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Revista de Economía Política de las Tecnologías de la Información y Comunicación
www.eptic.com.br, vol. IX, n. 2, mayo – ago. / 2007
A entrada da Telmex no Brasil se dará em 2003, quando a sua controladora, a América
Móvil, adquiriu a Embratel da americana MCI/Worldcom, vencedora no leilão de privatização
que, em 2002, “iria à bancarrota na esteira de um momentoso escândalo contábil”, depois de ter
já protagonizado o episódio das “fitas do BNDES”, gravações divulgadas pela mídia, em que,
“antes mesmo de consumados os leilões, o então ministro das comunicações, Luis Carlos
Mendonça de Barros, em telefonema para Jerry de Martino, executivo da MCI, já comemorava a
aquisição, por esta, da empresa brasileira”, como lembra Dantas (2007). Com a falência, a
Embratel será posta à venda, em 2003.
Era a grande oportunidade que se oferecia ao Governo Lula para começar a desfazer o
equívoco do retalhamento da Telebrás e iniciar a recuperação, para o Brasil, do controle
da empresa e de seus satélites. É difícil entender e ainda há que se explicar porque o
mesmo Governo que, através de hábil manobra do então presidente do BNDES, Carlos
Lessa, evitou a desnacionalização da Vale do Rio Doce, não agiu, com ainda maior
firmeza, no caso da Embratel. Um consórcio formado pela Telemar e Brasil Telecom
queria comprá-la. Na Telemar, o Governo detém 75% do capital social, sendo 25%
através do BNDES e quase 50% através dos fundos de pensão do Banco do Brasil,
Petrobrás e de outras estatais. Na Brasil Telecom, o Governo detém o próprio controle
(vá lá que indireto!), através da mesma Previ e outros fundos de pensão. No entanto, não
apoiou a proposta. Em que pese a oferta brasileira fosse melhor do que a da América
Telecom/Telmex, quem decidiu o futuro da Embratel foi um juiz de Nova York: mandou
a MCI entregá-la a Slim (DANTAS, 2007).
Consolidar-se-ia, assim, com Lula, a perda do controle brasileiro sobre os rumos da sua
indústria das telecomunicações. A Telmex está presente hoje, além do México e Estados Unidos,
“em Honduras, Cuba, Haiti, Costa Rica, Panamá, Venezuela, nas três Guianas, na Bolívia, Peru,
Paraguai e, sobretudo, no Brasil. Aqui, a América Telecom, agora América Móvil, controla a
Claro e a Embratel” (DANTAS, 2007). No caso da Embratel, a sua condição de carrier de longa
distância, desmembrada da antiga Telebrás, coloca-a em condições de enfrentar cada uma das
suas concorrentes no mercado de telecomunicações em seu próprio território, na medida em que
sua licença é nacional.
A Globo, por sua vez, derrotada, como vimos, acabará com a crise de endividamento
externo que enfrentaria logo em seguida, decorrente da desvalorização do real de 1999
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, tendo
que desfazer-se de todas as pequenas posições que assumira no setor das telecomunicações. O
problema é que, com a convergência e a digitalização, ambos os setores tornam-se fundamentais
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Sobre a Globo e seus processos de gestão, ver BRITTOS (2000).