovidas no
período de vigência deste programa continuam em funcionamento; no entanto, o nome
“Linhão do Emprego“ restou apenas no zoneamento específico de uso e ocupação do solo da
então área de intervenção.
1
Expressão baseada nas tipologias de programas apresentadas em Pochmann (2002):
a) “ações emancipatórias” pretendem prover condições de autonomia aos beneficiários, a exemplo
de capacitação de mão-de-obra para recolocação no mercado de trabalho e de futuros
empreendedores, cursos profissionalizantes etc. Na maioria dos casos, possuem menor alcance,
com resultados a médio e longo prazo, demandando infra-estrutura e arranjos institucionais;
b) “ações redistributivas” são baseadas em transferências de benefícios e renda, a exemplo de
bolsas, cestas básicas etc. Geralmente, possuem maior alcance em curto espaço de tempo. Prevêem
a complementação temporária de renda dos participantes. Tais ações são justificadas pela
necessidade de atendimento à parcela mais excluída da população, que se encontra em piores
condições de vida.
56
O segundo programa, voltado para a dinamização econômica de toda a cidade,
atualmente em funcionamento, baseia-se no apoio, capacitação e estímulo a futuros
empreendedores e empresários. A Companhia de Desenvolvimento de Curitiba (Curitiba
S.A.), responsável pela sua implantação e gestão, também coordena outras ações
(apresentadas no item 3.2 Programa Bom Negócio), que, embora independentes, são
complementares na formação da rede de suporte e apoio a novos negócios e empresas
existentes. Por estabelecer o contato inicial e capacitar os empreendedores, o Bom Negócio é
capaz de estimular a utilização simultânea destas ações por parte dos participantes. Este fato
não é tão evidente no programa Linhão do Emprego, uma vez que muitas das ações ocorreram
de maneira desvinculada umas das outras, sob coordenação de diferentes entes municipais.
Ações complementares desvinculadas podem caracterizar o desperdício da
potencialidade de melhores resultados junto aos empreendedores.
Considerando a Curitiba S.A. como responsável por incentivar e apoiar o
empreendedorismo localmente, o programa Bom Negócio, na concepção deste trabalho, se
torna a principal forma de acesso dos futuros empresários para as demais ações da empresa
que complementam a rede de apoio aos negócios locais.
3.1 PROGRAMA LINHÃO DO EMPREGO
Implantado pela Prefeitura Municipal de Curitiba em 1997, o projeto se destaca por
implementar a infra-estrutura de apoio à ação empreendedora como maneira de buscar
internamente, na sua região de abrangência, alternativas para viabilização do próprio
desenvolvimento, aliando crescimento econômico, eqüidade social e sustentabilidade
ambiental. Esta foi uma iniciativa de desenvolvimento urbano com a combinação de agentes
públicos e privados, cujos investimentos seguem um plano pré-estabelecido, apoiando-se no
redesenho do espaço urbano, em normas legais, em novas articulações institucionais e em
formas inovadoras de gestão (IPPUC, 2004).
O Linhão do Emprego procurou beneficiar as populações locais pela educação para
geração de empregos e por outras formas de renda, além do atendimento às suas necessidades
de equipamentos e infra-estrutura, evitando possíveis conseqüências excludentes do processo
de renovação urbana.
57
Este programa foi parte integrante dos projetos estratégicos do plano de governo da
então administração municipal e teria a missão básica de urbanizar uma extensa faixa de
proteção da linha de alta tensão da Companhia Paranaense de Energia (Copel), que secciona a
cidade de Curitiba, viabilizando a geração de empregos a partir da oferta de espaços
produtivos, capacitação profissional dos trabalhadores e treinamento de microempresários,
com reforço na especialização e suporte à qualidade.
Conforme IPPUC (2004), o projeto foi concebido dentro de premissas similares às
utilizadas para os eixos estruturais implantados em Curitiba na década de 1970. A
estruturação do programa foi edificada sobre dois tripés: o primeiro utilizou, como
instrumentos, o uso do solo, o sistema viário e o transporte público para consolidar a
intervenção física; o segundo procurou criar condições para o desenvolvimento social,
crescimento econômico e para a preservação ambiental. Desta forma, o programa contribuiu
para a realização de ações visando desenvolver de forma integrada a região, por meio da
dinamização de áreas geográficas definidas, reforçando e impulsionando o desenvolvimento
geral, com minimização dos riscos humanos e ambientais. Estas intervenções procuraram
estimular a elevação da qualidade de vida ao criar suporte para o crescimento das atividades
econômicas da região.
Com 34 km de extensão nas regiões sul e leste da cidade (Figura 3), acompanhando a
linha de transmissão de energia da Copel, e abrangendo 15% da área geográfica do município,
este eixo corta 18 bairros com bolsões de pobreza, impactando, na época, 870.000 pessoas,
sendo considerado o projeto de maior intervenção urbana desde a criação da Cidade Industrial
de Curitiba (CIC atual Companhia de Desenvolvimento de Curitiba), 31 anos, fruto de
investimento de cerca de 100 milhões de reais (IPPUC, 2004).
A Figura 4 abaixo ilustra a concepção geral e o arranjo institucional do programa,
revelando as secretarias municipais e demais órgãos envolvidos no processo.
58
Figura 3: Mapa do Linhão do Emprego e respectivos pólos de atuação em Curitiba
Fonte: Elaboração baseada em IPPUC (2004).
59
Figura 4: Organograma da concepção e arranjo institucional do programa Linhão do Emprego
Fonte: Elaboração baseada em IPPUC (2004).
Notas: BB – Banco do Brasil;
BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social;
CIC – Companhia de Desenvolvimento de Curitiba;
Cohab – Companhia de Habitação Popular de Curitiba;
Copel – Companhia Paranaense de Energia;
Emater-PR – Empresa Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural;
FAS – Fundação de Ação Social;
FCC – Fundação Cultural de Curitiba;
PGM – Procuradoria Geral do Município;
Sebrae – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas;
SISCT – Secretaria Municipal de Indústria, Comércio e Turismo;
SMAB – Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento;
SMAD – Secretaria Municipal de Administração;
SMCS – Secretaria Municipal de Comunicação Social;
SME – Secretaria Municipal de Educação;
SMF – Secretaria Municipal de Finanças;
SMMA – Secretaria Municipal de Meio Ambiente;
SMOP – Secretaria Municipal de Obras Públicas;
SMS – Secretaria Municipal de Saúde;
SMSA – Secretaria Municipal de Saneamento;
SMU – Secretaria Municipal de Urbanismo.
60
A partir de estudos prévios, o programa dividiu sua região de abrangência em “10
pólos de emprego”
2
, do ponto de vista das vocações produtivas e das características
socioeconômicas da população, estruturando-os em termos de base empresarial, infra-
estrutura, educação e capacitação.
3.1.1 Base empresarial
No sentido de estimular a criação e o fortalecimento da base empresarial local, a
proposta do programa incorpora políticas públicas de desenvolvimento voltadas à prospecção
e formação de novos empreendimentos por meio da: facilitação de abertura de empresas e
criação de incentivos fiscais, acompanhamento e orientação empresarial, fortalecimento e
modernização da atividade produtiva, incentivo à produção de pequena escala, facilitação do
acesso ao crédito, apoio ao escoamento da produção regional e incentivo ao associativismo.
Para alcançar essas metas, diversas ações foram desenvolvidas e implantadas, tais
como (IPPUC, 2004):
a) Barracões Empresariais edificações instaladas nos pólos que funcionam como
incubadoras empresariais criadas para a instalação de micro e pequenas empresas
industriais e de serviços especializados. A incubadora de empresas se assemelha
ao instrumento hospitalar que supre o recém nascido necessitado de apoio para os
primeiros dias ou semanas de vida.
2
Os pólos de emprego estabelecidos pelo programa são:
a) Pólo Bairro Novo – Rua Tijucas do Sul, entre ruas Izaac Ferreira da Cruz e Eduardo P. da Rocha;
b) Pólo Moradias da Ordem – entre Moradias da Ordem e Vila Santa Rita;
c) Pólo Izaac Ferreira da Cruz – entre BR 116 e Avenida Marechal Floriano Peixoto;
d) Pólo Boqueirão – entre Avenida Marechal Floriano Peixoto e rio Belém;
e) Pólo Fazendinha – entre Rua General Potiguara e Conectora 4;
f) Pólo das Indústrias – entre Conectora 1 e Rua General Potiguara;
g) Pólo Capão da Imbuia - entre BR 277 e Avenida Victor Ferreira do Amaral;
h) Pólo Uberaba – entre rio Belém e BR 277;
i) Pólo Pinheirinho – entre BR 116 e Conectora 1;
j) Pólo Bairro Alto – entre Avenida Victor Ferreira do Amaral e BR 476.
61
Desta forma, as incubadoras têm a incumbência de prover espaço físico e suporte
técnico e gerencial a projetos e novas idéias,gerando a possibilidade de iniciar
uma empresa sem o volume de capital necessário.
Os resultados esperados destes barracões são os de estimular a criação de novos
empreendimentos e de promover a aproximação e interação entre as empresas
incubadas, instituições de ensino e pesquisa e de apoio empresarial, além de
aumentar as chances de sucesso das empresas ali instaladas.
Desde a inauguração do primeiro barracão empresarial, em 1998, passaram pelo
processo de incubação até 2003, 161 empresas.
Os barracões apresentam espaços comuns de administração e serviços gerais e os
empreendedores podem permanecer por um período de um ano, sendo prorrogável
por mais 12 meses.
As empresas instaladas nos diversos barracões
3
(Figura 5) puderam utilizar-se do
conjunto de ações do programa, além de serviços de apoio técnico que visaram
dar suporte ao seu desenvolvimento, a partir da incorporação de novos padrões e
instrumentos de gestão empresarial;
3
Os barracões empresariais do programa são:
a) Bairro Novo I – Avenida Tijucas do Sul, 169 (25);
b) Moradias da Ordem – Rua Carlos Munhoz da Rocha, 6.000 (24);
c) Santa Rita – Avenida Ermínio Brunato, s/n (4);
d) Boqueirão – Rua Carlos de Laet, 6.335 (14);
e) Izaac Ferreira da Cruz I – Rua David Tows, 2.604 (14);
f) Izaac Ferreira da Cruz II – Rua Ignes de Lourdes Gomes de Macedo, 51 (4)
g) Xapinhal – Rua dos Pioneiros, 2.101 (18);
h) Cajuru – Rua Trindade, 1.711 (17)
i) Uberaba – Rua Augusto David de Moraes, 160 (14);
j) Pólo das Indústrias – Rua Almicare Bientinezi, 16(14);
k) Fazendinha – Avenida das Indústrias, 389 (13).
Entre parênteses, tem-se o número de empresas incubadas nos respectivos barracões entre 1998 e 2003 (IPPUC,
2004).
62
Figura 5: Mapa de localização dos barracões empresariais do Programa Linhão do Emprego
Fonte: IPPUC (2004)
63
b) Vilas de Ofícios conjunto de edificações geminadas em dois pavimentos. A
proposta consistiu em instalar, no pavimento térreo, a atividade produtiva de uma
família e, na parte superior, sua moradia. O objetivo foi aliar trabalho e moradia
num mesmo local, reunindo diversos tipos de empreendimentos.
Foram construídas quatro vilas, com financiamento do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), nos pólos Boqueirão, Moradias
da Ordem, Bairro Alto e Capão da Imbuia, totalizando 45 unidades, num total de
2.962 m
2
de área construída. Outras cinco vilas foram construídas na área de
abrangência do programa. No total, são 131 unidades, em 77 delas, onde estão
sendo desenvolvidas atividades geradoras de trabalho e renda;
c) Profissão Empresário esta ação visou facilitar a abertura de empresas e o
acesso aos programas e projetos da Prefeitura Municipal de Curitiba (PMC) para
os empreendedores e empresários de micro e pequenas empresas, em parceria com
o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Secretaria
Municipal de Finanças (SMF), Secretaria Municipal do Urbanismo (SMU),
Banco do Brasil, Banco Social
4
, entre outras.
Existem três postos de atendimento do Profissão Empresário em funcionamento,
em conjunto com o Banco Social, localizados nas ruas da cidadania do
Pinheirinho, Boqueirão e Cajuru. O Profissão Empresário surgiu de um contrato
firmado, em 1998, entre PMC e Sebrae, objetivando contribuir para o “Registro e
Legalização de Empresas de Maneira Simplificada, Rápida e Integrada Fácil”.
Até 2003, foram atendidas 38.824 pessoas, sendo constituídas 1.074 novas
empresas por meio desta ação;
d) Acompanhamento Empresarial em uma parceria posterior da PMC com a
Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), realizou o projeto Anjos da
Guarda, no qual estudantes universitários das áreas de Economia, Administração
de Empresas, Contabilidade, Programação Visual, Direito e Engenharia
acompanharam 87 micro e pequenos empreendimentos de comércio e serviços da
área de abrangência, sob orientação de professores e especialistas. Também foram
realizadas orientações e acompanhamento empresarial de 378 micro e pequenos
empreendimentos da região de abrangência do programa, entre 1999 e 2000,
4
O Banco Social utiliza recursos do Tesouro do Estado para financiar pequenos negócios. Pessoas físicas
e jurídicas podem se candidatar ao financiamento. As agências do Banco funcionam em parceria com as
prefeituras municipais.
64
encaminhando os empreendedores para as diferentes ações do Linhão do Emprego
e outros serviços da PMC;
e) Centro de Design / cleo de Design esta ação objetivou contribuir para o
aumento da qualidade e da competitividade dos produtos curitibanos nos
mercados nacional e internacional, bem como para dar suporte às micro, pequenas
e médias empresas no desenvolvimento de seus produtos, dentro das propostas e
diretrizes do programa Linhão do Emprego.
Por meio de convênio firmado entre a Companhia de Desenvolvimento de
Curitiba (CIC), atual Curitiba S.A. e a Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), foi
implantado, em 2001, o Núcleo de Design, na Cidade Industrial de Curitiba.
O Núcleo de Design assessorou, entre 2001 e 2003, 107 micro e pequenos
empreendimentos integrantes do programa no desenvolvimento e aprimoramento
da qualidade dos seus produtos;
f) Acesso ao Crédito um convênio estabelecido com o Governo do Estado do
Paraná, em 2001, facilitou o acesso ao Banco Social, gerenciado pela CIC, com
oito agências situadas nas ruas da cidadania. As propostas de financiamento no
âmbito do Banco Social são homologadas (ou o) pelos oito comitês municipais
de Crédito, co-responsáveis pela qualidade dos benefícios concedidos, e
posteriormente aprovados (ou não) pela Agência de Fomento do Paraná S.A.
(AFPR). O crédito do Banco Social pode ser concedido para capital de giro,
investimento fixo e misto, nas modalidades individual, solidária ou associada,
sendo destinado à aquisição de mercadorias, matérias-primas, máquinas e
equipamentos, inclusive à melhoria e ou ampliação de instalações, desde que
destinadas ao negócio.
Foram realizadas mais de 650 operações de crédito, totalizando, a liberação de
R$ 1.918.141,58. Deste total, parcela de cerca de 53% beneficiou 1.839 pessoas
que pertencem aos bairros da área de abrangência do programa;
g) Rede de Comercialização no intuito de criar mecanismos que contribuíssem
para o escoamento da produção regional, o programa contou com iniciativas
como: eventos promocionais, participação em feiras e mostras, catálogo de
produtores e produtos e abertura de canais de comercialização, além de propiciar o
atendimento e orientação aos empresários e empreendedores. Entre 2002 e 2003,
as empresas instaladas nos barracões empresariais participaram de 46 feiras locais
de negócios, em espaços negociados com promotores de feiras e eventos,
65
divulgando e comercializando produtos. Foram promovidas quatro feiras do
Linhão na área central de Curitiba (Praça Osório), duas em 2001 e outras duas em
2003, nas quais empreendedores dos barracões empresariais expuseram e
comercializaram seus produtos.
Para apoiar os negócios das empresas incubadas nos barracões empresariais, foi
criada, em 2001, a rede de comercialização que promoveu:
g.1) contatos com redes de supermercados, incluindo as empresas incubadas nos
cadastros de fornecedores;
g.2) parceria com o Instituto Pró-Cidadania (IPCPE) para negociação de produtos
das empresas incubadas nas lojas Leve Curitiba e bistrôs;
g.3) contatos com empresários do município, principalmente da Cidade Industrial
de Curitiba, apresentando os empreendedores e os produtos das empresas
incubadas para futuros negócios;
g.4) apoio aos empreendedores no cadastramento junto a órgãos da PMC, para
participação nas licitações municipais.
3.1.2 Infra-estrutura
A implantação de infra-estrutura pelo programa Linhão do Emprego proporcionou
mudanças na urbanização da área de abrangência, reorientando e criando: a integração física e
urbana, as condições de acesso e transporte, o crescimento urbano e o uso do solo, e as
estruturas específicas de apoio empresarial e social.
Para compatibilizar e integrar as atividades propostas com a ocupação existente,
promovendo a flexibilização de parâmetros construtivos ao longo do eixo e incentivando a
ocupação com atividades que promovessem a geração de trabalho e renda, foi realizada a
adequação do zoneamento de uso e ocupação do solo.
As obras de infra-estrutura compreenderam (IPPUC, 2004 – Tabela 1):
a) sistema viário compreendendo pavimentação, trincheiras e pontes, que
proporcionaram melhoria no deslocamento de veículos e pedestres, atendendo as
necessidades de circulação da população e do sistema de transporte coletivo,
individual e de bens;
66
b) equipamentos empresariais as obras civis de apoio a atividades empresariais
deram suporte às ações propostas pelo programa, num total de 20.717,5 m²
construídos, que atenderam 11.100 pessoas;
c) equipamentos sociais: envolvendo o atendimento das necessidades básicas do
cidadão e seu desenvolvimento por meio da ampliação do sistema de saúde,
educação e das atividades de cultura e lazer, aliadas à preservação do meio
ambiente.
Tabela 1: Principais obras de infra-estrutura do Programa Linhão do Emprego no período de
1997 a 2003, segundo setor, serviço, quantidade e unidades
SETOR SERVIÇO QUANTIDADE
UNIDADES
Pavimentação 3.8638,20 m
Trincheiras 880,00 m
2
Pontes 187,30 m
7
Infra-
estrutura
Urbana
Terminal de transporte coletivo 2.500,00 m
1
Barracões empresariais 11 714,10
12
Incubadoras sociais 1 133,50
2
Vilas de ofícios 2 982,00
4
Liceus de ofícios 2 994,20
9
Infra-estrutura
Empresarial
Centro de Design 1 893,70
1
Escolas municipais 21 969,20
14
Creches 6 220,20
14
Unidades de saúde 4 932,10
8
Rua da Cidadania 2 040,00
1
Centros de múltiplo uso 2 537,00
2
Espaço comunitário 61,70 m²
1
Habitação de interesse social (Cohab) 30,00 m²
1
Centro da Juventude 249,90 m²
1
Casa da Comunidade 76,20 m²
1
Núcleo de Proteção ao Cidadão 80,50 m²
1
Áreas de lazer e paisagismo 527 368,00 m²
1
Infra-estrutura Social
Complementação de parque (do Peladeiro) 225 150,80 m²
1
Fonte: IPPUC (2004)
Nota: Cohab – Companhia de Habitação Popular de Curitiba.
Além das anteriores, também podem ser destacadas as seguintes ações:
a) transporte a política municipal de mobilidade urbana é centrada no transporte
público, utilizado como instrumento para ocupação e estruturação da cidade. Foi
implantada a linha de transporte coletivo Circular Sul, que percorre 49,56 km de
vias, e construído um terminal de transporte coletivo, com 2.500 m², além de
estações tubo. A operação do sistema acontece com 23 ônibus bi - articulados, que
realizam 235 viagens/dia, num tempo médio de 78 minutos por viagem,
transportando, em média, 64.403 passageiros por dia útil, o que possibilitou a
ampliação da mobilidade da população na área;
67
b) habitação de interesse social associando as diretrizes de crescimento da cidade
aos aspectos ambientais, culturais, de infra e supra estruturas urbanas, sociais e
econômicas, o processo de urbanização da área do Linhão do Emprego gerou: a
construção de 9.370 lotes urbanizados; 436 casas, 464 apartamentos,
1.211 realocações e 254 regularizações fundiárias.
3.1.3 Educação e capacitação
A educação e capacitação, apoiadas na ampliação de instrumentos de participação
social e de qualificação profissional e empresarial para as atividades produtivas, constituem o
terceiro elemento básico para a dinâmica do desenvolvimento regional. Foram ajustados,
quantitativa e qualitativamente, os instrumentos públicos capazes de atender às metas de
difusão de conhecimentos no âmbito do programa, por meio da formação de novos
empreendedores, da capacitação empresarial e de trabalhadores, da elevação do grau de
escolaridade e da participação social, constando principalmente de:
a) treinamento para empreendedores ministrado pela Fundação de Ação Social
(FAS), focado nos interessados em iniciar uma atividade econômica ou melhorar
seu empreendimento. Entre seus objetivos, destaca-se o de desenvolver
competências empreendedoras baseando-se na aprendizagem por ação, simulando
diferentes situações do dia-a-dia do empresário. Tal ação proporcionou o
conhecimento de noções de empreendedorismo, dinâmica de mercado,
planejamento, produção e custos, análise financeira, ferramentas para seleção e
análise de idéias de negócios, comunicação e negociação, além de promover a
discussão de questões que pressionam a vida do empresário;
b) Liceus de ofícios são espaços criados e ainda em funcionamento para a
oferta de cursos de capacitação profissional, desde a qualificação para o primeiro
emprego até o treinamento para empresários dos barracões empresariais, de
acordo com as necessidades detectadas em cada pólo da área de abrangência. Os
liceus trabalham com ampla programação de cursos de capacitação profissional. A
capacidade de atendimento desses nove liceus é de 11.000 pessoas por ano. Até o
2003, 47.147 pessoas haviam sido qualificadas pelos mesmos;
c) capacitação empresarial esta atividade foi possível por meio de cursos de
desenvolvimento empresarial ofertados, os quais contaram com a presença de
68
1.418 empreendedores dos barracões empresariais e da área de abrangência do
programa, fruto de uma parceria com Sebrae, no âmbito do programa Brasil
Empreendedor. Em 2000 e 2001, foram realizados outros 18 cursos de
qualificação empresarial, abordando gestão mercadológica, administração de
fluxos financeiros, pesquisa de mercado, gestão de produção, de pessoal, de
estoque e logística, realizados nas ruas da cidadania do Pinheirinho, do Boqueirão
e do Cajuru, em conjunto com a Universidade Federal do Paraná (UFPR), com a
participação de 400 empreendedores dos barracões e da área de abrangência do
programa.
3.2 PROGRAMA BOM NEGÓCIO
Os dados deste item são extraídos de Curitiba S.A. (2007), empresa pública
coordenadora deste programa municipal e responsável por políticas de desenvolvimento
econômico e empresarial do município de Curitiba.
De acordo com esta fonte, o Bom Negócio foi lançado em 06 de abril de 2005, com o
objetivo de promover o desenvolvimento econômico em regiões do município, por meio de
ações de capacitação, articuladas com setores estratégicos da sociedade, visando à criação de
empregos, geração de renda e elevação do nível de qualidade empresarial dos
empreendedores, em suas respectivas áreas de intervenção.
Atualmente, o programa busca, também, formar e fortalecer associações comerciais de
bairros, além de estabelecer a integração entre as mesmas. Seu público alvo são pessoas que
almejam abrir seu próprio negócio, além de empresários de micro e pequenas empresas,
formais ou informais, e empreendedores que exercem uma determinada atividade.
O processo de divulgação é realizado pelo contato porta a porta, nas atividades
existentes na região, além do telemarketing realizado pela Central de relacionamentos (CR)
do Instituto de Informática de Curitiba.
Visando ao desenvolvimento de micro e pequenas empresas, por meio do estímulo à
atividade empreendedora, as atividades propostas acontecem em duas etapas: a primeira
consiste em um curso de quatro módulos: gestão empresarial; finanças pessoais e
empresariais; marketing e vendas; e ferramentas em gestão. Na segunda, é executada uma
69
pesquisa socioeconômica da região e realizados fóruns de debate para formação de redes de
negócios (62 formadas) e parcerias entre os participantes.
A estratégia adotada pela Curitiba S.A. visando fortalecer as empresas consiste no
trabalho de formação de redes de negócios após a aplicação do programa nas comunidades,
além do incentivo à criação de associações comerciais de bairros. Estas iniciativas estimulam
o comércio e serviços dos bairros, potencializando o processo de desenvolvimento endógeno.
O Programa Bom Negócio vem sendo implementado prioritariamente nas
comunidades que possuem necessidades mais urgentes de se fortalecer social e
economicamente, criando melhorias nas condições de vida.
Firmou-se parceria com o Centro Universitário Franciscano do Paraná (UniFAE), o
qual, além do apoio técnico, realiza a monitoração do programa. Foi elaborado também o
georreferenciamento das atividades econômicas existentes nas comunidades selecionadas,
dividindo-as em microrregiões.
O programa busca auxiliar os empreendedores na melhoria do controle de seus
empreendimentos, fluxo de caixa, custos e qualidade. Possibilita, ainda, saber se o negócio
idealizado é viável e se reúne condições de ampliação. São oferecidas 50 vagas por bairro.
Para participar, o cidadão deve preencher uma ficha de inscrição após a palestra motivacional
realizada na regional (ruas da cidadania) mais próxima do bairro em que é ofertado. No ano
de 2007, já estavam formados 3.183 pessoas pelo programa.
A partir da capacitação, os empreendedores podem ser apresentados às demais ações
paralelas desenvolvidas pela Curitiba S.A., as quais podem ser utilizadas por qualquer cidadão
interessado ou empresário que deseje ampliar ou buscar apoio para seu negócio.
Se analisado isoladamente, o programa tem a função exclusiva de capacitar
empreendedores e elevar o vel de qualidade empresarial da cidade. Quando interpretado no
contexto da Curitiba S.A., passa a ter a função essencial de aglutinar e divulgar as demais
ações públicas de sustentação ao empresariado local, funcionando com principal acesso à uma
pretensa rede de apoio.
Tomando como exemplo um empreendedor que pretende abrir um negócio próprio, o
mesmo se inscreve para o curso do Bom Negócio e incorpora noções essenciais para melhor
gestão de sua futura empresa. No entanto, pode necessitar de apoio para sua abertura, espaço
físico para sua instalação, recursos iniciais para capital de giro, alternativas de venda do seu
produto no mercado externo, desenvolvimento de marca e sua comunicação visual etc.
Estas necessidades podem ser supridas atualmente pela Curitiba S.A. por meio das
ações existentes, provendo assistência quase completa aos empresários e empreendedores
70
iniciais. Para que isto aconteça de fato, é necessário que estas ações atuem com uma rede de
afiliação (Figura 6).
Em função das diferentes características das ações consideradas vinculadas ao
programa em estudo, o trabalho propõe uma classificação baseada na sua finalidade (objetivo
final), dividindo-as em duas categorias:
a) ações de estímulo ao surgimento de novos negócios iniciativas do programa
capazes de incentivar e apoiar empreendedores da região a iniciarem novos
empreendimentos rentáveis, além de atrair novas empresas para Curitiba, com
base em:
a.1) Parque de Incubadoras Empresariais de Curitiba;
a.2) Profissão Empresário;
a.3) Tecnoparque;
a.4) Parque de Software.
b) ações de apoio a negócios (existentes) iniciativas que não apresentam o
objetivo de gerar negócios, mas de prover suporte e aperfeiçoamento para as
empresas da região de abrangência (utilizadas por empresas já abertas), constando
de:
b.1) Curitiba Exporta;
b.2) Programa Municipal de Design;
b.3) Microcrédito;
b.4) Imposto sobre Serviços (ISS) Tecnológico.
Cabe ressaltar que esta organização serve de base para o método aplicado à presente
pesquisa.
71
Figura 6: Organograma de ações coordenadas pela Companhia de Desenvolvimento de Curitiba
(Curitiba S.A.) vinculadas ao Programa Bom Negócio
Fonte: Elaboração baseada em Curitiba S.A. (2007).
3.2.1 . Parque de Incubadoras Empresariais de Curitiba
O objetivo central desta ação consiste em criar empresas competitivas de forma
duradoura, promovendo o desenvolvimento empresarial, por meio da articulação de ações que
garantam a geração de emprego e renda, uso de tecnologia, capacitação gerencial e
desenvolvimento local sustentável. Oferece espaço e condições adequadas à instalação de
72
novos empreendimentos industriais, facilitando o apoio institucional e capacitando o micro e
pequeno empreendedor para o fortalecimento e expansão de sua atividade empresarial.
Para tanto, disponibiliza 14 incubadoras empresariais, equipamentos de propriedade
do Município de Curitiba, antigos barracões do programa Linhão do Emprego, os quais são
divididos em módulos para abrigar micro e pequenas empresas por tempo determinado.
Nas incubadoras, as empresas participantes têm à sua disposição módulos de uso
privativo e áreas de uso comum, compreendendo: sala de reuniões e negócios, refeitório,
sanitários e estacionamento, além dos serviços de suporte para o desenvolvimento
empresarial.
O prazo de incubação é de um ano. No prazo de 60 dias antes da conclusão do período
de incubação, mediante solicitação formal do empreendedor, a Curitiba S.A. poderá avaliar o
desempenho da gestão empresarial do incubado no período e decidir pela viabilidade de
prorrogação do prazo de incubação para até 12 meses, atendendo critérios preestabelecidos.
Ao longo da estadia no módulo, poderá a gestora diagnosticar, por intermédio de
parâmetros de conformidade com o plano de viabilidade, a maturidade atingida, formalizando
o pedido de encerramento das atividades do empreendedor na incubadora, e a conseqüente
desocupação, no prazo máximo de 30 dias.
3.2.2 Profissão Empresário
Ação existente desde o Linhão do Emprego (apresentado anteriormente) e mantido
durante a vigência do Bom Negócio, apóia, de maneira ágil e com baixo custo, micro e
pequenos empreendedores, no processo de formalização de suas empresas, oferecendo auxílio
e encaminhamento da documentação pertinente junto aos órgãos competentes.
3.2.3 Tecnoparque
O principal objetivo desta ação se volta a contribuir para a inclusão de Curitiba e da
sua região metropolitana nos sistemas nacional e internacional de Pesquisa e
Desenvolvimento (P&D), promovendo a dinâmica da economia regional e sua relação com os
ativos de ciência e tecnologia. Seu público alvo são organizações públicas e privadas de
73
tecnologia de ponta e empresas de base tecnológica avançada e de P&D, além de instituições
de ensino superior.
Ainda não implantado, atualmente encontra-se em fase de estudos a criação de área
delimitada e legitimamente identificada para abrigar empresas de alta tecnologia da
informação (TI), às quais serão oferecidas condições especiais de espaço, suporte tecnológico
e de infra-estrutura e, especialmente, determinados benefícios fiscais.
Pode ser definido como espaço urbano delimitado pela presença e concentração de
ativos tecnológicos do poder público e da iniciativa privada, cuja interação deve propiciar o
surgimento de empreendimentos tecnológicos inovadores.
Em sua concepção original, compreende uma área de aproximadamente 5 km
2
, tendo
como eixo um trecho da BR-476 (antiga BR-116), e abrangendo áreas do município no bairro
Jardim Botânico, as instalações do Campus III Centro Politécnico e Jardim Botânico da
UFPR, as instalações do Campus Central da PUCPR e do seu condomínio de empresas de
base tecnológica (Parque Tecnológico), as instalações do Centro Integrado de Empresários e
Trabalhadores do Estado do Paraná (Cietep) e do Instituto de Tecnologia para o
Desenvolvimento (Lactec).
3.2.4 Parque de Software
Esta ação trata de incentivo para empresas se instalarem dentro dos limites e
confrontações do Setor Especial do Parque de Software da Cidade Industrial de Curitiba, que
tenham como finalidade promover o desenvolvimento de programas de software.
O Parque de Software oferece base física compatível com as necessidades
empresariais, institucional e mercadológica para implantação e expansão de empresas de
engenharia de software ou de desenvolvimento de processos e produtos nessa área de
especialização, com origem de capital nacional ou estrangeiro.
Várias empresas encontram-se instaladas, além de várias em processo de implantação.
Os incentivos fiscais concedidos são a alíquota de 2,0% do ISS, a isenção do Imposto sobre
Transmissões de Bens Imóveis por ato “inter-vivos” (ITBI) quando da aquisição de terreno
localizado no Setor Especial do Parque de Software destinado à implantação da empresa ou
ampliação de sua área física e a isenção pelo prazo de 10 anos dos seguintes tributos:
74
Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), taxas pelo exercício do poder de polícia e
contribuição de melhoria.
3.2.5 Curitiba Exporta
Os objetivos desta ação são os de disseminar a cultura exportadora para micro e
pequenos empresários; identificar, estimular, capacitar e assessorar potenciais exportadores; e
elevar o nível de conhecimento e competitividade das micro e pequenas empresas, além de
identificar mercados potenciais para os produtos e serviços gerados pelo público objeto do
programa.
Este público é composto por micro e pequenas empresas de Curitiba, com interesse e
potencial para exportar e receber informações e assessoramento sobre o comércio exterior,
visando seu ingresso no mercado internacional.
Esta ação existe desde 2002, sendo, portanto, anterior ao Bom Negócio, porém
desvinculada, à época, do programa Linhão do Emprego. Oferece também serviços de
consultoria e ciclos de palestras, bem como a análise de casos práticos, conforme a
necessidade dos participantes. Estas atividades aproximam os empresários das informações
específicas necessárias para exportar, bem como dos parceiros do programa, especialistas e
entidades do comércio exterior do Município.
3.2.6 Programa Municipal de Design
Assim como o antigo Núcleo de Design, ação existente no Linhão do Emprego, os
objetivos desta atividade compreendem promover a ampliação da competitividade das
empresas assistidas pela incorporação do design ao sistema produtivo visando ao
desenvolvimento local e apoiar tecnicamente com design as ações, programas e projetos da
PMC e da Curitiba S.A.
Os principais beneficiados são as micro e pequenas empresas, formais e informais, que
podem contar com apoio para design de produtos e gráfico (logomarcas, vitrines,
comunicação visual, web design etc.).
Atualmente, esta ação é desenvolvida no edifício sede da Curitiba S.A.
75
3.2.7 Microcrédito
O objetivo desta ação é ofertar crédito em condições favoráveis aos micro e pequenos
empreendedores (formais e informais), promovendo o fortalecimento do empreendedorismo e
democratizando oportunidades de crédito àqueles sem acesso às linhas normais de
financiamento.
O Microcrédito é concedido para aquisição de máquinas e equipamentos, bem como
para utilização na forma de capital de giro no valor máximo de R$ 10.000,00 (conforme
enquadramento técnico), com prazos de 1 a 24 meses. Os requisitos básicos para pleiteamento
de empréstimo são o desenvolvimento da atividade há, pelo menos, seis meses e a
apresentação de avalista com comprovação de renda.
3.2.8 Imposto sobre Serviços (ISS) Tecnológico
O alvo desta ação são as empresas prestadoras de serviços instaladas no município de
Curitiba, que tenham recolhido regularmente o ISS nos últimos dois anos e também registrado
crescimento real anual. O empresário interessado deve habilitar-se por meio da apresentação
de projeto com a indicação da forma de aplicação dos recursos resultantes da dedução do
imposto, os quais serão submetidos à Comissão de Análise e Julgamento, a qual decidirá pela
aprovação ou não do referido projeto.
Os principais objetivos da ação são promover e estimular o processo de atração de
empresas de inovação tecnológica por meio de incentivo que permite a dedução no pagamento
do ISS, incrementar a pesquisa aplicada no desenvolvimento da atividade empresarial,
fortalecer a base empresarial local, aprimorar a capacitação técnica da empresa, modernizar a
empresa, desenvolver novos produtos e avançar o desenvolvimento econômico, científico e
tecnológico do Município.
76
3.3 SÍNTESE COMPARATIVA ENTRE OS PROGRAMAS LINHÃO DO EMPREGO E
BOM NEGÓCIO
Com base na apresentação dos programas, a Figura 7 explicita a transição entre os
mesmos. Algumas das ações apresentadas por IPPUC (2004) inseridas no Linhão do
Emprego, após o encerramento do programa se transformaram em novos programas sob a
coordenação da Curitiba S.A.
Determinados programas tiveram continuidade, como é o caso do Profissão
Empresário e do Design. O Parque de Incubadoras aproveitou a infra-estrutura dos Barracões
Empresariais, implantada em 1997, para a sua montagem, agora sob nova gestão.
As ações coordenadas pela FAS durante o Linhão do Emprego continuam existindo,
porém agora desvinculadas dos programas da Curitiba S.A.
Outras quatro ações foram incorporadas ao leque de programas que compõem a rede
configurada, neste trabalho, a partir do Bom Negócio.
O Linhão do Emprego foi gerido por uma equipe multidisciplinar de caráter
permanente, composta por 25 servidores das diversas secretarias e órgãos afins, coordenada
por um profissional do IPPUC, o qual estava diretamente vinculado ao chefe do executivo
municipal. Posteriormente, esta equipe foi incorporada à unidade de gerenciamento (IPPUC,
1996). As ações do programa foram coordenadas por diferentes entes municipais, em um
grande arranjo institucional de difícil gestão. Como conseqüência, muitas das ações se
desenvolveram de forma isolada, tornando diminuta a possibilidade de configuração em rede
do programa. Durante a pesquisa, procuraram-se as informações para verificar a organização
em rede do Linhão do Emprego, porém os cadastros de participantes de determinadas ações
eram inexistentes ou incompletos, provocando a inconsistência dos dados, situação causada
pela desarticulação entre os setores da Prefeitura envolvidos.
Com a concentração das ações voltadas ao desenvolvimento econômico local na
Curitiba S.A., potencializou-se a configuração da uma rede de apoio aos empreendedores,
proposta e estudada neste trabalho.
77
Figura 7: Organograma comparativo entre ações dos programas Linhão do Emprego e Bom
Negócio
Fonte: Elaboração baseada em IPPUC (2004) e Curitiba S.A. (2007).
78
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O presente estudo é de natureza exploratória, pois se volta à visão geral do problema
pesquisado, possibilitando o desenvolvimento de análises posteriores (SANTOS, 2002).
Dada a complexidade do tema, assim como a diversidade das variáveis interpretadas,
optou-se pelo estudo de caso, visando ao aprofundamento dos assuntos abordados e sua
aproximação com a realidade (GIL, 2002).
Com vistas ao alcance dos objetivos propostos, foi adotada uma estrutura investigativa
multimétodos (GIL, 1999). Assim, o estabelecimento do referencial teórico e a abordagem do
histórico recente de programas de estímulo ao empreendedorismo para o desenvolvimento
econômico local em Curitiba foram apoiados nos métodos exploratório e descritivo,
utilizando-se de pesquisa bibliográfica e documental com o intuito de compilar dados prévios
sobre os assuntos abordados (LAKATOS; MARCONI, 2005).
Para sistematização dos resultados, além dos procedimentos anteriores, a discussão é
desenvolvida com base no método analítico (GIL, 1999), buscando-se a síntese para
formulação de referências para futuros programas similares, que, inclusive, subsidiem o
processo de gestão urbana.
O Quadro 1 sintetiza as relações entre os objetivos da pesquisa e suas respectivas
fases, visando à ajustada compreensão da estruturação do trabalho.
79
Demonstração da valorização do local
Determinação do papel e importância da gestão urbana
Contextualização e caracterização das experiências de
desenvolvimento econômico local no Brasil
Identificação das características do empreendedorismo no
Brasil
Conceituação da análise de redes sociais
Programas de desenvolvimento
econômico local em Curitiba
Descrição dos programas Linhão do Emprego e Bom
Negócio
Histórico recente de programas de
estímulo ao empreendedorismo para
o desenvolvimento econômico local
em curitiba
Elaboração e aplicação de
questionário com pessoas formadas
pelo Bom Negócio
Montagem de Mapa de relações e
matriz de relacionamentos
Aplicação do software Ucinet 6 para
análise dos dados
Análise as ações do programa Bom Negócio sob a ótica dos
participantes
Elaboração e aplicação de
questionário com pessoas formadas
pelo Bom Negócio
Formulação de subsídios para futuros programas similares Discussão dos resultados
Referencial teórico
Demonstração e caracterização da rede de ações de
estímulo ao empreendedorismo configurada a partir do
programa atualmente em vigor (Bom Negócio).
Analisar programas
públicos baseados
no estímulo ao
empreendedorismo
para o
desenvolvimento
econômico local
Importância do
empreendedorismo para o
desenvolvimento econômico
local
Rede de ações de estímulo ao
empreendedorismo configurada
a partir do programa Bom
Negócio
Verificação do histórico e do desenvolvimento do
empreendedorismo
Quadro 1: Síntese de relações entre objetivos da pesquisa e suas respectivas fases
Fonte: Elaboração baseada nos objetivos estabelecidos para a pesquisa.
4.1 CARACTERIZAÇÃO DA REDE DE AÇÕES DO PROGRAMA BOM NEGÓCIO
Para alcançar o objetivo específico de caracterizar a rede de ações de estímulo ao
empreendedorismo configurada a partir do programa Bom Negócio, foi desenvolvido um
método que procura analisar as características do público atendido e a plena utilização,
impactos e inter-relações das ações oferecidas aos participantes do programa. Para tanto,
utilizou-se o software Ucinet 6 para análise de redes sociais (ARS), o qual permite a
representação gráfica da interação dos diferentes atores da rede em questão e seus respectivos
atributos.
Cabe ressaltar que o estudo se apropria e se apóia no software de análise de redes
sociais para sustentar o método desenvolvido. Neste caso, a rede estudada se caracteriza como
de afiliação, onde o conjunto de atores são as empresas participantes do programa, o conjunto
de eventos são as ações do programa e a relação é estabelecida pela participação do cidadão
ou empresa nas ações oferecidas e coordenadas pela Curitiba S.A. a partir do Bom Negócio.
80
Iniciou-se o processo com o cálculo do número de pessoas necessárias para a
aplicação de um questionário (Apêndice A), o qual serve de base de dados para as análises
posteriores. Gil (2002) justifica a amostragem como a técnica mais adequada para redução da
população amostral, com respectiva diminuição de custo e tempo, obtendo-se resultados
próximos à realidade da totalidade do universo.
No caso do presente estudo, a população é considerada finita, ou seja, não supera
100.000 elementos, sendo aplicada, portanto, a seguinte fórmula para o cálculo das condições
da amostra:
onde:
n = tamanho da amostra (245 questionários respondidos)
s
2
= nível de confiança escolhido, expresso em quantidade de desvios-padrão (89,7%)
p = percentagem com a qual o fenômeno se verifica (50%)
q = percentagem complementar (100-p)
N = tamanho da população (3.183 pessoas formadas pelo Bom Negócio)
e
2
= erro máximo permitido (5%)
O critério de seleção dos cidadãos e empresários para as entrevistas foi o da sua
participação no Bom Negócio, neste trabalho, considerado o programa base de estímulo ao
empreendedorismo (objeto de análise), sendo que as outras ações provêem suporte para a
abertura de novas empresas ou apoio às existentes. A partir dele, são capacitadas pessoas para
diagnosticar oportunidades de novos negócios e a ampliação e expansão das empresas em
funcionamento.
Por este motivo, neste estudo, as demais ações, embora possam ser utilizadas de forma
independente pelos cidadãos, são consideradas apenas quando adotadas por pessoas formadas
pelo Bom Negócio. Os empreendedores não participantes do programa e que se apropriaram
de algumas destas ações foram, neste caso, desconsiderados.
Para a aplicação do questionário, foram liberados, por parte da Curitiba S.A., os nomes
e telefones de 500 participantes formados pelo curso. Com estes dados, foram estabelecidos
contatos telefônicos para explicação do trabalho e obtenção dos endereços eletrônicos destas
pessoas. Os cidadãos que não os possuíam, quando dispostos, responderam a pesquisa por
telefone. Os demais receberam uma mensagem eletrônica com maiores detalhes sobre a
e
2
(N-1) +
σ
2
p.q
σ
2
. p . q . N
n =
81
pesquisa e o link http://www.alexandretrentoarq.com/questionário/, o qual permitiu que os
mesmos preenchessem o formulário de pesquisa on line.
Na conclusão do preenchimento, os dados foram enviados imediatamente para o e-
mail [email protected] e para o banco de dados, que pode ser acessado a
qualquer momento pelo link http://www.alexandretrentoarq.com/questionario/admin/.
Em função do cadastro desatualizado de telefones e não disposição de alguns cidadãos
em participar da pesquisa, o número de entrevistas obtidas foi de 245, o suficiente para manter
89,7% de confiabilidade estatística. Destes, 164 possuíam empresas ou as abriram após cursar
o Bom Negócio (empresários), as demais 81 pessoas apenas participaram do curso sem
possuir ou iniciar uma empresa (não-empresários). Em função desta separação, o grau de
confiabilidade nos itens em que se abordam somente os empresários é de 80,98%.
Depois do levantamento empírico dos dados em campo, pôde-se, então, realizar a
análise da rede de afiliação identificada, com a utilização do software mais utilizado em ARS,
o citado Ucinet, que permite a interpretação detalhada de redes, baseada em medidas e em
representações gráficas das inter-relações. No universo possível de medidas proporcionadas
pelo programa, foi selecionado o grau de conectividade dos atores e a centralidade baseada
em graus, variáveis consideradas mais condizentes com a rede pesquisada e com os objetivos
da pesquisa.
O grau de conectividade dos atores – degree corresponde à principal medida
utilizada pelo método e demonstra o número total de relações apresentadas por cada ator. As
siglas IN e OUT (degree) representam o direcionamento gráfico das relações.
O método utiliza o direcionamento IN degree (Figura 8) para a relação entre as
empresas e as ações de estímulo a novos negócios (ver item 3.2– Programa Bom Negócio), ou
seja, sempre que uma empresa estabelecer relação com uma ação deste tipo, a mesma
apresenta setas direcionadas para os ícones que representam a ação.
As ações de apoio a negócios (ver item 3.2 Programa Bom Negócio) apresentam
apenas setas saindo de seus ícones, ou seja, de OUT degree, apontadas para as empresas que
utilizaram estas ações.
Quando se observa as empresas, o direcionamento (IN ou OUT degree) representa a
influência de ações de estímulo ou apoio. Quanto maior o OUT degree de uma empresa, mais
ações de estímulo a influenciaram. O mesmo vale para as ações de apoio, ou seja, quanto
maior o IN degree, maior a influência da ação de apoio dentro do programa.
A única ligação bidirecional consiste na das empresas com o Bom Negócio.
82
AÇÃO DE ESTÍMULO A NOVOS NEGÓCIOS (IN degree)
AÇÃO DE APOIO A NEGÓCIOS (OUT degree)
ATORES: EMPRESAS INFLUENCIADAS PELO PROGRAMA (IN ou OUT degree)
Figura 8: Representação esquemática do direcionamento da relação entre empresas e ações do
programa Bom Negócio
Fonte: Elaboração baseada em Ucinet 6.
Caso o ator apresente grau 1, ou seja, esteja sem ligação alguma, significa que o
mesmo participou unicamente da capacitação oferecida pelo programa, uma vez que, para
constar nesta pesquisa, o critério exige no mínimo o vínculo com o programa Bom Negócio.
A centralidade baseada em graus degree centrality compreende o número de
elos nos quais o está envolvido, correspondendo ao índice de exposição do ator aos fluxos
na rede, interpretado como a oportunidade de influenciar e ser influenciado;
No caso de um estudo empírico, a medida da centralidade permite entender e
reconhecer os atores mais centrais, como, por exemplo, as ações mais estratégicas da rede de
afiliação.
Quando se analisa esta medida observando-se as empresas, pode-se verificar o índice
de exposição das mesmas ao que flui na rede, possibilitando identificar se a influência das
ações relaciona-se ao sucesso ou fracasso dos atores. Quando se interpreta esta medida
observando-se a rede como um todo, identifica-se o seu índice de centralização, com medição
da heterogeneidade da centralidade dos atores.
4.1.1 Perfil dos entrevistados e avaliação dos relacionamentos
A fim de tabular e organizar os dados, confeccionou-se uma planilha denominada
mapa de relações (Tabela 2), na qual são imputadas as informações necessárias para as
análises previstas.
83
Tabela 2: Mapa de relações dos atributos dos atores e das ações do programa Bom Negócio
Identificação Empresas
Idade
Formação
Sexo
Motivação do negócio
Ano de abertura da empresa
Localização
Ramo de Atividade
Principal mercado
Alcance de mercado
Mortalidade de empresas
Número de empregos gerados
Acesso a recursos
E1 2 3 2 2 2 2 3 1 4 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0
E2
5
3
1
1
2
1
3
1
4
1
2
5
0
0
0
0
0
0
0
0
E3
4
3
1
1
2
1
3
1
1
1
1
2
0
0
0
0
0
0
0
0
E4
5
3
1
1
1
1
2
1
4
1
1
1
0
0
0
0
0
1
0
0
E5
5
3
2
2
1
1
3
1
4
1
2
3
0
0
0
0
0
0
0
0
E6
5
3
1
1
2
1
2
1
4
1
1
5
0
0
0
0
0
0
0
0
E7
3
3
2
1
2
1
1
1
4
1
1
2
0
0
0
0
0
0
0
0
E8
3
3
1
1
1
1
2
1
4
1
1
1
0
0
0
1
0
0
0
0
E9
5
5
1
2
2
1
1
1
4
1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
E10
5
3
1
1
1
1
3
1
1
1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
E11
4
3
1
1
2
1
3
1
4
1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
E12
3
2
2
1
1
1
2
1
4
1
1
5
0
0
0
0
0
0
0
0
E13
3
3
1
1
2
1
2
1
4
1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
E14
3
3
2
1
2
1
1
1
1
1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
E15
2
4
2
1
2
1
2
1
4
1
1
1
0
1
0
0
0
1
0
0
E16
5
2
2
2
2
1
2
1
4
1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
E17
5
4
1
2
1
1
3
1
1
1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
E18
3
3
2
1
1
1
3
1
4
1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
E19
3
3
1
1
2
1
3
1
4
1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
E20
5
3
2
1
1
1
3
1
1
1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
E21
5
3
2
1
2
1
2
1
4
1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
E22
3
5
2
1
1
1
3
3
3
1
1
6
0
0
0
0
0
0
0
0
E23
5
3
2
2
2
1
2
1
4
1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
E24
5
3
2
1
2
1
3
1
1
1
2
1
0
0
0
0
0
0
0
0
E25
4
2
2
2
2
1
3
1
4
1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
E26
4
3
1
1
2
1
2
3
4
1
1
6
0
1
0
0
0
0
0
0
E27
2
3
1
1
1
1
2
1
1
1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
E28
5
2
1
2
1
1
2
1
4
1
2
5
0
0
0
0
0
0
0
0
E29
5
3
2
1
2
1
2
1
4
1
1
2
0
0
0
0
0
0
0
0
E30
3
2
2
1
1
1
1
1
4
1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
E31
3
3
1
1
1
1
1
1
4
1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
E32
5
1
1
2
1
1
2
1
4
1
3
5
0
0
0
0
0
0
0
0
E33
5
4
2
2
1
1
3
1
4
1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
E34
4
3
2
1
2
1
2
1
4
1
2
2
0
0
0
0
0
0
0
0
E35
5
3
2
1
1
1
3
1
4
2
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
E36
4
3
2
1
1
1
2
1
4
1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
E37
4
3
2
2
1
1
2
1
4
1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
E38
5
3
2
1
2
1
3
1
4
1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
E39
1
3
2
1
2
1
2
1
4
1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
E40
4
3
1
2
2
1
2
1
4
1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
E41
3
3
1
1
2
1
3
1
4
1
2
1
0
1
0
0
1
1
1
1
E42
5
2
2
1
2
1
1
1
4
1
1
2
0
0
0
0
0
0
0
0
E43
3
3
1
1
2
1
1
1
4
1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
E44
3
3
2
1
1
1
2
1
4
1
1
1
0
1
0
0
0
0
0
0
E45
3
5
2
1
1
1
3
1
3
1
1
2
0
0
0
0
0
0
0
0
E46
4
3
1
1
2
1
2
3
1
1
1
4
0
0
0
0
0
1
0
0
E47
3
4
1
2
1
1
2
1
4
1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
E48
5
1
1
1
2
1
1
1
4
1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
E49
5
3
1
1
2
1
3
1
4
1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
E50
3
3
1
2
1
1
2
1
4
1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
E51
5
3
2
1
2
1
2
1
4
1
1
2
0
1
0
0
0
0
0
0
E52
2
4
2
1
1
1
2
1
4
2
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
E53
4
3
1
1
2
1
2
1
4
1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
E54
5
3
1
2
2
1
3
1
4
1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
1
E55
5
2
2
1
2
1
2
1
4
1
1
1
0
1
0
0
0
0
0
0
E56
5
3
2
2
2
1
2
1
4
1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
E57
5
3
1
2
2
2
3
1
4
1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
E58
3
3
2
1
1
1
3
1
4
1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
E59
5
3
2
1
1
1
3
1
4
1
1
1
0
0
0
0
0
1
0
0
E60
5
4
2
1
2
1
2
1
1
1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
E61
5
3
1
2
2
1
3
3
1
1
4
1
0
0
0
0
0
0
0
0
E62
4
2
2
1
2
1
2
1
4
1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
E63
3
3
2
1
1
1
2
1
4
1
1
2
0
0
0
0
0
0
0
0
E64
3
3
1
1
1
1
2
1
4
1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
E65
3
3
1
2
1
1
3
1
4
1
1
1
0
1
0
0
0
0
0
0
E66
4
2
1
2
1
1
3
1
4
1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
E67
5
3
2
1
1
1
2
1
4
1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
E68
1
3
1
1
2
1
2
1
4
1
2
5
0
0
0
0
0
0
0
0
E69
5
3
1
1
2
1
2
1
4
1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
E70
4
4
2
1
2
1
1
1
1
1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
E71
4
3
2
2
2
1
3
1
4
1
1
1
0
1
0
0
0
0
0
0
E72
1
3
2
1
1
1
2
1
4
1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
E73
4
2
2
1
1
1
3
1
4
1
1
2
0
0
0
0
0
0
0
0
E74
4
3
2
1
1
1
1
1
4
1
1
5
0
0
0
0
0
0
0
0
E75
3
3
2
1
2
1
3
1
4
1
1
1
0
1
0
0
0
0
0
0
E76
5
3
1
2
1
1
2
1
4
1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
E77
2
3
2
1
1
1
2
1
4
1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
E78
3
3
1
1
2
1
2
1
4
1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
E79
5
3
2
1
2
1
2
4
4
1
1
1
0
0
0
0
1
0
0
0
E80
5
3
2
2
2
2
2
1
1
1
1
5
0
0
0
0
0
0
0
0
E81
4
5
1
2
2
1
3
1
4
1
1
1
0
0
0
0
0
1
0
1
E82
5
3
2
1
2
1
2
1
4
1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
Microcrédito
ISS Tecnológico
Campo 1 campo 2
Ações de
estímulo à
criação de
novos
negócios
Ações de
apoio a
negócios
Empreendedor Empresa
Parque de Incubadoras Empresariais
Profissão Emp[resário
Atributos
Tecnoparque
Parque de Software
Curitiba Exporta
Programa unicipal de Design
continua...
84
...continuação da Tabela 2: Mapa de relações dos atributos dos atores e das ações do programa Bom Negócio
Identificação Empresas
Idade
Formação
Sexo
Motivação do negócio
Ano de abertura da empresa
Localização
Ramo de Atividade
Principal mercado
Alcance de mercado
Mortalidade de empresas
Número de empregos gerados
Acesso a recursos
E83 4 4 1 1 2 1 3 1 4 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0
E84
4
3
1
2
1
1
3
1
1
1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
E85
4
4
1
1
2
2
3
1
4
1
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0
0
0
0
0
0
0
0
E86
3
3
1
1
2
1
2
1
4
1
1
3
0
1
0
0
0
0
0
0
E87
5
3
2
2
2
1
1
1
4
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1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
E88
5
4
1
1
2
1
2
1
4
1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
E89
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1
1
1
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1
1
1
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0
0
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0
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1
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0
0
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0
0
0
0
E91
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1
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E92
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1
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1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
E93
3
2
2
1
2
2
3
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1
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1
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0
0
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0
0
0
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E94
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0
0
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0
E95
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1
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E96
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0
0
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E97
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0
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E98
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E99
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0
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0
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0
0
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E106
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0
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0
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E107
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0
0
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E112
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0
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E124
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E125
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E127
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E128
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E131
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E133
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E134
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E135
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1
1
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0
0
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E136
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0
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E137
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0
0
0
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E138
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0
0
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E139
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0
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E140
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E141
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0
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0
E142
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1
1
1
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0
0
0
0
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0
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E143
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4
1
1
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0
0
0
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0
E144
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1
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1
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0
0
0
0
0
0
0
E145
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1
3
1
4
2
1
1
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0
0
0
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E146
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1
1
1
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1
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0
0
0
0
0
0
0
E147
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4
2
2
2
1
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1
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0
0
0
0
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0
E148
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4
1
1
2
1
2
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0
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0
E149
2
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1
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1
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1
1
1
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0
0
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0
0
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0
E150
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1
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0
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0
0
E151
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1
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0
0
0
0
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E152
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1
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0
0
0
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0
E153
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0
0
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0
0
E154
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1
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0
1
1
0
1
1
E156
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0
0
0
0
0
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0
E157
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1
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0
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E158
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0
0
0
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E159
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0
E160
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0
0
0
0
0
0
0
E161
2
3
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2
1
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4
1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
E162
5
5
1
1
2
1
3
1
4
1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
E163
4
3
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2
2
1
2
1
4
1
1
2
0
0
0
0
0
0
0
0
E164
4
3
2
2
1
1
1
1
4
1
1
6
0
0
0
0
0
0
0
0
Campo 1 campo 2
Atributos Ações de Ações de
Empreendedor Empresa
Parque de Incubadoras
Empresariais
Profissão Emp[resário
Microcrédito
ISS Tecnológico
Tecnoparque
Parque de Software
Curitiba Exporta
Programa unicipal de Design
Fonte: Elaboração baseada na estrutura do questionário aplicado (Apêndice A).
85
O mapa de relações apresenta dois campos distintos.O primeiro (campo 1) contém os
atributos dos atores, sendo cada um deles (característica) relacionado a perguntas do
questionário elaborado para a pesquisa e preenchido de acordo com sua legenda específica.
Assim, como atributos dos empreendedores, tem-se:
a) idade do empreendedor verifica a faixa etária com que o empresário iniciou seu
negócio:
(1) 15 a 20 anos;
(2) 21 a 25 anos;
(3) 26 a 35 anos;
(4) 36 a 40 anos;
(5) mais de 41;
b) formação do empreendedor – verifica o grau de instrução do empresário:
(1) Nenhum;
(2) Ensino básico ou fundamental;
(3) Ensino médio;
(4) Superior;
(5) Pós-Graduação
c) sexo do empreendedor – verifica a quantidade de empreendedores por gênero:
(1) Masculino;
(2) Feminino;
d) motivação do negócio verifica se a atividade surgiu por necessidade ou por
aproveitamento de oportunidade:
(1) Oportunidade;
(2) Necessidade.
Como atributos das empresas, tem-se:
a) ano de abertura da empresa verifica a data de início das atividades das
empresas:
(1) empresas abertas anteriormente a 2005;
(2) empresas abertas após 2005;
b) localização verifica se as empresas que surgiram por influência do programa
estão localizadas em Curitiba (objetivo do programa) ou se estão dispersas em
outras áreas:
(1) Curitiba;
(2) Região Metropolitana de Curitiba;
86
(3) outra cidade do Paraná;
(4) outra cidade no Brasil;
c) ramo de atividade – verifica o setor econômico de enquadramento da empresa:
(1) Indústria;
(2) Comércio;
(3) Serviços;
d) principal mercado – verifica a abrangência do principal mercado de cada empresa:
(1) Local;
(2) Estadual;
(3) Nacional;
(4) Internacional;
e) alcance de mercado verifica se a empresa alguma vez comercializou ou prestou
serviços para mercados externos ao local:
(1) Outros estados;
(2) Outros países;
(3) Outros estados e outros países,
(4) Nunca exportou;
f) mortalidade de empresas – verifica a continuidade das atividades da empresa:
(1) Continua suas atividades;
(2) Encerrou suas atividades;
g) número de empregos gerados verifica o porte da empresa pelo número máximo
de empregos gerados simultaneamente:
(1) 1 a 10 empregos;
(2) 11 a 20 empregos;
(3) 21 a 50empregos;
(4) mais de 50 empregos;
h) acesso a recursos identifica as principais fontes de recursos para a abertura e
ampliação de atividade econômica:
(1) Próprios;
(2) Empréstimo de familiares e amigos;
(3) Crédito privilegiado da Prefeitura;
(4) Financeira;
(5) Bancos;
(6) Outro.
87
O segundo conjunto (campo 2) mostra as relações das empresas com as ações do
programa, formando a base para a estruturação da matriz de relacionamentos (Tabela 3), a
qual foi inserida no software. No caso de relação da empresa ou empreendedor com o
programa, o campo foi preenchido pelo número “1”; do contrário, recebeu o número “0”.
É importante ressaltar que, para estas análises, as empresas ou empreendedores
necessariamente participaram do programa Bom Negócio, ou seja, foram capacitados pelo
mesmo.
Este campo do mapa de relações foi estruturado segundo a classificação proposta
anteriormente (ver item 3.2 Programa Bom Negócio) das ações em duas categorias de
acordo com suas finalidades:
a) ações de estímulo ao surgimento de novos negócios:
a.1) Parque de Incubadoras Empresariais de Curitiba (INCUB.);
a.2) Profissão Empresário ( PROF.E.);
a.3) Tecnoparque (TECNP.);
a.4) Parque de Software (P.SOFT.);
b) ações de apoio a negócios (existentes):
b.1) Curitiba exporta (EXPORT);
b.2) Programa Municipal de Design (DESIGN);
b.3) Microcrédito (M.CRED.);
b.4) Imposto sobre Serviços (ISS) Tecnológico (ISS TEC.)
A partir da inserção da matriz de relacionamentos no Ucinet 6, foram geradas as
imagens da configuração da rede de afiliação, que, com a inserção dos atributos
(características dos atores no campo 1), se tornam gráficos temáticos representativos, os quais
são explicados, interpretados e discutidos na seção seguinte (5 Resultados e discussão), de
forma a fundamentar o processo de gestão voltado ao estímulo ao empreendedorismo.
A figura 9 apresenta uma matriz de relacionamentos ilustrativa. A matriz elaborada
pelo trabalho encontra-se disponível do Apêndice B.
88
Figura 9: Matriz de relacionamentos ilustrativa das empresas com as ações do programa Bom
Negócio
Fonte: Elaboração baseada no software Ucinet 6.
Nota: Matriz elaborada constante do Apêndice B.
4.2 ANÁLISE DO PROGRAMA SOB A ÓTICA DOS PARTICIPANTES
A partir das respostas ao questionário aplicado (Apêndice A), indagando sobre as
possibilidades de melhoria no programa, além da solicitação de sugestões, foram tabuladas as
principais observações feitas pelos empreendedores formados pelo curso.
Em razão da ampla variedade de respostas, cada qual com mais de uma sugestão ou
comentário, decidiu-se utilizar o número de comentários e sugestões e não o de pessoas. As
respostas se deram de forma espontânea, ou seja, não houveram informações dadas ou
sugeridas.
Para fins de sistematização das informações, os resultados foram classificados em três
grupos: sugestões, aspectos positivos e possibilidades de melhoria.
E1
E2
E3
E4
E5
E6
E7
E8
E9
E10
E11
E12
E13
E14
E15
E16
E17
E18
E19
E20
E21
E22
E23
E24
E25
E26
E27
E28
E29
E30
E31
INCUB.
PROF.E.
INF. SE s
TECNOP.
P.SOFT.
EXPORT.
DESIGN
INF. SE a
M.CRED.
ISS TEC.
E1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
E2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
E3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
E4 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
E5 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
E6 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
E7 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
E8 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
E9 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
E10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
E11 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
E12 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
E13 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
E14 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
E15 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
E16 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
E17 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
E18 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
E19 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
E20 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
E21 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
E22 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
E23 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
E24 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
E25 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
E26 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
E27 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
E28 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
E29 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
E30 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
E31 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
INCUB.
PROF.E.
INF. SE s
TECNOP.
P.SOFT.
EXPORT.
DESIGN
INF. SE a
M.CRED.
ISS TEC.
89
O objetivo deste item consiste em fornecer um feedback do programa a partir da
opinião dos participantes e colaborar, de forma complementar, para as análises anteriormente
realizadas.
4.3 SUBSÍDIOS PARA FUTUROS PROGRAMAS SIMILARES
Neste tópico, o trabalho se baseou nas recomendações voltadas a planejadores e
gestores de programas de apoio ao empreendedorismo formuladas por GEM (2006), por meio
das quais buscou-se identificar, nos resultados obtidos do presente trabalho, eventuais
similaridades entre problemas e soluções encontradas no Bom Negócio e na pesquisa
internacional especializada no tema. Para tanto, foram selecionados os itens considerados de
maior relevância no contexto da rede de apoio ao empreendedorismo estudada.
Com a discussão dos resultados obtidos, pode-se extrair contribuições e subsídios aos
gestores urbanos para embasamento de futuros planos de desenvolvimento econômico local
baseados no estímulo ao empreendedorismo.
90
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A pesquisa realizada recebeu 245 respostas para os questionários, preenchidas por
participantes do programa Bom Negócio, número que lhe confere um nível de confiança de
89,7%.
Como anteriormente apresentado (ver item 4.2.1 Avaliação dos relacionamentos), o
mapa de relações contém os atributos dos atores, extraídos das respostas do questionário
aplicado (Apêndice A), possibilitando a observação das relações entre os mesmos e as ações
de estímulo a novos negócios e de apoio aos negócios, além de permitir a elaboração da
matriz de relacionamentos.
O gráfico de inserção da matriz de relacionamentos no Ucinet 6 elaborado (Figura 10),
consistiu no primeiro passo da pesquisa Este é o gráfico base para derivação de várias
análises, o qual subsidia grande parte da discussão dos resultados e suas variações.
Os atores (E1 a E164) correspondem aos participantes do programa que possuíam uma
empresa ou a iniciaram após o curso. Estes 164 participantes somam-se aos outros 81
entrevistados que não possuem empresas.
Os ícones coloridos representam os atores (empresas e ações da Curitiba S.A.) e as
setas as relações de participação das empresas nos programas. Os sentidos das setas (relation
ties) definem a natureza das ações (estímulo a novos negócios ou apoio a negócios existentes),
como demonstrado na seção 4 - Procedimentos metodológicos.
A grande concentração em torno do ícone Bom Negócio (B.NEG.), é fruto do método
desenvolvido, o qual considerou pré-requisito para a pesquisa o vínculo de participação no
programa. As empresas com apenas uma ligação (grau 1), a grande maioria (133), estão
vinculadas apenas ao Bom Negócio, enquanto as empresas de grau 2 (31) compõem e
confirmam a organização em rede das ações de apoio aos empreendedores.
91
Figura 10: Gráfico base da matriz de relacionamentos entre atores e ações do programa Bom Negócio
Fonte: Elaboração baseada nos questionários aplicados e no software Ucinet 6.
Notas: B. NEG. – Programa Bom Negócio.
Ações de estímulo ao surgimento de novos negócios:
TECNO – Tecnoparque;
INCUB – Parque de Incubadoras Empresariais de Curitiba;
P. SOFT. – Parque de Software;
PROF. E. – Profissão Empresário.
Ações de apoio a negócios (existentes):
M. CRED. – Microcrédito;
EXPORTA – Curitiba Exporta;
ISS TEC. – Imposto sobre Serviços (ISS) Tecnológico;
DESIGN – Programa Municipal de Design.
O segundo passo diferenciação das empresas influenciadas pelo programa e as ações
da Curitiba S.A. é representado no gráfico constante da Figura 11, o qual demonstra como
se configurou a rede de afiliação formada pelos participantes do Bom Negócio e as ações
coordenadas pela Curitiba S.A. As empresas de grau 1 correspondem às vinculadas somente
ao Bom Negócio. As de grau 2 ou superior representam as empresas que utilizaram uma ou
mais ações além do programa. A rede configurada e as empresas que a compõem serão
discutidas a partir do item 5.2 – Rede de apoio e empresas participantes.
92
Figura 11: Gráfico de diferenciação entre empresas e ações do programa Bom Negócio
Fonte: Elaboração baseada nos questionários aplicados e no software Ucinet 6.
Notas: B. NEG. – Programa Bom Negócio.
Ações de estímulo ao surgimento de novos negócios:
TECNO – Tecnoparque;
INCUB – Parque de Incubadoras Empresariais de Curitiba;
P. SOFT. – Parque de Software;
PROF. E. – Profissão Empresário.
Ações de apoio a negócios (existentes):
M. CRED. – Microcrédito;
EXPORTA – Curitiba Exporta;
ISS TEC. – Imposto sobre Serviços (ISS) Tecnológico
DESIGN – Programa Municipal de Design.
5.1 PERFIL DOS EMPREENDEDORES ENTREVISTADOS
Inicialmente, buscou-se entender o perfil das pessoas que aderiram ao programa. Para
isso, cabe ressaltar a divisão existente entre cidadãos que abriram empresas após cursar o
Bom Negócio ou que eram empresários anteriormente e participantes que não possuem ou não
iniciaram novos negócios.
Os demais gráficos que apresentam a rede formada, além dos até aqui
apresentados, ilustram apenas 66,9% dos entrevistados (164 pessoas) que se apresentaram
93
com empresas abertas ou que iniciaram um novo negócio após o curso, a partir de então
denominados “empresários”. O percentual de pessoas que não abriram empresas ou não
iniciaram novas atividades foi de 33,1% (81 pessoas), os quais são denominados de “não
empresários”. Esta separação (Figura 12) é necessária para a análise de vários tópicos nos
itens subseqüentes.
empresários; 66,9%
não empresários;
33,1%
Figura 12: Gráfico de diferença percentual entre empresários e não empresários
Fonte: Elaboração baseada nos questionários aplicados.
5.1.1 Motivação do negócio
A motivação dos negócios só pode ser avaliada entre os ditos “empresários”, uma vez
que somente eles possuem atividades empresariais. São definidos como empreendedores por
oportunidade, os motivados por uma percepção rentável de negócio. Os empreendedores por
necessidade são motivados pela falta de alternativa satisfatória de trabalho e renda.
O Brasil apresenta uma característica marcante, pois é um dos países mais
empreendedores do mundo (sétimo lugar); no entanto, apresenta altas taxas de
empreendedorismo por necessidade. Embora a maioria dos empreendedores seja
94
orientada por oportunidade, a presença dos que empreenderam por necessidade é
sensivelmente alta se comparada a outros países (GEM, 2006).
Schlemm (2006) sustenta que grande parte dos empreendedores iniciais no mundo
afirma estar seguindo uma oportunidade de negócio. Os países de maior poderio econômico
são aqueles onde a taxa de empreendedorismo por oportunidade é sensivelmente maior que a
estabelecida por necessidade.
Altos índices de negócios por necessidade são comuns nos países com predomínio de
população de baixa renda e altas taxas de desemprego como os da América Latina (GEM,
2004).
Entre os participantes do programa, o percentual foi de 71,3% de empreendedores por
oportunidade e 28,6% por necessidade (Figura 13). A razão entre empresários por
oportunidade e por necessidade obtida (2,4) se equipara à da Alemanha
1
(25º do mundo neste
quesito). A média mundial é de 5,9. A razão no Brasil é de 1,1, portanto, sensivelmente menor
que a dos empreendimentos no Bom Negócio.
necessidade;
28,6%
oportunidade;
71,4%
Figura 13: Gráfico de distribuição dos empresários do programa Bom Negócio pela motivação
Fonte: Elaboração baseada nos questionários aplicados.
1
Dados constantes da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM, 2006).
95
Dentre os empreendedores iniciais, neste trabalho definidos como empresários que
iniciaram suas atividades após o curso, o percentual de negócios por oportunidade é de
87,5%. O percentual por oportunidade, calculado com o total de empresários estabelecidos,
ou seja, com negócios iniciados anteriormente ao curso, é de 64,3%. Estes números
demonstram que a capacitação de empreendedores, objetivo maior do Bom Negócio, foi
capaz de elevar a proporção de negócios por oportunidade.
5.1.2 Idade
A pesquisa realizada com os participantes do Bom Negócio, considerando a totalidade
de empresários e não empresários revela a distribuição por faixas etárias constante na
Figura 14.
6,1%
8,9%
22,7%
18,3%
45,1%
15 a 20 21 a 25 25 a 35 35 a 40 mais de 41
Figura 14: Gráfico de distribuição dos participantes do programa Bom Negócio por faixas etárias
Fonte: Elaboração baseada nos questionários aplicados.
Segundo GEM (2006), a atividades empreendedoras iniciais no mundo predominam
entre as pessoas de 25 e 34 anos; por sua vez, os empreendedores estabelecidos situam-se
entre 45 a 54 anos.
96
Considerando apenas os empreendedores iniciais pesquisados (começaram suas
atividades após o curso), são predominantes os indivíduos com mais de 41 anos (33,4%),
faixa em reconhecidamente existem menos oportunidades no mercado de trabalho, seguidas
das faixas etárias de 25 a 34 e de 36 a 40 anos, ambas com 25,0%; por fim, tem-se as pessoas
de 25 anos ou menos, com 16,6%.
De maneira geral, o Brasil tem replicado os resultados do resto do mundo, com
destaque para a taxa de empreendedorismo na faixa etária de 18 a 24 anos (12,6%), número
expressivo em relação a países de média e alta renda (6,0%) e em relação à média mundial
(9,2%) (GEM, 2006).
Observando-se a Figura 15, nota-se que a proporção de empreendedores com até 25
anos realmente reflete o que a pesquisa internacional demonstrou em relação ao Brasil, ou
seja, 12,79%.
Quando se separam os empresários dos não empresários (Figuras 15 e 16), as
proporções se mantém próximas, com variações nas faixas etárias de 15 a 20 e 36 a 40 anos.
3,7%
9,1%
21,3%
20,1%
45,1%
15 a 20 21 a 25 25 a 35 35 a 40 mais de 41
Figura 15: Gráfico de distribuição dos participantes do programa Bom Negócio por faixas etárias entre os
empresários
Fonte: Elaboração baseada nos questionários aplicados.
97
10,9%
8,5%
25,6%
14,6%
40,2%
15 a 20 21 a 25 25 a 35 35 a 40 mais de 41
Figura 16: Gráfico de distribuição dos participantes do programa Bom Negócio por faixas etárias entre os não
empresários
Fonte: Elaboração baseada nos questionários aplicados.
Entre a população curitibana, predomina a faixa etária de 20 a 24 anos, seguida
daquela estabelecida entre 15 e 19 anos (Figura 17). Há, portanto, um grande contingente de
pessoas nas faixas etárias mais jovens, as quais apresentam altas taxas de empreendedorismo
em relação a países desenvolvidos. Segundo GEM (2006), muitos jovens podem estar
empreendendo por necessidade devido à combinação da falta de acesso ao ensino superior
(11,0% dos indivíduos desta faixa etária) e de empregos formais.
Figura 17: Pirâmide etária da população total de Curitiba, por sexo – 2000
Fonte: IBGE (2000
2
apud IPPUC, 2007)
2
Ver IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo demográfico 2000. Rio de Janeiro,
2000.
98
Na rede formada pelo Bom Negócio, cruzando-se os atributos idade e motivação do
negócio, não se confirma esta hipótese aventada por GEM (2006) entre os participantes do
programa, pois, como se pode notar na Figura 18, pelos ícones em amarelo, os
empreendedores por oportunidade são 85,7% contra apenas 14,3% de empreendimentos
por necessidade entre os jovens.
Este resultado pode ser reflexo de uma cultura empreendedora incipiente no Brasil,
que vem crescendo a partir de iniciativas para capacitação de jovens empreendedores,
buscando corrigir a deficiência dos currículos escolares no tocante à preparação dos
indivíduos para empreender e apresentando o empreendedorismo como opção de carreira.
Atualmente, segundo GEM (2006), 76,0% dos brasileiros consideram o início de um
novo negócio como opção desejável de carreira, contrariando a opinião de especialistas
consultados pela pesquisa internacional sobre as normas culturais no país a respeito da
supervalorização do emprego formal, principalmente no Estado e nas grandes empresas, em
detrimento de uma carreira empresarial.
É de extrema importância que as instituições de ensino públicas e privadas promovam,
ainda no início da formação profissional dos jovens, a atitude empreendedora, a criatividade e
a inovação, seja por disciplinas específicas voltadas para essas competências, seja como tema
transversal ou filosofia que perpassa todo o processo educativo.
Para Furtado (2003), o jovem empreendedor sofre com a falta de conhecimento e
experiência nas práticas administrativas e gestão de pessoal, assim como com a pouca
familiaridade com instrumentos de planejamento financeiro e de análise de mercado. O
empresário iniciante, por exemplo, tende a confundir receita com lucro e é, muitas vezes,
incapaz de lidar adequadamente com flutuações conjunturais de preços de insumos e custos de
mão-de-obra, descapitalizando rapidamente seu negócio.
99
Programas de apoio à criação de empresas ou ao auto-emprego de jovens precisam,
antes de qualquer coisa, ter a capacidade de ofertar ações de qualificação, consultoria e
assessoramento necessários à montagem e ao desenvolvimento do negócio. Aparentemente, as
únicas entidades capazes de prestar esse tipo de serviço no Brasil são o Serviço Brasileiro de
Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e a rede de incubadoras de empresas
3
, e ambas
tendem a se concentrar nos jovens universitários. Sua capacidade para gerenciar um programa
em larga escala, contudo, ainda precisa ser testada (FURTADO, 2003).
Segundo o mesmo autor, a possível ação da gestão pública nesse sentido, em uma
análise de implantação de programas para jovens, como, por exemplo, o Programa de Geração
de Emprego e Renda (Proger) Jovem Empreendedor, do Governo Federal, seria dar
preferência à concessão de crédito para os empreendimentos gerados a partir das incubadoras
vinculadas a universidades e centros de pesquisa, dado o relativamente elevado número de
postos de trabalho por eles gerados e sua baixa taxa de mortalidade.
Essa advertência quanto à eficácia de políticas de apoio ao empreendedorismo e ao
auto-emprego como possibilidade de redução para o desemprego de jovens é de extrema
importância em função das restrições orçamentárias para capital de risco.
Portanto, a adoção, por parte das gestões municipais, de um programa de estímulo ao
empreendedorismo juvenil com o objetivo de reduzir as taxas de desemprego nessa faixa
etária precisa ser precedida de análises criteriosas quanto aos custos e benefícios de sua
implantação e de uma estabelecida rede de apoio para obterem sucesso em relação a outras
políticas ativas para o mercado de trabalho, como as ações voltadas para a inserção no
primeiro emprego.
3
Rede de incubadoras de empresas é entendida pelo autor como as diversas redes de incubadoras
existentes no país e não O estímulo e o apoio público ao empreendedorismo no Brasil uma específica.
100
Figura 18: Gráfico de interação entre idade e motivação do negócio entre os participantes do programa Bom
Negócio
Fonte: Elaboração baseada nos questionários aplicados e no software Unicet 6.
Notas: B. NEG. – Programa Bom Negócio.
Ações de estímulo ao surgimento de novos negócios:
TECNO – Tecnoparque;
INCUB – Parque de Incubadoras Empresariais de Curitiba;
P. SOFT. – Parque de Software;
PROF. E. – Profissão Empresário.
Ações de apoio a negócios (existentes):
M. CRED. – Microcrédito;
EXPORTA – Curitiba Exporta;
ISS TEC. – Imposto sobre Serviços (ISS) Tecnológico;
DESIGN – Programa Municipal de Design.
Reforçando o interesse dos jovens pelo empreendedorismo, o Bom Negócio apresenta
entre os “não empresários” 10,9% de pessoas na faixa etária entre 15 e 20 anos e quase 19,5%
se somados aos alunos entre 21 e 25 anos.
Os números refletem a busca dos jovens em se preparar para a abertura do seu futuro
empreendimento, além de aumentar a importância da rede de apoio constituída pelas ações da
Curitiba S.A. para esta porção menos experiente.
101
Outro aspecto de destaque é que, dentre os não empresários identificados nesta
pesquisa, uma parcela considerável (6,1%)
4
pretende abrir um negócio após a aposentadoria.
Esta intenção motivou-os a aderir ao Bom Negócio.
Com o aumento da expectativa de vida, as pessoas passam a considerar esta etapa de
outra forma. Como o período após a aposentadoria se torna cada vez mais longo, existe a real
necessidade de se garantir o sustento a partir de então. Alguns são capazes de optar pela
diminuição do ritmo de vida, fruto do planejamento e economia de anos de trabalho. Muitos,
porém, por necessidade, buscam alternativas para se sustentar ou se manter no mercado.
A questão do empreendedorismo na terceira idade está vinculada às necessidades de
manutenção da renda, da identidade e das relações interpessoais. A necessidade de
manutenção do poder aquisitivo tem levado os aposentados a buscarem novas alternativas
como forma de compensação à redução de seus rendimentos em decorrência da aposentadoria.
A experiência profissional da qual um aposentado de terceira idade é detentor após
toda uma vida dedicada ao trabalho, permite-lhe dispor de um conjunto de conhecimentos e
habilidades que o proporciona tranqüilidade para o desempenho de novas atividades ou de
outras semelhantes às que desenvolvia antes da aposentadoria, além de possibilitar-lhe,
também, respostas rápidas e consistentes diante dos mais diversos problemas num ambiente
empresarial, de tal modo que a sua participação possa ser decisiva no sucesso de novos
empreendimentos (TEIXEIRA, 2001).
Entre os entrevistados com mais de 41 anos (40,2% da amostra), muitos, se não
apresentam idade para a aposentaria, o deverão fazer em um horizonte médio de 10 a 15 anos.
No caso do Brasil, e de outros países classificados como "emergentes", a proporção de
jovens tem diminuído a cada ano, ao passo que o índice da população idosa vem aumentando
(Figura 19). Essa é uma das razões das mudanças recentes no sistema de previdência social,
com estabelecimento de idade mínima para a aposentadoria e teto máximo para pagamento ao
aposentado.
4
Porcentagem obtida por meio de pergunta aberta (questionário – ver Apêndice A).
102
Figura 19: Pirâmide etária da população residente total do Brasil, por sexo – 1980, 1991 e 2000
Fonte: IBGE (2007)
Com a tendência de redução da base da pirâmide etária, o Sebrae, a Fundação de
Seguridade Social (Geap) e outras instituições vêm trabalhando a questão do
empreendedorismo na terceira idade de modo mais intensivo desde 2004, com seminários em
todo o país. Consideram-se as abordagens como a segunda carreira, que começa a ser
articulada em algumas empresas, fomentando a preparação para a mudança de atividade na
conclusão da carreira realizada ao longo da vida, assim como os cursos de Preparação para
uma Aposentadoria Ativa (PPA), que começam a surgir. Os PPAs iniciaram por meio de
empresas que passaram a proporcionar aos seus funcionários, prestes a se aposentar, um
espaço de reflexão sobre as possíveis perdas e ganhos relativos ao afastamento do trabalho
(MOREIRA, 2000).
Portanto, em função da citada perspectiva de alargamento do topo da pirâmide etária,
se torna importante a atuação do setor público junto a esta fatia da sociedade, ampliando
expectativas para ajuda aos trabalhadores no planejamento dos anos posteriores ao seu
desligamento, pois muitos deles irão iniciar novas atividades empresariais em sua
aposentadoria.
O estímulo ao empreendedorismo pode cumprir importante papel nesta fase da vida de
muitas pessoas, merecendo atenção dos formuladores de programas públicos.
103
5.1.3 Formação
Considerando o total de pessoas pesquisadas, a distribuição por grau de escolaridade
está representada na Figura 20.
Figura 20: Gráfico de distribuição dos participantes do programa Bom Negócio por grau de escolaridade
Fonte: Elaboração baseada nos questionários aplicados.
O resultado da pesquisa vem de encontro aos dados obtidos por GEM (2006), os quais
mostram um percentual elevado de pessoas com baixa formação. A média brasileira de
empreendedores com formação superior é de 14,0%, percentual abaixo da média do grupo de
países de baixa renda (23,0%). Se comparados a países desenvolvidos (58,0%), a diferença é
muito elevada (GEM, 2006).
As Figuras 21 e 22 explicitam, respectivamente, os dados separados de empresários e
não empresários. Embora a predominância de pessoas que cursaram o Bom Negócio seja de
baixa escolaridade, o percentual com formação superior (36,6%) dos empresários é
consideravelmente maior que a média nacional.
Aparentemente, os resultados aferidos no Bom Negócio o diferem do público
atingido pelo Linhão do Emprego, o qual detectou 15,4% de empreendedores com apenas o
ensino fundamental, 38,5% de pessoas com o ensino médio e 21,2% com curso superior. Este
seguramente é o traço característico das regiões onde foram implantados os programas.
2,0%
11,0%
58,4%
20,4%
8,2%
nenhuma
ensino
fundamental
ensino médio
superior
pós-graduação
104
Figura 21: Gráfico de distribuição dos empresários participantes do programa Bom Negócio por grau de
escolaridade
Fonte: Elaboração baseada nos questionários aplicados.
0,0%
13,4%
50,0%
23,2%
13,4%
nenhuma ensino
fundamental
ensino médio superior s graduação
Figura 22: Gráfico de distribuição dos não empresários participantes do programa Bom Negócio por grau de
escolaridade
Fonte: Elaboração baseada nos questionários aplicados.
Entre os empresários, o percentual de pessoas com formação superior é de 24,4%, ou
seja, dentro dos níveis médios dos países de baixa renda.
Conforme GEM (2006) o número empreendimentos por necessidade aumenta quando
existe baixa formação dos empreendedores. Esta afirmação é contrariada pelos dados do
3,0%
9,8%
62,8%
18,9%
5,5%
nenhuma
ensino
fundamental
ensino médio
superi
or
pós-graduação
105
gráfico constante da Figura 23 o qual cruza informações de formação e motivação do negócio,
buscando verificar esta constatação. Da sua observação, nota-se a predominância de círculos
vermelhos, os quais representam pessoas de baixa formação com negócios por oportunidade
(74,0%). Contudo, o percentual desta tipologia de negócios entre os de formação superior
(círculos amarelos) é também muito alto (65,0%), de certa forma confirmando o que afirma a
pesquisa internacional sobre o Brasil.
A proporção de pessoas que empreenderam por oportunidade entre os indivíduos de
baixa formação supera os empresários de formação superior em função do perfil dos
interessados no programa da prefeitura atualmente (Figura 23).
Figura 23: Gráfico de interação entre formação e motivação do negócio entre os participantes do programa
Bom Negócio
Fonte: Elaboração baseada nos questionários aplicados e no software Unicet 6.
Notas: B. NEG. – Programa Bom Negócio.
Ações de estímulo ao surgimento de novos negócios:
TECNO – Tecnoparque;
INCUB – Parque de Incubadoras Empresariais de Curitiba;
P. SOFT. – Parque de Software;
PROF. E. – Profissão Empresário.
Ações de apoio a negócios (existentes):
M. CRED. – Microcrédito;
EXPORTA – Curitiba Exporta;
ISS TEC. – Imposto sobre Serviços (ISS) Tecnológico;
DESIGN – Programa Municipal de Design.
106
A grande concentração de pessoas de baixa formação empreendendo ou buscando a
abertura de um negócio como opção de carreira pode acontecer devido ao desemprego ou em
razão da “dinâmica excludente do mercado de trabalho brasileiro que vem deteriorando as
vantagens potencialmente oferecidas pela educação, além de aumentar as desigualdades de
renda para os mesmos níveis educacionais” (POCHMANN, 2004, p.387).
Muitas pessoas podem estar optando por iniciar uma carreira como empresários
devido à falta de oportunidades em ingressar em uma universidade ou, até mesmo,
vislumbrando melhores oportunidades em relação à continuidade dos estudos.
A assertiva anterior se baseia na afirmação de Pochmann (2004) de que o aumento dos
níveis de escolaridade em um quadro de estagnação econômica, baixo investimento em
tecnologia e precarização do mercado de trabalho se mostra insuficiente para potencializar a
geração de trabalho. Contudo, seguem as vertentes daqueles que acreditam no papel
independente e autônomo da educação com relação à mobilidade social ascendente.
Os resultados também apontam para o fato de que do total de empresários de baixa
formação (75,6%), quase a metade (46,8%) se enquadra na faixa etária acima dos 41 anos de
idade, proporcionando, assim, delimitando as características do perfil de significativa parte
dos empresários participantes.
5.1.4 Sexo
Segundo o censo demográfico de 2000 (IBGE, 2000), Curitiba apresenta sua
população dividida quanto ao gênero em 52,0% de mulheres e 47,9% de homens.
Quanto aos participantes do Bom Negócio (Figuras 24 e 25), entre os primeiros 33,1%
dos participantes que não iniciaram novos negócios (não empresários), as mulheres
representam grande maioria (67,0%). Quando se tomam os dados das pessoas que possuem
uma empresa, o número de mulheres cai para 51,2%. Somando-se todos os entrevistados,
chega-se a 56,5% de mulheres e 43,5% de homens.
107
homens; 48,8%
mulheres; 51,2%
Figura 24: Gráfico de distribuição dos empresários participantes do programa Bom Negócio por sexo
(gênero)
Fonte: Elaboração baseada nos questionários aplicados.
homens; 33,0%
mulheres; 67,0%
Figura 25: Gráfico de distribuição dos não empresários participantes do programa Bom Negócio por sexo
(gênero)
Fonte: Elaboração baseada nos questionários aplicados.
108
Observando-se apenas os não empresários, fica clara a forte procura feminina pelo
início de uma nova atividade. Segundo GEM (2006), as mulheres são menos ativas em abrir e
liderar negócios em quase todos os países pesquisados. Tanto no empreendedorismo por
necessidade quanto por oportunidade, o número de homens supera o de mulheres no Brasil.
No entanto, o percentual de mulheres se eleva quando o empreendimento é motivado por
necessidade.
O Brasil, embora confirme esta informação em termos gerais, em números absolutos
as empreendedoras iniciais brasileiras garantem o terceiro lugar; (estima-se que sejam 6,3
milhões), atrás apenas das norte-americanas e chinesas, cujos países têm populações muito
maiores” (GEM, 2006, p.59).
Esta é uma situação comum nos países com predomínio de população de baixa renda,
como os da América Latina, onde, por exemplo, um grande número de mulheres se obriga a
desenvolver alguma atividade empreendedora, motivadas pela necessidade de complementar
os ganhos familiares (GEM, 2004).
Contrariando a pesquisa internacional, entre os empresários participantes do Bom
Negócio, as mulheres pesquisadas têm negócios motivados por oportunidade em 73,8% dos
casos. Entre os homens, este percentual é de 70,0%.
Entre os empreendedores iniciais, 54,1% são mulheres; dentre estas, 76,9% por
oportunidade, demonstrando sua capacidade em abrir e liderar empreendimentos. A
população feminina não tem procurado se capacitar (67,0% dos não empresários), como
também tem transformado suas idéias em oportunidades de negócios.
Apesar da escolaridade das mulheres ser comparativamente mais elevada do que a dos
homens, as condições de trabalho e remuneração tendem a ser inferiores e, ainda, podem ser
consideradas limitadas as oportunidades de inserção feminina em posições mais qualificadas,
ficando mais restritas a alguns setores do mercado (LAGES, 2005).
Neste sentido, a opção por um negócio próprio parece ser uma interessante
possibilidade de carreira e não uma necessidade atrelada ao complemento de renda familiar,
como pressuposto por GEM (2006). Como a pesquisa demonstra, muitas mulheres têm optado
por esta alternativa profissional (negócios por oportunidade).
Estes dados remetem ao fato de que alcançar um equilíbrio entre as necessidades
vinculadas aos espaços profissional, familiar e pessoal é o que mais desejam as
empreendedoras brasileiras. Percebendo, por exemplo, que trabalho e família se
complementam e se beneficiam mutuamente, as empreendedoras parecem encontrar um dos
caminhos para sustentar tal equilíbrio e obter satisfação (JONATHAN, 2005).
109
Segundo Jonathan (2005), as mulheres, e especificamente mães, que trabalham,
apresentam melhores índices de bem-estar e de satisfação. Tais dados sugerem a necessidade
de modificar o pensamento em relação ao trabalho feminino e de questionar o pressuposto de
que o trabalho fora do lar representa um fardo para as mulheres.
Empreendedoras e executivas consideram de igual importância a realização
profissional, a maternidade e o relacionamento afetivo estável com um par, bem como o
tempo dedicado a elas próprias. Tendem definitivamente abandonar a idéia de que o sucesso
em uma dimensão da vida signifique, necessariamente, fracasso nas demais (JONATHAN,
2005).
Muda o contexto de construção social da mulher, onde emerge e circula a percepção
do inconciliável, do “ou isso ou aquilo”, e o discurso da culpa feminina, internalizada pelas
mulheres no processo de socialização (JONATHAN; SILVA, 2007).
Baseado na presente pesquisa, as mulheres tendem a atingir um patamar de igualdade
em relação aos empreendedores masculinos, tanto quantitativa quanto qualitativamente, não
cabendo mais, pelos resultados obtidos, distinções de gênero.
5.2 REDE DE APOIO E EMPRESAS PARTICIPANTES
Como anteriormente apresentado, a rede se mostra altamente concentrada em apenas
um dos atores, o Bom Negócio. Dentre todas as empresas, iniciadas ou previamente
existentes, 18,9% se utilizaram de uma ou mais ações.
O gráfico da Figura 26 foi produzido a partir do grau de conectividade dos atores, ou
seja, do número total de relações (IN e OUT degree) apresentadas por cada ator. Os ícones
das ações e empresas aumentam sua dimensão proporcionalmente ao seu grau de
conectividade.
Do ponto de vista das ações do programa, conforme explicitado nos procedimentos
metodológicos (ver item 4.1 Análise da rede de ações do programa Bom Negócio), quanto
maior o grau, maior a influência ou utilização da ação dentro do programa. Isto fica
evidenciado na dimensão apresentada pelo ícone referente à ação específica. De outro lado, as
empresas com maior grau foram as mais influenciadas pelo programa, ou seja, mais se
utilizaram das ações propostas.
110
Figura 26: Gráfico de diferenciação entre empresas e ações do programa Bom Negócio a partir do grau de
conectividade
Fonte: Elaboração baseada nos questionários aplicados e no software Unicet 6.
Notas: B. NEG. – Programa Bom Negócio.
Ações de estímulo ao surgimento de novos negócios:
TECNO – Tecnoparque;
INCUB – Parque de Incubadoras Empresariais de Curitiba;
P. SOFT. – Parque de Software;
PROF. E. – Profissão Empresário.
Ações de apoio a negócios (existentes):
M. CRED. – Microcrédito;
EXPORTA – Curitiba Exporta;
ISS TEC. – Imposto sobre Serviços (ISS) Tecnológico;
DESIGN – Programa Municipal de Design.
Os dados da Tabela 4, extraídos do software Ucinet 6, apresentam o grau de
conectividade de cada ator na rede. O Bom Negócio possui grau 164, ou seja, todas as
empresas pesquisadas se conectam a ele. A segunda ação de maior grau foi o Profissão
Empresário, com grau 19. As empresas E155 e E41, foram as que mais se utilizaram das
ações da rede, com graus 7 e 6, respectivamente.
111
Tabela 3: Graus simétricos entre das empresas e ações do programa Bom Negócio a partir do grau de
conectividade (superior a 2)
Fonte: Elaboração baseada nos questionários aplicados e no software Unicet 6.
Graficamente, pode-se demonstrar a rede de ações de forma mais clara na Figura 27,
na qual foram removidas as empresas com grau 1 (conectadas apenas ao programa) e o
próprio Bom Negócio, uma vez que todas as empresas estão ligadas a ele.
112
Figura 27: Gráfico de rede de atores do programa com grau de conectividade igual ou superior a 2, excluído o
Bom Negócio
Fonte: Elaboração baseada nos questionários aplicados e no software Unicet 6.
Notas: Ações de estímulo ao surgimento de novos negócios:
TECNO – Tecnoparque;
INCUB – Parque de Incubadoras Empresariais de Curitiba;
P. SOFT. – Parque de Software;
PROF. E. – Profissão Empresário.
Ações de apoio a negócios (existentes):
M. CRED. – Microcrédito;
EXPORTA – Curitiba Exporta;
ISS TEC. – Imposto sobre Serviços (ISS) Tecnológico;
DESIGN – Programa Municipal de Design.
Esta representação é utilizada em algumas análises nos itens subseqüentes, pois
facilita a visualização dos resultados.
Os resultados do gráfico constante da Figura 28 demonstram como a rede de apoio
vem sendo utilizada percentualmente.
113
3,3%
61,3%
0,0%
3,3%
12,9%
22,6%
9,7%
16,1%
Parque de
Incubadoras
Profissão
Empresário
Tecnoparque
Parque de
Softwares
Curitiba
Exporta
Design
Microcdito
ISS
Tecnológico
Figura 28: Gráfico de proporcionalidade de empresas ligadas à rede de apoio do programa Bom Negócio
Fonte: Elaboração baseada nos questionários aplicados.
Quando se observa apenas as empresas vinculadas à rede de apoio e o total de
participantes revelados nos itens anteriores (motivação, idade, formação e sexo), não se
percebe variações consideráveis nestes quesitos. Por exemplo, o gráfico da Figura 29 mostra
que 80,6% destas empresas foram motivadas por oportunidade. Contudo, como demonstrado
anteriormente, 71,3% do total de empresas pesquisadas são originárias de oportunidades de
negócio.
Quanto à idade, destaca-se apenas que entre as faixas etárias abaixo de 25 anos, o
percentual com o total de empresas, que era 12,8%, cai para 6,5% quando consideradas
apenas as empresas vinculadas à rede de apoio.
Considerando o sexo, as proporções apresentam variações ínfimas em relação ao total
de empresas, assim como a formação dos empreendedores, dispensando, desta forma, a
necessidade de representações gráficas.
114
Figura 29: Gráfico de motivação dos negócios entre empresas de grau 2 ou superior no programa Bom
Negócio
Fonte: Elaboração baseada nos questionários aplicados e no software Unicet 6.
Notas: B. NEG. – Programa Bom Negócio.
Ações de estímulo ao surgimento de novos negócios:
TECNO – Tecnoparque;
INCUB – Parque de Incubadoras Empresariais de Curitiba;
P. SOFT. – Parque de Software;
PROF. E. – Profissão Empresário.
Ações de apoio a negócios (existentes):
M. CRED. – Microcrédito;
EXPORTA – Curitiba Exporta;
ISS TEC. – Imposto sobre Serviços (ISS) Tecnológico;
DESIGN – Programa Municipal de Design.
5.2.1 Ano de abertura
O primeiro aspecto a ser trabalhado é o ano de abertura das empresas. Esta análise se
justifica por demonstrar o perfil das empresas participantes. Parte-se da divisão entre
empresas abertas anteriormente a 2005, consideradas consolidadas neste trabalho, e empresas
115
com, no máximo, três anos, ainda em consolidação. Outra questão aqui analisada são as
empresas abertas após o curso.
Observando-se a Figura 30, verifica-se maior proporcionalidade de empresas novas
(60,4%) em relação às consolidadas (39,6%); no entanto, o elevado percentual de empresas
com maior tempo de funcionamento demonstra que os empresários com mais anos de
experiência têm apresentado também interesse em se aprimorar. O Bom Negócio, atendendo
empreendimentos existentes, cumpre, assim, um de seus objetivos, o de ajudar a diminuir o
despreparo gerencial e a ausência de planejamento entre os empresários, buscando reduzir o
número de insucessos.
Figura 30: Gráfico de diferenciação entre empresas novas e empresas consolidadas do programa Bom
Negócio
Fonte: Elaboração baseada nos questionários aplicados e no software Unicet 6.
Notas: B. NEG. – Programa Bom Negócio.
Ações de estímulo ao surgimento de novos negócios:
TECNO – Tecnoparque;
INCUB – Parque de Incubadoras Empresariais de Curitiba;
P. SOFT. – Parque de Software;
PROF. E. – Profissão Empresário.
Ações de apoio a negócios (existentes):
M. CRED. – Microcrédito;
EXPORTA – Curitiba Exporta;
ISS TEC. – Imposto sobre Serviços (ISS) Tecnológico;
DESIGN – Programa Municipal de Design.
116
Observando-se somente as empresas envolvidas com a rede de apoio (Figura 31),
verifica-se que as empresas mais novas (67,7%) a têm utilizado mais efetivamente. Como o
programa foi implantado em 2005, os atores ligados à ação Profissão Empresário com
abertura anterior a este ano, poderiam tê-lo utilizado durante o Linhão do Emprego, uma
vez que esta medida auxilia os indivíduos a formalizar o empreendimento. O mesmo vale para
a E153 e E155, as quais devem ter sido incubadas durante o Linhão do Emprego.
Figura 31: Gráfico de diferenciação entre empresas de grau 2 ou superior novas e consolidadas do programa
Bom Negócio
Fonte: Elaboração baseada nos questionários aplicados e no software Unicet 6.
Notas: B. NEG. – Programa Bom Negócio.
Ações de estímulo ao surgimento de novos negócios:
TECNO – Tecnoparque;
INCUB – Parque de Incubadoras Empresariais de Curitiba;
P. SOFT. – Parque de Software;
PROF. E. – Profissão Empresário.
Ações de apoio a negócios (existentes):
M. CRED. – Microcrédito;
EXPORTA – Curitiba Exporta;
ISS TEC. – Imposto sobre Serviços (ISS) Tecnológico;
DESIGN – Programa Municipal de Design.
117
Desconsiderando estes atores, a rede de apoio, após 2005, tem 80,8% de utilização por
parte de novos empreendedores (empresas em consolidação). Destes, E26, E41, E55, E71
E75, E86 e E113 representam, na pesquisa, empresas onde seu empreendedor iniciou suas
atividades somente após o curso. Isto representa que 30,0% do total de empresas conectadas à
rede de apoio são oriundas do Bom Negócio. Do total de novas empresas pesquisadas,
descontadas as oriundas do programa, o percentual de adesão à rede é de apenas 13,9%
(Figura 32), percentual próximo ao das empresas consolidadas, as quais apresentam 14,1% do
seu total usufruindo da mesma após 2005..
Figura 32: Gráfico de proporcionalidade de adesão à rede pelas empresas consolidadas, em consolidação ou
abertas após o curso por participantes do programa Bom Negócio a partir de 2005
Fonte: Elaboração baseada nos questionários aplicados.
Outra consideração relevante é o fato de que, dos 80,8% de empresas novas que
utilizaram a rede de apoio, parcela equivalente a 71,4% é administrada por pessoas com 35
anos ou mais e apenas 4,8% por indivíduos com 25 anos ou menos (Figura 32). Portanto, uma
porcentagem diminuta de jovens tem utilizado a rede.
14,1%
13,9%
30,0%
Empresas consolidadas:
Abertura anterior a 2005
Empresas em consolidação:
Abertura a partir de 2005
Empresas abertas após
B.N.
118
5.2.2 Localização das empresas
O gráfico apresentado na Figura 33 identifica se as pessoas capacitadas pelo programa
têm suas empresas em Curitiba ou estas encontram-se dispersas por outras cidades.
Figura 33: Gráfico de localização das empresas do programa Bom Negócio
Fonte: Elaboração baseada nos questionários aplicados e no software Unicet 6.
Notas: B. NEG. – Programa Bom Negócio.
Ações de estímulo ao surgimento de novos negócios:
TECNO – Tecnoparque;
INCUB – Parque de Incubadoras Empresariais de Curitiba;
P. SOFT. – Parque de Software;
PROF. E. – Profissão Empresário.
Ações de apoio a negócios (existentes):
M. CRED. – Microcrédito;
EXPORTA – Curitiba Exporta;
ISS TEC. – Imposto sobre Serviços (ISS) Tecnológico;
DESIGN – Programa Municipal de Design.
119
Diagnostica-se que 91,5% dos participantes têm suas empresas localizadas em
Curitiba e os demais 8,5% possuem atividades na respectiva região metropolitana. Por se
tratar de um programa de gestão municipal, espera-se, logicamente, que os resultados
revertam para o município e na região de influência direta da metrópole.
5.2.3 Ramo de atividade
Quando analisados os ramos de atividades (Figura 34), detecta-se a concentração de
quase 90,0% das empresas nos ramos de comércio e serviços.
12,8%
45,1%
42,1%
Indústria Comércio Servos
Figura 34: Gráfico de proporcionalidade de ramos de atividades das empresas participantes do programa Bom
Negócio
Fonte: Elaboração baseada nos questionários aplicados.
No Linhão do Emprego, que adotou os barracões (incubadoras) como principal ação
para a criação de novas empresas, segundo IPPUC (2004), 85% dos negócios iniciados são do
ramo industrial. Por demandar, na maior parte dos casos, maior capital e espaço físico, as
incubadoras são grandes aliadas para iniciar uma atividade desta natureza.
120
Os estudos empíricos que emergiram a partir da década de 1970 revelam as aplicações
das incubadoras na geração de empregos, na revitalização de áreas economicamente
deprimidas e como um dos mecanismos de interação entre os setores acadêmico e industrial
(FIGUEIREDO; VEDOVELLO, 2005).
A implantação e operacionalização de incubadoras em economias emergentes, como
no presente caso, são normalmente efetivadas objetivando prover as suas empresas incubadas
de estrutura física, ou seja, de aspectos tangíveis (FIGUEIREDO; VEDOVELLO, 2005).
A baixa conectividade (falta de integração entre os programas) dos atores da rede de
apoio do Bom Negócio com o parque de incubadoras (remanescente do Linhão do Emprego),
como pode ser constatada na Figura 35, pode ser conseqüência da baixa proporcionalidade de
empresas do setor industrial que se capacitaram pelo Bom Negócio.
A atual ação relacionada ao Parque das Incubadoras, gerido pela Curitiba S.A., possui
módulos específicos de acompanhamento para os empresários, ou seja, dispensando
possivelmente o curso ofertado pelo Bom Negócio.
Confrontando-se os dados do ano de abertura e dos ramos de atividade da empresa,
percebe-se que a totalidade das empresas vinculadas ao parque de incubadoras o fizeram
anteriormente a 2005; portanto, nenhuma empresa foi direcionada para este parque a partir do
Bom Negócio. Este resultado alerta para o fato de que possivelmente o parque de incubadoras
não esteja efetivamente integrado a rede de ações como poderia.
Considerando somente a rede de apoio, verifica-se que 48,4% das empresas se
relacionam com o ramo comercial, 38,7% com o de prestação de serviços e apenas 12,9%
com a área industrial.
Os resultados até aqui apresentados alertam para a preocupação em aumentar a
integração com o Parque de Incubadoras Empresariais ou em ajustar os módulos do curso,
com assuntos específicos direcionados para comércio e serviços, seja com exemplos, cases,
possibilidades e estratégias de marketing direto, dentre outras possibilidades a serem
exploradas.
121
Figura 35: Gráfico de ramos de atividade entre empresas com grau de conectividade 2 ou superior do
programa Bom Negócio
Fonte: Elaboração baseada nos questionários aplicados e no software Unicet 6.
Notas: B. NEG. – Programa Bom Negócio.
Ações de estímulo ao surgimento de novos negócios:
TECNO – Tecnoparque;
INCUB – Parque de Incubadoras Empresariais de Curitiba;
P. SOFT. – Parque de Software;
PROF. E. – Profissão Empresário.
Ações de apoio a negócios (existentes):
M. CRED. – Microcrédito;
EXPORTA – Curitiba Exporta;
ISS TEC. – Imposto sobre Serviços (ISS) Tecnológico;
DESIGN – Programa Municipal de Design.
122
5.2.4 Principal mercado a alcance de mercado
Por meio dos resultados do item 5.2.2 – Localização das empresas – tem-se que
praticamente a totalidade dos empreendimentos se localizada em Curitiba e sua região
metropolitana. Neste item, investigam-se os locais onde as empresas pesquisadas têm
operado.
No questionário aplicado, perguntava-se o principal mercado de atuação da empresa,
considerando-se que eventualmente tenha outros.
Os resultados demonstram que 95,1% concentram o principal mercado no próprio
local (Curitiba e região metropolitana – Figura 36), inexistindo esta relação com outros
municípios do Paraná. Todavia, 4,3% do mercado principal relacionam-se com outras cidades
brasileiras e 0,6% com o mercado internacional.
95,1%
0,0%
4,3%
0,6%
Curitiba e R.M.C. Paraná Brasil Exterior
Figura 36: Gráfico de proporcionalidade de principais mercados das empresas participantes do programa Bom
Negócio
Fonte: Elaboração baseada nos questionários aplicados.
Notas: RMC – região metropolitana de Curitiba.
Considerando-se que a quase totalidade dos negócios está baseada no mercado
curitibano, destaca-se o fato de nenhuma empresa participante trabalhar com outros
municípios do Paraná.
123
Estes dados possivelmente reflitam o perfil até aqui identificado dos empreendedores,
ou seja, pequenos negócios em áreas de prioritariamente de baixa renda objetivadas pelo
programa.
Outro fator relevante é que a única empresa focada no mercado internacional recebe o
apoio da ação Curitiba Exporta, como se pode notar na Figura 37.
Figura 37: Gráfico de principais mercados das empresas participantes do programa Bom Negócio
Fonte: Elaboração baseada nos questionários aplicados e no software Unicet 6.
Notas: B. NEG. – Programa Bom Negócio.
Ações de estímulo ao surgimento de novos negócios:
TECNO – Tecnoparque;
INCUB – Parque de Incubadoras Empresariais de Curitiba;
P. SOFT. – Parque de Software;
PROF. E. – Profissão Empresário.
Ações de apoio a negócios (existentes):
M. CRED. – Microcrédito;
EXPORTA – Curitiba Exporta;
ISS TEC. – Imposto sobre Serviços (ISS) Tecnológico;
DESIGN – Programa Municipal de Design.
Buscando identificar potenciais mercados encontrados pelas empresas, questionou-se
se, em algum momento, a empresa cruzou as fronteiras do seu mercado principal (Figura 38).
124
25,6%
0,0%
2,5%
72,0%
outros estados outros países outros estados e
outros países
nenhuma das
alternativas
Figura 38: Gráfico de alcance de mercado das empresas participantes do programa Bom Negócio
Fonte: Elaboração baseada nos questionários aplicados.
Quando confrontados com os principais mercados, os dados revelam que a grande
maioria dos atores analisados é efetivamente composta por micro e pequenas empresas
voltadas quase que exclusivamente para o mercado local.
O Bom Negócio tem incentivado a formação de associações comerciais e redes de
negócios (62 redes formadas até então) após a aplicação do programa nos bairros (CURITIBA
S.A., 2007). Este é o primeiro passo importante para a inserção e ampliação das novas
empresas. Porém, se faz necessária também o alargamento dos horizontes e da capacidade de
percepção de novas possibilidades, quando se visa resultados econômicos locais de maior
impacto.
Um programa público de prospecção de mercado e intermediação de negócios pode
ser um fator decisivo neste sentido, mas seus resultados podem ser ineficazes se não houver a
intenção estratégica dos empreendedores em prosperar e ampliar suas atividades.
Conforme Hamel e Prahalad (2002), o principal fator para a determinação do destino e
crescimento de um empreendimento consiste na intenção estratégica do empreendedor. Uma
investigação mais profunda da origem dos empreendimentos e das razões de base (motivação)
do indivíduo empreendedor pode ser promissora na identificação dos componentes
necessários, ou mesmo determinantes para o crescimento e consolidação da empresa
brasileira.
Se a motivação ou impulso inicial for a mera sobrevivência, como aparenta ser o caso
de boa parte dos empreendedores no país, que afirmam ter iniciado seu negócio por
125
necessidade, o mesmo pode não buscar voluntariamente ou não identificar seu potencial de
crescimento.
Poder-se-ia conjeturar, então, que a falta de intenção estratégica, conforme afirmam
Hamel e Prahalad (2002), pode impedir os empreendimentos, mesmo os por oportunidade, a
buscar realizar o seu potencial e consolidar sua posição no segmento em que atuam.
Constata-se entre os participantes um elevado índice de negócios por oportunidade,
aspecto positivo a ser explorado e ampliado. No entanto, a baixa formação e a falta de
referências e exemplos de sucesso, além do acesso à informação, muitas vezes se tornam
impeditivos para o fortalecimento de uma intenção estratégica.
Proprietários e trabalhadores, muitas vezes, são obrigados a sub-remunerar suas rendas
para fazer frente à competição com firmas que se encontram estabelecidas em patamar
tecnológico ou de maior capital (CACCIAMALI, 2000).
Os níveis educacionais e de renda do empreendedor brasileiro são relativamente mais
baixos se comparados aos países de média e alta renda. Estes dois aspectos refletem-se no
baixo uso de informação e de ferramentas de gestão que permitiriam o investimento em
negócios mais complexos (GEM, 2006).
Segundo Hamel e Prahalad (2002), uma fraca intenção estratégica impede o
empreendedor de perceber e desejar avançar para além do território conhecido, valendo-se de
conceitos e técnicas de gestão avançados, que permitiriam o controle gerencial em operações
mais complexas.
5.2.5 Número de empregos gerados
O perfil das empresas envolvidas se solidifica em torno das micro e pequenas quando
se analisa o número de empregos gerados. A pesquisa mostra que, em sua maior parte, as
empresas conseguiram gerar, em dado momento, no máximo de 1 a 10 empregos (Figura 39);
muitos destes possivelmente sejam os seus próprios.
A quase totalidade destes negócios se concentra em setores e segmentos tradicionais,
de baixa tecnologia e reduzido valor agregado.
126
87,2%
7,3%
2,4%
3,0%
1 a 10 11 a 20 21 a 50 mais de 51
Figura 39: Gráfico de número de empregos gerados pelas empresas participantes do programa Bom Negócio
Fonte: Elaboração baseada nos questionários aplicados.
Por meio da pesquisa, detectou-se que 12,8% dos participantes abriram novos
negócios. Segundo Curitiba S.A. (2007), o programa contatou cerca de 261.000 pessoas, com
5.570 inscritos e 3.183 formados.
Estes números indicam que, de cada 100 pessoas capacitadas, potencialmente 10
pessoas abririam novos negócios. É um resultado que não pode ser desconsiderado por
políticas de emprego, uma vez que o potencial multiplicador de número de vagas, seja no
setor formal ou informal, é muito grande.
Conforme Curitiba S.A. (2007), os participantes evidenciam que há grande expectativa
de abertura de novas oportunidades de trabalho. Por exemplo, nos bairros Cidade Industrial de
Curitiba, Fazendinha e São Braz, cerca de 50,0% ou mais dos empresários afirmam possuir a
previsão de contratações em até um ano. Embora constituam apenas previsões, as quais serão
verificadas somente a médio e longo prazo, demonstram o potencial de criação de trabalho e
emprego.
5.2.6 Mortalidade de empresas
Como já citado neste trabalho, existem altas taxas de mortalidade precoce de empresas
no Brasil, especialmente dos empreendimentos por necessidade. A presente pesquisa
demonstra que entre os participantes do programa, apenas 3,6% encerraram suas atividades.
127
Apenas seis empresas pesquisadas fecharam as portas, todas elas dos ramos de comércio e
serviços. Destaca-se, porém, o fato negativo de que duas delas foram abertas recentemente,
após o curso do Bom Negócio, representando, portanto, 33,3% do total de empresas
encerradas.
Quando se observa as empresas vinculadas à rede de apoio (Figura 40), percebe-se a
mesma cumprindo o seu papel, com a totalidade de negócios em funcionamento.
Figura 40: Gráfico de mortalidade de empresas do programa Bom Negócio
Fonte: Elaboração baseada nos questionários aplicados e no software Unicet 6.
Notas: B. NEG. – Programa Bom Negócio.
Ações de estímulo ao surgimento de novos negócios:
TECNO – Tecnoparque;
INCUB – Parque de Incubadoras Empresariais de Curitiba;
P. SOFT. – Parque de Software;
PROF. E. – Profissão Empresário.
Ações de apoio a negócios (existentes):
M. CRED. – Microcrédito;
EXPORTA – Curitiba Exporta;
ISS TEC. – Imposto sobre Serviços (ISS) Tecnológico;
DESIGN – Programa Municipal de Design.
Este baixo índice de mortalidade parece estar diretamente relacionado à elevada taxa
de negócios por oportunidade (71,3%), uma vez que os especialistas relacionam diretamente
estas duas variáveis. Para Schlemm (2006), os países com níveis econômicos elevados são
128
também aqueles onde a taxa de empreendedorismo por oportunidade prevalece sobre a de
empreendedorismo por necessidade.
5.2.7 Acesso a recursos
Buscando verificar a origem dos recursos para início dos negócios, os dados da
pesquisa demonstram a predominância dos recursos próprios (Figura 41).
Figura 41: Gráfico de proporcionalidade de fontes de acesso a recursos pelas empresas participantes do
programa Bom Negócio
Fonte: Elaboração baseada nos questionários aplicados.
O capital inicial ou de giro necessário para abertura de determinadas atividades tem
sido um fator importante para o estímulo ao empreendedorismo. Percebe-se claramente que,
embora existam programas de crédito no município, uma parcela pequena tem obtido êxito no
acesso.
Dentre os não empresários (33,5%), procurou-se levantar os principais motivos ou
problemas apontados para se iniciar uma atividade empresarial. Por ter sido uma pergunta
aberta aos entrevistados, obteve-se ampla variedade de respostas. O agrupamento das
respostas similares resultou nos seguintes aspectos principais:
a) falta de recursos iniciais (30,5%), ou seja, insuficiência de capital inicial ou de
giro;
70,1%
12,8%
3,0%
1,2%
9,1%
3,7%
recursos
próprios
empréstimo
de familiares
crédito
público
financeiras bancos outras
fontes
129
b) inexistência de pretensão de abertura de empresa (8,5%), pois o participante está
bem empregado;
c) pretensão de abertura de empresa somente após a aposentadoria (6,1%);
d) inexistência de segurança em sua capacitação (4,9%);
e) participação no curso apenas para ganho de conhecimento (2,4%);
f) menor de idade (2,4%);
g) universitário com pretensão de abertura de empresa após se formar
(2,4%);
h) existência de problemas pessoais (1,21%);
i) alta tributação para trabalhar como pessoa jurídica (1,2%).
Cabe destacar o elevado índice de participantes que pretendem abrir seu negócio, mas
ainda encontra-se em fase de planejamento (20,7%). Parcela também significativa dos
entrevistados não respondeu ao quesito (19,6%).
As respostas demonstram um panorama otimista em relação aos resultados do Bom
Negócio, pois, entre estes participantes, existe uma proporção considerável de
empreendedores em potencial que poderão gerar novas atividades a curto e médio prazo (itens
destacados em negrito acima). Este resultado indica que o programa atinge seu público alvo,
ou seja, pessoas capazes e interessadas em abrir o seu próprio negócio. O método de
divulgação tem sido o contato telefônico ou pessoal por parte da Curitiba S.A., ofertando o
curso. Além de buscar pelos interessados em participar (estímulo público), ao invés esperar
pelos mesmos (procura espontânea), a atuação da empresa para a seleção dos inscritos
demonstra estar direcionada para os resultados.
GEM (2006) apresenta uma alternativa capaz de colaborar para a efetividade deste
processo, pois sugere o desenvolvimento de métodos e instrumentos que permitam identificar
indivíduos que, por qualquer motivo, saíram do mercado de trabalho formal, prestando-lhes
assessoria sobre oportunidades efetivas de negócios, complementadas pelas ações (já
existentes) sobre como abrir e conduzir empresas profissionalmente.
Dentre os potenciais empreendedores identificados, alguns demandam apenas tempo
ou oportunidade ideal, enquanto outros se voltam para a para obtenção de recursos. No caso
de crédito, o órgão gestor do programa não disponibiliza opções para os futuros empresários,
uma vez que o Microcrédito, ação com finalidade de prover crédito facilitado, tem como
exigência a existência prévia da empresa por pelo menos seis meses. O mesmo vale para o
Banco Social, ação do Governo do Estado do Paraná em convênio com a gestão municipal de
Curitiba, existente desde o Linhão do Emprego, com a mesma finalidade.
130
No Brasil, as restrições financeiras constituem forte barreira à abertura de novos
negócios. O sistema financeiro formal, quando se dispõe, o faz com fortes imposições e
obstáculos que elevam demasiadamente o custo do dinheiro. Segundo GEM (2006), as taxas
de juros àqueles que não têm acesso a programas especiais de financiamento estão entre as
mais elevadas do mundo.
Portanto, os cidadãos que não possuem recursos próprios, carecem de um programa
público capaz de aprimorar e avaliar planos de negócios (estimulados pelo Bom Negócio) do
ponto de vista mercadológico, técnico, financeiro, jurídico e organizacional, provendo crédito
inicial aos projetos melhor estruturados. Segundo Sebrae (2007), um plano de negócios pode
facilitar ao empreendedor, a obtenção de capital de terceiros quando o seu capital próprio não
é suficiente para cobrir os investimentos iniciais. A maior parte dos financiadores ou
investidores não aplica dinheiro em uma empresa sem antes avaliar seu plano de negócio.
Segundo os resultados da pesquisa, as políticas de microcrédito e microfinanças de
todas as esferas de governo ainda não alcançam, pelo menos de forma concreta, os pequenos
empreendedores iniciais. Permanece, portanto, a indagação sobre os reais problemas
envolvidos ou sua combinação: deficiências de divulgação, excesso de restrições e garantias
ou baixa capacitação das pessoas que pleiteiam o crédito.
Desde 1995, o Governo Federal discute como disponibilizar produtos e serviços
financeiros adaptados à realidade socioeconômica da população de baixa renda e dos
microempreendedores formais e informais. Além disso, pretende alterar os normativos,
facilitando a atuação das instituições financeiras (bancos comerciais e Instituições de
Microcrédito IMF´s) junto ao público de baixa renda, procurando constituir mecanismos
que reduzam a necessidade de garantias reais nos financiamentos destinados a
microempreendedores (BCB, 2007) .
Se os créditos subsidiados do governo ainda consistem em dificuldade para os
microempreendedores, possivelmente as taxas de juros cobradas pelas IMFs (mercado)
respondam pela baixa penetração da indústria microfinanceira no Brasil, que, em 2002, era de
2% da demanda potencial (FIORI; GOLDAMARK; NICHTER, 2002).
Segundo estes autores, alguns desafios se apresentam diante da indústria de
microfinanças. O ambiente regulatório continua a afetar o segmento microfinanceiro, apesar
dos avanços alcançados nos últimos anos.
A falta de efeito-demonstração afeta a indústria, na medida em que IMFs brasileiras
ainda não possuem exemplos consagrados de sucesso nos quais possam se inspirar.
131
O ambiente macroeconômico dificultou o desenvolvimento das microfinanças ao
longo do período de hiperinflação e continua a afetar a indústria com os altos níveis de taxas
de juros.
Em áreas rurais, linhas de crédito subsidiadas do governo possuem impacto menor
sobre o segmento, mas afetam a atitude da demanda em relação ao microcrédito.
GEM (2006) revela que, em todos os países pesquisados, o número de empresas
criadas a partir do capital de risco clássico é ínfimo se comparado com outras fontes de
recursos, especialmente dos próprios empreendedores e de investidores informais.
Com a evidente dificuldade de acesso a modalidades formais de financiamento,
crescem em relevância os investidores informais. A captação de capital de risco de
investidores informais no país se assemelha à do Japão (0,6%), como as mais reduzidas do
mundo (GEM, 2006). Além disso, o investidor informal, ao apoiar financeiramente um novo
empreendimento do qual não faça parte, privilegia relacionamentos familiares próximos.
Este é uma questão apontada por autores como Ramos (2003), o qual comenta que o
acesso ao crédito por parte das pequenas empresas e empreendedores iniciais está limitado
devido aos reduzidos fundos que demandam e à falta de garantias. Pesquisa e
desenvolvimento dificilmente podem ser financiados por estes tipos de empresas, fato que
requer a disponibilização de tecnologia por meio do setor público ou a instituição de parcerias
com universidades. Fica evidente que o surgimento, consolidação e sobrevivência das
pequenas firmas não é um fato simplista e, nesse sentido, deveria merecer a estruturação de
políticas mais específicas.
5.3 ANÁLISE DO PROGRAMA SOB A ÓTICA DOS PARTICIPANTES
A pesquisa disponibilizou aos participantes um espaço (campo) aberto no questionário
(Apêndice A), indagando sobre as possibilidades de melhoria no programa, além da
solicitação de sugestões. As respostas foram diversas e se deram de forma espontânea, onde
muitos indivíduos fizeram mais de um comentário ou sugestão na mesma resposta. Por este
motivo, optou-se analisar-se o número de comentários e sugestões e não o de pessoas.
Por se tratar de pergunta aberta e não obrigatória, 58,5% não emitiram opinião,
deixando o campo específico em branco.
132
Dos 41,6% que responderam, obteve-se 138 comentários e sugestões em 103
respostas, os quais foram classificados em três grupos: sugestões, aspectos positivos e
possibilidades de melhoria (Figura 42).
sugestões; 67,9%
aspectos positivos;
15,2%
possibilidades de
melhoria; 16,88%
Figura 42: Gráfico de proporcionalidade entre tipologias de comentários e sugestões de participantes do
programa Bom Negócio
Fonte: Elaboração baseada nos questionários aplicados.
5.3.1 Sugestões
A Figura 43 sintetiza as principais respostas consideradas como sugestões.
133
32,9%
22,3%
14,9%
9,6%
3,2%
3,6%
2,2%
11,3%
0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% 35,0%
1
outros
desenvolvimento de cursos técnicos e profissionalizantes
maior direcionamento do curso
apresentão de outras ões da Prefeitura Municipal de Curitiba
apoio para o desenvolvimento profissional
continuidade e aprofundamento após a conclusão do curso
detalhamento de temas específicos
disponibilidade de maior tempo de curso
Figura 43: Gráfico de proporcionalidade de tipologias de comentários e sugestões de participantes do
programa Bom Negócio
Fonte: Elaboração baseada nos questionários aplicados.
Muitos participantes sugerem o aumento da carga horária do curso (32,9%),
apontando desproporção entre o tempo de aula e o volume de conteúdos ministrados,
passando superficialmente sobre alguns assuntos. Algumas das respostas obtidas que melhor
ilustram esta sugestão são:
a) “O programa Bom Negócio foi muito bom, para ser melhor teria que aumentar a
carga horária, foi muito corrido”;
b) “Creio que, aumentando a quantidade de horas-aula, poderíamos ter um
aproveitamento muito melhor do curso. Mesmo assim o curso é muito bom”;
134
c) “O conteúdo é bem extenso e as horas são poucas. Deveria ser mais longo para que
possa tirar todas as dúvidas”;
d) “Muito conteúdo pra pouco tempo. Mais extenso”.
O conjunto de respostas demonstra a percepção da necessidade de capacitação por
parte dos alunos despertada pelo curso e que deverá desencadear o interesse na busca de
maior aprofundamento nos assuntos abordados.
Esta intenção de continuidade no aprimoramento profissional também é revelada
quando ex-alunos solicitam cursos complementares, ou uma segunda etapa do programa com
temas avançados, a exemplo das seguintes citações:
a) “Dar continuidade e não deixar os participantes pararem, estarem sempre em
contato conosco, pois foi muito proveitoso este curso, obrigada”;
b) “Muito conteúdo para pouco tempo. Parte de finanças deveria ser mais
aprofundada”.
A pesquisa mostra a necessidade de detalhamento de temas específicos (22,3%),
sendo que 66,7% deste percentual demonstram interesse no aprofundamento do módulo sobre
finanças, sendo também citados os módulos de marketing, qualidade e associativismo, além
de melhores explicações sobre tributação. Este interesse foi resultado, para alguns, da
insuficiência do conteúdo e, para outros, do anseio por mais informações.
Alguns participantes sugerem e solicitam continuidade e aprofundamento após a
conclusão do curso (14,9%) das aplicações dos conhecimentos adquiridos em suas empresas,
verificando se o estão fazendo da melhor maneira. Além disso, alguns reivindicam a
possibilidade de troca de experiências sobre tais aplicações em seminários e fóruns
socioeconômicos. A título de exemplificação, tem-se as seguintes citações:
a) “Após o curso inicial encontros semestrais para acompanhamento e análise de
resultados entre os interessados, dentro de sua realidade empresarial“;
b) “O programa é ótimo, só sinto a necessidade de consultoria após o curso para saber
se o que aprendi está sendo aplicado de forma correta”;
c) “Que tivesse continuidade com apoio técnico”;
d) “Deveria ter continuação para que fossem feitas análises nas nossas empresas e
não com empresas fictícias como é na aula, isso daria um maior aproveitamento
com a aplicação real, principalmente em finanças”;
e) “Ampliar o tempo do curso e mostrar mais as ações da Prefeitura e a parte onde se
mostra o financeiro deveria ir mais a fundo. Apoio para desenvolvimento
profissional”.
135
O apoio para o desenvolvimento profissional é citado por 9,6% dos respondentes.
Esta questão envolve diretamente a rede estudada. Alguns participantes demonstram não
conhecer ou dizem ser pouco divulgadas as demais ações municipais que poderiam beneficiá-
los, pois 3,2% reivindicam a apresentação de outras ações da Prefeitura Municipal de
Curitiba (PMC), destacando-se a citação sobre “Melhor divulgação no bairro, pois ela é
ainda deficiente; quase ninguém conhece as ações da Prefeitura de apoio ao pequeno
empresário que você mostrou na pesquisa”. Outros sugerem situações já cobertas pela rede
(“Linha de Crédito vinculado ao Programa”; “Descontos nos impostos municipais”); portanto,
estão possivelmente mal informados a respeito dos programas. Cabe ressaltar que, dentre
todos os entrevistados, um percentual considerável (31,4%) afirma não conhecer alguma outra
ação da Curitiba S.A. além do Bom Negócio.
Da parcela de 3,6% dos participantes que sugere maior direcionamento do curso,
80,3% demonstram interesse na ampliação do foco para empresas do ramo de comércio e
serviços. Os demais solicitam condições como:
a) “Ser voltado um pouco mais para o comércio. Situações mais práticas do dia-a-
dia”;
b) “Fazer um curso mais voltado para os setores industriais”.
A sugestão de desenvolvimento de cursos técnicos e profissionalizantes (2,2%)
sugere a existência de eventuais problemas de comunicação ou integração entre as ações da
Prefeitura, pois programas desta natureza (a exemplo dos liceus de ofícios) existem em
Curitiba há mais de uma década.
Além destas, outras sugestões foram realizadas e mereceram registro, tais como:
a) realização de seminários para avaliação dos participantes após o curso;
b) disponibilização de dados estatísticos de pesquisas nos fóruns;
c) orientações sobre a possibilidade de contratação de empresas pela PMC;
d) disponibilização de consultorias para associações de bairros;
e) estabelecimento de opções de aprimoramento e continuidade de estudo blico ou
privado com expansão para a região metropolitana;
f) realização de seminário de integração inicial entre os participantes;
g) fornecimento aos alunos, ao final do curso, da rede de contatos com consultorias
de vários ramos e atividades, para eventual continuidade em novos cursos/
h) orientações de orgãos públicos, empresas privadas, Serviço Social da Indústria
(SESI), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Serviço Social do
Comércio (SESC), etc.
136
5.3.2 Aspectos positivos
Apesar da pergunta realizada no questionário (Apêndice A) sugerir o apontamento
de falhas e não de pontos positivos, pode-se considerar que as respostas revelaram um bom
percentual de satisfação com o programa (15,2%). Neste item, foram consideradas apenas as
manifestações espontâneas explícitas de satisfação com o Bom Negócio, como as inseridas
em várias das frases do item anterior e algumas ainda mais diretas, a exemplo de:
a) “Trata-se de um ótimo programa, que oferece oportunidades de aprendizagem para
vários empreendedores de variados ramos, bem como possibilita para o futuro
empreendedor alcançar uma visão antecipada de como poderá ser o seu projeto.
Sendo assim, acredito que o programa é completo. Simples, dinâmico e de fácil
entendimento”;
b) “Achei o programa excelente; essas iniciativas deveriam ser imitadas e
aperfeiçoadas. Agora estamos esperando um up grade do Bom Negócio para
continuar na nossa caminhada, árdua e complicada nesse nosso país de tantas
desigualdades”.
No agrupamento das respostas, nota-se que, embora os participantes tenham sugestões
para a melhoria do curso, consideram-no satisfatório. Em muitas das frases coletadas,
constavam os adjetivos bom, ótimo, proveitoso e excelente.
5.3.3 Possibilidades de melhoria
Embora, em termos gerais, perceba-se determinado índice de satisfação, alguns pontos
foram questionados em 16,9% das opiniões. Muitos deles, porém, se relacionam com assuntos
e opiniões de âmbito quase individual, ocasionados provavelmente por situações isoladas que
representaram o conjunto dos maiores problemas apontados.
Entre as críticas, destaca-se que uma das metas principais do Bom Negócio, a
elaboração de planos de negócios, segundo 8,3% dos participantes foi realizada de forma
rápida e sem profundidade. Houve também 8,3% de opiniões negativas a respeito de
professores pela falta de capacidade de exposição dos conteúdos, como exemplifica a citação:
137
“Os professores não dão o conteúdo programático satisfatoriamente e nem fazem análise de
casos das empresas dos alunos”.
Em 8,3% das críticas, é ressaltada a necessidade de maior número de aulas práticas;
em 16,7%, o curso não foi capaz de abranger todas as matérias da apostila, porcentagens que
somadas, ratificam a solicitação de maior tempo de curso. Neste contexto, cabe apresentar as
seguintes citações:
a) “Melhorar metodologia de ensino; colocar professores mais práticos”.
b) “O curso poderia ser mais abrangente; tivemos assuntos que não foram tratados
durante as aulas, apesar de constarem nas apostilas. Outros assuntos foram
passados rapidamente por falta de mais tempo para discuti-los melhor”.
Algumas opiniões isoladas fazem referência, por exemplo, a necessidade de melhores
instalações, problemas com a entrega de diplomas e divulgação das palestras após o curso
com maior antecedência.
5.4 SUBSÍDIOS PARA FUTUROS PROGRAMAS SIMILARES
Nesta subseção, o trabalho se baseia nas sugestões e sinalizações voltadas a
planejadores e gestores de programas de apoio ao empreendedorismo formuladas por GEM
(2006), a partir das quais se procura verificar, nos resultados obtidos no presente estudo, se os
problemas e soluções encontradas no Bom Negócio vêm de encontro às idéias e sugestões da
pesquisa internacional que a cada ano se aprofunda no tema. Assim, adiante são apresentados
os itens considerados de maior relevância no contexto da rede de apoio. Com o cruzamento
dessas informações, espera-se contribuir com alguns subsídios para futuros programas com os
mesmos objetivos.
5.4.1 Apoio à abertura de novos negócios por oportunidade
O primeiro aspecto diz respeito às altas taxas de empreendedorismo por necessidade
no Brasil. A pesquisa internacional propõe a criação de ações que permitam identificar
indivíduos que, por qualquer motivo, saíram do mercado de trabalho formal, prestando-lhes
assessoria sobre oportunidades de negócios e sobre abertura e condução de empresas de
maneira profissional.
138
O processo de abordagem ao participante do Bom Negócio não faz menção a este tipo
de distinção, embora, pelos resultados obtidos, diagnostique-se um elevado contingente
(39,0%) iniciando ou em vias de começar novos negócios, ou seja, empreendedores em
potencial, como se constata no item 5.2.7 – Acesso a recursos.
Aparentemente, o método ativo de divulgação do programa tem produzido resultados
efetivos; porém, espaço para incorporação das ações direcionadas propostas pela pesquisa
internacional, assumindo parcerias com sindicatos (onde normalmente se assinam rescisões
contratuais), agências do Sistema Nacional de Emprego (Sine agências do trabalhador) e
possivelmente junto ao próprio Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), realizando
trabalhos junto aos possíveis empreendedores da terceira idade (tema pouco explorado em
programas desta natureza).
Este direcionamento, somado à capacitação gerencial e ampliação do potencial de
identificação de oportunidades pode efetivamente colaborar para a redução de negócios por
necessidade, como comprovado na presente pesquisa. Dos empreendedores com início de suas
atividades após o curso, praticamente 90,0% o fizeram por oportunidade (ver item 5.1.1
Motivação do negócio).
Demonstrada a relevância dos programas de capacitação, a gestão pública precisa
enfrentar um outro desafio, além de identificar e capacitar os futuros empreendedores, deve
fundamentalmente estimular a intenção estratégica dos mesmos para obtenção de resultados
efetivos, duradouros e de maior amplitude do ponto de vista do desenvolvimento local. É
exatamente que reside um dos limites de programas públicos, pois o acesso a serviços
financeiros, como também a obtenção de apoio técnico e organizacional não são suficientes
para inserção das empresas criadas em mercados dinâmicos (ABRAMOVAY, 1999).
Iniciativas públicas de capacitação meramente técnicas, pouco ou de nada adiantam
sem a incorporação da intenção estratégica pelos empreendedores quando se esperam
resultados mais amplos para o ambiente local que possam ir além dos seus próprios empregos.
Faz-se necessário, portanto, bem fundamentar os programas públicos municipais de
capacitação, para elevação do nível de empenho para com o negócio, da compreensão da
responsabilidade social como empresário e da importância do fortalecimento das redes de
negócios locais, aumentando a capacidade de visão estratégica quanto às oportunidades no
setor ou ramo de atividade em que está atuando ou pretende atuar.
Caso a motivação inicial entre participantes seja a mera sobrevivência, o potencial de
consolidação de sua posição no segmento em que atuam pode ser comprometido. Este fato
explica também, segundo Hamel e Prahalad (2002), a baixa procura por nichos e tecnologias
139
inovadoras, que poderiam assegurar uma posição mais estratégica e competitiva entre
empreendimentos semelhantes.
A utilização de fóruns socioeconômicos
5
abertos à alunos e ao público em geral por
parte do Bom Negócio, parece ser uma maneira inteligente de proporcionar informações
capazes, por exemplo, de apresentar oportunidades, de subsidiar estratégias de
posicionamento de empresas frente ao mercado em que atuam. Além disso, fortalece o
networking da região e incentiva o associativismo, imprescindível para a criação de redes de
negócios com benefícios mútuos.
Esta pesquisa não previu a aferição da presença de participantes nestes fóruns, bem
como seus reflexos nas áreas onde foram realizados, portanto não há possibilidades de
maiores comentários sobre sua efetividade. Recomenda-se o aprofundamento deste tema para
melhores conclusões.
Outro aspecto relevante diz respeito ao incentivo à inovação nos programas de
capacitação. Segundo GEM (2006), os empreendedores no Brasil são em sua grande maioria
pouco arrojados e conservadores no que diz respeito à geração de novidades para o mercado,
reproduzindo fórmulas testadas. A conseqüência deste horizonte limitado é que em momentos
de saturação do mercado, enfrentam-se grandes dificuldades de colocação dos produtos e,
com efeito, de sobrevivência dos próprios empreendimentos.
Em países avançados, em empresas de base tecnológica, por exemplo, a inovação é
responsável por 80% do crescimento da produtividade, tornando-se a chave do aumento da
competitividade, crescimento e emprego (QUANDT, 2006).
As inovações podem ocorrer em processos, produtos ou serviços, portanto, não são
possíveis apenas em empresas de base tecnológica. A busca por diferenciais competitivos
deve estar à frente de vantagens comparativas.
5.4.2 Capitalização de empreendimentos nascentes
Outra preocupação revelada pela pesquisa internacional faz alusão ao acesso a
recursos para aqueles que começam seus próprios negócios. Suas sugestões neste sentido
consistem na criação de fundos que permitam a capitalização de empreendimentos nascentes,
5
Segundo Curitiba S.A. (2007), são realizados dois fóruns socioeconômicos. O primeiro consiste no
debate para o fortalecimento das redes de negócios e parcerias na comunidade local. No segundo, o
objetivo é apresentar e discutir os resultados os resultados de uma pesquisa realizada pelo próprio
programa acerca das características socioeconômicas do bairro em questão.
140
sobretudo os inovadores, e na geração, por meio dos agentes de crédito públicos e privados,
de acesso ao apoio financeiro de primeira hora (inicial) com juros reduzidos. Além disso,
argumenta que os operadores de crédito deveriam ser capacitados para exercer funções de
consultores financeiros aos empreendedores.
O presente estudo detecta a dificuldade de acesso ao crédito inicial (discussão
realizada no item 5.2.7 Acesso a recursos) como uma das principais barreiras apontadas
pelos empreendedores para iniciar seu negócio.
Na realidade, o empreendedor participante do Bom Negócio ainda não tem acesso ao
crédito inicial provido pelo município. Somente empresas com seis meses ou mais de
funcionamento podem pleitear o microcrédito. O mesmo vale para o Banco Social, ação do
Governo do Estado do Paraná em convênio com a gestão municipal de Curitiba, existente
desde o Linhão do Emprego, com a mesma finalidade.
Em nível nacional, o BNDES atua de forma prioritária no apoio às micro, pequenas e
médias empresas, tendo em vista o seu papel na criação de empregos e geração de renda.
As concessões de crédito são realizadas por meio de instituições financeiras
credenciadas pelo BNDES, que são responsáveis pela análise e aprovação do crédito e das
garantias.
Apesar de todo este aparato, a presente pesquisa, bem como o GEM (2006), apontam
para deficiências neste processo, uma vez que efetivamente os financiamentos iniciais não
vêm acontecendo. Existem alguns motivos de possível investigação, entre eles as taxas de
juros praticadas, os canais de comunicação entre empreendedores e as instituições de crédito
ou mesmo as exigências (fiadores) e garantias para aquisição de capital.
Neste sentido, percebe-se por parte do governo federal iniciativas como a instituição
do Fundo de Garantia para a Promoção da Competitividade (FGPC), que tem por finalidade
garantir parte do risco de crédito das instituições financeiras nas operações de microempresas
e pequenas empresas, e de médias empresas exportadoras que venham a utilizar as linhas de
financiamento do BNDES.
Para Cacciamali (2000), a falta de apoio neste sentido detém um caráter
microeconômico, no qual se equiparam os empreendedores do Bom Negócio com o traço
comum das organizações informais, ou seja, a escassez de capital, característica que
potencializa o uso de tecnologias obsoletas e a lógica de funcionamento visando à
subsistência, fato que dificulta o desenvolvimento econômico local de forma consistente e
duradoura.
141
Derivada da constatação de que o investidor informal
6
é, em âmbito mundial, fator
essencial para a geração de empreendimentos nascentes, uma alternativa de solução para este
problema, sugerida por GEM (2006), consiste na criação de estruturas organizacionais que
permitam gerar grupos cooperados de investidores informais com a finalidade de realizar
investimentos em iniciativas de maior viabilidade técnica e econômica, com potencial de
crescimento e capacidade de geração de postos de trabalho.
Para tanto, seriam necessária a participação de órgãos públicos e privados de apoio ao
empreendedorismo, além do envolvimento de organizações não-governamentais (ONGs) com
experiência em arranjos organizacionais comunitários.
Uma ação do programa Bom Negócio em potencial para aplicação de recursos
informais é o Parque de Incubadoras Empresariais, onde as empresas vinculadas, além de
receberem espaço físico adequado, são monitoradas, diminuindo os riscos do empréstimo
inicial para compra de equipamentos e formação de capital de giro.
Uma das formas de minimização dos riscos no empréstimo de capital inicial (público
ou privado) também pode ser a avaliação e aprovação de planos de negócio bem
elaborados, com apoio especial na sua confecção para participantes do Bom Negócio,
vinculados a programas de acompanhamento pós-orientação.
5.4.3 Apoio pós-capacitação
Tal ação é uma das sugestões feitas pela pesquisa internacional GEM (2006), além de
uma reivindicação por parte dos participantes do Bom Negócio. Na avaliação do programa
realizada sob a ótica dos empreendedores, grande parte das pessoas (9,6%) afirma precisar de
orientações posteriores sobre a aplicação dos conhecimentos adquiridos em suas empresas.
Uma série de dúvidas poderá surgir frente à aplicação de novos métodos de gestão.
Portanto, se faz necessário um programa, ou mesmo a extensão do Bom Negócio, capaz de
realizar o acompanhamento e assessoria e posterior monitoração dos empreendedores
formados.
A possibilidade de acompanhamento dos empreendedores que participam dos
programas de capacitação poderia prestar no mínimo 03 serviços à gestão pública. A primeira
diz respeito à possibilidade de efetivamente auxiliar os alunos na execução de seus planos de
6
Segundo GEM (2006), o Brasil tem a menor taxa mundial de investidores informais (0,6%).
142
negócio, identificando e evitando situações de risco para o negócio. A segunda trata da
possibilidade de encaminhamento para outras ações da rede de apoio se detectada a
necessidade, aumentando a eficiência da mesma. Por fim, serviria como base de dados para
constante monitoração da rede e dos resultados do programas individualmente.
Atualmente,de acordo com a Curitiba S.A. (2007), após a execução dos fóruns
socioeconômicos, são realizadas entrevistas com os participantes para obtenção de resultados
para composição de indicadores do programa. Os resultados são utilizados para avaliação da
efetividade e os reais impactos junto aos empreendedores e a comunidade local, porém não se
dá de forma constante.
5.4.4 Orientação à exportação
Segundo GEM (2006), existe grande desinteresse por parte do empreendedor na
exportação do seu produto, justificando a existência de programas de orientação relativa ao
potencial do comércio exterior para novos empreendimentos, seus desafios e oportunidades.
A rede de apoio estudada conta com uma ação específica para esta finalidade, o
Curitiba Exporta. Atualmente, segundo o presente estudo, a mesma vem sendo pouco
procurada pelos participantes do Bom Negócio (12,9%), certamente pelo porte e ramo de
atividade, concentrados em pequenos comércios e empresas de prestação de serviços.
Este resultado confirma a observação do GEM (2005), o qual sustenta que no tocante à
exportação por parte dos pequenos empreendedores, a situação do Brasil é inferior à grande
maioria dos países, pois 90,0% dos empreendedores identificados não esperam exportar.
A pequena expectativa de exportação por parte dos empreendedores é compreensível
em função da extensão territorial e tamanho da população, capazes de criar boas expectativas
comerciais e de desenvolvimento dos negócios. Países de menor dimensão e população, são
compelidos a buscar receitas no mercado internacional, assim como aqueles participantes de
blocos econômicos consolidados (GEM, 2005).
No entanto, a partir do momento em que a rede conta com este apoio, se torna possível
e desejável a inserção, em um dos módulos específicos dentro do curso, da apresentação e
orientação quanto aos procedimentos e oportunidades relativas ao potencial do comércio
exterior.
143
5.4.5 Fomento à troca de experiências
Como forma de difundir em larga escala a cultura empreendedora na região de
abrangência dos programas de apoio, a pesquisa internacional sugere a execução de fóruns de
discussão e troca de experiências entre empreendedores de diferentes segmentos e portes.
Estes eventos devem alcançar o público em geral, disseminando e inspirando outras
pessoas a seguir o mesmo caminho. Iniciativas desta natureza são utilizadas muito tempo
pela elite empresarial (fóruns e meetings).
O Bom Negócio tem realizado, como anteriormente mencionado, pelo menos dois
fóruns em cada região atendida após o curso, visando à consecução de debates para
fortalecimento das redes de negócios, parcerias e divulgação de dados socioeconômicos da
região, pesquisados pelo próprio programa. Estes dados são importantes para o planejamento
e redirecionamentos de estratégias por parte dos empreendedores.
Assim, julga-se importante, nas equipes de capacitação do Bom Negócio e outros
programas de estímulo ao empreendedorismo para o desenvolvimento econômico local, a a
inserção de outros empreendedores que tenham vivido o ciclo de criação de um novo
negócio, introduzindo a experiência, o conhecimento e a vivência de quem enfrentou este
processo.
5.4.6 Aprimoramento de estratégias de comunicação
O sucesso de uma rede de apoio passa também por uma boa estratégia de
comunicação. Segundo GEM (2006), a gestão pública deveria realizar o patrocínio de
campanhas a serem veiculadas na mídia para disseminação intensiva de informações
relativas aos programas existentes.
O Bom Negócio tem sido constantemente divulgado, por meio de panfletagem, placas
localizadas nos pontos de ônibus da cidade, contatos porta-a-porta e telemarketing realizado
pela Central de Relacionamentos do Município Curitiba S.A. (2007).
Destaca-se na pesquisa o fato de que 31,4% dos participantes do Bom Negócio
disseram não ter conhecimento das demais ações coordenadas pela Curitiba S.A. Esta
144
aparente falha na comunicação reduz as possibilidades de plena utilização da rede de apoio ao
empreendedor.
É imprescindível a divulgação eficiente das ações complementares no programa de
capacitação, inclusive relacionando os tópicos abordados à possibilidades de utilização das
mesmas.
5.4.7 Organização em rede
Pôde-se constatar que, o estímulo e o apoio público ao empreendedorismo no país,
consistem em experiências (programas e ações) difusas. Por este motivo, as ações propostas
pelas gestões municipais, muitas vezes potencialmente complementares, não são assim
exploradas, diminuindo a possibilidade de utilização simultânea das mesmas por parte das
empresas locais.
O presente trabalho sustenta que modelo de gestão do desenvolvimento econômico
local deveria buscar a complementaridade entre os programas existentes na localidade, tanto
públicas quanto do terceiro setor. A coordenação e organização em rede das ações
disponíveis, complementando umas as outras, evitaria o desperdício da potencialidade de
melhores resultados junto aos empreendedores.
A lógica das redes, advinda da nova morfologia da sociedade, pode contribuir para a
alteração da operação e dos resultados de programas de desenvolvimento, isto porque as redes
têm sido os grandes laboratórios da gestão contemporânea.
Acredita-se que uma das mais significativas mudanças históricas nas funções
administrativas consiste no aumento da interdependência organizacional, seja na área
empresarial, seja na governamental (PECI, 2000). Esta interdependência entre as ações parece
ser facilitada pelas redes de afiliação.
A inovação no trabalho em redes por parte da gestão urbana compreende sua promessa
como forma global de organização, reconhecendo a independência e características
específicas de determinadas ações, enquanto apóia a interdependência entre as mesmas.
Kauchakje et al. (2006) sustenta que as redes auxiliam na organização de ações que
não têm articulação evidente, desvendando alguns fenômenos de difícil percepção.
Para Santos (1999), entender os nós e as relações que entre eles se estabelecem em
uma rede, ou seja, as interações que respondem não apenas pela atual conformação, mas
também por sua evolução futura, é fundamental para a elaboração de programas e para o
145
estabelecimento de metas de políticas públicas de desenvolvimento, como no presente estudo
de caso.
O Linhão do Emprego, em vigor até 2004, buscou compor um arranjo institucional
que cobrisse os diferentes aspectos do apoio ao desenvolvimento local em Curitiba,
culminando no agrupamento de praticamente todas as ações na Curitiba S.A. e na expansão
do apoio ao empreendedorismo para toda a cidade. O próximo passo deve ser direcionado ao
trabalho coordenado das ações, no intuito de compor efetivamente uma rede e divulgá-la
como tal.
146
6 CONCLUSÃO
As referências teóricas apresentadas na presente dissertação foram suficientes para a
compreensão e discussão de questões sobre o papel da gestão pública municipal para o
desenvolvimento econômico local baseado no apoio ao empreendedorismo. Todavia, dada a
abordagem recente do tema, assuntos como os resultados socioeconômicos e a conformação
de redes de negócios ainda carecem de maior aprofundamento, especialmente a partir de
relações estabelecidas entre a teoria e a prática.
Uma das maiores dificuldades para a realização de estudos desta natureza consiste na
reduzida disponibilidade de dados sistematizados e de acesso facilitado acerca dos programas
municipais existentes. Em função deste fato, se fez necessária a criação de uma base de dados
por meio da aplicação de um questionário junto aos participantes do Bom Negócio.
A partir das respostas obtidas e da utilização do software Ucinet 6, tornou-se possível
a visualização e análise da rede composta pelas empresas e ações da Companhia de
Desenvolvimento de Curitiba (Curitiba S.A.).
Em função dos resultados obtidos, da discussão produzida em função do referencial
teórico e da opinião dos participantes da pesquisa, pôde-se buscar algumas sinalizações e
sugestões para programas similares e aprimoramento do conteúdo estudado.
Confirmou-se, portanto, a existência de uma rede de apoio ao empreendedorismo em
torno do programa Bom Negócio, sob a coordenação da Curitiba S.A., que, embora ainda não
tratada e divulgada desta forma (rede), na prática, encontra-se configurada, permitindo a
aferição de características principais do seu alcance e limites.
Quase 20% dos empresários pesquisados utilizam ou utilizaram uma ou mais ações da
Curitiba S.A. Destes, cerca de 80% o fizeram após concluir o curso promovido pelo Bom
Negócio. Uma das empresas, a E155, apresentou grau de conectividade 6, ou seja, conectou-
se a seis diferentes ações (três relacionadas ao apoio ao surgimento de novos negócios e três
vinculadas ao apoio a negócios existentes). Esta empresa não foi iniciada após sua
participação no programa em análise, indicando que a mesma entrou na rede por meio das
outras ações.
147
A afiliação a esta rede estabelece um processo com sentidos inversos, pois os cidadãos
que utilizam qualquer uma das ações da Curitiba S.A. podem ser convidados a participar do
Bom Negócio, assim como os empreendedores iniciais são apresentados às demais ações
municipais.
Esta constatação se torna importante perante o fato de que o presente trabalho conduz
o raciocínio a partir do Bom Negócio, considerando-o o principal acesso à rede. Assim
deveria ser em se tratando de pessoas que se encontram em vias de abrir seu negócio, pois o
programa tem como funções precípuas capacitar e ampliar a visão do futuro empresário.
Desta forma, o mesmo terá melhores condições de extrair da rede as soluções para seu
empreendimento.
Entre os empresários que iniciaram suas atividades após 2005, ano em que teve início
o Bom Negócio, antes de participar do curso, a porcentagem de utilização da rede foi de
13,9%, proporção semelhante à das empresas abertas anteriormente a 2005 (14,1%). Quando
verificados os empreendedores que iniciaram suas atividades após o curso de capacitação, o
percentual de utilização da rede é significativamente maior (30,0%). Ainda assim, 31,2% do
total de participantes afirmam não conhecer as demais ações da rede, o que demonstra a
existência de algumas deficiências no processo de comunicação.
Em termos de planejamento e gestão do desenvolvimento econômico municipal, com a
centralização das ações em apenas um órgão responsável, na visão da administração
municipal, foram facilitados os fluxos de informações, a organização e o planejamento
estratégico conjunto das ações, possibilitando melhor desempenho sob a ótica das redes. Além
disso, sob a ótica da mesma administração, foram simplificados o acompanhamento, a
avaliação e a divulgação do desempenho (feedback) individual e coletivo dos programas
envolvidos.
Durante a consecução do programa Linhão do Emprego, algumas das ações envolvidas
foram conduzidas por diferentes entes municipais, cada qual com diferenciadas parcerias,
formando um grande arranjo institucional de difícil coordenação. Como conseqüência, muitas
delas se desenvolveram de forma isolada, tornando diminuta a possibilidade de configuração
em rede do programa. A partir do momento em que todas as ações voltadas ao
desenvolvimento econômico local passaram à tutela da Curitiba S.A., potencializou-se, então,
a configuração de uma rede de apoio aos empreendedores.
Pela análise isolada do programa Bom Negócio, os resultados da pesquisa demonstram
o elevado potencial de abertura de novas empresas, com um percentual de abertura de
148
empresas após o curso correspondente a 14,6%. Além disso, detecta-se a existência de uma
proporção considerável (39,0%) de empreendedores em potencial aptos a gerar, a curto e
médio prazo, novas atividades.
Estes resultados demonstram que o programa realmente atinge pessoas capazes e
interessadas em iniciar sua própria atividade empresarial, apoiando-se em um método de
divulgação que visa ao contato direto com os cidadãos para oferta do curso, buscando pelos
interessados em participar (estímulo público), ao invés de esperar pelos mesmos (procura
espontânea).
O perfil dos participantes e suas empresas é composto predominantemente por pessoas
de baixa escolaridade (58,4% relacionadas ao ensino médio), na faixa etária de 41 anos ou
mais (45,1%), eqüitativamente divididos quanto ao gênero, gerenciando micro e pequenas
empresas do ramo de comércio e serviços (87,2%), com no máximo 10 funcionários (87,2%).
Em sua grande maioria (91,5%), as empresas encontram-se instaladas em Curitiba, abertas
após 2005 (60,4%), operando no mercado local (95,1%) e iniciadas com recursos próprios dos
empreendedores (70,1%).
Embora apresentem o perfil clássico de empreendimentos por necessidade, os quais
produzem altos índices de mortalidade precoce, 71,3% dos participantes têm como motivação
uma oportunidade de negócio, significativamente alta para os padrões brasileiros.
Possivelmente, este aspecto explique a baixa taxa de mortalidade das empresas (3,6%).
As características gerais denotam empresas de setores e segmentos tradicionais, de
baixa tecnologia e reduzido valor agregado. Seus proprietários, em virtude da escassez de
capital, tendem a adotar técnicas obsoletas de produção, que implicam em reduzidos níveis de
produtividade e de remuneração. Proprietários e trabalhadores, muitas vezes, são obrigados a
sub-remunerar suas rendas para fazer frente à competição com firmas que se encontram
estabelecidas em patamar tecnológico ou de maior capital (CACCIAMALI, 2000).
Esta situação impede, em muitos casos, o avanço dos negócios, para que passem a
gerar emprego e renda de forma mais consistente, limitando, assim, o potencial
desenvolvimento econômico. Ações atualmente disponíveis, que compõem a rede de apoio,
como o Microcrédito, o Imposto sobre Serviços (ISS) Tecnológico e o próprio Parque de
Incubadoras Empresariais, buscam auxiliar e prover condições financeiras e físicas para a
estruturação e ampliação dos negócios, procurando torná-los efetivamente competitivos.
149
No entanto, iniciativas desta natureza pouco ou de nada adiantam para
empreendedores sem intenção estratégica, dimensão fundamental que regula o destino e
crescimento de um empreendimento.
Faz-se necessário, portanto, fundamentar fortemente os programas públicos
municipais de capacitação, como o próprio Bom Negócio, assim como promover a elevação
do nível de empenho e comprometimento do empreendedor com o crescimento do negócio,
enfatizando a responsabilidade social do empresário e aumentando a extensão de sua visão
estratégica quanto às oportunidades no setor ou ramo de atividade em que está atuando ou
pretende atuar.
Quando a motivação ou impulso inicial é a mera sobrevivência (falta de intenção
estratégica), o que não se configura para grande parte dos envolvidos na pesquisa, o potencial
de consolidação de sua posição no segmento em que atuam pode estar comprometido, mesmo
entre os que empreendem por oportunidade. Este fato poderia explicar, também, a baixa
procura por nichos e tecnologias inovadoras, que seriam capazes de assegurar uma posição
mais estratégica e competitiva entre empreendimentos semelhantes, como afirmam Hamel e
Prahalad (2002).
A estratégia adotada pela Curitiba S.A. para o fortalecimento das empresas consiste no
trabalho de formação de redes de negócios após a aplicação do programa nas comunidades,
além do incentivo ao associativismo (criação de associações comerciais nos bairros
CURITIBA S.A., 2007). Estas iniciativas estimulam o comércio e serviços dos bairros,
potencializando o processo de desenvolvimento endógeno.
O nível de satisfação em relação ao curso se mostra elevado. Quando questionados
sobre o que poderia ser aprimorado no programa, os participantes, em sua grande maioria,
fazem sugestões, seguidas de elogios, ou simplesmente este tipo de comentário.
A maior queixa se concentra no tempo destinado ao curso (32,9%), pois os
participantes acreditam que a carga horária dos módulos é insuficiente para abranger todos os
conteúdos das apostilas. Por este motivo, alguns temas não podem ser devidamente
aprofundados, o que reforça a sugestão realizada de maior detalhamento de temas específicos
por 22,3% dos entrevistados.
Outra reivindicação dos participantes (9,6%) se relaciona com o acompanhamento do
desempenho individual frente a seus negócios, ou seja, a assessoria do curso quanto à
aplicação dos conhecimentos adquiridos.
150
Dentre as demais sugestões, pode-se citar a continuidade do curso (14,9%), a melhor
divulgação das demais ações da Prefeitura (3,2%) e o maior direcionamento do conteúdo
(3,6%), especialmente para o setor de comércio e serviços.
Para 15,2% dos participantes, os quais realizaram somente elogios, o curso foi
integralmente positivo.
As possibilidades de melhoria na avaliação dos alunos concentram-se em assuntos
pontuais, resumindo-se basicamente a algumas críticas a professores e instalações e à falta de
aulas práticas.
O aspecto mais importante desta avaliação por parte dos participantes reside no fato de
que a grande maioria despertou para a necessidade de capacitação e aperfeiçoamento de
técnicas de gestão de suas empresas, haja vista que boa parte dos participantes solicita a
continuidade do curso ou o aprofundamento de temas abordados. Muitos certamente voltarão
a estudar, proporcionando importante ganho social, pois o insucesso de muitas empresas está
vinculado à falta de preparo gerencial e de planejamento. Como citado anteriormente, a maior
parte dos participantes (14,9%) solicita a continuidade do curso ou o aprofundamento de
temas abordados.
Embora possa incorporar parte delas, o Bom Negócio respeita as recomendações da
pesquisa internacional realizada por GEM (2006) para programas de apoio ao
empreendedorismo, além de trazer contribuições e complementações com suas
particularidades.
Os resultados da análise da rede configurada e a opinião dos participantes
contribuíram para a compreensão da problemática envolvida e para a identificação de alguns
dos alcances e limites de um programa público municipal de estímulo ao empreendedorismo
para o desenvolvimento econômico local.
Tem-se, assim, a comprovação da hipótese norteadora da pesquisa, ou seja, que
programas locais públicos de estímulo ao empreendedorismo, por meio do estabelecimento de
redes, são capazes de potencializar o aumento qualiquantitativo de atividades econômicas em
sua área de intervenção, concluindo-se que, efetivamente, possibilidades da gestão
municipal potencializar este aumento, embora não se consiga quantificar os resultados
econômicos.
No caso específico da capital paranaense, a Curitiba S.A. possui ferramentas (ações)
complementares capazes de prover o suporte necessário a este fim. Alguns complementos
como, por exemplo, nas áreas de apoio à abertura de novos negócios, capitalização de
151
empreendimentos nascentes, assessoria pós-incubação, orientação à exportação, fomento à
troca de experiências e aprimoramento de estratégias de comunicação, ainda devem ser
aperfeiçoados. Além disso, a instituição pode buscar a coordenação e organização em rede
das ações disponíveis, complementando umas às outras, aproveitando todo o potencial de
suporte ao empreendedor, no intuito de compor efetivamente a rede curitibana de apoio ao
desenvolvimento econômico local, explorando-a desta forma.
Apesar dos esforços das instituições públicas em prol do desenvolvimento nacional,
regional e local, pouco tem sido feito no sentido de avaliar os reais resultados destas ações.
Estudos prévios realizados em outros países mostram que existem limites à geração de novos
empregos formais a partir de pequenos negócios (CRUZ; FORNER; LIBERMANN, 2003).
Esta ausência de informações impede que o processo possa ser avaliado e, se
necessário, redesenhado no sentido de torná-lo mais efetivo.
Apesar dos esforços de determinados grupos de pesquisa para a inclusão dos temas
“empreendedorismo” e “comportamento empreendedor” em suas agendas de debates, à
comunidade acadêmica resta o desafio de explorar tais assuntos na tentativa da geração de
adequado arcabouço teórico e empírico no país.
A melhor compreensão da atividade empreendedora, suas dinâmicas e processos, deve
ser preocupação constante das administrações locais, se considerada a importância do seu
papel no desenvolvimento econômico, social e tecnológico.
As ações coordenadas entre empreendedores, comunidade e poder público são
essenciais para emprego otimizado dos aparatos econômicos, humanos, financeiros e
decisórios, as quais propiciam condições essenciais para o desenvolvimento de localidades.
Na busca de contribuir para o aprimoramento das ações da gestão pública, mais
especificamente urbana e regional, pelo presente trabalho acredita-se ter colaborado na
apresentação da visão da organização das diferentes ações e programas dentro do conceito das
redes, as quais constituem a nova morfologia da sociedade (CASTELLS, 1999).
Além de produzir informações para a seqüência de programas similares aos estudados,
o método desenvolvido pode servir à administração pública como instrumento de gestão de
redes de apoio ao empreendedorismo, proporcionando ampla visão da conectividade entre
empresas e ações, bem como a possibilidade de monitoração do seu desempenho. Neste
sentido, procura colaborar com a gestão urbana na busca da superação de procedimentos
tradicionais da administração municipal, contribuindo para a consecução de novos métodos e
processos para soluções locais.
152
O trabalho abre perspectivas para complementações no entendimento das operações
realizadas entre os atores, as redes de negócios e as associações envolvidas, assim como na
aferição dos resultados econômicos e sociais, como a elevação dos níveis de renda e emprego
nas regiões atendidas.
Recomenda-se, também, o aprofundamento das complementaridades e especificidades
das ações e programas, abrangendo os conteúdos dos cursos de capacitação, além do
detalhamento das práticas e procedimentos envolvidos.
Por fim, destaca-se a relevância da discussão em torno do tema, uma das maneiras
efetivas pela qual a gestão urbana e regional é capaz de colaborar para o desenvolvimento
econômico local.
153
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162
APÊNDICES
APÊNDICE A
QUESTIONÁRIO – RELAÇÃO ENTRE EMPREENDEDOR E PROGRAMA BOM
NEGÓCIO
Pesquisa realizada com empresários e autônomos formados pelo programa Bom Negócio
Dados do Cidadão formado pelo Programa Bom Negócio (empreendedor):
1 – Nome:__________________________________________________________________________________
2 – Idade: __________________________________________________________________________________
3 – Formação:
( ) 1º grau (completo ou incompleto)
( ) 2º grau (completo ou incompleto)
( ) superior (completo ou incompleto)
( ) outro. Qual?_______________________________________________________________________
4 – Sexo:
( ) masculino
( ) feminino
5 – Após participar do programa Bom Negócio, iniciou uma nova empresa ou atividade autônoma?
( ) sim
( ) já possuía uma empresa e apenas me aprimorei
( ) não. Se não, qual o motivo e quais foram suas principais dificuldades?
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
* Caso o tenha aberto uma empresa ou iniciado uma atividade econômica após a participação no
programa, não será necessário responder às questões abaixo.
6 – O que motivou a abertura de sua empresa ou início de sua atividade?
( ) percepção de uma opção rentável de negócio
( ) falta de opção satisfatória de trabalho e renda
Dados Empresa/ Atividade:
7 – Qual o ano de abertura da sua empresa ou atividade profissional?
Favor preencher a data: ___/___/______.
8 – Onde se localiza atualmente a sede de sua empresa ou atividade profissional?
( ) Curitiba
( ) região metropolitana de Curitiba
( ) cidade fora da região metropolitana de Curitiba
Caso não seja de Curitiba ou região metropolitana, favor escrever a qual cidade pertence:
__________________________________________________________________________________________
163
9 – Ramo de atividade:
( ) industrial
( ) comercial
( ) serviços
10 – Qual o mercado em que mais trabalha, produz ou vende (principal)? Assinale apenas uma alternativa.
( ) local (Curitiba e região metropolitana)
( ) estadual (cidades do Paraná exceto Curitiba e região metropolitana)
( ) nacional (cidades fora do Paraná)
( ) internacional (cidades fora do país)
11 – Alguma vez trabalhou, produziu ou vendeu para:
( ) outros estados
( ) outros países
( ) Outros estados e outros países
( ) nenhuma das alternativas
12 – Continua sua atividade até os dias de hoje:
( ) sim
( ) não. Se não, qual o motivo e data do encerramento?
__________________________________________________________________________________________
13 – Qual o número máximo de funcionários que sua empresa já empregou ao mesmo tempo (simultaneamente)?
__________________________________________________________________________________________
14 – Qual foi a principal fonte de recursos para iniciar ou ampliar seu negócio? Assinale apenas uma
alternativa.
( ) recursos próprios
( ) empréstimo de familiares e amigos
( ) crédito fornecido pelo programa público
( ) crédito obtido em uma financeira
( ) crédito obtido em um banco
( ) outra. Qual?_______________________________________________________________________
15 – Qual foi a principal dificuldade para abertura de seu negócio? Assinale apenas uma alternativa.
( ) instalações físicas
( ) recursos financeiros
( ) falta de apoio técnico
( ) desconhecimento da prática do negócio
( ) outra.Qual?_______________________________________________________________________
16 – Indique abaixo as ações da prefeitura em que participou ou participa. Assinale uma ou mais alternativas.
( ) Parque de Incubadoras Empresariais;
( ) Profissão Empresário
( ) Tecnoparque
( ) Parque de Software
( ) Curitiba Exporta
( ) Programa Municipal de Design
( ) Microcrédito
( ) ISS Tecnológico
( ) não conheço nenhuma das alternativas
17 – O que poderia ser melhor no programa Bom Negócio? Dê sua sugestão:
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
APÊNDICE B. MATRIZ DE RELACIONAMENTOS
Tabela 3: Matriz de relacionamentos das empresas com as ações do programa Bom Negócio
E1
E2
E3
E4
E5
E6
E7
E8
E9
E10
E11
E12
E13
E14
E15
E16
E17
E18
E19
E20
E21
E22
E23
E24
E25
E26
E27
E28
E29
E30
E31
E32
E33
E34
E35
E36
E37
E38
E39
E40
E41
E42
E43
E44
E45
E46
E47
E48
E49
E50
E51
E52
E53
E54
E55
E56
E57
E58
E59
E60
E61
E62
E63
E64
E65
E66
E67
E68
E69
E70
E71
E72
E73
E74
E75
E76
E77
E78
E79
E80
E81
E82
E83
E84
E85
E86
E87
E88
E89
E90
E91
E92
E93
E94
E95
E96
E97
E98
E99
E100
E101
E102
E103
E104
E105
E106
E107
E108
E109
E110
E111
E112
E113
E114
E115
E116
E117
E118
E119
E120
E121
E122
E123
E124
E125
E126
E127
E128
E129
E130
E131
E132
E133
E134
E135
E136
E137
E138
E139
E140
E141
E142
E143
E144
E145
E146
E147
E148
E149
E150
E151
E152
E153
E154
E155
E156
E157
E158
E159
E160
E161
E162
E163
E164
INCUB.
PROF. E.
TECNOP.
P. SOFT
EXPORT.
DESIGN
M. CRED.
ISS. TEC
E10000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000
E20000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000
E30000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000
E40000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000
E50000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000
E60000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000
E70000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000
E80000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000010000
E90000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000
E100000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000
E110000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000
E120000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000
E130000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000
E140000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000
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E630000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000
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E670000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000
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E690000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000
E700000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000
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E720000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000
E730000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000
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E760000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000
E770000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000
E780000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000
E790000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000
E800000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000
E810000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000
E820000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000
E830000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000
E840000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000
E850000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000
E860000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000001000000
continua...
... continuação da Tabela 3: Matriz de relacionamentos das empresas com as ações do programa Bom Negócio
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E130
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E148
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E159
E160
E161
E162
E163
E164
INCUB.
PROF. E.
TECNOP.
P. SOFT
EXPORT.
DESIGN
M. CRED.
ISS. TEC
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E880000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000
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E930000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000
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E950000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000
E960000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000001000000
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Fonte: Elaboração baseada no software Ucinet 6.
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