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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE QUÍMICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA
ESTUDOS FÍSICO-QUÍMICOS DO EFLUENTE PRODUZIDO POR
FOSSA SÉPTICA BIODIGESTORA E O IMPACTO DO SEU USO NO
SOLO”
Adriana Soares Faustino*
Dissertação apresentada ao Departamento de
Química da Universidade Federal de São
Carlos como parte dos requisitos para obtenção
do título de Mestre em Química, área de
concentração: Química Analítica.
Orientadora: Dra. Ana Rita de Araujo Nogueira
Co-orientador: Dr. Wilson Tadeu Lopes da Silva
* Bolsista CNPq
São Carlos
2007
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A necessidade ensina a lebre a correr.
(Provérbio gaúcho)
À Deus por iluminar meus caminhos,
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Aos meus amados pais Antônio e Margarida, pilares da minha vida; aos meus
queridos irmãos Ademir e Alexandre pelo apoio e incentivo.
Dedico
AGRADECIMENTOS
À Dra. Ana Rita de Araújo Nogueira pela orientação, sugestões e auxílios na realização deste
trabalho.
Ao Dr. Wilson Tadeu Lopes da Silva pela orientação, amizade e confiança durante a
realização deste trabalho.
Ao Dr. Antônio Pereira Novaes pelo atencioso acompanhamento durante o trabalho.
Ao Dr. Marcelo Luiz Simões, Dr. Joaquim Araújo de Nóbrega, Dra. Débora Marcondes
Bastos Pereira Milori, Dr. Ladislau Martin-Neto pelas sugestões e auxílio na realização deste
trabalho.
Ao Renê e Godoy, pela valiosa e pronta ajuda sempre que necessitei.
À Dra. Maria Olímpia de Oliveira Rezende e ao pessoal do laboratório de Química Ambiental
do IQSC-USP pela contribuição nas medidas de carbono.
À Lílian, pela valiosa ajuda no laboratório.
Ao Marcos e Gilberto Batista, da Embrapa Pecuária Sudeste, pelas medidas de macro e
micronutrientes no solo.
À Cristina, da Embrapa Pecuária Sudeste, pelo auxílio no laboratório.
Aos Srs. Gilberto Morsseli e Paulo, responsáveis pelo Sítio Aparecida e pela Fazenda Morro
Verde, respectivamente, onde foram coletadas as amostras da Fossa Séptica Biodigestora.
À Sobloco Construtora S.A., em especial ao Engenheiro Agrônomo Lourenço Chermam
Salles da Fazenda Santa Cândida, onde foram coletadas as amostras de solo.
Às secretárias do Programa de Pós-graduação da UFSCar, Cristina, Aryane e Luciane, pela
atenção, simpatia e ajuda.
Aos meus velhos amigos Daniela D., Eduardo, Marcus, Nilva, Sheila, Shirlei, Tânia, Tereza e
Thatiane, que mesmo distantes, nunca deixaram de estar presentes. Obrigada pelo carinho.
Aos novos, Kelly, Eveline, Ursula, Fernanda, Lílian, Daniel e André pela paciência,
companheirismo, boas conversas e risadas, que tornaram mais agradável minha estadia em
São Carlos, muito obrigada.
Aos colegas e amigos de trabalho Aline, Ana Flávia, André, Bruno, Cléber, Danielle, Edilene,
Fernanda, Fernando, Kelly, Larissa, Lilian, Lucimar, Robson e Ursula.
Aos colegas e amigos de trabalho do GAIA, Eveline, Carla, Silvéria, Rodolfo, Edivan, Mário,
Fernanda, Wladiana, Alexandra, Daniela pelas sugestões e auxilio no laboratório.
À Embrapa Instrumentação Agropecuária e Embrapa Pecuária Sudeste por possibilitar a
realização deste trabalho.
À Universidade Federal de São Carlos, em especial ao Departamento de Química.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela bolsa
concedida.
Ao Ministério do Desenvolvimento Agrário pelo apoio financeiro.
À minha querida família: Pai, Mãe, Mimi e Sandro pelo amor.
Ao MUR onde conheci pessoas maravilhosas, verdadeiros anjos de Deus na minha vida, que
me ensinaram a SONHAR.
À JESUS, amigo de todas as horas, fonte de inspiração e vida, por não me deixar desistir duas
vezes no mesmo dia, meu eterno agradecimento e espera.
E a todos que de alguma forma contribuíram significativamente para a realização deste
trabalho, obrigada.
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS............................................................................................................... I
LISTA DE TABELAS........................................................................................................... IV
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS............................................................................V
RESUMO................................................................................................................................ VI
ABSTRACT ..........................................................................................................................VII
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO ............................................................................................1
CAPÍTULO 2 – REVISÃO DE LITERATURA....................................................................3
2.1 TRATAMENTO DE ESGOTO ..............................................................................................3
2.1.1 – Tratamento de Esgoto na Área Rural.....................................................................4
2.2 – Processos Biológicos.................................................................................................5
2.2.1 – Digestão Anaeróbia ............................................................................................6
2.3 FOSSA SÉPTICA BIODIGESTORA ......................................................................................7
2.4 PROPRIEDADES QMICAS DO SOLO................................................................................9
2.5 MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO .....................................................................................11
2.5.1 – Substâncias Húmicas............................................................................................12
2.5.1.1 – Modelo Macromolecular para as Substâncias Húmicas................................12
2.5.1.2 – Modelo Supramolecular para as Substâncias Húmicas.................................14
2.6 DISPONIBILIDADE DE NUTRIENTES NO SOLO.................................................................15
2.7 DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS NO SOLO..............................................................................16
2.8 EFEITO DA ADIÇÃO DE RESÍDUOS ORGÂNICOS NAS CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS E
FÍSICAS DO SOLO ...................................................................................................................17
2.9 MÉTODOS ESPECTROSCÓPICOS .....................................................................................18
2.9.1 – Espectroscopia de Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR)...........18
2.9.2. – Espectroscopia de Ressonância Paramagnética Eletrônica (RPE)....................20
2.9.3 – Espectroscopia de Ressonância Magnética Nuclear (RMN) ...............................22
2.9.4 – Espectroscopia de Fluorescência em Solução .....................................................26
2.9.4.1 – Modalidade de Emissão.................................................................................28
2.9.4.2 – Modalidade Sincronizada ..............................................................................30
2.9.5 – Espectroscopia de Fluorescência Induzida por Laser (FIL)................................31
2.10
ESPECTROMETRIA DE EMISSÃO ÓTICA COM PLASMA ACOPLADO INDUTIVAMENTE (ICP
OES) .....................................................................................................................................33
2.11 COMPOSIÇÃO ELEMENTAR..........................................................................................34
CAPÍTULO 3 – OBJETIVOS...............................................................................................36
CAPÍTULO 4 – MATERIAIS E MÉTODOS......................................................................37
4.1
PARTE 1: AMOSTRAS DE EFLUENTE ..............................................................................37
4.1.1 – Amostragem e Preparo do Material da Fossa Séptica Biodigestora...................37
4.1.2 – Análises do Efluente .............................................................................................40
4.1.2.1 – Parâmetros Físico-químicos ..........................................................................40
4.1.2.2 – Condutividade e pH.......................................................................................40
4.1.2.3 – Análise Elementar e Teor de Cinzas..............................................................40
4.1.2.4 – Determinação de Macro e Micronutrientes no Efluente por Espectrometria de
Emissão Ótica com Plasma Acoplado Indutivamente (ICP OES) ...............................41
4.1.2.5 – Análises Espectroscópicas.............................................................................41
4.1.2.5.1 – Espectroscopia de Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR)
..................................................................................................................................41
4.1.2.5.2 – Espectroscopia de Ressonância Paramagnética Eletrônica (RPE) .........41
4.1.2.5.2 – Espectroscopia de Ressonância Magnética Nuclear...............................42
4.2 PARTE 2: AMOSTRAS DE SOLO ......................................................................................43
4.2.1 – Amostragem e Preparo de Solo............................................................................43
4.2.2 – Análises do Solo ...................................................................................................44
4.2.2.1 – Condutividade e pH do Extrato do Solo........................................................44
4.2.2.2 – Análise de Macro e Micronutrientes Disponíveis no Solo............................44
4.2.2.3.1 – Extração de Macronutrientes (Ca, Mg, K, P) com Mistura de Resinas
Trocadora de Íons.....................................................................................................44
4.2.2.3.2 – Extração de Micronutrientes (Cu, Fe, Mn, Zn) Usando Solução de DTPA
em pH 7,3 .................................................................................................................45
4.2.2.3 – Determinação do Carbono Orgânico Total....................................................46
4.2.2.4 – Espectroscopia de Fluorescência Induzida por Laser (FIL) ..........................46
4.3 PARTE 3: AMOSTRAS DE ÁCIDOS HÚMICOS EXTRAÍDOS DO SOLO ................................47
4.3.1 – Extração e Fracionamento de Ácidos Húmicos do Solo......................................47
4.3.2 – Análises dos Ácidos Húmicos...............................................................................48
4.3.2.1 – Análise Elementar e Teor de Cinzas..............................................................48
4.3.2.2 – Análises Espectroscópicas.............................................................................48
4.3.2.2.1 – Espectroscopia de Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR)
..................................................................................................................................48
4.3.2.2.2 – Espectroscopia de Ressonância Paramagnética Eletrônica (RPE) .........48
4.3.2.2.3 – Espectroscopia de Ressonância Magnética Nuclear (RMN)..................49
4.3.2.2.4 – Espectroscopia de Fluorescência em Solução ........................................49
CAPÍTULO 5 – RESULTADOS E DISCUSSÃO ...............................................................51
5.1 CARACTERIZAÇÃO DO EFLUENTE .................................................................................51
5.1.1 – Parâmetros Físico-químicos ................................................................................51
5.1.2 – Análise Elementar ................................................................................................53
5.1.3 – Macro e Micronutrientes do Efluente...................................................................55
5.1.4 – Análises Espectroscópicas....................................................................................56
5.1.4.1 – Espectroscopia de Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR).....56
5.1.4.2 – Espectroscopia de Ressonância Paramagnética Eletrônica (RPE) ................60
5.1.4.3 – Espectroscopia de Ressonância Magnética Nuclear (RMN).........................62
5.2 IMPACTO CAUSADO PELA ADIÇÃO DE EFLUENTE NO SOLO...........................................73
5.2.1 – Condutividade e pH..............................................................................................73
5.2.2 – Macro e Micronutrientes Disponíveis no Solo.....................................................74
5.2.3 – Carbono Orgânico Total (COT)...........................................................................75
5.2.3 – Espectroscopia de Fluorescência Induzida por Laser (FIL)................................76
5.3
MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO CIDOS HÚMICOS)......................................................77
5.3.1 – Análise Elementar ................................................................................................77
5.3.2 – Análises Espectroscópicas....................................................................................79
5.3.2.1 – Espectroscopia de Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR).....79
5.3.2.2 – Espectroscopia de Ressonância Paramagnética Eletrônica (RPE) ................81
5.3.2.3 – Espectroscopia de Ressonância Magnética Nuclear (RMN).........................84
5.3.2.4 – Espectroscopia de Fluorescência em Solução ...............................................87
5.3.2.4.1 – Modalidade de Emissão..........................................................................87
5.3.2.4.2 – Modalidade Sincronizada .......................................................................92
CAPÍTULO 6 – CONCLUSÕES ..........................................................................................95
CAPÍTULO 7 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................97
i
L
L
I
I
S
S
T
T
A
A
D
D
E
E
F
F
I
I
G
G
U
U
R
R
A
A
S
S
FIGURA 2.1 – A. Fossa rudimentar mostrada em um contexto ambiental. B. Esquema de uma fossa rudimentar 4
FIGURA 2.2 Esquema da via de degradação anaeróbia da matéria orgânica ...................................................... 6
FIGURA 2.3 – Esquema do sistema da fossa séptica biodigestora (NOVAES et al., 2002)................................... 8
FIGURA 2.4 – Modelo de estrutura para AH proposto por SCHULTEN e SCHNITZER (1993)........................ 13
FIGURA 2.5 Modelo tridimensional de AH proposto por SCHULTEN e SCHNITZER (1997). Carbono : azul;
Oxigênio: vermelho; Nitrogênio: preto e Hidrogênio: branco. As letras A, B e C indicam os espaços vazios
presentes, provavelmente, na estrutura das SH............................................................................................ 14
FIGURA 2.6 – Esquema de estrutura das SH proposto por SIMPSON et al. (2002), unidades vermelhas: cátions
metálicos; unidades pretas: polissacarídeos; unidades azuis: polipeptídios; unidades verdes: cadeias
alifáticas e unidades marrons: fragmentos aromáticos................................................................................. 15
FIGURA 2.7 A. Esquema simplificado do fenômeno de RPE, mostrando o efeito Zeeman para um sistema com
I = ½; B. característica do espectro de absorção; e C. a primeira derivada do espectro de absorção, a qual é
normalmente detectada nos espectrômetros de RPE, indicando os parâmetros: fator g, largura de linha do
sinal (H) e intensidade do sinal (I)............................................................................................................. 20
FIGURA 2.8 – Esquema da estabilização do radical livre do tipo semiquinona (SENESI e SCHNITZER, 1977)
..................................................................................................................................................................... 21
FIGURA 2.9 – Espectro típico de RPE de ácido húmico mostrando o sinal do radical livre do tipo semiquinona
..................................................................................................................................................................... 22
FIGURA 2.10 – Dois níveis de energia dos hidrogênios, como descritos pela mecânica quântica, em um campo
magnético de magnitude B
0
. N é a população. A direção do campo magnético (↑↑) está para cima,
paralelo à ordenada, e B
0
aumenta para a direita.......................................................................................... 23
FIGURA 2.11 Na rotação no ângulo mágico, a amostra gira fazendo um ângulo de 54,74º com a direção do
campo magnético (B
0
) aplicado. O movimento rápido sobre este ângulo promedia em zero as interações
dipolo-dipolo e as anisotropias do deslocamento químico (ATKINS, P. e PAULA, J. 2004)..................... 25
FIGURA 2.12 – Espectro RMN de
13
C típico de AH mostrando os grupos funcionais associados às bandas
correspondentes (SKJEMSTAD et al., 1998).............................................................................................. 26
FIGURA 2.13 – Níveis vibracionais e eletrônicos de uma molécula orgânica, e caminhos de decaimento
radiativos e não radiativos (NARIMOTO, 2006)......................................................................................... 27
FIGURA 2.14 – Espectro de emissão de fluorescência de AH extraídos de solo tratado com lodo de esgoto,
obtido segundo metodologia de ZSOLNAY et al., (1999). Comprimento de onda de excitação λ
exc
= 240
nm (NARIMOTO, 2006) ............................................................................................................................. 29
FIGURA 2.15 – Espectro de emissão de fluorescência de AH extraídos de solo tratado com lodo de esgoto,
obtido segundo metodologia de MILORI et al., (2002). Comprimento de onda de excitação λ
exc
= 465 nm
(NARIMOTO, 2006) ................................................................................................................................... 30
FIGURA 2.16 – Espectro de varredura sincronizada de AH extraídos de solo tratado com lodo de esgoto, obtido
segundo metodologia de KALBITZ et al., (2000). ∆λ = 55 nm (NARIMOTO, 2006) ............................... 31
FIGURA 2.17 – Montagem experimental para realização de análises de fluorescência induzida por laser
(NARIMOTO, 2006) ................................................................................................................................... 32
FIGURA 2.18 – A. Pastilhas de solo usadas para obtenção dos espectros. B. laser incidindo sobre uma pastilha
de solo.......................................................................................................................................................... 33
ii
FIGURA 4.1 – Sistema da fossa séptica biodigestora instalado no Sítio Aparecida – São Carlos/SP.................. 37
FIGURA 4.2 – Sistema da fossa séptica biodigestora instalado na Fazenda Morro Verde – Itirapina/SP............ 38
FIGURA 4.3 – Sistema da fossa séptica biodigestora instalado na Fazenda Santa Cândida – São Carlos/SP......38
FIGURA 5.1 Espectros de FTIR do material liofilizado das três caixas do sistema da fossa séptica biodigestora.
O – inoculado com esterco Ovino; Os números iniciais 1, 2 e 3 referem-se, respectivamente, à ordem de
coleta das amostras (10/2005; 07/2006 e 10/2006) e os seguintes à letra, às caixas 1, 2 e 3 do sistema ..... 57
FIGURA 5.2 – Espectros de FTIR do material liofilizado das três caixas do sistema da fossa séptica biodigestora.
B – inoculado com esterco bovino; Os números iniciais 1,2 e 3 referem-se, respectivamente, à ordem de
coleta das amostras (10/2005; 07/2006 e 10/2006) e os seguintes à letra, às caixas 1, 2 e 3 do sistema ..... 58
FIGURA 5.3 – Concentração de radicais livres do tipo semiquinona em spin g
-1
C
-1
obtida para as amostras do
material liofilizado das três caixas do sistema da fossa séptica biodigestora. O – inoculado com esterco
Ovino; B – inoculado com esterco Bovino; 2FSC3 - Fazenda Santa Cândida. Os números iniciais 1, 2 e 3
referem-se, respectivamente, à ordem de coleta das amostras (10/2005; 07/2006 e 10/2006)..................... 62
FIGURA 5.4 – Espectro de RMN de
13
C de amostras de efluente liofilizado. O – inoculado com esterco Ovino;
Os números iniciais 1, 2 e 3 referem-se, respectivamente, à ordem de coleta das amostras (10/2005;
07/2006 e 10/2006) e os seguintes à letra, às caixas 1, 2 e 3 do sistema...................................................... 65
FIGURA 5.5 – Espectro de RMN de
13
C de amostras de lodo liofilizado. L2O – lodo do sistema inoculado com
esterco Ovino coletado em 07/2006; Os números seguintes à letra referem-se às caixas 1, 2 e 3 do sistema
..................................................................................................................................................................... 66
FIGURA 5.6 – Espectro de RMN de
13
C de amostras de efluente liofilizado. B – inoculado com esterco Bovino;
Os números iniciais 1, 2 e 3 referem-se, respectivamente, à ordem de coleta das amostras (10/2005;
07/2006 e 10/2006) e os seguintes à letra, às caixas 1, 2 e 3 do sistema...................................................... 67
FIGURA 5.7 – Espectro de RMN de
13
C de amostras de lodo liofilizado. L2B – lodo do sistema inoculado com
esterco Bovino coletado em 07/2006; Os números referem-se às caixas 1, 2 e 3 do sistema ...................... 68
FIGURA 5.8 – Espectro de RMN de
13
C de amostras de efluente (A) e lodo (B). 2FSC3 – Fazenda Santa
Cândida, caixa 3, coleta 2; L2FSC3 – lodo da caixa 3 do sistema da Fazenda Santa Cândida coletado em
07/2006 ........................................................................................................................................................ 68
FIGURA 5.9 – Porcentagem dos grupos funcionais obtidas através dos espectros de RMN de
13
C com
VACP/MAS das amostras de efluente de cada caixa e nas três coletas. O – inoculado co esterco ovino; B
inoculado com esterco Bovino; Os números iniciais 1, 2 e 3 referem-se, respectivamente, à ordem de
coleta das amostras (10/2005; 07/2006 e 10/2006) e os seguintes à letra, às caixas 1, 2 e 3 do sistema ..... 69
FIGURA 5.10 – Média da porcentagem dos grupos funcionais obtidas através dos espectros de RMN de
13
C com
VACP/MAS das amostras de efluente em cada coleta. O – sistema inoculado com esterco ovino; B
sistema inoculado com esterco Bovino; Os números iniciais 1, 2 e 3 referem-se, respectivamente, à ordem
de coleta das amostras (10/2005; 07/2006 e 10/2006) ................................................................................. 70
FIGURA 5.11 – Porcentagem dos grupos funcionais obtidas através dos espectros de RMN de
13
C com
VACP/MAS das amostras de lodo coletado em 07/2006. L2O – lodo do sistema inoculado com esterco
ovino; L2B – lodo do sistema inoculado com esterco Bovino; Os números seguintes à letra referem-se às
caixas 1, 2 e 3 do sistema............................................................................................................................. 71
FIGURA 5.12 – Porcentagem dos grupos funcionais obtidas através dos espectros de RMN de
13
C com
VACP/MAS das amostras de efluente e lodo. 2FSC3 – Fazenda Santa Cândida, caixa 3, coleta 2; L2FSC3
– lodo da caixa 3 do sistema da Fazenda Santa Cândida coletado em 07/2006........................................... 71
FIGURA 5.12 – Concentração de macro e micronutrientes disponíveis no solo. A e B – macronutrientes; C e D –
micronutrientes; CE: solo adubado com efluente; NPK: solo com adubação mineral à base de nitrogênio,
fosfato e potássio; M: solo de mata. As numerações referem-se às profundidades amostradas – 1: 0-10 cm;
2: 10-20 cm e 4: 20-40 cm........................................................................................................................... 74
iii
FIGURA 5.13 – Porcentagem de carbono total em amostras de solo. CE: solo adubado com efluente; NPK: solo
com adubação mineral à base de nitrogênio, fosfato e potássio; M: solo de mata....................................... 75
FIGURA 5.14 – Índice de humificação (H
FIL
) obtido através da fluorescência induzida por laser de amostras de
solo dividido pela porcentagem de carbono orgânico das mesmas. CE: solo adubado com efluente; NPK:
solo com adubação mineral à base de nitrogênio, fosfato e potássio; M: solo de mata ............................... 77
FIGURA 5.15 Espectros de FTIR de AH extraídos de amostras de solos adubados com efluente (CE), solo com
adubação mineral a base de nitrogênio, fósforo e potássio (NPK) e solo de mata....................................... 80
FIGURA 5.16 – Comcentração de radicais livres do tipo semiquinona em spin g
-1
C
-1
obtida para as amostras de
AH extraídos de solos adubados com efluente (CE), com adubação mineral a base de nitrogênio, fósforo e
potássio (NPK) e de solo de mata (M)......................................................................................................... 83
FIGURA 5.17 – Espectros de RMN de
13
C dos AH extraídos do solo. CE: solo adubado com efluente; NPK: solo
com adubação mineral à base de nitrogênio, fosfato e potássio; M: solo de mata. As numerações referem-
se às profundidades amostradas – 1: 0-10 cm; 2: 10-20 cm e 4: 20-40 cm.................................................. 84
FIGURA 5.18 – Porcentagem da área total das bandas nos espectros de RMN de
13
C com VACP/MAS das
amostras de AH. CE: solo adubado com efluente; NPK: solo com adubação mineral à base de nitrogênio,
fosfato e potássio; M: solo de mata. As numerações referem-se às profundidades amostradas – 1: 0-10 cm;
2: 10-20 cm e 4: 20-40 cm........................................................................................................................... 86
FIGURA 5.19 – Espectros de emissão de fluorescência de AH extraídos do solo, medidos com comprimento de
onda de excitação λ
ex
= 465 nm. CE – solo adubado com efluente; NPK – solo com adubação mineral a
base de nitrogênio, fósforo e potássio; M – solo de mata ............................................................................ 88
FIGURA 5.20 – Índice de humificação, A
465
, obtido segundo metodologia de MILORI et al., (2002) para os AH
extraídos do solo. CE – solo adubado com efluente; NPK – solo com adubação mineral a base de
nitrogênio, fósforo e potássio; M – solo de mata......................................................................................... 89
FIGURA 5.21 – Espectros de emissão de fluorescência de AH extraídos do solo, medidos com comprimento de
onda de excitação λ
ex
= 240 nm. CE – solo adubado com efluente; NPK – solo com adubação mineral a
base de nitrogênio, fósforo e potássio; M – solo de mata ............................................................................ 90
FIGURA 5.22 – Índice de humificação, A
4
/A
1
, obtido segundo metodologia de ZSOLNAY et al., (1999) para os
AH extraídos do solo. CE – solo adubado com efluente; NPK – solo com adubação mineral a base de
nitrogênio, fósforo e potássio; M – solo de mata......................................................................................... 91
FIGURA 5.23 – Espectros de varredura sincronizada de AH extraídos do solo, medidos com diferença de
comprimento de onda de emissão e excitação ∆λ = 55 nm. CE – solo adubado com efluente; NPK – solo
com adubação mineral a base de nitrogênio, fósforo e potássio; M – solo de mata..................................... 93
FIGURA 5.24 – Índice de humificação, I
456
/I
374
, obtido segundo metodologia de KALBITZ et al., (2000) para os
AH extraídos do solo. CE – solo adubado com efluente; NPK – solo com adubação mineral a base de
nitrogênio, fósforo e potássio; M – solo de mata......................................................................................... 94
FIGURA 5.25 – Correlação entre as metodologias de fluorescência propostas para avaliar o índice de
humificação das substâncias húmicas: A. MILORI e ZSOLNAY; B. ZSOLNAY e KALBITZ e C.
MILORI e KALBITZ .................................................................................................................................. 94
iv
L
L
I
I
S
S
T
T
A
A
D
D
E
E
T
T
A
A
B
B
E
E
L
L
A
A
S
S
TABELA 2.1 – Bactérias presentes no rumem bovino (RUIZ, 1992).....................................................................9
TABELA 2.2 – Bandas no infravermelho do ácido húmico descritas por NIEMEYER et al., (1992) .................19
TABELA 4.1 – Nomenclatura adotada para as amostras de efluente.................................................................... 39
TABELA 4.2 – Nomenclatura adotada para as amostras de lodo de esgoto ......................................................... 40
TABELA 4.3 – Nomenclatura adotada para as amostras de solo.......................................................................... 43
TABELA 5.1 – Parâmetros físico-químicos das amostras de efluente da caixa 3*............................................... 51
TABELA 5.2 – Composição elementar e teor de cinzas em amostras de efluente liofilizado* ............................ 53
TABELA 5.3 – Razões atômicas C/N e H/C das amostras de efluente liofilizado* ............................................. 54
TABELA 5.4 – Composição mineral das amostras de efluente liofilizado da caixa 3*........................................ 55
TABELA 5.5 – Concentração de radicais livres do tipo semiquinona nas amostras de efluente liofilizado*....... 61
TABELA 5.6 – Porcentagem dos grupos aromáticos e alifáticos nas amostras de efluente e lodo obtidas através
dos espectros de RMN de
13
C* .................................................................................................................... 72
TABELA 5.7 – Valores de pH e condutividade para as amostras de solo* ..........................................................73
TABELA 5.8 – Composição elementar (carbono, nitrogênio, hidrogênio, enxofre e oxigênio) e teor de cinzas em
amostras de AH extraídos do solo*..............................................................................................................77
TABELA 5.9 – Razões atômica C/N e H/C das amostras de amostras de AH extraídos do solo ......................... 78
TABELA 5.10 – Concentração de radicais livres do tipo semiquinona e largura de linha das amostras de AH
extraídos do solo CE, NPK e M, fornecidas por RPE*................................................................................ 82
TABELA 5.11 – Porcentagem dos grupos aromáticos e alifáticos nas amostras de AH obtidas através dos
espectros de RMN de
13
C............................................................................................................................. 87
v
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ACF Área do Espectro de Emissão de FIL
AF Ácidos Fúlvicos
AH Ácidos Húmicos
CEPAL Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe
CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
COT Carbono Orgânico Total
CP Polarização Cruzada
CTC Capacidade de Troca Catiônica
CSA Anisotropia do Deslocamento Químico
Da Daltons
DBO Demanda bioquímica de Oxigênio
DQO Demanda Química de Oxigênio
FIA Análise por Injeção em Fluxo
FIL Fluorescência Induzida por Laser
FTIR Infravermelho com Transformada de Fourier
HU Humina
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICP OES Espectrometria de Emissão Ótica com Plasma Acoplado Indutivamente
IHSS Sociedade Internacional de Substâncias Húmicas
MAS Rotação Segundo o Ângulo Mágico
MO Matéria Orgânica
MOS Matéria Orgânica do Solo
OD Oxigênio Dissolvido
ONU Organização das Nações Unidas
PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
rf Radiofreqüências
RMN Ressonância Magnética Nuclear
RPE Ressonância Paramagnética Eletrônica
SH Substâncias Húmicas
SSF Sólidos Suspensos Fixos
SST Sólidos Suspensos Totais
SSV Sólidos Suspensos Voláteis
TMS Tetrametilsilano
TFSA Terra Fina Seca ao Ar
VA Amplitude Variável
vi
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M
M
O
O
A geração de efluente a partir do tratamento de esgoto vem se incrementando, e sua
disposição final representa uma questão a ser resolvida. Assim uma das alternativas
encontradas é sua utilização na agricultura como adubo orgânico, podendo substituir parte da
adubação mineral. Essa prática, além de benéfica do ponto de vista da reciclagem de
nutrientes, representa uma economia de água no setor agrícola, que é cerca de 70% do
consumo total no Brasil. Este trabalho visou conhecer as características do efluente produzido
pela Fossa Séptica Biodigestora, um sistema anaeróbio de tratamento de esgoto desenvolvido
pela Embrapa Instrumentação Agropecuária, bem como de avaliar o impacto da aplicação do
efluente no solo. Foram feitas três coletas do material das caixas das diferentes câmaras
biodigestoras, em sistemas inoculados com esterco ovino e bovino. Este material foi analisado
em seu estado bruto (líquido) em algumas análises para a determinação de parâmetros como
condutividade, pH, DBO, DQO e teores de sólidos. Para as demais análises utilizou-se o
sólido obtido após liofilização do líquido. As concentrações de macro e micronutrientes
presentes no efluente foram estimadas usando a técnica de ICP OES. A matéria orgânica
presente no efluente foi caracterizada segundo as espectroscopias de FTIR, RMN de
13
C e
RPE além da análise elementar. O efluente produzido apresentou caráter alcalino e
concentrações significativas de sais nos dois sistemas analisados. Também foram observadas
quantidades elevadas de N-NH
4
+
e baixas de N-NO
3
-
, típico de sistemas anaeróbios. A análise
elementar do sólido, obtido após liofilização do líquido, mostrou que não há uma tendência na
variação da composição elementar (C, H, N) ao longo do processo de biodigestão, os quais
foram semelhantes tanto para o sistema inoculado com esterco ovino quanto bovino, assim
como nas diferentes coletas. O efluente apresentou quantidade significativa de nutrientes em
sua composição mineral. Através da caracterização espectroscópica da matéria orgânica do
material liofilizado foi possível notar que não ocorreram muitas variações nos grupamento
funcionais observados através dos espectros de FTIR, no decorrer do processo de biodigestão.
A RMN de
13
C possibilitou informações à cerca dos grupamentos aromáticos e alifáticos das
amostras, mostrando que o efluente possui caráter bastante alifático. O efluente foi aplicado
no solo durante três anos, sendo este solo classificado como Latossolo Vermelho-Amarelo
fase arenosa utilizado no cultivo de goiaba. Foram comparados os efeitos da adubação pelo
efluente com adubação mineral do tipo NPK. Também foi analisado o solo de mata da região.
Foram feitas análises de pH, condutividade, macro e micronutrientes, COT e FIL utilizando o
solo intacto. Fez-se a extração dos AH dos solos. Os AH foram caracterizados segundo a
composição elementar, FTIR, RMN de
13
C, RPE e Fluorescência em solução. A adição do
efluente proporcionou um aumento no pH do solo, observado principalmente na camada
superficial. Foi observado um incremento nas concentrações de nutrientes no solo sob uso do
efluente em comparação com o solo com adubação mineral NPK. Alterações na fração
húmica do solo com efluente em relação aos solos com adubação NPK e de mata foram
observadas. Através das técnicas de RMN de
13
C e RPE foi possível notar diminuição na
aromaticidade e no grau de humificação da matéria orgânica, respectivamente, devido à
incorporação da matéria orgânica do efluente, de caráter bastante alifático. Nas técnicas de
FIL e Fluorescência em solução, o grau de humificação para as amostras do solo com efluente
foram muito similares à do solo com adubação mineral, não sendo observados, através destas
técnicas, efeitos da adição do efluente. O efluente também forneceu macro e micronutrientes
em quantidades significativas ao solo, não sendo observado efeito de salinização nas
profundidades analisadas. Os resultados indicam o efeito benéfico do uso do efluente tratado
pela Fossa Séptica Biodigestora na fertilidade do solo.
vii
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A
B
B
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S
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The generation of effluent from the sewage treatment is daily increasing then its final
disposition represents a mandatory question to be answered. An alternative is its agricultural
utilization such as organic fertilizer as a partial substitute of mineral fertilizer. This practice,
beyond inherent benefits due to nutrients recycling promotes agricultural water reuse, which
is responsible of around 70% of the total water consumption in Brazil. It was developed a
research following the stages of the domestic sewage treatment in the anaerobic system called
“Septic Cesspool Biodigester”, developed by Embrapa Agricultural Instrumentation, and also
the impact observed in the soil after the application of the treated effluent. Three samplings
were done in the different biodigestion chambers which were inoculated with either ovine or
bovine manure. These effluents were analyzed according to its original state (liquid),
regarding to the determination of some parameters such as conductivity, pH, OBD, OCD and
solids content. Other analyses of the effluent were done in the solid obtained after freeze
drying of the raw treated effluent. There were determined the mineral composition of the
effluent, using the ICP-OES technique. The effluent organic matter was characterized by
FTIR,
13
C-NMR and EPR spectroscopies and, elemental analysis. The effluent presented
alkaline character and significant salts concentration for both systems, high quantity of N-
NH
4
+
and low content of N-NO
3
-
, characteristic of anaerobic systems. The elemental analysis
of the solid obtained after the liquid freeze drying, showed that there was not a variation
tendency in the percentages of C, H and N during biodigestion process. These values were
similar to the either ovine or bovine inoculated systems, and to the different samplings. The
effluent presented a quantity of macro e micro nutrients. Through the spectroscopic
characterization of the organic matter present in the freeze dried material, it was possible to
observe that there were not noticeable variations in the FTIR spectra in the course of the
process monitoring. The
13
C NMR supplied information about aromatic and aliphatic groups,
showing that the effluent presented a high aliphatic content. The soil, classified as Yellow-
redish Lattosoil with sandy phase, was submitted to the effluent application during three years
and was used for the “goiaba” orchard. Thus, there were compared the effects effluent in
comparison of the NPK mineral fertilization as well as the soil of the native forest at the side
of the orchard. Determinations of pH, conductivity, macro and micro nutrients content, TOC
and LIF were done for the intact soil. Soil HA were extracted and characterized according to
their elemental composition, FTIR,
13
C NMR, EPR and solution fluorescence. The application
of the treated effluent produced an increment in the pH value, mainly in the superficial layer.
There was observed nutrients increment in soil submitted to the effluent application when
compared with the NPK fertilized soil. Alterations in the humic fraction of the analyzed soil
(after effluent application) were observed when compared with the forest and NPK samples.
Results obtained by
13
C NMR and EPR detected a general diminution of the aromaticity and
the humification degree of organic matter, as a consequence of the aliphatic character of the
organic matter present in the effluent. The humification degree of HA extracted from the
applied effluent soil, determined by LIF and solution, were very similar to the ones observed
in the mineral fertilized soil. The effluent supplied macro e micro nutrients in significant
quantities to the soil, and it was not observed salinization effect in the analyzed depths. These
results show the benefic effect of the utilization of Septic Cesspool Biodigester effluent
regarding to the soil fertility.
_________________________________________________________________________
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C
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O Brasil regrediu na tarefa de reduzir pela metade a proporção da população rural sem
acesso a saneamento adequado. Quase dois terços dos brasileiros que vivem fora de áreas
urbanas ainda não contam com serviço básico. Isso significa que mais de 20 milhões de
pessoas – o dobro da população de uma cidade como São Paulo – correm maiores riscos de
contrair doenças infecciosas ou parasitárias, que são adquiridas principalmente pelo contato
com o esgoto não tratado e / ou através da água do lençol freático, contaminada pelo uso de
fossas rudimentares (fossa “negra”, poço, buraco). Em toda América Latina e Caribe, o Brasil
é o quarto pior em saneamento rural. Os dados são do estudo “Objetivos de Desenvolvimento
do Milênio – Uma visão a partir da América Latina e do Caribe”, divulgado em 2005 pela
Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL). Trata-se do mais amplo
levantamento sobre o tema já feito na região, que envolveu a participação de doze agências da
Organização das Nações Unidas (ONU), incluindo o Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD) (PNUD, 2005).
O relatório mostra que a proporção da população rural brasileira com acesso a
saneamento adequado caiu de 37 % em 1990 para 35 % em 2002. O desempenho foi o pior da
América Latina e fez com que o Brasil retrocedesse 6,3 % em relação ao que deveria alcançar
para reduzir pela metade até o ano de 2015 a população rural carente de esgotamento sanitário,
segundo os Objetivos do Desenvolvimento do Milênio, propostos pela ONU.
Um sistema desenvolvido pela Embrapa Instrumentação Agropecuária apresenta-se
como uma forma de viabilizar o tratamento de esgoto doméstico em áreas rurais, sendo um
sistema simples e de baixo custo para a população rural. Denominado de Fossa Séptica
Biodigestora, o sistema promove o tratamento anaeróbio de fezes e urina através de duas
câmaras de fermentação compostas por caixas d’água de 1000 L interligadas por sistema de
sifão e uma caixa coletora de efluentes. O inoculante que transforma este material é o esterco
bovino ou ovino recém coletado, cuja microflora tem capacidade de digerir qualquer tipo de
alimento contido nestes dejetos, transformando o efluente obtido isento de germes
patogênicos (salmonellas, shigellas e outros) e também de odores desagradáveis.
Devido a sua capacidade fertilizante, o efluente vem sendo indicado no preparo de
solos e na adubação de pomares, apresentando efeito comparável ao da adubação química
inorgânica à base de nitrogênio, fósforo e potássio, a um custo praticamente zero. O retorno
ao solo desse líquido deve ser priorizado, pois transforma um resíduo de disposição
Capítulo 1 – Introdução 2
problemática em insumo de grande valor para a agricultura, já que o efluente fornece
macronutrientes e micronutrientes às plantas, atua como condicionador do solo e dessa forma
contribui para uma agricultura sustentável.
Para as condições brasileiras, a reciclagem agrícola de esgoto apresenta vários
aspectos positivos em função da influência de um clima tropical, que expõe o solo à intensa
atividade intempérica, proporcionando uma rápida mineralização da matéria orgânica.
Considera-se a matéria orgânica como um conjunto de substâncias altamente heterogêneas
que inclui numerosos compostos de carbono, variando de açucares, proteínas e outros
constituintes biológicos, ácidos orgânicos de baixas massas moleculares, como ácidos acético
e oxálico, quase todos facilmente mineralizáveis, até um conjunto complexo de produtos
recalcitrantes resultantes de transformações química e microbiana da matéria orgânica do solo
(MOS) (BUDZIAK et al., 2004). Essa mineralização disponibiliza uma gama de nutrientes ao
meio, podendo ainda contribuir para a elevação do pH do solo e a redução da acidez potencial
(SIMONETE et al., 2003).
3
C
C
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2.1 – Tratamento de Esgoto
O saneamento no Brasil ainda apresenta grandes problemas, conforme foi identificado
pelas pesquisas realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no
período de 1992-2002. Os dados referentes ao esgotamento sanitário são críticos, revelando
índices de cobertura da população urbana, por redes coletoras de 51,6 % e um percentual
desse esgoto coletado que passa por algum tratamento de cerca de 35 % (IBGE, 2004). O
tratamento desse esgoto em geral é feito por combinação de processos físicos, químicos e
biológicos, que reduzem a carga orgânica do esgoto antes do seu lançamento em corpos
d’água. São considerados como tratados os esgotos sanitários que recebem, antes de serem
lançados nos corpos d’água receptores, pelo menos o tratamento secundário, com a remoção
do material mais grosseiro, da matéria orgânica particulada, e de parte da matéria orgânica
dissolvida do efluente. Considera-se como forma de tratamento do esgoto sistemas como filtro
biológico, o lodo ativado, as lagoas aeróbia, anaeróbia, facultativa, de estabilização, aerada,
mista e de maturação, o vale de oxidação, a fossa séptica e o reator anaeróbio (IBGE, 2004).
A escolha do sistema de tratamento é função das condições estabelecidas para a qualidade da
água dos corpos receptores determinadas pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA).
O esgoto urbano é composto por resíduos domésticos e efluentes industriais sendo que
se estes forem tóxicos devem ser tratados em unidades da própria indústria. A composição do
esgoto é bastante variável, sendo que a matéria orgânica, especialmente as fezes humanas,
confere ao esgoto sanitário suas principais características, mutáveis com o decorrer do tempo,
pois sofre diversas alterações até sua completa mineralização ou estabilização.Enquanto o
esgoto sanitário causa poluição orgânica e bacteriológica, o industrial geralmente produz
poluição química.
Como resultado do baixo percentual de esgoto tratado tem-se que as Regiões
Metropolitanas e grandes cidades concentram grandes volumes de esgoto, os quais são
despejados sem tratamento nos rios e mares que servem de corpos receptores. Em
conseqüência, a poluição das águas que cercam as maiores áreas urbanas é bastante elevada,
dificultando e encarecendo, cada vez mais, a própria captação de água para o abastecimento.
Os corpos d’água podem se recuperar da poluição, ou depurar-se, pela ação da própria
natureza, desde que sejam respeitados os limites de descarga poluidora em função da vazão do
Capítulo 2 – Revisão de Literatura 4
corpo receptor. Freqüentemente, os mananciais recebem descargas de efluentes muito
elevadas para sua vazão e não conseguem se recuperar pela autodepuração, havendo a
necessidade da depuração artificial ou tratamento do esgoto. O tratamento do efluente pode,
inclusive, transformá-lo em água para diversos usos, como a irrigação, por exemplo, (SOUSA
et al, 2001; ORON et al., 1999).
2.1.1 – Tratamento de Esgoto na Área Rural
O tratamento de esgoto em áreas urbanas no Brasil ainda não é suficiente para atender
a crescente demanda da população, no entanto, apresenta-se num estágio avançado quando se
considera a situação da população na área rural.
Segundo dados do IBGE (2002), na área rural do Brasil há cerca de 32 milhões de
habitantes, que em sua maior parte carecem de sistemas de saneamento básico.
Aproximadamente 16 % dessa população possuem rede coletora de esgotos e/ ou fazem uso
de fossas sépticas. Contudo, a grande maioria (41%) utiliza-se de fossas rudimentares, mais
conhecidas como “fossas negras”, como solução final para o esgoto doméstico gerado (IBGE,
2004).
FIGURA 2.1 – A. Fossa rudimentar mostrada em um contexto ambiental. B. Esquema de uma fossa rudimentar
Essas fossas rudimentares são as principais responsáveis pela contaminação das águas
subterrâneas que abastecem os “poços caipiras”. Na Figura 2.1A é apresentado um esquema
mostrando uma fossa rudimentar em um panorama ambiental. O esgoto gerado na residência é
depositado na fossa, que consiste de uma simples escavação feita no solo, sem qualquer
revestimento interno de suas paredes (Figura 2.1B). No interior da fossa ocorrem reações na
A.
B.
Capítulo 2 – Revisão de Literatura 5
matéria orgânica presente nas fezes, em virtude da intensa atividade microbiana, com a
liberação de um líquido de odor desagradável e também com altas concentrações de nitrato
(NO
3
-
) e coliformes fecais, denominado chorume. Este líquido se infiltra nas paredes da fossa
e percola através do solo podendo atingir e contaminar as águas subterrâneas.
No Estado de São Paulo, verificaram-se alterações nas concentrações naturais de NO
3
-
em águas subterrâneas. Dos poços analisados, 3% apresentaram concentrações de NO
3
-
superiores a 10 mg L
-1
. Ainda, segundo o relatório da CETESB (2004) foi registrado um
aumento nas concentrações mínimas e máximas detectadas no período de 2001-2003,
indicando um progressivo aporte de nitrato nesses poços atribuído, principalmente, à
contaminação por esgoto doméstico. No mesmo relatório, também são mencionadas
contaminações biológicas das águas subterrâneas, registrando a presença de coliformes fecais
em concentrações na faixa de 1 a 5 % nos aqüíferos analisados.
2.2 – Processos Biológicos
Os processos biológicos usados em tratamento de esgotos são aqueles onde os
microrganismos utilizam a matéria orgânica biodegradável em um reator biológico para
obtenção de energia para as suas atividades e como fonte de matéria prima para a sua
reprodução. Nestes processos, duas reações principais ocorrem, a de respiração, em que os
microrganismos utilizam a matéria orgânica para a obtenção de energia, gerando os chamados
produtos finais da respiração (CO
2
e H
2
O) e a reação de síntese e reprodução em que a
matéria orgânica é utilizada como matéria prima para a reprodução dos microrganismos.
Ainda pode-se considerar que na falta de uma fonte externa de matéria orgânica, os
microrganismos consomem matéria orgânica de sua própria composição, através de uma
reação denominada respiração endógena.
No processo biológico, as reações de respiração podem ser pela via aeróbia, quando os
microrganismos utilizam oxigênio dissolvido (OD) para converter a matéria orgânica
biodegradável em dióxido de carbono e água. Na ausência de OD, porém com a presença de
nitrato (N-NO
3
), em uma condição denominada anóxica, este pode ser utilizado em
substituição ao OD para a reação de respiração, resultando também, como produtos finais da
respiração dióxido de carbono e água e liberação de N-gasoso, em uma reação denominada de
desnitrificação. Na ausência de OD e de N-NO
3
, a reação de respiração é anaeróbia e tem
como produtos finais dióxidos de carbono e gás metano (ALEM SOBRINHO, 2001).
Capítulo 2 – Revisão de Literatura 6
2.2.1 – Digestão Anaeróbia
O processo de digestão anaeróbia é conhecido desde o final do século XIX,
caracterizando-se pela estabilização da matéria orgânica em ambiente livre de oxigênio
molecular (Figura 2.3). Devido à robustez e alta eficiência, a digestão anaeróbia está presente
desde em simples fossas sépticas domésticas até em estações completamente automatizadas
servindo a grandes regiões metropolitanas. Dentre os objetivos do processo anaeróbio estão as
seguintes funções:
- redução substancial dos sólidos voláteis;
- redução significativa dos organismos patogênicos;
- estabilização de substâncias instáveis presentes no esgoto.
Normalmente, a digestão anaeróbia é opção preferida de estabilização, devido ao seu
baixo custo operacional. A digestão anaeróbia gera como produtos da estabilização o gás
carbônico e o gás metano, incentivando ainda mais esta opção de tratamento devido ao
potencial energético gerado.
FIGURA 2.2 Esquema da via de degradação anaeróbia da matéria orgânica
H
2
e CO
2
Acetato
Ácidos orgânicos,
Compostos neutros
Moléculas Orgânicas Complexas
I
Bactérias Hidrolíticas
Acidogênicas
II
Bactérias
Heteroacetogênicas
IIIa
Bactérias Metanogênicas
Utilizando H
2
e CO
2
IIIb
Bactérias Metanogênicas
Utilizando CH
3
COOH
H
2
O e CH
4
CO
2
e CH
4
Capítulo 2 – Revisão de Literatura 7
A digestão anaeróbia é um processo bioquímico de múltiplos estágios, capaz de
estabilizar diferentes tipos de matéria orgânica. O processo anaeróbio ocorre basicamente em
seis estágios principais (JEYASEELAN, 1997):
1) Hidrólise de biopolímeros orgânicos complexos (proteínas, carboidratos e lipídeos)
em monômeros (aminoácidos, açucares e ácidos graxos de cadeia longa) por bactérias
hidrolíticas (grupo I) (acidogênicas);
2) Fermentação de aminoácidos e açucares por bactérias hidrolíticas (grupo I);
3) Oxidação anaeróbia de ácidos graxos voláteis e álcoois pelas bactérias
heteroacetogênicas (grupo II);
4) Oxidação anaeróbia de produtos intermediários tais como ácidos graxos voláteis
pelas bactérias heteroacetogênicas (grupo II);
5) Conversão de hidrogênio a metano pelas bactérias metanogênicas utilizando
hidrogênio e dióxido de carbono (grupo IIIa);
6) Conversão de acetato a metano pelas bactérias metanogênicas utilizando acetato
(grupo IIIb).
No biodigestor coexistem três grupos de bactérias mutuamente dependentes entres si:
bactérias acidogênicas hidrolíticas, bactérias acetogênicas e bactérias metanogênicas. Esta
população permanece em equilíbrio dinâmico, variando sua concentração de acordo com as
condições operacionais de cada biodigestor. Outros organismos encontrados e que podem
desempenhar papel fundamental no processo de digestão são as bactérias redutoras de sulfato
e as bactérias desnitrificantes (ALEM SOBRINHO, 2001).
2.3 – Fossa Séptica Biodigestora
O sistema denominado Fossa Séptica Biodigestora foi desenvolvido na Embrapa
Instrumentação Agropecuária, com o objetivo de promover o tratamento de esgoto em áreas
rurais, onde segundo IBGE (2004) cerca de 84 % da população fazem uso de fossas
rudimentares e/ ou não possuem qualquer tipo de captação/ tratamento do esgoto doméstico.
O sistema de fossa biodigestora contribui para a viabilização do tratamento de esgoto
doméstico e conseqüente produção de efluentes desinfetados. Consiste em um tratamento
biológico do esgoto por ação de digestão fermentativa, utilizando-se de esterco bovino/ ovino
como meio inoculante de bactérias (Tabela 2.1). O sistema baseia-se no processo de
biodigestão de resíduos orgânicos (proteínas, carboidratos, lipídeos) através da sua
Capítulo 2 – Revisão de Literatura 8
decomposição anaeróbia por bactérias (BOLZONELLA et al., 2005) produzindo resíduos
desinfetados, evitando dessa forma, a proliferação de doenças veiculadas pela água poluída
por esgoto doméstico (NOVAES et al., 2002).
Um esquema do sistema é mostrado na Figura 2.2. O sistema é composto por duas
caixas de fibrocimento de 1000 litros cada, conectadas exclusivamente ao vaso sanitário (pois
as águas do chuveiro e da pia não apresentam potencial patogênico e sabão ou detergente
possuem propriedade antibióticas que inibem o processo de biodigestão) e uma terceira caixa
de 1000 litros que serve para coleta do efluente (adubo orgânico).
FIGURA 2.3 – Esquema do sistema da fossa séptica biodigestora (NOVAES et al., 2002)
As tampas das caixas devem ser vedadas com borracha e unidas entre si por tubos e
conexões de PVC de 4”, com curva de 90
o
longa no interior das caixas e “T” de inspeção para
o caso de entupimento do sistema. Os tubos e conexões devem ser vedados na junção com a
caixa com cola de silicone e o sistema deve fica enterrado para manter o isolamento térmico.
Inicialmente, a primeira caixa deve ser preenchida com aproximadamente 20 litros de uma
mistura 1:1 de água e esterco bovino (ou ovino) fresco. O objetivo desse procedimento é
aumentar a atividade microbiana e conseqüentemente a eficiência da biodigestão, devendo ser
repetido a cada 30 dias com 10 litros da mistura água / esterco através da válvula de retenção.
A Tabela 2.1 apresenta os principais microrganismos existentes no esterco de bovinos, que
atuam em simbiose na degradação dos substratos encontrados nas fezes humanas
(carboidratos, proteínas, gorduras entre outros). O sistema possui duas chaminés de alívio
colocadas sobre as duas primeiras caixas para descarga do gás acumulado (CH
4
). A coleta do
efluente é feita através do registro de esfera de 60 mm instalado na caixa coletora.
Capítulo 2 – Revisão de Literatura 9
O dimensionamento do sistema é indicado para uma família de no máximo cinco
pessoas e permite que o material depositado nas caixas fermente por aproximadamente trinta
dias, período suficiente para uma completa biodigestão (SCHOKEN-ITURRINO et al., 1995).
TABELA 2.1 – Bactérias presentes no rumem bovino (RUIZ, 1992)
Tipos de Bactérias Nomes
Celulolíticas
Bacteróides succinogenes, Ruminococus flavefaciens, Ruminococus
albus, Ruminococus Butyrivibrio fibrisolvens
Hemicelulolítica
Butyríbrio fibrisolvens, Bacteróide ruminícola, Ruminococus sp.
Pectinolíticas
Butyvíbrio fibrisolvens, Bacteróides ruminícola, Lachnospira
multiparus, Succinivibrio dextrinosolvens, Treponema bryantii,
Streptococus bovis
Amilolíticas
Bacteróide amylophilus, Streptococus bovis, Succimimonas
Amylolitica, Bacteróide ruminícola
Ureolíticas
Succinivibrio dextrinosolvens, Selenomonsas sp., Bacteróide
ruminícola, Ruminococus bromii, Butivibrio sp., Treponema sp.
Após o processo de desinfecção, o efluente gerado pode ser disposto em solo. Dentre
os principais sistemas de disposição de águas residuárias no solo (irrigação, infiltração/
percolação e escoamento à superfície) a irrigação de culturas tem sido o método mais
acessível (FEIGIN et al., 1991) e eficiente (DARWISH et al., 1999), particularmente, nos
países em desenvolvimento onde não há uma política para o custo de tratamento das águas
residuárias (FRIEDEL et al., 2000).
2.4 – Propriedades Químicas do Solo
O solo, apesar de sua importância vital para a humanidade constitui um material ainda
pouco compreendido. O estudo de sua organização leva em conta os aspectos morfológicos e
estruturais, isto é, estuda seus constituintes (minerais e orgânicos), suas dimensões e o modo
como estes se encontram organizados. Envolve também a análise dos espaços vazios (poros),
reflexo da organização de seus constituintes. Trata-se de um estudo estático que se baseia na
caracterização do chamado perfil do solo. Os perfis se diferenciam através de horizontes,
Capítulo 2 – Revisão de Literatura 10
segundo uma organização vertical, sendo os superiores mais ricos em matéria orgânica
(horizonte O) e os inferiores sobretudo em minerais (horizontes E, B e C). Tais horizontes se
distinguem pela cor, textura, estrutura e comportamento.
O solo em boas condições para o crescimento de plantas é constituído em seu
horizonte superficial (horizonte A), por aproximadamente 50 % de material sólido, 25 % de
água e 25 % de ar. A proporção de água e de ar no solo pode variar de maneira bastante
acentuada e muito rapidamente, estando associada principalmente ao tamanho e quantidade de
poros existente, disponibilidade de água e drenagem do terreno. A fase sólida, ao contrário, é
mais constante (MELFI e MONTES, 2001). Essas condições influenciam diretamente as
propriedades físico-químicas do solo.
São muitas as propriedades químicas do solo, sobretudo as relacionadas aos aspectos
de fertilidade e nutrição de plantas. A troca iônica é uma delas, e está relacionada à presença
de cargas superficiais, sendo entendida como um processo reversível, pelo qual íons retidos na
superfície são substituídos por quantidades equivalentes de outros íons, estejam estes em
solução ou ligados a uma outra fase sólida em contato com a primeira.
Nos solos, os mais importantes cátions trocáveis são o Ca
2+
, Mg
2+
, H
+
, K
+
, Na
+
e
NH
4
+
. Entre os ânions, os mais importantes são o SO
4
2-
, Cl
-
, NO
3
-
, H
2
PO
4
-
, HPO
4
2-
, HCO
3
-
e
os ânions dos ácidos húmicos.
Uma outra propriedade química é a capacidade de troca catiônica (CTC), que define a
habilidade do solo em reter e adsorver cátions. Está relacionada à presença de cargas
negativas na superfície das partículas coloidais (argilominerais, óxidos e oxihidróxidos de Fe
e Al e compostos orgânicos – húmus).
A CTC depende da textura do solo e, mais particularmente, do teor de argila e matéria
orgânica, pois tanto a argila quanto a matéria orgânica apresentam grandes superfícies
específicas, e portanto são materiais bastante reativos, daí possuírem CTC elevada. Destas
duas, a matéria orgânica, normalmente presente em menor quantidade, apresenta CTC cerca
de cinco vezes àquela das argilas, podendo também apresentar grande variação em função da
concentração dos grupos –COOH (MELFI e MONTES, 2001).
O pH é outra propriedade química essencial, pois determina sob que forma os
elementos químicos estarão nas soluções que percolam o solo. Em função do pH do solo e do
pKa dos elementos, pode-se prever sua existência sob uma forma catiônica (ou aniônica), sob
forma de hidróxidos ou ainda sob forma de sais, sendo possível definir a mobilidade dos
elementos em determinado solo, se conhecida a solubilidade dos produtos formados.
Capítulo 2 – Revisão de Literatura 11
2.5 – Matéria Orgânica do Solo
A matéria orgânica (MO) é um importante constituinte do solo, sendo um componente
fundamental na qualidade dos sistemas agrícolas em razão de seu conteúdo e sua qualidade
serem os mais importantes fatores que mantêm a fertilidade dos solos e a sustentabilidade dos
agroecossistemas (MARTIN-NETO et al., 2004; REEVES, 1997).
Segundo STEVENSON (1994), a matéria orgânica do solo consiste de uma mistura de
compostos em vários estágios de decomposição, que resultam da degradação biológica de
resíduos de plantas e animais, e da atividade sintética de microrganismos, denominado húmus.
Este material complexo pode ser dividido operacionalmente, em substâncias húmicas (ácidos
húmicos, ácidos fúlvicos e humina) e não húmicas (proteínas, aminoácidos, polissacarídeos,
ácidos orgânicos de baixa massa molar ceras e outros).
As substâncias não húmicas pertencem a grupos bem conhecidos da química orgânica
e suas características físicas e químicas são bem conhecidas. Geralmente correspondem aos
compostos facilmente degradados por microrganismos, tendo, normalmente, tempo curto de
vida nos solos e sedimentos. Por sua vez, as substâncias húmicas (SH) são os maiores
constituintes da fração orgânica dos solos, sendo que não apresentam estrutura nem massa
molar definidas.
Quando se pensa em matéria orgânica destaca-se que é um constituinte do solo que
pode representar até menos de 1 % do total em massa, em muitos solos, mas que pelas
características químicas, envolvimento com as atividades biológicas, importância para a
fertilidade do solo e nutrição das plantas, papel na agregação das partículas do solo, e
reatividade com os demais constituintes endógenos e até exógenos ao solo (como pesticidas e
metais pesados) tem papel muito relevante. Dentre as funções que a MO desempenha no solo,
pode-se destacar:
- biológica: regula as atividades da microflora e dos organismos da microfauna;
- nutritiva: serve como fonte de nutrientes para o crescimento das plantas, retendo e
fornecendo tanto os macronutrientes (N, P, K, Ca, Mg e S) quanto micronutrientes (Zn, Fe,
Mn e Cu), impedindo a perda por lixiviação e arraste dos fertilizantes químicos;
- física e físico-química: melhora a capacidade de retenção de água, drenagem, aeração
e conserva a estrutura do solo. É um dos grandes responsáveis pela CTC e pela capacidade
tampão do solo. Participa também no processo de decomposição de agentes tóxicos, formando
compostos complexos com metais tóxicos e pesticidas, ajuda na retenção de calor
influenciando na germinação de sementes e desenvolvimento das raízes (STEVENSON,
1994).
Capítulo 2 – Revisão de Literatura 12
2.5.1 – Substâncias Húmicas
Segundo ZECH et al. (1997), a humificação é a transformação de reservas
macromorfologicamente identificáveis em compostos húmicos amorfos. Com isso, as
principais transformações que ocorrem durante a humificação, são a perda de polissacarídeos
e de compostos fenólicos, a modificação das estruturas de lignina, e o enriquecimento em
estruturas aromáticas não lignínicas recalcitrantes. A humificação, bem como a decomposição
de resíduo, é mediada primeiramente por processo microbiológico, controlado principalmente
por variáveis locais específicas, tais como temperatura, regime de água no solo, pH e
disponibilidade de nutrientes.
As SH são diferentes de outros biopolímeros do húmus, como carboidratos e proteínas,
pois não apresentam estrutura molecular e propriedades físicas definidas e podem permanecer
por um longo período no solo (recalcitrância). A presença de vários grupos cromóforos em
sua estrutura resulta em absorção de energia em uma ampla faixa do espectro
eletromagnético, o que lhe confere cores variando de marron-clara a escura. Desempenham
um papel significante na formação de agregados, no controle da acidez do solo e no ciclo de
elementos nutrientes. As SH são amorfas, escuras, com grande conteúdo de grupos orgânicos,
tais como, carboxílicos, fenólicos, enólicos, alcoólicos, quinonas entre outros e quimicamente
complexas (STEVENSON, 1994; SAAB, 1999; MARTIN-NETO et al., 2004).
Ainda hoje não existe um modelo estrutural para as substâncias húmicas que explique
totalmente sua composição química, estrutura, forma e tamanho, sendo que os modelos
existentes geram controvérsias e discussões (CLAPP e HAYES, 1999; BURDON, 2001;
HAYES e CLAPP, 2001; MACCARTHY, 2001; PICCOLO, 2001).
2.5.1.1 – Modelo Macromolecular para as Substâncias Húmicas
Até pouco tempo as SH eram consideradas como polímeros macromoleculares, com
características similares às macromoléculas biológicas como proteínas, polissacarídeos,
ácidos nucléicos e lignina. SCHULTEN e SCHNITZER (1993), a partir de técnicas analíticas
tais como pirólise, espectroscopia, degradação oxidativa e microscopia eletrônica, sugeriram a
estrutura esquemática e macromolecular para os ácidos húmicos (AH), mostrada na Figura
2.4. Nessa estrutura, os AH contêm longas cadeias alifáticas, grupos OH fenólicos livres e
ligados, nitrogênio e oxigênio como ponte de ligação dos grupos COOH localizados de
diferentes formas nos anéis aromáticos. De acordo com a solubilidade em função do pH, as
SH podem ser divididas operacionalmente, em ácidos húmicos, ácidos fúlvicos e humina. Os
Capítulo 2 – Revisão de Literatura 13
ácidos fúlvicos (AF) são solúveis em toda faixa de pH, os ácidos húmicos são solúveis em
meio alcalino e a humina (HU) é insolúvel em toda faixa de pH (STEVENSON, 1994).
FIGURA 2.4 – Modelo de estrutura para AH proposto por SCHULTEN e SCHNITZER (1993)
Em 1997, SCHULTEN e SCHNITZER propuseram a existência de espaços vazios
(Figura 2.5) de diferentes tamanhos, onde poderiam alojar-se outros compostos orgânicos,
hidrofílicos ou hidrofóbicos, como carboidratos e materiais proteináceos, lipídeos, pesticidas e
outros poluentes.
Capítulo 2 – Revisão de Literatura 14
FIGURA 2.5 Modelo tridimensional de AH proposto por SCHULTEN e SCHNITZER (1997). Carbono : azul;
Oxigênio: vermelho; Nitrogênio: preto e Hidrogênio: branco. As letras A, B e C indicam os espaços vazios
presentes, provavelmente, na estrutura das SH
2.5.1.2 – Modelo Supramolecular para as Substâncias Húmicas
A “química supramolecular” é definida como a química dos arranjos e das ligações
intermoleculares, envolvendo entidades de grande complexidade que resultam da associação
de duas ou mais espécies químicas unidas por forças intermoleculares, que podem ser ligações
secundárias, ligações de hidrogênio, interações doador-aceptor (tipo ácido-base de Lewis) ou
interações iônicas (OLENDZKI, 2006).
Segundo PICCOLO (2001), as SH seriam moléculas pequenas e heterogêneas, de
várias origens e auto-organizadas em conformações supramoleculares. As superestruturas
húmicas não estariam associadas por ligações covalentes, mas sim seriam estabilizadas por
forças fracas, tais como interações hidrofóbicas do tipo van der Waals e ligações de
hidrogênio, estas últimas sendo mais importantes quanto menor o valor de pH. Estas
interações determinariam a estrutura conformacional nas supramoléculas de SH.
Considerando o modelo supramolecular, os ácidos fúlvicos são associações de
pequenas moléculas hidrofílicas dispersas em solução devido à repulsão eletrostática das
cargas negativas provenientes da dissociação dos grupos ácidos, como por exemplo, os
carboxílicos, a qualquer valor de pH. Os ácidos húmicos são constituídos por associações de
Capítulo 2 – Revisão de Literatura 15
estruturas predominantemente hidrofóbicas (cadeias polimetilênicas, ácidos graxos e
esteróides), que são estabilizadas em pH neutro por forças dispersivas hidrofóbicas (van der
Waals, π-π, e ligações CH-π). Os ácidos húmicos crescem gradualmente em tamanho com o
decréscimo do pH até a sua precipitação. Segundo PICCOLO (2001), a influência do pH
ocorre por meio da protonação da molécula e conseqüente aumento das ligações de
hidrogênio intermoleculares. O modelo supramolecular foi reforçado pelos resultados obtidos
por SIMPSON, 2002 e SIMPSON et al., 2002. Estes autores demonstraram que as substâncias
húmicas extraídas de solos são formadas por uma mistura de substâncias agregadas de massa
molecular em torno de 2000 Da e propuseram um esquema (Figura 2.6) para ilustrar como as
principais estruturas identificadas nas substâncias húmicas poderiam formar um agregado na
presença de cátions metálicos de ocorrência natural nos ecossistemas terrestres.
FIGURA 2.6 – Esquema de estrutura das SH proposto por SIMPSON et al. (2002), unidades vermelhas: cátions
metálicos; unidades pretas: polissacarídeos; unidades azuis: polipeptídios; unidades verdes: cadeias alifáticas e
unidades marrons: fragmentos aromáticos
2.6 – Disponibilidade de Nutrientes no Solo
A disponibilidade de nutrientes no solo leva em conta três fatores, considerando as
interações entre os nutrientes e a matéria orgânica do solo. Eles são (1) resíduos de plantas e
animais no solo, os quais sob decomposição liberam N, P, S e micronutrientes para o
crescimento das plantas; (2) a biomassa microbiana, a qual serve como estoque temporário de
nutrientes (com tempo médio de residência de meses a poucos anos); e (3) a fração húmica da
matéria orgânica, que tem um longo tempo médio de residência (250 a 1000 anos).
A conversão de formas orgânicas de N, P e S para formas minerais disponíveis (NH
4
+
,
NO
3
-
, PO
4
3-
, SO
4
2-
) ocorre através da atividade de microrganismos e é influenciada por fatores
Capítulo 2 – Revisão de Literatura 16
que afetam a atividade microbiana (temperatura, umidade, pH, entre outros) bem como pelas
razões C/N, C/P e C/S de resíduos de plantas em decomposição. Este processo é conhecido
como mineralização e é sempre acompanhado pela conversão de formas minerais de
nutrientes em formas orgânicas, sendo este processo denominado imobilização
(STEVENSON, 1986).
2.7 – Disposição de Resíduos no Solo
Os trabalhos científicos sobre a utilização de esgotos tratados em práticas agrícolas
têm demonstrado que sua disposição no solo adiciona uma série de substâncias que podem
alterar suas propriedades físicas, químicas, físico-químicas e biológicas, afetando em geral,
positivamente o desenvolvimento das plantas (MELO et al., 1994; SOUSA et al., 2001;
FONSECA et al., 2005; HUSSAR et al., 2005; NGOLE et al., 2006; FONSECA et al., 2007).
Os resíduos de esgotos gerados após tratamento são constituídos essencialmente por
matéria orgânica, de acordo com o tipo de tratamento ao qual foi submetido. Isso significa que
sua disposição no solo permite a incorporação de uma quantidade apreciável de matéria
orgânica (MO) nos horizontes superficiais do solo.
A MO, como sabido, desempenha um importante papel na definição de certos
atributos do solo, determinando algumas de suas mais importantes propriedades físicas,
químicas, físico-químicas e biológicas. Indiretamente, sua presença condiciona também a
dinâmica das soluções no interior do solo, afetando, dessa forma, o próprio funcionamento do
sistema pedológico (MELFI e MONTES, 2001).
O uso de efluentes provenientes do tratamento de esgotos na agricultura é uma prática
comum em muitos países (SAADI et al., 2006; FONSECA et al., 2007). Em países de clima
tropical como o Brasil, esse tipo de prática apresenta aspectos positivos em função da
temperatura a qual o solo é exposto, o que favorece a uma intensa atividade intempérica,
proporcionando uma rápida mineralização da MO e também disponibilizando nutrientes ao
meio. A principal vantagem na utilização de efluentes reside na recuperação de um recurso de
grande importância para a agricultura – a água; além disso, os constituintes desses efluentes
são produtos que podem aumentar a fertilidade dos solos por conter nutrientes essenciais às
plantas. Por outro lado, melhoram também a aptidão agrícola dos solos, devido à MO que lhe
é adicionada, com a conseqüente formação de húmus.
A reutilização de efluentes oferece, ainda, vantagens do ponto de vista da proteção do
ambiente na medida em que proporciona a redução ou mesmo a eliminação da poluição dos
meios hídricos habitualmente receptores desse material. Paralelamente dá-se a recarga dos
Capítulo 2 – Revisão de Literatura 17
aqüíferos, beneficiada com a melhoria da qualidade da água derivada da depuração
proporcionada aos efluentes através da percolação no solo (MIRANDA, 1995).
2.8 – Efeito da Adição de Resíduos Orgânicos nas Características Químicas
e Físicas do Solo
A adição de resíduos orgânicos provoca importantes alterações nos atributos físicos,
químicos e físico-quimicos do solo, em decorrência do aumento do conteúdo de MO. Vários
autores mostraram os efeitos positivos que a adição de matéria orgânica provoca no estado de
agregação das partículas, na porosidade, na densidade, na capacidade de retenção e infiltração
de água, na temperatura, na capacidade de troca catiônica (CTC), no pH e na fertilidade do
solo (METZGER e YARON, 1987; MARCIANO et al., 1999, FONSECA et al., 2005).
Alterações nas propriedades físico-químicas do solo afetam de forma acentuada sua
funcionalidade, pois alteram a circulação das soluções no interior do solo. O pH é uma
propriedade química essencial do solo, visto que a concentração hidrogeniônica define o
comportamento dos elementos químicos no solo e também o comportamento dos seres vivos
(fauna e flora). De uma maneira geral, a adição de resíduos orgânicos provoca um aumento no
valor do pH e também nas cargas negativas do solo (BATAGLIA et al., 1983), sendo que a
existência de cargas elétricas condiciona a reatividade físico-química dos constituintes do solo
com os íons que se encontram na solução do solo ou nos outros constituintes minerais,
polímeros orgânicos ou minerais, que possuam cargas na superfície (MELFI e MONTES,
2001).
Normalmente, o valor de pH de águas residuárias usados em irrigação, não tem
afetado significativamente o pH do solo, por causa do seu poder tampão. Dessa forma, não é
de se esperar efeito direto do efluente no pH do solo, mesmo com a ocorrência de HCO
3
-
(uma das formas presentes de alcalinidade) nas águas residuárias. No entanto, existe a
possibilidade dessa alcalinidade associada às altas concentrações de Na
+
e CO
3
2-
em águas
alcalinas, ocasionar um aumento no valor de pH do solo (BOUWER e IDELOVITCH, 1987).
Capítulo 2 – Revisão de Literatura 18
2.9 – Métodos Espectroscópicos
2.9.1 – Espectroscopia de Infravermelho com Transformada de Fourier
(FTIR)
A radiação infravermelha corresponde à parte do espectro eletromagnético entre as
regiões do visível e das microondas. A espectroscopia no infravermelho é uma das
ferramentas mais úteis para o químico na identificação de compostos orgânicos e inorgânicos,
pois, com exceção de poucos compostos homonucleares tais como as moléculas de O
2
, N
2
e
Cl
2
, todas as espécies moleculares absorvem radiação infravermelha (SKOOG et al., 2002). A
região do infravermelho de maior utilidade para os químicos orgânicos está localizada entre
4000 e 400 cm
-1
. Há também uma região de 14290-4000 cm
-1
, chamada de infravermelho
próximo e outra em 700-200 cm
-1
, denominada infravermelho distante.
A interação da radiação infravermelha com uma molécula envolve a interação de um
componente oscilante do campo elétrico da radiação com o momento dipolo oscilante da
molécula. Assim, para as moléculas absorverem radiação infravermelha como energia de
excitação vibracional é necessário haver mudança em seu momento de dipolo, e quando há
esta modificação, os compostos absorvem energia em certas regiões do espectro. As
moléculas diatômicas homonucleares não apresentam mudança em seu momento dipolo,
conseqüentemente não possuem absorção no infravermelho (SILVERSTEIN, 2000).
A absorção de radiação infravermelha pela molécula resulta em movimentos
rotacionais e vibracionais dos grupos moleculares e de suas ligações químicas. As vibrações
podem ocorrer tanto na forma de estiramento, na qual os átomos permanecem no mesmo eixo
de ligação, variando-se o comprimento da ligação, como também na forma de deformação
angular, onde as posições dos átomos mudam em relação ao eixo de ligação original
(SILVERSTEIN, 2000).
A espectroscopia vibracional na região do infravermelho é muito utilizada para
identificar grupos funcionais presentes em compostos orgânicos, sendo de grande importância
na avaliação da taxa de degradação de compostos de lodo de esgoto (GRUBE et al., 2006) e
também na caracterização das substâncias húmicas presentes no solo (STEVENSON, 1994).
As informações obtidas na identificação de grupos funcionais como hidroxílicos, carboxílicos,
carboxilatos, alifáticos, amínicos, entre outros, auxiliam a descrever a natureza dos AH das
mais diferentes origens. Na Tabela 2.2 são apresentadas algumas bandas típicas das
substâncias húmicas.
Capítulo 2 – Revisão de Literatura 19
TABELA 2.2 – Bandas no infravermelho do ácido húmico descritas por NIEMEYER et al., (1992)
Região (cm
-1
) Origem
3380
Estiramento OH do grupo fenólico (contribuição de OH alifático, H
2
O e
possivelmente NH)
3030 Estiramento CH aromático
2930 Estiramento CH assimétrico
2840 Estiramento CH simétrico
2600 Estiramento OH de H-ligado a –COOH
1720 Estiramento –C=O de –COOH
1610 Estiramento C=C aromático e/ou estiramento –COO
-
assimétrico
1520-1525
Estiramento C=C aromático, deformação N–H e estiramento C=N de amidas
1450 Deformação –CH de –CH
3
e dobramento –CH de –CH
2
1350 Estiramento –COO simétrico e/ou dobramento –CH de alifáticos
1270 Estiramento –C-O de fenólico
1225 Estiramento –C-O e deformação OH de –COOH
1170 Estiramento –C-OH de alifáticos OH
1050 e 1040
Estiramento C–O de polissacarídeos ou derivados de polissacarídeos e Si–O de
impurezas silicatadas
830 Vibração CH fora do plano. Impurezas argilosas
775 Vibração CH fora do plano
A espectrometria com transformações de Fourier (FTIR), que se desenvolveu muito
nos últimos anos, tem várias vantagens sobre os instrumentos de dispersão. Como não se
usam monocromadores, a totalidade da faixa de radiação passa simultaneamente pela amostra
com enorme ganho de tempo. Isto permite resoluções extremamente altas ( 0,001 cm
-1
).
Além disto, o resultado de várias varreduras é combinado para diminuir os ruídos, gerando
espectros com excelentes relação sinal/ ruído com relativamente pouca amostra
(SILVERSTEIN, 2000).
Capítulo 2 – Revisão de Literatura 20
2.9.2. – Espectroscopia de Ressonância Paramagnética Eletrônica (RPE)
A RPE refere-se à absorção de energia de elétrons desemparelhados de um átomo,
molécula ou íon quando estes se encontram sujeitos à aplicação de um campo magnético.
Assim, a condição necessária para se utilizar essa técnica é que o sistema em estudo apresente
ao menos um elétron desemparelhado (WEIL et al., 1994).
O fenômeno de RPE é baseado no efeito Zeeman eletrônico, ou seja, na capacidade de
desdobrar o estado de energia do nível de spin, o que é obtido por meio da aplicação de
campo magnético. Em seguida, com a aplicação de uma radiação eletromagnética, é possível
gerar transição dos elétrons em diferentes estados de spin de menor energia para o estado
excitado. No retorno ao estado fundamental, essa energia é devolvida ao meio e pode ser
detectada. No caso do spin eletrônico, o estado de menor energia é m
s
= -½ e o estado
excitado é m
s
= +½, conforme ilustrado na Figura 2.7, a qual ilustra o fenômeno de RPE.
FIGURA 2.7 A. Esquema simplificado do fenômeno de RPE, mostrando o efeito Zeeman para um sistema com
I = ½; B. característica do espectro de absorção; e C. a primeira derivada do espectro de absorção, a qual é
normalmente detectada nos espectrômetros de RPE, indicando os parâmetros: fator g, largura de linha do sinal
(H) e intensidade do sinal (I)
A.
B.
C.
Capítulo 2 – Revisão de Literatura 21
As SH possuem radicais livres produzidos por grupos semiquinonas, formados pela
deidrogenação oxidativa de compostos fenólicos (Figura 2.8), os quais são observáveis pela
RPE (Figura 2.9).
FIGURA 2.8 – Esquema da estabilização do radical livre do tipo semiquinona (SENESI e SCHNITZER, 1977)
A técnica de RPE tem sido muito usada em estudos à cerca do grau de humificação
das SH (RIFFALDI e SCHNITZER, 1972; SENESI e SCHNITZER, 1977; MARTIN-NETO
et al., 1991; MARTIN-NETO et al., 1994a). O grau de humificação está associado à
estabilidade e complexidade das moléculas de SH, o que significa que cadeias maiores, com
maior conteúdo de grupos aromáticos apresentarão maior grau de humificação. Assim, a RPE
tem se mostrado útil na caracterização da matéria orgânica de solos submetidos a diferentes
formas de manejo (GONZÁLEZ-PÉREZ et al., 2004), sendo possível observar a diminuição
do grau de humificação da matéria orgânica natural do solo quando são tratados com resíduos
orgânicos (SANTOS, 2006).
Capítulo 2 – Revisão de Literatura 22
FIGURA 2.9 – Espectro típico de RPE de ácido húmico mostrando o sinal do radical livre do tipo semiquinona
A técnica de RPE possibilita também informações estruturais sobre a complexação dos
íons metálicos paramagnéticos, grande parte micronutrientes (Fe, Cu, Cr, Mn, Mo) com as
substâncias húmicas (MARTIN-NETO et al., 1991). Resultados obtidos por OLENDZIK
(2006) mostraram que os íons Fe
3+
estão ligados a MOS através de grupos oxigenados,
enquanto que os íons Mn
2+
, observados na fração humina formavam complexos de esfera
externa com ela.
2.9.3 – Espectroscopia de Ressonância Magnética Nuclear (RMN)
As técnicas de RMN fundamentam-se na absorção seletiva de radiofreqüências por
núcleos presentes em amostras colocadas em um campo magnético. Os núcleos assim
excitados, apenas de forma muito tênue devido à pequena diferença de energia entre os
estados energéticos, regressam ao estado fundamental emitindo energia radiante no domínio
temporal, que após transformação matemática (aplicação de uma transformada de Fourier)
apresentam variações no domínio das freqüências. A determinação precisa dos valores destas
radiofreqüências específicas emitidas, que variam dependendo do campo magnético sentido
pelos núcleos, e a velocidade de regresso ao estado fundamental (relaxação) constituem a
essência das técnicas de RMN, permitindo não só a elucidação estrutural como também
estudos da dinâmica molecular.
A absorção é função de determinados núcleos da molécula. Núcleos que possuem um
número de spin, I, igual a ½ (por exemplo,
1
H,
3
H,
13
C,
15
N,
19
F,
31
P) apresentam uma
distribuição de carga esférica e uniforme, o que facilita a obtenção dos espectros de RMN.
Capítulo 2 – Revisão de Literatura 23
Segundo a mecânica quântica, o número de spin I, determina o número de orientações
diferentes que um núcleo pode assumir quando colocado em um campo magnético uniforme,
de acordo com a fórmula 2I + 1. Na Figura 2.10 estão apresentados dois níveis de energia,
com um pequeno excesso de população dos núcleos (com I = ½) no estado de energia mais
baixa (N
α
> N
β
) de acordo com a distribuição de Boltzmann. Os estados são identificados
como ½ e -½ (SILVERSTEIN, 2000; ATKINS, 2004).
O fenômeno da RMN ocorre quando se coloca a amostra em um campo magnético B
0
e os núcleos com I > 0 se orientam na direção de campo gerando 2I + 1 níveis de energia
(Figura 2.10), a qual é representada pela equação
onde h é a constante de Planck e γ é a razão giromagnética. Esse desdobramento em
níveis de energia é o efeito Zeeman. A diferença de energia entre os dois níveis é dada por
onde ω é denominada freqüência de Larmor e é igual a -γB
0
. A espectroscopia de
RMN consiste, então, em detectar a freqüência (ω = 2πν) em que ocorre a transição entre os
dois níveis de energia.
FIGURA 2.10 – Dois níveis de energia dos hidrogênios, como descritos pela mecânica quântica, em um campo
magnético de magnitude B
0
. N é a população. A direção do campo magnético (↑↑↑) está para cima, paralelo à
ordenada, e B
0
aumenta para a direita
Spin = +½
N
α
Spin =
N
β
I = ½
B
0
E
2π
E = h
γ
B
0
I
E = hυ = h
ω
2π
Capítulo 2 – Revisão de Literatura 24
A RMN tornou-se relevante na identificação de compostos orgânicos, uma vez que
grupos de um dado núcleo ocupando posições diferentes numa molécula podem ser
distinguidos em regiões diferentes do espectro, possibilitando dessa forma estudos à cerca da
estrutura molecular em função, principalmente, dos núcleos de
1
H e de
13
C. O núcleo de
12
C
não é magneticamente “ativo” (o número de spin I, é igual a zero). O núcleo de
13
C, porém,
tem como o núcleo de
1
H, número de spin igual a ½. Como, entretanto a abundância natural
de
13
C é só 1,1 % da de
12
C e sua sensibilidade apenas 1,6 % da do hidrogênio, a sensibilidade
total do núcleo de
13
C, em comparação com
1
H, é cerca de 1/5700 (ATKINS, 2004).
Em virtude da baixa abundância natural do isótopo
13
C, a atividade na espectroscopia
de RMN de
13
C somente desenvolveu-se, efetivamente, a partir do começo dos anos 1970
(vinte anos após o rápido desenvolvimento da espectroscopia de
1
H) quando foi introduzida a
técnica pulsada com transformada de Fourier, a qual possibilitou a irradiação simultânea de
todos os núcleos de
13
C. A medida espectroscópica de RMN de
13
C, pode ocorrer tanto com
amostras na forma líquida quanto na sólida (SILVERSTEIN, 2000).
Na espectroscopia de RMN de
13
C com amostras no estado líquido, elas são
usualmente dissolvidas em solventes deuterados e o sinal de
13
C do tetrametilsilano (TMS) é
usado como referência interna. Os deslocamentos químicos observados vão até cerca de 240
ppm a partir do TMS, uma faixa aproximadamente 20 vezes maior do que a dos espectros de
1
H comuns (~12 ppm). Em conseqüência desta larga faixa e de os sinais desacoplados serem
agudos, as impurezas são facilmente detectadas e espectros de misturas podem ser analisados
(SILVERSTEIN, 2000).
Para aplicação RMN de
13
C aos sólidos, a principal dificuldade encontrada reside na
baixa resolução características das amostras sólidas. Para obter um espectro com melhor
resolução, problemas como o alargamento de linha devido tanto às interações dipolares
heteronucleares (
13
C,
1
H) como à anisotropia do deslocamento químico, e a baixa
sensibilidade devido aos longos tempos de relaxação spin-rede dos núcleos de
13
C devem ser
resolvidos. No estado liquido estas interações anisotrópicas estão presentes, mas são
eliminadas pelo rápido movimento isotrópico das moléculas. Com o desenvolvimento de
técnicas novas e sofisticadas tais como: desacoplamento de alta potência, técnica de rotação
segundo o ângulo mágico (MAS, do inglês Magic Angle Spinning) e polarização cruzada (CP,
do inglês Cross Polarisation) estas limitações da RMN no estado sólido têm sido melhoradas
(ATKINS, P. e PAULA, J. 2004).
Utilizando o desacoplamento de alta potência é possível eliminar o alargamento das
linhas no espectro RMN de
13
C provocado principalmente pelas interações dipolares entre os
Capítulo 2 – Revisão de Literatura 25
núcleos de
13
C e
1
H. Estas interações surgem devido à influência dos hidrogênios que são
abundantes e originam um campo local sob os núcleos de
13
C. O desacoplamento é feito
através da redução do momento magnético dos núcleos de
1
H que são abundantes, pela
aplicação de sua radiofreqüência de ressonância, que mantém o momento dipolo magnético
em alta rotação.
A técnica de MAS elimina os vestígios da interação dipolar
13
C –
1
H e minimiza os
efeitos da anisotropia sobre o deslocamento químico através da rotação da amostra segundo o
ângulo de 54,74º , denominado ângulo mágico, em relação ao campo aplicado (Figura 2.11).
A CP permite aumentar a sensibilidade dos núcleos de
13
C e reduzir os longos tempos
de relaxação spin-rede, mediante transferência da magnetização de spins de núcleos
abundantes como
1
H para os spins de núcleos pouco abundantes como os de
13
C, contribuindo
também para o aumento da resolução pelo incremento de magnetização total.
FIGURA 2.11 Na rotação no ângulo mágico, a amostra gira fazendo um ângulo de 54,74º com a direção do
campo magnético (B
0
) aplicado. O movimento rápido sobre este ângulo promedia em zero as interações dipolo-
dipolo e as anisotropias do deslocamento químico (ATKINS, P. e PAULA, J. 2004)
Através da RMN de
13
C podem-se identificar as diferentes vizinhanças dos respectivos
núcleos, frente a um campo magnético aplicado e, que possibilitam caracterizar a estrutura das
SH. No entanto, os espectros característicos das SH (Figura 2.12) apresentam bandas largas e
sobreposição, o que impede uma atribuição exata. Porém, existe a possibilidade de se obter
informação semiquantitativa mediante a integração dos picos largos e a associação com
grupos funcionais característicos das SH. As principais regiões do espectro semiquantificadas
por RMN de
13
C no estado sólido em AH, mostrados na Figura 2.12, são pertinentes aos
grupos alifáticos (0-45 ppm), N-alifáticos e metoxílicos (45-60 ppm), O-alifáticos (60-110
ppm), aromáticos (110-140 ppm), O-aromáticos (140-160 ppm), carboxílicos (160-185 ppm)
e carbonílicos (185-230 ppm).
B
0
Capítulo 2 – Revisão de Literatura 26
FIGURA 2.12 – Espectro RMN de
13
C típico de AH mostrando os grupos funcionais associados às bandas
correspondentes (SKJEMSTAD et al., 1998)
2.9.4 – Espectroscopia de Fluorescência em Solução
Luminescência é a emissão de luz por uma substância quando submetida a algum tipo
de estímulo. A luminescência é formalmente dividida em duas categorias, fluorescência e
fosforescência, dependendo da natureza do estado excitado. O processo de luminescência de
uma molécula está diretamente relacionado com os processos de absorção e dissipação de
energia da mesma. A energia absorvida é dependente da diferença de energia entre o estado
fundamental e o estado excitado (LAKOWICZ, 2004).
Quando a energia absorvida pela molécula não é suficiente para sua ionização ou
dissociação, ela permanecerá no estado excitado por um determinado tempo, chamado tempo
de vida do estado excitado. Logo em seguida, ela emite energia na forma de calor e/ ou luz.
Essa luz emitida por esse processo é o que chamamos de luminescência. Dependendo do
tempo de vida do estado excitado o processo é denominado fluorescência ou fosforescência
(Figura 2.13). Estados excitados com tempos de vida curtos (10
-7
-10
-9
s), no qual envolvem
transições singleto-singleto, levam a processos chamados de fluorescentes. Os processos
denominados fosforescentes requerem um estado intermediário tripleto, devido a reversão do
spin entre o estado fundamental e o excitado, o qual retarda a emissão levando a estados
excitados com tempo de vida longo (> 10
-6
s) (LAKOWICZ, 2004).
No estado excitado singleto, o elétron excitado está emparelhado ao elétron que
permaneceu no estado fundamental. Dessa forma, o spin retorna ao estado fundamental com a
emissão de um fóton. Esse processo de transição eletrônica possui um tempo característico
Capítulo 2 – Revisão de Literatura 27
próximo a 10 ns (10 x 10
-9
s) sendo denominado fluorescência. Para que ocorra determinada
transição, a energia absorvida deve ser equivalente à diferença entre o estado eletrônico inicial
e o excitado. Este valor representa o λ de excitação e é característico de uma estrutura
molecular em particular. No retorno ao estado fundamental, o elétron emite energia que pode
manifestar-se em forma de calor ou emissão de fótons com um λ específico, chamado λ de
emissão, logo a energia emitida é menor que a absorvida por causa das perdas na forma de
calor ou vibrações moleculares (LAKOWICZ, 2004).
FIGURA 2.13 – Níveis vibracionais e eletrônicos de uma molécula orgânica, e caminhos de decaimento
radiativos e não radiativos (NARIMOTO, 2006)
Na fluorescência, transições típicas envolvem a promoção de elétrons não ligantes (n)
ou ligantes (π) para orbitais antiligantes π*. Esses são altamente prováveis em compostos
denominados fluoróforos, os quais são sistemas moleculares contendo átomos com pares de
elétrons não compartilhados, tais como, oxigênio e nitrogênio e em estruturas aromáticas e/ ou
alifáticas conjugadas de insaturações com alto grau de ressonância, isto é, deslocalização
eletrônica, como é observado para as SH do solo (SENESI et al., 1991).
Não existe uma definição clara com respeito à composição química e estrutural da
MO presente no solo. Sabe se, por exemplo, que os principais constituintes desse material são
as SH. Porém, a estrutura química dessas substâncias ainda é indefinida, pois existem grandes
variações com relação a sua composição elementar, massa molecular, e concentração e tipos
de grupos funcionais.
S
0
S
1
T
1
Absorção
Fluorescência
Decaimento
não radioativo
Decaimento
não radioativo
Fosforescência
Capítulo 2 – Revisão de Literatura 28
O uso da fluorescência nos estudos das SH está apoiado pela presença de várias
estruturas fluorescentes intrínsecas à molécula húmica e seus precursores, particularmente
aromáticos, fenóis e grupos quinona (SENESI et al., 1991). Estruturas fluorescentes nativas
ou incorporadas às SH constituem apenas uma pequena porção da macromolécula húmica,
entretanto, sua variedade e a dependência de suas propriedades do meio de origem, permitem
a obtenção de informações sobre seu comportamento fluorescente e sobre a natureza química
da SH (SENESI e LOFFREDO, 1999). O comportamento fluorescente médio da molécula é o
resultado da soma de todos os espectros individuais dos diferentes fluoróforos da molécula.
A espectroscopia de fluorescência tem sido usada para avaliar o índice de humificação
da matéria orgânica do solo (ZSOLNAY et al., 1999; KALBITZ et al., 2000; OHNO, 2002;
ZOLNAY, 2002; MILORI et al., 2002; CARVALHO et al., 2004). Para tal, têm sido
propostas metodologias utilizando modalidades de emissão e de varredura sincronizada.
2.9.4.1 – Modalidade de Emissão
Em um espectro de emissão costuma-se definir um comprimento de onda específico
para excitação das moléculas da amostra. O comprimento de onda da radiação incidente é
definido a partir do espectro de absorção da amostra, sendo aquele no qual houve maior
intensidade de radiação absorvida. Mantendo-se fixo o comprimento de onda de excitação é
possível obter os comprimentos de onda e as intensidades das emissões provenientes da
relaxação dos componentes da amostra.
ZSOLNAY et al., (1999) propuseram uma metodologia para avaliar o índice de
humificação da matéria orgânica do solo, utilizando um espectro de emissão de fluorescência
com excitação em 240 nm. O índice de humificação, foi avaliado com base na área do
espectro, a qual foi dividida em quatro partes. Dividindo-se a quarta parte do espectro pela
primeira, obteve-se o índice, denominado A
4
/A
1
. Os autores utilizaram essa relação a despeito
de que moléculas mais aromáticas fluorescem em comprimentos de onda maiores do que
moléculas com estruturas mais alifáticas, as quais necessitam de maior energia para
fluorescer. Dessa forma, a razão entre essas duas áreas é um indicativo de quão humificada
(maior aromaticidade) está a MOS. Um espectro de fluorescência de emissão de uma solução
de AH, segundo a metodologia de ZSOLNAY et al., (1999), é apresentado na Figura 2.14.
Capítulo 2 – Revisão de Literatura 29
FIGURA 2.14 – Espectro de emissão de fluorescência de AH extraídos de solo tratado com lodo de esgoto,
obtido segundo metodologia de ZSOLNAY et al., (1999). Comprimento de onda de excitação λ
exc
= 240 nm
(NARIMOTO, 2006)
MILORI et al., (2002) propuseram utilizar como índice de humificação a área do
espectro de emissão medido com o maior comprimento de onda correspondente ao máximo de
intensidade de fluorescência obtido no espectro de excitação. Esta seria uma medida relativa
à quantidade de compostos mais condensados e mais aromáticos. Denominou-se A
465
o índice
de humificação determinado segundo MILORI et al., (2002), que neste caso é igual a integral
da região total do espectro de emissão (Figura 2.15) da amostra com comprimento de onda de
excitação λ
exc
= 465 nm.
300 350 400 450 500 550 600 650 700
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
Intensidade de fluorescência (u.a.)
Comprimento de onda (nm)
Capítulo 2 – Revisão de Literatura 30
FIGURA 2.15 – Espectro de emissão de fluorescência de AH extraídos de solo tratado com lodo de esgoto,
obtido segundo metodologia de MILORI et al., (2002). Comprimento de onda de excitação λ
exc
= 465 nm
(NARIMOTO, 2006)
2.9.4.2 – Modalidade Sincronizada
O espectro de varredura sincronizada é obtido monitorando-se os comprimentos de
onda de excitação e emissão de forma sincronizada com um intervalo constante entre ambos,
onde ∆λ = λ
em
- λ
exc
. Ao utilizar a modalidade de emissão síncrona para estudar amostras
contendo uma grande variedade de compostos orgânicos, tais como as SH, aumentam-se as
chances de ocorrência de sobreposição de picos, podendo gerar distorções no sinal de
fluorescência. No entanto, a resolução de um espectro de fluorescência pode ser comprimida
ou expandida conforme diminui-se ou aumenta-se o valor de ∆λ (VO-DINH, 1978).
KALBITZ et al., (2000) sugeriram um valor de ∆λ = 55 nm para avaliar o índice de
humificação da matéria orgânica do solo. Nesta metodologia, os espectros de fluorescência
sincronizados das SH apresentam dois picos em torno de 360 e 400 nm e um ombro próximo
a 470 nm. Esse perfil muda dependendo do índice de humificação da matéria orgânica,
podendo ser avaliado medindo-se a razão entre a intensidade de fluorescência em 400 e 360
nm ou em 470 e 360 nm. A Figura 2.16 mostra um espectro de fluorescência sincronizada
obtido para uma solução de ácido húmico extraído de solo tratado com lodo de esgoto.
460 480 500 520 540 560 580 600 620 640 660
0
50
100
150
200
250
300
350
400
Intensidade de fluorescência (u.a.)
Comprimento de onda (nm)
Capítulo 2 – Revisão de Literatura 31
FIGURA 2.16 – Espectro de varredura sincronizada de AH extraídos de solo tratado com lodo de esgoto, obtido
segundo metodologia de KALBITZ et al., (2000). ∆λ = 55 nm (NARIMOTO, 2006)
2.9.5 – Espectroscopia de Fluorescência Induzida por Laser (FIL)
O princípio básico da FIL é o mesmo exposto para fluorescência na sessão anterior. A
diferença consiste apenas no fato da excitação do material fluorescente ser feita através de um
laser. O uso do laser apresenta vantagens como a intensidade de luz mais alta num
comprimento de onda de excitação específico produzindo assim melhor relação sinal-ruído
quando comparada à fluorescência induzida por lâmpada, e maior seletividade na excitação
tendo portanto, menos fatores de interferência no sinal da fluorescência.
Na Figura 2.17 tem-se um esquema básico da montagem experimental para realizar
análises de FIL em amostras opacas usando um laser de argônio (Ar) como fonte de
excitação. O prisma na saída do laser possibilita a separação da emissão laser da fluorescência
de fundo do gás, permitindo uma excitação “limpa” da amostra. A lente coleta o sinal de
fluorescência e focaliza sobre a fenda do monocromador. O filtro elimina a excitação
espalhada pela superfície da amostra. O chopper serve para modular a luz numa freqüência
definida que serve de referência para o amplificador lock-in. Um sistema de aquisição
controla o passo do monocromador e a leitura do sinal do lock-in gerando o espectro de
emissão da amostra.
300 350 400 450 500 550
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
Intensidade de fluorescência (u.a.)
Comprimento de onda (nm)
Capítulo 2 – Revisão de Literatura 32
FIGURA 2.17 – Montagem experimental para realização de análises de fluorescência induzida por laser
(NARIMOTO, 2006)
A espectroscopia de fluorescência induzida por laser tem se mostrado eficiente na
análise da matéria orgânica de solos, fornecendo resultados satisfatórios de forma ágil, limpa
e em condições próximas das naturais, visto que as amostras de solo não precisam ser
submetidas a um tratamento prévio, como necessário em outras técnicas tais como RMN e
RPE entre outras (MILORI et al., 2003; MILORI et al., 2004; MILORI et al., 2006). Para a
análise de FIL são utilizadas pastilhas de solo (aproximadamente 1 cm de diâmetro e 2 mm de
espessura) prensadas em molde de aço, como apresentado na Figura 2.18A.
Capítulo 2 – Revisão de Literatura 33
FIGURA 2.18 – A. Pastilhas de solo usadas para obtenção dos espectros. B. laser incidindo sobre uma pastilha
de solo
A fluorescência do solo tem origem na MO, pois essa possui grupos funcionais ricos
em ligações insaturadas contidas em sistemas rígidos. Esses grupos, denominados fluoróforos,
estão presentes principalmente na MO mais humificada, tais como OH fenólicos livres e
ligados, estruturas de quinona, grupos carboxílicos ligados e anéis aromáticos.
Utilizando a FIL, MILORI et al., (2004) propuseram para obtenção do índice de
humificação, a razão entre o valor da área sob a curva de fluorescência (ACF) com excitação
em 458 nm e a porcentagem de carbono orgânico total (COT) presente na amostra de solo,
H
FIL
= ACF/COT
a qual visa normalizar a relação entre intensidade de emissão e a concentração de
grupamentos fluoróforos presentes na matéria orgânica da amostra.
2.10 – Espectrometria de Emissão Ótica com Plasma Acoplado
Indutivamente (ICP OES)
A espectrometria de emissão ótica com plasma acoplado indutivamente (ICP OES) é
uma técnica analítica que pode ser usada para determinação de elementos em níveis de traços,
baseada nos espectros de emissão dos mesmos (VANDECASTEELE e BLOCK, 1993).
A. B.
Capítulo 2 – Revisão de Literatura 34
O princípio fundamental da emissão atômica envolve a medida da intensidade da
radiação eletromagnética na forma de luz emitida por átomos excitados e ou ionizados (ou
também por moléculas). Nesse caso, átomos são excitados e/ ou ionizados e ao retornar ao
estado fundamental emitem radiação em comprimento de onda específico.
A espectrometria óptica de emissão utiliza esse fenômeno para a determinação
quantitativa de elementos (metais e alguns não metais) em uma ampla variedade de amostras
(águas, materiais biológicos, clínicas, ambientais, alimentos, geológicos) IDE &
NAKAMURA, 2002, TREVIZAN et al., 2003. A amostra pode ser introduzida no plasma nas
formas gasosa, líquida ou suspensão. Quando a amostra é introduzida na forma líquida ou de
suspensão, geralmente usa-se o princípio de nebulização pneumática.
No nebulizador, ou na saída desse, um gás em alta vazão carrega a amostra para a
câmara de nebulização onde as pequenas gotículas (aerossol) formadas são arrastadas e
passam através do plasma, onde ocorrem os processos de secagem, atomização, excitação e
ionização dos átomos.
O plasma é uma mistura gasosa condutora de eletricidade, parcialmente ionizado que,
dependendo da fonte de radiofreqüência empregada, pode atingir temperaturas da ordem de
6000 a 11000 ºC, sendo esses valores de temperatura elevados, os responsáveis pelos
processos de atomização, excitação e ionização citados anteriormente.
A radiação na forma de luz emitida pelos átomos ou íons no plasma é direcionada para
o sistema óptico do equipamento onde será separada nos comprimentos de onda específicos
que são detectados e quantificados.
Esse método tem sido bastante atrativo ao possibilitar análises multielementares em
uma ampla faixa de concentração em uma mesma amostra. A alta temperatura e atmosfera
inerte do gás argônio, usado no plasma, diminuem as interferências químicas da matriz,
resultando em boa sensibilidade e com baixos limites de detecção (SANTOS, 1999).
2.11 – Composição Elementar
A determinação percentual dos elementos carbono, hidrogênio, nitrogênio e enxofre
em compostos orgânicos e organometálicos é uma das aplicações quantitativas mais
importantes da cromatografia com fase gasosa. Usualmente, as amostras (1,0 mg) são pesadas
em recipientes de estanho e introduzidas automaticamente em um tubo vertical de quartzo
mantido a 1030
o
C, pelo qual passa uma corrente constante de hélio. Quando a amostra
Capítulo 2 – Revisão de Literatura 35
penetra no tubo, a corrente de hélio é enriquecida temporariamente por oxigênio e ocorre
combustão rápida da amostra. A mistura de gases obtida passa sobre Cr
2
O
3
para que a
combustão seja quantitativa e sobre cobre, em 650
o
C, para remover o excesso de oxigênio e
reduzir os óxidos de nitrogênio a N
2
. A mistura de gases passa, finalmente, por uma coluna
cromatográfica mantida a 100
o
C aproximadamente. Os diversos componentes (N
2
, CO
2
,
H
2
O) são separados e eluídos até um detector de condutividade térmica.
A análise elementar é muito utilizada na tentativa de identificar alterações na
composição de SH extraídas de solos sob diferentes tratamentos e manejos, incluindo adição
de lodo de esgoto tratado (SENESI et al., 1989; NARIMOTO, 2006; SANTOS, 2006).
Valores elevados da razão atômica H/C sugerem estruturas mais alifáticas, enquanto que
valores baixos podem ser devidos a estruturas mais aromáticas.
A partir dos valores de composição elementar é possível calcular a razão atômica
C/N, a qual indica o grau de incorporação do nitrogênio na estrutura húmica, o estado de
humificação da MOS, e também tem sido utilizada para verificar a taxa de degradação de
resíduos orgânicos no solo e em compostos orgânicos produzidos a partir de resíduos vegetais
(DA SILVA et al., 2004).
O processo de degradação de resíduos orgânicos no solo é acompanhado pela
conversão de C e N em tecido microbiano. Neste processo, parte do carbono é liberada como
CO
2
. O teor de N em resíduos orgânicos, refletido pela razão C/N, é de grande importância na
magnitude de dois processos opostos: mineralização e imobilização. Resíduos com razão C/N
superiores a 30 resultam em baixas reservas de N mineral, devido à imobilização por
microrganismos. Por outro lado, resíduos com razão C/N inferiores a 20 possibilitam um
aumento no nível de N mineral através de sua mineralização (STEVENSON, 1986).
36
C
C
A
A
P
P
Í
Í
T
T
U
U
L
L
O
O
3
3
O
O
B
B
J
J
E
E
T
T
I
I
V
V
O
O
S
S
O objetivo deste trabalho foi de analisar a composição do efluente gerado pela fossa
séptica biodigestora e sua ação fertilizante no solo, visando:
- compreender melhor a variabilidade da composição do efluente gerado em diversos
locais e períodos do ano;
- compreender de forma mais precisa os processos de transformação da matéria
orgânica, assim como a sua composição final;
- avaliar a influência do inoculante (bovino e ovino) nas características do efluente e;
- avaliar o impacto gerado na matéria orgânica e a disponibilidade de nutrientes para
as plantas após a aplicação do efluente no solo.
Capítulo 4 – Material e Método 37
C
C
A
A
P
P
Í
Í
T
T
U
U
L
L
O
O
4
4
M
M
A
A
T
T
E
E
R
R
I
I
A
A
I
I
S
S
E
E
M
M
É
É
T
T
O
O
D
D
O
O
S
S
Nesse trabalho analisaram-se amostras de material proveniente das três caixas do
sistema da fossa séptica biodigestora; amostras de solo adubados com efluente, com adubação
mineral e solos de mata. Foram também analisados os ácidos húmicos extraídos do solo.
4.1 – Parte 1: Amostras de Efluente
4.1.1 – Amostragem e Preparo do Material da Fossa Séptica Biodigestora
O efluente analisado neste trabalho foi coletado em três sistemas da Fossa Séptica
Biodigestora, instalados no Sítio Aparecida, na Fazenda Morro Verde e na Fazenda Santa
Cândida.
O Sítio Aparecida é uma pequena propriedade rural, localizada na cidade de São
Carlos-SP, na qual desenvolvem-se atividades agrícolas familiares como cultivo de laranjas, e
também pecuárias como a criação de gado bovino. Neste Sítio, em 2001, foi instalado o
sistema da Fossa em substituição à fossa “negra”. O sistema, mostrado na Figura 4.1 é
composto por três caixas de mil litros, as quais são adequadas para promover o tratamento do
esgoto doméstico dos habitantes do sítio. Neste sistema é usado esterco bovino como
inoculante.
FIGURA 4.1 – Sistema da fossa séptica biodigestora instalado no Sítio Aparecida – São Carlos/SP
Capítulo 4 – Material e Método 38
A Fazenda Morro Verde localiza-se na cidade de Itirapina-SP. Nesta Fazenda, em abril
de 2005, foi instalado no local um sistema da Fossa (Figura 4.2), de caráter experimental, no
qual substitui-se o esterco bovino usado como inoculante, por esterco ovino, visando avaliar e
comparar a eficiência do processo de desinfecção. Esse experimento foi feito no intuito de
atender as necessidades de tratamento de esgoto em propriedades rurais que não possuem
criação de gado bovino, como freqüentemente, encontradas na região nordeste.
FIGURA 4.2 – Sistema da fossa séptica biodigestora instalado na Fazenda Morro Verde – Itirapina/SP
Na Fazenda Santa Cândida, pertencente a Sobloco Construtora S.A., foi instalado um
sistema da Fossa Séptica Biodigestora em 2003. O sistema foi redimensionado para promover
o tratamento do esgoto gerado por quatro famílias (Figura 4.3), sendo utilizadas quatro caixas
de cinco mil litros cada, ao invés de três caixas de mil litros, a qual é apropriada para uma
família de no máximo cinco pessoas.
FIGURA 4.3 – Sistema da fossa séptica biodigestora instalado na Fazenda Santa Cândida – São Carlos/SP
Capítulo 4 – Material e Método 39
No sistema instalado na Fazenda Santa Cândida coletou-se somente o material da
caixa 3 para avaliar e comparar suas características com o efluente gerado nos sistemas de
dimensões menores (composto de três caixas de 1000 litros), não sendo feita portanto, a
análise do material presente nas demais caixas deste sistema.
Para os outros dois sistemas (da Fazenda Morro Verde e Sítio Aparecida) foram feitas
três coletas, em outubro de 2005, julho e outubro de 2006. Coletaram-se dois litros do
material de cada caixa (Figura 4.2) para análise da matéria orgânica, um litro para análise de
parâmetros físico-químicos (Tabela 5.1, p. 51) realizada no Laboratório de Saneamento da
Universidade de São Paulo (USP).
As amostras destinadas à análise de matéria orgânica foram congeladas e liofilizadas.
O sólido obtido foi então moído em moinho criogênico e reservado.
As amostras foram nomeadas de acordo com o tipo de esterco usado como inoculante,
com a época de coleta e também com relação as três caixas do sistema da fossa. A Tabela 4.1
apresenta a nomenclatura adotada para as amostras de efluente.
TABELA 4.1 – Nomenclatura adotada para as amostras de efluente
Nomenclatura Data da coleta Inoculante Caixa Local de Coleta
1O1
1
1O2
2
1O3
Outubro/2005
3
2O1
1
2O2
2
2O3
Julho/2006
3
3O1
1
3O2
2
3O3
Outubro/2006
Esterco ovino
3
Itirapina
1B1
1
1B2
2
1B3
Outubro/2005
3
2B1
1
2B2
2
2B3
Julho/2006
3
3B1
1
3B2
2
3B3
Outubro/2006
3
2FSC3*
2ªJulho/2006
Esterco bovino
3
São Carlos
*Fazenda Santa Cândida
Em julho de 2006 fez-se também uma coleta do lodo de esgoto presente nas três caixas
do sistema. O lodo foi congelado, liofilizado e posteriormente moído em moinho criogênico.
A nomenclatura adotada para as amostras de lodo é descrita na Tabela 4.2.
Capítulo 4 – Material e Método 40
TABELA 4.2 – Nomenclatura adotada para as amostras de lodo de esgoto
Nomenclatura Data da coleta Inoculante Caixa Local de Coleta
L2O1
1
L2O2
2
L2O3
Esterco Ovino
3
Itirapina
L2B1
1
L2B2
2
L2B3
3
L2FSC3*
Julho/2006
Esterco Bovino
3
São Carlos
*Fazenda Santa Cândida
4.1.2 – Análises do Efluente
4.1.2.1 – Parâmetros Físico-químicos
Os parâmetros físico-químicos (Tabela 5.1, p.51) foram determinados segundo
metodologias descritas no Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater
no Laboratório de Saneamento da USP em São Carlos.
4.1.2.2 – Condutividade e pH
Uma estimativa do teor total de sais em solução é obtida pela medida de sua
condutividade elétrica (CE). A CE do efluente foi obtida após sua filtração. Para tal, calibrou-
se o condutivímetro (Condutivímetro Horiba, modelo ES-12E) com solução de KCl 0,01 mol
L
-1
, sendo que a condutividade elétrica dessa solução é de 1,41 dS m
-1
a 25
o
C. Lavou-se a
célula de condutividade três vezes com água e encheu-a com o efluente filtrado. Usou-se um
termostato para manter a temperatura a 25
o
C.
Foram feitas análises de pH das amostras de efluente filtrado, utilizando eletrodo de
vidro combinado.
4.1.2.3 – Análise Elementar e Teor de Cinzas
Foram feitas as análises químicas de C, N e H das amostras do sólido obtido após
liofilização do efluente, usando equipamento Fisons - Modelo: EA1108/CHNS-O pertencente
ao Departamento de Química da Universidade Federal de São Carlos. O oxigênio foi obtido
por diferença %O = 100 - (%C + %N + %H + %S + %Cinzas).
Capítulo 4 – Material e Método 41
O cálculo da razão C/N e H/C foi efetuado a partir dos percentuais de C, N e H
divididos pelas suas respectivas massas atômicas.
Para a determinação de cinzas, aproximadamente 20 mg de amostras de efluente
liofilizado foram calcinados durante duas horas a 700
o
C em cadinho de platina, pré-seco e
pesado. O teor de cinzas foi calculado, após a queima da matéria orgânica, por diferença entre
a massa final do cadinho (cadinho calcinado) e inicial (cadinho tarado).
4.1.2.4 – Determinação de Macro e Micronutrientes no Efluente por Espectrometria de
Emissão Ótica com Plasma Acoplado Indutivamente (ICP OES)
O conteúdo mineral foi obtido através da digestão por via seca de 0,10 g de efluente
liofilizado pesadas em cadinho de porcelana. As amostras foram calcinadas em mufla
elevando-se a temperatura até 550
o
C, na qual permaneceu por duas horas. Após resfriamento
até a temperatura ambiente, foram adicionados 10 mL de ácido clorídrico concentrado e
aqueceu-se em banho de areia até completa evaporação do ácido. Novamente esperou-se
alcançar a temperatura ambiente. Lavaram-se os cadinhos com 5 mL de HCl 1,0 mol L
-1
, e em
seguida com mais 5 mL de água deionizada, transferindo a solução para tubos plásticos com
tampa. O volume final de extrato foi de 10 mL, em solução ácida 0,05 mol L
-1
. A digestão foi
feita em duplicata. As amostras digeridas foram quantificadas em espectrômetro de emissão
ótica com plasma de argônio induzido marca VARIAN, modelo Vista RL.
4.1.2.5 – Análises Espectroscópicas
4.1.2.5.1 – Espectroscopia de Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR)
As medidas foram feitas segundo metodologia bem conhecida na literatura
(STEVENSON, 1994) utilizando um espectrofotômetro de FTIR Perkin Elmer, Paragon 1000
PC, da Embrapa Instrumentação Agropecuária . Os espectros de pastilhas das amostras do
efluente liofilizado, preparadas com 1,0 mg de amostra e 100 mg de KBr, foram obtidos a
partir de 64 varreduras, com resolução de 4 cm
-1
, no intervalo de 4000 a 400 cm
-1
. Para
preparar as pastilhas foi utilizada uma pressão de 10 toneladas
4.1.2.5.2 – Espectroscopia de Ressonância Paramagnética Eletrônica (RPE)
As medidas de RPE foram feitas segundo metodologia de MARTIN-NETO et al.,
(1991). A potência de microondas utilizada foi de 2,0 mW para o material da fossa liofilizado.
Usou-se amplitude de modulação de 1G
pp
(Gauss pico a pico), freqüência de modulação de
Capítulo 4 – Material e Método 42
100 KHz e 64 varreduras para obtenção dos espectros. Utilizou-se aproximadamente 20 mg
de amostra para efetuar ao experimento, as quais foram inseridas em tubos de quartzo com
diâmetro interno de 3,5 mm.
As medidas do nível de radicais livres do tipo semiquinona foram feitas utilizando-se
método do padrão secundário (CHIEN et al., 1997). A concentração desses radicais (spin g
-1
)
foi obtida através da integral dupla do espectro de RPE, utilizando a aproximação I x H
2
,
onde I corresponde a intensidade do sinal e H a largura de linha tomadas pico a pico
(POOLE e FARACH, 1972). Posteriormente comparou-se a um padrão Strong Pitch com
concentração de spins conhecida (3 x 10
15
spins cm
-1
) fornecido pela Bruker, utilizando rubi
sintético como padrão secundário (SINGER, 1959; MARTIN-NETO et al., 1994a). A
quantidade de radicais livres do tipo semiquinona foi normalizada pela massa de cada
amostra.
Para efetuar as medidas utilizou-se um espectrômetro RPE de onda contínua da
Bruker, modelo EMX de cavidade retangular, banda X (~ 9,0 GHz), pertencente a Embrapa
Instrumentação Agropecuária.
4.1.2.5.2 – Espectroscopia de Ressonância Magnética Nuclear
Fizeram-se medidas de RMN de
13
C com amostras sólidas, aproximadamente 300 mg
de efluente liofilizado, utilizando-se as técnicas de rotação segundo o ângulo mágico (MAS),
amplitude variável (VA) e polarização cruzada (CP) monitorando os núcleos do isótopo
13
C.
Foi utilizado um espectrômetro Varian 400 MHz Unity Inova, empregando uma sonda para
amostras sólidas da marca Doty, pertencente a Embrapa Instrumentação Agropecuária. A
freqüência de ressonância foi 100,58 MHz (
13
C), a banda espectral utilizada para a CP foi de
50 KHz, tempo de contato de 1 ms, tempo de repetição de 500 ms, tempo de aquisição de
0,0128 ms. A janela espectral foi de 0-230 ppm. As amostras foram medidas em rotores de
zircônia de 5 mm, com MAS de 6,4 KHz. A rampa no canal de
1
H foi de 110-60% (em KHz)
da condição de Hartman-Hahn (NOVOTNY, 2002). Os deslocamentos químicos foram
expressos em ppm em relação ao TMS e referenciados em relação ao hexametilbenzeno.
As porcentagens de alifaticidade e aromaticidade foram calculadas a partir das áreas dos
espectros, segundo STEVENSON (1994):
Alifaticidade (%)= Área dos sinais de C alifático 0-110 ppm x 100%
Área dos sinais de C 0-160 ppm
Capítulo 4 – Material e Método 43
Aromaticidade (%)= Área dos sinais de C aromáticos 110-160 ppm x 100%
Área dos sinais de C 0-160 ppm
4.2 – Parte 2: Amostras de Solo
4.2.1 – Amostragem e Preparo de Solo
O solo utilizado no experimento foi coletado na Fazenda Santa Cândida em São
Carlos. Nesta fazenda, em 2003, foi instalado o sistema da Fossa Séptica Biodigestora para
promover o tratamento do esgoto doméstico gerado pelas famílias locais.
Todo o efluente gerado após o processo de desinfecção é usado como adubo orgânico
em uma plantação de goiaba da Fazenda. O solo analisado é classificado como Latossolo
Vermelho Amarelo fase arenosa. A área de cultivo compreende aproximadamente nove
hectares, os quais recebem aplicação de efluente três vezes ao ano, exceto em uma rua do
goiabal, que é adubada somente com adubo do tipo NPK. Em toda a área cultivada é feita
correção da acidez do solo com calcário.
A coleta foi feita em agosto de 2006. Coletaram-se as amostras na área de projeção da
copa das frutíferas utilizando trado holandês, nas camadas de 0-10, 10-20 e 20-40 cm, de
solos submetidos à adubação mineral do tipo NPK, solos adubados com efluente e de solo de
uma mata nativa próxima ao goiabal. Foram coletadas amostras simples em cinco pontos
diferentes para se obter a amostra composta representativa da área. Os solos foram
acondicionados em bandejas plásticas, e secos à sombra. Em seguida foi realizada a limpeza
manual para retirada das raízes e restos de plantas e posteriormente passado em peneira de 0,5
mm. A nomenclatura adotada para as amostras de solo é descrita na Tabela 4.3.
TABELA 4.3 – Nomenclatura adotada para as amostras de solo
Nomenclatura Descrição
Profundidade
(cm)
CE1 0-10
CE2 10-20
CE4
Solo adubado com efluente
20-40
NPK1 0-10
NPK2 10-20
NPK4
Solo com adubação mineral
– NPK
20-40
M1 0-10
M2 10-20
M4
Solo de mata
20-40
Todas as amostras de solos foram submetidas a um processo de extração e
fracionamento químico das substâncias húmicas por diferença de solubilidade, seguindo a
Capítulo 4 – Material e Método 44
metodologia descrita pela Sociedade Internacional de Substâncias Húmicas (IHSS) descrito
no item 4.3.1. p.47.
4.2.2 – Análises do Solo
4.2.2.1 – Condutividade e pH do Extrato do Solo
Para determinar a condutividade das amostras de solo usou-se um método
desenvolvido pelo Laboratório de Salinidade dos EUA, o qual extrai sais solúveis em água
com base na relação água /solo (VAN RAIJ, 2001).
Para a obtenção dos extratos, adicionou-se 100 cm
3
de solo seco. Em seguida
adicionou-se água deionizada até o ponto de saturação. Deixou-se em repouso por uma hora.
Utilizando um funil de Buchner, filtrou-se a mistura recolhendo a solução em um frasco
plástico com tampa. O condutivímetro foi calibrado com solução de KCl 0,01 mol L
-1
, sendo
que a condutividade elétrica dessa solução é de 1,41 dS m
-1
a 25
o
C. Lavou-se a célula de
condutividade três vezes com água e encheu-a com o extrato do solo. Usou-se um termostato
para manter a temperatura a 25
o
C. As medidas foram feitas em duplicata.
Para a determinação do pH do solo foi misturado 10 cm
3
de terra fina seca ao ar
(TFSA) com 25 mL de CaCl
2
0,01 mol L
-1
. As amostras foram agitadas por 15 minutos e
deixadas em repouso durante duas hora. Em seguida, procedeu-se a leitura utilizando um
eletrodo de vidro combinado.
4.2.2.2 – Análise de Macro e Micronutrientes Disponíveis no Solo
A determinação dos nutrientes disponíveis no solo foi feita segundo a metodologia
adotada pelo Instituto Agronômico de Campinas, descrita por VAN RAIJ (2001).
4.2.2.3.1 – Extração de Macronutrientes (Ca, Mg, K, P) com Mistura de Resinas Trocadora de
Íons
a) Preparo de Soluções-padrão
Capítulo 4 – Material e Método 45
Foi preparada uma solução-padrão-estoque de cálcio, magnésio, potássio e fósforo.
Essa solução contém, por litro, 50,0 mmol
c
de Ca
2+
, 10,0 mmol
c
de Mg
2+
, 3,0 mmol
c
de K
+
e
40,0 mg de P dissolvidos em solução 0,8 mol L
-1
de NH
4
Cl e 0,2 mol L
-1
de HCl.
Transferiu-se 0, 1, 2, 3, 4 e 5 mL da solução-estoque para balões volumétricos de 50
mL, identificados, respectivamente, por A, B, C, D, E e F. Completou-se os volumes com
solução de NH
4
Cl 0,8 mol L
-1
em HCl 0,2 mol L
-1
.
b) Preparo dos Extratos
Transferiu-se 2,5 cm
3
de terra para um frasco plástico cônico de 80 mL. Acrescentou-
se 25 mL de água e uma esfera de vidro; tampou-se o frasco e agitou-o durante 15 minutos
para promover a desagregação do solo. Em seguida, retirou-se a esfera de vidro e
adicionaram-se 2,5 cm
3
de resina, medida com cachimbo provida de fundo de malha de
poliéster. Fechou-se o frasco e agitou-o durante 16 horas, em agitador circular horizontal, a
uma velocidade de 220 rpm. No dia seguinte, abriram-se os frascos e transferiu-se, com um
jato de água, a suspensão de solo e resina para uma peneira com malha de poliéster de 0,4 mm
de abertura. Lavou-se a resina com um mínimo de água possível, até parar de sair argila.
Virou-se a peneira sobre um funil colocado em cima de um frasco plástico, de 100 mL.
Transferiu-se toda a resina da peneira para o frasco, usando exatamente 50 mL de solução de
NH
4
Cl 0,8 mol L
-1
em HCl 0,2 mol L
-1
. Transferiram-se também os 50 mL das soluções-
padrão A, B, C, D, E e F, para frascos plásticos de 100 mL e adicionou-se 2,5 cm
3
de mistura
de resinas a cada uma delas (essas soluções foram empregadas na construção da curva de
calibração para cada elemento). Deixaram-se as suspensões em repouso por 30 minutos, para
permitir a evolução do gás carbônico. Em seguida, fecharam-se os frascos e agitou-se por uma
hora, a 220 rpm.
Os extratos foram utilizados para as determinações de cálcio, magnésio, potássio e
fósforo. As quantificações de Ca, Mg foram feitas utilizando Espectrômetro Absorção
Atômica por chama - marca VARIAN, modelo EspectraAA 800; o potássio foi medido em
Fotômetro de Chama , marca Micronal modelo B262 e o fósforo foi quantificado em sistema
FIA com Espectrofotômetro VIS, marca FEMTO , modelo 432, sendo esses equipamentos
pertencentes à Embrapa Pecuária Sudeste-São Carlos.
4.2.2.3.2 – Extração de Micronutrientes (Cu, Fe, Mn, Zn) Usando Solução de DTPA em pH
7,3
Capítulo 4 – Material e Método 46
a) Preparo da Solução Extratora DTPA – ácido dietilenotriaminopentaacético
(DTPA 0,005 mol L
-1
) + trietanolamina (TEA 0,1 mol L
-1
) + cloreto de cálcio (CaCl
2
.2H
2
O
0,01 mol L
-1
), a pH 7,30
Adicionou-se em um Becker aproximadamente 200 mL de água deionizada, 1,96 g de
DTPA e 14,9 mL de trietanolamina; agitou-se até completa dissolução. Em seguida,
adicionou-se 1,47 g de CaCl
2
.2H
2
O. Transferiu-se a solução para um balão volumétrico de 1
L e completou-se o volume com água deionizada. Corrigiu-se o pH para 7,30 ± 0,05 com
ácido clorídrico 4,0 mol L
-1
.
b) Preparo dos Extratos
Mediu-se 20 cm
3
de solo, com auxílio de um molde tipo cachimbo, em frascos cônicos
de polietileno e adicionou-se 40 mL da solução extratora de DTPA. Os frascos foram
tampados e agitados durante duas horas a 220 rpm. Após a filtragem da suspensão os extratos
estavam prontos para as análises dos metais.
Os micronutrientes (Cu, Fe, Mn, Zn) disponíveis no solo foram quantificados em
espectrômetro de absorção atômica por chama - marca VARIAN, modelo EspectraAA 800,
pertencente a Embrapa Pecuária Sudeste-São Carlos.
4.2.2.3 – Determinação do Carbono Orgânico Total
Para a determinação da porcentagem do carbono orgânico total (COT) presente nos
solos utilizou-se o equipamento Total Organic Carbon Analyzer, modelo TOC-V, marca
Shimadzu, acoplado ao Solid Sample Module SSM-500A, marca Shimadzu, pertencente ao
laboratório de Química Ambiental do Instituto de Química de São Carlos da USP.
4.2.2.4 – Espectroscopia de Fluorescência Induzida por Laser (FIL)
Para as análises de FIL, as amostras de solo foram colocadas em um porta amostra
com janela de quartzo com 1 cm de diâmetro.
A excitação da fluorescência foi feita com um laser de argônio (Coherent – modelo
Innova 90C-458nm – 300 mW), sintonizado na linha de 458 nm com uma potência de 300
mW. A fluorescência das amostras foi coletada por uma lente convergente e focalizada sobre
Capítulo 4 – Material e Método 47
a fenda do monocromador da marca CVI (120 g mm-1 e “blaze” em 500 nm). A detecção é
feita através de uma fotomultiplicadora Hamamatsu com pico de resposta espectral em 530
nm. O sinal da fotomultiplicadora foi amplificado e retificado por um amplificador Lock-in e
em seguida enviado para o sistema de aquisição de dados, controlado por um
microcomputador.
Os espectros foram obtidos com janela espectral de 470-650 nm e resolução igual a
0,5 nm.
As medidas foram feitas em duplicata, utilizando um Instrumento de FIL pertencente à
Embrapa Instrumentação Agropecuária.
4.3 – Parte 3: Amostras de Ácidos Húmicos Extraídos do Solo
4.3.1 – Extração e Fracionamento de Ácidos Húmicos do Solo
As substâncias húmicas (SH) do solo foram extraídas segundo SWIFT et al., (1996),
partindo-se de 200 g de TFSA de amostra, após ter sido passada em peneira de 0,5 mm.
O valor de pH de cada amostra foi ajustado para 1-2 com adição de HCl 1mol L
-1
. O
volume da solução foi ajustado com HCl 0,1 mol L
-1
até atingir uma concentração final com
uma relação de 10 mL de líquido por 1g de TFSA. A solução foi agitada eventualmente
durante uma hora e, após deixar a solução em repouso, separou-se o sobrenadante por
sifonação. O sobrenadante separado que seria utilizado para extração de ácidos fúlvicos (AF),
foi descartado após neutralização.
Ao solo residual foi adicionado NaOH 0,1 mol L
-1
, resultando no final uma relação
solo-solução 1:10. A solução foi agitada durante 4 horas. A seguir, a suspensão ficou em
repouso por 16 horas e o sobrenadante foi isolado através de uma centrifugação (10000 rpm –
10 min) e reservado para posterior acidificação. O material insolúvel, denominado humina,
também foi descartado.
O sobrenadante isolado foi acidificado com HCl 6,0 mol L
-1
, com agitação simultânea
até atingir pH 1,0 e mantido novamente em repouso por 16 horas. Em seguida, a solução foi
centrifugada (10000 rpm – 10 min) para separar o AH (precipitado) e as frações de AF, sendo
que as frações de AF foram descartadas.
A fração de AH foi redissolvida através da adição de um pequeno volume conhecido
de KOH 0,1 mol L
-1
. Adicionou-se 1,5 g KCl sólido, atingindo uma concentração de 0,3 mol
Capítulo 4 – Material e Método 48
L
-1
[K
+
]. Após, centrifugou-se a solução sob alta velocidade (15000 rpm – 10 min) para que os
sólidos suspensos fossem removidos.
O AH foi então reprecipitado, adicionando-se HCl 6,0 mol L
-1
com agitação
simultânea até que fosse atingido pH 1,0-1,5, e após, a suspensão foi mantida em repouso por
16 horas. Centrifugou-se a solução (10000 rpm – 10 min) e o sobrenadante foi então
descartado. O precipitado (AH) foi suspenso em solução HCl 0,1 mol L
-1
+ HF 0,3 mol L
-1
num recipiente plástico e agitado durante 16 horas a temperatura ambiente.
A seguir a solução foi centrifugada (10000 rpm – 10 min) e o precipitado foi
transferido para uma membrana de diálise (Spectra/Por 6000 – 8000Da), preparada segundo a
metodologia de MC PHIE (1971), utilizando água deionizada. Procedeu-se a diálise contra
água deionizada até que a água de diálise apresentasse teste negativo de Cl
-
com nitrato de
prata (AgNO
3
). Para isso, tal procedimento foi mantido durante aproximadamente cinco dias,
fazendo-se a troca da água deionizada duas vezes por dia.
Após a diálise, as amostras foram congeladas e liofilizadas e o sólido obtido (AH) foi
reservado para posteriores análises.
4.3.2 – Análises dos Ácidos Húmicos
4.3.2.1 – Análise Elementar e Teor de Cinzas
A análise elementar e o teor de cinzas para as amostras de AH foram feitos conforme
descrito no item 4.1.2.3.
4.3.2.2 – Análises Espectroscópicas
4.3.2.2.1 – Espectroscopia de Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR)
As análises de infravermelho das amostras de AH foram feitas conforme descrito no
item 4.1.2.5.1.
4.3.2.2.2 – Espectroscopia de Ressonância Paramagnética Eletrônica (RPE)
As medidas de RPE foram feitas segundo metodologia de MARTIN-NETO et al.
(1991). A potência de microondas utilizada foi de 0,2 mW para as amostras de AH. Usou-se
Capítulo 4 – Material e Método 49
amplitude de modulação de 1G
pp
(Gauss pico a pico), freqüência de modulação de 100 KHz e
16 varreduras para obtenção dos espectros. Utilizou-se aproximadamente 20 mg de amostra
para efetuar ao experimento, as quais foram inseridas em tubos de quartzo com diâmetro
interno de 3,5 mm.
As medidas do nível de radicais livres do tipo semiquinona nos ácidos húmicos foram
feitas utilizando-se método do padrão secundário (CHIEN et al., 1997). A concentração
desses radicais (spin g
-1
) foi obtida através da integral dupla do espectro de RPE, utilizando a
aproximação I x H
2
, onde I corresponde a intensidade do sinal e H a largura de linha
tomadas pico a pico (POOLE e FARACH, 1972). Posteriormente comparou-se a um padrão
Strong Pitch com concentração de spins conhecida (3 x 10
15
spins cm
-1
) fornecido pela
Bruker, utilizando rubi sintético como padrão secundário (SINGER, 1959; MARTIN-NETO
et al., 1994). A quantidade de radicais livres do tipo semiquinona foi normalizada pela massa
de cada amostra.
Para efetuar as medidas utilizou-se um espectrômetro RPE de onda contínua da
Bruker, modelo EMX de cavidade retangular, banda X (~ 9,0 GHz), pertencente a Embrapa
Instrumentação Agropecuária.
4.3.2.2.3 – Espectroscopia de Ressonância Magnética Nuclear (RMN)
As análises de RMN de
13
C das amostras de AH foram feitas conforme descrito no
item 4.1.2.5.2.
4.3.2.2.4 – Espectroscopia de Fluorescência em Solução
Soluções estoque de 200 ppm foram preparadas dissolvendo-se 2,0 mg de AH em 10,0
mL de solução de NaHCO
3
. Em seguida, a partir destas, foram preparadas soluções de
concentração 20 ppm, sendo que o pH da solução resultante ficou em torno de 8. As amostras
foram colocadas em cubeta de quartzo multifacetada com tampa de teflon e analisadas a
temperatura ambiente utilizando um espectrômetro de luminescência Perkin Elmer LS50B
pertencente a Embrapa Instrumentação Agropecuária. As análises foram feitas em duplicatas.
Os espectros de fluorescência foram adquiridos nos modos de emissão e varredura
sincronizada, segundo as metodologias propostas por ZSOLNAY et al., (1999), MILORI et
al., (2002) e KALBITZ et al., (2000).
Capítulo 4 – Material e Método 50
a) Modalidade de Emissão
Na metodologia proposta por ZSOLNAY et al., (1999), obtiveram-se os espectros de
emissão com excitação em 240 nm, com intervalo de varredura entre 300 e 700 nm e filtro de
290 nm. Para determinar o índice de humificação denominado A
4
/A
1
, o espectro foi dividido
em quatro partes. A área sob o maior quarto, entre 570 e 641 nm (A
4
) foi dividida pela área do
menor quarto, entre 356 e 432 nm (A
1
).
Na metodologia proposta por MILORI et al., (2002), foram obtidos os espectros de
emissão com excitação em 465 nm, intervalo de varredura entre 480 e 700 nm e com filtro
aberto. O índice de humificação denominado A
465
foi determinado a partir da integral da
região total dos espectros de emissão das amostras com comprimento de onda de excitação
λ
exc
= 465 nm.
b) Modalidade de Sincronizada
Utilizando a metodologia de KALBITZ et al., (2000), foram obtidos espectros de
varredura sincronizada entre 300 e 520 nm simultaneamente com excitação e emissão com
filtro aberto e diferença de comprimento de onda ∆λ = 55 nm para as amostras de ácidos
húmicos extraídos do solo. A determinação do índice de humificação foi feita a partir da razão
entre as intensidades de fluorescência em 456 e 374 nm.
Capítulo 5 – Resultados e Discussão 51
C
C
A
A
P
P
Í
Í
T
T
U
U
L
L
O
O
5
5
R
R
E
E
S
S
U
U
L
L
T
T
A
A
D
D
O
O
S
S
E
E
D
D
I
I
S
S
C
C
U
U
S
S
S
S
Ã
Ã
O
O
5.1 – Caracterização do Efluente
5.1.1 – Parâmetros Físico-químicos
Na Tabela 5.1 estão listados os dados obtidos para o efluente (caixa 3 do sistema da
fossa), das coletas 2 e 3, feitas em julho/2006 e outubro/2006, respectivamente.
TABELA 5.1 – Parâmetros físico-químicos das amostras de efluente da caixa 3*
Parâmetros 2O3 3O3 2B3 3B3 2FSC3
pH
8,05 8,14 8,67 8,61 7,73
DQO
(mgO
2
L
-1
)
638 576 605 528 252
DBO
5
(mgO
2
L
-1
)
411 344 191 316 153
N-NO
3
(mgN L
-1
)
0,86 2,02 0,66 3,27 3,31
N-NH
4
(mgN L
-1
)
562 517 517 427 269
N.Total
(mgN L
-1
)
614 672 568 541 287
Fosfato Total
(mgPO
4
-3
L
-1
)
32 12 78 7 14
Óleo / Graxa
(mg L
-1
)
44 34 67 28 39
SST
(mg L
-1
)
96 117 134 130 66
SSV
(mg L
-1
)
88 89 122 120 64
SSF
(mg L
-1
)
8 28 12 10 2
Condutividade
(dS cm
-1
)
5,35 4,24 4,63 2,98 2,62
* Amostras: O – Sistema inoculado com esterco ovino, Fazenda Morro Verde; B – Sistema inoculado com
esterco bovino, Sítio Aparecida; FSC – Fazenda Santa Cândida (inoculante esterco bovino); os números iniciais
2, 3 referem-se, respectivamente à ordem das coletas (07/2006 e 10/2006). DQO – Demanda Química de
Oxigênio; DBO
5
– Demanda Bioquímica de Oxigênio; SST – Sólidos Suspensos Totais; SSV – Sólidos
Suspensos Voláteis; SSF – Sólidos Suspensos Fixos
A Resolução Nº357 do CONAMA de março de 2005 estabelece as condições e
padrões de lançamento de efluente em corpos de água. No entanto, o efluente analisado neste
trabalho é indicado para uso como adubo orgânico sendo, portanto, disposto em solo. Para
efluentes dispostos em solo, a Resolução Nº357 não estabelece valores para tais parâmetros,
Capítulo 5 – Resultados e Discussão 52
somente faz menção no Artigo 29, de que “A disposição de efluentes no solo, mesmo
tratados, não poderá causar poluição ou contaminação das águas”. Para que o efluente seja
lançado em corpos de água é necessário antes, passar por um filtro de areia para remoção do
material suspenso e também redução da DBO (NOVAES et al., 2002).
Na Tabela 5.1 pode-se observar que o processo de biodigestão ao longo das caixas do
sistema gera efluente, de caráter alcalino, com valores de pH superiores a 7,70.
Os valores para as concentrações de N-NH
4
(Tabela 5.1) variaram de 269 a 562 mg N
L
-1
e para os teores de matéria orgânica, representados pela DQO e DBO
5
, os valores
encontram-se na faixa de 153 a 658 mg O
2
L
-1
. Esses resultados são superiores aos obtidos por
METCALF e EDDY (1991) e SOUSA et al. (2001), nos quais efluentes de esgotos tratados
utilizados em irrigação continham concentrações de nitrogênio amoniacal de 56 a 37 mg N-
NH
4
L
-1
e de matéria orgânica (428 mg L
-1
de DQO e 155 mg L
-1
de DBO
5
). No entanto,
segundo SOUSA et al., (1998), quando o solo apresenta certa capacidade de armazenamento
de nitrogênio (presença de matéria orgânica) pode parecer vantajoso utilizar-se, como adubo
orgânico, efluente contendo mais nitrogênio amoniacal que na forma de nitrato, pois as
plantas assimilam nitrogênio nas formas de nitrato e íon amônio. Dessa forma, o uso de
efluente em culturas tem o mesmo efeito do nitrogênio aplicado na forma de fertilizante.
Os teores de sólidos suspensos fixos e suspensos voláteis são um indicativo da fração
mineral e orgânica, respectivamente, presente no efluente. Os valores de SSV apresentaram-se
praticamente constantes entre as amostras de um mesmo inoculante. No entanto, quando se
comparam as amostras inoculadas com esterco ovino e bovino, nota-se que as amostras 2B3 e
3B3 têm concentração de SSV mais alta. Já a concentração de SSF variou de 8 a 28 mg L
-1
. A
amostra 2FSC3 apresentou teores de sólidos bem inferiores aos observados para as demais
amostras, possivelmente devido as maiores dimensões deste sistema, o que favorece a
diluição desses sólidos.
A formação do efluente é influenciada por vários fatores dentre os quais estão a
utilização do esterco (inoculante) recém coletado, sendo que este afeta diretamente o processo
de biodigestão, e a mudança na alimentação humana, observada em especial, em épocas mais
frias do ano, onde há maior tendência de consumir alimentos gordurosos. A influência deste
último pode ser observada nos teores de óleo e graxas provenientes das gorduras e óleos
usados na alimentação. Para as amostras 2O3 e 2B3, coletadas em agosto de 2006, esses
teores são superiores aos das 3O3 e 3B3 coletadas em outubro de 2006. No geral, a análise
dos parâmetros listados na Tabela 5.1 revela uma composição variável do efluente em virtude
dos fatores mencionados.
Capítulo 5 – Resultados e Discussão 53
5.1.2 – Análise Elementar
Os valores obtidos para composição elementar das amostras dos sólidos obtidos após
liofilização do efluente e os respectivos teores de cinzas são apresentados na Tabela 5.2.
TABELA 5.2 – Composição elementar e teor de cinzas em amostras de efluente liofilizado*
Amostras C (%) N (%) H (%) O (%) Cinzas (%)
1O1
17 3 3 52 26
1O2
15 3 3 51 28
1O3
16 2 3 53 26
2O1
17 3 2 29 49
2O2
25 3 4 30 38
2O3
12 3 2 34 49
3O1
12 2 2 30 54
3O2
14 4 2 33 47
3O3
14 3 2 28 53
1B1
21 3 3 54 19
1B2
20 3 3 38 36
1B3
19 3 3 53 22
2B1
14 3 2 34 47
2B2
17 3 2 30 48
2B3
12 2 2 31 53
3B1
13 3 3 32 49
3B2
14 2 3 44 37
3B3
15 2 2 28 53
2FSC3
9 2 1 34 53
*O – inoculado com esterco Ovino; B – inoculado com esterco Bovino; Os números iniciais 1,2 e 3 referem-se,
respectivamente, à ordem de coleta das amostras (10/2005; 07/2006 e 10/2006) e os seguintes à letra, às caixas 1,
2 e 3 do sistema. Oxigênio determinado por diferença.
A análise elementar proporcionou informações sobre a distribuição dos elementos
químicos principais (C, N, H e O) na matéria orgânica do efluente, na qual não foram
observadas diferenças nas concentrações desses elementos com relação ao inoculante
utilizado.
Os teores de carbono ao longo das três caixas do sistema variaram de 12 a 25 %,
considerando as três coletas analisadas. Os percentuais obtidos para N e H nas amostras foram
bastante similares, encontrando-se na faixa de 2-4 %. Já nos teores de O e cinzas observam-se
variações significativas, conforme pode ser visto na Tabela 5.2. Os valores obtidos por análise
elementar / cinzas variaram aleatoriamente, não sendo observada qualquer tendência ao longo
do processo de biodigestão ou mesmo nas três coletas analisadas.
Na Tabela 5.3 estão apresentadas as razões C/N calculadas a partir dos dados obtidos
por análise elementar. O material apresenta concentração elevada de compostos nitrogenados,
resultando em uma relação C/N baixa. Em virtude disto espera-se que haja uma rápida
Capítulo 5 – Resultados e Discussão 54
mineralização do N-orgânico do efluente e que o N-efluente faça parte do ciclo do nitrogênio
tão logo ele atinja o solo (FEIGIN et al., 1991). Assim, a relação C/N deste resíduo é
modificada de tal forma a atingir no final a relação C/N da matéria orgânica do solo,
geralmente entre 9-14 (LUCHESE, 2002).
A degradação de resíduos orgânicos no solo é acompanhada pela conversão de C e N
em tecido microbiano. Esta biomassa, juntamente com os resíduos em decomposição,
representa a fase ativa da matéria orgânica do solo e atua diretamente no desenvolvimento das
plantas ao liberar N durante o processo de mineralização.
TABELA 5.3 – Razões atômicas C/N e H/C das amostras de efluente liofilizado*
Amostras C/N H/C
1O1
6,6 1,9
1O2
5,8 2,1
1O3
9,3 2,0
2O1
6,6 1,7
2O2
9,7 1,9
2O3
4,7 2,0
3O1
7,0 1,6
3O2
4,1 2,0
3O3
5,4 2,1
1B1
8,2 2,0
1B2
7,8 1,8
1B3
7,4 1,8
2B1
5,4 2,0
2B2
6,6 1,4
2B3
7,0 2,3
3B1
5,1 2,4
3B2
8,2 2,3
3B3
8,8 1,7
2FSC3
5,25 1,3
*O – inoculado com esterco Ovino; B – inoculado com esterco Bovino; Os números iniciais 1,2 e 3 referem-se,
respectivamente, à ordem de coleta das amostras (10/2005; 07/2006 e 10/2006) e os seguintes à letra, às caixas 1,
2 e 3 do sistema
Capítulo 5 – Resultados e Discussão 55
A razão H/C representa uma estimativa do grau de saturação das moléculas, sendo que
para ácidos húmicos de solo esta razão é em torno de 1,0 (STEVENSON, 1994). Na Tabela
5.3 podem-se observar valores superiores a 1,0 para todas as amostras de efluente analisadas,
indicando, dessa forma o caráter alifático da matéria orgânica do efluente.
5.1.3 – Macro e Micronutrientes do Efluente
Uma estimativa da composição mineral do efluente é apresentada na Tabela 5.4. O
efluente possui quantidades significativas de macronutrientes (K, P, Ca e Mg) e menores de
micronutrientes (Fe, Mn, Zn e Cu). Esses nutrientes possivelmente se encontram ligados à
matéria orgânica do efluente, sendo liberados de forma gradual para o solo.
TABELA 5.4 – Composição mineral das amostras de efluente liofilizado da caixa 3*
Elementos
(mg L
-1
)
1O3 2O3 3O3 1B3 2B3 3B3 2FSC3
Na
179,55
(0,39)
214,94
(5,88)
239,25
(2,70)
210,74
(0,40)
273,19
(6,11)
222,17
(30,43)
231,71
(3,63)
K
134,48
(4,52)
134,06
(6,69)
143,07
(2,03)
109,67
(0,41)
126,93
(2,30)
109,66
(12,46)
117,78
(0,10)
P
44,26
(0,78)
43,00
(1,48)
39,31
(0,18)
43,45
(0,30)
41,13
(1,63)
43,03
(7,26)
67,95
(0,04)
Ca
42,51
(0,42)
36,82
(1,29)
30,14
(0,57)
23,46
(0,00)
17,95
(0,27)
17,24
(2,92)
38,25
(1,24)
Mg
14,57
(0,15)
10,78
(0,35)
8,12
(0,27)
7,62
(0,06)
2,06
(0,26)
4,13
(0,60)
19,47
(0,43)
Fe
0,70
(0,03)
0,30
(0,02)
0,47
(0,02)
0,84
(0,20)
0,15
(0,02)
0,38
(0,24)
0,55
(0,06)
Mn
0,11
(0,00)
0,04
(0,01)
0,02
(0,00)
0,11
(0,00)
0,02
(0,00)
0,06
(0,01)
0,15
(0,00)
Zn
0,26
(0,01)
0,07
(0,01)
0,17
(0,01)
0,40
(0,01)
0,08
(0,01)
0,25
(0,05)
0,15
(0,01)
Cu
0,05
(0,01)
0,03
(0,00)
0,04
(0,01)
0,10
(0,01)
0,04
(0,00)
0,09
(0,03)
0,08
(0,00)
*O – inoculado com esterco Ovino; B – inoculado com esterco Bovino; FSC – Fazenda Santa Cândida. Os
números iniciais 1,2 e 3 referem-se, respectivamente, à ordem de coleta das amostras (10/2005; 07/2006 e
10/2006) e os seguintes à letra, às caixas 1, 2 e 3 do sistema. () desvio médio das medidas, n =2
Observaram-se também altas concentrações de sódio, quando comparados com as
obtidas para os nutrientes. No entanto, essas concentrações estão dentro da faixa de 50-250
mg L
-1
observada para efluentes secundários de esgoto tratado no mundo, segundo FONSECA
(2001), com exceção da amostra 2B3 que apresentou valor superior a 250 m L
-1
. Geralmente,
pelo fato do efluente ser salino (Tabela 5.4), o seu uso como adubo orgânico pode provocar
aumento na salinidade no solo. O excesso de sais na zona radicular (independentemente das
espécies iônicas presentes) prejudica a produtividade das plantas. Isso ocorre porque a maior
Capítulo 5 – Resultados e Discussão 56
concentração da solução irá exigir da planta mais energia para conseguir absorver água (efeito
osmótico), uma energia que será desviada dos processos metabólicos essenciais (BIEROLAI
et al., 1984).
5.1.4 – Análises Espectroscópicas
5.1.4.1 – Espectroscopia de Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR)
A análise da matéria orgânica do efluente por infravermelho forneceu informações a
respeito dos grupos funcionais presentes no material. Analisando os espectros das Figuras 5.1
e 5.2 observa-se que ocorre variação nos grupamentos funcionais da matéria orgânica do
efluente, no entanto essa variação não segue uma tendência ao longo do processo de
biodigestão (da caixa 1 a 3).
A interpretação dos espectros de FTIR foi feita de acordo com vários estudos
encontrados na literatura (SCHNITZER e KHAN, 1978; SILVERSTEIN e WEBSTER, 2000;
NAKANISHI, 1962; PICCOLO e STEVENSON, 1982; BLOOM e LEENHER, 1989;
CANELLAS et al., 2001; POLAK et al., 2005).
Capítulo 5 – Resultados e Discussão 57
FIGURA 5.1 Espectros de FTIR do material liofilizado das três caixas do sistema da fossa séptica biodigestora.
O – inoculado com esterco Ovino; Os números iniciais 1, 2 e 3 referem-se, respectivamente, à ordem de coleta
das amostras (10/2005; 07/2006 e 10/2006) e os seguintes à letra, às caixas 1, 2 e 3 do sistema
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
1O3
1O2
Núm ero de onda (cm
-1
)
1O1
2O3
2O2
2O1
620
702
834
1008
1108
1410
1558
1624
1654
2854
2934
3O3
3O2
3O1
3400
Capítulo 5 – Resultados e Discussão 58
FIGURA 5.2 – Espectros de FTIR do material liofilizado das três caixas do sistema da fossa séptica biodigestora.
B – inoculado com esterco bovino; Os números iniciais 1,2 e 3 referem-se, respectivamente, à ordem de coleta
das amostras (10/2005; 07/2006 e 10/2006) e os seguintes à letra, às caixas 1, 2 e 3 do sistema
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
1B3
1B2
Número de onda (cm
-1
)
1B1
2B3
2B2
2B1
620
704
834
996
1108
1402
1560
1624
1664
2854
3B3
3B2
3B1
2924
Capítulo 5 – Resultados e Discussão 59
Os espectros das amostras apresentaram na região de 3000 a 3500 cm
-1
uma banda
forte e larga centrada em aproximadamente 3400 cm
-1
, que pode ser atribuída ao estiramento ν
(O-H) da água ligada e a vários grupos contendo OH. Nessa mesma região, observou-se ainda
uma segunda banda centrada em torno 3270 cm
-1
, que é atribuída ao estiramento ν (N-H) de
grupos aminas presentes nas moléculas.
Na região de 2934 e 2854 cm
-1
encontram-se os estiramentos assimétrico e simétrico,
respectivamente, de estiramento C-H de grupos CH
2
–CH
3
(CELI et al., 1997), o que revela a
presença de grupos alifáticos da matéria orgânica presente no efluente. No entanto, para as
amostras da coleta 3 (Figuras 5.1 e 5.2) essa banda somente é observada na amostra 1B3.
Uma banda centrada em 1660 cm
-1
pode ser atribuída ao estiramento ν (C=O) de
grupos cetonas e a presença de íons carboxilatos (deformação axial assimétrica)
(CANELLAS et al., 2001). Para a amostra 2O3 e as da coleta 3 também foi observado uma
banda em 1624 cm
-1
, atribuída ao estiramento de íons COO
-
ligados a metais (PICCOLO,
1982).
Uma outra banda, em 1400 cm
-1
é atribuída aos estiramentos ν (COO
-
) de grupos
carboxilatos, sendo estes resultados coerentes com o caráter alcalino do efluente (Tabela 5.1).
Em 1560 cm
-1
, é observada (exceto nas amostras da coleta 3) uma banda devido às
vibrações do esqueleto em anéis aromáticos (C=C). Nota-se uma tendência à diminuição na
intensidade relativa dessa banda (1560 cm
-1
) quando se comparam as amostras no decorrer do
processo de biodigestão (da caixa 1 a 3).
Na região de 1100 a 1000 cm
-1
observaram-se bandas provenientes do estiramento C-
O de polissacarídeos. A forte intensidade nessa região é praticamente constante nas amostras
durante todo o processo, em virtude de muitos polissacarídeos apresentarem alta resistência à
degradação biológica (PICANÇO et al., 2000).
A região de baixa freqüência entre 800 a 400 cm
-1
é de difícil identificação,
geralmente atribuída a compostos aromáticos. No entanto, nessa região também ocorre
absorção de compostos silicatados. Dessa forma, sendo o material analisado não submetido a
qualquer processo de purificação pode-se atribuir as bandas observadas nos espectros a
impurezas do tipo silicatadas.
Capítulo 5 – Resultados e Discussão 60
5.1.4.2 – Espectroscopia de Ressonância Paramagnética Eletrônica (RPE)
A RPE tem sido muito usada na análise da matéria orgânica do solo, fornecendo
informações à cerca da concentração de radicais livres do tipo semiquinona (Figura 5.3),
sendo esta concentração usada como parâmetro para avaliar o índice de humificação da
matéria orgânica.
NOVAES et al., (2006) observaram um aumento na concentração dos radicais
semiquinonas para amostras do lodo presente nas caixas do sistema da fossa, indicando assim
um aumento na humificação da matéria orgânica. Porém, os fatores envolvidos na formação
do efluente, dentre eles o processo de degradação anaeróbia e o curto espaço de tempo do
material no sistema, sugerem não haver processo de humificação considerado significativo na
parte líquida do sistema. Sendo assim, buscou-se avaliar a concentração desses radicais na
matéria orgânica do efluente de forma a compreender as alterações na fração húmica do solo
causadas pela sua adição.
Na Tabela 5.5 estão apresentados os resultados obtidos para as concentrações de
radicais livres do tipo semiquinona observadas para as amostras do sólido obtido após
liofilização do material das caixas.
Capítulo 5 – Resultados e Discussão 61
TABELA 5.5 – Concentração de radicais livres do tipo semiquinona nas amostras de efluente liofilizado*
Amostras
Radicais livres do tipo semiquinona
(spin g
-1
de C (10
17
))
1O1
0,94 ± 0,05
1O2
3,17 ± 0,11
1O3
2,12 ± 0,04
2O1
1,61 ± 0,00
2O2
1,72 ± 0,03
2O3
2,15 ± 0,00
3O1
1,83 ± 0,01
3O2
2,19 ± 0,35
3O3
2,07 ± 0,13
1B1
0,60 ± 0,03
1B2
1,89 ± 0,00
1B3
1,17 ± 0,06
2B1
nd
2B2
1,60 ± 0,08
2B3
2,00 ± 0,02
3B1
1,95 ± 0,22
3B2
1,16 ± 0,16
3B3
1,11 ± 0,06
2FSC3
1,52 ± 0,05
*O – inoculado com esterco Ovino; B – inoculado com esterco Bovino; FSC – Fazenda Santa Cândida. Os
números iniciais 1, 2 e 3 referem-se, respectivamente, à ordem de coleta das amostras (10/2005; 07/2006 e
10/2006) e os seguintes à letra, às caixas 1, 2 e 3 do sistema. Potência 2mW. nd – não detectado
Analisando a Figura 5.3, observou-se que não há uma tendência entre as concentrações
de radicais livres do tipo semiquinona, as quais variaram aleatoriamente ao longo de processo
de biodigestão e também entre as diferentes coletas do efluente. As amostras apresentaram
baixas concentrações de radicais semiquinonas, sendo que para a amostra 2B1 não foi
detectado sinal quantitativo.
A RPE é uma técnica extremamente sensível e sob condições favoráveis o limite de
detecção para centros paramagnéticos encontra-se no intervalo de 10
11
a 10
12
spin g
-1
, o que
equivale à parte por bilhão (NOVOTNY, 2002). Essa alta sensibilidade é o que possibilita a
análise de materiais complexos como resíduos orgânicos não purificados. Considerando o fato
de que a intensidade do sinal dos espectros de RPE é proporcional à raiz quadrada da potência
(WEIL et al., 1994), aplicou-se potência de 2,0 mW para as amostras de efluente, em virtude
da baixa relação sinal / ruído (s/r), visando obter um sinal quantitativo (apropriada relação s/r)
de radicais livres do tipo semiquinona. Isto se deve, provavelmente, à heterogeneidade de
compostos orgânicos, bem como minerais presentes no efluente. Portanto, os resultados
apresentados na Tabela 5.5 não são diretamente comparáveis aos obtidos para os ácidos
húmicos (Tabela 5.10), pois para esses, utilizou-se potência de 0,2 mW em virtude da
Capítulo 5 – Resultados e Discussão 62
abundância de centros paramagnéticos e, conseqüentemente maior relação s/r, presentes nos
ácidos húmicos.
FIGURA 5.3 – Concentração de radicais livres do tipo semiquinona em spin g
-1
C
-1
obtida para as amostras do
material liofilizado das três caixas do sistema da fossa séptica biodigestora. O – inoculado com esterco Ovino; B
– inoculado com esterco Bovino; 2FSC3 - Fazenda Santa Cândida. Os números iniciais 1, 2 e 3 referem-se,
respectivamente, à ordem de coleta das amostras (10/2005; 07/2006 e 10/2006)
5.1.4.3 – Espectroscopia de Ressonância Magnética Nuclear (RMN)
Experimentos de RMN de
13
C foram feitos, a fim de se obter informações sobre a
composição de grupos funcionais do material presente nas três caixas do sistema da fossa.
Como mencionado no Capítulo 2, a principal dificuldade da aplicação da RMN de
13
C
aos sólidos reside na baixa resolução características das amostras sólidas. Problemas como o
alargamento de linha devido tanto às interações dipolares heteronucleares (
13
C,
1
H) como à
anisotropia do deslocamento químico, e a baixa sensibilidade devido aos longos tempos de
relaxação spin-rede dos núcleos de
13
C devem ser resolvidos. As técnicas MAS e CP têm
possibilitado melhores resultados, diminuindo estas limitações da RMN no estado sólido.
Contudo, os espectros observados para amostras sólidas, como os analisados neste
trabalho, apresentam bandas largas e sobrepostas, o que inviabiliza a identificação de linhas
da forma que é feita para a RMN no estado líquido. Também são observadas bandas laterais
que podem comprometer a quantificação do sinal. Estas bandas ocorrem quando a velocidade
de rotação da amostra em torno do ângulo mágico (54,74
o
) é menor que a anisotropia do
deslocamento químico (CSA) (PEURAVOURI et al., 2003). Para grupos carbonílicos e
1O 2O 3O 1B 2B 3B 2FSC3
0,0
5,0x10
16
1,0x10
17
1,5x10
17
2,0x10
17
2,5x10
17
3,0x10
17
3,5x10
17
Spin g
-1
C
-1
Caixa 1
Caixa 2
Caixa 3
Capítulo 5 – Resultados e Discussão 63
aromáticos, as bandas laterais são ditas de primeira ordem, apresentando valores de
intensidade usualmente <10 % da intensidade observada para a banda central. Ainda, são
geradas bandas de segunda e terceira ordens, no entanto, estas podem ser negligenciadas, pois
apresentam intensidade <1,0 % da banda central. Uma das formas de se minimizar a
interferência das bandas laterais é integrando sua área e subtraindo-a da área do espectro.
Contudo, neste trabalho não foi feito à subtração dessas bandas laterais nos espectros,
somente uma estimativa de sua área, a qual representa em média 2,8 % para as amostras de
efluente e lodo.
Porém, existe a possibilidade de se obter informação semiquantitativa mediante a
integração de regiões específicas e a associação com grupos funcionais característicos das SH.
Os principais grupos detectados por RMN de
13
C no estado sólido em AH, mostrados na
Figura 2.12, são grupos alifáticos (0-45 ppm), N-alifáticos e metoxílicos (45-60 ppm), O-
alifáticos (60-110 ppm), aromáticos (110-140 ppm), O-aromáticos (140-160 ppm),
carboxílicos (160-185 ppm) e carbonílicos (185-230 ppm).
Nas Figuras 5.4, 5.5, 5.6, 5.7 e 5.8 estão apresentados os espectros de RMN de
13
C das
amostras liofilizadas de efluente inoculados com esterco bovino ou ovino, e de lodos,
coletados no fundo de cada caixa. Os espectros obtidos para as amostras de efluente foram
muito similares, apresentaram bandas largas e sobrepostas. A intensidade do pico em
aproximadamente 164 ppm, atribuído a C-carboxílico, apresentou grande variação entre as
coletas, tanto para esterco ovino quanto bovino. Pôde-se observar ainda, que a matéria
orgânica do efluente é rica em carboidratos (pico ~72 ppm), proteínas (~55 ppm) e em outros
compostos de caráter alifático indicado pelos picos em aproximadamente 30 e 23 ppm. Baixa
intensidade foi observada para carbonos aromáticos, os quais absorvem em torno de 130 ppm.
Os espectros obtidos para os lodos apresentaram menor intensidade nas bandas
observadas para os compostos alifáticos (0-45 ppm) em comparação com os obtidos para os
sólidos suspensos do efluente. Para o lodo, tanto do sistema inoculado com esterco ovino
quanto para bovino, foi observado maior intensidade para o pico referente a carboidratos (~74
ppm) em relação aos demais grupos ao longo do espectro.
As porcentagens obtidas para os grupos funcionais presentes nas amostras de efluente
e lodo, calculadas a partir dos espectros de RMN de
13
C (PRESTON, 1996), estão
apresentadas nas Figuras 5.9, 5.10, 5.11 e 5,12. As amostras de efluente apresentaram caráter
fortemente alifático, enquanto que para o lodo a porcentagem de grupos alifáticos obtida é
menor e de grupos aromáticos, ligeiramente maior.
Capítulo 5 – Resultados e Discussão 64
Não foi observada tendência na variação do percentual dos grupos funcionais nas
amostras de efluente, o que reforçou os dados obtidos por RPE, os quais indicaram haver
composição variável do material ao longo do sistema, assim como nas diferentes coletas.
Analisando os valores médios das porcentagens dos grupos funcionais em cada coleta
(Figura 5.10), observou-se que esses valores são muito similares estatisticamente. Dessa
forma, não foram observadas variações na matéria orgânica presente no efluente em função
do inoculante utilizado (esterco ovino ou bovino) ou mesmo da época em que foram
coletados.
Capítulo 5 – Resultados e Discussão 65
FIGURA 5.4 – Espectro de RMN de
13
C de amostras de efluente liofilizado. O – inoculado com esterco Ovino;
Os números iniciais 1, 2 e 3 referem-se, respectivamente, à ordem de coleta das amostras (10/2005; 07/2006 e
10/2006) e os seguintes à letra, às caixas 1, 2 e 3 do sistema
55
30
71
23
128
164
3O3
3O2
3O1
173
2O3
2O2
2O1
300 250 200 150 100 50 0 -50 -100
1O3
1O2
Deslocamento qmico (ppm)
1O1
Capítulo 5 – Resultados e Discussão 66
FIGURA 5.5 – Espectro de RMN de
13
C de amostras de lodo liofilizado. L2O – lodo do sistema inoculado com
esterco Ovino coletado em 07/2006; Os números seguintes à letra referem-se às caixas 1, 2 e 3 do sistema
300 250 200 150 100 50 0 -50 -100
175
154
130
7
4
64
56
L2O1
L2O2
Deslocamento químico (ppm)
L2O3
32
Capítulo 5 – Resultados e Discussão 67
FIGURA 5.6 – Espectro de RMN de
13
C de amostras de efluente liofilizado. B – inoculado com esterco Bovino;
Os números iniciais 1, 2 e 3 referem-se, respectivamente, à ordem de coleta das amostras (10/2005; 07/2006 e
10/2006) e os seguintes à letra, às caixas 1, 2 e 3 do sistema
300 250 200 150 100 50 0 -50 -100
1B3
1B2
Deslocamento qmico (ppm)
1B1
2B3
2B2
2B1
2
3
3
55
72
129
164
3B3
3B2
3B1
175
Capítulo 5 – Resultados e Discussão 68
FIGURA 5.7 – Espectro de RMN de
13
C de amostras de lodo liofilizado. L2B – lodo do sistema inoculado com
esterco Bovino coletado em 07/2006; Os números referem-se às caixas 1, 2 e 3 do sistema
FIGURA 5.8 – Espectro de RMN de
13
C de amostras de efluente (A) e lodo (B). 2FSC3 – Fazenda Santa
Cândida, caixa 3, coleta 2; L2FSC3 – lodo da caixa 3 do sistema da Fazenda Santa Cândida coletado em
07/2006
300 250 200 150 100 50 0 -50 -100
32
56
64
74
130
154
L2B3
L2B2
Deslocamento químico (ppm)
L2B1
175
300 250 200 150 100 50 0 -50 -100
22
56
64
74
104
135
154
Deslocamento químico (ppm)
L2FSC3
B.
174
300 250 200 150 100 50 0 -50 -100
24
30
55
129
174
2FSC3
Deslocamento químico (ppm)
A.
71
Capítulo 5 – Resultados e Discussão 69
FIGURA 5.9 – Porcentagem dos grupos funcionais obtidas através dos espectros de RMN de
13
C com
VACP/MAS das amostras de efluente de cada caixa e nas três coletas. O – inoculado co esterco ovino; B –
inoculado com esterco Bovino; Os números iniciais 1, 2 e 3 referem-se, respectivamente, à ordem de coleta das
amostras (10/2005; 07/2006 e 10/2006) e os seguintes à letra, às caixas 1, 2 e 3 do sistema
C-
a
lif
.
N-
a
lif
./
me
t
ox
.
C
-O-al
if
.
C
-
ar
om
.
C
-
O-
a
ro
m
.
C-carbox.
C
-
ca
rb
o
n.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Porcentagem
1O1
1O2
1O3
C-alif.
N
-
al
i
f./m
e
tox.
C
-
O
-
al
i
f.
C-ar
om
.
C
-
O
-
ar
om
.
C-carbox.
C-ca
r
bon.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Porcentagem
1B1
1B2
1B3
C-a
l
i
f
.
N-a
l
i
f
./metox.
C-O-
a
lif.
C-
a
r
om.
C-
O
-ar
om.
C-
c
ar
b
ox.
C-c
a
rb
o
n.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Porcentagem
2O1
2O2
2O3
C-
ali
f
.
N-alif./metox.
C-O-alif.
C-
arom.
C-
O-a
r
om.
C
-
c
a
rb
ox
.
C-carbon.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Porcentagem
2B1
2B2
2B3
C
-
al
i
f
.
N-alif./metox.
C-O
-
alif.
C-a
r
om.
C-O-arom.
C
-
car
box.
C
-
car
bon.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Porcentagem
3B1
3B2
3B3
C-
a
lif.
N-alif./metox.
C-O-alif.
C-arom.
C
-O-ar
o
m.
C-
ca
rbox.
C-car
b
on.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Porcentagem
3O1
3O2
3O3
Capítulo 5 – Resultados e Discussão 70
FIGURA 5.10 – Média da porcentagem dos grupos funcionais obtidas através dos espectros de RMN de
13
C com
VACP/MAS das amostras de efluente em cada coleta. O – sistema inoculado com esterco ovino; B – sistema
inoculado com esterco Bovino; Os números iniciais 1, 2 e 3 referem-se, respectivamente, à ordem de coleta das
amostras (10/2005; 07/2006 e 10/2006)
C-alif
.
N
-
alif./meto
x
.
C-O-alif.
C-
ar
o
m
.
C
-
O-
ar
o
m
.
C-ca
r
b
o
x.
C
-carbon.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Porcentagem
1O
1B
C-
al
if.
N
-al
i
f
.
/
met
o
x.
C-O-al
i
f.
C-aro
m.
C-O-arom
.
C-
carb
o
x
.
C-carb
o
n
.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Porcentagem
2O
2B
C
-
a
l
i
f.
N-alif./m
e
tox.
C
-
O
-a
l
if.
C
-arom.
C-O-arom.
C-carbox.
C-carbon.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Porcentagem
3O
3B
Capítulo 5 – Resultados e Discussão 71
FIGURA 5.11 – Porcentagem dos grupos funcionais obtidas através dos espectros de RMN de
13
C com
VACP/MAS das amostras de lodo coletado em 07/2006. L2O – lodo do sistema inoculado com esterco ovino;
L2B – lodo do sistema inoculado com esterco Bovino; Os números seguintes à letra referem-se às caixas 1, 2 e 3
do sistema
FIGURA 5.12 – Porcentagem dos grupos funcionais obtidas através dos espectros de RMN de
13
C com
VACP/MAS das amostras de efluente e lodo. 2FSC3 – Fazenda Santa Cândida, caixa 3, coleta 2; L2FSC3 – lodo
da caixa 3 do sistema da Fazenda Santa Cândida coletado em 07/2006
Na Tabela 5.6 estão apresentados os dados referentes às porcentagens de grupamentos
aromáticos e alifáticos observadas para as amostras de efluente e lodo. Observando-se os
valores isolados, nota-se que ocorreu variação no percentual de grupos aromáticos e alifáticos
ao longo do processo de biodigestão. No entanto, quando se analisaram os valores médios
obtidos para cada coleta, não foram observadas mudanças no grau de aromaticidade /
C-alif.
N
-alif.
/
metox.
C-O
-
a
l
i
f
.
C-arom.
C-
O
-arom.
C-
c
a
rb
o
x.
C
-ca
r
bo
n
.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Porcentagem
L2O1
L2O2
L2O3
C
-
alif.
N
-
al
i
f
./m
et
ox.
C-
O
-ali
f
.
C-
arom.
C-
O
-
arom.
C-ca
r
box.
C
-
car
bon.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Porcentagem
L2B1
L2B2
L2B3
C-alif.
N-al
i
f
.
/me
t
ox.
C-
O-al
i
f.
C-
a
rom
.
C-O-a
rom
.
C-c
arbox.
C-carbon.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
Porcentage
m
2FSC3
L2FSC3
Capítulo 5 – Resultados e Discussão 72
alifaticidade das amostras, possivelmente, devido ao pequeno número de amostras analisado,
o que resultou em valores estatisticamente iguais.
A porcentagem de aromaticidade /alifaticidade observada para as amostras de efluente
foram similares às obtidas para o lodo, indicando um baixo grau de aromaticidade do material
presente na Fossa Séptica.
TABELA 5.6 – Porcentagem dos grupos aromáticos e alifáticos nas amostras de efluente e lodo obtidas através
dos espectros de RMN de
13
C*
Aromaticidade (%) Alifaticidade (%)
Amostras
Valor em
cada caixa
Média entre
as caixas
Valor em
cada caixa
Média entre
as caixas
1O1
16 84
1O2
15 85
1O3
15
15,3 ± 0,6
85
84, 7 ± 0,6
2O1
14 86
2O2
12 88
2O3
18
14,7 ± 3,0
82
85,3 ± 3,0
3O1
14 86
3O2
16 84
3O3
13
14,3 ± 1,5
87
85,7 ± 1,5
1B1
15 85
1B2
13 87
1B3
14
14,0 ± 1,0
86
86,1 ± 1,0
2B1
16 84
2B2
14 86
2B3
19
16,3 ± 2,5
81
83,7 ± 2,5
3B1
13 87
3B2
14 86
3B3
9
12,0 ± 2,6
91
88,0 ± 2,6
LO1
19 81
LO2
15 85
LO3
13
15,7 ± 3,0
87
84,3 ± 3,0
LB1
17 83
LB2
18 82
LB3
14
16,3 ± 2,1
86
83,7 ± 2,1
2FSC3
16 84
LFSC3
16
-
84
-
*O – inoculado com esterco Ovino; B – inoculado com esterco Bovino; Os números iniciais 1, 2 e 3 referem-se,
respectivamente, à ordem de coleta das amostras (10/2005; 07/2006 e 10/2006) e os seguintes à letra, às caixas 1,
2 e 3 do sistema; L – lodo
Na Tabela 5.3 podem-se observar valores superiores a 1,0 para todas as amostras de
efluente analisadas, indicando, dessa forma o caráter alifático da matéria orgânica do efluente,
sendo essa informação coerente com os dados obtidos por RMN de
13
C e FTIR.
Capítulo 5 – Resultados e Discussão 73
5.2 – Impacto Causado pela Adição de Efluente no Solo
5.2.1 – Condutividade e pH
Os valores de pH obtidos para as amostras de soloo mostrados na Tabela 5.7.
Analisando esses resultados pode-se observar que o solo analisado possui caráter bastante
ácido, isso é mais nítido se compararmos os solos de mata, que não recebem qualquer tipo de
corretivo de acidez, com os demais solos que são tratados com calcário. O solo adubado com
efluente apresentou valor de pH ligeiramente superior ao solo com adubação mineral em
especial na primeira camada. Segundo YAN et al., (1996) a adição de resíduos orgânicos
pode ocasionar aumento no pH do solo devido, principalmente a dois diferentes processos:
descarboxilação de ânions orgânicos consumindo H
+
e liberando CO
2
(R-CO-COO
-
+ H
+
R-CHO + CO
2
) e desaminação de aminoácidos. Porém, a contribuição deste último processo é
provavelmente de menor importância, pelo fato de o grupo aminoácido encontrar-se
predominantemente protonado.
TABELA 5.7 – Valores de pH e condutividade para as amostras de solo*
pH Condutividade a 25
o
C (dS m
-1
) Amostras de
solo
0-10 cm 10-20 cm 20-40 cm 0-10 cm 10-20 cm 20-40 cm
CE
5,15 ± 0,01 4,59 ± 0,01 4,68 ± 0,01 0,18 ± 0,01 0,14 ± 0,01 0,12 ± 0,01
NPK
4,81 ± 0,01 4,40 ± 0,01 4,47 ± 0,01 0,20 ± 0,00 0,11 ± 0,01 0,10 ± 0,01
M
3,57 ± 0,01 3,64 ± 0,01 3,73 ± 0,01 0,33 ± 0,00 0,20 ± 0,01 0,19 ± 0,01
*CE: solo adubado com efluente; NPK: solo com adubação mineral à base de nitrogênio, fosfato e potássio; M:
solo de mata
A condutividade está relacionada com o conteúdo de sais na solução do solo. Na
Tabela 5.7 é possível observar um decréscimo nesse conteúdo conforme aumenta a
profundidade no solo. Dentre os solos analisados, o de mata apresentou maiores
concentrações de sais. Pôde-se observar também que o solo adubado com efluente desde o
segundo semestre de 2003, não apresentou excesso de salinidade, visto que seus valores de
condutividade estão na faixa de 0,0-2,0 dS m
-1
e dentro desta faixa os efeitos da salinidade são
geralmente negligenciáveis (TOMÉ Jr., 1997).
Capítulo 5 – Resultados e Discussão 74
5.2.2 – Macro e Micronutrientes Disponíveis no Solo
As concentrações de nutrientes disponíveis no solo são mostradas na Figura 5.12.
Verificou-se um aumento nas concentrações dos macronutrientes quando adicionado o
efluente, em relação ao solo adubado com NPK, já os teores de micronutrientes para esses
dois solos foram semelhantes.
FIGURA 5.12 – Concentração de macro e micronutrientes disponíveis no solo. A e B – macronutrientes; C e D –
micronutrientes; CE: solo adubado com efluente; NPK: solo com adubação mineral à base de nitrogênio, fosfato
e potássio; M: solo de mata. As numerações referem-se às profundidades amostradas – 1: 0-10 cm; 2: 10-20 cm
e 4: 20-40 cm
O solo de mata apresentou baixas concentrações de nutrientes, exceto de ferro e
manganês, que foram superiores aos demais solos analisados. Possivelmente, devido ao
CE 1 CE 2 CE 4 NPK 1NPK 2NPK 4 M 1 M 2 M 4 --
0
10
20
30
40
50
P
mg dm
-3
A.
CE 1 CE 2 CE 4 NPK 1NPK 2NPK 4 M 1 M 2 M 4 --
0
2
4
6
8
10
12
14
16
mmol
c
dm
-3
K
Ca
Mg
B.
CE 1 CE 2 CE 4 NPK 1NPK 2NPK 4 M 1 M 2 M 4 --
0
20
40
60
80
100
120
140
mg dm
-3
Fe
Mn
C.
CE 1 CE 2 CE 4 NPK 1NPK 2NPK 4 M 1 M 2 M 4 --
0,0
0,4
0,8
1,2
1,6
2,0
mg dm
-3
Cu
Zn
D.
Capítulo 5 – Resultados e Discussão 75
caráter ácido deste solo, o qual favorece a disponibilidade de ferro e manganês, abundantes no
solo analisado.
Esse aporte de nutrientes no solo, ocasionado pela adição do efluente, é importante,
pois possibilita a diminuição do uso de fertilizantes químicos. Na Fazenda Santa Cândida,
onde foi instalado este experimento, faz-se, normalmente, uso de fertilizante mineral a base de
nitrogênio, fosfato e potássio três vezes ao ano. Em 2006, foi feita somente uma aplicação,
visto que as concentrações de nutrientes no solo foram consideradas satisfatórias.
5.2.3 – Carbono Orgânico Total (COT)
Na Figura 5.13 são mostradas as porcentagens de carbono total obtidas para as
amostras de solo. Os solos analisados apresentaram percentuais de carbono variando de 0,63 a
2,16 % C. Para as amostras pertinentes ao solo de mata observou-se maior teor de carbono
que os demais solos analisados, em virtude de esse solo não ter sido submetido a qualquer
forma de manejo. Comparando os solos adubados (Figura 5.13), pode-se observar que o solo
que recebeu aplicação de efluente apresentou maior teor de carbono. Esse aporte
proporcionado é importante, pois dessa forma o efluente se torna mais uma alternativa para a
elevação dos teores de matéria orgânica no solo.
FIGURA 5.13 – Porcentagem de carbono total em amostras de solo. CE: solo adubado com efluente; NPK: solo
com adubação mineral à base de nitrogênio, fosfato e potássio; M: solo de mata
O aporte de matéria orgânica provocado pela adição de efluente é pequeno se
comparado diretamente com o solo que recebeu adubação mineral. No entanto, deve-se
CE NPK M
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
% C
0-10 cm
10-20 cm
20-40 cm
Capítulo 5 – Resultados e Discussão 76
considerar que o foram feitas poucas aplicações de efluente no solo desde que o sistema da
fossa foi instalado, no ano de 2003. Dessa forma, os resultados obtidos indicam uma
tendência ao aumento dos teores de carbono no solo com efluente. Contudo, a elevação e
posterior manutenção de teores elevados de carbono no solo dependerá de aplicações
sucessivas do resíduo (OLIVEIRA et al., 2002), visto que os efeitos sobre os teores de
carbono podem ser temporários (MELO et al., 1994) em decorrência da decomposição da
matéria orgânica.
Corroborando com LEITE et al., (2004), os resultados obtidos para os teores de
carbono apresentaram maiores concentrações na camada superficial (0-10 cm), e diminuem
linearmente conforme se aumenta à profundidade.
5.2.3 – Espectroscopia de Fluorescência Induzida por Laser (FIL)
As análises de FIL foram feitas a fim de se obter informação a respeito do índice de
humificação (H
FIL
) da matéria orgânica do solo, usando amostras de solo intacto. A proposta
de cálculo deste índice de humificação é a razão entre o valor da ACF e o valor de COT
presente na amostra de solo intacto (MILORI et al., 2004), ou seja:
H
FIL
= ACF/COT
O índice de humificação obtido através da FIL está representado na Figura 5.14. Nela
pode-se observar que as amostras de 0-10 e 10-20 cm para os solos CE e NPK apresentaram
valores bem próximos para o índice de humificação. Já para a amostra na profundidade de 20-
40 cm, observou-se que o solo com adubação mineral do tipo NPK obteve maior índice de
humificação. Os menores valores no solo CE representam um aporte de MO recente
proveniente do efluente ou da atividade microbiana. As amostras de AH do solo de mata
apresentaram grau de humificação H
FIL
bem inferior aos demais solos, sendo que esse
comportamento não foi observado nos outros índices de humificação avaliados. Essa grande
diferença pode ser atribuída ao fato de a FIL analisar solos intactos, sem qualquer processo de
extração das SH, estando presentes todos os grupamentos fluoróforos da matéria orgânica do
solo, podendo ocorrer dessa forma, um efeito de diluição da matéria orgânica humificada,
diminuindo o sinal de fluorescência.
Capítulo 5 – Resultados e Discussão 77
FIGURA 5.14 – Índice de humificação (H
FIL
) obtido através da fluorescência induzida por laser de amostras de
solo dividido pela porcentagem de carbono orgânico das mesmas. CE: solo adubado com efluente; NPK: solo
com adubação mineral à base de nitrogênio, fosfato e potássio; M: solo de mata
5.3 – Matéria Orgânica do Solo (Ácidos Húmicos)
5.3.1 – Análise Elementar
Os valores obtidos para a composição elementar dos AH e os teores de cinzas estão
apresentados na Tabela 5.8.
TABELA 5.8 – Composição elementar (carbono, nitrogênio, hidrogênio, enxofre e oxigênio) e teor de cinzas em
amostras de AH extraídos do solo*
Amostras C (%) N (%) H (%)
S (%)
O (%) Cinzas (%)
CE1
48 4 5
2
37 4
CE2
47 4 5
2
36 6
CE4
48 4 4
2
36 5
NPK1
48 4 5
2
37 4
NPK2
48 4 5
2
36 5
NPK4
49 4 5
2
36 3
M1
49 4 3
2
40 1
M2
50 4 5
3
38 1
M4 50 4 4
2
38 2
*CE: solo adubado com efluente; NPK: solo com adubação mineral à base de nitrogênio, fosfato e potássio; M:
solo de mata. As numerações referem-se às profundidades amostradas – 1: 0-10 cm; 2: 10-20 cm e 4: 20-40 cm.
Oxigênio determinado por diferença
CE NPK M
0
100
200
300
400
500
600
700
H
FIL
0-10 cm
10-20 cm
20-40 cm
Capítulo 5 – Resultados e Discussão 78
A análise elementar proporcionou informações sobre a distribuição dos elementos
químicos principais (C, N, H, S e O) nos AH, sendo que não foram observadas diferenças
significativas nos percentuais desses elementos nos três solos analisados.
A razão C/N (Tabela 5.9) obtida para as amostras de AH variaram de 13,7 a 16,0.
Dados na literatura indicam que a razão obtida está dentro da faixa esperada para AH
extraídos de solo. (NICOLARDOT et al., 2001). Para as amostras de solo de mata observou-
se um aumento dessa razão ao longo do perfil do solo, indicando um aumento no índice de
humificação dessas amostras.
TABELA 5.9 – Razões atômica C/N e H/C das amostras de amostras de AH extraídos do solo
Amostras* C/N H/C
CE1
14,2 1,29
CE2
13,7 1,27
CE4
14,3 1,11
NPK1
14,1 1,22
NPK2
14,0 1,25
NPK4
14,5 1,23
M1
14,7 0,82
M2
15,3 1,12
M4 16,0 1,02
*CE: solo adubado com efluente; NPK: solo com adubação mineral à base de nitrogênio, fosfato e potássio; M:
solo de mata. As numerações referem-se às profundidades amostradas – 1: 0-10 cm; 2: 10-20 cm e 4: 20-40 cm
De acordo com STEVENSON (1994), a razão H/C pode ser usada para avaliar o grau
de insaturação dos ácidos húmicos. Quanto maior esta razão menor é o grau de insaturação
das moléculas. Na Tabela 5.9, observa-se que os AH dos solos CE apresentaram maiores
valores de H/C, indicando que essas amostras possuem maior grau de saturação que os demais
AH, possivelmente devido à incorporação da matéria orgânica presente no efluente. A razão
H/C observada para as amostras de AH de mata mostrou que este material possui alto grau de
insaturação.
Capítulo 5 – Resultados e Discussão 79
5.3.2 – Análises Espectroscópicas
5.3.2.1 – Espectroscopia de Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR)
As análises de infravermelho foram feitas visando obter informações sobre a
composição de grupos funcionais, dos ácidos húmicos extraídos dos solos.
As possíveis atribuições dos sinais foram baseadas no conhecimento acumulado pela
RMN de
13
C em solos e ácidos húmicos nos trabalhos descritos na literatura WILSON 1984 e
1987; SCHNITZER e PRESTON, 1986; PRESTON et al., 1994ab, 1996; KÖGEL-KNABER,
1997; SCHULTEN e SCHNITZER, 1997; VEEMAN, 1997; ZECH et al., 1997; CELI et al.,
1997.
Os espectros de infravermelho para as amostras de AH são apresentados na Figura
5.15.
Capítulo 5 – Resultados e Discussão 80
FIGURA 5.15 Espectros de FTIR de AH extraídos de amostras de solos adubados com efluente (CE), solo com
adubação mineral a base de nitrogênio, fósforo e potássio (NPK) e solo de mata
Uma banda larga na região de alta freqüência, entre 3600 e 3070 cm
-1
presente em
todos os espectros é atribuída às vibrações de estiramentos O-H, indicando a abundante
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
CE4
CE2
Número de onda
(
cm
-1
)
CE1
NPK4
NPK2
NPK1
1060
1236
1420
1618
1718
2850
M4
M2
M1
2918
Capítulo 5 – Resultados e Discussão 81
presença de grupos hidroxilas nos AH obtidos. Na região de 2918 e 2850 cm
-1
encontram-se
os estiramentos assimétrico e simétrico, respectivamente, de CH alifáticos (CELI et al., 1997).
A banda em 1718 cm
-1
é atribuída a vibrações ν (O-C=O) de ésteres ou ν (C=O) de
cetonas (NAIDJA et al., 2002), enquanto que em torno de 1620 cm
-1
tem-se ν (C=O) de grupo
amida – banda de amida I, C=C de anel aromático, deformação axial de C=C, C=N, absorção
anti-simétrica de C=O de COO
-
e deformação angular de H
2
O (NIEMEYER et al., 1992;
BAES e BLOOM, 1989; GUIMARÃES, 1997).
Uma banda fraca em torno de 1420 cm
-1
refere-se ao estiramento assimétrico C-O e
/ou a deformação C-O-H dos COOH e estiramento simétrico dos íons COO
-
. A banda
próxima a 1236 cm
-1
é atribuída à deformação axial C-O dos COOH (BAES e BLOOM,
1989) e estiramento simétrico C-O. Ainda, as absorções observadas entre 1200-1100 cm
-1
podem ser atribuídas ao ν (C-O) de polissacarídeos (STEVENSON, 1994; NIEMEYER et al.,
1992) provavelmente celulose ou hemicelulose residual (INBAR et al., 1989) ou impurezas se
silicatos relacionadas ao ν (Si-O) (GUIMARÃES, 1997).
Analisando os espectros obtidos para os AH extraídos do solo, observou-se que todos
eles apresentaram perfis semelhantes, indicando a presença dos mesmos grupos funcionais,
não sendo observada, através desta técnica, qualquer alteração nestes grupos, em virtude da
adição da matéria orgânica do efluente.
5.3.2.2 – Espectroscopia de Ressonância Paramagnética Eletrônica (RPE)
O sinal do radical livre orgânico das substâncias húmicas, detectável por RPE, é
atribuído a radicais livres do tipo semiquinona. Quanto maior a concentração de radicais
livres do tipo semiquinona, maior a humificação da matéria orgânica (SENESI, 1990a;
MARTIN-NETO et al., 1991, 1998). Normalmente a maior humificação está relacionada à
formação de compostos mais aromáticos (KÖGEL-KNABER et al., 1991). No entanto, pela
complexidade da MOS, é temerário assumir um único tipo de radical como responsável pelo
sinal, e na literatura internacional não se descarta a possibilidade de envolvimento de outros
tipos de estruturas (SENESI, 1990b; CHESHIRE e MCPAHIL, 1996; WATANABE et al.,
2005).
Para quantificação de espécies paramagnéticas, a concentração de spins é diretamente
proporcional à integral dupla do espectro de RPE (Figura 2.9). Uma aproximação
normalmente muito utilizada para a obtenção da concentração de spins é feita utilizando-se a
Capítulo 5 – Resultados e Discussão 82
fórmula I × H
2
(POOLE, 1967), onde I é a intensidade do sinal e H é a largura do sinal
tomada pico a pico.
TABELA 5.10 – Concentração de radicais livres do tipo semiquinona e largura de linha das amostras de AH
extraídos do solo CE, NPK e M, fornecidas por RPE*
Amostras
Radicais livres do tipo semiquinona
(spin g
-1
de C (10
17
))
Largura de linha
(Gauss)
CE1
1,92 ± 0,02 4,52 ± 0,10
CE2
1,36 ± 0,13 4,84 ± 0,07
CE4
2,59 ± 0,10 4,30 ± 0,07
NPK1
1,74 ± 0,03 4,42 ± 0,10
NPK2
1,82 ± 0,01 4,59 ± 0,00
NPK4
2,03 ± 0,06 4,77 ± 0,03
M1
2,05 ± 0,04 4,25 ± 0,07
M2
2,66 ± 0,13 4,25 ± 0,00
M4 4,37 ± 0,04 4,01 ± 0,07
*CE: solo adubado com efluente; NPK: solo com adubação mineral à base de nitrogênio, fosfato e potássio; M:
solo de mata. As numerações referem-se às profundidades amostradas – 1: 0-10 cm; 2: 10-20 cm e 4: 20-40 cm.
Potência 0,2 mW
Os resultados obtidos para a concentração de radicais livres do tipo semiquinona para
as amostras de solos estão descritos na Tabela 5.10. A concentração desses radicais foi
avaliada em dois solos sob cultivo e diferentes tipos de adubos (CE e NPK) e em um solo de
mata (M). Nos três solos analisados observou-se um aumento na concentração de radicais
semiquinona conforme se aumenta à profundidade.
No solo de mata foi observada maior concentração desses radicais, indicando maior
índice de humificação dessas amostras. A adição do efluente no solo alterou
significativamente a concentração dos radicais semiquinona no solo. Comparado ao solo com
adubação NPK, observou-se que o solo com CE apresentou nas camadas de 0-10 e 20-40 cm
maiores índices de humificação, no entanto, ocorreu uma diminuição neste índice na camada
de 10-20 cm (Figura 5.16). Dessa forma, nota-se uma contribuição dos radicais do tipo
semiquinona, presentes em baixas concentrações no efluente (Figura 5.3, amostra 2FSC3), na
alteração da matéria orgânica natural do solo.
Capítulo 5 – Resultados e Discussão 83
FIGURA 5.16 – Comcentração de radicais livres do tipo semiquinona em spin g
-1
C
-1
obtida para as amostras de
AH extraídos de solos adubados com efluente (CE), com adubação mineral a base de nitrogênio, fósforo e
potássio (NPK) e de solo de mata (M)
Características adicionais dos radicais livres semiquinona podem ser obtidas usando a
largura de linha do sinal de RPE (POOLE e FARACH, 1972; MARTIN-NETO et al., 2001).
MARTIN-NETO et al., (2001) observaram que a largura de linha dos radicais livres do tipo
semiquinona era diretamente proporcional à diminuição do pH para Latossolos e ácidos
húmicos de turfa, fornecendo evidências de que o tempo de relaxação do estado excitado do
sinal semiquinona dessas substâncias húmicas seja maior em meio ácido, devido às mudanças
conformacionais das SH, o que resulta em uma interação menos efetiva com o meio externo.
Geralmente, as amostras de ácidos húmicos com maior concentração de radicais livres
do tipo semiquinona, são associadas a sinais com menor largura de linha, devido ao maior
grau de humificação e radicais mais protegidos com relação ao meio externo (MARTIN-
NETO et al., 2001; SPOSITO et al., 1996).
Corroborando com SANTOS (2006), MARTIN-NETO et al., 2001; SPOSITO et al.,
1996, os ácidos húmicos com maior concentração de radicais livres do tipo semiquinona
apresentaram menor largura de linha (Tabela 5.10). Observou-se que os ácidos húmicos
extraídos do solo de mata apresentaram maior concentração de radicais livres semiquinona e
menor largura de linha, sendo que para este solo foi observado maior caráter ácido (Tabela
5.7).
CE NPK M
0,0
5,0x10
16
1,0x10
17
1,5x10
17
2,0x10
17
2,5x10
17
3,0x10
17
3,5x10
17
4,0x10
17
4,5x10
17
Spin g
-1
C
-1
0-10 cm
10-20 cm
20-40 cm
Capítulo 5 – Resultados e Discussão 84
5.3.2.3 – Espectroscopia de Ressonância Magnética Nuclear (RMN)
Os espectros de RMN de
13
C para as amostras de AH estão apresentados na Figura
5.13.
FIGURA 5.17 – Espectros de RMN de
13
C dos AH extraídos do solo. CE: solo adubado com efluente; NPK: solo
com adubação mineral à base de nitrogênio, fosfato e potássio; M: solo de mata. As numerações referem-se às
profundidades amostradas – 1: 0-10 cm; 2: 10-20 cm e 4: 20-40 cm.
300 250 200 150 100 50 0 -50 -100
CE4
CE2
Deslocamento químico (ppm)
CE1
NPK4
NPK2
NPK1
M4
M2
M1
Capítulo 5 – Resultados e Discussão 85
As mesmas considerações feitas para o efluente da fossa com relação às limitações da
RMN de
13
C no estado sólido, citadas no item 5.1.4.3, também são aplicáveis para as de AH.
Na Figura 5.18 estão apresentadas as porcentagens relativas aos grupamentos
aromáticos e alifáticos presentes nas amostras de AH. Nos AH do solo CE ocorreu uma
diminuição no teor de carbono alifático com o aumento da profundidade, semelhante ao
observado para os de solo de mata. Com o uso do efluente, o solo recebe matéria orgânica de
caráter mais simples devido ao processo de biodegradação a qual foi submetida no
biodigestor, sendo dessa forma incorporada ao solo mais facilmente. Em contraposição, para o
solo de mata, tem-se um sistema fechado, no qual adiciona-se ao solo matéria orgânica fresca,
proveniente de folhas de árvores e também de origem animal. Este material é degradado pela
ação dos microrganismos e lentamente incorporado à matéria orgânica do solo, sendo que nas
camadas de 10-20 e 20-40 cm não ocorreu alteração no teor desses grupos alifáticos (Figura
5.18C), indicando uma possível estabilização dessa matéria orgânica.
Capítulo 5 – Resultados e Discussão 86
FIGURA 5.18 – Porcentagem da área total das bandas nos espectros de RMN de
13
C com VACP/MAS das
amostras de AH. CE: solo adubado com efluente; NPK: solo com adubação mineral à base de nitrogênio, fosfato
e potássio; M: solo de mata. As numerações referem-se às profundidades amostradas – 1: 0-10 cm; 2: 10-20 cm e
4: 20-40 cm
C
-alif.
N
-a
l
if.
/
me
t
ox
.
C-O
-
ali
f
.
C-arom.
C-O
-
ar
o
m
.
C
-c
a
rb
o
x.
C-carbon.
0
5
10
15
20
25
30
35
Porcentagem
CE1
CE2
CE4
A.
C
-
a
li
f
.
N-a
l
i
f./met
ox.
C
-O-alif.
C
-arom.
C-
O
-
ar
om
.
C
-
c
arbo
x.
C-carbon.
0
5
10
15
20
25
30
Porcentagem
NPK1
NPK2
NPK4
B.
C
-a
l
if
.
N
-
a
li
f.
/
m
e
tox.
C
-
O
-
al
i
f.
C-arom.
C
-
O
-
ar
o
m.
C
-c
a
r
b
o
x
.
C
-
c
a
rb
o
n
.
0
5
10
15
20
25
30
35
Porcentagem
M1
M2
M4
C.
Capítulo 5 – Resultados e Discussão 87
Na Tabela 5.11 estão apresentados os dados referentes às porcentagens de
grupamentos aromáticos e alifáticos observadas para as amostras de AH. Para as amostras de
AH do solo com efluente observou-se que a adição do efluente provocou um aumento na
alifaticidade na matéria orgânica se comparado com o solo adubado com NPK. Resultados
semelhantes ao observado por SANTOS, (2006) ao avaliar o grau de aromaticidade de
amostras de Latossolo submetidos à adição de lodo de esgoto.
TABELA 5.11 – Porcentagem dos grupos aromáticos e alifáticos nas amostras de AH obtidas através dos
espectros de RMN de
13
C
Amostras* Aromaticidade (%) Alifaticidade (%)
CE1
21 79
CE2
21 79
CE4
27 73
NPK1
26 74
NPK2
25 75
NPK4
26 74
M1
20 80
M2
24 76
M4 27 73
*CE: solo adubado com efluente; NPK: solo com adubação mineral à base de nitrogênio, fosfato e potássio; M:
solo de mata. As numerações referem-se às profundidades amostradas – 1: 0-10 cm; 2: 10-20 cm e 4: 20-40 cm
5.3.2.4 – Espectroscopia de Fluorescência em Solução
A fluorescência tem sido amplamente reconhecida como uma técnica relativamente
simples, sensível e útil para o estudo estrutural e funcional relativo às amostras tal como o
ácido húmico.
As principais vantagens desta técnica são, a alta sensibilidade e seletividade, pois
somente aqueles grupos funcionais que fluorescem podem ser observados. Com isso, o uso da
técnica de fluorescência nos estudos sobre substâncias húmicas está apoiado pela presença
estável de várias estruturas fluorescentes intrínsecas a molécula húmica e a seus precursores,
particularmente anéis aromáticos, fenóis e grupos quinona (SENESI et al., 1991).
5.3.2.4.1 – Modalidade de Emissão
Os espectros de emissão foram obtidos utilizando metodologias propostas por
MILORI et al., (2002) e ZSOLNAY et al., (1999), as quais propõem a excitação das amostras
em 465 e 240 nm, respectivamente.
Capítulo 5 – Resultados e Discussão 88
Os espectros das amostras de AH pertinente às metodologias, assim como os
respectivos índices de humificação são mostrados nas Figuras 5.19, 5.20, 5.21 e 5.22.
FIGURA 5.19 – Espectros de emissão de fluorescência de AH extraídos do solo, medidos com comprimento de
onda de excitação λ
ex
= 465 nm. CE – solo adubado com efluente; NPK – solo com adubação mineral a base de
nitrogênio, fósforo e potássio; M – solo de mata
500 550 600 650 700
0
40
80
120
160
200
240
280
Intensidade de fluorescência (u.a.)
Comprimento de onda (nm)
CE 0-10 cm
CE 10-20 cm
CE 20-40 cm
500 550 600 650 700
0
40
80
120
160
200
240
280
320
Intensidade de fluorescência (u.a)
Com
p
rimento de onda
(
nm
)
NPK 0-10 cm
NPK 10-20 cm
NPK 20-40 cm
500 550 600 650 700
0
40
80
120
160
200
240
Intensidade de fluorescência (u.a.)
Comprimento de onda (nm)
M 0-10 cm
M 10-20 cm
M 20-40 cm
Capítulo 5 – Resultados e Discussão 89
Os espectros de emissão obtidos com λ
ex
= 465 nm apresentaram-se como uma única
banda com um máximo de emissão centrado em torno de 524 nm. Observou-se um mesmo
perfil para os três solos analisados, no qual a intensidade de fluorescência aumentou conforme
se aumentava à profundidade no solo.
Segundo MILORI et al. (2002), uma boa estimativa do índice de humificação para
amostras de AH pode ser obtida integrando-se a área sob a curva dos espectros de emissão
com λ
ex
= 465 nm, sendo denominado A
465
.
FIGURA 5.20 – Índice de humificação, A
465
, obtido segundo metodologia de MILORI et al., (2002) para os AH
extraídos do solo. CE – solo adubado com efluente; NPK – solo com adubação mineral a base de nitrogênio,
fósforo e potássio; M – solo de mata
Os índices de humificação, A
465
, obtidos para as amostras de AH estão apresentados
na Figura 5.20. Observou-se que as amostras para os solo CE e NPK apresentaram índices de
humificação bem semelhantes, não sendo observada qualquer mudança em função da adição
do efluente. Para as amostras de M, foram observados maiores índices de humificação nas
camadas de 0-10 e 10-20 cm e na camada de 20-40 cm apresentou caráter menos humificado
que os solos sob cultivo.
Utilizando a metodologia proposta por ZSOLNAY et al., (1999) obtiveram-se os
espectros de emissão com λ
ex
= 240 nm. Os espectros apresentaram uma banda com as
maiores intensidades de fluorescência deslocadas para maiores comprimentos de onda. A
fluorescência de ácidos húmicos em comprimentos de onda longos, como neste caso, é
associada a sistemas insaturados conjugados (hidrocarbonetos aromáticos condensados tipo
tetraceno de estrutura linear ou pirileno de estrutura cíclica), e/ ou a núcleos aromáticos
CE NPK M
0
4000
8000
12000
16000
20000
24000
A
465
0-10 cm
10-20 cm
20-40 cm
Capítulo 5 – Resultados e Discussão 90
altamente substituídos por C=O e COOH (LUMB, 1978; SENESI, 1992; RIVERO et al.,
1998; OLK et al., 1999).
FIGURA 5.21 – Espectros de emissão de fluorescência de AH extraídos do solo, medidos com comprimento de
onda de excitação λ
ex
= 240 nm. CE – solo adubado com efluente; NPK – solo com adubação mineral a base de
nitrogênio, fósforo e potássio; M – solo de mata
300 400 500 600 700
0
50
100
150
200
250
Intensidade de fluorescência (u.a.)
Comprimento de onda (nm)
NPK 0-10 cm
NPK 10-20 cm
NPK 20-40 cm
300 400 500 600 700
0
50
100
150
200
250
300
Intensidade de fluorescência (u.a.)
Comprimento de onda (nm)
M 0-10 cm
M 10-20 cm
M 20-40 cm
300 400 500 600 700
0
50
100
150
200
250
300
Intensidade de fluorescência (u.a.)
Comprimento de onda (nm)
CE 0-10 cm
CE 10-20 cm
CE 20-40 cm
Capítulo 5 – Resultados e Discussão 91
A proposta de ZSOLNAY et al., (1999) é que, se as moléculas fluorescentes tornam-se
mais condensadas tenderão a exibir um deslocamento sobre comprimentos de onda maiores.
A partir da excitação de diferentes amostras com radiação ultravioleta em 240 nm, foi
possível observar no espectro de emissão da matéria orgânica dissolvida, um deslocamento
para comprimentos de ondas maiores, demonstrando progresso no processo de humificação.
Deste modo, segundo ZSOLNAY et al., (1999) a área sobre o último quarto da emissão (562-
650 nm) dividido pela área do primeiro quarto (300-387 nm), denominado A
4
/A
1
, pode ser
usada como índice de humificação.
Na Figura 5.22 são apresentados os índices de humificação, A
4
/A
1
, obtidos segundo
metodologia de ZSOLNAY et al., (1999) para as amostras de AH.
FIGURA 5.22 – Índice de humificação, A
4
/A
1
, obtido segundo metodologia de ZSOLNAY et al., (1999) para os
AH extraídos do solo. CE – solo adubado com efluente; NPK – solo com adubação mineral a base de nitrogênio,
fósforo e potássio; M – solo de mata
As amostras de AH dos solos sob cultivo (CE e NPK) apresentaram o mesmo
comportamento ao longo do perfil do solo, com valores de A
4
/A
1
semelhantes. Segundo a
metodologia de ZSOLNAY et al., (1999) as amostras de AH extraídos do solo de mata
apresentaram caráter menos humificado do que as demais analisadas.
CE NPK M
0,0
0,4
0,8
1,2
1,6
2,0
A
4
/ A
1
0-10 cm
10-20 cm
20-40 cm
Capítulo 5 – Resultados e Discussão 92
5.3.2.4.2 – Modalidade Sincronizada
O espectro de varredura sincronizada, medida com diferença constante entre excitação
e emissão (∆λ = 55 nm), permitiu avaliar o grau de humificação através da metodologia
proposta por KALBITZ et al., (2000). De acordo com essa proposta, os espectros de
fluorescência sincronizados das substâncias húmicas apresentam dois picos, um em torno de
360 e outro em 465 nm, e um ombro em torno de 470 nm. Esses picos podem apresentar
deslocamento no máximo de intensidade de fluorescência de menores para maiores
comprimentos de onda, o que está associado com um aumento no número de núcleos
aromáticos altamente substituídos e/ ou com um sistema conjugado insaturado capaz de exibir
alto grau de ressonância. Então, a razão da intensidade de fluorescência em 400 e 360 nm, ou
470 e 360 nm pode ser usada para medir o grau de humificação das substâncias húmicas.
Nos espectros da Figura 5.23, identificaram-se os dois picos médios, um em 456 e
outro em 374 nm, os quais foram usados na determinação do índice de humificação, medindo-
se a razão I
456
/ I
374
.
Capítulo 5 – Resultados e Discussão 93
FIGURA 5.23 – Espectros de varredura sincronizada de AH extraídos do solo, medidos com diferença de
comprimento de onda de emissão e excitação ∆λ = 55 nm. CE – solo adubado com efluente; NPK – solo com
adubação mineral a base de nitrogênio, fósforo e potássio; M – solo de mata
300 350 400 450 500
0
40
80
120
160
200
240
280
Intensidade de fluorescência (u.a.)
Comprimento de onda (nm)
CE 0-10 cm
CE 10-20 cm
CE 20-40 cm
300 350 400 450 500
0
40
80
120
160
200
240
280
320
Intensidade de fluorescência (u.a.)
Comprimento de onda (nm)
NPK 0-10 cm
NPK 10-20 cm
NPK 20-40 cm
300 350 400 450 500
0
40
80
120
160
200
240
280
Intensidade de fluorescência (u.a.)
Comprimento de onda (nm)
M 0-10 cm
M 10-20 cm
M 20-40 cm
Capítulo 5 – Resultados e Discussão 94
FIGURA 5.24 – Índice de humificação, I
456
/I
374
, obtido segundo metodologia de KALBITZ et al., (2000) para os
AH extraídos do solo. CE – solo adubado com efluente; NPK – solo com adubação mineral a base de nitrogênio,
fósforo e potássio; M – solo de mata
De forma semelhante ao observado pelas metodologias de MILORI et al., (2002) e
ZSOLNAY et al., (1999), o índice de humificação I
456
/I
374
, mostrou que as amostras de AH
dos solos CE e NPK apresentaram o mesmo comportamento, revelando o mesmo índice de
humificação (Figura 5.24).
A análise de correlação mostrou que os índices de humificação A
4
/A
1
e I
456
/I
374
apresentaram boa correlação (R: 0,9249) enquanto que para o índice A
465
obtiveram-se
valores de R inferiores a 0,900, conforme pode ser visto na Figura 5.25.
FIGURA 5.25 – Correlação entre as metodologias de fluorescência propostas para avaliar o índice de
humificação das substâncias húmicas: A. MILORI e ZSOLNAY; B. ZSOLNAY e KALBITZ e C. MILORI e
KALBITZ
CE NPK M
0,0
0,4
0,8
1,2
1,6
2,0
I
456
/ I
374
0-10 cm
10-20 cm
20-40 cm
10000 12000 14000 16000 18000 20000 22000 24000 26000 28000
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
2,2
A
4
/A
1
A
465
R: 0,8772
P: 0,0020
A.
10000 12000 14000 16000 18000 20000 22000 24000 26000 28000
1,0
1,1
1,2
1,3
1,4
1,5
1,6
1,7
1,8
1,9
I
456
/ I
374
A
465
R: 0,7759
P: 0,0140
C.
0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2
1,0
1,1
1,2
1,3
1,4
1,5
1,6
1,7
1,8
1,9
I
456
/ I
374
A
4
/A
1
R: 0,9249
P:<0,0000
B.
________________________________________________________________________95
C
C
A
A
P
P
Í
Í
T
T
U
U
L
L
O
O
6
6
C
C
O
O
N
N
C
C
L
L
U
U
S
S
Õ
Õ
E
E
S
S
Os resultados obtidos mostraram que o efluente gerado pelo sistema da fossa séptica
biodigestora apresentou composições variáveis, considerando as diferentes coletas e o tipo de
inoculante utilizado.
A análise elementar e teor de cinzas indicaram não haver diferenças no percentual dos
elementos que possa ser atribuída aos inoculantes bovino /ovino. O teor de cinzas observado
para as amostras das três caixas do sistema foi alto, indicando que o material da Fossa Séptica
Biodigestora possui uma fração mineral significativa. Esta fração mineral foi avaliada
somente para o material da terceira caixa e revelou que, de fato, o efluente possui quantidades
significativas de nutrientes que podem ser disponibilizados para as plantas. Também foram
encontrados altos teores de Na em relação aos teores de nutrientes, no entanto, não foram
observados efeitos de salinização no solo.
A análise da matéria orgânica do efluente por métodos espectroscópicos indicou não
haver diferenças em sua composição com relação ao inoculante usado. No processo de
biodegradação ao longo do sistema da fossa séptica biodigestora observou-se que não
ocorreram alterações significativas na composição dos grupos funcionais da matéria orgânica
do efluente. O efluente possui caráter bastante alifático e ao ser incorporado no solo, observa-
se que modifica a matéria orgânica do solo.
A adição do efluente ao solo provocou modificação em suas propriedades físico-
químicas. Foi observado um aumento no pH do solo, ocasionado em função do caráter
alcalino e da ação da matéria orgânica do efluente. A análise de condutividade elétrica do
extrato do solo mostrou que a adição do efluente não provocou efeitos de salinização no solo,
visto que as concentrações de sais no efluente são altas.
Foi possível observar que a adição do efluente ao solo após 3 anos de aplicação,
provocou significativas alterações na parte húmica da matéria orgânica do solo.
A análise elementar dos AH revelou que as amostras extraídas do solo CE
apresentaram maior grau de saturação que os demais solos analisados, em função do caráter
alifático da matéria orgânica do efluente que foi incorporada ao solo.
Capítulo 6 – Conclusões 96
Os espectros de FTIR obtidos são típicos para AH. Neles as principais bandas estão
associadas a grupos hidroxilas, alifáticos, carboxilatos, carbonila e amina. Os espectros não
mostraram diferenças significativas para os três solos analisados.
Os resultados obtidos através da RPE e RMN de
13
C indicaram uma diminuição no
índice de humificação das amostras de AH do solo CE comparado ao solo com adubação
NPK, nas camadas de 0-10 e 10-20 cm.
A reutilização do efluente, além de ser uma alternativa mais adequada sob o aspecto
ambiental também é muito útil do ponto de vista agrícola, pois este demonstrou ser uma fonte
de macro e micronutrientes para as plantas, além de matéria orgânica para o solo. As técnicas
químicas e espectroscópicas mostraram que o benefício proporcionado pela adição de efluente
ao solo, mesmo em um experimento de curta duração, pode ser significativo.
97
C
C
A
A
P
P
Í
Í
T
T
U
U
L
L
O
O
7
7
R
R
E
E
F
F
E
E
R
R
Ê
Ê
N
N
C
C
I
I
A
A
S
S
B
B
I
I
B
B
L
L
I
I
O
O
G
G
R
R
Á
Á
F
F
I
I
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S
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E
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