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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
ESTUDOS FARMACOGNÓSTICOS E AVALIAÇÃO DE ATIVIDADES
BIOLÓGICAS DE EXTRATOS OBTIDOS DAS CASCAS PULVERIZADAS DE
Endopleura uchi (HUBER) CUATREC. (HUMIRIACEAE)
Mestrando: Flávio Augusto Sanches Politi
Orientadora: Profa. Dra. Rosemeire C. L. R. Pietro
Co-Orientadora: Profa. Dra. Raquel Regina Duarte Moreira
ARARAQUARA – SP
2009
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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
ESTUDOS FARMACOGNÓSTICOS E AVALIAÇÃO DE ATIVIDADES
BIOLÓGICAS DE EXTRATOS OBTIDOS DAS CASCAS PULVERIZADAS DE
Endopleura uchi (HUBER) CUATREC. (HUMIRIACEAE)
FLÁVIO AUGUSTO SANCHES POLITI
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduão
em Ciências Farmacêuticas, Área de Pesquisa e
Desenvolvimento de rmacos e Medicamentos, da
Faculdade de Ciências Farmauticas, Universidade
Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, como parte dos
requisitos para obtenção do tulo de Mestre em Ciências
Farmacêuticas.
Mestrando: Flávio Augusto Sanches Politi
Orientadora: Profa. Dra. Rosemeire C. L. R. Pietro
Co-Orientadora: Profa. Dra. Raquel Regina Duarte Moreira
ARARAQUARA – SP
2009
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Ficha Catalográfica
Elaborada pelo Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação
Faculdade de Ciências Farmacêuticas
UNESP – Campus de Araraquara
CAPES: 40300005
Politi, Flávio Augusto Sanches
P769e Estudos farmacognósticos e avaliação de atividades biológicas de
extratos obtidos das cascas pulverizadas de Endopleura uchi (Huber)
Cuatrec. / Flávio Augusto Sanches Politi. – Araraquara, 2009.
143 f.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual Paulista. “Júlio de
Mesquita Filho”. Faculdade de Ciências Farmacêuticas. Programa de Pós
Graduação em Ciências Farmacêuticas
Orientador: Rosemeire Cristina Linhari Rodrigues Pietro
Co-orientador: Raquel Regina Duarte Moreira
. 1. Endopleura uchi. 2. Estudos farmacognósticos. 3. Atividades
biológicas. 4. uchi-amarelo. I. Pietro, Rosemeire C. L. Rodrigues, orient.
II. Moreira, Raquel Regina Duarte, co-orient. III. Título.
“A mente que se abre
a uma nova idéia
jamais voltará ao seu
tamanho original”
(Albert Einstein)
Ao meu saudoso pai,
José Américo Politi e à
minha querida mãe,
Delci Aparecida
Sanches Politi
AGRADECIMENTOS
Ao meu pai José Américo Politi, ausente materialmente, mas pela força
do amor, presente constantemente em minha vida, tendo sido
responsável direto pela formação do meu caráter, ensinando-me os
valores de Honestidade, Humanidade e Humildade
À minha mãe Delci Aparecida Sanches Politi, que me deu a Vida e,
enquanto pôde, depositou-me todo o carinho, preocupação e amor
À Profa. Dra. Rosemeire C. L. R. Pietro pela orientação exemplar,
sempre disposta a colaborar, com empenho incansável e exemplo de
profissionalismo, tendo acreditado e me incentivado desde o princípio,
sendo a grande responsável pelo meu crescimento e desenvolvimento
intelectual
À Profa. Dra. Raquel R. D. Moreira, não pela co-orientação, mas
também pela amizade e pela oportunidade dada no início do trabalho,
”abrindo-me as portas” para uma área de estudos totalmente nova e
fascinante
Ao Prof. Dr. Luís Vítor S. Sacramento, pela amizade e pela ajuda
primorosa em diversos momentos
À Profa. Dra. Hérida R. N. Salgado, pelo incentivo e pelas cobranças,
além das informações e sugestões dadas, não no momento da
defesa, mas também ao longo de todo o curso
À Profa. Dra. Elfriede M. Bacchi e à Profa. Dra. Taís M. Baub, pelas
sugestões e dicas dadas por ocasião da qualificação, bem como pelas
palavras de incentivo
À Profa. Dra. Niege A. J. C. Furtado, pela valiosa presença na minha
defesa, bem como por suas palavras de apoio e sugestionamentos
muito bem assimilados
Ao Prof. Dr. João C. P. de Mello, por ter fornecido o reagente para
execução do doseamento de taninos totais
Ao técnico do Laboratório de Farmacognosia, Luís Eduardo, por estar
sempre disposto a colaborar
Aos técnicos do Laboratório de Química Farmacêutica, Osmar e
Matheus, por terem me ajudado e disponibilizado equipamentos em
diversos momentos
Aos meus colegas de Laboratório, Émerson, Tatiana, Filipe, Elzira,
Natália, Lara, Carol, Henrique, Ana Paula e Renata, pela amizade e boa
convivência
Aos amigos Ademir, Marcelo, Silviane, Ketelyn e Andréia pela ajuda em
diversos momentos
Aos funcionários da Biblioteca, Ana, Irani, Sônia e Moacir, e às
funcionárias da Secretaria de Pós Graduação da Faculdade de Ciências
Farmacêuticas, Cláudia, Sônia e Laura
À CNPQ pela bolsa concedida
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1
2. REVISÃO DA LITERATURA .............................................................................. 6
2.1. Endopleura uchi (Huber) Cuatrec. (Humiriaceae) ............................................ 6
2.2. Constituição fitoquímica ................................................................................... 8
2.3. Taninos ............................................................................................................. 9
2.4. Processos extrativos ...................................................................................... 12
2.5. Atividade antibacteriana e toxicidade ............................................................. 15
2.6. Microrganismos utilizados .............................................................................. 19
3. OBJETIVOS ...................................................................................................... 23
4. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................. 24
4.1. MATERIAL ..................................................................................................... 24
4.1.1. Solventes, reagentes e meios de cultura..................................................... 24
4.1.2. Equipamentos e utensílios .......................................................................... 26
4.1.3.1. Cascas de Endopleura uchi pulverizadas adquiridas da empresa “Sítio da
Mata” ..................................................................................................................... 28
4.1.3.2. Cascas in natura (secas) de Endopleura uchi adquiridas no Mercado
Municipal “Ver-o-Peso” (Belém, PA) ..................................................................... 28
4.1.4. Cepas padrão .............................................................................................. 29
4.1.5. Células de mamíferos.................................................................................. 29
4.2. METODOLOGIAS .......................................................................................... 29
4.2.1. ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS .................................................................. 29
4.2.1.1. Granulometria ........................................................................................... 29
4.2.1.2. Determinação do pH................................................................................. 30
4.2.1.3. Determinação da densidade aparente não compactada .......................... 30
4.2.1.4. Determinação do teor de cinzas totais .................................................... 31
4.2.1.5. Determinação da perda por dessecação em balança com infravermelho
(INFRATEST) ........................................................................................................ 31
4.2.1.6. Perda por dessecação em estufa ............................................................. 32
4.2.1.7. Determinação do teor de extrativos para a droga .................................... 32
4.2.2. ANÁLISES MICROSCÓPICAS .................................................................. 33
4.2.2.1. Análise microscópica comparativa das amostras pulverizadas com as
amostras in natura (secas) de cascas de E. uchi .................................................. 33
4.2.2.2. Montagem de lâminas com material pulverizado de E. uchi adquirido da
empresa “Sítio-da-Mata” ....................................................................................... 33
4.2.2.3. Inclusão em historresina do material vegetal adquirido do Mercado
Municipal “Ver-o-Peso” (Belém, PA) ..................................................................... 34
4.2.2.4. Pesquisa histoquímica para compostos fenólicos .................................... 35
4.2.3. ANÁLISES FITOQUÍMICAS ....................................................................... 35
4.2.3.1. Triagem fitoquímica das classes de metabólitos secundários .................. 35
4.2.3.1.1. Flavonóides ........................................................................................... 36
4.2.3.1.1.1. Reações de caracterização de flavonóides ........................................ 36
4.2.3.1.2. Antraquinonas ....................................................................................... 37
4.2.3.1.2.1. Antraquinonas livres ........................................................................... 37
4.2.3.1.2.2. Glicosídeos antraquinônicos (reação de Borntraeger) ....................... 37
4.2.3.1.2.3. Glicosídeos Cardiotônicos .................................................................. 38
4.2.3.1.3. Reações de caracterização de glicosídeos cardiotônicos ..................... 38
4.2.3.1.3.1. Reação com anel lactônico insaturado ............................................... 38
4.2.3.1.3.2. Reação com desoxi-açúcares ............................................................ 39
4.2.3.1.4. Taninos .................................................................................................. 40
4.2.3.1.4.1. Testes de identificação de taninos ..................................................... 40
4.2.3.1.5. Saponinas ............................................................................................. 41
4.2.3.1.6. Alcalóides .............................................................................................. 41
4.2.3.1.7. Cumarinas ............................................................................................. 41
4.2.3.2. Perfil cromatográfico ................................................................................. 42
4.2.3.3. Perfil espectrofotométrico na região de luz ultravioleta ............................ 43
4.2.3.4. Obtenção e rendimento dos extratos........................................................ 43
4.2.3.4.1. Obtenção de extratos por percolação.................................................... 45
4.2.3.4.2. Obtenção dos extratos por maceração .................................................. 46
4.2.3.4.3. Obtenção dos extratos por turbo-extração ............................................ 46
4.2.3.4.4. Obtenção dos extratos por decocção .................................................... 47
4.2.3.4.5. Obtenção dos extratos por infusão ........................................................ 47
4.2.4. ANÁLISE QUANTITATIVA ......................................................................... 48
4.2.4.1 Determinação do teor de fenóis totais ....................................................... 48
4.2.4.1.1. Preparo da solução padrão de ácido tânico .......................................... 48
4.2.4.1.2. Preparo das soluções de amostra ......................................................... 49
4.2.4.1.3. Cálculo do teor de fenóis totais ............................................................. 49
4.2.4.2. Doseamento de taninos totais em extratos vegetais ................................ 50
4.2.5. Determinação da capacidade de seqüestro de radicais livres ..................... 52
4.2.6. DETERMINAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA ............................ 53
4.2.6.1. Preparo dos antibióticos ........................................................................... 53
4.2.6.2. Solução estoque de extrato ...................................................................... 53
4.2.6.3. Preparo da suspensão de bactéria ........................................................... 54
4.2.6.4. Preparo da suspensão de levedura .......................................................... 54
4.2.6.5. Teste de difusão em ágar com templates ................................................. 54
4.2.6.6. Teste de difusão em ágar com discos de papel ....................................... 55
4.2.6.7. Determinação da concentração inibitória mínima (CIM) através do método
de diluição em microplaca e concentração bactericida mínima (CBM) ................. 56
4.2.7. TESTE DE TOXICIDADE ORAL AGUDA EM CAMUNDONGOS .............. 58
4.2.8. TESTE DA MOTILIDADE INTESTINAL EM CAMUNDONGOS ................. 58
4.2.9. AVALIAÇÃO DE CITOTOXICIDADE .......................................................... 59
4.2.9.1. Preparo das amostras .............................................................................. 59
4.2.9.2. Avaliação da citotoxicidade dos extratos .................................................. 60
4.2.10. ANÁLISE ESTATÍSTICA .......................................................................... 62
5. RESULTADOS .................................................................................................. 63
5.1. ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS ..................................................................... 63
5.1.1. Granulometria .............................................................................................. 63
5.1.2. Determinação do pH.................................................................................... 64
5.1.3. Determinação da densidade aparente não compactada ............................. 65
5.1.4. Determinação do teor de cinzas totais ....................................................... 65
5.1.5. Determinação da perda por dessecação em balança com infravermelho ... 66
5.1.6. Determinação da perda por dessecação em estufa .................................... 67
5.1.7. Determinação do teor de extrativos para a droga ....................................... 67
5.2. ANÁLISES MICROSCÓPICAS ...................................................................... 68
5.2.1. Análise microscópica comparativa das amostras pulverizadas de cascas de
Endopleura uchi com amostras de cascas in natura (secas) ................................ 68
5.2.2. Pesquisa histoquímica para compostos fenólicos ....................................... 70
5.3. ANÁLISES FITOQUÍMICAS ........................................................................... 71
5.3.1. Triagem fitoquímica das principais classes de metabólitos secundários ..... 71
5.3.2. Perfil cromatográfico.................................................................................... 72
5.3.3. Perfil espectrofotométrico na região de luz ultravioleta ............................... 77
5.3.4. Obtenção e rendimento dos extratos .......................................................... 79
5.4. ANÁLISES QUANTITATIVAS ....................................................................... 79
5.4.1. Determinação do teor de fenóis totais ......................................................... 79
5.4.2. Doseamento de taninos totais em extratos vegetais ................................... 82
5.4.3. Determinação da capacidade de sequestro de radicais livres ..................... 84
5.5. DETERMINAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA ............................... 86
5.5.1. Teste de difusão em ágar ............................................................................ 86
5.5.2. Determinação da concentração inibitória mínima (CIM) através do todo
de diluição em microplaca e concentração bactericida mínima (CBM) ................. 91
5.6. TESTE DE TOXICIDADE ORAL AGUDA EM CAMUNDONGOS ................. 92
5.7. TESTE DA MOTILIDADE INTESTINAL EM CAMUNDONGOS .................... 92
5.8. AVALIAÇÃO DE CITOTOXICIDADE ............................................................ 93
6. DISCUSSÃO ..................................................................................................... 95
7. CONCLUSÕES ............................................................................................... 108
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 110
9. ANEXOS ......................................................................................................... 124
ÍNDICE DE FIGURAS
FIGURA 1. Endopleura uchi (Huber) Cuatrec. A) Vista panorâmica da espécie; B)
Fotografia de uma tora do caule .............................................................................. 6
FIGURA 2. Endopleura uchi (Huber) Cuatrec. A) Casca do caule in natura; B)
Cascas pulverizadas, embaladas em pacotes para comercialização em mercados,
férias livres e farmácias magistrais ......................................................................... 7
FIGURA 3. Fluxograma de obtenção e rendimento dos extratos de Endopleura
uchi a 5% (m/v) ..................................................................................................... 44
FIGURA 4. Fluxograma de obtenção e rendimento dos extratos de Endopleura
uchi a 10% (m/v) ................................................................................................... 44
FIGURA 5. Fluxograma de obtenção e rendimento dos extratos de Endopleura
uchi a 20% (m/v) ................................................................................................... 45
FIGURA 6. Esquema da microplaca utilizada para determinação da concentração
inibitória mínima para bactérias ............................................................................. 57
FIGURA 7. Representação esquemática da avaliação de citotoxicidade de
extratos vegetais de E. uchi em microplaca de 96 poços ...................................... 61
FIGURA 8. Tamanho médio da partícula das cascas pulverizadas de Endopleura
uchi ........................................................................................................................ 64
FIGURA 9. Secções anatômicas de cascas in natura secas de Endopleura uchi
(Huber) Cuatrec. (Humiriaceae). A) Secção longitudinal radial, submetida ao
reagente azul de toluidina, evidenciando a disposição anatômica estrutural. A seta
indica células parenquimáticas preenchidas por material fenólico, corado mais
intensamente. A ponta de seta indica idioblastos cristalíferos dispostos ao longo
do esclerênquima. B) Secção longitudinal radial, submetida ao reagente cloreto
férrico 10%, evidenciando a presença de material fenólico no tecido
parenquimático ...................................................................................................... 69
FIGURA 10. Microscopia do da casca de Endopleura uchi (Huber) Cuatrec.
(Humiriaceae) submetida ao reagente azul de toluidina. Ga grão de amido; Ic
idioblastos cristalíferos; Cp – célula pétrea; Fg – fibra gelatinosa ............................. 70
FIGURA 11. Secções anatômicas de cascas in natura secas de Endopleura uchi
(Huber) Cuatrec. (Humiriaceae). A) Secção longitudinal radial evidenciando os
principais tecidos formadores, bem como os idioblastos cristalíferos abundantes
dispostos ao longo do esclerênquima (ponta de seta). As esclereides mostram-se
acompanhadas de conteúdo fenólico, corado intensamente (seta); B) Visualização
do resultado da reação com FeCl
3
10% (m/v), evidenciando os depósitos de
compostos fenólicos (seta) no interior das esclereides ............................................. 71
FIGURA 12. Cromatograma das frações acetato de etila do extrato decocção 20%
(m/v) obtidos das cascas pulverizadas de Endopleura uchi ...................................... 74
FIGURA 13. Cromatograma dos seguintes extratos de E. uchi: decocção a 5, 10 e
20% (m/v) (D5, D10 e D20); infusão a 5, 10 e 20% (m/v) (I5, I10 e I20);
maceração a 5, 10 e 20% (m/v) (M5, M10 e M20); percolação a 5, 10 e 20% (m/v)
(P5, P10 e P20) e turbo-extração a 5, 10 e 20% (m/v) (T5, T10 e T20). Sistema
eluente: acetato de etila:ácido fórmico:água (9:5:1 v/v/v).; revelador: cloreto férrico
2% em metanol ......................................................................................................... 76
FIGURA 14. Perfil espectrofotométrico, na região de luz ultravioleta, de ácido
gálico (linha azul) e ácido tânico (linha preta) ........................................................... 78
FIGURA 15. Perfil espectrofotométrico, na região de UV (190-400 nm), dos
seguintes extratos de cascas pulverizadas de Endopleura uchi: linha preta –
decocção 20% (m/v); linha azul infusão 10% (m/v); linha vermelha maceração
5% (m/v); linha rosa percolação 10% (m/v); linha amarela turbo-extração 20%
(m/v) .......................................................................................................................... 78
FIGURA 16. Curva analítica de absorvância da solução de ácido tânico ................. 80
FIGURA 17. Teor de fenóis totais dos extratos de cascas pulverizadas de
Endopleura uchi (Huber) Cuatrec. (Humiriaceae) ..................................................... 82
FIGURA 18. Teor de taninos totais dos extratos de cascas pulverizadas de
Endopleura uchi (Huber) Cuatrec. (Humiriaceae) ..................................................... 84
FIGURA 19. Atividade anti-radicalar percentual das substâncias padrão e dos
extratos estudados na concentração de 250 µg/mL. (1) ácido gálico; (2) rutina; (3)
vitamina C; (4) extrato de Ginkgo biloba; (5) decocção 20% (m/v); (6) infusão 10%
(m/v); (7) maceração 5% (m/v); (8) percolação 10% (m/v); (9) turbo-extração 20%
(m/v) .......................................................................................................................... 86
FIGURA 20. A) Avaliação da atividade antimicrobiana pelo método de difusão em
ágar com template dos extratos de E. uchi contra Candida albicans; B) Avaliação
da atividade antimicrobiana pelo método de difusão em ágar com template dos
extratos de E. uchi contra E. coli. Anf: anfotericina B; Amp: ampicilina; D20:
decoccção 20% (m/v); I10: infusão 10% (m/v); M5: maceração 5% (m/v); P10:
percolação 10% (m/v); T20: turbo-extração 20% (m/v) ............................................. 90
FIGURA 21. A) Avaliação da atividade antimicrobiana pelo método de difusão em
ágar com discos dos extratos de E. uchi contra Candida albicans; B) Avaliação da
atividade antimicrobiana pelo método de difusão em ágar com discos dos extratos
de E. uchi contra S. aureus. Anf: anfotericina B; Amp: ampicilina; D20: decoccção
20% (m/v); I10: infusão 10% (m/v); M5: maceração 5% (m/v); P10: percolação
10% (m/v); T20: turbo-extração 20% (m/v)................................................................ 90
FIGURA 22. Determinação de CIM pelo método de microdiluição em microplaca
contra Staphylococcus aureus .................................................................................. 92
FIGURA 23. Representação dos resultados de citotoxicidade dos extratos obtidos
de cascas pulverizadas de E. uchi ............................................................................ 94
ÍNDICE DE TABELAS
TABELA 1. Cepas de bactérias e levedura utilizadas no projeto .......................... 29
TABELA 2. Porcentagens cumulativas de passagem e de retenção do das
cascas pulverizadas de Endopleura uchi (Huber) Cuatrec. (Humiriaceae) ........... 63
TABELA 3. Média dos valores de pH do das cascas pulverizadas de
Endopleura uchi (Huber) Cuatrec. e pH da água destilada utilizada ..................... 64
TABELA 4. Densidade aparente de três amostras de cascas pulverizadas de E.
uchi, obtidas comercialmente ................................................................................ 65
TABELA 5. Teor de cinzas totais de cascas pulverizadas de E. uchi .................... 65
TABELA 6. Decréscimo de massa das amostras iniciais do das cascas
pulverizadas de Endopleura uchi (Huber) Cuatrec. ............................................... 66
TABELA 7. Decréscimo de massa das amostras iniciais do das cascas
pulverizadas de Endopleura uchi (Huber) Cuatrec. ............................................... 67
TABELA 8. Análise fitoquímica das cascas pulverizadas de Endopleura uchi
(Huber) Cuatrec. (Humiriaceae) ............................................................................ 72
TABELA 9. Fator de retenção das manchas apresentadas no cromatograma da
figura 12 ................................................................................................................ 75
TABELA 10. Fator de retenção das manchas apresentadas no cromatograma da
figura 13 ................................................................................................................ 77
TABELA 11. Valores de rendimento em porcentagem (%) dos extratos obtidos a
partir de cascas pulverizadas de E. uchi (Huber) Cuatrec. ................................... 79
TABELA 12. Valores dos teores de fenóis totais (TFT) dos extratos de E. uchi ... 61
TABELA 13. Valores de teores de extrativos (TE) e taninos totais (TT) para cada
um dos extratos obtidos a partir de cascas pulverizadas de E. uchi ..................... 83
TABELA 14. Atividade anti-radicalar percentual das substâncias padrão e dos
extratos estudados na concentração de 250 µg/mL .............................................. 85
TABELA 15. Diâmetro dos halos (mm) de diferentes extratos de cascas de E. uchi
pelo teste de difusão em ágar com templates ....................................................... 88
TABELA 16. Diâmetro dos halos (mm) de diferentes extratos de cascas de E. uchi
pelo teste de difusão em ágar com discos ............................................................ 89
TABELA 17. Distância percorrida pelo carvão ativo no intestino dos camundongos
após a administração do extrato aquoso das cascas pulverizadas de Endopleura
uchi e da solução fisiológica controle ........................................................................ 93
TABELA 18. Avaliação da citotoxicidade de extratos de cascas pulverizadas de E.
uchi frente a células da córnea de coelhos da linhagem SIRC CCL-60 .................... 94
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
Aa: Absorvância da amostra
Ad: Absorvância da solução de DPPH
ATCC: American Type Culture Collection
BHI: Brain-heart infusion
BM: Banho-maria
CC: Cepa clínica
CCDC: Cromatografia em camada delgada comparativa
CLSI: Clinical and Laboratory Standards Institute
D
ap
: Densidade aparente
DMSO: Dimetilsulfóxido
DP: Desvio padrão
DPPH: 2,2-difenil-1-picrilhidrazila
EtOH 50%: Etanol 50%
FD: Fator de diluição
GMA: Glicol metacrilato
M
pc
: Massa da proveta cheia
M
pv
: Massa da proveta vazia
NCCLS: National Committee for Clinical Laboratory Standards
PNA: Polifenóis não adsorventes
PT: Polifenóis totais
TE: Teor de extrativos
TT: Taninos totais
USP: United States Pharmacopeia
UV: Ultra-violeta
V
p
: Volume da proveta
RESUMO
O desenvolvimento de agentes antimicrobianos eficazes e seguros para
combater infecções bacterianas revolucionou o tratamento médico nos últimos
60 anos. Entretanto, aliado à própria evolução dos organismos, o uso
indiscriminado dos antibióticos selecionou espécies extremamente resistentes
aos agentes químicos utilizados. Como uma tentativa de contornar tal situação
e ampliar o arsenal de compostos ativos contra microrganismos patógenos, o
estudo de plantas tornou-se crescente no cenário científico. Para utilizarmos os
fitoterápicos na prevenção e/ou cura de doenças são necessários estudos
prévios relativos a aspectos botânicos, farmacognósticos, fitoquímicos,
farmacológicos e toxicológicos. Neste trabalho, foram estudados extratos
obtidos com as cascas pulverizadas de Endopleura uchi (Huber) Cuatrec.,
quanto aos aspectos farmacognósticos, propriedades antimicrobianas frente a
diversas linhagens bacterianas e uma levedura, e a citotoxicidade contra
células de mamíferos. Nossos resultados mostraram que quanto ao
rendimento, o melhor extrato foi obtido com a percolação 20% (m/v) e, quanto
ao teor de taninos totais, o melhor extrato foi obtido com a percolação 10%
(m/v). Nenhum dos extratos utilizados apresentou efetividade na inibição do
crescimento para a os microrganismos testados. A exceção ocorreu para
Staphylococcus aureus, no qual os extratos apresentaram baixa atividade.
Quanto à citotoxicidade, todos os extratos analisados apresentaram IC
50
maior
que a maior concentração aplicada (2 mg/mL).
ABSTRACT
The development of effective and safe antimicrobial agents to combat
microbial infections revolutionized the medical treatment in the last 60 years.
However, together to the self evolution of the organisms, the indiscriminate use
of the antibiotics selected extremely resistant species to chemical agents used.
As an attempt of to avoid this situation and to enlarge the arsenal of active
compounds against pathogenic microorganisms, the study of plants has been
growing in the scientific scenary. For the use of phytotherapics in the prevention
and/or cure of diseases are necessary previous studies relative to botanical,
pharmacognostics, phytochemical, pharmacological and toxicological aspects.
In this work, were studied extracts obtained with the powdered barks of
Endopleura uchi (Huber) Cuatrec., for their pharmacognostic aspects,
antimicrobial properties against to several bacterial strains and a yeast, and the
cytotoxicity against mammals cells. Our results showed that, related to yield, the
best extract was obtained with the percolation 20% (w/v) and, related to total
tannins teor, the best extract was obtained with the percolation 10% (w/v). None
of the used extracts presented inhibition of the growth to the most analyzed
microorganisms. The exception occurred against the Staphylococcus aureus
strain, in which the extracts presented a low activity. All analyzed extracts for
cytotoxicity presented IC
50
higher than the higher applied concentration (2
mg/mL).
1 INTRODUÇÃO
1. INTRODUÇÃO
O conhecimento sobre plantas medicinais simboliza muitas vezes o único
recurso terapêutico de muitas comunidades e grupos étnicos. O uso de plantas
no tratamento e na cura de enfermidades é tão antigo quanto a espécie
humana. No processo histórico das plantas medicinais, muitas civilizações
descreveram a utilização de ervas e outros vegetais como forma de
medicamento, em seus registros e manuscritos. Os babilônios e sumerianos
(2.600 a.C.) usavam em seus remédios, frutos, folhas, flores, cascas e raízes
como a oliveira e o alho. A “Tabuinha Sumeriana”, uma coleção de textos
médicos em tabletes de argila, contém registros dos primeiros sintomas de
doenças e a prescrição para cada enfermidade, sendo considerado o mais
antigo tratado de medicina (TEIXEIRA, 1994; MIGUEL e MIGUEL, 1999). no
primeiro século da era Cristã, Dioscórides, dico-cirurgião grego, publicava
De Materia Medica”, um catálogo contendo cerca de 600 plantas do
Mediterrâneo, incluindo informações de como os gregos as utilizavam para fins
médicos, locais onde poderiam ser encontradas e informações sobre uso, se
eram comestíveis ou venenosas (SIMÕES, 2004). Foi durante a Renascença
(séculos XIV a XVI) que aparecem as primeiras farmacopéias, com o propósito
de padronizar a composição e a forma de preparações prescritas pelos
médicos da época. A primeira farmacopéia européia foi publicada em 1498, em
Florença: Nuovo Receptario Compositio”; sendo que a segunda foi publicada
em Barcelona, em 1511: “Concordie apothecariorum Barchinone medicines
Compositis(LÓPEZ-MUÑOZ et al., 2006). Em 1929 foi oficializado o Código
Farmacêutico Brasileiro, ou seja, a primeira edição da Farmacopéia Brasileira,
2 INTRODUÇÃO
apresentada pelo farmacêutico e professor de Farmácia Rodolpho Albino Dias
da Silva, sendo uma obra de um único autor, equiparando-se às farmacopéias
dos países tecnologicamente desenvolvidos, diferenciando-se por conter
descrições de mais de 200 plantas medicinais, a maioria delas de origem
brasileira (ANVISA, 2004). Parte destas plantas foi suprimida da segunda
edição e outra parte foi destinada ao Formulário Nacional. Atualmente, a quarta
edição da Farmacopéia Brasileira (1988 e seus suplementos publicados em
1996, 2000, 2002) conta com apenas 23 monografias atualizadas que, na sua
grande maioria, são monografias de plantas exóticas (FARIAS, 1999).
Apesar de as plantas representarem, durante séculos, a única fonte de
agentes terapêuticos para o homem, na primeira metade do século XX, com o
advento da Revolução Industrial e o desenvolvimento da química orgânica, os
produtos de origem vegetal foram temporariamente esquecidos em detrimento
dos compostos sintéticos. Isto ocorreu, entre outros fatores, pela maior
facilidade de obtenção dos compostos puros, possibilidade de modificações
estruturais e pelo crescente poder econômico das indústrias farmacêuticas
(RATES, 2001a).
Atualmente, apesar do grande desenvolvimento da síntese orgânica e de
novos processos biotecnológicos, observamos um aumento notável da prática
fitoterápica. Aproximadamente 25% dos medicamentos prescritos nos países
industrializados são originários de plantas e aproximadamente 120 compostos
de origem natural, obtidos a partir de cerca de 90 espécies de plantas, são
utilizados na terapêutica moderna. De fato, os produtos naturais estão
envolvidos no desenvolvimento de 44% de todos os novos rmacos
(HOSTETTMANN et al., 2003). Os produtos atualmente disponíveis no
3 INTRODUÇÃO
mercado, em algumas situações, têm-se tornado ineficientes e/ou inseguros. O
excesso de efeitos colaterais, o uso abusivo, a prescrição indiscriminada e o
emprego incorreto destes produtos resultam em uma razão risco/benefício
indesejada, tornando as linhagens microbianas extremamente resistentes aos
antibióticos sintéticos. Outro motivo que levou ao crescimento da fitoterapia é
que parte da população mundial não tem acesso à medicina convencional,
devido à situação econômica ou ao descaso com a população por parte do
sistema político econômico mundial ou mesmo pela política adotada pelas
grandes indústrias farmacêuticas (TOLEDO, 2002). A dependência das plantas
como fonte de fármacos é prevalente em países em desenvolvimento, nos
quais a medicina tradicional baseada nos conhecimentos populares possui
papel central nos cuidados à saúde (AUSTIN, 1991; CLARK, 1996). A
Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que um terço da população
global ainda não tem acesso a medicamentos essenciais e, mais do que isso,
nas áreas mais pobres da África e Ásia, esse valor sobe para 50 % da
população (WHO, 2002). Além disso, este órgão considera a fitoterapia nos
seus programas e sugere procedimentos básicos para a avaliação de drogas
vegetais (WHO, 1992; RATES, 2001b).
O desenvolvimento de fitoterápicos inclui várias etapas e envolve,
atualmente, um processo interdisciplinar, multidisciplinar e interinstitucional. A
pesquisa inicia-se pela busca de literatura científica e catálogos internacionais
nas áreas específicas do referido conhecimento, seguindo em paralelo a
pesquisa etnobotânica, que descreve o uso popular de plantas nas diferentes
culturas (CAMARGO, 1999).
4 INTRODUÇÃO
Além da descoberta de rmacos naturais que sirvam como protótipos
para o desenvolvimento de novos medicamentos a pesquisa com as plantas
visa fornecer subsídios para a prática de uma fitoterapia racional, através do
uso de medicamentos fitoterápicos de qualidade, com eficácia e segurança
comprovada. Entre os estudos necessários para garantir a qualidade de uma
droga vegetal encontram-se os testes de autenticidade (caracterização
organoléptica e identificação macroscópica e microscópica), testes de pureza e
integridade (cinzas totais, cinzas insolúveis em ácido, umidade e determinação
de materiais estranhos, contaminantes microbiológicos e metais pesados) e
análises qualitativas e quantitativas dos constituintes ativos, quando
conhecidos (BRASIL, 2000). Deve-se destacar ainda, que o desenvolvimento
de um novo medicamento envolve um processo complexo de alto custo, onde
se requer investimentos em torno de 100-360 milhões dólares em um período
de 10-12 anos para que um fármaco seja desenvolvido (YUNES, 2001).
No Brasil aproximadamente 80.000 espécies de plantas são descritas,
oferecendo enorme propulsão para o descobrimento de novos fármacos.
Entretanto, considerando esta enorme variedade de espécies, o potencial como
fonte de novos fármacos não é completamente explorado, sendo que, somente
17% deste grupo de plantas tem sido foco de estudos sistemáticos na busca de
compostos biologicamente ativos (SOERJATO, 1996). As matérias-primas
vegetais que são utilizadas no preparo de medicamentos fitoterápicos
necessitam de um controle de qualidade. As condições de coleta,
armazenagem, secagem, dentre outras, interferem diretamente na qualidade e
quantidade de princípios ativos extraídos e consequentemente no efeito
farmacológico dos mesmos. A tradição popular de que produto "natural" não
5 INTRODUÇÃO
tem efeito colateral é equivocada e faz com que muitas pessoas busquem esta
terapia sem ao menos saber o que estão consumindo (SIMÕES et al., 2004).
Uma limitação em relação aos fitoterápicos é o número reduzido de estudos
controlados em comparação com os medicamentos sintéticos. Mais ainda,
esses poucos estudos nem sempre empregam metodologias adequadas. Essa
escassez de estudos, associada à falta de sistematização do levantamento e
de farmacovigilância, pode, pelo menos em parte, contribuir para o reduzido
número de relatos de efeitos adversos pelos fitoterápicos (WINSLOW e
KROLL, 1998).
6 REVISÃO DA LITERATURA
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1. Endopleura uchi (Huber) Cuatrec. (Humiriaceae)
Endopleura uchi (Huber) Cuatrec. [sinonímia Sacoglottis uchi Huber]
(Humiriaceae) é uma espécie originária da Amazônia brasileira, encontrada em
estado silvestre em mata de terra firme, dispersa por toda a Bacia Amazônica.
A família foi descrita por Antoine Laurent de Jussieu, a qual inclui 50 espécies
classificadas em 8 gêneros, distribuídas principalmente em regiões tropicais
das Américas. A planta é conhecida na região Amazônica como uchi, uxi-
amarelo, cumatê, pururu, uxi-liso, uxi-ordinário ou uchi-pucu (CUATRECASAS,
1961; SCHULTES, 1979). As árvores eretas e de casca cinza atingem entre 25
e 30 metros de altura, com diâmetro do caule de até 1 metro (Figura 1).
FIGURA 1. Endopleura uchi (Huber) Cuatrec. A) Vista panorâmica da espécie
(fonte: http://www.ibama.gov.br); B) Fotografia de uma tora do caule (fonte:
http://www.ibama.gov.br).
A
B
7 REVISÃO DA LITERATURA
O fruto tem uma dupla camada oblongo-elipsóide de 5 a 7 cm de
comprimento, 3 a 4 cm de diâmetro, com peso entre 50 e 70 g e apresenta
coloração verde-amarelada ou parda-escuro quando maduro. É considerado
um alimento de grande importância para subsistência de muitas comunidades
rurais mais distantes, no entanto na última cada tem sido detectado um
mercado em expansão na área periurbana de Belém durante os quatro meses
de frutificação, gerando renda para várias famílias. A polpa in natura é
consumida pura bem como na fabricação de sorvete e licor. O fruto é também
apreciado por vários animais silvestres, tornando-o favorito aos caçadores para
construção de armadilhas de caça (SHANLEY et al., 2002).
A casca é amplamente comercializada em feiras, mercados e até mesmo
farmácias (Figura 2), sendo prescrita sua utilização na forma de maceração ou
chá, para o tratamento de artrite, colesterol, diabete e como antiinflamatório
(CORRÊA, 1984).
FIGURA 2. Endopleura uchi (Huber) Cuatrec. A) Casca do caule in natura
(fonte: http://www.ibama.gov.br); B) Cascas pulverizadas, embaladas em
pacotes para comercialização em mercados, férias livres e farmácias
magistrais (fonte: http://enkantusdafloresta.com).
A
B
8 REVISÃO DA LITERATURA
2.2. Constituição fitoquímica
Em seu trabalho, LUNA et al. (2000a), a partir do extrato etanólico bruto das
cascas de E. uchi, realizaram sucessivas extrações com solventes de diferentes
polaridades, que foram fracionadas e subsequentemente purificadas. As substâncias
puras tiveram suas estruturas elucidadas com base em dados espectroscópicos no
ultravioleta, infravermelho, espectrometria de massas e principalmente ressonância
magnética nuclear, caracterizando a presença de duas cumarinas, a bergenina e
seu derivado dimetilado, a dimetilbergenina, dois triterpenóides pentacíclicos
pertencentes à série dos oleonanos: o ácido masílinico e o éster masilinato de metila
(LUNA et al., 2000b; LUNA et al., 2001). Num estudo posterior, LAGOS (2006)
demonstrou que o fracionamento cromatográfico das cascas de E. uchi resultou no
isolamento de uma mistura de esteróides constituída por β-sitosterol (75,5%) e
estigmasterol (24,5%), do triterpeno pentacíclico 3-oxo-friedelina, do triterpeno
pentacíclico pseudotaraxasterol e da bergenina, uma lactona-isocumarina
polifenólica, também isolada nos frutos (FERREIRA et al., 2005; MAGALHÃES et al.,
2007). Extratos contendo bergenina obtidos a partir de Macaranga peltata são
usados na medicina popular indiana para o tratamento de doenças venéreas e a
bergenina acetilada tem mostrado um efeito anti-hepatotóxico em animais de
experimentação (KIM et al., 2000). A bergenina por si têm demonstrado
atividades antioxidantes (TAKAHASHI et al., 2003), gastroprotetivas (GOEL et al.,
1997) e anti-HIV (PIACENTE et al., 1996). Este composto também é um ingrediente
farmacologicamente ativo da medicina chinesa, descrito como sendo efetivo contra
resfriados e bronquite (HERZNER et al., 2002). A bergenina está relatada na
literatura por sua atividade antiinflamatória (SWARNALAKSHMI, 1984), e também foi
descrita na espécie Humiria balsamifera (HARBORNE e BAXTER, 1993).
9 REVISÃO DA LITERATURA
Os estudos com polpa de frutos de uchi-amarelo o indicaram como fonte
de ácidos graxos, fibras, esteróides, sais minerais, vitaminas C e E. Os
principais ácidos graxos identificados foram o ácido oléico (7,38%) e ácido
palmítico (3,78%). A composição do aroma nos frutos também foi avaliada,
sendo identificados 42 componentes, com predominância de 3,3-dimetil-2-
butanol (18,8%) e eugenol (14,0%) (MARX et al., 2002).
Além dos derivados cumarínicos, POLITI et al. (2008) relatou a presença
preponderante de taninos em amostras de cascas pulverizadas por meio de
uma triagem fitoquímica preliminar.
2.3. Taninos
Os taninos são polifenóis encontrados em plantas superiores (SIMÕES et
al., 2004). Possuem peso molecular entre 500 e 3000 Daltons (SANTOS e
MELLO, 2003), são solúveis em água e possuem a propriedade de precipitar
proteínas e alcalóides (HASLAM, 1996). A capacidade de precipitar proteínas,
particularmente salivares da cavidade oral, caracteriza o sabor adstringente dos
taninos, possibilitando seu fácil reconhecimento em frutos verdes. Tal
propriedade é relevante para a proteção do vegetal frente a ataques de
patógenos e herbívoros (MADHAN et al., 2005).
Estruturalmente, os taninos possuem 12-16 grupos fenólicos, 5-7 anéis
aromáticos com 1000 unidades relativas de massa molecular e o divididos
segundo sua estrutura química em dois grupos: taninos hidrolisáveis e taninos
condensados (BHAT et al., 1998; HAGERMAN, 2002).
Os taninos hidrolisáveis são caracterizados por um poliol central,
geralmente D-glucose, cujas funções hidroxilas são esterificadas com ácido
10 REVISÃO DA LITERATURA
gálico e seus derivados (galotaninos e elagitaninos) (MELLO e SANTOS,
2004). Os elagitaninos estão amplamente distribuídos nas subclasses HDR
(Hamamelidae, Dilleniidae e Rosidae), por esse motivo são usados como
marcadores taxonômicos (HASLAM, 1996).
Os taninos condensados são oligômeros e polímeros formados pela
policondensação de duas unidades ou mais de flavan-3-ol e flavan-3-4-diol.
Esta classe também é denominada de proantocianidina ou leucocianidinas
(SANTOS e MELLO, 2004). Os taninos condensados são formados por
unidades elementares de flavan-3-ol com ligações C-C e ocasionalmente
ligações C-O-C. Os flavan-3-óis possuem um esqueleto típico flavonóidico com
ligações C6-C3-C6 (BUELGA e SCALBERT, 2000). Os taninos ocorrem
amplamente nos vegetais, porém, sua extração comercial é feita através da
casca e/ou do cerne da madeira, locais onde são encontrados em maiores
teores e também onde costumeiramente ocorrem os maiores problemas com
injúrias e ataques de agentes xilófagos. Geralmente, os taninos ocorrem mais
abundantemente nas lulas do raio e no parênquima longitudinal do cerne. O
alburno contém pouco ou nenhum tanino. Na casca, quase sempre ocorrem
nas células corticais (BROWN et al., 1952). A luminosidade é um fator que
afeta a produção de taninos, sendo diminuída em ambientes sombreados
comparados a espécies cultivadas ao sol. Tem sido relatado também que,
quanto mais velha a planta, maior a concentração de taninos (SCHEFFER,
2002).
As atividades farmacológicas dos taninos são atribuídas a três ações
(SIMÕES et al., 2004): complexação com íons metálicos; atividade antioxidante
e sequestradora de radicais livres; complexação com macromoléculas
11 REVISÃO DA LITERATURA
(proteínas e polissacarídeos). Com base nisto, foram identificadas atividades
bactericidas, fungicidas, antivirais, moluscicidas, inibidoras de enzimas, de
peroxidação lipídica, antitumoral e sequestradora de radicais livres. Alguns
taninos mostraram capacidade de inibir seletivamente a replicação do vírus HIV
(KANBABAEE e REE, 2001). Na indústria, os taninos são usados no curtimento
de couro, produção de vários tipos de polímeros, preservação de madeiras,
entre outros (SIMÕES et al., 2004).
De acordo com Farmer (1967), os taninos possuem propriedade
antimicrobiana e são responsáveis pela durabilidade natural de algumas
madeiras. Segundo Aqüegil et al. (apud Granja, 1986), os taninos têm função
fungicida e bactericida em qualquer solução que possua seus componentes,
desempenhando papel moderador nas oxidações das substâncias
antiorgânicas e antifermentativas. Scalbert (1991) revisou as propriedades
antimicrobianas dos taninos, listando 33 estudos que documentaram as
atividades inibitórias destes metabólitos e de acordo com estes estudos, os
mesmos podem ser tóxicos a fungos filamentosos, leveduras e bactérias. Os
taninos foram considerados parcialmente responsáveis pela atividade
antimicrobiana de extratos metanólicos de cascas de Terminalia alata
encontrada no Nepal (TAYLOR et al., 1996). Uma investigação da atividade
antimicrobiana de diversos taninos frente a Staphylococcus aureus demonstrou
que o ácido tânico é um ótimo adjuvante no tratamento de infecções da pele
(AKIYAMA et al., 2001). A atividade biológica dos taninos tem relação com o
tamanho das moléculas, ou seja, a polimerização que sofrem; por exemplo,
alguns taninos hidrolisáveis apresentam maior atividade anti-HIV em moléculas
12 REVISÃO DA LITERATURA
grandes e o aumento do número de grupamentos galoil proporciona uma maior
complexação com as proteínas.
2.4. Processos extrativos
A literatura classifica os processos extrativos mais utilizados em dois
grupos: a maceração e a percolação, que em seus fundamentos o capazes
de correlacionar outras técnicas, como a digestão, a infusão, a decocção e a
turbo-extração (DÄR, 1981; VOIGT e BORNSCHEIN, 1982; PRISTA et al.,
1996; ANSEL et al., 2000; SIMÕES et al., 2003).
Antes de iniciar o processo extrativo, e independente do processo a ser
usado, a secagem do material é um procedimento de extrema importância. A
secagem tem por finalidade a retirada de água evitando reações de hidrólise e
de crescimento microbiano, além de garantir a estabilidade química do material
vegetal. Pode ser realizada ao ar livre, em estufas aplicando ar quente, ou com
o emprego de liofilizadores. A secagem ao ar livre é mais econômica, embora
exija maior vigilância para garantir a uniformidade das condições durante a
operação. Preferencialmente, deve ser realizada à sombra, que a irradiação
solar pode alterar a constituição química do material. O local deve permanecer
convenientemente seco e protegido do ataque de insetos ou outros
contaminantes ambientais, sendo um procedimento comum dispor o material
sobre papel para absorção da umidade (DÄR, 1981; VOIGT e BORNSCHEIN,
1982; PRISTA et al., 1996; ANSEL et al., 2000; SIMÕES et al., 2003).
Na secagem por ar quente são utilizadas estufas equipadas com um
termostato, o que garante a manutenção de temperatura constante durante o
tempo desejado. É conveniente deixar escapar o ar da estufa, a fim de evitar a
13 REVISÃO DA LITERATURA
sua saturação com o vapor d’água que vai sendo desprendido do material a
secar. A secagem a frio, com liofilizadores, frequentemente é usada para
preservar a integridade da amostra sensível ao aquecimento. A operação de
secagem, independente de como é realizada, propicia a redução de volume e
de peso e facilita a moagem dos materiais (DÄR, 1981; VOIGT e
BORNSCHEIN, 1982; PRISTA et al., 1996; ANSEL et al., 2000; SIMÕES et al.,
2003).
A preparação de amostras vegetais é muito complexa apresentando
várias etapas. A primeira etapa, e certamente a mais importante, é a extração
que tem a finalidade de separar substâncias de interesse de uma matriz
complexa (COSTA, 1994; BANDEIRA, 2004).
Antes de executar uma extração, deve-se levar em consideração uma
série de fatores que interferem nesta operação tais como granulometria do
material, polaridade do solvente, acidez do meio, agitação, temperatura e
tempo de extração (SOARES et al., 1998).
A granulometria do material influencia diretamente na eficiência da
extração. A estrutura histológica das diversas partes componentes de uma
planta é bastante heterogênea. Existem órgãos como as raízes e os caules,
cujos tecidos estão fortemente compactados, ao passo que em folhas e flores
os tecidos se apresentam com textura mais delicada. Como o poder de
penetração dos solventes depende, entre outros fatores, da consistência dos
tecidos que formam o material a extrair, quanto mais rígido for o material menor
deve ser sua granulometria (COSTA, 1994; SIMÕES et al., 2003).
A polaridade do solvente também influencia a eficiência de extração. O
solvente escolhido deve ser o mais seletivo possível, pois é devido à
14 REVISÃO DA LITERATURA
seletividade que se podem extrair as substâncias desejadas. Como a
seletividade depende da polaridade, o grau de polaridade do grupo que se
pretende extrair determina o solvente ou a mistura de solventes que mais se
aproxima do ótimo de seletividade para aquela extração (PRISTA et al., 1996;
SIMÕES et al., 2003).
A extração de determinadas substâncias ainda pode ser influenciada pela
acidez do meio extrator. Considerando que os processos de extração
dependem, em grande parte, de fenômenos de difusão e que a renovação do
solvente em contato com as substâncias a dissolver desempenha um papel de
grande influência na velocidade da dissolução, pode-se concluir que a agitação
pode diminuir a duração de um processo extrativo (DÄR, 1981; VOIGT e
BORNSCHEIN, 1982; PRISTA et al., 1996; ANSEL et al., 2000; SIMÕES et al.,
2003).
O aumento da temperatura provoca um aumento da solubilidade de
qualquer substância, motivo pelo qual os todos de extração a quente são
sempre mais rápidos do que aqueles realizados à temperatura ambiente.
Entretanto, o calor nem sempre pode ser empregado, que muitas
substâncias são instáveis em altas temperaturas (DÄR, 1981; VOIGT e
BORNSCHEIN, 1982; PRISTA et al., 1996; ANSEL et al., 2000; SIMÕES et al.,
2003).
Na escolha de um todo extrativo, deve-se avaliar a eficiência, a
seletividade, a estabilidade das substâncias extraídas e o custo do processo
escolhido, considerando principalmente a finalidade do extrato que se quer
preparar (COSTA, 1994; SIMÕES et al., 2003).
15 REVISÃO DA LITERATURA
2.5. Atividade antimicrobiana e toxicidade
A história do desenvolvimento e uso de substâncias antimicrobianas na
prática médica antecedeu a descoberta de espécies microbianas, uma vez que
Hipócrates (460–337 a.C.) recomendava a lavagem de ferimentos com vinho
para impedir o processo infeccioso. Documentos datados de 2500 a 3000 anos
atrás, mostram que alguns povos como chineses e indianos, ainda primitivos,
utilizavam mofo, papa de soja e outros produtos correlatos para o tratamento
de lesões infectadas e processos inflamatórios (LIMA et al., 2000).
O uso de agentes antimicrobianos derivados de produtos naturais é muito
importante no tratamento terapêutico de várias patologias. Todavia, para
muitas das plantas em uso, a real eficácia e os princípios ativos relevantes não
são conhecidos. Consequentemente, estudos que objetivem demonstrar as
atividades farmacológicas destas plantas e que identifiquem os princípios
ativos são necessários (FERREIRA et al., 1998).
Muitas plantas têm sido usadas devido às suas propriedades
antimicrobianas, que estão relacionadas a compostos sintetizados no
metabolismo secundário das mesmas. Estes compostos são conhecidos como
substâncias ativas, como por exemplo, os compostos fenólicos, que podem ser
parte dos óleos essenciais e também dos taninos (JANSEN et al., 1987;
SAXENA et al., 1994). Porém, diferentemente do que ocorre com os agentes
antibióticos e quimioterápicos, há poucos registros na literatura quanto ao
possível mecanismo de ação dos produtos oriundos de plantas. Os compostos
isolados das plantas são substâncias com estruturas químicas bem
diferenciadas dos agentes antimicrobianos isolados a partir de bactérias,
leveduras e fungos filamentosos. Tais produtos podem atuar no metabolismo
16 REVISÃO DA LITERATURA
intermediário ativando enzimas, alterando a ação de inibidores que influenciam
os nutrientes do meio, interferindo nos processos enzimáticos em nível nuclear
ou ribossomal, provocando alterações nas membranas ou ainda interferindo no
metabolismo secundário (COWAN, 1999).
Vários métodos podem ser utilizados para a determinação da atividade
antimicrobiana in vitro, sendo aplicados em estudos de triagem de novas
substâncias ativas, tais como a técnica de difusão em ágar, métodos de
diluição em caldo em tubos e/ou microplacas, bioautografia etc. Tais cnicas
permitem a análise de vários compostos e diferentes espécies bacterianas
concomitantemente (KONEMAN et al., 1997; ELOFF et al., 1998; SOUZA et al.,
2003).
No método de difusão a substância alvo da pesquisa é colocada num
reservatório (disco de papel, cavidade no meio de cultura, cilindro sobre a
superfície ou “template”), em contato com um meio de cultura lido, inoculado
com um determinado microrganismo. Após o tempo adequado de incubação,
afere-se o diâmetro do halo de inibição zona clara onde não houve
crescimento microbiano ao redor da substância em pesquisa (BARRY, 1991;
ESPINEL-INGROFF e PFALLER, 1995). Neste método a informação é
qualitativa, útil para estabelecer a sensibilidade do microrganismo. O método
apresenta problemas com as substâncias que não se difundem no meio
(ZACCHINO, 2001).
A técnica de diluição, que emprega a amostra a ser testada dissolvida
num meio sólido ou líquido conveniente, possui a vantagem de ser quantitativa.
A desvantagem deste método reside no fato do excessivo trabalho envolvido
17 REVISÃO DA LITERATURA
na realização, no consumo considerável de material e de estar sujeito à
solubilidade no sistema aquoso (FREIBURGHAUS et al., 1996).
Os ensaios da atividade antimicrobiana são influenciados por um grande
número de variáveis cnicas ou fatores que podem interferir significativamente
na pesquisa de atividade de agente antimicrobiano, incluindo a preparação e o
tamanho do inoculo, a formulação do meio e seu pH, duração e temperatura de
incubação e o critério usado para a verificação do resultado do ensaio. Para se
obter êxito e uniformidade nos testes de atividade, estes fatores devem ser
muito bem controlados (ESPINEL-INGROFF e PFALLER, 1995). No que diz
respeito ao microrganismo em teste, a atividade antimicrobiana pode depender
do tipo, gêneros, espécies e cepas. O meio de cultura e as soluções diluentes
deverão ser selecionados de modo que previnam danos celulares. Células
injuriadas requerem um meio nutritivo de recuperação (meio de
enriquecimento) sem a presença de agentes inibidores ou de diferenciação. O
meio de cultura inadequado pode produzir resultados onde os microrganismos
aparentemente apresentam alta susceptibilidade ao agente que se está
pesquisando (BARRY, 1991). A uniformidade de preparação do agente
antimicrobiano, pureza do solvente utilizado, solubilidade e sua estabilidade,
também podem influenciar no ensaio. O tempo de exposição deve ser
cuidadosamente controlado, assim como o mero inicial de células utilizadas
durante o ensaio deve ser consistente para assegurar resultados reprodutíveis.
O efeito da temperatura também é importante, seja durante a exposição ou
durante a etapa de incubação. A temperatura de exposição deve ser ótima para
o organismo testado, para se recuperar o número máximo de células viáveis e
prevenir a impressão do aumento de atividade do agente. Condições de
18 REVISÃO DA LITERATURA
anaerobiose ou microaerofilia deve ser considerada na composição da
atmosfera. Níveis de pH também podem afetar a atividade de antimicrobianos.
(WOODS e WASHINGTON, 1995). Finalmente as propriedades básicas
próprias dos agentes antimicrobianos como sua solubilidade, estabilidade
química, ação e tendência de produzir inibição parcial do crescimento sob
diferentes concentrações, devem ser levadas em consideração (ESPINEL-
INGROFF e PFALLER, 1995).
A segurança na utilização de produtos de origem vegetal é outro fator de
grande importância nos dias atuais. Avaliando-se a citotoxicidade de uma
planta medicinal, pode-se garantir que um produto elaborado com esta seja
livre de efeitos tóxicos indesejáveis (KUSUMOTO et al., 1995). As
metodologias que utilizam tecidos e células vivas são as mais empregadas,
pois a intrínseca complexidade celular é mantida. As células utilizadas podem
ser de vários tecidos, tanto de origem humana quanto animal, sendo que a
sobrevivência e/ou proliferação celular podem ser avaliadas por contagem do
número de células ou pelo uso de corantes vitais. A incorporação de
radioisótopos, formação de colônias, aderência celular, produtos de
metabolismo entre outros são parâmetros que também podem ser utilizados
(RIDDELL et al., 1986; DE ANGELIS et al., 1986; SAOTOME et al., 1989;
NOSER, 1991; SASAKI et al., 1991; HUSOY et al., 1993).
No início da década de 80, Mosmann (1983), Borenfreud e Puerner (1984)
descreveram uma técnica para análise de citotoxicidade que servia para várias
amostras simultaneamente. Nesta técnica, as células são semeadas em
microplaca e a viabilidade celular é avaliada por métodos colorimétricos,
utilizando a redução do MTT (brometo de 3 (4,5 dimetitiazol-2-il) 2,5
19 REVISÃO DA LITERATURA
difeniltetrazólio) ou a incorporação do vermelho neutro (cloridrato de 3-amino-7-
dimetilamino-2-metilfenazina), os quais são quantificados por
espectrofotometria. Esta técnica é rápida e quantitativa, pois permite avaliar
várias concentrações de amostras e calcular a concentração que causa 50%
de morte celular.
Como opção para a investigação da presença de possíveis agentes
tóxicos nos extratos vegetais, o método de toxicidade aguda em dose simples
representa uma avaliação estimativa e preliminar das propriedades tóxicas de
um fitoterápico, fornecendo informações iniciais acerca dos riscos sobre a
saúde, resultante de uma exposição de curta duração pela via de
administração selecionada. Após a administração da substância teste, pela via
escolhida, é feita uma observação clínica dos sintomas produzidos pela
administração do fitoterápico nos animais. A anotação das respostas é
efetuada em 30 minutos, 1, 2, 4, 12 e 24 horas após a administração e a partir
deste tempo, uma vez ao dia durante o período de observação de 2 semanas,
sendo as mais importantes: alterações de pêlo, pele e mucosas; sistemas
respiratório e circulatório; sistemas nervoso central e periférico, atividade
somatomotriz e comportamento. Especial atenção é dada a comportamentos
tais como: tremores, convulsões, salivação, diarréia, letargia e coma. Os
resultados do estudo podem demonstrar a necessidade de estudos de média e
longa duração (BRITO, 1994).
2.6. Microrganismos utilizados
Para os testes antimicrobianos, as bactérias utilizadas neste trabalho
estão diretamente ligadas à rotina dos seres humanos.
20 REVISÃO DA LITERATURA
Staphylococcus aureus, bactéria Gram-positiva, está amplamente
distribuída na natureza e faz parte da microbiota normal da pele e mucosas de
mamíferos e aves. Apresenta-se como anaeróbio facultativo, mesófilo, com
temperatura ótima de crescimento na faixa de 30-37 ºC (WILLIAMS e WILKINS,
1994). É o agente mais comum de infecções piogênicas e em indivíduos
debilitados pode causar doenças de caráter mais grave, sendo bastante
reconhecida sua elevada capacidade de desenvolver resistência a diversos
antibióticos (MARTINS, 1999). Isolados de S. aureus resistentes à penicilina
foram observados quase concomitantemente a sua introdução no uso clínico
devido à produção de β-lactamases ou penicilases, enzimas que hidrolisam o
anel β-lactâmico das penicilinas, inativando-as (DEL FIOL et al., 2000; AMATO
et al., 2000; MULLIGAN et al., 1993; TAVARES, 1996).
Staphylococcus epidermidis (Gram-positiva) também é habitante comum
da epiderme e mucosas, sendo considerada a espécie de estafilococos de
maior persistência na pele humana (MARTINS, 1999). É um microrganismo
aeróbico que usualmente está envolvido a processos de infecção dentro da
unidade sebácea (CHOMNAWANG et al., 2005). Nos últimos anos, entretanto,
vem apresentando-se como causa de infecções hospitalares, atingindo,
principalmente, pacientes imunocomprometidos, e/ou com doenças graves. É
uma bactéria comensal, sendo esse um fator que dificulta os clínicos decidirem
quando sua presença em um material indica que é o agente causativo de uma
doença ou apenas uma contaminação do material. Apresenta ainda, a
capacidade de formação de biofilme em equipamentos utilizados em ambientes
hospitalares e flexibilidade genômica, tendo desenvolvido cepas de resistência
que facilitam sua disseminação com mais frequência em indivíduos
21 REVISÃO DA LITERATURA
imunocomprometidos. Por estes motivos, devem ser seguidas as mesmas
medidas restritivas de higiene que foram estabelecidas para S. aureus em
hospitais (ZIEBUHR et al., 2006).
Bacillus subtilis, bactéria Gram-positiva, é utilizada no controle de
qualidade em testes de esterilização por óxido de etileno e a vapor, pois é
capaz de sobreviver em condições muito adversas de dessecação, temperatura
e pH devido à sua capacidade de produzir esporos, fato pelo qual também se
deve sua ampla distribuição na natureza (MÓS, 1999). Recentemente, esta
bactéria tem sido associada à incidência de gastroenterites em bebês que
receberam alimentos contaminados (ABDOU et al., 2007).
Shigella sonnei é uma espécie bacteriana fermentadora de lactose, que
pode causar desde diarréias a gastroenterites. Foram estimados cerca de
165 milhões de casos anuais de shigelose, dos quais cerca de 163 milhões
ocorrem em países em desenvolvimento, resultando em mais de 1 milhão de
mortes/ano (FLÓREZ, 2005). Aumentos desordenados da incidência de
infecções por Shigella são difíceis de controlar devido à facilidade com que os
inóculos se espalham e também ao progressivo aumento da resistência a
múltiplos antibióticos (SOBEL et al., 1998).
Escherichia coli é uma bactéria Gram-negativa muito versátil quanto a sua
patogenicidade, podendo causar infecções intestinais, urinárias, septicemias,
meningites, além de outros tipos (CAMPOS et al., 1999). É uma das causas
mais comuns de infecções da via urinária, sendo tratada eficientemente com
cotrimoxazol, mas resistência in vitro foi relatada para casos não resolvidos de
tratamento (CAMARGO et al., 2002; RODRIGUES et al., 2006).
22 REVISÃO DA LITERATURA
Candida albicans é a espécie de levedura mais frequentemente isolada a
partir de amostras biológicas. É um habitante normal do trato gastrintestinal dos
seres humanos e pode ser reconhecido em mais de um terço das cavidades
orais de indivíduos normais e dois terços daqueles indivíduos com doenças
imunodepressivas como a AIDS (ODDS, 1988; FITCHENBAUM, 2000).
Colonização oral com organismos resistentes a agentes antimicrobianos é mais
comum em infecção avançada por HIV. A candidíase das mucosas pode afetar
a cavidade oral, canal vaginal, traquéia, brônquios e canal alimentar, sendo as
doenças orofaríngeas e vulvovaginais as formas mais comuns de candidíase
mucocutânea (FITCHENBAUM, 2000; DUERR, 1993). O tratamento das
candidíases vem se tornando difícil devido à emergência de cepas resistentes
aos antifúngicos costumeiramente utilizados. um grande número de novos
antifúngicos em várias fases de desenvolvimento clínico, incluindo triazóis,
equinocandinas, sordarinas e inibidores de topoisomerase. A atividade in vitro
de pelo menos 3 novos triazóis (posaconazol, ravuconazol e voriconazol)
contra espécies de Candida mostrou-se bastante eficiente (RUHNKE et al.,
1997; NIETO et al., 2000).
23 OBJETIVOS
3. OBJETIVOS
Apesar do número crescente de publicações relatando a análise
fitoquímica e a avaliação da atividade farmacológica de espécies vegetais, até
o presente não existem estudos suficientes para a utilização racional da
maioria das plantas medicinais brasileiras, inclusive do E. uchi.
Existe uma crescente demanda na comercialização de medicamentos e
fitoterápicos à base de E. uchi pelas farmácias magistrais, drogarias, feiras
públicas e até mesmo pela Internet, expondo a população que os consomem a
riscos ainda desconhecidos. O presente trabalho visa realizar estudos
farmacognósticos e biológicos desta droga vegetal que contribuam para
comprovar a eficácia e segurança do seu uso. Assim, este trabalho tem como
objetivos principais:
Controle de qualidade das cascas pulverizadas de Endopleura uchi
(Huber) Cuatrec. (Humiriaceae) obtidas comercialmente;
Triagem fitoquímica das principais classes de metabólitos secundários
presentes nas cascas de E. uchi;
Doseamento das principais classes de metabólitos secundários
presentes nas cascas de E. uchi;
Análise cromatográfica dos extratos vegetais obtidos a partir das cascas
pulverizadas de E. uchi;
Avaliação das atividades antimicrobiana e citotóxica dos extratos
vegetais obtidos a partir das cascas pulverizadas de E. uchi.
24 MATERIAL E MÉTODOS
4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1. Material
4.1.1. Solventes, reagentes e meios de cultura
2,2-difenil-1-picrilhidrazila (DPPH) – Vetec
Acetato de chumbo – Reagen
Acetato de etila – Labsynth
Acetona – Labsynth
Ácido 3-5 dinitrobenzóico – Labsynth
Ácido acético – Labsynth
Ácido bórico – Labsynth
Ácido clorídrico – Labsynth
Àcido fórmico - Labsynth
Ácido gálico – Vetec
Ácido oxálico – Labsynth
Ácido sulfúrico - Labsynth
Ácido tânico – Vetec
Ágar desidratado – Acumedia
Água destilada
Água Milli-Q
Água oxigenada – Labsynth
Amônia – Labsynth
Ampicilina – Medley genéricos, comprimidos de 500 mg de ampicilina
Anidrido acético – Labsynth
25 MATERIAL E MÉTODOS
Anfotericina B de StreptomycesSigma-Aldrich
Azul de metileno – Labsynth
Bergenina – Merck
Carbonato de cálcio - Vetec
Carbonato de sódio – Vetec
Cloreto de alumínio – Reagen
Cloreto férrico – Reagen
Clorofórmio – Labsynth
D-glicose anidra – Labsynth
Dimetilsulfóxido (DMSO) – Labsynth
Etanol – Labsynth
Éter etílico - Labsynth
Etilenodiamina - Labsynth
Formaldeído – Labsynth
Gelatina – Kraft Foods
Glicol metacrilato (GMA) – Technovit 7100
Hipocloreto - Labsynth
Hidróxido de sódio – Labsynth
Historresina – Leica
Lugol – Merck
Magnésio metálico - Merck
Meio ágar Sabouraud – Acumedia
Meio ágar-Mueller-Hinton – Acumedia
Meio de infusão de cérebro e coração (BHI) – Biobrás
Meio Eagle – Gibco
26 MATERIAL E MÉTODOS
Meio RPMI-1640 – Sigma-Aldrich
Metacrilato - Leica
Metanol – Labsynth
Nitroprussiato de sódio – Labsynth
Piridina - Vetec
Pó ativador – Leica
Pó-de-pele – Merck
Reagentes de Dragendorff, Bouchardat, Mayer e Bertrand
Reagente de Folin-Ciocalteau – Reagen
Reagente de Folin-Denis – Reagen
Reagentes de Kedde, Pezez A, Pezez B
Resazurina – Sigma-Aldrich
Resina Permount - Permount
Rutina – Vetec
Soro bovino fetal - Gibco
Sulfato de sódio anidro – Labsynth
Tween 80
®
– Labsynth
Vitamina C – Vetec
Xantidrol - Labsynth
Xilol – Merck
4.1.2. Equipamentos e utensílios
Agitador – Superohm G-25
Autoclave vertical – Fabbe 103
Balança analítica – Micronal AB 204
27 MATERIAL E MÉTODOS
Balança de infravermelho – Mettler LP12
Balança semi-analítica – Owa Labor
Banho de aquecimento – Fistom
Banho-maria – Fanem Mod.100
Bomba a vácuo – Motores Elétricos Brasil
Câmara de fluxo laminar – Veco
Câmara de Neubauer - Boeco
Câmara de ultravioleta 254 nm
Centrífuga – Excelsa Baby
Cubetas de quartzo
Deionizador de água – System Millipore
Discos de papel com 6 mm de diâmetro
Espectrofotômetro – Shimadzu-1603
Estufa de ar circulante – Fanem
Estufa de CO
2
- Thermo Electron Corporation
Estufa de esterilização – Fanem 315 SE
Estufa de incubação bacteriológica – Olidef cz
Evaporador rotatório – Marconi TE120
Liofilizador – Solab
Microscópio – Carl Zeiss Jena
Microscópio Óptico – Olympus CH20
Micrótomo Rotatório - Leica
Paquímetro digital – Starrett
Peagômetro – Micronal B374
Placa de alumínio de gel de sílica F
254
– Merck
28 MATERIAL E MÉTODOS
Placas de molde histoquímico - Histomold
Placas de 96-wells – TPP 92096
Tamisador vibratório
Templates de aço (peça única) com 6 orifícios de 6 mm de diâmetro
Vidrarias e porcelanas em geral
Vórtex – Biomixer Mult-Mixer MVS-1
4.1.3. Material vegetal
4.1.3.1. Cascas pulverizadas de E. uchi adquiridas da empresa “Sítio da
Mata”
Cascas finamente pulverizadas de Endopleura uchi (Huber)
(Humiriaceae), fornecida pela empresa Sítio da Mata (lote: Uxi03/01; Inscr.
Prod.: 024.308.176; colheita: 01/09/2005; validade: 30/09/2008), localizada na
Rodovia Cajuru, Cássia dos Coqueiros (SP), Brasil, utilizadas para todos os
ensaios farmacognósticos bem como para os testes de atividades biológicas
(anexo 1).
4.1.3.2. Cascas in natura (secas) de E. uchi adquiridas no Mercado
Municipal “Ver-o-Peso” (Belém, PA)
Cascas in natura de Endopleura uchi compradas no Mercado Municipal
Ver-o-Peso, localizado em Belém (PA), Brasil, e enviada pelo Instituto Nacional
de Pesquisas da Amazônia (INPA), utilizadas exclusivamente na confecção de
cortes histológicos para as análises microscópicas comparativas com o
material pulverizado.
29 MATERIAL E MÉTODOS
4.1.4. Cepas padrão
Os microrganismos selecionados para o projeto, obtidos do American
Type Culture Collection (ATCC), são apresentados na Tabela 1.
TABELA 1. Cepas de bactérias e levedura utilizadas no projeto
Microrganismo ATCC
Bacillus subtilis 9372
Staphylococcus aureus 25923
Staphylococcus epidermidis 27853
Escherichia coli 25922
Shigella sonnei CC
Candida albicans 64548
4.1.5. Células de mamíferos
O ensaio de citotoxicidade foi conduzido utilizando células fibroblásticas
de córnea de coelho da linhagem SIRC CCL-60, procedência ATCC-USA,
adquirida do Instituto Adolfo Lutz, São Paulo, Brasil.
4.2. METODOLOGIAS
4.2.1. ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS
4.2.1.1. Granulometria
Baseado na Farmacopéia Brasileira (1988), 25 g do material vegetal
pulverizado foram submetidos à passagem forçada por vibração, através de
tamises com abertura de malhas e coletor correspondentes a 0,074; 0,125;
0,177; 0,25 e 0,42
µm, utilizando tamisador vibratório, na escala oito do
30 MATERIAL E MÉTODOS
aparelho, durante 30 minutos. Após este processo, as frações foram retiradas
dos tamises e do coletor e quantificadas quanto às suas proporções. Este
procedimento foi realizado em triplicata. Para os estudos de passagem e
retenção a partir da quantidade de das cascas pulverizadas recolhida de
cada tamis, foram elaboradas planilhas no software Excel
®
onde foram
calculadas as frequências percentuais, e também, as frequências percentuais
cumulativas.
4.2.1.2. Determinação do pH
Foi preparada uma solução a 1% por infusão com a droga vegetal. Em
erlenmeyer, 99 g de água foram colocados sobre uma chapa-elétrica para
ebulir durante 5 minutos. Em seguida, a água foi vertida sobre a droga e o
recipiente foi fechado e deixado em infusão por 15 minutos. Após este tempo, a
mistura foi filtrada e arrefecida, procedendo-se à leitura em peagômetro
calibrado em pH de 4 a 9. O experimento foi realizado em triplicata e os
resultados equivalem à média dessas medições (FARMACOPÉIA
BRASILEIRA, 1988).
4.2.1.3. Determinação da densidade aparente não compactada
Uma proveta de 100 mL foi previamente pesada e, posteriormente,
preenchida com a droga vegetal. A densidade aparente foi determinada com
os dados de volume e massa, de acordo com os seguintes cálculos:
D
ap
= M
pc
– M
pv
/ V
p
31 MATERIAL E MÉTODOS
Em que: D
ap
=densidade aparente; M
pv
= massa da proveta vazia; M
pc
=
massa da proveta cheia; V
p
= volume da proveta.
4.2.1.4. Determinação do teor de cinzas totais
Cadinhos de porcelana foram previamente calcinados em mufla a 450
o
C
por 30 minutos, resfriados em dessecador (15 minutos) e suas massas (taras)
foram determinados em balança analítica. Em cada cadinho foram adicionados
cerca de 3,0 g da droga vegetal triturada, pesados em balança analítica, os
quais foram incinerados (levados ao estado de carvão) e, posteriormente,
submetidos à calcinação em mufla à temperatura de 450
o
C por duas horas.
Foram deixados em dessecador para arrefecimento (15 minutos), com
pesagem realizada posteriormente. A técnica foi repetida até massa constante.
O resultado foi expresso em porcentagem em massa de cinza na droga (%,
m/m) e representa a dia de três determinações (FARMACOPÉIA
BRASILEIRA, 1988).
4.2.1.5. Determinação da perda por dessecação em balança com
infravermelho (INFRATEST)
Amostras pesando 4,032 g, 4,010 g e 4,021 g da droga vegetal foram
submetidas ao aquecimento (115
o
C) através de raios infravermelhos pelo
período de 1 hora aproximadamente. Após esse tempo, foram feitas as leituras
das massas. Repetiu-se o procedimento de hora em hora até que a massa não
variasse mais do que 0,25%. Os valores foram expressos em porcentagem (%,
m/m), através da dia de três determinações (FARMACOPÉIA BRASILEIRA,
1988).
32 MATERIAL E MÉTODOS
4.2.1.6. Perda por dessecação em estufa
Foram pesados 2 g da droga e colocados em “pesa-filtros” previamente
tarados. Em seguida, foram levados até estufa a 105 ºC por duas horas. Após
esse tempo, os “pesa-filtros” foram mantidos para arrefecimento em
dessecador por mais 30 minutos, e então, pesados. Depois dessa pesagem, os
“pesa-filtros” foram colocados normalmente em estufa, repetindo o
procedimento, até obtenção de massa constante. Os resultados foram
expressos em perda de massa percentual, através da média de três
determinações (FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 1988).
4.2.1.7. Determinação do teor de extrativos para a droga
Cerca de 1 g da droga vegetal foi pesado e submetido à decocção com
100 g de água, durante 10 minutos. Após resfriamento, o volume foi
completado para 100 mL e a solução resultante foi filtrada em papel de filtro,
sendo os primeiros 20 mL desprezados. Do restante do filtrado, foi pesada uma
alíquota equivalente a 20 g, em pesa-filtro tarado e evaporado até secura em
banho-maria, sob agitação ocasional (DEUTSCHES ARZNEIBUCH, 1994).
O teor de extrativos foi calculado em massa percentual, pela média de
cinco determinações segundo equação abaixo:
TE = g.FD.100 / m
Em que: TE = teor de extrativos (%); g = massa do resíduo seco (g); m =
massa da amostra (g); FD = fator de diluição (5).
33 MATERIAL E MÉTODOS
4.2.2. ANÁLISES MICROSCÓPICAS
4.2.2.1. Análise microscópica comparativa das amostras pulverizadas com
as amostras in natura (secas) de cascas de E. uchi
Com o intuito de verificar a autenticidade do material vegetal utilizado neste
trabalho e comprovar que o farmacógeno empregado nas análises
farmacognósticas bem como nos ensaios biológicos tratava-se de cascas
pulverizadas de Endopleura uchi, efetuou-se a preparação de lâminas
microscópicas destas amostras bem como das amostras in natura, para posterior
análise histológica comparativa. A análise da lâmina com material pulverizado não
visa o estudo da organização dos tecidos vegetais da amostra, mas sim,
identificar elementos anatômicos vegetais característicos da parte específica da
planta (cascas), tais como células pétreas, fibras, cristais, drusas, dentre outros.
4.2.2.2. Montagem de lâminas com material pulverizado de E. uchi adquirido
da empresa “Sítio-da-Mata”
Para análise microscópica da droga pulverizada foram utilizadas amostras
do material pulverizado submetido à passagem forçada em tamis contendo malha
de abertura 0,210 mm. Este pó foi colocado em béquer com solução de hipoclorito
de sódio (2-2,5%), para clareamento, durante 24 horas; filtrou-se a suspensão
com papel filtro e, na sequência, passou-se três vezes pelo adsorvido ao papel
filtro, volume suficiente de tampão fosfato (pH 6,8) para a remoção do excesso de
hipoclorito. Em seguida, adicionou-se a solução de azul de toluidina 0,025% em
tampão fosfato (pH 6,8). As partículas assim coradas foram removidas, com ajuda
de uma espátula, e colocados em lâminas de vidro contendo solução de glicerina-
34 MATERIAL E MÉTODOS
água a 50% (v/v). Observações em microscópio óptico Olympus CH20, foram
feitas para a determinação dos marcadores microscópicos (MARTINS e
SACRAMENTO, 2004).
4.2.2.3. Inclusão em historresina do material vegetal adquirido do Mercado
Municipal “Ver-o-Peso” (Belém, PA)
As cascas in natura (secas) foram fragmentadas em unidades de 0,125 cm
3
,
as quais foram imersas em etanol 50% e levadas para aquecimento durante 60
minutos, com adições ocasionais de água, à medida da evaporação do etanol,
repetindo-se o procedimento por diversas vezes. Após, com o intuito de
intensificar o amolecimento dos tecidos vegetais, os fragmentos foram deixados
em solução de etilenodiamina 4% (v/v) por sete dias em estufa a 40 ºC, e em
seguida, solução de etilenodiamina 10% (v/v) por mais três dias. As amostras
foram retiradas desta solução e lavadas em água destilada por três vezes, com
intervalos de duas horas entre cada oportunidade.
A fixação do material vegetal foi executada em fragmentos de 0,06 cm
3
aproximadamente, os quais foram mantidos em solução de formaldeído 4%
neutro (pH 7,2-7,4) por 24 horas sob acondicionamento de vácuo (KARNOVSKY,
1965). Na sequência, procedeu-se à desidratação em série etanólica: etanol 10%
por 30 minutos; etanol 30% por 30 minutos; etanol 50% por 30 minutos; etanol
70% por 2 horas; etanol 96% por 2 horas; etanol 100% por 2 horas. Em seguida,
promoveram-se as etapas de inclusão em metacrilato, seguindo-se as
recomendações de Kraus e Arduin (1997), observando as instruções do fabricante
da resina (Leica
).
35 MATERIAL E MÉTODOS
Os cortes anatômicos foram executados em micrótomo de rotação e
subseqüente disposição dos mesmos em lâminas de vidro. As lâminas foram
mantidas em estufa a 40 ºC acompleta secagem e aderência dos cortes. Na
seqüência procederam-se à coloração com azul de toluidina 0,01% durante 3
minutos (pH 6,8) (O’BRIEN et al., 1964). As lâminas foram lavadas em água
corrente durante 2 minutos e postas à secagem durante 24 horas em estufa a 40
ºC. Após este período, sobre as lâminas foram depositadas quantidades
suficientes de resina Permount
®
para recobrimento com lamínulas. Após secagem
em local sob temperatura ambiente e ao abrigo da luz, procedeu-se à análise
exploratória dos cortes em microscópio óptico Olympus CH20.
4.2.2.4. Pesquisa histoquímica para compostos fenólicos
Baseando-se em resultados de estudo preliminar prévio a respeito da
constituição fitoquímica das cascas de Endopleura uchi (POLITI et al., 2008), que
atestam a presença de taninos como uma das classes preponderantes de
metabólitos secundários, executou-se a coloração de algumas lâminas
(confeccionadas com o material in natura) com cloreto férrico 10% (m/v) para
comprovar a presença de compostos fenólicos (KRAUS e ARDUIN, 1997).
4.2.3. ANÁLISES FITOQUÍMICAS
4.2.3.1. Triagem fitoquímica das principais classes de metabólitos
secundários
Essas análises objetivaram analisar a presença de grupos químicos por
reações específicas (COSTA, 1994; HARBORNE, 1998; SIMÕES et al., 2004):
36 MATERIAL E MÉTODOS
(1) flavonóides, (2) taninos, (3) saponinas, (4) glicosídeos cardiotônicos, (5)
antraquinonas, (6) alcalóides.
4.2.3.1.1. Flavonóides
Em um béquer adicionou-se 3 g da droga pulverizada e 20 mL de éter de
petróleo. Agitou-se durante 10 minutos, com aquecimento em banho-maria
(BM). Filtrou-se ainda a quente. Secou-se o pó, colocando-o num béquer com
20 mL de metanol. Aqueceu-se em BM por 10 minutos. Filtrou-se ainda a
quente, evaporando-se posteriormente o filtrado até a secura. Por fim,
ressuspendeu-se com 10 mL de etanol, obtendo-se assim, o extrato final.
4.2.3.1.1.1. Reações de caracterização de flavonóides
Reação de Shinoda
Colocou-se 1 mL do extrato final em tubo de ensaio, adicionando-se um
fragmento de magnésio metálico e gotas de HCl concentrado. Observou-se,
após o desprendimento de hidrogênio nascente o aparecimento de coloração
róseo ou vermelha.
Reação de Taubock
Evaporou-se (BM) 3 mL do extrato final até a secura. O resíduo foi
resfriado e umedecido com algumas gotas de acetona. Adicionaram-se alguns
cristais de ácido bórico e ácido oxálico. Evaporou-se (BM) novamente até a
secura evitando aquecimento prolongado. Dissolveu-se o resíduo em 5 mL de
éter etílico e observou-se sob luz UV. Em caso positivo aparecerá fluorescência
amarelo esverdeada.
37 MATERIAL E MÉTODOS
Reação de Pew
Evaporou-se (BM) 3 mL do extrato final em tubo de ensaio aa secura.
Ao resíduo adicionou-se 3 mL de metanol e uma pequena porção de zinco
metálico. Colocou-se aproximadamente 3 gotas de HCl concentrado. Em caso
positivo aparecerá coloração vermelha.
Reação do cloreto férrico
Adicionou-se a 1 mL do extrato final algumas gotas de FeCl
3
a 2%.
Deverá aparecer colocação verde, amarelado, ou ainda, violáceo dependendo
do flavonóide presente.
Reação do cloreto de alumínio
Umedeceram-se áreas diferentes de papel de filtro com o extrato.
Colocou-se sobre uma das manchas uma gota de cloreto de alumínio 5% em
etanol. Observou-se, sob luz UV, a intensificação da fluorescência verde
amarelada.
4.2.3.1.2. Antraquinonas
4.2.3.1.2.1. Antraquinonas livres
Agitou-se 1 g da droga em pó com 10 mL de éter etílico. À solução etérea,
adicionou-se 1 mL de amônia diluída e agitou-se. A camada aquosa deverá
tornar-se rósea no caso positivo.
4.2.3.1.2.2. Glicosídeos antraquinônicos (reação de Borntraeger)
Ao anterior, seco, adicionou-se 20 mL de água e aqueceu-se à
ebulição por 5 minutos. Após resfriamento, filtrou-se a solução. Ao filtrado,
38 MATERIAL E MÉTODOS
juntou-se 10 mL de HCl, 1N, e 3 mL de água oxigenada 30%. Após
resfriamento, filtrou-se a solução. Extraiu-se por duas vezes com 5 mL de éter
etílico. Juntaram-se as fases etéreas e agitou-se com 3 mL de amônia diluída.
A camada aquosa deverá tornar-se rósea em caso positivo.
4.2.3.1.2.3. Glicosídeos cardiotônicos
Em um béquer colocou-se 5 g de droga vegetal moída, adicionou-se 50
mL de etanol:água (70:30). Submeteu-se a aquecimento suave em BM durante
10 minutos. Após esfriou-se, filtrou-se, e completou-se o volume até 30 mL,
lavando o resíduo e o filtro com a mistura etanol/água.
Na purificação, ao filtrado adicionou-se 30 mL de água e 15 mL de
acetato de chumbo a 10%. Agitou-se bem e filtrou-se. O filtrado foi transferido
para um funil de separação, onde foram realizadas duas extrações sucessivas,
com 15 mL de clorofórmio cada vez. Após juntar as fases orgânicas, tratou-se
com sulfato de sódio anidro e evaporou-se até a metade do volume (12 mL no
mínimo).
4.2.3.1.3. Reações de caracterização de glicosídeos cardiotônicos
4.2.3.1.3.1. Reação com anel lactônico insaturado
Reação de Legal
Evaporou-se 2 mL de extrato clorofórmico em um tubo de ensaio.
Dissolveu-se o resíduo em 1 mL de piridina e adicionou-se 0,5 mL de NaOH a
10% e 0,5 mL de nitroprussiato de sódio 10%. Deverá aparecer uma coloração
vermelha intensa, se positivo.
39 MATERIAL E MÉTODOS
Reação de Kedde
Evaporou-se 2 mL de extrato em um tubo de ensaio. Dissolveu-se o
resíduo com 0,5 mL de reagente de Kedde (ácido 3-5 dinitrobenzóico 1% em
MeOH) e adicionou-se 1 mL de uma mistura de NaOH 10% em MeOH 1:1 (v/v),
preparada pouco antes do uso. Deverá aparecer uma coloração vermelha
violácea até castanho (fugaz).
4.2.3.1.3.2. Reação com desoxi-açúcares
Reação de Pesez
Evaporou-se 2 mL do extrato em um tubo de ensaio. Adicionou-se ao
resíduo 1 mL do reagente de Pesez A (Xantidrol 0,5% em MeOH recente) e
aqueceu-se aproximadamente 100 ºC por 3 minutos. Esfriou-se e colocou-se o
reagente de Pesez B (HCl a 2% em ácido acético): Deverá aparecer coloração
vermelha. Aqueceu-se novamente.
Reação de Keller-Kiliani
Evaporou-se 2 mL do extrato em um tubo de ensaio. Tratou-se o resíduo
com 1 mL de ácido acético, adicionou-se 2 gotas de FeCl
3
a 2% e transferiu-se
o conteúdo deste tubo cuidadosamente para um outro contendo 2 mL de
H
2
SO
4
concentrado. Na zona de contato dos líquidos deverá aparecer um anel
castanho avermelhado, e a camada acética deverá tomar coloração verde-
azulada.
40 MATERIAL E MÉTODOS
Reação de Liebermann-Burchard
Evaporou-se 2 mL do extrato em um tubo de ensaio. Ao resíduo,
adicionou-se 1 mL de anidrido acético e 10 gotas de ácido sulfúrico
concentrado. Deverá aparecer coloração castanha.
4.2.3.1.4. Taninos
Preparou-se um decocto (15 minutos) com 5 g da droga vegetal
pulverizada e 100 mL de água destilada. Filtrou-se e deixou-se esfriar (solução
extrativa A).
4.2.3.1.4.1. Testes de identificação de taninos
Reação de Gelatina
Misturou-se 2 mL da solução A, com 2 gotas de HCl diluído e solução de
gelatina 2,5% gota a gota. No caso positivo haverá formação de precipitado.
Reação de sais de ferro
Misturou-se 2 mL da solução A, com 10 mL de água destilada e 2 a 4
gotas de solução de FeCl
3
a 1% em metanol. No caso positivo aparecerá
coloração azul (taninos hidrolisáveis) ou verde (taninos condensados).
Reações de acetato de chumbo
Misturou-se 5 mL da solução A com 10 mL de solução de ácido acético
10% e 5 mL de solução de acetato de chumbo a 10%. Em caso positivo
aparecerá formação de precipitado esbranquiçado (taninos hidrolisáveis).
41 MATERIAL E MÉTODOS
4.2.3.1.5. Saponinas
Aqueceu-se sob refluxo, durante 10 minutos, 2 g do material vegetal
pulverizado com 10 mL de água destilada. Esfriou-se e filtrou-se para um tubo
de ensaio, completando-se para 10 mL o volume final. Agitou-se o tubo no
sentido do seu comprimento, vedando com uma rolha, durante 15 segundos.
Deixou-se em repouso por 15 minutos. Verificou-se em seguida o aparecimento
de um anel de espuma persistente, de aproximadamente 1 cm de altura, e que
não desaparece pela adição de 1 mL de HCl 2N (20%).
4.2.3.1.6. Alcalóides
Numa primeira etapa, realizou-se a extração em meio alcalino. Foram
utilizados 5 g da droga vegetal pulverizada, sendo homogeneizada e
alcalinizada com carbonato de cálcio a 10%. Adicionou-se 25 mL de
clorofórmio e, depois de homogeneizado, filtrou-se a mistura para um funil de
separação através de papel previamente embebido em clorofórmio, agitando o
filtrado com 7 mL de HCl 2%. Separou-se a camada superior para a realização
das reações de caracterização (precipitação) com os reagentes de Dragendorff,
Bouchardat, Mayer e Bertrand, colocando-se uma gota do reagente ao lado de
outra da solução ácida em uma lâmina de microscópio, unindo-as
posteriormente. A caracterização de alcalóides deu-se pela visualização da
reação sob luz ultravioleta.
4.2.3.1.7. Cumarinas
Preparou-se uma solução extrativa com 5 g da droga vegetal em 20 mL
de água fervida. Após filtração, adicionou-se HCl 1 M, até que fosse alcançado
42 MATERIAL E MÉTODOS
pH 1. A solução acidificada foi submetida à partição líquido-líquido com 10 mL
de éter etílico. A fase etérea foi concentrada até metade de seu volume e a
mesma foi aplicada em duas manchas sobre um pedaço de papel de filtro. Em
uma das manchas foi adicionada uma gota de NaOH 1M, sendo esta
observada à luz UV (365 nm); na outra mancha não foi aplicado nada. O
aparecimento de fluorescência, no primeiro caso, deverá indicar a presença de
cumarinas.
4.2.3.2. Perfil cromatográfico
Foi realizada a cromatografia em camada delgada comparativa (CCDC)
dos extratos de cascas pulverizadas de Endopleura uchi, obtidos por diferentes
procedimentos e sob diferentes concentrações. A fase móvel foi composta pela
fase orgânica da mistura clorofórmio:acetato de etila:ácido fórmico (5:4:1,
v/v/v). A fase estacionária utilizada foi placa de alumínio de gel de sílica 60
F
254
. As amostras foram aplicadas e reveladas com cloreto férrico 2% em
metanol, baseado na triagem fitoquímica previamente executada, que indica os
taninos como principal classe de metabólitos secundários.
Além disso, foi feito um cromatograma com frações de um extrato
preparado por decocção 20% (m/v). O decoccto foi filtrado e submetido à uma
partição líquido-líquido com acetato de etila (20 mL, 3 vezes). A fração aquosa
e a fração orgânica foram, posteriormente, evaporadas em banho de
aquecimento e ressuspendidas em metanol para serem analisadas por CCDC.
A fase móvel foi composta por acetato de etila:ácido fórmico:água (9:5:1, v/v/v)
e a placa foi revelada com cloreto férrico 2% em metanol.
43 MATERIAL E MÉTODOS
4.2.3.3. Perfil espectrofotométrico na região de luz ultravioleta
Foram pesados, exatamente, 10,0 mg de ácido gálico, de ácido tânico e
de cada extrato, dissolvidos em 1 mL de água:metanol (1:1; v/v) e diluídos
1:1000 (v/v) em metanol. A concentração final das soluções de leitura das
substâncias padrão e dos extratos foi de 0,01 mg/mL. A leitura de absorvância
foi realizada em faixa de 190 a 400 nm de comprimento de onda em
espectrofotômetro Shimadzu-1603 com cubetas de quartzo de 1 cm de
caminho óptico. As amostras foram lidas frente a branco de metanol (CHOI et
al., 2006).
4.2.3.4. Obtenção e rendimento dos extratos
Os extratos vegetais são obtidos fundamentalmente pelo emprego de
vegetais secos. Como o principal objetivo é retirar do vegetal diversas
possibilidades dentre um universo químico extraordinariamente complexo, a
seletividade exigida fundamenta-se em dois principais fatores, as
características do solvente e o processo extrativo aplicado (DÄR, 1981; VOIGT
e BORNSCHEIN, 1982; PRISTA et al., 1996; ANSEL et al., 2000).
Neste trabalho foram preparados extratos vegetais a 5, 10 e 20% (m/v),
de acordo com as Figuras 3, 4 e 5, segundo diferentes procedimentos: (1)
maceração, (2) turboextração, (3) percolação, (4) infusão, (5) decocção. Nos
três primeiros procedimentos, utilizou-se etanol (50%) como solvente e nos
dois últimos, água destilada.
44 MATERIAL E MÉTODOS
FIGURA 3. Fluxograma de obtenção e rendimento dos extratos de Endopleura
uchi a 5% (m/v).
FIGURA 4. Fluxograma de obtenção e rendimento dos extratos de Endopleura
uchi a 10% (m/v).
45 MATERIAL E MÉTODOS
FIGURA 5. Fluxograma de obtenção e rendimento dos extratos de Endopleura
uchi a 20% (m/v).
4.2.3.4.1. Obtenção de extratos por percolação
Na obtenção de extratos por percolação foi usado o Processo Geral P,
descrito na Farmacopéia dos Estados Unidos do Brasil, 1959. Foi utilizado
como solvente extrator etanol 50% (EtOH 50%). Para o preparo de extrato a
5% (m/v) foram utilizados 25 g de cascas pulverizadas de E. uchi para 500 mL
de solvente; para o extrato 10% (m/v) foram utilizados 50g de cascas
pulverizadas de E. uchi para 500 mL de solvente e para o preparo do extrato a
20% (m/v) foram utilizados 200 g de cascas pulverizadas de E. uchi para 1000
mL de solvente.
Todos os extratos assim obtidos foram evaporados. Após rotaevaporação,
o fim da secagem foi realizado em capela, à temperatura ambiente, até que
atingisse massa constante. Os extratos obtidos foram pesados e armazenados
em dessecador para evitar que incorporassem umidade.
46 MATERIAL E MÉTODOS
4.2.3.4.2. Obtenção dos extratos por maceração
Para o preparo dos extratos foi utilizado como solvente extrator EtOH
50%. Para o preparo de extrato a 5% (m/v) foram utilizados 25 g de cascas
pulverizadas de E. uchi para 500 mL de solvente; para o extrato 10% (m/v)
foram utilizados 50g de cascas pulverizadas de E. uchi para 500 mL de
solvente e para o preparo do extrato a 20% (m/v) foram utilizados 200 g de
cascas pulverizadas de E. uchi para 1000 mL de solvente. Essas soluções
foram mantidas durante duas semanas em vidros âmbar, sob o abrigo da luz e
com agitações ocasionais. Após, procedeu-se à filtração do líquido extrativo,
que, em seguida, foi posto em rotaevaporador, sob pressão reduzida, à
temperatura de banho-maria de 40-50 °C, até quase a secura. Após
rotaevaporação, o fim da secagem foi realizado em capela, à temperatura
ambiente, até que atingisse massa constante. Os extratos obtidos foram
pesados e armazenados em dessecador para evitar que incorporassem
umidade.
4.2.3.4.3. Obtenção dos extratos por turbo-extração
Para o preparo dos extratos foi utilizado como solvente extrator EtOH
50%. Para o preparo de extrato a 5% (m/v) foram utilizados 25 g de cascas
pulverizadas de E. uchi para 500 mL de solvente; para o extrato 10% (m/v)
foram utilizados 50 g de cascas pulverizadas de E. uchi para 500 mL de
solvente e para o preparo do extrato a 20% (m/v) foram utilizados 200 g de
cascas pulverizadas de E. uchi para 1000 mL de solvente. As soluções foram
colocadas no turbo-extrator e processadas por 30 minutos, em intervalos de 10
min, para o resfriamento do sistema. Após, as soluções foram filtradas a vácuo
47 MATERIAL E MÉTODOS
e rotaevaporadas, sob pressão reduzida, a quase secura. Após a
rotaevaporação, o fim da secagem foi realizado em capela, à temperatura
ambiente, até que atingisse massa constante. Os extratos obtidos foram
pesados e armazenados em dessecador para evitar que incorporassem
umidade.
4.2.3.4.4. Obtenção dos extratos por decocção
Para o preparo de extrato a 5% (m/v) foram utilizados 25 g de cascas
pulverizadas de E. uchi para 500 mL de água destilada; para o extrato 10%
(m/v) foram utilizados 50g de cascas pulverizadas de E. uchi para 500 mL de
água destilada e para o preparo do extrato a 20% (m/v) foram utilizados 200 g
de cascas pulverizadas de E. uchi para 1000 mL de água destilada. As
soluções foram postas em béqueres e levadas à chapa aquecida a 100 ºC.
Aqueceu-se por 15 minutos. As soluções foram filtradas e então liofilizadas. Os
extratos obtidos foram pesados e armazenados em dessecador para evitar que
incorporassem umidade.
4.2.3.4.5. Obtenção dos extratos por infusão
Para o preparo de extrato a 5% (m/v) foram utilizados 25 g de cascas
pulverizadas de E. uchi para 500 mL de água destilada; para o extrato 10%
(m/v) foram utilizados 50g de cascas pulverizadas de E. uchi para 500 mL de
água destilada e para o preparo do extrato a 20% (m/v) foram utilizados 200 g
de cascas pulverizadas de E. uchi para 1000 mL de água destilada. Após
ebulição da água, a mesma foi despejada sobre o material vegetal num béquer,
e o sistema foi mantido tampado por 15 minutos. As soluções foram filtradas e
48 MATERIAL E MÉTODOS
então liofilizadas. Os extratos obtidos foram pesados e armazenados em
dessecador para evitar que incorporassem umidade.
4.2.4. ANÁLISE QUANTITATIVA
4.2.4.1 Determinação do teor de fenóis totais
A análise do extrato foi feita em espectrofotômetro, em comprimento de
onda de 730 nm, utilizando cubetas de quartzo de 1 cm de caminho óptico.
Como branco utilizou-se a solução obtida pela mistura entre 0,5 mL do
reagente de Folin-Denis e 1 mL de solução de carbonato de sódio 30% (m/v),
ajustando-se o volume a 10 mL com água destilada.
A concentração de fenóis totais do extrato foi determinada utilizando-se
uma curva analítica estabelecida com soluções de concentração conhecida do
polifenol ácido tânico. Os resultados foram expressos, pela média de três
determinações, em porcentagem da concentração de fenóis totais frente à
concentração inicial de leitura das amostras (AOAC, 1984; TEIXEIRA et al.,
1990), mais ou menos os desvios-padrões. Esses dados foram analisados
estatisticamente em nível de segurança de 95%.
4.2.4.1.1. Preparo da solução padrão de ácido tânico
Foram dissolvidos 10 mg de ácido tânico em água destilada, completando
o volume para 100 mL em balão volumétrico . Foram tomadas alíquotas de 0,1
a 0,5 mL desta solução, recém-preparada, adicionando-se 7 mL de água
destilada e 0,5 mL do reagente Folin-Denis. Após 3 minutos de agitação, foi
adicionado 1 mL de solução saturada de carbonato de dio (35 g de
49 MATERIAL E MÉTODOS
carbonato de sódio anidro dissolvido em 100 mL de água destilada a 70-80 ºC)
e o volume ajustado para 10 mL com água destilada. A leitura foi feita 30
minutos após a reação colorimétrica a qual a solução foi submetida, em
triplicata, ao abrigo de luz.
4.2.4.1.2. Preparo das soluções de amostra
Amostras de 0,200 g das cascas pulverizadas de E. uchi, exatamente
pesadas, foram transferidas para balão volumétrico de 10 mL, completando-se
o volume com água destilada. Desta primeira solução, foram transferidos 100
µL para balão volumétrico de 20 mL, completando-se o volume com água
destilada. Desta segunda solução, uma alíquota de 0,5 mL foi adicionada à 7
mL de água destilada e mais 0,5 mL de solução de Folin-Denis, sendo esta
nova solução, mantida por agitação por cerca de 3 minutos. Após este tempo,
foi adicionado 1 mL de solução de carbonato de sódio
30% (m/v) e o volume
completado com água destilada em balão volumétrico de 10 mL. A reação
colorimétrica das amostras, em triplicata, foi determinada por leituras realizadas
após 30 minutos da adição do último reagente.
4.2.4.1.3. Cálculo do teor de fenóis totais
A concentração de fenóis totais do extrato foi determinada, utilizando-se a
curva analítica estabelecida com soluções de concentração conhecida do
polifenol ácido tânico. Os resultados foram expressos pela média de três
determinações, em porcentagem da concentração de fenóis totais frente à
concentração inicial de leitura das amostras (0,005 mg/mL).
50 MATERIAL E MÉTODOS
4.2.4.2. Doseamento de taninos totais em extratos vegetais
A metodologia utilizada foi baseada e adaptada do trabalho de Glasl
(1983) e da Farmacopéia Brasileira IV (1996). No doseamento de taninos totais
para a droga vegetal, está referenciado na literatura o uso de 0,750 g da
amostra. Porém, para os extratos, foi necessário proceder a uma pequena
correção (YAMAGUTI-SASAKI et al., 2007). Assim, a quantidade de amostra
pesada para cada extrato foi obtida de acordo com o seguinte cálculo (a
porcentagem de resíduo seco corresponde ao teor de extrativos (TE) de cada
um dos extratos, obtidos separadamente):
M
extrato
= (%) resíduo seco do extrato (TE) x 0,750 / 100
Cada amostra foi transferida para erlenmeyer com 150,0 mL de água
purificada, e deixada durante 30 minutos em banho termostatizado à
temperatura de 80-90 ºC. Após este período, o erlenmeyer foi resfriado em
água corrente e o seu conteúdo transferido quantitativamente para balão
volumétrico de 250 mL, aferindo-se o volume. Após a homogeneização, todo o
conteúdo foi filtrado desprezando-se os primeiros 50,0 mL, e o filtrado restante
foi acondicionado sob proteção da luz, sendo denominado de solução-mãe
(SM). Para a determinação de polifenóis totais (PT), 5,0 mL da SM foram
diluídos com água purificada em balão volumétrico de 25,0 mL. Desta solução,
2,0 mL foram transferidos e adicionados de 1,0 mL de solução de ácido
fosfotúngstico (Reagente fenólico de Folin-Ciocalteau 2 N) para balão
volumétrico de 25,0 mL, sendo completado o volume com solução de
carbonato de sódio a 10,6%. Após 3 minutos da adição da última solução foi
medida a absorvância a 730 nm, sendo empregada a água como branco. Para
51 MATERIAL E MÉTODOS
determinação de polifenóis não adsorventes (PNA), 10,0 mL de SM foram
transferidos e adicionados de 0,10 g de pó-de-pele (Merck
®
) para béquer e
agitados durante 60 minutos. Após, a solução foi filtrada e 5,0 mL do filtrado
foram diluídos com água purificada para 25,0 mL em balão volumétrico. A
seguir, 2,0 mL do filtrado desta solução foram transferidos e adicionados de 1,0
mL de solução de ácido fosfotúngstico (Reagente fenólico de Folin-Ciocalteau
2N) para balão volumétrico de 25,0 mL sendo completado o volume com
solução de carbonato de sódio a 10,6%. Após 3 minutos da adição da última
solução foi medida a absorvância a 730 nm, sendo empregada a água como
branco. O conjunto de operações (extrações e diluições) foi realizado sob
proteção da ação da luz direta, e o valor de comprimento de onda utilizado, 730
nm, foi obtido através de uma varredura espectrofotométrica realizada
previamente com as amostras e também com o padrão ácido gálico. Os
resultados foram expressos pela média de três determinações, mais ou menos
os desvios-padrões.
Esses dados foram analisados estatisticamente em nível de
segurança de 95%.
A porcentagem de taninos totais foi calculada segundo as fórmulas:
PT = 15625 x Abs/ 1000 x m PNA = 15625 x Abs/ 1000 x m
TT = PT – PNA
Em que: PT = Polifenóis totais (%), PNA = Polifenóis o adsorventes
(%), Abs = Absorvância medida, m = massa da amostra em gramas, TT = teor
de taninos totais (%).
52 MATERIAL E MÉTODOS
4.2.5. Determinação da capacidade de sequestro de radicais livres
O potencial de atividade antioxidante dos extratos foi determinado baseado
na atividade sequestrante da solução de 2,2-difenil-1-picrilhidrazila (DPPH)
(MACHADO, 2005; FALCÃO et al., 2006)
. Foi utilizado ácido gálico, rutina e
vitamina C, na concentração de 250 µg/mL em metanol, como substâncias
reconhecidamente antioxidantes (BROGGINI, 2006). O extrato de Ginkgo biloba
L., adquirido da empresa Santosflora (Anexo 2) também foi utilizado neste teste,
na concentração de 250 µg/mL em metanol, por ter uma reconhecida atividade
antioxidante (FALCÃO et al., 2006). Os testes foram feitos com os mesmos
extratos utilizados nos ensaios biológicos, selecionados por apresentaram os
maiores teores de taninos totais: decocção 20% (m/v); infusão 10% (m/v);
maceração 5% (m/v) (EtOH 50%), percolação 10% (m/v) (EtOH 50%); turbo-
extração 20% (m/v) (EtOH 50%). A 1 mL das soluções de amostra foram
adicionados 2,5 mL da solução de DPPH 0,004% em metanol. As soluções foram
agitadas em vórtex e mantidas no escuro por 30 minutos a temperatura ambiente.
A leitura foi feita posteriormente a este período, a 517 nm, em espectrofotômetro,
com cubetas de quartzo de 1 cm de caminho óptico. A solução utilizada como
branco consistiu em 1 mL da solução metanólica de amostra e 2,5 mL de metanol.
Foi utilizada solução de 1 mL de metanol e 2,5 mL de solução de DPPH como
controle negativo. A atividade anti-radicalar foi calculada como a porcentagem de
descoloração do radical DPPH, segundo a equação:
% descoloração do DPPH = (Ad - Aa) x 100/ Ad
Em que: Aa = absorvância da amostra; Ad = absorvância da solução de
DPPH (controle negativo)
53 MATERIAL E MÉTODOS
Os valores calculados representam a média de três determinações, mais
ou menos os desvios-padrões. Para análise estatística, executamos o teste de
análise de variância ANOVA, para P < 0,05.
4.2.6. DETERMINAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA
A atividade antimicrobiana dos extratos de E. uchi foi avaliada pelo
método de difusão em ágar, utilizando-se “templates” e discos de papel.
4.2.6.1. Preparo dos antibióticos
O antibiótico ampicilina foi utilizado como substância de controle positivo,
uma vez que as cepas bacterianas utilizadas são sensíveis à sua ação.
Partindo de uma solução-mãe de 500 mg/L, foi diluído na proporção 1:10 (m/v)
em Brain Heart Infusion (BHI), de maneira que a concentração dessa solução
estoque fosse de 50 µg/mL.
A anfotericina B foi o antifúngico usado como controle positivo para a
cepa de Candida albicans. Foram dissolvidos 16 mg de anfotericina B em 10
mL de dimetilsulfóxido (DMSO) (solução estoque de 16 µg/mL) sendo diluídos,
posteriormente, duas vezes na proporção 1:5 (m/v) em BHI.
4.2.6.2. Solução estoque de extrato
Ressuspendeu-se 200 mg dos seguintes extratos de cascas pulverizadas
de Endopleura uchi em 1 mL de solução de DMSO e Tween
®
80 10% (v/v):
decocção 20% (m/v); infusão 10% (m/v); maceração 5% (m/v) (EtOH 50%),
percolação 10% (m/v) (EtOH 50%); turbo-extração 20% (m/v) (EtOH 50%).
54 MATERIAL E MÉTODOS
4.2.6.3. Preparo da suspensão de bactéria
Uma colônia de cada cepa bacteriana utilizada, ou aproximadamente 150
µL de suspensão bacteriana previamente preparada e armazenada sob
refrigeração adequada, foi inoculada em BHI e incubada a 37 ºC durante 24
horas. A partir deste inóculo foi padronizada a turvação até escala 0,5 de Mc
Farland (~ 1,5 x 10
8
células/mL) em solução salina 0,9%.
4.2.6.4. Preparo da suspensão de levedura
Cinco colônias de Candida albicans foram inoculadas em caldo
Sabouraud e incubadas a 35 ºC durante 48 horas. A partir deste inóculo foi
padronizada a turvação até escala 0,5 de Mc Farland (de 1 x 10
6
a 5 x 10
6
leveduras/mL) em solução salina 0,9%.
4.2.6.5. Teste de difusão em ágar com templates
O teste de difusão em ágar foi realizado baseado na Norma M2-A8 do
Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI) de 2003, porém com
algumas modificações (NCCLS, 2003a).
As placas de Petri receberam ágar Müeller Hinton, sobre as quais foram
adicionadas 150 µL de suspensão bacteriana em concentração adequada
(escala 0,5 McFarland). Nos testes para Candida albicans, as placas de Petri
receberam ágar Müeller Hinton suplementado com 2% de glicose e 0,5 µg/mL
de azul de metileno, sobre o qual foram adicionados 100 µL da suspensão
desta levedura previamente diluída. Depois de homogeneizadas, as placas
receberam os “templates” com 6 orifícios de 6 mm de diâmetro interno. Cada
poço recebeu separadamente 50 µL de solução de ampicilina/anfotericina B; 50
55 MATERIAL E MÉTODOS
µL de cada extrato de E. uchi utilizado e 50 µL de solução de DMSO-BHI como
controle negativo (DMSO e BHI diluídos na proporção 1:1 v/v) colocado nas
placas. Antes da incubação a 37 ºC por 24-48 horas, as placas foram deixadas
1 hora a temperatura de C para permitir a difusão das amostras. A inibição
do crescimento bacteriano e/ou fúngico foi determinada pela medida dos halos
ao redor dos poços com auxílio do paquímetro digital, e foi expressa como a
média de três determinações.
4.2.6.6. Teste de difusão em ágar com discos de papel
O teste de difusão em ágar foi realizado baseado na Norma M2-A8 do
Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI) de 2003 (NCCLS, 2003a).
As placas de Petri receberam ágar Müeller Hinton, sobre as quais foram
adicionadas 150 µL de suspensão bacteriana em concentração adequada. Nos
testes para Candida albicans as placas de Petri receberam ágar Saboraud,
sobre o qual foram adicionados 100 µL da suspensão desta levedura
previamente diluída. Depois de homogeneizadas, discos de papel com 6 mm
de diâmetro, impregnados com 40 µL dos extratos a serem testados, 40 µL da
solução controle DMSO:BHI (1:1, v/v) e 40 µL dos antibióticos
(ampicilina/anfotericina B) foram colocados sobre a superfície do ágar MH
inoculado. Antes da incubação a 37 ºC por 24-48 horas, as placas foram
deixadas 1 hora a temperatura de 4º C para permitir a difusão das amostras. A
inibição do crescimento bacteriano e/ou fúngico foi determinada pela medida
dos halos ao redor dos discos com auxílio do paquímetro digital, e foi expressa
como a média de três determinações.
56 MATERIAL E MÉTODOS
4.2.6.7. Determinação da concentração inibitória mínima (CIM) através do
método de diluição em microplaca e concentração bactericida mínima
(CBM)
Foi determinada a Concentração Inibitória Mínima (CIM) utilizando
diluição em microplaca, com modificações, segundo a Norma M7-A6 do Clinical
and Laboratory Standards Institute (CLSI) de 2003 (NCCLS, 2003b).
Em todos os poços foram colocados 100 µL de BHI. Os extratos foram
diluídos 1:5 em BHI a partir da solução estoque de 200 mg/mL, obtendo-se
soluções teste de 10 mg/mL. Foram pipetados 100 µL de cada uma destas
soluções nos respectivos poços da primeira coluna da microplaca (linhas 1 a
5). Um poço foi utilizado para adição de 100 µL de DMSO:BHI (1:5; v/v) para
controle do solvente (linha 6) e em outro poço foram colocados 100 µL da
solução de ampicilina anteriormente preparada (linha 7). Foram realizadas
diluições seriadas, transferindo-se 100 µL do poço anterior para o poço
subsequente. A linha 8 foi utilizada para controle positivo do crescimento
bacteriano e para controle negativo de esterilidade do meio. Na coluna 12
foram colocados 50 µL da solução teste dos extratos para controle
microbiológico destes. A todos os poços, exceto os de controle de esterilidade
do meio e microbiológico dos extratos, foram adicionados 100 µL da suspensão
bacteriana diluída 1:300 (v/v) em BHI (Figura 6). As microplacas foram
incubadas por 24 horas a 37 ºC. A inibição do crescimento bacteriano foi
evidenciada pela adição de 20 µL de uma solução aquosa de 0,01 % de
resazurina após incubação a 37 ºC por 1 hora, e foi determinada como
concentração inibitória mínima a menor concentração que inibiu o crescimento
bacteriano. Os testes foram realizados em duplicata.
57 MATERIAL E MÉTODOS
Após, foi realizada uma subcultura de cada microplaca, utilizando Müeller
Hinton Agar em placa de Petri de 12 cm de diâmetro, determinando o valor da
concentração bactericida mínima. As placas de Petri foram incubadas por 24
horas a 37 ºC. A concentração bactericida mínima foi então observada pela
ausência ou presença de crescimento bacteriano.
Amostras testadas C+ crescimento bacteriano
Controle negativo (DMSO:BHI) Somente amostras (C-)
Controle positivo (Ampicilina) C- crescimento bacteriano
FIGURA 6. Esquema da microplaca utilizada para determinação da
concentração inibitória mínima para bactérias (a primeira concentração é de 10
mg/mL com subsequente diluição 1:1).
D 20
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M 5
P 10
T 20
58 MATERIAL E MÉTODOS
4.2.7. TESTE DE TOXICIDADE ORAL AGUDA EM CAMUNDONGOS
Para este teste, seguindo as diretrizes da OECD (Organization for
Economic Co-operation and Development), Guideline 423, foram utilizados 20
camundongos (Mus musculus) Swiss, machos adultos, pesando entre 29-35 g,
distribuídos em 4 grupos (n = 5), de acordo com as doses recebidas por via
oral. As doses foram únicas e administradas nas concentrações 500 mg/kg,
1000 mg/kg, 2000 mg/kg de extrato obtido por decocção 20% (m/v) de
Endopleura uchi, utilizando água destilada para o grupo controle. Os animais
foram mantidos em caixas, em sala com ciclo claro-escuro de 12 horas e
temperatura de 20 ºC. Permaneceram em jejum 12 horas antes da
administração dos extratos e voltaram a receber ração e água somente 4 horas
após a administração dos extratos (BRITO, 1994). Foram observados nos
primeiros 30, 60, 120, 240 e 360 minutos e a cada 24 horas durante 14 dias,
observando-se o aparecimento de parâmetros tais como alteração da
locomoção, frequência cardíaca e respiratória, piloereção, diarréia, sialorréia,
hipnose, convulsões e número de óbitos.
Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Faculdade de Ciências Farmacêuticas, da Universidade Estadual Paulista
“Júlio de Mesquita Filho”, UNESP, Araraquara (SP) (Anexo 3).
4.2.8. TESTE DA MOTILIDADE INTESTINAL EM CAMUNDONGOS
No ensaio de trânsito intestinal foi utilizado o extrato obtido por decocção
20% (m/v) de E. uchi, ressuspendido em solução fisiológica. Foram
constituídos 2 grupos experimentais com 10 animais cada, sendo que um
grupo foi tratado com o extrato aquoso de E. uchi (200 mg/kg), e o outro com
59 MATERIAL E MÉTODOS
solução fisiológica (10 mL/kg), como controle negativo, os quais receberam as
soluções por via oral através de “gavage”. Após 90 minutos, os animais
receberam a suspensão de carvão ativo 10% em solução de goma arábica 5%,
0,5 mL/animal, também através de “gavage”. Decorridos 45 minutos, os
camundongos foram sacrificados em mara de CO
2
e foi realizada a
extirpação imediata do intestino desde o piloro até o início do ceco. Assim, foi
feita a medida do comprimento total do intestino delgado e da distância
percorrida pela suspensão de carvão ativo. A atividade sobre o trânsito
intestinal foi determinada segundo Janssen e Jageneau (1957) e Wong e Wai
(1981). A análise estatística foi realizada pelo teste-t de Student (P < 0,05).
Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Faculdade de Ciências Farmacêuticas, da Universidade Estadual Paulista
“Júlio de Mesquita Filho”, UNESP, Araraquara (SP) (Anexo 3).
4.2.9. AVALIAÇÃO DE CITOTOXICIDADE
A citotoxicidade foi realizada frente a lulas fibroblásticas de córnea de
coelho da linhagem SIRC CCL-60. Estas células foram mantidas em garrafas
de cultura incubadas em estufa a 37 ºC sob atmosfera de 5% de CO
2
em meio
Eagle (pH 7) suplementado 15% de soro bovino fetal e sem bicarbonato de
sódio.
4.2.9.1. Preparo das amostras
Dissolvemos 10 mg de cada um dos seguintes extratos em 1 mL de
DMSO: decocção 20% (m/v); infusão 10% (m/v); maceração 5% (m/v) (EtOH
50%), percolação 10% (m/v) (EtOH 50%); turbo-extração 20% (m/v) (EtOH
60 MATERIAL E MÉTODOS
50%. A seguir, a partir dessas soluções-estoque iniciais, foi feita uma nova
diluição 1:5 (m/v) em meio Eagle, obtendo-se as soluções-teste.
4.2.9.2. Avaliação da citotoxicidade dos extratos
A técnica consistiu em coletar as células crescidas nas garrafas de cultura
por raspagem, centrifugá-las a 1500 rpm por 10 minutos e contá-las com
auxílio do corante Turk, em câmara de Neubauer, ajustando para a
concentração de 1 x 10
5
lulas/mL em meio Eagle suplementado. As células
desta suspensão foram incubadas em microplaca de 96 poços a 37 ºC em
atmosfera de 5% de CO
2
por 72 h. Após este período, foi observada a
formação de tapete celular e, subsequentemente, foi retirado o meio existente,
inadequado para a manutenção celular. Foram colocados 100 µL de meio
novo, exceto no primeiro poço de cada linha no qual foram colocados 180 µL
de meio Eagle suplementado, e 20 µL das amostras de E. uchi.
Posteriormente, em cada linha foi realizada uma diluição seriada 1:1 (v/v) nos
demais poços da microplaca. A coluna 11 foi utilizada como controle do
solvente colocando-se 20 µL de solução DMSO:Eagle (1:5; v/v), e quatro poços
da coluna 12 foram utilizados para controle positivo do crescimento celular e
quatro como controle negativo de ausência de crescimento. A concentração
inicial dos extratos testados foi de 2 mg/mL, seguindo-se diluições seriadas na
proporção 1:1 (v/v) (Figura 7). A microplaca foi incubada por 24 h a 37 ºC em
estufa com atmosfera de 5% de CO
2
(LEI et al., 2008; OHNO et al., 1998;
TAKAHASHI et al., 2008). Posteriormente, adicionaram-se 15 µL de solução
aquosa de resazurina 0,1 mg/mL, incubando a microplaca em estufa sob
atmosfera a 5% de CO
2
a 37 ºC para leitura após 3 h. A leitura dos resultados
61 MATERIAL E MÉTODOS
foi feita visualmente pela diferenciação entre a cor azul (ausência de lulas
vivas) e cor-de-rosa (presença de células vivas) (O’BRIEN et al., 2000) e por
meio de leitor de fluorescência utilizando filtros de 530 e 590 nm.
180 µL Eagle suplementado + 20 µL amostras
20 µL DMSO:Eagle (5:1 v/v)
Controle positivo do crescimento
Controle negativo do crescimento
2 mg/mL 0,019 mg/mL
FIGURA 7. Representação esquemática da avaliação de citotoxicidade de
extratos vegetais de E. uchi em microplaca de 96 poços.
1:1 (v/v)
D 20
I 10
M 5
P 10
T 20
62 MATERIAL E MÉTODOS
4.2.10. ANÁLISE ESTATÍSTICA
Os resultados foram expressos como a média de três determinações ± os
desvios-padrões dos valores obtidos, utilizando-se o programa Microsoft Office
Excel 2007
®
. Quando conveniente, foi realizado o teste-t de Student ou a
análise de variância ANOVA, com P < 0,05.
63 RESULTADOS
5. RESULTADOS
5.1. ANÁLISES FISICO-QÚIMICAS
5.1.1. Granulometria
Os resultados da avaliação da granulometria estão apresentados na
Tabela 2. A aplicação de análise estatística dos resultados, expressos na
Tabela 2 e demonstrada na Figura 8, revela um diâmetro médio de partículas
de 0,268 mm ± 0,01.
TABELA 2. Porcentagens cumulativas de passagem e de retenção do das
cascas pulverizadas de Endopleura uchi (Huber) Cuatrec. (Humiriaceae).
Tamanho da malha (mm) % Passagem % Retenção
0 0 100
0,074 1,74 98,2
0,125 16,25 83,74
0,177 33,67 66,33
0,250 50,33 49,67
0,420 80,38 19,62
Média de três determinações
64 RESULTADOS
FIGURA 8. Tamanho dio da partícula das cascas pulverizadas de
Endopleura uchi.
5.1.2. Determinação do pH
Em relação ao pH do pó das cascas pulverizadas de E. uchi, apresenta-se
o valor da média de três determinações na Tabela 3. O valor do pH da água
destilada foi de 6,77.
TABELA 3. Média dos valores de pH do pó das cascas pulverizadas de
Endopleura uchi (Huber) Cuatrec. e pH da água destilada utilizada.
pH da água destilada Média do valor de pH ± DP
6,77 4,85 ± 0,01
DP = desvio padrão
0,268
65 RESULTADOS
5.1.3. Determinação da densidade aparente não compactada
A Tabela 4 apresenta os valores das três determinações, em g/mL, da
densidade aparente não compactada das cascas pulverizadas de E. uchi.
TABELA 4. Densidade aparente de três amostras de cascas pulverizadas de
E. uchi, obtidas comercialmente
Amostras Proveta (g) Proveta Cheia (g) Densidade (g/mL)
Amostra 1 98,432 156,286 0,578
Amostra 2 97,427 149,325 0,519
Amostra 3 97,104 151,281 0,542
A densidade aparente não compactada média encontrada foi de 0,546
g/mL ± 0,03.
5.1.4. Determinação do teor de cinzas totais
A Tabela 5 apresenta os valores das três determinações, em
porcentagem relativa à massa de amostra inicialmente pesada, do teor de
cinzas totais apresentado pelo das cascas pulverizadas de E. uchi obtido
comercialmente.
TABELA 5. Teor de cinzas totais de cascas pulverizadas de E. uchi
Amostras massa inicial (g) massa cinzas (g) teor cinzas (%)
Amostra 1 3,004 0,175 5,83
Amostra 2 3,001 0,201 6,70
Amostra 3 3,007 0,214 7,12
66 RESULTADOS
Assim, foi encontrado um valor dio de teor de cinzas totais de 6,55% ±
0,65.
5.1.5. Determinação da perda por dessecação em balança com
infravermelho (INFRATEST)
A Tabela 6 apresenta o decréscimo de massa das amostras iniciais de
cascas pulverizadas de Endopleura uchi.
TABELA 6. Decréscimo de massa das amostras iniciais do das cascas
pulverizadas de Endopleura uchi (Huber) Cuatrec.
Pesagem Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3
1 4,032 4,01 4,021
2 3,881 3,715 3,798
3 3,846 3,701 3,773
4 3,829 3,699 3,764
5 3,819 3,698 3,758
6 3,812 3,696 3,754
7 3,811 3,691 3,751
8 3,811 3,691 3,751
Os cálculos revelaram uma perda porcentual média de massa de 6,72% ±
1,23.
67 RESULTADOS
5.1.6. Determinação da perda por dessecação em estufa
Após cada pesagem, foi calculada a média de massa perdida, a partir de
uma amostra inicial de 2 g de das cascas de E. uchi. Assim, seguem na
tabela 7 os valores de perda, em gramas, de massa das amostras iniciais da
droga vegetal.
TABELA 7. Decréscimo de massa das amostras iniciais do das cascas
pulverizadas de Endopleura uchi (Huber) Cuatrec.
Pesagem Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3
1 27,630 27,430 26,960
2 27,525 27,274 26,814
3 27,523 27,272 26,813
4 27,520 27,269 26,809
5 27,519 27,268 26,808
6 27,519 27,268 26,808
A média da massa perdida total, após todas as pesagens, foi de 0,1417g.
Assim, foi obtida uma perda por dessecação de 7,08% ± 1,35 em massa da
amostra inicial do pó das cascas pulverizadas de E. uchi.
5.1.7. Determinação do teor de extrativos para a droga
O valor médio do teor de extrativos encontrado para a droga foi de
13,77% ± 2,04. Esse valor corresponde à média de três determinações.
68 RESULTADOS
5.2. ANÁLISES MICROSCÓPICAS
5.2.1. Análise microscópica comparativa das amostras pulverizadas com
as amostras in natura (secas) de cascas de E. uchi
A análise das lâminas contendo os cortes anatômicos das amostras in
natura possibilitou evidenciar a disposição da estrutura da casca de E. uchi.
Fica evidente uma distribuição periclinal das células do esclerênquima em
relação ao parênquima radial (Figura 9). grande abundância de idioblastos
cristalíferos contendo monocristais poliédricos, em meio ao tecido
parenquimático, o qual é preenchido por células com reservas de compostos
fenólicos em seu interior (Figura 9).
Na microscopia de da casca do uchi-amarelo, foi observada a
presença de fragmentos de fibras lignificadas envolvidas por bainha cristalífera,
de cristais prismáticos, de fragmentos de fibras gelatinosas, poucas células
pétreas e grãos de amido pequenos, esféricos e isolados (Figura 10).
69 RESULTADOS
FIGURA 9. Secções anatômicas de cascas in natura secas de Endopleura uchi
(Huber) Cuatrec. (Humiriaceae). A) Secção longitudinal radial, submetida ao
reagente azul de toluidina, evidenciando a disposição anatômica estrutural. A
seta indica células parenquimáticas preenchidas por material fenólico, corado
mais intensamente. A ponta de seta indica idioblastos cristalíferos dispostos ao
longo do esclerênquima. B) Secção longitudinal radial, submetida ao reagente
cloreto rrico 10%, evidenciando a presença de material fenólico no tecido
parenquimático.
10 µm
20 µm
B
A
70 RESULTADOS
FIGURA 10. Microscopia do da casca de Endopleura uchi (Huber) Cuatrec.
(Humiriaceae) submetida ao reagente azul de toluidina. Ga grão de amido; Ic
– idioblastos cristalíferos; Cp – cristal poliédrico; Fg – fibra gelatinosa.
5.2.2. Pesquisa histoquímica para compostos fenólicos
Foi verificada a positividade da reação com cloreto férrico 10% (m/v), pelo
surgimento de pequenos depósitos de coloração bastante escura, negro-
esverdeada, ao longo de toda a estrutura do material vegetal, sobretudo em
depósitos no esclerênquima, dispostos radialmente ao longo do parênquima
(Figura 11).
A
B
C
D
10 µm
20 µm
20 µm
10 µm
Ga
Ic
Cp
Fg
Cp
71 RESULTADOS
FIGURA 11. Secções anatômicas de cascas in natura secas de Endopleura
uchi (Huber) Cuatrec. (Humiriaceae). A) Secção longitudinal radial
evidenciando os principais tecidos formadores, bem como os idioblastos
cristalíferos abundantes dispostos ao longo do esclerênquima (ponta de seta).
As esclereides mostram-se acompanhadas de conteúdo fenólico, corado
intensamente (seta); B) Visualização do resultado da reação com FeCl
3
10%
(m/v), evidenciando os depósitos de compostos fenólicos (seta) no interior das
esclereides.
5.3. ANÁLISES FITOQUÍMICAS
5.3.1. Triagem fitoquímica das principais classes de metabólitos
secundários
Os dados da triagem fitoquímica, realizada com as cascas pulverizadas
de E. uchi (Tabela 8), revelaram os taninos, as saponinas e as cumarinas como
grupos de substâncias químicas que podem ser empregadas para a
caracterização da matéria-prima. Vale ressaltar que para que fique
caracterizada a presença de determinado grupo de substância química na
amostra, todos os testes executados devem ser positivos.
40 µm
40 µm
A B
72 RESULTADOS
TABELA 8. Análise fitoquímica das cascas pulverizadas de Endopleura uchi
(Huber) Cuatrec. (Humiriaceae).
Classes Reações Resultado
Flavonóides
Shinoda
Taubock
Pew
cloreto férrico
cloreto de alumínio
-
-
-
+
-
Taninos
gelatina
sais de ferro
acetato de chumbo
+
+
+
Saponinas
formação e permanência de
espuma
+
Glicosídeos
Cardiotônicos
Legal
Kedde
Pesez
Keller-Kiliani
Liebermann-Burchard
-
-
-
-
-
Antraquinonas
livres
Borntrager
-
-
Alcalóides
Bertrand
Bouchardat
Dragendorff
Mayer
-
-
-
-
Cumarinas NaOH +
( + ): reação positiva; ( - ): reação negativa
5.3.2. Perfil cromatográfico
Na Figura 12 pode-se visualizar o cromatograma obtido da partição com
acetato de etila do decocto 20% (m/v) a partir de cascas pulverizadas de E.
73 RESULTADOS
uchi. A figura mostra ainda as manchas apresentadas por substâncias puras
padrão, da classe dos taninos, evidenciados na triagem fitoquímica. Na Tabela
9 encontramos os valores dos fatores de retenção (Rf) das manchas
apresentadas para cada uma das amostras e das substâncias padrão. O fator
de retenção consiste na seguinte razão:
Rf = dA / dF
Em que: Rf = fator de retenção; dA = distância percorrida pela amostra;
dF = distância da fase móvel
74 RESULTADOS
Figura 12. Cromatograma das frações acetato de etila do extrato decocção
20% (m/v) obtidos das cascas pulverizadas de Endopleura uchi. Sistema
eluente: acetato de etila:ácido fórmico:água (9:5:1 v/v/v).; revelador: cloreto
férrico 2% em metanol. (A) ácido tânico (B) ácido gálico; (C) bergenina; (D)
fração acetato de etila; (E) fração aquosa.
1
2
3
4
5
6
7
8
B C D E A
12 cm
75 RESULTADOS
TABELA 9. Fator de retenção das manchas apresentadas no cromatograma da
figura 12.
Amostra Nº da mancha Rf
Ácido tânico 1 0,89
Ácido gálico 2 0,86
Bergenina 3 0,67
Fração acetato de etila
4
5
6
0,89
0,66
0,52
Fração aquosa
7
8
0,90
0,69
Na Figura 13 pode-se visualizar o cromatograma obtido com todos os
extratos preparados neste trabalho. A Tabela 10 apresenta os valores
correspondentes de Rf.
76 RESULTADOS
Figura 13. Cromatograma dos seguintes extratos de E. uchi: decocção a 5, 10
e 20% (m/v) (D5, D10 e D20); infusão a 5, 10 e 20% (m/v) (I5, I10 e I20);
maceração a 5, 10 e 20% (m/v) (M5, M10 e M20); percolação a 5, 10 e 20%
(m/v) (P5, P10 e P20) e turbo-extração a 5, 10 e 20% (m/v) (T5, T10 e T20).
Sistema eluente: acetato de etila:ácido fórmico:água (9:5:1 v/v/v).; revelador:
cloreto férrico 2% em metanol.1) Grupo de manchas com Rf = 0,89; 2) Grupo
de manchas com Rf = 0,64.
D5 I5 M5 P5 T5 D10 I10 M10 P10 T10 D20 I20 M20 P20 T20
10,3 cm
1
2
77 RESULTADOS
TABELA 10. Fator de retenção das manchas apresentadas no cromatograma
da figura 13.
A Rf A Rf A Rf
D5
1
2
0,89
0,64
D10
1
2
0,89
0,64
D20
1
2
0,89
0,64
I5
1
2
0,89
0,64
I10
1
2
0,89
0,64
I20
1
2
0,89
0,64
M5
1
2
0,89
0,64
M10
1
2
0,89
0,64
M20
1
2
0,89
0,64
P5
1
2
0,89
0,64
P10
1
2
0,89
0,64
P20
1
2
0,89
0,64
T5
1
2
0,89
0,64
T10
1
2
0,89
0,64
T20
1
2
0,89
0,64
A: amostra; N°: número da mancha; Rf: fator de rete nção
5.3.3. Perfil espectrofotométrico na região de luz ultravioleta
O perfil espectrofotométrico dos compostos padrão da classe dos taninos,
ácido gálico e ácido tânico, está mostrado na Figura 14 e o perfil dos extratos
na Figura 15.
78 RESULTADOS
FIGURA 14. Perfil espectrofotométrico, na região de luz ultravioleta, de ácido
gálico (linha azul) e ácido tânico (linha preta).
FIGURA 15. Perfil espectrofotométrico, na região de UV (190-400 nm), dos
seguintes extratos de cascas pulverizadas de Endopleura uchi: linha preta
decocção 20% (m/v); linha azul infusão 10% (m/v); linha vermelha
maceração 5% (m/v); linha rosa percolação 10% (m/v); linha amarela – turbo-
extração 20% (m/v)
Absorbância
Absorbância
Comprimento de onda (nm)
Comprimento de onda (nm)
79 RESULTADOS
5.3.4. Obtenção e rendimento dos extratos
Foram calculados os valores de rendimento para todos os processos,
obtendo os seguintes valores, listados na Tabela 11 abaixo:
TABELA 11. Valores de rendimento em porcentagem (%) dos extratos obtidos
a partir de cascas pulverizadas de E. uchi (Huber) Cuatrec.
Extrato Rm (%) Rp (%) Rt (%) Rd (%) Ri (%)
EtOH 50%
(5%, m/v)
4,564 11,464 8,568 x x
EtOH 50%
(10%, m/v)
11,000 14,160 8,980 x x
EtOH 50%
(20%, m/v)
12,031 23,870 14,470 x x
Aquoso
(5%, m/v)
x x x 7,520 8,128
Aquoso
(10%, m/v)
x x x 5,590 6,220
Aquoso
(20%, m/v)
x x x 4,370 13,270
EtOH 50%: etanol 50%; x: não se aplica; Rm: rendimento final em porcentagem
da maceração; Rp: rendimento final em porcentagem da percolação; Rt:
rendimento final em porcentagem da turbo-extração; Rd: rendimento final em
porcentagem da decocção; Ri: rendimento final em porcentagem da infusão
5.4. ANÁLISES QUANTITATIVAS
5.4.1. Determinação do teor de fenóis totais
As leituras de absorvância da solução padrão de ácido tânico e do extrato
foram feitas em triplicata, portanto, os resultados apresentados referem-se à
80 RESULTADOS
média da absorvância, para cada concentração (em µg/mL) utilizada nas
leituras. A Figura 16 apresenta a curva analítica construída com diferentes
concentrações da solução padrão de ácido tânico.
FIGURA 16. Curva analítica de absorvância da solução padrão de ácido tânico
A partir da curva analítica obtida com a solução padrão de ácido tânico
pôde-se calcular a porcentagem de fenóis totais existentes nas amostras de
cascas pulverizadas de E. uchi utilizando a equação da reta da solução padrão
de ácido tânico. As porcentagens finais são expressas pela média dos valores
de porcentagem da absorvância de cada solução de leitura das amostras e
podem ser visualizadas na Tabela 12 e Figura 17.
Concentração µg/mL
Absorbância
81 RESULTADOS
TABELA 12. Valores dos teores de fenóis totais (TFT) dos extratos de
Endopleura uchi
amostras TFT (%) ± DP
D5 5,810 ± 0,81
D10 4,940 ± 2,44
D20 5,610 ± 1,18
I5 4,620 ± 2,34
I10 3,830 ± 0,98
I20 4,150 ± 1,81
M5 3,326 ± 0,16
M10 3,920 ± 1,10
M20 3,130 ± 0,13
P5 3,327 ± 0,63
P10 3,220 ± 0,97
P20 3,170 ± 0,81
T5 3,520 ± 0,99
T10 3,110 ± 0,48
T20 3,290 ± 1,09
D5: decocção 5% (m/v); D10: decocção 10% (m/v); D20: decocção 20% (m/v);
I5: infusão 5% (m/v); I10: infusão 10% (m/v); I20: infusão 20% (m/v); M5:
maceração 5% (m/v); M10: maceração 10% (m/v); M20: maceração 20% (m/v);
P5: percolação 5% (m/v); P10: percolação 10% (m/v); P20: percolação 20%
(m/v); T5: turbo-extração 5% (m/v); T10: turbo-extração 10% (m/v); T20: turbo-
extração 20% (m/v). Os extratos obtidos por maceração, percolação e turbo-
extração foram preparados com etanol 50% (v/v).
82 RESULTADOS
FIGURA 17. Teor de fenóis totais dos extratos de cascas pulverizadas de
Endopleura uchi (Huber) Cuatrec. (Humiriaceae).
Na análise da Figura 17 foi verificado que algumas amostras
apresentaram, para um nível de confiança de 95%, desvios-padrões acima do
limite estatístico aceitável, como no caso dos extratos D10 e I5.
5.4.2. Doseamento de taninos totais em extratos vegetais
Os valores médios das quantidades de taninos totais (TT) e os valores
médios de resíduo seco (teor de extrativos, TE) para cada um dos extratos das
cascas pulverizadas de Endopleura uchi estão apresentados na Tabela 13 e na
Figura 18, assim como mais ou menos seus respectivos desvios-padrões.
83 RESULTADOS
TABELA 13. Valores de teores de extrativos (TE) e taninos totais (TT) para
cada um dos extratos obtidos a partir de cascas pulverizadas de E. uchi.
amostras TT (%) TE (%)
D5 19,65 ± 1,59 12,53 ± 1,02
D10 16,34 ± 3,18 11,41 ± 0,40
D20 20,27 ± 1,16 9,65 ± 0,22
I5 22,66 ± 0,53 9,70 ± 0,05
I10 26,06 ± 4,27 8,85 ± 0,05
I20 12,08 ± 2,11 8,525 ± 0,25
M5 23,62 ± 1,00 13,73 ± 0,11
M10 23,41 ± 2,47 13,10 ± 0,17
M20 23,18 ± 0,93 13,04 ± 0,05
P5 20,72 ± 0,79 18,60 ± 0,26
P10 32,85 ± 1,62 16,80 ± 0,39
P20 18,56 ± 1,79 18,87 ± 0,27
T5 19,99 ± 0,49 12,83 ± 0,32
T10 20,26 ± 0,50 12,95 ± 0,62
T20 24,77 ± 2,54 14,85 ± 0,54
D5: decocção 5% (m/v); D10: decocção 10% (m/v); D20: decocção 20% (m/v);
I5: infusão 5% (m/v); I10: infusão 10% (m/v); I20: infusão 20% (m/v); M5:
maceração 5% (m/v); M10: maceração 10% (m/v); M20: maceração 20% (m/v);
P5: percolação 5% (m/v); P10: percolação 10% (m/v); P20: percolação 20%
(m/v); T5: turbo-extração 5% (m/v); T10: turbo-extração 10% (m/v); T20: turbo-
extração 20% (m/v). Os extratos obtidos por maceração, percolação e turbo-
extração foram preparados com etanol 50% (v/v). Os valores estão expressos
como porcentagem da média de três determinações mais ou menos os
desvios-padrões.
84 RESULTADOS
FIGURA 18. Teor de taninos totais dos extratos de cascas pulverizadas de
Endopleura uchi (Huber) Cuatrec. (Humiriaceae).
Na análise da Figura 18 foi verificado que algumas amostras
apresentaram, para um nível de confiança de 95%, desvios-padrões acima do
limite estatístico aceitável. Foi o caso dos extratos D10, I10, I20 e M10.
5.4.3. Determinação da capacidade de sequestro de radicais livres
O potencial da atividade antioxidante dos extratos foi determinado
baseado na atividade sequestrante da solução de 2,2-difenil-1-picrilhidrazila
(DPPH). A atividade anti-radicalar, em porcentagem, dos padrões e das
amostras, em suas definidas concentrações, está apresentado na Tabela 14 e
ilustrado na Figura 19.
85 RESULTADOS
TABELA 14. Atividade anti-radicalar percentual das substâncias padrão e dos
extratos estudados na concentração de 250 µg/mL.
Amostra (250 µg/mL) Atividade anti-radicalar (%)
ácido gálico 97,24 ± 0,05
rutina 96,83 ± 0,06
vitamina C 98,14 ± 0,06
extrato de Ginkgo biloba
96,97 ± 0,09
D20 87,46 ± 2,59
I10 79,54 ± 2,63
M5 89,22 ± 0,82
P10 88,9 ± 2,52
T20 90,58 ± 0,62
Os valores correspondem à média de três determinações e estão expressos
em porcentagem ± os desvios-padrões. D20: decocção 20% (m/v); I10: infusão
10% (m/v); M5: maceração 5% (m/v); P10: percolação 10% (m/v); T20: turbo-
extração 20% (m/v).
As análises estatísticas dos valores observados na Tabela 14 (ANOVA)
mostraram que diferença significativa entre as porcentagens de atividade
anti-radicalar dos extratos em relação aos padrões.
86 RESULTADOS
FIGURA 19. Atividade anti-radicalar percentual das substâncias padrão e dos
extratos estudados na concentração de 250 µg/mL. (1) ácido gálico; (2) rutina;
(3) vitamina C; (4) extrato de Ginkgo biloba; (5) decocção 20% (m/v); (6)
infusão 10% (m/v); (7) maceração 5% (m/v); (8) percolação 10% (m/v); (9)
turbo-extração 20% (m/v).
5.5. ANÁLISE DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA
5.5.1. Teste de difusão em ágar
A solução de controle de atividade do DMSO não apresentou formação de
halo de inibição contra as bactérias em estudo, portanto, este solvente não foi
interferente da atividade antimicrobiana apresentada pelos extratos utilizados.
Os resultados dos testes de difusão com templates são apresentados na
Tabela 15 e os resultados dos testes de difusão com discos na Tabela 16.
A Figura 20A ilustra o halo de inibição do antibiótico anfotericina B frente
à linhagem de C. albicans pelo método de difusão com “template”. Foi
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
%
1 2 3 4 5 6 7 8 9
amostras
Amostras
Porcentagem (%)
87 RESULTADOS
constatado ainda, da análise desta figura, que nenhum dos extratos testados
foi efetivo na inibição do crescimento do microrganismo. A Figura 20B ilustra o
halo de inibição do antibiótico ampicilina frente à linhagem de E. coli pelo
método de difusão com “template”. Também foi observado da análise desta
figura que nenhum dos extratos testados foi efetivo na inibição do crescimento
do microrganismo.
A Figura 21A ilustra o halo de inibição do antibiótico anfotericina B e
também um pequeno halo de inibição do extrato I10 (infusão 10%, m/v) frente à
linhagem de Candida albicans pelo método de difusão com discos. A Figura
21B ilustra o halo de inibição do antibiótico ampicilina frente à linhagem de
Staphylococcus aureus pelo método de difusão com discos. Apesar de não
aparecer claramente nesta figura, foi observado o aparecimento de pequenos
halos de inibição para todos os extratos testados.
88 RESULTADOS
TABELA 15. Diâmetro dos halos (mm) de diferentes extratos de cascas de E.
uchi pelo teste de difusão em ágar com templates.
Amostra EC SA BS SS SE CA
D20 - 15,0 - - - -
I10 - 15,0 - - - -
M5 - 13,0 - - - -
P10 - 13,0 - - - -
T20 - 14,0 - - - -
A 18,0 23,0 15,5 13,0 17,5 23,5
C - - - - - -
Os valores representam a média de três determinações. D20 decoccção 20%
(m/v); I10 infusão 10% (m/v); M5 maceração 5% (m/v); P10 percolação
10% (m/v); T20 turbo-extração 20% (m/v). A = antibiótico
(ampicilina/anfotericina B); C = controle negativo (solução de DMSO-BHI); EC =
Escherichia coli; SA = Staphylococcus aureus; BS = Bacilus subtilis; SS =
Shigella sonnei; SE = Staphylococcus epidermidis; CA = Candida albicans
89 RESULTADOS
TABELA 16. Diâmetro dos halos (mm) de diferentes extratos de cascas de E.
uchi pelo teste de difusão em ágar com discos.
Amostra EC SA BS SS SE CA
D20 - 7,0 - - - -
I10 - 7,0 - - - 8,0
M5 - 7,0 - - - -
P10 - 8,1 - - - -
T20 - 7,9 - - - -
A 13,7 19,3 19,7 17,5 12,7 17,5
C - - - - - -
Os valores representam a média de três determinações. D20 decoccção 20%
(m/v); I10 infusão 10% (m/v); M5 maceração 5% (m/v); P10 percolação
10% (m/v); T20 turbo-extração 20% (m/v). A = antibiótico
(ampicilina/anfotericina B); C = controle negativo (solução de DMSO-BHI); EC =
Escherichia coli; SA = Staphylococcus aureus; BS = Bacilus subtilis; SS =
Shigella sonnei; SE = Staphylococcus epidermidis; CA = Candida albicans
90 RESULTADOS
FIGURA 20. A) Avaliação da atividade antimicrobiana pelo método de difusão
em ágar com templates dos extratos de E. uchi contra Candida albicans; B)
Avaliação da atividade antimicrobiana pelo método de difusão em ágar com
discos dos extratos de E. uchi contra E. coli. Anf: anfotericina B; Amp:
ampicilina; D20: decoccção 20% (m/v); I10: infusão 10% (m/v); M5: maceração
5% (m/v); P10: percolação 10% (m/v); T20: turbo-extração 20% (m/v).
FIGURA 21. A) Avaliação da atividade antimicrobiana pelo método de difusão
em ágar com discos dos extratos de E. uchi contra Candida albicans; B)
Avaliação da atividade antimicrobiana pelo método de difusão em ágar com
discos dos extratos de E. uchi contra S. aureus. Anf: anfotericina B; Amp:
ampicilina; D20: decoccção 20% (m/v); I10: infusão 10% (m/v); M5: maceração
5% (m/v); P10: percolação 10% (m/v); T20: turbo-extração 20% (m/v).
A
B
Anf
Amp
D20
D20
I10
I10
M5
M5
P10
P10
T20
T20
A
B
Anf
D20
D20
Amp
I10
I10
M5
P10
T20
M5
P10
T20
DMSO
DMSO
91 RESULTADOS
5.5.2. Determinação da concentração inibitória mínima (CIM) através do
método de diluição em microplaca e concentração bactericida mínima
(CBM)
A Figura 22 mostra uma microplaca incubada com Staphylococcus
aureus, segundo o esquema apresentado na Figura 6. Houve crescimento
bacteriano nos poços selecionados para controle positivo de crescimento.
Nota-se ausência de crescimento bacteriano nos poços que não receberam o
inóculo, indicando a esterilidade do meio de cultura (controle negativo) e a
ausência de contaminação dos extratos. Houve crescimento bacteriano nos
poços onde foram colocados os controles de solvente DMSO indicando que
este solvente não foi interferente dos resultados de inibição do crescimento
bacteriano apresentados pelos extratos. Quanto ao antibiótico, mostrou-se
efetivo nas quatro primeiras diluições, perdendo sua atividade a partir d(CIM
= 0,125 mg/ mL). Em relação aos extratos, nenhum deles foi efetivo em
nenhuma das diluições. Assim sendo, também não foram encontrados
resultados positivos na determinação de concentração bactericida mínima,
tendo havido crescimento da linhagem de S. aureus em todas as diluições
empregadas.
92 RESULTADOS
FIGURA 22. Determinação de CIM pelo método de microdiluição em
microplaca contra Staphylococcus aureus.
5.6. TESTE DE TOXICIDADE ORAL AGUDA EM RATOS
Os resultados não revelaram sinais de toxicidade sistêmica com a
administração do extrato aquoso obtido por decocção 20% (m/v) de Endopelura
uchi. Não foram observadas mortes e nem alterações de comportamento dos
animais, tampouco ocorreram alterações de massa corporal dos animais.
5.7.
TESTE DA MOTILIDADE INTESTINAL EM CAMUNDONGOS
O ensaio do trânsito intestinal em camundongos demonstrou que houve
uma redução na distância percorrida pelo carvão ativo após administração do
extrato obtido por decocção 20% (m/v) de cascas pulverizadas de Endopleura
uchi, quando comparados com o controle negativo (solução fisiológica) (Tabela
17). Porém, para P < 0,05, o valor de “t” encontrado (t = 0,9057) foi menor que
93 RESULTADOS
o “T” tabelado (T=2,101), sugerindo que o resultado apresentado pela nossa
amostra não difere significativamente do controle.
TABELA 17. Distância percorrida pelo carvão ativo no intestino dos
camundongos após a administração do extrato aquoso das cascas
pulverizadas de Endopleura uchi e da solução fisiológica controle.
Tratamento Dose (mg/kg) Distância média (cm)
Extrato aquoso 200 mg/kg 43,81 ± 11,84
Controle negativo 10 mL/kg 48,00 ± 8,58
Os resultados representam a média de três determinações ± os desvios-
padrões.
5.8. AVALIAÇÃO DE CITOTOXICIDADE
A Figura 23 mostra um esquema, baseado na Figura 7, com os resultados
do teste de citotoxicidade. A Tabela 18 apresenta os valores, em porcentagem,
de sobrevivência das células da córnea de coelhos da linhagem SIRC CCL-60.
Verificamos a partir do teste que nenhum dos extratos aplicados foi tóxico,
em nenhuma das concentrações utilizadas, apresentando IC
50
maior que 2
mg/mL.
94 RESULTADOS
Presença de células vivas Ausência de células vivas
FIGURA 23. Representação dos resultados de citotoxicidade dos extratos
obtidos de cascas pulverizadas de Endopleura uchi.
TABELA 18. Avaliação da citotoxicidade de extratos de cascas pulverizadas de
E. uchi frente a células da córnea de coelhos da linhagem SIRC CCL-60
Amostra % Sobrevivência IC
50
D20 100 > 2 mg/mL
I10 100 > 2 mg/mL
M5 100 > 2 mg/mL
P10 100 > 2 mg/mL
T20 100 > 2 mg/mL
D20: decocção 20% (m/v), I10: infusão 10% (m/v), M5: maceração 5% (m/v);
P10: percolação 10% (m/v), T20: turbo-extração 20% (m/v); IC
50
: índice de
citotoxicidade para 50% das células testadas.
95 DISCUSSÃO
6. DISCUSSÃO
A atividade farmacêutica teve origem na preparação artesanal de
medicamentos, posteriormente evoluindo para a fase industrial. Por motivos
diversos, a atividade magistral teve uma retomada de interesse nas últimas
décadas e hoje ocupa setores expressivos de mercado. O volume de matérias-
primas associadas a essa atividade e as dificuldades de avaliação da qualidade
dos materiais levou ao surgimento de problemas de diversas ordens,
estimulando a regulamentação oficial do segmento para assegurar a qualidade
dessa classe de produtos. Para isso, o Ministério da Saúde Brasileiro, através
da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, vem instituindo uma série de
normas com o objetivo de organizar a produção dos medicamentos
fitoterápicos comercializados no país. Para se obter os registros de
comercialização junto a ANVISA, as empresas produtoras precisam cumprir
uma série de procedimentos, indispensáveis para a preparação dos produtos
dentro de padrões de qualidade. A legislação que rege o registro destes
medicamentos é a RDC 48/04, sendo complementada pelas RE 88, 89, 90 e
91/04 (BRASIL, 2004). No entanto, tal norma foi editada com enfoque
predominantemente voltado às boas práticas farmacêuticas e com exigências
de controle de qualidade específicas para fármacos sintéticos, geralmente
inaplicáveis aos produtos da classe de fitoterápicos (TOBIAS, 2007).
Uma grande parte das plantas medicinais brasileiras encontra-se descrita
apenas na primeira edição da Farmacopéia Brasileira, editada em 1926, com
partes das mesmas suprimidas na Segunda edição ou destinadas ao
Formulário Nacional. Com os avanços científicos e tecnológicos, suas
96 DISCUSSÃO
monografias tornaram-se obsoletas para fins analíticos. Sendo assim, quando
uma droga vegetal não consta em uma Farmacopéia atualizada, é essencial
que a empresa que emprega essa planta como matéria-prima elabore uma
monografia estabelecendo seus padrões de qualidade (FARIAS, 1999). Porém,
fica evidente em nosso país, ainda bastante enraizado às tradições populares,
que grande parte das drogas vegetais estão sendo utilizadas
indiscriminadamente, sem quaisquer cuidados ou medidas de controle,
fundamentado no pensamento de que “o que é natural não faz mal”. É fato
bastante conhecido nos meios científicos que dependendo da dose, podem-se
ter plantas com atividade terapêutica ou tóxica. Como exemplo, a Digitalis
purpurea L. (popularmente conhecida como “dedaleira”), espécie vegetal que
contém glicosídeos cardiotônicos, utilizada em casos de insuficiência cardíaca,
com dose terapêutica muito próxima à dose tóxica. Uma dose um pouco mais
elevada pode causar intoxicação, provocando a morte por parada cardíaca
(SIMÕES, 2004).
Os processos de prospecção fitoquímica são de extrema importância, pois
permitem identificar quais classes de metabólitos secundários e/ou princípios
ativos estão presentes em determinada amostra vegetal e, a partir daí, orientar
a extração e/ou fracionamento de extratos para isolamento de compostos de
maior interesse.
Muitas substâncias, quando tratadas com determinados reativos,
apresentam reações de coloração e/ou precipitação características, que
permitem a identificação das amostras que as contêm. As plantas produzem
diferentes substâncias químicas e o fazem em diferentes proporções,
dependendo do hábitat, do regime de chuvas, da insolação, do solo, enfim, das
97 DISCUSSÃO
características climato-edáficas. Entretanto, algumas substâncias químicas são
bastantes características para um determinado vegetal, e desta forma podem
servir como parâmetro para sua caracterização e identificação.
No caso das cascas pulverizadas de E. uchi, ficou bem evidente, a partir
da triagem fitoquímica executada, a presença de três grupos: saponinas,
cumarinas e taninos. Apesar da reação de cloreto férrico no teste para
flavonóides ter sido positiva, as demais reações não apresentaram
positividade, descaracterizando assim a presença deste grupo de substâncias
na amostra em estudo.
A positividade para taninos pode representar uma explicação quanto ao
uso das cascas como antibacteriano ou mesmo antiinflamatório. Tal afirmação
encontra respaldo ao confirmar-se o uso de plantas medicinais ricas em
polifenóis para obtenção de efeito anti-séptico (KOLODZIEJ et al., 2003).
A presença de substâncias antimicrobianas nos vegetais superiores, bem
como o seu uso para tratar infecções não são fatos recentes (RODRIGUES,
1980; BUHNER, 1999; COWAN, 1999; YUNES e CALIXTO, 2001). Durante a
sua vida, as plantas reagem a várias injúrias advindas do ambiente, e são
capazes de produzir compostos antimicrobianos para protegê-las contra
infecções causadas por patógenos como bactérias, fungos e vírus
(RODRIGUES, 1980; WOJTASZEK, 1997; YUNES e CALIXTO, 2001;
ESQUENAZI et al., 2002).
Em vista da resistência que muitos patógenos humanos apresentam
devido à seleção a que passaram pelo uso indiscriminado de antimicrobianos,
da emergência de infecções incomuns e efeitos adversos apresentados por
alguns medicamentos, as pesquisas tornaram-se mais direcionadas às plantas
98 DISCUSSÃO
medicinais, sendo que muitas espécies já se mostraram eficazes como agentes
antimicrobianos (ZAMPINI et al., 2005).
Entre tantas plantas nativas e aclimatadas no Brasil, o objetivo deste
trabalho foi o estudo farmacognóstico e das atividades antimicrobiana e
citotóxica de extratos de cascas pulverizadas de Endopleura uchi (Huber)
Cuatrec. As cascas de uchi-amarelo, como conhecido popularmente, são
vendidas, trituradas ou pulverizadas, em mercados municipais, feiras de
produtos naturais, internet ou até mesmo em farmácias magistrais, sem
quaisquer restrições, e o que é mais preocupante, sem que haja estudos que
comprovem sua real eficácia e segurança. A população utiliza o chá destas
cascas no tratamento de diversos males, destacando-se seu uso no tratamento
de miomas e inflamações do trato digestivo, gripes, resfriados e afecções
intestinais. Assim, para atingir os objetivos deste trabalho, foram necessários
estudos de caracterização físico-química, qualitativa e quantitativa da droga e
dos extratos utilizados. É importante ressaltar que praticamente não existem
estudos de referência com esta droga na literatura, o que torna este trabalho
pioneiro, aumentando sua importância.
Inicialmente, foi determinada a granulometria da droga para sua
padronização, a fim de otimizar os processos extrativos (SONAGLIO et al.,
2004). A granulometria, que é o grau de divisão de pós, é expressa em
referência à abertura nominal da malha do tamis utilizado (FARMACOPÉIA,
1988). Segundo a literatura (LIST e SCHMIDT, 2000), a droga pulverizada que
apresente partículas de tamanho superior à classificação de fino é mais
adequada para os processos de extração. No caso do material utilizado neste
trabalho, aconteceu justamente o contrário. A granulação muito fina dificultou a
99 DISCUSSÃO
obtenção de extratos por turbo-extração e por percolação, sobretudo no
momento da filtração. Constata-se que o uchi-amarelo é vendido como fino
para facilitar o seu encapsulamento, mesmo sendo proibido, por empresas que
lidam com o comércio de produtos naturais. Para fins científicos, o ideal seria
trabalhar com cascas moídas de forma mais grosseira, acima da classificação
de pó muito fino.
Uma das importâncias do pH nos vegetais está no mecanismo de
formação de ATP, que é impulsionado por uma força próton-motriz durante a
fotofosforilação nos cloroplastos (STRAYER, 1996). O ATP é uma molécula de
alta energia, que acopla reações não favoráveis no interior das células. Entre
essas reações, estão aquelas que fazem parte da biossíntese de enzimas
importantes no metabolismo secundário (STRAYER, 1996). As alterações
metabólicas provocadas por reações de óxido-redução podem modificar o pH
das células vegetais, promovendo desvio das rotas metabólicas normais
(STRAYER, 1996). De acordo com os dados da Tabela 3, encontrou-se um pH
médio de 4,85 na amostra de E. uchi, conferindo-a um caráter ácido.
A determinação do teor de cinzas totais permite a verificação de
impurezas inorgânicas não-voláteis (SIMÕES et al., 2004; VIGO et al., 2004).
Essa análise permite a verificação de adulteração da amostra, através da
observação da quantidade de material contaminante na mesma, após a
calcinação. As cinzas totais incluem aquelas derivadas de tecido vegetal
(cinzas fisiológicas) e derivadas de materiais estranhos, especialmente areia e
terra aderente à superfície da droga (cinzas não fisiológicas) (FARMACOPEIA
BRASILEIRA, 2000). Como não existem valores de teor de cinzas totais, na
100 DISCUSSÃO
literatura, para as cascas de Endopleura uchi, os resultados obtidos neste
trabalho tornam-se importantes para o processo de sua padronização.
Outro parâmetro que auxilia a caracterização da droga é representado
pela perda por dessecação, que está ligada à estabilidade microbiológica da
droga, como expressão de sua susceptibilidade ao desenvolvimento de
bactérias e fungos, e estabilidade química, representada especialmente pelos
processos de hidrólise (WHO, 1992). A variabilidade nos valores pode ser
reduzida, desde que haja padronização nos parâmetros de plantio, coleta,
armazenagem e tratamento prévio da droga utilizada. A perda por dessecação
pode fornecer dados acerca do rendimento de extração, já que a secagem influi
no estado de integridade das estruturas celulares, expondo-as mais ou menos
ao contato com solventes (HARBORNE, 1993). Além do mais, sob o ponto de
vista tecnológico e de produção, é importante conhecer quantitativamente o
conteúdo de água presente na matéria-prima vegetal, para que este valor seja
considerado nos cálculos de rendimento. Embora não existam dados de
referência na literatura para E. uchi, os valores encontrados tanto para perda
por dessecação em balança com infravermelho quanto para perda por
dessecação em estufa, estão abaixo dos limites máximos encontrados no
código oficial brasileiro (8 a 14% de umidade), com relação à maioria das
drogas vegetais constituídas de sumidades floridas (FARMACOPÉIA, 2000).
uma considerável variação na distribuição dos extrativos através da
madeira de uma determinada espécie vegetal. Açúcares e outros constituintes
da seiva e as substâncias de reserva como ácidos graxos e amidos são
encontradas no alburno. Materiais fenólicos, contudo, são usualmente
depositados no cerne. Existe ainda uma variação na quantidade de material
101 DISCUSSÃO
depositado através da altura da árvore e entre o tronco e os galhos
(BUCHANAN, 1963). De acordo com BROWNING (1967), a extração com
solventes orgânicos (éter, acetona, etanol, benzeno, e álcool-benzeno) retira da
madeira, resina, ácidos graxos, ésteres, ceras, substâncias insaponificáveis e
materiais corantes. A extração em água retira sais inorgânicos, açúcares,
polissacarídeos e algumas substâncias fenólicas. Alguns dos materiais solúveis
em água são mais ou menos solúveis em solventes orgânicos (NEARN, 1955).
O ensaio do teor de extrativos (TE) indica a quantidade de substâncias
extraíveis, ou seja, solúveis em determinado sistema solvente. É um método
empregado na seleção do solvente mais adequado à extração das substâncias
de interesse de uma planta ou como indicativo para o ajuste da quantidade de
matéria-prima a ser utilizada visando uma concentração final determinada de
substância de interesse no produto da extração. Neste estudo, o teor de
extrativos da droga vegetal foi empregado exclusivamente como um ensaio
auxiliar na caracterização físico-química, visto que se trata de um parâmetro
importante no controle de qualidade da matéria-prima vegetal. O valor de TE
encontrado para a droga vegetal em estudo foi de 13,77 % (m/m).
Considerando que o presente trabalho propôs-se a buscar e comprovar o
efeito antibacteriano de extratos de cascas pulverizadas de E. uchi e
considerando ainda a bem documentada atividade antimicrobiana apresentada
pelos taninos, justifica-se a realização do doseamento deste grupo de
substâncias presentes neste farmacógeno. Porém, ao efetuarem-se os
doseamentos, estava-se na verdade sendo escolhido um parâmetro pelo qual
pudéssemos optar pelos melhores extratos, ao menos segundo o teor total de
taninos, para que fossem empregados nos testes antimicrobianos e citotóxicos.
102 DISCUSSÃO
Das análises dos dados apresentados na Tabela 14, constatou-se que o
extrato a 5% (m/v) com maior teor de taninos totais foi o preparado por
maceração (23,62% ± 1,0); o extrato a 10% (m/v) com maior teor de taninos
totais foi o preparado por percolação (32,85% ± 1,62), sendo também, o extrato
com o maior teor de taninos totais dentre todos os demais; por fim, o extrato a
20% (m/v) com o maior teor de taninos totais foi o preparado por turbo-extração
(24,77% ± 2,54).
Ainda, além destes três extratos, foram inclusos, nos testes biológicos, a
infusão 10% (m/v) (26,06% ± 4,27) e a decocção 20% (m/v) (20,27% ± 1,16),
uma vez que o uso popular é quase que totalmente baseado no consumo de
chás. Verificamos que para alguns processos de extração, os valores do teor
de taninos totais (TT) encontrados nos extratos a 5% (m/v) são muito próximos
aos valores encontrados nos extratos a 20% (m/v), sendo que estas diferenças
não o estatisticamente significativas (P<0,05), o que os tornam mais
interessantes do ponto de vista econômico, uma vez que é necessário menos
material vegetal ao prepará-los. Esses valores de TT encontrados para os
extratos de cascas pulverizadas de E. uchi, em torno de 21%, podem ser
considerados razoáveis, comparando-se com os valores encontrados por
Yamaguti-Sasaki e colaboradores (2007), que trabalharam com extratos
aquosos 5% (m/v) (16,16% ± 0,44), brutos (acetona:água) (31,15% ± 1,46) e
frações semi-purificadas (30,05% ± 0,54; 17,09% ± 0,52) de sementes de
Paullinia cupana H. B. K. var. sorbilis (Mart.) Ducke (“guaraná”).
O reagente de Folin-Denis não é específico para uma determinada classe
de metabólitos e pode detectar todos os fenóis, ácidos fenólicos, flavonóides e
taninos presentes em uma planta. Assim, esta metodologia pode ser usada
103 DISCUSSÃO
para a quantificação do total de fenóis, uma vez que ocorre a oxidação de
qualquer fenol presente pela reação com o ácido fosfomolibídico e tungístico do
reagente de Folin-Denis (TEIXEIRA et al., 1990, FERREIRA et al., 2004). A
partir da curva analítica obtida com a solução padrão de ácido tânico de-se
calcular, através da equação da reta, a porcentagem de fenóis totais existentes
nas amostras. Assim, constatamos que os extratos aquosos obtidos por
decocção e infusão apresentaram os maiores valores de fenóis totais, o que
pode ser explicado, pela polaridade similar do solvente e dos polifenóis.
Podemos sugerir também que os processos de decocção e infusão, por serem
métodos de extração com aquecimento, retiram uma quantidade maior de
substâncias, uma vez que o calor aumenta a solubilidade das mesmas.
Ainda com relação à caracterização fitoquímica, procurou-se avaliar a
atividade antioxidante dos extratos. O DPPH é um radical livre estável que
interage com substâncias antioxidantes, que, por sua vez, transferem elétrons
ou átomos de hidrogênio ao DPPH, neutralizando o radical livre. Quando o
processo antioxidante ocorre, a coloração da reação muda de violeta a amarelo
e a absorvância torna-se reduzida a 517 nm (BANERJEE et al., 2005). A
análise de variância demonstrou que os extratos testados apresentaram
valores semelhantes de atividade anti-radicalar quando comparados entre si e
diferenças estatísticas significantes quando comparados com o extrato de
Ginkgo biloba e demais padrões (ácido gálico, vitamina C e rutina). Porém,
de se dizer que os valores de atividade sequestrante do radical estável DPPH
dos padrões são altos por se tratarem de substâncias puras isoladas e que,
desta forma, não descaracterizam a atividade antioxidante de nossas amostras.
Na verdade, como não há valores de referência citados na literatura para as
104 DISCUSSÃO
cascas de E. uchi, devemos aceitar os resultados aqui apresentados como
padrão para o controle de qualidade desta droga vegetal.
A partir do perfil espectrofotométrico na faixa de comprimento de onda da
radiação ultravioleta, observou-se correspondência do pico de máxima
absorção entre todos os extratos e os padrões. No entanto, como não foi
isolada nenhuma substância dos extratos, não é possível afirmar a constituição
dos mesmos com base nos espectros de ultravioleta.
Quanto ao preparo dos extratos, a escolha dos solventes para extração
deve basear-se, principalmente, na seletividade que o mesmo apresenta pelos
compostos a serem extraídos. No entanto, outras características não podem
ser ignoradas, como a facilidade de manuseio, proteção ao ambiente e
toxicidade (LIST e SCHMIDT, 2000). Foi possível observar que a extração mais
eficiente, em termos de rendimento, foi a percolação. Cabe ressaltar que dos
processos extrativos utilizados, o único que se enquadra no grupo de
processos extrativos exaustivos é este, possibilitando o esgotamento da
matéria-prima. Assim, considerando apenas o rendimento final obtido para os
extratos, podemos assegurar que a percolação trata-se do processo extrativo
mais apropriado. Porém, na escolha de um método extrativo, deve-se avaliar a
eficiência, a seletividade, a estabilidade das substâncias extraídas e o custo do
processo escolhido, considerando a finalidade do extrato que se quer preparar
(COSTA, 1994; SIMÕES et al., 2003). Assim sendo, a turbo-extração aparece
como uma boa alternativa. Esta técnica baseia-se na extração com simultânea
redução do tamanho de partícula, resultado da aplicação de elevadas forças de
cisalhamento, geradas no pequeno espaço compreendido entre o extrator e um
rotor de alta velocidade. A redução drástica do tamanho da partícula e, o
105 DISCUSSÃO
conseqüente rompimento das células, favorece a rápida dissolução das
substâncias ativas. Nestas circunstâncias, a difusão das substâncias
dissolvidas pela membrana celular fica relegada a um plano secundário,
resultando em tempos de extração da ordem de minutos e o quase
esgotamento da droga. A esse incremento da eficiência somam-se a
simplicidade, rapidez e versatilidade da técnica, que permitem a fácil utilização
dela em processamentos em pequena e média escala (DÄR, 1981; VOIGT e
BORNSCHEIN, 1982; SIMÕES et al., 2003). No caso da decocção e da
infusão, o solvente aquoso apresenta certos inconvenientes, tais como o alto
ponto de ebulição, que pode corromper a estrutura de algumas substâncias
presentes no material vegetal, e o fato de extrair sais inorgânicos, que
possivelmente interferirão nos ensaios biológicos. Portanto, antes de utilizá-los,
seria necessário fazer uma partição, para remover estes reagentes.
Nas análises de atividade antimicrobiana, pelo método de difusão em
ágar, não obtivemos resultados satisfatórios para nenhum dos extratos
testados, sendo que verificamos uma pequena atividade destes frente a S.
aureus nos testes de difusão com templates e com discos e ainda uma ação
isolada do extrato I10 contra C. albicans no teste de difusão com discos.
Porém, em estudos preliminares com outros extratos de cascas pulverizadas
de E. uchi realizados por POLITI et al. (2008), verificou-se uma pequena
atividade frente a Escherichia coli, Bacillus subtilis, Enterococcus faecalis,
Staphylococcus aureus e Candida albicans. Aqui vale ressaltar que, pelo fato
dos taninos complexarem-se com proteínas, pode ter ocorrido precipitação
local, impedindo os mesmos de difundirem-se no meio de cultura,
impossibilitando sua real atividade, mesmo tendo sido utilizado o Tween
®
80.
106 DISCUSSÃO
De forma geral, o extrato de uma planta contém baixa concentração de
compostos ativos e um grande número de outros compostos que podem ter
atividades promissoras, embora necessitando para isto, adequada
sensibilidade dos testes (RATES, 2001a). É possível também que existam
outras substâncias nos extratos interferindo com o potencial antimicrobiano real
dos taninos neles presentes, sendo, portanto, bem mais interessante fracioná-
los para isolarmos os compostos, obtendo-se assim, uma avaliação precisa.
Apesar desta baixa atividade apresentada pelos extratos testados, foi feita
a determinação da concentração inibitória e bactericida mínima para a
linhagem de S. aureus utilizada. Ao menos para as concentrações utilizadas,
não foi verificada nenhuma atividade. Desta forma, seria necessário realizar
novos testes, com outras concentrações, para assegurar de fato a atividade
antimicrobiana dos extratos de cascas de E. uchi.
O ensaio do trânsito intestinal em camundongos demonstrou que houve
uma pequena redução na distância percorrida pelo carvão ativo nos animais
após administração do extrato decocção 20% (m/v), obtido de cascas
pulverizadas de E. uchi, quando comparados com o controle negativo (solução
fisiológica). Porém, segundo o teste t de Student realizado, o valor de distância
percorrida pelo carvão ativo encontrado na amostra não é significativamente
diferente do valor encontrado para o controle. Assim sendo, não podemos
concluir que o extrato aplicado tenha alterado a motilidade intestinal dos
animais. Uma possibilidade alternativa seria testar frações dos extratos, em
busca de um resultado mais satisfatório.
Nos testes de toxicidade oral aguda em camundongos os resultados não
revelaram sinais de toxicidade sistêmica com a administração do extrato obtido
107 DISCUSSÃO
por decocção 20% (m/v). Não foram observadas mortes, tampouco alterações
fisiológicas ou comportamentais em nenhum dos animais. Os resultados
caracterizam o extrato de cascas de Endopleura uchi como pouco tóxico,
conforme Larini (1987), que classifica os agentes tóxicos via oral como
extremamente tóxicos (DL
50
igual ou inferior a 25 mg/kg), altamente tóxicos
(DL
50
entre 100 e 500 mg/kg), mediamente tóxicos (DL
50
entre 500 e 2000
mg/kg) e pouco tóxicos (DL
50
acima de 2000 mg/kg).
Na avaliação de citotoxicidade em células fibroblásticas da córnea de
coelho da linhagem SIRC CCL-60, nenhum dos extratos avaliados mostraram-
se tóxicos, sendo que todos os valores, em porcentagem, de sobrevivência das
células foi 100%. Assim sendo, o IC
50
para os extratos utilizados é maior que a
maior concentração testada (2 mg/mL).
108 CONCLUSÕES
7. CONCLUSÕES
Uma vez que nenhum estudo de controle de qualidade fora feito com
cascas de E. uchi, os resultados obtidos em nosso trabalho conferem um
padrão para eventuais pesquisas futuras.
A triagem fitoquímica revelou a presença de três classes de metabólitos
secundários predominates: taninos, cumarinas e saponinas, embora a
importância da droga como agente fitoterápico ao menos em nosso trabalho
esteja voltada para o estudo dos primeiros. Aqui cabe ressaltar que, apesar
de enfocarmos esta classe, sabemos que o principal marcador do uchi
amarelo é uma isocumarina, a bergenina. Porém, não foi a intenção trabalhar
com composto isolado, mas sim com extratos, sobretudo considerando-se
que o uso popular é basicamente voltado ao consumo de chás.
A análise microscópica comparativa comprovou que as amostras
utilizadas em nosso trabalho são de fato cascas de Endopleura uchi.
O doseamento de taninos totais de todos os extratos revelou que o
processo mais eficaz em extração foi a percolação 10% (m/v), embora em
termos de rendimento bruto, o melhor extrato tenha sido a percolação 20%
(m/v).
A análise cromatográfica dos extratos revelou a presença dos principais
marcadores utilizados, a bergenina e o ácido gálico, sendo que este último
confirma que os extratos possuem taninos em sua constituição.
Dos extratos escolhidos para os testes antimicrobianos, nenhum
apresentou atividade inibitória de crescimento satisfatória; mesmo os que
109 CONCLUSÕES
apresentaram, não foram efetivos na determinação da concentração inibitória
mínima.
O ensaio de trânsito intestinal em camundongos, executado com o
extrato decocção 20% (m/v), não apresentou alterações significativas de
motilidade do carvão ativo.
No teste de toxicidade oral aguda em camundongos, executado também
com o extrato decocção 20% (m/v), os animais não apresentaram quaisquer
sinais de alterações fisiológicas ou comportamentais, tampouco ocorreram
mortes. Assim, para a concentração testada, o extrato o apresentou traços
de toxicidade.
As análises de citotoxicidade indicaram que todos os extratos testados
apresentaram IC
50
maior que a maior concentração aplicada, indicando assim,
que não conferem riscos de consumo.
110 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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