(variando de 35,1 a 48,4%) em doadores de sangue e em pacientes maiores de 10
anos é consistente com o conceito segundo o qual a maioria das infecções primárias
pelo HBV são transmitidas, quer no perinatal ou horizontalmente antes dos 10 anos.
Neste estudo a prevalência do anti-HBc variou de 73,3 a 86,7% e a do anti-HBs
variou de 32,0 a 40,0% e não incluiu grupos etários menores de 18 anos, pelo que é
dificil inferir se essa seria a via de transmissão do HBV na população estudada.
Alguns estudos sugerem que as elevadas taxas de anti-HBs na idade adulta
possam ser também o reflexo de reexposição ao HBV na idade adulta, pela via
sexual ou outras, incluindo transfusões (ALLAIN et al., 2003). Esta é uma
possibilidade que não pode ser descartada neste estudo, quando se observam as
elevadas taxas de anti-HBs na idade adulta, embora não se tenha verificado a
associação com os fatores de risco compatíveis (múltiplos parceiros, uso de
preservativos, etc).
Como marcador isolado indicativo de antecedente de resposta vacinal, o
anti-HBs foi observado em 2,9% de indivíduos, uma taxa inferior à encontrada na
população de Mucusso do sul de Angola (6,6%) (STEELE et al., 1996).
A presença do marcador anti-HBc isolado foi observada em 27,5% da
população estudada, caracterizando infecção residual. A presença isolada do anti-
HBc na ausência de HBsAg e anti-HBs foi reportada somente em 4,6% dos
indivíduos investigados por STEELE e colaboradores, (1996). A taxa observada é
semelhante à que tem sido observada em 22% de doadores de sangue em áreas de
alta endemicidade (CHUNG et al., 1992).
O HBsAg, marcador de infecção presente e atual, foi detectado em 14,9%
dos participantes, sendo considerada uma taxa característica de áreas de alta
endemicidade. Taxas similares, que classificam o país como região de elevada
endemicidade foram detectadas em 10% de gestantes da Província de Luanda
(STRAUSS et al., 2003), em 12,8% da população estudada no Mucusso (STEELE et
al., 1996), em 9,6% de doadores de sangue e 8,9% de gestantes do Kuito, Província
do Bié, em Angola (BAIAO, 2008). A taxa observada é similar à encontrada em
alguns países do continente africano. Na Tunísia, por exemplo, as taxas de
prevalência podem atingir 13,3% nas regiões sul e central (TRIKI et al., 1997). Bos e
colaboradores, (1995), encontraram uma prevalência de 13,2% na coorte de
refugiados de Moçambique.
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