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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL
INSTITUTO DE GERIATRIA E GERONTOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GERONTOLOGIA BIOMÉDICA
PATRÍCIA VIANA DA ROSA
ESTUDO SOBRE OS FATORES ASSOCIADOS À DEPRESSÃO EM
IDOSOS DA COMUNIDADE DE BARRA FUNDA – RS, BRASIL
Porto Alegre (RS)
2007
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1
PATRÍCIA VIANA DA ROSA
ESTUDO SOBRE OS FATORES ASSOCIADOS À DEPRESSÃO EM
IDOSOS DA COMUNIDADE DE BARRA FUNDA – RS, BRASIL
Tese de Doutorado apresentada ao Programa de
Pós-Graduação Doutorado da Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul
PUCRS Instituto de Geriatria e Gerontologia
Biomédica, requisito parcial para obtenção do
título de Doutor em Gerontologia Biomédica.
Orientador: Professor Doutor Geraldo Attílio De Carli
Co-Orientador: Professor Doutor João Feliz Duarte de Moraes
Porto Alegre (RS)
2007
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2
A comissão abaixo assinada aprova a presente tese:
ESTUDO SOBRE OS FATORES ASSOCIADOS À DEPRESSÃO EM
IDOSOS DA COMUNIDADE DE BARRA FUNDA – RS, BRASIL
elaborada pela doutoranda
PATRÍCIA VIANA DA ROSA
como requisito para obtenção do título de
DOUTORA EM GERONTOLOGIA BIOMÉDICA
__________________________________________________
Professor Doutor Geraldo Attílio De Carli (Orientador)
COMISSÃO EXAMINADORA:
_________________________________________________
Professor Doutor Jadir Camargo Lemos
_________________________________________________
Professora Doutora Margareth da Silva Oliveira
_________________________________________________
Professor Doutor Rodolfo Herberto Schneider
3
edico este estudo, com muito
amor, às pessoas mais importan-
tes da minha vida: meu marido Luis Henrique
– meu maior incentivador – por ter me feito
acreditar que eu poderia chegar até aqui, e
minha filha Valentina que chegou para
iluminar minha vida e aquecer meu coração
minha eterna fonte de motivação e
compromisso.
D
4
AGRADECIMENTOS
- Primeiro, agradeço a Deus, pelo dom da vida e por mais esta conquista.
- Ao meu pai, Sérgio (in memorian) e à minha mãe, Solange, por terem me
ensinado os valores essenciais da vida.
- À minha irmã, Claudia, por fazer parte da minha vida e pelo seu companheirismo
que só os irmãos compartilham.
- Aos meus familiares e amigos, que me ajudaram, torcendo, oferecendo
palavras de conforto nos momentos difíceis e estando sempre por perto.
- Aos queridos professores, Dra. Valdemarina e Dr. Antonio Carlos, por terem
nos brindado com as suas presenças. Meu eterno respeito, carinho e admiração.
- Aos idosos da minha vida, em especial aos do Asilo Santo Antônio, por fazerem
do meu trabalho cotidiano uma maravilhosa experiência de vida.
- Ao professor Dr. Attílio De Carli, pelo apoio final.
- Ao querido professor Dr. João Feliz Duarte de Moraes, pelo seu apoio na
construção deste estudo, pela paciência, disponibilidade e dedicação. Obrigado
pela amizade.
- À minha grande amiga, Evelise, por ter vivido e compartilhado mais este sonho
comigo.
- À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES),
pela concessão da bolsa de doutorado.
5
“Cada um sabe a dor e a
delícia de ser o que é.
(Caetano Veloso)
6
RESUMO
INTRODUÇÃO: O envelhecimento é uma realidade devido às mudanças
relacionadas à fecundidade e à longevidade da população. Esta condição conduz a
modificações demográficas e epidemiológicas que alteram o perfil de saúde da
população. O aparecimento de doenças crônico-degenerativas provoca alterações
no perfil de morbidade dos idosos. A depressão é uma destas condições crônicas,
recorrente e associada à limitação funcional, comprometendo o bem-estar do idoso.
Trata-se de uma morbidade de difícil mensuração, tendo suas causas variando
desde fatores psicossociais, genéticos e biológicos. OBJETIVO: A proposta deste
estudo consistiu em identificar os fatores associados à depressão em idosos do
município de Barra Funda (RS). Buscou-se, ainda, investigar a relação entre o apoio
social, a resiliência e a espiritualidade com a depressão nesta população. MÉTODO:
O estudo realizado foi observacional com delineamento transversal. A população do
estudo constituiu-se de idosos do município de Barra Funda (RS), contando com 218
sujeitos (88 homens e 130 mulheres). Foram utilizados os seguintes instrumentos:
questionários para obtenção dos dados demográficos e epidemiológicos, Índice de
Barthel e Escala de Lawton para a avaliação da capacidade funcional, Mini-Exame
de Estado Mental para a capacidade cognitiva, e o Inventário de Depressão de Beck
para a identificação da depressão. Foram avaliados também: o apoio social, a
espiritualidade e a resiliência com escalas específicas para tais fins. Os dados foram
analisados utilizando-se o SPSS versão 11,5. Adotou-se um índice de significância
de 5%. As associações entre as variáveis quantitativas foram verificadas por meio
do Coeficiente de Correlação de Pearson e entre as variáveis categóricas o Teste do
Qui-Quadrado. As variáveis associadas à depressão foram identificadas por meio da
regressão múltipla com o método passo a passo (stepwise). RESULTADOS: A
caracterização dos sujeitos indicou um predomínio da população idosa rural no
gênero feminino, com uma média de 69,71 (± 7,86) anos. Na condição de viúvo foi
encontrado predomínio de mulheres. A avaliação subjetiva da condição de saúde
apontou a maioria considerando seu estado de saúde como muito bom. Os
resultados das escalas demonstram uma máxima capacidade funcional em 59% dos
idosos, comprometimento cognitivo em 25% e prevalência de indícios de depressão
de 2,3%. A análise de regressão linear múltipla indicou como variáveis significativas
para explicar a variação da depressão a resiliência, o bem-estar religioso, o bem-
estar espiritual, a idade, o local de residência e o estado civil. CONCLUSÃO: Os
resultados deste estudo indicam que os idosos desta comunidade eram em sua
maioria procedentes de área rural, com descendência declarada de imigrantes
italianos e apresentaram baixa prevalência de depressão. Este fato atribui-se ao
elevado bem-estar espiritual, à satisfação com o apoio social e com as relações
familiares e, principalmente, pela resiliência.
Palavras-chave:
Envelhecimento. Depressão. Resiliência. Apoio social. Espiritualidade.
7
ABSTRACT
INTRODUCTION: Aging is a reality due to the changes related to the population’s
fertility and longevity. This condition leads to demographic and epidemiological
modifications, which alter the population’s health profile. The appearance of chronic-
degenerative diseases causes alterations in elderly people’s morbidity profile.
Depression is one of these chronic recurring conditions associated to functional
limitation, and which compromises the well being of the elderly. It is a hardly
measured morbidity that has various causes such as psychosocial, genetic and
biological factors. PURPOSE: The purpose of this study consisted in identifying the
factors associated to depression in elderly people in the borough of Barra Funda
(RS) Brazil. It also searched to investigate the relationship among social support,
resilience and spirituality with depression in this population. METHODOLOGY: The
study was observational with transversal outlining. Elderly people from the borough
of Barra Funda (RS) Brazil, totaling 218 people (88 men and 130 women),
constituted the study group. The following instruments were used: questionnaires to
obtain demographic and epidemiological data, the Barthel Index and the Lawton
Scale for the evaluation of functional capacity, Mini Exam of Mental State for the
cognitive capacity, and the Beck Depression Inventory for the identification of the
depression itself. The social support, spirituality and resilience were also evaluated
using scales that were specific for each one. The data were analyzed using the
SPSS version 11.5. A significance index of 5% was adopted. The associations
between the quantitative variables were checked by using the Pearson Correlation
Coefficient, and between the categorical variables the Chi-Square Test was used.
The variables associated to depression were identified with the use of multiple
regression with the stepwise method. RESULTS: The characteristics of the study
group indicated a predominance of a rural female elderly population, being on
average 69.71 (± 7.86) years old. In the widowhood condition, the predominance was
female. The subjective evaluation of the health condition pointed the majority as
being in very good health conditions. The scale results showed the maximum
functional capacity in 59% of the elderly people, cognitive damage in 25% and
prevalence of depression indications in 2.3%. The analysis of multiple linear
regression indicated the resilience, the religious well being, the spiritual well being,
the age, the dwelling and the marital status as meaningful variables to explain the
variation of depression. CONCLUSION: The results of this study indicate that the
elderly people from that community were in the majority from the countryside, of
stated Italian Immigrants descent and presenting low prevalence of depression. This
fact is attributed to the high spiritual state, the satisfaction with the social support and
with the family relations, but mainly resilience.
Key words: Aging. Depression. Resilience. Social Support. Spirituality.
8
LISTA DOS GRÁFICOS
Gráfico 1 - Descrição da área de residência dos idosos de Barra Funda
(RS), 2006....................................................................................
34
Gráfico 2 - Profissão anterior exercida pelos idosos de Barra Funda (RS),
2006..............................................................................................
35
Gráfico 3 - Descrição da média de idade por gênero entre os idosos de
Barra Funda (RS), 2006...............................................................
35
Gráfico 4 - Descrição da avaliação da percepção de saúde pelos idosos de
Barra Funda (RS), 2006...............................................................
38
9
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Dados sobre gênero, estado civil, faixa etária e escolaridade (n=
218)..................................................................................................
36
Tabela 2 - Descrição de variáveis relacionadas à saúde dos idosos de Barra
Funda Rio Grande do Sul, 2006......................................................
37
Tabela 3 - Distribuição das principais comorbidades declaradas (percebidas)
pelos idosos de Barra Funda (RS), 2006........................................
39
Tabela 4 - Confiabilidade ou consistência interna das escalas........................ 40
Tabela 5 - Medidas descritivas das escalas Barthel e Lawton respondidas
pelos idosos
de Barra Funda (RS), 2006........................................
40
Tabela 6 - Medidas descritivas das escalas relacionadas à saúde mental
respondida pelos idosos de Barra Funda (RS), 2006.....................
41
Tabela 7 - Medidas descritivas das escalas resiliência, apoio social, bem-
estar religioso e espiritual respondidas pelos idosos
de Barra
Funda (RS), 2006............................................................................
42
Tabela 8 - Coeficiente de correlação linear de Pearson entre o inventário de
depressão de Beck (BDI) com as demais escalas..........................
43
Tabela 9 - Regressão linear múltipla, método Stepwise, entre as diferentes
variáveis independentes e a depressão..........................................
44
10
LISTA DE ANEXOS
Anexo I - Inventário de Depressão de Beck
Anexo II - Escala de Apoio Social
Anexo III - Escala de Resiliência
Anexo IV - Escala de Bem-estar Espiritual
Anexo V - Questionário de Identificação dos Idosos
Anexo VI - Índice de Barthel
Anexo VII - Escala de Lawton
Anexo VIII - Mini-Exame do Estado Mental
Anexo IX - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Anexo X - Parecer Consubstanciado
11
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 12
2 REFERENCIAL TEÓRICO................................................................................. 15
2.1 O ENVELHECIMENTO POPULACIONAL........................................................
15
2.2 EPIDEMIOLOGIA DA DEPRESSÃO E SUA ASSOCIAÇÃO COM O
ENVELHECIMENTO........................................................................................
16
2.3 DEPRESSÃO E SUPORTE SOCIAL............................................................... 18
2.4 RESILIÊNCIA .................................................................................................. 19
2.5 ESPIRITUALIDADE E RELIGIOSIDADE ........................................................ 21
3 MÉTODOS...........................................................................................................
27
3.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO....................................................................... 27
3.2 LOCAL DO ESTUDO....................................................................................... 27
3.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA............................................................................. 27
3.4 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO ............................................................................
28
3.5 INSTRUMENTOS............................................................................................. 28
3.6 PROCEDIMENTOS.......................................................................................... 29
3.7 ANÁLISE DOS DADOS.................................................................................... 31
3.8 ASPECTOS ÉTICOS....................................................................................... 32
4 RESULTADOS.................................................................................................... 33
4.1 CARACTERÍSTICAS DEMOGRÁFICAS E SOCIOCULTURAIS..................... 33
4.2 CONDIÇÕES DE SAÚDE................................................................................
37
4.3 CAPACIDADE FUNCIONAL.............................................................................
40
4.4 SAÚDE MENTAL – DEPRESSÃO E CAPACIDADE AUDITIVA...................... 41
4.5 SUPORTE SOCIAL, RESILIÊNCIA E ESPIRITUALIDADE............................. 41
4.6 FATORES ASSOCIADOS DA DEPRESSÃO ..................................................
42
5 DISCUSSÃO....................................................................................................... 45
5.1 CARACTERÍSTICAS DEMOGRÁFICAS E SOCIOCULTURAIS..................... 45
5.2 CONDIÇÕES DE SAÚDE.................................................................................
48
5.3 CAPACIDADE FUNCIONAL............................................................................ 49
5.4 SAÚDE MENTAL – DEPRESSÃO E CAPACIDADE COGNITIVA...................
50
5.5 SUPORTE SAÚDE, RESILIÊNCIA E ESPIRITUALIDADE.............................. 51
5.6 FATORES ASSOCIADOS DA DEPRESSÃO...................................................
52
6 CONCLUSÃO..................................................................................................... 57
REFERÊNCIAS...................................................................................................... 58
ANEXOS.................................................................................................................
68
12
1 INTRODUÇÃO
No último século, com os avanços tecnológicos e da medicina, ocorreu o
aumento da expectativa de vida das pessoas, levando a uma maior preocupação
com relação ao envelhecimento.
1,
2,
3
No Brasil observamos uma real expansão demográfica na faixa etária de 60
anos ou mais, sendo esta a população que mais cresce. Paralelamente às
transformações demográficas, temos as mudanças no perfil de morbidade e
mortalidade da população, que, ao envelhecer, faz aumentar a prevalência das
doenças crônicas não-transmissíveis.
4,
5
Dessa forma, o envelhecimento populacional altera o perfil de saúde da
população, a partir de um paradigma de saúde pública no qual a população de risco
era infantil em que as doenças eram majoritariamente infecciosas, para um novo
paradigma no qual a população de risco é senescente, as doenças são crônicas e
evolutivas.
5
Tais doenças, muitas vezes, desenvolvem-se de forma silenciosa e têm
origem multifatorial. Além do mais, não é raro que as mesmas se apresentem
interligadas, não podendo ser estabelecida uma abordagem única e padronizada.
Para se entender melhor esse processo e agir de forma adequada, antes de
tudo é preciso compreender de que forma se dão estas relações, suas
peculiaridades biofisiológicas e psicossociais. Deve-se, para tanto, compreender que
o envelhecimento faz parte do ciclo vital e, portanto, o é doença. Este processo,
porém, muitas vezes traz alterações morfofisiológicas no indivíduo que podem,
quando associadas a fatores ambientais, referentes ao estilo de vida, propiciar a
gênese de patologias e aumentar a fragilidade do mesmo. Muitas dessas patologias,
se não bem-conhecidas e estudadas pelos profissionais de saúde, podem ser
erroneamente interpretadas como peculiares do envelhecimento e abordadas de
forma não coerente. Este é o caso da depressão, que é uma doença altamente
prevalente no idoso.
A depressão é uma condição médica comum, crônica e recorrente,
freqüentemente associada à limitação funcional e ao comprometimento da saúde,
ocorrendo ainda, muitas vezes, limitação do bem-estar, o que compromete sua
13
qualidade de vida.
6
É uma morbidade de difícil mensuração, especialmente em
estudos epidemiológicos, porque os sintomas traduzem diferentes tipos de
sentimento, que variam bastante em intensidade e entre os idosos pela existência de
um entendimento errôneo de que os sinais desta seriam naturais na velhice.
As causas de depressão podem variar desde fatores psicossociais, como
condições adversas que podem influenciar o início e a persistência dos episódios
depressivos, fatores genéticos e biológicos. Na velhice é freqüentemente atribuída a
acontecimentos estressantes e negativos.
7
Neste sentido, tem-se buscado identificar
as condições que estariam associadas à depressão, não as causas, mas também
os fatores de proteção.
Uma das condições estudadas está associada à existência de relações
satisfatórias, que parecem promover melhores condições de saúde entre os idosos.
Sugere-se que a ajuda recebida contribui para um melhor senso de controle pessoal
influenciando positivamente no bem-estar psicológico.
8
Com a presença de suporte
social adequado, é esperado que pessoas idosas sintam-se amadas e seguras para
lidar com problemas de saúde e tenham elevada auto-estima. As redes sociais
formadas por familiares e amigos influenciam significativamente nos efeitos da
depressão entre os indivíduos mais velhos. Pessoas que não têm este tipo de
suporte tendem a ter mais dificuldade para lidar com estas situações do que as
pessoas que têm o suporte social.
9
O suporte social influencia diretamente a capacidade do indivíduo de
manter-se bem e se recuperar diante das adversidades, capacidade esta definida
como resiliência.
10
Este atributo cresce de importância, sobretudo quando se
observam as distintas formas de como as pessoas estão enfrentando as situações
da vida, ou como elas reagem ante os estímulos estressantes e lidam com situações
adversas.
11
Assim, o emergente tema da resiliência, identificado como um desafio para
esse novo milênio, ainda continua sendo um “ilustre desconhecido” entre nós
brasileiros.
12
Outro tema também importante e vinculado à depressão é a espiritualidade.
Esta envolve um conjunto de emoções e convicções de natureza não-material,
14
supondo que mais no viver do que pode ser percebido ou plenamente
compreendido, remetendo a questões como o significado e o sentido da vida. Para
os sujeitos em que seus valores e crenças são mediados por práticas religiosas, as
estratégias de enfrentamento são mais utilizadas, influenciando positivamente no
acesso a redes de suporte social.
13
Ambos os temas demandam investigações que levem em conta a nossa
realidade, uma vez que esses implicam e contribuem para a satisfação de vida das
pessoas, principalmente as idosas, destacando-se a partir de reflexões que visam
promover o potencial humano em vez de se enfatizar o dano, maximizar os ganhos e
diminuir as perdas, ou seja, o estudo da resiliência distancia-se do modelo do
desenvolvimento médico baseado na patologia e se aproxima do modelo baseado
no bem-estar.
A espiritualidade, a religiosidade, a resiliência e o suporte social são cada
vez mais associados ao envelhecimento. Desta forma, estudos sobre o impacto
dessas condições sobre a saúde dos idosos devem ser cada vez mais
desenvolvidos.
8
Com base nestas condições é possível investigar a associação
destas variáveis com a depressão no idoso.
A proposta deste estudo consiste em identificar os fatores associados à
depressão em idosos do município de Barra Funda - RS. Buscamos ainda investigar
a relação entre o apoio social, a resiliência e a espiritualidade com a depressão
nesta população.
15
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 O ENVELHECIMENTO POPULACIONAL
Os dados demográficos têm demonstrado que o envelhecimento das
populações é um fenômeno mundial.
14
O envelhecimento populacional é resultado
do aumento da expectativa de vida, que afeta tanto países desenvolvidos quanto em
desenvolvimento, determinando importantes repercussões nos campos sociais e
econômicos.
15, 16
O processo de envelhecimento da população mundial tem as suas origens
enraizadas nas transformações socioeconômicas vividas pelas nações no século
passado, que produziram modificações significativas nas suas variáveis
demográficas na virada do século 20.
15, 16
Este processo é vivido por toda a
sociedade que se industrializa e se urbaniza, com suas próprias características e
diferentes velocidades.
17
Seguindo os padrões observados em outros países, no Brasil a queda da
fecundidade e o aumento da expectativa de vida resultaram, nos últimos 30 anos, no
aumento da população idosa. Em 2020 estima-se que 32 milhões de pessoas
tenham 60 anos ou mais, fazendo com que esse segmento populacional situe o
Brasil entre os países com os maiores índices de envelhecimento humano.
18, 15
O rápido crescimento da população de idosos no Brasil causa importante
impacto em toda a sociedade, principalmente nos sistemas de saúde. A infra-
estrutura necessária para responder às demandas desse grupo etário, quanto a
instalações, programas específicos e recursos humanos adequados, entretanto,
ainda é precária. Acompanhando as transformações demográficas, o Brasil tem
experimentado alterações relevantes no seu quadro de morbi-mortalidade,
conhecida como transição epidemiológica, fazendo com que as doenças crônicas
não-transmissíveis, como as doenças cardiovasculares, o câncer, a osteoporose e
as doenças neurodegenerativas, ocupem, hoje, as principais posições de ocorrência
de doenças e causas de mortalidade.
19
16
Com o envelhecimento populacional a busca de estratégias que identifiquem
situações de risco a morbi-mortalidade por doenças crônicas não-transmissíveis nos
idosos, que o freqüentam necessariamente serviços de atendimento geriátricos, é
fundamental. Existe também uma necessidade de atenção conjunta aos aspectos
biopsicossociais que influenciam fortemente esse grupo etário da população e
determinam uma melhor condição de saúde e de qualidade de vida.
20
A depressão é uma das doenças de maior interesse nos estudos relacionados
ao envelhecimento, por suas conseqüências na qualidade de vida dos sujeitos.
21
2.2 EPIDEMIOLOGIA DA DEPRESSÃO E SUA ASSOCIAÇÃO COM O
ENVELHECIMENTO
O termo depressão pode significar tanto um estado afetivo normal, quanto um
sintoma, uma síndrome e uma ou várias doenças. A classificação clínica da
depressão no idoso segue, de modo geral, parâmetros conceituais descritivos da
depressão nos adultos.
22
Em sua descrição, entretanto, devem ser considerados
aspectos diferenciais, tais como fenômenos biológicos, psicológicos e socioculturais
específicos do processo de envelhecimento.
23
A depressão tem como características o humor deprimido e a perda de
interesse ou prazer em quase todas as coisas. Nos idosos tem um caráter
heterogêneo no que se refere a sua etiologia e aos aspectos relacionados a sua
forma de apresentação.
24
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 450 milhões de pessoas
sofrem de transtornos mentais, resultantes de uma complexa interação de fatores
genéticos e ambientais. O impacto desses distúrbios evidencia-se por representar
quatro das dez principais causas de incapacitação. Estudos epidemiológicos
realizados em centros de atenção primária de 14 países, mostraram que cerca de
24% da clientela apresentava transtornos psiquiátricos, apontando como
diagnósticos mais freqüentes a depressão, a ansiedade e o uso inadequado de
substâncias.
25
17
Com o envelhecimento, a expectativa de transtornos mentais se eleva de 34%
aos 61 anos para 67% aos 81, tornando-se um dos fatores preocupantes quanto à
repercussão em saúde pública. Entre estes, ocupando lugar de destaque, está a
depressão, com todas as nuances e características atípicas que pode apresentar
nesta população e suas conseqüentes dificuldades diagnósticas.
26, 27, 28
Não um consenso na literatura internacional com relação à prevalência de
depressão em idosos.
21
Na comunidade a depressão maior é diagnosticada em 3 a
5% dos idosos e cerca de 15% mostram-se com sintomas depressivos; em
instituições isto pode ocorrer entre 25 a 30% dos internos.
21, 26, 27, 29
Os idosos são pacientes que relutam em admitir sintomas psicológicos a
idéia generalizada de que estar com depressão é um estigma –, expressam sua
depressão por inúmeras queixas somáticas, inespecíficas, mostram, mais
freqüentemente, co-morbidade médica, além da deterioração física e mental que
pode vir mascarando a queixa de sintomas depressivos.
26
A depressão é citada como causa do comprometimento da memória e fator de
risco para demência, entre outras doenças crônicas não-transmissíveis.
30
Além
disso, pode desencadear importantes repercussões sociais e individuais por afetar
não somente o convívio social, impossibilitando uma rotina de vida satisfatória, mas
também pelo risco inerente de morbidade, cronicidade e aumento da mortalidade,
esta em decorrência de suicídios ou de complicações associadas.
27, 29
Situações comuns no envelhecimento, que intervêm nos processos
adaptativos do indivíduo, envolvem questões centrais como a saúde e suas perdas,
assim como aspectos culturais, revelando, desta forma, a multifatoriedade e a
influência dos eventos vitais na gênese da depressão em idosos.
24
Em estudos
longitudinais sobre a evolução dos pacientes idosos com depressão, surgem
aspectos na relação entre este transtorno e o envelhecimento, como o apoio social,
a espiritualidade e a resiliência.
22, 31, 32
18
2.3 DEPRESSÃO E SUPORTE SOCIAL
O suporte social é entendido como uma informação, falada ou não, auxílio
material oferecido por grupos ou pessoas que se conhecem e que resulta em efeitos
emocionais ou comportamentos positivos. Envolve efeitos positivos, para quem
recebe o apoio e também para quem oferece.
33
Desta forma, o conceito de suporte
social está relacionado a uma série de fatores protetores significantes e apropriados,
que o ambiente é capaz de prover aos indivíduos, habilitando-os a lidar com
estressores ambientais.
Estudos epidemiológicos revelam que fatores como a viuvez, isolamento
social, e a falta de uma pessoa confidente, associam-se a uma maior ocorrência de
depressão.
26, 27, 28
Como efeito a depressão inclui tanto a incapacidade individual
como conseqüências para a família vinculada à doença. Elevados custos,
comprometimento no trabalho, diminuição da qualidade vida associam-se com
transtornos depressivos.
34
A noção de suporte social vincula-se à existência de fontes tangíveis e
emocionais que são fornecidas por algumas pessoas para ajudar outras. Estas
condições podem ser expressas por intermédio de conforto, assistência e/ou
informação.
35
A associação entre suporte social e índices de saúde, e/ou a presença
de suporte social agindo como agente protetor” ante o risco de doenças produzidas
por estresse, também é citada na literatura.
36
A busca por explicações para este fenômeno pode estar relacionada à
existência de relacionamentos sociais (existência, quantidade, tipo), suporte social
(tipo, fonte, quantidade, qualidade) e rede social (tamanho, densidade,
reciprocidade, intensidade, dentre outros).
37
As características do direcionamento da
rede social são importantes para a manutenção da saúde física e da longevidade. A
freqüência do contato social, o número de pessoas disponíveis e as atividades
sociais possuem um substancial efeito na saúde e sobrevivência das pessoas.
33, 34
Suporte social e recursos pessoais de enfrentamento podem contribuir na
variabilidade do impacto da doença crônica sob o estado mental. Pacientes crônicos,
19
que possuem um considerável suporte social e têm uma elevada auto-eficácia e
auto-estima, possuem um menor risco de desenvolver depressão.
38
2.4 RESILIÊNCIA
Não é uma tarefa fácil falar sobre resiliência. De fato ela existe desde o início
da história da humanidade, sempre que homens e mulheres se defrontavam com
adversidades e precisavam superá-las ou transformá-las.
39, 40
No dia-a-dia algumas
pessoas lidam, adaptam, mostram superação e constroem caminhos positivos diante
de circunstâncias de vida difíceis, enquanto outras apresentam esse potencial
menos desenvolvido e sucumbem mais facilmente ante os obstáculos.
41
Inicialmente o conceito de resiliência foi utilizado pelas Ciências Exatas, a
Física e a Engenharia, que a definiram como a energia de deformação máxima que
um material é capaz de armazenar sem sofrer alterações permanentes.
42
Ao ser
adaptada para as Ciências Humanas e da Saúde, na sua definição permanecem
incertezas.
43
Este tema vem apresentando uma evolução ao longo das décadas.
foi entendido como sinônimo de invulnerabilidade, como uma capacidade individual
de adaptação bem-sucedida em um ambiente “desajustado” e como qualidades
elásticas e flexíveis do ser humano. Nos últimos anos vem tornando-se cada vez
mais complexo, abordado como um processo dinâmico que, por sua vez, envolve
processos sociais e intrapsíquicos de vulnerabilidade e de proteção.
Desde o final das décadas de 60 e 70 do século 20, a resiliência começou a
ser estudada com mais afinco pela Psicologia e Psiquiatria, designando a
capacidade de resistir às adversidades, a força necessária para a saúde mental se
estabelecer durante a vida, mesmo após a exposição a riscos. Significa, portanto, a
habilidade de acomodar-se e reequilibrar-se constantemente diante das
adversidades. Na Medicina, teria como foco a capacidade de uma pessoa resistir às
doenças, infecções ou intervenções, com ou sem a ajuda de medicamentos.
44
Na
Saúde Pública encaixa-se perfeitamente na ótica da prevenção e da promoção da
saúde, do bem estar e da qualidade de vida de indivíduos e sociedades.
43
20
A resiliência está ancorada em dois grandes pólos: o da adversidade,
representado pelos eventos de vida desfavoráveis, e o da proteção, que aponta para
a compreensão das formas de apoio, internas e externas ao indivíduo, que o
conduzem a uma reconstrução singular diante do sofrimento causado por uma
adversidade.
45
Algumas pessoas conseguem passar por muitas adversidades ao longo do
seu desenvolvimento sem afetar substancialmente a satisfação com a sua vida. Os
mais resilientes inserem-se nesse grupo. Isto influencia na avaliação de possuir ou
não uma boa qualidade de vida, dependente de aspectos objetivos e subjetivos.
Dentre os primeiros está a satisfação de necessidades básicas e as criadas pelo
grau de desenvolvimento econômico e social da sociedade. Os aspectos subjetivos
dizem respeito à representação que a pessoa faz de seu bem-estar, sua realização
pessoal, do sentimento de felicidade, amor e prazer que consegue usufruir.
46
O sentimento subjetivo de bem-estar é um atributo existencial que abrange
condições afetivas (positivas e negativas) e a capacidade de julgar se determinado
aspecto traz ou não satisfação pessoal. Esse componente é entendido como a
satisfação que o indivíduo tem com sua família, com seu trabalho e com o
existencial, sendo ainda influenciado por atributos individuais como personalidade,
auto-estima e sentimento de competência pessoal.
47, 48
Com relação ao julgamento
de satisfação ou insatisfação com a vida, este baseia-se na comparação com um
padrão existente na sociedade, compreendido e adaptado pela pessoa.
49
A resiliência é um atributo vinculado à capacidade de possuir uma auto-
estima positiva. Isto significa ter atitudes de aprovação a si própria, considerar-se
capaz e uma pessoa de valor. Esta condição, embora seja uma experiência
subjetiva e individual, está acessível às demais pessoas por meio de relatos verbais,
gestos e comportamentos.
50
Os atributos individuais que determinam a auto-estima são moldados nas
relações cotidianas desde a primeira infância e são decisivos na relação do indivíduo
consigo mesmo e com os outros, exercendo uma marcante influência na sua
percepção dos acontecimentos e das pessoas e influenciando seu comportamento e
suas vivências.
51
21
Para Handen,
52
a auto-estima e o sentimento de domínio sobre o próprio
ambiente influenciam no impacto das doenças. Idosos com boas condições de
saúde referem-se a essa fase da vida como o “tempo da resiliência e da fortaleza”.
Por outro lado, com a existência de perdas e problemas graves de saúde, ocorrem
mais dificuldades em relação à autonomia. A resiliência apresenta um caráter
dinâmico. Os sujeitos que chegam à velhice com esta condição solidamente
estabelecida, podem mostrar fragilidade na superação de problemas quando sentem
que não estão mais conseguindo lidar com a deterioração física e com as perdas
sofridas.
53
Pesquisas com pessoas consideradas resilientes ou bem-sucedidas também
têm sido realizadas como forma de obter informações sobre os desafios enfrentados
e as estratégias e recursos utilizados. Os resultados apontam para a importância
das crenças e significados, da esperança, da espiritualidade e do sentido de vida,
como fatores que influenciam no processo de avaliação dos eventos estressores, de
busca de recursos e ao aprendizado com a experiência aliado à visão otimista de
futuro.
45
2.5 ESPIRITUALIDADE E RELIGIOSIDADE
O construto espiritualidade é mais abrangente do que o construto religião. É
possível que uma pessoa tenha espiritualidade sem ter religião. Embora a
espiritualidade esteja contida nas religiões tanto quanto na cultura, ela transcende
ideologias, rituais, dogmas e instituições.
54
O termo espiritualidade vem do latim spiritus, que significa sopro da vida.
Envolve a busca por um significado na vida por meio de conceitos que transcendem
o tangível. É um sentido de conexão com algo maior que si próprio. Envolve a
capacidade de se maravilhar, de reverência e de gratidão pela vida. É a habilidade
de contemplar os fatos comuns, de ter consciência de uma dimensão transcendente,
que leva em consideração o próprio ser, os outros, a natureza e a vida. Pode ainda
ser entendida como uma filosofia de vida, que pode ou não incluir a religião.
55
22
Rousseau
56
afirma que espiritualidade é a capacidade de ter fé, amar,
perdoar, adorar, enxergar além das circunstâncias e de transcender o sofrimento.
Muitas pessoas experimentam sua espiritualidade na prática religiosa, outras na
relação com a natureza, a música, as artes, as crenças filosóficas ou no
relacionamento com amigos e familiares. Embora nem todos tenham uma religião,
parece que a grande maioria dos indivíduos tem uma espiritualidade.
Entende-se por espiritualidade o conjunto de todas as emoções e convicções
de natureza não-material, com a suposição de que há mais no viver do que pode ser
percebido ou plenamente compreendido, remetendo a questões como o significado
e sentido da vida, não se limitando a qualquer tipo específico de crença ou prática
religiosa.
25
E
videncia a existência de potenciais forças escondidas no homem que o
envelhecer faz desabrochar.
57
Constitui-se em poderoso fator de suporte para
enfrentar desafios, frustrações e sofrimentos, além de melhorar consideravelmente a
saúde e a qualidade de vida.
58
A dimensão espiritual na vida humana é, segundo Leonardo Boff,
59
“uma das
transformações culturais mais importantes do século XXI.” Esse despertar religioso
vem ocorrendo tanto na área da saúde física quanto no da saúde mental.
60
O envelhecimento comporta desafios biológicos, fisiológicos e psicológicos
que produzem crises existenciais. É, no entanto, um fenômeno normal da vida.
Como em todos os momentos do desenvolvimento mental, ao chegar à última etapa
da vida o idoso sente ainda surgir dúvidas como: quem sou? Que sentido tem a
minha vida? Para onde vou? Como tenho vivido os anos que passaram? Como
posso viver bem os próximos anos?
61
Neste sentido Guardini
47
afirma que o
indivíduo deve querer ser aquilo que é colocar-se dentro do seu eu, aceitar a missão
que lhe for dada no mundo.
De fato, nada proporciona melhor capacidade de superação e resistência a
problemas e dificuldades do que a consciência de ter uma missão a desempenhar
na vida. Com a experiência acumulada na luta existencial, a pessoa fica mais
propensa a repensar a sua história, os acontecimentos de vida, voltando-se para si
mesma. Neste contexto a dimensão espiritual de toda pessoa esfacela-se quando
não há interação entre ela e o mundo que a cerca. Conseqüentemente a busca da
23
espiritualidade passa a favorecer-lhe o equilíbrio perdido, curando as mazelas tanto
do corpo como da mente. Isso ocorre principalmente durante a velhice, quando a
espiritualidade passa a favorecer novas descobertas.
62
O caráter protetor do bem-estar espiritual foi demonstrado por sua associação
com a diminuição de distúrbios mentais. Desta forma, os achados sugerem que o
fortalecimento do bem-estar espiritual pode auxiliar significativamente na redução da
angústia relacionada a doenças, bem como na promoção da saúde mental.
58
Possuir
alguma religião, bem como freqüentar igrejas, tem se mostrado importante fator de
proteção para dificultar o aparecimento da depressão e outros problemas na esfera
da saúde mental, além de estimular a capacidade de se satisfazer com a vida e
aumentar o potencial de resiliência.
63
Koenig
64
revisou o conceito de espiritualidade e a sua ligação com a saúde
mental, encontrou mais de 850 estudos que examinaram a relação entre
envolvimento espiritual e vários aspectos da saúde mental. Destes, mais de 75%
demonstraram ligação entre a melhor saúde mental e adaptação ao estresse e
envolvimento religioso, confirmando que espiritualidade e religiosidade fazem parte
dos mecanismos de enfrentamento e adaptação na vida adulta e na velhice. Outros
estudos investigaram a ligação entre envolvimento religioso e saúde, concluíram que
a maioria das pessoas religiosas é fisicamente mais saudável, tem estilo de vida
mais salutar e requerem menos assistência de saúde.
32
Particularmente na velhice, a espiritualidade pode ser considerada um recurso
de enfrentamento que serve de amortecedor diante das exigências da vida e que
pode auxiliar como mediador da saúde física e mental. Sua função é auxiliar o
indivíduo a aceitar as dificuldades ligadas ao envelhecimento, atuando na dimensão
cognitiva como uma ferramenta psicológica importante no manejo das situações
difíceis. A espiritualidade pode fornecer um sentido, um significado para a vida que
transcende a perda, o sofrimento e a percepção de finitude. Mas como nem de
perdas vivem os idosos, a espiritualidade também pode ser útil para dar um
significado para a vida, na adaptação a eventos positivos, pois o estresse não
advém de eventos negativos. Situações de felicidade também podem causar
estresse, e os mecanismos de adaptação precisam ser acionados para o
ajustamento.
7
24
Segundo Elias,
65
a adesão a crenças é mais forte em grupos cujas vidas o
menos controláveis, mais imponderáveis, mais ameaçadoras, com perigos iminentes
e imprevisíveis.
A espiritualidade está ligada às questões transcendentais de significado da
vida, podendo ou não ter relação com o sagrado. a religiosidade se localiza no
plano do sagrado, tem relação com ritos, instituições e práticas religiosas e com
adoração de divindades.
32
As primeiras definições do termo religiosidade remetiam às crenças e práticas
relacionadas à religião, incluindo uma dimensão ligada ao sagrado e outra dimensão
responsável por dar um significado à vida, envolvendo crenças pessoais, valores e
atividades pertinentes. A religiosidade também foi classificada em termos de crenças
sobrenaturais, valores morais que regulam as ações e crenças pós-morte que
norteiam a vida atual. O comportamento religioso engloba aspectos intrínsecos
(como oração e meditação) e extrínsecos (como envolvimento em atividades sociais
religiosas). Ambos estão ligados à forma como as pessoas vivem em comunidade.
32
A religião também foi definida pela sua relação com questões pessoais e
institucionais. A orientação institucional está relacionada com a freqüência à igreja e
às atividades religiosas ritualizadas. A orientação pessoal remete aos valores,
crenças e atitudes, além de atividades não-institucionalizadas, como oração e
leituras religiosas.
66
Maugans
67
definiu religiosidade como doutrina e sistema de culto
compartilhado por um grupo de pessoas, com características comportamentais,
sociais, doutrinárias e valores específicos. A religião geralmente está associada à
crença em uma divindade.
68
Recorrer à religião em momentos de crise, no entanto,
não é a mesma coisa que religiosidade, porém essa prática é comum no
enfrentamento de situações difíceis.
69
Silberman
70
propõe que a religião seja vista
como um sistema de significados. Segundo a autora, o comportamento é pautado
pela junção das crenças pessoais referentes a si próprio e aos outros, crenças sobre
o mundo e sua relação com ele. Tais crenças constituem o sistema idiossincrático de
significados. Essa idéia é transposta para a definição de religião. A religião é, então,
um sistema de significados que associa tanto os componentes religiosos quanto os
25
não-religiosos. Estão implícitas a percepção de sagrado, transcendência e Ser
Superior. Esse sistema de significados também é influenciado pelas metas pessoais
de auto-regulação e pode afetar as emoções e o comportamento.
As religiões oferecem uma explicação para a criação do mundo, assim como
para todos os aspectos da vida, para a morte e para o pós-morte. Com isso, as
religiões oferecem respostas que dão esperança e conforto às pessoas. Religião é,
portanto, um conjunto de crenças que remete a um Poder Maior. Esse conjunto de
crenças está baseado em normas que regem a conduta e pautam as ões. A
religião influenciaria até o comportamento de pessoas não-religiosas, ou que não
têm crenças em um Poder Superior, porque o ambiente social está permeado de
símbolos, rituais e crenças que remetem ao transcendente e ao sagrado. Há
pessoas com que cercam os indivíduos que não têm crenças, e esse convívio
social, em algum momento, conduz ao confronto de idéias, influenciando o
comportamento. Nesse ponto, é importante observar que as religiões também
podem provocar estresse e ansiedade, porque podem ter significados muito
distintos, dependendo da orientação institucional à qual o indivíduo está ligado e da
sua capacidade de manejar as questões divergentes no convívio.
55, 32, 60
O conceito de religiosidade é estudado em duas categorias: intrínseca e
extrínseca. Neill e Kahn
71
consideram religiosidade intrínseca ou espiritualidade
pessoal as atividades solitárias, como oração, meditação e leitura da Bíblia, além de
crença pessoal em Deus. Religiosidade extrínseca ou atividades sociais religiosas
compreendem assistência a cultos e serviços religiosos, atividades voluntárias
associadas à religião e outras ações religiosas envolvendo duas ou mais pessoas.
Tanto a dimensão intrínseca quanto a extrínseca oferecem ferramentas que
agem como redutores de impacto dos eventos que estão fora do controle pessoal,
como perda de entes queridos, doença, mudança de trabalho, de cidade, de
condição econômica. Para Chatters, Levin e Taylor,
72
a religiosidade subjetiva
compreende aspectos ligados à crença e ao significado pessoal e ao
comportamento, como participação em práticas religiosas, afiliação à igreja e
atividade religiosa privada, como oração.
26
Tanto a religiosidade intrínseca quanto a extrínseca tem correlação com a
satisfação com a vida. As atividades extrínsecas, porém, podem auxiliar no suporte
social, porque implicam em interação com outras pessoas, despertando o senso de
pertencimento a um grupo e resultando em bem-estar. A religião prega
solidariedade, caridade e ajuda mútua entre seus membros, e isso pode funcionar
como apoio nos momentos de necessidade instrumental e emocional.
73
As religiões
possuem grupos que atuam no suporte aos fiéis. Algumas religiões, por exemplo,
contam com grupos que visitam famílias que nas quais doentes, prestando apoio
como cuidados com a casa e auxílio para transporte. O fato de receber visitas e
apoio instrumental resulta em apoio emocional.
54
O suporte social oferecido pelas comunidades religiosas ajuda a diminuir o
estresse e atua como um recurso de enfrentamento. Estudos mostram que a
participação em serviços religiosos pode ser um fator protetor de saúde mais eficaz
do que o suporte social, e que existe correlação positiva entre tamanho da rede
social e da rede de suporte social e envolvimento religioso.
74
27
3 MÉTODOS
3.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO
A presente investigação pode ser caracterizada como um estudo transversal e
observacional e analítico com uma abordagem quantitativa.
3.2 LOCAL DO ESTUDO
O estudo foi desenvolvido no município de Barra Funda (RS), emancipado em
24 de março de 1992, pela Lei Estadual nº 9.538. Anteriormente constituía-se um
distrito de Sarandi.
O município situa-se na Região Noroeste do Estado a uma distância de 350
km da capital, com área de 60 km², conhecida e denominada de A Terra da Água
Mineral Sarandi”. Conta com oito comunidades rurais assim denominadas: São José
Agusso, Santo Antônio Agusso, Linha Cabrito, Linha Carijo, Ervalzinho, Barra do
Ervalzinho, Linha Encantado e Santa Lúcia.
3.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA
A população do estudo foi constituída por sujeitos com mais de 60 anos
residentes no município.
A população de Barra Funda, segundo o censo de 2000, era de 2.231
habitantes, dos quais 1.107 do gênero masculino e 1.124 do feminino.
A estimativa, conforme o Datasus, era de 2.390 habitantes em 2006. O total
de idosos, segundo o censo (2000) era de 223, com projeção para 2006 de 242
idosos, constituído de 109 do gênero masculino e 133 do feminino.
28
3.4 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
Fizeram parte da amostra idosos de ambos os gêneros, dentro da faixa etária
determinada, sendo avaliados todos os idosos que residiam no município pelo
menos cinco anos.
3.5 INSTRUMENTOS
Para a coleta dos dados foram empregados os instrumentos descritos a
seguir.
Para avaliação da depressão foi adotado o Inventário de Depressão de Beck
(IDB) (Anexo I), composto por 21 questões, cada qual com quatro alternativas com
valores atribuídos de 0 a 3 e o escore é dado pela somatória do total de alternativas.
A soma total desses escores mostra o grau de severidade da depressão. Os dados
obtidos pelo IDB podem ser interpretados segundo a severidade da depressão,
utilizando-se os mesmos pontos de corte propostos por Gorenstein e Andrade,
75
que
são: <10 pontos: depressão mínima ou sem depressão; 10-18 pontos: depressão
leve a moderada; 19-29 pontos: depressão moderada a grave; 30-63 pontos:
depressão grave.
Para a avaliação do apoio social foi adotada a Escala de Apoio Social
empregada no Medical Outcomes Study (MOS), traduzida e validada no estudo de
Griep (Anexo II). Este instrumento, além de abranger as principais dimensões
funcionais de apoio social descritas na literatura, apresenta propriedades
psicométricas adequadas em sua versão original. O questionário é composto por 19
itens com cinco dimensões funcionais de apoio social: material, afetivo, emocional,
interação social positiva e informação. Em cada pergunta o avaliado deve indicar
com que freqüência considera disponível o tipo de apoio em caso de necessidade:
nunca, raramente, às vezes, quase sempre ou sempre. Para o cálculo dos escores,
em cada uma das cinco dimensões de apoio social são atribuídos pontos a cada
opção de resposta, que variaram entre 1 (nunca) e 5 (sempre). Os escores obtidos
pela soma dos pontos totalizados pelas perguntas de cada uma das dimensões o
29
divididos pelo escore máximo possível na mesma dimensão. O resultado da razão
(total de pontos obtidos/pontuação máxima da dimensão) é multiplicado por 100.
76
Também foi aplicada a Escala de Resiliência desenvolvida por Wagnild e
Young e adaptada e validada por Pesce et al.
10
(Anexo III). A escala possui 25 itens
descritos de forma positiva, com respostas tipo likert variando de 1 (discordo
totalmente) a 7 (concordo totalmente). Os escores da escala oscilam de 25 a 175
pontos, com valores altos indicando elevada resiliência.
Para a avaliação da espiritualidade adotou-se a Escala de Bem-Estar
Espiritual (EBE Spiritual Well-Being Scale), de Paulotzian e Ellison, adaptada por
Marques (Anexo IV). É composta de 20 questões com pontuação de 1 a 6, dividida
em duas subescalas, uma de bem-estar religioso e outra de bem-estar existencial.
Os pontos de corte sugeridos para o escore geral de bem-estar espiritual
apresentam os intervalos de 20 a 40, 41 a 99 e 100 a 120, para baixo, moderado e
alto bem-estar.
58
3.6 PROCEDIMENTOS
Metodologicamente, este estudo foi constituído de diferentes etapas:
1) Primeira etapa conhecer a população-alvo do estudo e selecionar a amostra.
Para tanto foram buscadas informações na Plataforma do Datasus, identificando
as projeções demográficas do município para a população idosa.
2) Segunda etapa o processo de avaliação inicia-se a partir do contato com a
Secretaria Municipal de Saúde do município de Barra Funda, ocasião em que foi
apresentada a proposta do estudo e os objetivos, e prestados tipos de
esclarecimento que se fizeram necessários.
3) Terceira etapa foram empregadas informações de uma pesquisa prévia
intitulada “Avaliação da Qualidade de Vida da População Idosa do Município de
Barra Funda-RS”, referentes a um questionário elaborado para identificação da
amostra, composto de dados pessoais como escolaridade, raça, recursos
30
econômicos, grau educacional e como reside, indicador da condição de saúde,
perfil de patologias, uso de medicação (Anexo V).
Para determinar a capacidade funcional foram utilizados os instrumentos:
Índice de Barthel (Anexo VI), que analisa dez atividades básicas de vida diária, e
a Escala de Lawton (Anexo VII), que avalia as atividades instrumentais de vida
diária (AIVDs). Esta escala determina a capacidade de idosos se adaptarem ao
seu meio e inclui atividades variadas tais como: usar o telefone, fazer compras,
preparar refeições, arrumar a casa, lavar roupa, usar o transporte, tomar
remédios, tomar conta do orçamento e caminhar. A pontuação máxima é de 27
pontos, e as possibilidades de cada item são: realizar a atividade sem ajuda (3
pontos e significa independência), com ajuda parcial (2 pontos, capacidade com
ajuda) e não consegue realizar a atividade (1 ponto e significa dependência). A
aplicação desse instrumento varia em torno de 3 a 5 minutos.
77
O Mini-Exame do Estado Mental (MEEM) foi empregado para avaliação do
estado mental dos idosos (Anexo VIII).
78
Consiste em um questionário com cinco
domínios: orientação, memória imediata, atenção e cálculo, evocação e
linguagem. O avaliador marca um ponto para cada resposta correta, com a
pontuação máxima atingindo 30 pontos. Para a interpretação é utilizado como
ponto de corte 20 para analfabetos e 24 para escolaridade superior.
79
4) Quarta etapa coleta de dados sobre suporte social, resiliência e espiritualidade
realizada pelo pesquisador e por um grupo de auxiliares previamente treinados.
Para o preparo dos pesquisadores auxiliares foram adotadas as seguintes
estratégias:
- explicação sobre os objetivos do trabalho;
- descrição e explicação sobre os instrumentos;
- treinamento com utilização dos instrumentos entre os componentes do grupo;
- realização de uma coleta-piloto envolvendo um grupo de 20 idosos do município.
A partir do treinamento dos pesquisadores sobre suporte social, resiliência e
espiritualidade, foi realizada a coleta dos dados.
31
A coleta ocorreu em visita domiciliar; quando o idoso o foi encontrado em
seu domicílio foram feitas mais duas visitas.
Os idosos, ou em sua impossibilidade seus cuidadores, assinaram um Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido, autorizando a utilização e publicação das
informações coletadas (Anexo IX).
Os dados foram coletados entre março e abril de 2007, com o emprego dos
instrumentos estabelecidos.
Após a realização da coleta dos dados, estes foram organizados e analisados
de acordo com o descrito na análise dos dados.
3.7 ANÁLISE DOS DADOS
Os dados colhidos foram analisados com a utilização da estatística descritiva,
por meio do programa Microsoft Excel e SPSS, versão 11.5.1, licenciados para a
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
As variáveis quantitativas foram descritas em função de sua média e desvio
padrão. As variáveis categóricas foram organizadas e elaboradas as suas
respectivas tabelas.
As associações entre as variáveis quantitativas realizaram-se por meio do
Coeficiente de Correlação de Pearson. a associação entre as variáveis
categóricas foi estabelecida por meio do Teste do Qui-Quadrado.
As diferenças eventuais entre as médias das variáveis quantitativas dos
sujeitos agrupados segundo as diferentes categorias, foram verificadas mediante o
Teste t de Student para grupos independentes.
A confiabilidade ou consistência interna dos itens das escalas foram
analisadas por meio do coeficiente Alfa de Cronbach e pelo método da precisão das
duas metades. As variáveis associadas à depressão foram identificadas por meio da
regressão múltipla com o método passo a passo (stepwise).
32
3.8 ASPECTOS ÉTICOS
Para a efetivação da presente pesquisa o projeto foi encaminhado ao Comitê
de Ética em Pesquisa da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
(PUCRS), aprovado sob o parecer consubstanciado 05/02744 (Anexo X).
Para realização da coleta de dados foi solicitada autorização dos
participantes do estudo, por meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido,
conforme a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, o qual trata das
Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa Envolvendo Seres Humanos.
A coleta dos dados ocorreu somente após a autorização, a concordância e a
assinatura do termo de consentimento pelos participantes.
33
4 RESULTADOS
A partir dos questionários de informações aplicados aos idosos obtiveram-se
os dados referentes ao perfil deste grupo.
As informações foram organizadas em tópicos, compreendendo:
- variáveis demográficas e socioculturais (idade, gênero, etnia e procedência,
atividade profissional, escolaridade, relação familiar);
- condições de saúde;
- capacidade funcional (AVDs e AIVDs);
- saúde mental (depressão e estado cognitivo);
- suporte social, resiliência e espiritualidade;
- associação entre depressão e as demais variáveis.
4.1 CARACTERÍSTICAS DEMOGRÁFICAS E SOCIOCULTURAIS
Quanto às variáveis demográficas, do total da população da cidade de Barra
Funda, que é de 2.241 habitantes, 242 (10%) têm mais de 60 anos. Os instrumentos
foram respondidos por 218 (90%) idosos.
Com relação à etnia, 195 idosos (89,4%) declararam-se como descendentes
de italianos.
A moradia como residência própria foi referida por 210 (96,3%), com 209
(95,9%) vivendo com o cônjuge ou familiar. Apenas 9 (4,1%) afirmaram que viviam
sozinhos. O número de filhos por idoso variou de 0 a 15, com média de 5,24 2,9)
por idoso.
A área de residência dos idosos é descrita no Gráfico 1.
34
LOCAL
urbano
rural
1401301201101009080
Gráfico 1: Descrição da área de residência dos idosos de Barra Funda (RS), 2006.
Fonte: dados da pesquisa (2007).
Com relação à área de residência, 129 idosos eram residentes na zona rural e
89 na urbana.
A legislação define como rurais as áreas situadas fora dos limites das cidades
(sedes dos municípios), das vilas (sedes distritais) e das áreas urbanas isoladas.
80
Esta característica identifica o município de Barra Funda como
predominantemente rural.
Ao relacionar-se a distribuição por gênero com a procedência urbana ou rural
do idoso, ocorre uma diminuição da proporção de mulheres no espaço rural em
relação ao urbano, respectivamente 56% e 64%.
A maioria dos idosos teve ou ainda tem a agricultura como atividade
ocupacional principal. Com relação à atividade atual, 98% dos idosos declararam-se
aposentados, mantendo vínculo com o trabalho agrícola.
No Gráfico 2 apresentam-se as atividades anteriores exercidas pelos idosos.
35
Agricultor
Outra Profissão
300
2001000
Gráfico 2: Profissão anterior exercida pelos idosos de Barra Funda (RS), 2006.
Fonte: dados da pesquisa (2007).
O município de Barra Funda tem sua economia baseada na agricultura e no
engarrafamento de água mineral.
O Gráfico 3 descreve a média de idade/ano por gênero entre os idosos de
Barra Funda.
GENERO
masculinofeminino
Média da Idade
70,0
69,8
69,6
69,4
69,2
Gráfico 3: Descrição da média de idade/ano por gênero entre os idosos de Barra
Funda (RS), 2006.
Fonte: dados da pesquisa (2007).
195
15
36
Na comparação das médias das idades por meio do teste t de Student
independente entre o gênero masculino e feminino não foi identificada diferença
significativa (p=0,969).
A média da idade da população de idosos para ambos os gêneros, da área
urbana foi de 69,98 (±7,79), e da área rural de 69,57 (±7,98) não havendo diferença
significativa.
A descrição demográfica da amostra é apresentada na Tabela 1.
Tabela 1 – Dados sobre gênero, estado civil, faixa etária e escolaridade
(n= 218)
Variável Descrição Freqüência Percentagem
Gênero Masculino
Feminino
88
130
40,4
59,4
Estado civil
Casado
Viúvo
Solteiro
148
60
10
67,9
27,5
4,6
Escolaridade
Analfabeto
Ensino Fundamental incompleto
Ensino Fundamental completo
Ensino Médio incompleto
41
171
4
2
18,8
78,4
1,8
0,9
Faixa etária 60 a 69 anos
70 a 79 anos
80 anos ou mais
121
67
30
55,5
30,7
13,8
Fonte: dados da pesquisa (2007).
Há um predomínio na população idosa do gênero feminino.
Os idosos, em sua maioria, declaram-se casados, sendo similar sua
distribuição por gênero. Entre os viúvos, porém, 80% são mulheres.
Com relação à escolaridade, entre analfabetos e Ensino Fundamental
incompleto temos 97,2% da população de idosos.
A idade variou de 60 a 90 anos com uma média de 69,72 anos e um desvio
padrão de 7,89.
37
4.2 CONDIÇÕES DE SAÚDE
Na Tabela 2 temos descritas algumas variáveis relacionadas às condições de
saúde desta população.
Tabela 2 – Descrição de variáveis relacionadas à saúde dos idosos de
Barra Funda Rio Grande do Sul, 2006
Variável N Percentagem
Plano de Saúde
Não 199 91%
Sim
19 9%
Consulta Médica
Não Procurou 169 77%
Sim e foi atendido 45 21%
Outros
4 2%
Número de consultas médicas
0 43 20%
1 31 14%
2 32 15%
Mais de 2
112 51%
Número de internações hospitalares
0 182 84%
1 24 11%
2 7 3%
Mais de 2
5 2%
TOTAL 218 100%
Fonte: dados da pesquisa (2007).
Observou-se que 199 (91,3%) não possuem plano de saúde.
A realização de consulta médica nas duas últimas semanas foi muito pequena
entre os sujeitos avaliados, como também a internação hospitalar nos últimos 12
meses. Considerando, porém, este mesmo período houve a realização de mais de
duas consultas entre a maioria dos sujeitos avaliados.
Com relação à avaliação da percepção de saúde, o Gráfico 4 expressa a
opinião dos idosos, que é um importante indicador das condições de saúde dos
mesmos.
38
Percepção de Saúde
regular
muito bom
ruim
6050403020100
Gráfico 4: Descrição da avaliação da percepção de saúde pelos idosos de Barra
Funda (RS), 2006.
Fonte: dados da pesquisa (2007).
A maioria dos sujeitos avaliados considera o seu estado de saúde como muito
bom.
A identificação sobre a presença de doença foi avaliada mediante do relato do
idoso de diagnóstico prévio realizado por um medico das patologias questionadas
pelos entrevistadores, por meio da seguinte pergunta: algum médico lhe
diagnosticou que você tem ou teve”; seguindo uma lista de morbidades para escolha
dos sujeitos.
Na Tabela 3 apresentam-se as principais comorbidades declaradas pelos
idosos.
1%
57%
42%
39
Tabela 3 – Distribuição das principais comorbidades declaradas (percebidas)
pelos idosos de Barra Funda (RS), 2006
Sim
Comorbidade
Freqüência %
Hipertensão arterial 100 45,9
Angina 21 9,6
Infarto agudo miocárdio
3 1,4
Derrame 5 2,3
Enfisema 8 3,7
Asma /bronquite 3 1,4
Úlcera gástrica 15 6,9
Constipação 17 7,8
Neoplasia 4 1,8
Alergia 20 9,2
Trombose 17 7,8
Insuficiência cardíaca 3 1,4
Cirurgias 15 6,9
Fraturas 4 1,8
Diabetes 22 10,1
Doenças reumáticas 12 5,5
Fonte: dados da pesquisa (2007).
As principais patologias relatadas pelos idosos avaliados referem-se às
doenças cardiovasculares, como hipertensão, angina e trombose.
Outra patologia que foi bastante citada pelos idosos foi o Diabetes. Nenhuma
doença foi referida por 74,3% dos idosos e uma ou mais doenças por 25,7%.
Na Tabela 4 são apresentados os resultados de confiabilidade calculado
através do Alpha de Cronbach, para verificar a consistência interna dos
instrumentos.
40
Tabela 4 – Confiabilidade ou consistência interna das escalas
Escala Alfa de Cronbach Precisão das duas metades
Resiliência 0,849 0,825
Apoio social 0,977 0,921
Bem-estar espiritual 0,918 0,934
Bem-estar religioso 0,979 0,959
Fonte: dados da pesquisa (2007).
A consistência interna das escalas utilizando o cálculo do Alfa de Cronbach
apresentou bom resultado para todas as escalas de resiliência, apoio social, bem-
estar espiritual e bem-estar religioso.
4.3 CAPACIDADE FUNCIONAL
Na Tabela 5 estão descritas informações do Índice de Barthel, que avalia as
atividades de vida diária e escala de Lawton, que avalia as atividades instrumentais
de vida diária.
Diversos estudos referem que a capacidade funcional é um robusto
determinante da autopercepção de saúde entre os idosos.
81, 82
Tabela 5 – Medidas descritivas das escalas Barthel e Lawton
respondidas pelos idosos
de Barra Funda (RS), 2006
Escala Média
Desvio
Padrão
Mínimo Máximo
Barthel 98,92 5,93 55 100
Lawton 22,56 3,04 2 24
Fonte: dados da pesquisa (2007).
Os resultados do Índice de Barthel identificaram 95% dos sujeitos avaliados
com máxima independência para a realização das atividades de vida diária.
A avaliação das atividades instrumentais de vida diária, utilizando a Escala de
Lawton, identificou 59% dos sujeitos com máxima independência para atividades
instrumentais de vida diária.
41
4.4 SAÚDE MENTAL – DEPRESSÃO E CAPACIDADE COGNITIVA
A avaliação da saúde mental está relacionada com os indicadores do Mini-
exame do Estado Mental, que avalia a capacidade cognitiva do idoso, aferindo entre
seus domínios memória (fixação e evocação), orientação (temporal e espacial),
atenção e cálculo, linguagem e praxia construtiva. O inventário de depressão de
Beck foi utilizado para identificação da depressão.
Tabela 6 – Medidas descritivas das escalas relacionadas à saúde mental
respondida pelos idosos de Barra Funda (RS), 2006
Escala Média Desvio padrão
Mínimo Máximo
Mini-Mental 21,24 3,57 9 30
BDI (Beck) 0,67 2,13 0 15
Fonte: dados da pesquisa (2007).
Na avaliação da capacidade cognitiva, utilizando o Mini-mental, com os
escores estabelecidos de acordo com a escolaridade, foi avaliado que 75% dos
idosos não apresentavam déficit cognitivo.
Na avaliação da depressão, utilizando o Inventário de Beck, foi identificada
uma prevalência de 2,3% de indício de depressão entre os idosos.
4.5 SUPORTE SOCIAL, RESILIÊNCIA E ESPIRITUALIDADE
Os resultados da avaliação das condições de apoio social, resiliência e
espiritualidade, envolvendo bem-estar religioso e bem-estar espiritual, estão
descritas na Tabela 7.
42
Tabela 7 – Medidas descritivas das escalas resiliência, apoio social, bem-estar
religioso e espiritual respondidas pelos idosos
de Barra Funda (RS), 2006
Escala Média Desvio padrão Mínimo Máximo
Resiliência 127,87 6,36 93 136
Apoio Social 93,67 4,92 64 95
B.E. Religioso 59,35 2,95 39 60
B.E. Espiritual 58,97 2,96 40 60
Fonte: dados da pesquisa (2007).
Na avaliação do apoio social, utilizando a Escala de Apoio Social, os
resultados podem variar entre 19 a 95; quanto maior o escore maior o apoio social.
A média do escore encontrada nos idosos foi de 93,67.
Na identificação da resiliência foi utilizada a Escala de Resiliência. Nesta o
somatório final das respostas da escala varia entre 25 e 175 pontos. A média dos
escores no grupo de idosos foi de 127,87.
Com relação ao Bem-estar Espiritual, esta escala é dividida em duas
subescalas: bem-estar existencial e bem-estar religioso.
Os resultados analisados separadamente entre as subescalas ou analisados
no conjunto da escala de bem-estar espiritual foram identificadas como moderado
bem-estar em 1,8% dos idosos e alto bem-estar em 98,2% dos mesmos.
4.6 FATORES ASSOCIADOS DA DEPRESSÃO
Foram realizadas correlações entre o conjunto de variáveis analisadas com os
resultados da escala de depressão de Beck (BDI), conforme descrito na Tabela 8.
43
Tabela 8 – Coeficiente de correlação linear de Pearson entre o inventário de
depressão de Beck (BDI) com as demais escalas
Barthel
Lawton
Mini-
Mental
Resiliência
Apoio
social
Bem-
estar
religioso
Bem-
estar
espiritual
r de
Pearson
-0,024 -0,058 -0,008 -0,659 -0,558 -0,240 -0,464
BDI
Valor-p 0,726 0,397 0,906 < 0,001 < 0001 < 0,001 < 0,001
Fonte: dados da pesquisa (2007).
Os resultados da correlação de Pearson identificam associação da depressão
com resiliência, apoio social, bem-estar religioso e bem-estar espiritual. Não foi
identificada associação com Barthel, Lawton e Mini-mental.
Para avaliar as variáveis associadas à depressão utilizou-se o modelo de
regressão linear com o método Stepwise.
As variáveis independentes incluídas no modelo foram: comorbidades (dada
pelo número das seguintes doenças: diabetes, hipertensão, angina, infarto agudo do
miocárdio, derrame, enfisema pulmonar, asma brônquica, doença reumática, úlcera
gástrica, constipação, neoplasia, alergia, trombose e insuficiência cardíaca), idade,
procedência, gênero, estado civil, escores da escala de Barthel, escores da escala
de Lawton, capacidade cognitiva (Mini-mental), resiliência, bem-estar religioso, bem-
estar espiritual e apoio social.
Foi identificado um coeficiente de determinação (R-quadrado) de 0,569.
Assim, as variáveis independentes são capazes de explicar 56,9% das mudanças
dos escores na escala de depressão (F = 20,691; p < 0,001).
Segundo a análise de regressão as variáveis independentes significativas no
modelo foram: idade, estado civil casado ou viúvo, bem-estar religioso, bem-estar
espiritual, resiliência e procedência urbano/rural.
Na Tabela 9 encontra-se o resultado da regressão linear múltipla entre as
variáveis selecionadas.
44
Tabela 9 – Regressão linear múltipla, método Stepwise, entre as diferentes
variáveis independentes e a depressão
Variável
B
(coeficiente)
T (estatística
teste)
Valor- p
Resiliência - 0,208 -7,355 < 0,001
Bem-estar religioso 0,294 4,473 < 0,001
Idade 0,054 4,165 < 0,001
Procedência (urbano/rural) 0,641 3,086 0,002
Estado civil – Viúvo - 1,673 -3,428 0,001
Estado civil – Casado -1,272 -2,628 0,009
Bem-estar espiritual - 0,218 -2,471 0,014
Obs: Percentagem da variância explicada (R quadrado): 55,5%.
Fonte: dados da pesquisa (2007).
Estes resultados indicam que as variáveis independentes: resiliência, bem-
estar religioso, bem-estar espiritual, idade, procedência (urbano ou rural) e estado
civil foram responsáveis pela explicação de 55,5% da variação dos escores da
depressão.
Na regressão linear múltipla os coeficientes negativos indicam fator de
proteção com relação à depressão. Assim, para cada ponto a mais na escala de
resiliência, mantendo-se as demais variáveis constantes, observa-se uma redução
média de 0,208 pontos na escala de depressão.
Para cada ponto a mais na escala de bem-estar espiritual mantendo-se as
demais variáveis constantes, observa-se uma redução média de 0,218 pontos na
escala de depressão. O estado civil casado ou viúvo é um redutor da depressão
quando comparado com os idosos solteiros.
A idade e o bem-estar religioso a cada unidade de aumento implicam em
aumento também da depressão, respectivamente, em 0,054 e 0,294.
Um idoso de procedência urbana tem um acréscimo de 0,641 pontos na
depressão quando comparado com um idoso da área rural.
45
5 DISCUSSÃO
5.1 CARACTERÍSTICAS DEMOGRÁFICAS E SOCIOCULTURAIS
O perfil da população estudada apresenta características singulares de um
pequeno município, com predomínio rural, do interior do Estado do Rio Grande do
Sul. A proporção de idosos na população total do município é de 10%, ao
compararmos com os dados do Brasil que, em 2005, foi de 10,2% e no Rio Grande
do Sul foi de 12,3%.
Segundo o IBGE,
83
o crescimento da população de idosos, em números
absolutos e relativos, é um fenômeno mundial e está ocorrendo em um grau sem
precedentes.
Os idosos avaliados neste estudo são, em sua maioria, da área rural. No
Brasil, o envelhecimento é um fenômeno predominantemente urbano (82% dos
idosos estão morando em cidades) e o processo de transição demográfica
caracteriza-se pela rapidez com que o aumento absoluto e relativo das populações
adultas e idosas vem modificando a pirâmide populacional.
84
Convém salientar que a
grande maioria da população brasileira é urbana. Nas últimas décadas tem ocorrido
um decréscimo da população rural como um todo, e não apenas no segmento
idoso.
85
Nos EUA a população idosa nas áreas rurais chega a 15% e na urbana a
12%. Existem diferenças entre idosos urbanos e rurais: idosos rurais apresentam
diferentes características socioeconômicas e concentração geográfica;
aparentemente são mais pobres que os urbanos e os serviços de saúde nas áreas
rurais são reduzidos e menos acessíveis.
86
Com relação à distribuição por gênero, foi encontrado um predomínio da
população feminina em relação à masculina, respectivamente 60% e 40% entre os
idosos avaliados. No Brasil a distribuição entre mulheres e homens é
respectivamente 55% e 45%.
87
46
Para Veras,
15
o aumento na população feminina em relação à masculina está
associado à redução da mortalidade feminina em todo o mundo. Em nosso país
ocorre, tanto numericamente quanto em relação à expectativa de vida, um
predomínio feminino, chamado de “feminização da velhice”.
A hipótese de os homens morrerem mais cedo pode ser associado a um estilo
de vida referente a fatores de risco; as mulheres beneficiam-se de efeitos protetores
hormonais, vivenciando ainda menor exposição a mortes violentas e uma atitude de
mais cuidado para com a sua saúde.
88
No campo, contudo, este processo é diferenciado, pois ocorre maior redução
da população feminina, quando o em busca de emprego e, também, pelo grau de
instrução da mulher ter se tornado que o dos homens. A ausência de jovens de sexo
feminino pode estar contribuindo para um baixo índice de fecundidade no campo e,
conseqüentemente, o envelhecimento da população rural.
89
Entre os idosos de Barra Funda, com relação ao estado civil, ocorre um
predomínio dos casados e, entre os viúvos, a grande maioria são mulheres. Esta
condição poderia ser explicada pelo fato de as mulheres viverem mais que os
homens, e terem maiores possibilidades de viverem sozinhas na terceira idade. Em
quase todos os países, o número de viúvas é maior que o de viúvos. Nos países
periféricos, o número de mulheres que vivem é muito menor que nos países
desenvolvidos, mas ainda é mais alto entre as mulheres que entre os homens.
89
A
procura da segunda parceira entre os idosos é maior do que entre as idosas, com
taxa de segundo casamento maior para homens em todas as idades.
90
A escolaridade foi outro elemento avaliado no estudo. Entre os idosos de
Barra Funda 18,8% são analfabetos. Este número é similar aos 16% de idosos
analfabetos encontrados no Brasil em 2002.
19
Considerando o conceito de
analfabetismo funcional, em que o processo de alfabetização se consolida somente
após a série do Ensino Fundamental, esta situação torna-se mais indesejável,
pois 78,8% dos sujeitos avaliados não completaram o Ensino Fundamental.
91
Fatores relacionados à procedência rural e ao gênero feminino, predominante
entre os idosos avaliados, podem influenciar esta baixa escolaridade. A vinculação
do analfabetismo no idoso com o ambiente rural é referida no Censo Idoso do Rio
47
Grande do Sul.
92
A baixa escolaridade dos idosos é fator agravante das
desigualdades e dificulta acompanhar as transformações ocorridas no mundo
moderno.
Com relação à idade entre os sujeitos avaliados houve variação de 60 a 90
anos, com uma média de 69,62 (±7,89) anos, tendo na faixa etária dos 60 aos 69
anos uma maior freqüência, o que caracteriza esta população como de idosos
jovens. Segundo a PNAD a faixa etária dos 60 aos 69 anos é a de maior proporção
de população idosa no Brasil.
93
A respeito da relação familiar entre os idosos, a maioria relatou conviver com
o cônjuge ou filhos. Este convívio é favorecido pela composição das famílias, nas
quais de 86% dos idosos tem três ou mais filhos. A existência de relações de
convívio com familiares é condição importante para a determinação de melhor
condição de saúde entre os idosos. Litwin,
94
em uma amostra de idosos de Israel,
observou que a maior diversidade de redes de apoio social melhora a qualidade da
saúde dos idosos.
Segundo dados da Pesquisa Nacional de Amostragem Domiciliar, na
composição familiar do Brasil predominam famílias nucleares, com menor presença
de famílias extensas.
92
A família é o esteio do idoso, seja afetivo, como suporte
social e financeiro, mas a família contemporânea, cujo modelo hegemônico é o
nuclear, com tamanho reduzido, fragilidade dos laços matrimoniais, distanciamento
entre parentes e perda do sentido de responsabilidade com as gerações mais
velhas, limita a manutenção das condições de saúde física e mental deste idoso.
As famílias de Barra Funda não apresentam esta característica por haver a
manutenção do convívio familiar, por ser a maioria casados e ainda por ter uma
elevada média de filhos.
Outro aspecto importante sobre os idosos do município é o predomínio da
etnia italiana. Estudo de Santos e Vaz
95
sobre a relação entre a cultura e o processo
do envelhecimento apontou que a manutenção de uma estrutura cultural estável,
mantendo costumes e promovendo os laços familiares e de amizade (como é o caso
dos descendentes de italianos), possibilita aos idosos a diminuição da depressão.
48
Negreiros,
96
ao relatar trabalho envolvendo grupo de idosos italianos
residentes nos EUA, onde havia a manutenção de uma sociedade mais igualitária,
com menor tensão psicológica, com maior rede de apoio social, em que se
compartilhavam alimentos, músicas, costumes, tradições e religião, identificou
associação entre a cultura, a saúde e a longevidade.
Com relação à atividade atual, 98% dos idosos avaliados declararam-se
aposentados, mas ainda mantendo vínculo com o trabalho agrícola. A aposentadoria
aparece como importante complementação de renda, principalmente no meio rural,
trazendo uma maior autonomia para o idoso, diminuindo sua dependência dos
filhos.
97
Na década de 90 do século 20, houve um incremento do percentual de
idosos que são aposentados e ainda trabalham tanto homens quanto mulheres e
tanto na zona urbana quanto rural.
98
5.2 CONDIÇÕES DE SAÚDE
Com relação à avaliação da condição de saúde, a maioria dos idosos de
Barra Funda (56,9%) avaliou como sendo sua saúde muito boa, não referindo
internação hospitalar nos últimos 12 meses (83,5%), nem tendo realizado consulta
médica nas duas últimas semanas (77,5%). Esta avaliação foi similar à encontrada
entre idosos mais velhos da área rural do município de Encruzilhada do Sul, onde
53% identificaram sua saúde como ótima ou muito boa.
99
A percepção da própria saúde é um forte indicador do estado de saúde dos
idosos porque prediz de forma consistente a sobrevida dessa população.
5
Um fator
que pode ter influenciado em uma melhor avaliação da percepção de saúde entre os
idosos de Barra Funda é a idade, pois se trata de uma população de idosos jovens.
O acesso, a disponibilidade, a dificuldade de transporte e a baixa renda,
interferem na utilização dos serviços de saúde em populações rurais.
100
Isto poderia
ter influenciado a baixa utilização dos serviços de saúde entre os idosos. Na
avaliação subjetiva das condições de saúde, contudo, os indicadores mostram-se
bastante favoráveis, o que sugere boas condições de saúde tanto na população
urbana quanto na rural.
49
A presença de patologias foi avaliada a partir do relato dos idosos, quando
questionados se algum médico informou ou diagnosticou sobre esta condição. No
Brasil, inquéritos populacionais demonstram que a maioria dos idosos (80%)
apresenta pelo menos uma doença crônica, e uma significativa parcela (33%), três
ou mais agravos.
84
A velhice é um período da vida com uma alta prevalência de
doenças crônicas não-transmissíveis, limitações físicas, perdas cognitivas, sintomas
depressivos, declínio sensorial, acidentes e isolamento social.
28
Com relação ao tipo de doença mais referida entre os idosos de Barra Funda,
as doenças cardiovasculares foram as mais citadas. Estas destacam-se entre os
pacientes geriátricos juntamente com as doenças respiratórias, artrite, distúrbios
emocionais ou psicológicos, como ansiedade ou depressão, e endócrinas, como a
diabetes tipo dois.
101
Dados do Ministério da Saúde do Brasil indicam que as
doenças circulatórias são a primeira causa de mortalidade da população brasileira,
correspondendo a 32% dos óbitos em 2002. Estes números são principalmente
significativos quando relacionados aos idosos, e ainda a primeira causa de
internação hospital nesta faixa etária.
102
5.3 CAPACIDADE FUNCIONAL
A capacidade funcional dos idosos foi avaliada a partir da condição para a
realização das atividades básicas e instrumentais de vida diária. Para tanto foram
empregadas as escalas de Barthel e Lawton. O conceito de capacidade funcional,
conforme definido na Política Nacional de Saúde do Idoso, promulgada em fins de
1999, relaciona-se à manutenção das habilidades físicas e mentais necessárias a
uma vida independente e autônoma.
103
A capacidade funcional, dentro de um novo
paradigma da saúde para os idosos, associa-se a uma noção de envelhecimento
saudável.
5
Os resultados das escalas de Barthel e Lawton indicam valores máximos em
respectivamente 95% e 60% dos idosos. Em Barra Funda, 58,7% dos idosos foram
classificados com independência total, considerando os resultados associados
destas escalas.
50
Fatores individuais são apontados com forte associação com a capacidade
funcional entre idosos: status socioeconômico, baixos índices de atividade física,
baixa freqüência de contatos sociais e depressão, tanto em estudos longitudinais
quanto transversais, nos Estados Unidos e na Europa.
104
Similar aos resultados deste estudo, pesquisa realizada na cidade de
Fortaleza (Ceará) buscando identificar o perfil multidimensional do idoso, encontrou
em 52,3% dos idosos autonomia total para realizar AVDs; 35% relatou necessidade
de ajuda para realizar até 3 atividades; 9,9% de quatro a seis atividades e 2,8% sete
ou mais atividades.
105
em estudo epidemiológico com pessoas cadastradas no
Programa Saúde da Família, PSF e no Cartão Nacional de Saúde em São Carlos
(SP), foi encontrado apenas 23,6% dos participantes relatando completa
independência.
106
Estudo realizado no ano de 2000 com 2.143 pessoas de 60 anos e mais,
residentes no município de São Paulo (pesquisa SABE), identificou que a maioria
dos idosos (80,7%) não apresentava limitações funcionais que impediam o seu
autocuidado.
107
As informações relacionadas à capacidade funcional na população
idosa salientam a importância de se desmistificar a idéia de que o idoso é altamente
dependente, possuindo grande incapacidade funcional.
5.4. SAÚDE MENTAL – DEPRESSÃO E CAPACIDADE COGNITIVA
A saúde mental está relacionada à capacidade cognitiva e à depressão.
Assim sendo, a escolaridade é uma variável que influencia na análise dos escores.
Quanto maior a escolaridade do indivíduo, melhor é o seu desempenho no MEEM.
80
Considerando a escolaridade, a prevalência de transtorno cognitivo entre os
idosos de Barra Funda foi de 25%. A partir do estudo de revisão de 28 artigos sobre
a prevalência de demência entre idosos, Lopes e Bottino
108
identificaram resultados
bastante divergentes entre os estudos, variando de 1,17% na faixa de 65-69 anos a
54,83% na faixa acima de 95 anos. Estes resultados seriam influenciados por idade,
gênero e estratégia metodológica de coleta das informações.
51
Os resultados referentes aos idosos de Barra Funda foram similares aos
encontrados em estudos epidemiológicos na comunidade, utilizando o Mini-mental,
em países desenvolvidos que obtiveram uma prevalência em torno de 20%.
Resultados semelhantes foram encontrados no estudo brasileiro de Catanduva (SP),
com idosos acima de 65 anos, havendo 16,51% de prevalência de demência.
109
Já,
estudo utilizando Mini-mental, buscando a prevalência de transtorno cognitivo em
rastreamento da população de Santo Antônio de Pádua (RJ), apontou, contudo, uma
prevalência de 16,51% deste transtorno.
110
Com relação à depressão no Brasil na população acima de 65 anos de idade
vivendo na comunidade, esta chega a 14,3%, acima dos valores encontrados em
estudos internacionais, em que a percentagem varia de 10,3% a 13,5%.
101
Entre os idosos de Barra Funda, porém, a prevalência de depressão foi
abaixo disto, alcançando 2,3%.
As taxas da maioria das doenças psiquiátricas o
menores na velhice do que na meia-idade e na vida adulta, e há poucas doenças
psiquiátricas com início na velhice. As taxas de depressão são três vezes mais
baixas entre pessoas de 65 anos do que entre as na meia-idade e na vida adulta.
111
Para Snowdon,
112
existe uma grande incoerência entre os resultados dos
estudos que buscam identificar a prevalência de depressão em idosos. Fatores
relacionados aos critérios diagnósticos, metodologias utilizadas para estabelecer
estes critérios, e questões relacionadas à idade destes idosos, são os elementos
apontados como causadores destas discrepâncias. Diferenças de percentuais
encontradas quanto à depressão entre as pesquisas comparadas com o resultado
deste estudo podem, talvez, ser atribuídas à utilização de diferentes escalas, ou
ainda, às possíveis diferenças sociodemográficas entre as comunidades envolvidas.
5.5 SUPORTE SOCIAL, RESILIÊNCIA E ESPIRITUALIDADE
Ao analisar-se a relação entre ansiedade, depressão e desesperança entre
um grupo de idosos que freqüenta centro de terceira idade, foi evidenciada
associação entre estas variáveis, ressaltando que o índice de correlação foi
expressivamente mais alto entre ansiedade e depressão.
113
52
Na maioria dos idosos de Barra Funda foi identificado elevado apoio social,
demonstrado pelos altos escores obtidos pela Escala de Apoio Social. Semelhanças
aos resultados desta pesquisa foram encontradas no estudo de Bambuí, que
identificou a existência de suporte social na população idosa por meio de extensa
rede de solidariedade entre gerações, verificada na ajuda que os idosos recebem ou
que prestam a sua família.
114
Residir com familiares, porém, não significa receber um suporte social
adequado. Os resultados do estudo SABE identificaram a presença de melhor apoio
aos idosos com arranjos não-familiares na comparação com famílias bi ou tri-
geracionais.
107
Os resultados da avaliação, utilizando a Escala de Resiliência, identificaram
entre os idosos grande capacidade de resiliência, condição esta influenciada pela
existência de suporte social adequado, crenças e estados emocionais positivos,
regulação afetiva, mecanismo de comparação social, senso de auto-eficácia
percebida, entre outros.
115
Os recursos internos da família, externos da comunidade e levando em conta
ainda o fator espiritual, contribuem para o desenvolvimento de estratégias de
enfrentamento.
45
O fator espiritual foi avaliado entre os idosos de Barra Funda
utilizando-se a Escala de Bem-estar Espiritual. Os resultados apontaram alto bem-
estar espiritual, religioso e existencial.
Com o passar dos anos aumenta a crença e a fé. Os idosos participam mais
de atividades religiosas, praticam mais orações e buscam mais engajamento e
sentido para a vida do que os jovens.
70
Esta relação também foi encontrada em
estudo epidemiológico realizado com uma população de idosos do Rio Grande do
Sul, em que foi encontrada associação positiva entre envelhecimento e maior
religiosidade.
116
5.6 FATORES ASSOCIADOS DA DEPRESSÃO
A depressão foi utilizada como variável dependente em um modelo de
regressão linear com o método Stepwise, buscando identificar variáveis associadas.
53
As variáveis que não foram associadas a este desfecho são: gênero, apoio
social, comorbidades, capacidade funcional (Índice de Barthel e Escala de Lawton) e
capacidade cognitiva (Mini-mental).
Houve, contudo, uma correlação significativa entre o apoio social e a
resiliência. O apoio social influencia nas condições de saúde e mortalidade da
população em geral e também para os idosos. A presença deste apoio tem sido
fortemente associado à melhora na capacidade de resiliência entre idosos.
117
Foi identificada relação com as seguintes variáveis: idade, estado civil casado
ou viúvo, bem-estar religioso, bem-estar espiritual, resiliência e procedência
urbano/rural.
Buscando identificar variáveis associadas à depressão Bós e Bós,
118
também
por meio de um modelo de regressão multivariada, utilizando os dados extraídos da
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (1998), identificaram como fator de
risco, como encontrado em Barra Funda, residir em zonas urbanas (aqueles que
moram em zonas rurais teriam 40% menos probabilidade de terem depressão).
Outras variáveis também foram associadas: sexo feminino, morar sozinho, raça
branca, renda familiar baixa e morar na Região Sul do país.
Estudo de base populacional com idosos residentes na zona urbana de
Pelotas (RS), utilizando a regressão linear múltipla para determinar a associação de
variáveis com a depressão, foi encontrado relação com o desfecho apenas as
variáveis: sexo feminino, idade avançada, baixa escolaridade, ausência de trabalho
remunerado e morte de familiar no último ano. Com relação à situação conjugal não
foi identificada associação.
119
Para idosos residentes na zona urbana de Santa Cruz (RN), as variáveis
associadas à depressão foram: idade acima de 75 anos, analfabetismo,
percepção de saúde e dependência para atividades instrumentais da vida diária.
120
Estas diferenças encontradas nas investigações sobre as variáveis associadas à
depressão podem estar relacionadas às características dos estudos, envolvendo
população urbana e/ou rural, idade dos sujeitos avaliados, os instrumentos utilizados
para detecção da presença de depressão e os hábitos de vida característicos de
cada agrupamento social.
54
Apesar de alguns autores sugerirem que muito idosos podem ser mais
resistentes à depressão,
121
um estudo com idosos na cidade de Maringá (PR) não
observou diferenças significativas entre a idade com a presença de indícios
depressivos.
122
Diferentemente ao encontrado na pesquisa com idosos de Barra Funda, no
estudo do Projeto SABE foi identificada alta prevalência de sintomas depressivos
entre os idosos mais jovens do que naqueles com 75 ou mais anos de idade.
107
Os mecanismos que podem estar associados a uma maior prevalência de
depressão em idade mais avançada seriam uma maior exposição a fatores de risco.
Alguns fatores associados ao envelhecimento, como a perda da posição social,
diminuição dos contatos sociais, a solidão, problemas financeiros, incapacidade
física e medo e a perda de amigos, parentes, cônjuges, podem levar o idoso a
apresentar depressão, o que demonstra uma relação direta entre esta situação e a
idade mais avançada.
123, 124
Outro fator associado à depressão foi a situação conjugal nos idosos de Barra
Funda, pois estar casado ou viúvo mostrou-se fator de proteção. Esta variável foi
identificada associada à depressão em estudo com idosos da Finlândia.
125
Os
casados, a partir da presença do cônjuge, filhos e outros familiares, possuem um
suporte familiar que colabora no cuidado e na resolução das situações de dificuldade
vivenciadas. Com relação aos viúvos, foi identificado entre os idosos avaliados que
a maioria tem filhos, mantém vínculo com a família e residem com familiares. Esta
condição poderia proporcionar benefícios similares aos dos casados na proteção à
depressão.
A procedência do idoso foi um fator associado à depressão, sendo
considerado protetor residir em área rural. Para Morais
99
o idoso no ambiente rural
apresenta uma maior valorização, pois detém o conhecimento que informa sobre o
trabalho e é responsável pela transmissão do mesmo. Outro aspecto importante é a
manutenção de extensa rede familiar, em que os pais, njuges e filhos
permanecem residindo no mesmo espaço, cabendo aos filhos a responsabilidade de
cuidar dos pais idosos. Esta situação é vinculada ao conceito da resiliência em
família, o qual está relacionado à capacidade de uma família adaptar-se e prosperar
55
diante de situações de estresse, tanto no presente como ao longo do tempo. Estas
famílias respondem positivamente a estas condições de uma maneira singular.
11
Nos idosos de Barra Funda, de procedência rural, a existência de extensa
rede social vinculada às famílias e às relações entre seus membros, colaboraria
para a resolução de conflitos com o desenvolvimento de condições de adaptação.
Outro elemento de valorização do idoso rural está associado ao surgimento da
aposentadoria rural. Esta representou a possibilidade de maior autonomia e
independência deste, a partir da manutenção de um rendimento mínimo.
Similar a este estudo a condição da residência urbana associada à depressão
foi identificada em pesquisa sobre depressão em idosos utilizando os dados do
PNAD, edição 1998.
119
A associação entre depressão e resiliência é salientada em diversos estudos,
nos quais esta condição é influenciada por mecanismos protetores vinculados à
capacidade dos sujeitos lidarem com os eventos estressores.
126
Esta associação
também é referida por Pesce et al.
10
e Cupertino et al.,
127
que constataram que
elevada resiliência se correlaciona com baixa somatização e depressão.
Em uma revisão sistemática da literatura foi identificado que um dos fatores
que poderiam explicar a vinculação da resiliência com a depressão estaria ligado a
uma condição biológica relacionada a alterações do eixo hipotálamo-pituitária-
adrenal.
128
Outros elementos relacionados à capacidade de adaptação dos idosos estão
vinculados às crenças e significados, à esperança, à espiritualidade e sentido de
vida, como fatores que influenciam no processo de avaliação dos eventos
estressores.
45,
129
O envelhecimento é um fenômeno que se insere num processo de
desenvolvimento e de contínua aprendizagem. Neste sentido, uma atitude positiva
na vida é necessária enquanto a resiliência e a espiritualidade se associam como
elementos vinculados à construção de um comportamento protetor na velhice.
130
A espiritualidade se constitui em um forte indicador de resiliência na
superação das adversidades, como capacidade de encontrar significado na vida a
partir da fé.
131
56
A espiritualidade foi uma variável associada a um efeito protetor da
depressão neste estudo, contudo o bem-estar religioso não apresentou este
comportamento. Ela também foi identificada como uma condição protetora em uma
amostra de idosos que apresentavam diferentes graus de depressão e
protegendo também da recorrência do evento. Cabe ressaltar que o aspecto
pessoal da espiritualidade, ao oferecer um conjunto de crença e significado, foi mais
protetor do que a participação em um grupo social religioso.
132
Parece existir uma forte relação entre alguns elementos identificados no
estudo sobre os fatores associados à depressão com a população de idosos de
Barra Funda. As características dos idosos quando ocorre um predomínio rural, a
existência de famílias extensas, de etnia italiana, elevada autonomia, entre outros,
colaboram para o desenvolvimento de um suporte social adequado, vinculado a uma
alta resiliência. Estas características, da mesma forma, associam-se à elevada
espiritualidade identificada.
Convém lembrar, contudo, o que destaca Drucker
21
em estudo sobre
religiosidade, crenças e atitudes em idosos deprimidos. Os fatores de risco
associados à depressão apresentam uma característica de serem transitórios e não-
permanentes. Isto significa que o ocorre uma associação obrigatória entre
envelhecimento e depressão.
57
CONCLUSÃO
A partir dos achados do presente estudo sobre os fatores associados à
depressão em idosos da comunidade de Barra Funda (RS), pode-se concluir que:
- houve um predomínio entre os idosos avaliados da procedência rural, de etnia
italiana, do gênero feminino, avaliação subjetiva de saúde muito boa e com uma
média de idade que caracteriza estes sujeitos como idosos jovens;
- as famílias apresentaram como característica serem extensas, com elevado
número de filhos, ocorrendo a manutenção de relações familiares e com os
idosos convivendo com a família;
- na avaliação da capacidade funcional, a maioria dos idosos pode ser considerada
como autônoma;
- na avaliação da saúde mental, a prevalência de indícios de depressão foi de
2,3% e a avaliação da capacidade cognitiva identificou a presença de sinais de
demência em 25% dos idosos avaliados;
- com relação ao apoio social, a resiliência e a espiritualidade, foi identificada
elevada espiritualidade e também alta resiliência relacionada ao apoio social;
- mediante a regressão linear múltipla, as variáveis que se mostraram associadas
à depressão foram: idade, estado civil casado ou viúvo, procedência, bem-estar
religioso, bem-estar espiritual e resiliência;
- destas, as variáveis identificadas como protetoras foram a resiliência, bem-estar
espiritual, estado civil casado ou viúvo e a procedência rural;
- as características familiares e culturais dos idosos de Barra Funda contribuem
para o desenvolvimento de estratégias que permitem os mesmos adequarem-se
às adversidades relacionadas ao envelhecimento, entre estas a depressão.
58
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