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de escala das indústrias nacionais. Por outro lado, o contraponto deste impacto
desfavorável da forte participação das multinacionais na indústria nacional foi a criação
de uma demanda por fornecedores para suprir as cadeias produtivas destas grandes
empresas internacionais, o que teve impactos consideráveis na cultura empresarial
brasileira e na capacidade produtiva da indústria nacional.
Um dos reflexos mais evidentes deste isolamento de décadas da economia
brasileira é a disparidade entre o desempenho comercial da economia brasileira e o
crescimento do comércio mundial nas décadas finais do século XX. Partindo da década
do milagre brasileiro, quando a economia brasileira crescia às taxas chinesas de hoje,
até o início da abertura comercial brasileira no biênio 1988/89, quando a tarifa média de
importação cai de 51,3% para 37,4% (AVERBUG, 1999), os dados da Organização
Mundial do Comércio (OMC) mostram que o volume mundial de negócios com
mercadorias cresceu em média 9,75% ao ano entre os anos de 1971 e 1988, e que,
neste mesmo período, o PIB mundial cresceu à média anual de 7,25%; como resultado
da maior expansão do comércio em relação ao crescimento da economia mundial, o
total de comércio de mercadorias saltou de 19,8% do PIB mundial em 1970 para 37,6%
do PIB mundial em 1988. Enquanto isso, o volume total de comércio do Brasil,
exportações mais importações, que era 12,5% do PIB em 1971 subiu para apenas
13,8% em 1988, uma variação insignificante; no mesmo período o PIB brasileiro
cresceu em média 5,81% ao ano.
Ao final da década de 1980, também conhecida como “a década perdida” pelo
baixo crescimento econômico brasileiro, era claro que o modelo de substituição de
importações, que prevaleceu por quase 40 anos, havia se esgotado, a economia
brasileira apresentava um desempenho medíocre, o descontrole de preços beirava à
hiperinflação e o país estava em plena moratória da dívida externa. As mudanças
começaram timidamente em 1988 com o início da redução das taxas de importação, a
tarifa média de importação havia sido reduzida de 51,3% para 37,4% no biênio 1988/89.
Mas, as mudanças decisivas vieram com as reformas econômicas de 1990
empreendidas pelo governo Collor com o lançamento da “Nova Política Industrial e de
Comércio Exterior”, um reflexo tardio das políticas de liberalização econômica e