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NEWLLER MARCELO KIMURA
Estudos de Parâmetros de Ordem e Não-linear em Fases
Nemáticas Liotrópicas.
Orientador: Prof. Dr. Antonio José Palangana
.
Tese apresentada à
Pós-
Graduação em Física da
Universidade Estadu
al de Maringá
Para a Obtenção do título de Doutor em Física
Maringá
Março de 2008
UNIVERSIDADE
ESTADUAL DE MARINGÁ
PÓS-GRADUAÇÃO EM FÍSICA
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
PÓS-GRADUAÇÃO EM FÍSICA
Newller Marcelo Kimura
Estudos de Parâmetros de Ordem e Não-linear em Fases
Nemáticas Liotrópicas.
Tese apresentada à
Pós-
Graduação em Física da
Universidade Estadual de Maringá
P
Orientador: Prof. Dr. Antonio José Palangana
Banca Examinadora:
Prof. Dr. Antonio José Palangana - UEM/PR (Orientador)
Prof. Dra. Suhaila Maluf Shibli – USP/SP
Prof. Dr. Ivan Helmuth Bechtold – UFSC/SC
Prof. Dr. Paulo Ricardo Garcia Fernandes – UEM/PR
Prof. Dr. Ronaldo Celso Viscovini – UEM/PR
Maringá
Março - 2008
ads:
i
Agradecimentos
Meus sinceros agradecimentos:
Ao Prof. Dr. Antonio José Palangana
Prof. Dr. Antonio José PalanganaProf. Dr. Antonio José Palangana
Prof. Dr. Antonio José Palangana pela orientação do trabalho bem
como por todo o apoio, incentivo e conhecimento que me foram
transmitidos.
Ao Prof. Dr. Sergio Leonardo Gomes
Prof. Dr. Sergio Leonardo GomesProf. Dr. Sergio Leonardo Gomes
Prof. Dr. Sergio Leonardo Gomes por toda ajuda na implantação da
técnica de varredura-Z no laboratório de cristais líquidos da UEM.
Ao Prof. Dr. Paulo Ricardo Garcia Fernandes
Prof. Dr. Paulo Ricardo Garcia FernandesProf. Dr. Paulo Ricardo Garcia Fernandes
Prof. Dr. Paulo Ricardo Garcia Fernandes por todo incentivo e
conhecimento que me foram transmitidos.
Ao Prof. Dr.
Prof. Dr. Prof. Dr.
Prof. Dr. Manoel Simões
Manoel Simões Manoel Simões
Manoel Simões por todo
conhecimento que me foram
transmitidos.
Ao Prof. Dr. Ronaldo C
Prof. Dr. Ronaldo CProf. Dr. Ronaldo C
Prof. Dr. Ronaldo Celso
elsoelso
elso Viscovini
Viscovini Viscovini
Viscovini por todo incentivo e
conhecimento que me foram transmitidos.
Ao Prof. Msc. Perseu Ângelo Santoro
Prof. Msc. Perseu Ângelo SantoroProf. Msc. Perseu Ângelo Santoro
Prof. Msc. Perseu Ângelo Santoro pelo suporte e manutenção dos
equipamentos, assim como na síntese do Laurato de Potássio.
Agradecimentos
ii
A todos os companheiros do Laboratório de Cristais Líquidos da UEM,
em especial ao Anderson Reginaldo Sampaio
Anderson Reginaldo SampaioAnderson Reginaldo Sampaio
Anderson Reginaldo Sampaio, pela ajuda nas medidas
realizadas.
A todos os companheiros de estudos, em especial Alcir Nunes Rosa e
Alcir Nunes Rosa e Alcir Nunes Rosa e
Alcir Nunes Rosa e
Nilson E. S. Filho.
Nilson E. S. Filho.Nilson E. S. Filho.
Nilson E. S. Filho.
Ao Marcos
MarcosMarcos
Marcos A. Moleiro
A. MoleiroA. Moleiro
A. Moleiro pela ajuda no programa de aquisição de dados.
Ao Marco A. Carvalho
Marco A. CarvalhoMarco A. Carvalho
Marco A. Carvalho pelo suporte em informática.
Aos membros da oficina mecânica do Departamento de Física da UEM,
pela fabricação das peças utilizadas no trabalho.
Aos meus pais Luis e Luci
Luis e LuciLuis e Luci
Luis e Luci por todo o apoio e incentivo que me foram
transmitidos.
A todos que contribuíram direta ou indiretamente para a realização do
trabalho.
Ao CNPq, PADCT e a Capes pela ajuda financeira.
iii
Resumo
No presente trabalho estudaremos, inicialmente, a transição de fase isotrópica
reentrante nemática discótica (N
D
) através de análise digital de texturas e
refratometria óptica. Os parâmetros ópticos, índices de refração ordinário e
extraordinário, obtidos neste estudo permitiram com base na equação de Vuks,
determinar a refratividade molar no domínio da fase N
D
e nas proximidades de sua
respectiva transição para as fases isotrópicas. Em seguida, a transição de fase
isotrópica reentrante nemática calamítica (N
C
) é investigada e, neste contexto,
foi determinado o parâmetro de ordem macroscópico orientacional em um ponto
particular do domínio da fase N
C
, onde a birrefringência óptica assume um valor
máximo. Num segundo momento, o índice de refração não linear e difusividade
térmica foram determinados nas fases nemáticas liotrópicas uniaxiais via técnica
de varredura-Z na concepção de um modelo de lente térmica. Esta investigação
possibilitou determinar a anisotropia do índice de refração não-linear e difusividade
térmica que é positiva (negativa) na fase N
D
(N
C
) e positiva (negativa) na fase
N
C
(N
D
), respectivamente. Estes resultados são analisados e discutidos em termos
da variação das dimensões dos objetos micelares e comparados com outros
dados existentes na literatura líquida cristalina.
iv
Abstract
In this work the reentrant isotropic – discotic nematic phase (N
D
) transition is
initially studied through the digital analysis of textures and optical refractometry.
The optical parameters, ordinary and extraordinary refractive indices, obtained in
this study allowed, based on the Vuks equation, the determination of the molar
refractivity in the domains of the N
D
phase and in the vicinity of its respective
transition to the isotropic phases. Near, the reentrant isotropic calamitic nematic
phase (N
C
) transition is investigated and in this context the macroscopic
orientational order parameter was determined in a particular point of the domain of
the N
C
phase, where the optical birefringence takes a maximum value. On a
second moment, the parameters non-linear refractive index and thermal
diffusivity were determined in the uniaxial lyotropic nematic phases through the
Z-scan technique in the conception of a model of thermal lens. This investigation
enabled the determination of the anisotropy of non-linear refractive index and
thermal diffusivity, which is positive (negative) in the N
D
(N
C
) phase and positive
(negative) in the N
C
(N
D
) phase, respectively. The results are analyzed and
discussed in terms of the variation in the dimensions of micellar objects and
compared to other data existing in liquid crystals literature.
v
Índice
Agradecimentos ............................................................................................ i
Resumo .......................................................................................................... iii
Abstract ......................................................................................................... iv
C A P .
C A P .C A P .
C A P . 1
1 1
1
I N T R O D U Ç Ã O
I N T R O D U Ç Ã O I N T R O D U Ç Ã O
I N T R O D U Ç Ã O
1
1 1
1
1.1 – Cristais líquidos .........................................................................................1
1.1.1 - Cristais líquidos Termotrópicos ..................................................... 2
1.1.2 - Cristais líquidos Liotrópicos .......................................................... 5
1.2 – Parâmetro de Ordem ................................................................................ 7
1.3 – Óptica não-linear ...................................................................................... 9
1.4 – Objetivos .................................................................................................. 10
1.5 – Referências ..............................................................................................13
Índice
vi
C A P .
C A P .C A P .
C A P . 2
2 2
2
F U N D A M E N T A Ç Ã O T E Ó R I
F U N D A M E N T A Ç Ã O T E Ó R I F U N D A M E N T A Ç Ã O T E Ó R I
F U N D A M E N T A Ç Ã O T E Ó R I C A
C AC A
C A
1
11
1 4
44
4
2.1 – Equações de Maxwell ............................................................................. 14
2.2 – Interação de luz com a Matéria .............................................................. 19
2.3 – Oscilador Harmônico de Lorentz ............................................................ 21
2.4 – Índice de Refração Complexo ................................................................ 23
2.5 – Equações de Clausius-Mossotti ............................................................. 26
2.6 – Equação de Vuks e parâmetro de ordem .............................................. 29
2.7 – Óptica não-linear ..................................................................................... 33
2.7.1 – Efeito Eletro-óptico ..................................................................... 33
2.7.1.a – Efeito Kerr ..................................................................... 47
2.7.1.b – Efeito Auto modulação de fase .................................... 48
2.7.1.c – Auto focalização ........................................................... 49
2.7.2 – Efeitos térmicos .......................................................................... 50
2.8 – Técnica de varredura-Z ......................................................................... 51
2.9 – Técnica de varredura-Z com resolução temporal ................................ 54
2.10 – Modelos teóricos .................................................................................. 56
2.10.1 – Modelo de Sheik-Bahae ............................................................. 58
2.10.2 – Modelo de lente térmica ........................................................... 60
2.11 – Referências ........................................................................................... 64
C A P .
C A P .C A P .
C A P . 3
3 3
3
T É C N I C A S E A R R A N J O E
T É C N I C A S E A R R A N J O ET É C N I C A S E A R R A N J O E
T É C N I C A S E A R R A N J O E X P E R I M E N T A L
X P E R I M E N T A L X P E R I M E N T A L
X P E R I M E N T A L 6
6 6
6 6
66
6
3.1 – Microscopia óptica de luz polarizada .................................................... 66
3.1.1 – Análise digital de texturas .......................................................... 68
3.2 – Refratometria ......................................................................................... 71
3.3 – Técnica de varredura-z com resolução temporal ................................. 74
3.4 – Amostras ................................................................................................ 78
3.4.1 – Diagrama de Fases ...................................................................... 79
3.4.2 – Controle de Temperatura e Acondicionamento .......................... 81
3.4.4 – Orientação ................................................................................... 82
3.5 – Referências ............................................................................................. 86
Índice
vii
C A P .
C A P .C A P .
C A P . 4
4 4
4
R E S U L T A D O S E D I S C U S S
R E S U L T A D O S E D I S C U S SR E S U L T A D O S E D I S C U S S
R E S U L T A D O S E D I S C U S S Õ E S
Õ E SÕ E S
Õ E S
8
88
8 7
77
7
4.1 – Análise digital de texturas ..................................................................... 87
4.2 – Índice de refração ................................................................................... 90
4.1.1 – Índice de Refração Fase I
RE
N
D
I ............................................. 90
4.1.2 – Índice de Refração Fase I
RE
N
C
I ............................................. 92
4.3 – Refratividade Molar ................................................................................ 95
4.4 – Parâmetro de ordem ............................................................................... 96
4.5 – Expoente crítico ...................................................................................... 97
4.6 – Técnica de Z-scan ................................................................................. 101
4.6.1 – Índice de Refração não-linear .................................................... 101
4.6.2 – Difusividade Térmica ..................................................................104
4.6.3 – Índice de refração não-linear e difusividade térmica em função
da temperatura ...................................................................................... 105
4.7 – Referências ............................................................................................107
C A P . 5
C A P . 5 C A P . 5
C A P . 5
C O N C L U S Õ E S
C O N C L U S Õ E S C O N C L U S Õ E S
C O N C L U S Õ E S
1 0
1 01 0
1 0 8
88
8
A P Ê N D I C E S
A P Ê N D I C E SA P Ê N D I C E S
A P Ê N D I C E S
Apêndice A – Perfil Gaussiano ...................................................................... 111
Apêndice B – Artigos publicados .................................................................. 117
1
Cap.1 - Introdução
1.1 - Cristais Líquidos
Os cristais líquidos foram observados pela primeira vez pelo botânico austríaco F.
Reinitzer em 1888
1
. Ele observou a existência de dois pontos de fusão no
benzoato de colesterila. Com o aumento da temperatura, a amostra da fase sólida
transitava para um líquido turvo; em seguida, o material mudava de fase
novamente, mas desta vez, para um líquido transparente. O físico alemão Otto
Lehmann estudou, com o auxílio de um microscópio equipado com um polarizador
e uma platina de aquecimento, amostras enviadas por F.Reinitzer. Verificou-se
que na fase em que o líquido era turvo, a substância era um líquido homogêneo,
mas que o seu comportamento na presença de uma luz polarizada era semelhante
ao comportamento de um cristal. Esta observação deu origem à denominação
"Cristal Líquido".
Destacamos os cristais líquidos como objeto de numerosas pesquisas tanto
básicas como tecnológicas. Podendo ser encontrado entre o sólido cristalino e o
líquido isotrópico, o cristal líquido é considerado um estado intermediário da
matéria. Esse estado pode ser chamado de mesofase ou fase mesomórfica
2
. Os
cristais líquidos podem fluir como um líquido ordinário e apresentam anisotropias
em suas propriedades ópticas, elétricas e magnéticas similares aos sólidos
Cap.1 – Introdução 2
cristalinos. Os cristais líquidos são divididos em dois grandes grupos: os
termotrópicos e os liotrópicos
3,
4
.
1.1.1 - Cristais Líquidos Termotrópicos
Os cristais líquidos termotrópicos são constituídos de moléculas anisométricas,
longas e estreitas ou também em forma de discos. Os parâmetros relevantes nas
transições de fase são fundamentalmente a temperatura e a pressão. Estes
materiais foram classificados em 1922, por G. Friedel, de acordo com suas
propriedades estruturais e ordem molecular, em três classes: esméticos,
nemáticos e colestéricos
2
. As moléculas dos cristais líquidos termotrópicos
nemáticos possuem uma ordem orientacional de longo alcance sem a existência
de ordem translacional de longo alcance. Em geral, suas moléculas são
alongadas, o que permite aproximá-las por bastões rígidos, conforme figura 1.1
(a). Orientam-se com seu eixo de simetria, quase que paralelos uns aos outros em
uma direção dia. Essa direção dia de orientação das moléculas caracteriza
a fase como uniaxial e fortemente birrefringente. A orientação das moléculas pode
ser induzida por efeito de parede
5
6
ou por meio de campos aplicados
7
. A
representação da orientação dia das moléculas é expressa pelo vetor unitário
n
r
, denominado diretor.
Os cristais líquidos colestéricos são constituídos em uma configuração de planos
nemáticos com alteração na direção de orientação do diretor
n
r
. Essas fases
possuem uma helicidade com o eixo da hélice numa direção normal à direção de
orientação das moléculas. A helicidade de um cristal quido colestérico é
representada pelo passo da hélice, ilustrado na figura 1.1 (b). Assim, a fase
nemática é uma fase colestérica de passo infinito. As moléculas nesta fase
apresentam atividades ópticas e a estrutura helicoidal pode ser levógira ou
dextrógira
2
.
Cap.1 – Introdução 3
Figura 1.1 Representação do arranjo molecular em cristais líquidos, (a) Fase
nemática composta de moléculas alongadas, (b) fase colestérica, apresentando
mudança (rotação) na direção do diretor, (c) fase A (esmética A). O vetor unitário
n (diretor) indica a direção preferencial das moléculas.
Os cristais líquidos esméticos são subdivididos em A, B e C entre outros, pois são
materiais que apresentam um grau de ordenamento translacional em suas
camadas. Devido a isso, sua viscosidade é maior em relação à fase nemática. As
mesofases do tipo A possuem moléculas alinhadas com seus centros de massa
espaçados de forma irregular no interior da camada como vemos na figura 1.1 (c).
A mesofase do tipo esmética B não possui grande fluidez, pois seus centros
moleculares, em cada camada, estão organizados em volumes de correlação com
ordem hexagonal
2
. Os esméticos do tipo C são semelhantes ao esmético A,
porém com as moléculas inclinadas em relação às camadas. Além das fases
líquido cristalinas mencionadas anteriormente existem muitas outras, como:
colunares, bicas hexagonais, dentre outras
4,
5
. Existem estudos recentes em
uma nova fase, formada por moléculas em forma de banana (figura 1.2 (d)) que,
apesar de serem moléculas não-quirais, formam domínios macroscópicos quirais
Cap.1 – Introdução 4
que permitem a obtenção de estados ferroelétricos com a aplicação de campos
externos
8,
9
. Os cristais líquidos poliméricos (PLCs “Polymeric Liquid Crystals”)
são uma classe dos materiais que combinam as propriedades dos polímeros com
as dos cristais líquidos. Estes "híbridos" mostram as mesofases características
dos cristais líquidos ordinários, contudo mantêm muitas das propriedades úteis e
versáteis dos polímeros possibilitando, por exemplo, a construção de displays
flexíveis.
Figura 1.2 – Moléculas termotrópicas. (a) n-(p-metoxibenzilideno)-p-butilanilina
(MBBA), (b) p-azoxianizol (PAA), (c) discótica e (d) tipo banana.
Em geral, as substâncias que o origem a cristais líquidos termotrópicos
apresentam mais de uma fase quando passam do estado sólido para o estado
líquido. Uma seqüência, normalmente observada, é: sólida cristalina esmética
nemática ou colestérica isotrópica. Os cristais líquidos termotrópicos são de
Cap.1 – Introdução 5
interesse tanto para pesquisa básica quanto para pesquisa aplicada como, por
exemplo, em displays, sensores de temperatura, entre outros.
1.1.2 - Cristais Líquidos Liotrópicos:
As primeiras observações de cristais líquidos liotrópicos foram feitas em 1854 por
R. Virchow (médico e cientista) em estudos da mielina (camada que reveste o
neurônio). Posteriormente, em 1950, Elliott e Ambrose observaram a formação de
uma fase líquida birrefringente se dissolvendo poli-y-benzil-L-glutamato (PBLG)
em clorofórmio. Estes sistemas são compostos por dois ou mais constituintes, ou
seja, misturas de surfactantes em solvente, em geral a água. Os surfactantes têm
como característica comum serem constituídos por moléculas anfifílicas, que
possuem uma parte polar (afinidade a água) ligada a uma cadeia carbônica apolar
(afinidade a óleo). Usualmente pode-se dizer que estas moléculas são formadas
por uma cabeça polar e uma cauda carbônica. Nessas misturas liotrópicas de
moléculas anfifílicas, acima de uma concentração chamada concentração micelar
crítica, formam-se aglomerados de moléculas que podem assumir formas e
dimensões diferentes, chamadas micelas
2,
10
. Se utilizarmos solventes não-
polares, serão formadas as chamadas micelas reversas, onde a cauda fica na
parte exterior em contato com o solvente e a cabeça polar no interior.
As transições de fase em cristais líquidos liotrópicos são caracterizadas pela
temperatura, concentração e pressão. As micelas podem assumir várias formas e
dimensões dependendo da concentração da mistura e da temperatura. As fases
liotrópicas mais estudadas têm sido as nemáticas uniaxiais discótica e calamítica,
nemática biaxial e as respectivas fases colestéricas, lamelares, hexagonais. A
fase nemática geralmente é formada por micelas com o formato discótico ou
cilíndrico usualmente conhecidas como nemático discótico (N
D
) e nemático
cilíndrico (N
C
) as quais podem ser observadas na figura 1.3 (a) e (b),
respectivamente. A existência da mesofase nemática biaxial (N
B
) foi
experimentalmente reportada em um trabalho marcante da literatura sobre cristais
Cap.1 – Introdução 6
líquidos pelo grupo de A. Saupe (Kent - USA) na década de 80. Posteriormente,
nemáticos biaxiais foram também observados em sistemas termotrópicos
poliméricos com peso molecular baixo
11
. As fases lamelares (L) apresentam suas
moléculas dispostas em camadas contendo água entre as camadas adjacentes,
formando uma estrutura muito semelhante àquela das membranas biológicas
(figura 1.3 (c)). A fase hexagonal também é formada por micelas cilíndricas, de
comprimento indefinido, arranjadas paralelamente umas às outras em uma
disposição hexagonal no espaço.
A importância dos liotrópicos deve-se a pesquisas de caráter fundamental onde,
por exemplo, investiga-se a estrutura micelar, a termodinâmica de transições de
fase dentre outros parâmetros, além de algumas aplicações práticas. Um fator
importante é o aspecto multidisciplinar em áreas como a biologia, devido à
similaridade que estas fases liotrópicas têm com a membrana celular e estruturas
no interior da célula
10
.
Figura (1.3) – Ilustração de uma molécula anfifílica e sua disposição em fases
liotrópicas: (a) micela discótica, (b) micela cilíndrica e (c) fase lamelar.
A fase isotrópica de um cristal líquido não apresenta ordem orientacional de longo
alcance. Portanto, esta é uma fase onde a birrefringência (
n
) é nula. Embora a
Cap.1 – Introdução 7
fase isotrópica apresente
0
=
n
é possível induzir uma birrefringência não nula
utilizando gradientes de velocidade no interior dessa fase. Tal fato foi verificado
experimentalmente em ambos os sistemas líquidos cristalinos
12,
13
.
Segundo W. Maier e A. Saupe
14
, a fase isotrópica em termotrópicos é esperada
somente em altas temperaturas, pois, com o aumento da entropia, a fase
ordenada (nemática) tende para um estado de desordem diminuindo assim a
simetria e originando tais fases (fase isotrópica). Por outro lado, diagramas de
fases obtidos a partir de misturas de laurato de potássio (LK), decanol (DeOH) e
água deuterada (D
2
O), mostram claramente a ocorrência de uma fase isotrópica
(reentrante) em baixa temperatura. A existência da mencionada fase isotrópica é
creditada a variação térmica da anisotropia de forma da micela
15
. As transições
nemáticas uniaxiais para as respectivas fases isotrópica reentrante e isotrópica
são objetos de investigação do presente trabalho.
1.2 – Parâmetro de Ordem
A direção média de orientação do eixo maior da molécula (micela) é chamada de
vetor diretor (
n
ˆ
), e o ângulo formado entre o diretor e o eixo maior de cada
molécula é definido como
θ
como podemos ver na figura 1.4. Na fase isotrópica o
ângulo θ varia entre 0º e 9representando todas as possíveis direções de um
arranjo aleatório.
figura 1.4 - Ilustração do ângulo formado entre o diretor e o eixo maior da
Cap.1 – Introdução 8
molécula (micela) do cristal líquido.
Em 1942 V. Tsevtkov definiu o parâmetro de ordem microscópio orientacional (S)
de maneira a quantificar a ordem presente nos cristais líquidos nemáticos, sendo
dado pela equação (1.1):
1cos3
2
1
2
=
θ
S (1.1)
Quando as moléculas da fase nemática estão totalmente alinhadas temos
1
=
S
, e
quando as moléculas estão distribuídas aleatoriamente (fase isotrópica) temos o
valor médio
3/1cos
2
=
θ
e neste caso
0
=
S
. A figura 1.5 mostra o
comportamento do parâmetro de ordem em função da temperatura para uma
típica fase nemática termotrópica. Os valores usuais de S variam entre 0,3 e 0,9.
Note que S varia descontinuamente nas proximidades da temperatura de transição
nemática isotrópica (T
NI
), definindo a referida transição como sendo de primeira
ordem.
Figura 1.5 - Variação do parâmetro de ordem S com a temperatura. T
NI
representa a temperatura de transição para a fase isotrópica.
Cap.1 – Introdução 9
A ordem orientacional em um cristal líquido nemático pode ser expressa pelo
parâmetro de ordem escalar
S
(microscópico) ou pelos invariantes do tensor
parâmetro de ordem,
Q
t
(macroscópico). Do ponto de vista macroscópico, o
estudo da birrefringência óptica e a anisotropia de susceptibilidade diamagnética
são parâmetros de interesse, em particular, nas proximidades da transição
nemática isotrópica. É importante ressaltar que, segundo nosso conhecimento,
até o presente momento, o referido parâmetro tem sido pouco investigado em
sistemas liotrópicos e em particular em misturas com a presença da fase
isotrópica reentrante.
1.3 – Óptica não-linear
A óptica não-linear é um ramo da óptica que estuda a resposta não-linear de um
meio à radiação eletromagnética. Somente a partir da demonstração do primeiro
laser em 1960, os efeitos não-lineares foram observados, levando em
consideração que a luz intensa pode provocar alterações nas propriedades (Índice
de refração linear ou coeficiente de absorção) de alguns materiais, quando isso
acontece as alterações do mesmo afetam a própria propagação da luz de maneira
não-linear. P. Franken e colaboradores iniciaram os primeiros estudos em óptica
não-linear com a observação de um segundo harmônico gerado na incidência de
um laser em cristais de quartzo
16
. A incidência de luz intensa induz uma
polarização não-linear no meio agindo como fonte, o que modifica os campos
ópticos de forma não-linear. A primeira parte desse processo é governada pelas
equações construtivas e pelas equações de Maxwell. A maior parte dos efeitos
ópticos não-lineares podem ser descritas em termos da teoria eletrodinâmica
clássica, com suscetibilidades não-lineares incluídas nas relações construtivas,
que relacionam a polarização elétrica com as amplitudes dos campos
eletromagnéticos.
Os primeiros estudos de propriedades ópticas não-lineares em cristais quidos
foram realizados no início da década de 80. As investigações, inicialmente, se
Cap.1 – Introdução 10
deram na fase isotrópica, com ênfase nas temperaturas próximas à transição com
a fase nemática. Nas proximidades da transição com uma mesofase, acontece o
aumento da correlação molecular, aumentando a resposta óptica não-linear. Em
meios anisotrópicos, ocorria uma limitação experimental que era a dificuldade de
orientação da amostra com espessura maior que 100
m
µ
. Lembrando que a
amplitude dos efeitos não-lineares é proporcional à espessura da amostra, no
caso de amostras muito finas a observação da resposta não-linear torna-se difícil.
Por este motivo poucos trabalhos foram realizados antes da década de 80.
Houve maior interesse pela óptica não-linear após o descobrimento de uma
grande não-linearidade devido a um processo de reorientação coletiva, em cristais
líquidos nemáticos. Este fato mostra que um campo óptico atua sobre o diretor do
cristal líquido de maneira muito similar a um campo elétrico de baixa freqüência,
gerando um efeito não-linear intenso devido à mudança induzida opticamente no
índice de refração. Outros aspectos da interação de um feixe laser com o cristal
líquido que produzem uma intensa resposta óptica não-linear são de origem
térmica. O primeiro estudo via espectroscopia de lente térmica, em nemáticos
liotrópicos na fase calamítica, foi realizado na década de 90 e neste contexto
serão discutidos, provavelmente, os primeiros resultados para a fase nemática
discótica com ênfase sobre o índice de refração não-linear e difusividade térmica.
1.4 – Objetivos
A investigação experimental em cristal líquido passa pela microscopia óptica de
luz polarizada direcionada à identificação e caracterização de texturas de
diferentes fases líquido-cristalinas em particular nas proximidades de suas
respectivas transições. A textura retrata a simetria macroscópica da fase, bem
como as singularidades topológicas do diretor, em geral imposta pela superfície do
porta amostra e/ou pela interação com campos externos. Uma análise cuidadosa
das texturas permite, em muitos casos, além de identificar a fase em si,
caracterizar também a direção local do diretor através do posicionamento
Cap.1 – Introdução 11
adequado dos polarizadores. Estas considerações encontram-se em ressonância,
em especial, nas fases nemáticas liotrópicas.
A identificação, via observações microscópicas, de texturas nas proximidades das
transições de fases I
Re
N
D
I exige uma atenção especial. A fase N
D
se orienta
na presença de campo magnético com o diretor da fase perpendicular à direção
do campo aplicado e também por efeitos da superfície do porta-amostra
orientação homeotrópica. Durante observações microscópicas da referida fase, a
textura “schlieren” se transforma, lentamente, em uma textura “pseudoisotrópica”.
Este é exatamente um aspecto da presente investigação realizada através de um
método de processamento de análise digital de texturas de alta sensibilidade. O
método foi introduzido, inicialmente em cristal líquido termotrópico, por A.Strigazi e
colaboradores
17
e se mostrou sensível na caracterização de transição entre fases
nemáticas termotrópicas e mais recentemente em sistemas liotrópicos.
Objetivamos tambem determinar os índices de refração das fases nemáticas
uniaxiais e suas respectivas transições para as fases isotrópica e isotrópica
reentrante. A caracterização das fases nemáticas uniaxiais N
C
e N
D
, do ponto de
vista da óptica linear, requer medidas dos índices de refração extraordinário (
||
n
) /
ordinário (
n ). A refratometria de Abbe fundamentada na reflexão interna da luz
na interface entre a amostra nemática e a superfície do prisma do refratômetro
tem sido muito utilizada na determinação direta dos mencionados índices. Eles
correspondem à direção de polarização da luz incidente paralela / perpendicular
ao eixo óptico (diretor
n
ˆ
) das respectivas fases, característica de um meio
birrefringente. O interesse no estudo destes índices encontra ressonância nos
fundamentos da ordem orientacional da fase nemática, visto que a diferença entre
eles define birrefringência óptica (
= nnn
||
). Trata-se de um parâmetro de
ordem macroscópico relevante do meio líquido cristalino, uma vez que se
relaciona com o parâmetro de ordem microscópico
18,
19
da fase nemática. Desta
forma, pretende-se determinar, à luz da equação de Vuks, os parâmetros
Cap.1 – Introdução 12
refratividade molar e de ordem orientacional macroscópico nas regiões de
interesse ao longo das fases nemática discótica e calamítica, respectivamente.
O estudo do índice de refração não-linear e da difusividade térmica é parte
integrante dos objetivos do presente trabalho. Tais parâmetros serão
determinados assim como as suas respectivas anisotropias através da técnica de
varredura-Z, implementada em nosso laboratório para tal finalidade, nas referidas
fases nemáticas uniaxiais com atenção especial voltada para a fase nemática
discótica. Os resultados serão discutidos no contexto da variação de anisotropia
de forma das micelas.
No capítulo 2, abordamos toda a fundamentação teórica do trabalho. No capítulo
3, apresentamos as técnicas / arranjos experimentais utilizados no presente
trabalho assim como as amostras líquido cristalinas estudadas. No capítulo 4
apresentamos e discutimos os resultados experimentais. O capítulo 5 é destinado
às conclusões do trabalho e possíveis perspectivas de continuidade para outros
fluidos complexos. No apêndice A, temos uma breve fundamentação sobre o perfil
gaussiano do laser e no apêndice B anexamos os trabalhos publicados e
submetido relacionados com a problemática de investigação aqui apresentada.
Cap.1 – Introdução 13
1.5 - Referências
1
F. Reinitzer, Mh. Chem. 9, 421 (1888).
2
S. Chandrasekhar, “Liquid Crystals., Cambrige University Press, (1980).
3
E.B. Priestley, “Introduction to Liquid Crystals”, Plenum Press, New York, (1979).
4
P. G. de Gennes, “The Physics of Liquid Crystals”, 2
nd
ed., Clarendon, Oxford,
(1993).
5
T. T. Sluckin, Phys.Rev.Lett. 55, 1681 (1985).
6
R. Barbieri and G.Durand, Phys.Rev.A, 41, 2207 (1990).
7
E. A. Oliveira, A. M. Figueiredo Neto and G. Durand, Phys.Rev.A, 44, R825,
(1991).
8
T. Niori, T. Sekine, J. Watanabe, T. Furukawa and H. Takezoe, J. Mater.
Chem. 6, 1231 (1996)
9
G. Heppke and D. Moro, Science, 279, 1872 (1998).
10
G.H. Brown and J.J. Wolken, “Liquid Crystals and Biological Structures”,
Academic Press, N. York (1979).
11
L. J. Yu and A. Saupe. Phys. Rev. Lett. 45 , 1000 (1980).
12
P. Martinoty, S. Candau and J. Debeuvais, Phys. Rev. Lett. 27, 1123 (1971).
13
P. R. G. Fernandes, N. M. Kimura and J. N. Maki, Mol. Cryst. Liq. Cryst. 421,
243 (2004).
14
W. Maier and A. Saupe, Z. Naturtorschg, vol 14a, 882, (1959) and Vol 15a, 287
(1960).
15
M. J. Oliveira and A. M. Figueiredo Neto, Phys. Rev. A. 34, 3481 (1986).
16
P. A. Franken, G. Weinreich and C. W. Peters, Phys. Rev. Lett. 7,118 (1961).
17
B. Montrucchio, A. Sparavigna and A. Strigazzi, Liq.Cryst. 24, 841 (1998).
18
I.Haller, Prog. Solid-State Chem. 10, 103 (1975).
19
T. Beica, R. Maldovan, M. Tintaru, I. Enache and S. Frunza, Cryst. Res.
Technol. 39, 151 (2004)
14
Cap.2 - Fundamentação Teórica
2.1 - Equações de Maxwell
Os estudos da eletricidade e do magnetismo como um todo, levaram à formação
de uma teoria e um formalismo matemático que integra ambos os campos. Não
podemos falar em um campo elétrico sem levar em conta que suas variações
provocam um campo magnético. Da mesma forma a variação de um campo
magnético provoca um campo elétrico.
O campo eletromagnético foi descrito de forma consistente a partir do conjunto de
equações enunciado por James Clerk Maxwell em 1873, o qual sintetizava as
descrições do campo a partir dos trabalhos de Laplace, Gauss, Ampère, Biot e
Savart. Maxwell participou com a inclusão de um termo ligando ao campo
magnético a variação do campo elétrico, o qual foi chamado de corrente de
deslocamento. As equações de Maxwell em um meio material descritas no
sistema internacional de unidades podem ser observadas a seguir
1,
2
:
Cap.2 - Fundamentação teórica 15
ρ
= D
r
(2.1)
0= B
r
(2.2)
t
B
E
=×
r
r
(2.3)
J
t
D
H
r
r
r
+
=×
(2.4)
Nestas equações temos a relação entre o campo elétrico
E
r
e a indução
magnética
B
r
,
J
r
é a densidade de corrente devido a presença de cargas livres no
meio,
ρ
é a densidade de cargas livres do meio.
A interação do campo com a matéria é descrita em parte pelas cargas livres e o
seu deslocamento. Temos que a relação conservação entre o deslocamento das
cargas e a sua densidade é dada por:
t
J
=
ρ
(2.5)
O deslocamento da carga depende também do campo elétrico e do campo
magnético atuando sobre ela, dado pela lei de Lorentz.
Outra forma de resposta do meio ao campo elétrico aplicado, é quando, ao
colocarmos um isolante em um campo elétrico, ocorre a polarização do meio,
ainda que este não contenha cargas livres. Esta polarização resultará em uma
alteração do campo elétrico dentro do material. Da mesma forma, o campo
magnético irá gerar uma magnetização de um meio, alterando o valor do campo
atuando sobre cada molécula, átomo ou unidade constituinte do material.
Cap.2 - Fundamentação teórica 16
Podemos expressar a contribuição da polarização e a magnetização do meio,
empregando o vetor deslocamento do campo elétrico
D
r
e o vetor de intensidade
ou campo magnético
H
r
. A dependência destes em função do campo elétrico
E
r
e
da indução magnética
B
r
é dada pelas relações constitutivas do material,
(
)
BEDD
r
r
r
r
,=
e
(
)
BEHH
r
r
r
r
,=
, que descrevem o campo dentro de um meio material.
Desta forma podemos incluir a dependência com a historia do sistema, por efeitos
de histerese, além de efeitos não-lineares, anisotropia do meio, entre outras.
Para campos pouco intensos, em matérias sem histerese (excluindo portanto
materiais ferroelétricos e os ferromagnéticos) podemos expressar as equações
construtivas em função da polarização e da magnetização através da forma
direta:
PED
r
r
r
+=
0
ε
(2.6)
MBH
r
r
r
=
0
1
µ
(2.7)
onde,
0
ε
é a permissividade e
0
µ
a permeabilidade do vácuo,
P
r
corresponde à
polarização do material e
M
r
à magnetização macroscópica. Estes parâmetros
podem ser entendidos como a densidade dos elementos de dipolos dentro do
material para gerar a contribuição macroscópica total. A contribuição de cada
elemento de dipolo elétrico
p
r
ou magnético
m
r
no interior do material é somada,
resultando em uma contribuição média
P
r
ou
M
r
.
A polarização macroscópica
P
r
depende do campo elétrico aplicado ao material.
Esta dependência pode ser expressa em termos de uma grandeza tensorial,
Cap.2 - Fundamentação teórica
17
denominada susceptibilidade elétrica
χ
. Mantendo a susceptibilidade dependente
do campo temos
(
)
(
)
EEEP
r
r
r
r
χ
=
. (2.8)
De modo muito semelhante para a magnetização, temos a sua dependência com
a intensidade magnética através da susceptibilidade magnética
m
χ
do material:
(
)
HHM
m
r
r
r
χ
=
. (2.9)
A susceptibilidade elétrica e magnética, na forma definida anteriormente,
representa a dependência da polarização induzida no material pelo campo. Se a
intensidade do campo for pequena, os elementos dos tensores podem ser
expressos como constantes. Nesse caso em particular podemos escrever as
relações construtivas por
ED
r
r
ε
=
(2.10)
HB
r
r
µ
=
(2.11)
onde
ε
é a permissividade elétrica do meio e
µ
a permeabilidade magnética do
meio, ligados à susceptibilidade do meio. A permeabilidade magnética não difere
sensivelmente da permeabilidade no vácuo em materiais que não sejam
ferromagnéticos.
A partir das equações de Maxwell, das relações construtivas e da dependência da
corrente com o campo, podemos descrever uma onda eletromagnética se
propagando em um meio condutor ou isolante. Supondo inicialmente um meio
isotrópico, a susceptibilidade pode ser apresentada como uma constante no lugar
de um tensor. Vamos considerar ainda que o meio apresente uma atenuação
Cap.2 - Fundamentação teórica
18
linear
γ
da intensidade em seu interior. Nestas condições podemos mostrar que
as equações de Maxwell reduzem a forma da equação de onda para o campo
elétrico
E
r
e a indução magnética
B
r
, com soluções do tipo
(
)
(
)
trki
eEtrE
ω
=
r
r
r
r
r
0
,
(2.12)
(
)
(
)
trki
eBtrB
ω
=
r
r
r
r
0
, (2.13)
onde o vetor de onda
k
r
no material depende do índice de refração. Em um meio
isotrópico podemos escrever o módulo do vetor de onda como
n
c
k
ω
=
. (2.14)
Neste caso, c é a velocidade da luz no vácuo e
ω
é a freqüência angular da
onda. o índice de refração é dado pela razão do produto da permissividade
com a permeabilidade no meio pelo produto da permissividade com a
permeabilidade no vácuo
00
µε
µε
=n . (2.15)
Geralmente tratamos de materiais não magnéticos, onde a razão
µ
/
0
µ
é
aproximadamente igual a 1. Como a permissividade do meio pode envolver um
termo real e um termo complexo, o índice de refração passa a ser um número
imaginário. Neste caso a parte real
0
n expressa a razão entre a velocidade da
onda no vácuo e a velocidade da onda no material. A parte imaginária do índice
de refração, conhecida como coeficiente de extinção
0
k
, irá fornecer a atenuação
Cap.2 - Fundamentação teórica 19
do campo elétrico com a propagação no material. Este coeficiente de extinção é
proporcional à atenuação linear da intensidade
γ
,
γ
ω
2
0
c
k = . (2.16)
Em uma aproximação onde a parte imaginária da susceptibilidade é muito menor
que a parte real, o termo real do índice de refração e o coeficiente de extinção
podem ser escritos como:
[
]
χ
Re1
0
=n
(2.17)
[
]
0
0
2
Im
n
k
χ
=
. (2.18)
Extensões deste tratamento podem ser aplicadas a meios não isotrópicos. Neste
caso, devemos levar em consideração o caráter tensorial da susceptibilidade
definida na equação (2.8). Uma escolha adequada de coordenadas pode
diagonalizar a matriz de modo a facilitar o tratamento.
2.2 – Interação da Luz com a Matéria
Considerando a presença de matéria temos que considerar também uma
constante dielétrica
1
ε
e, algumas vezes, também
1
µ
. A constante dielétrica
do meio é uma grandeza macroscópica que indica o quanto um campo elétrico é
efetivo em polarizar as partículas que constituem o material. Vamos determinar,
portanto, como as propriedades da matéria influenciam a constante dielétrica ou,
como a presença dos átomos e moléculas altera a propagação das ondas
eletromagnéticas. Para facilitar, a discussão nos limitaremos a meios não
magnéticos, onde
1
=
µ
, ou seja,
H
B
r
r
=
.
Cap.2 - Fundamentação teórica
20
A polarização possui um papel fundamental, uma vez que ela produz carga ligada
(
P
b
r
−∇=
ρ
) e densidade de corrente ligada (
t
P
j
b
=
r
r
). Supondo uma relação
linear, onde
(
)
rP
r
r
depende somente do campo
(
)
rE
r
r
no mesmo ponto
r
r
.
Podemos escrever
(
)
(
)
rErP
e
r
r
r
r
χ
=
. (2.19)
Em uma primeira aproximação, assumiremos isotropia espacial, ou seja,
e
χ
é um
escalar, relacionado com a constante dielétrica da seguinte forma:
e
πχε
41
+= , (2.20)
considerando
e
χ
um tensor. Obrigatoriamente,
ε
e
e
χ
dependem do meio e
podem ser uma função de
r
r
.
Consideremos um gás composto de moléculas apolares. Em uma região livre de
campos, essas moléculas não possuem momento de dipolo, desta forma os
dipolos serão induzidos pelo campo aplicado. O momento de dipolo induzido
sobre a i-ésima molécula em uma aproximação linear será
(
)
imi
rEp
r
r
t
r
=
α
(2.21)
onde
(
)
im
rE
r
r
é o campo elétrico microscópico local, no centro de massa
i
r
r
da
molécula. Este campo não depende somente de
i
r
r
mas também das posições
j
r
r
de todas as outras moléculas do sistema. O tensor
α
t
é denominado tensor
polarizabilidade e tem dimensão de volume.
Cap.2 - Fundamentação teórica
21
Se considerarmos uma média do campo microscópico
(
)
im
rE
r
r
sobre todas as
moléculas em um elemento de volume
V
em
r
r
, vamos obter o campo médio
local
(
)
il
rE
r
r
atuando sobre uma molécula em
r
r
. Este campo local é diferenciado
do campo macroscópico ordinário
(
)
i
rE
r
r
, que é a média do campo microscópico
m
E
r
sobre todas as posições em um pequeno elemento de volume em
r
r
, e não
simplesmente sobre posições ocupadas por moléculas.
2.3 – Oscilador Harmônico de Lorentz
O modelo de Lorentz, é um modelo simples para uma molécula apolar, temos
uma carga –q de massa m unida à outra de carga +q de massa infinita em
relação a m, por uma mola de constante elástica K. A separação de equilíbrio
R
r
das duas cargas é nula se nenhuma força é aplicada. Imagine, por exemplo, que
elétrons de valência ou os elétrons mais externos estão unidos aos seus
respectivos núcleos atômicos por uma força elástica restauradora, a qual é
proporcional ao deslocamento
R
r
do elétron a partir da posição de equilíbrio.
Neste caso, q seria o módulo da carga do elétron e m sua massa. Portanto, o
átomo assemelha-se a um oscilador harmônico.
Com a aplicação de um campo elétrico, a distância entre o elétron e o núcleo se
altera e será induzida pela polarização. A equação de movimento para o vetor
posição da carga móvel é:
FR
m
RkRm
rrrr
+=
τ
(2.22)
sendo
m
EqF
r
r
=
a força externa, onde
m
E
r
é o campo elétrico microscópico na
molécula. Incluímos uma força friccional ou de amortecimento
R
m
r
τ
em (2.22),
Cap.2 - Fundamentação teórica
22
proporcional à velocidade, para descrever perdas irreversíveis devido a colisões
com outras moléculas ou ao amortecimento da radiação. A constante
τ
é
interpretada como um tempo de amortecimento ou colisões, ou seja, ela é uma
medida do tempo médio da duração de uma oscilação.
Considerando a equação (2.22),
m
E
r
e
R
r
são funções complexas do tempo e das
coordenadas espaciais. Supondo uma única freqüência angular
ω
para o campo
aplicado escrevemos
(
)
[
]
ti
mm
eEtrE
ω
r
r
r
Re,
= e
(
)
[
]
ti
trR
ω
eRRe,
r
r
=
(2.23)
onde
m
E
r
e
R
r
são, agora, amplitudes complexas independentes do tempo.
Substituindo (2.23) em (2.22) e usando
RiR
rr
ω
=
e
RR
rr
2
ω
=
, obtemos
m
E
i
m
q
R
rr
τ
ω
ωω
++
=
22
0
(2.24)
onde
m
K
=
0
ω
é a freqüência natural de um oscilador harmônico não
amortecido. O modelo de dipolo induzido é
Rqp
r
r
=
, e a equação (2.21) da seção
anterior fica simplesmente
m
Ep
r
r
α
= , com
τ
ω
ωω
α
i
m
q
++
=
22
0
2
. (2.25)
A polarização é o momento de dipolo médio por unidade de volume, isto é,
Cap.2 - Fundamentação teórica
23
( ) ( )
rE
i
m
Nq
E
i
m
Nq
RNqrP
lm
r
rrr
r
τ
ω
ωω
τ
ω
ωω
++
=
++
==
22
0
2
22
0
2
, (2.26)
onde N é o número médio de moléculas por unidade de volume e
(
)
rE
l
r
r
é, como
dito anteriormente, o campo médio
m
E
r
atuando sobre a molécula em
r
r
. Assim
temos
(
)
(
)
rENrP
l
r
r
r
r
α
= (2.27)
observando que
1
=i
aparece no denominador das equações (2.26) e
(2.25),
α
será uma função complexa de
ω
e podemos escrevê-la como
IR
i
ααα
= , de forma que
( )
( )
( )
(
)
( )
( )
2
2
22
0
2
2
2
22
0
22
0
2
τ
ω
ωω
τ
ω
τ
ω
ωω
ωω
ααα
==
m
q
i
m
q
i
IR
. (2.28)
A existência de uma parte imaginária não nula de
α
faz com que a constante
dielétrica
ε
tenha uma parte imaginária. Como
ED
r
r
ε
=
, o vetor deslocamento
deve ter uma parte que está fora de fase com
E
r
. Assim, teremos uma parte
imaginária no índice de refração n.
2.4 – Índice de Refração Complexo
Anteriormente determinamos a polarizabilidade, devemos agora decidir qual
expressão utilizar para o campo local
(
)
rE
l
r
r
. Para um sistema muito diluído (gás
rarefeito), as moléculas exercem um efeito pequeno sobre os campos, de modo
que
(
)
rE
l
r
pode ser substituído, pelo campo macroscópico
(
)
rE
r
r
.
Cap.2 - Fundamentação teórica
24
Comparando (2.19) e (2.26) e considerando
(
)
(
)
rErE
l
r
r
r
r
= , obtemos a seguinte
susceptibilidade:
αχ
N
e
=
. (2.29)
Agora podemos escrever a constante dielétrica como
τ
ω
ωω
π
πχε
i
m
q
N
e
++
+=+=
22
0
2
4
141
. (2.30)
Separando a parte real da imaginária via
IR
i
εεε
= , temos:
( )
( )
( )
2
2
22
0
22
0
2
4
1
τ
ω
ωω
ωωπ
ε
=
m
q
N
R
, (2.31)
(
)
( )
( )
2
2
22
0
2
4
τ
ω
ωω
τ
ω
π
ε
=
m
q
N
I
. (2.32)
Na seção posterior (2.5) será mostrado que a superposição de baixa densidade,
que nos permite fazer
(
)
(
)
rErE
l
r
r
r
r
= , é válida desde que
1
3
4
<<
e
χ
π
. Usando a
aproximação
( )
δδ
2
1
11
2/1
++
para
δ
pequenos temos:
( )
1
2
1
12141
~
+=++=
επχπχ
ee
n
(2.33)
Cap.2 - Fundamentação teórica 25
(
)
( )
( )
2
2
22
0
22
0
2
2
1
~
τ
ω
ωω
τ
ω
ωωπ
+=
i
m
q
N
n
. (2.34)
Escrevendo o índice refrativo complexo como
IR
innn =
~
, obtemos as
expressões:
( )
(
)
( )
( )
2
2
22
0
22
0
2
2/
1
2
1
1
τ
ω
ωω
ωωω
ε
==
p
RR
n
(2.35)
e
(
)
( )
( )
2
2
22
0
2
2
2
1
τ
ω
ωω
τωω
ε
==
p
iI
n
(2.36)
onde a constante
2
1
2
4
=
m
Nq
p
π
ω
tem dimensão de freqüência angular e é
denominada freqüência angular de plasma. Podemos dizer que é a freqüência de
oscilação que surge se uma parte do gás de partículas livres de carga q, massa m
e densidade N é deslocado em relação ao restante do gás.
Quando a freqüência
ω
da luz incidente é igual a uma das freqüências naturais
do sistema, ocorre o fenômeno conhecido como ressonância. Nesta situação, as
partes reais de
α
e
e
χ
são nulas e as partes reais de
ε
e
n
~
são unitárias,
enquanto as partes imaginárias de todas as quatro grandezas tornam-se muito
grandes.
Para freqüências de luz incidente não muito próximas das freqüências de
ressonância
(
)
0
ω
do meio existe pouca absorção da luz
(
)
1<<
RI
nn , e o índice
de refração complexo pode ser considerado puramente real
3
. Nesse caso,
podemos escrever simplesmente
RR
nn
ε
==
, e o índice de refração pode ser
determinado de maneira convencional.
Cap.2 - Fundamentação teórica 26
2.5 – Equações de Clausius-Mossotti
Retomemos o modelo de um meio dielétrico como uma coleção de moléculas e
considerando, neste momento, a existência de muitas partículas por unidade de
volume. Temos que, para um material denso, a polarização
P
r
pode ser grande;
deste modo, o campo em átomo individual será influenciado pela polarização dos
átomos mais próximos.
Dentro de um dielétrico podemos distinguir dois campos. O campo macroscópico
(
)
rE
r
r
, que é igual ao campo interno de um dielétrico contínuo e que possui uma
polarização macroscópica
P
r
, e o campo local
(
)
rE
l
r
r
(figura 2.1), que é o campo
atuando sobre uma molécula em
r
r
. Neste caso, o campo da molécula que está
no ponto em questão deve ser excluído. O campo local é responsável pela
polarização da molécula e não o campo
(
)
rE
r
r
, porque este campo inclui o efeito
da polarização. Em muitos casos, podemos escrever com boa aproximação
PEE
l
r
r
r
3
4
π
+= (2.37)
onde o termo P
r
3
4
π
é o campo local de Lorentz.
Cap.2 - Fundamentação teórica 27
Figura 2.1 (a) Dielétrico em um campo elétrico, onde E
0
é o campo elétrico, E é
o campo que atua sobre o dielétrico e P a polarização das moléculas. (b) Linhas
de campo elétrico atuando sobre uma esfera dielétrica.
Podemos obter a relação entre a constante dielétrica
ε
e a quantidade
macroscópica denominada polarizabilidade,
α
, substituindo (2.36) em (2.37).
PNENENP
l
r
r
r
r
α
π
αα
3
4
+==
(2.38)
Neste caso, a susceptibilidade será
3
/
4
1
α
π
α
χ
N
N
E
P
e
==
. (2.39)
Para a constante elétrica temos
3
/
4
1
4
141
α
π
α
π
πχε
N
N
e
+=+=
. (2.40)
Cap.2 - Fundamentação teórica 28
O resultado anterior obtido para o caso de baixa densidade de partículas (gás
perfeito), equações (2.35) (2.36), é válido quando o segundo termo no
denominador das equações (2.39) e (2.40) pode ser desprezado, isto é, quando
1
3
4
<<
α
π
N
. A equação (2.40) pode ser escrita na forma:
α
π
ε
ε
N
3
4
2
1
=
+
. (2.41)
Esta relação é conhecida como equação de Clausius-Massotti. Ela pode ser
aplicada quando não houver contribuição de momentos de dipolo permanentes à
polarização, isto é, quando as moléculas forem apolares ou quando a freqüência
do campo aplicado for muito elevada. Se na equação (2.41)
ε
é substituído por
2
n
, obtemos a conhecida equação de Lorentz-Lorenz.
Em meios densos, onde o campo local de Lorentz é válido, a substituição da
equação (2.39) em (2.40) nos fornece
( )
τωωωω
ω
ε
/3/
1
22
0
2
i
p
p
+
+=
(2.42)
onde
2
1
2
4
=
m
Nq
p
π
ω
representa a freqüência de plasma. A nova freqüência de
ressonância do sistema fica
3/
22
0
2
p
ωωω
= e não
2
0
2
ωω
=
. (2.43)
De modo análogo ao feito anteriormente, é possível obter
IR
innn =
~
usando a
parte real e imaginária de (2.42) via
IR
i
εεε
=
. Entretanto, deixam de ser válidas
as relações (2.39) e (2.40), as quais devem ser substituídas por
Cap.2 - Fundamentação teórica 29
RIR
nn
ε
=+
22
e
IIR
nn
ε
=2
. (2.44)
As expressões para
R
n
e
I
n
são complicadas e tem pouca utilidade prática.
2.6 – Equação de Vuks e Parâmetro de Ordem
Ao se introduzir um dielétrico em campo elétrico, ocorre a polarização de suas
partículas (átomos e/ou moléculas), e o valor da constante elétrica do meio,
determina a extensão dessa polarização. Considerando líquidos ou gases
comuns, a constante dielétrica é relacionada com a polarizabilidade molecular
média como podemos observar na equação de Claussius-Mossotti (freqüências
baixas) e pela equação de Lorentz-Lorenz (freqüências ópticas).
Se considerarmos meios anisotrópicos, ou mais especificamente, meios
anisotrópicos uniaxiais, as constantes dielétricas serão também anisotrópicas e,
portanto, nenhuma extensão direta das equações de Claussius-Mossotti ou
Lorentz-Lorenz pode ser aplicada. A relação entre a constante dielétrica e a
polarizabilidade molecular de meios anisotrópicos pode ser descrita pelas
equações de Maier-Meier (baixas freqüências) e pela equação de Vuks
(freqüências ópticas). Lembrando que a equação de Vuks é uma modificação da
equação de Lorentz-Lorenz para meios anisotrópicos
4
, o desenvolvimento que
conduz a equação de Vuks
5
pode ser observado a seguir.
Partindo da equação (2.41) e substituindo
ε
por
2
n
, obtemos a conhecida
equação de Lorentz-Lorenz:
α
π
N
n
n
3
4
2
1
2
2
=
+
, (2.45)
que é utilizada para a determinação da polarizabilidade média de moléculas
anisotrópicas. Considerando cristais anisotrópicos podemos fazer as seguintes
Cap.2 - Fundamentação teórica 30
substituições:
(
)
3/
2222
zyx
nnnn ++= e
(
)
3/
zyx
αααα
++=
, onde x, y e z referem-se
aos eixos principais do dielétrico. De acordo com isto, podemos escrever para
cristais anisotrópicos a seguinte expressão:
( )
zyx
z
y
x
N
n
n
n
n
n
n
ααα
π
++=
+
+
+
+
+
3
4
2
1
2
1
2
1
2
2
2
2
2
2
. (2.46)
As equações (2.45) e (2.46) são válidas durante uma transição de estado líquido
para cristalino. Vamos, agora, obter uma relação direta entre as componentes
individuais dos tensores
2
i
n
e
i
α
, de modo que possamos determinar a
polarizabilidade
x
α
,
y
α
e
z
α
das moléculas, a partir da dupla refração do cristal.
Partindo das expressões (2.19) e (2.20) conhecidas para o vetor polarização para
meios isotrópicos e considerando
ε
=
2
n
obtemos a expressão:
E
n
P
rr
=
π
4
1
2
. (2.47)
Substituindo a equação (2.47) na equação de campo local (2.37) temos
E
n
E
l
rr
+
=
3
2
2
. (2.48)
Substituindo agora (2.48) na expressão da polarização (2.27)
E
n
NP
rr
+
=
3
2
2
α
. (2.49)
Para materiais anisotrópicos, a relação entre os vetores
P
r
e
E
r
tem uma forma
diferente:
α
e
ε
passam a ser tensores de segunda ordem. Supondo que o
campo local descrito pela equação (2.48), seja o mesmo em qualquer ponto do
cristal obtemos em relação aos eixos principais dos tensores, as equações
Cap.2 - Fundamentação teórica
31
j
j
ijij
i
E
n
P
rr
=
π
δ
4
2
, (2.50)
j
j
iji
E
n
NP
rr
+
=
α
3
2
2
,
z
y
x
j
i
,
,
,
=
(2.51)
onde,
ij
α
representa a polarizabilidade de uma célula unitária e
N
o número de
células por volume. Da igualdade entre as equações (2.50) e (2.51) obtemos a
expressão para as direções principais da polarização de um cristal:
i
i
N
n
n
α
π
3
4
2
1
2
2
=
+
,
z
y
x
i
,
,
=
(2.52)
i
α
representa a polarizabilidade de uma molécula e
(
)
3/
2222
zyx
nnnn ++=
. A
equação (2.52), proposta por Vuks, relaciona uma propriedade macroscópica (
i
α
)
com um observável microscópico (
i
n
). Podemos relacionar a polarizabilidade
i
α
com a refratividade molar
i
R
pela relação
iAi
NR
α
π
3
4
=
(2.53)
sendo que
A
N
é o número de avogrado. Utilizando a equação (2.53) podemos
escrever a equação de Vuks em função da refratividade molar bem como em
função da densidade sabendo que
ρ
//
MNNv
A
==
,
v
R
n
n
ii
=
+
2
1
2
2
(2.54.a)
Cap.2 - Fundamentação teórica 32
M
R
n
n
ii
ρ
=
+
2
1
2
2
(2.54.b)
onde
v
é o volume molar,
ρ
é a densidade e
M
é o peso molar (kg mol
-1
).
A polarizabilidade de um meio uniaxial com as componentes paralela e
perpendicular estão respectivamente relacionadas com o parâmetro de ordem
Q
pelas seguintes equações
6
:
ααα
+= Q
e
3
2
(2.55)
ααα
= Q
o
3
1
(2.56)
onde
( )
+=
ααα
2
3
1
//
,
oe
ααααα
==
//
,
//
α
(
e
α
) é a polarizabilidade
molecular com a configuração paralela ao eixo principal (extraordinária) e
α
(
o
α
)
é a polarizabilidade molecular perpendicular ao eixo óptico principal (ordinária).
Da combinação apropriada das equações (2.55) e (2.56) com a equação de Vuks
obtemos o seguinte par de equações:
(
)
( )
2
1
3
4
2
2
+
=
n
n
N
απ
(2.57)
e
(
)
( )
2
3
4
2
22
+
=
n
nn
NQ
oe
απ
. (2.58)
Fazendo a razão entre as equações (2.58) e (2.57) obtemos uma relação para
αα
/
que utilizaremos na estimativa do parâmetro de ordem no ponto máximo
Cap.2 - Fundamentação teórica 33
da birrefringência óptica em uma fase nemática calamítica entre duas fases
isotrópicas.
(
)
( )
1
2
22
=
n
nn
Q
oe
α
α
(2.59)
2.7 - Óptica não-linear
Os efeitos ópticos não-lineares geralmente têm duas origens. Um deles é um
efeito muito rápido (da ordem de ns) que é resultado da polarização atômica ou
molecular (figura 2.2), também conhecido como efeito eletro-óptico. Outro efeito é
o de origem térmica, mais lento (da ordem de ms) em comparação ao efeito
eletro-óptico e é originado da absorção da luz de alta potência pela amostra,
também conhecido como efeito térmico. Tais efeitos serão discutidos em seguida.
2.7.1 - Efeito eletro-óptico:
Quando a luz se propaga através de um material transparente, o campo
eletromagnético oscilante exerce uma força nos elétrons do meio. Como os
elétrons estão fortemente ligados ao núcleo, a maior resposta a estímulos vem
dos elétrons de valência. Com fontes de luz ordinárias o campo de radiação é
muito menor que o campo inter-atômico e assim a radiação age como uma
pequena perturbação. As cargas do meio se comportam como osciladores
harmônicos e a polarização induzida
P
r
(figura 2.2) tem um comportamento linear
com função da amplitude do campo elétrico
E
r
, portanto, a resposta do meio para
tais campos é linear.
Cap.2 - Fundamentação teórica 34
Figura 2.2 (a) Átomo não polarizado, (b) átomo polarizado sob aplicação de um
campo elétrico.
Quando a intensidade da luz é alta, de tal forma que o campo da radiação seja
compatível com os campos inter-atômicos, as cargas se comportam como
osciladores não-harmônicos e a polarização induzida tem um comportamento
não-linear em função da amplitude do campo. Assim temos que a resposta do
meio para tais campos é não-linear
7
. Os campos necessários para tais efeitos
serem observados são obtidos com os lasers.
Em altas intensidades a polarização induzida tem um comportamento o-linear
com a amplitude do campo elétrico, assim podemos dizer que a susceptibilidade
elétrica é uma função do campo elétrico:
(
)
EEP
r
r
χ
=
. (2.60)
Usualmente descrevemos de modo aproximado por uma expansão em séries de
potências do campo elétrico
8
:
nn
EEEEP
)(3)3(2)2()1(
χχχχ
K
++=
(2.61)
Cap.2 - Fundamentação teórica 35
onde
)1(
χ
é o tensor susceptibilidade linear e
)()3()2(
,,
n
χχχ
K são os tensores que
definem o grau de não-linearidade da resposta do meio ao campo aplicado e são
caracterizados pelas propriedades de simetria do meio. Este tipo de expansão
tem validade para meios onde a resposta não-linear é pequena.
A luz é uma onda eletromagnética formada por um campo elétrico
E
r
e um campo
magnético
H
r
, ambos variando no tempo. Os campos estão relacionados entre si
através das equações de Maxwell da teoria eletromagnética, que nos diz que uma
onda óptica pode ser caracterizada definindo-se apenas seu campo elétrico.
A equação de onda, que descreve a propagação do vetor de onda de um campo
elétrico em um meio dielétrico sem magnetização macroscópica (meio sem
dipolos magnéticos macroscópicos), eletricamente neutro (não existem cargas
livres ou densidade de corrente), é escrita no sistema internacional de unidades
(SI) como:
( )
(
)
(
)
2
2
2
0
2
2
,
1
,
1
,
t
trP
cdt
trE
c
trE
=
+××
r
r
r
r
r
rrr
ε
(2.62)
onde
(
)
trE
,
r
é o campo elétrico,
(
)
trP
,
r
é a polarização induzida,
smc
/100,3
8
×=
é
a velocidade da luz no vácuo.
Para termos uma descrição mais completa, é necessário conhecer a relação entre
a polarização induzida
(
)
trP
,
r
r
e o campo elétrico
(
)
trE
,
r
r
. Quando um campo
elétrico é aplicado a um meio dielétrico, uma separação de cargas superficiais é
induzida, resultando em uma coleção de momentos de dipolos induzidos
(
)
tr,
µ
,
os quais dependendo do campo aplicado podem oscilar muito rapidamente. A
polarização elétrica induzida é definida como a média de momento de dipolo por
volume:
Cap.2 - Fundamentação teórica 36
(
)
(
)
trNtrP
,,
r
r
r
r
r
µ
=
(2.63)
sendo, N o número de dipolos microscópicos por unidade de volume, e
(
)
tr
,
r
r
µ
a
média sobre todos os dipolos no meio. Esta expressão pode ser expressa como a
soma de um termo linear
(
)
trP
L
,
r
r
e um termo não-linear
(
)
trP
NL
,
r
r
:
(
)
(
)
(
)
trPtrPtrP
NLL
,,,
r
r
r
r
r
r
+=
(2.64)
onde o subscrito L significa linear e o NL não-linear.
A relação entre
(
)
trP ,
r
r
e
(
)
trE ,
r
r
pode ser aproximada como uma relação linear de
baixas intensidades de fonte de luz. A resposta espacial local
9
da polarização
elétrica para baixas intensidades de fonte de luz e na região do comprimento de
onda entre
m
µ
4,0
e
m
µ
7,1
é descrita por:
(
)
(
)
trEtrP
L
,,
)1(
0
r
r
t
r
r
χε
=
(2.65)
onde
2212
0
/1085,8
NmC
×=
ε
é a permissividade elétrica do espaço livre, e
)1(
χ
r
é
o tensor susceptibilidade elétrica linear (ou resposta dielétrica linear). Em geral, a
relação entre
(
)
trP
,
r
r
e
(
)
trE
,
r
r
é uma entidade tensorial e pode ser escrita da
seguinte maneira:
=
j
jijiL
EP
r
t
r
)1(
0,
χε
(2.66)
sendo que o subscrito i é a i-ésima coordenada cartesiana
(
)
zyxi
,,
=
, e a soma é
realizada sobre
(
)
ZYXjj
,,
=
, portanto, o tensor
)1(
χ
t
tem nove componentes. Em
um meio isotrópico somente uma componente independente não nula, e a
Cap.2 - Fundamentação teórica 37
susceptibilidade elétrica ou a resposta dielétrica é escrita como uma grandeza
escalar
)1(
χ
. A polarização linear é responsável por fenômenos ópticos tais como
a refração e a absorção da luz.
Quando a intensidade de luz é razoavelmente alta, torna-se necessário levar-se
em conta a polarização não-linear. A polarização não-linear pode ser expandida
em séries de potências do campo aplicado
8, 10
.
(
)
(
)
(
)
(
)
(
)
(
)
[
]
.,,,,,,
)3()2(
0,
++= trEtrEtrEtrEtrEtrP
lkjijklkjijkiNL
r
r
r
r
r
r
t
r
r
r
r
t
r
r
χχε
(2.67)
O primeiro termo da equação (2.67) é responsável pelos efeitos ópticos não-
lineares de segunda ordem, tais como a geração de segundos harmônicos, a
geração de soma de freqüências, a geração de diferença de freqüência e efeito
eletro-óptico linear ou efeito Pockels
10
. O
)2(
χ
t
está presente nos materiais não
centro-simétricos. O segundo termo é responsável pelos efeitos ópticos não-
lineares de terceira ordem que incluem a geração do terceiro harmônico, a
mistura de freqüências, o espalhamento de Raman e Brillouin, a auto-modulação
de fase, a modulação de fase cruzada e o efeito eletro-óptico quadrático ou efeito
Kerr. O termo
)3(
χ
t
existe em meios com ou sem simetria de inversão
10
.
Processos não-lineares de ordem mais alta são menos eficientes, exceção feita
aos casos em que uma ressonância do material é explorada, quando efeitos de
alta ordem podem se tornar evidentes. O campo elétrico
(
)
trE
,
r
r
na equação (2.67)
é o campo total aplicado, que pode ser uma superposição de campos de
diferentes freqüências. O
)(s
χ
t
é a resposta dielétrica ou susceptibilidade elétrica
de s-ésima ordem, e é um tensor de ordem s + 1 (s é um número inteiro positivo).
Substituindo a equação (2.64) e (2.65) na equação (2.62), a equação de onda
pode ser escrita como:
Cap.2 - Fundamentação teórica 38
( )
(
)
(
)
2
2
2
0
2
2
0
,
1,
,
t
trP
cdt
trE
c
trE
NL
=
+××
r
r
r
r
r
rrr
ε
ε
ε
(2.68)
onde
ε
é um tensor dielétrico linear:
(
)
1
0 ijijij
χδεε
+= (2.69)
e
(
)
( )
=
=
ji
ji
ij
0
1
δ
, (2.70)
Para a maioria das situações em óptica não-linear, o campo elétrico total pode ser
considerado como uma superposição de ondas quase-monocromáticas. Este
campo total pode ser expresso como:
( ) ( )
( )
+
=
µ
ω
µ
µµ
cetrEtrE
trki
rr
r
r
r
r
,
2
1
,
(2.71)
onde
µ
k é o vetor de propagação,
µ
ω
é a freqüência angular, e
(
)
trE ,
µ
r
representa o vetor amplitude de cada campo elétrico presente na soma. O vetor
amplitude do campo elétrico geralmente é complexo, pode ter dependência
espaço-temporal e varia lentamente quando comparado com a variação no
espaço e tempo da onda oscilante. A soma é sobre
µ
sendo o número inteiro de
ondas de freqüência
µ
ω
de vetores de onda
µ
k
. Quando a polarização não-linear
representa uma pequena perturbação da polarização total, é possível escrever:
( ) ( )
+
=
µ
ω
µ
µ
cetrPtrE
ti
NL
rr
r
r
,
2
1
,
,
(2.72)
Cap.2 - Fundamentação teórica 39
onde
µ
,NL
P
r
é a amplitude complexa de cada vetor de polarização, que varia de
forma lenta no tempo comparada à parte que oscila rapidamente.
Considerando a aproximação de variação lenta do pacote da amplitude do campo
elétrico (Slowly-Varying Envelope Approximation), a equação (2.68) pode ser
expressa como
10
:
( )
(
)
(
)
2
2
2
0
2
2
0
2
,
1,
,
t
trP
cdt
trE
c
trE
NL
=
+
r
r
r
r
r
r
ε
ε
ε
. (2.73)
Pela linearidade da equação de onda, cada componente da freqüência
(componente de Fourier) do campo total também satisfaz a equação (2.73), com a
componente correspondente da freqüência da polarização não-linear no lado
direito da equação (2.73).
A equação de onda pode também ser representada no espaço das freqüências
como:
( ) ( ) ( )
ω
ε
ω
ω
ε
ω
ω
ω
,,,
2
0
2
2
0
22
2
rP
c
rE
c
n
rE
NL
r
r
r
r
r
r
=+ (2.74)
onde
(
)
ϖ
,rE
r
é a transformada de Fourier de
(
)
trE ,
r
. É conveniente expressar a
polarização não-linear em função da freqüência para poder fazer uso das
relações de simetria do tensor susceptibilidade e simplificar termos
8 10
.
Quando o campo total é expandido em termos de suas componentes de Fourier,
a polarização não-linear consistirá de vários termos oscilando em várias
combinações de freqüências. Por exemplo, se o campo total consiste de duas
ondas oscilando nas freqüências
1
ω
e
2
ω
, a polarização não-linear de segunda
Cap.2 - Fundamentação teórica 40
ordem terá componentes que oscilam nas freqüências
1
2
ω
,
2
2
ω
,
21
ωω
+ ,
21
ωω
, e
termos de freqüência zero.
É comum expressar as componentes de Fourier da polarização não-linear em
termos do fator de degenerescência D, o qual é igual ao número de perturbações
diferentes das freqüências dos campos aplicados
8, 10
. Por exemplo, considerando-
se uma polarização não-linear de segunda ordem oscilando em
3
ω
devido à
presença de campos oscilando nas freqüências
1
ω
e
2
ω
, com
213
ωωω
+= . A i-
ésima componente cartesiana da amplitude da polarização complexa pode ser
escrita da seguinte maneira:
( ) ( ) ( ) ( )
=
jk
kjijki
EEDP
21213
)2()2(
03
)2(
,;
2
1
ωωωωωχεω
r
r
r
r
(2.75)
onde
2
)2(
=
D
para campos distinguíveis e
1
)2(
=
D
para campos não distinguíveis,
e
(
)
213
)2(
,;
ωωωχ
ijk
r
é a susceptibilidade de segunda ordem (ou a transformada de
Fourier complexa de segunda ordem da resposta elétrica).
A equação (2.75) permite que as freqüências
1
ω
e
2
ω
sejam iguais, em magnitude
e opostas em sinal. O fator de degenerescência determina se os campos são ou
não fisicamente distinguíveis, por exemplo, dois campos com mesma freqüência
serão fisicamente distinguíveis caso se propaguem em direções diferentes.
Também a parte negativa da freqüência do campo real é considerada distinguível
da parte positiva da freqüência, ou seja, os campos tem diferentes freqüências.
Para freqüências negativas, é importante notar que
*
ωω
EE
r
r
=
, porque o campo
que varia rapidamente é a quantidade matemática real. Assim, se
ωω
=
1
e
ωω
=
2
, a polarização de segunda ordem da equação (2.75) fica:
(
)
(
)
(
)
(
)
=
jk
kjijki
EEP
ωωωωχε
*)2()2(
,;00
r
r
r
r
. (2.76)
Cap.2 - Fundamentação teórica
41
Esta polarização origem ao fenômeno conhecido como retificação óptica, onde
uma intensa onda óptica cria uma polarização em um meio não-linear. Esta
notação é facilmente levada para ordens mais elevadas, por exemplo, quando
três freqüências
21
,
ωω
e
3
ω
estão presentes, a polarização de terceira ordem em
3214
ωωωω
++= é:
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
3213214
)2()3(
04
)2(
,,;
2
1
ωωωωωωωχεω
l
jk
kjijki
EEEDP
r
r
r
r
r
=
(2.77)
onde o fator de degenerescência D neste caso é:
1
)3(
=
D
quando todos os
campos são não-distinguíveis,
3
)3(
=D
quando dois campos são não-distinguíveis
e
6
)3(
=D
quando todos os campos são distinguíveis.
As relações de simetria do tensor susceptibilidade facilitam a simplificação de
termos. A primeira simetria a considerar nas equações (2.75) e (2.77) é devida a
invariância da susceptibilidade não-linear quando a ordem do produto das
amplitudes do campo é trocada. Assim, a troca na ordem do produto
(
)
(
)
21
ωω
kj
EE
r
r
para
(
)
(
)
12
ωω
jk
EE
r
r
não afeta nem o valor nem o sinal da i-ésima
componente da polarização não-linear. A susceptibilidade não-linear reflete esta
simetria. Nesta troca, ambas as freqüências e ambos os subscritos das
coordenadas cartesianas são trocados simultaneamente. Assim, esta propriedade
da susceptibilidade não-linear é conhecida como simetria de permutação
intrínseca, pela qual a polarização não-linear pode ser escrita compactamente em
termos do fator de degenerescência, que pode ser expressa no caso da
susceptibilidade não-linear de terceira ordem como:
(
)
(
)
(
)
....,,;,,;,,;
1234
)3(
3124
)3(
3214
)3(
===
ωωωωχωωωωχωωωωχ
ilkjikjlijkl
r
r
r
(2.78)
ou seja, se qualquer dos subscritos (jkl) é permutado, a susceptibilidade não
mudará sempre que o correspondente conjunto de subscritos (1,2,3) também for
Cap.2 - Fundamentação teórica
42
permutado. Isso é valido mesmo que a freqüência seja negativa. Porém, não é
válida para o par de subscritos (n,4). A mesma relação é válida para a segunda
ordem da susceptibilidade não-linear e pode ser generalizada para qualquer
ordem.
A simetria de Kleinman é a simetria considerada quando a dispersão das
susceptibilidades é desprezível sobre a faixa de freqüências de interesse. Assim,
além de estar longe da ressonância do material, esta simetria requer a não
existência de ressonância entre as freqüências consideradas. As freqüências são
indistinguíveis portanto, a susceptibilidade não-linear é independente da
freqüência. Os índices podem ser perturbados sem perturbar as freqüências e a
susceptibilidade não varia a ordem das coordenadas cartesianas. Em particular, o
tensor para geração de segundos harmônicos é independente da freqüência e
seus elementos satisfazem as seguintes relações:
)2()2()2()2()2(
kjijkijikikjijk
χχχχχ
t
t
t
t
t
==== . (2.79)
A susceptibilidade o-linear reflete, também, a simetria estrutural do material.
Isso é importante porque reduz, em muitos casos, o número de componentes
independentes e diferentes de zero do tensor que são necessários para descrever
o sistema. Uma conseqüência disso é que, para todos os materiais que têm um
centro de simetria de inversão, todos os elementos de todos os tensores
susceptibilidade de ordem par são identicamente iguais à zero. Por esta razão, os
processos não-lineares de ordem par nestes materiais não são possíveis.
Existe outra notação usada na segunda ordem da óptica o-linear quando a
simetria de Kleinman é valida
9
. Frequentemente, a susceptibilidade elétrica é
representada pelo tensor
d
t
:
)2(
2
1
ijkijk
d
χ
=
t
. (2.80)
Cap.2 - Fundamentação teórica
43
A simetria de perturbação intrínseca
8
é usada para contrair os dois últimos
subscritos e escrever
il
d
no lugar de
ijk
d
, onde a relação entre l
e
jk
está descrita
na Tabela 2.1:
L 1 2 3 4 5 6
Jk Xx Yy zz zy = yz zx = xz xy = yx
Tabela 2.1 A simetria da perturbação intrínseca é usada para contrair os dois
últimos subscritos e escrever
il
d
t
no lugar de
ijk
d
t
.
Esta notação possibilita a expressão do d como uma matriz de 3 x 6 ao invés de
uma matriz 3 x 3 x 3.
Como mencionamos anteriormente, na ausência de luz de alta intensidade, o
termo não-linear da polarização é igual à zero,
(
)
0,
=
ω
rP
NL
(regime linear), e a
equação (2.7.14) se transforma em uma equação diferencial homogênea. Se o
meio é isotrópico, as soluções mais simples que se podem considerar são ondas
planas de campo elétrico. Neste meio, a susceptibilidade elétrica é uma
quantidade escalar que, em geral, é uma função complexa da freqüência:
)1()1()1(
IR
ωωω
χχχ
== (2.81)
onde
)1(
ω
χ
é a transformada de Fourier de
)1(
t
χ
,
)1(
R
ω
χ
é a parte real da
susceptibilidade elétrica e
)1(
I
ω
χ
é a parte imaginária. A parte real está relacionada
com o índice de refração através da seguinte equação:
1
2
+=
I
R
n
ωω
χ
(2.82)
Cap.2 - Fundamentação teórica
44
e a parte imaginária está relacionada com o coeficiente de absorção,
ω
α
, através
da expressão:
cn
l
I
ω
ω
ω
ωχ
α
= . (2.83)
A permissividade dielétrica
ω
ε
é também complexa e possui a seguinte forma:
2
0
4
+=
π
α
εε
ω
ωω
in . (2.84)
A solução de onda plana para a equação de onda homogênea em termos do
tempo tem a seguinte forma:
( )
( )
ceeEtzE
tzki
z
+=
ω
α
r
ˆ
2
0
,
(2.85)
onde
0
E
é a amplitude da onda em z = 0, e
k
r
é o vetor de onda que obedece a
seguinte relação de dispersão:
( )
c
n
k
ω
ω
ω
=
. (2.86)
Em um meio isotrópico, o campo elétrico é perpendicular ao vetor de onda, e a
velocidade de fase da onda é independente da direção de propagação. A
velocidade de fase com que a onde se propaga é:
ω
n
c
v
f
=
. (2.87)
Cap.2 - Fundamentação teórica
45
Como os detectores não conseguem responder à variação rápida da freqüência
óptica, a grandeza medida experimentalmente é a média no tempo do fluxo do
campo, sendo a média sobre vários ciclos ópticos. A quantidade de interesse é a
intensidade óptica, que está relacionada com a amplitude do campo por:
( ) ( )
2
0
,
2
1
,
tzEcntzI
ω
ε
=
. (2.88)
Em um feixe de laser de seção transversal finita, a potência óptica está
relacionada com a intensidade pela equação:
=
A
ot
IdAP
(2.89)
onde a integral é sobre a área do feixe. Para um feixe Gaussiano TEM
oo
, a
relação no raio menor do feixe é:
0
2
0
2
IP
ot
=
πω
(2.90)
onde
0
I é a amplitude máxima do feixe Gaussiano e
0
ω
é o raio mínimo do feixe.
Em um meio anisotrópico, geralmente, o vetor campo elétrico não é perpendicular
ao vetor de onda (direção de propagação); mas o vetor deslocamento,
D
r
,
definido como:
(
)
(
)
(
)
trPtrEtrD
,,,
0
r
r
r
r
r
r
+=
ε
, (2.91)
é ortogonal ao vetor de propagação
k
r
.
Cap.2 - Fundamentação teórica
46
Pode-se mostrar que a constante dielétrica linear é um tensor simétrico,
jiij
εε
=
11
.
Pelas leis da álgebra linear, pode ser encontrado um sistema coordenado
ortogonal no qual este tensor seja diagonal,
ijjiij
δεε
= . Os eixos deste sistema
são chamados de eixos principais, e os correspondentes elementos da diagonal
do tensor dielétrico são chamados de constantes dielétricas principais do meio e
são designadas como:
xx
ε
,
yy
ε
e
zz
ε
. Simultaneamente, os índices de refração
principais são:
0
ε
ε
ii
ii
n = . (2.92)
A velocidade de fase para uma onda polarizada ao longo do i-ésimo eixo principal
é:
ii
fi
n
c
v =
(2.93)
se os elementos do tensor dielétrico são complexos, os índices de refração
principais estão relacionados à parte real da equação (2.84). A parte imaginária
está relacionada com os coeficientes de absorção
ii
α
, análogos à quantidade
escalar da equação (2.85). Em geral
zyx
nnn , este tipo de meio é chamado de
biaxial. Quando dois dos índices principais são iguais, por exemplo,
zyx
nnn = ,
o meio é chamado uniaxial, nesse caso um eixo de simetria, o qual é
chamado eixo óptico (eixo z). Quando a luz se propaga nesse eixo, sua
velocidade de fase é independente da polarização. Os meios uniaxiais são
chamados de birrefringentes, exibindo dupla refração
11
. Designando
oyx
nnn ==
como índice de refração ordinário, e
ez
nn =
como índice de refração
extraordinário, a birrefringência do meio é
oe
nnn = . Os cristais transparentes
úteis na óptica não-linear tem birrefringência pequena,
1
<<n . Nesses tipos de
Cap.2 - Fundamentação teórica
47
materiais, os campos elétrico,
(
)
trE
,
r
r
, e o deslocamento,
(
)
trD
,
r
r
, são
aproximadamente paralelos e podem ser tratados desta forma para a maioria das
situações práticas.
2.7.1.a – Efeito Kerr
Considerando os processos não-lineares, podemos dizer que os mais intensos
são aqueles relacionados à susceptibilidade de segunda ordem
)2(
χ
. Estes
processos são responsáveis, por exemplo, pela geração de segundo harmônico,
que consiste no desdobramento de freqüência de uma luz laser após passar por
um material não-linear. Esse tipo de não-linearidade ocorre apenas em materiais
que não apresentam simetria de inversão, ou seja, uma classe muito específica
de materiais. Para materiais com simetria de inversão
(
)
0
)2(
=
χ
, a não-linearidade
mais importante passa a ser a de terceira ordem, responsável pela mudança do
índice de refração do meio com a intensidade de luz incidente. Para materiais que
0
)2(
=
χ
, a polarização do meio pode ser escrita como:
NL
PEEEP +=+=
..
)1(3)3()1(
χχχ
. (2.94)
A componente de polarização não-linear em (3) corresponde a um pequeno
incremento na susceptibilidade
χ
que pode ser escrita por:
( )
( )
I
cn
E
E
P
NL
0
)3(
2
)3(
0
2
ε
χ
ωχ
ω
χε
=== , (2.95)
onde
(
)
cn
E
I
0
2
2
ε
ω
=
é a intensidade da onda inicial.
Como
χ
+=
1
2
n
, isto equivale a um incremento no índice de refração
n
n
n
2
χ
χ
χ
=
tal que:
Cap.2 - Fundamentação teórica
48
InI
cn
n
2
0
2
)3(
==
ε
χ
. (2.96)
A grandeza
2
n é denominada de índice de refração não-linear. Assim a mudança
no índice de refração é proporcional à intensidade óptica. O índice de refração
total é, portanto, uma função linear da intensidade de acordo com a equação:
(
)
InnIn
2
+= (2.97)
onde
cn
n
0
2
)3(
2
ε
χ
= . (2.98)
O efeito Kerr é um efeito auto-induzido no qual a velocidade de fase da onda
depende da própria intensidade da onda. Ele é sensível ao comprimento de onda
e depende da polarização
12
.
2.7.1.b – Auto modulação de fase
Como resultado do efeito Kerr óptico, uma onda viajando em um meio não-linear
de terceira ordem sofre uma auto modulação de fase. A diferença de fase
adquirida por um feixe de potência P e seção reta A, viajando uma distância L em
um meio, é:
(
)
0
2
0
2
2
λ
π
λ
π
φ
L
A
P
nn
LIn
+==
; (2.99)
assim ele é alterado por
Cap.2 - Fundamentação teórica
49
P
A
L
n
0
2
2
λ
πφ
=
, (2.100)
que é proporcional à potência P. A auto modulação é usada em aplicações onde
a luz controla luz. Para maximizar o efeito, L deve ser grande e A pequeno.
Temos estas condições em guias de onda ópticos. Materiais com
2
n muito grande
podem ser usados em guias de onda da ordem de centímetros para conseguir
uma mudança de fase da ordem de
π
com uma potência não muito alta
12
.
2.7.1.c – Auto focalização
Um outro efeito associado à auto modulação de fase é a auto focalização. Se um
feixe é transmitido através de um fino material não-linear que exibe efeito Kerr
óptico, o índice de refração muda de acordo com o padrão de intensidade do
plano transversal à propagação (o meio não-linear de terceira ordem age como
uma lente cujo foco depende da intensidade). O efeito Kerr é caracterizado por
um índice de refração dependente da intensidade. Esta dependência do índice de
refração com a intensidade é responsável pela auto focalização do feixe, quando
este possui um perfil transversal não uniforme de intensidade. Ao se propagar na
direção z, por exemplo, um feixe com um dado perfil transversal
(
)
yx
,
de
intensidade, produz uma variação transversal correspondente no índice de
refração. Se o feixe tem a sua maior intensidade no centro, a máxima mudança
no índice de refração será também no centro. O meio age como um classificador
de índices de refração que para onda um deslocamento de fase não uniforme,
causando assim uma curvatura na frente da onda. Sob certas condições o meio
pode agir como uma lente de distância focal dependente da potência. Assim este
fenômeno pode ser imaginado como uma lente induzida no material, que provoca
a focalização do feixe.
Cap.2 - Fundamentação teórica
50
2.7.2 – Efeitos térmicos
O comportamento óptico não-linear de caráter térmico é originado pela absorção
da luz (figura 2.3), podendo ser causado pela própria amostra, ou até mesmo por
impurezas presentes no meio. Existem vários efeitos de origem térmica que
modificam a propagação do feixe de excitação. O mais importante é o índice
térmico que é devido à dependência do índice de refração com a temperatura,
sendo um efeito direto sobre o índice de refração. Outros parâmetros sicos
(constante elástica) são também influenciados pelo aumento na temperatura,
produzindo mudanças na orientação do diretor, gerando uma resposta óptica não-
linear.
No efeito denominado índice térmico, podemos escrever a parte não-linear do
índice de refração (
n
) como:
T
dT
dn
n =
, (2.101)
sendo
dT
dn
uma propriedade intrínseca do meio e
T
a variação de temperatura
induzida pelo laser.
Este efeito não se manifesta por igual em todas as fases líquido cristalinas. No
caso dos termotrópicos, mais especificamente na fase isotrópica, a variação no
índice de refração é devida, principalmente, a uma mudança na densidade
provocada pelo aumento da temperatura. na fase nemática, a mudança no
índice de refração é altamente dependente da temperatura através de sua
dependência com o parâmetro de ordem escalar
S
, e também depende, em
menor medida, da densidade. Nesse caso a mudança no índice de refração é:
T
dT
dS
dS
dn
n =
. (2.102)
Cap.2 - Fundamentação teórica
51
A uma discussão mais aprofundada da dependência do índice de refração com a
temperatura (
dT
dn
) pode ser observada nas referências [13, 14].
Figura 2.3 Ilustração do efeito térmico induzido em uma amostra, pela
incidência de um laser gaussiano de alta potência.
2.8 – Técnica de Varredura-Z
Com o desenvolvimento do laser, foi possível observar pela primeira vez que altas
intensidades de luz podem provocar mudanças nas propriedades ópticas dos
meios (índice de refração ou coeficiente de absorção); quando isso acontece as
alterações do mesmo afetam a própria propagação da luz de maneira não-linear.
Em 1989 Sheik-Bahae e colaboradores utilizaram um método (varredura-Z) para
determinar o sinal da magnitude do índice de refração não-linear, relacionado à
susceptibilidade de terceira ordem em cristais líquidos. Nesse caso a focalização
e a desfocalização do feixe podem associar-se à existência de um
0
2
>n ou
0
2
<n
, respectivamente. Esta técnica denominada varredura-Z (Z-scan), é
baseada em princípios de distorção espacial do feixe de luz e oferece tanto
sensibilidade quanto simplicidade experimental.
Cap.2 - Fundamentação teórica
52
A passagem do feixe por um meio não-linear provoca simultaneamente uma
distorção na fase da onda, dependente da intensidade, e como resultado a
mudança no índice de refração linear da amostra
0
n
por um termo dependente da
intensidade, In
2
. Os pioneiros nos estudos de propriedades ópticas não-lineares
em cristais líquidos foram o grupo de óptica não-linear do Liquid Crystal Institute
(KSU,USA)
15
. Temos na figura 2.4 ilustrado o simples arranjo experimental
utilizado na experiência de Z-scan.
Figura 2.4 – Arranjo experimental típico de uma experiência de varredura-Z.
A técnica consiste em focalizar um feixe com perfil gaussiano, mediante uma
lente, enquanto a amostra é deslocada ao longo da direção de propagação do
feixe, como podemos observar na figura 2.4. O detector recebe a potência
transmitida através da abertura da íris,
)(
zI
, em função da posição da amostra.
Porém, o resultado completo de uma medida é expresso em termos da
transmitância normalizada
)(
zT
N
em função da posição. A transmitância
normalizada é definida como a razão entre
)(
zI
e a intensidade transmitida com a
amostra situada em um ponto distante do foco, onde a intensidade é pequena, de
modo a desprezar qualquer efeito não-linear,
)(/)()(
0
zzIzIzT
N
>>= , (2.103)
Cap.2 - Fundamentação teórica
53
sendo
0
z o parâmetro confocal do feixe gaussiano.
A curva de transmitância característica para uma amostra com
0
2
<n
pode ser
observada na figura 2.5. Essa curva apresenta um pico para
0
<
z
e um vale para
0
>
z
, pois a amostra se comporta como uma lente divergente. Para amostras
com
0
2
>n a curva de Z-scan obtida é semelhante à descrita anteriormente, mas
com as posições de pico e de vale invertidas, onde a amostra se comporta como
uma lente convergente.
Figura 2.5 Transmitância normalizada em função da posição para uma amostra
com
0
2
<n
. Quando a amostra é posicionada em
0
<
z
, o conjunto lente-amostra
Cap.2 - Fundamentação teórica
54
se comporta como uma lente convergente, aumentando a potência capturada
pelo detector e consequentemente produzindo um pico no gráfico da
transmitância normalizada. Se a amostra estiver sobre o foco (
0
=
z ), a luz passa
pela amostra sem sofrer alterações. Já quando
0
>
z
, obtemos um vale no gráfico
de
N
T pois a amostra se comporta como uma lente divergente, diminuindo o sinal
capturado pelo detector.
2.9 – Técnica de Varredura-Z com Resolução Temporal
Considerando que o conjunto amostra mais porta-amostras, possue impurezas e
imperfeições e sabendo que tais problemas provocam espalhamento ou figuras
de difração que variam de acordo com a posição da amostra, podemos dizer que
a normalização proposta por Sheik-Bahae
16
é comprometida. Pensando em
corrigir esses problemas Oliveira et al.
17
propuseram um método de normalização
com resolução temporal.
O arranjo experimental da técnica de Z-scan com
resolução temporal pode ser observado na figura 2.6.
Figura 2.6 Arranjo experimental Z-scan (resolução temporal), onde L
1
, L
2
e L
3
são lentes, S é a amostra, Ch é o Choper, I, a íris e D, o fotodiodo.
Esta técnica consiste em focalizar mediante uma lente, um feixe de luz pulsado
(18 Hz) com perfil espacial Gaussiano, enquanto a amostra é deslocada ao longo
do eixo z (direção de propagação do feixe), varrendo a região focal do feixe.
Cap.2 - Fundamentação teórica
55
Quando o feixe de luz laser incide sobre a amostra, a luz transmitida num primeiro
momento é devido ao processo linear de refração. Nos primeiros instantes o
acúmulo de calor não é suficiente para mudar o índice de refração da amostra.
Com o decorrer do tempo, a amostra absorve luz, convertendo em calor, gerando
a mudança em seu índice de refração. Devido a esse efeito, o sinal no detector
que mede a luz transmitida pela amostra terá uma variação com o tempo. O sinal
pode ser acompanhado com auxílio de um osciloscópio, desde que, o fotodetector
seja suficientemente rápido. A figura 2.7 mostra o gráfico da transmitância em
função do tempo em três posições diferentes.
(z>0)
(z=0)
(z<0)
z
T = 33 ms
Γ
(arb. units)
t (ms)
Figura 2.7 Exemplos de curvas da evolução temporal da transmitância óptica,
em três sucessivas posições ao longo do eixo z para uma amostra nemática
calamítica (
0
2
<n
).
A transmitância normalizada é obtida pela razão do sinal num tempo
t
ms
33~
(fim
da curva) pelo sinal no instante
0
=
t
(início da curva), para cada posição z.
Calculando essa transmitância para todas as posições de interesse, obtemos o
Cap.2 - Fundamentação teórica
56
gráfico da transmitância normalizada
N
T em função da posição z, visto na figura
2.8.
-10 -5 0 5 10
0.90
0.95
1.00
1.05
1.10
1.15
T
N
z(mm)
Figura 2.8 – Exemplo de uma curva típica da transmitância normalizada em
função da posição para uma amostra com
0
2
<n
.
2.10 – Modelos Teóricos
Quando um meio sofre uma modulação no seu índice de refração, com a
incidência de um feixe de laser sobre ele, podemos dizer que se trata de um meio
do tipo Kerr. São duas as conseqüências trazidas por esse efeito para a
propagação de um feixe. Primeiramente, como o índice de refração de um meio é
inversamente proporcional à velocidade de propagação de uma onda luminosa,
existirá um efeito de auto-focalização ou auto-desfocalização do feixe incidente,
dependendo do sinal do termo não-linear do índice de refração. Podemos dizer
neste caso que o meio atua como uma lente não-linear. Por sua vez, as
Cap.2 - Fundamentação teórica
57
diferenças nos caminhos ópticos adquiridos pelas diversas partes da frente de
onda trazem como conseqüência da mudança no índice de refração, uma
mudança de fase
(
)
NL
φ
entre as diversas partes da frente de onda, gerando
padrões de interferência. Este fenômeno denomina-se auto-modulação de fase.
Podemos concluir que a presença de um meio não-linear provocará mudanças
tanto na fase como no raio de curvatura do feixe incidente. No cálculo da resposta
não-linear numa medida de Z-scan, em geral, considera-se o meio
suficientemente fino de maneira que a distorção introduzida no raio de curvatura
da frente de onda seja insignificante. A forma da fase não-linear depende do tipo
de meio (cristal semicondutor, liquido, cristal liquido, etc.) e das condições
experimentais utilizadas (comprimento de onda do feixe, comprimento do pulso de
excitação da amostra, espessura da amostra, etc.). Considerando uma não-
linearidade do tipo eletrônica podemos escrever
NL
φ
como:
( )
rILn
E
NL
2
2
λ
π
φ
=
, (2.104)
onde
(
)
rI é a intensidade do feixe incidente numa dada posição radial,
λ
o
comprimento de onda do feixe no vácuo e
L
a espessura.
Quando a não-linearidade é de origem térmica, a fase não-linear pode ser escrita
como:
( )
rT
dT
dn
L
T
NL
=
λ
π
φ
2
. (2.105)
A seguir trataremos os aspectos gerais dos modelos teóricos e do cálculo da
transmitância em uma medida de Z-scan.
Cap.2 - Fundamentação teórica
58
2.10.1 - Modelo de Sheik-Bahae
O cálculo da transmitância numa medida de varredura–Z proposto por Sheik-
Bahae e colaboradores
16
considera que a origem da não-linearidade é do tipo
eletrônica. Para este caso a expressão para o índice de refração é escrita da
seguinte forma:
Innn
20
+= . (2.106)
O efeito do laser sobre a amostra tem caráter puramente local. Sendo que a
região que muda suas propriedades (índice de refração) é a região diretamente
atingida pelo laser. Portanto, a mudança de fase da onda segue o perfil espacial
do feixe gaussiano incidente se considerar: a) amostra de espessura fina
(
)
0
zL << ; b) transmitância linear na intensidade
(
)
0
=
β
; c) a intensidade do feixe
não decresce no percurso sobre a amostra
(
)
pequeno
α
; d) a íris está afastada de
tal forma que tenha um diâmetro muito pequeno comparado ao diâmetro do feixe;
e e) a mudança não-linear na fase da onda (não-linearidade eletrônica) é
pequena
1
<<
E
NL
φ
. Levando em conta essas considerações obtemos para a
transmitância normalizada
N
T :
( )
( )( )
91
4
1
22
0
++
+=
xx
x
zT
N
φ
, (2.107)
sendo
0
/
zzx = e
2
0
0
0
4
2
n
cn
LI
π
λ
π
φ
= , (2.108)
Cap.2 - Fundamentação teórica
59
onde
c
é a velocidade da luz no vácuo e
0
I a intensidade do feixe de luz laser
sobre o eixo na posição do foco. Podemos observar a transmitância normalizada
para este modelo na figura 2.9.
0
1
n
2
< 0
T
N ( p-v )
z
( p-v )
T
N
z(mm)
Figura 2.9 Gráfico típico da transmitância normalizada em função da posição
segundo o modelo de Sheik-Bahae
16
.
A transmitância normalizada em função da posição apresenta algumas
características que são utilizadas como parâmetros para determinar o ajuste do
modelo teórico aos dados experimentais; possui uma curva simétrica em relação
à
N
T
; à distância
)(
vp
z
independe da intensidade sobre a amostra; a diferença
da transmitância
SBF
vpN
T
)(
é proporcional a
2
n
segundo a relação
0)(
406,0
φ
SBF
vpN
T .
Cap.2 - Fundamentação teórica
60
2.10.2 - Modelo de Lente Térmica
Quando uma amostra é aquecida devido à energia absorvida pela propagação
não-linear de um feixe de laser gaussiano, dizemos que acontece o fenômeno de
Lente Térmica. Este é um processo não local, diferenciado da o-linearidade do
tipo eletrônica, pelo fato da existência de difusão de calor no meio. Com o
aumento da temperatura
(
)
trT
,
da amostra surge a indução de um gradiente
transversal no índice de refração, sendo a variação não-linear do índice de
refração,
(
)
trn ,
r
, dada pela equação:
( ) ( )
trT
dT
dn
trn
,,
rr
= . (2.109)
Portanto, a mudança
NL
φ
na fase da onda do feixe incidente será dada pela
expressão:
( ) ( )
trT
dT
dn
Ltr
NL
,
2
,
rr
=
λ
π
φ
. (2.110)
Partindo destas equações, vários modelos foram propostos para curvas de
transmitância extraídas de uma varredura-Z
18, 19
. Os modelos são diferenciados
pelas hipóteses sobre a distribuição do calor dentro da amostra, a qual determina
o atraso da fase da onda
20, 21
.
As expressões teóricas consideradas nos ajustes de nossos resultados
experimentais foram obtidas por Carter e colaboradores
20
. Considerando a
aproximação de uma distribuição de calor com perfil parabólico (proporcional a r
2
)
e um regime estacionário, obtemos para a transmitância normalizada a expressão
( )
(
)
(
)
( )
2
2
2
1
1
1
2
,
,0,
xx
x
tzI
tzItzI
zT
N
+
+
+
=
=
=
=
=
θθ
, (2.111)
Cap.2 - Fundamentação teórica
61
sendo
0
/
zzx = e
λαθ
k
dT
dn
LP
/
0
=
, (2.112)
onde
α
é o coeficiente de absorção linear,
k
a condutividade térmica e
0
P a
potência incidente do laser na posição do foco (z = 0) . Podemos observar na
seção 2.9 como é obtida a transmitância normalizada experimental para uma
varredura-Z com resolução temporal.
Como no modelo de Sheik-Bahae, a diferença na transmitância entre o pico e o
vale
TLM
vpN
T
)(
, pode ser relacionada ao parâmetro
θ
, supondo que
1
<<
θ
,
θ
2
)(
TLM
vpN
T . (2.113)
Em relação à dependência temporal do sinal, o modelo prevê que
( ) ( )
1
2
2
2
1
1
2/1
1
2
2/1
10,,
+
+
+
+
+
+=
x
tt
x
x
tt
zItzI
cc
θθ
, (2.114)
onde
D
k
C
t
c
4
4
22
ωρω
==
, (2.115)
Cap.2 - Fundamentação teórica
62
ρ
é a densidade,
C
o calor especifico da amostra,
D
a difusividade térmica,
c
t
uma constante de tempo característica do processo de difusão de calor e
2
0
1 x+=
ωω
é a largura do feixe laser.
Tomando a transmitância normalizada
)0,(
),(
zI
tzI
T
TLM
N
=
ficamos com
1
2
2
2
1
1
2/1
1
2
2/1
1
)0,(
),(
+
+
+
+
+
+==
x
tt
x
x
ttzI
tzI
T
cc
TLM
N
θθ
. (2.116)
Assumindo a diferença de fase não-linear
1
<<
θ
, o segundo termo da equação
(2.116) pode ser desprezado, assim temos que
1
2
1
2
2/1
1
+
+
+
x
x
tt
T
c
TLM
N
θ
. (2.117)
Considerando a equação (2.115) temos
(
)
( )
2
22
0
2
1
4
1
4
xt
D
x
D
t
coc
+=
+
==
ω
ω
(2.118)
onde
Dt
co
4/
2
0
ω
=
(2.119)
Utilizando a relação (2.118) finalmente podemos escrever a transmitância
normalizada com a dependência temporal e posicional.
( )
1
22
1
2
2/11
1
+++
+
x
x
ttx
T
co
TLM
N
θ
(2.120)
Cap.2 - Fundamentação teórica 63
Extraindo os parâmetros necessários podemos calcular o índice de refração não-
linear
15
,
θ
π
λω
dP
cn
n
406,080
0
2
0
2
×
= , (2.121)
sendo
λ
o comprimento de onda do laser,
0
ω
é a largura do feixe sobre o foco,
c
é a velocidade da luz no vácuo,
0
n
é o índice de refração linear,
d
é o diâmetro
da amostra,
P
é a potência do laser e
θ
é a diferença de fase não-linear.
Salientamos a utilização das equações (2.119) e (2.121) nos cálculos da
difusividade térmica e do índice de refração não-linear.
Cap.2 - Fundamentação teórica 64
2.12 – Referências
1
J. D. Jackson, “Classical Electrodynamics, Wiley Eastern Limited (1978).
2
J. R. Reitz, F. J. Milford, and R. W. Christy.Fundamentos da Teoria
Eletromagnética. Campus, Rio de Janeiro, 3
a
edição, (1982).
3
M. V. Klein. “Optics, John Wiley & Sons, New York, (1970).
4
Shin-Tson Wu, Phys. Rev. A, 33, 1270 (1986).
5
M. F. Vuks, “Optics and Spectroscopy, 20, 361 (1966).
6
I. Haller, Prog. Solid State Chem. 10, 103 (1975).
7
Grant R. Fowles, “Introduction to Modern Optics”, New York: Holt, Rinehart
(1989).
8
Y. R. Shen, “The Prínciples of Nonlinear Optics”, John Wiley & Sons Inc. (1984).
9
P. N. Butcher, D, Cotter, “The Elements of Nonlinear Optics, Cambridge
University Press. (1993).
10
R. W. Boyd, “Nonlinear Optics, Academic Press, Inc. (1992).
11
Born e Wolf, “Principles of Optics”, 15
th
Ed., Pergamon Press (1975).
12
B. E. A. Salen and M. C. Teich, “Fundamentals of Photonics”, John Wiley &
Sons (1991).
13
S. J. Sheldon, L.V. Knight and J. M. Thorne, Appl. Opt. 21, 1663, (1982).
14
S. Wu and N. J. Dovichi, Appl. Phys. 67, 1170 (1990).
15
P. Palffy-Muhoray, H. J. Yuan, L. Li, M. A. Lee, J. R. de Salvo, T. H. Wei, M.
Sheik-Bahae, D. J. Hagan and E. W. Van Stryland, Mol. Cryst. Liq. Cryst. 207, 291
(1991).
16
M. Sheik-Bahae, A. A. Said, T.H. Wei, D. J. Hagan e E.W. Van Stryand, IEEE J.
Quantun Eletron. 26, 760 (1990).
17
L. C. Oliveira e S. C. Zílio, Appl. Phys. Lett. 65, 2121 (1994).
Cap.2 - Fundamentação teórica 65
18
C. Hu e J. R. Whinnery, Appl. Opt. 12, 72 (1973).
19
S. J. Sheldon, L. V. Knight e J. M. Thone, Appl. Opt. 21, 1663 (1982).
20
C. A. Carter e J.M. Harris, Appl. Opt. 23, 476 (1984).
21
S. Wu e N.J. Harris, J. Appl. Phys. 67, 1170 (1990).
66
Cap.3 – Técnicas e Arranjo Experimental
3.1 – Microscopia óptica de luz polarizada
Em se tratando de cristais líquidos, a microscopia óptica de luz polarizada
constitui-se numa técnica fundamental no processo de investigação das diferentes
fases e suas respectivas transições características. A cnica consiste em
observar a amostra líquido cristalina entre polarizadores cruzados. Neste trabalho,
utilizamos um microscópio óptico de luz polarizada (modelo DM LP da Leica). Este
consiste de um polarizador de luz situado abaixo da platina giratória bem como um
analisador situado acima da lente objetiva. Uma câmera CCD (modelo CMA D2 da
Sony) foi acoplada ao Microscópio óptico com a finalidade de capturar as referidas
texturas, essencial no estudo de processamento digital, como mostra a figura 3.1.
Cap.3 – Técnicas e Arranjo Experimental 67
Figura 3.1 – Ilustração dos principais componentes de um microscópio óptico de
luz polarizada junto a câmera CCD.
A textura é a imagem de uma amostra líquido cristalina, quando observada em
microscópio óptico com polarizadores cruzados. A textura retrata a simetria
macroscópica da fase, bem como as singularidades topológicas do diretor, em
geral influenciada pelas superfícies dos porta-amostras e/ou pela ação de campos
externos. Uma análise cuidadosa das texturas possibilita, em geral, identificar
diferentes fases, além de caracterizar a direção local do diretor através do giro
adequado dos polarizadores e/ou platina giratória. No controle de temperatura da
amostra utilizamos um sistema de refrigeração e aquecimento para capilares,
como mostra a figura 3.2, no qual ocorre a circulação de água com a temperatura
controlada. Um banho térmico (modelo DT da Heto) com precisão de 10
-2
ºC foi
utilizado no processo de controle da temperatura da água.
Cap.3 – Técnicas e Arranjo Experimental 68
orifício para o
sensor térmico
porta-amostra feixe de luz
polarizada
cilindro de
cobre
A
B
Figura (3.2) – Sistema de refrigeração e aquecimento para capilares, utilizado para
controlar a temperatura da amostra de cristal líquido, durante uma varredura para
verificação das temperaturas de transição de fases. As letras A e B indicam as
conexões para o banho térmico.
Para minimizar a troca de calor do sistema de refrigeração e aquecimento com o
meio, foi confeccionado um isolante térmico que envolve todo o cilindro de cobre
(não consta na figura 3.2) assim melhorando a estabilidade na temperatura das
amostras. Colocado sobre a platina do microscópio de polarização, o termostato
permite acompanhar as variações de textura da amostra em função da
temperatura. Desse modo, é possível determinar as temperaturas de transição de
fase associadas às mudanças nos padrões de textura.
3.1.1 – Análise digital de texturas
Após a caracterização e identificação das fases, focalizamos nossos estudos de
análise digital de texturas nas transições I
RE
N
D
I. Para tal finalidade,
utilizamos uma câmera digital CCD (resolução de 640 x 480 “pixels”) acoplada ao
microscópio óptico. As texturas nemáticas o detectadas por ela e um programa
(linguagem orientada a objeto) foi elaborado, especialmente, para analisar, em
termos estatísticos, as referidas imagens. Nesse tratamento a imagem digitalizada
no padrão de cores RGB (”red”, “green” e “blue”) é dividida nas três cores
fundamentais (figura 3.3). Logo, escolher uma das três cores fundamentais
Cap.3 – Técnicas e Arranjo Experimental 69
(vermelho, verde e azul) de interesse se torna necessário. Para cada “pixel” em
um ponto arbitrário p(x,y) na composição da imagem (textura), o programa
proposto associa uma tonalidade de cor b(x,y) que varia de 0 a 255. A cor verde
se mostrou mais sensível, neste estudo, dentre as cores fundamentais e, em
razão disso, ela foi escolhida. Os parâmetros estatísticos (valor médio, desvio
padrão e variância) de interesse podem ser calculados a partir da função b(x,y).
Neste contexto, pela equação (3.1) determinamos o desvio padrão (σ) a partir da
intensidade média (
0
Μ ) de cores definida pela equação (3.2)
1,
2
:
(3.1)
com
(3.2)
onde l
x
e l
y
são “componentes” x e y do domínio retangular da composição da
imagem. Este procedimento adotado aqui, com relação ao processo de
preparação e caracterização das fases nemáticas, é o usual. Nesse contexto,
esperamos explicitar nossa contribuição, no sentido de aprofundar conhecimentos
sobre a caracterização destas fases nemáticas do ponto de vista da dependência
com a temperatura de parâmetros ópticos e elásticos.
,),(
1
000
dxdyyxb
ll
y
x
l
l
yx
=Μ
( )
[ ]
( )
2/1
2
2
0002
,
1
MMyxb
ll
M
y
x
l
l
yx
==
σ
Cap.3 – Técnicas e Arranjo Experimental
70
Figura 3.3 (a) imagem digitalizada no padrão de cores RGB, (b) componente do
vermelho, (c) componente do verde e (d) componente do azul.
O número de pixels” (N) de tonalidade (cor b) pode ser representado em um
histograma, transformando deste modo a informação bidimensional em uma
descrição unidimensional como podemos observar na figura (3.4).
Cap.3 – Técnicas e Arranjo Experimental
71
Figura 3.4 Histograma característico de uma imagem monocromática.
3.2 – Refratometria
No ano de 1886 Ernest Abbe deu início ao aperfeiçoamento dos antigos
refratômetros. Como resultado de seus esforços, foram criados os refratômetros
de Abbe, os quais são usados atualmente em diversas áreas de pesquisa.
As
medidas de índice de refração em cristais líquidos foram realizadas pelo método
Abbe. Neste método, o cristal líquido é confinado em um porta-amostras (figura
3.6) o qual é colocado sobre a face do prisma principal, lembrando que, faz-se
necessário o uso de uma película líquida entre o porta-amostras (cubeta) e o
prisma como acoplador óptico (bálsamo do Canadá,
53,1
=
n
). O índice de refração
do conjunto amostra-cubeta-acoplador óptico necessariamente deve ser menor do
que o índice de refração do prisma. O princípio de funcionamento baseia-se no
método do ângulo crítico
3
.
Cap.3 – Técnicas e Arranjo Experimental
72
Figura 3.5 Refratômetro de Abbe utilizado nas medidas de índice de refração
em cristais líquidos. Na parte superior esquerda temos a imagem que é
observada na ocular, contendo o visor com a escala de medidas.
O refratômetro utilizado nas medidas foi um modelo 3T da Atago como mostra a
figura 3.5, com precisão de 2 x 10
-4
. Considerando amostras anisotrópicas
precisamos tomar alguns cuidados na realização das medidas. Em primeiro lugar
as amostras devem estar orientadas. Devemos também polarizar a luz incidente
na amostra. A orientação das amostras bem como a polarização da luz é
necessária, pois queremos medir os índices de refração ordinário (diretor paralelo
ao eixo óptico) e extraordinário (diretor perpendicular ao eixo óptico) de um cristal
líquido nemático liotrópico. Os procedimentos de orientação das amostras foram
realizados com campo magnético conforme descrito em seções posteriores. A
polarização da luz incidente foi feita com o acoplamento de um polarizador na
lente do refratômetro como pode ser visto na figura 3.7 (a).
Cap.3 – Técnicas e Arranjo Experimental
73
Figura 3.6 Cubeta de quartzo de 1 mm de caminho óptico, volume 260
µ
l e
dimensões 45 x 12,5 x 3,5 mm.
Iniciando a medida é necessário ajustar o foco do equipamento, ou seja, ao passar
de um meio de menor índice de refração (amostra) para um meio de índice de
refração maior (prisma) a luz incidente é refratada, assim, é desviada em direção à
face do prisma, conforme mostra a figura 3.7 (b). Através do prisma passarão
somente os raios incidentes, cujo ângulo de refração é menor que o ângulo de
refração do prisma
r
, criando assim uma fronteira claro/escuro bem nítida na
ocular do refratômetro, permitindo assim focalizar e fazer a leitura direta do índice
de refração. Para fazer a leitura do índice de refração extraordinário é necessário
girar o polarizador de 90 graus. No controle de temperatura utilizamos um banho
térmico com precisão de 0,01 ºC acoplado ao refratômetro, e um intervalo de
tempo de aproximadamente 20 minutos foi utilizado entre diferentes medidas
realizadas.
Cap.3 – Técnicas e Arranjo Experimental
74
Figura 3.7 (a) Refratômetro Abbe, utilizado nas medidas de índice de refração
em cristais líquidos. (b) Princípio de funcionamento do refratômetro Abbe, onde
estão representados o prisma principal, e a luz proveniente do espelho. O índice
de refração da amostra determina o ângulo crítico r.
As amostras “perdem” orientação quando transitam da fase nemática para a
isotrópica
4
. Assim é necessário fazer primeiramente as medidas de n diminuindo a
temperatura. Após a realização das medidas para baixas temperaturas, a amostra
é orientada novamente e então é realizada a medida para altas temperaturas.
3.3 – Técnica de varredura-Z com resolução temporal
Nesta seção apresentamos uma descrição detalhada do arranjo experimental para
medidas do índice de refração não-linear e difusividade térmica através da técnica
Cap.3 – Técnicas e Arranjo Experimental
75
de varredura-Z (Z-scan), conforme ilustrado na figura 3.8. Este método de
medidas exige determinados cuidados experimentais para minimizar os erros, que
podem acontecer durante a realização do referido experimento. Dentre esses
erros destacamos, por exemplo, a flutuação da rede (interferindo na potência do
laser), a presença de defeitos, imperfeições e impurezas do porta-amostras
(indução de efeitos indesejados). Para evitar problemas com a flutuação da rede,
nosso laboratório é equipado com um estabilizador de tensão muito eficiente. Para
a segunda fonte de erros propomos um método de aquisição denominado
varredura-Z, com resolução temporal.
Figura 3.8 Arranjo experimental Z-scan (resolução temporal), onde L
1
, L
2
e L
3
são lentes, E
1
e E
2
são espelhos, S amostra, Ch Choper, I íris, D fotodiodo e R
as placas metálicas utilizadas na refrigeração do laser..
No experimento utilizamos um laser (polarizado direção Y) de estado sólido
“diode-pumped solid-state laser (DPSS)” modelo Ventus 532, acoplado a uma
fonte microprocessadora de controle de potência mpc 6000. O laser emite luz com
um comprimento de onda de 532 nm, alcançando uma potência de até 1 W. Para
Cap.3 – Técnicas e Arranjo Experimental
76
um bom funcionamento a temperatura do equipamento deve estar entre 10ºC e
35ºC. Para que isso ocorra, acoplamos um sistema constituído de placas de
alumínio (figura 3.8 sob o laser) refrigeradas com água a uma temperatura de
24ºC, mantendo a temperatura do equipamento em aproximadamente 28ºC. O
modo de oscilação do laser é TEM
00
o qual gera na saída um feixe com perfil
gaussiano que pode ser visto na figura 3.9.
Figura 3.9 – Perfil Gaussiano do laser Ventus 532.
No experimento de Z-scan com resolução temporal incidimos uma luz pulsada
sobre a amostra, evitando o superaquecimento da mesma. Tais pulsos têm uma
freqüência de 18 hz e são conseguidos com um chopper Ch (Stanford Research
System SR540). As lentes
1
L e
2
L vistas na figura 3.8 de diferentes distâncias
focais têm a dupla finalidade. Primeiramente, com o objetivo de diminuir o tempo
de subida do pulso incidente na amostra (tempo de resposta) posicionamos o
chopper ch exatamente sobre o foco da lente
1
L
. O tempo de subida obtido foi da
ordem de 70 ms. Quanto menor esse tempo melhor será a aquisição. Obtemos
também um mecanismo que nos permite variar o diâmetro do feixe laser,
possibilitando variar o grau de focalização do feixe sobre a amostra.
Cap.3 – Técnicas e Arranjo Experimental
77
Ainda levando em consideração o arranjo experimental da figura 3.8, a lente
3
L
tem uma distância focal de aproximadamente 10 cm e é posicionada entre a
amostra e a íris, assim focalizando o feixe de luz. Um carrinho nos possibilita
deslocar a amostra em relação ao foco dessa lente, gerando o sinal de Z-scan que
tanto nos interessa. A luz, após passar pela amostra atravessa uma íris, que é
posicionada de maneira a permitir apenas a passagem do centro do feixe; logo, a
luz remanescente incide sobre o fotodiodo. A aquisição da transmitância é
realizada por um osciloscópio (Tektronix TDS3012). Finalmente, com o objetivo
de automatizar o experimento, todos os equipamentos (laser – potência, carrinho –
deslocamento, osciloscópio sinal transmitido) são controlados pelo PC. O
programa de controle foi desenvolvido em nosso laboratório, utilizando linguagem
orientada a objeto. A parte visual do programa pode ser observada na figura 3.10.
Figura 3.10 – Parte do visual do programa de aquisição de dados (Z-scan)
realizado em linguagem orientada a objeto.
Para um melhor resultado no estudo de parâmetros ópticos não-lineares é
necessário que o laser de alta potência tenha um perfil gaussiano. Se o laser
Cap.3 – Técnicas e Arranjo Experimental
78
possuir este perfil, ao incidirmos em uma lente convergente, toda a luz convergerá
para um determinado ponto (distância focal) e, logo após esse ponto, a luz
começará a divergir. Um parâmetro muito importante na análise dos resultados é o
0
ω
que é nada mais que a espessura do laser sobre o foco. Utilizando os
conceitos para feixes com perfis gaussianos bem como o procedimento descrito
no apêndice A encontramos
m
µ
ω
5,21
0
=
.
Neste contexto, a transmitância normalizada em função da posição cujo gráfico
característico pode ser visto na figura 2.8. Considerando um tempo suficiente para
a estabilidade (formação da lente térmica)
co
tt
10=
, e utilizando a equação (2.120)
para o “fit” (ajuste) dos dados experimentais, podemos calcular o parâmetro
θ
(diferença de fase). Posteriormente utilizamos a equação (2.121) para calcular o
índice de refração não-linear
5
. Se considerarmos o gráfico da evolução temporal
(figura 2.7) em uma determinada posição (
0
zz
=
), fazendo uso do parâmetro
θ
calculado na parte espacial e ainda a equação (2.120) para o “fit” dos dados
experimentais, o parâmetro
co
t (tempo característico para a formação da lente
térmica) é encontrado, e consequentemente utilizando a equação (2.119)
podemos calcular a difusividade térmica.
3.4 – Amostras
Amostras liotrópicas investigadas neste trabalho foram preparadas de acordo com
o procedimento descrito a seguir, e os componentes utilizados foram Laurato de
Potássio (KL), Decanol (DeOH) e água deuterada (D
2
O). Os diferentes compostos
utilizados na preparação das misturas liotrópicas são de diversos laboratórios de
síntese. O laurato de potássio foi sintetizado e recristalizado em etanol em nosso
laboratório
6, 7
, o decanol bem como a água deuterada são oriundos dos
laboratórios Sigma e Merk, respectivamente. Na pesagem dos reagentes,
utilizamos uma balança analítica da Mettler Toledo modelo AT201 com precisão
de 0,1 mg. A seqüência de pesagem dos reagentes foi a seguinte: Laurato de
Cap.3 – Técnicas e Arranjo Experimental
79
potássio (KL), decanol (DeOH) e água deuterada (D
2
O). Após a pesagem, o tubo
de ensaio é vedado com parafilme para evitar a evaporação dos componentes. No
processo seguinte é feita a homogeneização, o tubo é agitado em um agitador
mecânico (modelo 251 da FANEM) e posteriormente colocado em uma centrífuga
(modelo 222T28 da Quimis). Esse processo é repetido até que a mistura fique
completamente homogênea.
3.4.2 – Diagramas de fases
A motivação inicial foi o estudo da fase nemática discótica entre duas fases
isotrópicas. Tal seqüência de fase é observada no diagrama de fases indicado na
figura 3.11 sobre a linha tracejada.
24,4 24,8 25,2 25,6
0
20
40
I
RE
I
N
BX
N
D
N
C
Temperatura(
o
C)
KL wt %
Figura 3.11 Diagrama de fases
8
do Laurato de Potássio KL/DeOH/D
2
O. Com a
porcentagem em massa de decanol (DeOH) fixa em 6,24 wt %. A concentração
da amostra utilizada no trabalho está representada pela linha pontilhada expressa
no diagramas de fases.
Cap.3 – Técnicas e Arranjo Experimental
80
Utilizamos também amostras na fase nemática calamítica entre dois isotrópicos.
Esta seqüência pode ser vista na figura 3.12. indicada pela linha pontilhada.
26,7 27,0 27,3 27,6
10
15
50
N
D
N
B
I
RE
I
N
C
Temperatura(
o
C)
KL (wt%)
Figura 3.12 Diagrama de fases
9
do Laurato de Potássio KL/DeOH/D
2
O. Com a
porcentagem em massa de decanol (DeOH) fixa em 6,17 wt %. A concentração
da amostra utilizada no trabalho está representada pela linha pontilhada expressa
no diagramas de fases.
As concentrações relativas de cada composto para as amostras utilizadas nesse
trabalho estão dispostas na tabela 3.1, bem como suas temperaturas de transição.
Amostra
Componentes
Concentração
(% em Massa)
Transições de fases
KL 24,80
1 DeOH 6,24
I
RE
Cº1,12
N
d
Cº3,36
I
D
2
O 68,96
KL 27,20
2 DeOH 6,17
I
RE
Cº6,11
N
c
Cº4,52
I
D
2
O 66,63
Tabela 3.1 - Concentração e temperaturas de transição das amostras utilizadas.
Cap.3 – Técnicas e Arranjo Experimental
81
3.4.3 – Controle de Temperatura e acondicionamento
Para a obtenção de um resultado confiável é extremamente necessário termos um
bom controle da temperatura da amostra. Dois sistemas foram utilizados no
controle da temperatura das amostras. No primeiro um banho térmico (Heto
HMT200) com estabilidade 0,01ºC é utilizado junto a um termostato (figura 3.13).
Algumas medidas requerem um controle de temperatura do tipo rampa, neste
caso, um “hot stage” com precisão de 0.001ºC foi utilizado. Ambos os controles de
temperatura foram produzidos de tal forma que uma cubeta de vidro ou quartzo
(figura 3.14) de 1 mm de caminho óptico e 350
µ
l de volume seja utilizado como
porta amostras.
Figura 3.13 Termostato para cubetas, confeccionado na oficina mecânica do
Departamento de Física da UEM, onde c possui uma abertura de 3,5 mm, e é o
orifício para o sensor de temperatura, f é a entrada para circulação de água
termostatizada.
Cap.3 – Técnicas e Arranjo Experimental
82
Figura 3.14 Porta amostras de vidro (cubeta) da Hellma de 1 mm de caminho
óptico e 350
µ
l de volume, e dimensões 45 x 12,5 x 3,5 mm.
3.4.4 – Orientação
Na investigação de amostras anisotrópicas, é necessário que as mesmas estejam
orientadas. Para a orientação das amostras foi utilizado um eletroímã Walker
Scientific inc. (figura 3.15). O equipamento produz um campo magnético de até 10
KG, que depende da distância entre os núcleos das bobinas. Um procedimento
importante na orientação das amostras é a dopagem. A dopagem é realizada com
a finalidade de facilitar a orientação e consequentemente diminuir o tempo de
orientação completa. Para dopar as amostras utilizamos ferrofluido à base de
água com uma concentração de aproximadamente 0,5
µ
l por grama de amostra,
ou seja, como a quantidade é muito pequena não altera as propriedades das
amostras. Lembrando que o campo aplicado para a orientação das amostras foi
de aproximadamente 8 KG durante 3 (10) horas para a N
C
(N
D
).
Cap.3 – Técnicas e Arranjo Experimental
83
Figura 3.15 – Eletroímã, utilizado na orientação das amostras.
As fases N
D
e N
C
foram orientadas na configuração homeotrópica e planar sob
efeito de campo magnético, respectivamente. A figura 3.18 mostra as
configurações de orientação das referidas fases e também a direção do campo
magnético aplicado durante o processo de orientação. Utilizamos a técnica de
microscopia óptica de luz polarizada na verificação da orientação das amostras. A
figura 3.16 mostra em (a) uma fase nemática calamítica desorientada, (b) fase N
C
orientada com o diretor na direção de polarização do microscópio e (c) mostra a
mesma fase N
C
orientada girada de 45º em relação ao plano de polarização do
equipamento.
(a)
(b)
(c)
Figura 3.16 – Fase N
C
(a) desorientada, (b) com orientação planar, (c) girada de 45º
em relação aos polarizadores.
A
P
A
P
Cap.3 – Técnicas e Arranjo Experimental
84
Seguindo o mesmo caminho temos a amostra nemática discótica, que pode ser
vista na figura 3.17 (a) ainda desorientada. Nas figuras 3.17 (b) e (c) temos a
amostra na fase isotrópica e uma fase N
D
orientada respectivamente. Podemos
observar que na fase isotrópica a amostra fica totalmente escura, diferentemente
da amostra orientada que também fica escura salvo as bordas do porta amostras
que ficam claras devido à distorção do diretor por efeito de parede.
(a)
(b)
(c)
Figura 3.17 (a) fase nemática discótica (N
D
) desorientada, (b) fase Isotrópica, (c) fase
N
D
orientada (orientação homeotrópica).
P
A
Cap.3 – Técnicas e Arranjo Experimental
85
Figura 3.18 – Configurações experimentais do diretor (
n
ˆ
), direção do campo
magnético aplicado (
H
r
) e a polarização do laser para as medidas de parâmetros
não-lineares. (a)
En
r
||
ˆ
e (b)
En
r
ˆ
na fase N
C
; (c)
En
r
||
ˆ
e (d)
En
r
ˆ
na fase N
D
.
a) b)
c) d)
X
Y
Z
k
r
E
r
ˆ
n
ˆ
n
ˆ
n
ˆ
n
H
r
H
r
H
r
H
r
Cap.3 – Técnicas e Arranjo Experimental 86
3.5 – Referências
1
B.Montrucchio, A.Sparavigna and A.Strigazzi, Liq.Cryst. 24, 841 (1998).
2
A. R. Sampaio, R. C. Viscovini and A. J. Palangana, Mol. Cryst. Liq. Cryst. 408,
45 (2004).
3
E. E. Wahlstrom. Cristalografia Óptica Livro Tecnico S. A., Rio de Janeiro,
(1969).
4
P. G. de Gennes and J. P. Marcerou. “The Physics of Liquid Crystals”, 2
nd
edition,
Clarendon Press, Oxford, (1993).
5
M. Sheik-Bahae, A. A. Said, T. H. Wei, D. J. Hagan, and E. W. Van Stryland,
IEEE J. Quantum Electron. 26, 760 (1990).
6
P. A. Santoro, Dissertação (Mestrado em Cristais Liquidos), Programa de Pós-
Graduação em Física, Universidade Estadual de Maringá, Paraná (2002).
7
FDM Electronic Handbook of FTIR Spectra. http://www.fdmspectra.com.
8
A. M. Figueiredo Neto, L. Liébert and Y. Galerne, J. Phys. Chem. 89, 3737
(1985).
9
W. S. Braga, N. M. Kimura, D. D. Luders, A. R. Sampaio, P. A. Santoro and A. J.
Palangana, Eur. Phys. E 24, 247 (2007).
87
Cap.4 – Resultados e Discussões
4.1 – Análise digital de texturas
Após a caracterização e identificação da fase N
D
, localizada entre duas fases
isotrópicas, focalizamos as transições I
RE
N
D
I do ponto de vista de
processamento de análise digital de texturas. Para tal finalidade, utilizamos uma
câmera digital CCD resolução de 640 x 480 “pixels” acoplada a um
microscópio óptico. As texturas nemáticas o detectadas por ela e um programa
(linguagem orientada a objeto) foi elaborado, especialmente, para analisar, em
termos estatísticos, as referidas imagens. E, além disso, escolher uma das três
cores fundamentais (vermelho, verde e azul) de interesse. Para cada “pixel” em
um ponto arbitrário p(x,y) na composição da imagem (textura), o programa
proposto associa uma tonalidade verde b(x,y) que varia de 0 a 255. A cor verde se
mostrou mais sensível, neste estudo, dentre as cores fundamentais e, em razão
disso, ela foi escolhida. Os parâmetros estatísticos (valor médio, desvio padrão e
variância) de interesse podem ser calculados a partir da função b(x,y). Neste
contexto, determinamos o desvio padrão (σ) a partir da intensidade média (
0
Μ
) de
cores definida nas referências [1,
2].
A figura 4.1 mostra texturas da seqüência de fases em pauta: (a) e (b) texturas da
fase nemática discótica no processo de resfriamento, (c) e (d) texturas da fase N
D
Cap.4 – Resultados e Discussões 88
no processo de aquecimento. As figuras (4.1) exibem a textura “schlieren”
pseudoisotrópica, característica da fase N
D
em um processo de orientação
homeotrópica.
(a)
(b)
(c)
(d)
Figura 4.1 (a) e (b) texturas da fase nemática discótica (N
D
) no processo de
resfriamento nas respectivas temperaturas 13,6ºC e 18,5ºC, (c) e (d) texturas
da
fase N
D
no processo de aquecimento
com temperaturas de 33,0ºC e 27,5ºC
respectivamente. Ampliação de 10 vezes obtida pelo microscópico.
A figura 4.2 mostra o comportamento do desvio padrão (σ) da intensidade média
de cores, definida na equação (3.1), em função da temperatura nas proximidades
das transições, I
RE
N
D
I, respectivamente. As medidas ópticas foram
Cap.4 – Resultados e Discussões 89
realizadas em um ciclo de aquecimento/resfriamento com uma taxa de ~ 0,8
m
o
C/s. O parâmetro σ se anula nas fases I
RE
e I, como esperado. Com a
proximidade da transição I
RE
N
D
, σ aumenta e alcança um valor máximo
aproximadamente no meio da fase N
D
e, a seguir, diminui em direção ao ponto de
transição para a fase isotrópica. Este fato reflete, num primeiro momento, a
transição da textura escura (fase I
RE
) para a textura “schlieren” (fase N
D
) com a
presença de domínios birrefringentes. Na continuidade do processo, a textura
“schlieren” gradualmente se transforma em uma textura pseudoisotrópica
3
, ou
seja, em uma configuração de orientação parcialmente homeotrópica e, como
conseqüência, observa-se uma diminuição de σ até a fronteira com a fase
isotrópica. Observa-se, ainda, que os pontos mínimos de σ correspondem aos
respectivos pontos de transições da seqüência de fases em pauta, indicados nas
figuras 4.1 e 4.2, respectivamente. Comportamento similar é observado no ciclo de
resfriamento.
10 15 20 25 30 35
0
20
40
60
80
100
Resfriando
Aquecendo
I
N
D
I
RE
σ
Temperatura (
o
C)
Figura 4.2 Desvio padrão (σ) em função da temperatura para a seqüência de
fase I
RE
N
D
I.
Este método de investigação de texturas
2
é oportuno e, particularmente, indicado
como uma ferramenta auxiliar e rápida no processo de caracterização de
Cap.4 – Resultados e Discussões 90
transições de fases. Ele se mostrou sensível também no estudo de outras
transições líquido-cristalinas. A identificação da natureza de diferentes fases
requer informações sobre particularidades de tamanho de defeitos/domínios das
texturas. Esta linha de investigação vem sendo desenvolvida em nosso grupo de
pesquisa e tem despertado o interesse de outros pesquisadores. Um estudo mais
completo, sobre os fundamentos e aplicabilidade do estudo de processamento de
análise digital em cristal líquido, é feito na referência [1].
4.2 - Índice de refração
A caracterização das fases nemáticas uniaxiais N
C
e N
D
, do ponto de vista da
óptica linear, requer medidas dos índices de refração extraordinário (n
||
) /ordinário
(n
). Eles correspondem à direção de polarização da luz incidente paralela/
perpendicular ao eixo óptico (diretor
n
ˆ
) das respectivas fases, característica de
um meio birrefringente. O interesse no estudo destes índices encontra
ressonância nos fundamentos da ordem orientacional da fase nemática, visto que
a diferença entre eles define birrefringência óptica (
oe
nnn = ). Trata-se de um
parâmetro de ordem macroscópico relevante do meio líquido-cristalino, uma vez
que se relaciona com o parâmetro de ordem microscópico
usual da fase nemática.
A refratometria de Abbe fundamentada na reflexão interna da luz na interface
entre a amostra nemática e a superfície do prisma do refratômetro tem sido
muito utilizada na determinação direta dos mencionados índices.
4.2.1 - Transição I
RE
N
D
I
Estão indicados na figura 4.3 os resultados das medidas de índice de refração
extraordinário (
e
n ) bem como do índice de refração ordinário (
o
n ) nas
proximidades das transições: N
D
I
RE
, N
D
I e no domínio da fase N
D
.
Salientando que todas as medidas foram reproduzidas e que as barras de erro
estão contidas nos pontos do gráfico da referida figura. Note que ambos os índices
Cap.4 – Resultados e Discussões 91
de refração convergem para apenas um índice em baixa temperatura
(característica da fase isotrópica, denominada reentrante) e alta temperatura
(característica da fase isotrópica clássica), respectivamente.
10 15 20 25 30 35 40
1.372
1.373
1.374
1.375
1.376
1.377
1.378
1.379
I
RE
I
N
D
Índice de Refração
Temperatura ( ºC )
n
||
n
<n>
n
Iso
Figura 4.3 – Índices de refração ordinário (
n ) e extraordinário (
//
n ) da fase
nemática discótica e das fases isotrópica (I) e isotrópica reentrante (I
RE
) num
sistema ternário KL/DeOH/D
2
O, em função da temperatura, onde o valor médio da
fase nemática é dado por
( )
+= nnn 2
3
1
//
. As barras de erro não podem ser
observadas, pois estão contidas nos pontos experimentais.
Como conseqüência destas medidas, a birrefringência óptica,
oe
nnn =
, é
obtida no domínio da fase N
D
. Do ponto de vista óptico, o sinal positivo de
n
é
característico da fase N
D
. A figura 4.4. mostra o comportamento do referido
parâmetro em função da temperatura no domínio da fase N
D
. Com o aumento de
Cap.4 – Resultados e Discussões 92
temperatura, a birrefringência cresce, alcança um valor máximo e na seqüência
diminui em direção à fase isotrópica.
10 15 20 25 30 35
0.5
1.0
1.5
2.0
N
D
|
n | ( 10
-3
)
Temperatura (
o
C )
Figura 4.4 Valores absolutos da birrefringência óptica da fase nemática
discótica em função da temperatura. Medidas utilizando um refratômetro Abbe
( nm
D
3,589=
λ
) e a birrefringência óptica
= nnn
//
. As barras de erro não
podem ser observadas, pois estão contidas nos pontos experimentais.
4.2.2 - Transição I
RE
N
C
I
A existência de uma fase nemática biaxial (N
B
) situada entre fases nemáticas
uniaxiais foi comunicada por L.J.Yu e A.Saupe
4
no início da década de 80 em um
diagrama de fases marcante da literatura dos cristais líquidos, obtido a partir de
misturas ternárias surfactante, decanol e água deuterada nas concentrações
de interesse. Além da fase biaxial, o referido diagrama prevê a ocorrência, à baixa
temperatura, de uma fase isotrópica reentrante (I
RE
), fato este não verificado nos
cristais líquidos termotrópicos. As seguintes transições: (a) I
RE
N
D
I, (b) I
RE
Cap.4 – Resultados e Discussões 93
N
D
N
B
N
D
I e (c) I
RE
N
D
N
B
N
C
I são previstas no diagrama.
Y.Galerne e colaboradores
5
, ainda na década de 80 para a dada concentração de
decanol, refizeram o referido diagrama de fases. As transições de fases acima
mencionadas foram caracterizadas nesta nova versão do diagrama em pauta,
exceto a seqüência de fases (b). É oportuno salientar, no entanto, que além desta
constatação a transição de fase I
RE
N
C
I, não prevista nos referidos
diagramas, foi recentemente identificada em nosso laboratório. Esta seqüência de
fases é investigada a seguir via medidas refratométricas, discutidas na seção 4.2.
A figura 4.5 mostra os valores dos índices de refração ordinário/extraordinário em
função da temperatura para a seqüência de fases, I
RE
N
C
I. Observe que,
como no caso da fase N
D
situada entre duas fases isotrópicas, os referidos índices
de refração convergem para um índice em baixa (alta) temperatura característica
óptica de uma fase isotrópica reentrante (isotrópica clássica). A birrefringência
óptica nesta fase calamítica,
oe
nnn =
, é negativa, caracterizando, portanto uma
fase N
C
, em concordância com dados existentes na literatura. O comportamento
de
n
em função da temperatura no domínio da fase N
C
, é ilustrado na figura 4.6.
Note que, a birrefringência atinge um valor máximo com o aumento de
temperatura, a partir da fase I
RE
e depois decresce em direção à fase isotrópica.
Cap.4 – Resultados e Discussões 94
10 20 30 40 50 60
1.370
1.372
1.374
1.376
1.378
1.380
1.382
1.384
I
I
RE
N
C
Índice de refração
Temperatura (
O
C)
n
n
||
<n>
n
I
Figura 4.5 – Índices de refração ordinário (
n ) e extraordinário (
//
n ) da fase
nemática calamítica e das fases isotrópica (I) e isotrópica reentrante (I
RE
) num
sistema ternário KL/DeOH/D
2
O, em função da temperatura, onde o valor médio
da fase nemática é dado por
( )
+= nnn 2
3
1
//
. As barras de erro não podem ser
observadas, pois estão contidas nos pontos experimentais.
Cap.4 – Resultados e Discussões 95
10 20 30 40 50 60
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
N
C
Birrefringência (10
-3
)
Temperatura (ºC)
Figura 4.6 Valores absolutos da birrefringência óptica da fase nemática
calamítica em função da temperatura. As barras de erro não podem ser
observadas, pois estão contidas nos pontos experimentais. Lembrando que a
resolução na medida do índice de refração é de 2 x 10
-4
.
4.3 – Refratividade Molar
A refratividade molar (R
i
) está relacionada com a polarizabilidade
i
α
do meio
nemático para uma dada direção de polarização (perpendicular ou paralela),
normalizado a uma molécula (ou micela). Trata-se de um parâmetro importante,
aqui determinado via equação (2.54.b), nas proximidades da transição I
RE
N
D
I, a partir dos dados de índices de refração e densidade. Os gráficos da
refratividade molar extraordinária (
//
R ) e ordinária (
R ) são obtidos em função da
temperatura como podemos observar na figura 4.7. Observe que
R
(
//
R )
apresenta um valor mínimo (máximo) correspondente ao valor máximo da
birrefringência óptica (Fig. 4.4) e além disso a anisotropia
oe
RRRRR ==
//
é
maior nas proximidades da transição N
D
- I
RE
quando comparado à transição N
D
- I
.
Este resultado indica que as referidas transições são de naturezas distintas.
Cap.4 – Resultados e Discussões 96
5 10 15 20 25 30 35 40
2.114
2.116
2.118
2.120
2.122
2.124
2.126
2.128
I
I
RE
N
D
R
i
/M (10
-1
)
Temperatura (
O
C)
Extraordinário
Ordinário
Figura 4.7 Refratividade molar em função da temperatura. M é a massa
molecular.
4.4 – Parâmetro de ordem
A equação (2.59) associa o parâmetro de ordem orientacional macroscópico Q
com os índices de refração ordinário/extraordinário. O parâmetro Q varia entre
zero (fase isotrópica) e 1 (fase nemática completamente orientada). Considerando
um ponto em particular (birrefringência máxima) para os valores experimentais do
índice de refração (figura 4.6) da fase nemática calamítica e utilizando as
equações (2.52) e (2.59), calculamos o valor absoluto para a razão
0085,0/
max
=
n
αα
. Por outro lado, esta razão também pode ser obtida via
procedimento descrito por Haller
6
. A figura 4.8 mostra o gráfico de
S
α
α
log
em
função do logaritmo da temperatura reduzida
(
)
τ
log
onde
(
)
NINI
TTT /=
τ
e
NI
T
é a temperatura de transição de fase N
C
I. Para a temperatura reduzida
1
=
τ
(
KT 0
=
) e considerando a hipótese que a fase N
C
é perfeitamente orientada
(
1
=
Q
) no zero absoluto. Tal procedimento nos fornece a equação da reta
Cap.4 – Resultados e Discussões
97
BX
A
Y
+
=
(
= QY
α
α
log
e
(
)
NINI
TTTX /log =
) com os valores
91896,1
=
A
e
12328,0
=
B
. Neste sentido, determina-se o valor 01205,0/ =
αα
e parâmetro
de ordem Q
máx
= 0,73 num ponto em particular onde a birrefringência é maxima
(
max
n
). Este resultado reflete do ponto de vista macroscópico o grau de ordem
máxima de configuração de orientação micelar da fase N
C
situada entre fases
isotrópicas.
Figura 4.8 – Gráfico log-log dos dados de índice de refração vs temperatura
reduzida. A linha sólida corresponde a extrapolação linear descrita no texto.
4.5 – Expoente crítico
Nos cristais líquidos nemáticos liotrópicos, medidas de parâmetro de ordem têm
revelado a possibilidade das transições nemática discótica (calamítica) biaxial
serem de segunda ordem (ou contínua) e a nemática discótica (calamítica)
isotrópica (isotrópica reentrante), “fracamente” de primeira ordem. Estas
transições, do ponto de vista teórico, têm sido descritas na concepção da teoria de
campo médio de Landau de Gennes
7
e tem despertado o interesse de diversos
pesquisadores. Em particular, P. Toledano
8
e colaboradores, a partir de
considerações sobre estrutura, propriedades de simetria e anisometria de forma
Cap.4 – Resultados e Discussões 98
micelar determinaram expoentes críticos que governam as mencionadas
transições de fases. Neste contexto, direcionamos esta etapa de investigação do
presente trabalho focado no comportamento do parâmetro de ordem
macroscópico (birrefringência óptica) nas proximidades das transições de fases
nemática discótica (N
D
) – isotrópica reentrante e N
D
– isotrópica, respectivamente.
Podemos relacionar a birrefringência óptica (
n
) com o parâmetro de ordem (
S
)
da seguinte maneira
Sn
η
=
, onde
η
é uma constante de normalização escolhida
de tal maneira que o máximo do parâmetro de ordem corresponde a
1
=
n
.
Considerando a escala da temperatura reduzida nós normalizamos de maneira
que a temperatura de transição N
D
I
RE
corresponda a temperatura reduzida
0
=
t
e a temperatura de transição N
D
I corresponda a
1
=
t
. Desta forma, utilizando
dados extraídos da figura 4.3 obtemos o gráfico da birrefringência óptica
normalizada em função da temperatura reduzida, o que pode ser observado na
figura 4.9.
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
I
N
D
I
RE
Birrefringência Re-escalada
Temperatura Reduzida
Figura 4.9 Birrefringência re-escalada vs temperatura reduzida da fase
nemática calamítica, obtido pela equação
= nnn
||
com dados extraídos da
figura 4.3.
Cap.4 – Resultados e Discussões 99
Considerando o gráfico contido na figura 4.9 podemos dizer que temos dois
pontos críticos, em
1
0
ε
=
RED
IN
t e
2
1
ε
+=
IN
D
t onde
1
ε
e
2
ε
são pequenos
parâmetros que fornecem os valores da temperatura na extrapolação do
parâmetro de ordem para
0
=
S
.
Podemos assumir que em torno do ponto crítico o parâmetro de ordem tem um
comportamento descrito pela equação (4.1).
(
)
β
α
C
TTnS == (4.1)
Onde
C
T é a temperatura de transição de fase e
β
o expoente crítico.
Tomando o logaritmo da equação (4.1) temos
(
)
C
TTn += ln)ln()ln(
βα
.
Consequentemente temos em torno do ponto crítico
(
)
( )
C
TT
n
=
ln
ln
β
. (4.2)
Podemos notar que a derivada dos logaritmos exclui qualquer dependência de
α
(ou
η
). Então, no gráfico dos dados experimentais de
(
)
n
ln em função dos
valores de
(
)
C
TT
ln , o valor da inclinação da curva (figura 4.10) resultante, na
região da T
C
, corresponde ao valor do expoente crítico, dado por:
(
)
( )
RED
RED
IN
IN
TT
n
=
ln
ln
1
β
e
(
)
( )
IN
IN
D
D
TT
n
=
ln
ln
2
β
(4.5.3)
Cap.4 – Resultados e Discussões 100
-8 -7 -6 -5 -4 -3 -2
-1.2
-0.8
-0.4
0.0
0.4
0.8
ln(
n)
ln(|T-T
C
|)
Transição I
RE
- N
D
Transição N
D
- I
Figura 4.10 logaritmo da birrefringência (
n
) em função do logaritmo da
temperatura reduzida (
C
TT
). Onde
C
T
corresponde às temperaturas das
transições N
D
I
RE
e N
D
I.
Os melhores ajustes encontrados podem ser vistos na figura 4.10, que são
encontrados com
0=
RED
IN
t
e
1=
IN
D
t
para
01,0
1
=
ε
e
1,0
2
=
ε
. Os valores obtidos
para os expoentes críticos são 01,018,0
1
±=
β
e 01,037,0
2
±=
β
para as
respectivas transições de fases N
D
I
RE
e N
D
I. Nossos resultados indicam que
N
D
I é consistente com uma transição de primeira ordem (clássica) e a transição
N
D
I
RE
apresenta característica de segunda ordem
9, 10
.
Cap.4 – Resultados e Discussões 101
4.6 – Técnica de Varredura-Z
Nesta seção apresentamos os resultados experimentais obtidos nas fases
nemáticas uniaxiais via técnica de varredura-Z (Z-scan) na concepção de um
modelo de lente térmica
11
. Num primeiro momento, determinamos o índice de
refração não-linear (n
2
) à temperatura ambiente (25ºC) em uma configuração de
orientação paralela e perpendicular ao diretor das respectivas fases nemáticas
uniaxiais. Em seguida apresentamos as medidas de difusividade térmica (D) nas
referidas fases.
4.6.1 - Índice de refração não-linear
As amostras liotrópicas nas fases N
C
e N
D
, respectivamente são inicialmente
orientadas com o diretor paralelo (perpendicular) a direção de polarização da luz
En
r
||
ˆ
(
En
r
ˆ
). A figura 4.11 mostra os resultados obtidos para uma amostra
nemática calamítica a temperatura de 25ºC, onde temos (a) e (b) medidas de Z-
scan com resolução espacial e temporal respectivamente com
En
r
||
ˆ
. A
configuração de orientação
En
r
ˆ
corresponde aos gráficos indicados nas figuras
(c) e (d), respectivamente. A linha contínua é o ajuste obtido com o modelo de
lente térmica dado pela equação (2.120).
Cap.4 – Resultados e Discussões 102
-10 -5 0 5 10
0.8
0.9
1.0
1.1
1.2
1.3
-10 -5 0 5 10
0.85
0.90
0.95
1.00
1.05
1.10
1.15
1.20
-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34
0.80
0.85
0.90
0.95
1.00
-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34
0.84
0.86
0.88
0.90
0.92
0.94
0.96
0.98
1.00
1.02
(a)
T
N
z(mm)
z(mm)
T
N
(c)
t(ms)
T
N
(b)
t(ms)
T
N
(d)
Figura 4.11 Curvas características de Z-scan para uma amostra nemática
calamítica. A linha contínua é o ajuste obtido através do modelo de lente térmica.
(a) e (c) Transmitância normalizada em função da posição com o diretor orientado
paralelamente (
En
r
||
ˆ
) e perpendicularmente (
En
r
ˆ
) a direção de polarização da
luz incidente. (b) e (d) Transmitância normalizada em função do tempo em suas
nas configurações
En
r
||
ˆ
e
En
r
ˆ
respectivamente.
Comportamento similar é obtido para a fase nemática discótica (figura 4.12).
Cap.4 – Resultados e Discussões 103
-10 -5 0 5 10
0.90
0.95
1.00
1.05
1.10
1.15
-10 -5 0 5 10
0.85
0.90
0.95
1.00
1.05
1.10
1.15
-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34
0.90
0.92
0.94
0.96
0.98
1.00
-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34
0.88
0.90
0.92
0.94
0.96
0.98
1.00
(a)
t(ms)
T
N
z(mm)
(c)
T
N
z(mm)
(b)
T
N
(d)
t(ms)
T
N
Figura 4.12 – Curvas características de Z-scan para uma amostra nemática
discótica. A linha contínua é o ajuste obtido através do modelo de lente térmica.
(a) e (c) Transmitância normalizada em função da posição com o diretor orientado
paralelamente (
En
r
||
ˆ
) e perpendicularmente (
En
r
ˆ
) a direção de polarização da
luz incidente. (b) e (d) Transmitância normalizada em função do tempo em suas
nas configurações
En
r
||
ˆ
e
En
r
ˆ
respectivamente.
A partir de um procedimento de ajuste (equação (2.120)) dos dados experimentais
com
co
tt
10=
calculamos a diferença de fase
θ
. Com a equação (2.121) e
considerando a potência do laser (
mWP 47
=
), espessura da amostra (
mmd 1
=
),
comprimento de onda do laser (
nm532
=
λ
), a largura do feixe sobre o foco
(
m
µω
5,21
0
=
), o índice de refração linear (
o
n
) e a velocidade da luz no vácuo (
c
)
calculamos o índice de refração não-linear. A birrefringência óptica não-linear (
n
2
Cap.4 – Resultados e Discussões 104
= n
2||
- n
2
) é obtida a partir dos valores destes índices de refração. Estes dados
experimentais estão indicados na tabela 4.1 assim como a razão entre os índices
(n
2||
/n
2
). Note que n
2
é positivo (negativo) na fase N
D
(N
C
) em acordo com o
sinal da birrefringência óptica linear determinado nas referidas fases.
θ
||
(10
-2
) θ
(10
-2
)
10
-6
(-n
2||
)
10
-6
(-n
2
) n
2
(esu) n
2||
/n
2
N
C
22,61±0,01
17,89±0,01
4,79±0,08 3,80±0,08 -9,93×10
-7
1,26
N
D
11,82±0,01
12,94±0,01
2,50±0,08 2,74±0,08 +2,33×10
-7
0,91
Tabela 4.1 – Parâmetros não-lineares obtidos para as fases nemáticas N
C
e N
D
.
4.6.2 – Difusividade Térmica
Em cristais líquidos uniaxiais as configurações
En
r
||
ˆ
e
En
r
ˆ
nos fornecem suas
respectivas difusividades D
||
e D
12
. Utilizando o parâmetro
θ
(tabela 4.1) para
obter o ajuste nos dados experimentais (equação 2.120) indicados nas figuras
4.11 (b) e (d) e 4.12 (b) e (d) onde se obtém,
Dt
co
4/
2
0
ω
= , para uma posição fixa
(z = z
0
). Assim, a partir dos valores de t
co
e
m
µω
5,21
0
=
, as difusividades térmicas
paralela (D
||
) e perpendicular (D
) são calculadas. Os resultados são indicados na
tabela 4.2.
Do ponto de vista teórico, consideramos um modelo simples de difusão calor
(equação 4.4) para estimar a razão entre as difusividades D
||
/D
,
( ) ( )
( ) ( )
SS
L
L
SS
L
L
D
D
||
||
||
++
++
=
21
2221
, (4.4)
Cap.4 – Resultados e Discussões 105
onde os parâmetros
||
L
e
L
são definidos como as dimensões micelares
paralela e perpendicular ao diretor respectivamente, e
S
é o parâmetro de ordem
escalar. Utilizando dados da literatura para as referidas fases
13,14,15
e a partir da
equação 4.4, determinamos a razão
D D
||
/ . Note que 1/ <
D D
||
para a fase N
D
e 1/ >
D D
||
para a fase N
C
. A razão 1/ <
D D
||
(fase N
D
) é uma contribuição
experimental, particular, deste trabalho
16
.
Fase
t
co||
(ms)
t
co
(ms)
D
||
(m
2
/s)
×
10
-8
D
(m
2
/s)
×
10
-8
D
||
/D
(medido)
D
||
/D
(estimado)
N
C
2.44 ± 0.05 2.86 ± 0.05
4,75±0,08 4,03±0,08
1.18 1.27
N
D
2.62 ± 0.05 2.43 ± 0.05
4,40±0,08 4,75±0,08
0.93 0.88
Tabela 4.2 Parâmetros anisotrópicos (tempo característico e difusividade
térmica) determinados para as fases N
C
e N
D
, respectivamente.
4.6.3 Índice de refração não-linear e difusividade térmica em função da
temperatura
Ainda nesta linha de investigação e seguindo o mesmo procedimento experimental
adotado via técnica de varredura-Z, apresentamos na figura 4.13 resultados do
índice de refração não-linear e difusividade térmica nas proximidades da transição
(I
RE
N
D
I). Os resultados mostram a sensibilidade da referida técnica e
observe que os índices de refração não-linear e as difusividades térmicas
convergem para um valor nas respectivas fases isotrópicas. Do ponto de vista
teórico um modelo mais realístico, particularmente, com relação à difusividade
térmica está sendo proposto em colaboração com o Prof.M.Simões (DFI/UEL).
Cap.4 – Resultados e Discussões 106
10.5 11.0 11.5 12.0 12.5 13.0
-1.8
-1.6
-1.4
-1.2
35.5 36.0 36.5 37.0 37.5
-1.9
-1.8
-1.7
10.5 11.0 11.5 12.0 12.5 13.0
4.5
4.6
4.7
4.8
4.9
5.0
5.1
5.2
35.5 36.0 36.5 37.0 37.5
4.6
4.7
4.8
4.9
5.0
5.1
(a)
N
d
I
RE
n
2//
n
2
n
2
(10
-6
)(esu)
Temperature(
O
C)
(b)
n
2//
n
2
n
2
(10
-6
)(esu)
Temperature(
O
C)
N
d
I
D(10
-8
)(m
2
/s)
Temperature(
O
C)
(c)
D
D
//
N
d
I
RE
D(10
-8
)(m
2
/s)
Temperature(
O
C)
(d)
D
D
//
I
N
d
Figura 4.13 Índice de refração não-linear (n
2||
e n
2
) e difusividade térmica em
função da temperatura (D
||
e D
); (a) e (c) próximo à transição N
D
-I
RE
; (b) e (d)
transição N
D
-I.
Cap.4 – Resultados e Discussões 107
4.7 – Referências
1
B. Montrucchio, A. Sparavigna and A. Strigazzi, Liq.Cryst. 24, 841 (1998).
2
A. R. Sampaio, R. C. Viscovini and A. J. Palangana, Mol. Cryst. Liq. Cryst. 408,
45 (2004).
3
A. Saupe, P. Boonbrahm and L. J. Yu, J. Chimie Physique 80, 7 (1983).
4
L.Yu and A.Saupe, Phys.Rev.Lett., 45, 1000 (1980).
5
A. M. Figueiredo Neto, L. Liébert and Y. Galerne, J.Phys.Chem. 89, 3737 (1985).
6
I. Haller, Prog. Solid State Chem. 10, 103 (1975).
7
P. G. de Gennes, Mol. Cryst. Liq.Cryst. 12, 193 (1972).
8
L. T. Thieghi, S. M. Shibli, A. M. Figueiredo Neto, Y. P. Dmitriev, and P.
Toledano, Phys.Rev.Lett. 80, 3093 (1998).
9
I. Chirotoc, M. Chirotoc, C. Glorieux and J. Thoen, Liq. Cryst. 31, 229 (2004).
10
N. M. Kimura, P. A. Santoro, P. R. G. Fernandes and A. J. Palangana, Liq.
Cryst. 31, 347 (2004).
11
F.L.S. Cuppo, A.M.F. Neto, S.L. Gómez and P. Palffy-Muhoray,
J. Opt. Soc. Am.
B
19
, 1342 (2002).
12
M. Marineli, F. Mercuri, U. Zammit and F. Scudieri, Phys. Rev. E 58, 5860
(1998).
13
Y. Galerne, A. M. Figueiredo Neto and L. Liébert, Phys. Rev. A 31, 4047 (1985).
14
Y. Galerne, J. P. Marcerou, Phys. Rev. Lett. 51, 2109 (1983).
15
A. C. Bento, A. J. Palangana, L. R. Evangelista, M. L. Baesso, J. R. D. Pereira,
E. C. da Silva, and A. M. Mansanares, Appl. Phys. Lett. 68, 3371 (1996).
16
N. M. Kimura, A. de Campos, P. A. Santoro, M. Simoes, S. L. Gómez and A. J.
Palangana,
Phys. Lett. A
370,
173 (2007).
108
Cap.5 - Conclusões
No presente trabalho estudamos, num primeiro momento, índices de refração
ordinário/extraordinário através de um refratômetro de Abbe nas seqüências de
fases: I
RE
N
D
I e I
RE
N
C
I. Utilizamos um microscópio óptico de luz
polarizada para identificar as referidas fases bem como suas respectivas
temperaturas de transição para as fases isotrópicas. A transição I
RE
N
D
I foi
também investigada do ponto de vista de processamento de análise digital de
texturas. Para tal finalidade uma câmera CCD foi acoplada ao microscópio óptico
de luz polarizada. O desvio padrão de cores, determinado para a referida
seqüência de fases, possibilitou identificar com precisão os referidos pontos de
transição.
Os dados de índices de refração, fundamentados na equação de Vuks,
possibilitaram determinar a refratividade molar no domínio da fase N
D
e nas
Cap. 5 – Conclusões 109
proximidades de sua respectiva transição para as fases isotrópicas. Este estudo,
permitiu ainda, estimar o parâmetro de ordem orientacional macroscópico em um
ponto particular onde a birrefringência óptica alcança um valor máximo na
seqüência de fases, I
RE
N
C
I. O expoente crítico que reflete o andamento do
parâmetro de ordem macroscópico (birrefringência óptica) foi determinado nas
proximidades das transições: N
D
I
RE
e N
D
I, respectivamente. A natureza de
primeira ou segunda ordem foi discutida como conseqüência deste estudo.
Nas medidas ópticas não-lineares utilizamos a técnica de varredura-Z (Z-scan)
com resolução temporal. O referido experimento foi totalmente viabilizado em
nosso laboratório como parte integrante deste projeto de pesquisa. Este estudo
permitiu, através de uma análise detalhada dos resultados experimentais, em
amostras nemáticas discótica e calamítica, determinar os índices de refração não-
linear e as difusividades térmicas, e suas respectivas anisotropias. A análise
destes resultados mostrou que a fase N
C
(N
D
) apresenta anisotropia no índice de
refração não linear negativa (positiva) e anisotropia na difusividade térmica
positiva (negativa). O destaque neste estudo refere-se ao resultado da razão entre
as difusividades obtido para a fase N
D
. Este importante resultado, fundamentado
do ponto de vista teórico em um modelo simples de difusão de calor, relaciona
parâmetro de ordem e dimensões micelares. Os referidos parâmetros foram,
ainda, determinados nas proximidades das transições: N
D
I e N
D
I
RE
,
respectivamente. Os resultados experimentais mostraram que os mencionados
parâmetros anisotrópicos convergem para um valor do índice de refração não-
linear/difusividade térmica nos respectivos pontos de transição para as fases
isotrópicas.
Este trabalho não se encerra aqui, ao contrário, abre uma série de perspectivas,
particularmente quanto à técnica de varredura-Z. Neste sentido, estender a
presente investigação a outros fluidos complexos no campo de energia renovável
e/ou engenharia de alimentos, pode ser interessante e oportuno. Do ponto de vista
Cap. 5 – Conclusões 110
teórico, um modelo mais realístico que fundamente os resultados de difusividade
térmica está ainda em aberto.
111
Apêndice A
A.1 – Feixe Gaussiano
Conforme mencionado durante a apresentação do trabalho, geralmente
empregam-se lasers com feixes gaussianos em técnicas ópticas não-lineares
(Varredura-Z e Lente Térmica). Em seguida vamos descrever as equações que
exprimem, de forma geral, um feixe no modo TEM
00
.
Partindo da derivação da equação de onda, considerando uma aproximação
paraxial
1
, temos uma solução para a propagação de um feixe na direção z,
expressa pela equação do feixe gaussiano:
( )
i
ωω
iφφ(z
e
(z)ω
r
ikz
R(z)
ikr
e
zω
ω
EzrE
=
2
2
0
0
exp
2
exp),(
(A.1)
onde
(
)
zR
corresponde ao raio de curvatura da frente de onda do feixe:
(
)
(
)
[
]
2
0
/1 zzzzR +=
(A.2)
Apêndice A
112
e
(
)
z
ω
corresponde ao raio do feixe na posição z:
(
)
(
)
[
]
2
0
2
0
2
/1 zzz +=
ωω
(A.3)
0
z é o parâmetro confocal (comprimento de Rayleigh) e
0
ω
o raio do feixe na
cintura (figura A.1). A relação entre
0
z e
0
ω
é dada por
λ
πω
2
0
0
=z
(A.4)
Onde o termo de fase é dado por
( )
=
0
arctan
z
z
z
φ
(A.5)
A intensidade do feixe gaussiano é proporcional ao quadrado do módulo do
campo, sendo dada por
( )
( ) ( )
=
z
r
z
IzrI
2
2
2
2
0
0
2
exp,
ωω
ω
(A.6)
Onde
0
I
corresponde à intensidade máxima, que ocorre no centro da cintura do
feixe (
0
=
r
,
0
=
z
). Lembrando que a integral da intensidade é igual a potencia
total do feixe, assim temos
2
0
0
2
πω
P
I =
(A.7)
Considerando o raio do feixe
(
)
z
ω
podemos dizer que ele define o ponto onde a
amplitude do campo cai de
e/1
com relação ao centro do feixe. Quanto à
intensidade
(
)
zrI ,
, corresponde a
2
/1 e
da intensidade no centro do feixe.
Apêndice A 113
Figura A.1 Região da cintura do feixe, mostrando o diâmetro do feixe 2
0
ω
, o
comprimento de Rayleigh
0
z e o diâmetro na posição
0
zz = .
Podemos observar na equação (A.1) o raio do feixe varia com
e/1
em relação à
distância da cintura do feixe. Para valores de
0
zz >> temos aproximadamente.
( )
z
z
z
0
0
ω
ω
=
(A.8)
Podemos deduzir a partir da equação do raio num ponto distante o ângulo de
divergência (ângulo de difração) do feixe visto na figura A.2. Esse ângulo é
expresso por
0
2
πω
λ
θ
=
(A.9)
Apêndice A 114
Figura A.2 Ângulo de divergência (
θ
) que indica a dispersão do feixe para
0
zz >> .
A.2 – Cintura do feixe
0
ω
Na estimativa do parâmetro
0
ω
deslocamos um pinhule (fenda) de 25 µm
acoplado ao fotodetector, varrendo a região focal, partindo da lente até pontos
posteriores a a cintura do feixe, com incremento de 1 mm na distância, para cada
ponto a intensidade máxima é obtida formando assim o gráfico que pode ser
observado na figura A.2.
Apêndice A 115
8 9 10 11 12 13
0
800
1600
T
Max
(mW)
D(cm)
Figura A.2 Perfil do laser utilizado nas medidas ópticas. A curva sólida
corresponde ao fit gaussiano.
Do ajuste feito nos pontos obtidos (fit gaussiano) encontramos a distância
confocal
0
z
(largura a meia altura) utilizando a equação
λ
πω
/
00
=
z
e sabendo
que o comprimento de onda do laser é
nm532
=
λ
encontramos um
m
µ
ω
5,21
0
=
.
Apêndice A 116
A.3 – Referência
1
A. E. Siegman, “Lasers” University Science Books (1986).
117
Apêndice B
B.1 – Artigos Publicados e Submetido
Em seguida estão dispostos todos os artigos publicados e submetido
resultantes deste trabalho:
[1] A.R. Sampaio, N.M. Kimura, R.C. Viscovini, P.R.G. Fernandes and A.J.
Palangana, Mol. Cryst. Liq. Cryst. 422, 327 (2004).
[2] N.M. Kimura, P.A. Santoro, P.R.G. Fernandes and A.J. Palangana, Liq.
Cryst. 31, 347 (2004).
[3] M. Simões, F.S. Alves, K. E. Yamaguti, P.A. Santoro, N.M. Kimura and
A.J. Palangana, Liq. Cryst. 33, 99 (2006).
[4]
N.M. Kimura, P.A. Santoro, P.R.G. Fernandes, R.C. Viscovini, S.L. Gómez
and A.J. Palangana
Phys. Rev. E,
74
062701 (2006).
[5]
N.M. Kimura, A. de Campos, P.A. Santoro, M. Simoes, S.L. Gómez and A.J.
Palangana,
Phys. Lett. A,
370,
173 (2007).
[6] W.S. Braga, N.M. Kimura, D.D. Luders, A.R. Sampaio, P.A. Santoro and A.J.
Palangana, Eur. Phys. J. E, 24, 247 (2007).
[7] N.M. Kimura, P.A. Santoro, S. L. Gómez and A.J. Palangana, Mol. Cryst. and
Liq. Cryst (2007) Submetido.
Downloaded By: [University of Sao Paulo] At: 16:45 19 February 2008
Liquid Crystals ISSN 0267-8292 print/ISSN 1366-5855 online
#
2004 Taylor & Francis Ltd
http://www.tandf.co.uk/journals
DOI: 10.1080/02678290310001655221
Reentrant isotropic–discotic nematic lyotropic phase transition:
a refractive index study
N. M. KIMURA, P. A. SANTORO, P. R. G. FERNANDES and
A. J. PALANGANA*
Departamento de ´sica, Universidade Estadual de Maringa´, Av. Colombo 5790,
87020-900 Maringa´, PR, Brazil
(Received 22 July 2003; in final form 28 October 2003; accepted 10 November 2003 )
In this work the temperature dependence of the extraordinary/ordinary refractive indices and
the optical birefringence are determined near the reentrant isotropic–discotic nematic–
isotropic phase transitions for a lyotropic mixture of potassium laurate, decanol and D
2
O.
These parameters are related to the extraordinary/ordinary molar refractivity through Vuks’s
equation and discussed in terms of structural changes in the micellar configuration at the
transitions.
1. Introduction
Lyotropic liquid crystals are formed by mixtures of
amphiphilic molecules and a solvent (usually water),
under the appropriate temperature and concentration
conditions. The basic units of these systems are
anisotropic micelles, and several lyotropic phases
have been investigated [1–5]. In the tempe rature–
concentration phase diagram for the ternary system
potassium laurate, 1- decanol and D
2
O, studied by Yu
and Saupe [3], two uniaxial and one biaxial nematic
phases were observed. The uniaxial nematic phases are
known as calamitic (N
C
) and discotic (N
D
), depending
on their optical and diamagnetic anisotropy [5]. The
N
C
(N
D
) nematic lyotropic phases exhibit negative
(positive) optical and positive (negative) diamagnetic
anisotropies. The biaxial nematic phase (N
B
) appears
to be an intermediate phase appearing at the border
between the two uniaxial nematic phases. However, the
existence of this biaxial nematic lyotropic phase
remains an open question [6]. For particular concen-
trations of the three components the phase diagram [3]
also contains the phase sequence: reentrant isotro-
pic (I
RE
)–N
D
–isotropic (I). In lyotropic liquid crystals
the extraordinary (n
e
) and ordinary (n
o
) refractive
indices have been the focus of few investigations. Thus
in this paper these refractive indices are determined
as a function of temperature near I
RE
–N
D
–I phase
transitions, using the refractometry technique. The
optical birefringence Dn~n
e
n
o
~n
||
n
\
, a relevant
macroscopic order parameter, is also determined as a
function of temperature near these phase transitions.
These parameters are related to the extraordinary/
ordinary molar refractivity through Vuks’s equation [7].
The existence of the reentrant isotropic phase is verified
by our experimental data and discussed in terms of a
thermal variation of the micellar shape an isotropy.
2. Experimental
The lyotropic mixture investigated in this work was
prepared with the following concentrations (weight
percent): potassium laurate (KL: 24.80), decanol
(DeOH: 6.24) and (D
2
O: 68.96). The phase sequence,
determined by optical measurements, is reentrant
isotropic (I
RE
) up to 12.1 C, discotic nematic (N
D
)
from 12.1 to 36.3C, and isotropic (I) above 36.3 C.
Extraordinary and ordinary refractive index measure-
ments, near the I
RE
–N
D
and N
D
–I phase transitions,
were performed using an Abbe refractometer (Atago-
3T) with an accuracy of 2610
24
, and sample
temperature control was stable to 0.01 K. The nematic
sample was prepared in sealed planar glass cells
(n
g
~1.523) from Hellma with 1.0 mm of light path.
The xy-plane of the sample is defined with the x(y) axis
parallel to the length (width) of the cells. Homeotropic
alignment of the sample, at room temperature, was
produced by a magnetic field of 10 kG parallel to the
x-axis of the laboratory frame combined with rotations
of the sample around an axis perpendicular to the
magnetic field (z-axis). On achieving a good homeo-
tropic alignment, the ne matic sample was removed
from the electromagnet and placed on the Abbe
refractometer [8, 9]. We used Canada balsam
(n~1.537) as the optical coupling and the sodium D*Author for correspondence; e-mail: palanga@dfi.uem.br
L
IQUID CRYSTALS, VOL. 31, NO. 3, MARCH 2004, 347–350
Downloaded By: [University of Sao Paulo] At: 16:45 19 February 2008
line (l~589.3 nm). In this experiment n
e
(n
o
)vn
g
vn.
The refractive index measurements using this refracto-
meter are based on the internal reflection of light at
the interface between the nematic sample and the
surface of an optica l glass prism. An optical polarizer
was coupled to the Abbe refractometer in order to
obtain the extraordinary and ordinary refractive index
measurements.
3. Results and discussion
Figure 1 shows the extraordinar y (n
||
) and ordinary
(n
\
) refractive indices as a function of temperature near
the I
RE
–N
D
and N
D
–I pha se transitions and in the
range of the discotic nematic phase. Note that from
figure 1, near the I
RE
–N
D
phase transition, n
||
(n
\
)
decreases (increases) when the temperature decreases
and, in the I
RE
phase, just one refractive index was
determined. This confirms the existence of the reentrant
isotropic phase in accordance with the phase diagram
proposed by Yu and Saupe [3, 10]. On the other hand,
near the N
D
–I phase transition, when the temperature
increases n
||
(n
\
) decreases (increases). In the isotropic
phase the e xtraordinary and ordinary refractive indices
become a single refractive index. Filled stars in figure 1
represent the average value of the refractive index,
nnm, obtained [11] from the relationship
Sn
2
T~ n
2
E
z2n
2
\
.
3, in the discotic nematic phase.
Figure 2 shows a detailed plot of the extraordinary
and ordinary refractive indices in the vicinities of the
I
RE
–N
D
–I phase transitions. To our knowledge, there
are no previous measurements of the n
||
and n
\
refractive indices for this phase sequence shown by
this lyotropic mixture. Recently, we reported [9] the use
of the same technique for the measurement of
the extraordinary and ordinary refractive indices, in
a similar lyotropic mixture, near the I
RE
–calamitic
nematic (N
C
)–I phase transition. From the extra-
ordinary and ordinary refractive indices one obtains
the optical birefringence Dn, which is positive in this
discotic nematic phase and negative in the calamitic
nematic phase [9].
In this sense, our experimental results when com-
pared with the figure 1 shown in [9] reflect this fact
by means of an invers ion by symmetry in the behaviour
of the refractive indices. The experimental values of
Dn as a function of temperature in the N
D
phase of the
Figure 1. Extraordinary (n
||
) and ordinary (n
\
) refractive
indices vs temperature for the KL system, for the sodium
D line (l~589.3 nm).
Figure 2. Extraordinary (n
||
) and ordinary (n
\
) refractive indices of the KL system vs temperature: (a) near the I
RE
–N
D
phase
transition; (b) near the N
D
–I phase transition.
348 N. M. Kimura et al.
Downloaded By: [University of Sao Paulo] At: 16:45 19 February 2008
KL lyotropic mixture are plotted in figure 3. We
note that near the I
RE
–N
D
phase transition D n
increases in value, has a maximum value at around
19.0C and subsequently decreases as the temperature
increases. A similar result for Dn, for this lyotropic
mixture, was obtained using a laser conoscopy
technique [12].
By using Vuks’s equation R
i
=
v~ n
2
i
{1
À Á
Sn
2
Tz2
À Á
,
relating the microscopic structures [7, 13] (molar
refractivity R
i
and molar volume v) of liquid crystal
molecules to the macroscopic parameter (refractive
index n
i
) we obtain [14]
R
i
~ n
2
i
{1
À Á
Sn
2
Tz2
À Á
M
=
rð Þ ð1Þ
where n
i
is the n
||(\)
extraordinary (ordinary) refrac-
tive index, Sn
2
T~ n
2
E
z2n
2
\
.
3 is the average
value of the refractive index in the nematic phase, M
is the molecular mass and r the density. Density
measurements in the N
D
phase and near the I
RE
–N
D
and N
D
–I phase transitions were made, with an
accuracy of 5610
26
g cm
23
, using an Anton Paar
instrument (densimeter) [15] consisting of a microcell
(DMA-602HT) and a processing unit (DMA-60). The
sample temperature was controlled by a Heto CB8-
30E/DT circulating temperature bath, ensuring that
the temperature readings were stable to 0.01 K.
Density values, as a function of temperature near
the I
RE
–N
D
and N
D
–I phase transitions, are shown in
figure 4. Note that the density decreases as temperature
increases. Furthermore, a very small change in the
density value was observed around the phase transi-
tions. Similar results were observed in other lyotropic
mixtures [16, 17]. Taking into account the experimental
values of the parameters n
2
i
, nn
2
m and r, equation (1)
yields the temperature depen dence of the extraordinary
(ordinary) refractivity, R
||
(R
\
), per molecular mass.
These results, near the I
RE
–N
D
and N
D
–I phase
transitions, are shown in figure 5. The ordinary
(extraordinary) molar refractivity has a minimum
(maximum) near the temperature that the optical
birefringence reaches a maximum value (see figure 3),
and the difference between R
||
and R
\
near the I
RE
–N
D
Figure 3. Birefringence (Dn) as a function of temperature for
the KL system in the discotic nematic phase.
Figure 4. Density vs temperature for the KL system: (a) near the I
RE
–N
D
phase transition; (b) near the N
D
–I phase transition.
The solid line is a guide to the eye.
Refractive index study 349
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phase transition is greater than that in the vicinity of
the N
D
–I transition.
It is important to note that the molar refractivity [14]
R
i
is associated with the mean polarizability a
i
of the
micelles. Thus, the behaviour of the molar refractivity
determined at each phase transition by our experi-
mental data may be attributed to structural changes in
the micellar configuration at the transitions. In fact,
this result is consistent with X-ray diffraction experi-
ments showing a micellar shape change near the I
RE
N
D
and N
D
–I phase transitions in a similar lyotropic
mixture [12]. From a theoretical point of view, this
reentrant isotropic–discotic nematic phase transition
has been attributed to the temperature-dependent
interaction associated with the thermal variation in
the shape anisotropy of the mice lles [18]. Furthermore,
the study of the order parameter using mean-field
theory [19] in the vicinity of these phase transitions
could now be of considerable interest, given our
experimental results.
In summary, we have performed a refractive index
study near the I
RE
–N
D
and N
D
–I phase transitions of a
lyotropic discotic nematic phase. The experimental
results agree with the phase diagram proposed by Yu
and Saupe [3] and confirm the existence of the reentrant
isotropic phase. The transitions are marked by changes
in the temperature dependence of the molar refractivity,
indicating that a possible variation of the micellar
structures takes place at the phase transitions [20].
Experiments concerning the biaxial nematic phase (N
B
)
are more critical, since this phase has three refractive
indices.
We are grateful to the Brazilian Agencies CAPES,
Fundac¸a˜ o Arauca´ria (PR) and CNPq (PADCT) for
financial support.
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Figure 5. Extraordinary (R
||
) and ordinary (R
\
) molar
refractivity per molecular mass vs temperature of the
KL system. The solid line is a guide to the eye.
350 Refractive index study
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Reentrant isotropic discotic nematic phase transition: a critical
exponent study
M. SIMO
˜
ES{, F. S. ALVES{, K. E. YAMAGUTI{, P. A. SANTORO*{, N. M. KIMURA{ an d
A. J. PALANGANA{
{Departamento de ´sica, Universidade Estadual de Londrina, Campus Universita´rio, 8 6051-990 - Londrina, Parana´,
Brazil
{Departamento de ´sica, Universidade Estadual de Maringa´ Avenida Colombo, 5790 - 87020-900 - Maringa´,
Parana´, Brazil
(Received 5 May 2005; in final form 5 August 2005; accepted 1 September 2005 )
In this work the critical exponents associated with the behavior of the macroscopic
orientational order parameter are determined near the reentrant isotropic (I
RE
)–discotic
nematic (N
D
) and N
D
–isotropic (I) phase transitions in a lyotropic mixture of potassium
laurate, decanol and D
2
O by measurement of optical birefringence. The critical exponents
found indicate that the low temperature N
D
–I
RE
phase transition is quasi-continuous, having
a critical exponent, b
1
,0.17, which is markedly different from that found at the classical N
D
I phase transition, b
2
,0.38. The results are discussed and compared with others obtained
with different lyotropic mixtures.
1. Introduction
Through the years, the multiplicity of phases found in
liquid crystal materials has astonished researchers [1].
The physical richness of these materials makes them
ideal for the study of phase transitions: they exhibit
continuous and non-continuous phase transitions and
even apparent contradictory behavior may be observed
in the sequence of their phases. For examp le, in the so-
called reentrant phases, thermodynamic phases appar-
ently more symmetric are created as the temperature is
reduced, suggesting the violation of one of the basic
laws of nature: that a decrease in temperature should be
followed by a decrease in entropy, not by an increase.
The pioneering work of Cladis [2], using a mixture of
HBAB and CBOOA, showed that a smectic A phase
can revert to a nematic phase with the reduction of
temperature, and vice versa. Since then, further exam-
ples of such unexpected behavior have been reported. In
the history of the lyotropic materials, the work of Yu
and Saupe [3] became a landmark. Using the lyotropic
mixture potassium laurate (KL)/decanol (DeOH)/D
2
O,
they discovered the biaxial phase and, in addition,
found a nematic phase bordered by two isotropic
phases—the usual isotropic phase when the temperature
was increased, and a remarkable reentrant isotropic
phase when the temperature was reduced.
In this c ontext, some microscopic models have been
introduced to explain this unexpected behavior [4, 5].
Today, it seems well established that the mechanism
responsible for the reentrant phases is the change in
shape of the lyotropic micelles [6–8]. With the redu ction
of temperature the micellar shape loses its anisotropy,
until there insufficient is to sustain an orientated state.
The main aim of this work is to perform an
experimental study of the critical exponents associated
with these transitio ns when the mice lles of the lyotropic
mixture have discotic shape. If the change of shape is
the mechanism responsible for the occurrence of
reentrant phases, there is no reason to believe that such
phase transition would have the same thermodynamic
properties as observed at high temperatures.
2. Fundamental s
The loss of orientational order through the Brownian
rotational vibration of the anisotropic micelle is the
mechanism driving the high temperature, and classical,
nematic–isotropic (N–I) phase transition [9]. Otherwise,
at the nematic–reentrant isotropic (N–I
RE
) phase
transition it is the micellar anisotropy that is lost. So
there is no reason to believe that these two phase
transitions are exactly the same. A set of experimental
data has suggested that the critical exponents associated
with the order of these two phase transitions (conti n-
uous or non-continuous) are not the same. To our
*Corresponding author. Email: [email protected]
Liquid Crystals, Vol. 33, No. 1, January 2006, 99–102
Liquid Crystals
ISSN 0267-8292 print/ISSN 1366-5855 online # 2006 Taylor & Francis
http://www.tandf.co.uk/journals
DOI: 10.1080/02678290500371368
Downloaded By: [University of Sao Paulo] At: 16:40 19 February 2008
knowledge, the first observation concerning the nature
of the discontinuity associated with the N–I
RE
phase
transition was made by McClymer, Oxborrow and
Keyes [10]. They have found that for this transition the
associated extra polated temperature assumes a so small
value that the transition in the lower isotropic phase
comes much closer to being second order. As the
existence (or non-existence) of a discontinuity at a
phase transition may reflect the discontinuity (or
continuity) of the symmetries of the phases under
transformation, the fact that N–I
RE
phase transition is
continuous (or very close to it) reveals that the
symmetries of the reentrant isotropic and nematic
phases are interchangeable without abrupt energy
changes [9]. Interestingly enough, this is not observed
at the classical N–I transition where, even when
presenting a small latent heat, the transition occurs
with a clear discontinuity. Moreover, recently it has
been shown that for calamitic nematic (N
C
)–I
RE
and
N
C
–I transitions the critical exponents associated with
the temperature dependence of the order parameter is
markedly different when these two phase transitions are
compared [11] . In particular, when it is assumed that
around the critical points the order parameter has a
behavior of the form
S
2
~a T{T
c
j j
ð Þ
b
ð1Þ
it is found that around the N
C
–I
RE
phase transition the
exponent b assumes the value b
1
50.16¡0.01, while
around the N
C
–I transition, it assum es the value
b
2
50.36¡0.06. As these differences, in the order and
the associated critical exponents of the phase transi-
tions, are clearly related to differences in their micros-
copic nature and, moreover, the N
C
–I
RE
phase
transition is associated with the change in shape of the
micellar structure, it becomes very relevant to study the
values of these physical quantities when the change in
shape does not involve calamitic structures, but discotic
ones. If the obtained results agree with the previous
result, we would conclude that they would be char-
acteristic of the N–I
RE
transition, not being a particular
result. This work reports measurements that point to
this conclusion.
3. Results and discussion
The details of the experimental procedure used to
obtain the data that will be analysed in this work have
been published previously [12], and only a resume is
presented here. The lyotropic mixture was prepared
with the following concentrations in weight percent:
potassium laurate (KL:24.80), decanol (DeOH:6.24)
and deuterium oxide (D
2
O:68.96). The phase sequence,
determined by optical measurements, is reentrant
isotropic (I
RE
) up to 12.1uC, discotic nematic (N
D
)
from 12.1 to 36.3uC, and isotropic (I) again, above
36.3uC. Extraordinary and ordinary refractive index
measurements were performed through an Abbe
refractometer (Atago-3T) with an accuracy of
2610
24
, and sample temperature control was stable
within 0.01 K. The procedure for refractive index
measurements is based on the internal reflection of
light at an interface between the nematic sample and the
surface of an optical glass prism. An optical polarizer
was coupled to the Abbe refractometer to obtain the
extraordinary and ordinary refractive index measure-
ments. Figure 1 shows the extraordinary (n
I
) and
ordinary (n
)
) refractive indices versus temperature in
the range of the N
D
phase, including the N
D
–I
RE
and
N
D
–I phase transitio n regions. From the extra ordinary
and ordinary refractive indices one obtains the optical
birefringence, Dn5n
I
2n
)
, which is positive in this
discotic nematic phase and negative in the calamitic
nematic phase [13].
The optical birefringence Dn provides a macroscopic
measurement of the uniaxial anisotropy of the sample
and it can be taken as a measure of the order parameter
S
2
[1]. That is, Dn 5gS
2
, where g is a normalization
constant chosen in such a manner that the maximum of
S
2
corresponds to Dn51; since, save for a change of
scale, the profile of S
2
coincides with that of Dn. A
reduced tempe rature scale, t, has been built in such a
way that the temperature of the N
D
–I
RE
phase
transition corresponds to the re-scaled temperature
t50, whereas the temperature of the N
D
–I transition
Figure 1. Extraordinary (n
I
) and ordinary (n
)
) refractive
indices versus temperature [12] of the potassium laurate/
decanol/D
2
O mixture, for sodium D line (l5589.3 nm). <n> is
the mean value of the refractive index; I
RE
, N
D
and I are the
isotropic reentrant, discotic nematic and isotropic phases,
respectively.
100 M. Simo˜es et al.
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corresponds to t51, as shown in figure 2. In this case,
we have two critical points, at t
N
D
I
RE
~0{e
1
and
t
N
D
I
~1ze
2
, where e
1
and e
2
are small parameters that
give the extrapolated temperature positions where the
order parameter would reaches the value S
2
50. Of
course, when it is found that one of them (or both) is
different from zero, e
i
?0, for i51 or i5 2, a first order
phase transition occurs. Otherwise, one would have a
second order phase transition [9, 14].
So, it can be assum ed [11] that around each isolated
transition point T
c
we would have Dn5a(|T2T
c
|)
b
,
from which follows that ln (Dn)5ln (a)+b ln (|T2T
c
|).
Consequently, around each critical point
b~
L ln Dnð Þ
L ln T{T
c
j j
ð Þ
:
One can note that this logarithmic derivative of Dn wi th
respect to the logarithm of |T2T
c
| excludes any
dependence of the results on a (or g).
Hence, in the graphs of the experimental data of
ln (Dn) as a function of the values of ln (|T2T
c
|), the
value of the slope of the resulting curve, at the region of
T
c
, would correspond to the value of the corresponding
critical exponent. Explicitly:
b
1
~
L ln Dn
N
D
I
RE
ð Þ
L ln t{t
N
D
I
RE
ð Þ
b
2
~
L ln Dn
N
D
I
ð Þ
L ln t
N
D
I
{tð Þ
:
ð2Þ
The best fits that we have found are shown in figure 3:
they are given by t
N
D
I
RE
~0:00, and by t
N
D
I
~1, that is
e
1
50.01 and e
2
50.10. The mean value of the critical
exponents so obtained are b
1
50.18¡0.01, and
b
2
50.37¡0.01 at the N
D
–I
RE
and N
D
–I phase transi-
tions, respectively. This result indicates that N
D
–I is a
first order phase transition, with a non-classical critical
exponent. Otherwise, as has already have been observed
[10, 11], the extremely reduced value found for e
1
gives a
strong indication that N
D
–I
RE
is a second order phase
transition, with a non-classical critical exponent.
Some years ago, in the work that gave the first
experimental evidence that the driving force for the N
D
I
RE
transition [6] is the micellar shape variation, the
similar lyotropic mixture investigated in this work was
considered to produce optical birefringence data similar
to the data obtained here. We note that the birefrin-
gence data of [6] give the same profile as obtained with
the data from our measurements; their slopes, around
the critical points, show the same dissimilarities found
in the measurements presented in figure 2. This is a
clear indication that those measurements already
indicated the difference in the critical exponents that
we have found here. We have worked with the data of
[6] and the results obtained for the critical exponents are
essentially the same as reported here.
Finally, as a conclusion from our resul ts, we can
affirm that, independently of the shape anisotropy of
the micelles involved in the experiment (calamitic or
discotic), the low temperature N
C(D)
–I
RE
transition has
Figure 2. Re-scaled birefringence versus reduced tempera-
ture in the discotic nematic phase range, obtained from
Dn5ny–n
)
from figure 1. According to the basis of liquid
crystal theory [1] the order parameter would be proportional
to Dn. In this sense, the different slope of this curve around the
critical points indicates that the critical exponents associated
with the order parameter at these two phase transitions are not
Figure 3. Birefringence data points plotted as ln (Dn) as a
function of ln (|T2T
c
|), for T
c
~T
N
D
I
RE
(squares) and for
T
c
~T
N
D
I
(triangles). Because in this scale these points become
distributed as a straight line, the computation of b from
equation (2) becomes immediate; that is, the slope of this curve
would correspond, at the region of the critical point, to the
critical exponent.
Reentrant isotropic discotic nematic 101
Downloaded By: [University of Sao Paulo] At: 16:40 19 February 2008
a very small discontinuity in the order parameter with
an associated critical exponent presenting a value that is
approximately half of that observed at the classical
N
C(D)
–I phase transition.
Acknowledgments
We are thankful to the Brazilian Agencies CAPES,
Fundac¸a˜o Arauca´ria (PR) and CNPq (PADCT) for
financial support of this work.
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102 Reentrant isotropic discotic nematic
Nonlinear refractive index measurements of discotic and calamitic nematic lyotropic phases
N. M. Kimura,
1
P. A. Santoro,
1
P. R. G. Fernandes,
1
R. C. Viscovini,
1
S. L. Gómez,
2
and A. J. Palangana
1,
*
1
Departamento de Física, Universidade Estadual de Maringá, Av. Colombo, 5790, 87020-900 Maringá, PR, Brazil
2
Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade de São Paulo, 05315-970 São Paulo, SP, Brazil
͑Received 18 July 2006; published 21 December 2006͒
In this work, through the Z-scan technique, we report on measurements of the nonlinear refractive index ͑n
2
͒
in discotic and calamitic nematic phases at room temperature in lyotropic mixtures of potassium laurate,
decanol and D
2
O. This technique presents high sensitivity when compared to conventional interferometry. The
nonlinear optical birefringence ͑n
2
͒ of these nematic phases was also determined. The sign and absolute value
of this relevant nonlinear parameter are discussed in terms of structural changes in the micellar configuration
which takes place in each nematic lyotropic phase.
DOI:
10.1103/PhysRevE.74.062701 PACS number͑s͒: 61.30.Ϫv, 64.70.Md, 42.65.Jx
I. INTRODUCTION
In the field of complex fluids, the lyotropic liquid crystals
͑LLC͒ constitute one of the most interesting examples ͓1͔.
The basic units, named micelles, are anisotropic aggregates
of amphiphilic molecules disperse in a solvent ͑usually
water͒. The remarkable characteristics of LLC stimulated
enourmous effort in both basic and applied research. Because
of the vast number of different phases shown by LLC’s, they
were the subject of various works in the field of phase tran-
sition, statistical mechanics, and biological sensors ͓
1,2͔. In a
classical paper, Yu and Saupe ͓
3͔ reported the existence of
biaxial nematic phase between two uniaxial nematic phases
in a deuterated ternary lyotropic mixture. In this lyotropic
system, the classical isotropic phase ͑I͒ at high temperature
and also a re-entrant isotropic phase ͑I
RE
͒ which takes place
at lower temperature were observed. The uniaxial nematic
lyotropic phases are composed by average prolate ͑calamitic
N
C
͒ or oblate ͑discotic N
D
͒ micellar aggregates. Experimen-
tal data support that they are the macroscopical consequences
of different orientational fluctuations of the micellar aggre-
gates ͓
4͔. In the uniaxial nematic phases these orientational
fluctuations are full rotations along the nematic director, and
only small amplitude oscillations in the biaxial nematic
phase ͑N
B
͒. Linear optical techniques are usually used to
study the nature of phase transitions. The linear birefringence
can be connected to the order parameter and its measurement
in the vicinity of critical points can improve the understand-
ing of the collective behavior of the basic units. On the other
hand, the nonlinear optical properties of LLC have received
less attention than its linear optical ones. An elegant and
simple method to measure the nonlinear optical response of a
medium at different time scales is the single-beam Z-scan
technique ͓
5͔. At milliseconds ͑ms͒ time range, the nonlinear
optical response is expected to be of thermal and orienta-
tional origin ͓
68͔. The photothermal process, responsible
for changes on the refraction index of the medium, leads to
the formation of a lens-like element ͓9͔. The Z-scan tech-
nique was recently used to study the thermal nonlinear opti-
cal properties of lyotropic liquid crystals on the ternary mix-
ture of potassium laurate, 1-decanol, and water in the N
C
, N
B
,
and isotropic ͑I͒ phases dopped with small amounts of fer-
rofluid ͓
8,10,11͔. It was shown that lyotropic liquid crystals
͓
8͔ exhibit thermal nonlinear optical responses ϳ10
−2
times
lower than thermotropic liquid crystals ͓
12͔, depending on
phase, temperature, and content of ferrofluid. In this paper, as
far as we know, we report the first measurements of the
nonlinear refractive index ͑n
2
͒ in lyotropic mixtures of po-
tassium laurate, 1-decanol and D
2
O, in discotic and calamitic
nematic phases.
II. FUNDAMENTALS
The lyotropic liquid crystals investigated in this work
were mixtures of potassium laurate ͑KL͒, 1-decanol ͑DeOH͒,
and D
2
O with two different compositions in
wt % :M
1
͓25.20/ 6.14/68.5͔ and M
2
͓24.80/ 6.24/68.96͔.
DeOH ͑Ͼ99% purity͒ and D
2
O ͑Ͼ99% purity͒ are commer-
cially avaliable from Aldrich. KL was synthetized in our
laboratory from lauric acid via neutralization with potassium
hydroxide and was further recrystallized with ethanol several
times. The compounds for this synthesis come from Merck.
By using a polarized-light optical microscopy and optical
refractometry ͓
13,14͔ the phase sequences, as a function of
temperature, were determined as follows: sample M
1
,
I
RE
N
C
͑11.6 ° C͒ and N
C
I ͑52.4 ° C͒, and sample M
2
,
I
RE
N
D
͑12.1 ° C͒ and N
D
I ͑36.3 ° C͒, respectively. The
nematic samples were conditioned in sealed planar glass
cells ͑1 mm of light path͒ from Hellma. Uniform orientation
of the samples were obtained using an electromagnet
͑H ϳ1 Tesla͒ for 24 h and checked by crossed polarizers.
The laboratory frame axes are defined with the boundary
surfaces parallel to the x-y plane and z is the axis normal to
the biggest surface of the sample cell. The measurements
were made at T = 25 °C in a temperature controlled device
stable at 10 mK. In the N
C
phase, the direction of the mag-
netic field defines the director n
ˆ
. The values of n
2
ʈ
and n
2Ќ
can be obtained by orientation of the director along two per-
pendicular directions, so the configurations between n
ˆ
and
the polarization of the laser beam E
are n
ˆ
͉͉E
and n
ˆ
Ќ E
,
respectively. In the N
D
oriented phase it is necessary to regu-
larly rotate the sample around the z axis in the presence of a
*
Electronic address: palanga@dfi.uem.br
PHYSICAL REVIEW E 74, 062701 ͑2006͒
1539-3755/2006/74͑6͒/062701͑4͒ ©2006 The American Physical Society062701-1
magnetic field parallel to the x-y plane of the sample cell. So,
the director n
ˆ
will be perpendicular to a plane determined by
two nonparallel directions of the magnetic field H
in the
laboratory frame axes. A small quantity of ferrofluid
͑Ͻ0.04 wt. % ͒ was added to the nematic samples in order to
ensure a good quality alignment of the director in the N
C
and
N
D
nematic phases. Figure
1 shows a scheme of the relative
configuration of the nematic director, magnetic field, and po-
larization of incident laser beam for measurements of n
2͉͉
and
n
2Ќ
in the N
C
and N
D
phases.
Among the techniques developed to study nonlinear opti-
cal effects, the Z-scan technique stands up by its simplicity
and sensitivity to measure the amplitude and sign of the non-
linear refraction index n
2
͓
5͔. It is important to mention that
͑n
2
ϳ
͑3͒
͒ is related with the linear refractive index ͑n
o
͒ by
n= n
o
+n
2
I where n is the refractive index, I is the incident
light intensity on the sample, and
͑3͒
is the third-order elec-
trical susceptibility ͓
6͔. In this experimental technique a
Gaussian laser beam ͑TEM
00
͒ is focused to a narrow waist
by a lens along the propagation direction of the beam defined
as being the z axis. The sample is moved through the focal
plane along the z direction and the far-field transmittance of
an iris centered along the beam propagation direction is mea-
sured as a function of the position z of the sample. As the
sample moves along the beam focus, further focusing or de-
focusing modifies the wave front phase, thereby modifying
the detected intensity. A sketch of the Z-scan setup is shown
in Fig.
2. Our experimental setup includes a diode laser
Quantum Ventus MPC600 from Quantum. The power of the
incident laser was adjusted to 47 mW. A mechanical chopper
͑Standford SR540͒ provides ϳ30 ms pulses incident on the
sample. The beam waist radius
o
is about 21.5
m. Data
acquisition with temporal resolution is made by an oscillo-
scope ͑model TDS3012 from Tektronix͒ and general purpose
interface bus ͑GPIB͒ board. The values of the nonlinear re-
fractive indices for a thermal nonlinear optical response can
be determined from fitting the spatial dependence on z and
the temporal dependence, via thermal lens model ͓
15͔, at
each z position of the transmittance T in a Z-scan ͓
16͔ mea-
surement expressed by
͑z,t͒ =
ͭ
1 +
ͫ
1 + ͑1 + x
2
͒t
co
/2t
ͬ
2x
1 + x
2
ͮ
−1
, ͑1͒
where x=z / z
o
, z
o
is the confocal parameter, t
co
=
o
2
/4D is the
characteristic thermal time, D =k /
C
P
is the thermal diffu-
sivity,
=2.303 ͑dn /dT͒
P/
is the phase shift ͓10͔, P is
the power of the laser beam, the wavelength of the laser,
the linear optical absorption, dn /dT is the thermo-optical co-
efficient,
the thermal conductivity,
is the density, and C
P
is the specific heat. It is important to mention that dn /dT,
,
, and D are anisotropic parameters in liquid crystal samples.
These parameters dn
ʈ
͑n
Ќ
͒/ dT,
ʈ
͑
Ќ
͒,
ʈ
͑k
Ќ
͒, and D
ʈ
͑D
Ќ
͒
are defined in a direction parallel ͑perpendicular͒ to the di-
rector of the nematic sample. The experimental data are ob-
tained according to Eq. ͑1͒ where
and t
co
are the fitting
parameters. The procedure employed here is the same uti-
lized by Palffy-Muhoray et al. ͓
16͔. The relationship be-
tween
and the nonlinear refractive index in the Sheik Ba-
hae’s model ͓5͔ n
2
, in esu units, is given by
n
2
=
o
2
cn
o
80 ϫ 0.406
dP
, ͑2͒
where d it is the optical path length of the sample, n
o
the
linear refraction index, and c the speed of light at vacuum.
The nonlinear refractive index ͑n
2
͒ will be determined by
means of Eqs. ͑1͒ and ͑2͒, respectively.
III. RESULTS AND DISCUSSION
Figure 3 shows typical experimental curves of Z-scan
measurements on deuterated lyotropic mixtures in the N
C
and N
D
nematic phases. For both samples and both configu-
rations of nematic director and beam polarization, the non-
linear refraction index is negative ͑n
2
Ͻ0͒ indicating a self-
defocusing effect ͓
5͔. The curves of Z-scan experiments
exhibited in Figs. 3͑a͒ and 3͑b͒ correspond to the N
C
phase,
for a laser beam traveling in the nematic medium with po-
larization parallel and perpendicular to the optic axis of the
nematic sample, respectively. In the same way the curves
shown in Figs.
3͑c͒ and 3͑d͒ were obtained for the N
D
phase.
In these lyotropic nematic phases, extraordinary ͑n
ʈ
͒ and or-
dinary ͑n
Ќ
͒ linear refractive indices were performed through
an Abbe refractometer ͑Atago-3T͒ with an accuracy of
FIG. 1. Experimental configurations of the nematic director,
magnetic field and polarization of the laser beam for nonlinear re-
fractive index measurements of ͑a͒ n
2͉͉
and ͑b͒ n
2Ќ
on the N
C
phase;
͑c͒ n
2͉͉
and ͑d͒ n
2Ќ
on the N
D
phase.
FIG. 2. Sketch of the Z-scan apparatus. L
1
, L
2
, and L
3
are
lenses, chopper ͑Ch͒, sample ͑S͒, iris ͑I͒, and detector ͑D͒.
BRIEF REPORTS PHYSICAL REVIEW E 74, 062701 ͑2006͒
062701-2
2ϫ 10
−4
. The sample temperatures were stable at 10 mK.
The procedure for refractive index measurements is based on
the internal reflection of light at an interface between the
nematic samples and the surface of an optical glass prism.
An optical polarizer was coupled to the Abbe refractometer
to obtain the n
ʈ
and n
Ќ
refractive indices ͓13͔. Taking the
experimental values, = 532 nm, P = 47 mW, d = 1 mm,
o
=21.5
m, n
ʈ
͑n
Ќ
͒, and
ʈ
͑
Ќ
͒ anisotropic parameters into
account, we obtain from Eq. ͑
2͒ the values for the nonlinear
refractive indices and the ratio n
2͉͉
/n
2Ќ
. These important pa-
rameters are shown in Table
I.
As can be seen in Table
I, the nonlinear birefringence
͓11,18͔, n
2
=n
2͉͉
n
2Ќ
, of N
C
and N
D
phases have opposite
sign, being negative for the N
C
phase and positive for the N
D
phase and in absolute values ͑n
2
͒
N
C
Ͼ͑n
2
͒
N
D
. It is worth
to note that from Eq. ͑
2͒ one can write
n
2
= An
Ќ
ͩ
n
ʈ
n
Ќ
ʈ
Ќ
ͪ
, ͑3͒
where A is a constant. As the ratio n
ʈ
/n
Ќ
is approximately
equal to the unit, we may conclude that the sign of nonlinear
birefringence n
2
of N
C
and N
D
phases is due to the magni-
tude of phase shift
produced in each phase. This important
experimental result reflects a change of the symmetry of the
micellar configuration as determined by the sign of the non-
linear birefringence and is in accordance with the linear op-
tical birefringence measurements performed by several au-
TABLE I. Values of the linear refractive indices, phase shifts, nonlinear refractive indices ͑in esu units͒
and ratio of the nonlinear refractive indices of samples M
1
and M
2
at T = 25 °C.
Phase n
ʈ
͑±0.0002͒ n
Ќ
͑±0.0002͒ 10
−2
ʈ
10
−2
Ќ
10
−6
͑n
2͉͉
͒ 10
−6
͑n
2Ќ
͒ n
2͉͉
/n
2Ќ
N
C
1.3771 1.3799 22.61±0.01 17.89±0.01 4.79± 0.08 3.80± 0.08 1.26
N
D
1.3763 1.3744 11.82±0.01 12.94±0.01 2.50± 0.08 2.74± 0.08 0.91
FIG. 3. Typical curves of Z-scan measurements on lyotropic mixtures for both configurations between the polarization of the laser beam
and nematic director: ͑a͒ n
ˆ
͉͉E
and ͑b͒ n
ˆ
Ќ E
on the N
C
phase; ͑c͒ n
ˆ
͉͉E
and ͑d͒ n
ˆ
Ќ E
on the N
D
phase. The solid line corresponds to the fitting
͓
16͔ of Eq. ͑1͒ with tϳ10 t
co
.
BRIEF REPORTS PHYSICAL REVIEW E 74, 062701 ͑2006͒
062701-3
thors in similar lyotropic systems ͓13,14,17͔. The sign of the
n
2
for the N
C
phase of the deuterated lyotropic mixture is
the same as the one reported for a lyotropic liquid crystal at
the N
C
phase made with common water ͓
8,10͔. Negative
nonlinear birefringence was also observed in some thermo-
tropic liquid crystals for light pulses in the ms range ͓18͔.
Note that the ratio n
2͉͉
/n
2Ќ
for the N
C
phase is greater than
that determined for the N
D
phase. From Eq. ͑
2͒ and Table I
n
2͉͉
/n
2Ќ
ϳ
ʈ
/
Ќ
=1.26 for the N
C
phase. In this way, the ratio
ʈ
/
Ќ
can be connected with the linear optical absorption
and thermal diffusivity by
ʈ
/
Ќ
ϳ
ʈ
D
Ќ
/
Ќ
D
ʈ
. Taking the
experimental value of the ratio D
ʈ
/D
Ќ
ϳ1.2 into account,
for the same nematic phase in a similar system, determined
by a related technique ͓
19͔, we obtain
ʈ
/
Ќ
ϳ1.5. The
anisotropy,
=
ʈ
Ќ
, observed in this N
C
phase has
been also determined in nematic thermotropic ͓
6͔ and
confirms the reliability of our results. In the N
D
phase, the
ratio n
2͉͉
/n
2Ќ
ϳ
ʈ
/
Ќ
=0.91. This value pointed out for the
ʈ
/
Ќ
and D
ʈ
/D
Ќ
is smaller than 1. This result has not been
found in nematic thermotropic phase ͓
20͔. Therefore, it is not
so surprising as it may seem at a first glance since the mi-
celles, in lyotropic systems, do not have a rigid structure and
change the micellar shape configuration under temperature
and concentration conditions of amphiphilic molecules
present in the lyotropic mixture. In addition, the parallel and
perpendicular thermal diffusivities can be determined, by
means of parameter t
co
, from time evolution of the curve
fitting of Eq. ͑
1͒. In this N
D
phase, we obtain the ratio
D
ʈ
/D
Ќ
=0.93. The data indicate that D
ʈ
/D
Ќ
can be associ-
ated, in a simple approximation, with the anisotropy shape of
the micelles being proportional to the ratio l
ʈ
/l
Ќ
ϳ0.8, ob-
tained from x-ray diffraction measurements ͓17͔ in the same
N
D
phase studied in this work, where l
ʈ
is thickness and l
Ќ
the diameter of the disks in the discotic nematic sample. In
this context, as a consequence of these experimental results,
we found the ratio,
ʈ
/
Ќ
Ͻ1 as expected in the N
D
phase.
To sum up, we have carried out a nonlinear refractive
index study in discotic and calamitic nematic phases of deu-
terated lyotropic mixtures ͑KL/ DeOH/ D
2
O͒. To the best of
our knowledge, this experiment presents the first investiga-
tion of these nonlinear parameters, particulary, in the discotic
nematic phase. Our data, in terms of the signs of the nonlin-
ear birefringences n
2
Ͼ0 in N
D
phase and n
2
Ͻ0 in N
C
phase, are consistent with the nature of anisotropy shape of
micellar aggregates characteristic of each uniaxial lyotropic
nematic phase. The ratio n
2
ʈ
/n
2Ќ
Ͻ1 and as consequence
D
ʈ
/D
Ќ
and
ʈ
/
Ќ
Ͻ1 obtained for N
D
phase is an interesting
result which has not been found in nematic phases.
ACKNOWLEDGMENTS
The authors are thankful to the Brazilian Agencies
CAPES, CNPq, and Fundação Araucária ͑PR͒ for financial
support.
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J. R. D. Pereira, E. C. da Silva, and A. M. Mansanares, Appl.
Phys. Lett. 68
, 3371 ͑1996͒.
͓20͔ M. Marinelli, F. Mercuri, U. Zammit, and F. Scudieri, Phys.
Rev. E 58, 5860 ͑1998͒.
BRIEF REPORTS PHYSICAL REVIEW E 74, 062701 ͑2006͒
062701-4
Physics Letters A 370 (2007) 173–176
www.elsevier.com/locate/pla
Thermal diffusivity measurements in a lyotropic discotic nematic phase
N.M. Kimura
a
, A. de Campos
b
, P.A. Santoro
a
, M. Simões
b
, S.L. Gómez
c
, A.J. Palangana
a,
a
Departamento de Física, Universidade Estadual de Maringá, Av. Colombo, 5790, 87020-900 Maringá, PR, Brazil
b
Departamento de Física, Universidade Estadual de Londrina, Campus Universitário, 86051-990 Londrina, PR, Brazil
c
Departamento de Física, Universidade Estadual de Ponta Grossa, Campus Uvaranas, 84030-000 Ponta Grossa, PR, Brazil
Received 17 March 2007; received in revised form 16 May 2007; accepted 16 May 2007
Available online 24 May 2007
Communicated by V.M. Agranovich
Abstract
The present work is focused on thermal diffusivity (D) measurements, via Z-scan experiment, in a discotic nematic phase of the lyotropic
mixture comprised of potassium laurate, decanol and D
2
O. In this experiment, the nematic sample is translated through the focal region of
a focused Gaussian laser beam. The experimental data are analyzed according to the thermal lens model and the ratio between the thermal
diffusivities parallel (D
) and perpendicular (D
) to the director of the nematic sample has been found to be smaller than one. The results are
compared to others obtained with different liquid crystals and explained by using a simple model where this ratio is correlated to the shape
anisotropy of the micelles.
2007 Elsevier B.V. All rights reserved.
PACS: 61.30.-v; 64.70.Md; 42.65.Jx
1. Introduction
One important branch of research with liquid crystals rises
when a laser beam passes through these materials. The absorbed
energy is converted into heat and several nonlinear phenom-
ena can be induced as a result of this interaction. Discrimina-
tion among these nonlinear phenomena has been achieved by
changing the beam power and polarization and the experimental
configuration [1,2]. In this context, was introduced the Z-scan
technique and conceived as being a simple and efficient method
to measure the nonlinear optical response of a medium mate-
rial
[3]. At milliseconds (ms) time range, the nonlinear optical
response is expected to be of thermal and orientational ori-
gin
[1,2]. This nonlinear study has been employed particularly
in thermotropic materials but there are few data concerning the
lyotropic liquid crystals (LLC)
[4]. These systems are formed
by mixtures of amphiphilic molecules and a solvent (usually
water), under convenient temperature and concentration condi-
*
Corresponding author.
E-mail address:
palanga@dfi.uem.br (A.J. Palangana).
tions. The basic units of the LLC are anisotropic micelles [5].
From the classical phase diagram reported by Yu and Saupe
[6], two uniaxial nematics and one biaxial nematic phases
were characterized. The uniaxial nematic lyotropic phases are
known as prolate (calamitic N
C
) and oblate (discotic N
D
) mi-
cellar aggregates dispersed in water
[5]. These phases presents
negative (positive) optical and positive (negative) diamagnetic
anisotropies, respectively. In this phase diagram the conven-
tional isotropic phase (I ) is observed at high temperature as
well as one reentrant isotropic phase (I
RE
) which takes place at
lower temperatures. The biaxial nematic phase (N
B
) appears,
in this phase diagram, as an intermediate phase between the
uniaxial nematic phases. These nematic lyotropic phases have
been recently investigated, from a linear optical point of view,
by means of the refractometry technique
[7–9].
In this Letter, through the use Z-scan technique, we report
on measurements of the thermal diffusivity (D) in a discotic
nematic phase at room temperature (T = 25
C) in a lyotropic
mixture of potassium laurate, decanol and D
2
O. It is well
known in liquid crystal materials that the thermal diffusivity
is an anisotropic parameter
[10,11]. In this sense, this study re-
quires the measurements of two thermal diffusivities, D
and
0375-9601/$ see front matter 2007 Elsevier B.V. All rights reserved.
doi:10.1016/j.physleta.2007.05.058
174 N.M. Kimura et al. / Physics Letters A 370 (2007) 173–176
D
, obtained from an experimental configuration as a laser
beam travels in the nematic medium with polarization paral-
lel or perpendicular, respectively, to the director of the nematic
sample. Our experimental results are analyzed according to the
thermal lens model (TLM) as described by Palffy-Muhoray et
al.
[13] and the ratio D
/D
has been found to be smaller than
one. On the other hand, has been reported in the literature that
this ratio is greater than one in all the liquid crystal samples
investigated
[11,14]. From theoretical point of view, these re-
sults indicate that the thermal anisotropy in thermotropic liquid
crystals can be related to the molecular dimensions
[10]. In this
way, our experimental results are discussed by using a simple
model that correlates the D
/D
to the shape anisotropy of the
micelles
[12,14].
2. Fundamentals
The Z-scan is an efficient and powerful nonlinear optical
technique
[3]. It was developed to measure nonlinear optical
parameters of a material and it presents high sensitivity when
compared to conventional interferometry. In Z-scan experimen-
tal technique a Gaussian laser beam (TEM
00
) is focused to a
narrow waist by a lens along the propagation direction of the
beam defined as being the z-axis. The sample is moved through
the focal plane along the z direction and the far-field transmit-
tance of an iris centered along the beam propagation direction
is measured as a function of the position z of the sample. As
the sample moves along the beam focus, further focusing or
defocusing modifies the wave front phase, thereby modifying
the detected intensity. A sketch of the Z-scan setup is shown
in
Fig. 1. Our experimental setup includes a diode laser Ven-
tus MPC600 (from Quantum) with power output adjusted to
47 mW. The beam waist radius ω
o
is about 21.5 µm and a
mechanical chopper (Standford SR540) provides laser pulses
(33 ms) incident on the sample. Data acquisition with temporal
resolution is made by an oscilloscope model TDS3012 (from
Tektronix) and a GPIB board.
The values of the thermal diffusivity for a thermal nonlinear
optical response can be determined from fitting the spatial de-
pendence on z and the temporal dependence via thermal lens
model
[13,15]. The normalized light transmittance ), as a
function of z and time t, can be written as [13]:
(1)Γ (z, t) =
1 +
θ
1 + (1 + x
2
t)t
co
/2t
2x
1 + x
2
1
,
Fig. 1. Sketch of the Z-scan apparatus. L
1
, L
2
, and L
3
are lenses; Chopper
(Ch); Sample (S); Iris (I ) and Detector (D).
where x = z/z
o
, z
o
is the confocal parameter, θ = 2.303
(dn/dT P /λk is the phase shift [16] (phase difference be-
tween the center and the outer edge of the beam), t
co
= ω
2
o
/4D
is the characteristic thermal time, D = kC
P
is the thermal
diffusivity, P is the power of the laser beam, λ is the wave-
length of the laser, α is the linear optical absorption, dn/dT is
the thermo-optical coefficient, k is the thermal conductivity, ρ
is the density and C
P
is the specific heat. Eq.
(1) is valid under
the condition that θ 1 [13]. In liquid crystal medium, θ, t
co
and D are anisotropic parameters. These parameters, θ
),
t
co
(t
co
) and D
(D
), are defined in a direction parallel (per-
pendicular) to the director of the nematic sample.
The lyotropic mixture investigated in this work
[6,18] was
prepared with the following concentrations in weight percent-
age: potassium laurate (KL: 24.80), 1-decanol (DeOH: 6.24)
and D
2
O (68.96). DeOH (> 99% purity) and D
2
O (> 99%
purity) are commercially available from Aldrich. KL was syn-
thetized in our laboratory from lauric acid via neutralization
with potassium hydroxide and was further recrystallized with
ethanol several times; the compounds for this synthesis came
from Merck. The phase sequences, as determined by opti-
cal microscopy, digital image processing
[17] and refractive
index measurements [8], are as follows: reentrant isotropic
I
RE
(12.1
C) discotic nematic N
D
(36.3
C) isotropic I . The
nematic sample was conditioned in sealed planar glass cells
(1 mm of light path) from Hellma. Uniform orientation of the
sample was performed using an electromagnet (H = 10 kG)
for 24 h and checked by crossed polarizers. The laboratory
frame axes are defined with the boundary surfaces parallel to
the xy plane and z is the axis normal to the biggest surface
of the sample cell. The xy plane of the sample is defined
with x(y) axis parallel to the length (width) of the cells. The
homeotropic alignment of the sample is produced by a mag-
netic field of 10 kG parallel to the x-axis of the laboratory
frame combined with rotations of the sample around the z-axis.
A small quantity of ferrofluid (< 0.04 wt.%) was added to the
discotic nematic sample in order to ensure a good quality align-
ment of the director in the N
D
phase. The measurements were
Fig. 2. Experimental configuration of the nematic director, magnetic field and
the laser beam polarization for thermal diffusivity measurements of (a) D
and
(b) D
on the N
D
phase.
N.M. Kimura et al. / Physics Letters A 370 (2007) 173–176 175
made at T = 25
C in a controlled temperature device stable at
10 mK. The anisotropic parameters θ , t
co
and D, can be ob-
tained by orientation of the director ˆn along two perpendicular
directions, so the configurations between ˆn and the laser beam
polarization
E are ˆn
E and ˆn
E, respectively.
Fig. 2 shows
Fig. 3. Time evolution of the optical transmittance in three successive positions
of the nematic sample along the z axis.
a scheme of the relative configuration of the nematic director,
magnetic field and polarization of incident laser beam for mea-
surements of these parameters in the N
D
phase.
3. Results and discussion
Fig. 3 presents typical time evolution curves of the optical
transmittance in three positions of the nematic sample along
z-axis. Fig. 4(a) shows a typical Z-scan curve obtained for the
discotic nematic phase at temperature T = 25.0
C. The exper-
imental data are obtained according to Eq.
(1) by means of a
self-consistent fitting of θ and t
co
parameters. The fitting pro-
cedure employed here is the same utilized by Palffy-Muhoray
et al.
[13]. Fig. 4(b) shows typical time dependence transmit-
tance at a fixed z position and the fit from Eq.
(1). The ex-
perimental curves exhibited in Figs. 4(a) and 4(b) correspond
to the N
D
phase, for a laser beam traveling in the nematic
medium with polarization parallel to the optic axis of the ne-
matic sample. In the same way, similar curves were obtained
in a perpendicular direction to the optic axis of the nematic
phase (
Figs. 4(c) and 4(d)). Taking the experimental values,
ω
o
= 21.5 µm and t
co
= ω
2
o
/4D, with t
co
(t
co
) anisotropic
Fig. 4. Typical curves of Z-scan measurements on the lyotropic mixture (N
D
phase), where (a) and (b) concerned to the configuration ˆn
E and (c) and (d)
concerned to the configuration ˆn
E. The solid lines (a) and (c) correspond to the fitting of Eq.
(1) with t 10 t
co
for θ
= 1.182 × 10
3
and θ
= 1.294 ×10
3
,
respectively
[13]. Typical time dependence transmittance (b) and (d) at fixed (z = 2.5 mm) position [16] and θ
) phase shift. The solid lines correspond to the
fitting of Eq.
(1) with θ
) = 1.182 (1.294) × 10
3
for t
co
(t
co
) = 2.62 (2.43) ms [13].
176 N.M. Kimura et al. / Physics Letters A 370 (2007) 173–176
Table 1
Values of the characteristic thermal times, thermal diffusivities and ratio of the thermal diffusivities in the discotic nematic sample at T = 25
C
Phase t
co
(ms)
t
co
(ms)
D
(10
8
) m
2
/s
D
(10
8
) m
2
/s
D
/D
(measured)
D
/D
(estimated)
N
D
2.62 ± 0.05 2.43 ± 0.05 4.40 ± 0.08 4.74 ± 0.08 0.93 0.88
parameters, into account, we obtain the parallel (D
) and per-
pendicular (D
) thermal diffusivities defined, respectively, in a
direction parallel or perpendicular to the director of the nematic
sample, and the ratio D
/D
. These important parameters are
given in
Table 1.
As can be seen in Table 1, the ratio D
/D
is smaller than
1 in this discotic nematic phase. To our knowledge, there are
no independent measurements of this ratio with this discotic
nematic phase in the literature. However, some time ago the
thermal diffusivity in a LLC was studied in a calamitic nematic
phase
[14] and it was proposed, as a first approach, that this
phenomenon could be understood through a relation given by
(2)
D
D
=
L
L
(1 + 2S) + (2 2S)
L
L
(1 S) + (2 + S)
.
The parameters L
and L
defined in Eq.
(2) are, respec-
tively, the molecular dimensions parallel and perpendicular to
the director direction and S is the scalar order parameter. An
amazing aspect of this expression is that it predicts that if a
calamitic nematic phase is replaced by a discotic one, the ra-
tio D
/D
would change from a number greater than 1 to
a number smaller than 1. This simple theoretical prediction
is consistent with the experimental results determined in this
work. Taking the ratio between the parameters L
/L
=
0.76
into account, obtained in this N
D
phase via experiment of X-ray
diffraction
[19], and using S
=
0.5 [20] we obtain, from Eq. (2),
D
/D
0.88. This theoretical prediction, despite some limi-
tations, is consistent with our experimental data as indicated in
Table 1. It is important to mention that the symmetry of the mi-
celles and their average distances were not taken into account
in the theoretical approach of Eq. (2). Likewise, the fact that
the micelles do not have a rigid structure and change the mi-
cellar shape configuration under temperature and concentration
conditions of amphiphilic molecules present in the lyotropic
mixture must be also further considered. One possible way to
overcome these difficulties could be the use of the Hess ap-
proach [21,22], which was originally conceived to study the
viscosity of the nematic liquid crystals. This approach, which
considers that the geometry generated by the interacting poten-
tial is the essence of the anisotropic behavior found on the liq-
uid crystals phenomenology, has successfully described many
theological problems and does not suffer from the limitations
presented above.
To sum up, we have carried out a thermal diffusivity study
in discotic nematic phase of deuterated lyotropic mixtures
(KL/DeOH/D
2
O). To the best of our knowledge, this exper-
iment presents a first investigation of this parameter, partic-
ulary in the discotic nematic phase. The experimental ratio
D
/D
< 1 obtained for N
D
phase is discussed in terms of a
simple theoretical approach consistent with the nature of shape
anisotropy of micellar aggregates characteristic of the lyotropic
discotic nematic phase. The repeatability of our data, under the
described experimental conditions, was checked and verified by
this result. In this way, we have also determined this ratio for a
calamitic nematic phase and the obtained result is the same as
the one existing in the literature
[14].
Acknowledgements
We are thankful to the Brazilian Agencies CAPES, CNPq
and Fundação Araucária (PR) for the financial support of this
work.
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THE EUROPEAN
PHYSICAL JOURNAL E
Reentrant isotropic-calamitic nematic phase transition in
potassium laurate-decanol-D
2
O mixtures
W.S. Braga, N.M. Kimura, D.D. Luders, A.R. Sampaio, P.A. Santoro, and A.J. Palangana
a
Departamento de F´ısica, Universidade Estadual de Maring´a, Av. Colombo, 5790, 87020-900 - Maring´a, PR, Brazil
Received 2 August 2007
Published online: 23 Novemb er 2007
c
EDP Sciences / Societ`a Italiana di Fisica / Springer-Verlag 2007
Abstract. The phase diagram is an interesting field of research, particulary in lyotropic liquid crystals
(LLC). In this way, one of the most important phase diagrams of t his LLC system was reported by Yu
and Saupe. Two uniaxial (calamitic N
C
and discotic N
D
) and one biaxial nematic (N
B
) phases were
determined by these authors. Furthermore, in this phase diagram the classical isotropic phase (I) was
observed at high temperature as well as a reentrant isotropic phase (I
RE
) which takes place at lower
temperature. Later, this phase diagram was also studied by several authors and in all cases the I
RE
-N
C
-I
phase transitions were not observed. In this work, we present a study of this phase diagram through
digital image processing and refractometry optical techniques. The occurrence of these phase transitions is
investigated and characterized. In addition, the order parameter is obtained based on the Vuks hypothesis
from a particular point, in the range of the N
C
phase, where the absolute value of the optical birefringenc e
(∆n) is maximum.
PACS. 61.30.-v Liquid crystals 61.30.St Lyotropic phases 64.70.M- Transitions in liquid crystals
64.70.mj Experimental studies of liquid crystal transitions
1 Introduction
One of the most interesting fields of research with ly-
otropic liquid crystals (LLC) is th e study of the phase
diagram, in particular when a reentrant isotropic phase
takes place. These systems are f or med by mixtures of
amphiphilic molecules and a solvent (usually water), un-
der convenient temperature and concentration conditions.
The basic units of the LLC are anisotropic micelles [1].
In the temperature-concentration phase d iagram reported
by Yu and Sau pe [2], two uniaxial and one biaxial nematic
phases were observed. The uniaxial nematic phases have
been shown to be prolate (calamitic N
C
) and oblate
(discotic N
D
) micellar aggregates dispersed in water.
The biaxial nematic phase (N
B
) appears to be an inter-
mediate phase along the border between the two uniax-
ial nematic ones. Furthermore, in this phase diagram the
classical isotropic phase was observed at high tempera-
ture as well as a reentrant isotropic phase which takes
place at lower temperature. Later, this p h ase diagram was
also studied by Galerne and co-workers [3] at a constant
decanol (DeOH) concentration (6.24 wt%). This (DeOH)
concentration is the same utilized in the study of the
Saupe diagram [2]. Therefore, in b oth cases the reentrant
isotropic-calamitic nematic phase transition was not ob-
a
served. In this way, we present a study of this phase di-
agram at a slightly different (6.17 wt%) concentration of
DeOH. Through digital image pr ocessing [4,5] and refrac-
tometry optical techniques [6], the occurrence of reen-
trant isotropic (I
RE
)-calamitic n ematic (N
C
) and N
C
-
isotropic (I) phase transitions is investigated and char-
acterized in this work. In addition, the order parameter,
is obtained based on the Vuks hypothesis [7,8] from a
particular point, in the range of the N
C
phase, where
the absolute value of the optical birefringence (∆n) is
maximum [6]. It is important to mention that the ex-
perimental r esult presented here concerning the reentrant
isotropic-calamitic nematic phase transition is a comple-
mentary study of the performed investigations at reen-
trant isotropic-discotic nematic [9–11] and un iaxial-biaxial
nematic phase transitions [12] in different concentrations
of potassium laurate (KL), DeOH and D
2
O mixtures. In
this context, our exp erimental results are discussed.
2 Fundamentals
The lyotropic system investigated in this work [2,3] is a
mixture of potassium laurate (KL), decanol (DeOH) and
D
2
O. The nematic lyotropic phases are investigated and
characterized by means of the several exper imental tec-
niques, optical microscopy, optical conoscopy, optical re-
fractometry and digital image processing. Polarized light
248 The European Physical Journal E
optical microscopy is used to observe the discotic and
calamitic nematic textures and also to determine the tem-
peratures of the phase transitons: N
D
-I
RE
, N
D
-N
B
, N
C
-
I
RE
and N
C
-I, resp ectively. In this case, the nematic
samples are sealed in flat microslides f r om Vitro Dynam-
ics Inc., 200 µm thick and placed in a hot stage (HSI)
with an accuracy of 0.01 K. The N
D
(N
C
) phase presents
positive (negative) optical birefringence. An optical polar-
izer is coupled to the Ab be r efractometer in order to get
the ordinary and extraordinary refractive indices and, as
consequence, the optical birefringence. The N
D
-N
B
point
transition is characterized, via microscopic observations,
by the appearance of bright irregular spot birefringences
and gradually schlieren texture forms. On the other hand,
the optical characterization of the N
B
-N
C
phase transi-
tion requires special attention. This transition point can-
not be recognized r eadily by microscopic observations. In
this sense, optical conoscopic, optical refractometry and
digital image processing are used to determine the range
of the N
B
phase as well as the respective transition point.
The details of these experimental techniques employed in
this study are discussed and described in references [4–
6,11–14]. In addition , we present here measurements of
the extraordinary (n
) and ordinary (n
) refractive in-
dices near the I
RE
-N
C
and N
C
-I ph ase transitions as a
function of temperature, for a particular concentrantion in
weight percentage of this range, potassium laurate (KL:
27.07), decanol (DeOH: 6.17) an d (D
2
O: 66.76). The phase
sequence is the following: reentrant isotropic (12.5
C)
calamitic nematic (54.5
C) isotropic. The nematic sam-
ple was sealed in planar glass cells (length 44 mm, width
12.5 mm, 1.0 mm of light path and refractive index n
glass
=
1.523) fr om Hellma. The x-y plane of the sample is defined
with x(y)-axis parallel to the length (width) of the cells
and z is the axis normal to the biggest surface of the cells.
Planar alignment of the calamitic nematic sample was per-
formed by a magnetic field of 10 kG parallel to the x-axis
of the laboratory frame. When a good planar alignment is
achieved with the director of the N
C
phase oriented along
the x-axis, the nematic sample is removed from the elec-
tromagnetic field and placed in the Abbe refractometer
(Atago-3T, sodium D line λ = 589.3 nm). The oriented
sample was considered as a solid medium and , for optical
coupling, Canada balsam which pr esents a refractive index
(n = 1.530) was used in this experiment. It is important
to mention that in our experimental condition the rela-
tion n
sample
< n
glass
< n is verified. The refractive-index
measurements using this refractometer, with an accuracy
of 2 × 10
4
, are based on the internal reflection of light
at the interface between the nematic sample and the sur-
face of an optical glass prism. The sample temperature,
controlled by a Heto (CBN-18) circulating temperature
bath, was stable to 0.01 K. An optical polarizer was cou-
pled to the Abbe refractometer in order to get the n
and n
refractive indices. In this way, from th e n
and
n
refractive indices one obtains the optical birefringence
∆n = n
n
, which is negative in this N
C
phase and
positive in the discotic nematic phase [11]. From Vuks
hypothesis [7,8], the microscopic order parameter can be
Fig. 1. Phase diagram of the nematic phases in the
KL/DeOH/D
2
O system at 6.17 wt% of DeOH. I
RE
, N
D
, N
B
,
N
C
and I are the isotropic reentrant, discotic nematic, biaxial
nematic, calamitic nematic and isotropic phases, respectively.
evaluated, in the condition of the maximum optical bire-
fringence in the range of the N
C
phase.
3 Results and discussion
Figure 1 shows the temperature and concentration range
of the phase diagr am of the KL/DeOH/D
2
O system where
the uniaxial (N
D
and N
C
) nematic phases, a biaxial (N
B
)
nematic phase and isotropic (I
RE
and I) phases are ob-
served. The DeOH concentr ation is constant at 6.17 wt%
while the weigth concentration ratio (r) of D
2
O to KL
varies from 2.61 to 2.42. In this way, the range of the N
D
and N
B
phases decreases when the ratio r is lowered to
2.46 and in this case these nematic phases coalesce into
the I
RE
N
C
transition point. This particular re-
sult is similar to th e one observed by Yu and Saupe [2,
15] near the N
C
-I transition in different temperature and
concentration conditions of this same lyotropic mixture.
The three nematic ph ases occur near the ratio 2.46 and
the sequence by which they transform into each other is
I
RE
N
D
N
B
N
C
I. From
r = 2.46 only the I
RE
N
C
I phase transitions
are observed in this phase diagram as indicated in Fig-
ure 1. The experimental result presented here concerning
the reentrant isotropic-calamitic nematic phase transition
has not yet been reported in the literature [2,3]. Typical
textures of this phase sequence with a polarizing micro-
scope upon heating are shown in Figure 2. The schlieren
texture, characteristic of the nematic phase, is stable in
this N
C
phase except for disclination lines that may grad-
ually merge and disappear. The sur f ace alignment of N
C
on well-cleaned microslide surfaces is parallel to the x-axis.
The texture of the N
C
phase may spontaneously obtain
some kind of orientation of the micelles and in this case,
the geometry of the microslide favors the orientation of
the director n parallel to the x-axis [2,3,5]. This reentrant
W.S. Braga et al.: Reentrant isotropic-calamitic nematic phase transition 249
(a) 12.5
0
C
(b) 15
0
C
(c) 40
0
C
(d) 54.5
0
C
Fig. 2. Lyotropic calamitic nematic textures. I
RE
, N
C
and I are the isotropic reentrant, calamitic nematic and isotropic phases,
respectively.
isotropic-calamitic nematic phase transition is now inves-
tigated via optical refractometry for a particular concen-
tration of the KL/DeOH/D
2
O mixture indicated in Fig-
ure 1. Temperature dependence of the extraordinary (n
)
and ordinary (n
) refractive indices, in the range of the
N
C
phase, are presented in Figure 3 where, near the I
RE
-
N
C
phase transition, n
(n
) decreases (increases) as the
temperature decreases until, in the I
RE
phase, just one
refractive index was determined. On the other hand, near
the N
C
-I transition as the temperature increases n
(n
)
decreases (increases) and both indices trend to one in-
dex in the classical isotrop ic phase. From these refractive-
index measurements one obtains the optical birefringence
(∆n = n
n
) which is negative in this N
C
phase [16]
and confirms the occurence of the I
RE
-N
C
-I phase tran-
sitions. The inset of Figure 3 shows the absolute values of
∆n as a function of the temperature in the range of the
N
C
phase. As one sees from the inset of Figure 3, near the
I
RE
-N
C
transition point, ∆n increases in absolute value
and becomes maximum around 26
C and subsequently
decreases as the temperatur e increases. The experimental
data can be analysed via Vuks’s equation [7] which relates
the microscospic parameters of the nematic liquid crystals
to the macroscopic parameters as follows:
n
2
i
1
n
2
+ 2
=
4π
3
Nα
i
, (1)
where N is the number of molecules (or micelles) per unit
volume, α
i
(n
i
) is the micellar polarizability (refr active
index) of the nematic medium, n
(n
) is defined, respec-
10 20 30 40 50 60
1.371
1.374
1.377
1.380
1.383
10 20 30 40 50 60
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
I
I
RE
N
C
Refracti
ve
Index
Temperature(
O
C)
n
n
||
<n>
n
I
10
-3
I
nI
Temperature(
O
C)
N
C
||
Fig. 3. Refractive index vs. temperature of the KL system
in the calamitic nematic phase. The inset of this figure shows
the birefringence (∆n) as a function of the temperature. I
RE
,
N
C
and I are the isotropic reentrant, calamitic nematic and
isotropic phases, resp ectively.
tively, for plane waves traveling in the nematic medium
with polarization p ar allel or perpendicular to the optic
axis of the nematic sample, α
(α
) is the component of
the micellar polarizability parallel (perpendicular) to the
optic axis and n
2
= (n
2
+ 2n
2
)/3 is the average value
of the refractive index in the nematic phase. In addition,
250 The European Physical Journal E
10
-1
10
-2
10
-3
10
-2
|n
||
2
- n
2
/(<n
2
>-1)|
(T - T
NI
)/T
NI
Fig. 4. Log-log plot of the refractive-index data vs. reduced
temperature. The solid line is a linear extrapolation as de-
scribed in the text.
the macroscopic orientational [7,8] order parameter Q is
asso ciated to the Vuks’s hypothesis by
∆α
α
Q =
n
2
n
2
n
2
1
, (2)
where ∆α = α
α
is defined here as the anisotropy of
the micellar polarizability and α = 1/3 (α
+ 2α
) is
the average value of the micellar polarizability. The order
parameter Q has values between 0 (isotropic phase) and 1
for a completely ord er ed nematic phase [17]. Let us con-
sider equation (1) and equation (2) in the condition for
the maximum optical birefringence (∆n
max
). In this par-
ticular point, taking into account the experimental values
of n
, n
and n
2
from Figur e 3, we obtain in absolute
value ∆α/α
∆n
max
= 0.0085. On the other hand, this ra-
tio can be determined [18], from equation (2) via the pro-
cedure described by Haller [8]. In this sense, the log(
∆α
α
Q)
is plotted as a function of log(τ ), where τ is the reduced
temperature defined as τ = (T T
N I
)/T
N I
and T
N I
is the
calamitic nematic-isotropic transition temperature. Mak-
ing the hypothesis that the N
C
phase could be supercooled
to absolute zero (Q = 1) and from linear extrapolation
of experimental data to τ = 1 (T = 0 K), we obtain by
means of the linear fit with the equation Y = A+BX (see
Fig. 4) the values for A = 1.91896 and B = 0.12328,
where Y = log(
∆α
α
Q) and X = log(T T
N I
)/T
N I
, re-
spectively. The adjusted equation is close to the exper-
imental data, particularly, in the vicinity of the maxi-
mum optical birefringence. So, the linear extrapolation
at T = 0 leads to the value ∆α/α = 0.01205. A sim-
ilar result of this ratio was obtained by another lyotropic
mixture [18]. This value corresponds to Q = 1 and the ra-
tio ∆α /α
∆n
max
= 0.00885 was obtained in the condition
where ∆n rises to a maximum value. In this point, the ori-
entational order macroscopic parameter Q points up also
for the maximum value (Q
max
). In this case equation (2)
gives Q
max
=
0.73. This is an important result character-
istic of reentrant isotropic-lyotrop ic nematic phase transi-
tion which reflects, from a macroscopic point of view, the
maximum ord er parameter of the orientation of micelles
in this nematic sample.
In summary, we have carr ied out a phase diagram
study of lyotropic mixtures (KL/DeOH/D
2
O). The reen-
trant isotropic-calamitic nematic-isotropic phase transi-
tions are confirmed by our data. The calamitic nematic
phase appears clearly as an intermediate phase between
a r eentrant isotropic phase and the conventional isotropic
phase. The reentrant isotropic phase takes place at lower
temperature. To the best of our knowledge, this exper-
iment presents the first investigation of this important
phase sequence. Finally, the study of the order parame-
ter by means of NMR technique in a reentrant isotropic
calamitic (discotic) nematic phase transition, with spe-
cial attention for the maximum optical birefringence and
phase transition points, would be of considerable interest
for the future work.
We are thankful to the Brazilian Agencies CAPES, CNPq
(PADCT), and Funda¸ao Arauc´aria (PR) for the financial
supp ort of this work. Many thanks are due to T.A. Pe-
dreira (Brazil) for the careful reading on the redaction of the
manuscript.
References
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Phys. Chem. 87, 3991 (1983).
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Chem. 89, 3737 (1985).
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17. E.B. Priestley, P.J. Wojtowicz, P. Sheng, Introduction to
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Cryst. Res. Technol. 39, 151 (2004).
Nonlinear refractive index and thermal diffusivity measurements
in a reentrant isotropic-discotic nematic phase transition
N. M. Kimura
1
, P. A. Santoro
1
, S. L. Gómez
2
a
nd A. J. Palangana
1
.
1
Departamento de Física, Universidade Estadual de Maringá, Av. Colombo,
5790, 87020-900, Maringá, PR, Brazil
2
Departamento de Física, Universidade Estadual de Ponta Grossa, Campus
Uvaranas, 84030-000, Ponta Grossa, PR, Brazil
In this work we report on measurements, as a function of the temperature, of the
nonlinear refractive indices parallel (n
2||
) and perpendicular (n
2
) to the nematic
director in a reentrant isotropic discotic nematic phase transition in a lyotropic
mixture of potassium laurate, decanol and D
2
O. Thermal diffusivities parallel
(D
||
) and perpendicular (D
) to the director in this reentrant isotropic discotic
nematic phase transition were also, obtained as a function of the temperature,
from Z-scan experiment and interpreted through of a thermal lens model. The
ratios n
2||
/n
2
and D
||
/D
found are less than one in this nematic phase. These
results are discussed in terms of structural changes in the micellar configuration
which takes place in each nematic phase transition.
Keywords: discotic nematic; nonlinear refractive index; thermal diffusivity.
INTRODUCTION
Lyotropic liquid crystals are anisotropic complex fluids formed in aqueous
solutions of amphiphilic molecules under convenient temperature and
concentration conditions. The basic units of these liquid crystals are anisotropic
N.M. Kimura et al.
micelles. From the phase diagram reported by Yu and Saupe [1], two uniaxial
nematics and one biaxial nematic phases were characterized. In addition, an
isotropic phase (I) is observed at high temperature as well as one reentrant
isotropic phase (I
RE
) which takes place at lower temperature. The uniaxial
nematic lyotropic phases are known as prolate (calamitic N
C
) and oblate (discotic
N
D
) micellar aggregates [2] depending on whether the director n is oriented
parallel or perpendicular to the magnetic field H. When a laser beam passes
through of these materials the absorbed energy is converted into heat and
nonlinear phenomena can be induced. At milliseconds (ms) time range, the
nonlinear optical response is expected to be of thermal and orientational origin
[3,4]. In this context, the Z-scan technique was conceived as being a simple and
efficient method to measure the nonlinear optical response of a medium material
[5]. In this work, we report on nonlinear refractive index (n
2
) and thermal
diffusivity (D) measurements [6,7] through the use of Z-scan technique in a I
RE
-
N
D
- I phase transitions, as a function of the temperature, in a lyotropic mixture
of potassium laurate, decanol and D
2
O. It is well known that in liquid crystal
materials the nonlinear refractive index and thermal diffusivity are anisotropic
parameters [8,9]. In this way, this study requires the measurements of nonlinear
refractive indices, n
2||
and n
2
, and thermal diffusivities, D
||
and D
. These
parameters can be obtained from an experimental configuration as a laser beam
travels in the nematic medium with polarization parallel or perpendicular,
respectively, to the director of the nematic sample. The experimental results are
analyzed according to the thermal lens model (TLM) as described by Palffy-
Muhoray et al [10]. By applying that procedure the nonlinear birefringence, ¨n
2
= n
2||
- n
2
, and thermal diffusivity anisotropy, ¨D = D
||
- D
, has been found to
Nonlinear refractive index and thermal diffusivity.
be positive and negative, respectively, in the discotic nematic phase [6,7]. These
data are discussed in terms of structural changes in the micellar configuration
which takes place in each phase transition.
FUNDAMENTALS
In the Z-scan experiment a Gaussian laser beam (TEM
00
) is focused to a
narrow waist by a lens along the propagation direction of the beam defined as
being the z axis [5]. The sample is moved through the focal plane along the z
direction and the far-field transmittance of an iris, centered along the beam
propagation direction, is measured as a function of the position z of the sample.
As the sample moves along the beam focus, further focusing or defocusing
modifies the wave front phase, thereby modifying the detected intensity. A
sketch of the Z-scan setup is shown in Figure 1. The experimental setup includes
a diode laser Ventus MPC600 (from Quantum) with power output adjusted to
47mW. The beam waist radius
Ȧ
o
is about 21.5ȝm and a mechanical chopper
(Standford SR540) provides laser pulses (33 ms) incident on the sample. Data
acquisition with temporal resolution is made by an oscilloscope model TDS3012
(from Tektronix) and a GPIB board. The nonlinear parameters can be determined
from fitting the spatial dependence on z and the temporal dependence via
thermal lens model [11]. The normalized light transmittance (
Γ
), as a function
of z and time t, can be expressed by [10]
,
1
2
2/)1(1
1),(
1
22
°
¿
°
¾
½
°
¯
°
®
+
»
¼
º
«
¬
ª
++
+=Γ
x
x
ttx
tz
co
θ
(1)
N.M. Kimura et al.
where x = z/z
o
, z
o
is the confocal parameter,
(
)
kPdTdn
λαθ
//303.2 =
is the
phase shift [12],
Dt
oco
4/
2
ω
= is the characteristic thermal time,
P
CkD
ρ
/= is
the thermal diffusivity, P is the power of the laser beam,
Ȝ is the wavelength of
the laser,
α is the linear optic absorption,
dTdn /
is
the thermo-optical
coefficient, k is the thermal conductivity,
ȡ is the density and C
P
is the specific
heat. The nonlinear refractive index (n
2
) defined from Sheik Bahae model [5,10]
is related to parameter
θ
,
in esu units, by
,
406
.
0
80
2
2
θ
π
λω
dP
cn
n
o
×
=
(2)
where d is the optical path length of the nematic sample, n is the linear refractive
index, and c is the speed of light at vacuum. The anisotropic parameters,
ș
||
(
ș
),
n
2||
(n
2
), t
co||
(t
co
) and D
||
(D
), are defined in a direction parallel (perpendicular)
to the director
n
of the nematic sample, so the configurations between
n
and the
laser beam polarization
E
are
n
||
E
and
n
E
, as indicated in the figure 2.
The lyotropic mixture investigated in this work was prepared with the
following concentrations in weight percent: potassium laurate (KL: 24.80),
decanol (DeOH: 6.24) and D
2
O (68.96). The phase sequence, determined by
optical microscopy, digital image processing and refractive index measurements
[13,14], is reentrant isotropic I
RE
(12.1
o
C) - discotic nematic N
D
(36.3
o
C) -
isotropic I. The nematic sample was conditioned in sealed planar glass cells (1
mm of light path) from Hellma. The x y plane of the sample is defined with x
(y) axis parallel to the length (width) of the cells and z is the normal axis to the
biggest surface of the sample holder. Homeotropic alignment of the discotic
nematic phase was performed by a magnetic field of 10 kG parallel to the x y
axis of the laboratory frame combined with rotations of the sample around z
Nonlinear refractive index and thermal diffusivity.
axis. A small quantity of ferrofluid (< 0.04 wt %) was added to the nematic
sample in order to ensure a homeotropic uniform orientation of the N
D
phase.
The experimental data can be determined according to Eq. (1) by means of a
self-consistent fitting procedure of
ș
and t
co
parameters and Eq. (2). This
procedure is the same utilized by Palffy-Muhoray et al [10]. In this way, n
2||
(n
2
)
and D
||
(D
), are determined as a function of the temperature near the N
D
I
RE
and N
D
– I phase transitions.
RESULTS AND DISCUSSION
Figure 3(a) shows a typical Z–scan curve obtained for the discotic nematic
phase at temperature T = 35.7
o
C and figure 3 (b) exhibits the typical time
dependence transmittance at a fixed z position. In this case, the nonlinear
refractive index is negative (n
2
< 0) indicating a self-defocusing effect [5]. The
experimental curves shown in these figures correspond to the N
D
phase, for a
laser beam traveling in the nematic medium with polarization parallel to the
optic axis of the discotic nematic sample. Similar curves were obtained in a
perpendicular direction to the optic axis of the N
D
phase. In the N
D
phase,
extraordinary (n
||
) and ordinary (n
) linear refractive indices were determined
[14] through an Abbe refractometer with an accuracy of 2 × 10
-4
. Taking the
experimental values,
Ȝ
= 532 nm, P = 47 mW, d = 1 mm,
Ȧ
o
= 21.5
ȝ
m, n
||
(n
)
and
ș
||
(
ș
) fitting parameters into account we obtain, from Eq. (2), the parallel
(n
2||
) and perpendicular (n
2
) nonlinear refractive indices. These data are plotted
in the Fig. 4(a), as functions of the temperature near the N
D
I
RE
and N
D
- I
phase transitions, respectively. Note that, near the N
D
- I
RE
transition, n
2||
(n
2
)
decreases (increases) as the temperature decreases until, in the I
RE
phase, just one
N.M. Kimura et al.
nonlinear refractive index was determined. This fact confirms the existence of
the I
RE
phase in accordance to the phase diagram reported by Yu and Saupe [1].
In the figure 4 (b) we can observe that, near the N
D
– I transition, as the
temperature increases n
2||
(n
2
) decreases (increases) and both indices trend to
one nonlinear refractive index in the isotropic phase. From these experimental
data one gets the nonlinear birefringence,
¨
n
2
= n
2||
- n
2
, that is positive in this
discotic nematic phase. On the other hand, negative nonlinear birefringence was
observed in a calamitc nematic phase and in some thermotropic liquid crystals
for light pulses in the ms range [6, 15]. It is important to mention that, from Eq.
(2), the sign of
¨
n
2
is due essentially to the magnitude of phase shift
ș
produced
in the N
D
phase, since the ratio n
||
/n
is approximately equal to the unit [6].
In addition, parallel (D
||
) and perpendicular (D
) thermal diffusivities
defined, respectively, in a direction parallel or perpendicular to the director of
the nematic sample, can be determined from experimental data,
Ȧ
o
= 21.5
ȝ
m
and Dt
oco
4/
2
ω
= , with t
co||
(t
co
) anisotropic parameters. Figure 4(c) and 4(d)
shows the D
||
and D
parameters versus temperature near the N
D
- I
RE
and N
D
- I
phase transitions. Temperature dependence of D
||
(D
) thermal diffusivities in the
vicinities of these transitions is similar to the n
2||
(n
2
) nonlinear refractive
indices, and in this way both anisotropic parameters trend to one nonlinear
refractive index or thermal diffusivity in the isotropic or isotropic reentrant
phases. It is worth to the mention that, the thermal diffusivity anisotropy,
¨
D =
D
||
- D
, is negative in this N
D
phase and consequently the ratio D
||
/D
is smaller
than one. This important result was recently discussed [7] by using a simple
model [16] where this ratio is correlated to the micellar shape anisotropy [17].
Nonlinear refractive index and thermal diffusivity.
To sum up, we have carried out nonlinear refractive index and thermal
diffusivity studies near the N
D
- I
RE
and N
D
- I phase transitions of a lyotropic
discotic nematic phase. The anisotropic parameters,
¨
n
2
= n
2||
- n
2
and
¨
D = D
||
- D
, determined in this work are positive and negative, respectively in this N
D
phase. These results are consistent with the nature of anisotropy shape of
micellar aggregates characteristic of this phase. To the best of our knowledge,
this experiment presents the first investigations of these anisotropic parameters
in the vicinities of the N
D
I (I
RE
) transitions and confirms the occurrence of the
reentrant isotropic phase (I
RE
) in accordance with phase diagram reported in the
literature.
ACKNOWLEDGMENTS
We are thankful to the Brazilian Agencies CAPES, CNPq and Fundação
Araucária (PR) for the financial support of this work.
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Nonlinear refractive index and thermal diffusivity.
Figure captions
Figure 1: Sketch of the Z-scan apparatus. L
1
, L
2
, and L
3
are lenses; Chopper
(Ch); Sample (S); Iris (I) and Detector (D).
Figure 2: Experimental configuration of the nematic director, magnetic field and
the laser beam polarization for thermal diffusivity measurements of a) n
2||
(D
||
)
and b) n
2
(D
) on the N
D
phase.
Figure 3: Typical curves of Z-scan measurements on the lyotropic mixture on the
N
D
phase, where (a) and (b) concerned to the configuration n || E. The solid line
(a) correspond to the fitting of Eq. (1) with t ~ 10t
co
for
ș
||
= 1.213×10
-3
. Typical
time dependence transmittance (b) at fixed (z = 2.5 mm) and
ș
||
phase shift. The
solid line correspond to the fitting of Eq.(1) with
ș
||
= 1.213×10
-3
for t
co||
= 2.47
ms.
Figure 4: Nonlinear refractive indices and thermal diffusivities versus
temperature; (a) and (c) near the discotic nematic isotropic reentrant transition
and (b) and (d) near the discotic nematic isotropic transition; n
2||
(n
2
) and D
||
(D
) are the parallel (perpendicular) nonlinear refractive index and parallel
(perpendicular) thermal diffusivity, respectively. The solid lines are only a guide
to the eyes.
10.5 11.0 11.5 12.0 12.5 13.0
-1.8
-1.6
-1.4
-1.2
35.5 36.0 36.5 37.0 37.5
-1.9
-1.8
-1.7
10.5 11.0 11.5 12.0 12.5 13.0
4.5
4.6
4.7
4.8
4.9
5.0
5.1
5.2
35.5 36.0 36.5 37.0 37.5
4.6
4.7
4.8
4.9
5.0
5.1
(a)
Figure 4 : Kimura et al
N
d
I
RE
n
2//
n
2
n
2
(10
-6
)(esu)
Temperature(
O
C)
(b)
n
2//
n
2
n
2
(10
-6
)(esu)
Temperature(
O
C)
N
d
I
D(10
-8
)(m
2
/s)
Temperature(
O
C)
(c)
D
D
//
N
d
I
RE
D(10
-8
)(m
2
/s)
Temperature(
O
C)
(d)
D
D
//
I
N
d
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