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qualquer situação, pior ou melhor, haverá o
interesse na mencionada replicabilidade, que
nos conduz a uma importante questão
metodológica: podem os resultados do estudo
de caso ser generalizados? Não sendo o caso
um tipo médio ou equivalente, a generalização
é muito limitada. Uma das alternativas pode ser
a exploração aprofundada da realidade através
do estudo de caso, visando melhor conhecer
suas intimi-dades e desdobramentos e assim ter
uma base para pesquisas realizadas segundo
outras metodologias, como o survey.
Outra alternativa é a "generalização natura-
lística", com base no conhecimento experi-
encial do usuário da pesquisa, "no momento em
que este tenta associar dados encontrados no
estudo com dados que são frutos das suas
experiências pessoais" (Lüdke e André, 1986,
p.19). Em lugar da representatividade do caso,
na generalização naturalística o usuário da
pesquisa indaga o que ele pode aplicar ou não
daquele caso em sua situação. Se alguém lê um
estudo de caso sobre uma experiência de
administração educacional, poderá concluir que
elementos bem ou malsucedidos daquela
experiência se confirmam ou não em sua
prática.
O estudo de caso trata a escola como um todo e
considera a escolarização como uma atividade
complexa e dinâmica dentro de uma situação
concreta e historicamente em mudança, o que é
significativo para o senso comum e a
experiência diária de educadores que trabalham
na área. A literatura de estudos de caso é
reforçada pela evidência cumulativa de
pesquisas descritivas, experimentais e de
avaliação do ensino. Nenhum estudo, no
entanto, oferece soluções rápidas ou receitas
definitivas para o sucesso imediato. Ao
contrário, se há uma saída na direção de um
renovado sentido de eficácia das escolas, ela
não é encontrada em uma fórmula particular,
mas no consenso de que líderes educacionais
ati-
vos e engajados podem, na verdade, fazer algo
pelas condições que levem ao sucesso das
escolas (Mackenzie, 1983).
O estudo de caso não é, portanto, uma moldura
rígida, mas uma visão de realidades possíveis
que podem ser úteis às particularidades únicas
de outras escolas. A escolarização é um
processo complexo, contínuo, multifacetado e
que está sempre condicionado pela história e
circunstâncias de sua evolução.
Conseqüentemente, não se pode considerar um
elemento da efetividade de uma escola
isoladamente dos outros, ou da situação total
em que ela se encontra. Os princípios da
eficácia podem ser consistentes, mas cada
escola precisa implementá-los de maneira
única: quando as escolas são examinadas in
vivo, o que emerge não é uma listagem de
ingredientes específicos, mas uma "síndrome"
ou "cultura" de expectativas e atividades que se
reforçam mutuamente (Purkey e Smith, 1982).
Uma vez que processos de mudança são mais
adequadamente observados e registrados
através de uma metodologia qualita-tivo-
etnográfica (Spindler, 1977), propõe-se, aqui, a
investigação das diversas experiências
inovadoras identificadas no Brasil através de
estudos de caso aliados a uma metodologia
socioantropológica.
Nesta perspectiva, os dados podem ser le-
vantados através de observação, de entrevistas,
de documentação oral, de questionários e de
análise de documentos. Em cada caso, a
pesquisa pode ser mais "molar" ou mais
"molecular". Na abordagem molar, as unidades
de estudo são totalidades de amplitude maior,
enquanto que na molecular são estudadas
unidades menores. A unidade de análise é, em
primeira instância, a entidade educacional
(normalmente a escola) que constitui o locus
do experimento. A medida que forem
identificadas as categorias e as variáveis a
serem focalizadas, a tendência será de adotar
metodologias moleculares ou