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ESTUDO SOCIOAMBIENTAL DOS NAUFRÁGIOS DA PLATAFORMA
CONTINENTAL DE PERNAMBUCO – BRASIL:
Contribuição para a Formulação de Políticas Ambientais e Manejo de Recifes
Artificiais Marinhos na Costa do Estado de Pernambuco.
Douglas Henrique Cavalcanti dos Santos
Recife
2006
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
Centro de Filosofia e Ciências Humanas
Departamento de Geografia
Mestrado em Gestão e Políticas Ambientais
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Douglas Henrique Cavalcanti dos Santos
ESTUDO SOCIOAMBIENTAL DOS NAUFRÁGIOS DA PLATAFORMA
CONTINENTAL DE PERNAMBUCO – BRASIL:
Contribuição para a Formulação de Políticas Ambientais e Manejo de Recifes
Artificiais Marinhos na Costa do Estado de Pernambuco.
Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de
Mestrado em Gestão e Políticas Ambientais da
Universidade Federal de Pernambuco como parte do
requisito parcial para obtenção do título de Mestre em
Ciências Ambientais.
Orientador: Prof. Dr. José Zanon de Oliveira Passavante
Co-orientadora: Prof
a
. Dra. Maria da Glória Gonçalves
Silva Cunha
Recife
2006
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SANTOS, Douglas Henrique Cavalcanti dos
Estudo Socioambiental dos Naufrágios da
Plataforma Continental de Pernambuco – Brasil:
Contribuição para a Formulação de Políticas
Ambientais e Mane
j
o de Recifes Artificiais
Marinhos na Costa do Estado de
Pernambuco./Douglas Henrique Cavalcanti dos
Santos. – Recife: O Autor, 2006.
152 folhas: il., fig., fotos, tab.
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal
de Pernambuco. CFCH. Gestão Ambiental, 2006.
Inclui bibliografia e apêndices.
Capa: Foto Ary Amarante, Servemar-X.
1. Naufrá
g
ios. 2. Recifes Artificiais. 3. Gestão
Ambiental. 4. Turismo. 5. Pesca. 6. Fitoplâncton.
Título.
Ao Estado de Pernambuco
AGRADECIMENTOS
Este trabalho representa o esforço do curso de Mestrado em Gestão e Políticas
Ambientais, da UFPE, que ao longo de sua existência lutou para firmar parcerias,
promover o debate sobre o meio ambiente local e, sobretudo, disseminar o
conhecimento, recurso mais importante na sustentação do desenvolvimento. O
agradecimento deve ser registrado para todos os que fizeram por onde concretizá-lo,
desde o corpo docente e discente, até a equipe de trabalho que mantém a estrutura de
funcionamento do Mestrado. Em especial, para esta Dissertação, quero registrar meu
agradecimento à equipe do Centro de Mergulho Projeto Mar, não só por terem dado todo
o apoio logístico para a realização do estudo ambiental, mas também por ter sido a
precursora dos projetos de criação de recifes artificiais, em Recife, com muito esforço
e quase sempre remando contra a maré. Embora seja difícil apontar todas as pessoas
que colaboraram para essa realização, outro sim, provavelmente, o número de páginas de
agradecimento superaria o dos capítulos da dissertação, faço questão de relacionar,
abaixo, as pessoas que colaboraram na elaboração deste trabalho acadêmico.
Primeiramente, aos meus pais Maria dos Prazeres C. dos Santos e Paulo Fernando dos
Santos, certamente, a melhor coisa que tenho na vida.
Ao meu orientador Professor Dr. José Zanon de Oliveira Passavante que acreditou em
mim desde início, e a minha co-orientadora Drª Maria da Glória Gonçalves da Silva
Cunha, fiel torcedora do meu sucesso;
Igualmente a minha eterna orientadora Drª Goretti Sônia da Silva que me guiou nos
primeiros passos nas ciências ambientais, pela Universidade Católica de Pernambuco;
A Professora Drª Maria Luise Koening e ao Professor Dr. Fernando Antônio do
Nascimento Feitosa, por terem me recebido de braços abertos no Lab. Fito;
Ao Professor Dr. Múcio Banja Fernandes pela grande força nos mergulhos e sempre
disposto a ajudar e contribuir quando o assunto é recifes artificiais;
A doutoranda Marilene Felipe Santiago por toda ajuda na análise dos dados; e ao
mestrando Leandro Cabanez Ferreira pelas valiosas contribuições;
As Professoras Drª Maria do Carmo Sobral e Marlene Maria da Silva, coordenadoras do
MGPA, e a Solange de Paula, secretária do Curso;
Ao Professor Marcos Honorato da Silva, sempre disposto a nos ensinar algo novo;
Ao Engenheiro de Pesca Felipe Correia de Carvalho, irmão de fé, e mentor nas ciências
do mar;
Ao Professor Paulo Guilherme de Oliveira, que muito me ajudou a traçar esse caminho;
Aos amigos de Laboratório Diógenes César Pessoa, Felipe Cunha Amâncio, Débora F.
Soares, Zinaldo Ferreira dos Santos, Rafaela Brasil.
A engenheira de pesca Catarina Wor pelo auxílio na coleta dos dados climatológicos;
A Wilson Son´s em nome da pessoa de José Mário Lobo, grande incentivador dos
projetos de criação de recifes artificiais no Estado;
Ao amigo Michel Russi, da Aicá Diving, que abriu as portas para a realização deste
trabalho, incentivou, e sempre lutou pela proteção dos recifes em Ipojuca;
Agradecimento especial a Joel Calado, Luiz Antônio e ao comandante Gil do Centro de
Mergulho Projeto Mar;
“Deus não escolhe capacitados, mas capacita
seus escolhidos”.
Albert Einstein
“O que importa não é a vitória, mas o
esforço, não é o talento, mas a vontade, não
é quem você é, mas quem você quer ser”.
William Douglas
RESUMO
Devido ao grande número de embarcações afundadas em sua costa, a cidade do Recife,
Pernambuco, é também conhecida, nacionalmente, como a “Capital dos Naufrágios. A partir
do momento em que essas estruturas se assentam no fundo marinho é criado um novo
ecossistema (atualmente denominado de recife artificial) colonizado por algas marinhas e até
grandes vertebrados. A importância desses recifes artificiais abrange tanto a questão ecológica
(incremento da biomassa de organismos marinhos) como socioeconômica (alavanca a
indústria do turismo subaquático e sustenta pequenas comunidades pesqueiras tradicionais) da
região. A pesquisa balizou-se em estudar as interações entre os usuários dos naufrágios
(mergulhadores e pescadores) enfocando as políticas ambientais sobre o assunto, e no aspecto
biológico, avaliou a composição fitoplanctônica e sua biomassa relacionada com parâmetros
abióticos, como indicador da qualidade ambiental dos recifes artificiais da plataforma
continental de Pernambuco. A pesquisa social foi conduzida entre os meses de dezembro de
2005 e janeiro de 2006, com 33 mergulhadores entrevistados em operadoras de mergulho e 21
pescadores na comunidade de Brasília Teimosa, no Recife, e Bairro Novo, em Olinda. O
instrumento utilizado nas entrevistas foram questionários previamente elaborados e conversas
informais. O estudo ambiental transcorreu nos meses de maio a julho, novembro e dezembro
de 2005 e janeiro de 2006, com a realização de 12 mergulhos para coleta de dados, sendo seis
no Naufrágio Servemar-X e seis no Servemar-I, localizados na plataforma continental, em
frente à cidade do Recife, distantes 12km e 9km da costa, respectivamente. Para esse estudo,
foram analisados parâmetros climatológicos (precipitação pluviométrica, velocidade e direção
do vento), hidrológicos (transparência da água, salinidade, pH e temperatura) e biológicos
(clorofila a e composição microfitoplanctônica). As coletas do microfitoplâncton foram
realizadas através de arrastos ao redor dos naufrágios com rede de plâncton com 1m de
comprimento, 0,30m de diâmetro de boca e abertura de malha de 45µm. Os resultados da
pesquisa social evidenciaram o conflito de interesses entre os usuários dos naufrágios, indo de
encontro com o objetivo principal Decreto Estadual nº 23.394/01 de proteger e preservar os
naufrágios. Por parte dos pescadores, mesmo com a proibição regulamentada pelo Decreto,
esses continuam praticando a pesca nos naufrágios; e os mergulhadores e operadoras, livres
para usufruir dos recifes artificiais, em grande parte, ainda demonstram carecer de uma
conscientização ambiental e de um ordenamento quanto à visitação das áreas. No aspecto
biológico, a biomassa do fitoplâncton, clorofila a, na profundidade dos dois naufrágios variou
entre 0,61mg.m
-3
, em novembro, e 5,97mg.m
-3
, em julho e janeiro, ambos no Servemar-X,
valores que evidenciam o caráter mesotrófico da área. A comunidade microfitoplanctônica
esteve representada por 80 táxons, destacando os grupos das diatomáceas (66,25%), seguida
dos dinoflagelados (18,75%), cianofíceas (12,50%), clorofíceas (1,25%) e euglenofíceas
(1,25%). A diversidade específica foi considerada alta, com os táxons bem distribuídos,
sobressaindo a espécie Trichodesmium thiebautii (Gomont), característica de região oceânica,
indicando que a flora planctônica na área apresenta-se bastante diversificada e com
características de uma região de plataforma continental.
Palavras-chave: Recife artificial, gestão ambiental, turismo ecológico, mergulho, pesca
artesanal, fitoplâncton.
ABSTRACT
Due to the great number of watercraft sunk in your coast, the city of Recife, Pernambuco, is
also known, nationally, as the "Capital of the Shipwrecks”. Starting from the moment that
those structures get down on the sea bottom a new ecosystem is created (actually call artificial
reef) colonized by sea algae and even great vertebrates. The importance of those artificial
reefs embraces the ecological subject (it´s increase the biomass of sea organisms) as the
socioeconomic point (pushing up the industry of the tourism and diving and sustains small
traditional fishing communities) of the area. The research aim to study the interactions among
the users of the shipwrecks (divers and fishermen) focusing the environmental politics about
the subject; and the biological aspect of the artificial reefs, analyze the phytoplankton
composition and it’s biomass, correlating this data with abiotic parameters, as indicator of the
environmental quality of the artificial reefs of the Pernambuco’s continental shelf. The social
research was led between the months of December of 2005 and January of 2006, with 33
divers interviewed in dive schools and 21 fishermen in the community from Brasília Teimosa,
Recife, and Bairro Novo, Olinda. The instrument used in the interviews were questionnaires
previously elaborated and informal conversations. The environmental study occured in the
months of May, June, July, November and December of 2005 and January of 2006, with the
accomplishment of 12 dives for collection of data, being six Servemar-X and six in the
Servemar-I, both shipwrecks located in the continental shelf in front of the city of Recife,
distant 12km and 9km of the coast, respectively. For that study, climatological data were
processed (pluviometric precipitation, speed and direction of the wind), hydrological
(transparency of the water, salinity, pH and temperature) and biological (chlorophyll a and
phytoplankton composition). To collect phytoplankton a diver swam around the shipwrecks
with plankton net 1m length and 0,30m of mouth diameter and opening mesh of 45µm. The
results of the social research evidenced the conflict between the users of the shipwrecks,
against the main objective of the State Decrees nº. 23.394/01 that intent to protect and to
preserve the shipwrecks. For the fishermen, even with the prohibition regulated by the
Decrees, continue practicing the fishing in the shipwrecks; and the divers and schools, free for
use the artificial reefs, a large portion, still demonstrate lack of an environmental
understanding and don’t manage adequately the visitation of the areas. In the biological
aspect, the biomass of the phytoplankton, chlorophyll a, in the depth of the two shipwrecks
varied among 0,61mg.m
-3
, in November, and 5,97mg.m
-3
, in July and January, both values in
Servemar-X, values that shows the oligotrophic characteristic of the area. The phytoplankton
community was represented by 80 taxons, prominence the groups of the diatoms (66,25%),
followed by the dinoflagellates (18,75%), cyanophycea (12,50%), chlorophycea (1,25%) and
euglenophycea (1,25%). The specific diversity was considered high, with the taxons well
distributed, out ranking the species Trichodesmium thiebautii (Gomont), characteristic of
oceanic area, indicating that the planktonic algae is well diversified with characteristics of a
continental shelf area.
Keywords: Artificial reef, ambiental management, ecological tourism, dive, artesanal fish,
phytoplankton.
SUMÁRIO
A
GRADECIMENTOS
R
ESUMO
A
BSTRACT
L
ISTA DE FIGURAS
L
ISTA DE TABELAS
L
ISTA DE APÊNDICE
1
INTRODUÇÃO 14
2
OBJETIVOS 17
2.1 OBJETIVO GERAL
18
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
18
3
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 19
3.1 A IMPORTÂNCIA DOS OCEANOS, MARES E DA ZONA COSTEIRA
20
3.2 RECIFES ARTIFICIAIS
23
3.3 RECIFES ARTIFICIAIS NO BRASIL E EM PERNAMBUCO
30
4
ÁREA DE ESTUDO 34
4.1 CARACTERIZAÇÃO DO MEIO SOCIAL DE PERNAMBUCO
35
4.2 CARACTERIZAÇÃO DO MEIO FÍSICO DA PLATAFORMA CONTINENTAL DE
PERNAMBUCO
38
4.3 CARACTERIZAÇÃO DO MEIO BIOLÓGICO DA PLATAFORMA CONTINENTAL DE
PERNAMBUCO
41
4.4 CARACTERIZAÇÃO DOS NAUFRÁGIOS SERVEMAR-X E SERVEMAR-I
43
5
MATERIAL E MÉTODOS 45
5.1 ESTUDO AMBIENTAL
46
5.1.1 PARÂMETROS HIDROLÓGICOS
46
5.1.2 PARÂMETROS CLIMATOLÓGICOS
48
5.1.3 PARÂMETROS BIOLÓGICOS
48
5.2 ESTUDO SOCIAL
54
5.3 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA
56
5.4 NORMATIZAÇÃO DO TEXTO
56
6
DESENVOLVENDO A PESQUISA: OS NAUFRÁGIOS E A GESTÃO AMBIENTAL 57
7
POLÍTICAS AMBIENTAIS VOLTADAS PARA O ORDENAMENTO E USO COMUM DOS
NAUFRÁGIOS DA PLATAFORMA CONTINENTAL DE PERNAMBUCO
61
8 PARÂMETROS AMBIENTAIS E FITOPLÂNCTON NOS NAUFRÁGIOS SERVEMAR-X E
SERVEMAR-I DA PLATAFORMA CONTINENTAL DE PERNAMBUCO
83
9
CONCLUSÃO 114
10
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 117
A
PÊNDICE
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Rebocador Servemar-X quando ainda em operação
43
Figura 2 Servemar-I abandonado próximo ao Porto do Recife
44
Figura 3 Mapa ilustrativo da área de estudo, plataforma continental de Pernambuco e
localização dos naufrágios Servemar-I e Servemar-X
44
Figura 4 Mergulhador coletando água ao lado dos naufrágios e analisando
posteriormente
47
Figura 5 Mergulhador realizando o arrasto ao redor dos naufrágios para a coleta do
plâncton
49
Figura 6 Esquema de coleta de dados para o estudo ambiental nos naufrágios
Servemar-I e Servemar-X
54
Figura 7 Área onde ocorreu a pesquisa com pescadores – Bairro Novo, Olinda.
55
Figura 8 Faixa etária dos pescadores entrevistado sobre os recifes artificiais da
plataforma continental de Pernambuco
62
Figura 9 Faixa etária dos mergulhadores recreativos, entrevistado sobre os recifes
artificiais da plataforma continental de Pernambuco
63
Figura 10 Freqüência com que os mergulhadores entrevistados praticam o mergulho em
naufrágios localizados na plataforma continental de Pernambuco
63
Figura 11 Freqüência com que os pescadores entrevistados pescam nos naufrágios
localizados na plataforma continental de Pernambuco
64
Figura 12 Distribuição dos sexos dos mergulhadores entrevistados sobre os recifes
artificiais da plataforma continental de Pernambuco
64
Figura 13 Distribuição dos sexos dos pescadores entrevistados sobre os recifes artificiais
da plataforma continental de Pernambuco
65
Figura 14 Distribuição das certificações de mergulho por parte dos mergulhadores
entrevistados sobre os recifes artificiais da plataforma continental de
Pernambuco
66
Figura 15 Melhor época do ano para pescar na plataforma continental, segundo os
pescadores entrevistados sobre os recifes artificiais da plataforma continental
de Pernambuco
67
Figura 16 Opinião dos pescadores entrevistados em relação à criação de recifes
artificiais como pontos exclusivos de pesca, na plataforma continental de
Pernambuco
67
Figura 17 Opinião dos mergulhadores entrevistados em relação à criação de recifes
artificiais, na plataforma continental de Pernambuco
68
Figura 18 Opinião dos mergulhadores entrevistados em relação à utilização dos
naufrágios como áreas livres para a realização da pesca artesanal
68
Figura 19 Opinião dos mergulhadores entrevistados em relação à criação de recifes
artificiais na plataforma continental de Pernambuco
69
Figura 20 Opinião dos pescadores entrevistados em relação à proibição da pesca em área
de recife artificial na plataforma continental de Pernambuco
69
Figura 21 Opinião dos pescadores entrevistado em relação à quantidade de pescado há
20 anos e atualmente na plataforma continental de Pernambuco
70
Figura 22 Opinião dos pescadores entrevistados em relação ao principal motivo que
levou a diminuição do pescado na plataforma continental de Pernambuco
70
Figura 23 Apetrechos de pesca utilizados pelos pescadores entrevistados na pescaria em
recifes artificiais na plataforma continental de Pernambuco
71
Figura 24 Opinião dos mergulhadores entrevistado em relação à forma de exploração
dos recifes artificiais da plataforma continental de Pernambuco por parte dos
mergulhadores e das operadoras de mergulho
72
Figura 25 Opinião dos mergulhadores entrevistado em relação ao comportamento e
atitude dos mergulhadores durante os mergulhos em recifes artificiais na
plataforma continental de Pernambuco
72
Figura 26 Precipitação pluviométrica e média histórica (últimos 10 anos) registrada no
litoral de Recife, nos meses de coleta para os naufrágios Servemar-X e
Servemar-I
86
Figura 27 Precipitação pluviométrica registrada no litoral de Recife, nas 48h antes e nos
dias das coletas, nos naufrágios Servemar-X e Servemar-I
87
Figura 28 Velocidade Média e Direção do Vento registrada no litoral de Recife, nos
meses de coleta, nos naufrágios Servemar-X e Servemar-I
88
Figura 29 Velocidade Média e Direção do Vento registrada no litoral de Recife, nas 48h
antes nos dias das coletas, nos naufrágios Servemar-X e Servemar-I
89
Figura 30 Transparência da água registrada nos naufrágios Servemar-X e Servemar-I
91
Figura 31 Coeficiente de extinção da luz registrada nos naufrágios Servemar-X e
Servemar-I
91
Figura 32 Temperatura da água registrada no naufrágio Servemar-X
92
Figura 33 Temperatura da água registrada no naufrágio Servemar-I
93
Figura 34 Visibilidade da água no Servemar-I, no período chuvoso. Naufrágio fica
coberto pela macroalga Codium sp.
94
Figura 35
Salinidade da água registrada nos naufrágios Servemar-X e Servemar-I
95
Figura 36
Potencial hidrogeniônico registrado nos naufrágios Servemar-X e Servemar-I
96
Figura 37
Clorofila a registrado nos naufrágios Servemar-X e Servemar-I
98
Figura 38
Bodianus rufus se alimentando de algas fixadas no naufrágio Servemar-X
100
Figura 39 Análise dos dois Componentes Principais (ACP) dos parâmetros
climatológicos, hidrológicos e biológicos, nos naufrágios Servemar-X e
Servemar-I
102
Figura 40 Classificação percentual ecológica dos táxons ocorrentes nos naufrágios
Servemar-X e Servemar-I
103
Figura 41 Distribuição relativa (%) das divisões identificadas no microfitoplâncton nos
naufrágios Servemar-X e Servemar-I
104
Figura 42 Distribuição da riqueza taxonômica do microfitoplâncton nos naufrágios
Servemar-X e Servemar-I
104
Figura 43 Diferentes tipos de colônias de Trichodesmium thiebautii encontrado nas
amostras dos naufrágios Servemar-X e Servemar-I
105
Figura 44 Freqüência de ocorrência dos táxons do microfitoplâncton, nos naufrágios
Servemar-X e Servemar-I
108
Figura 45 Distribuição percentual do número de táxons no microfitoplâncton nas
diversas categorias de freqüência de ocorrência, nos naufrágios Servemar-X e
Servemar-I
109
Figura 46 Densidade taxonômica do microfitoplâncton, nos naufrágios Servemar-X e
Servemar-I
109
Figura 47 Diversidade específica do microfitoplâncton (bits.cel
-1
) nos naufrágios
Servemar-X e Servemar-I
110
Figura 48 Eqüitabilidade do microfitoplâncton, nos naufrágios Servemar-X e Servemar-I
111
Figura 49 Dendrograma das associações das espécies do microfitoplâncton mais
representativas, nos naufrágios Servemar-X e Servemar-I
112
LISTA DE APÊNDICE
APÊNDICE A
Modelo do questionário de pesquisa aplicado para pescadores
APÊNDICE B Modelo do questionário de pesquisa aplicado para mergulhadores
APÊNDICE C Correspondência Eletrônica veiculada em lista de discussão de
mergulhadores (Internet) denunciando o descumprimento do Decreto
Estadual nº 23.394/01 (caça submarina em área de naufrágio). O nome do
autor foi preservado
APÊNDICE D Sinopse dos táxons do microfitoplâncton identificados nas amostras dos
naufrágios Servemar-X e Servemar-I
APÊNDICE E Distribuição ecológica dos táxons do microfitoplâncton identificados nas
amostras dos naufrágios Servemar-X e Servemar-I
APÊNDICE F Contribuição dos táxons e parâmetros ambientais aos três primeiros
componentes (fatores) principais, nos naufrágios Servemar-X e
Servemar-I
APÊNDICE G Densidade do microfitoplâncton por grupos taxonômicos, nos naufrágios
Servemar-X e Servemar-I
APÊNDICE H Densidade do microfitoplâncton total, nos naufrágios Servemar-X e
Servemar-I
APÊNDICE I Densidade do microfitoplâncton por espécies mais representativas, nos
naufrágios Servemar-X e Servemar-I
APÊNDICE J Abundância relativa (%) dos táxons microfitoplanctônicos no naufrágio
Servemar-X, nos períodos chuvoso e estiagem
APÊNDICE K Abundância relativa (%) dos táxons microfitoplanctônicos no naufrágio
Servemar-I, nos períodos chuvoso e estiagem
APÊNDICE L Variação dos parâmetros hidrológicos no naufrágio Servemar-X
APÊNDICE M Variação dos parâmetros hidrológicos no naufrágio Servemar-I
APÊNDICE N Valores de precipitação pluviométrica registrada nos meses de coleta, no
litoral da cidade do Recife, Pernambuco
APÊNDICE O Freqüência da direção do vento registrada nos meses de coleta, no litoral
da cidade do Recife, Pernambuco
APÊNDICE P Freqüência da direção do vento registrada nos meses de coleta, no litoral
da cidade do Recife, Pernambuco
INTRODUÇÃO
Pernambuco passou a figurar no rol dos Estados costeiros brasileiros a
apoiar a criação de recifes artificiais marinhos, a partir de 1998,
quando foi afundado o rebocador Marte, em seu litoral sul. Essa é
considerada uma antiga prática, já realizada por diversos povos ao
redor do mundo, constituída pelo afundamento de estruturas sólidas
em ambiente aquático, com o intuito de prover habitat para uma
diversidade de organismos.
1 Introdução
Santos, Douglas H. Cavalcanti Introdução 15
té maio de 2006 mais oito cascos de embarcações foram naufragados
propositadamente na plataforma continental de Pernambuco tendo sido
acompanhados por técnicos ambientais do IBAMA e pesquisadores de centros de
pesquisa e Universidades.
Em 1999, foi iniciada uma série de reportagens na Universidade Católica de
Pernambuco, mostrando a beleza e a diversidade biológica presente nos antigos naufrágios da
costa pernambucana que eram visitados por aventureiros subaquáticos em busca do silêncio e
da riqueza daquelas estruturas. Tesouros nunca foram, de fato, as suas aspirações, embora se
registre na história que, na época de Brasil Colônia, embarcações carregando fortunas em
ouro e especiarias com destino a Portugal, desapareceram na costa do Estado devido a más
condições meteorológicas.
A riqueza da fauna e flora marinha registrada nesses naufrágios é o que vem atraindo,
há décadas, não só mergulhadores para fins de lazer, como também pescadores artesanais que
buscam nessas áreas os peixes, cada vez mais escassos na plataforma continental. Nesta
relação mergulhador X pescador X naufrágios os interesses antagônicos se conflitam e o que
tem se observado é o cerceamento do direito dos pescadores artesanais de exercerem suas
atividades nessas áreas – o Decreto Estadual nº 23.394/2001 proibiu a pesca submarina e a
pesca com anzóis em naufrágios; o incremento da atividade do turismo subaquático na região
e, por último, quase esquecida, a consciência ecológica fundamentada nos princípios
sustentáveis.
Os problemas relativos ao uso dos recifes artificiais ficaram evidentes durante o
período de produção das reportagens. Existia, como ainda existe, uma lacuna na concepção
dos naufrágios artificiais pernambucanos, nos seus objetivos: se são voltados para o
ecoturismo ou para a restauração/conservação do ecossistema marinho.
Entretanto, a linha editorial das matérias produzidas naquela época apenas focalizava a
rica biodiversidade dos naufrágios sem entrar no mérito da sua exploração, seja pelo turismo
subaquático ou pelos pescadores. Indo mais a fundo, os repórteres adotavam um enfoque
jornalístico educacional, esclarecedor e orientador das ações do público com vistas à
utilização participativa e sustentável do meio ambiente, “bem de uso comum”, assim como
prega a Constituição Federal.
A partir dessa constatação, foi despertado o interesse em pesquisar mais
profundamente o tema, buscando contribuir com sugestões que viessem a harmonizar o
A
Santos, Douglas H. Cavalcanti Introdução 16
relacionamento do homem com o meio ambiente marinho, e, após esse período, surgiu à
oportunidade da realização desta pesquisa.
No presente estudo, o tema central, Recifes Artificiais (Naufrágios) de Pernambuco, é
analisado particularmente sob as perspectivas ambiental, social e legal, de forma que os
resultados possam contribuir na formulação de políticas ambientais estaduais que levem em
conta, além da preservação do meio ambiente, os usos múltiplos desses que podem ser úteis
ferramentas no gerenciamento costeiro.
Em se tratando de um trabalho na área da gestão ambiental, ou seja, fundamenta-se no
princípio da multidisciplinaridade, esse engloba diversas variáveis ambientais, sociais,
culturais, legais, etc. as quais, embora, na prática sejam inseparáveis, quando analisadas sob o
paradigma científico carecem de fragmentação para uma melhor compreensão.
Dessa forma, a estrutura do trabalho está dividida em dois capítulos principais: o
primeiro abordando o uso dos naufrágios da plataforma continental de Pernambuco, a partir
de uma pesquisa com os atores locais, e considerando ainda a legislação nacional e as
experiências de outras regiões sobre o assunto; e o segundo traz os resultados da pesquisa
ambiental realizada em dois naufrágios da costa do Estado (Servemar-X e Servemar-I)
discutindo os dados com estudos similares realizados em nível local e mundial.
OBJETIVOS
Considerando o crescente interesse no desenvolvimento de projetos de
recifes artificiais no Estado e compreendendo ser esta uma ferramenta
útil no gerenciamento costeiro, este trabalho presta-se a alcançar os
objetivos descritos a seguir:
2 Objetivos
Santos, Douglas H. Cavalcanti Objetivos 18
2.1 Objetivo Geral
Realizar um diagnóstico socioambiental dos naufrágios da plataforma continental de
Pernambuco, buscando contribuir com a formulação de políticas ambientais que levem
em conta os interesses distintos dos grupos sociais usuários (mergulhadores e
pescadores) e o manejo sustentável dos recifes artificiais.
2.2 Objetivos Específicos
Analisar as distintas maneiras de uso dos naufrágios da plataforma continental de
Pernambuco através de seus principais usuários (mergulhadores e pescadores).
Discutir políticas ambientais brasileiras referentes à proteção e preservação do meio
ambiente marinho com a temática dos recifes artificiais.
Estudar biologicamente os ecossistemas recifais de dois naufrágios (Servemar-X e
Servemar-I) sob o ponto de vista do fitoplâncton, através da análise da biomassa
(clorofila a) e estrutura ecológica da comunidade fitoplanctônica;
Identificar as principais funções das variáveis abióticas (climatológicas e hidrológicas)
que influenciam no ecossistema local dos naufrágios.
FUNDAMENTAÇÃO
TEÓRICA
Os vastos oceanos que cobrem dois terços do planeta Terra contêm
riquezas extraordinárias. Suas águas abrigam a milhares de espécies
de plantas e animais, que, por sua vez, são fundamentais para as
pessoas, por produzirem alimentos em abundância. Além disso,
apreciamos os oceanos por sua beleza e pelas oportunidades recreativas
que proporcionam. Porém, hoje, em todo o mundo estão submetidos à
forte pressão: além de sustentar economias costeiras e proporcionar
oportunidades recreativas, suas águas estão cada vez mais poluídas e
escassas de peixes. Nesse contexto, surgem os recifes artificias como
uma ferramenta para o manejo sustentável desse grandioso e tão
importante ecossistema.
Santos, Douglas H. Cavalcanti Fundamentação Teórica 20
ossivelmente, toda pessoa, alguma vez, ao ver o mapa do mundo já se
perguntou: por que o nosso planeta não se chama planeta Água? Cobrindo
quase ¾ da superfície terrestre, mais especificamente 70,8% da superfície ou
362 bilhões de quilômetros quadrados (SCHMIEGELOW, 2004), os oceanos e mares
denominam um planeta azul, que graças à água mantém uma infinidade de organismos vivos.
Há algumas centenas de anos, a humanidade, mesmo sem conhecer suas delimitações,
já se impressionava com a imensidão dos oceanos e seus recursos abundantes. Com o espírito
desbravador o homem construiu caravelas e percorreu mares desconhecidos em busca de
novas terras, novas rotas e, acima de tudo, conhecer esse mundo de águas infinitas.
Com o tempo vieram às descobertas científicas, às inovações tecnológicas ampliando-
se os conhecimentos e facilitando a exploração das riquezas marinhas. O marco na história do
estudo dos oceanos foi na década de 70 do século XIX, quando a expedição britânica
Challenger, percorreu todos os oceanos, exceto o Ártico, analisando de forma sistemática os
fenômenos físicos, químicos e biológicos que acontecem na massa líquida e salgada do
planeta.
Atualmente, a oceanografia, ramo da ciência responsável pelo estudo dos oceanos,
mares, se utiliza de modernos equipamentos e métodos para coletar dados, interpretar e
compreendê-los. Técnicas como, por exemplo, do sensoriamento remoto, associadas aos
recursos computacionais cada vez mais sofisticados, apresentam novas perspectivas para a
descrição e o entendimento dos oceanos.
Neste contexto, diversas pesquisas científicas realizadas do longo desses anos nos dão
um panorama geral da importância dos oceanos e mares para o planeta Terra. Segundo Corson
(1996), dos 34 filos de vida animal existentes, 29 ocorrem no mar, sendo 14 somente nele. As
espécies marinhas representam um papel central nos ciclos biológicos, químicos e físicos dos
quais todas as formas de vida dependem.
Ormond et al. (1997) estudando o papel da biodiversidade marinha constatou que
além de servirem como habitat a uma vasta diversidade de plantas e animais, os oceanos
também provêem, na ordem de 40% ou mais, da proteína animal que consomem a população
das nações em desenvolvimento.
No entanto, a importância dos oceanos não se limita à biodiversidade e sua ação sobre
os ciclos de nutrientes, ou seu potencial bioquímico e farmacológico. Todo o processo de
regulação climática do planeta e os ciclos hidrológicos dependem da enorme massa d’água
disponível e de sua capacidade de armazenar calor (apenas a camada superficial de 2 a 3m é
P
3.1 A Importância dos Oceanos, Mares e da Zona Costeira
Santos, Douglas H. Cavalcanti Fundamentação Teórica 21
capaz de armazenar mais calor do que toda a atmosfera) e absorver CO
2
(cerca de 2 bilhões de
toneladas por ano) (JABLONSKI, 2003).
Além do aspecto climático e meteorológico, os oceanos são fundamentais por outros
motivos: o comércio internacional se utiliza muito da marinha mercante para transportar as
mais variadas mercadorias, e programas de defesa nacionais são cada vez mais dependentes
de operações navais.
Da mesma forma, os recursos minerais encontrados no fundo marinho, entre eles o
petróleo e o gás natural, representam fonte de energia valiosa e propulsora da sociedade
moderna, e sua extração transformou-se em um dos negócios mais lucrativos do planeta,
gerando incalculáveis riquezas.
E em se tratando de cifras monetárias, atualmente, a ganância e o descaso do homem
fazem dos oceanos uma espécie de vertedouro de poluição, desde derramamentos de óleo,
esgotos domésticos e industriais, até lixo atômico, os quais uma parte é assimilada e outra
permanece acumulada.
Do ponto de vista biológico, estudos demonstraram que ao contrário do que se podia
imaginar, 90% dos oceanos do mundo, ou seja, mais da metade da superfície do globo, pode
ser descrita como um deserto biológico, ficando apenas 10% de áreas bem mais produtivas
que o mar aberto (RYTHER, 1969). As áreas costeiras, plataformas continentais, que
margeiam os oceanos e os mares, são justamente as regiões que concentram a maioria das
formas de vida marinha.
A importância produtiva das áreas costeiras pode ser entendida em razão dos
elementos originários do continente e carregados por drenagem aos mares. As substâncias
terrígenas com seu poder fertilizador são os principais responsáveis pelo elevado índice
relativo de produção orgânica dos sistemas costeiros, capazes de permitir uma síntese
primária 5 a 10 vezes mais alta do que nas regiões oceânicas (RYTHER, op. cit).
Outro fator responsável pela alta produtividade das zonas costeiras é sua relativa
pequena profundidade. Na região conhecida como plataforma continental, há grande
penetração de luz solar, de modo que a produção primária poder ser “alta” em praticamente
toda a coluna d’água (SCHMIEGELOW, 2004). De acordo com Organização das Nações
Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) (2000), cerca de 90% da produção pesqueira
mundial é de peixes capturados nas plataformas continentais, o que corresponde a uma média
histórica de 1950 a 1999 de aproximadamente 80 milhões de toneladas.
Santos, Douglas H. Cavalcanti Fundamentação Teórica 22
Ao mesmo tempo em que a zona costeira é uma das mais ricas do ambiente marinho,
ela sofre com a influência do homem, pois 4/10 da população do planeta vive dentro de um
raio de 60km da costa e 2/3 das cidades com mais de 2,5 milhões de habitantes estão
localizados nessa área (TOMMASI, 1994).
A vulnerabilidade dessa região às fontes terrestres de poluição é igualmente notória e,
uma vez que é nas áreas costeiras que se faz o despejo da maior quantidade de detritos e
resíduos humanos, é também nessas áreas que ocorrem os problemas mais críticos do meio
ambiente marinho. Vários estudos indicam que a destruição de ecossistemas e habitats
costeiros (especialmente na faixa tropical e subtropical) é generalizada e extensa. Estudando o
impacto humano nestas regiões, Lindén (1990) confirma a hipótese que a produtividade e a
biodiversidade no mar e nas zonas costeiras estariam se perdendo rapidamente.
Chegando ao Brasil, o segundo em maior extensão litorânea na América Latina, com
7.408km de costa, o país concentra cerca de 70% da população em 75% dos principais centros
urbanos, dispostos ao longo do litoral. Tal região litorânea, como faixa de contato entre a terra
e o mar, abriga atividades humanas características de sua situação privilegiada: as práticas de
pesca comercial e recreativa, maricultura, transporte marítimo, esportes aquáticos, uso de
terminais portuários, indústrias de pesca e turismo, entre outras (COMISSÃO NACIONAL
INDEPENDENTE SOBRE OS OCEANOS, 1998).
A zona costeira brasileira é uma unidade territorial, definida em legislação para efeitos
de gestão ambiental, que se estende por 17 Estados e acomoda mais de 400 municípios
distribuídos do norte equatorial ao sul temperado do país (PROBIO, 1999).
Apesar da extensão de sua costa, o Brasil não é uma nação pesqueira por excelência.
As águas brasileiras, ainda que ricas em biodiversidade, não exibem condições que permitam
a ocorrência de grandes biomassas. Outra característica dos ecossistemas tropicais, que reduz
os limites da pesca sustentável, é a complexidade da teia alimentar, que inclui um número de
elos comparativamente maior que o observado nos sistemas de altas latitudes (JABLONSKI,
2003).
A explicação para a baixa produtividade das águas marinhas brasileiras está no fato
das correntes oceânicas que atingem sua costa apresentarem baixos teores de nutrientes
inorgânicos dissolvidos (LONGHURST; PAULY, 1987; SAMPAIO, 1998).
A plataforma continental brasileira é dominada por águas quentes de superfícies,
portanto menos densas e pobres em nutrientes, transportadas pela Corrente do Brasil desde a
região nordeste, e águas frias, portanto mais densas e ricas em nutrientes, que dominam o
Santos, Douglas H. Cavalcanti Fundamentação Teórica 23
fundo da plataforma continental (BRANDINI et al., 1997). Devido à baixa produtividade
pelágica e à quantidade limitada de estoques pesqueiros (REVIZEE, 2002), a economia
brasileira tem pouca contribuição da pesca de plataforma, ao contrário dos paises situados ao
lado direito dos oceanos, banhados por correntes frias e ricas em nutrientes e de grande
produção pesqueira.
Essas características, predominantemente, tropicais e subtropicais contribuem para
determinar a inexistência de estoques densos, explicando a concentração do esforço pesqueiro
sobre aquelas poucas espécies costeiras que oferecem condições, em termos de concentração e
potencial, de suportar uma atividade econômica sustentada e mais rentável.
Já a zona marinha, que se inicia na região costeira e, no caso brasileiro, se estende até
200 milhas, constitui a Zona Econômica Exclusiva (ZEE). Esta região, por sua vez, é
ambientalmente menos vulnerável que a zona costeira por oferecer grandes resistências às
intervenções antrópicas, resistências que se ampliam na medida em que se afasta da linha de
costa, representada pelas grandes profundidades e correntes marítimas, tempestades e as
enormes distâncias entre as áreas terrestres densamente ocupadas (PROBIO, 1999).
Nesse sentido, estudos têm demonstrado que o uso de estruturas artificiais é indicado
para incrementar sistemas marinhos, mesmo em áreas de baixa produtividade (WHITE et al.,
1990), também utilizadas com a finalidade de criar áreas de maricultura (SEAMAN et al.,
1989).
A escassez de substrato apropriado, em áreas de plataforma onde o fundo consiste,
basicamente, de sedimentos arenosos é também uma das causas da baixa produtividade
pesqueira. E com base nesse problema, incentivos crescentes vêm envolvendo a colocação de
estruturas no ambiente marinho que, por sua vez, fornecem substrato para a fixação dos
organismos, além de aumentar a complexidade de habitats, através da disponibilidade de
espaços verticalmente definidos (MOTTET, 1986 apud GALAMBA, 2004).
3.2 Recifes Artificiais
Segundo a definição da FAO (1990), recifes artificiais são, em geral, um meio de
atrair e concentrar diversos grupos de organismos marinhos. Os recifes artificiais, os
Dispositivos de Atração e Agregação de Peixes (Fish-Attracting Devices, FADs) ou qualquer
outro método de agregação, incluídas as instalações de maricultura, tem o mesmo objetivo:
incrementar a produtividade pesqueira do ambiente marinho (ROGELIO, 1998). Uma
Santos, Douglas H. Cavalcanti Fundamentação Teórica 24
definição generalista conceitua como estruturas colocadas pelo homem no fundo marinho, ou
em contato parcial com este, com o intuito de recuperar e aumentar a diversidade biológica
em regiões costeiras impactadas, trazer benefícios socioeconômicos referentes à indústria da
pesca e do turismo (DITTON; GRAEFE, 1978; MCINTOSH, 1981; RISK, 1981; DUCLERC;
DURVAL, 1986; MOTTET, 1986; HUECKEL et al., 1989; MONTEIRO; CARVALHO,
1989; SEAMAN et al., 1989).
No Brasil, uma conceituação bastante difundida é dada por Brandini (2005), que diz
ser estruturas rígidas de pequeno ou grande porte, normalmente em concreto ou em restos
industriais (pneus, carcaças de navio, plataformas de petróleo desativadas etc.) que, quando
submersas propositadamente ou por acidente no meio aquático marinho, servem de substrato
para o desenvolvimento da fauna e flora, típicas dos ambientes rochosos.
Os primeiros registros da instalação de recifes artificiais em águas marinhas são do
final do séc. XVIII e início do séc. XIX. Desenvolvidas por pescadores japoneses que se
baseavam apenas em conhecimentos empíricos, as estruturas artificiais, fabricadas em
madeiras e bambus, foram afundadas no litoral da cidade de Kobe, numa região onde existia
um barco naufragado que provia produtividade pesqueira até se deteriorar (INO, 1974).
Cabe especular ainda que esta atividade vem ocorrendo desde o Neolítico quando
povos africanos observando que os peixes eram mais abundantes nas proximidades de objetos
flutuantes ou submersos (acumulação de folhas, troncos etc.) passaram a construir estruturas
com a própria vegetação do litoral e criar novas áreas de pesca (STONE et al. 1991).
A primeira literatura científica sobre o uso de recifes artificiais data do século XVIII, e
fala de pescarias na Ásia e, mais tarde, na América do Norte, associadas ao uso de objetos
submersos (LEWIS; MCKEE, 1989). Estas estruturas têm sido amplamente utilizadas nos
EUA durante os últimos 100 anos, segundo os mesmos autores, na medida em que sua
utilidade como ferramenta de incremento da disponibilidade de recursos vem sendo
reconhecida por parte dos gestores pesqueiros do país.
Seaman e Sprague (1991) citando Holbrook (1860) relatam à experiência pioneira do
Estado da Carolina do Sul, nos EUA, que em 1830 fundiaram algumas estruturas de madeiras
a fim de alavancar a pesca artesanal de alguns esparídeos (espécie de peixe comum em áreas
recifais, ex. Sparisoma axillare, Ranzini, 1842).
A primeira criação de recifes artificiais no Ocidente data de 1935 (ROGELIO, 1998),
acontecendo na costa do Estado de Nova Jersey (EUA) com o afundamento proposital de
alguns barcos. A partir dos anos sessenta, se generalizam às experiências de construção de
Santos, Douglas H. Cavalcanti Fundamentação Teórica 25
recifes artificiais em todo o mundo (EUA, Japão, Austrália e nos países Mediterrâneos), com
diferentes objetivos (pesca profissional e esportiva, mergulho recreativo, restauração da costa)
e materiais (barcos obsoletos, pedras, pneus, estruturas metálicas, plataformas petrolíferas)
Outra tecnologia que começou a ser estudada mais profundamente no início dos anos
sessenta foi a dos FADs (SEAMAN; SPRAGUE,1991). Os primeiros estudos começaram no
Havaí e analisavam os mecanismos de atração dos objetos flutuantes. Posteriormente, os
pesquisadores norte-americanos se centraram em testar diferentes materiais e desenhos de
objetos agregados a recifes artificiais para originar a concentração de peixes pelágicos
migratórios, alvo de suas pescarias. Hoje em dia, o desenvolvimento tecnológico de recifes
artificiais e FADs alcançou certa estabilidade quanto aos materiais e desenhos.
Apesar de ter iniciado suas experiências com recifes artificiais quase que
simultaneamente com os EUA, o Japão é o país onde a criação e o desenvolvimento da
tecnologia atrelada aos recifes alcança o mais alto nível, chegando as estruturas a ocupar até
10% de sua plataforma continental (LEWIS; MCKEE, 1989).
Atualmente, o Japão emprega anualmente cerca de US$ 60 milhões em programas de
incremento pesqueiro, onde os recifes artificiais são os componentes estratégicos (SIMARD,
1996).
Se no Japão é o Governo que dirige e impulsiona um programa nacional de
desenvolvimento e consolidação de recifes artificiais voltados para a pesca comercial, nos
EUA a iniciativa privada de clubes náuticos, esportivos é um dos principais propulsores dos
múltiplos programas de construção de recifes.
Com o Plano Nacional de Recifes Artificiais, aprovado em 1985, os governos dos
estados americanos foram encorajados a desenvolver planos específicos de criação de recifes
artificiais. Anualmente é investido cerca de US$ 1 milhão para o financiamento de 500
projetos ao longo da costa americana, a maioria no Estado da Flórida, onde o interesse na
criação de novos locais de pesca e conservação cresce a cada dia (JENSEN, 1997).
Já no Golfo do México, as plataformas de petróleo e gás natural ali situadas, além de
exercerem seu papel na extração destes recursos naturais não-renováveis, produzindo 25% do
gás natural produzido nos EUA e 13% do óleo, também servem de recifes artificiais atraindo
uma vasta diversidade biológica nas imediações de suas estruturas metálicas, sendo
considerado o maior complexo recifal do mundo (KASPRZAK, 1998; STANLEY; WILSON,
2003).
Santos, Douglas H. Cavalcanti Fundamentação Teórica 26
Somente a companhia energética norte-americana Exxon Mobil possui cerca de 3.000
plataformas operando atualmente nas águas do Golfo. Deste total, 40 são desativadas
anualmente em virtude de se tornarem obsoletas. Uma vez que os custos de remoção para o
continente são elevados, cerca de US$ 10 milhões por plataforma, a companhia as desloca
para áreas adequadas, em geral, em profundidades de 30 metros, e as afunda, garantindo
novas áreas para pesca e turismo subaquático (PIZZATTO, 2004).
Nesse (2002), relata o incremento de cinco vezes na produção pesqueira no Golfo do
México após a instalação de cerca de 4.000 plataformas de petróleo. Ditton e Graefe (1978)
verificaram que 87% dos praticantes de pesca oceânica exploravam as áreas próximas às
plataformas daquela região. Por sua vez, Dimitroff (1982), calculou que mais de 200.000
toneladas de pargos e garoupas que desembarcam na Florida são oriundas de áreas de
plataformas de petróleo, gerando aproximadamente US$ 2 milhões por ano. Nessa lógica, o
Mineral Management Service (1995) confirmou que a remoção de tais estruturas oceânicas
diminui os estoques pesqueiros regionais, após estudar o impacto da remoção de 400
plataformas de pequeno porte na região.
Em virtude das experiências observadas, em 1998, a Organização Marítima
Internacional (IMO), através de regulamentação, passou a considerar a criação de recifes
artificiais como uma alternativa para o plano de desativação das estruturas usadas na produção
de petróleo e gás.
Na categoria de “designed reefs”, ou seja, recifes pré-moldados ou desenhados, o Reef
Ball é, hoje, a espécie de recife mais difundida no mundo. Com mais de 4.000 projetos
espalhados que vão da República Dominicana às Filipinas (HARRIS, 2003; MUNRO;
BALGOS, 1995), e mais de 500.000 estruturas afundadas, os reefs balls são construídos em
concreto a partir de moldes de fibra de vidro (BARBER, 2004).
O concreto é considerado pela comunidade científica internacional, o material mais
adequado para a construção de habitats artificiais. Ao contrário de restos industriais,
compostos por outros materiais (metais, plásticos e borracha), que produzem estruturas pouco
estáveis e prejudiciais ao meio ambiente, a estrutura física do concreto assemelha-se ao
substrato rochoso natural, podendo ser moldado e adequado quimicamente, de modo a atender
as condições ideais para a colonização biológica para reconstruir ou aumentar habitats de
importância ecológica (ECOPLAN, 1999).
Sem dúvida, outras vantagens dos reef balls são seus custos reduzidos, levando em
consideração a tecnologia empregada, inclusive patenteada, e sua relativa facilidade para
Santos, Douglas H. Cavalcanti Fundamentação Teórica 27
instalação, não carecendo de grandes embarcações, podendo ser rebocado até por barcos
pesqueiros. A expectativa de vida também é uma das maiores entre os recifes artificiais,
chegando a atingir 500 anos (BARBER, 2004).
Percebendo essas vantagens, a indústria do turismo tem investido bastante em projetos
utilizando reef balls. Exemplos como o do Caribe, nas Ilhas Caymam e em Cozumel, da
Flórida, principalmente no litoral de Miami, vem demonstrando como os recifes podem
alavancar o turismo subaquático e beneficiar não apenas o meio ambiente marinho, mas
também a inserção da comunidade local numa atividade econômica e ambientalmente
sustentável.
A fim de atenuar os efeitos da erosão da linha de costa, um problema registrado em
grande parte das cidades costeiras, ao longo dos anos foi comum observar à construção de
quebra-mares, espigões, piers etc. utilizando rochas, em geral, granitos, para conter o avanço
do mar. Com o surgimento dos reef balls, os gestores costeiros vislumbraram a oportunidade
de, além de resolver a questão da erosão marinha, potencializar os ganhos ambientais com a
criação de novos habitats para o desenvolvimento biológico.
Na costa sudeste da República Dominicana, um projeto utilizando 450 unidades de
reef balls, dispostos em fila tripla e paralelos a costa, possibilitou um incremento de 13m na
linha de praia, no período de fevereiro de 1999 a abril de 2001. Atuando como um quebra-
mar, a linha de recife artificial foi instalada a 13m da praia, a uma profundidade de 2m,
ficando a 0,30m da lamina d’água durante baixa mar (HARRIS, 2003). Comprovando sua
eficácia como recife artificial, o mesmo autor relata que poucos meses após a instalação do
projeto, a região foi atingida por dois furacões de categoria 3 e 5, mas nenhuma unidade do
recife deslocou-se ou foi prejudicada.
Uma outra experiência de sucesso envolvendo recifes pré-moldados foi realizada por
cientistas do Instituto Português de Investigação Marinha (IPIMAR), que instalaram no
assoalho da plataforma na região do Algarve, sul de Portugal, diversos quadriláteros de
concreto armado ao longo de vários quilômetros de extensão com espaçamento de cinco
milhas náuticas, aproveitando o potencial produtivo de massa de água rica em nutrientes.
Uma metodologia ainda bastante polêmica, com exemplos positivos e negativos, é o
uso de pneus como recifes artificiais. Por se tratar de um resíduo – depois de usados para sua
finalidade original – presente em todas as sociedades modernas, os pneus acabam se tornando
um problema quanto sua destinação final: ou largados em enormes pilhas, muitas vezes em
locais inadequados, com riscos de incêndios, ou jogados no meio urbano/rural possibilitando a
Santos, Douglas H. Cavalcanti Fundamentação Teórica 28
proliferação de mosquitos. Alternativas de reciclagem, como no caso de insumo para a
industria de asfalto, ainda se mostram incipientes devido, principalmente, ao custo.
Em 1987, a Austrália realizou uma verdadeira operação militar para a criação de um
complexo recifal com cerca de 34.000 pneus. Contando com a participação de mais de 50
soldados do exército australiano, cada módulo individual foi montado com 28 pneus unidos
com fitas plásticas de alta resistência de modo a formar uma pirâmide de quatro lados ou
tetraedro. Para garantir a estabilidade das estruturas, concreto foi adicionado nas suas bases.
Passados um ano de sua instalação, os novos recifes foram responsáveis pelo aumento de 16%
no número de barcos privados a visitar a área, e cerca de 10% na economia local relacionada à
prática de pesca recreacional de linha e turismo. Salienta-se que a pesca profissional com uso
de arpões foi decretada proibida nos recifes (YOUNG, 1988).
O resultado de um programa semelhante realizado, em 1972, na costa da cidade de
Fort Lauderdale, na Flórida, visando o incremento da pesca parece ser, hoje, um desastre. Há
uma estimativa de que 2 milhões de pneus encontram-se afundados numa área de 35 hectares
e o que era para supostamente estar repleto de vida marinha, é habitado por poucas criaturas
que fazem dos escombros suas moradias. Para agravar a situação, devido à degradação das
amarras de náilon que mantinham os pneus unidos, as correntes estão fazendo com que muitos
deles venham a parar na praia. No momento, o Departamento de Proteção ao Meio Ambiente
da Flórida, sob pressão dos ambientalistas, está estudando alternativas de trazê-los de volta a
superfície. A grande questão está no custo da operação. Especialistas, usando uma estimativa
de U$ 20 por pneu, dizem que o trabalho poderá custar mais de U$ 40 milhões (FLESHLER,
2003).
Estudos recentes têm reportado que pneus liberam compostos químicos na água, mas
não em concentrações tóxicas (NELSON et al., 1994). Entretanto, Gómez et al. (1982)
observou que algumas espécies de coral crescem mais rapidamente em pneus do que em
substrato rochoso natural. Por outro lado, Chua e Chou (1994) defendem que quando se
deseja obter áreas para pesca, os recifes de concreto são mais indicados por apresentarem
maior atração da fauna.
Mergulhar em navios naufragados tornou-se nas últimas décadas uma prática
freqüente do mergulho amador e da indústria do turismo subaquático. Ainda que afundados
propositadamente, as estruturas das embarcações permitem que mergulhadores realizem
penetrações nos seus diversos compartimentos adicionando um tom de desbravamento na
aventura submarina. O incentivo à criação de recifes artificiais a partir de embarcações
Santos, Douglas H. Cavalcanti Fundamentação Teórica 29
descomissionadas vem crescendo vertiginosamente à medida que a popularidade dos esportes
subaquáticos ganha mercados.
O primeiro registro sobre afundamento proposital de casco de navio para formação de
recife artificial é de 1935, quando quatro carcaças foram afundadas em Cape May, nos EUA
(STONE, 1974). Resquícios da II Guerra Mundial, dezenas de navios se encontram
naufragados nas águas continentais dos oceanos e mares do mundo, ainda provendo pescarias
comercial e recreativa e oportunidades de turismo por mais de 50 anos, como ocorre em
algumas áreas costeiras dos EUA (LUKENS, 1997).
No Canadá, a Artificial Reef Society of British Columbia utilizou os Destroyers
Polares EX-HMV Mackenzie e o EX-HMV Yukon, entre outros, em projetos de recifes
artificiais para desenvolver o turismo subaquático e promover a conservação de áreas naturais
marinhas. Os resultados da aplicação destas embarcações como recifes artificiais podem ser
observados em termos ecológicos, econômicos e sociais (San Diego Oceans Foundation,
2000). Somente o naufrágio do Ex-Mackenzie, gerou à Província da Colúmbia Britânica o
equivalente a US$ 3,5 milhões em operações turísticas de mergulho e pesca esportiva. Além
disso, o governo da Província sugere que o recife tenha gerado um retorno significativo em
termos de conservação de áreas naturais que vinham sofrendo impactos de uso pelos
mergulhadores e pescadores (MILON et al., 2000).
Excluindo os naufrágios acidentais, os quais em virtude das circunstâncias podem
oferecer riscos à navegação, dependendo de onde se encontram, gerar danos ambientais com a
liberação de combustível e/ou carga poluente armazenada nos porões, entre outros, os
naufrágios controlados criam verdadeiros condomínios para a fauna e flora marinha. De
acordo com Stoddart e Johannes (1978) apud RAMOS (1998), o primeiro fator que incita a
atração das espécies é a estrutura física das embarcações. Sua arquitetura é frequentemente
irregular, com fendas, túneis, cavernas fechadas, substratos das mais diversas texturas e
angulações.
Do acima exposto fica claro que a criação de recifes artificiais se baseia em métodos
relativamente simples de recuperar e aumentar a diversidade biológica em regiões costeiras
impactadas pela ação antrópica, beneficiando não só a atividade pesqueira, enriquecendo a
fauna e flora marinha da região, como também trazendo benefícios socioeconômicos em
escala local, no que se refere à indústria do turismo (pesca esportiva, mergulho); aqüicultura;
conservação ambiental; controle da erosão; melhoria de qualidade de vida para comunidades
de pescadores, criando áreas protegidas contra o arrasto e gerando novas áreas para práticas
Santos, Douglas H. Cavalcanti Fundamentação Teórica 30
pesqueiras mais seletivas, como a rede de espera e a linha de mão (artes características das
comunidades tradicionais de pescadores), e ainda fomentando pesquisas científicas.
Por fim, há de se destacar que, nos últimos anos, tem se realizado um esforço
considerável para estudar os recifes artificiais através de diferentes pontos de vistas. Equipes
multidisciplinares compostas por biólogos, oceanógrafos, químicos, engenheiros,
economistas, sociólogos, gestores etc., tem se interessado nos diferentes aspectos deste
“novo” campo científico.
3.3 Recifes Artificiais no Brasil e em Pernambuco
No caso do Brasil, os primeiros recifes artificiais instalados em sua plataforma
continental são da década de 1980, quando a extinta SUDEPE (Superintendência de
Desenvolvimento da Pesca) afundou estruturas triangulares de concreto, na Baia de Sepetiba,
Rio de Janeiro, com a intenção de criar obstáculos para evitar a pesca predatória com redes
voltadas para captura do camarão branco.
Porém, assim como em outras partes do mundo, o conhecimento empírico geracional
das populações indígenas costeiras e ribeirinhas já previa a utilização de estruturas como
atratores de peixes, com registros históricos desta prática na costa brasileira que datam do séc.
XVII. As marambaias, assim como são chamadas, significando na língua nativa “lugar de boa
pesca”, ainda hoje são utilizadas por comunidades pesqueiras tradicionais, sendo
confeccionadas com galhos de mangue, folhas, bambus e pedras (CONCEIÇÃO et al., 1997).
A partir da década de 90, Estados como Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco,
Sergipe, Espírito Santos, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná, através de parcerias com
universidades e organizações não-governamentais, passaram realizar projetos de
implementação de recifes artificiais em suas plataformas continentais, utilizando estruturas
que vão de pneus a cascos de embarcações.
O Paraná é, provavelmente, o Estado brasileiro com o maior número de recifes
artificiais implantados em sua plataforma continental. São mais de duas mil estruturas, em sua
maioria feitas de concreto, além de alguns naufrágios, afundadas entre as ilhas Itacolomis e
Currais. Chamado de Programa Recifes Artificiais Marinhos do Paraná (RAM/PR), as
atividades de criação de recifes artificiais no Estado tiveram início em 1997, contando, hoje,
com o apoio do Centro de Estudos do Mar, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), do
IBAMA, além de organizações não-governamentais. Para beneficiar comunidades pesqueiras
Santos, Douglas H. Cavalcanti Fundamentação Teórica 31
que vivem da pesca de subsistência, alguns desses “complexos de recifes artificiais” criados
são, hoje, áreas de proteção ambiental – Reservas Extrativistas Marinhas – nos quais somente
os pescadores locais possuem direitos de exploração.
No Rio de Janeiro, destacam-se o projeto da Universidade Norte Fluminense,
inicialmente utilizando pneus e, mais recentemente, estruturas pré-moldadas de concreto; o
projeto de bioprodução da Petrobrás (Unidade Bacia de Campos) e Universidade Federal do
Rio de Janeiro, com tubulação já sem uso na produção de petróleo; e, ainda, o projeto de
afundamento do ex-navio hidrográfico Orion, implementado pela Petrobrás e Marinha do
Brasil, o qual contribuiu para a conservação da biodiversidade marinha (SILVA et al. 2003).
No Ceará, o Laboratório de Ciências do Mar, da Universidade Federal do Ceará
(UFCE), criou o Grupo de Estudos de Recifes Artificiais e iniciou, há mais de uma década,
um trabalho que, hoje em dia, beneficia a várias vilas de pescadores. Os projetos iniciais
envolviam o afundamento próximo à costa de pneus, amarrados em forma de pirâmide, e, em
pouco tempo, a produção de pescado sofreu um incremento significativo. Embora divida a
opinião dos pesquisadores entre uma ala a favor e outra radicalmente contra, os ganhos sociais
do projeto foram indiscutíveis, ocorrendo, no entanto, o desprendimento de alguns
dispositivos e a conseqüente dispersão de pneus em áreas da costa, manchando a imagem do
projeto.
A primeira etapa do projeto Recifes Artificiais Marinhos do Espírito Santo, realizada
em parceria com Centro de Estudos do Mar, da UFPR, aconteceu com o naufrágio do navio
VICTORY 8B. A iniciativa pretende impulsionar o turismo subaquático na região.
Atualmente, pesquisas científicas vêm monitorando o recrutamento e a sucessão biológica no
naufrágio e a intenção é subsidiar novos afundamentos no litoral capixaba.
Na costa sergipana, a organização não-governamental PROCRIAR vem
desenvolvendo projetos pilotos de criação de recifes artificiais, com a convicção de ser esta
uma ferramenta para o desenvolvimento sustentável da zona costeira local e que, em curto
prazo, possa incrementar benefícios sociais às comunidades pesqueiras. Inicialmente o projeto
está sendo desenvolvido ao largo das praias da Caueira e Abaís e, dependendo do resultado, se
estenderá para outras localidades onde existam comunidades pesqueiras ou haja práticas de
mergulho.
No Estado de São Paulo, município de Bertioga, o projeto PROMAR (Proteção de
Recursos Marinhos) foi desenvolvido através do Programa Estadual de Gerenciamento
Costeiro, com recursos do Ministério do Meio Ambiente, com objetivo de proteger áreas
Santos, Douglas H. Cavalcanti Fundamentação Teórica 32
costeiras importantes para o ciclo de vida de espécies e recuperar os recursos pesqueiros da
região, degradados pela pesca predatória de arrasto de fundo. No período de 1997 e 1998
foram instaladas 100 estruturas de concreto e 30 de aço para recuperação do ecossistema
costeiro e exclusão do arrasto de fundo. Em 2000 o projeto foi ampliado com recursos da
Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado, sendo colocadas mais 100 estruturas de
concreto e 60 de aço (ALENCAR et al., 2003).
No Rio Grande do Norte, cinco comunidades da região do Pólo Petroquímico de
Guamaré foram beneficiadas com a implantação de um grande recife artificial formado por 25
casulos de concreto, perfazendo uma área de 15.000 m
2
(ALENCAR et al., op cit.). Em 1999,
a Petrobras em parceria com a UFCE realizou o Projeto Marambaia, na costa do RN e CE,
afundando contêineres de aço também com o intuito de estimular a pesca artesanal.
Em Pernambuco, a primeira experiência de utilização de atratores artificiais de
superfície foi desenvolvida, no período de 1989 a 1991, pelo Centro de Pesquisa e Extensão
Pesqueira do Nordeste (CEPENE), através do Projeto “Tuna”, obtendo-se resultados
satisfatórios em relação à concentração de peixes pelágicos, com o acréscimo nos índices de
captura por embarcação de 30 a 50% (CEPENE, 1992).
Em relação aos naufrágios, o inicio das atividades de afundamentos dos cascos
descomissionados, foi em 1998. Na oportunidade um grupo ligado ao turismo no litoral sul do
Estado comprou um navio do tipo rebocador (Marte) que estava desativado no Porto do
Recife e afundou na costa do município de Ipojuca sem o devido processo junto às
autoridades ambientais e portuárias. Embora o acontecimento tenha gerado polêmica,
inclusive penalidades civis de ordem pecuniária, dois anos depois o mesmo grupo afundara
outro rebocador (Gonçalo Coelho), com o mesmo fim de turismo subaquático, o qual as
coordenadas ainda são mantidas em segredo.
Foi pensando no desenvolvimento do turismo subaquático na capital do Estado que,
em 2002, a operadora de mergulho Projeto Mar levou a pique, propositadamente, três
rebocadores (Servemar-X, Minuando e Lupus), no litoral do Recife. O projeto, acompanhado
por técnicos ambientais do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais
Renováveis (IBAMA), da Agência Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (CPRH)
e pesquisadores de instituições de ensino, teve repercussão nacional e abriu as portas para
uma discussão mais aprofundada sobre o assunto.
De modo a causar o mínimo de impacto negativo e potencializar a atração de fauna e
flora marinha, os rebocadores passaram por uma minuciosa limpeza antes de serem afundados
Santos, Douglas H. Cavalcanti Fundamentação Teórica 33
estando completamente isentos de materiais poluidores como óleo, graxas, borrachas, fios,
etc. Hoje, além de servirem como habitat a uma vasta diversidade de algas e animais, esses
naufrágios atraem mergulhadores do mundo todo, contribuindo para que Recife seja
conhecida como “A Capital dos Naufrágios”. Acredita-se que ao todo, a costa pernambucana
possua cerca de 70 embarcações naufragadas, sendo algumas datadas da época do Brasil
Colônia, século XVIII.
Em 2004, outro rebocador (Servemar-I) era afundado na costa recifense sob o cunho
das autoridades competentes e de pesquisadores. O projeto de afundamento do Servemar-I
gerou oportunidades particularmente relevantes de estudos científicos, na medida em que
garantiu a exclusividade de acesso a pesquisadores, sendo vetada a visitação por
mergulhadores recreativos, por um período de 12 meses.
Recentemente, em maio de 2006, a Associação de Empresas de Mergulho de
Pernambuco (AEMPE) criou mais três recifes artificiais a partir de rebocadores doados por
uma empresa portuária, os quais foram afundados em frente ao Porto do Recife, a cerca de
13km da costa. Este projeto também prévio a exclusividade de um dos naufrágios para a
realização de pesquisas científicas. Condensando todas as áreas a serem estudadas nos novos
recifes artificiais, o Projeto Científico de Acompanhamento do Processo de Colonização e
Ocupação Biológica dos Naufrágios Taurus, Saveiros e Mercurius envolve levantamento
ictiológico, recrutamento e sucessão ecológica, plânctologia, hidrologia e oceanografia
geológica.
Tendo mais uma vez como objetivo principal a ampliação das possibilidades do
mergulho recreativo na região, os novos naufrágios alimentam uma indústria que conta,
atualmente, com cerca de oito operadoras de mergulho. A partir dessas experiências, foram
promovidos Simpósios sobre Recifes Artificiais no Estado, reunindo mergulhadores e
especialistas nacionais no assunto.
No âmbito dos naufrágios localizados na plataforma continental de Pernambuco,
visando à proteção e preservação desses ambientes e de seus recursos naturais, em 03 de julho
de 2001, foi sancionado o Decreto Estadual nº 23.394 (PERNAMBUCO, 2001), proibindo a
prática da pesca submarina e a pesca com anzóis nos seus arredores.
ÁREA DE
ESTUDO
O conhecimento da região, através de uma análise específica, é
fundamental para embasar e identificar a problemática dos recifes
artificiais para a região. Além disso, a análise pode colaborar na
definição de uma política de inserção dos recifes beneficiando ao
máximo os atributos socioeconômicos da região e promovendo a
conservação do ecossistema marinho. Abaixo são apresentados os
principais aspectos da área de influência dos naufrágios da plataforma
continental de Pernambuco no que concernem as suas condições
socioeconômicas, físicas e biológicas. Na seqüência procede-se uma
breve descrição dos dois naufrágios (Servemar-X e Servemar-I).
4 Área de Estudo
Santos, Douglas H. Cavalcanti Área de Estudo 35
ocalizado na região nordeste brasileira, o Estado de Pernambuco possui uma área de
98.938km
2
, constituindo-se numa das menores unidades político-administrativas,
tanto em termos de nordeste, como de Brasil, correspondendo a 6,3% da área
nordestina e 1,2% da superfície brasileira (CONDEPE/FINDEN, 2003).
A posição geográfica de Pernambuco lhe proporciona uma situação estratégica
favorável, em dois sentidos: primeiro, por estar localizado na parte mais oriental do território
nacional, de onde se pode alcançar facilmente, por mar e/ou por via aérea, a Europa e a
África; segundo, pela relação com a Região Nordeste do Brasil, tendo fronteiras com a maior
parte dos Estados da Região, (com exceção, apenas, de Maranhão, Rio Grande do Norte e
Sergipe) (CONDEPE, 1996).
Segundo dados estatísticos do IBGE (2000), Pernambuco contava, em 2000, com uma
população de 7.918.344 habitantes, dos quais 76,5% se encontram em área urbana e 23,5% na
zona rural. Ao todo, são 184 municípios, distribuídos em 11 Regiões de Desenvolvimento,
sendo elas: Região Metropolitana do Recife, Mata Sul, Mata Norte, Agreste Central, Agreste
Setentrional, Agreste Meridional, Sertão Central, Pajeú/ Moxotó, Itaparica, Araripe e São
Francisco.
A importância de Pernambuco, no contexto nacional é em decorrência, além de seu
perfil econômico que abrange atividades como agricultura, pecuária, indústria, comércio,
serviços, turismo e o crescente setor de tecnologia da informação, mas também, pela
importância de sua capital, a cidade de Recife.
Caracterizando-se como uma das cidades mais populosas do País, e uma área de
influência que se estende além dos limites territoriais do Estado, Recife possui uma Região
Metropolitana que compreende 14 municípios. A Região Metropolitana do Recife (RMR) se
destaca como um dos maiores centros prestadores de serviços e de redistribuição de
mercadorias do país, articulando uma área com raio de cerca de 300 quilômetros, que
compreende parte dos Estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas e
possui uma população em torno de 12 milhões de habitantes. O Produto Interno Bruto dessa
região é da ordem de US$ 54,7 bilhões, equivalente a 37,9% do PIB regional. Além disso, a
renda per capita situa-se, aproximadamente, em R$ 3.673,00, superior à média nordestina
(CONDEPE/FINDEN, op cit; CONDEPE, op cit.).
Segundo o Censo de 2000, a população da RMR é de 3.335.704 habitantes, dos quais
3.234.871 encontram-se na área urbana, o que representa uma alta taxa de urbanização. Os
dados censitários do período de 1991-2000 assinalam para uma densidade demográfica de
L
4.1 Caracterização do Meio Social de Pernambuco
Santos, Douglas H. Cavalcanti Área de Estudo 36
1.217,21 hab/km2 e uma taxa de crescimento populacional de 1,49% aa., superior a do Estado
de Pernambuco que foi de 1,17% aa.
Em termos de oferta de infra-estrutura turística, além de hotéis de padrão
internacional, a cidade conta com um aeroporto de categoria internacional um porto receptor
de cruzeiros, uma cultura rica e variada gastronomia, cujo principal perfil é a fusão do
regional com o internacional, bem como monumentos históricos que remontam ao período
colonial, em toda sua extensão.
Um dos grandes problemas constatado no Recife e municípios adjacentes é a
defasagem na infra-estrutura de saneamento básico. Embora esteja havendo avanços dos
governos municipais e estadual, em investir na rede de serviços de saneamento, abastecimento
de água, esgotamento sanitário, drenagem, coleta e tratamento de lixo a situação ainda
apresenta-se precária.
No caso do Recife, apenas 43% das residências são beneficiadas com esgotos
adequados e 88% dos domicílios são abastecidos com água. A precária condição de
saneamento básico tem favorecido a incidência de doenças como esquistossomose, diarréia,
leptospirose e hepatite viral, principalmente das populações que habitam áreas de baixa renda
(IBGE, 2000).
Em virtude do aumento crescente do processo de urbanização da zona costeira e da
ocupação não planejada da orla, comunidades tradicionais de pescadores vêm sofrendo uma
pressão significativa ao longo do tempo, dificultando, assim, seu acesso ao mar e perda de
áreas utilizadas antes para seu trabalho e subsistência.
A pesca artesanal e industrial marinha
Atualmente, existem cerca de 60 comunidades pesqueiras situadas no litoral do Estado
de Pernambuco, concentradas em 16 colônias e 7 associações de pescadores.
Em 1996, a frota pesqueira do Estado era composta por 560 canoas, representando
38,30% do total da frota, produzindo cerca de 1.600 toneladas de pescado, equivalente a cerca
de 41% da produção pesqueira marítima; 471 barcos motorizados, equivalente a 32,22% da
frota, produzindo anualmente cerca de 2.000 toneladas, correspondendo a 51% da produção; e
431 jangadas, correspondendo a 29,48% da frota, produzindo aproximadamente 300
toneladas, equivalente a 8% da produção de pescado (IBAMA, 1996).
No anuário estatístico da pesca brasileira de 2004, publicado pelo IBAMA, o Estado
de Pernambuco apresentou uma produção de pescado de 9.528,5 toneladas, representando um
Santos, Douglas H. Cavalcanti Área de Estudo 37
acréscimo de 54,3% na produção da pesca marinha em relação a 2003. A pesca industrial,
especificamente, dos atuns e afins, contribuiu com 1.856,5 toneladas em 2004, utilizando as
embarcações estrangeiras arrendadas.
Na pesca marítima, as espécies de peixes com maior participação nas capturas no
litoral pernambucano, são: xaréu, cioba, cavala, guaiuba, tainha, arabaiana, peixe-agulha,
saramonete e manjuba. Em relação aos petrechos de pesca, os mais utilizados para a captura,
são: linha de mão, covo de palheta, linha de corso, rede de emalhar, rede de cerco, arrastão de
praia e curral.
Com uma produção média anual de 4.800 toneladas e uma receita média de US$ 48,2
milhões, a lagosta representa, ainda hoje, um dos mais importantes recursos pesqueiros do
nordeste, levando o país a se destacar como sétimo produtor mundial desse crustáceo. As duas
principais espécies, que perfazem 95% da produção de lagostas da região, são a lagosta-
vermelha (Panulirus argus), com 75%, e a lagosta-verde (Panulirus laevicauda), com 20%,
ficando o restante representado pela lagosta-pintada (Panulirus echinatus) e por espécies da
família Scyllaridae (Scyllarus spp.) (IBAMA, 2005).
Em Pernambuco, a exploração da lagosta emprega um esforço de pesca considerável
utilizando como alternativas de coleta o covo, redes de espera e mergulho auxiliado por
compressor que, devido à elevada eficiência, foi rapidamente difundido entre os pescadores
profissionais (LINS-OLIVEIRA et al., 1993).
Quanto à participação dos Estados nas capturas de lagostas, o Ceará tem sido o
principal produtor, com aproximadamente 80% da produção total do país, seguido do Rio
Grande do Norte e de Pernambuco, com 10% cada.
O Turismo e as atividades recreacionais subaquáticas
O litoral de Pernambuco pode ser considerado referência para turismo nacional e
internacional. Com diversos pólos de visitação urbanos e naturais, Pernambuco faz parte da
rota de turistas oriundo da Europa, principalmente portugueses, espanhóis e alemães.
Ao longo de seu litoral, são mais de 40 praias, sendo as mais conhecidas: Itamaracá,
Marinha Farinha, Boa Viagem, Gaibu, Muro Alto, Porto de Galinhas, Maracaípe, Serrambi,
Carneiros, Tamandaré, todas contando com infra-estrutura hoteleira, entre pousadas e resorts.
No período 2000/2003, houve um continuado aumento do fluxo de turistas para
Pernambuco, saltando de cerca de um milhão de visitantes, em 1998, para 3,3 milhões, em
2002, aproximadamente, mais do que triplicando em quatro anos.
Santos, Douglas H. Cavalcanti Área de Estudo 38
A expansão do turismo em Pernambuco foi facilitada pelo grande aumento no número
de hotéis durante a década de noventa; de 1990 a 2000, o número de hotéis cresceu 168%,
passando de 105, em 1990, para 281 estabelecimentos em 2000 (CONDEPE/FINDEN, 2003).
No que diz respeito ao turismo subaquático, a RMR conta com oito operadoras de
mergulho que oferecem cursos e serviços de saídas ao mar para a visitação de pontos de
mergulhos que variam de recifes de corais submersos a naufrágios. A região também possui 2
portos e 4 marinas.
Atualmente, as atividades turísticas costeira, incluindo o turismo subaquático, se
apresentam com maior intensidade em três municípios da RMR: Recife, Cabo de Santo
Agostinho e Ipojuca, em razão de seus atrativos naturais e artificiais (naufrágios).
Territorialmente o turismo se alocou nessas praias, perfazendo distintas formas de
apropriação do espaço, decorrentes da instalação das casas de veraneio, induzindo ao
surgimento de novos padrões de uso e ocupação do ambiente, modificando a estrutura de boa
parte dessas praias. Por outro lado, o turismo proporcionou efetivamente à construção de
inúmeros equipamentos de sustentação da atividade turística – hospedagem, alimentação e
lazer, sobretudo nas áreas centrais. Pode-se dizer que, se por um lado à atividade turística é
um fator reconhecido como propulsor do desenvolvimento e de geração de divisas; bem como
da captação e retorno de investimentos nacional e internacional, por outro lado, a função
turística, também, aparece nas áreas litorâneas de Pernambuco, como grande consumidora do
espaço, desprovida de investigações científicas que auxiliem na compreensão, planejamento e
gestão ecológica (BRITO, 2005).
4.2 Caracterização do Meio Físico da Plataforma Continental de Pernambuco
A plataforma continental, como província fisiográfica, faz parte da estrutura
morfológica da margem continental (HEEZEN; MENARD, 1966), sendo a mesma, a
continuação da extensão submarina do bloco continental. Apresenta-se bastante plana, desde a
zona praial até a borda da plataforma onde a declividade se acentua bruscamente. O caráter
amplo e plano resultou das atividades erosivas e deposicionais, intimamente ligadas a série de
regressões e transgressões marinhas, associadas a épocas de glaciação e deglaciação global
(MANSO,1997).
A oceanografia da plataforma continental pernambucana já foi bastante estudada
(KEMPF, 1970; CAVALCANTI; KEMPF, 1970; COUTINHO, 1976; COSTA et al., 1989;
Santos, Douglas H. Cavalcanti Área de Estudo 39
LIRA, 1987) o que permite uma correlação de dados temporais sobre seus diversos fatores
ambientais.
A plataforma continental de Pernambuco encontra-se inserida na margem continental
nordeste-leste do Brasil, possuindo 187km de extensão norte-sul e uma largura que varia de
42km, ao norte, a 30km, em frente ao Cabo de Santos Agostinho, com um valor médio de
35km (MANSO, 1997). Segundo Coutinho (1976), pode ser dividida em 3 grandes áreas:
- Plataforma interna – tendo como limite a isóbata de 20m, mostra um relevo suave,
com algumas irregularidades, perante a presença de recifes, canais e ondulações. Possui
sedimentos predominantes terrígenos, com pouco cascalho e lama, e baixo teor de carbonato
de cálcio (CaCO
3
), inferior a 25%.
- Plataforma média – estendendo-se entre 20 e 40m de profundidade, possui um relevo
mais regular, coberto por sedimentos biogênicos de grande tamanho, entre os quais o mais
comum é o Maerl (cascalho de algas), com teor de CaCO
3
superior a 90%.
- Plataforma externa – tendo como limite superior as isóbatas de 40 a 60m, possui
cobertura sedimentar variada, como areias biodetríticas, cascalho de algas, entre as quais a
mais abundante é a do gênero Halimeda, e lama cinza-azulada, com teor de CaCO
3
superior a
75%.
Kempf (1970) descreveu a plataforma continental de Pernambuco como uma área
estreita e relativamente plana, com uma declividade abrupta a partir de 60m, e fundo
recoberto por areia quartzosa, lama, sedimento de transição (quartzo + algas calcárias), algas
calcárias e detritos organonênicos (fragmentos orgânicos).
Seu clima é tropical, com temperatura média próxima a 26ºC e precipitação em torno
de 1.720mm. A distribuição da pluviometria define duas estações: uma seca, compreendida
entre os meses de setembro e fevereiro, caracterizada pela evaporação superior a precipitação,
e uma chuvosa, compreendida entre março e agosto, caracterizada pela precipitação superior a
evaporação. Considerando elementos como temperatura, pluviometria e regime das frentes de
ar, Koppen classificou o clima da região do tipo As’, caracterizado por chuvas frontológicas e
orológicas alimentadas por descargas da longínqua Frente Polar Atlântica, ocasionando
chuvas de inverno, antecipadas no outono (ANDRADE; LINS, 1971).
As temperaturas médias anuais registram uma variação entre 25
o
C (mínimas) e 30
o
C
(máximas). Elas em geral não apresentam variações expressivas, de maneira que a sua
amplitude térmica anual aproxima-se a 5
o
C. As temperaturas mais elevadas são observadas
durante os meses de primavera (outubro, novembro e dezembro) e verão. No inverno (junho,
Santos, Douglas H. Cavalcanti Área de Estudo 40
julho e agosto), a redução da temperatura não é significativa apresentando uma média de 23
o
C
(ARAGÃO, 2000).
Um gradativo aumento de precipitação observa-se a partir de fevereiro, valores
variando entre 50 a 100mm, março e abril com valores superiores à 200mm, atingindo a
precipitação máxima, superior à 600mm, no mês de junho. Neste mês, a região leste do
Nordeste, encontra-se em plena estação chuvosa. A intensidade de chuvas nessa região,
durante esta época do ano, está diretamente relacionada à posição e intensidade da alta
pressão do Atlântico Sul e à temperatura do Atlântico Sul, próximo à costa brasileira. A partir
de julho, final da estação chuvosa da região, as precipitações tendem a diminuir, atingindo
valores em torno de 50mm no mês de setembro, caracterizado por ser um mês seco.
A temperatura e a salinidade das águas da plataforma continental demonstram, em
geral, um ciclo sazonal bastante definido, ambos apresentando flutuações próximo à costa,
devido à influência do aporte dos rios costeiros. A temperatura superficial varia entre 26 e
28
o
C. Da superfície até a profundidade de 50m, a temperatura é praticamente constante,
iniciando-se um decréscimo a partir de 60-70m, que coincide com a borda da plataforma e
início da termoclina (COSTA, 1991).
A salinidade também apresenta um ciclo sazonal semelhante à temperatura, sofrendo
uma pequena variação à medida que se afasta da costa. Nas áreas costeiras, as diferenças de
salinidade refletem a influência de pequenos rios, podendo os menores valores atingir 32,
durante os meses de maior pluviosidade. Durante a época seca, a salinidade é relativamente
uniforme com a isoalina de 36
,
dominando toda a massa d’água (CAVALCANTI, KEMPF,
1970).
Em áreas mais afastadas, nas proximidades da borda continental, não existe variação
de salinidade, cujos valores são elevados, iguais ou superiores a 36, tanto na superfície, como
em profundidade (LABOREL, 1967).
Quanto ao pH, as variações não são muito acentuadas durante os dois períodos anuais,
ocorrendo uma amplitude, entre a superfície e o fundo, de 0,55 (NOGUEIRA-PARANHOS,
1990). Entretanto, este mesmo autor referencia Costa et al. (1989) para explicar as
modificações ambientais que ocorrem na área durante os dois períodos anuais,
principalmente, até 5 milhas náuticas (aproximadamente 8km) da costa.
Na região, predominam os ventos alísios, com velocidades médias entre 6,1 e 9,3 nós,
vindos principalmente do leste no período de outubro a março e sul-sudeste no período de
abril a setembro (CAVALCANTI; KEMPF, op cit). Dados de 1978 relativos ao Porto do
Santos, Douglas H. Cavalcanti Área de Estudo 41
Recife, mostram uma tendência geral na direção dos ventos na área para SE (40%), com
percentual elevado de E (17%) e NE (12%). Dados do Porto de Suape, a sul de Recife,
mostram uma grande correlação com os dados acima (LIRA, 1987).
A ação dos ventos influenciará diretamente as ondas, as correntes litorâneas, o
transporte direto de sedimento e as condições climáticas da zona costeira (LIRA, op cit.;
ROLLNIC, 2002).
Em relação as correntes, a plataforma continental de Pernambuco, sofre a ação da
Corrente do Brasil, um ramo sul da Corrente Sul Equatorial. Junto à linha de praia atuam
ainda as corrente longitudinais, correntes de retorno, correntes geradas por ondas e pelas
marés. As longitudinais são as mais importantes, movendo-se paralelo à linha da costa, com
velocidade que varia de acordo com o ângulo de incidência das ondas. As correntes de retorno
são as responsáveis pelo movimento do sedimento costa afora, através do retorno das águas
acumuladas pelos sucessivos trens de onda.
À medida que os ventos de sudeste sopram com mais freqüência e intensidade, a
corrente costeira segue o sentido Sul-Norte. O fator que ajuda esta rota de modo mais efetivo
é o ângulo que linha de costa do Estado faz com a direção norte (LIRA, op cit.).
A rede hidrográfica do Estado de Pernambuco é formada por rios perenes da nascente
até a foz, apresentando área estuarina, em geral com a presença de manguezais. No litoral de
Recife merecem destaque o estuário do Pina, formado, principalmente, pelo encontro dos rios
Capibaribe, Tejipió e Jordão; e estuário da Barra das Jangadas, influenciado pelas águas dos
rios Jaboatão e Pirapama. Por estarem situados na região metropolitana, recebem uma forte
carga poluidora de resíduos domésticos, sendo classificados como poluídos.
4.3 Caracterização do Meio Biológico da Plataforma Continental de Pernambuco
A zona costeira do Estado de Pernambuco apresenta ecossistemas extremamente
produtivos, sendo considerada à região verde onde ora se sucedem e ora se entrelaçam
segmentos de planície recobertos por coqueirais, remanescentes de Mata Atlântica, restingas,
estuários com extensos manguezais, recifes de corais, praias arenosas, costões rochosos,
coroas, ilhas, entre outros.
Levantamentos efetuados pela Sudene (1993), constataram que as formações
litorâneas no Estado de Pernambuco englobam um número significativo de tipos florestais,
Santos, Douglas H. Cavalcanti Área de Estudo 42
entre os quais se destacam: a floresta perenifólia de restinga, os manguezais, as formações de
praia e os campos de várzea (flúvio-lagunar).
Quanto às comunidades planctônicas da plataforma continental de Pernambuco, de
uma maneira geral, estas se apresentam como típicas de ambientes costeiros tropicais. No
levantamento da microflórula marinha, Eskinazi-Leça et al. (2004) confirmaram a presença de
quatro diviões assim representadas: Cyanophyta (51 spp.), Euglenophyta (03 spp.),
Chrisophyta (370 spp.), Pyrrophyta (100 spp.), perfazendo um total de 524 táxons
infragenéricos já conhecidos.
Outra característica da plataforma continental de Pernambuco é sua ativa produção
carbonática orgânica, ocorrendo em virtude do desenvolvimento de fundos de algas calcárias.
As algas, que formam o principal componente destes sedimentos de fundo, pertencem à
família Coralinaceae, subfamília Melobesiae, com uma ou mais espécies do gênero
Lithothamnium. São constituídas de 75 a 95% de carbonato de cálcio, 4 a 10% de carbonato
de magnésio e ainda de oligoelementos. Geralmente o limite superior de ocorrência destas
algas calcárias está ligado diretamente ao fim da influência terrígena, normalmente em torno
de uma profundidade de 20m, enquanto seu limite inferior está situado entre 80 e 90m,
raramente atingindo profundidades superiores a 100m (MANSO, 1997). Ao lado das algas
coralinas, merecem destaque as algas verdes calcificadas, representadas pelos gêneros
Halimeda, Udotea e Penicillius, que são igualmente importantes formadoras de sedimentos
biogênicos (COUTINHO,1976).
Quanto à biodiversidade de espécies marinhas e estuarinas do Estado, segundo
Tabarelli e Silva (2002), está é bastante elevada, sendo formada por aproximadamente 2.179
espécies conhecidas (exceto mamíferos e quelônios), entre anêmonas, octocorais, corais,
hidróides, poríferas, equinodermas, crustáceos, moluscos e peixes.
Para a comunidade zooplanctônica, os Copepodas são os que aparecem com maior
representatividade na plataforma continental na área do Recife, seguidos de larvas de
crustáceos, Chaetognathas, Radiolárias, Polychaetas, Foraminíferas (PARANAGUÁ, 1970).
Dentre as espécies de Copepodas indicadoras da Corrente Sul Equatorial, estão: Euchaeta
marina, Temora stylifera, Subeucalanus pileatus, Scolecithrix danae, Corycaeus speciosus,
Oncaea venusta, Oithona atlantica, Oithona setigera e Oithona plumifera (COSTA et al.,
2004). Apesar da alta diversidade especifica zooplanctônica, existem varias espécies
indicadoras de poluição (MMA, 1996).
Santos, Douglas H. Cavalcanti Área de Estudo 43
4.4 Caracterização dos Naufrágios Servemar-X e Servemar-I
O Servemar-X é um rebocador com cerca de 19m de comprimento que em 10 de
janeiro de 2002 foi afundado propositadamente na costa da cidade do Recife para servir como
ponto de mergulho. Localizado a uma distância de 13km da costa, em frente à praia de Boa
Viagem, as coordenadas do Servemar-X são 08º 07’ 19” S e 034º 45’ 46” W. O naufrágio
encontra-se estacionado em posição padrão (sobre a quilha), numa área da plataforma
continental com profundidade média de 25m. Fabricado em placas de aço, atualmente, a
embarcação apresenta-se em bom estado de conservação (Fig. 1).
Figura 1 – Rebocador Servemar-X quando ainda em operação e pouco tempo após seu afundamento
O Servemar-I foi afundado, em 03 de junho de 2004, a uma distância de
aproximadamente 9km da costa, também em frente à praia de Boa Viagem, nas coordenadas
08º 06’ 28” S e 034º 46’ 79” W. Embora seja um naufrágio novo, sua estrutura já se
encontrava bastante deteriorada pelos agentes ambientais quando do seu afundamento. O
principal motivo é que o Servemar-I passou cerca de três anos abandonado no porto fazendo
com que o intemperismo agilizasse o processo de deteriorização das suas estruturas (Fig.2). O
Servemar-I possui comprimento total de aproximadamente 22m e está a uma profundidade de
22m. Um detalhe particular do naufrágio é que em virtude de sua posição no fundo marinho
(paralelo à costa) as correntes da região cavaram mais um lado fazendo com que o naufrágio
ficasse ligeiramente adernado a bombordo.
Fonte: Wilson Son’s
Fonte: Ary Amarante
Santos, Douglas H. Cavalcanti Área de Estudo 44
Figura 2 – Servemar-I abandonado próximo ao Porto do Recife e pouco tempo após seu afundamento
Figura 3 – Mapa ilustrativo da área de estudo, plataforma continental de Pernambuco e
localização dos naufrágios Servemar-I e Servemar-X
SERVEMAR-X
-I
Fonte: Felipe Carvalho
Fonte: Ary Amarante
MATERIAL E
MÉTODOS
Os estudos de caracterização e diagnóstico ambiental e social dos
naufrágios Servemar-X e Servemar-I e dos usuários dos naufrágios,
respectivamente, tiveram como base a coleta e posterior análise de
dados de natureza física, química, biológica e social de forma a
possibilitar uma visão panorâmica da atual situação socioambiental
dos recifes artificiais da costa de Pernambuco.
5
Material e Métodos
Santos, Douglas H. Cavalcanti Material e Métodos 46
metodologia utilizada, bem como suas fontes de coleta e demais procedimentos
julgados cabíveis para o correto entendimento da situação, encontram-se descritos
nos itens que se seguem. Vale salientar que a metodologia foi dividida de acordo
com os meios estudados, ou seja, em Estudo Ambiental, abordando os parâmetros bióticos e
abióticos analisados nos naufrágios Servemar-X e Servemar-I; e em Estudo Social, onde é
explicado o direcionamento da pesquisa com os usuários dos naufrágios – pescadores e
mergulhadores.
5.1 Estudo Ambiental
Os diversos fatores ambientais, que possam potencialmente exercer influência sobre a
biodiversidade marinha presente nos naufrágios, foram avaliados ao longo de um ano, nos
naufrágios Servemar-X e Servemar-I. Ao mesmo tempo foram levantados os dados
ecológicos e biológicos, a respeito das espécies do fitoplâncton presentes nos naufrágios e
suas proximidades.
As coletas (mergulhos) foram sempre diurnas (no horário da manhã), com intervalos
médio entre as saídas de cerca de 25 dias, ocorrendo no período chuvoso (maio, junho e
agosto de 2004) e no período de estiagem (novembro, dezembro/2004 e janeiro/2005).
A escolha dos dois naufrágios para o estudo ambiental se deu principalmente devido
ao curto espaço de tempo entre seus afundamentos, sendo Servemar-X, de janeiro de 2002, e
o Servemar-I, de junho de 2004. Outro motivo é a distância dos naufrágios para costa,
tornando possível a análise da influência costeira no desenvolvimento da biota marinha nesses
ambientes.
As prospecções subaquáticas foram efetuadas por um mergulhador, utilizando-se de
equipamento SCUBA, o qual ao lado de cada naufrágio, a 1,5m do fundo, realizava as coletas
das amostras. O apoio logístico das operações ficou ao encargo da operadora de mergulho
Projeto Mar.
5.1.1 Parâmetros Hidrológicos
As amostras de água para análise dos dados hidrológicos foram coletadas por um
mergulhador utilizando garrafa tipo PET de 2 litros, sempre no lado dos naufrágios não
afetado pelas correntes (Fig. 4). Fazendo analogia ao meio terrestre, seria dizer que as
amostras foram coletadas a sotavento das estruturas. Para fim de comparação também foram
A
Santos, Douglas H. Cavalcanti Material e Métodos 47
registrados os mesmos parâmetros na superfície e no meio da coluna d’água, em cada
naufrágio.
Figura 4 – Mergulhador coletando água ao lado dos naufrágios e analisando posteriormente.
Temperatura da água
Foi medida in situ, ao lado dos naufrágios, sendo obtida com o uso de um computador
de mergulho de marca Aladin Pro.
Salinidade da água
As amostras coletadas ao lado dos naufrágios, no meio da coluna e na superfície da
água foram analisadas na embarcação com o auxílio de um refratômetro manual da marca
Atago, com escala variando entre 0 e 100‰.
Potencial Hidrogeniônico da água
O pH da água foi aferido nas mesmas condições da salinidade acima explicitada,
sendo utilizando para tanto um pH-metro digital, da marca Hanna.
Transparência da água e Coeficiente de Extinção da Luz
A transparência da água foi obtida em todos os mergulhos através de um disco de
Secchi, tendo o coeficiente de extinção da luz calculado a partir dos resultados obtidos com a
tomada da transparência da água, utilizando-se a fórmula de Poole e Atkins (1929), descrita a
seguir:
d
k
7,1
=
Onde:
k = coeficiente de extinção da luz
d = profundidade de desaparecimento do disco de Secchi
Santos, Douglas H. Cavalcanti Material e Métodos 48
5.1.2 Parâmetros Climatológicos
Os dados referentes à precipitação pluviométrica e direção e intensidade dos ventos
são procedentes do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), por meio
da Plataforma de Coleta de Dados de Recife, situada na Av. Prof. Luiz Freire, número 700,
Cidade Universitária.
5.1.3 Parâmetros Biológicos
A coleta do material para determinação da biomassa fitoplanctônica (clorofila a) foi
realizada conjuntamente (no mesmo mergulho) a da comunidade fitoplanctônica. Após coletar
a amostra de água ao lado do naufrágio o mergulhador iniciava o arrasto ao redor do
naufrágio para coletar a amostra do plâncton.
Biomassa fitoplanctônica – Clorofila a
Para a determinação da biomassa do fitoplâncton (clorofila a), foram coletadas
amostras com garrafas plásticas de 2 litros, ao lado de cada naufrágio, também no lado não
atingido pelas correntes, a cerca de 20cm da estrutura e 1,5m do fundo (Fig. 4).
Para a filtração foi utilizada uma bomba de vácuo e um quite contendo filtros especiais
da marca Millipore
®
HA (fibra de vidro), brancos, com 47mm de diâmetro e porosidade de
0,45µm. O volume da água filtrada variou de 0,50 a 0,75 litros, dependendo da concentração
de organismos ou partículas em suspensão existentes na amostra. Após a filtração o filtro
contendo o material nele retido foi envelopado e guardado em freezer a uma baixa
temperatura, até o momento da análise.
O método para a determinação da clorofila a, foi o da análise espectrofotométrica
descrita por Strickland e Parsons (1965) e UNESCO (1966). Nesse sentido, para extração dos
pigmentos clorofilianos, os filtros foram colocados em tubos de ensaio, com 10ml de volume,
adicionando-se acetona 90%, e, logo em seguida, mantidos em freezer por 24 horas sob a
temperatura de -18ºC. Decorrido este período, as amostras foram centrifugadas por 10
minutos e o material sobrenadante foi colocado em cubetas com 1cm
3
de caminho ótico para
as leituras das absorbâncias em um espectrofotômetro (Gehaka), modelo B280, nos
comprimentos de onda de 630, 645, 665 e 750nm. Para os cálculos da clorofila a, foi aplicada
a equação apresentada por Strickland e Parsons (1972):
Santos, Douglas H. Cavalcanti Material e Métodos 49
(
)
LV
VDDDD
mmg
.
750630.14,0.31,1.6,11
.
2
1645665
3
×
+
+
=
Onde:
V
1
= volume de acetona 90% (10ml);
V
2
= volume da amostra filtrada em litro;
L
= caminho óptico da cubeta em centímetro;
D = leituras das absorbâncias nos respectivos comprimentos de ondas a que se referem seus
índices.
Composição Florística do Fitoplâncton
Para o estudo do fitoplâncton foram realizados arrastos ao redor dos dois naufrágios,
iniciando sempre na proa das embarcações, e mantendo o mergulhador uma distância de
aproximadamente 0,5m do naufrágio e a cerca de 1,5m do fundo. A duração de cada arrasto
foi em média de 2 minutos. Utilizou-se nos arrastos uma rede de plâncton de 1m de
comprimento e 1,30m de diâmetro de boca, com abertura de malha de 45µm (Fig. 5).
Figura 5 – Mergulhador realizando o arrasto ao redor dos
naufrágios para a coleta do plâncton.
Na embarcação, o material coletado foi fixado com formol neutro a 4% em recipientes
de plásticos e levados ao Laboratório de Fitoplâncton do Departamento de Oceanografia.
Para a análise qualitativa das amostras foi utilizado microscópio óptico Carl Zeiss,
sendo as amostras diluídas para um volume de 200ml, sendo em seguida homogeneizada para
a retirada de sub-amostras de 0,5ml, e transferidas para uma lâmina.
Santos, Douglas H. Cavalcanti Material e Métodos 50
Foram contados todos os organismos presentes na lâmina utilizando-se um aumento de
400 vezes, calculando-se, ao final, a abundância relativa de cada táxon (%).
A identificação teve como base os caracteres morfológicos dos organismos, sendo
utilizados trabalhos de referência de bibliografia especializada em sistemática, biologia e
ecologia do fitoplâncton como: Peragallo; Peragallo (1897-1908); Cupp (1943); Hustedt
(1930, 1959, 1961-1966); Hendey (1964); Van Heurck (1986); Ricard (1987); Balech (1988);
Silva-Cunha; Eskinazi-Leça (1990); Steidinger; Tangen (1996); Sournia (1986); Desikachary
(1959); Prescott (1975); Chrétiennot-Dinet et al. (1990).
Figura 6 – Esquema de coleta de dados para o estudo ambiental nos naufrágios Servemar-I e
Servemar-X.
legenda:
Percurso do mergulhador durante o arrasto com a rede de plâncton.
Coleta de água para biomassa do fitoplâncton e aferição de temperatura, pH e
salinidade.
13m (Meio da coluna d’água)
Superfície
Fundo (Naufrágio)
Santos, Douglas H. Cavalcanti Material e Métodos 51
Tratamento Numérico dos Dados
Após a identificação dos organismos do fitoplâncton presente nas amostras foi
realizado o tratamento numérico dos dados, sendo calculada a abundância relativa (%) dos
principais componentes da fração analisada e a freqüência de ocorrência dos táxons (%).
A) Abundância Relativa
A abundância relativa de cada táxon infragenérico foi calculada pela fórmula abaixo,
segundo recomendações de LOBO e LEIGHTON (1986), cujos resultados foram fornecidos
em porcentagem.
n
N
A
100
×
=
Onde:
A = Abundância Relativa
N = número total de organismos de cada táxon na amostra;
n = número total de indivíduos.
De acordo com os percentuais obtidos para a abundância relativa (%), os táxons foram
classificados nas seguintes categorias:
Dominante: > 70%;
Abundante: 70 e > 40%;
Pouco Abundante: 40 e > 10%;
Raro: 10%.
B) Freqüência de Ocorrência
A freqüência de ocorrência também foi expressa em forma de porcentagem, levando-se
em consideração o número de amostras nas quais cada táxon ocorreu e o número total de
amostras analisadas, tendo sido aplicada a fórmula descrita por MATEUCCI e COLMA
(1982):
m
M
F
100
×
=
Onde:
Santos, Douglas H. Cavalcanti Material e Métodos 52
F = Freqüência de ocorrência;
M = número de amostras em que o táxon ocorreu;
m = número total de amostras estudadas.
Em função do valor de F, os táxons foram assim classificados:
Muito freqüente: > 70%
Freqüente: 70 e > 40%;
Pouco freqüente: 40% e > 10%;
Esporádica: 10
C) Densidade Microfitoplanctônica (Cel.L
-1
)
Após a identificação dos táxons, foi realizada a contagem do número de células de
cada amostra, calculando-se, ao final, a densidade cada táxon nas amostras, de acordo com a
seguinte fórmula:
Vc
xVt
N
.
=
Onde:
N = Densidade
Vt = volume total de diluição
x = número de células de cada táxon, na subamostra
Vc = volume da subamostra
O número total de células por unidade de volume foi obtido pela seguinte fórmula:
V
N
LcelN
o
=
1
.
Onde:
N = número total de cada táxon na amostra
V = volume de água filtrada
Onde:
V = A x d
A = área da boca da rede de plâncton (π.r
2
).
d = distância percorrida pelo mergulhador (comprimento do naufrágio x2).
Santos, Douglas H. Cavalcanti Material e Métodos 53
D) Índice de Diversidade Específica (bits. cel
-1
) e Eqüitabilidade (J’)
Para melhor compreender a estrutura da comunidade foram empregadas medidas de
diversidade não paramétricas, representadas por índices de diversidade específica e
eqüitabilidade.
Para cálculo da diversidade específica (H’) foi utilizado o índice de Shannon (1948)
através da seguinte fórmula:
×= pipiH
2
log'
N
Ni
pi =
Onde:
Ni = número de células de cada espécie
N = número total de células, sendo os resultados fornecidos em bit.cel
-1
Os resultados foram apresentados em termos de bits por células, sendo 1 bits
equivalente a uma unidade de informação (VALENTIN et al., 1991).
A diversidade específica varia de 1,0 a 5,0 bit.cel
-1
, sendo os valores:
3,0 bit.cel
-1
alta diversidade
< 3,0 2,0 bit.cel
-1
média diversidade
< 2,0 1,0 bit.cel
-1
baixa diversidade
< 1,0 bit.cel
-1
diversidade muito baixa
A eqüitabilidade
(J’) foi calculada a partir do índice de Pielou (1967) pela seguinte fórmula:
S
H
J
2
log
'
'=
Onde:
H’ = índice de Shannon
S = número total de espécies de cada amostra
Santos, Douglas H. Cavalcanti Material e Métodos 54
Este índice varia de 0 a 1, sendo >0,5 considerado significativo e eqüitativo, o que
representa uma distribuição uniforme de todas as espécies na amostra e uma alta
eqüitabilidade, e os valores abaixo deste são considerados baixa eqüitabilidade.
Para calcular esses índices, utilizou-se o Programa Computacional Ecologia Measures
of Community and Measures of Community Simmilarity.
E) Associação das Amostras e dos Táxons
Foi determinado o cálculo de dissimilaridade entre os organismos fitoplanctônicos
acima de 40% de abundância relativa e de freqüência de ocorrência, baseado no coeficiente de
Bray e Curtis (1957). A classificação utilizada foi a aglomerativa hierárquica do “peso
proporcional” (Weighted Pair Group Method Avarage Arithmetics – WPGMA). A análise
coefenética foi realizada, para medir o bom ajuste do agrupamento, cujo valor >0,8 é
considerado bem ajustado (ROHLF; FISHER, 1968). Todos estes cálculos foram feitos
utilizando o programa computacional Numerical Taxonomy and Multivariate Analisys
System (NTSYS) da Metagraphics Software Corporation, Califórnia - USA.
F) Análise dos componentes principais
A análise dos componentes principais baseou-se na matriz de correlação momento-
produto de Pearson. A matriz inicial dos dados foi a da densidade (cél.L
-1
) utilizando as
espécies muito freqüentes, dominantes e abundantes mais os parâmetros ambientais, da qual
foram extraídos o autovetor e o autovalor dos três principais componentes. Para os cálculos
utilizou-se o programa computacional NTSYS.
5.2 Estudo Social
Foram confeccionados dois modelos de questionários (Apêndice A e B), um
direcionado a mergulhadores e outro a pescadores artesanais, contendo perguntas referentes
aos naufrágios e suas relações com os mesmos. As perguntas contidas nos questionários são
diretas, com respostas baseadas em proposições explicitadas em seguida.
De acordo com o desempenho e a percepção individual verificada no momento da
aplicação do questionário objetivo, foram escolhidos alguns entrevistados para serem
questionados com perguntas subjetivas. Para tanto, foi seguido um roteiro de perguntas
previamente definido englobando tópicos semelhantes para mergulhadores e pescadores.
Santos, Douglas H. Cavalcanti Material e Métodos 55
Outra metodologia empregada na coleta dos dados foi a de Pelto e Pelto (1978) os
quais sugerem escolher alguns informantes chaves de acordo com o interesse da pesquisa e
sua representatividade no assunto. Nesse sentido, foram entrevistados, entre outros, o
presidente da colônia de pescadores de Brasília Teimosa e o vice-presidente da Associação de
Empresas de Mergulho de Pernambuco (AEMPE).
A pesquisa com pescadores ocorreu na comunidade de Brasília Teimosa, Recife, na
área localizada as margens da Bacia do Pina, e em Bairro Novo, Olinda, em frente à colônia
de pescadores Z-4 (Fig. 7). Os entrevistados foram escolhidos aleatoriamente a partir de duas
visitas ao local. Todos os pescadores entrevistados possuem o registro profissional e estão
inscritos na colônia de pescadores Z-1 e Z-4, respectivamente. Já a pesquisa com
mergulhadores se deu em duas operadoras de mergulho do Recife e em reuniões de grupos de
mergulho.
Figura 7 – Área onde ocorreu a pesquisa com pescadores –
Bairro Novo, Olinda.
Mesmo se tratando de dois grupos sociais distintos pode-se dizer que os dois estão
conectados por um elemento comum: os recifes artificiais – naufrágios. Por ser este o
universo da pesquisa social, constitui-se um exemplo de estudo de caso. De acordo com
Cohen e Manion (1987), a finalidade deste tipo de pesquisa é explorar profundamente e
analisar intensivamente o fenômeno em suas múltiplas faces, o que constitui o ciclo de vida
de uma unidade, com uma visão para estabelecer generalizações sobre a população global a
qual esta unidade pertence.
Santos, Douglas H. Cavalcanti Material e Métodos 56
Por fim, a utilização do estudo de caso proporciona ao pesquisador o acesso direto ao
cotidiano que pretende estudar. Menga e Marli (1986) ressaltam como o estudo de caso pode
auxiliar o trabalho do pesquisador.
1.
Os estudos de caso visam à descoberta;
2.
Enfatizam a interpretação em contexto;
3.
Buscam retratar a realidade de forma completa e profunda;
4.
Usam uma variedade de fontes de informação;
5.
Procuram representar os diferentes e, às vezes, conflitantes pontos de vistas, presentes
numa situação social;
6.
Utilizam uma linguagem e uma forma mais acessíveis do que os outros relatórios de
pesquisa.
5.3 Pesquisa Bibliográfica
Para embasar a pesquisa social foi procedido um levantamento bibliográfico relativo
aos principais indicadores sociais, econômicos e culturais sobre a temática da pesquisa, e
ainda sobre as legislações pertinentes, junto às fontes oficiais e especializadas.
No geral, foi seguido o seguinte roteiro metodológico:
D coleta e análise das informações existentes através de estudos, projetos, material
cartográfico (Condepe/Fidem; CPRH, IBAMA), com a devida corroboração das observações
de campo e outros documentos relacionados com o meio socioeconômico ou antrópico das
áreas de influência dos recifes artificiais da plataforma continental do Estado;
D descrição dos ambientes com base em dados primários e secundários. Os primeiros,
com relação aos naufrágios, aos mergulhadores e aos pescadores, são mais qualitativos e
foram levantados em campo, através de observações e conversas informais. Os dados
secundários, mais quantitativos, foram coletados em instituições especializadas.
5.4 Normatização do Texto
Para normatização do texto utilizou-se a Associação Brasileira de Normas Técnicas,
(NBR 10.520; NBR 14.724; NBR 6023).
DESENVOLVENDO A
PESQUISA: OS NAUFRÁGIOS
E A GESTÃO AMBIENTAL
Ao se estudar um tema sob o prisma de sua gestão ambiental, mesmo o
mais ínfimo que seja, sua diagnose envolverá uma gama de fatores
ambientais e antrópicos os quais implicarão numa análise
independente e ao mesmo tempo integrada.
6 Desenvolvendo a Pesquisa
Santos, Douglas H. Cavalcanti Desenvolvendo a Pesquisa: Os Naufrágios e a Gestão Ambiental 58
esde o início da pesquisa, a idéia de que era imprescindível o estudo conjunto das
variáveis ambientais e antrópicas dos naufrágios de Pernambuco se evidenciava,
em virtude dos atritos ocorridos entre os usuários dos mesmos recifes artificiais.
Logo na primeira prospecção subaquático, em maio de 2005, ao se aproximar do
naufrágio Servemar-X com a embarcação do mergulho, na oportunidade em que havia cerca
de 15 mergulhadores embarcados, foi constatada a presença de um barco pesqueiro fundeado
em cima do naufrágio e quatro homens pescando com linha de mão. Instantaneamente inicia-
se uma discussão, dos pescadores com os tripulantes da embarcação de mergulho. Em linhas
gerais, a discussão tratava da propriedade dos naufrágios e de que eles (os pescadores) não
precisavam Global Position Sistem – Equipamento de Posicionamento Global (GPS) e outros
equipamentos modernos para encontrar os naufrágios. Ao descer para amarrar a embarcação
de mergulho ao naufrágio, o mergulhador, propositadamente, cortou uma das linhas dos
pescadores embaixo d’água, fato que irritou os pescadores, mas fez com que eles
abandonassem o ponto.
No mesmo mês, um fato envolvendo mergulhadores de operadoras do Recife e o
naufrágio Servemar-I foi parar no Ministério Público de Pernambuco. Ao ser afundado, em
2004, as coordenadas do naufrágio não foram divulgadas para as demais operadoras da região.
O motivo da não revelação do local eram as pesquisas científicas em andamento no naufrágio,
a qual carecia de mínima interferência antrópica (mergulhadores), e após suas finalizações,
num prazo de um ano da data do afundamento, as coordenadas do naufrágio seriam
disponibilizadas para o público em geral. Faltando menos de um mês para o término desse
prazo, uma operadora de mergulho encontrou o naufrágio Servemar-I e, supostamente, neste
mergulho de reconhecimento foi além da contemplação do novo recife artificial e danificou
alguns dos materiais da pesquisa em andamento (placas metálicas utilizadas para estudo do
recrutamento de organismos bênticos com a finalidade de se analisar a sucessão ecológica).
Evidentemente, a descrição em detalhes desses dois casos, em particular, não pretende
mais do que narrar os fatos de forma imparcial e como ocorreram às vistas do conhecimento
público, sem a opinião de terceiros. Esse relato tem, pois, a intenção de retratar situações
pontuais vividas na relação naufrágios X usuários, e por que não dizer situações corriqueiras
dos recifes artificiais da costa do Estado.
Mais recentemente, em dezembro de 2005, um grupo de mergulhadores de uma outra
operadora do Recife flagrou uma lancha nos naufrágios Servemar-X e Pirapama com homens
praticando caça submarina. O caso também foi parar nas autoridades competentes (Capitania
D
Santos, Douglas H. Cavalcanti Desenvolvendo a Pesquisa: Os Naufrágios e a Gestão Ambiental 59
dos Portos e IBAMA) após percorrer listas de discussão de mergulhadores na Internet
(Apêndice C).
Nesse contexto, no momento em que se discute o uso dos recifes artificiais, em
Pernambuco, como uma ferramenta na gestão do ambiente costeiro, a comunidade científica e
os gestores públicos se deparam com o desafio de integrar os diversos setores da sociedade
aos bens ambientais, propondo meios de garantir o uso sustentável dos recursos naturais
renováveis.
Para tanto, antes de entrar no mérito dos resultados da pesquisa, cabe teorizar
brevemente sobre a gestão ambiental e suas múltiplas faces.
Para Meyer (2000), a gestão ambiental é apresentada da seguinte forma:
- objeto de manter o meio ambiente saudável (à medida do possível), para atender as
necessidades humanas atuais, sem comprometer o atendimento das necessidades das gerações
futuras.
- meio de atuar sobre as modificações causadas no meio ambiente pelo uso e/ou
descarte dos bens e detritos gerados pelas atividades humanas, a partir de um plano de ação
viável técnica e economicamente, com prioridades perfeitamente definidas.
- instrumentos de monitoramentos, controles, taxações, imposições, subsídios,
divulgação, obras e ações mitigadoras, além de treinamento e conscientização.
- base de atuação de diagnósticos (cenários) ambientais da área de atuação, a partir de
estudos e pesquisas dirigidos em busca de soluções para os problemas que forem detectados.
Neste sentido, a gestão ambiental assimila o conceito de desenvolvimento sustentável
que em definição mundialmente aceita, prega ser “aquele que atende às necessidades do
presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras tenderem a suas próprias
necessidades”.
Segundo Almeida (2002), este novo paradigma diz que a idéia é de integração e
interação, propondo uma nova maneira de olhar e transformar o mundo, baseada no diálogo
entre saberes e conhecimentos diversos. No mundo sustentável, uma atividade – a econômica,
por exemplo – não pode ser pensada ou praticada em separado, porque tudo está inter-
relacionado, em permanente diálogo.
O sociólogo Ignacy Sachs, em seu livro Estratégias de Transição para o Século XXI:
desenvolvimento e meio ambiente (1993), apresenta cinco dimensões do que se pode chamar
desenvolvimento sustentável:
Santos, Douglas H. Cavalcanti Desenvolvendo a Pesquisa: Os Naufrágios e a Gestão Ambiental 60
-
sustentabilidade social – que se entende como a criação de um processo de
desenvolvimento sustentado por uma civilização com maior eqüidade na distribuição de renda
e de bens, de modo a reduzir o abismo entre os padrões de vida dos ricos e dos pobres;
-
sustentabilidade econômica – que deve ser alcançada através do gerenciamento e
alocação mais eficientes dos recursos e de um fluxo constante de investimentos públicos e
privados;
-
sustentabilidade ecológica – que pode ser alcançada através do aumento da
capacidade de utilização dos recursos, limitação do consumo de combustíveis fósseis e de
outros recursos e produtos que são facilmente esgotáveis, redução da geração de resíduos e de
poluição, através da conservação de energia, de recursos e da reciclagem;
-
sustentabilidade espacial – que deve ser dirigida para a obtenção de uma
configuração rural-urbana mais equilibrada e uma melhor distribuição territorial dos
assentamentos humanos e das atividades econômicas;
- s
ustentabilidade cultural – incluindo a procura por raízes endógenas de processos
de modernização e de sistemas agrícolas integrados, que facilitem a geração de soluções
específicas para o local, o ecossistema, a cultura e a área.
De posse desse conhecimento, o estudo foi conduzido sob o prisma da gestão
ambiental, abordando separadamente as características ambientais e antrópicas do tema, no
entanto não as dissociando no momento de inferir sobre o contexto geral. Nos próximos dois
capítulos são apresentados os resultados e as análises das condições social e ambiental dos
naufrágios da costa do Estado de Pernambuco.
POLÍTICAS AMBIENTAIS VOLTADAS PARA O
ORDENAMENTO E USO COMUM DOS NAUFRÁGIOS DA
PLATAFORMA CONTINENTAL DE PERNAMBUCO
7
Políticas ambientais voltadas para o ordenamento...
Santos, Douglas H. Cavalcanti Políticas Ambientais Voltadas para o Ordenamento e Uso... 62
o período de dezembro de 2005 e janeiro de 2006 foi conduzida uma pesquisa
social sobre os naufrágios da plataforma continental de Pernambuco com
mergulhadores e pescadores localizados na Região Metropolitana do Recife,
Pernambuco. No total, foram entrevistados 33 praticantes do mergulho recreativo
(contemplativo) e 21 pescadores artesanais.
Os dados obtidos mostram que a atividade pesqueira é desenvolvida por diferentes
gerações, nas comunidades estudadas. Esse resultado aponta para a hipótese de que o
conhecimento sobre a profissão ainda é transmitido aos mais novos de modo a proporcionar
condições e continuidade para a prática da atividade de pesca artesanal (Fig.8).
0
2
4
6
8
10
15-20 21-25 26-30 31-35 36-40 41-45 46-50
Classe etária
Freqüência absoluta
Figura 8 – Faixa etária dos pescadores entrevistado sobre os
recifes artificiais da plataforma continental de Pernambuco
Em relação aos mergulhadores, percebe-se que o mergulho contemplativo é mais
praticado por uma faixa etária adulta, acima dos 25 anos, fato talvez correlacionado à
estabilidade na vida profissional ou a independência financeira, uma vez que, de acordo com
informações obtidas nas operadoras locais, o valor de um curso básico é, em média, de R$
400,00 (quatrocentos reais) (Fig. 9).
N
Santos, Douglas H. Cavalcanti Políticas Ambientais Voltadas para o Ordenamento e Uso... 63
0
2
4
6
8
10
15-20 21-25 26-30 31-35 36-40 41-45 46-50
Classe etária
Freqüência absoluta
Figura 9 – Faixa etária dos mergulhadores recreativos,
entrevistado sobre os recifes artificiais da plataforma
continental de Pernambuco
Refletindo, possivelmente, o custo de praticar o mergulho contemplativo observa-se
que a maioria dos entrevistados realiza de um a dois mergulhos mensais. Como forma de
atraírem mais mergulhadores e estimular a prática mensal do esporte, as operadoras locais
costumam formar os chamados “clubes de mergulho”. Neles, os mergulhadores pagam, em
média, R$60,00 (sessenta reais) por mês (caso a pessoa não tenha equipamentos próprios –
regulador e colete – o aluguel encarece em mais cerca de R$ 30,00 – trinta reais) tendo direito
a uma saída com dois mergulhos em naufrágios (Fig. 10).
46%
21%
21%
9%
3%
Entre 1 e 2 vezes Entre 3 e 4 vezes Entre 5 e 6 vezes
Entre 7 e 8 vezes Mais de 9 vezes
Figura 10 – Freqüência com que os mergulhadores entrevistados
mergulham em naufrágios da plat. continental de Pernambuco
Quando o assunto é visita em área de naufrágio, os pescadores entrevistados afirmam
pescar com freqüência nos naufrágios localizados na plataforma continental do Estado.
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Segundo as opiniões dos mais experientes, todos pescam nos naufrágios próximos da costa,
ou seja, onde é possível fazer a marcação por terra. No entanto, naqueles mais distantes,
somente os mais antigos vão, pois só eles conhecem a localização dos pesqueiros (termo
utilizado para denominar os naufrágios e demais pontos de pesca pelos pescadores) ou ainda
aqueles que possuem barcos equipados com GPS (Fig. 11).
38%
62%
0%
Poucas vezes Com freqüência Nunca
Figura 11 – Freqüência com que os pescadores entrevistados
pescam nos naufrágios da plat. continental de Pernmabuco
Em ambos os grupos entrevistados, percebe-se que o número de homens é superior ao
das mulheres praticantes do mergulho e da pesca. Em relação a este último, pode-se concluir
que a pesca praticada em “alto mar” (termo utilizado pelos próprios pescadores referenciando
a plataforma continental e o talude continental) é essencialmente uma atividade praticada por
homens (Fig. 12 e 13).
76%
24%
Masculino Feminino
Figura 12 – Distribuição dos sexos dos mergulhadores
entrevistados sobre os recifes artificiais da plat. cont. de PE
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100%
0%
Masculino Feminino
Figura 13 – Distribuição dos sexos dos pescadores
entrevistados sobre os recifes artificiais da plataforma
continental de Pernambuco
No intuito de identificar qual parcela social pratica o mergulho recreativo nos
naufrágios, foi questionada nas entrevistas a profissão dos mergulhadores. Como resultado,
verifica-se que a atividade abrange profissionais de diversas áreas, com destaque para
administradores, biólogos, corretores, estudantes (Tab. 1).
Tabela 1 – Profissão dos mergulhadores entrevistados
Profissão
Número
Absoluto
Porcentagem
(%)
Administrador 6 18
Advogado 2 6
Analista de
Sistemas
2 6
Arquiteto 1 3
Auditor 1 3
Biólogo 5 15
Corretor 4 12
Empresário 3 9
Engenheiro 2 6
Estudante 5 15
Jornalista 1 3
Profissional de
Mergulho
1 3
Total 33 100
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Quanto à certificação de mergulho, ou seja, a formação do mergulhador em relação
aos diversos graus de especialização no mergulho recreativo, a maioria dos entrevistados
possui curso avançado. Tal observação indica um nível de instrução e conhecimento
considerável por parte dos mergulhadores sobre a atividade, haja vista a experiência de, no
mínimo, dois cursos (o básico é pré-requisito para o avançado e, na maioria dos casos, o
avançado prescinde de algum outro curso de especialização, como: nitrox, noturno, resgate e
primeiros socorros) e, pelo menos, 10 mergulhos em naufrágios (Fig. 14).
6%
55%
18%
21%
sico Avançado Dive Master Instrutor
Figura 14 – Distribuição das certificações de mergulho por
parte dos mergulhadores entrevistados sobre os recifes
artificiais da plataforma continental de Pernambuco
Fato característico da atividade do turismo em regiões costeiras, o verão marca a época
da alta estação. No litoral de Pernambuco, o período entre os meses de outubro e março é
marcado por “águas limpas” (termo utilizado pelos mergulhadores para referenciar a boa
visibilidade da água em virtude da ausência ou pouca quantidade de material em suspensão) e
mar calmo. Dessa forma, é de se esperar que a atividade do mergulho recreativo sofra
incremento nessa época do ano. Em relação à pesca artesanal, de acordo com as respostas dos
entrevistados e as conversas informais, a atividade também está ligada às condições do mar e
do tempo, sendo também assinalado pela maioria, a influência das fases da lua no sucesso
pescaria (Fig. 15).
Santos, Douglas H. Cavalcanti Políticas Ambientais Voltadas para o Ordenamento e Uso... 67
81%
19%
Verão Inverno
Figura 15 – Melhor época do ano para pescar na plataforma
continental, segundo os pescadores entrevistados sobre os
recifes artificiais da plataforma continental de Pernambuco
Aliados na concepção de que os recifes artificiais são uma ferramenta na promoção e
incremento do mergulho recreativo e da pesca artesanal, respectivamente, mergulhadores e
pescadores são unânimes em favor da implantação de recifes artificiais na costa do Estado.
Uma vez que os projetos, realizados em Pernambuco, até então, voltaram-se à indústria do
turismo subaquático, o questionamento sobre o assunto para os pescadores se deu da seguinte
forma: O que pensa em relação à criação de novos recifes artificiais (naufrágios) para
tornarem-se pontos exclusivos de pesca? (Fig. 16).
100%
0%0%
A favor Contra Não sabe informar
Figura 16 – Opinião dos mergulhadores e pescadores
entrevistados em relação à criação de recifes artificiais como
pontos exclusivos de pesca, na plataforma continental de
Pernambuco
Santos, Douglas H. Cavalcanti Políticas Ambientais Voltadas para o Ordenamento e Uso... 68
Por outro lado, a maioria dos mergulhadores não é a favor da utilização dos naufrágios
como áreas livres para a realização da pesca artesanal, como mostra a figura 17. Para a
maioria deles a implantação de recifes artificiais tem como principal aspecto a conservação do
ambiente marinho e em seguida o incremento do ecoturismo na região (Fig. 18).
18%
82%
A favor desde que realizada de modo sustentável Contra
Figura 17 – Opinião dos mergulhadores entrevistados em
relação à utilização dos naufrágios como áreas livres para a
realização da pesca artesanal
33%
52%
15%
0%
Incremento do ecoturismo
Criação de novas áreas destinadas à pesca
Criação de campos para pesquisas científicas
Ecológico – Restaurão do m.a., aumento da biomassa de vida marinha
Figura 18 – Opinião dos mergulhadores entrevistados em
relação à finalidade da criação de recifes artificiais, na
plataforma continental de Pernambuco
Tal opinião vai de encontro com a da totalidade dos pescadores que, além dos
questionários, expressavam nas conversas informais discordância tanto com o Decreto
Estadual nº 23.394/01 quanto com os mergulhadores recreativos, pois esses depositam o ônus
da degradação ambiental e da pesca ilegal sobre a pesca artesanal. De acordo com o pescador
Santos, Douglas H. Cavalcanti Políticas Ambientais Voltadas para o Ordenamento e Uso... 69
C. L., 47 anos, a pesca praticada por eles é seletiva e não destrói o ambiente nem acaba com
os peixes. O problema, segundo C. L., reside na pesca realizada pelos caçadores submarinos
que utilizam equipamentos de mergulhos e arpões para capturar as mais diversas espécies de
peixes (Fig. 19).
0%
100%
0%
A favor Contra Não sabe informar
Figura 19 – Opinião dos pescadores entrevistados em relação à
proibição da pesca em área de recife artificial, na plataforma
continental de Pernambuco
Em contrapartida, em quesitos anteriores, metade dos pescadores revelou ser o
aumento do número de pescadores na região uma das causas para a redução na quantidade de
pescado nos últimos 20 anos, nas águas da plataforma continental de Pernambuco. A outra
metade sustenta a versão de que não é a pesca artesanal, mas a pesca desordenada e ilegal
quem vem causando a depleção dos estoques na costa de Pernambuco. Uma observação
anotada nas entrevistas subjetivas foi que muitos pescadores reclamam da “invasão” de barcos
oriundos do Ceará e do Rio Grande do Norte para praticar no litoral do Estado,
principalmente, a pesca da lagosta (Fig. 20 e 21).
Santos, Douglas H. Cavalcanti Políticas Ambientais Voltadas para o Ordenamento e Uso... 70
0% 5%
95%
0%
Aumentou Permanece Igual
Diminuiu Não sabe informar
Figura 20 – Opinião dos pescadores entrevistado em relação à
quantidade de pescado há 20 anos e atualmente, na plataforma
continental de Pernambuco
52%
48%
0%0%
Aumentou o de pescadores na região
Pesca desordenada e ilegal
Poluição ambiental
Não sabe informar
Figura 21 – Opinião dos pescadores entrevistados em relação
ao principal motivo que levou a diminuição do pescado, na
plataforma continental de Pernambuco
Caracterizada como uma das metodologias mais comuns na pesca artesanal, a linha-
de-mão (linha de náilon amarrada numa chumbada e um anzol) parece ser a mais empregada
pelos pescadores na pesca realizada nos naufrágios e demais “pesqueiros” por eles citados.
Tal metodologia pode ser considerada seletiva à medida que o tamanho do anzol e a isca,
segundo os próprios pescadores, ditam o porte da espécie a ser capturada. De acordo com G.
C., pescador artesanal há mais de 30 anos, durante a pesca com linha-de-mão é comum os
peixes menores roerem a isca para se alimentar. No entanto, esses não são capturados o que
permite que eles cresçam ou possam servir de alimento para outros peixes (Fig. 22).
Santos, Douglas H. Cavalcanti Políticas Ambientais Voltadas para o Ordenamento e Uso... 71
100%
0%0%0%
Linha e anzol Covos Redes Arpões
Figura 22 – Apetrechos de pesca utilizados pelos pescadores
entrevistados na pescaria em recifes artificiais, na plataforma
continental de Pernambuco
Considerando a atual forma de utilização dos naufrágios por parte dos mergulhadores
e das operadoras de mergulho, pouco mais da metade dos entrevistados acreditam que a
exploração desses ambientes vem sendo realizada de modo desordenado (Fig. 23).
42%
52%
6%
Vem sendo realizada de modo ordenado
Vem sendo realizada de modo desordenado
Não sabe informar
Figura 23 – Opinião dos mergulhadores entrevistado em
relação à forma de exploração dos recifes artificiais da
plataforma continental de Pernambuco por parte dos
mergulhadores e das operadoras de mergulho
Em relação ao comportamento e a preocupação dos mergulhadores para com a
conservação do ecossistema recifal artificial, ficou demonstrado que a maior parte dos
praticantes ainda apresenta uma atitude depreciativa dos ambientes e sua biota (54%
acreditam que a maioria não evita mexer nas estruturas), embora 79% dos entrevistados
Santos, Douglas H. Cavalcanti Políticas Ambientais Voltadas para o Ordenamento e Uso... 72
garantam que os mesmos se preocupam com a conservação dos naufrágios. Tal atitude parece
estar ligada ao inconformismo e dificuldade das pessoas de apenas contemplarem visualmente
o ecossistema, carecendo tocar ou mexer nas estruturas e animais (Fig. 24).
46%
21%
33%
A maioria evita mexer nas estruturas e nos animais e se preocupa com a
conservação dos naufrágios
A maioria não evita mexer nas estruturas e nos animais e não se
preocupa com a conservão dos naufrágios
A maioria não evita mexer nos naufrágios e nos animais, mas se
preocupa com a conservação
Figura 24 – Opinião dos mergulhadores entrevistado em relação ao
comportamento e atitude dos mergulhadores durante os mergulhos em
recifes artificiais, na plataforma continental de Pernambuco
Pelos números ampliados acima é possível, então, visualizar o contexto
socioambiental conflituoso dos naufrágios da costa de Pernambuco, entendendo que se torna
evidente a reformulação de políticas de controle sobre o uso desses recursos naturais, visando
“democratizar sua apropriação” e regular a visitação por parte dos mergulhadores.
A legitimidade das políticas atuais sobre o assunto não é facilmente observada por
todos os atores envolvidos, o que tem tornado cada vez mais complexas as argumentações em
busca de realizar a árdua tarefa da proteção ambiental, bem como do desenvolvimento
sustentável dos ambientes recifais.
Como conseqüência do Decreto Estadual nº 23.394/01, os pescadores tradicionais,
localizados no litoral das cidades de Recife, Olinda e demais municípios costeiros, antigos
usuários dos naufrágios, passaram a exercer a pesca artesanal de forma ilegal nessas áreas.
Inseridos nesse contexto e também se aproveitando da falta de fiscalização, vários
mergulhadores ainda procuram os naufrágios para praticar à pesca submarina, utilizando-se de
arpões e, em muitos casos, de equipamento de mergulho autônomo SCUBA (Self-Conteined
Underwarter Breathing Apparatus).
Outra parcela que direciona a pesca para espécies como a lagosta também não deixou
de utilizar os naufrágios como ponto de pesca. Uma prova disso são os covos e as redes de
Santos, Douglas H. Cavalcanti Políticas Ambientais Voltadas para o Ordenamento e Uso... 73
espera, encontrados por mergulhadores e quase sempre levadas à superfície ou destruídas no
próprio local, liberando os animais aprisionados.
Atualmente, apenas os mergulhadores recreativos, ou seja, aqueles que praticam o
mergulho com fins de lazer, contemplativo, ecológico etc. estão aptos legalmente para visitar
e usufruir dos bens naturais disponibilizados pelos naufrágios, localizados na plataforma
continental de Pernambuco. A Lei citada não faz alusão a normas de visitação dessas áreas
por mergulhadores, ao contrário, cf., considera que a pesca com anzóis é incompatível com os
mergulhos ecológicos e põe em risco a segurança dos mergulhadores.
Salienta-se que em outros estados costeiros brasileiro (Ex.: Ceará, Rio Grande do
Norte, Sergipe, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná) a criação de recifes artificiais marinhos,
em suas plataformas continentais, é realizada visando, entre outros objetivos, disponibilizar
novas áreas para a pesca. Uma pesquisa elaborada pelo Laboratório de Tecnologia Submarina
da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LTS, 2005) sobre a opinião das pessoas em
relação à criação de recifes artificiais, apontou 25% dos cerca de 50 entrevistados, como
sendo favoráveis ao incremento das pescarias.
A limitação ao uso dos recursos naturais dos naufrágios decorrente do Decreto
Estadual nº 23.394/01 abrange quatro questões: a primeira, refere-se à restrição da prática de
antigos costumes de pescadores artesanais que ainda mantém dependência com o uso dos
recursos naturais. A segunda, diz respeito à omissão do governo estadual, regulamentando a
Lei sem que tenha havido o debate entre os envolvidos no processo. Terceiro, trata da lacuna
deixada pela Lei ao legalizar o “mergulho ecológico” (termo utilizado no próprio instrumento
legal), sem impor normas de visitação às operadoras de mergulho. E por último, o problema
da falta de fiscalização no cumprimento da norma. A Lei proíbe, mas delega
responsabilidades de fiscalização a órgãos que nem sequer dispõem de infra-estrutura para
exercerem, o que a torna mais uma Lei presente no arcabouço jurídico que na prática se
demonstra ineficaz.
Iniciando com a primeira questão levantada acima, observa-se que, no Brasil, não é a
primeira vez que uma norma legal restringe populações tradicionais de usufruírem de
determinado ambiente em favor da conservação de suas características naturais relevantes.
Segundo os autores citados abaixo, o estabelecimento de áreas protegidas na região da
Mata Atlântica também criou conflitos devido à legislação ambiental e, apesar de decisões
locais, foram impostas restrições na subsistência de populações que vivem dentro ou
próximas a essas áreas (CUNHA; ROUGEULLE, 1989; BEGOSSI, 1995; DIEGUES, 1996).
Santos, Douglas H. Cavalcanti Políticas Ambientais Voltadas para o Ordenamento e Uso... 74
No município de Cananéia (São Paulo), as principais atividades da população
encontram-se, atualmente, em conflito com a legislação ambiental que proibiu a prática de
muitas atividades dos povos caiçaras como a caça e agricultura itinerante, deixando
atualmente a comunidade sob o desafio de conciliar a conservação ambiental com os modos
tradicionais (CHAMY, 2005).
Conforme Diegues (1996), ao analisar a hipótese de restrição ao uso de um ambiente,
por parte de uma população tradicional, é preciso levar em consideração que o estilo de vida
desses povos apresenta características que os diferenciam das populações típicas dos meios
urbanos industrializados. Antes de tudo, suas atividades econômicas apresentam forte
dependência em relação à natureza e aos recursos naturais renováveis, os quais são os
mantenedores de seu modo particular de vida. Essa dependência, entretanto, longe de
apresentar características de predação, aproxima-se, segundo o mesmo autor, dos processos
biológicos de simbiose.
É conveniente, então, definir aqui o entendimento sobre o que são populações
tradicionais e pescadores artesanais.
De acordo com Diegues (1996):
[...] populações tradicionais são definidas, como populações de pequenos
produtores que se constituíram no período colonial, freqüentemente nos interstícios
da monocultura e dos ciclos econômicos. Com isolamento relativo, essas
populações desenvolveram modos de vida particulares [...].
O referido antropólogo conceitua pescadores artesanais como:
Aqueles que, na captura e desembarque de toda classe de espécies aquáticas,
trabalham sozinhos e/ou utilizam mão-de-obra familiar ou não assalariada,
explorando ambientes ecológicos localizados próximos à costa, pois a embarcação e
aparelhagem utilizadas para tal possuem pouca autonomia. A captura da pesca
artesanal é feita através de técnicas de reduzido rendimento relativo e sua produção
é total ou parcialmente destinada ao mercado (DIEGUES, 1973).
Partindo para a análise da legislação brasileira ao abordar o meio ambiente e temas
correlatos à questão, observa-se, logo, que a Constituição Federal de 1988, traz em seu Art.
225 um conceito de meio ambiente construído em bases eqüitativas.
Santos, Douglas H. Cavalcanti Políticas Ambientais Voltadas para o Ordenamento e Uso... 75
“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e
futuras gerações” (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988).
Apoiando-se na definição de meio ambiente como bem de uso comum do povo,
Marrul-Filho (2001) avalia que a Constituição Federal mostra categoricamente que não aceita
privatização da natureza. Ao contemplar o direito de usufruir um meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo, a Constituição Federal não permite
a exclusão de nenhuma parcela da população do meio ambiente, avançando inclusive no que
diz respeito ao dever de protegê-lo.
Em relação aos recursos pesqueiros do mar territorial, plataforma continental e zona
econômica exclusiva, a Constituição de 1988 passou a considerá-los como bens da União.
Antes disso, segundo Dias-Neto (2002), os recursos pesqueiros se constituíam no que se
chama de res nullius (coisas de ninguém) e a ação do Estado sobre esses bens se fazia
mediante o domínio eminente (direitos de administração e de polícia na jurisdição inerente à
soberania do território), que justificou regimes especiais como o da pesca.
Dias-Neto (2002) lembra, entretanto, que pertencer à União não significa que esses
recursos pesqueiros sejam de propriedade da União no sentido de que essa pode usar, gozar e
dispor, na lógica de apropriação privada. Isto é, o fundamento da submissão dos recursos
pesqueiros à dominialidade pública não se encontra na vontade da União em dispor desses
bens e com eles praticar atos de comércio. Encontra-se, sim, na necessidade de conservação
desses recursos ambientais e, para tanto, torná-las efetivamente gestora desses bens em prol
do interesse da sociedade.
Nesse sentido, ainda naquele estatuto jurídico, no seu Art. 225º § 1º III, para assegurar
a efetividade do direito ao meio ambiente, o Poder Público está incumbido de:
“Definir em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus
componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão
permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a
integridade dos atributos que justifiquem sua proteção” (CONSTITUIÇÃO
FEDERAL, 1988).
Antes mesmo da Constituição de 1988, o Congresso Nacional e o Governo de João
Figueiredo já decretavam, em 1981, a Lei 6.938, intitulada de Política Nacional de Meio
Ambiente (PNMA), que dispunha, entre seus preceitos, da proteção dos ecossistemas e de
áreas ameaçadas de degradação (Art. 2º IV, IX).
Santos, Douglas H. Cavalcanti Políticas Ambientais Voltadas para o Ordenamento e Uso... 76
Inserido da PNMA encontram-se os instrumentos legais que norteiam e estabelecem
princípios para o controle e garantia da qualidade ambiental. Dentre os instrumentos
homologados inicialmente, estavam: avaliação de impactos ambientais, zoneamento
ambiental, licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, sistema de
informações sobre meio ambiente, penalidades disciplinares ou compensatórias ou corretivas
etc.
Já em 1988, foi regulamentada a Lei nº 7.661, instituindo o Plano Nacional de
Gerenciamento Costeiro, prevendo, em seu Art. 3º, o zoneamento de usos e atividades na
Zona Costeira, dando prioridade à conservação e proteção, entre outros, dos seguintes bens:
recursos naturais renováveis e não renováveis; recifes; sítios ecológicos de relevância cultural;
monumentos que integrem o patrimônio natural, histórico, paisagístico.
Até os tempos atuais, outros importantes instrumentos jurídicos foram criados para
ratificar a proteção ambiental marinha e preservar o patrimônio nacional ecológico, entre eles:
o Decreto nº 99.274/90 que dispõe sobre a criação de áreas de proteção ambiental; a Lei nº
8.617/93 tratando sobre o Mar Territorial, a Zona Contígua, a Zona Econômica Exclusiva e a
Plataforma Continental Brasileira; a Lei nº 9.605/98 dos Crimes ambientais; a Lei 9.985/00
criando o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), o Decreto nº 5.377/05
aprovando a Política Nacional para os Recursos do Mar (PNRM), e outras Resoluções do
Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA).
Na moldura jurídica global, o Brasil ainda assinou um série de documentos que
balizam suas ações com a meta comum de uso sustentável dos recursos do mar, tais como:
Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM); Agenda 21, adotada na
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD);
Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica; Código de Conduta para a Pesca
Responsável; Convenção Interamericana para Proteção e Conservação das Tartarugas
Marinhas, etc.
Entre todos esses documentos jurídicos, verifica-se que a Política Nacional para os
Recursos do Mar, criada em fevereiro de 2005, e o Decreto nº 5.382/05 que aprova o VI Plano
Setorial para os Recursos do Mar, contemplam, entre seus objetivos, fomentar no País a
construção de embarcações, plataformas, bóias atratoras, recifes artificiais e outros meios
flutuantes e submersos para o ensino, a pesquisa, a exploração e o aproveitamento sustentável
dos recursos do mar.
Santos, Douglas H. Cavalcanti Políticas Ambientais Voltadas para o Ordenamento e Uso... 77
Baseados na orientação da PNRM, estados brasileiros como Ceará, Rio de Janeiro,
Paraná vem criando recifes artificiais e atratores marinhos com o objetivo de incentivar a
pesca artesanal e, paralelamente, impulsionar a indústria do mergulho e turismo subaquático.
Em sintonia com as estratégias de gerenciamento costeiro que enfatizam o uso
combinado de técnicas, os recifes artificiais podem ser integrados a programas de gestão dos
recursos pesqueiros envolvendo outras ferramentas como tamanho mínimo, períodos de
defeso e limites de capturas (MEIER et al., 1989).
Lima e Dias-Neto (1999) ao tratar dos recursos pesqueiros como bens de uso comum,
cita que sua gestão envolve a aplicação de um conjunto harmônico de medidas que visam a
expandir ou restringir uma pescaria, para obter a sustentabilidade da atividade, equilíbrio do
ecossistema onde ocorre a pescaria, garantias de preservação do banco genético da espécie ou
das espécies explotadas, rentabilidade econômica dos empreendimentos, geração de emprego
e renda justa para o trabalho.
Klink (apud SALDANHA, 2004) ao discutir sobre meio ambiente e desenvolvimento
sustentável, cita a importância de se integrar formas de uso comum dos espaços e dos recursos
naturais, de gestão e de exploração do meio ambiente. Ao argumentar sobre essa questão, a
autora formula sua crítica baseada na epistemologia que envolve o título do relatório
Bruntland – Nosso Futuro Comum – referindo-se a necessidade de se considerar formas de
“uso comum”, ou seja, ela ressalta a importância de se potencializar as formas de
propriedades comunais, assim como a racionalidade econômica e cultural inerente a esse tipo
de propriedade.
Introduzindo a questão da exclusão dos pescadores artesanais no processo de
formulação do Dec. nº 23.394/01, verifica-se uma discrepância desse exercício com os
princípios do desenvolvimento sustentável. A inclusão e a participação dos pescadores no
processo de decisão, além de democratizar a questão, poderiam ter efeito positivo na proteção
destes ambientes recifais artificiais, na medida em que conscientizaria a comunidade sobre a
importância ecológica dos naufrágios como áreas de alimentação, abrigo, reprodução e
dispersão de larvas, beneficiando diretamente a sustentabilidade pesqueira na plataforma.
Zube (1992), afirma que a integração entre as populações e os órgãos governamentais
responsáveis pela implementação da política ambiental, com a conseqüente participação das
comunidades no processo de implantação, manejo e fiscalização de áreas protegidas, tem sido
considerada indispensável para a manutenção dessas áreas.
Santos, Douglas H. Cavalcanti Políticas Ambientais Voltadas para o Ordenamento e Uso... 78
Nesse sentido, o conhecimento prévio das características sociais, econômicas e
culturais da população ligada às áreas a serem protegidas é indispensável para que interações
entre órgãos ambientais e de pesquisa com a comunidade sejam planejadas de maneira
adequada à realidade local.
Por essa ótica, o governo ao formular medidas de proteção ambiental, deve estar ciente
que mesmo quando a norma se originar, fundamentalmente, de algum fator ambiental, as
informações de ordem socioeconômica e cultural continuarão sendo essenciais para a sua
efetividade. Quando o governo decreta a interdição de uma área, proibindo capturas ou
exploração de recursos naturais vivos ou não-vivos, é preciso entender o efeito dessa medida
sobre a economia local e, em se tratando de pescadores artesanais, da cultura desse povo e da
sua subsistência.
Por outro lado, entrando em outra questão do tema, a permissão incondicionada de
visitantes em áreas protegidas pode impactar significativamente os ecossistemas caso não se
tenha conhecimento sobre a dinâmica dos fatores físico-químicos e biológicos locais e estudos
da capacidade de carga do ambiente.
No caso da visitação dos naufrágios por parte dos mergulhadores, aparentemente, não
existe um limite exato descrito em literatura de quantas pessoas um recife (natural ou
artificial) pode suportar sem apresentar degradação.
Dixon et al. (1993) sugere um nível crítico de aproximadamente 4.500 mergulhadores
por ano para que o impacto num recife possa se tornar aparente.
Na cidade de Eilat (Israel), apesar da legislação rigorosa e de medidas administrativas
empregadas durante anos, a recuperação de recifes de corais demonstrou não ser bem
sucedida em razão da intensa destruição por atividades recreativas (EPSTEIN et al., 2001).
Em alguns naufrágios recém afundados na plataforma do Estado é possível observar
nas estruturas internas, como, casario, praça de máquinas, quartos, porão, que as bolhas de ar
expelidas pelos mergulhadores ficam confinadas nas extremidades dos compartimentos
acelerando o processo de corrosão da estrutura metálica.
No caso do Servemar-I, por exemplo, quatro meses após o encerramento do estudo
ambiental, isto é, aproximadamente 2 anos após seu afundamento, o casario desabou em
virtude do alto grau de corrosão e da pressão da água. É verdade que, ao ser afundado, o
rebocador já apresentava elevado estágio de degradação em sua estrutura (Figura 2).
Outro impacto que também pode ser conjeturado é o distúrbio na fauna de peixes,
incluindo quelônios e condríctes, causado pela simples presença de mergulhadores nos
Santos, Douglas H. Cavalcanti Políticas Ambientais Voltadas para o Ordenamento e Uso... 79
naufrágios. Além de poder causar um stress na comunidade íctia, ainda que por um curto
período, mergulhadores podem afugentar algumas espécies que se utilizam das estruturas
como abrigo e/ou reprodução.
Em diversos naufrágios, principalmente os mais antigos, a inexistência de locais
específicos para a amarração (poitas) faz com que as embarcações das operadoras prendam
seus cabos na estrutura do naufrágio. O cabo, que é utilizado pelos mergulhadores para
auxiliar na descida e guia-los até o recife, ao ser amarrado na estrutura, causa um efeito
devastador na comunidade biológica incrustante e séssil, que vão desde algas até esponjas e
octocorais, instalados no recife artificial.
Legalmente, as operadoras estariam incorrendo na prática de crime ambiental, por
analogia, segundo a Lei nº 9.605/98. De acordo com a mesma, no seu Art. 33º Parágrafo
Único, inciso III, fundear embarcações ou lançar detritos de qualquer natureza sobre bancos
de moluscos ou corais, devidamente demarcados em carta náutica, está sujeito à pena de
detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas cumulativamente.
Nesse contexto, educação tem um importante papel aumentando a consciência
ambiental e reduzindo os impactos prejudiciais causados pelos usuários do ambiente. O valor
das pesquisas realizadas nesses ambientes também apresenta grande importância, na medida
em que possibilitam o conhecimento sobre a dinâmica dos recifes da região e as informações
ajudam a manter os ambientes em condições biológicas sustentáveis.
Através da educação ambiental surge a consciência de que é necessária a manutenção
do ambiente natural, para que possa ser garantida a qualidade de vida de todos os usuários do
lugar e não apenas de parcela deles, bem como, das gerações futuras e ainda para que a
atividade turística possa ser promovida em larga escala temporo-espacial, uma vez que o
ambiente é a base dos recursos naturais e culturais para atrair turistas (GUIMARÃES, 2003).
Evidencia-se também a necessidade de um maior controle do fluxo de turistas nos
naufrágios, visando à contenção de impactos ambientais causados por esta atividade. Nesse
caso, mesmo ainda não havendo um estudo específico que mostre o limite de visitações de
mergulhadores aos naufrágios, estaria se aplicado o princípio da precaução e prevenção contra
possíveis danos ao ambiente.
Como uma proposta para mitigação dos impactos antrópicos, pode ser cogitada a
criação de trilhas pré-estabelecidas nos naufrágios, as quais seriam, obrigatoriamente,
percorrida pelos mergulhadores. Essas se adequariam à experiência e nível de certificação de
Santos, Douglas H. Cavalcanti Políticas Ambientais Voltadas para o Ordenamento e Uso... 80
cada mergulhador, isto é, levando os menos experientes a áreas menos sensíveis do local,
enquanto lhes mostrando aspectos do recife que freqüentemente passam despercebidos.
Deve-se registrar que o Direito Ambiental, como ciência protetiva do meio ambiente,
pode propiciar subsídios para a proteção dos ambientes recifais (naturais e artificiais), pondo
em prática princípios como o da prevenção, da informação, e nos casos extremos, da
reparabilidade dos danos.
De acordo com Diegues e Arruda (2001) é essencial que haja um reconhecimento do
valor dos serviços ambientais, da preservação da biodiversidade (e do potencial
biotecnológico) e da existência de áreas para o lazer humano. Bem como, é necessário que a
sociedade reconheça que estes serviços devem receber alguma compensação, financeira ou
social, para serem garantidos. A criação de instrumentos de controle ambiental deve levar em
consideração o princípio do usuário-pagador, para os agentes assumirem a responsabilidade
sobre a degradação que está sendo causada sobre os serviços ambientais. Esse princípio
poderia estimular a redução dos impactos ambientais. A localidade deve entrar como a
beneficiária direta da renda gerada pelo princípio do usuário-pagador, já que os mecanismos
de controle também devem levar em consideração o princípio do protetor-recebedor, para que
os agentes que conservam os serviços ambientais possam ser recompensados pelo seu
trabalho, como no caso de comunidades caiçaras em Áreas de Proteção Ambiental.
Quando se trata de divisas geradas pelo turismo e, mais especificamente, pelo
mergulho, não se pode deixar de creditar o valor que essa atividade gera para diversas
economias ao redor do mundo.
McCawly e Teaf (1995) estimaram que, mundialmente, em 2000, o número total de
atividades de mergulho chegaria aos 14 milhões.
Nos Estados Unidos, a recreação e o turismo litorâneo geram de 8 a 12 bilhões de
dólares anualmente, e o volume de pessoas que procuram essas áreas aumenta
consideravelmente a cada ano. Atualmente, mais de 180 milhões de americanos visitam os
oceanos, praias e estuários, o que tem contribuído substancialmente para garantir a crescente
economia dessas áreas (NEP, 2004 apud MARCELINO et al., 2005).
Tanyeri-Abur et al. (1998), estudando o impacto econômico da indústria do mergulho
numa comunidade costeira do Texas (EUA), concluíram que cada dólar gasto por um
mergulhador turista resulta, em média, um rendimento de U$1.81 para a comunidade costeira,
U$0,75 para a renda per capta, e U$1,15 em valor agregado para a economia costeira do
Santos, Douglas H. Cavalcanti Políticas Ambientais Voltadas para o Ordenamento e Uso... 81
Estado. Baseado nos seus cálculos, eles reportam que a cada um milhão de dólares gastos são
gerados cerca de 37 empregos.
Em quatro condados do sudeste da Flórida (EUA), os recursos advindos do mergulho
em recifes naturais e artificiais, entre 2000 e 2001, ficaram entre 139 milhões e um bilhão de
dólares. Em adição, as atividades de mergulho suportam entre 6.300 e 36 mil empregos por
condado. Nos condados de Palm Beach e Miami-Dade, por exemplo, os gastos relacionados
aos recifes artificiais contribuem com cerca de 1/3 na economia relacionada ao sistema
recifal, ficando os recifes naturais com 2/3. Já no condado de Broward, os gastos com
atividades de mergulho recreativo nos recifes artificias e naturais contribuem de forma
equiparada. Em Monroe, o valor da contribuição dos recifes artificiais registra cerca de 25%
na economia associada ao sistema recifal local (JOHNS et al., 2001).
Estudar os impactos econômicos diretos e indiretos do turismo subaquático em relação
aos recifes artificiais da região, proverá informações valiosas para os gestores ao planejar o
futuro dos projetos de criação de novos pontos de mergulho e incentivar o turismo como vetor
do desenvolvimento local.
Para Silva (2003), o turismo é uma atividade que proporciona o desenvolvimento
socioeconômico, notadamente, para as sub-regiões do nordeste brasileiro. Entretanto, é
fundamental antecipar-se a possíveis impactos negativos de uma forma de exploração que não
se atenha unicamente, ao aspecto econômico da atividade. O autor completa dizendo que o
desenvolvimento autêntico não adota os modelos de uso predatório dos recursos naturais, sem
que seja reparado o dano ambiental causado aos ecossistemas e sem a efetiva melhoria das
condições de vida das populações.
Souza (1994 apud SILVA, 2003) reforça essa consideração ao dizer que
desenvolvimento não deve ser entendido apenas como sinônimo de desenvolvimento
econômico, embora muitos, e não só economistas, continuam a afirmar.
Segundo Lage e Milone (apud RUSCHMANN, 2001), são evidentes os custos sociais
e culturais do turismo sem responsabilidade, uma vez que o reconhecimento e a promoção de
muitas culturas ocorrem, normalmente, sem um estudo definido dos recursos existentes.
Muitas das populações residentes não protestam diante de várias “invasões” ocorridas em seus
espaços, porque existem promessas de benefícios econômicos e de melhoria da qualidade de
vida. Poucas são as comunidades que se organizam para protestar contra a implantação de
alguns programas turísticos em suas regiões, que em vez de benefícios só trazem problemas,
tais como o aumento da pobreza local e da degradação ambiental.
Santos, Douglas H. Cavalcanti Políticas Ambientais Voltadas para o Ordenamento e Uso... 82
Buarque (2002), em seu livro Construindo o Desenvolvimento Local Sustentável,
argumenta que esse é um processo endógeno de mudança, que leva ao dinamismo econômico
e à melhoria da qualidade de vida da população, em pequenas unidades territoriais e
agrupamentos humanos. Para ser consistente e sustentável, o desenvolvimento local deve
mobilizar e explorar as potencialidades locais e contribuir para elevar as oportunidades sociais
e a viabilidade e competitividade da economia local. Ao mesmo tempo, deve assegurar a
conservação dos recursos naturais locais, que são a base das suas potencialidades e condição
para a qualidade de vida da população local.
O quadro traçado demonstra que a política implementada pelo governo local e órgãos
ambientais, no que tange a real proteção dos ambientes de recifes artificiais e sua ampla
utilização, vem sendo, por várias razões, equivocadas, ineficientes, ineficazes e
discriminatórias (com os pescadores artesanais).
A importância da inclusão dos pescadores artesanais no delineamento das políticas
públicas como o gerenciamento costeiro é imprescindível. O direito de propriedade dos
espaços e dos recursos naturais por parte dessa população é consuetudinário e não deve ser
ignorada por legislações restritivas que não constituem, de fato, condição suficiente para o
sucesso da conservação ambiental.
Ostentando o título de “A Capital dos Naufrágios”, Recife e o Estado de Pernambuco,
precisam, sim, direcionar seus esforços para proteger áreas com características ambientais
relevantes, entretanto, devem compatibilizar os interesses das comunidades locais com dos
outros grupos social, imprescindível para que
políticas públicas voltadas a um
desenvolvimento sustentável e eqüitativo tenham sucesso.
PARÂMETROS AMBIENTAIS E FITOPLÂNCTON NOS
NAUFRÁGIOS SERVEMAR-X E SERVEMAR-I DA
PLATAFORMA CONTINENTAL DE PERNAMBUCO
Santos, Douglas H. Cavalcanti Parâmetros Ambientais e Fitoplâncton nos Naufrágios... 84
Caracterização ambiental dos naufrágios Servemar-X e Servemar-I é um passo
importante para a compreensão da dinâmica oceanográfica nesses ambientes, na
plataforma continental de Pernambuco.
O fitoplâncton é formado por microalgas fotossintetizantes, encontradas na maioria
dos ambientes aquáticos, sendo globalmente os mais importantes dentre os produtores
primários (BONEY, 1989). São especialmente significantes na ecologia dos ambientes
aquáticos, servindo de fonte de energia, como carboidratos, lipídios, vitaminas e sais minerais
para consumidores primários, decompositores e detritívoros ao longo dos níveis tróficos
(BARNES, 1974).
Representando o primeiro elo da teia trófica, o fitoplâncton chega a ser responsável
por cerca de 90% da matéria orgânica sintetizada nos corpos d`água. Em regiões tropicais,
essa comunidade apresenta variações sazonais, onde a amplitude e a periodicidade dessas
variações dependem quase que exclusivamente do regime das chuvas (SOURNIA, 1969).
Variações no regime meteorológico, características geomorfológicas regionais e os
impactos antropogênicos nas áreas costeiras, estabelecem, em conjunto, o regime hidrográfico
particular de cada região e, conseqüentemente, as características taxonômicas e a dinâmica
espaço-temporal de suas comunidades fitoplanctônicas (BRANDINI et al., 1997).
Estudos sobre a biomassa fitoplanctônica, através da mensuração da clorofila a,
oferecem informações importantes sobre a potencialidade produtiva de uma determinada área.
A medida da produção primária do fitoplâncton se constitui no ponto de partida para a
avaliação da produção orgânica total, podendo ser usada na determinação do potencial
pesqueiro e conseqüentemente no ordenamento da exploração racional pelo homem
(TUNDISI; TUNDISI, 1976).
Apesar de indicações de degradação ambiental em alguns naufrágios já existentes na
região, não se tem uma visão detalhada das principais causas naturais, ou mesmo antrópicas,
que estão gerando a degradação nos recifes artificiais.
Da mesma forma, apesar da importância que o fitoplâncton representa na teia trófica
do ecossistema marinho, estudos sobre esses organismos em ambientes de recifes artificiais
no Brasil são incipientes e, inéditos em Pernambuco.
Considerando que um estudo hidrológico e fitoplanctônico é uma das etapas primárias
para o conhecimento da saúde de um ecossistema aquático e para o desenvolvimento de
estudos biológicos mais aprofundados de qualquer ambiente, visando estimar sua
A
Santos, Douglas H. Cavalcanti Parâmetros Ambientais e Fitoplâncton nos Naufrágios... 85
potencialidade, tanto para fins de produção como para fins científicos, é de grande relevância
a realização da presente análise.
Através de determinações de alterações ambientais, observáveis a partir dos
levantamentos nos naufrágios, poderá ser detectado se os ambientes vêm se modificando em
função de impactos antrópicos. Por conseguinte, poderão ser sugeridas, aos órgãos
competentes e às empresas de mergulho, medidas protetivas que visem o desenvolvimento
desses ecossistemas em bases sustentáveis.
Os resultados obtidos em pesquisas ambientais são ainda de fundamental importância
para subsidiar futuros projetos de assentamento de recifes artificiais marinhos na região que
levem em conta outras finalidades como, por exemplo, a pesca artesanal.
Nesse caso, diversos estudos evidenciam a importância do conhecimento sobre
biomassa fitoplanctônica e suas interações com parâmetros ambientais no prognóstico de
áreas destinadas à pesca e/ou aqüicultura.
De acordo com Passavante (1979), havendo monitoramento e coexistência de estudos
dos fatores que interagem com a biomassa primária será possível, além da previsão da
produção pesqueira, a detecção das alterações dos ecossistemas causados por poluentes, a
determinação de marés vermelhas ou ainda a previsão de vários problemas ambientais.
Estudos de Castagnolli (1979), concluem que o conhecimento da biomassa do
fitoplâncton em termos relativos determina um maior ou menor estoque pesqueiro do ano
seguinte.
Já Moura e Silva (1981) consideram que a quantidade de ovos postos por desova de
uma espécie varia em relação ao suprimento de alimento, e sua disponibilidade durante os
meses que antecedem a desova resulta em alta fecundidade.
Autores como Steemann-Nielsen (1975), Ryther (1969), Russel-Hunter (1973),
Lorenzen (1972), Saville (1978), estimaram o potencial pesqueiro de uma região a partir da
produção primária do fitoplâncton, seguindo a transferência de energia ao longo da teia
trófica.
O estudo ambiental nos naufrágios Servemar-X e Servemar-I transcorreu ao longo de
um ano, nos meses de maio, junho e julho de 2005 (estação chuvosa), e novembro e dezembro
de 2005 e janeiro/2006 (estação de estiagem). No total foram realizados 12 mergulhos para
coleta de dados, sendo seis em cada estação.
Não é de hoje que se sugere que o ciclo anual do fitoplâncton está condicionado por
períodos sazonais e condicionantes físicos nos oceanos (STRAMSKA; DICKEY, 1993).
Santos, Douglas H. Cavalcanti Parâmetros Ambientais e Fitoplâncton nos Naufrágios... 86
Diversos estudos sobre a dinâmica do fitoplâncton na plataforma continental de
Pernambuco referenciam a precipitação pluviométrica
como influenciador direto da
distribuição e abundância dessa população nas águas costeiras, o que lhe garante um padrão
sazonal bem definido (PASSAVANTE et al., 1987/89; PASSAVANTE, FEITOSA, 1989;
COSTA, 1991; RESURREIÇÃO et al., 1996; ESKINAZI-LEÇA et al., 1997).
A partir das informações climatológicas colhidas, observa-se que os valores de
precipitação pluviométrica apresentaram grandes variações, com valor mínimo de 12mm em
janeiro e máximo de 479,25mm em maio (Fig. 26). Dados de precipitação pluviométrica dos
últimos 10 anos mostram uma média para os meses de maio e junho (245.89mm e 234,89mm,
respectivamente) bastante inferior à registrada nos mesmos, no ano de 2005.
A partir das informações geradas percebe-se haver duas estações bem definidas na
região. Os meses de maio a julho estão inseridos na estação chuvosa e de novembro a janeiro
no intervalo da estação de estiagem (Fig. 25).
0
100
200
300
400
500
Mai Jun Jul Nov Dez Jan
mes es
precipitação pluviométrica (mm
)
Precipitação acumulada nos mêses de coleta
Média mensal - últimos 10 anos (1995-2004)
Figura 25 – Precipitação pluviométrica e média dos últimos 10 anos registrada no
litoral de Recife, nos meses de coleta para os naufrágios Servemar-X e Servemar-I
Obs.: Devido a problemas na estação pluviométrica os dados do mês de junho/05 não foram coletados.
Cavalcanti e Kempf (1970) definiram, em razão da distribuição da pluviometria, duas
estações na região: uma de estiagem, compreendida entre os meses de setembro e fevereiro,
caracterizada pela evaporação superior a precipitação, e uma chuvosa, compreendida entre
março e agosto, caracterizada pela precipitação superior a evaporação.
Os padrões pluviométricos registrados no presente estudo se assemelham aos
encontrados por Maranhão (2003) para o litoral Sul do Estado e Leão (2002) para a costa do
Recife, a exceção do mês de maio que apresentou uma média superior.
Santos, Douglas H. Cavalcanti Parâmetros Ambientais e Fitoplâncton nos Naufrágios... 87
Períodos distintos e irregulares na pluviometria são característicos de regiões
litorâneas, e os seus efeitos sobre a biomassa fitoplanctônica também foram evidenciados por
autores, como Sassi (1987), Passavante et al. (1987/1989), Moura (1991), Resurreição et al.
(1996), Rezende e Brandini (1997), dentre outros, que relacionaram os efeitos climáticos com
os parâmetros físico-químicos e biológicos de diversos ecossistemas aquáticos.
Uma vez que as variações na composição qualitativa e quantitativa do fitoplâncton
constituem-se em uma rápida resposta às modificações das condições ambientais (HINO;
TUNDISI, 1977) e, em nível local, a pluviometria é um dos principais fatores, foi analisado o
valor da precipitação registrado nas 48h que antecederam os mergulhos e no próprio dia da
coleta (Fig. 26).
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Dia 24
Dia 25
Dia 26
Dia 16
Dia 17
Dia 18
Dia 14
Dia 15
Dia 16
Dia 14
Dia 15
Dia 16
Dia 6
Dia 7
Dia 8
Dia 9
Dia 10
Dia 11
Maio Junho Julho Novembro Dezembro Janeiro
Preciptação pluviométrica (mm
)
Figura 26 – Precipitação pluviométrica registrada no litoral de Recife, nas 48h
antes e nos dias das coletas, nos naufrágios Servemar-X e Servemar-I
Percebe-se que nos meses chuvosos, todas as coletas foram precedidas de precipitação,
com volume máximo nas 48h que precederam a coleta de junho (90mm) e maio e julho,
registrando, respectivamente 5,25 e 3mm. No período seco, dezembro apresentou
comportamento atípico em relação aos anos anteriores, com um volume de precipitação
marcando 100mm, sendo 88,75mm registrado somente no dia 06.
Atuando conjuntamente com a pluviosidade, a intensidade e direção dos ventos além
de influenciar no aspecto quantitativo do fitoplâncton, principalmente, as espécies neríticas, a
atividade do mergulho nos naufrágios é prejudicada dependendo da intensidade dos ventos
que criam ondulações, consequentemente, dificultam a navegação, aumentam a correnteza,
revolvendo o fundo e diminuindo a visibilidade da água.
Santos, Douglas H. Cavalcanti Parâmetros Ambientais e Fitoplâncton nos Naufrágios... 88
Souza e Couto (1999) assinalam que os corpos de águas tropicais, respondem as
mudanças ambientais em curto prazo. Forças climáticas e meteorológicas, como episódios
anômalos de intensa precipitação ou seca, ciclos relativos ao rio e a maré, ação de ventos
fortes, podem afetar rapidamente o processo biogeoquímico.
Kranenburg (apud ADVINCULA, 2000) afirma que o vento quando sopra na
superfície livre da água, forma uma camada turbulenta que vai afundando no decorrer do
tempo como uma água mais densa. Aquecimento, resfriamento e o efeito de Coriolis podem
interagir com o processo de mistura das massas d’água.
De acordo com Andrade e Lins (1964) e Nimer (1979), os ventos dominantes no
litoral pernambucano sopram de SE e de NE. No inverno, a invasão do anticiclone de origem
polar faz com que ocorram médias mais baixas, predominando ventos de SE.
A direção dos ventos para a região do Recife nos meses de coleta esteve bem
distribuída, com uma pequena tendência, no inverno, para sudoeste e sudeste, e no verão,
predominando ventos de nordeste (Fig. 27).
0
2
4
6
Novem bro NE/SE
Dezembro NE/SE
Janeiro NE/SE
Maio SW/NE
Junho SW/SE
Julho SW/SE
Vel.Dir.Vento m/s
Figura 27 – Velocidade Média e Direção do Vento registrada no litoral de Recife,
nos meses de coleta, nos naufrágios Servemar-X e Servemar-I
Os dados de direção dos ventos mostrados aqui correspondem aos indicados na
pesquisa de Rollnic (2004) ao estudar a hidrologia, clima de onda e transporte advectivo, no
litoral do Recife, ao longo de um ano (2000 e 2001), com exceção do mês de janeiro, quando
os ventos sopraram em maior freqüência de S-SE. O pesquisador compreende que as
flutuações da direção dos ventos estão, provavelmente, associadas à passagem de nuvens e
frentes de chuvas.
Santos, Douglas H. Cavalcanti Parâmetros Ambientais e Fitoplâncton nos Naufrágios... 89
Moura (1991) também faz reflexões quanto à influência do vento nas variáveis
ambientais, apontando que, no início do inverno, se processa um aumento da freqüência e
intensidade dos ventos os quais provocam uma ruptura da estabilidade da coluna d’água.
Durante a primavera e todo o verão, ocorre o aumento da temperatura superficial da água, a
estabilização da coluna, entretanto, o incremento da ação do vento, provoca rupturas
sucessivas naquela coluna, havendo uma conseqüente renovação de nutrientes da zona
eufótica, acarretando uma maior atividade fotossintética com altos valores da biomassa
fitoplanctônica.
Por ser um fator que sofre muita variação quanto à direção e intensidade, da mesma
forma que a pluviometria, a direção do vento no dia das coletas também foi apreciada, como
mostra a figura 28.
0
1
2
3
4
5
6
Novembro NE/SE
Dezem bro NE/SE
Janeiro NE/SE
Maio SW/NE
Junho SW/SE
Julho SW/SE
Vel.Dir.Vento m/s
Figura 28 – Velocidade Média e Direção do Vento registrada no litoral de Recife,
nas 48h antes nos dias das coletas, nos naufrágios Servemar-X e Servemar-I
Ao correlacionar esses dados de pluviometria e direção/velocidade dos ventos com as
observações de campo é possível tecer alguns comentários acerca das condições do mar e da
transparência da água nos naufrágios Servemar-X e Servemar-I.
Na coleta do mês de maio, a ausência de chuvas e a predominância de ventos de
nordeste (37,5%) refletiram nas ondulações e correntes, amenizando ambas. Todavia, embora
não tenha chovido com intensidade nas 48h que antecederam o mergulho e o vento soprando
de nordeste, a transparência da água, registrada nos dois naufrágios, foi a menor de todo o
período amostrado (Fig. 29). Tal fato pode estar ligado ao volume de chuva que precipitou no
Recife, ao longo de todo o mês de maio, totalizando 479,25mm.
Santos, Douglas H. Cavalcanti Parâmetros Ambientais e Fitoplâncton nos Naufrágios... 90
Na campanha de junho, com a chuva forte e o vento de sudoeste predominando, as
condições mostraram características típicas do inverno, com o mar agitado e a água
mostrando uma clara divisão em ambos os naufrágios: até os 6m de profundidade, correnteza
moderada e turva (material em suspensão); a camada entre os 7m e 18m, não apresentando
correnteza e com maior visibilidade, e dos 18m para o fundo a corrente se apresenta de forma
intermitente revolvendo o fundo e proporcionando material em suspensão.
Na última coleta do inverno, mesmo com o céu aberto e a pouca chuva registrada nas
48h que precederam o dia 16, o forte vento soprando de sudeste intensificou a correnteza que
abrangia toda a coluna d’água. A transparência da água seguiu a tendência dos meses
anteriores, sendo um pouco maior no Servemar-X (13m).
Em novembro, as condições estáveis de tempo proporcionaram águas calmas para
navegação e razoável transparência. Os dados registrados tanto de direção e intensidade de
ventos quanto de pluviometria são típicos do período de estiagem para a região. Segundo os
mergulhadores, é comum, nessa época do ano, visualizar a sombra do naufrágio estando fora
da água (embarcado).
No mês de dezembro, dois dias antes da coleta choveu 88,75mm no Recife, o
equivalente a dois anos do mesmo mês, segundo a média dos últimos 10 anos. Essa frente que
atingiu o litoral trouxe para os dias seguintes instabilidades meteorológicas, notadas aqui na
direção dos ventos, soprando com mais freqüência de sudeste, e na transparência da água, se
igualando a pontuada no período chuvoso. Nesse sentido, uma moderada correnteza também
foi notada nos dois naufrágios, se estendendo até os 12m de profundidade.
Em janeiro, os dois principais parâmetros, aqui avaliados, se comportaram de forma a
concorrer favoravelmente com as condições ótimas de ondulação, corrente e material em
suspensão na água. Em relação à precipitação, nas 48h anteriores à coleta, o tempo se
apresentou estável, não havendo registro de chuvas na região. Já quanto à direção dos ventos,
no dia do mergulho, estes sopravam com maior freqüência de nordeste e, durante todo o mês,
se apresentaram bastante equilibrados. In situ, tais fatores ambientais revelaram um cenário
particular para a região dos dois naufrágios: mar com poucas ondulações e sem correnteza, e
apresentando, ao longo da coluna d’água, uma transparência razoável, tendo sido registrado
um Secchi 17 e 19m e um coeficiente de extinção de luz de 0,08 e 0,1m, entretanto, as últimas
camadas (20-25m) com leve correnteza e bastante material em suspensão.
Santos, Douglas H. Cavalcanti Parâmetros Ambientais e Fitoplâncton nos Naufrágios... 91
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
M aio Junho Julho Novembro Dezembro Janeiro
Profundidade (m)
Servemar-X Servemar-I
Figura 29 – Transparência da água registrada nos naufrágios
Servemar-X e Servemar-I
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
M aio Junho Julho Novembro Dezembro Janeiro
Coefic. de ext. da luz (m)
Servemar-X Servemar-I
Figura 30 – Coeficiente de extinção da luz registrada nos
naufrágios Servemar-X e Servemar-I
Continuando na análise dos dados hidrológicos, segundo Raymont (1963), a
temperatura da água é um importante fator na determinação da composição de espécies do
fitoplâncton e em muitas regiões temperadas a variação das espécies tende a acompanhar a
mudança de temperatura da água, durante o ano.
Já nas regiões tropicais, as temperaturas são sempre elevadas e a amplitude anual é
muito pequena (SOURNIA, 1968), o que faz com que as flutuações anuais ou sazonais das
populações fitoplanctônicas sejam resultado, puramente, de características locais
momentâneas, e por esta razão, podem sofrer variações de um local para outro e num mesmo
local de ano para ano (SASSI, 1987).
Santos, Douglas H. Cavalcanti Parâmetros Ambientais e Fitoplâncton nos Naufrágios... 92
Texeira (1980) explica que a variação na biomassa do fitoplâncton em regiões
tropicais é devido à radiação máxima do sol e da precipitação pluviométrica que coexistem no
verão.
Steemann-Nielsen (1975) também registra a importância que temperatura desempenha
atuando na alteração da taxa de fotossíntese e respiração das algas planctônicas, uma vez que,
logo após a mudança de temperatura, observa-se o seu efeito nos processos químicos,
incluindo os processos enzimáticos, na respiração e fotossíntese.
No presente estudo, o padrão da temperatura foi, justamente, o esperado para as
regiões tropicais. Durante todo o período amostrado, os valores mínimos e máximos de
temperatura da água não apresentaram uma grande diferença, o que não tende a influenciar os
distintos organismos fitoplanctônicos encontrados.
A diferença de temperatura superficial da água do fundo apresentou um gradiente
máximo de 0,5ºC, estando a superfície sempre mais quente que o fundo (exceção do mês de
junho – Servemar-X) (Fig. 31 e 32).
Servemar-X
27,0
27,5
28,0
28,5
29,0
29,5
30,0
M aio Junho Julho Novembro Dezembro Janeiro
Temperatura
o
C
Fundo Meio Superfície
Figura 31 – Temperatura da água registrada no naufrágio
Servemar-X
Santos, Douglas H. Cavalcanti Parâmetros Ambientais e Fitoplâncton nos Naufrágios... 93
Servemar-I
27,0
27,5
28,0
28,5
29,0
29,5
30,0
M aio Junho Julho Novembro Dezembro Janeiro
Temperatura
o
C
Fundo Meio Superfície
Figura 32 – Temperatura da água registrada no naufrágio
Servemar-I
Correlacionando a temperatura da água com a salinidade, Fraga (1967) diz haver uma
combinação entre esses dois parâmetros que não somente rege os processos fundamentais da
mecânica marinha, do aporte de elementos nutritivos da mistura, bem como da dispersão de
populações, pois da temperatura são dependentes ainda a viscosidade da água, a solubilidade
do oxigênio e outras propriedades consideráveis importantes. Geralmente os componentes do
fitoplâncton estão menos hidratados em temperaturas mais altas, consequentemente, aqueles
organismos desenvolvidos em temperaturas mais baixas alcançam maiores dimensões. A
temperatura e a salinidade, além disso, são os dois principais fatores que determinam à
distribuição das espécies consideradas oceânicas e neríticas.
A salinidade nos oceanos não sofre grandes variações, consequentemente, não limita
os organismos planctônicos marinhos nesse ecossistema específico, porém em outras áreas,
como as zonas costeiras e estuários a diluição da água do mar pelo influxo de água doce, pode
reduzir a salinidade a níveis críticos para diversos organismos (KREBS, 1972).
Para Cabo (1978), a salinidade dos oceanos depende de vários fatores como as
forçantes meteorológicas, topografia e aportes fluviais, e, de modo geral, oscila entre 33,00 e
37,00.
Os valores médios de salinidade das áreas dos naufrágios ficaram em torno de 35,
apresentando picos máximos de 38 e, excepcionalmente, 33 no mês de maio, no Servemar-I
(Fig. 34). Tal fato, mais uma vez, pode estar associado às chuvas acumuladas no referido mês.
Embora a localização dos naufrágios seja, razoavelmente, afastada da costa, o que
diminui a influência da drenagem dos rios, as observações in situ, principalmente nas coletas
no período chuvoso, apontam no sentido de que a mistura das águas dos rios
Santos, Douglas H. Cavalcanti Parâmetros Ambientais e Fitoplâncton nos Naufrágios... 94
Capibaribe/Beberibe e do Jaboatão com o oceano podem alcançar distâncias superiores aos
9km da costa. Uma prova disso é a redução da camada fótica na região do naufrágio
Servemar-I e a quantidade de lixo (sacos, garrafas plásticas e vegetação de origem
continental) avistada na água naquela localidade (Fig. 33).
Figura 33 – Visibilidade da água no Servemar-I, no
período chuvoso. Naufrágio fica coberto pela
macroalga Codium sp.
Cavalcanti e Kempf (1970), em estudos sobre a plataforma continental na área do
Recife, evidenciam uma variação anual nas características hidrológicas durante o período
chuvoso, de março a setembro, com declínio nos teores de salinidade, temperatura e
transparência da água, como uma resposta da drenagem continental, estando a fauna e a flora
condicionadas aos períodos sazonais.
A variação de temperatura e salinidade nas áreas dos naufrágios, de um modo geral, é
similar a registrada por Brandini e Morais (1986) em áreas costeiras e oceânicas da região
sueste do Brasil, e segundo a Petrobras (1994), em diagnóstico nessas mesmas áreas também
no sul do Brasil. Os valores enquadram a massa de água da plataforma continental de
Pernambuco como Água Tropical de Superfície (ATS).
Santos, Douglas H. Cavalcanti Parâmetros Ambientais e Fitoplâncton nos Naufrágios... 95
Servemar-X
32,0
33,0
34,0
35,0
36,0
37,0
38,0
39,0
M aio Junho Julho Novembro Dezembro Janeiro
Salinidade
Fundo Meio Superfície
Servemar-I
32,0
33,0
34,0
35,0
36,0
37,0
38,0
39,0
M aio Junho Julho Novembro Dezembro Janeiro
Salinidade
Fundo Meio Superfície
Figura 34 – Salinidade da água registrada nos naufrágios
Servemar-X e Servemar-I
Partindo para a análise do pH, esse está entre os fatores capazes de influenciar na
qualidade de ambientes aquáticos. De medição direta, o pH tem influência sobre várias
reações e processos biológicos como, por exemplo, a respiração e a fotossíntese, podendo
também ser alterado pelas mesmas.
Segundo PARSONS et al. (1984), o pH da água do mar está usualmente entre 7,5 e
8,5. Os valores abaixo deste intervalo podem estar relacionados com altas concentrações de
dióxido de carbono ou a ocorrência de ácidos húmicos, enquanto que acima, pode ter relação
com a fotossíntese dos organismos marinhos ou a disponibilidade de carbonatos solúveis.
O pH da água oceânica varia entre 8,0 e 8,3 (MARGALEF, 1989), contudo, em áreas
costeiras, a água do mar pode apresentar um pH maior ou menor do que 7,0, refletindo o
efeito do aporte continental. Valores de pH abaixo de 7,0 foram encontrados na Baía de Todos
Santos, Douglas H. Cavalcanti Parâmetros Ambientais e Fitoplâncton nos Naufrágios... 96
os Santos por Mafalda Jr. et al (2003) e Santos (2002) na Baía de Guarapuá, ambos no Estado
da Bahia.
De acordo com os trabalhos realizados na área, as águas da plataforma continental de
Pernambuco, em geral, são ligeiramente alcalinas não se observando qualquer tendência de
acidificação.
Os valores do pH encontrados se mostraram ligeiramente inferiores na profundidade
do naufrágio que na superfície. Em comparação com os dados obtidos por Eskinazi-Leça et al.
(1997) observou-se que a média dos valores nos três níveis de profundidade (superfície,
camada intermediária e camada profunda) fica em torno de 7,80, se aproximando do
encontrado na presente pesquisa (Fig. 35).
Servemar-X
6,4
6,6
6,8
7,0
7,2
7,4
7,6
M aio Junho Julho Novembro Dezembro Janeiro
pH
Fundo Meio Superfície
Servemar-I
6,4
6,6
6,8
7,0
7,2
7,4
7,6
M aio Junho Julho Novembro Dezembro Janeiro
pH
Fundo Meio Superfície
Figura 35 – Potencial hidrogeniônico da água registrado nos
naufrágios Servemar-X e Servemar-I
Santos, Douglas H. Cavalcanti Parâmetros Ambientais e Fitoplâncton nos Naufrágios... 97
Dentre os fotopigmentos encontrados nos diversos grupos do fitoplâncton, a clorofila a
está presente em todos os representantes do fitoplâncton marinho (GRAHAM; WILCOX,
2000), e sua medida vem provando ser uma ótima ferramenta no gerenciamento da qualidade
ambiental em regiões costeiras (PAERL et al., 2003).
Segundo Passavante (1979), a determinação da clorofila a é uma das medidas mais
precisas para se quantificar a biomassa do fitoplâncton, sendo amplamente empregada por
várias instituições em diversas partes do mundo.
Na região oceânica tropical a biomassa fitoplanctônica é controlada pela
disponibilidade de luz e nutrientes inorgânicos dissolvidos, além de outros fatores físicos
como a turbulência e sedimentação (FLORES MONTES, 2003).
Como salientado anteriormente, o mar adjacente ao nordeste brasileiro é caracterizado
por elevadas temperaturas, intensa luminosidade e pela constante influência dos ventos alísios
de sudeste, sendo ainda considerada uma área oligotrófica (ADVINCULA, 2000). Tal caráter
oligotrófico também é devido os baixos teores de nutrientes inorgânicos dissolvidos em suas
águas, refletindo numa baixa produtividade biológica, o que é uma particularidade dos
oceanos tropicais (SAMPAIO, 1998; COSTA, 1991, MEDEIROS et al., 1999).
Os valores de clorofila a registrados na profundidade do naufrágio Servemar-X,
variaram de 0,61 a 5,97mg.m-
3
, com o valor mínimo registrado em nov/05 e o máximo em
jul/05 e jan/06, tendo-se apresentando sempre mais elevados ao fundo (ao lado do naufrágio)
que na superfície e no meio da coluna d’água.
Com relação ao Servemar-I, os valores de clorofila a, na profundidade do naufrágio, se
apresentaram inferiores ao Servemar-X, com mínimo de 1,31mg.m-
3
, em maio e nov/05, e
máximo de 5,10mg.m-
3
, em jan/06. Da mesma forma que o Servemar-X, há uma
superioridade da biomassa fitoplanctônica na profundidade do naufrágio em relação à
superfície e ao meio da coluna d’água (Fig. 36).
Santos, Douglas H. Cavalcanti Parâmetros Ambientais e Fitoplâncton nos Naufrágios... 98
Servemar-X
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
M aio Junho Julho Novembro Dezembro Janeiro
Clor a m
3
Fundo Meio Superfície
Servemar-I
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
M aio Junho Julho Novembro Dezembro Janeiro
Clor a m
3
Fundo Meio Superfície
Figura 36 – Clorofila a registrada nos naufrágios Servemar-X e
Servemar-I
Resurreição et al. (1996) relatou que há uma tendência a níveis mais elevados de
biomassa nas camadas mais profundas em regiões distantes mais que 5 milhas da costa. Ao
estudar áreas distantes mais que 4 milhas da costa, em frente ao porto do Recife, o autor
constatou que o aumento da descarga continental repercute positivamente na elevação dos
níveis de fertilidade das águas mais afastadas da costa, ainda que a influência terrígena pareça
estar confinada a uma área muito próxima do continente.
Taniguchi (1972) explica que a camada máxima de clorofila a, em águas tropicais e
subtropicais é formada próximo do limite da camada fótica, devido à foto-oxidação em áreas
superficiais com forte intensidade luminosa. Nesse sentido, Margalef (1972) e Luning (1981)
afirmam que a exposição à luz forte pode inibir a fotossíntese, pois sob altas radiações a
clorofila a pode sofrer oxidação, causando efeitos letais nas algas.
Os valores mais elevados de clorofila a registrados no fundo, ao lado dos naufrágios,
podem também estar correlacionados à capacidade das estruturas de atrair organismos da
Santos, Douglas H. Cavalcanti Parâmetros Ambientais e Fitoplâncton nos Naufrágios... 99
fauna e flora aquática, criando um ecossistema tipicamente recifal, que baseado nas relações
interespecíficas dos produtores primários, dão suporte a toda uma cadeia trófica.
No caso dos rebocadores, suas estruturas metálicas podem agir positivamente no
desenvolvimento do ecossistema recifal artificial. Particularmente em relação ao ferro,
estudos têm demonstrado sua importância no desenvolvimento de comunidades
fitoplanctônicas, além de constatar que o ferro pode ser um fator limitante em potencial, na
regulação do crescimento fitoplanctônico em regiões oceânicas (MARTIN; FITZWATER,
1988; DITULLIU; LAWS, 1991).
Outra hipótese para explicar os altos valores de clorofila a no fundo é que uma vez
assentadas no fundo marinho as estruturas servem de obstáculos para as correntes e, ainda que
em pequena escala, estas sofrem desvios ocorrendo, consequentemente, o revolvimento do
sedimento. Esse mecanismo permite que haja um processo de reciclagem e regeneração dos
nutrientes na coluna d’água, preponderante para o florescimento do fitoplâncton.
Segundo Hargreaves e Gomes (apud MACEDO; AMARAL, 2000), estruturas
artificiais podem criar ressurgências com a corrente em ascensão no local, gerando vórtices
em torna das estruturas.
Em áreas oceânicas, com o afundamento de células intactas, carcaças, material fecal e
partículas dentríticas, os principais micronutrientes para a sustentação do fitoplâncton são
depositados no fundo marinho (BIANCHI et al., 1988). Com o revolvimento do fundo ocorre
a liberação de nutrientes a partir do sedimento, enriquecendo a coluna de água (REZENDE;
BRANDINI, 1997).
O processo de enriquecimento da coluna d’água em nutrientes, a partir do sedimento,
parece ser freqüente, e o mais importante para o aumento da biomassa fitoplanctônica nerítica,
na região de Ubatuba (SP), onde, durante o inverno, com a coluna d’água mais homogênea,
sob o ponto de vista físico, os valores máximos de clorofila a na subsuperfície, ocorreram
geralmente entre 5 e 20m de profundidade, sendo 1,6 a 2,6 vezes maiores que aqueles
observados na superfície (AIDAR et al. apud PASSAVANTE, FEITOSA, 1995).
Com relação a outros estudos sobre biomassa do fitoplâncton em áreas costeiras e
oceânicas, Costa (1991) trabalhando na região nordeste do Brasil encontrou valores variando
de 0,05 a 0,60mg.m
-3
. Passavante e Feitosa (op cit.), no litoral sul de Pernambuco, sobre as
isóbatas de 20 e 30m, registraram valores entre 0,50 e 4,95mg.m
-3
e 0,21 e 2,34mg.m
-3
,
respectivamente. Na região sueste do Brasil, Brandini e Moraes (1986) anotaram
concentrações de clorofila a variando de 0,27 a 0,16µg.l
-1
, em estações localizadas na região
Santos, Douglas H. Cavalcanti Parâmetros Ambientais e Fitoplâncton nos Naufrágios... 100
oceânica. Na costa norte da Bahia, a biomassa do fitoplâncton oscilou entre 0,01 e 0,35µg.l
-1
,
em estudo realizado por Mafalda Jr. et al. (2003). Por fim, Ekau e Knoppers (apud
BRANDINI et al., 1997) em expedição oceanográfica entre as costas de Recife e Fortaleza,
mostraram resultados variando entre máximos costeiros de 0,34µg/l decrescendo para
0,01µg/l em águas oceânicas.
Correlacionando o dado da biomassa fitoplanctônica com a ictiofauna, Cordova
(1989), em estudos sobre a distribuição de clorofila a, registrou a mais elevada concentração
desse pigmento associada com o limite sul da frente equatorial, sendo essa zona caracterizada
como de afloramento, onde os valores da biomassa variam de 0,07 a 6,35mg.m
-3
. Essas zonas
dão origem a áreas biologicamente muito produtivas, as quais definem a distribuição da pesca
pelágica, registrando-se maior captura de peixes pelágicos da região.
Uma vez atraído pela estrutura artificial, peixes herbívoros passam a se alimentar das
algas já fixadas e os peixes juveis recrutados atraem outros maiores (WHITE et al., 1990)
(Fig. 37).
Figura 37Bodianus rufus se alimentando de algas fixadas
no naufrágio Servemar-X
Em levantamento ictiofaunístico realizado num recife artificial no litoral sul de
Pernambuco, Oliveira et al. (2004) registrou 18 famílias, 31 gêneros e 42 espécies diferentes
de peixes. Já Macedo e Amaral (2000) estudando o antigo naufrágio Vapor Pirapama, no
Recife, identificou a presença de 76 táxons, em diferentes níveis taxonômicos, distribuídos
nos Filos Sarcodina, Porífera, Cnidária, Mollusca, Annelida, Crustacea, Bryozoa,
Echinodermata e Chordata.
Enfocando a biodiversidade de cnidários, Macedo (op. cit.) anotou oito taxa para o
antigo recife artificial, localizado a 7Km do porto do Recife, entre eles: Siderastrea stellata,
Santos, Douglas H. Cavalcanti Parâmetros Ambientais e Fitoplâncton nos Naufrágios... 101
Montastrea cavernosa, Astrangia braziliensis e Carijoa riisei, este último um octocoral
bastante comum no Servemar-X.
Em ambiente recifal, o recrutamento de coral é usualmente maior em superfícies
verticais ou inclinadas quando comparadas com as horizontais, principalmente, em virtude
dos poucos níveis de sedimentação e elevada circulação de água na parede (CLARK,
EDWARDS, 1999). Além do exemplo de Macedo e Amaral (2000) que encontrou octocorais,
principalmente, em áreas com declividade negativa, Baynes e Szmant (1989) encontraram
também uma grande abundância de octocorais em superfícies verticais do que horizontais em
naufrágios na Carolina do Sul (EUA).
Em relação às microalgas, Galamba (2004), estudando a comunidade incrustante no
Servemar-I, em três meses subseqüentes ao seu afundamento, constatou que nas placas de
sucessão de metal, as algas (diatomáceas e filamentosas) aparecem com destaque, sendo
substituídas num segundo estágio por algas frondosas. Carvalheira (1977) apud Galamba (op
cit.) obsevou que o primeiro estágio de colonização de um substrato artificial se dá por
bactérias, diatomáceas e outras microalgas e protozoários.
Comprovando a importância do fitoplâncton na dieta alimentar de algumas espécies de
peixes, Eskinazi-Leça e Vasconcelos Filho (1972), Eskinazi-Leça et al. (1976) e Vasconcelos
Filho (1979) observaram que o conteúdo estomacal de peixes Mugilídeos e Clupeídeos,
coletados no Canal de Santa Cruz, revelou que naqueles, principalmente na fase jovem, o
microfitoplâncton desempenha importante papel na dieta alimentar, enquanto que nos últimos,
apesar de serem essencialmente zooplanctófago, possuem fração do microfitoplâncton como
um importante item alimentar.
A partir dos resultados dos parâmetros hidrológicos obtidos nas áreas dos naufrágios
Servemar-X e Servemar-I pode-se concluir que não houve um padrão sazonal bem definido,
ainda que pareça haver um incremento na biomassa do fitoplâncton no período de estiagem,
acompanhado pela diminuição das chuvas e aumento da transparência da água.
Partindo para o diagnóstico florístico, nos naufrágios Servemar-X e Servemar-I, ao
todo foram encontrados 80 diferentes táxons, nos seis meses estudados. Das cinco Divisões
encontradas a Bacillariophyta (diatomáceas) foi a que mais contribuiu para riqueza florística
do microfitoplâncton, sendo responsável por 66,25% de todos os táxons identificados,
correspondendo a um total de 53 táxons. Observaram-se também Dinophyta (dinoflagelados)
com 15 táxons correspondendo a 18,75%, Cyanophyta (cianofíceas) com 10 táxons
Santos, Douglas H. Cavalcanti Parâmetros Ambientais e Fitoplâncton nos Naufrágios... 102
perfazendo um total de 2%, Euglenophyta (euglenas) e Chlorophytas (clorofíceas) com uma
representação de 1,25% dos indivíduos identificados (Fig. 38).
Dinophyta
18,75%
Cyanophyta
12,50%
Euglenophyta
1,25%
Chlorophyta
1,25%
Bacillariophyta
66,25%
Figura 38 – Classificação percentual ecológica dos táxons ocorrentes nos
naufrágios Servemar-X e Servemar-I
Estudos da biodiversidade nos ecossistemas são importantes porque revelam a função
dos mesmos, e as respostas aos impactos antrópicos. Conseqüentemente, a riqueza de espécies
dos demais níveis tróficos envolve indiretamente a biomassa e a composição fitoplanctônica
(DOWNIN; LEIBOLD, 2002 apud SANTIAGO).
Confirmando o caráter oligotrófico da área onde estão situados os naufrágios, o
enquadramento ecológico das espécies identificadas, registrou 39,29% de espécies marinhas
planctônicas oceânicas, seguido das neríticas (30,36%), ticoplanctônicas, estuarinas e
dulciaqüícolas (Fig. 39).
Santos, Douglas H. Cavalcanti Parâmetros Ambientais e Fitoplâncton nos Naufrágios... 103
Marinha
Planctônica
Oceânica
39,29%
Dulciaqüicola
3,57%
Est u ar i na
7,14%
Ticoplanctônica
19,64%
Marinha
Planctônica
Ner ítica
30,36%
Figura 39 – Distribuição relativa (%) das divisões identificadas no
microfitoplâncton nos naufrágios Servemar-X e Servemar-I
Ao analisar a matriz de correlação dos Componentes Principais (ACP) percebe-se o
surgimento de quatro conjuntos de variáveis bem diversas. No primeiro grupo (О), fica
evidenciada a relação entre as espécies de dinoflagelados Ceratium deflexus, Ceratium fusus e
a cianofícea Trichodesmium thiebautii, as quais são características de regiões oceânicas
oligotróficas, com o coeficiente de extinção da luz e a clorofila a no meio da coluna d’água, a
intensidade do vento nas 48h que antecederam a coleta e a salinidade do fundo.
No segundo (О), ficou demonstrado que a estabilidade da temperatura da água nos três
níveis de profundidade se relaciona com a riqueza taxonômica, incluindo ainda neste grupo as
espécies oceânicas freqüentes nas amostras Bacillaria paxilifera e Ceratium pentagonum.
O grupo três (О) uniu duas diatomáceas que podem ser consideradas marinhas
ticoplanctônicas, eurialinas e euritérmicas, ambas se apresentando freqüentes no período de
estiagem, acrescentando ao grupo a transparência da água (fator que também apresenta uma
variação sazonal), o pH do fundo, a diversidade e a eqüitabilidade.
A Análise dos Componentes Principais envolveu alguns itens do universo de variáveis
ambientais, acrescentando os organismos mais freqüentes e abundantes encontrados nas
amostras (Fig. 40).
Santos, Douglas H. Cavalcanti Parâmetros Ambientais e Fitoplâncton nos Naufrágios... 104
Figura 40 – Análise dos dois Componentes Principais (ACP) dos parâmetros climatológicos,
hidrológicos e biológicos, nos naufrágios Servemar-X e Servemar-I
O conjunto que apresenta relação entre a transparência da água se coloca em oposição
ao da intensidade do vento 48h, uma vez que este último está relacionado com a quebra da
estabilidade da coluna d’água. Já a relação presumida no conjunto da cianofícea
Trichodesmium thiebautii com a intensidade do vento 48h e a clorofila a do meio da coluna
d’água pode ser explicada pelos altos números dessa espécie anotados para os períodos de
pico na flutuação da biomassa fitoplanctônica. Com a intensificação dos ventos e,
consequentemente, o aumento das correntes, essas microalgas são distribuídas pela coluna
d’água.
Agawin et al. (apud Rosevel Silva, 2005) relatam que a fração do picofitoplâncton
(cianobactéria) contribui com mais de 50% da biomassa e produção em oceanos tropicais
oligotróficos e subtropicais abertos, não sendo esperado um padrão anual da abundância e
crescimento desses organismos.
Fator 1 (25,97%)
Fator 2 (19.82%)
-1.00 -0.50 0.00 0.50 1.00
-1.00
-0.50
0.00
0.50
1.00
Trichthieb
Bacpax
Cerfusus
Cer pent ag
Asteglacia
Cer deflex
Rhabdadria
Num-Esp
Divers
Eqüit ab
Clo r-sup
Clor -meio
Clo r-fund
Pp/48h
Ve-int/48h
Transpagua
Coef .luz
T ºCagu-sup
T ºCágu-meio
T ºCágu-fund
Sa l - s u p
Sa l - m ei o
Sal-fundo
pH-sup
pH-meio
pH-fundo
Santos, Douglas H. Cavalcanti Parâmetros Ambientais e Fitoplâncton nos Naufrágios... 105
Em relação aos dois recifes artificiais, o Servemar-X apresentou uma maior riqueza
taxonômica com 123 táxons identificados, ficando o Servemar-I com 82. A riqueza de espécie
variou entre 04 (Jul/Servemar-I) e 30 (Maio./Servemar-X) (Fig. 41).
0
5
10
15
20
25
30
35
MAI./05
JUN./05
JUL./05
NOV./05
DEZ./05
JAN./06
MAIO./05
JUN./05
JUL./05
NOV./05
DEZ./05
JAN./05
SERVEMA R X SERVEMA R I
Nº de espécies
Figura 41 – Distribuição da riqueza taxonômica do microfitoplâncton nos
naufrágios Servemar-X e Servemar-I
Quanto à abundância relativa dos táxons,
as diatomáceas também foram as algas mais
importantes do microfitoplâncton, destacando-se os seguintes táxons infragenéricos como os
mais abundantes: Bacillaria paxilifera, Chaetoceros sp., Asterionellopsis glacialis. Destaque
também para a cianofícea Trichodesmium thiebautii que se sobressaiu como a mais abundante
em quase todo o período amostral (Fig. 42) (Apêndice J e K).
Figura 42 – Diferentes tipos de colônias de Trichodesmium
thiebautii encontrado nas amostras dos naufrágios Servemar-X e
Servemar-I
Santos, Douglas H. Cavalcanti Parâmetros Ambientais e Fitoplâncton nos Naufrágios... 106
A presença, em maioria, de diatomáceas em ambos os naufrágios pode ser justificada
pelas características do grupo, considerado um dos maiores do fitoplâncton marinho com
cerca de 12 mil espécies conhecidas, com ampla distribuição geográfica, consideradas
cosmopolitas, rápida taxa de crescimento, capazes de suportar variações nas condições
ambientais, fator típico de regiões costeiras (BOLD; WYNNE, 1985; GRAHAM; WILCOX,
2000). Ainda, de acordo com esses dois últimos autores, experimentos realizados em
laboratório comprovaram que a adição de ferro aumenta a formação de cadeias de
diatomáceas dos gêneros Chaetoceros, Coscinodiscus e Peseudonitzschia em até seis vezes.
Nas áreas costeiras do extremo sul do Brasil, as espécies Rhizosolenia setigera e
Thalassionema nitzschioides foram consideradas dominantes para a área (ODEBRECHT;
ABREU, 1998) e Asterionellopsis glacialis é destacada em abundância e em freqüência em
outras regiões costeiras (GOMES, 1991; VIDEAU et al., 1998; VARELA; PREGO, 2003).
O segundo grupo com maior representatividade, os dinoflagelados, são característicos
de regiões oligotróficas, presentes em áreas recifais e fundamentais na existência e formação
de recifes de corais através das relações de simbiose (zooxantelas). Segundo Dodge (1982),
sua dominância em regiões oceânicas é devido a melhor adaptação das espécies em regiões
abertas, com maior transparência da água, principalmente, mares tropicais.
Aparecendo em evidência em 91,6% amostras dos naufrágios, a cianofícea
Trichodesmium thiebautii possui algumas peculiaridades que podem lhe garantir um papel
benéfico para o meio ambiente e também um outro lado contraproducente.
O gênero Trichodesmium é composto por cianobactérias filamentosas, colonial e
fixadora de nitrogênio, ubíquos em regiões tropicais e subtropicais dos oceanos. Capaz de
fixar o nitrogênio atmosférico os Trichodesmium são responsáveis por uma fração
significativa da produção primária total realizada na superfície das águas oceânicas
(GRAHAM; WILCOX, 2000).
Como fonte de alimento, o gênero Trichodesmium também representa uma fração
significativa na dieta de copepodas pelágicos, a exemplo dos Macrosetella gracilis, Miracia
efferata, Oculosetella gracilis, que os utilizam não somente como alimento, mas também
como substrato para o desenvolvimento de juvenis. O estudo realizado por Netherlands (1994)
utilizou as espécies T. erythraeum e T. thiebautii, sendo esta última observada sob duas
formas morfológicas coloniais: formas esféricas (“puffs”) e fusiformes (“tufts”).
Na costa do Japão, Wien (1984) coletou amostras com T. thiebautii na forma de
filamentos uniseriados, alinhados em paralelo. O estudo ultraestrutural da alga mostrou,
Santos, Douglas H. Cavalcanti Parâmetros Ambientais e Fitoplâncton nos Naufrágios... 107
basicamente, as mesmas estruturas gerais da espécie T. erythraeum, descrita inicialmente por
Van Baalen e Brown (1969).
As duas espécies pelágicas, T. erythraeum e T. thiebautii, são amplamente distribuídas
ao longo dos ambientes marinhos oligotróficos tropicais e oceanos sub-tropicais, em regiões
ou épocas com temperatura da água elevada (CAPONE, 1998). Usualmente encontradas
distantes da costa, pois não toleram baixas salinidades (DELSMAN, 1939), essas microalgas
possuem cianotoxinas (entre elas, saxitoxina) que podem ser perigosas para uma variedade de
organismos, inclusive o ser humano.
Extensos florescimentos de Trichodesmium thiebautii foram observados na Índia e
Tailândia levando a mortalidade de peixes, camarões e ostras (CHELLHAM,
ALAGARSWAMI, 1978; SUVAPEPUN, 1989). T. thiebautii também causou florescimentos
na costa de Jacarta, em 1997, com densidade de 2,5 tricomas por litro (PRASENO et al.,
1999).
Na costa brasileira, diversos trabalhos já registraram a espécie Trichodesmium
erytraeum, eventualmente, causando florescimentos, entre eles, Satô et al. (1963/64), em
Pernambuco, Carvalho et al., (1999), no Piauí, Fonseca et al. (2002), em São Paulo, e Rosevel
Silva (2005) também em Pernambuco no litoral sul.
Clayton (2000) em amostras coletadas, no Golfo do México, numa região onde estão
localizados diversos atratores artificiais marinhos, i.e., plataformas de petróleo afundadas,
encontrou uma população abundante de T. thiebautii. O pesquisador observou que suas
colônias frequentemente são encontradas em feixes paralelos e realizam migrações verticais
junto com o fitoplâncton marinho.
Salienta-se aqui que diferenciação entre as espécies e a identificação da T. thiebautii se
deu a partir da observação dos caracteres morfológicos, como, comprimento das células,
aspecto da parede celular (células constrictas), ausência de caliptra, forma da colônia etc.
Com relação à freqüência de ocorrência, os táxons considerados muito freqüentes e
freqüentes foram: Trichodesmium thiebautii, Bacillaria paxilifera Chaetoceros sp.,
Clorophyceae, Ceratium fusus, Ceratium pentagonum, Amphora sp., Asterionellopsis
glacialis, Ceratium deflexus, Oscillatoria sp., Lyngbya sp., Pleuro/Gyrosigma, Rhabdonema
adriaticum (Fig. 43).
Santos, Douglas H. Cavalcanti Parâmetros Ambientais e Fitoplâncton nos Naufrágios... 108
8,33
16,67
25
33,33
41,67
50,00
66,67
75,00
91,67
0 102030405060708090100
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
Amphora egregia, Amphora ostrearia, Auricula complexa, Bidulphia aurita, Ceratium contortum, Ceratium
declinatum, Ceratium euarcuatum, Ceratium extensus, Ceratium massiliense, Ceratium porrectum, Ceratium
tripos, Chaetoceros brevis, Chaetoceros didymus, Coscinodiscophyceae, Cylindrostheca closterium,
Dimerogramma dubium, Dinophysis caudata, Diploneis bombus, Fragilaria capucina, Guinardia sp.,
Gyrosigma balticum, Hemialus sp., Leptocylindrus danicus, Licmophora sp., Lithodesmium sp., Navicula sp.,
Nitzschia sigma, Odontella sp., Oscillatoria perornata, Phormidium anômala, Phormidium retizzi,
Phormidium sp., Podocystis adriatica, Rhabdonema punctatum, Rhabdonema sp,. Rhizosolenia hebetata,
Rhizosolenia setigera, Rhizosolenia sp., Skeletonema costatum, Spirulina sp., Stichosiphon sansibaricus,
Striatella sp., Striatella unipunctata.
Bleakeleya notata, Bacillariophyceae, Chaetoceros coartactus, Isthmia enervis, Melchesiella hexagonalis,
Nitzschia longíssima, Pleurosygma sp., Protoperidinium oblongum, Protoperidinium sp..
Chaetoceros affinis, Cyanophyceae, Euglenophyceae., Heliotheca thamensis, Hemialus membranaceus,
Lyrella lyra, Nitzschia sp., Pseudonitzschia pungens, Rhizosolenia styliformis.
Ceratium furca, Ceratium trichoceros, Pseudonitzschia delicatissima, Prosbocia alata, Thalassionema
nitzschioides, Thalassiothrix frauenfeldii.
Lyngbya sp., Pleuro/Gyrosigma, Rhabdonema adriaticum.
Amphora sp., Asterionellopsis glacialis, Ceratium deflexus, Oscillatória sp..
Ceratium fusus, Ceratium pentagonum.
Bacillaria paxilifera, Chaetoceros sp., Clorophyceae.
Trichodesmium thiebautii
Porcentagem %
Figura 43 – Freqüência de ocorrência dos táxons do microfitoplâncton, nos naufrágios
Servemar-X e Servemar-I
Observa-se que os maiores números de espécies estiveram classificados como:
esporádicas (52,75%), pouco freqüentes (30,00%), freqüentes (11,25%) e muito freqüentes
(5,00%) este último, em menor representação (Fig. 44).
Espécies
Santos, Douglas H. Cavalcanti Parâmetros Ambientais e Fitoplâncton nos Naufrágios... 109
Muito
freqüente
5,00%
Pouco
freqüente
30,00%
Esporádica
53,75%
Freqüente
11,25%
Figura 44 – Distribuição percentual do número de táxons no
microfitoplâncton nas diversas categorias de freqüência de ocorrência,
nos naufrágios Servemar-X e Servemar-I
A partir dos dados de densidade microfitoplanctônica, foi possível notar que os valores
observados tiveram uma grande faixa de variação, desde 6,54cél.L
-1
, no mês de julho, no
Servemar-I, e 7,05cél.L
-1
, em dezembro, no Servemar-X, até o valor máximo de 96,00cél.L
-1
,
observado no mês de julho, no Servemar-X (Fig. 45).
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
MAI./05
JUN./05
JUL./05
NOV./05
DEZ./05
JAN./06
MAI./05
JUN./05
JUL./05
NOV./05
DEZ./05
JAN./06
SERVEMA R X SERV EMAR I
Densidade Cél.L
-1
Figura 45 – Densidade taxonômica do microfitoplâncton, nos naufrágios
Servemar-X e Servemar-I
Nem sempre o alto teor de clorofila a coincide com o aumento na densidade celular,
devido principalmente ao crescimento das espécies do fitoplâncton, ao tamanho das células e
Santos, Douglas H. Cavalcanti Parâmetros Ambientais e Fitoplâncton nos Naufrágios... 110
a composição das espécies (ODEBRECHT; DJURFELDT, 1996 apud ODEBRECHT;
GARCIA, 1998; apud SANTIAGO, 2004).
De acordo com Bustillos-Guzman (1986), a densidade do fitoplâncton pode ser
influenciada, dentre outros fatores, pelo ticopncton, que são algas fitoplanctônicas que ficam
aderidas às lanternas de cultivo e aos substratos, que eventualmente se desprendem destes
locais e passam a integrar o fitoplâncton temporariamente.
Em relação à diversidade de espécies, Krebs (1985 apud ROSEVEL SILVA, 2005) diz
que esta resulta da interação de fatores diversos como competição, predação, diversidade de
habitat, tempo e estabilidade ambiental.
No geral, a diversidade do fitoplâncton se mostrou em equilíbrio entre os meses de
amostragem, com exceção do mês de junho para o Servemar-X e julho para os dois
naufrágios. O maior índice de diversidade (3,43 bits.cél
-1
) ocorreu em dezembro, no
Servemar-X, enquanto que o menor (0,60bits.cél
-1
) foi observado em julho, no Servemar-I
(Fig. 46).
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
MAI./05
JUN./05
JUL./05
NOV./05
DEZ./05
JAN./06
MAI./05
JUN./05
JUL./05
NOV./05
DEZ./05
JAN./06
SERVEMA R X SERVEMA R I
bits.cél.l
-1
Figura 46 – Diversidade específica do microfitoplâncton (bits.cel
-1
), nos
naufrágios Servemar-X e Servemar-I
Santiago (op cit.) encontrou valor máximo de diversidade, em região costeira, no Rio
Grande do Norte, igual 4,55bits.cel
-1
e mínimos de 1,85bits.cel
-1
. Rosevel Silva (2005), no
litoral sul de Pernambuco, também constatou uma alta diversidade específica, variando de
1,25 a 3,70bits.cel
-1
.
Assim como verificado por Santiago (op cit.) e Rosevel Silva (op cit.), os valores de
diversidade do fitoplâncton encontrados nos naufrágios indicam que as espécies do
Santos, Douglas H. Cavalcanti Parâmetros Ambientais e Fitoplâncton nos Naufrágios... 111
fitoplâncton estão distribuídas eqüitativamente, demonstrando que o ambiente encontra-se
equilibrado. Tenebaum (1995) afirma que em ecossistemas tropicais a diversidade é alta,
caracterizando ambientes estáveis.
Segundo Margalef (1983), a diversidade está, em geral, diretamente relacionada com a
estabilidade da comunidade ou com a complexidade da teia alimentar e inversamente
relacionada ao grau de alteração do ecossistema. Portanto, a diversidade e suas variações são
excelentes indicadores de poluição.
Corroborando com os dados de diversidade, de modo geral, os resultados de
eqüitabilidade obtidos nos dois naufrágios revelam que os táxons encontram-se bem
distribuídos, com valores mínimo de 0,27, em julho, no Servemar-X e máximo de 0,84, em
novembro, também no Servemar-X., com média geral de 0,64. A eqüitabilidade foi
relativamente alta apresentando valores acima de 0,5, demonstrando uma distribuição
uniforme das espécies (Fig. 47).
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
MAI./05
JUN./05
JUL./05
NOV./05
DEZ./05
JAN./06
MAI./05
JUN./05
JUL./05
NOV./05
DEZ./05
JAN./06
SERVEMA R X SERVEMA R I
Figura 47 – Eqüitabilidade do microfitoplâncton, nos naufrágios Servemar-X e
Servemar-I
Para conhecer a associação das espécies identificadas nos dois recifes artificiais,
procedeu-se uma análise cofenética com os táxons que apresentaram abundância acima de
40%, a qual permitiu evidenciar 02 agrupamentos distintos, considerados ajustados com valor
cofenético de 0,75 (Fig. 48).
No grupo 1, encontram-se espécies marinhas planctônicas oceânicas e neríticas
Trichodesmium thiebautii, Bacillaria paxilifera, Asterionellopsis glacialis, que apresentaram
uma média de abundância relativa (AR) superior às espécies do segundo grupo; portanto, T.
Santos, Douglas H. Cavalcanti Parâmetros Ambientais e Fitoplâncton nos Naufrágios... 112
thiebautii com 27,31, B. paxilifera com 12,23 e A. glacialis com 7,62 de AR ao longo dos
meses analisados.
O grupo 2 também compreende espécies planctônicas oceânicas e neríticas, ou seja,
Ceratium deflexus, Ceratium fusus, Ceratium pentagonum, com representantes apresentando
uma média de AR bastante inferior ao primeiro grupo (0,56, 0,49, 0,41, respectivamente) e
ainda a diatomácea ticoplanctônica Rhabdonema adriaticum, com 0,81.
Coefficient
0.000.250.500.751.00
b
Trichthieb
Bacpax
Asteglacia
Cerfusus
Cerpentag
Cerdeflex
Rhabdadria
Figura 48 – Dendrograma das associações das espécies do microfitoplâncton mais
representativas, nos naufrágios Servemar-X e Servemar-I.
De uma maneira geral, pode-se dizer que os dados referentes à hidrologia e
fitoplâncton dos naufrágios Servemar-X e Servemar-I, refletem características de um
ecossistema de grande importância ecológica, típico de áreas oceânicas com influência
costeira, ou seja, apresentando um padrão de estabilidade ambiental, com tendência
oligotrófica, e sustentando uma diversidade de fauna e flora marinha que vão desde
microalgas até grandes condríctes.
Há evidências de que os naufrágios possam estar relacionados ao incremento da
biomassa do fitoplâncton nos pontos estudados, uma vez que ao analisar as profundidades
mais acima (meio da coluna d’água e superfície) houve um gradiente reduzido nos valores.
Em relação a outras pesquisas ao largo da plataforma continental de Pernambuco (estações
distantes mais que 5 milhas da costa), os valores de clorofila a ao lado dos naufrágios, em
Santos, Douglas H. Cavalcanti Parâmetros Ambientais e Fitoplâncton nos Naufrágios... 113
geral, foram superiores aos encontrados por outros pesquisadores, onde não havia estruturas
submersas.
Os dados também levam a entender que quanto mais distante da costa mais um recife
artificial pode contribuir com incremento da biomassa fitoplanctônica e, subsequentemente,
com o da vida marinha em geral (macroalgas, moluscos, crustáceos, peixes, etc.). A indicação
disso é percebida no Servemar-X, que além de apresentar os maiores valores de clorofila a,
riqueza taxonômica, diversidade do fitoplâncton, em relação ao Servemar-I, detém uma fauna
ictia bem mais diversificada e abundante (registros pessoais).
Por outro lado, também através de registros pessoais em outros naufrágios mais
próximos à costa (Vapor Pirapama, Vapor de Baixo, Areeiro e Naufrágio do Gás), na
plataforma continental de Pernambuco, percebe-se uma população de peixes diferenciada.
Nesse sentido, Lindeman (1997)
sugere que os esforços para a construção de recifes artificiais
devem ser equilibrados, com recifes instalados próximos à costa e outros distantes. Segundo o
pesquisador, os recifes artificiais mais costeiros provêm abrigo para várias espécies de peixes
neonatos e juvenis que quando atingem a fase adulta tornam-se pelágicos.
CONCLUSÃO
A partir desses dois estudos, foi construída a base teórica e técnica da
presente pesquisa. Usou-se, portanto, fundamentações teóricas sobre
os enfoques sociais, econômicos e ambientais para lastrear e dar o
devido substrato ao estudo, orientando-se no princípio da
multidisciplinaridade da gestão ambiental. Os resultados procuram
dar um panorama da problemática dos recifes artificiais, localizados na
plataforma continental de Pernambuco, e a efetiva interferência das
políticas ambientais nas suas proteções e nos seus estados atuais.
9 Conclusão
Santos, Douglas H. Cavalcanti Conclusão 115
e grande importância ecológica, os ambientes recifais artificiais estudados são
áreas ricas, não somente sob o ponto de vista do fitoplâncton, como em peixes,
moluscos e crustáceos. Além disso, no geral, os naufrágios da plataforma
continental de Pernambuco apresentam atividades humanas intensivas, sendo responsáveis
pela sustentação da indústria do turismo subaquático (rota conhecida nacionalmente) e, ainda
que de forma ilegal, contribuem para a atividade da pesca artesanal, da qual pequenos
povoados costeiros são mantidos.
Percebe-se claramente que os atuais mecanismos de controle e fiscalização que
deveriam garantir os dispositivos das leis ambientais referentes à proteção aos ecossistemas
recifais são absolutamente ineficientes, quando não, inexistentes.
A adoção de políticas ambientais integradoras combinadas com instrumentos legais de
proteção do meio ambiente físico (restrição de uso) e biológico (período de defeso) é um fator
crucial para que se concretizem as perspectivas de um desenvolvimento ambientalmente
sustentável dos naufrágios da plataforma continental do Estado.
Em um nível mais abrangente, a presente pesquisa sobre os naufrágios Servemar-X e
Servemar-I e os demais afundados na plataforma continental de Pernambuco (sob o ponto de
vista social e ambiental) concluiu que:
z O Decreto Estadual nº 23.394/01 não vem atingindo seu objetivo na proteção dos
ambientes de recifes artificiais marinhos, da plataforma continental e Pernambuco,
sendo, por várias razões, equivocado, ineficiente, ineficaz e discriminatório, à medida
que proíbe os pescadores artesanais se usufruírem dos recursos desses ambientes.
z Pescadores artesanais, amadores e outros ainda se utilizam dos naufrágios para praticar
a pesca, o que, independentemente do apetrecho utilizado, não é permitido por Lei.
z A atividade do mergulho recreativo/contemplativo (mediante alguns procedimentos,
atitudes e formas de realização, atualmente), nos naufrágios da plataforma continental
de Pernambuco, também causa um impacto negativo sobre os ambientes recifais e sua
biota, sendo necessários estudos mais aprofundados para avaliar a magnitude;
z Os recifes artificiais contribuem, notadamente, para agregar, abrigar, dispersar e
incrementar a biomassa de organismos em pontos específicos da plataforma
continental.
z O período compreendido entre os meses de maio e agosto apresenta, em geral, as
condições do mar e da água adversas para a realização o mergulho contemplativo,
D
Santos, Douglas H. Cavalcanti Conclusão 116
sendo também um “período de entressafra” para a pesca artesanal, devido às más
condições de navegabilidade na plataforma continental de Pernambuco.
z A biomassa do fitoplâncton, clorofila a, na área dos dois naufrágios registrou um valor
superior aos pontos mais superficiais, evidenciando uma média de valores acima dos
já coletados para a plataforma continental de Pernambuco.
z A comunidade microfitoplanctônica nos naufrágios Servemar-X e Servemar-I foi
bastante diversificada, destacando-se a cianofícea Trichodesmium thiebautii como
espécie mais freqüente e abundante.
z O naufrágio Servemar-X, mais antigo e mais afastado da costa, apresentou riqueza
taxonômica maior que o Servemar-I, refletindo positivamente sua localização
distanciada do continente e, consequentemente, a estabilidade nas condições
ambientais no desenvolvimento da comunidade fitoplanctônica.
z A transparência da água foi o fator ambiental que mais influenciou do
desenvolvimento da comunidade fitoplanctônica ao lado dos naufrágios.
z As variáveis ambientais expressas nos dados climatológicos e hidrológicos
evidenciaram que a área em questão é considerada típica de regiões costeiras mais
afastadas da costa, onde a estabilidade ambiental não proporciona um padrão sazonal
definido do fitoplâncton.
Santos, Douglas H. Cavalcanti Referâncias Bibliográficas 117
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APÊNDICE
APÊNDICE A – Modelo do questionário de pesquisa aplicado para pescadores
U
NIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS
D
EPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA
Recifes Artificiais Marinhos (Naufrágios) em Pernambuco.
Este estudo pretende analisar a contribuição dos recifes artificiais para o Estado tendo como enfoque
as atividades de pesca artesanal. Como produto final os resultados serão convertidos na confecção de
uma Dissertação de Mestrado na área de Gestão Ambiental.
QUESTIONÁRIO
Sexo: M
F
Idade: ____
Naturalidade (Estado): _______________________
Tipo de embarcação que utiliza e sua propriedade: ____________________________
1 – Qual sua opinião em relação à quantidade de pescado há 20 anos e hoje?
Aumentou
Permanece igual
Diminuio
Não sabe informar
2 – Se diminuio, qual o principal motivo?
Aumentou o número de pescadores na região.
Pesca desordenada e ilegal, exemplo: ____________________________________
Poluição ambiental
Não sabe informar
Outros _____________________________________________________________
3 – O que pensa em relação à criação de novos recifes artificiais (naufrágios) para tornarem-se
pontos exclusivos de pesca?
A favor
Contra
Não sabe informar
4 – Se é contra, qual aspecto desfavorável (principal) cita para justificar a resposta?
Poluição marinha
Desequilíbrio ambiental
Risco à navegação
Outros _____________________________________________________________
5 – O que pensa em relação à proibição da pesca em área de naufrágio na costa do Estado?
A favor
Contra
Não sabe informar
6 – Alguma vez já pescou em área de naufrágio na costa do Estado?
Sim, poucas vezes.
Sim, com freqüência.
Nunca
7 – Quais apetrechos de pesca utilizados na pescaria em área de naufrágio?
Linha e anzol.
Covos.
Redes
Arpões
Outros _____________________________________________________________
8 – Qual a melhor época do ano para pescar em área de naufrágio?
Verão – meses: ____________
Inverno – meses: ___________
Não sabe informar
9 – Quais as espécies (peixes, crustáceos, moluscos) mais capturadas em área de naufrágio?
__________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________.
10 – Qual o valor comercial das espécies capturadas em área de naufrágio?
Alto
Médio
Baixo
11 – Quantos Kg de pescado captura, em média, em cada pescaria em área de naufrágio?
Menos de 5kg
Menos de 10Kg
Menos de 15Kg
Mais de 15Kg
12 – Dentre os naufrágios existentes na costa do Estado, quais os melhores para a pesca
artesanal?
Mais próximos da costa
Distante da costa
Não sabe informar
__________________________________________________________________________
________________________________________________________________.
APÊNDICE B – Modelo do questionário de pesquisa aplicado para mergulhadores
U
NIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS
D
EPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA
Recifes Artificiais Marinhos (Naufrágios) em Pernambuco.
Este estudo pretende analisar a contribuição dos recifes artificiais para o Estado tendo como enfoque
as atividades de mergulho recreativo (autônomo). Os questionários proverão informações suficientes
para estimar o papel dos recifes artificiais e da atividade de mergulho para a região e sua relevância
para a comunidade local. Como produto final os resultados serão convertidos na confecção de uma
Dissertação de Mestrado na área de Gestão Ambiental.
QUESTIONÁRIO
Sexo: M F
Idade: ____
Naturalidade (Estado): _______________________
Residência (Bairro): _________________________
Profissão: _________________________________
1 – Qual a certificação de mergulho que possui?
Básico
Avançado
Dive master
Instrutor
2 – Há quanto tempo pratica mergulho recreativo em naufrágios no litoral de Pernambuco?
Menos de 1 ano
Menos de 2 anos
Menos de 3 anos
Menos de 4 anos
Mais de 5 anos
3 – Quantas vezes, por mês, em média, pratica mergulho recreativo em naufrágios no litoral do
Estado?
Entre 1 e 2 vezes
Entre 3 e 4 vezes
Entre 5 e 6 vezes
Entre 7 e 8 vezes
Mais de 9 vezes
4 – O que pensa em relação à implantação de recifes artificiais marinhos (naufrágios e outros
atratores) no litoral do Recife?
A favor
Contra
Não sabe informar
5 – Se é a favor, qual aspecto favorável (principal) cita para justificar a resposta?
Incremento do ecoturismo
Criação de novas áreas destinadas à pesca
Criação de campos para pesquisas científicas
Ecológico – Restauração do meio ambiente, aumento da biomassa de vida marinha
Outros _______________________________________________________
6 – Se é contra, qual aspecto desfavorável (principal) cita para justificar a resposta?
Poluição marinha
Desequilíbrio ambiental
Risco à navegação
Outros _____________________________________________________________
7 – Como analisa atualmente a forma de exploração dos naufrágios por parte dos
mergulhadores e das operadoras de mergulho?
Vem sendo realizada de modo ordenado
Vem sendo realizada de modo desordenado
Não sabe informar
8 – Em relação ao comportamento e atitude dos mergulhadores durante os mergulhos, no geral,
qual impressão tem sobre a consciência ambiental dos mergulhadores na conservação dos
naufrágios?
A maioria evita mexer nas estruturas e nos animais e se preocupa com a conservação dos
naufrágios
A maioria não evita mexer nas estruturas e nos animais e não se preocupa com a conservação dos
naufrágios
A maioria não evita mexer nos naufrágios e nos animais, mas se preocupa com a conservação
Não sabe informar
9 – O que pensa em relação à prática da pesca artesanal em áreas de naufrágios?
A favor desde que realizada de modo sustentável
Contra
Não sabe informar
APÊNDICE C - Correspondência Eletrônica veiculada em lista de discussão de
mergulhadores (Internet) denunciando o descumprimento do Decreto
Estadual nº 23.394/01 (caça submarina em área de naufrágio). O nome do
autor foi preservado
APÊNDICE D - Sinopse dos táxons do microfitoplâncton identificados nas amostras dos
naufrágios Servemar-X e Servemar-I. Continua...
CYANOPHYTA
CYANOPHYCEAE
OSCILLATORIALES
OSCILLATORIACEAE
Oscillatoria perornata Skuja
Oscillatoria sp.
Trichodesmium thiebautii Gomont
Lyngbya sp.
PHORMODIACEAE
Phormidium anomala Rao
Phormidium retizzi Gomont
Phormidium sp.
Spirulina sp.
CHAMAESIPHONALES
DERMOCARPACEAE
Stichosiphon sansibaricus Geitler
EUGLENOPHYTA
EUGLENOPHYCEAE
DINOPHYTA
DINOPHYCEAE
DINOPHYSALES
DINOPHYSACEAE
Dinophysis caudata Stein
PERIDINIALES
CERATIACEAE
Ceratium contortum (Gourret) Cleve
Ceratium declinatum (Karsten)
Jörgensen
Ceratium deflexus Ehrenberg
Ceratium extensus (Gourret) Cleve
Ceratium euarcuatum Jörgensen
Ceratium furca (Ehrenberg) Claparède
& Lachmann
Ceratium fusus (Ehrenberg) Dujardim
Ceratium massiliense (Gourret)
Jorgensen
Ceratium pentagonum Gourret
Ceratium porrectum Karsten
Ceratium tripos (Müller) Nitzsch
Ceratium trichoceros (Ehrenberg)
Kofoid
PERIDINIACEAE
Protoperidinium sp
.
Protoperidinium oblongum
BACILLARIOPHYTA
COSCINODISCOPHYCEAE
CHRYSANTHEMODISCALES
CHRYSANTHEMODISCACEAE
Melchersiella hexagonalis Teixeira
COSCINODISCALES
COSCINODISCACEAE
SKELETONEMATACEAE
Skeletonema costatum (Greville) Cleve
TRICERATIALES
TRICERATIACEAE
Odontella aurita (Lyngb.) Agardh
= Biddulphia aurita (Lyngb.) Brèb. & Godey
Odontella sp.
PLAGIOGRAMMACEAE
Dimerogramma dubium (Grunow) Grunow in
van Heurk
BIDDULPHIALES
BIDDULPHIACEAE
Isthmia enervis Ehrenberg
HEMIAULALES
HEMIAULACEAE
Hemiaulus membranaceus Cleve
Hemiaulus sp.
LITHODESMIALES
LITHODESMIACACEAE
Lithodesmium sp.
STREPTOTHECACEAE
Heliotheca thamensis Shrubsole (Ricard)
= Streptotheca thamensis Shrubsole
RHIZOSOLENIALES
RHIZOSOLENIACEAE
Guinardia sp.
Proboscia alata (Brightwell) Sundström
=Rhizosolenia alata Brightwell
Rhizosolenia hebetata Brightwell
Rhizosolenia setigera Brightwell
Rhizosolenia styliformis Brightwell
Rhizosolenia sp.
CHAETOCEROTALES
Chaetoceros affinis Lauder
Chaetoceros brevis Schütt
Chaetoceros coartactus Lauder
Chaetoceros didymus Ehrenberg
Chaetoceros sp
.
APÊNDICE D - Sinopse dos táxons do microfitoplâncton identificados nas amostras dos
naufrágios Servemar-X e Servemar-I. (Conclusão)
LEPTOCYLINDRALES
LEPTOCYLINDRACEAE
Leptocylindrus danicus Cleve
FRAGILARIOPHYCEAE
FRAGILARIALES
FRAGILARIACEAE
Fragilaria capucina Desmazières
Asterionellopsis glacialis (Castracane)
Round
=Asterionella japonica Cleve et Moll.
Bleakeleya notata (Grunow) Round
=Asterionella notata Grunow
Podocystis adriatrica Kützing
LICMOPHORALES
LICMOPHORACEAE
Licmophora sp.
THALASSIONEMATALES
THALASSIONEMATACEAE
Thalassionema frauenfeldii Grunow
= Thalassiothrix frauenfeldii Grunow
Thalassionema nitzschioides Grunow
RHABDONEMATALES
RHABDONEMATACEAE
Rhabdonema adriatricum Kutzing
Rhabdonema punctatum (Harvey &
Bailey) Stodder
Rhabdonema sp.
STRIATELLALES
STRIATELLACEAE
Striatella unipunctata (Lyngbye)
Agardh
Striatella sp.
BACILLARIOPHYCEAE
LYRELLALES
LYRELLACEAE
Lyrella lyra (Ehrenberg) Karayeva
=Navicula lyra Ehrenberg
NAVICULALES
DIPLONEIDACEAE
Diploneis bombus Ehrenberg
NAVICULACEAE
Navicula sp
.
PLEUROSIGMATACEAE
Pleurosigma sp
.
Pleuro/Gyrosigma
Gyrosigma balticum (Erhenberg) Cleve
THALASSIOPHYSALES
CATENULACEAE
Amphora egregia Ehrenberg
Amphora ostrearia Ehrenberg
Amphora sp.
BACILLARIALES
BACILLARIACEAE
Bacillaria paxillifera (Müller) Hendey
= Bacillaria paradoxa Gmelin
Cylindrotheca closterium Ehr. (Reiman &
Lewis)
= Nitzschia closterium (Ehr.) Smith
Nitzschia longissima (Brèbisson) Grunow
Nitzschia sigma (Kutzing) Wm. Smith
Nitzschia sp.
.
Pseudonitzschia delicatissima Cleve
Pseudonitzschia pungens Cleve
AURICULACEAE
Auricula complexa (Gregory) Cleve
CHLOROPHYTA
Chlorophyceae
APÊNDICE E - Distribuição ecológica dos táxons do microfitoplâncton identificados nas
amostras dos naufrágios Servemar-X e Servemar-I
CATEGORIA
N
ÚMERO
DE
TÁXON
% T
ÁXON
NERÍTICA
17
30,3
Amphora egregia, Amphora ostrearia, Asterionellopsis glacialis, Odontella
aurita, Bleakeleya notata, Ceratium furca, Chaetoceros affinis, Chaetoceros
brevis, Chaetoceros didymus, Dinophysis caudata, Heliotheca thamensis,
Leptocylindrus danicus, Melchersiella hexagonalis, Pseudonitzschia pungens,
Proboscia alata, Striatella unipunctata,
Pseudonitzschia delicatissima.
MARINHA PLANCTÔNICA
OCEÂNICA
22
39,3
Bacillaria paxilifera, Ceratium contortum, Ceratium declinatum, Ceratium
deflexus, Ceratium extensus, Ceratium euarcuatum, Ceratium trichoceros,
Ceratium fusus, Ceratium massiliense,Ceratium pentagonum,Ceratium
porrectum, Ceratium tripos, Chaetoceros coartactus, Hemiaulus
membranaceus, Protoperidinium oblongum, Rhizosolenia hebetata,
Rhizosolenia setigera, Rhizosolenia styliformis, Skeletonema costatum,
Thalassionema frauenfeldii, Thalassionema nitzschioides, Trichodesmium
thiebautii.
MARINHA
TICOPLANCTÔNICA
11
19,6
Auricula complexa, Cylindrotheca closterium, Dimerogramma dubium,
Diploneis bombus, Isthmia enervis, Lyrella lyra, Nitzschia longissima,
Nitzschia sigma, Podocystis adriatica, Rhabdonema adriaticum, Rhabdonema
punctatum.
ESTUARINA
TICOPLANCTÔNICA
4
7,2
Gyrosigma balticum, Phormidium anomala, Phormidium retizzi, Stichosiphon
sansibaricus.
DULCIAQUÍCOLA
2
3,6
Fragilaria capucina, Oscillatoria perornata.
APÊNDICE F - Contribuição dos táxons e parâmetros ambientais aos três primeiros
componentes (fatores) principais, nos naufrágios Servemar-X e Servemar-I
Táxons e Parâmetros Ambientais
Abreviaturas
utilizadas
Fator 1 (25, 97%) Fator 2 (19,82%) Fator 3 (16,05%)
Trichodesmium thiebautii
Trichthieb
0.2134
0.6217
0.4500
Bacillaria paxilifera
Bacpax
-0.8891
-0.1162 -0.1369
Ceratium fusus
Cerfusus
-0.4865
0.4912
-0.0518
Ceratium pentagonum
Cerpentag
-0.5508
0.1935 0.5184
Asterionellopsis glacialis
Asteglacia
0.1505
-0.7012
0.0914
Ceratium deflexus
Cerdeflex
-0.2335
0.2844
0.2450
Rhabdonema adriaticum
Rhabdadria
0.2254
-0.8611
0.2041
Nº total de Espécies
Num-Esp
-0.7072
-0.1774 0.0967
Diversidade
Divers
-0.5885
-0.6807
-0.2333
Equitabilidade
Eqüitab
-0.3965
-0.6836
-0.3532
Clorofila Superfície
Clor-sup
0.1474 -0.1074
0.7887
Clorofila Meio
Clor-meio
-0.2064
0.4823
0.4395
Clorofila Fundo
Clor-fund
0.3827 0.0520
0.6924
Precipitação 48h antes da coleta
Pp/48h
0.2595 0.0360
-0.6317
Intensidade do Vento 48h antes
Ve-int/48h
-0.3905
0.5408
0.1029
Transparência da Água
Transpagua
0.1421
-0.5795
0.3382
Coeficiente de Extinção da Luz
Coef.luz
-0.3020
0.4756
-0.1944
Temperatura da Água Superfície
TºCagu-sup
-0.8370
-0.3561 0.1891
Temperatura da Água Meio
TºCágu-meio
-0.7798
-0.4877 0.2329
Temperatura da Água Fundo
TºCágu-fund
-0.9128
-0.2942 0.1588
Salinidade Superfície
Sal-sup
0.2633 -0.2811
-0.7404
Salinidade Meio
Sal-meio
-0.1399 0.0712
-0.6686
Salinidade Fundo
Sal-fundo
-0.1301 0.3109
-0.4863
pH Superfície
pH-sup
0.8118
-0.1865 -0.1213
pH Meio
pH-meio
0.8207
-0.3319 0.1250
ph Fundo
pH-fundo
0.3486
-0.5649
0.4499
APENDICE G
- Densidade do microfitoplâncton por grupos taxonômicos, nos naufrágios
Servemar-X e Servemar-I
Servemar-X Servemar-I
Táxon/Estação
Maio Jun Jul Nov Dez Jan/06 Maio Jun Jul Nov Dez Jan/06
CYANOPHYTA 8,18 6,92 76,75 1,64 1,51 6,42 3,40 2,39 5,91 4,53 4,28 2,77
EUGLENOPHYTA - - 0,13 - - - 0,25 - - 1,76 - -
DINOPHYTA 2,77 1,01 1,26 0,13 - 0,75 0,50 0,25 0,50 1,01 1,13 0,25
BACILLARIOPHYTA 49,95 79,26 17,87 5,03 5,03 11,83 9,69 22,65 0,13 8,93 2,89 15,98
CHLOROPHYTA 2,14 - - 0,13 0,50 0,38 0,13 0,63 - 1,13 1,26 1,89
APENDICE H - Densidade do microfitoplâncton total, nos naufrágios Servemar-X e
Servemar-I
Servemar-X Servemar-I
Táxon/Estação
Maio Jun Jul Nov Dez Jan/06 Maio Jun Jul Nov Dez Jan/06
Nº. TOTAL TÁXON 63,03 87,19 96,00 6,92 7,05 19,38 13,97 25,92 6,54 17,36 9,56 20,89
APENDICE I - Densidade do microfitoplâncton por espécies mais representativas, nos
naufrágios Servemar-X e Servemar-I
Servemar-X Servemar-I
Táxon/Estação
Maio Jun Jul Nov Dez Jan/06 Maio Jun Jul Nov Dez Jan/06
Trichodesmium thiebautii
8,18 6,92 76,75 0,75 - 4,91 3,27 2,39 5,91 4,40 3,52 1,13
Euglenophyceae
- - 0,13 - - - 0,25 - - 1,76 - -
Ceratium deflexus
0,13 0,25 0,25 - - - - - 0,25 0,38 0,13
Ceratium fusus
0,50 3,00 0,13 - - 0,13 0,13 0,25 - 0,13 0,13 -
Ceratium pentagonum
0,13 0,13 0,25 - 0,25 0,25 - - 0,50 0,13 0,13
Ceratium trichoceros
1,13 - 0,25 0,13 - - - - 0,25 - - -
Amphora sp.
0,25 0,13 - - - 0,25 0,25 - 0,13 0,13
Asterionellopsis glacialis
- 0,75 - 0,75 0,88 6,67 - - - - 0,88 4,91
Bacillaria paxilifera
18,37 0,63 - 2,14 - 3,52 2,64 2,89 - 1,76 1,26 3,02
Chetoceros sp.
1,76 1,64 1,38 0,13 0,38 - 1,01 2,01 - 0,38 - 0,13
Heliotheca thamensis
- 58,00 - - - - - 8,05 0,13 - - -
Hemialus
membranaceus
15,22 - - - - - 2,52 - - 0,38 - -
Pleuro/Gyrosigma
2,39 0,13 - - - - 0,25 - - - 0,13 0,13
Pseudonitzschia
delicatissima
- 11,58 2,01 - - - 1,89 3,77 - - - -
Prosbocia alata
1,01 0,75 - - - 0,38 - - - - 0,13
Thalassionema
nitzschioides
0,50 3,40 14,22 - - - - 2,77 - - - -
Chlorophyceae
2,14 - - 0,13 0,50 0,38 0,13 0,63 - 1,13 1,26 0,38
APÊNDICE J – Abundância relativa (%) dos táxons microfitoplanctônicos no naufrágio
Servemar-X, nos períodos chuvoso e estiagem, (continua)...
ANO 2005 2006
TÁXON
MÊS
MAIO JUNHO JULHO NOVEMBRO DEZEMBRO JANEIRO
CYANOPHYTA
Cyanophyceae 0,65
Lyngbya sp. 1,82 0,65
Oscillatoria sp. 7,27 19,64 3,25
Oscillatoria perornata 0,65
Phormidium anomala 0,65
Phormidium retizzi 3,64
Phormidium sp. 1,30
Spirulina sp. 0,65
Stichosiphon sansibaricus 1,79
Trichodesmium thiebautii 12,97 7,94 79,95 10,91 25,32
EUGLENOPHYTA
Euglenophyceae 0,13
DINOPHYTA
Ceratium contortum 0,13
Ceratium declinatum
Ceratium deflexus 0,20 0,29 0,26
Ceratium euarcuatum 0,65
Ceratium extensus 0,65
Ceratium furca 0,20 0,13
Ceratium fusus 0,80 0,43 0,13 0,65
Ceratium massiliense 0,65
Ceratium pentagonum 0,20 0,14 0,26 1,30
Ceratium porrectum 0,00
Ceratium trichoceros 1,80 0,26 1,82
Ceratium tripos 0,60
Dinophysis caudata 0,20
Protoperidinium oblongum 0,40
Protoperidinium sp. 0,29 0,13
BACILLARIOPHYTA
Amphora sp. 0,40 0,14 1,30
Amphora egregia
Amphora ostrearia
Asterionella notata
Asterionellopsis glacialis 0,87 10,91 12,50 34,42
Auricula complexa 0,13
Bacillaria paxilifera 29,14 0,72 30,91 18,18
Bacillariophyceae 28,57
Odontella aurita 0,65
APÊNDICE J – Abundância relativa (%) dos táxons microfitoplanctônicos no naufrágio
Servemar-X, nos períodos chuvoso e estiagem. (continua)...
ANO 2005 2006
TÁXON
MÊS
MAIO JUNHO JULHO NOVEMBRO DEZEMBRO JANEIRO
Chaetoceros affinis 2,99 0,29
Chaetoceros brevis 0,20
Chaetoceros coartactus 1,00
Chaetoceros didymus 0,20
Chetoceros sp. 2,79 1,88 1,44 1,82 5,36
Coscinodiscophyceae 0,43
Cylindrostheca closterium 0,65
Dimerogramma dubium 0,20
Diploneis bombus 0,14
Fragilaria capucina 0,13
Guinardia sp. 0,58
Gyrosigma balticum 0,00 1,95
Heliotheca thamensis 66,52
Hemialus membranaceus 24,15
Hemialus sp. 0,29
Isthmia enervis 0,20 1,82
Leptocylindrus danicus
Licmophora sp. 1,79
Lithodesmium sp. 0,65
Melchesiella hexagonalis 1,82 1,79
Lyrella lyra 1,60 0,29 3,64
Navicula sp. 3,64
Nitzschia longissima 0,40 0,65
Nitzschia sigma
Nitzschia sp. 1,20 0,29 0,65
Odontella sp. 1,79
Pleuro/Gyrosigma 3,79 0,14
Pleurosygma sp. 0,29
Podocystis adriatica
Pseudonitzschia delicatissima 13,28 2,10
Pseudonitzschia pungnes 1,20 7,27 3,57
Rhabdonema adriaticum 3,64 3,57 0,65
Rhabdonema punctatum 0,20
Rhabodonema sp. 1,79
Prosbocia alata 1,60 0,87
Rhizosolenia hebetata
Rhizosolenia setigera 0,65
Rhizosolenia sp. 0,65
APÊNDICE J – Abundância relativa (%) dos táxons microfitoplanctônicos no naufrágio
Servemar-X, nos períodos chuvoso e estiagem. (conclusão)
ANO 2005 2006
TÁXON
MÊS
MAIO JUNHO JULHO NOVEMBRO DEZEMBRO JANEIRO
Rhizosolenia styliformis 4,99
Skeletonema costatum 1,82
Striatella sp. 1,79
Striatella unipunctata
Thalassionema nitzschioides 0,80 3,90 14,81
Thalassionema frauenfeldii 2,20 5,45 8,93
CHLOROPHYTA
Fragmento de Chlorophyceae 3,39 1,82 7,14 1,95
TOTAL 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00
NÚMERO DE TÁXONS 30 22 14 17 14 26
DIVERSIDADE ESPECÍFICA 3,30 1,86 1,03 3,43 3,13 3,91
EQÜITABILIDADE 0,67 0,42 0,27 0,84 0,82 0,62
APÊNDICE K – Abundância relativa (%) dos táxons microfitoplanctônicos no naufrágio
Servemar-I, nos períodos chuvoso e estiagem. (continua)...
ANO 2005 2006
TÁXON
MÊS
MAIO JUNHO JULHO NOVEMBRO DEZEMBRO JANEIRO
CYANOPHYTA
Cyanophyceae 3,95 0,60
Lyngbya sp. 0,72 1,32 3,01
Oscillatoria sp. 0,90 2,63 4,22
Oscillatoria perornata
Phormidium anomala
Phormidium retizzi
Phormidium sp.
Spirulina sp.
Stichosiphon sansibaricus
Trichodesmium thiebautii 23,42 9,22 90,38 25,36 36,84 5,42
EUGLENOPHYTA
Euglenophyceae 1,80 10,14
DINOPHYTA
Ceratium contortum
Ceratium declinatum 3,95
Ceratium deflexus 1,45 3,95 0,60
Ceratium euarcuatum
Ceratium extensus
Ceratium furca 0,72 1,32
Ceratium fusus 0,90 0,97 0,72 1,32
Ceratium massiliense
Ceratium pentagonum 1,80 2,90 1,32 0,60
Ceratium porrectum 3,85
Ceratium trichoceros 3,85
Ceratium tripos
Dinophysis caudata
Protoperidinium oblongun 0,90
Protoperidinium sp.
BACILLARIOPHYTA
Amphora sp. 0,97 1,32 0,60
Amphora egregia 0,72
Amphora ostrearia 0,49
Asterionella notata 27,54 33,13
Asterionellopsis glacialis 9,21 23,49
Auricula complexa
Bacillaria paxilifera 18,92 11,17 10,14 13,16 14,46
APÊNDICE K – Abundância relativa (%) dos táxons microfitoplanctônicos no naufrágio
Servemar-I, nos períodos chuvoso e estiagem. (continua)...
ANO 2005 2006
TÁXON
MÊS
MAIO JUNHO JULHO NOVEMBRO DEZEMBRO JANEIRO
Bacillariophyceae 0,72
Odontella aurita
Chaetoceros affinis 5,41
Chaetoceros brevis
Chaetoceros coartactus 1,80
Chaetoceros didymus
Chetoceros sp. 7,21 7,77 2,17 0,60
Coscinodiscophyceae
Cylindrostheca closterium
Dimerogramma dubium
Diploneis bombus
Fragilaria capucina
Guinardia sp.
Gyrosigma balticum
Heliotheca thamensis 31,07 1,92
Hemialus membranaceus 18,02 2,17
Hemialus sp.
Isthimia evervis
Leptocylindrus danicus 9,22
Licmophora sp.
Lithodesmium sp.
Melchesiella hexagonalis
Navicula lyra
Navicula sp.
Nitzschia longissima
Nitzschia sigma 0,60
Nitzschia sp.
Odontella sp.
Pennales
Pleuro/Gyrosigma 1,80 1,32 0,60
Pleurosygma sp. 0,72
Podocystis adriatica 0,60
Pseudonitzschia delicatissima 13,51 14,56
Pseudonitzschia punges
Rhabdonema adriaticum 1,32 0,60
Rhabdonema punctatum
Rhabodonema sp.
APÊNDICE K – Abundância relativa (%) dos táxons microfitoplanctônicos no naufrágio
Servemar-I, nos períodos chuvoso e estiagem. (conclusão)
ANO 2005 2006
TÁXON
MÊS
MAIO JUNHO JULHO NOVEMBRO DEZEMBRO JANEIRO
Proboscia alata 2,70 0,60
Rhizosolenia hebetata 0,60
Rhizosolenia setigera
Rhizosolenia sp.
Rhizosolenia styliformis 1,46 7,25
Skeletonema costatum
Striatella sp.
Striatella unipunctata 3,95
Thalassionema nitzschioides 10,68
Thalassionema frauenfeldii 0,60
CHLOROPHYTA
Fragmento de Clorophyceae 0,90 2,43 6,52 13,16 9,04
TOTAL 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00
NÚMERO DE TÁXONS 14 12 4 16 16 19
DIVERSIDADE ESPECÍFICA 3,09 2,93 0,60 3,00 3,07 3,84
EQÜITABILIDADE 0,79 0,82 0,30 0,75 0,77 0,67
APÊNDICE L – Variação dos parâmetros hidrológicos no naufrágio Servemar-X
Parâmetro Maio.05 Jun.05 Jul.05 Nov.05 Dez.05 Jan.06
Clor-sup
1,09 1,24 2,99 0,96 2,33 3,27
Clor-meio
2,39 0,98 1,92 0,65 0,74 1,30
Clor-fund
2,60 2,48 5,97 0,61 4,41 5,97
Transpagua
10 10 13 16 12 17
Coef.luz
0,17 0,17 0,13 0,10 0,14 0,1
TºCagu-sup
29,6 28,4 28,1 29,2 28,5 29
TºCágu-meio
29,3 28,4 28 28,9 28,6 29,1
TºCágu-fund
29,4 28,4 27,9 28,7 28,2 28,9
Sal-sup
34 36 34 36 35 35
Sal-meio
35 38 34 35 35 35
Sal-fundo
35 38 35 35 34 36
pH-sup
6,9 7,3 7,5 7,5 7,6 7
pH-meio
6,9 7,3 7,5 7,5 7,5 7,6
pH-fundo
6,8 6,9 7 7,2 7,3 7,5
APÊNDICE M – Variação dos parâmetros hidrológicos no naufrágio Servemar-I
Parâmetro Maio.05 Jun.05 Jul.05 Nov.05 Dez.05 Jan.06
Clor-sup
2,96 1,25 1,94 1,25 2,75 3,23
Clor-meio
0,98 1,60 1,61 1,19 1,73 1,93
Clor-fund
1,31 1,73 3,63 1,31 3,38 5,10
Transpagua
6 10 10 16 10 19
Coef.luz
0,28 0,17 0,17 0,10 0,17 0,08
TºCagu-sup
29,9 28,3 28,2 29,3 28,4 29,3
TºCágu-meio
29,5 28 27,7 29,5 28,4 29,3
TºCágu-fund
29,5 28,2 27,7 29 28,1 29,1
Sal-sup
33 36 34 35 35 34
Sal-meio
34 36 34 35 34 35
Sal-fundo
35 38 35 35 34 36
pH-sup
6,8 7,3 7,5 7,5 7,5 7,4
pH-meio
7,1 7,3 7,5 7,4 7,4 7,3
pH-fundo
7,3 7 7,4 7,1 7,4 7,4
Legenda : Clorofila a – superfície; Clorofila a – meio; Clorofila a – fundo (mg.m-
3
); Transparência da água (m);
Coeficiente de Extinção de luz (m); Temperatura da água (
o
C); Salinidade da água.
APÊNDICE N – Valores de precipitação pluviométrica registrada nos meses de
coleta, no litoral da cidade do Recife, Pernambuco
Precipitação Maio.05 Jun.05 Jul.05 Nov.05 Dez.05 Jan.06
Média Hist. (1995-2004) 245,89 326,95 234,89 29,2 39,04 84,91
Total acumulado no mês
das coletas
479,25 - 415 12,25 100 12
Total nas 48h e no dia das
coletas
5,25 90 3 0 90 0
Fonte: CPTEC
APÊNDICE O – Freqüência da direção do vento registrada nos meses de
coleta, no litoral da cidade do Recife, Pernambuco.
Direção / Freqüência
(%)
Maio.05 Jun.05 Jul.05 Nov.05 Dez.05 Jan.06
Nordeste 22,73 16,53 14,77 53,51 56,74 32,08
Sudeste 21,07 27,12 23,63 22,37 21,86 25,00
Sudoeste 35,54 32,20 38,82 11,40 11,63 20,00
Noroeste 20,66 24,15 22,78 12,72 9,77 22,92
Fonte: CPTEC
APÊNDICE P – Freqüência da direção do vento registrada nos meses de coleta,
no litoral da cidade do Recife, Pernambuco
Direção / Freqüência
(%)
Maio.05 Jun.05 Jul.05 Nov.05 Dez.05 Jan.06
Nordeste 37,5 25 0,00 50,00 25,00 0,00
Sudeste 12,5 0,00 50,00 12,50 50,00 12,50
Sudoeste 25 50,00 25,00 0,00 12,50 50,00
Noroeste 25 25,00 25,00 37,50 12,50 37,50
Fonte: CPTEC
Foto: Ar
y
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