o faz da seguinte forma: "Registrei os termos umbanda e embanda (do mesmo
radical mbanda), nas macumbas cariocas; mas de significações mais ampliadas.
Umbanda pode ser feiticeiro ou sacerdote. Todavia, o Prof. Arthur Ramos, quando
fez esse "registro" sobre a palavra Umbanda, não o fez com a convicção de tê-la
POSITIVAMENTE encontrado com o significado de feiticeiro ou sacerdote e etc.,
tanto que baseia-se no radical "mbanda", porque havia robustecido o seu conceito,
louvado mais no que diz o Sr. HELI CHATELAIN em "FOLK TALES OF
ANGOLA - 1894, página 268, sobre o mesmo radical MBANDA em relação com
os termos Quimbanda (Ki-mbanda) e Umbanda (U-mbanda). Para isto, na mesma
página 102, faz a transcrição do texto original (em inglês) no qual se arrimou (p. 35).
O Sr. EDISON CARNEIRO, em sua obra "RELIGIÕES NEGRAS" - 1936,
corrente com o Sr. Arthur Ramos, na pág. 96, diz que: "Num Candomblé de
Caboclo, consegui registrar as expressões umbanda e embanda, sacerdote, do radical
mbanda", dando apenas num cântico a "fonte" desse registo: Mas, por estranho que
pareça, o mesmo autor, em seu "CANDOMBLÉS DA BAHIA", quer na edição de
1948, quer nesta última 2
o
edição, de 1954, revista e ampliada, com suas 239
páginas, não faz uma única referência ao termo UMBANDA nem tampouco a
EMBANDA e, note-se, contém um "VOCABULÁRIO DE TERMOS USADOS
NOS CANDOMBLÉS DA BAHIA com mais de 200 DESTES TERMOS E
RESPECTIVOS SIGNIFICADOS. Nessa obra, o autor esmiúça crenças, costumes,
práticas, etc. (p. 36).
GONÇALVES FERNANDES, em "XANGÔS DO NORDESTE", edição de
1937, com 158 páginas, (descrevendo os Candomblés ou os chamados Xangôs do
Estado de Pernambuco, não faz referência aos termos umbanda e embanda, não
obstante dar dezenas e dezenas de toadas ou "pontos cantados") (p. 37).
DONALD PIERSON, em seu livro "BRANCOS E NEGROS NA BAHIA",
edição de 1945, no capitulo XI (p. 337 a 387), em que trata dos candomblés, estuda
também os Orixás, divindades, crenças, práticas, apresentando até um mapa
completo dos Principais Orixás do Culto Afro-Brasileiro gêge-nagô, na Bahia, em
1937" (...) Tudo isso muito bem particularizado. Pois bem, é inexistente, nesta obra,
a palavra Umbanda ou embamda (p. 37).
ROGER BASTIDE, em "IMAGENS DO NORDESTE MÍSTICO", edição de
1945, em suas 247 páginas, não registra uma só vez as palavras Umbanda e
embanda.. [...] E ainda, a título de observação, em "ESTUDOS AFRO-
BRASILEIROS", trabalho apresentando ao 1
o
Congresso afro-brasileiro reunido no
Recife em 1934, por GILBERTO FREYRE e outros, na página 248 consta um
"apêndice" com 150 termos africanos e respectivos significados, muitos, de uso
corrente nos candomblés. Aí, também não se encontra a menor referência às
palavras umbanda e embanda (p.38).
O texto nos apresenta o grau de informações que Matta e Silva tem dos estudos
acadêmicos e de seus principais produtores. É importante ressaltar que o escritor acima é
herdeiro de uma base literária umbandista que se torna orgânica a partir do Primeiro
Congresso Brasileiro do Espiritismo de Umbanda (FEU, 1942), realizado no ano de 1941(ver:
tabela de figuras). Obras que antecederam a produção de Matta e Silva já vinham realizando
um diálogo com os saberes acima apontados (BRAGA, 1957; ZESPO, 1953, FEU; 1942).
A análise que realizo a seguir é um mergulho na produção dos intelectuais brasileiros,
a partir de um recorte e seleção dos próprios intelectuais umbandistas. Alguns intelectuais,
abaixo discutidos, não foram de forma explícita, citados pelos intelectuais umbandistas, mas,