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1
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA
DJAVANIA AZEVÊDO DA LUZ
ESTUDOS DE EQUILIBRIO E DINÂMICA DE ADSORÇÃO EM LEITO
FIXO PARA O SISTEMA GLICOSE / FRUTOSE EM RESINAS
CATIÔNICAS: APLICAÇÃO AO SUCO DE CAJU CLARIFICADO
FORTALEZA
2006
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2
DJAVANIA AZEVÊDO DA LUZ
ESTUDOS DE EQUILIBRIO E DINÂMICA DE ADSORÇÃO EM LEITO
FIXO PARA O SISTEMA GLICOSE / FRUTOSE EM RESINAS
CATIÔNICAS: APLICAÇÃO AO SUCO DE CAJU CLARIFICADO
Dissertação submetida ao Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Química, da
Universidade Federal do Ceará, como requisito
parcial para obtenção do grau de Mestre em
Engenharia Química.
Orientadora: Profa. Dra. Diana Cristina Silva de
Azevedo
Co-orientador: Prof. Dr. Fábio Ribeiro Campos da
Silva
FORTALEZA
2006
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3
L 994 e Luz, Djavania Azevedo da
Estudos de equilíbrio e dinâmica de adsorção em leito
fixo para o sistema glicose / frutose em resinas
catiônicas: aplicação ao suco de caju clarificado /
Djavania Azevedo da Luz. – Fortaleza, 2006.
132 f.
Oreintador(a): Profa. Dra. Diana Cristina Silva de
Azevedo.
Dissertação (Mestrado) em Engenharia Química –
Universidade Federal do Ceará.
1.Adsorção 2.Caju 3. frutose 4. Glicose 5. Leito fixo e
6.Cromatografia I. Título
C.D.D.660
C.D.U.582.765:577.1
4
DJAVANIA AZEVÊDO DA LUZ
ESTUDOS DE EQUILIBRIO E DINÂMICA DE ADSORÇÃO EM
LEITO FIXO PARA O SISTEMA GLICOSE / FRUTOSE EM
RESINAS CATIÔNICAS: APLICAÇÃO AO SUCO DE CAJU
CLARIFICADO
Dissertação submetida ao Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Química da
Universidade Federal do Ceará como parte dos
requisitos necessários à obtenção do grau de
Mestre em Engenharia Química.
Aprovada em _____ / _____ / 2006.
BANCA EXAMINADORA
________________________________________________
Profa. Dra. Diana Cristina Silva de Azevedo (Orientadora)
Departamento de Engenharia Química
Universidade Federal do Ceará - UFC
_________________________________________________
Prof. Dr. Fábio Ribeiro Campos da Silva (Co-Orientador)
Departamento de Engenharia Química
Universidade Federal do Ceará-UFC
__________________________________________________
Prof. Dr. César Costapinto Santana
Departamento de Engenharia Química
Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP
__________________________________________________
Pesquisador Dr. Edy Sousa de Brito
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Centro Nacional de Pesquisa em Agroindústria
Tropical (EMBRAPA/CNPAT)
5
AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar à Deus por me dar saúde, força,
determinação e por iluminar meu caminho e minhas idéias para que pudesse
concluir este trabalho.
Aos meus pais, Antônio Rabelo da Luz e Joana Azevedo da Luz,
aos meus irmãos Ricardo Azevedo da Luz e Natália Batista Lima, pelo
grande amor, apoio, compreensão e solidariedade em todos os momentos
de minha vida, sendo, portanto, meu alicerce, meu porto seguro, mesmo
estando distantes.
A todos meus familiares pelo suporte, apoio e amor dedicado durante
este período e em todos os outros, e que firmam as bases para minha
caminhada.
Ao Marlom e Jaqueline que me acolheram em seu lar e aos seus
pequenos filhos Mayara, Jackson e Maryana.
Aos meus queridos orientadores, Professora Diana Cristina Silva de
Azevedo e Professor Fábio Ribeiro Campos da Silva pelo incentivo, amizade,
confiança, apoio e principalmente pelos conhecimentos transmitidos que foram
fundamentais no desenvolvimento deste trabalho.
Ao pesquisador Edy Sousa de Brito da EMBRAPA/CNPAT, que
sempre se mostrou prestativo em todos os momentos por mim solicitado, o
meu muito obrigada!
Ao Prof. Eurico Belo pelas inúmeras contribuições quanto ao uso
software gPROMS, obrigada pela paciência!!!
Aos colegas dos diversos laboratórios GPSA, em especial ao Grupo
de Biosseparações do qual tenho orgulho de ser a pioneira, Anne Kerolaine,
Anayla, Antonio José, Josy Jovi, Gabriella Memória, Artemízia Pessoa,
Caroline Vieira e ao GPBIO pela amizade, pelo apoio, pelos momentos de
descontração, pelas discussões que contribuíram com este trabalho e pela
presteza em ajudar-me nas dificuldades.
6
A todos os colegas do mestrado, Ana Iraidy, Alcilene, Ártemis, Ayres,
Clebiana, Expedito Jr, Moisés Neto, Francisco Edinaldo (in memoriam) pelos
momentos de estudos compartilhados.
Aos demais professores do Programa de Pós Graduação em
Engenharia Química, que pelos conhecimentos transmitidos nas aulas ou
outras discussões, contribuíram com este trabalho.
À EMBRAPA/CNPAT pelo fornecimento do suco de caju clarificado
para a realização deste trabalho.
À FUNCAP pelo suporte financeiro durante a realização deste
trabalho.
A todas as pessoas que contribuíram neste trabalho ou na minha
caminhada ao longo do seu desenvolvimento, muito obrigada!!
7
À Deus,
Com grande amor,
Dedico.
Aos meus queridos pais, Antonio Rabelo da
Luz e Joana Azevedo da Luz, que sempre
estiveram ao meu lado, proporcionando a
minha formação e compartilhando das
vitórias por mim alcançadas.
8
“ A vida não é um corredor reto e tranqüilo, que nós
percorremos livres e sem empecilhos,
mas um labirinto de passagens, pelas quais nós
devemos procurar nosso caminho, perdidos e confusos,
de vez em quando presos em um beco sem saída.
Porém, se tivermos fé,
uma porta sempre será aberta para nós
não talvez aquela sobre a qual nós mesmos nunca
pensamos, mas aquela que definitivamente se
revelará boa para nós”.
(A. J. Cronin)
9
RESUMO
O pedúnculo do caju possui reconhecidas propriedades nutricionais e
terapêuticas, contendo frutose e glicose em quantidades aproximadamente
iguais (cerca de 40 g/L cada). O objetivo deste trabalho é realizar um estudo
teórico-experimental da separação dos açúcares presentes no suco de caju
clarificado utilizando leito fixo de adsorção, de modo a prover informações
técnicas para o desenvolvimento de um processo industrial de aproveitamento
desta matéria-prima regional. Os materiais utilizados neste trabalho foram
soluções frutose/glicose sintéticas e suco de caju clarificado, gentilmente
fornecido pela EMBRAPA-CNPAT (CE). O suco de caju clarificado foi
caracterizado segundo as seguintes análises: pH, °Brix, condutividade elétrica,
cor, turbidez, densidade, viscosidade, proteínas solúveis e taninos. Verificou-se
que a adição de resinas de troca iônica (Dowex
®
50WX2-100 e Dowex
®
1X8-
100) e carvão ativado (119-8X30 da Carbomafra S/A), em cerca de 1% p/v
cada, causou uma redução significativa na cor e turbidez, apesar do teor de
açúcares também ter diminuído entre 6 e 10%. A cromatografia líquida de alta
eficiência (CLAE) foi utilizada em todas as fases experimentais deste trabalho
(coluna SHODEX SC-1011, água ultra pura como fase móvel a 0,6 mL/min,
80°C). Duas colunas foram empacotadas com as resinas DOWEX MTO 99CA
e DIAION UBK 555 para os experimentos de separação de açúcares. Foi
aplicada a teoria da Distribuição dos Tempos de Residência utilizando dextrana
azul e acetona como traçadores sob as vazões de 1,0; 1,5; 1,75 e 2,0 mL/min a
fim de avaliar a hidrodinâmica das colunas. As frações de vazios externa e total
medidas foram, respectivamente, 0,4 e 0,71 para o leito DOWEX; 0,4 e 0,79
para o leito DIAION. A análise dos momentos também foi utilizada para estimar
os coeficientes de dispersão axial, mas os valores obtidos situaram-se bem
acima dos esperados para sistemas líquidos. Optou-se assim por estimar os
coeficientes de dispersão axial a partir de correlação da literatura. Para a
medida das isotermas de adsorção frutose/glicose, realizaram-se experimentos
de análise frontal utilizando soluções sintéticas monocomponentes e binárias
como alimentação dos leitos fixos. As isotermas de adsorção encontradas
foram lineares e independentes para ambos os açúcares nas duas resinas,
com seletividade marcante pela frutose. Dados de breakthrough (ruptura)
monocomponentes foram também utilizados pra estimar a constante de
velocidade relativa à transferência de massa interna ao adsorvente com a
ajuda do módulo de estimação de parâmetros do software gPROMS. Curvas de
breakthrough foram ainda obtidas utilizando o suco de caju clarificado (com e
sem etapas de purificação) como alimentação. Estas foram razoavelmente bem
previstas pelo modelo teórico executado com parâmetros de entrada obtidos
em experimentos anteriores, exceto para as curvas obtidas com a resina
virgem e o suco clarificado bruto. A capacidade de adsorção da resina
DOWEX foi mantida constante após o contato com o suco de caju clarificado.
Por outro lado, o desempenho da resina DIAION foi significativamente afetado
após seu contato com suco de caju clarificado. Procedimentos de regeneração
mostraram que ambas as resinas retiveram “irreversivelmente” uma espécie
química desconhecida detectável por índice de refração, provavelmente um
oligosacarídeo.
PALAVRAS-CHAVE: adsorção; caju; frutose; glicose; leito fixo; cromatografia
10
ABSTRACT
The cashew peduncle has recognized nutritional and therapeutic properties; it
contains fructose and glucose in approximately equal amounts (around 40 g/L
of each). The objective of this work is to perform a theoretical and experimental
study for the separation of the sugars present in clarified cashew apple juice
using na adsorptive fixed bed, so as to provide technical background for the
industrial processing of this regional feedstock. The materials used in this work
were synthetic fructose/glucose solutions and clarified cashew apple juice, as
supplied by EMBRAPA-CNPAT (CE). The clarified cashew apple juice was
characterized according to the following analyses: pH, °Brix, electrical
conductivity, color, turbidity, density, viscosity, soluble proteins and tannins. It
was found that the addition of ion-exchange resins (Dowex
®
50WX2-100 and
Dowex
®
1X8-100) and activated carbon (119-8X30 from Carbomafra S/A) at
about 1% wt/vol, each, caused a significant reduction in color and turbidity,
although sugar content was also reduced from 6 to 10%. High Performance
Liquid Chromatography (HPLC) was used in all experimental steps of this work
to assess sugar concentrations (Column SHODEX SC-1011, ultra pure water as
mobile phase at 0.6 mL/min, 80°C). Beds were packed with resins DOWEX
MTO 99CA and DIAION UBK 555 for sugar separation experiments. They were
analysed according to the Residence Time Distribution Theory using tracers
(blue dextran and acetone) under the flow rates of 1.0; 1.5; 1.75 and 2.0 mL/min
in order to study column hydrodynamics. Measured external and total void
fractions were, respectively, 0.4 and 0.71 for the Dowex bed and 0.4 and 0.79
for the DIAION bed. The moments analysis was also applied to estimate axial
dispersion coefficients, but the obtained values were well above those expected
for liquid systems. A correlation from literature was used instead. For the
measurement of fructose/glucose adsorption isotherms, frontal analysis
experiments were performed using both monocomponent and binary sugar
solutions as feed. Adsorption isotherms were found to be linear and uncoupled
for both sugars on both resins, with distinct selectivity for fructose.
Monocomponent breakthrough data was also used to estimate the mass
transfer rate constant inside adsorbent particles with the aid of a parameter
estimation module from gPROMS software. Breakthrough curves were obtained
using cashew apple juice as feed. These were reasonably well predicted by the
theoretical model run with parameters measured from previous experiments,
except for the curves obtained with raw cashew apple juice and freshly packed
resins. The adsorption capacity of resin DOWEX was kept constant in spite of
the contact with cashew apple. On the other hand, the performance of DIAION
resin was significantly affected after the contact with cashew apple juice.
Regeneration procedures showed that both resins had irreversibly adsorbed an
unknown chemical species detected by refraction index, which is possibly an
oligosaccharide.
KEYWORDS: adsorption; cashew; fructose; glucose; fixed bed;
chromatography
11
SUMÁRIO
p.
NOMENCLATURA ................................................................................... V
LISTA DE FIGURAS ................................................................................ VII
LISTA DE TABELAS ............................................................................... XI
CAPÍTULO 1
– INTRODUÇÃO ................................................................ 21
CAPÍTULO
2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................... 26
2.1. FUNDAMENTOS DE ADSORÇÃO ................................................... 26
2.1.1. Aplicação da adsorção ............................................................. 27
2.2. ADSORVENTES ............................................................................... 28
2.2.1. Classificação dos adsorventes ................................................ 29
2.2.2. Resinas ....................................................................................... 31
2.3. ISOTERMAS DE ADSORÇÃO ......................................................... 34
2.3.1. Isoterma de Henry ou Isoterma linear ..................................... 34
2.3.2. Isoterma de Langmuir ............................................................... 34
2.4. ADSORÇÃO EM COLUNAS DE LEITO FIXO ................................. 35
2.4.1. Curvas de “breakthrough” ....................................................... 36
2.4.2. Cromatografia frontal ................................................................ 37
2.4.3. Distribuição dos tempos de residência de traçadores .......... 38
2.4.3.1. Análise da distribuição dos tempos de residência ................ 40
2.4.3.2. Efeitos da perda de carga e dispersão axial ......................... 42
2.5. CINÉTICA DE ADSORÇÃO .............................................................. 44
2.6. ESTUDOS DE SEPARAÇÃO FRUTOSE/GLICOSE ........................ 45
2.7. O PEDÚNCULO DE CAJU E SUA POTENCIABILIDADE
AGROINDUSTRIAL .................................................................................
48
2.7.1. Características do cajueiro comum ......................................... 50
2.7.2. Características do cajueiro precoce ........................................ 50
2.7.3. Composição química do suco de caju .................................... 51
2.7.4. Agroindústria do caju .............................................................. 52
CAPÍTULO 3 – MATERIAIS E MÉTODOS .............................................. 58
3.1. MATERIAIS ....................................................................................... 58
3.1.1. Reagentes .................................................................................. 58
II
12
3.1.2. Adsorventes ............................................................................... 58
3.1.3. Colunas cromatográficas ......................................................... 60
3.1.4. Aparato experimental para cromatografia frontal e de pulso
(leito fixo) ................................................................................................
60
3.2. METODOLOGIA EXPERIMENTAL .................................................. 62
3.2.1. Caracterização do suco de caju clarificado / purificado ....... 62
3.2.1.1. Concentração de açúcares em º Brix .................................... 62
3.2.1.2. Densidade e Viscosidade ...................................................... 62
3.2.1.3. pH .......................................................................................... 62
3.2.1.4. Turbidez ................................................................................ 62
3.2.1.5. Condutividade elétrica ........................................................... 63
3.2.1.6. Cor ......................................................................................... 63
3.2.1.7 Taninos ................................................................................... 63
3.2.1.8. Proteínas solúveis ................................................................. 64
3.2.2. Processo de purificação do suco de caju clarificado ............... 64
3.2.3. Empacotamento das colunas utilizadas no leito fixo ............... 65
3.2.4. Caracterização do leito (Parâmentros Hidrodinâmicos) ........... 66
3.2.4.1. Cálculo da porosidade (ε) ........................................................
67
3.2.4.2. Cálculo da dispersão axial (D
ax
) ............................................... 68
3.2.5. Análise quantitativa dos açúcares ............................................. 69
3.2.5.1. Construção da curva de calibração de padrões de glicose e
frutose .......................................................................................................
70
3.2.5.2. Quantificação de glicose e frutose no suco de caju clarificado
bruto e purificado ......................................................................................
71
3.2.6. Medidas de equilíbrio de adsorção de açúcares ....................... 71
3.2.6.1. Determinação do tempo morto ................................................ 71
3.2.6.2. Determinação de isotermas de adsorção binária pelo método
da cromatografia frontal ............................................................................
72
3.2.6.3. Determinação de isotermas de adsorção binária pelo método
da saturação .............................................................................................
75
3.2.7. Estudo da dinâmica de adsorção em leito fixo (Curvas de
“breakthrough”) ......................................................................................
76
3.2.8. Modelo matemático para a adsorção em leito fixo ................... 77
III
13
CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................... 83
4.1. CARACTERIZAÇÃO DO SUCO DE CAJU CLARIFICADO
BRUTO/ PURIFICADO ............................................................................
84
4.2. QUANTIFICAÇÃO DOS AÇÚCARES (GLICOSE E FRUTOSE) ..... 85
4.3. CARACTERIZAÇÃO HIDRODINÂMICA DOS LEITOS
EMPACOTADOS .....................................................................................
86
4.4. ISOTERMAS DE ADSORÇÃO DE GLICOSE E FRUTOSE ............ 89
4.4.1. Pelo método saturação ............................................................. 89
4.4.2. Por cromatografia frontal com soluções
monocomponentes ................................................................................
91
4.5. DETERMINAÇÃO DOS COEFICIENTES DE TRANSFERENCIA
DE MASSA ...............................................................................................
95
4.6. “BREAKTHROUGHS” DE MISTURAS ............................................ 101
CAPÍTULO 5 – CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS
FUTUROS ................................................................................................
108
5.1. CONCLUSÕES ................................................................................. 109
5.2. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ............................... 112
CAPÍTULO 6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................. 114
APÊNDICES ............................................................................................. 122
14
NOMENCLATURA
C Concentração na fase fluida, g L
-1
Co Concentração inicial, g L
-1
D
ax
Coeficiente de dispersão axial, cm
2
min
-1
K Constante de adsorção linear, adimensional
k
p
Coeficiente de tranferencia de massa interna, min-1
L Comprimento do leito, cm
q
Concentração média da fase adsorvida, g L
-1
*
q
Concentração de equilibrio na fase adsorvida, g L
-1
Q Fluxo de trabalho, mL min
-1
t Tempo, min
v
0
Velocidade superficial, cm min
-1
V
c
Volume da coluna (leito), cm
z
Coordenada axial
SIGLAS
CLAE Cromatografia Líquida de Alta Eficiência
LDF Linear Drinving Force (Força Motriz Linear)
HFCS High Fructose Corn Syroup
HETP Altura Equivalente de Pratos Teóricos
HPLC High Performance Liquid Chromatography
IR Índice de Refração
CCP06 Cultivas de Cajueiro anão precoce com pedunculo amarelo
CCP09 Cultivas de Cajueiro anão precoce com pedunculo amarelado
V
15
CCP76 Cultivas de Cajueiro anão precoce com pedunculo avermelhado
CCP1001 Cultivas de Cajueiro anão precoce com pedunculo vermelho
Embrapa 50 Cultivas de Cajueiro anão precoce com pedunculo amarelo
Embrapa 51 Cultivas de Cajueiro anão precoce com pedunculo vermelho
LETRAS GREGAS
µ
Primeiro momento estatístico, min
ε
Fração de vazios, adimensional
2
σ
Segundo momento estatístico, min
2
SUBSCRITOS
i Frutose ou glicose
p Partícula
T Total
V
16
LISTA DE FIGURAS
p.
Figura
2.1
Ilustração do fenômeno da adsorção ..................................... 26
Figura 2.2
Exemplos de alguns adsorventes amorfos.............................. 29
Figura 2.3
Exemplos de adsorventes cristalinos ..................................... 30
Figura 2.4
Curva de breakthrough............................................................ 36
Figura 2.5
Processo de adsorção frontal e curva de breakthrough.......... 38
Figura 2.6
Curva de distribuição de tempos de saída, E(t), para um
fluido contendo um traçador escoando através de um leito
de partícula numa coluna cromatográfica................................
39
Figura 2.7
Sinal típico da curva C(t) versus t obtido como resposta a
um sinal de entrada do tipo pulso ideal..................................
40
Figura 2.8
Dispersão axial em sistemas líquidos (RUTHVEN,1984) ...... 43
Figura 2.9
Cajueiro (Anacardium occidentale, L.)..................................... 49
Figura 2.10
Caju, pedúnculo e fruto (castanha) ........................................ 49
Figura 2.11
Esquema de etapas para a obtenção do suco de caju
clarificado ..............................................................................
54
Figura 2.12
Análise cromatográfica de duas marcas de suco de caju
comercial (AZEVEDO e RODRIGUES,2000). Os picos
identificados correpondem a sacarose (3), ácido cítrico(4),
glicose (5), frutose(6) e ácido ascórbico (7)...........................
54
Figura 2.13
Fórmulas estruturais da frutose (cetona) e
glicose(cetona)........................................................................
55
Figura 3.1
Aparato experimental para os ensaios de leito fixo ............... 61
Figura 3.2
Esquema das etapas para empacotamento das colunas....... 65
Figura 3.3
Esquema para experimento de eluição com o uso do
traçador .................................................................................
66
Figura 3.4
Aparato experimental para Cromatografia Líquida de Alta
Eficiência (CLAE ou HPLC)....................................................
70
VII
17
Figura 3.5
Diagrama esquemático de um experimento de obtenção de
uma curva de ruptura (“breakthrough”)....................................
73
Figura 3.6
Gráfico C/C
o
X t, típico obtido à saída da coluna.................... 74
Figura 4.1
Primeiro momento do pico cromatográfico da acetona (a -
z) e azul dextrana (b -) em função da fase móvel no leito
empacotado com a resina DOWEX MTO 99 Ca.....................
87
Figura 4.2
Primeiro momento do pico cromatográfico da acetona (a -
z) e azul dextrana (b -) em função da fase móvel no leito
empacotado com a resina DOWEX MTO 99 Ca.....................
87
Figura 4.3
Dispersão axial na coluna empacotada com a resina
DOWEX MTO 99Ca.................................................................
88
Figura 4.4
Dispersão axial na coluna empacotada com a resina DIAION
UBK 555 .................................................................................
89
Figura 4.5
Isoterma de equilíbrio de adsorção para misturas sintéticas
binárias de glicose e frutose na concentração de 0-15 g/L,
com a resina DIAIONUBK 555 ...............................................
90
Figura 4.6
Isoterma de equilíbrio de adsorção da glicose na resina
DOWEX MTO 99Ca (vazão de 2,5mL/min à 25°C) por
cromatografia frontal...............................................................
91
Figura 4.7
Isoterma de equilíbrio de adsorção da frutose na resina
DOWEX MTO 99Ca (vazão de 2,5mL/min à 25°C) por
cromatografiafrontal.................................................................
92
Figura 4.8
Isotermas de adsorção a frutose (a -) e glicose (b-z) à
25
o
C na Dowex MTO 99Ca, frutose (a -) e glicose (b-|) à
25
o
C na Dowex MTO 99Ca à 30°C (Azevedo e
Rodrigues,2001)......................................................................
92
Figura 4.9
Isoterma de equilíbrio de adsorção da frutose na resina
DIAION UBK 555 (vazão de 2,5mL/min à 25°C) por
cromatografia frontal...............................................................
93
Figura 4.10
Isoterma de equilíbrio de adsorção da glicose na resina
DIAION UBK 555 (vazão de 2,5mL/min à 25°C) por
cromatografia frontal ..............................................................
94
18
Figura 4.11
Isotermas de equilíbrio de adsorção para misturas sintéticas
monocomponente (frontal – na faixa de concentração de 0-
6g/L) na e binárias (saturação - na faixa de concentração de
0-15 g/L) de glicose e frutose com a resina DIAION UBK
555 .........................................................................................
95
Figura 4.12
Curvas de “breakthrough” monocomponente para a frutose
na resina DOWEX MTO 99Ca nas concentrações de
alimentação 2g/L(a), 5g/L(b) e 6g/L(c)...................................
97
Figura 4.13
Curvas de “breakthrough” monocomponente para a
glicosena resina DOWEX MTO 99Ca nas concentrações de
alimentação 2g/L(a), 5g/L(b) e 6g/L(c) ...................................
98
Figura 4.14
Curvas de “breakthrough” monocomponente para a frutose
na resina DIAION UBK 555 nas concentrações de
alimentação 3g/L(a), 4g/L(b) e 5g/L(c)....................................
99
Figura 4.15
Curvas de “breakthrough” monocomponente para a glicose
na resina DIAION UBK 555 nas concentrações de
alimentação 4g/L(a), 5g/L(b) e 5g/L(c) ...................................
100
Figura 4.16
Curvas de “breakthrough” de frutose e glicose na resina
DOWEX MTO 99Ca nas concentrações de alimentação de
frutose 10g/L e glicose 10g/L (a); frutose 20g/L e glicose
20g/L(b); frutose 40g/L e glicose 40g/L (c), na condição
experimental 1.........................................................................
102
Figura 4.17
Curvas de “breakthrough” de frutose e glicose na resina
DIAION UBK 555 nas concentrações de alimentação de
frutose 10g/L e glicose 10g/L (a); frutose 40g/L e glicose
40g/L (b), na condição experimental 1....................................
103
Figura
4.18
Curvas de “breakthrough” do suco de caju clarificado bruto
(Embrapa/CNPAT) (a) na condição experimental 1 e suco
de caju clarificado purificado e na resina DOWEX MTO
99Ca (b) na condição experimental 2.....................................
104
19
Figura 4.19
Curvas de “breakthrough” do suco de caju clarificado bruto
(Embrapa/CNPAT) (a) na condição experimental 1 e suco
de caju clarificado purificado (b) na resina DIAION UBK 555
na condição experimental 2....................................................
105
Figura 4.20
Curvas de “breakthrough” de misturas sintética à 10g/L após
contato com os sucos na resina DIAION UBK 555 (a), e na
resina DOWEX MTO 99Ca (b), na condição experimental 2.
107
20
LISTA DE TABELAS
p.
TABELA 2.1 - Resumo das constantes de equilíbrio de glicose e
frutose reportadas na literatura, com uso de resinas..........................
47
TABELA 2.2 – Alguns trabalhos encontrados na literatura sobre o
estudo da adsorção de açúcares em outros adsorventes ..................
48
TABELA 2.3 - Composição físico-química do pendúculo de caju
(por100g).............................................................................................
52
TABELA 3.1 - Algumas aplicações da resina Diaion UBK
555.......................................................................................................
60
TABELA 3.2 - Dados dos parâmetros dos leitos................................ 73
TABELA 3.3 - Parâmetros do modelo matemático............................. 81
TABELA 4.1 - Resultados da caracterização do suco de caju
clarificado bruto e purificado................................................................
84
TABELA 4.2 - Resultados do comportamento individual dos
adsorvente no suco de caju clarificado bruto por 24 horas de
contato.................................................................................................
85
TABELA 4.3 - Frações de vazios nos leitos empacotados com as
resinas DOWEX MTO 99Ca (76.93 cm
3
) e DIAION UBK 555 (38.35
cm
3
).....................................................................................................
86
TABELA 4.4 - Parâmetros de Entrada para a simulação (software-
gPROMS) para curvas monocomponentes e “breakthrough”.............
96
TABELA 4.5 - Parâmetros estimados utilizando do software-
gPROMS .............................................................................................
96
XI
21
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
22
1. INTRODUÇÃO
O cajueiro (Anacardium occidentale, L.) é uma planta tropical
nativa do Brasil cultivada em terrenos arenosos da costa do Nordeste do país,
sendo o estado do Ceará o seu maior produtor (LIMA, 1988). Foi originalmente
encontrado no Brasil pelos europeus no século XVI, sendo posteriormente
levado à Índia e à África Oriental. A produção mundial de pedúnculo de caju em
2003, reportada pela FAO (http://www.fao.org), foi de cerca de 1.671 bilhões de
toneladas, das quais a produção brasileira foi responsável por 95%. A Índia,
Nigéria, Tanzânia e Vietnã são também grandes cultivadores do cajueiro,
sendo o destino comercial da cultura restrito ao beneficiamento da amêndoa. A
agroindústria do caju tem um papel de destaque no contexto sócio-econômico
destes países, pois é uma atividade intensiva em mão de obra, a qual
proporciona uma das poucas oportunidades de trabalho nestas regiões sub-
desenvolvidas. Dentre os 30 a 35 produtos obtidos do cajueiro, a castanha é a
mais valiosa. Somente no Brasil, o caju gera 16.000 empregos diretos no
beneficiamento da amêndoa, 43.000 na agricultura e 280.000 empregos
temporários durante o período da colheita (PESSOA et al. 1995). A castanha
de caju é, atualmente, o principal produto agroindustrial da pauta de
exportações do estado do Ceará (LEITE, 1994).
Em linguagem de Botânica, a castanha em formato de rim é o fruto
verdadeiro do cajueiro. Na árvore, a castanha apresenta-se encimada por um
pedúnculo hipertrofiado suculento, a maçã ou pera do caju, cuja cor pode variar
do amarelo ao vermelho intenso. As propriedades nutricionais e terapêuticas do
pedúnculo do caju foram há muito reconhecidas (CAMPOS, 1946). A maçã
pode ser consumida in natura ou pode ser processada industrialmente em uma
variedade de produtos que vão do suco integral a produtos cosméticos. O suco
extraído do pedúnculo pode ser servido como bebida ou fermentado a vinho. O
mercado local é que basicamente consome estes produtos, cuja
comercialização não desempenha um papel significativo na economia da
região. Infelizmente, a maior parte da produção do pedúnculo do caju apodrece
23
no local da colheita, pois a castanha é tradicionalmente apanhada depois do
pedúnculo ter amadurecido o suficiente para cair no solo. Como contém muita
umidade e uma casca finíssima, ocorre facilmente o rompimento desta
desencadeando rápido processo de degradação microbiana. No Estado do
Ceará, por exemplo, pouco mais de 10% da produção de pedúnculo é
explorada comercialmente (PAIVA et al. 2000). Segundo CAMPOS et al.
(2002), o mercado interno consome em torno de 40 mil toneladas de suco de
caju por ano.
O desperdício do pedúnculo do caju ocorre principalmente devido
a sua extrema perecibilidade e à ausência de técnicas de manuseio e
preservação adequadas. Além disso, a intensa adstringência do pedúnculo,
causada pela presença de polifenóis, e a formação de duas fases no interior
das garrafas de suco são fatores que diminuem a aceitação deste produto no
mercado externo. No Brasil, tem havido um esforço governamental dirigido à
superação destes problemas (veja http://www.cnpat.embrapa.br/ e
http://www.prossiga.br/vortalcaju/) através da melhoria das técnicas de
manuseio e preservação do pseudo-fruto (FILGUEIRAS et al. 1997) e de
programas de pesquisa agrícola visando desenvolver novas variedades da
cultura. Com respeito a este último aspecto, um impacto recente na pesquisa
agronômica foi o desenvolvimento da variedade cajueiro anão precoce. Já
foram desenvolvidos clones desta variedade que produzem um pedúnculo com
maior peso, de baixa adstringência e com teor superior de açúcares e vitamina
C (MONTEALEGRE et al, 1999). Por outro lado, a redução da adstringência do
suco e o aumento da sua estabilidade tem sido questões tratadas por diversos
autores (CAVALCANTE et al. 1986; SOUZA FILHO et al. 1991; DUBOC, 1995;
FONSECA, 1995). O principal objetivo destes trabalhos é investigar métodos
de clarificação do suco, ou seja, a remoção dos taninos de modo a aumentar a
competitividade comercial da bebida na forma integral (sucos e néctares) e na
forma clarificada e pasteurizada (cajuína).
Neste contexto, a obtenção de produtos de valor agregado a
partir do pedúnculo do caju pode indicar rotas econômicas alternativas para as
regiões produtoras, ensejando o aproveitamento da produção excedentária não
absorvida pelo mercado de sucos e doces industrializados.
24
Dados preliminares obtidos por AZEVEDO e RODRIGUES
(2001, 2005) indicam a presença significativa de frutose e glicose em iguais
proporções no suco de caju, já tendo sido realizada uma separação bem
sucedida em leito móvel simulado do suco integral e do suco clarificado, sem
qualquer pré-tratamento. Estes açúcares são isômeros configuracionais e o
método mais adequado para sua separação é a adsorção utilizando resinas
catiônicas na forma cálcica, que lhes confere uma maior seletividade pela
frutose. Atualmente, o chamado “High Fructose Corn Syrup” (HFCS), ou xarope
concentrado de frutose, é obtido a partir da hidrólise enzimática do milho. A
glicose obtida deste processo de hidrólise é isomerizada parcialmente a
frutose e os açúcares resultantes são separados por adsorção sobre resinas
utilizando a técnica de cromatografia de leito móvel simulado. Nos Estados
Unidos, praticamente todo o mercado de bebidas refrigerantes utiliza o HFCS
nas suas formulações em substituição ao açúcar refinado (sacarose).
Este trabalho de mestrado teve como objetivo geral realizar um
estudo teórico-experimental da separação dos açúcares frutose e glicose em
soluções sintéticas e presentes no suco de caju, como forma de apontar para
uma possível utilização industrial desta matéria-prima regional e conferir-lhe
maior valor agregado.
Para atingir este objetivo global, fez-se necessário executar as
seguintes etapas:
a) Caracterização das propriedades físico-químicas do suco de caju
clarificado bruto e purificado após etapas de descoloração e
desionização;
b) Caracterização da hidrodinâmica de colunas recheadas com dois
tipos de resinas de troca iônica indicadas para separação de glicose /
frutose;
c) Levantamento de dados de equilíbrio de adsorção para os açúcares
individuais glicose/frutose (soluções monocomponentes) por
cromatografia frontal em dois tipos de resinas de troca iônica;
25
d) Estudo experimental da dinâmica de adsorção em leito fixo para
misturas dos dois açúcares (mistura sintética) e para o suco de caju
clarificado bruto e purificado.
e) Aplicação de modelos matemáticos que prevejam a dinâmica de
adsorção dos açúcares em leito fixo nos adsorventes estudados;
Além do levantamento bibliográfico realizado sobre o tema,
apresentam-se os materiais e métodos empregados no presente trabalho,
assim como a discussão dos resultados obtidos e as respectivas conclusões.
Em relação ao desenvolvimento experimental, esta dissertação está dividida
em quatro seções distintas. Na primeira, é feito um estudo referente ao pré-
tratamento do suco, tais como a caracterização do suco de caju clarificado
bruto frente ao purificado. A segunda seção abrange os resultados
experimentais obtidos do estudo feito com relação à estimação de parâmetros
hidrodinâmicos referentes ao empacotamento das colunas preparativas. Na
terceira seção apresentam-se resultados do estudo de equilibrio tanto de
soluções monocomponentes de açúcares como de soluções binárias
(glicose/frutose) à 25°C. Finalizando, a última seção exibe a comparação entre
as curvas de ruptura experimentais e as curvas teóricas (modelo resolvido pelo
gPROMS).
26
CAPÍTULO 2
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
27
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Neste capítulo, serão abordados os fundamentos teóricos da adsorção,
os principais adsorventes que vem sendo utilizados para a separação de
glicose e frutose, além dos mais diversos estudos reportados na literatura
sobre o tema. Encerra-se o capítulo com uma revisão bibliográfica sobre a
matéria-prima utilizada para o desenvolvimento experimental e analítico do
presente trabalho.
2.1 FUNDAMENTOS DA ADSORÇÃO
A adsorção é um fenômeno de superfície no qual um soluto é
removido de uma fase fluída e acumulado na superfície de uma fase sólida. O
material adsorvido é denominado de adsorbato, e o material sobre o qual o
soluto é depositado é chamado de adsorvente (RUTHVEN,1984).
A fixação do adsorbato sobre o sólido ocorre devido a forças não
balanceadas na superfície do adsorvente, criando um campo de forças tal que
atrai as moléculas do adsortivo contatado. A Figura 2.1 apresenta uma
ilustração deste fenômeno. Dependendo da intensidade das forças envolvidas,
pode ocorrer de duas formas distintas: adsorção física (fisissorção) e adsorção
química (quimissorção).
Figura 2.1: Ilustração do fenômeno da adsorção
Na adsorção física as moléculas adsorvidas são retidas na superfície do
adsorvente por forças fracas, como as de Van der Waals e a formação de
multicamadas é possível. Já na adsorção química, há uma única camada de
28
moléculas, átomos ou íons os quais estão ligados à superfície do adsorvente, por
ligações químicas (RUTHVEN,1992).
A adsorção é um fenômeno físico espontâneo que ocorre com a
diminuição da energia livre superficial ( G
). Como a molécula adsorvida possui
menor liberdade rotacional que a molécula na fase fluida, a variação de
entropia na adsorção (
S
) é necessariamente negativa. Pela equação (1),
impõe-se que a variação da entalpia molar (
Η ) seja negativa, ou seja,
adsorção é um processo exotérmico (CAVALCANTE JR, 1998).
STG
+
=
Η
(1)
2.1.1 Aplicações da adsorção
Atualmente são inúmeras as aplicações envolvendo adsorção tanto
física quanto química. A adsorção física é utilizada quando se deseja separar
misturas contendo: substâncias de volatilidade relativamente próximas à
unidade; substâncias que formam azeótropo e substâncias termolábeis. Alguns
exemplos são a separação de hidrocarbonetos, enantiômeros, açúcares, íons
metálicos e aminoácidos; isolamento de proteínas; purificação de água e
bioprodutos, entre tantos outros. A adsorção física também é utilizada na
caracterização de sólidos para determinação da área específica, do volume
poroso e distribuição de poros, normalmente através da medição de isotermas
de N
2
a 77K. Já a adsorção química é uma das etapas de processos de
catálise heterogênea. Como principais aplicações do processo, têm-se o FCC
(Fluid Catalitic Cracking), hidro - isomerização; alquilação do benzeno;
isomerização de xileno; desproporcionamento de tolueno, entre outros. É
utilizada também para determinação de parâmetros de caracterização
superficial como dispersão de metais, acidez, etc.
Algumas das principais aplicações industriais de separações por
adsorção são:
Secagem de gases e líquidos;
Purificação da água;
29
Separação de parafinas;
Separação de xilenos;
Separação de O
2
e N
2
;
Separação de n-parafinas de seus isômeros de cadeia cíclica
e ramificada; dentre outros.
2.2 ADSORVENTES
A adsorção é proporcional à área de interface fluído-sólido, de modo
que as quantidades adsorvidas só são significativas quando o sólido apresenta
uma elevada superfície específica. Isto ocorre no caso de sólidos finamente
divididos ou com um sistema de poros bem desenvolvido. Entretanto, para um
processo adsortivo, não basta um adsorvente apresentar apenas uma elevada
área de superfície. Segundo GUO et al. (2000), um adsorvente usado num
processo industrial deve possuir alta capacidade de adsorção, com alta
seletividade, alta taxa de adsorção e dessorção para o componente adsorvido,
vida longa e estabilidade sob condições operacionais.
Os poros de um sólido adsorvente podem ser classificados em 3 categorias, de acordo com a
IUPAC:
Microporos: < 20 Å
Mesoporos: 20 –500 Å
Macroporos: > 500 Å
Nos microporos, a molécula praticamente nunca escapa do campo
de força da superfície sólida; considera-se assim que todas as moléculas em
um microporo se encontram na fase adsorvida. Nos meso e macroporos, ao
contrário, as moléculas no centro do poro normalmente não sofrem os efeitos
do campo de força da superfície, portanto, é razoável admitir-se a existência de
duas fases no seu interior: a fase adsorvida na superfície, e a fase fluida livre
na região central do poro.
30
Os macroporos geralmente apresentam pouca área superficial em
relação ao volume do poro e, portanto, não têm grande contribuição na
capacidade de adsorção. Seu papel principal é, na verdade, facilitar o
transporte das substâncias do fluido livre até o sítio adsortivo propriamente dito.
2.2.1 Classificação dos adsorventes
Os adsorventes podem ser classificados, de modo simplificado,
em adsorventes amorfos e adsorventes cristalinos.
Os adsorventes amorfos (como por exemplo: sílica gel, carvão
ativado, alumina e resinas) apresentam distribuição de tamanho de poros
não uniforme, geralmente na faixa de tamanho de meso-macroporos. Estes
materiais encontram amplas aplicações em diversos tipos de processos,
devido a sua grande área específica, porém a especificidade da sua
aplicação dependerá intrinsecamente da natureza de interação sólido-
sorbato.
A Figura 2.2 apresenta alguns adsorventes amorfos mais
utilizados, tais como: carvão ativado, alumina e resinas respectivamente.
A
A B C
Figura 2.2: Exemplo de alguns adsorventes amorfos, Carvão ativado (A),
Alumina (B), Resinas tipo gel e porosas (C).
31
Como adsorventes cristalinos tem-se como exemplo as zeólitas. As
zeólitas podem ser definidas como aluminossilicatos cristalinos com uma
estrutura tridimensional composta por um conjunto de cavidades ocupadas por
grandes íons e moléculas de água, ambos com considerável liberdade de
movimento, permitindo a troca iônica e uma hidratação reversível. A estrutura
apresenta uma porosidade regular de dimensões comparáveis às das
moléculas orgânicas, sendo as aberturas dos poros variáveis de 3 a 10 Å
conforme o tipo de estrutura. A capacidade de adsorção das zeólitas depende
do seu volume poroso e do diâmetro dos poros (daí o nome peneiras
moleculares). Isto permite que elas sejam utilizadas como adsorventes, tanto
em processos de purificação como em processos de separação. As principais
propriedades decorrentes das estruturas das zeólitas são: alto grau de
hidratação; baixa densidade e um grande volume de espaços vazios quando
desidratada; alta estabilidade da estrutura cristalina, mesmo quando
desidratada; propriedades de troca catiônica; canais de dimensões uniformes
nos cristais desidratados; propriedades catalíticas; adsorção seletiva de gases
e vapores. A Figura 2.3 demonstra alguns exemplos de zeólitas.
(A) (B)
Fonte:http:// www.upo.es Fonte:http://www.izastructure.org/databases
Figura 2.3: Exemplos de adsorventes cristalinos: zeolita-faujasita (A) e zeolita
ZSM-5 (B).
32
2.2.2 Resinas
As resinas, em especial as de troca iônica constituem formidável
ferramenta na físico-química moderna. Segundo COLLINS et al. (1997), as
primeiras resinas foram desenvolvidas por volta de 1935, apresentando
propriedades trocadoras e sendo bastante insolúveis. Estas resinas foram
obtidas por condensação de fenóis poliídricos com formaldeídos. A partir de
então deu-se inicio a uma fase tecnológica de grande amplitude, possibilitando
a produção de matrizes de vários graus de porosidade, trocadoras de cátions e
de ânions.
Segundo RAITT (1970), a troca iônica é uma reação química em que
os íons que estão livres em um sólido são trocados por diferentes íons de
carga similar na solução. As resinas podem ser de natureza orgânica ou
inorgânica, naturais ou sintéticas.
As resinas comerciais (sintéticas) têm uma característica importante:
sua formação estrutural é tida como tridimensional, enquanto as naturais são
consideradas planas, já que têm sua estrutura baseada em redes. Assim,
resinas comerciais teriam uma área de contato superior às naturais.
As resinas sintéticas podem ser de tipo gel, que apresentam uma
fase contínua e pequena porosidade. São mais frágeis e, portanto, mais
suscetíveis a processos oxidativos, já que têm menor resistência mecânica.
Podem ser ainda macroreticulares, com uma fase descontínua, área superficial
maior e grande diâmetro de poros. Portanto, sua estabilidade física é superior
quando comparada às de formação tipo gel, com maior resistência ao atrito.
São normalmente usadas em indústrias farmacêuticas, de bebidas, dentre
outras.
Segundo VOGEL (1992), uma resina muito usada é a obtida pela co-
polimerização do estireno (A) com pequena proporção de divinilbenzeno (B),
seguida pela sulfonação; podendo ser representada como (C):
33
(A) (B)
(C)
Ainda segundo VOGEL (1992), esta fórmula nos possibilita visualizar
uma resina trocadora catiônica típica. Trata-se de um esqueleto polimérico, que
se mantém rígido graças as ligações cruzadas (reticulações) entre uma cadeia
do polímero e suas vizinhas; os grupos de troca iônica são suportados por este
esqueleto. As propriedades físicas são determinadas, em grande parte, pela
densidade de ligações cruzadas. As resinas com muitas ligações cruzadas são
em geral mais friáveis, mais duras e mais impermeáveis do que os materiais
com poucas ligações cruzadas a preferência de uma resina por um íon em
lugar de outro, é influenciada pela densidade de ligações cruzadas. Quando os
grânulos da resina sólida são colocados em água, há inchamento e a formação
de uma estrutura gelificada, mais o inchamento é limitado pela reticulação das
ligações cruzadas. Na estrutura acima (C), por exemplo, as unidades de
34
divinilbenzeno “soldam” umas às outras as cadeias de poliestireno e impedem
o enchimento indefenido e a dispersão das cadeias na solução. A estrutura
resultante é um gande reticulado esponjoso, com os íons sulfonato, de carga
negativa, firmemente ancorados no esquelo. Estas cargas negativas fixas são
equilibradas por um número equivalente de cátions: íons hidrogênio na forma
hidrogenda da resina, íons cálcio na forma cálcica, etc. Estes íons
movimentam-se livremente no interior dos poros cheios de água e são
denominados às vezes de íons móveis.
Segundo CUNHA (1996), as resinas de troca iônica podem ser
classificadas em quatro tipos as catiônicas fortemente ácidas e fracamente
ácidas e as aniônicas fortemente básicas e fracamente básicas.
Resinas catiônicas fortemente ácidas possuem, normalmente, grupos
funcionais como o ácido sulfônico, tanto nas de tipo gel como macroreticular.
As resinas aniônicas fortemente básicas podem ser divididas em duas
categorias: as que possuem uma basicidade mais forte, portanto, menor fuga
de ânions, como a sílica, e a outra categoria, que é igualmente base forte,
removendo ânions semelhantemente, mas, por serem uma base menos forte,
requerem um menor nível de regenerante durante sua reativação.
De acordo com COLLINS et al. (1997), a formação de ligações entre
as cadeias poliméricas de uma resina é controlada pela quantidade de divinil-
benzeno. Quanto maior a porcentagem deste, menores serão os "buracos" na
estrutura do copolímero, gerando uma estrutura tri-dimensional (cross-linking).
VENTE (2005) reporta que a capacidade de adsorção de açúcares varia com o
grau de cross-linking de uma resina catiônica.
Segundo VOGEL (1992), as exigências fundamentais para uma
resina ser utilizada em processos de separação / purificação são:
a) Ser suficientemente reticulada para que a sua solubilidade seja
desprezível;
b) Ser suficientemente hidrofílica para permitir a difusão dos íons através
da estrutura;
35
c) Conter um número suficiente de grupos trocadores de íons acessíveis e
deve ser quimicamente estável;
d) Quando inchada, ser mais densa que água.
2.3 ISOTERMAS DE ADSORÇÃO
Uma isoterma de adsorção é uma equação de estado que relaciona
a concentração de uma dada espécie na fase adsorvida como função de sua
concentração na fase fluida a uma temperatura constante.
As isotermas de adsorção são utilizadas na modelagem dos
processos de adsorção, no projeto de equipamento industrial e/ou na
determinação das condições de operação do adsorvedor.
2.3.1 Isoterma de Henry ou Isoterma Linear
Uma relação linear é a representação mais simples de um equilíbrio
de fases e deve ser verificada para concentrações de sólidos suficientemente
baixas. Nesta situação, não há interação das moléculas do adsorbato umas
com as outras e não há completa ocupação dos sítios de adsorção.
A relação entre a concentração na fase fluida e na fase sólida pode
ser descrita de forma linear:
q* = K C
i
(2)
Onde: q* e C
i
são as concentrações de equilíbrio do adsorbato na fase sólida e
na fase fluida, respectivamente.
2.3.2 Isoterma Langmuir
Um dos exemplos clássicos de isotermas não lineares encontradas em
trabalhos reportados na literatura (SINGH e MOHAN, 2004) para a separação de
glicose e frutose é a isoterma de Langmuir, que originalmente assume haver
36
cobertura da monocamada na superfície do adsorvente. As hipóteses formuladas
por Langmuir são:
a) Todas as moléculas são adsorvidas em sítios definidos na superfície do
adsorvente;
b) Cada sítio somente pode ser ocupado por uma única molécula;
c) A energia de adsorção é igual em todos os sítios;
d) Moléculas adsorvidas que ocupam sítios vizinhos não interagem entre si.
A relação entre a concentração na fase fluida e na fase sólida é descrita
segundo, a equação:
)3(
1
e
em
e
bC
bCQ
Q
+
=
onde:
C
e = concentração de equilíbrio do componente na fase fluida, g/L
e
Q = concentração de equilíbrio do componente na fase sólida, g/L
b = constante relacionada com o calor de adsorção, L/g
m
Q = capacidade da monocamada, g/L
2.4 ADSORÇÃO EM COLUNAS DE LEITO FIXO
A implementação de um processo adsortivo de separação
normalmente se dá pela operação em coluna de leito fixo, através do qual se
faz passar a mistura (por exemplo: binária) a ser separada. A coluna deve estar
preenchida com um sólido adsorvente que tenha seletividade por um dos
componentes da mistura.
À saída da coluna, inicialmente sairá o componente
menos adsorvido, enquanto a coluna reterá o componente preferencialmente
adsorvido. Com o passar do tempo, o sólido adsorvente atinge sua capacidade
de adsorção de equilíbrio (se satura) e a concentração dos componentes na
saída torna-se idêntica à composição na entrada.
37
Industrialmente, um sistema de adsorção normalmente utiliza duas
colunas. A primeira trabalha em um ciclo de adsorção e a segunda num ciclo
de dessorção, o qual é necessário para a regeneração do adsorvente. A
regeneração do adsorvente tem por objetivo remover o soluto adsorvido,
permitindo reutilizar o leito adsorvente. A regeneração pode ser realizada
através da passagem de um solvente ou vapor/gás através do leito,
normalmente numa temperatura mais elevada que a do ciclo de adsorção.
2.4.1 Curva de “breakthrough”
Em nível operacional, uma coluna de leito fixo possui um tempo de
trabalho determinado pela sua capacidade de adsorver um determinado
componente de interesse, de tal forma que à saída da coluna obedeçam-se
níveis permitidos de concentração. Este tempo de trabalho pode ser melhor
definido pela análise da denominada curva de “Breakthrough” ou curva de
ruptura, como ilustrado na Figura 2.4.
Segundo PERUZZO (2003), o tempo no qual a curva de
“Breakthrough” aparece e a sua forma são influenciados pelas condições de
operação do adsorvedor de leito fixo, sendo também influenciada pela isoterma
de adsorção e pela difusão no interior das partículas adsorventes. A curva
usualmente tem a forma de S, embora ela possa ser em degrau, relativamente
plana e, em alguns casos, consideravelmente deformada. A relação de
equilíbrio de adsorção, o mecanismo de difusão no adsorvente, a velocidade do
fluido, a concentração inicial, o comprimento e o diâmetro do adsorvedor tem
influência na forma da curva de um sistema em particular.
38
Figura 2.4: Curva de “breakthrough
A área hachureada representa a quantidade de adsorbato total que a
coluna pode reter. O ponto indicado como ponto de inflexão localiza-se no
volume do eluído (V
r
) para o qual a área A é idêntica a área B. Neste ponto, a
quantidade de adsorbato que a coluna deixou sair é igual à quantidade de
adsorbato que falta para saturar completamente a coluna.
2.4.2 Cromatografia frontal
Segundo CISNEROS et al., (2005), durante a operação de uma
coluna cromatográfica no modo frontal, a mesma é alimentada continuamente a
vazão, temperatura e concentração de alimentação constantes . Num primeiro
instante, o adsorbato é retido completamente dentro da coluna. Entretanto,
depois de certo tempo, a concentração da solução na saída da coluna aumenta
até alcançar a concentração de entrada. Normalmente num processo de
purificação, a operação se dá até que se alcance uma concentração de ruptura
da saída (C
r
), tipicamente cerca de 10% da concentração na entrada. A Figura
2.5 demonstra esse comportamento.
39
Grande parte da informação necessária para avaliar o
comportamento da coluna está contida nas formas gráficas típicas de
concentração da solução da saída da coluna contra o tempo, as chamadas de
“curvas de ruptura”. Estas curvas podem ser utilizadas para determinar a
capacidade utilizada da coluna, as perdas da solução no eluente e o tempo
total do processo. Estas são, por sua vez, informações importantes para
otimizar uma dada separação ou purificação.
Figura 2.5: Processo de adsorção frontal e curva de ruptura.
2.4.3 Distribuição dos tempos de residência de traçadores
O teste de estímulo e resposta (LEVENSPIEL ,1974) é um
método de investigação amplamente usado para saber por quanto tempo as
moléculas individuais de fluido permanecem no interior do leito de partículas, o
40
que é sinalizado pela distribuição dos tempos de residência de um traçador que
está escoando no interior do leito de partículas numa coluna cromatográfica.
A distribuição desses diferentes tempos, que corresponde a
diferentes caminhos feitos pelas moléculas do soluto no interior do leito de
partículas na coluna cromatográfica, é denominada de distribuição de tempo de
residência (DTR) do fluido.
É conveniente representar a DTR do fluido através da
concentração normalizada de um traçador, E(t), de tal forma que a área sob a
curva E(t) versus t seja unitária, como apresentado na equação (4).
=
0
)4(1)( dttE
Onde:
=
0
)(
)(
)(
dttC
tC
tE
(5)
Este procedimento é denominado de normalização da
distribuição. Na Figura 2.6 está representada a curva E(t) de distribuição de
tempo de residência de saída de um fluido escoando através de um leito de
partículas numa coluna cromatográfica.
41
Figura 2.6: Curva de distribuição de tempos de saída, E(t), para um fluido
contendo um traçador escoando através de um leito de partícula
numa coluna cromatográfica.
Um estímulo é a injeção de um traçador no fluido que entra na
coluna cromatográfica, enquanto que a resposta é o registro da concentração
do traçador à saída da coluna contra o tempo. Qualquer substância que possa
ser detectada e que não seja adsorvida pela fase estacionária pode ser usada
como traçador. Alguns tipos de sinais de entrada podem ser utilizados, tais
como: periódico, em degrau e pulso.
Introduzindo-se o traçador à entrada da corrente fluida na forma
de um sinal pulsante ideal, como a função delta de Dirac, obtêm-se uma
resposta E(t) normalizada em função do tempo. Para um pulso qualquer, a
normalização é efetuada pela divisão de concentração medida em cada
instante pela integral da área sob a curva C(t). A Figura 2.7 representa a curva
C(t) obtida como resposta a um estímulo à entrada do tipo pulso ideal.
42
Figura 2.7: Sinal típico da curva C(t) versus t obtido como resposta a um sinal
de entrada do tipo pulso ideal.
2.4.3.1 Análise da distribuição dos tempos de residência
Utilizando-se de procedimentos estatísticos, caracteriza-se a função
de distribuição de tempos de residência (DTR) em termos de seus parâmetros
tais como o tempo médio de retenção, a dispersão do pico e/ou cauda da
distribuição. Os momentos estatísticos da DTR são definidos da seguinte
forma:
)6()(
0
dttEtMo
n
n
=
Onde: n é a ordem do momento; n=1 indica o tempo de retenção
médio, t
R
, e n=2 indica a variância o momento é de 2ª ordem , e a variância
2
σ
(representa o quadrado da amplitude da distribuição e tem dimensão de
tempo ao quadrado), para o momento centrado em relação ao tempo de
retenção médio. Dessa forma, o primeiro momento é representado pela
expressão:
43
)7(
1
Mo
Q
V
t
R
==
ε
)8()(
0
1
= dtttEMo
A variância é representada por
==
0
22
12
2
)()()( dttEttMoMo
R
σ
(9)
Onde:
σ
2
= Variância (largura do pico cromatográfico), min
2
.
Mo
2
= Segundo momento do pico cromatográfico, min
2.
Mo
1 =
Primeiro momento do pico cromatográfico, min.
Os momentos estatísticos permitem determinar o comprimento de
um estágio teórico de equilíbrio, ou HETP, que é uma medida de eficiência da
separação de uma coluna cromatográfica.
Como apresentado por RUTHVEN (1984), para uma substância não
adsorvida a HETP é função somente da dispersão axial D
ax
e da velocidade
intersticial:
Onde:
HETP = Altura equivalente de um prato teórico,cm
σ = Variância do pico cromatográfico, min
2
µ = Tempo médio de residência (t
r
), min.
)10(
2
2
2
ν
D
L
µ
σ
HETP
ax
==
44
L = Comprimento do leito, cm
D
ax
= Coeficiente de dispersão axial, cm
2
/min
ν
= Velocidade intersticial, cm/min
2.4.3.2 Efeitos de Perda de Carga e Dispersão Axial
Processos cromatográficos estão sujeitos a efeitos externos à adsorção
que afetam a eficiência de separação. Os principais efeitos são a perda de
carga e a dispersão axial.
A perda de carga é influenciada por variáveis como velocidade do
fluido, tamanho da partícula adsorvente e dimensões do leito. Dentre as várias
expressões propostas para representar a perda de carga ao longo de um leito
empacotado, uma das mais comumente utilizadas é a Equação de Ergun:
)11(
2
)(
2
f
R
L
p
p
f
=
ενρ
Em que:
)12(75,1
Re
)1(1501
3
+
=
ε
ε
ε
f
O efeito da dispersão axial, D
ax
, pode ser atribuido principalmente a
dois mecanismos: a difusão molecular e a mistura turbulenta devido à
separação e recombinação dos fluxos ao redor das partículas adsorventes,
como se segue:
)13(
22
1
21
γγ
+==
vRp
D
vRp
D
Pe
max
45
onde γ
1
e γ
2
são constantes que representam a dependência da
porosidade do leito (γ
1
) e a turbulência do sistema (γ
2
). A dispersão axial é,
portanto, relacionada com a difusividade molecular, D
m
, a velocidade, v, e o
raio da partícula, R
p
.
Para o cálculo do coeficiente de dispersão axial pode-se empregar o
método dos momentos estatísticos ou utilizar correlações, as quais
normalmente se baseiam no número de Peclet expresso de duas formas
diferentes, Pe
r
e Pe
f
. O Pe
f
usa como comprimento característico o
comprimento da coluna, enquanto o Pe
r
usa como comprimento característico o
diâmetro da partícula. Uma relação entre os dois tipos de Pe é possível através
da relação L/d
p
.
Experimentalmente, pode-se encontrar o valor de Pe
r
através dos
valores de µ e σ
2
obtidos das curvas experimentais utilizando-se a Equação
(14) (LEVENSPIEL e BiSCHOFF, 1963):
)14()1(
22
22
2
r
Pe
rr
e
PePe
=
µ
σ
Uma correlação para a estimativa da dispersão axial em função do
número de Reynolds pode ser encontrada na Figura 2.8
Figura 2.8 : Dispersão axial em sistemas líquidos (RUTHVEN,1984)
46
2.5 CINÉTICA DE ADSORÇÃO
Num processo de adsorção em leito fixo, além dos fenômenos
hidrodinâmicos e das relações de equilíbrio termodinâmico, os mecanismos de
transferência de massa desempenham um papel importante. Uma molécula de
adsorbato se difunde no seio da fase líquida em direção ao sítio de adsorção
em que será retirada, experimentando essencialmente dois tipos de resistência
ao seu movimento: no filme líquido (camada limite) exterior à partícula
adsorvente e no interior das partículas. Nas resinas do tipo gel, a resistência à
difusão no interior das partículas é normalmente predominante.
Considerando-se uma partícula adsorvente homogênea esférica
sujeita a uma mudança de concentração de uma espécie adsorvível na
superfície, o sorbato difundirá no interior da partícula conforme a Lei de Fick,
segundo a equação (15).
)15(
1
2
2
=
r
q
rD
rrt
q
e
Em que:
D
e
= coeficiente de difusão efetivo, m
2
/s
Soluções analíticas são obtidas (CRANK, 1956) para um número de
condições de contorno simples com D
e
constante, mas estas soluções
frequentemente estão na forma de séries infinitas e não são fáceis de serem
manipuladas.
GLEUCKAUF e COATES (1947) propuseram a aproximação pela
força motriz linear (LDF) que é freqüentemente usada para descrever a difusão
interna em particulas adsorvente. Nesta metodologia, a taxa de adsorção da
esfera é escrita entre um coeficiente efetivo de tranferência de massa k
p
e a
força motriz, consistindo da diferença entre (o volume médio ds concentração
da esfera
q e a concentração q*).
47
Em que :
=
p
p
R
R
drr
drrrq
q
0
2
0
2
)(
()
)16(* qqk
dt
qd
p
=
Ou
2
15
p
e
p
R
D
k =
A equação diferencial ordinária (16) é muito mais fácil de ser
resolvida ou manipulada do que a equação (15).
2.6 ESTUDOS DE SEPARAÇÃO FRUTOSE-GLICOSE
Segundo VENTE et al. (2005), a maior parte dos estudos reportados
na literatura para a separação de açúcares usam polímeros sulfonados (são
copolímeros de divinilbenzeno (DVB) e estireno). Na forma Ca
2+
, estas resinas
são aplicadas em escala industrial para a separação de frutose e glicose
(NEUZIL e PRIEGNITZ,1984). Entretanto, além das resinas, existem outros
adsorventes que também já foram utilizados para o estudo da separação de
frutose e glicose, como as zeólitas e as aluminas.
HO et al. (1987), fizeram um estudo comparativo através de métodos
cromatográficos de pulso e degrau, utilizando como adsorventes de recheio
duas zeólitas (CaX e CaY) e uma resina (Duolite C-204). Neste estudo eles
concluíram que a zeólita do tipo CaX não apresentava nenhuma seletividade
pela frutose ou glicose, mas que a seletividade da zeólita do tipo CaY é
comparada com a maioria das resinas na forma Ca
2+
.
48
HOWARD et al. (1988), reportam a separação de misturas de
frutose, glicose e sacarose, aplicando a cromatografia contínua anular (CAC) e
em leito fixo utilizando a resina Dowex 50W-X8 como adsorvente. O intuito
deste trabalho era de comparar o desempenho das separações em ambas as
configurações. Foi utilizada a azul-dextrana (por ser de alto peso molecular
PM=2000000) como traçador para estimar os volumes mortos no aparato
experimental assim como a fração de vazios (ε - porosidade) e a dispersão
axial (D
ax
).
VIARD e LAMELOISE (1992) também realizaram a separação de
glicose e frutose utilizando resinas de troca iônica na forma Ca
2+
(Duolite
C204/2115; Duolite C204/2078 e Dowex C326) nas temperaturas 30°C e 60°C.
Estudaram independentemente a cinética e a hidrodinâmica do leito e
obtiveram as isotermas de equilíbrio de glicose e frutose através da
cromatografia frontal. Verificaram que mesmo em soluções de concentrações
conhecidas (individuais-monocomponentes) assim como nas misturas destes
açúcares (soluções binárias) independente das concentrações injetadas, as
isotermas apresentaram-se lineares na faixa de concentração de até 250g/L
para cada açúcar.
AZEVEDO e RODRIGUES (2005) separaram a glicose e frutose
primeiro em soluções sintéticas e depois do suco de caju integral utilizando a
cromatografia em leito móvel simulado com a resina Dowex MTO 99Ca à
temperatura de 55°C. Obtiveram resultados bastante satisfatórios,
conseguindo encontrar cerca de 40g/L de cada açúcar estudado no suco de
caju.
A Tabela 2.1 resume as constantes de equilíbrio de frutose e glicose
reportadas na literatura, enquanto que a Tabela 2.2 resume alguns trabalhos
publicados utilizando outros adsorventes (zeólitas, aluminas) que foram
empregados para a separação de açúcares.
49
Tabela 2.1: Resumo das constantes de equilíbrio de frutose e glicose reportadas na literatura, com o uso de resinas.
α
(fator
de separação)
= (K
frutose
)/(K
glicose
)
N.º Adsorvente
DVB
(%) T(°C) Método(s) K
glicose
K
frutose
Concentração
máxima α
Referencia
1
Dowex
50W-X8 8
não
reporta Pulso não reporta 0,57-0,66 30 kg/m
3
- BART et al., (1996)
2
Dowex
50W-X8 8 25
Pulso e analise
frontal
α-glicose: 0,228;
β−glicose:0,294
β−frutose:0,657 100 kg/m
3
2,2-
2,9
HAWARD et al.,
(1988)
3
Dowex
50W-X8
8 25 Pulso 0,25 0,59 não reporta 2,4 BYERS et al., (1990)
4
Dowex
50W-X8 8 30 Pulso 0,3 0,8 não reporta 2,7
GHIM E CHANG et
al., (1982)
5
Dowex MTO
99 Ca 6 30 Vários 0,14-0,19 0,45-0,52 30 kg/m
3
2,8
AZEVEDO e
RODRIGUES (2000)
6
Dowex MTO
99 Ca
6 55
Colunas de adsorção
e dessorção
0,17 0,43 não reporta 2,5
AZEVEDO e
RODRIGUES (2001)
7
Dowex MTO
99 Ca 6 70 Pulso 0,25 + 5,1x10
-2
c
glicose
0,47 + 7,0 x 10
-2
c
frutose
600 kg/m
3
1,3-
1,9 SASKA et al., (1992)
8
Lewaitt MDS
1368
não
reporta 40 Pulso 0,19 0,32 não reporta 1,7
MATIJASEVIC e
VASIC-RACKI (2000)
9
Lewaitt MDS
1368
não
reporta
40 Adsorção Estática 0,24 0,32 350 kg /m
3
1,3
MATIJASEVIC e
VASIC-RACKI (2000)
10
Dowex MTO
99 Ca 6 55
Colunas de adsorção
e dessorção 0,27 0,51 não reporta
1,8
AZEVEDO E
RODRIGUES (2005)
11 Dowex C 326
não
reporta 60 Analise Frontal 0,42 0,64 não reporta
1,5
VIARD e LAMELOISE
(1992)
12 Duolite C204
não
reporta
52,5 Pulso 0,5 0,75 não reporta 1,5
CHING e RUTHVEN
(1986)
13 Duolite C204
não
reporta
55 Pulso 0,36 0,46 não reporta 1,3 CHING et al., (1990)
14 Duolite C204
não
reporta 70 Pulso 0,5 0,67 não reporta 1,3
CHING e RUTHVEN
(1986)
22
Tabela 2.2: Alguns trabalhos encontrados na literatura sobre o estudo da adsorção
de açucares em outros adsorventes
AUTOR ADSORVENTE TIPO DE ISOTERMA DE EQUILIBRIO
CHING e
RUTHVEN
(1988)
Zeolitas NaX e KX.
Não teve seletividade com NaX. Isotermas
de adsorção em KX são lineares com
seletividade para glicose de 10.
CHING et al.,
(1987)
Zeolita CaY .
Para CaY, 365,0
=
GL
K e
GLFRFR
CCK 0005,0004,0675,0
=
HASHIMOTO et
al.,(1983)
Zeolita Y at 50ºC.
Isoterma Linear num intervalo 0-50% m/m
com
FR
K =0,686 e
GL
K =0,586
HO et al.,
(1987)
Zeolita CaY à 29-
60ºC.
Isoterma linear num intervalo de 0-30%
m/m. A seletividade para frutose nos
seguintes intervalos : 1.14-2.02 para a
zeolita (0,58<
FR
K <0,78, resp.)
SING E
MOHAN (2004)
Alumina para
cromatografia
(B.D.H) com area
superficial de
18,0m
2
g
-1
.
Isoterma não linear do tipo Langmuir, com
b
C
Cbq
q
s
+
=
1
Onde:
b
glicose
= 1,49 x 10
2
Lmol
-1
b
frutose
= 1,99 x 10
2
Lmol
-1
q
sglicose
= 19 mg/g
q
sfrutose
= 21 mg/g
De acordo com as tabelas expostas pode-se observar que muitos
pesquisadores estudaram a separação destes dois açúcares em diversos tipos de
adsorventes, temperaturas e metodologias, sendo que nas resinas a separação
mostrou-se mais eficiente que as demais. Proporcionando desta maneira o interesse
em aplicar estes estudos no presente trabalho, para que se pudesse comparar como
seria o comportamento dos açúcares com a resina já consagrada (DOWEX MTO
99Ca) frente a uma outra resina sem nenhum estudo (DIAION UBK 555).
2.7 O PEDÚNCULO DO CAJU E SUA POTENCIALIDADE AGROINDUSTRIAL
O cajueiro (Anacardium occidentale, L.), ilustrado na Figura 2.9, é uma
planta tropical nativa do Brasil, que foi originalmente encontrada pelos europeus no
Século XVI, sendo posteriormente levada à Índia e à África Oriental. A região
23
Nordeste possui uma área plantada superior a 650 mil hectares, respondendo por
mais de 95% da produção nacional, sendo os Estados do Ceará, Piauí, Rio Grande
do Norte e Bahia os principais produtores. (http://www.cnpat.embrapa.br).
Figura 2.9: Cajueiro (Anacardium occidentale, L.)
Fonte: (http://www.cnpat.embrapa.br).
Em linguagem de Botânica, a castanha em formato de rim é o fruto
verdadeiro do cajueiro. Na árvore, a castanha apresenta-se encimada por um
pedúnculo hipertrofiado suculento, a maçã ou pêra do caju, cuja cor pode variar do
amarelo ao vermelho intenso, conforme se vê na Figura 2.10. As propriedades
nutricionais e terapêuticas do pedúnculo do caju foram há muito reconhecidas
(Campos, 1946).
Figura 2.10: Caju, pedúnculo e fruto (castanha)
Fonte: (http://www.cnpat.embrapa.br).
O pedúnculo pode ser consumido in natura ou pode ser processado
industrialmente em uma variedade de produtos que vão do suco concentrado a
24
produtos cosméticos. O suco extraído do pedúnculo pode ser servido como
bebida ou fermentado a vinho. Porém, o mercado local é quem basicamente
consome estes produtos, cuja comercialização não desempenha um papel
significativo na economia da região. Se por um lado o caju possui excelentes
qualidades gustativas e nutricionais, por outro é desvalorizado pela sua alta
perecibilidade, pela ausência de técnicas de manuseio e preservação adequadas,
e pela intensa adstringência, devido à presença de taninos.
2.7.1 Características do cajueiro comum
O cajueiro comum é uma planta de porte alto (6 a 12 metros) podendo
atingir excepcionalmente 15 e 20 metros (terrenos férteis). Possui envergadura entre
10m e 20m, copa ereta, compacta a esparramada. A primeira floração dá-se entre o
3º e 5º ano de vida, o peso da castanha é de 3g a 33g, o peso do pedúnculo, de 20g
a 500g, de cor amarela ou vermelha. Produz 1,0 a 100Kg. de castanhas por safra
(10.000 frutos), estabiliza a produção no 8º ano de vida; a floração dura 4 a 5 meses
e a planta vive em média 35 anos ( http://www.cnpat.embrapa.br).
2.7.2 Características do cajueiro precoce
O cajueiro precoce é uma planta de porte baixo (4 a 6 metros), copa
compacta (em torno de 7 metros de envergadura) e ereta. Entra em floração aos
seis meses, inicia floração um mês antes do que a do cajueiro comum, que dura 6
meses a 7 meses. O peso do fruto varia de 3g a 13g, o peso do pedúnculo varia de
20g a 160g, produzindo em torno de 43kg, de castanha /ano/árvore. O período de
maior intensidade de frutificação (Ceará) é de setembro a novembro; é sensível à
doença do mofo preto (http://www.cnpat.embrapa.br).
No cajueiro precoce destacam-se os clones CCP06 (pedúnculo amarelo),
CCP09 (amarelado), CCP76 (avermelhado), Embrapa 50 (amarelo) e Embrapa 51
(vermelho) CCP1001 (vermelho). No cajueiro os tipos se diferenciam quanto a cor,
25
forma, tamanho, sabor e consistência do pedúnculo do fruto sendo conhecidos como
caju amarelo, caju vermelho, caju banana, caju manteiga, caju travoso, caju branco,
caju maçã, entre outros (http://www.seagri.ba.gov.br/Caju.htm).
São várias as utilidades conhecidas do cajueiro, que vão desde a
alimentação até a construção de barcos, passando por aplicações medicinais, dentre
outras (http://www.herbario.com.br/dataherb13/cajueiro.gif.).
2.7.3 Composição química do suco de caju
A composição química do suco de caju tem sido objeto de interesse de
inúmeros autores (PEREIRA, et al., 1966; MOURA FÉ, 1972; MAIA e MONTEIRO,
2001; MAIA, et al.,2004). Todos reportam que a fase aquosa do suco é constituída
de carboidratos (glicose e frutose), proteínas, ácidos orgânicos, ácido ascórbico, sais
minerais (cálcio, fósforo), polifenóis (taninos) e pigmentos.
Geralmente o suco de caju forma duas fases após algum tempo em
repouso. Uma fase é sólida, de cor amarelada, e possui polissacarídeos, pigmentos
insolúveis e taninos. A fase aquosa é de cor amarelada menos intensa que a
primeira, é rica em carboidratos, apresentando leve turbidez, devido aos taninos em
suspensão.
A Tabela 2.3 mostra as composições físico-químicas do pedúnculo de
caju.
26
Tabela 2.3: Composição físico-química do pendúculo de caju (por100g).
Fontes:
http://www.cnpat.embrapa.br/users/vitor/cajucultura/ProdutosDerivados.html
http://www.amazon.com.br/~camta/cajuP.htm
2.7.4 Agroindústria do caju
A produção agrícola anual do caju no Nordeste é de cerca de 220
toneladas de castanha e 2 milhões de toneladas de pseudofruto, a parte carnosa e
suculenta do caju (OLIVEIRA,2004).
Apesar da potencialidade do pseudofruto como matéria-prima para
diversos produtos, cerca de 90% da sua produção é descartada todos os anos, em
função da sua alta perecebilidade e pelo fato do principal negócio do caju ser a
comercialização da amêndoa. No Estado do Ceará, por exemplo, pouco mais de
Componentes Valores Médios
Calorias (Kcal) 56
Umidade (g) 87,10
Sólidos Solúveis Totais (°Brix) 10,7
pH 4,1
Taninos (%) 0,37
Açúcares redutores (%) 7,9
Açúcares totais (%) 8,4
Acidez total (%) 0,36
Proteínas (g) 0,89
Fibras (g) 1,5
Cálcio (mg) 4,00
Fósforo (mg) 18,00
Ferro (mg) 1,00
Vitamina B1(mg) 0,03
Vitamina B2 (mg) 0,03
Vitamina C (mg) 219,00
Niacina (mg) 0,40
27
10% da produção de pedúnculo é explorada comercialmente (PAIVA, et al., 2000).
Segundo CAMPOS et al. (2002), o mercado interno consome em torno de 40 mil
toneladas de suco de caju por ano.
O cultivo de caju é praticado em 26 paises, sendo que os maiores
produtores, responsáveis por 81% da produção mundial, são: Vietnã, Índia, Nigéria,
Brasil e Tanzânia. Nestas áreas subdesenvolvidas, a cajucultura proporciona uma
das poucas, senão a única oportunidade de trabalho para a população.(PESSOA et
al.,1995)
A maior parte da produção de caju do Estado do Ceará é destinada ao
aproveitamento da castanha, tendo em vista que o produto obtido representa a
fração mais rentável (cerca de 85%) do agronegócio do caju. Apesar do grande
desperdício do pedúnculo, mais de 24 produtos podem ser dele obtidos: refrigerante,
suco, farinha, doce, cajuína, mel, vinho, aguardente, vinagre, etc
(htpp:/www.cnpat.embrapa.br). Um produto que é bastante consumido nos estados
do Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte é a cajuína, ou suco clarificado de caju. A
cajuína é uma bebida não diluída, não fermentada, sem aditivos, cuja fabricação se
diferencia do suco de caju simples e do concentrado, por incluir etapas de
clarificação e de tratamento térmico (cozimento) no seu processamento
(http://www.cnpat.embrapa.br). A falta de uniformidade na cor da cajuína é umas das
características sensoriais mais marcantes constituindo-se num dos maiores entraves
à padronização do seu processo de fabricação e à qualidade do produto final. A
Figura 2.11 ilustra um esquema de etapas para a obtenção do suco de caju
clarificado.
28
Figura 2.11: Esquema de etapas para a obtenção do suco de caju clarificado
Estudos anteriores (AZEVEDO e RODRIGUES, 2000) reportam a
presença significativa de glicose e frutose, em quantidades aproximadamente
equimolares (cerca de 40g/L para cada açucar), na fase líquida do suco de caju. A
Figura 2.12 ilustra um cromatograma obtida por CLAE em que identificam os
picos destes açúcares.
Figura 2.12: Análise cromatográfica de duas marcas de suco de caju comercial
(AZEVEDO e RODRIGUES,2000). Os picos identificados
correpondem a sacarose (3), ácido cítrico(4), glicose (5), frutose(6) e
ácido ascórbico (7).
29
Atualmente, o chamado “High Fructose Corn Syrup” (HFCS), ou xarope
concentrado de frutose, é obtido a partir da hidrólise enzimática do milho. A
glicose obtida deste processo de hidrólise é invertida e os açúcares resultantes
frutose e glicose são separados por adsorção sobre resinas utilizando a técnica
de cromatografia contínua de leito móvel simulado. Nos Estados Unidos,
praticamente todo o mercado de bebidas refrigerantes utiliza o HFCS nas suas
formulações em substituição ao açúcar refinado (sacarose).
Sabe-se que a frutose é um importante açúcar natural, encontrado
principalmente nas frutas e no mel. Este açúcar também é um dos produtos da
hidrólise da sacarose juntamente com seu isômero, a glicose. Pelo fato da
principal fonte de frutose ser a sacarose, a separação frutose-glicose tem grande
interesse comercial. Estes açúcares (frutose e glicose) são isômeros
configuracionais, ou seja, ambos possuem a mesma fórmula química (C
6
H
12
O
6
),
porém diferem quanto à função. A frutose pertence à função cetona, enquanto
que a glicose pertence à função aldeído. A Figura 2.13 mostra as fórmulas
estruturais da frutose e da glicose.
Figura 2.13: Fórmulas estruturais da frutose (cetona) e glicose (aldeído).
A separação de frutose e glicose vem sendo realizada por processos
de adsorção, utilizando zeólitas ou resinas catiônicas na forma cálcica, que confere
uma maior seletividade pela frutose. Em modo contínuo, esta operação é
Frutose
Glicose
30
comumente realizada em leito móvel simulado num processo industrial conhecido
como Sarex (DE ROSSET,1976).
A obtenção de um produto de valor agregado a partir do pedúnculo do
caju – como xaropes de frutose e glicose – pode indicar rotas econômicas
alternativas para as regiões produtoras, ensejando o aproveitamento da produção
excendente não absorvida pelo mercado de sucos e doces industrializados. Para
tanto, faz-se necessário, entretanto, desenvolver uma metodologia de estudo que
englobe desde a medição de dados fundamentais de adsorção até a implementação
do processo de separação em leito móvel simulado, passando por eventuais etapas
de purificação da matéria-prima.
31
CAPÍTULO 3
MATERIAIS E MÉTODOS
32
3.1 Materiais
Serão apresentados a seguir os materiais utilizados nesta dissertação,
os quais foram agrupados como: reagentes, adsorventes e colunas cromatográficas.
3.1.1. Reagentes
Para o preparo das soluções sintéticas foram utilizados padrões de frutose
e glicose de grau analítico - Merck;
Para as corridas em leito fixo, utilizou-se o suco de caju clarificado por
precipitação com gelatina (10% p/v), gentilmente cedido pela Embrapa/CNPAT, que
se manteve congelado até sua utilização.
Para a caracterização dos leitos recheados com as resinas para
separação de açúcares foram utilizados como traçadores (inertes):
Azul-Dextrana (peso molecular: 2MDa) - Sigma-Aldrich;
Acetona (pureza :99,5%) - Vetec;
Água ultra pura (condutividade de 0,055 mS/cm), obtida com purificador
Millipore (SIMPLICITY-185) – Waters, foi utilizada como fase móvel da maioria dos
experimentos, assim como para o preparo das soluções sintéticas utilizadas neste
trabalho.
3.1.2. Adsorventes
Para o tratamento do clarificado:
Com o intuito de melhor purificar (reduzir cor e turbidez) o suco de caju
clarificado foram utilizados os seguintes adsorventes:
Resina Dowex
®
50WX2-100 (Sigma-Aldrich);
Resina Dowex
®
1X8-100 (CI) (Sigma-Aldrich);
Carvão ativado granulado 119-8X30 (Carbomafra S/A).
33
Estes adsorventes foram escolhidos porque, segundo a Patente
americana n.º 4,547,226 (MILCH et al, 1995), mostram bons resultados para
remoção de impurezas e redução de cor de resíduos agroindustriais de indústrias de
frutos cítricos, dos quais se deseja obter xaropes de grau alimentício.
Para a separação frutose/glicose:
Já para a separação dos açúcares (glicose e frutose) os adsorventes
utilizados como os recheios dos leitos foram a resina Dowex
®
Monosphere 99 Ca
(Sigma-Aldrich) e a resina Diaion
®
UBK 555 (Sigma-Aldrich).
A resina DOWEX
®
Monosphere 99 Ca (Sigma-Aldrich) foi escolhida
porque é das mais reportadas em trabalhos publicados em separações de açúcares
por adsorção, em especial glicose e frutose (SASKA et al.,1992, VIARD e
LAMELOISE, 1992; AZEVEDO e RODRIGUES, 2000; AZEVEDO e RODRIGUES,
2005 ). Por serem resinas poliméricas catiônicas na forma Ca
2+
, possuem uma maior
afinidade (interação) pela frutose que pela glicose.
Para que este trabalho tivesse um diferencial frente aos vários estudos já
realizados para separação de açúcares (GHIM e CHANG, 1982; AZEVEDO e
RODRIGUES,2000; AZEVEDO et al, 2000; HO et al, 1987; CHINNICI et al, 2005;
VENTE et al, 2005), foi escolhida a resina DIAION
®
UBK 555 (Sigma-Aldrich), que
também é utilizada para separação destes, mas para a qual ainda não há registros
na literatura científica, para que se possa avaliar a capacidade de adsorção que esta
apresenta. A Tabela 3.1 mostra algumas aplicações desta resina.
34
Tabela 3.1: Algumas aplicações da resina Diaion UBK555.
Fonte: http://www.diaion.com
Categoria Aplicações
Tratamento de águas Águas residuárias
Tratamento de água dura Desmineralização.
Refinamento de açúcar Descolorização, desmineralização,
separação.
Processamento de alimentos Descolorização, purificação
Processos Químicos Purificações químicas, reações
catalíticas.
3.1.3. Colunas Cromatográficas
Para a quantificação de açúcares por CLAE, foi utilizada uma coluna
analítica do tipo Shodex (SC1011- 8,0mm X 300mm) e uma pré-coluna (SC1011P –
6,0mm X 50mm).
Para os experimentos em leito fixo, utilizaram-se colunas vazias da marca
Omnift, nas dimensões 2,5cm X 15,7cm com recheio de resina DOWEX e 1,5cm X
21,7cm com recheio da resina DIAION.
3.1.4 Aparato Experimental para cromatografia frontal, saturação e de pulso
(leito fixo)
Para os experimentos em leito fixo, foi utilizado o sistema experimental
representado na Figura 3.1.
35
Figura 3.1.: Aparato experimental para os ensaios de leito fixo.
O sistema é constituído dos seguintes elementos:
A. Fases Móveis (H
2
O Milli Q; Solução de açúcares ou suco de caju clarificado
bruto/purificado);
B. Bombas (Büchi – Modelo C-605);
C. Módulo controlador (Büchi C-615);
D. Loop de 200
µL;
E. Coluna Omnift recheada com resina (Diaion ou Dowex);
F. Detector I.R. (Varian, modelo 350) / U.V – Vis (Varian, Modelo 320);
G. Computador para aquisição de dados;
H. Coletor de frações.
Este sistema foi utilizado para a caracterização hidrodinâmica das colunas
Omnifit, para medição das isotermas de equilíbrio e curvas de breakthrough.
36
3.2 METODOLOGIA EXPERIMENTAL
Nesta parte do trabalho será feita uma descrição das principais
metodologias que foram empregadas no estudo com o suco de caju clarificado e nas
medidas de equilíbrio e dinâmica de adsorção de açúcares em leito fixo.
3.2.1. Caracterização do suco de caju clarificado / purificado
3.2.1.1 Concentração de açúcares em ° Brix
Para determinação de açúcares em °Brix nas amostras de suco de caju
clarificado, utilizou-se um refratômetro Abbé da marca QUIMIS, modelo Q 109B,
devidamente calibrado com uma solução de α-bromonaftaleno, cujo I.R. é de 1,510
à 25°C.
3.2.1.2. Densidade e Viscosidade
O método baseou-se no uso de um densímetro de marca ANTON PAAR,
modelo DMA 4500, através do qual foi possível determinar a densidade e a
viscosidade da amostra, a qual se encontrava a uma temperatura de 25°C
(temperatura ambiente). Para estas determinações, utilizou-se cerca de 1,0 mL de
amostra.
3.2.1.3 pH
Para a determinação do pH de cada amostra de suco de caju clarificado
(tal qual se recebeu da Embrapa/CNPAT e do já purificado), utilizou-se um
potenciômetro da marca DIGIMED modelo DM-20, que foi aferido à temperatura de
25°C e calibrado com soluções tampão pH 4 e 7.
37
3.2.1.4. Turbidez
A análise de turbidez consiste em determinar o grau de limpidez de um
meio ou de uma amostra. Foi utilizado o turbidímetro marca DEL LAB, modelo DLM
2000B, calibrando-o com padrões, cuja turbidez variou entre 8-12 NTU.
3.2.1.5. Condutividade elétrica
Utilizou-se um condutivímetro da marca DIGIMED, modelo DM-31,
calibrado com solução de KCl 3,0 Molar, na condição de temperatura ambiente de
25°C. A quantidade de amostra é de cerca de 75mL. Neste teste, a escala utilizada
foi de 0-200 mS/cm, pois a condutividade elétrica de sucos de caju clarificados,
geralmente, é bem elevada.
3.2.1.6. Cor
Fez-se a determinação da cor das amostras de suco de caju clarificado
num espectrofotômetro (modelo: GÊNESIS 20) com comprimento de onda de
560nm. A coloração da amostra foi definida usando-se a escala de Pfund.
3.2.1.7. Taninos
Os taninos são compostos fenólicos classificados em condensados e
hidrolisáveis. São os responsáveis pela adstringência presente nos sucos, que no
caju é uma característica marcante. O método empregado para a determinação de
taninos nas amostras de suco de caju clarificado bruto e purificado foi o Folin &
Denis (REICHER et al.,1981). A leitura foi feita num espectrofotômetro marca
BIOCHROM e modelo LIBRA 22, com intervalo de detecção de 190nm à 1100nm,
sendo que a leitura das amostras de suco de caju clarificado purificado e bruto foram
realizadas em 760nm.
38
3.2.1.8. Proteínas totais
O princípio da técnica de dosagem de proteínas é baseado na adição de
reagentes químicos nas amostras, ocorrendo uma mudança de coloração. Esta
mudança de cor é medida com um espectrofotômetro ou leitor de microplaca e os
valores obtidos são comparados com uma curva padrão com valores de
concentrações já conhecidos.
O ensaio de proteína foi realizado baseado no método Bradford
(BRADFORD, 1976), que é um método simples, colorimétrico para dosagem da
concentração total de proteínas. A leitura das amostras foi realizada no
espectrofotômetro da marca BIOCHROM e modelo LIBRA22, com intervalo de
detecção de 190nm à 1100nm, sendo que a leitura das amostras de suco de caju
clarificado purificado e bruto foram realizadas em 595nm.
3.2.2 Processo de purificação do suco de caju clarificado:
O tratamento do suco de caju clarificado foi realizado a partir do uso dos
seguintes adsorventes:
- Carvão ativado granulado (119 x 8 CARBOMAFRA 1160);
- Resinas de troca iônica (DOWEX 1X8 e DOWEX 50WX2).
Os objetivos deste tratamento consistiram em reduzir o número de
impurezas iônicas e a condutividade elétrica do suco de caju clarificado, além de
reduzir a cor e a turbidez do mesmo.
Para realização deste tratamento, adicionaram-se as resinas e o carvão
numa proporção de 1%, em peso, deixando os adsorventes em contato com o suco
por um período de 24 horas, sendo agitado de tempos em tempos, para que
houvesse uma homogeneização dos componentes envolvidos, acelerando com isso
o processo de adsorção.
39
O ensaio realizado buscou obter um suco de caju clarificado cujo teor de
íons fosse reduzido (condutividade na faixa de 14mS/cm à 17mS/cm), além de obter
um suco mais claro e límpido, a partir do uso de adsorventes em pequenas
quantidades.
3.2.3 Empacotamento das colunas utilizadas no leito fixo
O empacotamento das colunas com as resinas DOWEX e DIAION seguiu
as instruções do manual do fabricante (Omnifit – USA), com algumas modificações.
A Figura 3.2 mostra as etapas pra este procedimento.
a) Com o pistão desmontado, foi medido o volume útil da coluna;
b) Uma suspensão de aproximadamente 75% de cada resina foi preparada
(pasta-“lama”) e colocada aos poucos, com auxílio de uma espátula;
c) A base superior da coluna juntamente com o pistão superior foi colocada de
forma a não comprimir a suspensão, até a altura desejada, deixando escoar o
excesso de líquido;
d) No sistema, fez-se passar água através da coluna no sentido ascendente
para acomodar o recheio.
Figura 3.2: Esquema das etapas para empacotamento das colunas
40
3.2.4 Caracterização do leito (Parâmetros Hidrodinâmicos)
A técnica utilizada para o cálculo da porosidade (ε) e da dispersão axial
(D
ax
) das colunas empacotadas foi a cromatografia em pulso, que se fundamenta no
registro da concentração de um traçador à saída da coluna como resposta à injeção
de uma certa quantidade (pulso) à entrada da coluna sob diversas vazões do líquido
de arraste (fase móvel).
Para a análise das respostas foi utilizado o método dos momentos
(ARNOLD et al., 1985), que se baseia na análise do primeiro e segundo momentos
estatísticos dos picos de resposta cromatográfica, comparando a solução
matemática das equações fundamentais com os resultados experimentais obtidos.
Utilizou-se a azul-dextrana, por possuir alto peso molecular (aprox. 2MDa)
e não penetrar nos poros da resina. Além disso, não danifica a estrutura da mesma,
podendo assim percolar todo leito sem interagir quimicamente com o recheio. A
Figura 3.3 descreve esquematicamente este tipo de experimento.
Figura 3.3: Esquema para experimento de eluição com o uso do traçador.
O experimento típico foi conduzido da seguinte maneira. A água ultra-pura
foi bombeada através da coluna a várias vazões (1,0; 1,5; 1,75; 2,0mL/min) até que
se estabelecesse uma linha de base estável no detector UV-Vis à saída da coluna. A
quantidade injetada de amostra da azul dextrana (solução de 3g/L) foi 200µL, sendo
a resposta à saída monitorada pelo detector (UV-Vis), no comprimento de onda de
Coluna
Amostra do
traçador
(pulso)
UV
-
Vis /IR
41
630 nm. Este experimento permitiu calcular a porosidade externa ao enchimento e a
dispersão axial do leito.
Para o cálculo da porosidade total do leito (vazios externos e internos do
recheio), realizou-se o mesmo tipo de experimento utilizando como traçador a
acetona (solução 20%), por possuir um menor peso molecular em relação à azul
dextrana, sendo portanto capaz de percolar por todo leito, inclusive dentro e fora dos
poros das resinas. O volume injetado foi 200µL, sendo a resposta à saída
monitorada pelo detector (UV-Vis), no comprimento de onda de 310 nm também a
várias vazões (1,0; 1,5; 1,75; 2,0mL/min).
3.2.4.1 Cálculo da porosidade (ε)
Se a concentração do traçador num determinado instante, C(t), é
reconhecida pelo sinal do detector, a porosidade do leito pode ser calculada pelo
tempo médio de retenção, t
R
, que é o primeiro momento do pico cromatográfico
obtido à saída da coluna. A porosidade interparticular (externa) pode ser calculada
pela equação (1):
=
0
0
1
)(
)(
dttc
dtttc
Mo
(1)
1
Mo
Q
V
t
R
==
ε
(2)
Em que:
Mo
1
= primeiro momento do pico cromatografico, min.
t
R
= tempo de retenção, min.
ε = porosidade do leito, adimensional.
C(t) = concentração num dado instante, g/mL.
42
V = volume da coluna, mL.
Q = Vazão volumétrica, mL/min
Nos experimentos realizados com acetona, o uso das equações (1) e
(2) conduz ao cálculo da porosidade total (
T
ε
), que se relaciona com a porosidade
externa (
ε
) e da partícula (
p
ε
) através da relação abaixo.
pT
ε
ε
ε
ε
)1(
+
=
(3)
3.2.4.2 Cálculo da dispersão axial (D
ax
)
A metodologia mais citada na literatura para o estudo da dispersão axial
consiste no estudo do perfil da concentração de um traçador injetado num ponto
estratégico da coluna e amostrado noutro ponto à jusante, geralmente próximo à
saída do líquido (DREHER e KRISHNA, 2001; URSEANU et al., 2001; THERNING e
RASMUSON, 2001; LEVENSPIEL, 1972, COELHOSO et al., 1992)
A dispersão axial é proporcional à largura do pico cromatográfico ou
variância, que é igual ao quadrado do desvio padrão da gausiana (δ
2
) (VAN
DEEMTER et al., 1956). A variância pode ser calculada através da equação (4).
==
0
0
2
2
12
2
)(
)()(
)(
dttc
dttctt
MoMo
R
σ
(4)
Em que:
σ
2
= Variância (largura do pico cromatográfico), min
2
.
Mo
2
= Segundo momento do pico cromatográfico, min
2.
Mo
1 =
Primeiro momento do pico cromatográfico, min.
43
A razão entre a variância e o quadrado do tempo de residência do pico
cromatográfico é a chamada “altura equivalente de um prato teórico” (HETP), que se
relaciona com a dispersão axial, para um traçador não adsorvido, segundo a
equação (5).
(5)
Onde:
HETP = Altura equivalente de um prato teórico,cm
2
σ = Variância do pico cromatográfico, min
2
µ = Tempo médio de residência (t
r
), min.
L = Comprimento do leito, cm
D
ax
= Coeficiente de dispersão axial, cm
2
/min
ν
= Velocidade intersticial, cm/min
Nos Apêndices A1 e A2 encontram-se os resultados para estas análises.
3.2.5 Análise quantitativa dos açúcares (frutose e glicose)
Para a quantificação dos açúcares (glicose e frutose), utilizou-se a
cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE ou HPLC). Fez-se uso de um
equipamento Waters, equipado com um detector do tipo índice de refração (I.R.),
modelo 2414, com injetor automático, modelo 717plus, forno para coluna analítica,
desgaseificador e sistema de bombas (Waters-1525- Model Code 25P). Os dados
foram processados pelo software Breezer versão 3.3.
Foi utilizada como fase estacionária uma coluna específica para a
quantificação de açúcares, modelo SHODEX SC 1011 (8.0mm x 300mm) e pré-
coluna SC1011P (6mm X 50mm). A Figura 3.4 mostra um esquema do aparato
utilizado na Cromatografia Líquida de Alta Eficiência – CLAE.
ν
D
L
µ
σ
HETP
ax
2
2
2
==
44
Figura 3.4: Aparato experimental para Cromatografia Líquida de Alta Eficiência
(CLAE ou HPLC)
As condições de operação na CLAE para a quantificação de açúcares
estão resumidas abaixo:
Coluna analítica: Shodex SC – 1011 (8,0mmX300mm), adequada a
quantificação de açúcares;
Detector: IR (Índice de Refração);
Fase Móvel: água ultra pura (bidestilada e deionizada);
Vazão da fase móvel: 0,6 mL / min;
Temperatura da Coluna: 80°C
Volume da Amostra Injetada: 5,0 µL.
45
3.2.5.1 Construção da curva de calibração com padrões de glicose e frutose
Para quantificar os açúcares (glicose e frutose) em uma dada amostra, é
necessário que se faça uma curva de calibração para cada um destes componentes.
Esta consiste em se encontrar a relação entre a concentração e área do pico
cromatográfico. Para isso foram preparados 5 padrões mistos nas concentrações de
20g/L, 30g/L, 40g/L, 50g/L e 60g/L para cada açúcar. A seguir, todos os padrões
foram injetados na coluna analítica, em ordem crescente de concentração (para
evitar possíveis contaminações). Para cada açúcar, as áreas dos picos foram
plotadas contra a concentração respectiva num gráfico e uma equação de calibração
foi obtida por regressão linear dos dados experimentais obtidos. O Apêndice B.1
ilustra as curvas obtidas.
3.2.5.2 Quantificação de glicose e frutose no suco de caju clarificado bruto e
purificado
Para a quantificação do suco de caju clarificado bruto e purificado, foi
utilizado o suco de cajueiro anão precoce CCP 76, filtrado por 4 vezes, para que se
pudesse remover material particulado, sendo retirada uma alíquota de cada suco
para ser injetada na coluna analítica. O Apêndice B.2 ilustra os cromatogramas
obtidos.
3.2.6 Medidas de equilíbrio de adsorção de açúcares
3.2.6.1 Determinação do tempo morto
Entende-se como tempo morto o intervalo de tempo necessário para que
uma dada porção de fluído percorra os trechos de um sistema cromatográfico que
não fazem parte do leito adsorvente (tubulações antes e após a coluna, bombas,
injetor, etc.). Foi determinado retirando a coluna do sistema e conectando a
tubulação de entrada à tubulação de saída da coluna. A seguir foi bombeada uma
solução binária de açúcares a uma vazão conhecida para que se pudesse observar
46
o degrau de concentração no detector à saída do capilar. O tempo foi determinado
com um cronômetro e o procedimento repetido por 3 vezes consecutivas. A
determinação precisa do tempo morto é essencial para o cálculo de isotermas de
equilíbrio e para o estudo da dinâmica em leito fixo, como se demonstrará nas
próximas seções.
3.2.6.2 Determinação de isotermas de adsorção monocomponente por
cromatografia frontal
a) Com auxílio de uma bomba tipo CLAE, lavou-se a coluna com água
Milli Q, a uma vazão de 2,5 mL/min até que se estabelesse uma linha
de base estável (a saída da coluna estava conectada a um detector
IR);
b) Bombeou-se uma solução monocomponente (frutose ou glicose) à
mesma vazão através da coluna por tempo suficiente para saturá-la
completamente. Isto pôde ser verificado através do sinal do detector
“on-line” na saída da coluna. O sinal do detector (curva de
breakthrough ou ruptura do açúcar) foi registrado desde o início do
bombeamento da solução (t=0) até a saturação, sinalizada pela
estabilização do sinal num novo valor;
c) Após saturação (b), passou-se a bombear água a fim de eluir todo o
açúcar anteriormente adsorvido. Isto pôde ser verificado através do
sinal do detector I.R. Repetiu-se o procedimento descrito em (b) para
outra solução monocomponente.
Foram utilizadas soluções monocomponentes de frutose e glicose nas
concentrações de 1,0 g/L; 2,0 g/L; 3,0 g/L; 3,5 g/L; 4,0 g/L; 4,5 g/L; 5,0 g/L e 6,0 g/L.
Concentrações maiores não puderam ser testadas por extrapolarem o limite máximo
de leitura do detector. A Tabela 3.2 mostra os parâmetros das colunas adotados
para estes experimentos. A Figura 3.5 descreve esquematicamente o experimento e
a Figura 3.6 mostra a curva de breakthrough típica obtida.
47
Tabela 3.2: Dados dos parâmetros dos leitos.
FASE
ESTACIONARIA
DIMENSÕES DA
COLUNA
(diâmetro interno x
comprimento)
(cm)
VOLUME
(cm
3
)
VAZÕES
(mL/min.)
DOWEX 2,5 x 15,7 77,066 1,5 / 2,5
DIAION 1,5 x 21,7 38,346 1,5 / 2,5
Em cada experimento, a quantidade adsorvida em equilibrio foi
calculada através da equação 6, que representa um balanço integral do soluto num
dado instante t, após a coluna estar completamente saturada.
Figura 3.5.: Diagrama esquemático de um experimento de obtenção de uma curva
de ruptura (“breakthrough”).
Em que:
[soluto alimentado à coluna] = [soluto acumulado na coluna] + [soluto que deixou a coluna]
)6()1(
0
*
0
++=
t
icocol
t
o
QCdtqVCVdtQC
εε
Rearranjando a equação temos:
)7()1(
*
00
ico
t
col
t
o
qVCVQCdtdtQC
εε
+=
48
Para calcular a capacidade de adsorção no leito,
*
i
q
, em equilíbrio com a
concentração C
o
:
)8(
)1(
]1[
0
*
c
t
col
o
o
i
V
Vdt
C
C
QC
q
ε
ε
=
Sendo que:
Adt
C
C
t
o
=
0
1
Que é o mesmo de:
(9)
t
morto
Figura 3.6: Gráfico C(t)/C
o
X t típico, obtido à saída da coluna
Onde:
()
()
col
ocol
i
V
CVAQ
q
ε
ε
=
1
*
49
(10)
Sendo:
A= área delimitada pela curva, por t= t
morto
e C/C
o
= 1, min
-1
Q = vazão de trabalho, mL/min
C = concentração na fase adsorvida, g/L;
Co = concentração na entrada da coluna, g/L
3.2.6.3 Determinação de isotermas de adsorção binárias pelo método de
saturação
Preencheu-se uma coluna (semi) preparativa (dimensões: 21,8 cm x
1,5cm) com a resina DIAION UBK 555 (Tabela 3.2). Prepararam-se soluções frutose
/ glicose (1:1) a várias concentrações na faixa de 0 a 15 g/L de cada açúcar. Na
Figura 3.3 observa-se um esquema para estes experimentos e na Tabela 3.2 os
dados das colunas semi-preparativas utilizadas para a separação frutose / glicose.
Para cada uma das soluções binárias preparadas, seguiu-se o seguinte
procedimento:
a) Lavou-se a coluna com água Milli Q até que se estabelesse uma linha
de base estável (a saída da coluna estava conectada a um detector
IR);
b) Iniciou-se (t=0) o bombeamento da solução binária através da coluna
por tempo suficiente para saturá-la completamente. Isto pôde ser
verificado através do sinal do detector “on-line” na saída da coluna;
c) Passou-se a bombear eluente (água) puro através da coluna por tempo
suficiente para eluir todo o adsorbato (açúcares) anteriormente retido,
tendo-se o cuidado de recolher o eluído num vasilhame adequado,
devidamente seco e tarado;
dt
C
tC
A
morto
t
o
=
)(
1
50
d) Mediu-se a concentração do(s) açúcar(es) no eluído usando a
cromatografia líquida de alta eficiência - CLAE. Conhecendo a massa
da solução eluída e sua massa específica, chegou-se à concentração
da fase adsorvida em equilíbrio (q*) com a concentração da solução
testada (obtendo-se assim, um ponto da isoterma de adsorção). A
equação (11) traz o cálculo de q* por balanço de massa.
(11)
Em que:
Componente (i) = frutose ou glicose
q* = quantidade de açúcar adsorvido na resina em estudo em equilíbrio com C
0
, g/L
C
f
= Concentração da solução sintética eluída da coluna recolhida conforme item (c),
g/L
V
recolhido
= Volume que foi recolhido ao final da eluição, mL
C
o
= Concentração inicial (valor da concentração da solução sintética e ou suco de
caju clarificado), g/L
ε = porosidade do leito (fração de vazios do leito), adimensional
V
col
= Comprimento do recheio da coluna multiplicado pela área da secção
transversal da mesma, mL
V
morto
= Vazão de trabalho multiplicada pelo t
morto,
mL
3.2.7 Estudo da dinâmica de adsorção em leito fixo (Curvas de
breakthrough”).
O estudo da dinâmica foi realizado utilizando o método descrito em 3.2.6.3
para soluções sintéticas binárias (glicose e frutose) nas concentrações de 0-15g/L e
suco de caju clarificado bruto e purificado na vazão de 1,5mL/min. Foram também
utilizados os dados obtidos para as soluções monocomponentes com vazão de
2,5mL/min, para fins de estimativa de parâmetros cinéticos.
(
)
()
col
mortocoloirecolhidofi
i
V
VVCVC
q
ε
ε
+
=
1
*
51
Durante a etapa de saturação (procedimento 3.2.6.2) recolheram-se
frações de aproximadamente 1,0mL em pequenos recipientes à saída da coluna, as
quais foram analisadas por CLAE.
Os dados experimentais foram posteriormente comparados com
simulações obtidas a partir de um modelo matemático a ser descrito na próxima
seção, para fins de estimativa de parâmetros e/ou para verificação da capacidade
preditiva do modelo.
3.2.8 Modelo matemático para adsorção em leito fixo
O modelo matemático utilizado para estimar parâmetros e/ou comparar
com os dados experimentais das curvas de breakthrough está detalhado abaixo.
Baseia-se nas seguintes hipóteses:
Queda de pressão constante ao longo do leito;
Vazão de fluido e velocidade intersticial constantes;
Partículas adsorventes esféricas e homogêneas;
Resistência à transferência de massa externa às partículas (filme)
desprezível;
Resistência à transferência de massa interna descrita por uma aproximação
de força motriz linear (LDF);
Equilíbrio de adsorção atingido instantaneamente na superfície externa das
partículas adsorventes;
Escoamento em pistão com dispersão axial;
Equilíbrio de adsorção linear;
Temperatura constante.
A Equação 12 representa o balanço diferencial global de massa de um
dado componente (glicose ou frutose)
(12)
2
2
)1(
z
C
D
t
q
t
C
z
C
v
i
ax
iii
=
+
+
εεεε
52
Em que:
i = frutose ou glicose
v = Velocidade intersticial, cm/min.
C = Concentração na fase fluida livre, g/mL.
ε = Porosidade (fração de vazios) externa, adimensional.
q = Concentração média da fase adsorvida (sólido + poros internos), g/mL.
D
ax
= coeficiente de dispersão axial, cm
2
/min
Para o balanço diferencial de massa na fase sólida
(13)
Onde:
k
p
= coeficiente de transferência de massa interno, min
-1
*
i
q
= concentração adsorvida a superfície da partícula adsorvente, g/mL
Adimensionalizando a equação (9) pela mudança das variáveis para
χ
= z/L e
Ltv /=
τ
tem-se,
(14)
Já para o balanço de massa da fase, têm-se:
(15)
Considerando que a isoterma de equilíbrio é linear ou obedece a Lei de Henry na
faixa de concentração considerada:
χ
χ
τ
ε
ε
τ
1
)1(
2
2
iiii
CC
Pe
qC
=
+
(
)
iii
i
qq
q
=
*
α
τ
)(
*
ii
i
p
qqk
t
q
=
53
(16)
Em que K = Constante de equilíbrio de adsorção
As condições de contorno são:
Em
χ
= 0,
Em
χ
= 1,
E as condições iniciais )0( =
τ
:
Os números adimensionais são:
Onde:
Pe = Número de Peclet (razão entre fluxo convectivo e fluxo difusivo), adimensional.
L = Comprimento do leito, cm.
i
α
= constante adimensional de transferência de massa.
Este modelo foi resolvido utilizando o software de resolução de sistemas de
equações diferenciais parciais gProms (OH e PANTELIDES,1996). As equações e
condições iniciais e de contorno foram alimentadas ao código, segundo a sintaxe por
ele requerida. A listagem do programa encontra-se no Apêndice C. Os parâmetros
numéricos utilizados foram:
iii
CKq =
*
)17(
1
),0(
∂χ
τ
i
ii
C
Pe
CCo =
)18(0),1(
=
τ
∂χ
i
C
)20(0)0,(
=
χ
i
C
)19(0)0,( =
χ
i
q
(21)
D
ax
i
Lv
Pe =
)22(
i
p
i
v
Lk
i
=
α
54
Método de solução: colocação ortogonal por elementos finitos
Número de seções: 6
Pontos de colocação: 3 por seção
Os parâmetros de entrada requeridos pelo modelo / simulador foram, em sua
maioria, determinados em laboratório através dos experimentos descritos
anteriormente. Alguns parâmetros, como o caso de D
ax
, foram também obtidos por
correlação. No caso do parâmetro k
p
, este foi estimado a partir dos dados
experimentais de curvas de breakthrough monocomponentes. Para isto, utilizou-se o
módulo de estimativa de parâmetros do gPROMS que utiliza o método dos mínimos
quadrados. A Tabela 3.3 resume os parâmetros do modelo e como foram
determinados / estimados.
A resolução do modelo matemático proposto, foi efetuado para que os pontos
experimentais deste trabalho, além de quaisquer outros pontos que estejam numa
mesma faixa de temperatura, fossem preditos por este, desta maneira, os dados da
simulação foram comparados aos dados experimentais.
55
Tabela 3.3: Parâmetros do modelo matemático.
Parâmetro do modelo (unidade)
Como foi calculado/estimado
Dimensões da coluna: L,D (cm)
Medidos ou segundo informações do
fabricante.
Vazão volumétrica, Q (mL/min)
Assinalada à bomba e medida com
proveta graduada e cronômetro à
saída da coluna.
Concentração de entrada, Co (g/L) Analisada por CLAE – Seção 3.2.3
Porosidade do Leito, ε (adimensional)
Analise dos momentos (injeção de
azul-dextrana) – Seção 3.2.4.1.
Coeficiente de Dispersão axial, D
ax
(cm
2
/min)
Análise dos momentos (injeção de
azul-dextrana) – Seção 3.2.4.2 e
correlações da literatura
Coeficiente de transferência de massa
interna, k
p
(min
-1
)
Ajustes das curvas de breaktrough
monocomponentes ao modelo
(estimado pelo software gProms).
Constante de equilíbrio de adsorção,
K (adimensional)
Cromatografia frontal
monocomponente e / ou Método de
saturação – Seção 3.2.6.2 e 3.2.6.3.
56
CAPÍTULO 4
RESULTADOS E DISCUSSÕES
57
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neste capítulo, são apresentados e discutidos os resultados obtidos
nos experimentos e simulações executados segundo os procedimentos descritos no
Capítulo 3. O Capítulo 4 é essencialmente dividido em 4 seções.
Na primeira parte do capítulo, são apresentados os resultados do
estudo referentes ao pré-tratamento do suco, tais como a caracterização do suco de
caju clarificado bruto frente ao purificado. Os resultados experimentais obtidos
através das análises físico-químicas descritas no Capítulo 3 encontram-se sob a
forma de tabelas.
A segunda parte aborda os resultados do estudo feito com relação à
estimação de parâmetros hidrodinâmicos referentes ao empacotamento das colunas
preparativas, sendo estes de fundamental importância para a verificação do bom
desempenho dos ciclos de adsorção e dessorção em leito fixo.
Na terceira parte, apresentam-se os resultados do estudo de equilíbrio
tanto de soluções monocomponentes de açúcares como de soluções binárias
(glicose/frutose) a 25ºC, para o levantamento das isotermas de adsorção de glicose
e frutose.
E por fim, a quarta parte exibe a comparação entre as curvas de
ruptura experimentais e as curvas teóricas (modelo resolvido no gProms) obtidas
para soluções monocomponentes de frutose e glicose, soluções binárias, suco de
caju clarificado bruto e purificado.
58
4.1. CARACTERIZAÇÃO DO SUCO DE CAJU CLARIFICADO BRUTO /
PURIFICADO
Os resultados obtidos na caracterização do suco de caju clarificado
bruto / purificado descritos no capítulo anterior, encontram-se na Tabela 4.1.
Tabela 4.1: Resultados da caracterização do suco de caju clarificado bruto e
purificado
Característica
Clarificado bruto
Clarificado
purificado
Sólidos solúveis totais, °Brix 10,0 8,25
pH 4,75 4,55
Condutividade Elétrica, mS/cm 19,20 (esc.200mS) 18,97 (esc. 200mS)
Cor, absorbância em 560 nm 0,012 0,002
Densidade à 25ºC, g/mL 1,039 1,035
Viscosidade à 25ºC, cP 1,041 1,037
Turbidez, NTU 2,46 0,75
Proteínas solúveis em 560nm n.d.a n.d.a
Taninos em 760nm 185,13 146,5
Conc. de glicose (g/L) 43,28 38,49
Conc. de frutose (g/L) 37,46 34,88
* escala de 200mS/cm
Comparando-se as duas tabelas, pode-se observar nitidamente que,
após o tratamento do suco de caju clarificado bruto com resinas (catiônica e
aniônica) e carvão ativado, houve uma redução significativa de cor e turbidez, como
previsto na literatura para purificação de licores de prensagem de resíduos de frutas
cítricas (MILCH et al.,1995).
Para os demais parâmetros, não houve alterações significativas. O pH
decresceu provavelmente devido aos cátions H
+
da resina catiônica permutados com
os cátions presentes no suco (Ca
2+
, Mg
2+
).
59
4.2. QUANTIFICAÇÃO DOS AÇÚCARES (GLICOSE E FRUTOSE)
Para a quantificação dos açúcares a serem estudados, foi necessário
construir uma curva de calibração para cada uma das substâncias em estudo
(glicose e frutose). O Apêndice B ilustra estas curvas de calibração dos padrões de
glicose e frutose, os cromatogramas dos padrões e do suco de caju clarificado bruto
e purificado.
Nota-se que o teor de açúcares se reduziu entre 7 a 10% no suco de
caju clarificado purificado. Isto pode ter ocorrido devido à adsorção inespecífica dos
açúcares no processo de tratamento com as resinas (catiônica e aniônica) e também
pela degradação que pode ter ocorrido entre as etapas de manipulação do processo
da purificação.
Com o intuito de melhor observar o comportamento individual de cada
adsorvente envolvido no processo de purificação, no que diz respeito a redução dos
açúcares presentes no suco de caju clarificado, realizou-se um teste individual de
ambos em 1% de concentração para 100mL de suco de caju clarificado bruto
deixando-os em contato durante 24 horas, sob agitação momentânea. O resultado
está ilustrado na Tabela 4.2.
Tabela 4.2: Resultados do comportamento individual dos adsorvente no suco de
caju clarificado bruto por 24 horas de contato
Amostras Conc. glic (g/L) Conc. fru (g/L)
Suco de caju clarificado bruto (inicial) 43,28 37,46
Suco de caju clarificado bruto (Branco) 35,93 31,03
Suco de caju clarificado bruto + Resina
aniônica (DOWEX
®
1X8-100(Cl))
34,65 29,92
Suco de caju clarificado bruto + Resina
catiônica (DOWEX
®
50WX2-100)
34,39 29,71
Suco de caju clarificado bruto + carvão
ativado (119X8 CARBOMAFRA 1160)
33,36 28,85
60
Analisando estes resultados, pode-se concluir que o carvão ativado é o
maior responsável pela diminuição no teor de açúcares do suco de caju clarificado
bruto.
4.3. CARACTERIZAÇÃO HIDRODINÂMICA DOS LEITOS EMPACOTADOS
No Apêndice A2 são mostradas as curvas (cromatogramas) obtidas com
os traçadores (Azul dextrana e Acetona) utilizados para a caracterização de cada
leito, além de uma tabela com os valores encontrados experimentalmente para a
caracterização hidrodinâmica de cada leito.
As Figuras 4.1 e 4.2 ilustram os primeiros momentos dos picos
cromatográficos de azul dextrana e acetona e na Tabela 4.3 observa-se as frações
de vazios nos leitos DOWEX MTO 99Ca e DIAION UBK 555.
Tabela 4.3: Frações de vazios nos leitos empacotados com as
resinas DOWEX MTO 99Ca(76,93 cm
3
) e DIAION UBK 555(38,35 cm
3
)
Resina
ε
T
ε
ε
P
Dowex 0,71 0,40 0,52
Diaion 0,78 0,40 0,65
61
Tr = 0,71 (L/v)
(a)
Tr= 0,40(L/v)
(b)
0
10
20
30
40
50
60
0 20 40 60 80 100
L/v
Tr (min)
Figura 4.1: Primeiro momento do pico cromatográfico da acetona (a - z) e azul
dextrana (b -) em função da fase móvel no leito empacotado com a
resina DOWEX MTO 99 Ca.
Tr = 0,78(L/v)
(a)
Tr = 0,40(L/v)
(b)
0
5
10
15
20
25
30
35
0 1020304050
L/v
Tr(min)
Figura 4.2: Primeiro momento do pico cromatográfico da acetona (a - z) e azul
dextrana (b -) em função da fase móvel no leito empacotado com a
resina DIAION UBK 555.
62
As Figuras 4.3 e 4.4 demonstram os valores das dispersões axiais,
calculadas através da equação dos momentos mencionada no Capitulo 3. Uma
regressão polinomial de quarta ordem foi usada para ajustar os dados
experimentais. Embora tenha tido uma boa concordância entre os dados
experimentais e a curva de regressão, a ordem de magnitude dos valores medidos é
muito superior se comparada com o que deveria ser esperado para esta situação.
Para sistemas líquidos, o número de Peclet baseado no raio da partícula (Pe
r
) tem
um valor mínimo de 0,5 (RUTHVEN, 1984), e os valores de Peclet calculados a partir
dos valores medidos de D
ax
foram muito inferiores. Considerando Pe
r
=
0,5, a
dispersão axial para DOWEX MTO 99Ca foi de 0,05 cm
2
min
-1
para a vazão de
trabalho de 1,5 mL min
-1
e de 0,08 cm
2
min
-1
para a vazão de trabalho de 2,5 mL
min
-1
. Já, na DIAION UBK 555 o valor da dispersão encontrado foi de 0,08 cm
2
min
-1
para a vazão de trabalho de 1,5 mL min
-1
, e 0,14 cm
2
min
-1
para a vazão de trabalho
de 2,5 mL min
-1
. Os valores elevados medidos para a dispersão axial podem ter sido
causados pelos volumes mortos extra-coluna (por exemplo: tubulações e conexões
do detector) e que não levaram em conta unicamente os fenômenos ocorridos
devido ao empacotamento da própria coluna. Logo, os valores da dispersão axial
que correspondem ao Pe
r
= 0,5 foram usados como dados de entrada ao modelo
matemático da coluna com a finalidade de estimar o parâmetro cinético k
p
e prever
as curvas experimentais.
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
0123
Q (mL min
-1
)
Dax (cm
2
min
-1
)
Figura 4.3: Dispersão axial na coluna empacotada com a resina DOWEX MTO
99Ca.
63
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
0123
Q (mL min
-1
)
Dax (cm
2
min
-1
)
Figura 4.4: Dispersão axial na coluna empacotada com a resina DIAION UBK 555.
4.4. ISOTERMAS DE ADSORÇÃO DE GLICOSE E FRUTOSE
4.4.1 Pelo método da saturação
O conhecimento do comportamento das isotermas de adsorção é muito
importante para a compreensão do equilíbrio termodinâmico e avaliação da
capacidade de retenção de um leito adsorvente.
As isotermas de equilíbrio de adsorção obtidas na temperatura de 25°C
para os componentes glicose e frutose de 0-15g/L na resina DIAION UBK 555, pelo
método da saturação descrito na seção 3.3.1 do Capítulo 3, estão representadas na
Figura 4.5. Este experimento não foi realizado para a resina DOWEX MTO 99Ca
devido já haver dados reportados na literatura utilizando este método, como já
descritos no capítulo 2 deste trabalho.
A Figura 4.5 apresenta a isoterma de equilíbrio de adsorção
encontrada à 25ºC com a resina DIAION UBK 555.
64
q*
fru
= 0,71C
(a)
q*
gli
= 0,35Co
(b)
0
2
4
6
8
10
12
0 2 4 6 8 10 12 14
Co(g/l)
q (g/l)
Figura 4.5: Isoterma de equilíbrio de adsorção para misturas sintéticas binárias de
frutose (a) e glicose (b) na faixa de concentração de 0-15 g/L, com a
resina DIAION UBK 555.
Comparando-se estas isotermas pode-se observar que ambas
apresentaram um comportamento linear semelhante à Lei de Henry na faixa de
concentrações estudadas, como previsto por outros autores (RUTHVEN, 1986;
AZEVEDO e RODRIGUES, 2000). Percebeu-se que a resina possui uma maior
afinidade pela frutose que pela glicose, isto ocorre devido à estrutura destes
açúcares em meio aquoso, ser a frutose a que apresenta duas hidroxilas disponíveis
para formação de pontes hidrogênio com os íons negativos do SO
3
-
da resina,
enquanto que, a glicose apresenta apenas uma hidroxila disponível para a formação
de pontes de hidrogênio com os íons negativos do SO
3
-
da resina, ficando desta
maneira adsorvida em menor quantidade que a frutose. (SOLOMONS, 2001 ).
65
4.4.2. Por cromatografia frontal com soluções monocomponente
Com o intuito de averiguar o comportamento do equilíbrio de adsorção
dos açúcares (glicose e frutose) individualmente, realizaram-se novos experimentos
utilizando a técnica de cromatografia frontal nas concentrações de 2g/L; 3g/L; 4g/L;
5g/L e 6g/L para as resinas em estudo (ver Figuras 4.6, 4.7, 4.9 e 4.10).
Concentrações superiores não puderam ser testadas, pois ultrapassavam o limite
máximo de leitura do detector de índice de refração localizado a saída da coluna. As
capacidades de adsorção foram calculadas segundo procedimento descrito no item
3.2.6.3. Os resultados obtidos para as isotermas de equilíbrio estão ilustrados nas
mesmas figuras apresentando um comportamento linear. E a Figura 4.8 mostra um
estudo comparativo entre os resultados encontrados neste trabalho com os de
AZEVEDO e RODRIGUES (2001).
q* = 0,29Co
0
0,5
1
1,5
2
02468
Co (g/L)
q* (g/L)
Figura 4.6: Isoterma de equilíbrio de adsorção da glicose na resina DOWEX MTO
99Ca (vazão de 2,5 mL/min à 25°C) por cromatografia frontal.
66
q* = 0,63Co
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
0123456
Co (g/L)
q*(g/L)
Figura 4.7: Isoterma de equilíbrio de adsorção da frutose na resina DOWEX MTO
99Ca (vazão de 2,5 mL/min à 25°C) por cromatografia frontal.
Para o leito empacotado com a DOWEX MTO 99Ca, foi realizado um teste
comparativo entre a técnica da saturação utilizada por (AZEVEDO e RODRIGUES,
2001) à 30°C, com os resultados experimentais obtidos neste trabalho pela análise
frontal à 25ºC. A Figura 4.8 mostra as curvas obtidas.
q* = 0,63 C
fr
(a)
q* = 0,29C
g
(b)l
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
02468101214161820
C(g/L)
q*(g/L)
glicose à 25ºC
frutose à 25ºC
glicose à 30ºC(Azevedo
e Rodrigues,2001)
frutose à 30ºC(Azevedo
e Rodrigues,2001)
Linear (frutose à 25ºC)
Linear (glicose à 25ºC)
Figura 4.8: Isotermas de adsorção a frutose (a -) e glicose (b-z) à 25
o
C na
DOWEX MTO 99Ca, frutose (a -) e glicose (b-|) à 25
o
C na DOWEX
MTO 99Ca à 30°C (Azevedo e Rodrigues,2001).
67
Como se percebe ambas apresentaram um comportamento linear apesar
de estarem a temperaturas diferentes, obedecendo a Lei de Henry na faixa de
concentração estudada. Como já era de se esperar, com o aumento da temperatura
a capacidade adsortiva diminuiu, já que AZEVEDO e RODRIGUES trabalharam a
uma temperatura maior do que a reportada por este trabalho, e obtiveram como
resultados uma quantidade adsortiva menor para frutose (q* = 0,51C
fru
).
As Figuras 4.9 e 4.10 ilustram as isotermas obtidas com a resina DIAION
UBK 555 na temperatura de 25ºC.
q* = 0,73Co
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
02468
Co(g/L)
q* (g/L)
Figura 4.9: Isoterma de equilíbrio de adsorção da frutose na resina DIAION UBK
555 (vazão de 2,5 mL/min à 25°C) por cromatografia frontal.
68
q* = 0,38Co
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
01234567
Co (g/L)
q* (g/L)
Figura 4.10: Isoterma de equilíbrio de adsorção da glicose na resina DIAION UBK
555 (vazão de 2,5 mL/min à 25°C) por cromatografia frontal.
Para este caso também se observou que ambas apresentaram um
comportamento linear. Para temperaturas mais altas, este experimento não pôde ser
realizado, devido ultrapassar o limite de leitura do detector que se encontrava a
saída da coluna “on line”.
A Figura 4.11 ilustra um estudo comparativo entre as isotermas de
equilíbrio de adsorção obtidas com misturas sintéticas monocomponentes (método:
frontal – na faixa de concentração de 0-6 g/L) com as binárias (método: saturação –
na faixa de concentração de 0-15 g/L) de glicose e frutose na resina DIAION UBK
555.
69
q* = 0,73Cfrutfrontal
q* = 0,35Cglusatur.
q* = 0,71Cfrutsatur.
q* = 0,38Cglufrontal
0
2
4
6
8
10
12
0 2 4 6 8 1012141618
C(g/L)
q*(g/L)
frutose-frontal
glicose-frontal
frutose-saturão
glicose-saturão
frontal(fructose)
frontal(glucose)
saturão(fructose)
saturão(glucose)
Figura 4.11: Isotermas de equilíbrio de adsorção para misturas sintéticas
monocomponente (frontal – na faixa de concentração de 0-6g/L) na e
binárias (saturação - na faixa de concentração de 0-15 g/L) de glicose e
frutose com a resina DIAION UBK 555.
Apesar de terem sido obtidas por dois métodos diferentes, observou-se
que ambas apresentaram um comportamento linear também obedecendo a Lei de
Henry na faixa de concentração estudadas, e independentes. Os valores das
capacidades adsortivas para cada açúcar são bem aproximados, o que nos leva a
crer que os açúcares não disputam entre si os sítios adsortivos da resina.
4.5 DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DE TRANSFERÊNCIA DE MASSA
Através do modelo proposto no Capítulo 3, na seção 3.6 e utilizando-se
de uma rotina do software gProms, foi estimado o valor do k
p
(coeficiente de
transferência de massa) por ajuste dos dados experimentais das curvas de
breakthrough monocomponentes às curvas simuladas. Os valores estimados estão
na Tabela 4.4.
A Figura 4.12 a 4.15 mostram as curvas obtidas para a frutose e
glicose na resina DOWEX MTO 99Ca e DIAION UBK 555 com concentração do
70
açúcar na alimentação variando entre 2g/L e 6g/L. Utilizaram-se os valores das
constantes da Tabela 4.5.
Tabela 4.4.: Parâmetros estimados utilizando do software-gPROMS.
RESINA AÇÚCAR k
p
(min
-1
)
Glicose 1,34
DOWEX
Frutose 0,83
Glicose 1,40
DIAION
Frutose 0,83
Em cada uma das figuras, os pontos foram obtidos experimentalmente a
partir do sinal do detector I.R. posicionado à saída da coluna. As curvas foram
obtidas por simulação utilizando como dados de entrada os parâmetros mostrados
na Tabela 4.5.
Tabela 4.5: Parâmetros de Entrada para a simulação (software-gPROMS) para
curvas monocomponentes e “breakthrough”.
LEITO- DOWEX LEITO- DIAION
PARAMETROS
Glicose Frutose Glicose Frutose
D
ax
(cm
2
/min) 0,05* / 0,08** 0,08* / 0,14**
ε
0,40 0,40
K 0,29 0,63 0,38 0,73
L (cm) 15,7 21,7
A (cm
2
) 4,9 1,8
V
morto
(mL) 12,30* / 0,21** 10,87* / 0,21**
Q (cm
3
/min.) 1,5* / 2,5**
* Condição experimental 1 – método da saturação e vazão de trabalho de 1,5 mL/min
** Condição experimental 2 – método frontal e vazão de trabalho de 2,5 mL/min
71
0 3 6 9 12151821242730333639
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
C/Co
Tempo(min)
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
C/Co
Tempo (min)
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
C/Co
Tempo (min)
Figura 4.12: Curvas de “breakthrough” monocomponente para a frutose na resina
DOWEX MTO 99Ca nas concentrações de alimentação 2g/L(a),
5g/L(b) e 6g/L(c).
(
a
)
(
b
)
(
c
)
72
0 5 10 15 20 25 30 35 40
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
C/Co
Tempo(min)
0 5 10 15 20 25 30 35
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
C/Co
Tempo(min)
0 5 10 15 20 25 30 35 40
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
C/Co
Tempo(min)
Figura 4.13: Curvas de “breakthrough” monocomponente para a glicose na resina
DOWEX MTO 99Ca nas concentrações de alimentação 2g/L(a), 5g/L(b)
e 6g/L(c).
(
a
)
(
b
)
(
c
)
73
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
C/Co
Tempo(min)
0 5 10 15 20 25 30 35 40
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
C/Co
Tempo(min)
0 5 10 15 20 25 30 35 40
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
C/Co
Tempo (min)
Figura 4.14: Curvas de “breakthrough” monocomponente para a frutose na resina
DIAION UBK 555 nas concentrações de alimentação 3g/L(a), 4g/L(b) e
5g/L(c).
(
a
)
(
b
)
(
c
)
74
0 5 10 15 20 25 30 35 40
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
C/Co
Tempo(min)
0 5 10 15 20 25 30 35
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
C/Co
Tempo(min)
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
C/Co
Tempo(min)
Figura 4.15: Curvas de “breakthrough” monocomponente para a glicose na resina
DIAION UBK 555 nas concentrações de alimentação 4g/L(a), 5g/L(b) e
6g/L(c).
(
a
)
(
b
)
(
c
)
75
Para cada conjunto de experimentos realizados para uma mesma resina e
um mesmo açúcar, o software gPROMS otimizou um único valor de k
p
. Este valor
representa, portanto, um valor médio obtido a partir de 4 ou 5 experimentos partindo
de concentrações de alimentação distintas na faixa de 2g/L a 6g/L.
4.6. “BREAKTHROUGHS” DE MISTURAS
Nesta seção apresentam-se as curvas teóricas para breakthroughs de
misturas binárias de açúcares alimentadas às colunas recheadas com as duas
resinas estudadas. As curvas foram simuladas com o software gProms, segundo o
modelo apresentado na seção 3.6 do Capítulo 3. Os parâmetros de entrada do
modelo para os experimentos com soluções sintéticas binárias (glicose e frutose)
são mostrados na Tabela 4.5.
As Figuras 4.16 a 4.17 mostram as curvas de breakthrough
experimentais das soluções sintéticas binárias e dos sucos de caju bruto/purificado
comparadas com as curvas teóricas (simulações) obtidas utilizando parâmetros de
entrada resumidos na Tabela 4.5 à temperatura de 25ºC.
76
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
C/Co
Tempo (min)
dados glic
dados fru
simulado glic
simulado fru
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
C/Co
Tempo (min)
dados gli
dados fru
simulado gli
simulado fru
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
C/Co
Tempo (min)
dados gli
dados fru
simulado gli
simulado fru
Figura 4.16: Curvas de “breakthrough” de frutose e glicose na resina DOWEX MTO
99Ca nas concentrações de alimentação de frutose 10g/L e glicose
10g/L (a); frutose 20g/L e glicose 20g/L(b); frutose 40g/L e glicose
40g/L (c), na condição experimental 1.
(
a
)
(
b
)
(
c
)
77
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
C/Co
Tempo (min)
dados gli
dados fru
simulado gli
simulado fru
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
C/Co
Tempo(min)
dado gli
dado fru
simulado gli
simulado fru
Figura 4.17: Curvas de “breakthrough” de frutose e glicose na resina DIAION UBK
555 nas concentrações de alimentação de frutose 10g/L e glicose
10g/L (a); frutose 40g/L e glicose 40g/L (b), na condição experimental
1.
Observou-se que a concordância entre as curvas simuladas e os
pontos experimentais foi razoavelmente satisfatória. Houve certa dispersão dos
pontos experimentais, que pode ter ocorrido devido o V
morto
= 12,30 mL para o leito
com a resina DOWEX MTO 99Ca e para a DIAION UBK 555 V
morto
= 10,9 mL. Tal
volume corresponde a cerca de 40% do volume da coluna Dowex, por exemplo, o
(
b
)
(
a
)
78
que é demasiado se comparado com o V
morto
= 0,21mL das corridas
monocomponentes.
O suco de caju clarificado bruto e purificado foi utilizado como
alimentação das colunas recheadas com a resina DOWEX MTO 99Ca e DIAION
UBK 555. As curvas de breakthrough obtidas estão mostradas nas Figuras 4.18 e
4.19.
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
C/Co
Tempo (min)
dados gli
dados fru
simulado glu
simulado fru
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
C/Co
Tempo(min)
dados gli
dados fru
simulado gli
simulado fru
Figura 4.18: Curvas de “breakthrough” do suco de caju clarificado bruto
(Embrapa/CNPAT) (a) na condição experimental 1 e suco de caju
clarificado purificado e na resina DOWEX MTO 99Ca (b) na condição
experimental 2.
(
a
)
(
b
)
79
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
C/Co
Tempo(min)
dados gli
dados fru
simulado glu
simulado fru
0 5 10 15 20 25
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
C/Co
Tempo(min)
dados gli
dados fru
Simulado glu
simulado fru
Figura 4.19: Curvas de “breakthrough” do suco de caju clarificado bruto
(Embrapa/CNPAT) (a) na condição experimental 1 e suco de caju
clarificado purificado (b) na resina DIAION UBK 555 na condição
experimental 2.
Para o suco de caju clarificado bruto em ambas as resinas, foi notório
que os ajustes dos pontos experimentais com os simulados não foram satisfatórios,
de modo semelhante ao que foi reportado na literatura para o suco integral
(AZEVEDO e RODRIGUES, 2005). Já para o suco de caju clarificado purificado,
(a)
(b)
80
observou-se um ajuste ligeiramente melhor entre os pontos experimentais com os
simulados. Isto provavelmente aconteceu devido à eficácia do pré-tratamento
executado ficando este isento de algumas substâncias que poderiam interferir na
adsorção dos açúcares.
Uma outra observação feita neste trabalho diz respeito à capacidade
adsortiva dos leitos após o contato com o suco de caju, em especial no caso da
resina DIAION UBK 555. A Figura 4.20 (a) mostra uma curva de breakthrough
experimental para uma mistura sintética glicose/frutose. As curvas representam
simulações segundo a condição experimental 2, resumidas na Tabela 4.5. A
capacidade de adsorção em ambos os açúcares foi perceptivelmente reduzida. Isto
deve ter ocorrido devido à resina já ter entrado em contato com os sucos clarificado
bruto/purificado, sendo que este provavelmente deixou depositado algum resíduo,
dificultando com isso a adsorção dos açúcares. Para a resina DOWEX MTO 99Ca
nada pôde ser observado; mesmo em contato com os sucos, a capacidade do leito
permaneceu a mesma, o que pode ser verificado na Figura 4.20 (b). Isto nos leva a
crer que o leito DIAION UBK 555 é mais susceptível à contaminação de compostos
que adsorvam irreversivelmente e deteriorem sua capacidade de retenção de
açúcares.
81
0 5 10 15 20 25
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
C/Co
Tempo(min)
dados gli
dados fru
simulado gli
simulado fru
0 5 10 15 20 25 30 35
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
C/Co
Tempo (min)
dados gli
dados fru
simulado gli
simulado fru
Figura 4.20: Curvas de “breakthrough” de misturas sintética à 10g/L após contato
com os sucos na resina DIAION UBK 555 (a), e na resina DOWEX
MTO 99Ca (b), na condição experimental 2.
Para verificar se os leitos retiveram algum componente dos sucos
clarificados, os mesmos foram inicialmente lavados com água ultra-pura
(deionizada). Em seguida, foram lixiviados com soda (NaOH à 0,5M), segundo
procedimento descrito no Apêndice D. A solução básica eluída da coluna foi
neutralizada e analisada por CLAE. Detectou-se uma substância com tempo de
retenção inferior aos dos açúcares em estudo (frutose e glicose). A análise de
taninos nada detectou nos lixiviados das duas colunas. Estas evidências nos levam
a crer que provavelmente adsorveu nas resinas um sacarídeo de peso molecular
superior aos monossacarídeos frutose e glicose.
(a)
(b)
82
CAPÍTULO 5
CONCLUSÕES E SUGESTÕES
PARA TRABALHOS FUTUROS
83
5.1. Conclusões
Na caracterização dos sucos clarificados (bruto e purificado), as
concentrações obtidas foram de 43,28g/L glicose e 37,46g/L frutose para o
bruto, enquanto que para o purificado foram de 38,49g/L glicose e 34,88g/L
para frutose, o que evidencia uma redução de cerca de 10% no teor de
açúcares com o procedimento.
Após a etapa de purificação do suco de caju clarificado observou-se que
houve uma redução significativa dos parâmetros de cor e turbidez em relação
ao suco de caju clarificado bruto, confirmando o que já era previsto pela
literatura (MILCH et al, 1995).
Quanto à caracterização hidrodinâmica dos leitos, obtiveram-se os seguintes
valores: ε 0,40; ε
T
= 0,71 para DOWEX MTO 99Ca e para a DIAION UBK
555 os valores encontrados foram de ε 0,40; ε
T
= 0,79.
Os valores experimentais encontrados para a dispersão axial foram
excessivamente altos, levando a crer que o método também levou em conta a
dispersão nos volumes extra-coluna, tais como tubulações e a própria célula
do detector UV-Vis. Os valores adotados para D
ax
foram obtidos por
correlação (Pe
r
0,5).
Os experimentos de análise frontal (método saturação), com as soluções
binárias na resina DIAION UBK 555 mostraram que as isotermas de adsorção
tiveram comportamento linear na faixa de concentrações estudadas e os
valores encontrados foram de q
g
*
= 0,35C e q
f
*
= 0,71C.
Os experimentos da análise frontal com as soluções monocomponentes
também apresentaram comportamento linear q
g
*
= 0,29C e q
f
*
= 0,63C, para
DOWEX MTO 99Ca, enquanto que para a DIAION UBK 555 os valores
encontrados foram de q
g
*
=0,38C e q
f
*
= 0,73C. Para a DIAION UBK 555, o
resultado concorda com aquele encontrado pelo método da saturação. Neste
experimento pôde-se confirmar os valores encontrados para a DOWEX MTO
84
99Ca por AZEVEDO (2001). Como este autor utilizou-se da técnica da
saturação com soluções binárias, concluiu-se que os açúcares (glicose e
frutose) não disputam entre si os sítios de adsorção e têm isotermas lineares
até a faixa de concentração do suco de caju (40g/L).
Os resultados das isotermas de adsorção para altas (0-40g/L) e baixas
concentrações (0-6g/L) apresentaram comportamento linear em ambas as
resinas, com seletividade pela frutose de 2,2 para a DOWEX MTO 99Ca e 1,5
para DIAION UBK 555.
A maior seletividade pela frutose apresentada pela resina DOWEX MTO 99Ca
leva a crer que a resina DIAION UBK 555 não apresenta nenhuma vantagem
frente a DOWEX MTO 99Ca. Apesar de ter um diâmetro de poro menor
(dp160
µm), ou seja metade do diâmetro da DOWEX MTO 99Ca
(dp=320µm) não mostrou possuir melhores características de dispersão nem
de transferência de massa. Pelo contrário mostrou características menos
favoráveis em relação a estes parâmetros.
O modelo de adsorção do leito proposto implementado pelo software
gPROMS foi utilizado com sucesso para a estimativa do coeficiente de
transferência de massa interna k
p
, obtendo-se para a glicose k
p
=1,34 min
-1
e
para frutose k
p
= 0,83 min
-1
na resina DOWEX MTO 99Ca, enquanto que,
para a resina DIAION UBK 555, os valores encontrados foram: para glicose k
p
=1,40 min
-1
e para frutose k
p
= 0,83 min
-1
.
O modelo foi capaz de prever razoavelmente bem as curvas de breakthrough
de misturas binárias e de suco clarificado purificado (no caso DOWEX MTO
99Ca) utilizando parâmetros medidos em experimentos independentes ou
com soluções sintéticas monocomponentes.
O suco de caju clarificado bruto apresentou um comportamento de
ultrapassagem da concentração de alimentação na curva de breakthrough,
comportamento semelhante ao que já foi observado para o suco integral por
85
AZEVEDO e RODRIGUES (2005). Este comportamento pode ter sido devido
à presença de outras substâncias ainda por identificar no suco de caju
clarificado, provavelmente oligossacarídeos.
86
5.2. Sugestões para trabalhos futuros
Determinar parâmetros cinéticos e de equilíbrio de adsorção dos açúcares
frutose e glicose em misturas sintéticas e no suco de caju clarificado bruto e
purificado a outras temperaturas (por exemplo: 40°C e 60°C) e concentrações
mais elevadas (por exemplo: > 40g/L) utilizando as mesmas resinas (DOWEX
MTO 99Ca / DIAION UBK 555);
Caracterizar o mel de caju e os xaropes de caju em termos de composição de
açúcares, cor, odor e condutividade, para que estes possam ser utilizados
como alimentação do leito fixo sob diferentes diluições;
Aperfeiçoar o modelo já implementado por este trabalho, utilizando gPROMS,
e validá-lo com novos dados experimentais ou os aqui obtidos. Sugere-se
incluir uma resistência externa à transferência de massa;
Realizar um estudo mais aprofundado quanto à eluição da regeneração das
resinas, buscando identificar que substância(s) pode(m) estar deteriorando
sua capacidade de retenção de açúcares;
Estudar os ciclos de separação cromatográfica em leito móvel simulado
utilizando o suco de caju clarificado purificado e concentrado, tendo em vista a
minimização do consumo de solvente e a maximização de pureza e
recuperação dos produtos.
87
CAPÍTULO 6
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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95
APÊNDICES
96
APÊNDICE A.1: Caracterização hidrodinâmica dos leitos (DOWEX / DIAION)
Vazão
(mL/min)
Mo
1
(t
R
)
(acetona)
(min)
ε
T
*
Mo
1
(t
R
)
(dext.)
(min)
ε
ε
p
Mo
2
(dext.)
(min.)
2
D
ax
(cm
2
/min)
1,0
54,2322
0,70
30,7800
0,40
0,50
434,330
0,594
1,5
37,0967
0,72
20,5511
0,40
0,53
210,424
0,923
1,75
30,3241
0,68
17,5888
0,40
0,46
153,502
1,176
D
O
W
E
X
2,0
26,8998
0,69
15,4823
0,40
0,48
105,010
1,167
1,0
29,7125
0,77
14,7214
0,38
0,63
92,308
1,620
1,5
20,1562
0,78
9,9470
0,38
0,65
43,585
2,489
1,75
17,8336
0,81
8,4094
0,39
0,68
40,492
3,454
D
I
A
I
O
N
2,0
15,4064
0,80
7,3582
0,38
0,67
29,192
3,805
97
APÊNDICE A.2: Cromatogramas obtidos com os traçadores (azul dextrana e
acetona) utilizados para a caracterização de cada leito.
(a) Porosidade do Leito– Azul Dextrana - DOWEX (vazão 2,0 mL/min);
(b) Porosidade do Leito– Azul Dextrana - DIAION (vazão 2,0 mL/min);
(c) Porosidade Total – Acetona (20%)- DOWEX (vazão 2,0 mL/min);
(d) Porosidade Total – Acetona (20%)- DIAION (vazão 2,0 mL/min).
0 5 10 15 20
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
(a)
C(mV)
Tempo (min)
Conc.mV
024681012
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
(b)
C(mV)
Tempo (min)
Conc.mV
98
15 20 25 30 35 40 45 50
0,000
0,002
0,004
0,006
0,008
0,010
0,012
(c)
C(mV)
Tempo (min)
Conc.mV
0 5 10 15 20 25
0,000
0,002
0,004
0,006
0,008
0,010
0,012
0,014
0,016
0,018
(d)
C(mV)
Tempo (min)
Conc.mV
99
APÊNDICE B.1: Curvas de calibração dos padrões de glicose (a) e frutose (b).
0 50000 100000 150000 200000 250000
0
10
20
30
40
50
60
(a)
Concentração (g/L)
Área
0 50000 100000 150000 200000 250000 300000
0
10
20
30
40
50
60
(b)
Concentração (g/L)
Área
100
APÊNDICE B.2: Cromatogramas dos padrões (a) suco de caju clarificado bruto (b) /
purificado (c).
MV
0,00
2,00
4,00
6,00
Minutes
1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 8,00 9,00 10,00 11,00 12,00 13,00 14,00 15,00 16,00 17,00 18,0
0
MV
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
Minutes
1,00 2,00 3,00 4,0 0 5,00 6, 00 7,0 0 8,00 9,00 10,00 11,00 12,00 13,00 14 ,00 15 , 00 16 ,00 17,00 18,00
1,067
2,100
3,233
5,217
9,357
11,089
11,889
13,580
15,183
16,480
MV
0,00
5,00
10,00
15,00
Minutes
1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6, 00 7,00 8,00 9, 00 10,00 11,00 12,00 13,00 14,00 15,00 16, 00 17,00 18,0
0
0,167
9,428
10,721
11,883
13,582
15,183
16,449
101
APÊNDICE C: Modelo do Leito fixo na forma interpretada pelo gPROMS:
PARAMETER
# Parâmetros do Leito Fixo
L AS REAL # Tamanho do Leito [cm]
u AS REAL # Velocidade de escoamento [cm/s]
F AS REAL # Vazao de Alimentação [cm³/min]
D AS REAL # Diâmetro da Coluna [cm]
A AS REAL # Área ST [cm²]
epsilonE AS REAL # Porosidade do Leito
cef AS REAL # Concentração na Alimentação
K AS REAL # Constante de equilíbrio
Dax AS REAL
Nessa primeira seção todos os parâmetros que serão utilizados nas
equações presentes são definidos dentro do domínio dos números reais.
DISTRIBUTION_DOMAIN
Axial AS (0 : L) # Distribuição Admensional
É importante que se faça a definição do domínio da distribuição pelo fato
de que o sistema deverá apresentar variáveis distribuídas ao longo de sua
dimensão.
VARIABLE
C AS DISTRIBUTION (Axial) OF Concentration
Q AS DISTRIBUTION (Axial) OF Concentration
# Dax AS NoType
k
p
AS NoType
#K AS NoType
# alpha AS NoType
# PE AS NoType
Cs AS NoType
102
A seguir, identificam-se as variáveis que irão se distribuir ao longo do eixo
axial. Essas variáveis são do tipo concentração, e representam respectivamente a
concentração na fase fluida e a concentração dentro da partícula ao longo do eixo
axial.
BOUNDARY
# Condição de Entrada
C(0)= (Dax*epsilonE/u)*PARTIAL(C(0), Axial) + 1;
# Condição de Saída
PARTIAL(C(L), Axial)= 0;
Nesta outra seção, as condições de contorno sugeridas são inseridas.
EQUATION
FOR z := 0|+ TO L|- DO
# Balanço para a fase fluida
EpsilonE * $C(z) + ((1-epsilonE)/(cef)) * $Q(z) =
EpsilonE *(Dax) * PARTIAL(C(z), Axial, Axial) - u*PARTIAL(C(z), Axial);
END
FOR z := 0 TO L DO
# Balanço para a partícula
$Q(z) = Kp * (K * C(z)*cef - Q(z));
END
# alpha=L*Kp/u;
# PE=L*u/(Dax);
Cs=C(L);
Aqui foram inseridas as equações propostas para os balanços de massa,
sendo assim, pode-se verificar que as notações dos intervalos, que para não
causarem problema de “superespecificação” dentro do mesmo domínio, são
diferenciadas indicando os limites de aplicação de cada equação. Este mesmo
cuidado também é tomado na definição das condições iniciais do sistema.
103
APÊNDICE D: Regeneração dos leitos
Com o objetivo de conhecer que outra espécie química tinha se adsorvido
de forma irreversível nas resinas fazendo com que as mesmas já não tivessem o
mesmo desempenho do inicio, foi realizado um experimento para tentar regenerá-
las, lavando-as com uma solução de NaOH à 0,5M sob uma vazão de 2,5 mL/min.
Utilizou-se 500mL desta solução para lavar o leito da DOWEX e cerca de 300mL
para o da DIAION. Neste instante houve a troca dos cátions Ca
2+
por Na
+
e a
dissolução (desprendimento) de algum material orgânico que poderia estar
acumulado nas resinas.
A seguir uma amostra de cada eluído foi coletada e neutralizada com uma
solução de HCl à 1,0M até atingir pH 7,0, sendo esta injetada numa coluna para
análise cromatográfica (CLAE). As condições analíticas foram as mesmas utilizadas
para a determinação de açúcares, descritas no Capítulo 3.
A Figura D.1 mostra o cromatograma obtido da lavagem com NaOH
comparado com o suco de caju clarificado bruto.
02468101214161820
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
(C.1)
Regeneração DIAION
Regeneração DOWEX
Suco de caju clarificado bruto
Tempo(min)
Sinal do detector IR (mV)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
Sinal do detector IR (mV)
Figura D.1.: Cromatograma dos lixiviados das colunas DOWEX e DIAION
comparados com o do suco de caju clarificado bruto.
O pico em torno de 10 minutos encontrado em ambas eluições, também
foi identificado nos trabalhos de AZEVEDO e RODRIGUES (2000,2001 e 2005), mas
estes pesquisadores sugerem que o mesmo deva ser de polifenóis ou de carotenos.
Baseado nestas hipóteses resolveu-se realizar uma análise para a determinação de
104
pelo menos uma destas hipóteses, a determinação de polifenóis (taninos pelo
método de Folin-Denis - descrito no Capítulo 3) uma vez que se sabe que com o
processo de clarificação estes não são totalmente removidos. Os resultados estão
ilustrados na Tabela D.1.
Tabela D.1.: Resultados das análises de polifenóis realizados nos lixiviados das
resinas DOWEX e DIAION.
ANÁLISE AMOSTRA(S) RESULTADOS
DIAION (triplicatas)
Não detectado em 5g
TANINOS:FOLIN-DENIS
DOWEX (triplicatas)
Não detectado em 5g
Como a ausência de polifenois foi comprovada nesta análise, recomenda-
se que uma outra mais apurada para poder se identificar que substância(s)
poderia(m) estar prejudicando a “performance” das resinas, talvez uma análise para
determinação de oligossacarídeos seria uma boa alternativa.
Para que a resina retorne as condições iniciais, ou seja, na forma Ca
2+
, as
mesmas deverão ser lavadas abundantemente com água deionizada (±1,5 Litros)
sendo a seguir restaurado a sua forma iônica (Ca
2+
) com 500mL de solução de
CaCl
2
à 1,0M para a DOWEX MTO 99Ca e cerca de 300mL para DIAION UBK 555 ,
com vazão de 2,5mL/min.
105
APÊNDICE E: Produção Intelectual da Dissertação
1. “Batch Preparative Chromatography Applied to the Separation of Sugars
from Cashew Apple Juice,”.D.A.Luz, C. V. Gonçalves, A.K.O. Rodrigues, G.
Memória, F. R. C. Silva, C. L. Cavalcante Jr. e D. C. S. Azevedo, Trabalho
apresentado na Reunião Anual do American Institute of Chemical Engineers
(AIChE), realizado em novembro de 2005 na cidade de Cincinnati, E.U.A.
2. “Utilização de um resíduo agro-industrial para a obtenção de frutose e
glicose por adsorção” D.A.Luz, A.K.O. Rodrigues, A.J. N. Silva, F. R. C.
Silva, C. V. Gonçalves,C. L. Cavalcante Jr. e D. C. S. Azevedo, Trabalho
apresentado no CYTED – Curso-Taller sobre “Adsorventes para Proteção
Ambiental” realizado em dezembro de 2005 na cidade de Fortaleza (CE),
Brasil.
3. “Desenvolvimento de Processos de Adsorção Visando a Agregação de
Valor ao Suco de Caju (Anacardium Occidentale, L.)” D.A.Luz, A.K.O.
Rodrigues, F. R. C. Silva, C. V. Gonçalves, A.E.Belo C. L. Cavalcante Jr. e D.
C. S. Azevedo, Trabalho aceito para apresentação no XVI Congresso
Brasileiro de Engenharia Química .(COBEQ) realizado em setembro de 2006,
na cidade de Santos (SP), Brasil.
4.Adsorptive Separation of Fructose and Glucose from an Agroindustrial
Waste of Cashew Industry” D.A.Luz, A.K.O. Rodrigues, F. R. C. Silva, E.S.
Brito, A.E.Belo, C. L. Cavalcante Jr. e D. C. S. Azevedo, Manuscrito
submetido ao periódico Bioresource Technology (em avaliação).
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