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tais como: salubridade, segurança, ventilação, o ambiente do entorno,
condições térmicas e acústicas da moradia, etc. (BONDUKI, 2002).
Estes estudos têm sido especialmente importantes quando
pesquisas sobre a realidade brasileira identificam, quanto à violência urbana,
que “a concentração de indivíduos residentes em favelas se mostra relevante
para os homicídios” onde dados mostram uma piora adicional das condições de
saúde devido à deterioração das interações comunitárias, com aumento da
criminalidade e análises geo-epidemiológicas apontam para “o vínculo entre
piores condições de saúde e concentração residencial da pobreza”
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e
concluem sobre a urgência de ações de políticas públicas compensatórias para
diminuir os efeitos da desigualdade social (Szwarcwald, 1999).
No nível internacional, o grupo LARES, dentre outros grupos
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que trabalham na discussão e proposições para as políticas de saúde ligadas à
habitação, da OMS, pesquisando sobre os impactos do ambiente do entorno
imediato (Immediat Housing Environment, ou IHE) sobre a saúde, identifica que
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Recente estudo sobre a Rocinha, a maior favela da América Latina, denuncia a situação de
saúde dos moradores, onde a tuberculose assume índices assustadores, com uma incidência avaliada em 120 vezes o
índice preconizado pela OMS, que é de cinco casos para cada 100.000 pessoas. Mesmo sendo o índice da doença no
Estado do Rio de Janeiro extremamente alto (104 casos por 100.000 habitantes), a situação na favela é ainda pior,
apresentando índices seis vezes superiores ao da cidade. “As ruelas úmidas e pouco ventiladas da Rocinha não
recebem a incidência de raios solares. Estes são fatores mais do que preocupantes e estimulantes desta situação”, diz
vereador carioca representante da Comissão de Saúde da Câmara (REIS, 2007).
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Grupos de estudos, como o que desenvolve o Estudo Pan-europeu sobre habitação e saúde,
desenvolvido pela OMS em sete cidades européias, cujos resultados busca “estabelecer uma ligação causal entre
saúde e habitação, buscando com isto, identificar o valor econômico dos ganhos com a melhoria da saúde que podem
ser alcançados, com a melhoria das condições habitacionais”. O estudo estabelece ligações entre os espaços urbanos
e a habitação (distancia de parques, número de moradores, tipo de problemas na moradia – mofo, ruído, densidade,
área das moradias e outros -, etc.) com os estilos de vida (peso dos moradores, tipo de exercício físico desenvolvido,
tipo de doenças encontradas, etc.) (Bennefoy, X. et al., 2003). Outro conjunto de autores e grupos ligados à saúde está
medindo os impactos causados à saúde a partir das intervenções das políticas públicas, cujo objetivo é o de encontrar
evidências para o desenho de novas políticas que determinem caminhos efetivos de melhorar a saúde, a partir das
fortes evidências que ligam a má saúde às más condições de habitação (WHO, 1999; Macintyre et al., 2000: SMITH,
2003). Thomson vem fazendo uma revisão exaustiva de estudos sobre a relação habitação - saúde, iniciando a partir
do ano de 1887 na Inglaterra, tomando pesquisas que tratam desde as doenças produzidas pelas moradias até
estudos sobre os grupos de estudo que tratam do tema, as instituições envolvidas, jornais e revista, livros e pesquisas
em andamento, os diferentes resultados entre casas e apartamentos, áreas rurais e urbanas, etc. cujos resultados
parciais estão disponibilizados e cujo resultado final deverá aparecer em 2007.(Thomson et.al., 2001; Thomson et al.,
2002; Thomson et al., 2003). Os estudos verificam as características da casa relacionadas com más condições (ou
insuficientes) de saúde, buscando relações entre as condições de propriedade, o desenho da casa, a satisfação com a
casa e as ameaças do tipo: ruído, mofo, condições do ar, ácaros, ventilação, umidade, calor, frio,etc.