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LUCIANA DOS SANTOS ARNAUT
Estudo radiográfico das afecções do
sistema esquelético em aves
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Clínica Cirúrgica Veterinária
da Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia da Universidade de São Paulo, para
obtenção do título de Mestre em Medicina
Veterinária
Departamento:
Cirurgia
Área de concentração:
Clínica Cirúrgica Veterinária
Orientador:
Prof. Dr. Franklin de Almeida Sterman
São Paulo
2006
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2
ESPAÇO RESERVADO PARA A FICHA CATALOGRÁFICA
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4
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Autor: ARNAUT, Luciana dos Santos
Título: Estudo radiográfico das afecções do sistema esquelético em aves
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Clínica Cirúrgica Veterinária
da Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia da Universidade de São Paulo,
para obtenção do título de Mestre em
Medicina Veterinária
Data: _____/_____/_____
Banca Examinadora
Prof. Dr. _______________________________ Instituição: ________________
Assinatura: _______________________________ Julgamento: ________________
Prof. Dr. _______________________________ Instituição: ________________
Assinatura: _______________________________ Julgamento: ________________
Prof. Dr. _______________________________ Instituição: ________________
Assinatura: _______________________________ Julgamento: ________________
5
Dedico este trabalho
a minha avó materna, Liberata (in memorian),
aos meus pais, Diamantino e Delmina,
irmãos, Marcelo e Adriana, e
ao meu noivo, Rodrigo.
O apoio e o incentivo que sempre me proporcionaram, foram fundamentais para a
concretização do meu sonho.
A Dolly.
6
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeço a Deus, por me proporcionar momentos de intensa
felicidade e realização, como a conclusão deste trabalho.
Ao Prof. Dr. Franklin de Almeida Sterman, como médico veterinário, professor,
orientador e estimulador. Minha eterna gratidão por confiar em mim.
A Profa. Dra. Ana Carolina Brandão de Campos Fonseca Pinto, pelo incentivo
desde o início, por estar sempre disposta a me ajudar e por muito contribuir para a minha
formação profissional.
A Sandra Maria de Oliveira, Antônio Fernandes Filho, Benedicto Wlademir De
Martin e Roberto Pimenta de Pádua Foz Filho, pela elaboração das cartas de referência.
A amiga Silvana Maria Unruh, pelo auxílio na interpretação dos exames
radiográficos e por muito ter me ensinado durante este convívio.
Ao Prof. Dr. Stefano Carlo Filippo Hagen, pela tradução dos textos em alemão.
A Rodrigo Dias Arnaut, pelo “tratamento” das imagens digitais.
A Luciane Maria Kanayama Faria, pela agradável companhia durante as inúmeras
noites de trabalho no Laboratório de Densitometria Óptica.
Aos colegas de pós-graduação Caterina Muramoto, Cláudia Matsunaga Martín,
Iara Levino dos Santos, Luciana Fortunato Burgese, Marcia Lembo e Maria Cristina
Ferrarini Nunes Soares Hage, pela agradável companhia e ensinamentos trocados.
A Alda Maria Backx Noronha Madeira, por permitir-me livre acesso ao
Ambulatório de Aves Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia da Universidade de São Paulo.
7
A Marta Brito Guimarães, pela paciência e dedicação durante a minha estadia no
Ambulatório de Aves.
A Cinthia Guedes de Almeida, Juliana Anaya Sinhorini e Vanessa Vertematti
Duarte, pela nova amizade enlaçada.
A médica Flavia Puppi, que nos momentos mais difíceis dessa caminhada, me
estendeu sua mão.
A Jimmy Adans, pelo desenvolvimento das análises estatísticas.
Ao Prof. Dr. Antonio Augusto Coppi Maciel Ribeiro, pelo auxílio na descrição da
nomenclatura aviária.
A Elza Maria Rosa Bernardo Faquim, pela revisão ágil e precisa das diretrizes
para apresentação de dissertações e teses na FMVZ-USP.
A Solange Alves Santana, pela revisão gramatical.
A Elena Aparecida Tanganini, pela revisão das referências.
A André Luiz Cavalcante, pela revisão do abstract.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq),
pelo apoio financeiro.
A Belarmino Ney Pereira, secretário do Programa de Pós-Graduação em Clínica
Cirúrgica Veterinária da FMVZ-USP, pela orientação quanto à parte burocrática.
8
RESUMO
ARNAUT, L. S. Estudo radiográfico das afecções do sistema esquelético em aves.
[Radiographic study of skeletal system diseases in birds]. 2006. 121 f. Dissertação (Mestrado
em Medicina Veterinária) - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de
São Paulo, São Paulo, 2006.
Este estudo retrospectivo revisa os achados radiográficos simples em 201 aves, de espécies e
idades variadas, com alterações esqueléticas. Os dados foram obtidos do Serviço de
Radiologia do Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da
Universidade de São Paulo, durante o período de janeiro de 2000 a dezembro de 2004. A
distribuição das alterações e das localizações esqueléticas, assim como as suas respectivas
espécies e idades, foram estudadas. O sexo não foi considerado neste estudo. Os psitacídeos
alcançaram a porcentagem mais elevada (64,68%) entre as diversas ordens, seguidos pelos
passeres (16,42%). Neste período de cinco anos, as afecções traumáticas, abrangendo fraturas,
luxações e amputações ósseas, foram as mais comuns, perfazendo 46,77% do total de aves (n
= 94), seguidas por 48 aves (23,88%) com doença ósseo-metabólica e 34 (16,92%) com
hiperostose poliostótica. Entre as afecções inflamatório-infecciosas, osteomielite foi mais
freqüente do que artrite (9,95% e 3,48%, respectivamente). A articulação intertársica foi a
única articulação afetada com mudanças artríticas. Osteófitos periarticulares foram
identificados em todas as aves com doença articular degenerativa (7,46%). Por fim, algumas
aves também exibiram alterações radiográficas de diagnóstico incerto. Assim sendo,
observaram-se 6,47% de aves com osteopenia localizada em um ou mais ossos e 4,48% com
diversas deformidades ósseas, tais como alterações angulares dos ossos longos e da coluna
vertebral, e anquilose óssea das vértebras caudais. Quatro casos (1,99%) com alterações
ósseas agressivas foram encontrados, mas nenhuma neoplasia óssea foi diagnosticada.
Neoplasias ósseas são, freqüentemente, difíceis de serem distingüidas de osteomielite, e, ainda
que o exame radiográfico revele as alterações, biopsia e cultura são necessárias para auxiliar
na diferenciação.
Palavras-chave: Estudo radiográfico. Doenças esqueléticas. Aves.
9
ABSTRACT
ARNAUT, L. S. Radiographic study of skeletal system diseases in birds. [Estudo
radiográfico das afecções do sistema esquelético em aves]. 2006. 121 f. Dissertação
(Mestrado em Medicina Veterinária) - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006.
This retrospective study reviews the plain radiographic findings in 201 birds of different
species and ages, with skeletal alterations. The data were obtained from the Radiology Service
of the Veterinary Teaching Hospital, School Veterinary Medicine of University of Sao Paulo,
from January 2000 to December 2004. The distribution of the skeletal alterations and
localization, as well as their respective species and ages, were studied. The gender was not
considered in this study. Psittacines performed the highest percentage (64.68%) among the
diverse avian orders, followed by passerines (16.42%). In this 5-year period, traumatic
disorders, including fractures, luxations and amputations, were the most common alterations,
adding 46.77% of total birds (94 birds), followed by 48 birds (23.88%) with metabolic bone
disease and 34 (16.92%) with polyostotic hyperostosis. Osteomyelitis was more common than
arthritis (9.95% and 3.48%, respectively). The tibiotarsal joint was the only affected joint with
arthritic changes. Periarticular osteophytes were seen in all the birds with degenerative joint
disease (7.46%). Finally, some birds had also shown very vague radiographic alterations, not
expressing a diagnostic clearly. Thus being, the radiographic findings had shown the presence
of decreased opacity localized in one or more bones (6.47%) and several skeletal deformities
(4.48%), such as angular alterations of the long bones and the spine, and bony ankylosis of the
tail. Four cases (1.99%) with aggressive lesions were found but no case of bone neoplasia was
identified. It may often be difficult to differentiate bone infection from bone neoplasia.
Although survey radiographs have demonstrated the abnormalities, a biopsy and culture
should be taken to assist in differentiation.
Key words: Radiographic study. Skeletal diseases. Birds.
10
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Sítios de hiperostose poliostótica identificados em 34 aves. HOVET-FMVZ-
USP, 2000-2004 71
11
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Exemplo de contenção física. A ave é primeiramente posicionada e segura
com fita adesiva sobre uma superfície intermediária radiolucente.
Posteriormente, esta superfície intermediária é posicionada sobre o chassi.
117
Figura 2 – Exemplo de contenção sica e posicionamento radiográfico para as
projeções laterolateral (A) e ventrodorsal (B). 118
Figura 3 – Exemplo de contenção manual para o posicionamento radiográfico da asa
em projeção caudocranial. Vista por cima (A) e vista lateral (B). 118
Figura 4 – Ilustração do efeito de magnificação da imagem registrada, aumentando-se a
distância entre o paciente e o chassi. 119
Figura 5 – Sistema esquelético de um papagaio (Amazona sp). 120
Figura 6 – Anatomia macroscópica do úmero de uma ave aquática. Córtex delgado (a)
e cavidade medular (b) com uma rede de espículas ósseas. 121
Figura 7 – Projeção ventrodorsal, de uma coruja, de espécie e idade indeterminadas.
Presença de fratura exposta de segmento proximal do úmero esquerdo
(seta). 85
Figura 8 – Projeção ventrodorsal, de um periquito-verde (Brotogeris viridissimus), de
idade indeterminada. Observar a presença de fraturas na escápula (círculo),
rádio e ulna esquerdos. 85
Figura 9 – Projeção mediolateral, do membro pélvico direito de um papagaio-
verdadeiro (Amazona aestiva), de nove anos de idade. Articulação
intertársica luxada (seta). 86
12
Figura 10 – Projeção ventrodorsal, de um papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva), de
um mês de idade. Notar a luxação coxofemoral direita (círculo) com
concomitante aumento de volume de tecidos moles em região adjacente. 86
Figura 11 – Projeção laterolateral, do crânio de uma cacatua-branca (Cacatua alba), de
10 anos de idade. Amputação do bico superior (seta). Causa: briga com
outra ave. 86
Figura 12 – Projeção ventrodorsal, de um papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva), de 35
dias de idade. Observar a acentuada osteopenia generalizada, adelgaçamento
do osso cortical e fraturas patológicas localizadas nos tibiotarsos (setas).
Observação: a alimentação desse paciente consistia apenas de fubá e
milharina, misturados com água. 87
Figura 13 – Projeções laterolateral (A) e ventrodorsal (B), de um canário (de espécie
indeterminada), de três anos de idade. Presença de acentuada esclerose
medular homogênea generalizada e cavidade celomática caudal distendida e
homogênea. 87
Figura 14 – Projeção mediolateral do membro pélvico direito de um papagaio (de
espécie indeterminada), de três meses de idade. Reação do periósteo (setas)
e aumento de volume de tecidos moles no segmento distal do tibiotarso.
Causa: compressão local por objeto linear. 88
Figura 15 – Projeção laterolateral do crânio de um papagaio-verdadeiro (Amazona
aestiva), de oito anos de idade. Osteólise de premaxila cranial (seta sólida) e
opacificação de seios infraorbitários (seta vazia). Causa: sinusite crônica
causada por Streptococcus sp. 88
Figura 16 – Projeção mediolateral, da articulação intertársica direita de uma pomba-
goura (Goura cristata), de 10 anos de idade. Observar a presença de
múltiplas alterações ósseas como osteólise e esclerose subcondrais,
mineralização de tecidos moles e aumento de volume de tecidos moles. 88
13
Figura 17 – Projeção laterolateral, de um papagaio-verdadeiro-do-sul (Amazona aestiva
xanthopteryx), de oito anos de idade. Notar a presença de osteófitos ventrais
localizados nas epífises das vértebras torácicas caudais (setas). 89
Figura 18 – Projeção ventrodorsal, de um tucano (de espécie indeterminada), de dois
anos de idade. Notar a osteopenia localizada no membro pélvico esquerdo.
Causa: impotência funcional em razão da presença de luxação coxofemoral
e fratura de tibiotarso. 89
Figura 19 – Projeção ventrodorsal, de um ganso (de espécie indeterminada), de um mês
de idade. Observar a curvatura anormal do segmento vertebral toracolombar
(escoliose). 90
Figura 20 – Projeção mediolateral, da asa direita de um Agapornis sp, de seis anos de
idade. Observar a presença de uma extensa reação osteolítica acometendo o
segmento distal do úmero. 91
Figura 21 – Projeção ventrodorsal, de um Agapornis sp, de um ano de idade. Observar a
presença de uma extensa reação proliferativa acometendo segmento
vertebral cervical, úmeros e costelas. 91
14
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Distribuição numérica (N) e percentual (%) de 201 aves, segundo a
taxonomia. HOVET-FMVZ-USP, 2000-2004 62
Tabela 2 – Distribuição numérica (N) e percentual (%) de 201 aves analisadas, segundo
as ordens. HOVET-FMVZ-USP, 2000-2004 63
Tabela 3 – Distribuição numérica (N) e percentual (%) de 201 aves analisadas, segundo
os resultados apresentados. HOVET-FMVZ-USP, 2000-2004 63
Tabela 4 – Distribuição numérica (N) e percentual (%) de 94 aves com afecções
traumáticas, segundo as espécies. HOVET-FMVZ-USP, 2000-2004 64
Tabela 5 – Distribuição numérica (N) e percentual (%) de 94 aves com afecções
traumáticas, segundo as ordens. HOVET-FMVZ-USP, 2000-2004 65
Tabela 6 – Distribuição numérica (N) e percentual (%) de 94 aves com afecções
traumáticas, segundo as idades. HOVET-FMVZ-USP, 2000-2004 65
Tabela 7 – Distribuição numérica (N) e percentual (%) de 94 aves com afecções
traumáticas, segundo o tipo de trauma. HOVET-FMVZ-USP, 2000-2004 65
Tabela 8 – Distribuição numérica (N) e percentual (%) de 86 fraturas, segundo as
localizações. HOVET-FMVZ-USP, 2000-2004 66
Tabela 9 – Distribuição numérica (N) e percentual (%) de 86 fraturas, segundo as
localizações. HOVET-FMVZ-USP, 2000-2004 66
Tabela 10 – Distribuição numérica (N) e percentual (%) de 26 luxações, segundo as
localizações. HOVET-FMVZ-USP, 2000-2004 67
15
Tabela 11 – Distribuição numérica (N) e percentual (%) de 13 amputações ósseas,
segundo as localizações. HOVET-FMVZ-USP, 2000-2004 67
Tabela 12 – Distribuição numérica (N) e percentual (%) de 48 aves com doença ósseo-
metabólica, segundo as espécies. HOVET-FMVZ-USP, 2000-2004 68
Tabela 13 – Distribuição numérica (N) e percentual (%) de 48 aves com doença ósseo-
metabólica, segundo as idades. HOVET-FMVZ-USP, 2000-2004 68
Tabela 14 – Distribuição numérica (N) e percentual (%) de 48 aves com doença ósseo-
metabólica, segundo as alterações radiográficas. HOVET-FMVZ-USP,
2000-2004 69
Tabela 15 – Distribuição numérica (N) e percentual (%) de 71 fraturas patológicas,
segundo as localizações. HOVET-FMVZ-USP, 2000-2004 69
Tabela 16 – Distribuição numérica (N) e percentual (%) de 34 aves com hiperostose
poliostótica, segundo as espécies. HOVET-FMVZ-USP, 2000-2004 70
Tabela 17 – Distribuição numérica (N) e percentual (%) de 34 aves com hiperostose
poliostótica, segundo as idades. HOVET-FMVZ-USP, 2000-2004 70
Tabela 18 – Distribuição numérica (N) e percentual (%) de 34 aves com hiperostose
poliostótica, segundo as localizações. HOVET-FMVZ-USP, 2000-2004 72
Tabela 19 – Distribuição numérica (N) e percentual (%) de 20 aves com osteomielite,
segundo as espécies. HOVET-FMVZ-USP, 2000-2004 73
Tabela 20 – Distribuição numérica (N) e percentual (%) de 20 aves com osteomielite,
segundo as idades. HOVET-FMVZ-USP, 2000-2004 73
Tabela 21 – Distribuição numérica (N) e percentual (%) de 20 aves com osteomielite,
segundo as localizações. HOVET-FMVZ-USP, 2000-2004 74
16
Tabela 22 – Distribuição numérica (N) e percentual (%) de 20 aves com osteomielite,
segundo as alterações radiográficas. HOVET-FMVZ-USP, 2000-2004 74
Tabela 23 – Distribuição numérica (N) e percentual (%) de sete aves com artrite,
segundo as espécies. HOVET-FMVZ-USP, 2000-2004 75
Tabela 24 – Distribuição numérica (N) e percentual (%) de sete aves com artrite,
segundo as idades. HOVET-FMVZ-USP, 2000-2004 75
Tabela 25 – Distribuição numérica (N) e percentual (%) de sete aves com artrite,
segundo as alterações radiográficas. HOVET-FMVZ-USP, 2000-2004 75
Tabela 26 – Distribuição numérica (N) e percentual (%) de 15 aves com afecções
degenerativas, segundo as espécies. HOVET-FMVZ-USP, 2000-2004 76
Tabela 27 – Distribuição numérica (N) e percentual (%) de 15 aves com afecções
degenerativas, segundo as idades. HOVET-FMVZ-USP, 2000-2004 76
Tabela 28 – Distribuição numérica (N) e percentual (%) de 15 aves com afecções
degenerativas, segundo as localizações. HOVET-FMVZ-USP, 2000-2004 77
Tabela 29 – Distribuição numérica (N) e percentual (%) de 15 aves com afecções
degenerativas, segundo as alterações radiográficas. HOVET-FMVZ-USP,
2000-2004 77
Tabela 30 – Distribuição numérica (N) e percentual (%) de 13 aves com osteopenia
localizada, segundo as espécies. HOVET-FMVZ-USP, 2000-2004 79
Tabela 31 – Distribuição numérica (N) e percentual (%) de 13 aves com osteopenia
localizada, segundo as idades. HOVET-FMVZ-USP, 2000-2004 79
Tabela 32 – Distribuição numérica (N) e percentual (%) de 13 aves com osteopenia
localizada, segundo as localizações. HOVET-FMVZ-USP, 2000-2004 80
17
Tabela 33 – Distribuição numérica (N) e percentual (%) de nove aves com deformidades
ósseas, segundo as espécies. HOVET-FMVZ-USP, 2000-2004 81
Tabela 34 – Distribuição numérica (N) e percentual (%) de nove aves com deformidades
ósseas, segundo as idades. HOVET-FMVZ-USP, 2000-2004 81
Tabela 35 – Distribuição numérica (N) e percentual (%) de nove aves com deformidades
ósseas, segundo as localizações. HOVET-FMVZ-USP, 2000-2004 81
Tabela 36 – Distribuição numérica (N) e percentual (%) de nove aves com deformidades
ósseas, segundo as alterações radiográficas. HOVET-FMVZ-USP, 2000-
2004 82
18
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
cm centímetro
FMVZ Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
HOVET Hospital Veterinário
kV quilovolts
sf substantivo feminino
USP Universidade de São Paulo
19
LISTA DE SÍMBOLOS
N ou n distribuição numérica
p-valor resultados da significância estatística pelo teste de Igualdade de Duas
Proporções
% distribuição percentual
menor ou igual a
maior ou igual a
20
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 22
2 REVISÃO DA LITERATURA 23
2.1 OSSIFICAÇÃO 25
2.2 EXAME RADIOGRÁFICO 26
2.2.1 Métodos de contenção 27
2.2.2 Posicionamentos radiográficos 29
2.2.3 Fatores de exposição 30
2.2.4 Interpretação radiográfica 31
2.3 ANATOMIA 32
2.4 AFECÇÕES DO SISTEMA ESQUELÉTICO 36
2.4.1 Traumáticas 36
2.4.1.1 Fraturas 36
2.4.1.2 Luxações 40
2.4.2 Doença ósseo-metabólica (DOM) 42
2.4.3 Osteopenia localizada 45
2.4.4 Hiperostose poliostótica 46
2.4.5 Inflamatório-infecciosas 48
2.4.5.1 Artrite 49
2.4.5.2 Osteomielite 51
2.4.6 Degenerativas 53
2.4.6.1 Doença articular degenerativa (DAD) 53
2.4.6.2 Espondilose vertebral 54
2.4.7 Deformidades ósseas 54
2.4.8 Neoplásicas 55
3 MATERIAL E MÉTODOS 58
21
3.1 EXAME RADIOGRÁFICO 58
3.1.1 Equipamentos radiográficos 58
3.1.2 Métodos de contenção 59
3.1.3 Posicionamentos radiográficos 59
3.1.4 Técnicas radiográficas 59
3.2 ANÁLISE DAS RADIOGRAFIAS 59
3.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA 60
3.4 DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA 60
4 RESULTADOS 61
5 DISCUSSÃO 92
6 CONCLUSÕES 104
REFERÊNCIAS 106
ANEXOS 117
22
1 INTRODUÇÃO
A crescente popularidade das aves, como animais de estimação, tem criado maiores
exigências quanto à obtenção de informações especializadas a respeito desses animais. Das
inúmeras afecções que podem acometer as aves, as que acometem o sistema esquelético estão
entre as mais freqüentes observadas na clínica. Diante disso, o exame radiográfico provou ser
um método de diagnóstico por imagem essencial aplicado a essas afecções, sendo importante
tanto na identificação quanto no diagnóstico diferencial entre as alterações que caracterizam
uma doença óssea.
O exame radiográfico possibilita ao profissional evidenciar informações que, em
conjunto com o exame clínico, são fundamentais para a definição do diagnóstico.
Neste estudo foram analisados exames radiográficos de aves, encaminhadas ao
Serviço de Diagnóstico por Imagem do Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, no período de janeiro de 2000 a
dezembro de 2004, com os seguintes objetivos:
apresentar a ocorrência das principais afecções que acometem o sistema esquelético
de aves;
estabelecer a distribuição de freqüência segundo as espécies, idades, localizações e
alterações radiográficas observadas nas diferentes afecções;
comparar os resultados obtidos com as informações adquiridas na literatura.
23
2 REVISÃO DA LITERATURA
A classe das aves é formada por um grande e diversificado grupo de espécies
(BENEZ, 2004). O total de aves para todo o mundo é estimado em 9.700 espécies
(O’MALLEY, 2005; SIBLEY; MONROE
1
, 1990 apud SICK, 2001, p. 17). Deste total,
aproximadamente um terço, o equivalente a 3.200 espécies, encontram-se na América do Sul
(SIBLEY; MONROE
1
, 1990 apud SICK, 2001, p. 17). A avifauna brasileira reúne 1.796
espécies (CBRO, 2006).
Dividem-se as aves em duas subclasses, Archaeornithes e Neornithes. A primeira
está representada por aves fósseis. Neornithes, por sua vez, está subdividida em quatro
superordens: duas representadas apenas por aves fósseis, Impennes, representada pelos
pingüins e Neognathae, que abrange todas as demais aves vivas e algumas aves fósseis. Os
Neognathae estão divididos em mais de 25 ordens. O número exato, entretanto, varia com o
sistema de classificação que for adotado (STORER
2
, 1960 apud KING, 1986, p. 1678;
THOMSON
3
, 1964 apud KING, 1986, p. 1678).
A maioria das aves de estimação pertence às ordens Psittaciformes e Passeriformes
(FORBES; LAWTON, 1996; PETRAK; GILMORE, 1969; WALLACH; BOEVER, 1983).
Os psitacídeos são aves que pertencem à família Psittacidae e estão representados
pelas araras, periquitos e papagaios. São conhecidos como aves de “bico redondo” (SICK,
2001) e têm se tornado muito populares por sua inteligência e capacidade de imitar e ser
treinado (FORBES; LAWTON, 1996). Das 358 espécies existentes no mundo (GILL, 1995),
83 o brasileiras (CBRO, 2006), sendo o Brasil considerado o país mais rico do mundo em
psitacídeos (SICK, 2001). Alguns representantes comumente encontrados em cativeiro são:
periquito-australiano (Melopsittacus undulatus), agapornis (Agapornis roseicollis e Agapornis
personata), calopsita (Nymphicus hollandicus), papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva),
1
SIBLEY, C. G.; MONROE, B. L. Distribution and taxonomy of birds of the world. New Haven: Yale
Univ. Press, 1990.
2
STORER, R. W. The classification of birds. In: MARSHALL, A. J. (Ed.). Biology and comparative
physiology of birds. New York: Academic Press, 1960.
3
THOMSON, A. L. Classification; orders. In: THOMSON, A. L. (Ed.). A new dictionary of birds. London
and New York: Nelson, 1964.
24
periquitos (Brotogeris sp), maritacas (Aratinga sp), arara-canindé (Ara ararauna) e arara-
vermelha (Ara chloroptera) (CARCIOFI, 1996).
Contra 358 espécies de psitacídeos (GILL, 1995), a ordem dos Passeriformes ou
passeres, constitui um grupo bastante numeroso e diversificado, compreendendo 5.739
espécies, o que representa mais do que a metade do total de aves do mundo (SIBLEY;
MONROE
4
, 1993 apud SICK, 2001, p. 519). Bentevi, canário, sabiá, pardal, curió, pássaro-
preto, corrupião, rouxinol, tico-tico e joão-de-barro, são alguns exemplares constituintes da
ordem (SICK, 2001).
Adaptado basicamente ao vôo, o esqueleto das aves exibe duas características
principais: leveza e resistência (FEDUCCIA, 1986).
A leveza é obtida graças ao processo de pneumatização dos ossos por extensões dos
sacos aéreos (EVANS, 1996; FEDUCCIA, 1986; NICKEL et al., 1977). Os sacos aéreos,
extensões do sistema brônquico, ocupam principalmente a cavidade celomática, junto com as
vísceras torácicas e abdominais. Divertículos desses sacos aéreos estendem-se, através de
forames pneumáticos, pelas cavidades medulares dos ossos adjacentes (DYCE et al., 1997). O
úmero é o principal osso pneumático, todavia, graus variados de pneumatização também
existem no crânio, coluna vertebral, costelas, esterno, coracóide, cíngulo pélvico, fêmur
(KRAUTWALD-JUNGHANNS, 1996) e clavícula (MCKIBBEN; HARRISON, 1986). O
grau de pneumatização está diretamente relacionado com a eficiência de vôo das aves, sendo
mais avançado naquelas com maior capacidade de vôo (DYCE et al., 1997).
a resistência, é alcançada pela fusão e, muitas vezes, supressão dos ossos. A fusão
é perceptível nos ossos do crânio e do cíngulo pélvico. Os ossos distais da asa e do membro
pélvico exibem fusão e supressão associadas (FEDUCCIA, 1986). Além disso, a presença de
um elevado conteúdo mineral (DYCE et al., 1997; KOCH, 1973; MARTIN; RITCHIE, 1994;
NICKEL et al., 1977), torna os ossos mais “duros”, aumentando assim, a resistência dos
mesmos (NICKEL et al., 1977).
4
SIBLEY, C. G.; MONROE, B. L. A supplement to distribution and taxonomy of birds of the world. New
Haven: Yale University Press, 1993.
25
2.1 OSSIFICAÇÃO
A maioria dos ossos das aves, assim como nos mamíferos, desenvolve-se a partir de
um modelo cartilaginoso por meio do processo de ossificação endocondral. A cartilagem é
completamente transformada em osso, à exceção de uma camada fina localizada na superfície
articular (KING; MCLELLAND, 1984). Autores descrevem, de forma pormenorizada, a
sucessão de eventos notada tanto no processo de ossificação endocondral (KING;
MCLELLAND, 1984; TULLY JUNIOR, 2002) como no de ossificação intramembranosa
(TULLY JUNIOR, 2002).
O sistema esquelético das aves exibe características marcadamente diferentes se
comparado com o dos mamíferos (FOWLER
5
, 1980 apud MARTIN; RITCHIE, 1994, p.
1142; MCMILLAN, 1994), a considerar:
desenvolvimento, geralmente ausente, de centros secundários de ossificação nas
epífises ósseas (KING; MCLELLAND, 1984; KRAUTWALD-JUNGHANNS,
1996), à exceção da extremidade proximal do tibiotarso (KING; MCLELLAND,
1984). Alguns autores se referem aos ossos do tarso, cuja diferenciação está presente
apenas nas aves jovens, como centros secundários de ossificação (KOSTKA et al.,
1988; KRAUTWALD-JUNGHANNS, 1996);
osso cortical delgado (DYCE et al., 1997; KRAUTWALD-JUNGHANNS, 1996;
LAVIN, 1994; MCKIBBEN; HARRISON, 1986; MCMILLAN, 1994; RUPLEY,
1999; SMITH; SMITH, 1997; SMITH et al., 1990; WALSH, 1986; WILLIAMS,
2002);
osso trabecular de padrão delicado (KRAUTWALD-JUNGHANNS, 1996;
RUPLEY, 1999);
linha de cartilagem epifisária indistinta (KRAUTWALD-JUNGHANNS, 1996);
possuem, como os ossos longos dos mamíferos, osso esponjoso e osso compacto,
com periósteo e endósteo (MCKIBBEN; HARRISON, 1986);
ossos leves, compactos e fortes (DYCE et al., 1997).
5
FOWLER, M. E. Ossification of long bones in raptors. In: COOPER, J. E.; GREENWOOD, A. Recent
advances in the study of raptor diseases. Proceedings of the International Symposium on Diseases of
Birds of Prey. London, 1980. p. 75-82.
26
2.2 EXAME RADIOGRÁFICO
As modalidades de imagem disponíveis em aves são: radiologia, ultra-sonografia,
fluoroscopia, tomografia computadorizada (MCMILLAN, 1994; RUPLEY, 1999),
ressonância magnética (RUPLEY, 1999) e cintilografia nuclear (MCMILLAN, 1994). O
exame radiográfico é a modalidade de imagem de maior aplicabilidade (LAFEBER, 1968;
MCMILLAN, 1994; RUPLEY, 1999). Simples e não-invasivo (CRACKNELL, 2004a;
SMITH; SMITH, 1997), além de ser relativamente barato (CRACKNELL, 2004a), pode ser
utilizado para:
diagnóstico de afecções tanto do sistema esquelético como da cavidade celomática
(SILVERMAN, 1987);
monitoração de tratamentos (CRACKNELL, 2004a; LAFEBER, 1968; SMITH;
SMITH, 1997);
seleção dos melhores procedimentos para a redução e imobilização de afecções
ósseas traumáticas (PIERMATTEI; FLO, 1999);
avaliação pós-operatória de afecções ósseas traumáticas (REDIG, 1986);
avaliação de aves recém chegadas a bandos (CRACKNELL, 2004a);
avaliação de triagem em centros de reabilitação (CRACKNELL, 2004a);
exames forenses ou patológicos (CRACKNELL, 2004a).
Em se tratando de aves, o tamanho das espécies (ALTMAN, 1973) e a capacidade
limitada de se contar com exames laboratoriais têm dificultado o estabelecimento de
diagnósticos definitivos. Diante disso, o exame radiográfico vem assumindo especial
importância no processo conclusivo do diagnóstico (ALTMAN, 1973; KRAUTWALD-
JUNGHANNS, 1996; LAFEBER, 1968). Além disso, as aves geralmente são apresentadas ao
clínico com enfermidades em estágio avançado de desenvolvimento, requerendo, portanto, um
diagnóstico rápido e preciso (KRAUTWALD-JUNGHANNS, 1996; KRAUTWALD-
JUNGHANNS; HENDRICH-SCHUSTER, 1996). O exame radiográfico é uma técnica
diagnóstica não-invasiva e de rápida interpretação (LAVIN, 1994).
27
Referindo-se aos exames laboratoriais, de acordo com Krautwald-Junghanns (1996),
a remoção de sangue, em quantidades suficientes, é limitada nas aves que pesam menos de 40
gramas.
O exame radiográfico é contra-indicado para pacientes em estado crítico de saúde
(RUPLEY, 1999; SILVERMAN, 1987; WALSH, 1986), pois a manipulação excessiva
causada pela contenção e posicionamento radiográficos, aumenta o estresse e,
conseqüentemente, o risco de morte (SILVERMAN, 1987; SMITH; SMITH, 1997). Segundo
Walsh (1986), o exame radiográfico é uma importante ferramenta diagnóstica, mesmo em
pacientes de risco.
A relutância dos profissionais quanto à prática do exame radiográfico em aves,
segundo Walsh (1986), diz respeito principalmente à falta de familiaridade com os métodos
de contenção, técnica radiográfica, anatomia básica e interpretação da radiografia.
2.2.1 Métodos de contenção
Artefato de movimento pode tornar-se um problema na contenção inadequada da ave
(PAUL-MURPHY et al., 1990).
A contenção manual é indicada para aves tranqüilas (WALSH, 1986; WILLIAMS,
2002) e de rapina (WALSH, 1986). A desvantagem deste método é o aumento da exposição à
radiação do pessoal envolvido (LAVIN, 1994; WALSH, 1986).
A contenção física é alcançada à custa de ferramentas, como lâminas de acrílico,
cordas, sacos de areia, fitas adesivas (LAVIN, 1994), blocos de espuma, luvas de chumbo e
faixas de velcro (MCMILLAN
6
, 1982 apud MCMILLAN, 1994, p. 248).
O paciente deve ser posicionado diretamente em cima do chassi radiográfico
(LAVIN, 1994; SMITH; SMITH, 1997; WILLIAMS, 2002). Entretanto, quando se pretende
realizar várias exposições de uma mesma projeção radiográfica, é recomendado que ele seja
posicionado primeiramente sobre uma lâmina de acrílico, que posteriormente é posicionada
6
MCMILLAN, M. C. Avian radiology. In: PETRAK, M. L. (Ed.). Diseases of cage and aviary birds. 2. ed.
Philadelphia: Lea & Febiger, 1982. p. 329-360.
28
sobre o chassi (LAVIN, 1994; SILVERMAN, 1987), permitindo, desse modo, que o técnico
troque o filme repetidas vezes sem ter que reposicionar o paciente sobre um novo chassi
(SILVERMAN, 1987) (Anexo A, Figura 1).
Seja na projeção laterolateral ou ventrodorsal, fitas adesivas geralmente são aplicadas
na região de carpometacarpos, tarsometatarsos e região cervical cranial (SMITH; SMITH,
1997). Cavidade celomática e cauda são fixadas somente se necessárias (LAVIN, 1994). Fitas
adesivas aplicadas na região cervical e cavidade celomática não devem ficar apertadas a ponto
de limitar o movimento respiratório (LAVIN, 1994; SMITH; SMITH, 1997).
Ferramentas alternativas de contenção física incluem enrolar o paciente em um papel
toalha (LAFEBER, 1968), plástico ou radiografia, ou colocá-lo dentro de uma malha tubular
ou tubo (SMITH; SMITH, 1997). Além disso, pode-se tirar a radiografia com a ave de pé, por
meio da emissão horizontal de raios-X (ALTMAN, 1973; LAFEBER, 1968; RUPLEY, 1999;
SMITH; SMITH, 1997), particularmente para pacientes em estado crítico de saúde
(RUPLEY, 1999). A desvantagem, entretanto, refere-se ao posicionamento inadequado, com
sobreposição das estruturas ósseas dos membros na cavidade celomática, resultando em
radiografias não diagnósticas (SMITH; SMITH, 1997).
A utilização de métodos de contenção manual e física é contra-indicada em aves
excitadas, pela possibilidade de ocasionar injúrias às mesmas. Assim, o emprego de sedativos
injetáveis e anestésicos inalatórios tem se tornado mais seguro para a realização dos exames
radiográficos (LAVIN, 1994). Aliada a essa vantagem, o emprego de contenção química nas
aves é indicado para:
facilitar a contenção (WALSH, 1986);
radiografar grandes espécies excitadas, como as aves de rapina (WILLIAMS, 2002);
evitar o risco de injúrias adicionais em aves traumatizadas (COLES, 1996);
aumentar a segurança do paciente e da equipe técnica (WILLIAMS, 2002);
alcançar o posicionamento radiográfico adequado (LAVIN, 1994; WILLIAMS,
2002), juntamente com outros métodos de contenção (LAVIN, 1994);
evitar artefato de movimento (KRAUTWALD-JUNGHANNS, 1996; WILLIAMS,
2002);
obter filmes de alta qualidade diagnóstica (SMITH; SMITH, 1997; WALSH, 1986;
WILLIAMS, 2002);
29
diminuir a necessidade de repetidas exposições radiográficas (SMITH; SMITH,
1997);
evitar a exposição radiográfica desnecessária à equipe técnica (COLES, 1996);
radiografar cíngulo torácico (RICH, 1996) e crânio (KRAUTWALD-JUNGHANNS,
1996; PAUL-MURPHY et al., 1990).
2.2.2 Posicionamentos radiográficos
O posicionamento incorreto do paciente é a razão mais comum para radiografias o
diagnósticas ou mal diagnosticadas (WILLIAMS, 2002).
Radiografias de corpo inteiro são rotineiramente realizadas (RUPLEY, 1999;
SILVERMAN, 1987; WILLIAMS, 2002), permitindo em uma única radiografia, a avaliação
conjunta da cavidade celomática e do sistema esquelético (SILVERMAN, 1987). Duas
projeções radiográficas perpendiculares entre si são necessárias para uma interpretação
radiográfica precisa (KRAUTWALD-JUNGHANNS; HENDRICH-SCHUSTER, 1996;
RUPLEY, 1999; WILLIAMS, 2002), incluindo: projeções laterolateral e ventrodorsal.
Projeções radiográficas adicionais são efetuadas conforme a suspeita clínica (CRACKNELL,
2004a).
A projeção laterolateral é alcançada com o paciente posicionado convencionalmente
em decúbito lateral direito. As asas são estendidas dorsalmente e os membros pélvicos
caudoventralmente (BEREGI et al., 1999; CRACKNELL, 2004a), evitando-se, com isso, a
sobreposição das estruturas ósseas na cavidade celomática (SILVERMAN, 1987). O
posicionamento estará correto se as articulações dos ombros e as articulações coxofemorais
estiverem sobrepostas (BEREGI et al., 1999). A projeção laterolateral, bem como as demais,
relatadas a seguir, estão ilustradas no anexo B, figuras 2 e 3.
Para a projeção ventrodorsal, o paciente deve ser posicionado em decúbito dorsal
sobre o chassi. Cabeça, asas e membros pélvicos o estendidos na direção cranial, lateral e
caudal, respectivamente. A sobreposição do esterno com a coluna vertebral confirmará um
posicionamento radiográfico correto (LAVIN, 1994).
30
A projeção mediolateral da asa é obtida radiografando-se a ave em decúbito lateral
ou dorsal (KRAUTWALD-JUNGHANNS, 1996), através do posicionamento radiográfico
para a cavidade celomática (SILVERMAN, 1987). Para a projeção caudocranial, a ave é
contida manualmente de cabeça para baixo, de modo que o corpo fique perpendicular à mesa.
A ponta da asa é estendida e posicionada sobre o chassi. Para permitir que a asa fique em
contato com o chassi, é necessário manter o corpo da ave afastado da borda do chassi
(LAVIN, 1994).
2.2.3 Fatores de exposição
Para a execução dos exames radiográficos em aves, utilizam-se equipamentos de
raios-X convencionais, os mesmos utilizados em animais domésticos (LAVIN, 1994).
Em vista do tamanho das aves, geralmente pequeno, e da freqüência respiratória alta,
artefato de movimento pode ser evitado através da utilização de tempos curtos de exposição
radiográfica (CRACKNELL, 2004a; WILLIAMS, 2002). Uma miliamperagem alta (TICER,
1987), écrans fosforescentes de terra rara, com emissão de luz verde, e filme de raios-X de
alta velocidade (KRAUTWALD-JUNGHANNS, 1996; KRAUTWALD-JUNGHANNS;
HENDRICH-SCHUSTER, 1996) requerem menos exposição radiográfica e, portanto, têm
sido propostos para a obtenção de radiografias de alta qualidade diagnóstica. Para a escolha da
voltagem, a ave deve ser mensurada em sua região mais larga (ALTMAN, 1973), lembrando
que o uso de lâminas de plexiglas requer a adição de dois a quatro kV ao valor original
(LAVIN, 1994). O ponto de foco efetivo do tubo de raios-X deve permanecer tão pequeno
quanto possível, a fim de aumentar o detalhe da imagem radiográfica (TICER, 1987).
Os chassis são posicionados diretamente em cima da mesa radiográfica (ALTMAN,
1973; SMITH; SMITH, 1997). Uma grade antidifusora, posicionada entre o paciente e o filme
de raios-X, geralmente não é necessária (ALTMAN, 1973; KRAUTWALD-JUNGHANNS,
1996; KRAUTWALD-JUNGHANNS; HENDRICH-SCHUSTER, 1996; LAVIN, 1994;
WILLIAMS, 2002), exceto em espécies grandes (KRAUTWALD-JUNGHANNS, 1996;
KRAUTWALD-JUNGHANNS; HENDRICH-SCHUSTER, 1996), cuja espessura ultrapasse
nove cm (TICER, 1987).
31
2.2.4 Interpretação radiográfica
Para uma interpretação radiográfica precisa, é/são fundamental/ais:
radiografias de elevada qualidade diagnóstica (RUPLEY, 1999);
conhecimento da anatomia (ALTMAN, 1973; KRAUTWALD-JUNGHANNS, 1996;
KRAUTWALD-JUNGHANNS; HENDRICH-SCHUSTER, 1996; SILVERMAN,
1987; SMITH; SMITH, 1997; SMITH et al., 1990; WILLIAMS, 2002);
radiografar também o membro contralateral, no caso da avaliação do esqueleto
apendicular (KRAUTWALD-JUNGHANNS; HENDRICH-SCHUSTER, 1996);
comparar a imagem radiográfica da espécie em questão com radiografias normais de
outros pacientes de mesma espécie (KRAUTWALD-JUNGHANNS; HENDRICH-
SCHUSTER, 1996);
radiografias de magnificação (WILLIAMS, 2002).
Em virtude do pequeno tamanho da maioria das aves de gaiola, radiografias de
magnificação são requeridas, além do estudo radiográfico convencional, para otimizar a
interpretação radiográfica de pequenas estruturas esqueléticas. São alcançadas aumentando-se
a distância entre o paciente e o chassi. Ferramentas espessas e radiotransparentes, como
blocos de espuma, podem ser utilizadas para esta finalidade (WILLIAMS, 2002). Um
exemplo da aplicação de radiografias de magnificação é no crânio, região anatomicamente
complexa nas aves (PAUL-MURPHY et al., 1990). O anexo C, figura 4, ilustra este efeito de
magnificação.
Outra alternativa para a otimização da imagem registrada é a utilização de lentes de
aumento (MCMILLAN, 1994; WILLIAMS, 2002). As vantagens dessa ferramenta sobre a
técnica de magnificação abrangem a redução do número de exposições radiográficas e a
manutenção do detalhe radiográfico dos contornos dos ossos (WILLIAMS, 2002).
O esqueleto deve ser cuidadosamente examinado, pesquisando-se a presença de
fraturas, reação do periósteo, esclerose, osteólise, adelgaçamento de corticais, deformidades
angulares e alargamento ou diminuição da interlinha radiográfica (KOSTKA et al., 1988).
32
2.3 ANATOMIA
O sistema esquelético das aves (Anexo D, Figura 5) está dividido, segundo Baumel e
Witmer (1993), em:
esqueleto axial:
esqueleto apendicular:
crânio esterno
aparelho hiobranquial cíngulo torácico
coluna vertebral membros torácicos
costelas cíngulo pélvico
membros pélvicos
Existem diferenças anatômicas entre o sistema esquelético de aves e mamíferos que
são relevantes à interpretação radiográfica, e serão brevemente relatadas. A descrição da
nomenclatura anatômica está de acordo com a Nomina Anatômica Aviária (BAUMEL;
WITMER, 1993) e a Nomenclatura Anatômica Veterinária (SCHALLER, 1999).
O crânio é cinético (EVANS, 1996; FEDUCCIA, 1986; KING; MCLELLAND,
1984; MCLELLAND, 1991; PAUL-MURPHY et al., 1990). O maxilar é móvel em relação à
abóbada craniana, movimentando-se para cima e para baixo por meio da articulação
nasofrontal (FEDUCCIA, 1986). Esta mobilidade é atingida graças à articulação conjunta do
arco zigomático, palatino, pterigóide e quadrado. Tais ossos são melhor visibilizados na
superfície ventral do crânio (EVANS, 1996).
As superfícies orbitárias são grandes (FEDUCCIA, 1986; SMITH et al., 1990). A
esclera possui um anel ósseo formado por uma série de ossículos que se sobrepõem um ao
outro (EVANS, 1996; FEDUCCIA, 1986; PAUL-MURPHY et al., 1990).
Mandíbulas, bem como maxilas, são desprovidas de dentes (DYCE et al., 1997;
SMITH; SMITH, 1992; STORER et al., 1998).
Os componentes ósseos da língua são tão extensos em algumas espécies, como em
papagaios do gênero Amazona, que cautela é requerida durante a interpretação radiográfica
33
para evitar que sejam confundidos com corpo-estranho lingual (MCKIBBEN; HARRISON,
1986).
O número de vértebras cervicais varia de oito a 25, conforme o comprimento do
pescoço (DYCE et al., 1997; EVANS, 1996; KING; MCLELLAND, 1984; KOCH, 1973;
MCKIBBEN; HARRISON, 1986; MCLELLAND, 1991; MCMILLAN, 1994; NICKEL et al.,
1977). Com exceção do atlas, cuja forma é anelar, as superfícies articulares dos corpos
vertebrais são em forma de sela (FEDUCCIA, 1986). A superfície articular cranial é côncava
na vista ventral e convexa na lateral. A superfície articular caudal assume curvaturas inversas
(KING; MCLELLAND, 1984; NICKEL et al., 1977).
O número de vértebras torácicas varia de três a 10 (DYCE et al., 1997; EVANS,
1996; FEDUCCIA, 1986; KING; MCLELLAND, 1984; KOCH, 1973; MCMILLAN, 1994;
NICKEL et al., 1977; O’MALLEY, 2005). Duas a cinco vértebras torácicas fundem-se para
formar o notário (DYCE et al., 1997; FEDUCCIA, 1986; KING; MCLELLAND, 1984;
KOCH, 1973; NICKEL et al., 1977).
O sinsacro é formado pela fusão de uma ou mais vértebras torácicas caudais, todas as
vértebras lombares, todas as vértebras sacrais e uma ou mais vértebras coccígeas craniais
(DYCE et al., 1997; EVANS, 1996; KING; MCLELLAND, 1984; MCKIBBEN;
HARRISON, 1986; NICKEL et al., 1977; O’MALLEY, 2005; OROSZ, 1997b; SMITH;
SMITH, 1992; SMITH et al., 1990; WILLIAMS, 2002). O sinsacro, também, funde-se aos
ílios (CRACKNELL, 2004b; DYCE et al., 1997; FEDUCCIA, 1986; KING; MCLELLAND,
1984; MCMILLAN, 1994; NICKEL et al., 1977; OROSZ, 1997b; SMITH et al., 1990).
Caudal ao sinsacro, quatro a nove vértebras caudais livres têm sido identificadas
(DYCE et al., 1997; EVANS, 1996; FEDUCCIA, 1986; KING; MCLELLAND, 1984;
MCKIBBEN; HARRISON, 1986; MCLELLAND, 1991; MCMILLAN, 1994; NICKEL et al.,
1977; OROSZ, 1997b). Por fim, a fusão de quatro a 10 vértebras caudais forma o pigóstilo
(FEDUCCIA, 1986; KING; MCLELLAND, 1984; MCLELLAND, 1991).
Costelas torácicas consistem de segmentos dorsal e ventral, articulando-se com a
vértebra torácica e o esterno, respectivamente (EVANS, 1996; KING; MCLELLAND, 1984;
MCMILLAN, 1994; SMITH; SMITH, 1992). O segmento ventral é equivalente à cartilagem
34
costal dos mamíferos (DYCE et al., 1997; KING; MCLELLAND, 1984; MCLELLAND,
1991; MCMILLAN, 1994; OROSZ, 1997b; SMITH et al., 1990).
O esterno é um grande osso não segmentado, formando parte considerável da parede
corpórea ventral (DYCE et al., 1997). Está modificado ventralmente em forma de uma quilha.
Com o objetivo de oferecer fixação aos grandes músculos do vôo, o grau de desenvolvimento
da quilha es diretamente relacionado à capacidade de vôo da ave, sendo particularmente
mais desenvolvida nas grandes aves voadoras (KING; MCLELLAND, 1984). Aves ratitas, do
latim ratis (balsa), possuem uma quilha plana, lembrando uma balsa. De modo contrário, aves
carinatas, do latim carina, referindo-se à calha de uma embarcação, dispõem de uma quilha
altamente proeminente (FEDUCCIA, 1986).
Formado por três pares de ossos (FEDUCCIA, 1986; GILL, 1995; STORER et al.,
1998), o cíngulo torácico faz a ligação entre o tronco e as asas (DYCE et al., 1997; NICKEL
et al., 1977). As clavículas são bastante desenvolvidas (EVANS, 1996; SMITH et al., 1990).
São ossos delgados (FEDUCCIA, 1986; MCKIBBEN; HARRISON, 1986), e suas
extremidades distais fundem-se para formar a fúrcula, conhecida popularmente por osso da
sorte (EVANS, 1996; MCMILLAN, 1994; SMITH; SMITH, 1992). A escápula estende-se
caudalmente, paralela à coluna vertebral (FEDUCCIA, 1986). Ela pode ser o comprida a
ponto de alcançar os ílios (KING; MCLELLAND, 1984). O coracóide é o osso mais robusto
(DYCE et al., 1997; EVANS, 1996; FEDUCCIA, 1986; KING; MCLELLAND, 1984;
NICKEL et al., 1977; STORER et al., 1998). As extremidades proximais dos três ossos
encontram-se para formar o canal triósseo (EVANS, 1996; FEDUCCIA, 1986).
O úmero articula-se proximalmente em uma fossa glenóide rasa, formada pela
escápula e coracóide (EVANS, 1996). No antebraço, a ulna é curvada (EVANS, 1996;
NICKEL et al., 1977) e mais espessa que o rádio (CRACKNELL, 2004b; DYCE et al., 1997;
FEDUCCIA, 1986; MCKIBBEN; HARRISON, 1986; O’MALLEY, 2005; SMITH; SMITH,
1992, 1997; SMITH et al., 1990). O olécrano é pouco desenvolvido (EVANS, 1996; NICKEL
et al., 1977). A articulação do carpo está representada apenas por dois ossos distintos, o
carporradial e o ulnar do carpo (EVANS, 1996; KING; MCLELLAND, 1984; MCKIBBEN;
HARRISON, 1986; MCMILLAN, 1994; NICKEL et al., 1977; SMITH; SMITH, 1992, 1997;
SMITH et al., 1990). Tais elementos ósseos representam a fusão da fileira proximal dos ossos
do carpo (EVANS, 1996; KING; MCLELLAND, 1984; SMITH; SMITH, 1992; SMITH et
35
al., 1990). Os ossos cárpicos da fileira distal fundem-se uns nos outros e com as extremidades
proximais dos metacárpicos, constituindo o carpometacarpo (BAUMEL; WITMER, 1993;
MCMILLAN, 1994; SMITH et al., 1990). Três ossos metacárpicos estão presentes. Os
metacárpicos II e III são longos e se unem em suas extremidades distais (FEDUCCIA, 1986).
Dígitos I e III possuem uma falange cada, e o dígito II duas falanges (BAUMEL; WITMER,
1993; EVANS, 1996).
O cíngulo pélvico é equivalente aos ossos coxais direito e esquerdo, cada um
formado por um grau variável de fusão óssea entre ílio, ísquio e púbis (NICKEL et al., 1977).
Ele é côncavo na região ventral (DYCE et al., 1997), inexistindo articulação entre os ossos
coxais na linha média (KING; MCLELLAND, 1984).
Tibiotarso e fíbula constituem os ossos da perna (KOCH, 1973; NICKEL et al.,
1977). É denominado tibiotarso em razão da fusão de sua extremidade distal com a fileira
proximal dos ossos do tarso (NICKEL et al., 1977). A fíbula é pouco desenvolvida nas aves
(EVANS, 1996). A cabeça da fíbula articula-se com o côndilo lateral do fêmur (EVANS,
1996; MCKIBBEN; HARRISON, 1986).
Os társicos tibial e fibular, da fileira proximal, fundem-se entre si e com a tíbia,
formando os côndilos da extremidade distal do tibiotarso (BAUMEL; WITMER, 1993). A
distinção entre esses dois ossos proximais, entretanto, pode ser perceptível por até alguns
meses após o nascimento (KING; MCLELLAND, 1984). O társico distal, único osso da
fileira distal, funde-se com os metatársicos II, III e IV, estes, por sua vez, fundidos entre si,
formando a extremidade proximal do tarsometatarso (BAUMEL; WITMER, 1993). Logo, a
união entre tibiotarso e tarsometatarso, forma a articulação intertársica (DYCE et al., 1997;
KING; MCLELLAND, 1984). O metatársico I é um osso pequeno e separado, articulando-se
proximalmente com a extremidade mediodistal do tarsometatarso (SMITH et al., 1990). Por
isso, deve-se ter atenção para não confundir o metatársico I com uma falange (SMITH;
SMITH, 1997).
O número de dígitos dos membros pélvicos varia de dois a quatro (EVANS, 1996;
MCKIBBEN; HARRISON, 1986). A maioria das espécies aviárias possui dígitos I, II, III e
IV, contendo duas, três, quatro e cinco falanges, respectivamente (EVANS, 1996; KING;
MCLELLAND, 1984; SMITH; SMITH, 1997; SMITH et al., 1990).
36
2.4 AFECÇÕES DO SISTEMA ESQUELÉTICO
As afecções do sistema esquelético são muito freqüentes nas aves de estimação
(QUESENBERRY, 1997; RUPLEY, 1999). Podem ser de origem traumática, metabólica,
degenerativa, infecciosa, neoplásica (WILLIAMS, 2002) ou congênita (ALTMAN, 1969;
RICH, 1991). Elas diferem das afecções encontradas nos cães e gatos, apenas pelas diferenças
anatômicas e resposta do osso às injúrias (WILLIAMS, 2002).
Sintomas resultantes de anormalidades no sistema esquelético incluem: aumento de
volume de tecidos moles ao longo dos ossos e/ou nas articulações, crepitação e enfisema
subcutâneos à palpação, deformidades de membros lvicos, ferimentos cutâneos, fraturas,
assimetria na postura de repouso da(s) asa(s), claudicação (RUPLEY, 1999), flexão de
membro pélvico, inabilidade para andar e/ou voar e inflamação das articulações, caracterizada
por dor e calor locais à palpação (ALTMAN, 1969).
2.4.1 Traumáticas
As afecções traumáticas são as injúrias musculoesqueléticas mais freqüentemente
encontradas em aves (QUESENBERRY, 1997; ROUSH, 1984). Traumas no sistema
musculoesquelético comumente resultam em fraturas e luxações, além de injúrias a músculos,
tendões, nervos e ao tegumento (pele e penas) (ROUSH, 1984). As causas são várias, sendo as
principais: colisões com veículos em movimento e objetos estacionários, membros presos na
gaiola, mordeduras de animais, autotraumatismo, relutância à contenção e gaiolas inseguras
(BENNETT, 1997; MARTIN; RITCHIE, 1994; MCMILLAN, 1994; RICH, 1996; RUPLEY,
1999; SIMPSON, 1996).
2.4.1.1 Fraturas
As fraturas são as anormalidades musculoesqueléticas mais comuns (EVANS, 1986),
sendo as de ossos longos das asas e dos membros pélvicos as maiores causas de atendimento
às aves (MCCARTNEY, 1994).
37
Kostka et al. (1988), analisaram, por meio de radiografias, 1.700 aves atendidas no
Instituto de Doenças Aviárias da Universidade de Gießen, no Estado de Hessen, na
Alemanha. Das 154 aves com alterações musculoesqueléticas, 114 (74,03%) possuíam
fraturas de origem traumática.
Kostka e Krautwald-Junghanns (1991), relatam que as fraturas representam 62% das
afecções do sistema esquelético em aves atendidas na Policlínica Veterinária da Universidade
de Gießen.
McCartney (1994), avaliando problemas ortopédicos em 327 pombas atendidas em
um Hospital Veterinário da Inglaterra, concluiu que as fraturas representam 70,3% dos
atendimentos.
Devido à grande diversidade de ambientes não naturais onde as aves vivem, é fácil
entender porque muitas aves são apresentadas com fraturas do sistema esquelético (REDIG
7
,
1994 apud RICH, 1996, p. 533).
O crânio é freqüentemente traumatizado (PAUL-MURPHY et al., 1990), todavia,
fraturas têm sido infreqüentemente relatadas (MCMILLAN, 1994). Algumas razões se devem
à sua complexidade anatômica, ao pequeno tamanho do paciente e à necessidade de se tirar
várias projeções radiográficas (PAUL-MURPHY et al., 1990). Além disso, o adelgaçamento
de corticais somado à pneumatização do crânio, também representam importantes desafios
para a identificação radiográfica de fraturas (WILLIAMS, 2002). Para otimizar a avaliação
radiográfica do crânio em aves, projeções radiográficas oblíqüas e de magnificação são
requeridas em adição às projeções ventrodorsais e laterolaterais (PAUL-MURPHY et al.,
1990). Psitacídeos (Ara ararauna) com fraturas de arco jugal, pterigóide, quadrado e
ceratobranquial (PAUL-MURPHY et al., 1990), e rapinantes (Buteo jamaicensis) com
fraturas de anel escleral e osso lacrimal (LINDLEY et al., 1988) têm sido relatados.
Fraturas de bico são muito comuns (MARTIN; RITCHIE, 1994), particularmente nas
espécies dotadas de bico grande e longo, como os tucanos, papagaios, patos e aves pernaltas
(COLES, 1985). Injúrias do quadrado e arco jugal, freqüentemente, estão associadas
(MARTIN; RITCHIE, 1994). Além de traumas, outras causas que levam à instabilidade do
bico são infecções, neoplasias e anormalidades congênitas (GREENWELL et al., 1990).
7
REDIG, P. Orthopedics. Seminars in Avian and Exotic Pet Medicine, v. 3, n. 2, p. 49-108, 1994.
38
Fraturas ou luxações da coluna vertebral o incomuns (WILLIAMS, 2002). Quando
presentes, geralmente representam injúrias devastadoras em razão da transecção da medula
espinhal. Os segmentos vertebrais comumente fraturados são notário e sinsacro (MACCOY,
1996).
O diagnóstico de fraturas localizadas na coluna vertebral normalmente exige atenção
e conhecimento anatômico redobrados pelo examinador (KOSTKA; KRAUTWALD-
JUNGHANNS, 1991). O segmento vertebral cervical apresenta uma curvatura sigmóide
normal (KOCH, 1973; MCMILLAN, 1994), porque os tecidos moles do pescoço, traquéia e
esôfago, são menores em extensão do que o segmento vertebral em questão (KOCH, 1973).
Portanto, fraturas de coluna cervical podem ser equivocadamente diagnosticadas
(MCMILLAN, 1994).
Afecções traumáticas afetando o cíngulo torácico estão presentes geralmente como
resultado de colisões com objetos sólidos (BENNETT, 1997; REDIG, 1986), ocasionando
freqüentemente fraturas de coracóide (REDIG, 1986). Fraturas de escápula e/ou clavícula
podem estar associadas (MACCOY, 1996).
Em razão da sobreposição dos ossos do cíngulo torácico entre si, especificamente
coracóide e escápula quando realizada a projeção ventrodorsal (KOSTKA; KRAUTWALD-
JUNGHANNS, 1991), e desses com estruturas adjacentes, o diagnóstico radiográfico de
fraturas no coracóide, escápula e clavícula torna-se difícil. Projeções oblíqüas, portanto, são
requeridas (KRAUTWALD-JUNGHANNS, 1996).
Fraturas de coracóide representam aproximadamente 10% das injúrias ortopédicas
em aves silvestres, apresentadas para tratamento no Santuário de Healesville, em Melbourne,
Austrália (HOLZ, 2003).
Em um levantamento com 6.212 esqueletos de aves selvagens, Passeriformes, 3,41%
(n = 212) apresentavam fraturas de clavícula (TIEMEIER
8
, 1941 apud COLES, 1985, p. 146).
Fraturas de membros torácicos são menos freqüentes do que fraturas de membros
pélvicos, e normalmente envolvem o úmero, rádio e ulna (BLASS, 1987). Em um estudo com
pombos, entretanto, fraturas de membros torácicos foram duas vezes e meia mais comuns do
que fraturas de membros pélvicos (MCCARTNEY, 1994). Fraturas umerais são comuns
(MACCOY, 1996), principalmente nos segmentos médio e distal, correspondentes às áreas de
8
TIEMEIER, O. W. Repaired bone injuries in birds. The Auk, v. 58, n. 3, p. 350-359, 1941.
39
escassa quantidade de tecidos moles (COLES, 1985). No antebraço, a maioria das fraturas
envolve apenas o rádio ou a ulna (REDIG, 1986). Segundo Coles (1985), a porcentagem de
casos envolvendo fraturas isoladas dos ossos do antebraço, encontra-se ao redor de 50%.
Martin e Ritchie (1994), entretanto, relatam que injúrias traumáticas freqüentemente causam
fraturas de ambos os ossos. Em uma amostragem com 14 fraturas de antebraço, oito (57%)
envolviam tanto o rádio quanto a ulna (MCCARTNEY, 1994). Fraturas de carpos (COLES,
1985; MACCOY, 1996; RICH, 1996), metacarpos (COLES, 1985; MACCOY, 1996) e
falanges (COLES, 1985), também têm sido relatadas.
Os ossos do cíngulo pélvico raramente são fraturados. Na presença de fraturas,
todavia, os segmentos ósseos normalmente não se encontram deslocados graças à musculatura
pélvica que os mantêm no lugar (HARCOURT-BROWN, 1996).
Fraturas de membros pélvicos são menos freqüentes do que fraturas de membros
torácicos (BENETT, 1997; MCCARTNEY, 1994). O mur está protegido por uma grande
musculatura. Fraturas nessa região, portanto, não são freqüentes (ALTMAN, 1969; BLASS,
1987; MACCOY, 1992). Quando presentes, os músculos normalmente proporcionam um
adequado alinhamento dos fragmentos ósseos (MACCOY, 1992). Fraturas da cabeça femoral
têm sido relatadas em associação com luxação coxofemoral. O tibiotarso é o osso mais
freqüentemente fraturado (HARCOURT-BROWN, 1996), principalmente nos periquitos-
australianos (Melopsittacus undulatus) (ALTMAN, 1969; ROSSKOPF JUNIOR; WOERPEL,
1991). Passeriformes e aves aquáticas pernaltas, comumenteo apresentadas com fraturas de
tarsometatarso (MACCOY, 1992, 1996). Muitas dessas fraturas são observadas em aves
anilhadas que prendem as suas anilhas nos aramados da gaiola. A fratura é provocada no
momento em que a ave tenta se desprender do aramado (HARCOURT-BROWN, 1996). Um
estudo retrospectivo de aves vítimas de fraturas, mostrou o envolvimento do tarsometatarso
em 71% dos casos (ALTMAN, 1969). Fraturas de falanges não ocorrem com freqüência, ou,
por outro lado, não são comumente identificadas (MACCOY, 1992, 1996), salvo quando
estão em fase de consolidação (BLASS, 1987).
O exame radiográfico é um todo diagnóstico indispensável na avaliação das fraturas
(SMITH; SMITH, 1997). As indicações mais freqüentes para o seu emprego são: confirmar
um diagnóstico clínico, classificar a fratura, selecionar o melhor método de fixação,
determinar a idade da fratura, demonstrar outras fraturas imperceptíveis ao exame clínico e
40
avaliar o grau de reparo (KEALY; MCALLISTER, 2000). As fraturas devem ser avaliadas
radiograficamente quanto à localização, radiopacidade óssea, reação do periósteo e
envolvimento de tecidos moles (MCMILLAN, 1994). A classificação é similar à dos
mamíferos (SMITH; SMITH, 1997; WILLIAMS, 2002) e tem sido descrita por Kealy e
McAllister (2000).
Em aves traumatizadas, radiografias do sistema esquelético, bem como da cavidade
celomática, são necessárias para avaliar outras alterações ósseas ou de tecidos moles passíveis
de ocorrer durante o trauma (COLES, 1996; MARTIN; RITCHIE, 1994).
2.4.1.2 Luxações
Luxações são infreqüentes em aves (ALTMAN, 1969; BLASS, 1987; MARTIN;
RITCHIE, 1994; MCMILLAN, 1994). Estando presentes, normalmente envolvem os dígitos,
as articulações coxofemorais ou as articulações fêmorotibiotársicas (MCMILLAN, 1994).
Segundo Altman (1969), a baixa prevalência pode ser justificada pela pneumatização dos
ossos somada à presença de articulações bastante desenvolvidas, tocante aos ligamentos,
ocasionando fraturas ao invés de luxações.
McCartney (1994), avaliando as injúrias ortopédicas encontradas nas asas de 75
pombos, atendidos em um Hospital Veterinário, na cidade de Birmingham, Inglaterra,
encontrou três luxações de ombro e uma de cotovelo, perfazendo um total de 5,3% dos
atendimentos.
Vítimas de acidentes automobilísticos, 35 aves da ordem Passeriformes foram
examinadas radiograficamente durante 26 meses. Um total de 30 injúrias esqueléticas foi
observado em 17 aves (48,5%), incluindo 29 fraturas de ossos longos (96,5%) e apenas uma
luxação vertebral (3,5%) (ORLOWSKI; SIEMBIEDA, 2005).
As luxações são freqüentemente decorrentes de episódios traumáticos (ALTMAN,
1969; BLASS, 1987; MCMILLAN, 1994), e podem, ocasionalmente, estar presentes em
associação com fraturas (ALTMAN, 1969). Luxações secundárias à doença articular
degenerativa, decorrentes de frouxidão articular (WILLIAMS, 2002), e luxações congênitas,
encontradas nos periquitos-australianos (Melopsittacus undulatus) (BLASS, 1987), também
têm sido relatadas.
41
Uma arara-canindé (Ara ararauna), macho, de dois anos de idade, foi apresentada
com incapacidade aguda de oclusão de bico. O estudo radiográfico revelou luxação de osso
quadrado em combinação com fraturas de arco jugal e de osso pterigóide (PAUL-MURPHY
et al., 1990).
Luxações vertebrais normalmente estão localizadas nas unidades móveis da coluna
vertebral (KOSTKA; KRAUTWALD-JUNGHANNS, 1991), tais como o segmento cervical
(RUPLEY, 1999) e entre a última ou penúltima vértebra torácica e o sinsacro (HARCOURT-
BROWN, 1996; KOSTKA; KRAUTWALD-JUNGHANNS, 1991; KRAUTWALD-
JUNGHANNS, 1996; RUPLEY, 1999; WILLIAMS, 2002). Em algumas espécies de aves,
como as araras, o sinsacro é incompletamente fundido às asas dos ílios, portanto, traumas na
região podem resultar em deslocamentos (HARCOURT-BROWN, 1996).
A articulação do ombro é bem suportada por músculos, ligamentos e tendões
(COLES, 1985). Luxações são raras (BLASS, 1987; ROUSH, 1984). Segundo Redig (1986),
o ombro é freqüentemente deslocado como resultado de colisões com objetos estacionários.
Relatos têm sido apresentados em aves de rapina e freqüentemente ocorrem em associação
com fratura por avulsão do tubérculo ventral do úmero proximal (MARTIN; RITCHIE,
1994).
A presença de uma delicada cápsula articular comum ao úmero, rádio e ulna, além da
escassa quantidade de tecidos moles adjacentes, propiciam a freqüente ocorrência de luxações
do cotovelo (COLES, 1985). De ocorrência improvável em aves de estimação, segundo Redig
(1986), têm sido comumente encontradas em rapinantes, com deslocamento caudal ou
dorsocaudal da ulna (MARTIN; RITCHIE, 1994).
Luxação coxofemoral é infreqüente (BLASS, 1987; MACCOY, 1996; OROSZ,
1997b). Alguns autores justificam isso em razão da presença de algumas características
anatômicas que ajudam a reforçar a inserção da cabeça femoral no acetábulo (MACCOY
9
,
1989 apud BENNETT, 1997, p. 760; OROSZ, 1997b), incluindo: uma projeção óssea,
denominada antitrocânter, localizada caudodorsalmente ao acetábulo, que se articula com o
9
MACCOY, D. M. Excision arthroplasty for management of coxofemoral luxations in pet birds. Journal of
the American Veterinary Medical Association, v. 194, n. 1, p. 95-97, 1989.
42
colo e o trocânter do fêmur (BAUMEL; WITMER, 1993), um acetábulo profundo (OROSZ,
1997b) e, por fim, a presença dos ligamentos pubofemoral, iliofemoral e redondo
(MACCOY
10
, 1989 apud BENNETT, 1997, p. 760). A cabeça femoral, quando deslocada,
geralmente se orienta craniodorsalmente em relação ao acetábulo (MACCOY, 1996;
MARTIN; RITCHIE, 1994; OROSZ, 1997b). Luxação ventral ou cranioventral também pode
ser evidenciada (MACCOY, 1996).
Traumas severos são capazes de deslocar a articulação do joelho (HARCOURT-
BROWN, 1996). Roush (1984), refere que forças excessivas aplicadas nessa região, têm
sido capazes de produzir fraturas de fêmur e de tibiotarso com maior freqüência do que
luxações.
Articulação intertársica é ocasionalmente luxada como resultado de alteração do
desenvolvimento ósseo normal, envolvendo tibiotarso e tarsometatarso. Em aves adultas, esta
articulação pode ser freqüentemente injuriada por traumas severos (HARCOURT-BROWN,
1996).
Falanges também são suscetíveis à luxação (HARCOURT-BROWN, 1996).
2.4.2 Doença ósseo-metabólica (DOM)
Desequilíbrios de cálcio, fósforo e vitamina D
3
o freqüentes em aves e podem
resultar em DOM (RUPLEY, 1999). Para Mcmillan (1994), as alterações ósseas decorrentes
de DOM são predominantes em relação às alterações decorrentes de processos traumáticos ou
infecciosos.
DOM desenvolve-se como resultado de uma deficiência prolongada de cálcio ou
vitamina D, ou de um desequilíbrio na relação cálcio:fósforo na dieta. A nomenclatura é
muito variada e inclui, por exemplo, osteoporose, osteomalacia, raquitismo, osteogênese
imperfeita, paralisia de gaiola, hiperparatireoidismo nutricional secundário, atrofia óssea e
osteoporose juvenil (FOWLER, 1986).
10
MACCOY, D. M. Excision arthroplasty for management of coxofemoral luxations in pet birds. Journal of
the American Veterinary Medical Association, v. 194, n. 1, p. 95-97, 1989.
43
Desequilíbrios de nutrientes minerais e vitamínicos atingem preferencialmente aves
recém-nascidas e jovens (KOSTKA: KRAUTWALD-JUNGHANNS, 1991), comumente
como resultado do oferecimento de dietas desbalanceadas. Dietas a base de sementes,
fornecidas às espécies granívoras, são pobres em cálcio e ricas em fósforo e gorduras
(RUPLEY, 1999). O alto teor de gorduras reduz a absorção de cálcio como resultado da
formação de sabões de cálcio (HOCHLEITHNER
11
, 1989 apud GOODMAN, 1996, p. 472).
Todas as sementes apresentam uma relação lcio:fósforo inadequada, variando de 1:6,25
(girassol) a 1:40 (painço) (CARCIOFI, 1996). A relação desejável varia de 1:1 a 2:1
(RANDELL, 1981; ROUDYBUSH, 1996; RUPLEY, 1999; SMITH; ROUDYBUSH, 1997).
Do mesmo modo, dietas a base de carne, fornecidas às espécies carnívoras, também são
pobres em cálcio e ricas em fósforo (OLSEN
12
, 1990 apud MACWHIRTER, 1994, p. 858;
RUPLEY, 1999), com uma relação cálcio:fósforo em torno de 1:20 (OLSEN
12
, 1990 apud
MACWHIRTER, 1994, p. 858). Aves adultas, com um manejo nutricional inadequado,
também podem desenvolver alterações ósseas de origem metabólica (KOSTKA:
KRAUTWALD-JUNGHANNS, 1991).
DOM foi detectada em um papagaio (Amazona viridigenalis), fêmea, de quatro anos
de idade. Além dos achados físicos, radiográficos e laboratoriais, que foram consistentes com
o diagnóstico, a dieta, quatro anos, consistia apenas de amendoim e milho, ambos
apresentando uma relação cálcio:fósforo bem acima do nível desejado (RANDELL, 1981).
Os achados de necropsia de três psitacídeos com hiperparatireoidismo nutricional
secundário reveleram a presença de sementes de girassol no ventrículo. Eclectus roratus,
Calyptorhynchus funereus e Aratinga pertinax, eram todos alimentados com uma dieta a base
de sementes, que consistia de amendoim e aveia, além de girassol (WALLACH; FLIEG,
1967).
De acordo com Carciofi (1996), os desbalanços nutricionais são causados em razão
do oferecimento ad libitum dos alimentos, propiciando o desenvolvimento de preferências
11
HOCHLEITHNER, M. Convulsions in African grey parrots. In: ANNUAL CONFERENCE OF THE
ASSOCIATION OF AVIAN VETERINARIANS, 1989, Lake Worth. Proceedings… Lake Worth:
Association of Avian Veterinarians, 1989. p. 78-81.
12
OLSEN, J. Caring for birds of prey. Occasional Publication of the Applied Ecology Research Group, p.
27-29, 1990.
44
individuais. Segundo o autor, a aceitação dos alimentos é, muitas vezes, difícil, necessitando
paciência e insistência por parte do proprietário.
A deficiência de cálcio, em particular, é a anormalidade nutricional mais comum
(FORBES, 1998; RANDELL, 1981; ROUDYBUSH, 1996). Quando a utilização e excreção
de cálcio exceder a absorção do lcio dietético por um período prolongado,
hiperparatireoidismo nutricional secundário se desenvolverá (WALLACH; FLIEG, 1969). As
glândulas paratireóides, como nos mamíferos, secretam paratormônio (PTH) em resposta à
hipocalcemia. O paratormônio estimula a atividade dos osteoclastos, que por sua vez
reabsorvem cálcio dos ossos, e interfere na reabsorção tubular de fósforo, aumentando, com
isso, a sua excreção renal. Isso efetivamente aumentará a concentração de cálcio no sangue
(KING; MCLELLAND, 1984). Diversos trabalhos, no entanto, têm demonstrado que os
osteoclastos não possuem receptores para o PTH e que os osteoblastos, que possuem esses
receptores, controlam o início da reabsorção (DOIGE; WEISBRODE, 1998). Vitamina D
3
e
calcitonina também são requeridas para o adequado metabolismo do cálcio, conforme
explicado detalhadamente por Roudybush (1996).
Hiperparatireoidismo primário, decorrente de neoplasias das glândulas paratireóides,
e hiperparatireoidismo renal secundário, não têm sido relatados em aves (LOTHROP
JUNIOR, 1996). Decorrente de nefropatias crônicas, o hiperparatireoidismo renal secundário
é possível de acontecer (RUPLEY, 1999). Entretanto, pouco se sabe a respeito, e acredita-se
que isso se deve à razão do paciente com nefropatia morrer antes do aparecimento de
sintomas de hiperplasia glandular, e da omissão de informações dos patologistas durante a
necropsia (BLACKMORE, 1969).
O exame radiográfico pode diagnosticar a DOM antes do desenvolvimento de
sintomas severos (RANDELL, 1981). As alterações radiográficas abrangem: diminuição
generalizada da radiopacidade óssea (KRAUTWALD-JUNGHANNS, 1996; WILLIAMS,
2002), adelgaçamento de corticais ósseos (RUPLEY, 1999; WILLIAMS, 2002), deformidades
angulares de ossos longos ou, mais raramente, de costelas e coluna vertebral, e/ou fraturas
patológicas das metáfises (KRAUTWALD-JUNGHANNS, 1996). Os principais ossos longos
passíveis de sofrerem deformidades angulares são rádios, ulnas e tibiotarsos (KOSTKA:
KRAUTWALD-JUNGHANNS, 1991). Para Mcmillan (1994), fraturas decorrentes de DOM
são mais comuns do que as decorrentes de traumas.
45
Casos avançados de hiperparatireoidismo nutricional secundário, associados a uma
deficiência de vitamina D, manifestam-se radiograficamente por um alargamento dos discos
epifisários e das extremidades articulares (BIESTER; SCHWARTE
13
, 1965 apud
WALLACH; FLIEG, 1969, p. 1048).
É de grande importância a contenção cuidadosa de pacientes com suspeita de DOM.
Ossos desmineralizados tornam-se mais fragilizados e predisponentes às fraturas (FOWLER,
1986; ROUDYBUSH, 1996; RUPLEY, 1999).
O diagnóstico de DOM é feito através da combinação dos achados radiográficos com
informações obtidas por meio da anamnese, incluindo uma avaliação da dieta oferecida, do
exame físico e de outros exames complementares, tais como a determinação das
concentrações séricas de cálcio e fosfatase alcalina (RUPLEY, 1999). Aves com DOM podem
apresentar alterações angulares dos ossos longos, deformidades de bico, convulsões tetânicas
e fraturas patológicas. Por causa da dor, manifestações clínicas iniciais incluem relutância em
locomover-se e apatia (CARCIOFI, 1996). Fêmeas em postura podem apresentar ovos com
casca fina ou mole, atonia de útero e retenção de ovos no oviduto (HARRISON, 1986).
2.4.3 Osteopenia localizada
Osteopenia pode estar associada também com desuso mecânico, conforme relatado
por Freeman et al. (1999). Uma calopsita (Nymphicus hollandicus), macho, de sete anos de
idade, foi apresentada com história de uma semana de desuso do membro pélvico direito. Ao
exame radiográfico, osteopenia e atrofia muscular do membro pélvico direito, além de uma
massa em topografia de silhuetas renais, foram evidenciadas. Diagnóstico de adenocarcinoma
renal com compressão do nervo isquiático direito foi realizado.
13
BIESTER, H. E.; SCHWARTE, L. H. Diseases of poultry. 5. ed. Ames: Iowa State University Press, 1965.
p. 49, 159-163, 194.
46
2.4.4 Hiperostose poliostótica
Uma peculiaridade do sistema esquelético das aves é a formação de osso medular em
fêmeas antes da época de postura (DYCE et al., 1997). As fêmeas normalmente acumulam
cálcio no osso medular, cerca de 10 dias antes da oviposição, para a formação da casca do ovo
(OROSZ, 1997a). Este processo fisiológico, denominado hiperostose poliostótica ou
osteomieloesclerose (SMITH; SMITH, 1997), é estimulado por ações simultâneas de
estrógenos e andrógenos e coincide com a maturação de folículos ovarianos (MAZZUCO,
2005; SIMKISS
14
, 1967 apud THORP, 1994, p. 220-221).
Localizado na cavidade medular (MAZZUCO, 2005), o osso medular é formado por
inúmeras espículas ósseas interconectadas (KING; MCLELLAND, 1984), segundo ilustradas
no anexo E, figura 6. Exerce uma função de suporte (MILLER
15
, 1977 apud THORP, 1994, p.
220), aumentando a resistência do osso (MCLELLAND, 1991), mas atua também como uma
fonte de cálcio lábil (MILLER
15
, 1977 apud THORP, 1994, p. 220), fornecendo 40% do
cálcio exigido para a formação da casca do ovo (MEULLER
16
et al., 1964 apud THORP,
1994, p. 220). Aves são capazes de ovipor um ovo por dia (LOTHROP JUNIOR, 1996;
OROSZ, 1997a), em particular a galinha-doméstica (Gallus gallus domesticus) e a codorna-
doméstica (Coturnix coturnix japonica) (LOTHROP JUNIOR, 1996), requerendo, portanto,
grande quantidade de cálcio (OROSZ, 1997a).
A hiperostose poliostótica reflete uma condição normal quando associada à postura
de ovos (RUPLEY, 1999; SILVERMAN, 1987; SMITH; SMITH, 1997; WALSH, 1986).
Todavia, é considerada uma anormalidade quando ocorre em casos de hiperestrogenismo
(SMITH; SMITH, 1997). Deste modo, tem sido relatada em associação com cistos ou tumores
ovarianos, tumores de oviduto, e, ainda, em casos de sertolinomas nos machos (RUPLEY,
1999).
14
SIMKISS, K. Calcium in reproductive physiology. London: Chapman & Hall, 1967.
15
MILLER, S. C. Osteoclast cell-surface changes during the egg-laying cycle in japanese quail. Journal of
Cell Biology, v. 75, p. 104-118, 1977.
16
MEULLER, W. J.; SCHRAER, R.; SCHRAER, H. Calcium metabolism and skeletal dynamics of laying
pullets. Journal of Nutrition, v. 84, p. 20-26, 1964.
47
Stauber et al. (1990), relatam a ocorrência de um carcinoma de oviduto em uma
calopsita (Nymphicus hollandicus), fêmea, de 10 anos de idade, com hiperostose poliostótica
nos ossos longos dos membros torácicos e pélvicos.
Autores referem-se ao hiperestrogenismo como causador da hiperostose poliostótica
(KRAUTWALD-JUNGHANNS, 1996; MCMILLAN, 1994; SCHLUMBERGER, 1959).
Outros, entretanto, não sustentam essa hipótese, após terem mensurado as concentrações de
hormônios estrogênicos e androgênicos de 35 aves com hiperostose poliostótica
(BAUMGARTNER et al., 1995).
O primeiro relato de hiperostose poliostótica foi feito em 1934 por Kyes e Potter
(SCHLUMBERGER, 1959). No presente relato, a medula óssea de 850 pombos, incluindo
449 machos e 401 fêmeas, foi exposta e analisada mensalmente durante dois anos. Diferentes
graus de ossificação medular foram observados em 186 fêmeas, variando diretamente com o
tamanho dos folículos ovarianos. Macho algum mostrou ossificação medular.
O periquito-australiano (Melopsittacus undulatus) é a espécie mais freqüentemente
acometida (BAUMGARTNER et al., 1995; COLES, 1985; KOSTKA; KRAUTWALD-
JUNGHANNS, 1991; KOSTKA et al., 1988; KRAUTWALD-JUNGHANNS, 1996),
contudo, a condição de hiperostose poliostótica pode, também, ser vista ocasionalmente em
outras espécies (BAUMGARTNER et al., 1995; COLES, 1985).
Acomete principalmente os ossos longos dos membros (EVANS, 1986; KOSTKA;
KRAUTWALD-JUNGHANNS, 1991; KRAUTWALD-JUNGHANNS, 1996; LUMEIJ
17
,
1987 apud GOODMAN, 1996, p. 472; LUMEIJ, 1994; MCLELLAND, 1991; RUPLEY,
1999; SMITH; SMITH, 1997). A maioria (LUMEIJ
17
, 1987 apud GOODMAN, 1996, p. 472;
SCHLUMBERGER, 1959) ou, até mesmo, todo o sistema esquelético (KRAUTWALD-
JUNGHANNS, 1996), pode estar envolvido.
A hiperostose poliostótica é usualmente um achado acidental (COLES, 1985;
RUPLEY, 1999), não resultando em sintomas clínicos como queda alar, claudicação ou
17
LUMEIJ, J. A contribution to clinical investigative methods for birds, with special reference to the
racing pigeon, Columba livia domestica. Dissertation – School of Veterinary Medicine, State University
Utrecht. 1987.
48
fraturas (RUPLEY, 1999). Em galinhas-domésticas, a presença do osso medular aumenta o
peso do esqueleto em aproximadamente 20% (MCLELLAND, 1991). Hérnias abdominais,
aliadas à hiperostose poliostótica, ocorrem freqüentemente nas fêmeas de psitacídeos,
especialmente no periquito-australiano, como resultado de hiperestrogenismo (SMITH;
SMITH, 1997).
As alterações radiográficas podem adquirir uma aparência bizarra (SILVERMAN,
1987), uma vez que o osso medular é capaz de obliterar completamente a cavidade medular
dos ossos longos (LUMEIJ
18
, 1987 apud GOODMAN, 1996, p. 472; LUMEIJ, 1994).
Radiograficamente, nota-se um aumento da radiopacidade medular dos ossos longos,
particularmente do rádio, ulna, fêmur e tibiotarso (QUESENBERRY, 1997), de aspecto
homogêneo ou heterogêneo (MCMILLAN, 1994; RUPLEY, 1999).
O correto diagnóstico da hiperostose poliostótica tem sua maior importância na
diferenciação para com outras afecções que apresentam alterações radiográficas semelhantes
(DYCE et al., 1997). Assim, osteopetrose, neoplasia metastática, osteopatia hipertrófica,
doença ósseo-metabólica (LATIMER, 1994) e doença óssea infecciosa (QUESENBERRY,
1997), devem ser consideradas no diagnóstico diferencial.
2.4.5 Inflamatório-infecciosas
As principais vias de infecção que predispõem ao desenvolvimento de artrite séptica
e osteomielite em aves são: inoculação direta (por exemplo, fraturas expostas, feridas
penetrantes, infecção iatrogênica), extensão por contigüidade a partir de um foco infeccioso
(por exemplo, aerossaculite e pododermatite), e disseminação hematogênica (MCMILLAN,
1994).
18
LUMEIJ, J. A contribution to clinical investigative methods for birds, with special reference to the
racing pigeon, Columba livia domestica. Dissertation – School of Veterinary Medicine, State University
Utrecht. 1987.
49
2.4.5.1 Artrite
De ocorrência ocasional em aves, artrites normalmente resultam de traumas (SMITH;
SMITH, 1997). Outras causas, além dos traumas, são doenças infecciosas e distúrbios
metabólicos (ALTMAN, 1969). As alterações geralmente são unilaterais (ALTMAN, 1969) e
quanto à faixa etária, em especial as artrites do tipo supurativas, atingem predominantemente
aves entre seis e 12 meses de idade (JANOVSKI, 1966).
O processo de infecção instalado em aves com pododermatite séptica, especialmente
se não tratado, pode se propagar aos ossos e articulações adjacentes. Portanto, diante de casos
crônicos de pododermatite, as aves devem ser radiografadas, objetivando avaliar o grau de
envolvimento ósseo e/ou articular local (SMITH; SMITH, 1997; WALSH, 1986). Injúrias
ortopédicas localizadas nos membros pélvicos, com capacidade para afetar a sustentação do
peso corporal, podem predispor ao desenvolvimento da pododermatite (MARTIN; RITCHIE,
1994).
Osteomielites induzidas por bactérias podem estender-se por meio do osso cortical
para a articulação (DOIGE; WEISBRODE, 1998; MCMILLAN, 1994).
Associada à ausência da enzima uricase em aves (DOIGE; WEISBRODE, 1998), a
artrite induzida por cristais ocorre na gota, onde cristais de urato se depositam nas articulações
como resultado do aumento da concentração de ácido úrico no sangue (LOTHROP et al.,
1986). É comumente observada nas articulações intertársicas, tarsometatarsofalangeanas e
interfalangeanas dos membros pélvicos de periquitos-australianos (Melopsittacus undulatus)
(LOTHROP et al., 1986; RICH, 1991). Canários, além de periquitos-australianos, também são
afetados (ALTMAN, 1969).
Segundo o agente etiológico, as artrites infecciosas podem ser causadas por
diferentes microrganismos, a saber: Aspergillus sp, Escherichia coli, Mycobacterium sp,
Mycoplasma sp, Proteus sp, Pseudomonas sp, Salmonella sp, Staphylococcus sp,
Streptococcus sp (GYLSTORFF; GRIMM, 1987), Erysipelothrix rhusiopathiae,
Actinobacillus sp e Pasteurella multocida (GERLACH, 1994). Artrites assépticas são raras,
50
mas têm sido descritas por Mcmillan
19
(1982 apud KOSTKA et al., 1988, p. 38) em
decorrência de episódios traumáticos.
Artrite séptica é comumente observada nas articulações intertársicas (MCMILLAN,
1994; QUESENBERRY, 1997; WALSH, 1986), especialmente quando é secundária à
pododermatite (MCMILLAN, 1994). De acordo com Altman (1969) e Kostka et al. (1988), as
articulações tarsometatarsofalangeanas são os sítios principais das alterações ósseas,
resultantes da disseminação do processo de infecção de aves com pododermatite. Artrite
séptica associada a bactérias do gênero Salmonella, tem sido freqüentemente relatada em aves
pertencentes à ordem Columbiformes, família Columbidae (KOSTKA; KRAUTWALD-
JUNGHANNS, 1991; KOSTKA et al., 1988; QUESENBERRY, 1997), na articulação do
cotovelo (KOSTKA et al., 1988; QUESENBERRY, 1997).
O exame radiográfico é essencial na avaliação das artrites. Citologia e cultura do
líqüido sinovial, bem como biopsia da membrana sinovial, também são procedimentos úteis
para a obtenção de um diagnóstico definitivo (QUESENBERRY, 1997). Durante a fase
aguda, é provável existir pouca evidência radiográfica de artrite. Efusão articular pode ser a
única alteração radiográfica perceptível (MCMILLAN, 1994). Com a progressão da infecção,
as alterações radiográficas que se adicionam são: diminuição da interlinha articular
(KRAUTWALD-JUNGHANNS, 1996; MCMILLAN, 1994; RUPLEY, 1999), como resposta
da cartilagem articular lesada, osteólise e reação do periósteo nas regiões epifisária e
metafisária (MCMILLAN, 1994), esclerose subcondral e aumento de volume de tecidos
moles (KRAUTWALD-JUNGHANNS, 1996; RUPLEY, 1999). Ocasionalmente, luxação da
articulação afetada pode também ser evidenciada (MCMILLAN, 1994).
A evidência de osteólise, de extensão pronunciada, localizada nas superfícies
articulares, pode indicar uma artrite séptica (KOSTKA; KRAUTWALD-JUNGHANNS,
1991; RUPLEY, 1999).
A necropsia de um passere (Estrilda subflava subflava), macho, de seis meses de
idade, exposto a um ambiente de elevada contaminação fecal, exibiu graus variados de
destruição cartilagínea e óssea, localizados nas articulações interdigitais dos membros
19
MCMILLAN, M. C. Avian radiology. In: PETRAK, M. L. (Ed.). Diseases of cage and aviary birds.
Philadelphia: Lea & Febiger, 1982. p. 329-360.
51
pélvicos. A bactéria Escherichia coli foi isolada de diversas partes do corpo. O mecanismo
patogênico, entretanto, não foi determinado (JANOVSKI, 1966).
2.4.5.2 Osteomielite
Visto que extensões dos sacos aéreos invadem a cavidade medular de alguns ossos,
torna-se possível uma osteomielite resultar da extensão de uma aerossaculite, ou, de modo
inverso, uma aerossaculite resultar da extensão de uma osteomielite (MCKIBBEN;
HARRISON, 1986; MCMILLAN, 1994; SMITH; SMITH, 1992).
Diversos microrganismos m sido associados com osteomielite em aves, incluindo
Staphylococcus sp (GERLACH, 1994; GYLSTORFF; GRIMM, 1987), Escherichia coli,
Proteus vulgaris, Pseudomonas aeruginosa, Mycobacterium sp, além de fungos do gênero
Aspergillus (GYLSTORFF; GRIMM, 1987).
A osteomielite pode atingir diversos ossos do sistema esquelético, sendo mais
freqüente nas extremidades dos membros (MCMILLAN, 1994). Osteomielite dos ossos do
crânio normalmente é o resultado da extensão de infecções crônicas localizadas no trato
respiratório superior, como rinite e sinusite (KRAUTWALD-JUNGHANNS, 1996;
MCMILLAN, 1994), bem como de lesões periorbitais (MCMILLAN, 1994). Ao exame
radiográfico é observado um aumento de radiopacidade localizado nas cavidades nasais e
seios infraorbitários e, também, em estágio avançado, reação osteolítica nos ossos adjacentes
(KRAUTWALD-JUNGHANNS, 1996). Osteomielite vertebral é rara (MCMILLAN, 1994).
Estafilococose, infecção causada por Staphylococcus sp, pode acometer o segmento vertebral
torácico, e seqüelas incluem deformação vertebral, estreitamento de forame intervertebral e
compressão da medula espinhal (GERLACH, 1986). Cifose vertebral e compressão medular
adjacente foram observadas no exame pós-morte de pintos de corte, como resultado de uma
osteomielite localizada entre C
12
e T
1
, associada à presença de Aspergillus fumigatus (VEEN
et al., 1999).
Apesar dos escassos estudos existentes sobre o comportamento do osso às afecções
ósseas infecciosas e neoplásicas, a utilização do critério entre lesões ósseas não-agressivas
e lesões ósseas agressivas”, caracterizando, de modo geral, processos benignos e malignos,
52
respectivamente, tem sido certeiro em aves durante a avaliação radiográfica (EVANS, 1986),
pelo menos na experiência do próprio autor.
Osteólise é a alteração radiográfica sobressalente em casos de infecção óssea. Reação
do periósteo é pouco extensiva durante a fase aguda. Em casos de osteomielite fúngica ou
tuberculose (Mycobacterium sp), entretanto, esclerose medular, como resultado da formação
de granulomas, e exuberante reação do periósteo, podem ser percebidas na radiografia
(MCMILLAN, 1994). Alterações secundárias da doença incluem: disseminação hematogênica
a outros ossos (DOIGE; WEISBRODE, 1998), fraturas patológicas (DOIGE; WEISBRODE,
1998; WALSH, 1986; WILLIAMS, 2002) e seqüestros ósseos (DOIGE; WEISBRODE, 1998;
MCMILLAN, 1994; NEWTON; ZEITLIN, 1977).
Uma ou múltiplas áreas puntiformes de osteólise, circundadas por halo de esclerose,
são, também, sugestivas de infecções ósseas causadas por Mycobacterium sp (RUPLEY,
1999). Ossos longos, especialmente fêmur e tibiotarso, são os mais acometidos por infecções
micobacterianas. Alterações radiográficas associadas incluem aumento de radiopacidade
nodular (granulomas), em sobreposição aos campos pulmonares, silhuetas cardíaca e hepática,
e sistema digestório, além de aumento de volume das silhuetas hepática, esplênica e renal
(KRAUTWALD-JUNGHANNS, 1996).
Seqüestros ósseos são relativamente mais freqüentes em aves do que nos mamíferos
(EVANS, 1986). A formação de seqüestração é evidente na fase crônica da doença (DOIGE;
WEISBRODE, 1998; KEALY; MCALLISTER, 2000; MCMILLAN, 1994; NEWTON;
ZEITLIN, 1977; TOAL, 1986), e ocorre quando, nos locais de uma fratura composta,
fragmentos ósseos são contaminados e isolados de seu suprimento sangüíneo (DOIGE;
WEISBRODE, 1998). O exame radiográfico mostra uma esquírola óssea, geralmente mais
radiopaca que o normal, em razão do colapso do osso trabecular, e com um envoltório
radiotransparente (KEALY; MCALLISTER, 2000).
Segundo Kostka e Krautwald-Junghanns (1991), o chamado “triângulo de Codman”
pode ser observado nas afecções inflamatório-infecciosas. Ao contrário dos mamíferos, os
autores relatam que a sua presença frequentemente condiz com osteomielite. A alteração
radiográfica é caracterizada por um triângulo formado pelo levantamento do periósteo, com
deposição óssea lisa entre o periósteo levantado e o osso cortical adjacente (BERRY et al.,
2002).
53
Os achados radiográficos iniciais podem ser inconclusivos. O aparecimento das
primeiras alterações radiográficas pode levar de sete a 10 dias, após o início da infecção. Um
segundo estudo radiográfico, portanto, deve ser obtido em casos duvidosos (TOAL, 1986).
Procedimentos diagnósticos complementares incluem: anamnese, exame físico, hemograma,
análise bioquímica, urinálise, cultura sangüínea, citologia e cultura da região acometida
(BUBENIK, 2005).
2.4.6 Degenerativas
2.4.6.1 Doença articular degenerativa (DAD)
A artropatia degenerativa das articulações sinoviais caracteriza-se pela degeneração
da cartilagem articular. A progressão da doença freqüentemente está associada à formação de
fissuras na cartilagem articular, exposição do osso subcondral, formação de osteófitos
periarticulares e modelamento osteocondral. Acomete uma ou mais articulações, de animais
imaturos ou adultos (DOIGE; WEISBRODE, 1998).
DAD é uma condição rara encontrada em aves (ALTMAN
20
, 1982 apud PENCE,
1996a, p. 459). Associada à idade, artropatia dita primária, é comum em animais mais velhos,
como psitacídeos (ALTMAN
20
, 1982 apud PENCE, 1996a, p. 459; SMITH; SMITH, 1997) e
aves de bico macio, em inglês, “softbills” (ALTMAN
20
, 1982 apud PENCE, 1996a, p. 459).
Várias condições de estresses aplicadas à articulação têm sido implicadas na
evolução da DAD secundária (KEALY; MCALLISTER, 2000), incluindo: fraturas com
envolvimento da superfície articular, luxações e subluxações (WILLIAMS, 2002), bem como
infecção bacteriana, desnutrição e neoplasia (DEGERNES, 1994). Em aves com luxação
coxofemoral, alterações degenerativas têm sido observadas no membro contralateral, em
razão da sustentação anormal de peso (MACCOY, 1996).
As alterações ósseas podem representar achados incidentais ou serem previamente
suspeitadas como resultado do aparecimento de sintomas clínicos (DOIGE; WEISBRODE,
20
ALTMAN, R. B. Disorders of the skeletal system. In: PETRAK, M . L. (Ed.). Diseases of cage and aviary
birds. 2. ed. Philadelphia: Lea & Febiger, 1982. p. 386.
54
1998). As alterações radiográficas iniciais incluem efusão articular e diminuição da interlinha
radiográfica. A progressão da DAD está freqüentemente associada à esclerose do osso
subcondral e osteófitos periarticulares (MCMILLAN, 1994). A condição geralmente culmina
com a anquilose das superfícies articulares (GYLSTORFF; GRIMM, 1987).
A presença de osteófitos periarticulares na DAD denota instabilidade articular e
constitui uma das alterações radiográficas mais evidentes da doença (JOHNSTON, 2001;
WILLIAMS, 2002). Nas espécies pequenas, osteófitos periarticulares e efusão articular
podem passar despercebidas em razão do tamanho reduzido da articulação (WILLIAMS,
2002).
2.4.6.2 Espondilose vertebral
A formação de osteófitos ventrais nas epífises vertebrais é muito comum nas aves
idosas, como periquitos e papagaios, usualmente como um achado incidental (ARNALL;
KEYMER
21
, 1975 apud PENCE, 1996a, p. 459-460).
Doige e Weisbrode (1998) relatam o aparecimento de espondiloses vertebrais em
caninos, bovinos, suínos e eqüinos, como resultado da degeneração dos discos intervertebrais
e instabilidade da articulação intervertebral decorrente. Nas aves, acredita-se que tal condição
esteja relacionada à artrite vertebral (ARNALL; KEYMER
21
, 1975 apud PENCE, 1996a, p.
459).
2.4.7 Deformidades ósseas
Deformidade, do latim deformitate, sf., é uma irregularidade, desproporção ou
anormalidade de conformação; defeito; má-formação (FERREIRA, 2004). Diversas causas
têm sido associadas às deformidades do sistema esquelético, incluindo traumas, deficiências
nutricionais, anomalias congênitas, substrato de material inapropriado e mau posicionamento
embrionário (RUPLEY, 1999).
21
ARNALL, L.; KEYMER, I. F. Bird diseases. Neptune City, New Jersey: T. F. H. Publications, 1975. p. 218.
55
Exemplos de deformidades ósseas são: polidactilismo, sindactilismo, asas extras,
ausentes, pequenas ou anquilosadas, articulações anquilosadas, e desvios de eixo da coluna
vertebral. Curvaturas anormais da coluna vertebral, incluindo cifose, lordose e escoliose, são
de origem congênita, traumática ou nutricional (BENEZ, 2004). Espinha bífida, uma anomalia
de desenvolvimento, foi observada em psitacídeos e galinhas-domésticas (JOINER
22
, 1990
apud PENCE, 1996b, p. 467; LUTZ; LEPY
23
, 1958 apud PENCE, 1996b, p. 467). Ela é
caracterizada por um fechamento incompleto do arco vertebral, com protrusão ou não das
meninges (KEALY; MCALLISTER, 2000). Deformidades dos membros pélvicos estão entre
as mais comumente encontradas (ALTMAN, 1969; RUPLEY, 1999).
Relatam-se múltiplas deformidades ósseas congênitas em uma coruja-do-mato (Strix
aluco), de 45 a 50 dias de idade (BARREIRO et al., 2003). Achados de exames físico,
radiográfico e de necropsia, revelaram: ausência de várias falanges em ambas as asas,
deslocamento bilateral do rádio em relação ao carporradial, ausência do carpoulnar direito,
carpometacarpo bilateral reduzido, e tarsometatarso esquerdo parcialmente fundido e torcido.
2.4.8 Neoplásicas
Neoplasias ósseas primárias não são freqüentes nas espécies aviárias (KOSTKA;
KRAUTWALD-JUNGHANNS, 1991; KRAUTWALD-JUNGHANNS; HENDRICH-
SCHUSTER, 1996; MCMILLAN, 1994; RUPLEY, 1999). São particularmente comuns nos
periquitos e, na sua maioria, são malignas como os osteossarcomas (KOSTKA;
KRAUTWALD-JUNGHANNS, 1991). A maior parte das neoplasias ósseas ocorre
secundariamente a neoplasias de tecidos moles, como fibrossarcomas (MCMILLAN, 1994).
O desenvolvimento de metástases é raro (KOSTKA; KRAUTWALD-JUNGHANNS, 1991;
MCMILLAN, 1994).
Neoplasias específicas do sistema esquelético que têm sido relatadas em aves
incluem: condroma, condrossarcoma, osteoma, osteossarcoma e sarcoma de lulas sinoviais
(REAVILL, 2004). Osteossarcoma é a neoplasia óssea mais freqüentemente relatada nos
22
Informação fornecida por Joiner, em 1990. [S. l.].
23
LUTZ, H.; LEPY, M. Action du gaz carbonique sur le blastoderme non incube d’Oiseau. Bulletin de la
Societe Zoologique de France, v. 83, p. 76-81, 1958.
56
psitacídeos (HORST et al., 1996). De acordo com Rosskopf Junior e Woerpel (1991), os
periquitos-australianos (Melopsittacus undulatus) apresentam uma incidência particularmente
alta a diversos tipos de neoplasias.
Crânio e ossos longos estão entre as localizações mais freqüentes de neoplasias do
sistema musculoesquelético (AUSTIN
24
, 1988 apud RICH, 1991, p. 1143). Quanto à
localização nos ossos longos, neoplasias primárias são mais prevalentes nas regiões epifisárias
(BAUCK, 1996; CAMPBELL, 1986), como osteossarcomas e condrossarcomas.
Fibrossarcomas, como neoplasias secundárias, também têm sido encontradas próximas da
articulação (BAUCK, 1996).
Frost (1961), examinou 1.000 periquitos-australianos (Melopsittacus undulatus) entre
um ano e 10 meses no Hospital Veterinário de Beaumont em Londres. De um total de 199
aves com neoplasias, um osteossarcoma e um osteoma foram encontrados nos ossos longos
dos membros torácicos.
Entre 196 tumores, Petrak e Gilmore (1969) listaram três osteossarcomas. As aves
acometidas foram dois periquitos-australianos (Melopsittacus undulatus), um com quatro anos
de idade e o outro com sete, e um canário com um ano de idade. Os locais envolvidos foram
costela, rádio e ponta da asa.
Um osteossarcoma, originando-se da mandíbula esquerda, foi diagnosticado em um
Tordo-americano (Turdus migratorius), macho e adulto. O exame radiográfico revelou a
presença de uma leve reação proliferativa local. À necropsia, metástases não foram
evidenciadas (HARTUP; STEINBERG, 1996).
Deprimida e com incapacidade para voar, uma coruja (Strix varia), de vida livre,
adulta e do sexo masculino, foi apresentada ao Hospital Veterinário da Universidade de
Tennessee, nos Estados Unidos da América. Ao exame físico, uma massa de consistência
sólida foi identificada na extremidade proximal do rádio esquerdo. As alterações radiográficas
revelaram a presença de áreas tanto de destruição óssea como de neoformação. Um osteoma
24
AUSTIN, L. Selected noninfections conditions in handreared psittacines. In: Avian Pediatric Seminar
Proceedings. Union City, California, 1988. p. 71-79.
57
foi histologicamente identificado, sem quaisquer evidências de metástases (HAHN et al.,
1998).
Uma arapapá (Cochlearis cochlearius panamensis), de dois anos e seis meses de
idade, com claudicação de membro pélvico esquerdo, foi examinada em um parque zoológico
de Nova Iorque. Aos raios-X, foram notadas uma lesão mista na extremidade proximal do
tibiotarso e inúmeras formações nodulares de radiopacidade água sobrepondo-se à cavidade
celomática. Nos demais ossos longos, uma radiopacidade medular heterogênea predominava.
O exame radiográfico mais a biopsia e os achados de necropsia revelaram a presença de
diversos nódulos metastáticos de osteossarcoma localizados em todos os ossos longos e em
múltiplos tecidos moles da cavidade celomática (LIU et al., 1982).
O primeiro relato de sarcoma de células sinoviais em aves foi descrito recentemente
na articulação do cotovelo de uma Cacatua galerita, de 13 anos de idade (HORST et al.,
1996). Com a evolução da neoplasia, um grande potencial metastático foi desenvolvido, com
comprometimento tanto de tecidos moles, tais como laringe, fígado e baço, como de outros
ossos.
O estudo radiográfico é uma ferramenta valiosa no diagnóstico das neoplasias ósseas
(BAUCK, 1996; BEREGI et al., 1999). As alterações radiográficas são caracterizadas por
uma discreta à extensa área de osteólise, fraturas patológicas e aumento de volume de tecidos
moles (KOSTKA et al., 1988). Pouca ou nenhuma reação do periósteo é vista (KOSTKA et
al., 1988; RUPLEY, 1999). Neoplasias ósseas com acentuada reação do periósteo, entretanto,
podem também estar presentes (MCMILLAN, 1994).
Lesões ósseas infecciosas e neoplásicas tipicamente possuem a mesma aparência
radiográfica, sendo, portanto, de difícil distinção por meio dos achados radiográficos
(MCMILLAN, 1994; SMITH; SMITH, 1997; WALSH, 1986). Neoplasias ósseas, além de
infreqüentes, normalmente não atravessam o espaço articular (WALSH, 1986). Além das
informações obtidas através do exame físico, exames laboratoriais e exame radiográfico
(SCHMIDT, 1997), biopsia e cultura devem ser realizadas a fim de estabelecer um
diagnóstico preciso (SCHMIDT, 1997; SMITH; SMITH, 1997; WALSH, 1986). As
limitações da biopsia, segundo Coles (1996), incluem a experiência do profissional para a
execução da técnica e o tamanho da ave.
58
3 MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizados exames radiográficos de aves portadoras de alterações esqueléticas,
de espécies e idades variadas, que, após avaliação clínica realizada no Serviço de Ambulatório
de Aves do HOVET-FMVZ-USP, Campus de São Paulo, foram encaminhadas ao Serviço de
Diagnóstico por Imagem do referido Hospital, no período compreendido entre janeiro de 2000
a dezembro de 2004. A variável sexo não foi considerada nesse estudo (veja discussão).
Os exames foram obtidos através de levantamento realizado nos arquivos da
Disciplina de Diagnóstico por Imagem (VCI-513), do Departamento de Cirurgia da Faculdade
de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo.
O estudo foi aprovado pela Comissão de Bioética da FMVZ-USP, protocolo nº
753/2005, em 20/09/2005.
3.1 EXAME RADIOGRÁFICO
3.1.1 Equipamentos radiográficos
Os exames radiográficos foram realizados em aparelhos de radiodiagnóstico
convencionais, marca CGR, de 600 mAs e 130 kV, modelo Chenonceaux, e marca RAY TEC,
de 500 mA e 125 kV, modelo RT - 500/125, equipados com mesa radiográfica com grade e
sistema "Potter-Bucky" recipromático tipo "Par Speed" e ampola de raios-X de ânodo
giratório.
Os chassis metálicos utilizados, nas dimensões requeridas de acordo com o tamanho
do animal, portavam telas intensificadoras
25
e filmes radiográficos
26
. Eles foram posicionados
diretamente sobre a mesa radiográfica, não requerendo o uso de grade antidifusora.
Os filmes radiográficos foram revelados e fixados em Processadora Automática
27
,
após identificação luminosa apropriada.
Todos os exames radiográficos foram realizados respeitando-se as normas de
proteção radiológica.
25
Kodak Lanex Regular Screens, Eastman Kodak Company.
26
T-MAT G/RA e MXG/Plus, Kodak Brasileira Com. Ind. Ltda.
27
RP X-OMAT Processor, Eastman Kodak Company.
59
3.1.2 Métodos de contenção
Os dois principais métodos de contenção utilizados foram manual, com o auxílio dos
proprietários, e física, com o auxílio de alguns artefatos, tais como luvas plumbíferas, fitas
adesivas e sacos de areia. A contenção química, por meio de sedativos e/ou anestésicos,
raramente foi utilizada.
3.1.3 Posicionamentos radiográficos
Os animais foram posicionados diretamente sobre o chassi metálico. Os
posicionamentos radiográficos utilizados foram dependentes da região a ser radiografada. De
modo geral, foram realizadas radiografias de corpo inteiro, variando de decúbito lateral direito
ou esquerdo, no caso das projeções laterolaterais, e em decúbito dorsal, no caso da projeção
ventrodorsal.
3.1.4 Técnicas radiográficas
As técnicas radiográficas utilizadas basearam-se no método que relaciona a
quilovoltagem e a miliamperagem-segundo com a espessura da região a ser radiografada.
3.2 ANÁLISE DAS RADIOGRAFIAS
Os exames radiográficos foram individualmente analisados, descrevendo-se todas as
alterações radiográficas encontradas nas diversas afecções do sistema esquelético. As
informações clínicas contidas nos prontuários desses animais, assim como as alterações
radiográficas observadas na cavidade celomática, também foram analisadas.
60
3.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Os resultados obtidos foram expressos mediante a distribuição numérica e percentual
e apresentados sob a forma de tabelas e quadros.
Em situações consideradas pertinentes, utilizou-se o Teste de Igualdade de Duas
Proporções, ao nível de 5% de significância (p < 0,05), com a finalidade de comparar se a
proporção de respostas entre duas determinadas variáveis e/ou seus níveis é estatisticamente
significante. Existindo tendência à significância (0,05 < p < 0,10), os valores de p foram
considerados significantes.
3.4 DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA
Algumas radiografias foram selecionadas para a documentação fotográfica, com o
objetivo de ilustrar a ampla variedade de alterações radiográficas encontradas no sistema
esquelético de aves.
61
4 RESULTADOS
Foram analisados exames radiográficos de 201 aves nacionais e exóticas. A análise
das alterações radiográficas, muitas delas observadas conjuntamente, permitiu o diagnóstico
das seguintes afecções ósseas e/ou articulares:
traumáticas;
doença ósseo-metabólica;
hiperostose poliostótica;
inflamatório-infecciosas;
degenerativas.
As alterações radiográficas, além de limitadas, podem ser comuns a várias afecções.
Assim, quatro categorias adicionais de resultados foram elaboradas:
osteopenia localizada;
deformidades ósseas;
alterações ósseas agressivas;
alterações inespecíficas.
A distribuição dos 201 animais, segundo as ordens e alterações radiográficas
observadas, está demonstrada nas tabelas 1 a 3.
62
Tabela 1 – Distribuição numérica (N) e percentual (%) de 201 aves, segundo a taxonomia. HOVET-FMVZ-USP, 2000-2004
Ordem Família Nome científico Nome comum N %
Anser cygnoides Ganso chinês 1 0,50
ANSERIFORMES Anatidae
(não consta) Ganso 3 1,49
Columba livia domestica Pombo-doméstico 8 3,98
Columbina talpacoti Rolinha 3 1,49
COLUMBIFORMES Columbidae
Goura cristata Pomba-goura 1 0,50
FALCONIFORMES Falconidae Polyborus plancus Caracará 1 0,50
Gallus gallus domesticus Galinha-doméstica 5 2,49
Numida meleagris Galinha-da-índia 1 0,50
Pavo cristatus Pavão-ombros-negros 1 0,50
GALLIFORMES Phasianidae
Phasianus colchicus Faisão 1 0,50
Cariamidae Cariama cristata Siriema 1 0,50
Gruidae Balearica pavonina Grou coroado 2 1,00
Saltator similis Pixarro 1 0,50
Sicalis flaveola Canário-da-terra 2 1,00
Emberizidae
(não consta) Sanhaço 1 0,50
Estrildidae Taeniopygia guttata Diamante-mandarim 2 1,00
Canário-belga 2 1,00
Fringillidae Serinus canarius
Canário-do-reino 4 1,99
Gnorimopsar chopi Pássaro-preto 3 1,49
Icteridae
Icterus jamacaii Corrupião 1 0,50
Sturnidae (não consta) Mainá 3 1,49
Tyrannidae (não consta) Bentevi 2 1,00
GRUIFORMES
(não consta) (não consta) Canário 12 5,97
PHOENICOPTERIFORMES Phoenicopteridae Phoenicopterus ruber Flamingo-comum 1 0,50
Ramphastos toco Tucanuçu 4 1,99
PICIFORMES Ramphastidae
(não consta) Tucano 2 1,00
Cacatua alba Cacatua-branca 1 0,50
Cacatua galerita Cacatua-de-crista-amarela 1 0,50
Cacatuidae
Nymphicus hollandicus Calopsita 6 2,99
Loriidae Trichoglossus haematodus Lóris arco-íris 1 0,50
Agapornis sp Agapornis 7 3,48
Amazona aestiva Papagaio-verdadeiro 45 22,39
Amazona aestiva
xanthopteryx
Papagaio-verdadeiro-do-
sul
3 1,49
Amazona amazonica Papagaio-do-mangue 6 2,99
Amazona rhodocorytha Chauá 1 0,50
Anodorhynchus sp Arara-azul 1 0,50
Ara ararauna Arara-canindé 6 2,99
Ara chloroptera Arara-vermelha 1 0,50
Aratinga aurea Jandaia-coquinho 1 0,50
Aratinga leucophthalmus Periquitão-maracanã 3 1,49
Brotogeris sp Periquito-brotogeris 1 0,50
Brotogeris tirica Periquito-rico 1 0,50
Brotogeris viridissimus Periquito-verde 4 1,99
Melopsittacus undulatus Periquito-australiano 16 7,96
Pionus maximiliani Maritaca 2 1,00
Platycercus elegans Rosela-elegante 1 0,50
Psittacula alexandri Moustache 1 0,50
Psittacula krameri Periquito-de-colar 1 0,50
Psittacus erithacus Papagaio-africano 1 0,50
(não consta) Papagaio 18 8,96
PSITTACIFORMES
Psittacidae
(não consta) Periquito 1 0,50
STRIGIFORMES (não consta) (não consta) Coruja 3 1,49
Total
20
1
100,0
0
63
Tabela 2 Distribuição numérica (N) e percentual
(%) de 201 aves analisadas, segundo as ordens.
HOVET-FMVZ-USP, 2000-2004
Ordem N %
1 PSITTACIFORMES 130 64,68
2 PASSERIFORMES 33 16,42
3 COLUMBIFORMES 12 5,97
4 GALLIFORMES 8 3,98
5 PICIFORMES 6 2,99
6 ANSERIFORMES 4 1,99
7 GRUIFORMES 3 1,49
8 STRIGIFORMES 3 1,49
9 FALCONIFORMES 1 0,50
10 PHOENICOPTERIFORMES 1 0,50
Total 201 100,00
Tabela 3 – Distribuição numérica (N) e percentual
(%) de 201 aves analisadas, segundo os resultados
apresentados. HOVET-FMVZ-USP, 2000-2004
Resultado N %
1 Traumáticas 94 46,77
2 Doença ósseo-metabólica 48 23,88
3 Hiperostose poliostótica 34 16,92
4 Inflamatório-infecciosas 27 13,43
5 Degenerativas 15 7,46
6 Osteopenia localizada 13 6,47
7 Deformidades ósseas 9 4,48
8 Alterações ósseas agressivas 4 1,99
9 Alterações inespecíficas 2 1,00
Total 201 100,00
64
4.1 AFECÇÕES TRAUMÁTICAS
A distribuição dos 94 animais com afecções traumáticas, segundo as espécies,
idades, localizações e alterações radiográficas, está demonstrada nas tabelas 4 a 11.
Tabela 4 – Distribuição numérica (N) e percentual (%) de 94 aves com
afecções traumáticas, segundo as espécies. HOVET-FMVZ-USP,
2000-2004
Ordem Nome comum N %
ANSERIFORMES Ganso 1 1,06
Pombo-doméstico 6 6,38
COLUMBIFORMES
Rolinha 1 1,06
FALCONIFORMES Caracará 1 1,06
Grou coroado 2 2,13
GRUIFORMES
Siriema 1 1,06
Bentevi 1 1,06
Canário 1 1,06
Canário-da-terra 2 2,13
Canário-do-reino 3 3,19
Corrupião 1 1,06
PASSERIFORMES
Pássaro-preto 3 3,19
PHOENICOPTERIFORMES Flamingo-comum 1 1,06
Tucano 2 2,13
PICIFORMES
Tucanuçu 3 3,19
Agapornis 2 2,13
Arara-azul 1 1,06
Arara-canindé 6 6,38
Cacatua-branca 1 1,06
Calopsita 3 3,19
Jandaia-coquinho 1 1,06
Lóris arco-íris 1 1,06
Maritaca 2 2,13
Papagaio 11 11,70
Papagaio-do-mangue 3 3,19
Papagaio-verdadeiro 26 27,66
Periquitão-maracanã 2 2,13
Periquito-australiano 1 1,06
Periquito-brotogeris 1 1,06
PSITTACIFORMES
Periquito-verde 3 3,19
STRIGIFORMES Coruja 1 1,06
Total 94 100,00
65
Tabela 5 Distribuição numérica (N) e
percentual (%) de 94 aves com afecções
traumáticas, segundo as ordens. HOVET-
FMVZ-USP, 2000-2004
Ordem N %
PSITTACIFORMES 64 68,09
PASSERIFORMES 11 11,70
COLUMBIFORMES 7 7,45
PICIFORMES 5 5,32
GRUIFORMES 3 3,19
ANSERIFORMES 1 1,06
FALCONIFORMES 1 1,06
PHOENICOPTERIFORMES 1 1,06
STRIGIFORMES 1 1,06
Total 94 100,00
Tabela 6 Distribuição
numérica (N) e percentual (%)
de 94 aves com afecções
traumáticas, segundo as
idades. HOVET-FMVZ-USP,
2000-2004
Idade (anos) N %
1
29 30,85
2-3 17 18,09
4-5 8 8,51
6-7 6 6,38
8-9 1 1,06
10
14 14,89
Não consta 19 20,21
Total 94 100,00
Tabela 7 – Distribuição numérica (N) e percentual
(%) de 94 aves com afecções traumáticas, segundo o
tipo de trauma. HOVET-FMVZ-USP, 2000-2004
Aves Ocorrências
Tipo de trauma
N % N %
Fraturas 70 74,47 86 68,80
Luxações 24 25,53 26 20,80
Amputações ósseas 10 10,64 13 10,40
Total 94 100,00 125 100,00
O trauma mais prevalente é a fratura, com 74,47% das aves acometidas, proporção
estatisticamente significativa. Lembramos que os percentuais foram calculados para o total de
aves com afecções traumáticas, ou seja, 94. Assim, a soma dos percentuais passou de 100%,
pois uma ave pode ter mais do que um tipo de trauma.
66
Tabela 8 Distribuição
numérica (N) e percentual (%)
de 86 fraturas, segundo as
localizações. HOVET-FMVZ-
USP, 2000-2004
Localização N %
Tibiotarso 32 37,21
Úmero 16 18,60
Rádio 9 10,47
Ulna 8 9,30
Fêmur 7 8,14
Tarsometatarso 5 5,81
Escápula 3 3,49
Sinsacro 2 2,33
Coracóide 1 1,16
Dígito 1 1,16
Fíbula 1 1,16
Metacarpo 1 1,16
Total 86 100,00
Tabela 9 Distribuição numérica
(N) e percentual (%) de 86 fraturas,
segundo as localizações. HOVET-
FMVZ-USP, 2000-2004
Localização N %
Membros pélvicos 45 52,33
Membros torácicos 35 40,70
Cíngulo torácico 4 4,65
Coluna vertebral 2 2,33
Total 86 100,00
Embora exista um maior percentual de fraturas localizadas nos membros pélvicos (n
= 45, 52,33%), não houve diferença estatisticamente significativa quando comparada com o
percentual de fraturas localizadas nos membros torácicos (n = 35, 40,70%).
Fraturas de antebraço foram identificadas em 12 aves, sendo cinco (41,67%) com
fratura tanto de rádio quanto de ulna e sete (58,33%) com fratura somente de um dos ossos,
não havendo diferença estatisticamente significativa.
67
Tabela 10 Distribuição numérica
(N) e percentual (%) de 26 luxações,
segundo as localizações. HOVET-
FMVZ-USP, 2000-2004
Localização N %
Fêmorotibiotársica 12 46,15
Coxofemoral 4 15,38
Úmero-rádio-ulnar 4 15,38
Intertársica 2 7,69
Carporradial 1 3,85
Coracóideoesternal 1 3,85
Interfalangeana 1 3,85
Sacrococcígea 1 3,85
Total 26 100,00
Tabela 11 Distribuição numérica (N) e
percentual (%) de 13 amputações ósseas,
segundo as localizações. HOVET-FMVZ-USP,
2000-2004
Localização N %
Extremidades distais de membros
10
76,92
Bico 2 15,38
Osso longo 1 7,69
Total 13
100,00
68
4.2 DOENÇA ÓSSEO-METABÓLICA (DOM)
As tabelas 12 a 15 elucidam os resultados encontrados para DOM.
Tabela 12 Distribuição numérica (N) e percentual (%) de 48
aves com doença ósseo-metabólica, segundo as espécies.
HOVET-FMVZ-USP, 2000-2004
Ordem Nome comum N %
ANSERIFORMES Ganso 1 2,08
Pombo-doméstico 2 4,17
COLUMBIFORMES
Rolinha 1 2,08
GALLIFORMES Galinha-doméstica 3 6,25
Bentevi 1 2,08
Canário 4 8,33
Canário-belga 1 2,08
Canário-da-terra 1 2,08
Pixarro 1 2,08
PASSERIFORMES
Sanhaço 1 2,08
Calopsita 3 6,25
Moustache 1 2,08
Papagaio 4 8,33
Papagaio-africano 1 2,08
Papagaio-verdadeiro 13 27,08
Periquito 1 2,08
Periquito-australiano 6 12,50
PSITTACIFORMES
Periquito-rico 1 2,08
STRIGIFORMES Coruja 2 4,17
Total 48 100,00
Tabela 13 Distribuição
numérica (N) e percentual (%)
de 48 aves com doença ósseo-
metabólica, segundo as idades.
HOVET-FMVZ-USP, 2000-
2004
Idade (anos) N %
1
30 62,50
2-3 2 4,17
4-5 4 8,33
6-7 2 4,17
8-9 2 4,17
10
2 4,17
Não consta 6 12,50
Total 48 100,00
69
Tabela 14 – Distribuição numérica (N) e percentual (%) de 48 aves com doença
ósseo-metabólica, segundo as alterações radiográficas. HOVET-FMVZ-USP,
2000-2004
Alteração radiográfica N %
Adelgaçamento de corticais ósseos 45
93,75
Osteopenia generalizada 45
93,75
Fraturas 30
62,50
Deformidades angulares de membros 12
25,00
Deformidades angulares de coluna vertebral 6 12,50
Deformidades angulares de costelas 5 10,42
Radiopacidade óssea generalizada normal 3 6,25
Deformidades angulares de cíngulo pélvico 2 4,17
Luxações 2 4,17
Alargamento dos discos epifisários e das extremidades articulares
1 2,08
Total 48
100,00
Tabela 15 Distribuição
numérica (N) e percentual (%)
de 71 fraturas patológicas,
segundo as localizações.
HOVET-FMVZ-USP, 2000-
2004
Localização N %
Tibiotarso 29 40,85
Fêmur 12 16,90
Úmero 12 16,90
Fíbula 5 7,04
Ulna 4 5,63
Coracóide 3 4,23
Escápula 2 2,82
Clavícula 1 1,41
Rádio 1 1,41
Sinsacro 1 1,41
Tarsometatarso 1 1,41
Total 71 100,00
As duas luxações identificadas foram observadas nas articulações intertársicas.
70
4.3 HIPEROSTOSE POLIOSTÓTICA
Tabela 16 – Distribuição numérica (N) e percentual (%) de 34
aves com hiperostose poliostótica, segundo as espécies.
HOVET-FMVZ-USP, 2000-2004
Ordem Nome comum N %
COLUMBIFORMES Pombo-doméstico 3 8,82
Galinha-da-índia 1 2,94
GALLIFORMES
Galinha-doméstica 1 2,94
Canário 7 20,59
Canário-belga 1 2,94
Canário-do-reino 1 2,94
PASSERIFORMES
Diamante-mandarim 2 5,88
Agapornis 1 2,94
Papagaio 1 2,94
Papagaio-do-mangue 3 8,82
Papagaio-verdadeiro 3 8,82
Periquito-australiano 9 26,47
PSITTACIFORMES
Periquito-de-colar 1 2,94
Total 34 100,00
Tabela 17 Distribuição
numérica (N) e percentual (%)
de 34 aves com hiperostose
poliostótica, segundo as
idades. HOVET-FMVZ-USP,
2000-2004
Idade (anos) N %
1
7 20,59
2-3 12 35,29
4-5 5 14,71
6-7 5 14,71
8-9 0 0,00
10
4 11,76
Não consta 1 2,94
Total 34 100,00
A faixa etária com maior prevalência dos dados é a de 2-3 anos (35,29%), e, segundo
o quadro de p-valores, somente não possui diferença estatisticamente significante em relação
aos animais com idade menor ou igual a um ano (20,59%) (p = 0,177).
71
Ave (número)
Crânio
Coluna vertebral
Costelas
Esterno
Cíngulo torácico
Cíngulo pélvico
Úmeros
Rádios
Ulnas
Carpos
Carpometacarpos
Dígitos
Fêmores
Tibiotarsos
Tarsometatarsos
Dígitos
Total
1
6
2
6
3
2
4
10
5
14
6
8
7
6
8
10
9
4
10
7
11
2
12
2
13
14
14
7
15
7
16
8
17
1
18
3
19
6
20
12
21
14
22
12
23
4
24
14
25
1
26
14
27
2
28
6
29
12
30
13
31
13
32
2
33
10
34
13
Total 10 22 9 4 19 10 21 24 26 12 15 12 31 31 12 7
Quadro 1 – Sítios de hiperostose poliostótica identificados em 34 aves. HOVET-FMVZ-USP, 2000-2004
72
Tabela 18 Distribuição numérica (N) e percentual (%) de 34 aves
com hiperostose poliostótica, segundo as localizações. HOVET-
FMVZ-USP, 2000-2004
Localização N % Localização N %
Fêmores 31 91,18 Carpos 12 35,29
Tibiotarsos 31 91,18 Falanges torácicas 12 35,29
Ulnas 26 76,47 Tarsometatarsos 12 35,29
Rádios 24 70,59 Cíngulo pélvico 10 29,41
Coluna vertebral 22 64,71 Crânio 10 29,41
Úmeros 21 61,76 Costelas 9 26,47
Cíngulo torácico 19 55,88 Falanges pélvicas 7 20,59
Carpometacarpos 15 44,12 Esterno 4 11,76
Total 34 100,00
Total 34 100,00
Vinte aves (58,82%) exibiram padrão heterogêneo de esclerose medular e 14 aves
(41,18%), padrão homogêneo. Embora exista um percentual maior de esclerose medular
heterogênea em relação ao percentual de esclerose medular homogênea, essa diferença não foi
estatisticamente significante (p = 0,146).
73
4.4 AFECÇÕES INFLAMATÓRIO-INFECCIOSAS
Os resultados referentes aos animais com afecções inflamatório-infecciosas
encontram-se nas tabelas 19 a 25.
Tabela 19 Distribuição numérica (N) e percentual (%) de 20
aves com osteomielite, segundo as espécies. HOVET-FMVZ-
USP, 2000-2004
Ordem Nome comum N %
COLUMBIFORMES Rolinha 1 5
FALCONIFORMES Caracará 1 5
PASSERIFORMES Canário 1 5
PICIFORMES Tucanuçu 1 5
Agapornis 2 10
Cacatua-de-crista-amarela 1 5
Chauá 1 5
Papagaio 3 15
Papagaio-verdadeiro 5 25
Papagaio-verdadeiro-do-sul 2 10
Periquito 1 5
PSITTACIFORMES
Periquito-verde 1 5
Total 20 100
Tabela 20 Distribuição
numérica (N) e percentual (%)
de 20 aves com osteomielite,
segundo as idades. HOVET-
FMVZ-USP, 2000-2004
Idade (anos) N %
1
2 10,00
2-3 1 5,00
4-5 1 5,00
6-7 2 10,00
8-9 1 5,00
10
6 30,00
Não consta 7 35,00
Total 20 100,00
A freqüência observada para os animais com idade maior ou igual a 10 anos, quando
comparada com as demais faixas etárias, o mostrou diferença estatisticamente significante
em relação aos animais com idade menor ou igual a um ano e entre seis e sete anos (p =
0,114).
Das 20 aves com osteomielite, três (15,00%) apresentaram alterações ósseas em mais
de uma localização. O úmero foi a localização mais afetada, com 35,00% (n = 7) do total de
aves. Entretanto, averiguou-se que o existe diferença estatisticamente significante dos
valores percentuais do úmero em relação ao tibiotarso (p = 0,288). Das sete aves com
alterações ósseas no úmero, duas (28,57%) exibiram alterações bilaterais.
A alteração óssea prevalente foi reação do periósteo, com 45,00% (n = 9) do total de
aves com osteomielite. A freqüência observada, quando comparada com as demais alterações
ósseas, não mostrou diferença estatisticamente significante para esclerose (p = 0,749).
74
Tabela 21 Distribuição numérica (N) e
percentual (%) de 20 aves com osteomielite,
segundo as localizações. HOVET-FMVZ-USP,
2000-2004
Aves Ocorrências
Localização
N % N %
Úmero 7 35,00 9 33,33
Tibiotarso 4 20,00 4 14,81
Bula timpânica 2 10,00 2 7,41
Fêmur 2 10,00 2 7,41
Ulna 2 10,00 2 7,41
Bico 1 5,00 1 3,70
Coracóide 1 5,00 1 3,70
Escápula 1 5,00 1 3,70
Esterno 1 5,00 1 3,70
Falange 1 5,00 2 7,41
Osso frontal 1 5,00 1 3,70
Tarsometatarso 1 5,00 1 3,70
Total 20 100,00 27 100,00
Tabela 22 Distribuição numérica (N) e percentual (%) de 20
aves com osteomielite, segundo as alterações radiográficas.
HOVET-FMVZ-USP, 2000-2004
Aves Ocorrências
Alteração
N % N %
Reação do periósteo 9 45,00 13 32,50
Esclerose 8 40,00 11 27,50
Osteólise de corticais 4 20,00 4 10,00
Esclerose puntiforme 3 15,00 5 12,50
Osteólise 3 15,00 3 7,50
Osteólise envolta por esclerose 2 10,00 2 5,00
Osteólise puntiforme 1 5,00 1 2,50
Seqüestro ósseo 1 5,00 1 2,50
Total 20 100,00 40 100,00
75
Tabela 23 Distribuição numérica (N) e percentual (%) de
sete aves com artrite, segundo as espécies. HOVET-FMVZ-
USP, 2000-2004
Ordem Nome comum N %
COLUMBIFORMES Pomba-goura 1 14,29
PASSERIFORMES Mainá 3 42,86
Papagaio-verdadeiro 2 28,57
PSITTACIFORMES
Rosela-elegante 1 14,29
Total 7 100,00
Tabela
24
Distribuição
numérica (N) e percentual
(%) de sete aves com artrite,
segundo as idades. HOVET-
FMVZ-USP, 2000-2004
Idade (anos) N %
1
4 57,14
2-3 2 28,57
4-5 0 0,00
6-7 0 0,00
8-9 0 0,00
10
1 14,29
Total 7 100,00
Tabela 25 Distribuição numérica (N) e percentual (%) de sete
aves com artrite, segundo as alterações radiográficas. HOVET-
FMVZ-USP, 2000-2004
Aves Ocorrências
Alteração
N % N %
Osteólise subcondral 6 85,71 9 37,50
Esclerose subcondral 4 57,14 7 29,17
Mineralização de tecidos moles 4 57,14 7 29,17
Aumento de interlinha radiográfica 1 14,29 1 4,17
Total 7 100,00 24 100,00
Não houve diferença estatisticamente significante entre as ordens (p = 0,237).
Temos que 57,14% das aves com alterações radiográficas compatíveis com artrite,
possuem idade menor ou igual a um ano. Segundo o quadro de p-valores, entretanto, este
percentual não foi estatisticamente significante em relação a faixa etária de dois a três anos (p
= 0,280).
Todas as alterações radiográficas localizaram-se na articulação intertársica, sendo
bilateralmente simétricas em seis aves (85,71%). A alteração óssea prevalente (osteólise
subcondral), identificada em 85,71% das aves, somente foi estatisticamente significante em
relação ao percentual de aumento de interlinha radiográfica (14,29%).
76
4.5 AFECÇÕES DEGENERATIVAS
Os resultados referentes às afecções degenerativas encontram-se nas tabelas 26 a 29.
Tabela 26 Distribuição numérica (N) e percentual (%) de 15 aves
com afecções degenerativas, segundo as espécies. HOVET-FMVZ-
USP, 2000-2004
Ordem Nome comum N %
ANSERIFORMES Ganso-chinês 1 6,67
COLUMBIFORMES Pomba-goura 1 6,67
Faisão 1 6,67
GALLIFORMES
Galinha-doméstica 1 6,67
Canário 1 6,67
PASSERIFORMES
Mainá 3 20,00
Papagaio-do-mangue 1 6,67
Papagaio-verdadeiro 3 20,00
Papagaio-verdadeiro-do-sul 1 6,67
PSITTACIFORMES
Periquito-australiano 2 13,33
Total 15 100,00
Tabela 27 Distribuição
numérica (N) e percentual (%)
de 15 aves com afecções
degenerativas, segundo as
idades. HOVET-FMVZ-USP,
2000-2004
Idade (anos) N %
1
4 26,67
2-3 2 13,33
4-5 0 0,00
6-7 2 13,33
8-9 1 6,67
10
5 33,33
Não consta 1 6,67
Total 15 100,00
77
Não houve diferença estatisticamente significante entre Psittaciformes (46,67%) e
Passeriformes (26,67%) (p = 0,256).
A faixa etária com maior prevalência dos dados é a de idade maior ou igual a 10 anos
(33,33%), e, segundo o quadro de p-valores, somente possui diferença estatisticamente
significante em relação aos animais com idade entre 8-9 anos (6,67%).
Tabela 28 – Distribuição numérica (N) e percentual (%) de
15 aves com afecções degenerativas, segundo as
localizações. HOVET-FMVZ-USP, 2000-2004
Aves Ocorrências
Articulação
N % N %
Intertársica 7 46,67 12 46,15
Fêmorotibiotársica 3 20,00 5 19,23
Coxofemoral 2 13,33 4 15,38
Intervertebral 2 13,33 2 7,69
Escápuloumeral 1 6,67 2 7,69
Tarsometatarsofalangeana 1 6,67 1 3,85
Total 15 100,00 26 100,00
Tabela 29 Distribuição numérica (N) e percentual (%) de 15 aves
com afecções degenerativas, segundo as alterações radiográficas.
HOVET-FMVZ-USP, 2000-2004
Aves Ocorrências
Alteração
N % N %
Osteófitos periarticulares 15 100,00 16 55,17
Esclerose subcondral 6 40,00 6 20,69
Diminuição de interlinha radiográfica 3 20,00 3 10,34
Mineralização de tecidos moles 3 20,00 3 10,34
Anquilose 1 6,67 1 3,45
Total 15 100,00 29 100,00
78
A articulação mais prevalente é a intertársica, com 46,67% de aves acometidas.
Segundo o quadro de p-valores, não houve diferença estatisticamente significante deste
percentual para o da articulação fêmorotibiotársica (20,00%) (p = 0,121).
Nas duas aves com espondilose vertebral, os osteófitos eram ventrais e localizavam-
se no segmento torácico. Juntamente com os osteófitos, esclerose de faces articulares também
foi perceptível.
Segundo a distribuição das alterações radiográficas, nove (60,00%) aves exibiram
alterações bilaterais e seis (40,00%) unilaterais, não havendo diferença estatisticamente
significante (p = 0,273). As articulações acometidas com alterações ósseas bilaterais foram
coxofemoral, escápuloumeral, fêmorotibiotársica e intertársica.
79
4.6 OSTEOPENIA LOCALIZADA
Adiante, estão apresentadas tabelas 30 a 32, ilustrando os resultados observados para
osteopenia localizada.
Tabela 30 Distribuição numérica (N) e percentual (%) de 13
aves com osteopenia localizada, segundo as espécies.
HOVET-FMVZ-USP, 2000-2004
Ordem Nome comum N %
COLUMBIFORMES Pombo-doméstico 1 7,69
Canário-belga 1 7,69
Corrupião 1 7,69
PASSERIFORMES
Mainá 2 15,38
PICIFORMES Tucano 1 7,69
Arara-canindé 1 7,69
Calopsita 1 7,69
Papagaio-verdadeiro 2 15,38
Periquitão-maracanã 1 7,69
Periquito-australiano 1 7,69
PSITTACIFORMES
Periquito-verde 1 7,69
Total 13 100,00
Não foi encontrada diferença estatisticamente significante entre Psittaciformes e
Passeriformes (p = 0,234).
Tabela 31 Distribuição
numérica (N) e percentual (%)
de 13 aves com osteopenia
localizada, segundo as idades.
HOVET-FMVZ-USP, 2000-
2004
Idade (anos) N %
1
6 46,15
2-3 2 15,38
4-5 2 15,38
6-7 0 0,00
8-9 0 0,00
10
1 7,69
Não consta 2 15,38
Total 13 100,00
80
Tabela 32 Distribuição numérica (N) e percentual (%)
de 13 aves com osteopenia localizada, segundo as
localizações. HOVET-FMVZ-USP, 2000-2004
Aves Ocorrências
Localização
N % N %
Tarsometatarso e dígitos 6 46,15 9 42,86
Coluna vertebral 4 30,77 4 19,05
Crânio 2 15,38 2 9,52
Dígitos 2 15,38 4 19,05
Membro pélvico 1 7,69 1 4,76
Tibiotarso 1 7,69 1 4,76
Total 13 100,00 21 100,00
O percentual de tarsometatarso e dígitos (46,15%) foi estatisticamente significante
em relação aos percentuais das demais localizações, a exceção da coluna vertebral (30,77%)
(p = 0,420).
81
4.7 DEFORMIDADES ÓSSEAS
Os resultados obtidos a partir do exame radiográfico para deformidades ósseas são
apresentados nas tabelas 33 a 36.
Tabela 33 Distribuição numérica (N) e percentual (%)
de nove aves com deformidades ósseas, segundo as
espécies. HOVET-FMVZ-USP, 2000-2004
Ordem Nome comum N
%
ANSERIFORMES Ganso 1
11,11
Galinha-doméstica 1
11,11
GALLIFORMES
Pavão-ombros-negros
1
11,11
PASSERIFORMES Mainá 3
33,33
Arara-canindé 1
11,11
Arara-vermelha 1
11,11
PSITTACIFORMES
Papagaio 1
11,11
Total 9
100,00
Tabela 34 Distribuição
numérica (N) e percentual
(%) de nove aves com
deformidades ósseas,
segundo as idades. HOVET-
FMVZ-USP, 2000-2004
Idade (anos) N %
1
6 66,67
2-3 1 11,11
4-5 0 0,00
6-7 2 22,22
8-9 0 0,00
10 0 0,00
Total 9 100,00
Não houve diferença estatisticamente significante na comparação entre cada uma das
ordens prevalentes com as demais (p = 0,257 e 0,599, para Anseriformes e Galliformes,
respectivamente).
Tabela 35 – Distribuição numérica (N) e percentual
(%) de nove aves com deformidades ósseas,
segundo as localizações. HOVET-FMVZ-USP,
2000-2004
Aves Ocorrências
Localização
N % N %
Coluna vertebral 4 44,44 4 28,57
Membros pélvicos 4 44,44 7 50,00
Membros torácicos 2 22,22 3 21,43
Total 9 100,00 14 100,00
82
Tabela 36 Distribuição numérica (N) e percentual (%)
de nove aves com deformidades ósseas, segundo as
alterações radiográficas. HOVET-FMVZ-USP, 2000-
2004
Aves Ocorrências
Alteração
N % N %
Deformidades angulares 8 88,89 13 92,86
Anquilose 1 11,11 1 7,14
Total 9 100,00 14 100,00
Não houve diferença estatisticamente significante entre os percentuais de coluna
vertebral e membros pélvicos com relação ao percentual de membros torácicos (p = 0,317).
A análise das radiografias permitiu constatar a presença de deformidades ósseas em
nove animais (9/201, 4,48%). Destes, oito (8/9, 88,89%) apresentavam alterações angulares
dos eixos ósseos da coluna vertebral e/ou dos membros e um (1/9, 11,11%), anquilose das
articulações vertebrais da cauda.
83
4.8 ALTERAÇÕES ÓSSEAS AGRESSIVAS
Em estudo de 201 aves, foram identificadas quatro aves (1,99%) com alterações
ósseas agressivas, cujos diagnósticos o foram estabelecidos. Constatou-se a realização de
exame citológico somente em duas das aves afetadas, obtendo-se, em ambos os pacientes,
resultados inconclusivos.
Um agapornis (Agapornis sp), de seis anos de idade, e um papagaio (espécie
indeterminada), de 15 anos, exibiram reação osteolítica localizada no úmero distal e no bico
superior, respectivamente.
Dois agapornis (Agapornis sp), de um e quatro anos de idade, exibiram reação
proliferativa localizada em múltiplos ossos. Os ossos acometidos foram úmeros, costelas,
segmento vertebral cervical e metacarpiano maior no primeiro; tibiotarso, esterno e segmentos
vertebrais torácico e sinsacral no segundo.
84
4.9 ALTERAÇÕES INESPECÍFICAS
Um ganso, de espécie indeterminada, de dois meses de idade, e um tucanuçu
(Ramphastos toco), de idade indeterminada, exibiram alterações radiográficas inespecíficas.
A primeira ave revelou mineralização no tarsometatarso proximal e região medial
adjacente, imediatamente abaixo da fileira distal dos ossos társicos (animal jovem). O mesmo,
apresentava luxação traumática da articulação intertársica no membro contralateral.
Diminuição de interlinha radiográfica foi demonstrada nos exames radiográficos do
segundo animal, e localizava-se nas articulações intertársica e tarsometatarsofalangeana dos
dígitos I e IV. Este, também demonstrava mais um afecção esquelética, osteomielite no
tarsometatarso do referido membro.
85
4.10 ILUSTRAÇÕES
As figuras a seguir, ilustram alguns dos achados observados nos exames
radiográficos.
Figura 7 Projeção ventrodorsal, de uma
coruja, de espécie e idade indeterminadas.
Presença de fratura exposta de segmento
proximal do úmero esquerdo (seta).
Figura 8 Projeção ventrodorsal, de um
periquito-verde (Brotogeris viridissimus), de
idade indeterminada. Observar a presença de
fraturas na escápula (círculo), rádio e ulna
esquerdos.
86
Figura 9 Projeção mediolateral, do
membro pélvico direito de um papagaio-
verdadeiro (Amazona aestiva), de nove
anos de idade. Articulação intertársica
luxada (seta).
Figura 10 Projeção ventrodorsal, de um papagaio-verdadeiro
(Amazona aestiva), de um mês de idade. Notar a luxação
coxofemoral direita (círculo) com concomitante aumento de
volume de tecidos moles em região adjacente.
Figura 11 – Projeção laterolateral, do crânio de uma
cacatua-branca (Cacatua alba), de 10 anos de idade.
Amputação do bico superior (seta). Causa: briga com
outra ave.
87
Figura 12 Projeção ventrodorsal, de um papagaio-verdadeiro
(Amazona aestiva), de 35 dias de idade. Observar a acentuada
osteopenia generalizada, adelgaçamento do osso cortical e fraturas
patológicas localizadas nos tibiotarsos (setas). Observação: a
alimentação desse paciente consistia apenas de fubá e milharina,
misturados com água.
Figura 13 – Projeções laterolateral (A) e ventrodorsal (B), de
um canário (de espécie indeterminada), de três anos de
idade. Presença de acentuada esclerose medular homogênea
generalizada e cavidade celomática caudal distendida e
homogênea.
A
B
88
Figura 14 Projeção mediolateral do membro
pélvico direito de um papagaio (espécie
indeterminada), de três meses de idade.
Reação do periósteo (setas) e aumento de
volume de tecidos moles no segmento distal
do tibiotarso. Causa: compressão local por
objeto linear.
Figura 15 Projeção laterolateral do crânio de um
papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva), de oito anos de
idade. Osteólise de premaxila cranial (seta sólida) e
opacificação de seios infraorbitários (seta vazia). Causa:
sinusite crônica causada por Streptococcus sp.
Figura 16 Projeção mediolateral, da
articulação intertársica direita de uma
pomba-goura (Goura cristata), de 10
anos de idade. Observar a presença de
múltiplas alterações ósseas como
osteólise e esclerose subcondrais,
mineralização de tecidos moles e
aumento de volume de tecidos moles.
89
Figura 17 Projeção laterolateral, de um papagaio-verdadeiro-do-sul
(Amazona aestiva xanthopteryx), de oito anos de idade. Notar a
presença de osteófitos ventrais localizados nas epífises das vértebras
torácicas caudais (setas).
Figura 18 – Projeção ventrodorsal, de um tucano (de
espécie indeterminada), de dois anos de idade. Notar a
osteopenia localizada no membro pélvico esquerdo.
Causa: impotência funcional em razão da presença de
luxação coxofemoral e fratura de tibiotarso.
90
Figura 19 Projeção ventrodorsal, de um ganso (de
espécie indeterminada), de um mês de idade. Observar a
curvatura anormal do segmento vertebral toracolombar
(escoliose).
91
Figura 20 Projeção mediolateral, da asa direita de um
Agapornis sp, de seis anos de idade. Observar a presença
de uma extensa reação osteolítica acometendo o
segmento distal do úmero.
Figura 21 Projeção ventrodorsal, de um
Agapornis sp, de um ano de idade. Observar a
presença de uma extensa reação proliferativa
acometendo segmento vertebral cervical, úmeros
e costelas.
92
5 DISCUSSÃO
Existem diferenças anatômicas entre o sistema esquelético de aves e mamíferos.
Portanto, julga-se imprescindível para o reconhecimento e a interpretação das alterações
radiográficas, a literatura que abrange as características anatômicas do sistema esquelético em
aves (BAUMEL; WITMER, 1993; CRACKNELL, 2004b; DYCE et al., 1997; EVANS, 1996;
FEDUCCIA, 1986; GHETIE et al., 1981; KING; MCLELLAND,1984; KOCH, 1973;
MCKIBBEN; HARRISON, 1986; MCLELLAND, 1991; NICKEL et al., 1977; O’MALLEY,
2005; OROSZ, 1997b; PAUL-MURPHY et al., 1990; SMITH; SMITH, 1992, 1997; SMITH
et al., 1990).
A seleção adequada dos fatores de exposição e o correto posicionamento radiográfico
tornam-se necessários para a produção de radiografias diagnósticas de alta qualidade.
No período de 2000 a 2004, exames radiográficos de 201 aves, portadoras de
alterações radiográficas no sistema esquelético, foram analisados. A maioria das aves
registradas neste estudo pertenceu a duas ordens: Psittaciformes e Passeriformes (64,68% e
16,42%, respectivamente). De acordo com a literatura, estas são as aves mais populares,
mantidas como animais de estimação (FORBES; LAWTON, 1996; PETRAK; GILMORE,
1969; WALLACH; BOEVER, 1983). Os Psittaciformes, em particular, constituíram um
contingente bastante numeroso (130/201, 64,68%), sendo o papagaio-verdadeiro (Amazona
aestiva) a espécie mais comum (45/130, 34,62%). Os psitacídeos o muito inteligentes e
capazes de pronunciar palavras, o que lhes conferem a posição de companheiros favoritos do
homem (FORBES; LAWTON, 1996).
Em função da escassez de características sexuais externas em muitas espécies de
aves, particularmente nos Psittaciformes, cnicas para a determinação do sexo são requeridas
(HALVERSON, 1997). Por essa razão, a variável sexo não foi considerada nesse estudo.
A análise dos resultados alcançados será abordada adiante para cada uma das
afecções do sistema esquelético.
93
5.1 AFECÇÕES TRAUMÁTICAS
As afecções de origem traumática foram as mais freqüentes identificadas no sistema
esquelético das espécies aviárias, tendo sido observadas em 94 aves (46,77%). Os resultados,
ora apresentados, estão de acordo com a opinião dos autores que consideram as injúrias
traumáticas como as mais freqüentemente encontradas em aves (QUESENBERRY, 1997;
ROUSH, 1984). Não existe uma predisposição etária para a ocorrência de traumas. Neste
estudo, todavia, a faixa etária com maior índice percentual de afecções traumáticas foi a de
idade menor ou igual a um ano (29/94, 30,85%), seguida pela de dois a três anos (17/94,
18,09%). Um fato que poderia explicar a maior incidência de injúrias traumáticas em aves
nestas duas faixas etárias seria o maior nível de atividade física em cativeiro após a aquisição
das mesmas.
As alterações traumáticas foram classificadas em três categorias: fraturas, luxações e
amputações ósseas.
A avaliação de 70 aves mostrou um total de 86 fraturas. Destas, 45 (52,33%) foram
encontradas nos membros pélvicos e 35 (40,70%) nos torácicos, sugerindo que as mesmas
foram provocadas tanto durante o vôo como em solo. Estes resultados contradizem a opinião
dos autores Benett (1997) e Mccartney (1994), que relatam ser os membros torácicos os mais
fraturados. o oposto foi observado por Blass (1987), conferindo, assim, com os resultados
ora expostos.
O tibiotarso é considerado por Harcourt-Brown (1996) como o osso mais fraturado,
fato constatado também no presente estudo (32/86, 37,21%). Fraturas localizadas no úmero
são freqüentes (MACCOY, 1996) e este foi o segundo osso mais fraturado (16/86, 18,60%).
De uma amostragem de 12 aves com fraturas de antebraço, sete (58,33%) possuíam
fraturas de apenas um dos ossos e cinco (41,67%), tanto de rádio quanto de ulna. Estes
resultados coincidiram com a citação de Redig (1986), referindo que a maioria das fraturas de
antebraço envolve apenas o rádio ou a ulna.
Ocupando a segunda posição entre as afecções traumáticas, deslocamentos
articulares, sejam eles parciais ou totais, foram observados em 24 aves (24/94, 25,53%). Os
resultados obtidos demonstraram que as luxações traumáticas não são afecções tão
infreqüentes em aves como referidas na literatura (ALTMAN, 1969; BLASS, 1987;
94
MARTIN; RITCHIE, 1994; MCMILLAN, 1994). Constatou-se 26 luxações. Como
observado por Mcmillan (1994), a articulação fêmorotibiotársica foi a mais acometida,
representando 46,15% (n = 12). Estes resultados, entretanto, estão em desacordo com Roush
(1984), que refere ser fraturas mais freqüentes que luxações no joelho traumatizado. Na
coluna vertebral, a única luxação identificada localizava-se entre o sinsacro e as vértebras
caudais, contrariando, mais uma vez, os achados da literatura (HARCOURT-BROWN, 1996;
KOSTKA; KRAUTWALD-JUNGHANNS, 1991; KRAUTWALD-JUNGHANNS, 1996;
RUPLEY, 1999; WILLIAMS, 2002).
Denominaram-se amputações ósseas, os casos com separação traumática do osso, ou
parte dele, em relação ao restante do esqueleto (MANUILA et al., 2003). Baseando-se nesta
definição, identificou-se 13 casos de amputações ósseas, sendo 10 (76,92%) localizados nos
ossos distais dos membros, dois (15,38%) no bico e um (7,69%) no úmero. No que diz
respeito às amputações ósseas acidentais, a literatura foi bastante escassa. É provável que os
autores consideram fraturas e amputações traumáticas como uma coisa só.
5.2 DOENÇA ÓSSEO-METABÓLICA (DOM)
Em termos de freqüência, aves com alterações ósseas compatíveis com DOM
ocuparam o segundo lugar na presente pesquisa, perfazendo 48 casos ou 23,88% do total de
casos analisados. O resultado, ora apresentado, contraria a opinião de Mcmillan (1994), que
menciona serem as alterações ósseas decorrentes de DOM predominantes às alterações
traumáticas.
Essa enfermidade está comumente associada a animais alimentados com dietas
desbalanceadas em cálcio, fósforo e vitamina D
3
(RUPLEY, 1999). Embora ocorra em
animais adultos, os animais jovens e recém-nascidos são os mais comumente afetados
(KOSTKA; KRAUTWALD-JUNGHANNS, 1991). Ao analisar a distribuição etária das aves
afetadas, evidenciou-se 30 casos (62,50%) com idade inferior ou igual a um ano.
Osteopenia generalizada foi observada em 45 aves (93,75%). Nos três casos restantes
(6,25%), com radiopacidade óssea generalizada normal, a definição do diagnóstico foi
auxiliada pela combinação de outras alterações radiográficas, incluindo fraturas patológicas e
95
deformidades ósseas de membros, coluna vertebral e costelas, além da análise dos sinais
clínicos apresentados e da dieta oferecida. Das 45 aves com osteopenia generalizada, uma ave
(2,22%), espécie Gallus gallus domesticus, idade indeterminada, exibiu alterações
radiográficas compatíveis com raquitismo, coincidindo com as alterações reportadas na
literatura (BIESTER; SCHWARTE
28
, 1965 apud WALLACH; FLIEG, 1969, p. 1048). Ainda
que o disco epifisário das aves seja radiograficamente indefinido (KRAUTWALD-
JUNGHANNS, 1996), casos avançados de hiperparatireoidismo nutricional secundário, em
combinação com uma hipovitaminose D, são manifestados radiograficamente por um
alargamento dos discos epifisários e das extremidades articulares (BIESTER; SCHWARTE
28
,
1965 apud WALLACH; FLIEG, 1969, p. 1048).
Das 201 aves avaliadas, 30 (14,93%) revelaram 71 fraturas decorrentes de DOM e 70
(34,83%), 86 fraturas traumáticas. Certamente, estes resultados contrariam Mcmillan (1994).
Segundo o autor, fraturas decorrentes de DOM são mais comuns do que as decorrentes de
traumas.
No que diz respeito aos fatores de exposição que afetam a qualidade dos raios-X,
cabe lembrar que uma superexposição radiográfica não permitirá uma visibilização precisa do
sistema esquelético e da cavidade celomática. A importância disso reside no fato de que essa
superexposição podemimetizar radiograficamente uma falsa” osteopenia generalizada do
sistema esquelético e, portanto, um “falso” diagnóstico de DOM.
5.3 HIPEROSTOSE POLIOSTÓTICA (HP)
Imagens radiográficas de HP foram observadas em 34 aves (34/201, 16,92%). A
literatura reporta que esta condição é comumente encontrada no periquito-australiano
(Melopsittacus undulatus) (BAUMGARTNER et al., 1995; COLES, 1985; KOSTKA et al.,
1988; KRAUTWALD-JUNGHANNS, 1996). No presente estudo, entretanto, temos que o
periquito-australiano e o canário foram as duas espécies que mais representaram a amostra,
perfazendo nove casos cada (9/34, 26,47%). Não uma predisposição etária. Neste estudo, a
faixa etária de maior representação foi de dois a três anos de idade, em que se registraram 12
casos (35,29%), seguidos por sete casos (20,59%) com idade menor ou igual a um ano. A HP
28
BIESTER, H. E.; SCHWARTE, L. H. Diseases of poultry. 5. ed. Ames: Iowa State University Press, 1965.
p. 49, 159-163, 194.
96
normalmente consiste em um achado ao se radiografar a ave por outra razão ou suspeita
(COLES, 1985; RUPLEY, 1999), fato este devidamente presenciado no transcorrer do
levantamento radiográfico, e isoladamente não tem significado clínico (RUPLEY, 1999).
Portanto, é provável que esta faixa etária não signifique a verdadeira idade de início da
condição.
Os quatro sítios mais prevalentes com esclerose medular foram, em ordem
decrescente de freqüência: fêmores (31/34, 91,18%), tibiotarsos (31/34, 91,18%), ulnas
(26/34, 76,47%) e rádios (24/34, 70,59%), resultados estes que coincidem com as informações
de Quesenberry (1997).
A única alteração radiográfica demonstrável é o aumento da radiopacidade óssea na
cavidade medular dos ossos. O osso medular pode ou não obliterar completamente a cavidade
medular, tornando-se evidente, respectivamente, um aspecto homogêneo ou heterogêneo de
esclerose medular. Assim sendo, a HP deve ser diferenciada de outras afecções ósseas que
possuam alterações radiográficas semelhantes (LATIMER, 1994; QUESENBERRY, 1997).
Para Latimer (1994), a doença ósseo-metabólica deve fazer parte do diagnóstico diferencial.
Todavia, discordamos do autor, que uma das alterações radiográficas mais clássicas
encontrada em animais com doença ósseo-metabólica, trata-se da osteopenia generalizada,
caracterizada pela diminuição da radiopacidade óssea.
5.4 AFECÇÕES INFLAMATÓRIO-INFECCIOSAS
5.4.1 Artrite
Diversos microrganismos podem alcançar a articulação e implicar na inflamação das
estruturas intra-articulares (GERLACH, 1994; GYLSTORFF; GRIMM, 1987). As fontes de
contaminação são diversas (MCMILLAN, 1994). Aliado ao exame radiográfico, o diagnóstico
é elaborado pela identificação do agente etiológico no qüido sinovial e no material de
biopsia (QUESENBERRY, 1997).
Quanto à faixa etária dos animais, temos que aves com idade menor ou igual a um
ano foram as mais freqüentemente acometidas (4/7; 57,14%). Janovski (1966), afirma que as
97
artrites, em especial as do tipo supurativas, atingem predominantemente aves entre seis e 12
meses de idade. Apontamento este que corrobora com os dados encontrados. Conforme visto
na literatura, o autor relata uma artrite em um passeriforme de apenas seis meses de idade, que
se manteve exposto a um ambiente de alta contaminação fecal. Como medida profilática, o
proprietário deve ser orientado a inspecionar a gaiola diariamente e limpar se estiver suja por
excrementos, incluindo o piso, bebedouros, comedouros, poleiros e a gaiola propriamente
dita, a fim de evitar uma exposição contínua ao material fecal. Embora não constituindo um
objetivo deste trabalho, pode-se sugerir que esta seja uma das principais fontes de infecção em
aves jovens e em desenvolvimento com alterações radiográficas compatíveis com artrite nas
articulações distais.
O desenvolvimento de artrites é mais comum nas articulações distais dos membros
pélvicos (ALTMAN, 1969; KOSTKA et al., 1988; MCMILLAN, 1994; QUESENBERRY,
1997; WALSH, 1986). No presente estudo, somente a articulação intertársica foi afetada (7/7;
100,00%), observação que confere com os autores que discutiram o assunto (MCMILLAN,
1994; QUESENBERRY, 1997; WALSH, 1986).
As alterações radiográficas observadas, isolada ou conjuntamente, foram: osteólise
subcondral (6/7; 85,71%), esclerose subcondral (4/7; 57,14%), mineralização de tecidos
moles (4/7; 57,14%) e aumento de interlinha radiográfica (1/7; 14,29%). A espessura da
interlinha radiográfica torna-se diminuída por ocasião do detrimento da cartilagem articular
(MCMILLAN, 1994). Todavia, das sete aves com alterações radiográficas compatíveis com
artrite, uma (14,29%) revelou exuberante aumento de interlinha radiográfica, tamanho era o
grau de lise do osso subcondral adjacente. Quanto à distribuição das alterações radiográficas,
seis aves exibiram alterações tanto no membro esquerdo como no direito, representando
85,71% dos casos. Este dado difere da literatura consultada (ALTMAN, 1969), sendo
praticamente o oposto.
5.4.2 Osteomielite
A análise dos exames radiográficos de 201 aves registradas no presente estudo,
permitiu a identificação de 20 aves (9,95%) com alterações ósseas compatíveis com
osteomielite. Lembramos, todavia, que o diagnóstico definitivo somente é alcançado após o
98
isolamento do agente etiológico. Os dados de literatura sobre a ocorrência das espécies mais
acometidas são escassos, e em relação às idades também o são. A distribuição percentual das
ordens identificadas foi de 80,00% para Psittaciformes e 5,00% para cada uma das seguintes
ordens: Columbiformes, Falconiformes, Passeriformes e Piciformes. No relativo à idade,
observou-se que 30,00% (6/20) dos animais tinham idade maior ou igual a 10 anos, e 35,00%
(7/20), idade desconhecida. Contudo, o elevado número de casos encontrados com idade
desconhecida, não nos permite dizer se realmente alguma prevalência para os animais com
idade maior ou igual a 10 anos.
A osteomielite vertebral é considerada uma enfermidade rara em aves (MCMILLAN,
1994), mas relatos m sido encontrados (GERLACH, 1986; VEEN et al., 1999). Caso algum
foi aqui observado. Entretanto, lembramos que anormalidades de postura, como cifose, podem
se desenvolver como resultado de uma osteomielite vertebral, conforme observado por Veen
et al. (1999). Aves com anormalidades posturais foram visibilizadas no presente estudo e
estão discutidas adiante.
Como pôde ser visto nos resultados deste estudo, aves com osteomielite exibiram
manifestações diversas de osteólise e esclerose (Tabela 22). Uniformizando os dados, temos:
11 aves (11/20, 55,00%) com esclerose, nove (9/20, 45,00%) com osteólise, nove (9/20,
45,00%) com reação do periósteo e uma (1/20, 5,00%) com seqüestro ósseo. Perceba que são
nove e não 10 aves com osteólise, porque uma ave revelou duas manifestações diferentes
de osteólise. Embora a esclerose revelou ser a alteração radiográfica prevalente, osteólise e
reação do periósteo também se destacaram. De acordo com Mcmillan (1994), a visibilização
radiográfica de esclerose, osteólise e/ou reação do periósteo, dependerá do tempo de duração
da afecção óssea. Assim sendo, osteólise tem sido predominante na fase aguda. Esclerose e
reação do periósteo comumente aparecem na fase crônica da doença ou, eventualmente, na
fase inicial de uma infecção causada por fungos ou Mycobacterium sp.
Embora considerado mais freqüente em aves que nos mamíferos (EVANS, 1986), foi
visibilizado seqüestro ósseo em apenas uma ave (5,00%), localizado em região adjacente a
uma fratura antiga de tarsometatarso. A formação de seqüestração ocorre quando, nos locais
de uma fratura composta, fragmentos ósseos o contaminados e isolados de seu suprimento
sangüíneo (DOIGE; WEISBRODE, 1998).
99
O exame radiográfico mostrou envolvimento de múltiplos ossos, sendo o úmero o
osso mais afetado (7/20, 35,00%), seguido pelo tibiotarso (4/20, 20,00%). Conforme descrito
na literatura (MCMILLAN, 1994), a infecção costuma manifestar-se nos ossos das asas e dos
membros pélvicos, em especial nas extremidades. Neste momento um aspecto merece ser
enfatizado. O úmero constitui o osso pneumático mais importante do sistema esquelético
(KRAUTWALD-JUNGHANNS, 1996) e tal importância reflete-se na capacidade de
disseminação da infecção óssea para o sistema de sacos aéreos e vice-versa (MCKIBBEN;
HARRISON, 1986; MCMILLAN, 1994; SMITH; SMITH, 1992).
5.5 AFECÇÕES DEGENERATIVAS
A doença articular degenerativa (DAD) caracteriza-se pelo desgaste da cartilagem
articular e por alterações articulares, entre elas os osteófitos periarticulares (DOIGE;
WEISBRODE, 1998). Pode ser dividida em sem causa conhecida, dita primária, ou com causa
conhecida, dita secundária (ALTMAN
29
, 1982 apud PENCE, 1996a, p. 459; DEGERNES,
1994; KEALY; MCALLISTER, 2000; MACCOY, 1996; SMITH; SMITH, 1997;
WILLIAMS, 2002).
No período estudado, afecções degenerativas representaram um total de 15 aves
(7,46%), sendo 13 (86,67%) com alterações radiográficas compatíveis com DAD e duas
(13,33%) com espondilose vertebral. A literatura refere ser a DAD uma condição raramente
encontrada em aves (ALTMAN
29
, 1982 apud PENCE, 1996a, p. 459). Decerto, não é possível
afirmar o mesmo.
Das 15 aves, cinco apresentavam idade maior ou igual a 10 anos (33,33%) e quatro
idade menor ou igual a um ano (26,67%). Contudo, o pequeno número de casos encontrados
não nos permite dizer se realmente há alguma predisposição para aves mais velhas.
De acordo com a localização das alterações radiográficas, duas aves (13,33%)
exibiram osteófitos periarticulares ventrais nas epífises vertebrais, condição similar àquela
vista nos mamíferos, chamada espondilose vertebral. Osteófitos dorsais e/ou dorsolaterais não
29
ALTMAN, R. B. Disorders of the skeletal system. In: PETRAK, M . L. (Ed.). Diseases of cage and aviary
birds. 2. ed. Philadelphia: Lea & Febiger, 1982. p. 386.
100
foram identificados. As demais articulações acometidas por afecções degenerativas foram:
intertársica (46,67%), fêmorotibiotársica (20,00%), coxofemoral (13,33%), escápuloumeral
(6,67%) e tarsometatarsofalangeana (6,67%).
Dentre as alterações radiográficas, osteófitos periarticulares são freqüentemente
encontrados nas articulações osteoartríticas (JOHNSTON, 2001; WILLIAMS, 2002). Neste
estudo, osteófitos periarticulares estiveram presentes em 100% das aves com DAD. Nas
espécies pequenas, osteófitos e efusão articular podem passar despercebidos em razão do
tamanho reduzido da articulação (WILLIAMS, 2002). Nestes casos, acredita-se que técnicas
para magnificação da imagem radiográfica (MCMILLAN, 1994; WILLIAMS, 2002), seriam
auxiliadoras. Efusão articular (MCMILLAN, 1994; WILLIAMS, 2002) o foi visibilizada
em nenhuma ave, mesmo com a magnificação da imagem.
5.6 OSTEOPENIA LOCALIZADA
O desuso, ou a atividade sica reduzida, tem efeitos deletérios no esqueleto, e é
caracterizado por uma redução localizada da radiopacidade óssea normal, além de atrofia da
musculatura, conforme relatado por Freeman et al. (1999). O desuso de um membro aumenta
a desmineralização óssea e, por conseguinte, o risco de fraturas patológicas. Nos resultados
apresentados, osteopenia localizada foi visibilizada em 13 aves (6,47%). Deste total, 11
(84,62%) tinham história de traumas e/ou afecções inflamatório-infecciosas.
5.7 DEFORMIDADES ÓSSEAS
As s-formações ósseas podem ser causadas por anomalias congênitas, alterações
traumáticas, deficiências nutricionais, substrato de material inadequado e mau posicionamento
embrionário (RUPLEY, 1999).
Na maioria dos casos identificados, as más-formações ósseas constituíram-se o
somente em achados radiográficos, inexistindo suspeita diagnóstica para tal. A análise das
radiografias permitiu constatar a presença de deformidades ósseas em nove animais (9/201,
4,48%). Destes, oito (8/9, 88,89%) apresentavam alterações angulares dos eixos ósseos da
101
coluna vertebral e/ou dos membros e um (1/9, 11,11%), anquilose das articulações vertebrais
da cauda. Lembramos que, os animais aqui mencionados não possuíam qualquer evidência
radiográfica de afecções traumáticas ou doença ósseo-metabólica. Aves com deformidades
ósseas como conseqüência de afecções traumáticas não foram consideradas neste estudo. A
idade prevalente encontrou-se na faixa etária menor ou igual a um ano (6/9, 66,67%). A
manifestação precoce de deformidades ósseas no sistema esquelético das aves pode ser
explicada pelo fato de ser esta faixa etária a ideal para a detecção de afecções ósseas de
origem congênita e/ou nutricional.
De acordo com as idéias apresentadas por Altman (1969) e Rupley (1999),
deformidades ósseas são especialmente prevalentes nos membros pélvicos. Na amostra
registrada, a coluna vertebral e os membros pélvicos foram as duas localizações mais
comprometidas, perfazendo quatro casos cada (4/9, 44,44%), e dois animais (2/9, 22,22%)
apresentavam comprometimento de membros torácicos. Os resultados ora obtidos contrariam,
portanto, as idéias sustentadas pelos autores acima citados. Como se pode observar, a soma
dos percentuais ultrapassou 100%, o que demonstra ter ocorrido, em um mesmo animal,
deformidades ósseas em mais de uma localização no sistema esquelético.
Independente do tipo, as deformidades ósseas, assim como quaisquer outras doenças
ósseas, devem ser reconhecidas e tratadas adequadamente, pois com o passar do tempo, se
deixadas ao acaso, as mesmas poderão se agravar, dificultando o sucesso da correção e o
prognóstico geral do paciente.
5.8 ALTERAÇÕES ÓSSEAS AGRESSIVAS
Não foi possível chegar a um diagnóstico definitivo em quatro casos (1,99%), pois os
animais exibiram alterações ósseas comuns a osteomielite e a neoplasia, além dos resultados
inconclusivos ao exame citológico. As radiografias das quatro aves acometidas, três agapornis
(Agapornis sp) e um papagaio (de espécie indeterminada), revelaram uma característica em
comum: a agressividade das lesões, seja lise ou neoformação óssea. De acordo com Evans
(1986), alterações radiográficas agressivas m sido associadas a neoplasias ósseas. Outros
autores, contudo, têm destacado e confirmado a dificuldade em definir o diagnóstico
radiográfico de neoplasia óssea, visto que osteomielite e neoplasia óssea possuem achados
102
radiográficos similares (MCMILLAN, 1994; SMITH; SMITH, 1997; WALSH, 1986). Julga-
se que o exame radiográfico é uma ferramenta valiosa na identificação das alterações ósseas,
porém, a biopsia é o procedimento mais adequado para a acurácia do diagnóstico
(MCMILLAN, 1994). A biopsia não é um procedimento rotineiramente adotado e algumas
possíveis explicações para isto seriam, segundo a literatura, a inexperiência do profissional
para a execução da técnica e o tamanho reduzido da ave (COLES, 1996). Acrescentaríamos,
ainda, o custo do exame e os riscos da anestesia, com conseqüente relutância do proprietário.
Os dois aspectos radiográficos exibidos pelas aves com alterações ósseas agressivas
foram: lesão puramente lítica, caracterizada por lise ou destruição óssea, em duas aves (2/4,
50,00%), e lesão puramente esclerótica, caracterizada por neoformação óssea, também em
duas aves (2/4, 50,00%). O aspecto radiográfico mais comumente observado nos casos de
neoplasia óssea é o primeiro (tipo tico), com pouca ou nenhuma neoformação óssea
(KOSTKA et al., 1988; RUPLEY, 1999). Neoplasias ósseas com acentuada reação do
periósteo, entretanto, também podem estar presentes (MCMILLAN, 1994). A idade variou de
um a 15 anos. Segundo os achados de literatura, a idade de aparecimento das neoplasias
ósseas e/ou articulares tem variado de um a 13 anos de idade (HORST et al., 1996; LIU et al.,
1982; PETRAK; GILMORE, 1969). Em relação à localização anatômica acometida, as aves
com lesão esclerótica possuíam um envolvimento poliostótico, o que se faz pensar,
primariamente, na presença de uma afecção inflamatório-infecciosa, com disseminação
hematogênica, que neoplásica, embora haja relatos de neoplasias ósseas metástaticas com
envolvimento poliostótico (HORST et al., 1996; LIU et al., 1982).
5.9 ALTERAÇÕES INESPECÍFICAS
Duas aves (1,01%) exibiram alterações radiográficas inespecíficas.
Um tucanuçu (Ramphastos toco), de idade indeterminada, exibiu diminuição de
interlinha radiográfica, de envolvimento poliarticular em um único membro. Diminuição de
interlinha radiográfica é uma alteração radiográfica que condiz com a fase inicial da doença
articular degenerativa (MCMILLAN, 1994). Entretanto, osteófitos periarticulares, indicando
as alterações radiográficas mais evidentes da doença (JOHNSTON, 2001; WILLIAMS,
2002), não foram identificados em combinação. Considera-se que a interlinha radiográfica é
103
difícil de ser definida com precisão, pelo hábito de se fazerem radiografias aplicando uma
determinada tração no membro. Portanto, é arriscado diagnosticar o caso mencionado como
doença articular degenerativa, baseando-se apenas na interlinha radiográfica diminuída.
O segundo caso refere-se a um ganso (espécie indeterminada), de dois meses de
idade, apresentando mineralização parcial do segmento proximal do tarsometatarso esquerdo,
imediatamente abaixo da fileira distal dos ossos do tarso. Em razão da presença de uma
subluxação na articulação intertársica do referido membro, suspeitou-se, inicialmente, de uma
fratura compressiva. Entretanto, alguns fatores nos desencorajaram a acreditar nisso,
incluindo: histórico de trauma e impactação da linha epifisária com conseqüente aparência
esclerótica, ambos ausentes. Por se tratar de um osso imaturo, com deformidades angulares no
membro e mais subluxação intertársica, uma segunda suspeita diagnóstica foi levantada, a de
fechamento precoce da linha epifisária. A força de um trauma, mesmo o relatado pelo
proprietário, seria o responsável pelo surgimento das alterações acima descritas. A literatura,
no entanto, mostrou-se escassa ou inexistente sobre o assunto em aves.
104
6 CONCLUSÕES
Baseada na metodologia empregada e nos resultados obtidos, foi possível concluir
que:
1 O exame radiográfico em aves se mostrou um método de diagnóstico por imagem
prático, eficiente e de baixo custo para a identificação de afecções localizadas no
sistema esquelético.
2 O objetivo do protocolo radiográfico de aves deve ser produzir radiografias de
elevado contraste, livres de artefato de movimento e com uma variação mínima no
posicionamento.
3 Dissimilaridades anatômicas entre aves e mamíferos são consideráveis e devem ser
adequadamente conhecidas a fim de estabelecer uma avaliação radiográfica precisa.
4 As aves mais acometidas por afecções do sistema esquelético pertenceram às ordens
Psittaciformes, principalmente, e Passeriformes.
5 Afecções traumáticas foram as mais freqüentes identificadas no sistema esquelético
de aves. As fraturas ocuparam a primeira posição, destacando o tibiotarso como o
osso mais fraturado. A localização mais freqüente das luxações foi a articulação
fêmorotibiotársica.
6 Dentre as aves com doença ósseo-metabólica, pelo menos uma exibiu alterações
radiográficas compatíveis com raquitismo.
7 A hiperostose poliostótica normalmente consistiu em um achado ao se radiografar a
ave por outra razão ou suspeita. Foi comumente encontrada em canários e periquitos-
australianos, e os ossos mais acometidos foram rádios, ulnas, fêmores e tibiotarsos.
8 Quanto às afecções inflamatório-infecciosas, a osteomielite foi predominante no
úmero. A articulação intertársica foi a única localização acometida pelas artrites.
105
9 Osteopenia localizada, como resultado do desuso prolongado de um membro em
decorrência de afecções ortopédicas, foi observada com relativa freqüência em aves.
10 Osteófitos periarticulares estiveram presentes em todas as aves com afecções
degenerativas. A formação de osteófitos ventrais nas epífises vertebrais, como é vista
em cães e gatos, também é ocorrente em aves e encontrou-se presente no segmento
vertebral torácico.
11 Embora algumas imagens possam sugerir neoplasia óssea, o exame radiográfico não
deve ser avaliado isoladamente.
12 O estudo da ocorrência por meio de arquivos radiográficos talvez subestime a real
ocorrência das afecções do sistema esquelético em aves. É provável que outros casos
tenham ocorrido na população, no período estudado, e que não foram diagnosticados
por não terem sido realizados os exames radiográficos.
13 A radiografia não substitui o exame clínico cuidadoso e requer dados obtidos a partir
dele para nos fornecer todas as informações potencialmente relevantes. As alterações
radiográficas devem ser correlacionadas com a história clínica, exame físico e
exames laboratoriais, a fim de estabelecer um diagnóstico preciso.
106
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117
ANEXOS
ANEXO A – EXEMPLO DE CONTENÇÃO FÍSICA
Fonte: Lavin (1994)
Figura 1 – Exemplo de contenção física. A ave é primeiramente
posicionada e segura com fita adesiva sobre uma superfície
intermediária radiolucente. Posteriormente, esta superfície
intermediária é posicionada sobre o chassi.
118
ANEXO B – PROJEÇÕES RADIOGRÁFICAS
Fonte: Lavin (1994)
Figura 2 - Exemplo de contenção física e posicionamento radiográfico para as projeções laterolateral
(A) e ventrodorsal (B).
Fonte: Krautwald-Junghanns (1996)
Figura 3 – Exemplo de contenção manual para o posicionamento radiográfico da asa em projeção
caudocranial. Vista por cima (A) e vista lateral (B).
A
B
119
ANEXO C – TÉCNICA DE MAGNIFICAÇÃO DA IMAGEM RADIOGRÁFICA
Fonte: Ticer (1987)
Figura 4 Ilustração do efeito de magnificação da
imagem registrada, aumentando-se a distância
entre o paciente e o chassi.
120
ANEXO D – SISTEMA ESQUELÉTICO DA AVE
Fonte: Mckibben e Harrison (1986)
Figura 5 – Sistema esquelético de um papagaio (Amazona sp).
121
ANEXO E – OSSO MEDULAR
Fonte: Mclelland (1991)
Figura 6 Anatomia macroscópica do úmero de uma
ave aquática. Córtex delgado (a) e cavidade medular
(b) com uma rede de espículas ósseas.
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