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CARLA PRISCILA KAMIYA
Estudo Power Doppler das Lesões Mamárias
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós Graduação em Ginecologia,
Obstetrícia e Mastologia, Faculdade de
Medicina de Botucatu – Unesp, para
obtenção do Título de Mestre
Orientador. Prof. Dr. Gilberto Uemura
Botucatu – SP
2009
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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉCNICA DE AQUISIÇÃO E TRATAMENTO
DA INFORMAÇÃO
DIVISÃO TÉCNICA DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - CAMPUS DE BOTUCATU - UNESP
BIBLIOTECÁRIA RESPONSÁVEL: Selma Maria de Jesus
Kamiya, Carla Priscila.
Estudo Power Doppler das lesões mamárias / Carla Priscila Kamiya. –
Botucatu : [s.n.], 2009
Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de
Medicina de Botucatu, 2009.
Orientador: Gilberto Uemura
Assunto CAPES: 40101150
1. Mamas - Câncer - Diagnóstico - Estudo de casos
CDD 616.99449
Palavras-chave: Câncer de mama; Doppler; Lesão mamária; Ultra-sonografia
mamária
EPÍGRAFE
Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que,
somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as
incompreensões é que se ama verdadeiramente.
Clarice Lispector
DEDICATÓRIAS
Aos meus pais Ossao e Keiko, alicerces de minha vida.
A meus irmãos Rodrigo e Natália, amigos acima de tudo.
A meu marido Eduardo, companheiro de todas as horas.
Aos meus sogros João e Fátima, segundos pais.
Ao professor Gilberto, amigo verdadeiro.
A meu filho querido que chegará em breve.
AGRADECIMENTOS
Ao Professor Doutor José Ricardo pelo constante apoio e amizade.
Ao Professor Adjunto Paulo Traiman pelos ensinamentos e incentivo.
A Professora Doutora Heloisa pela amizade acima de tudo.
Ao Professor Adjunto Rogério Dias por acreditar em minha pessoa.
A Professora Adjunta Anaglória pela paciência e ensinamentos.
A Professora Doutora Eliana e ao Doutor Jorge pelo incentivo constante.
Ao Professor Titular Peraçoli pelos ensinamentos.
Aos demais colegas e professores do Departamento pelo apoio e amizade.
Ao Professor Doutor Morceli pelos ensinamentos e portas abertas da Radiologia.
Aos membros do CAM por me acolherem como família.
As secretárias do Departamento – Cida, Aninha, Célia e Sandra - pela paciência e ajuda.
A secreria da Mastologia – Mari – pela constante ajuda.
A Cristiane Abe pela amizade e formatação deste trabalho.
Aos residentes da Mastologia – Kico, Karina e Daniel – pela ajuda, apoio e amizade.
Aos residentes da Ginecologia e Obstetrícia pelo apoio.
Aos funcionários da Pós-Graduação da Faculdade de Medicina de Botucatu pelas orientações e apoio técnico.
As pacientes do CAM que tornaram este trabalho possível.
A todos que contribuíram de alguma forma para a realização deste trabalho.
ÍNDICE
Lista de Abreviaturas
Lista de Figuras e Tabelas
Resumo
Summary
Introdução Geral....................................................................................................................... 21
Referências Bibliográficas ....................................................................................................... 30
Artigo para publicação
Introdução............................................................................................................................ 38
Objetivo ............................................................................................................................... 42
Sujeitos e Métodos .............................................................................................................. 44
a. Ultra-sonografia....................................................................................................... 44
b. Estudo Cito-histológico ........................................................................................... 46
c. Estatística................................................................................................................. 47
Resultados............................................................................................................................ 49
Discussão............................................................................................................................. 57
Conclusão ............................................................................................................................ 62
Referências Bibliográficas................................................................................................... 64
Anexos...................................................................................................................................... 69
LISTA DE ABREVIATURAS
Birads® – Breast Imaging Reporting and Data System
CAM – Centro de Avaliação em Mastologia
CD – Color Doppler
E – especificidade
Hz – Hertz
INCA – Instituto Nacional de Combate ao Câncer
IP – índice de pulsatilidade
IR – índice de resistência
MHz – mega Hertz
OMS – Organização Mundial de Saúde
PAAF – punção aspirativa por agulha fina
PD – Power Doppler
Q – quociente sístole/diástole
ROC – Receiver Operator Carachteristic
S – sensibilidade
UNESP – Universidade Estadual Paulista
US – ultra-sonografia
Vmax ou S – velocidade sistólica máxima
Vmin ou D – velocidade diastólica mínima
VPP – valor preditivo positivo
VPN – valor preditivo negativo
2D – bidimensional
3D – tridimensional
LISTA DE FIGURAS E TABELAS
Figura 01a – Curva Power Doppler ........................................................................................ 45
Figura 01b – Vascularização tumoral ..................................................................................... 45
Figura 02a – Punção aspirativa por agulha fina...................................................................... 46
Figura 02b – Citologia de lesão mamária ............................................................................... 46
Figura 03a – Biópsia percutânea............................................................................................. 47
Figura 03b – Histologia de lesão mamária ............................................................................. 47
Figura 04 – Distribuição das lesões malignas e benignas de acordo com a presença ou
ausência de fluxo Doppler................................................................................... 49
Figura 05 – Vascularização segundo o tamanho da lesão....................................................... 50
Figura 06 – Idade das pacientes distribuídas nas lesões benignas e malignas com ou
sem fluxo Doppler e idade média ....................................................................... 51
Figura 07 – Curva ROC do número de vasos ......................................................................... 54
Figura 08 – Curva ROC da Vmax........................................................................................... 54
Figura 09 – Curva ROC do IP................................................................................................. 55
Figura 10 – Curva ROC do IR ................................................................................................ 55
Tabela 01 – Distribuição de idade e tamanho das lesões segundo a presença ou ausência
de fluxo Doppler ................................................................................................. 51
Tabela 02 – Caracterização das lesões com ausência de fluxo Doppler ................................. 52
Tabela 03 – Caracterização das lesões com presença de fluxo Doppler................................. 53
RESUMO
Introdução: A ultra-sonografia mamária tem sido um método padrão complementar à
mamografia há mais de dez anos. Permite o detalhamento da morfologia capaz de diferenciar
lesões benignas de malignas.
A angiogênese tumoral é crítica para o crescimento autônomo e desenvolvimento do câncer
de mama. A alteração hemodinâmica que acompanha tal angiogênese fornece base para o
estudo das lesões no Doppler US
O estudo Doppler US permite a análise de parâmetros objetivos do fluxo como sinais de
fluxo, velocidade máxima sistólica (Vmax), índice de resistência (RI) e índice de pulsatilidade
(PI).
Objetivo: avaliar o papel do Power Doppler estudando tais variáveis de fluxo.
Sujeitos e Métodos: estudo foi realizado no Setor de Diagnóstico e Imagem do Centro de
Avaliação em Mastologia (CAM) do Departamento de Ginecologia, Obstetrícia e Mastologia
da Faculdade de Medicina de Botucatu – UNESP, de dezembro de 2004 a dezembro de 2007.
Este estudo é retrospectivo, analítico e observacional.
Resultados: Foram estudadas 613 lesões mamárias, avaliadas por Power Doppler e citologia
aspirativa ou biópsia percutânea. Pelo estudo, 462 lesões não apresentaram vascularização:
340 benignas (26,41%) e 122 malignas (73,59%). Observou-se vascularização em 151 lesões:
98 malignas (64,90%) e 53 benignas (35,10%). As benignas apresentaram média de 1,79
vasos por lesão; Vmax de 15,86cm/s; IP de 0,99 e IR de 0,61. Já as malignas com fluxo
Doppler, observou-se média de 5,6 vasos por lesão; Vmax de 21,0cm/s; IP de 1,45 e IR de
0,74. Pela curva ROC, para predizer malignidade, observou-se sensibilidade e especificidade
respectivos de 64,3% e 73,6% para 1,5 vasos por lesão; 61,3% e 56,6% para Vmax de 16,50
cm/s ; 72,8% e 66,7% para IP de 1,08 e 70,6% e 68,0% para IR de 0,66.
Conclusão: o estudo Power Doppler das lesões mamárias consegue determinar limites que
auxiliam na diferenciação entre lesões benignas e malignas.
Palavras-chave: Câncer de mama; Doppler; Lesão mamária; Ultra-sonografia mamária
SUMMARY
Introduction: has been a standard complementary procedure to mammography for more than
10 years. It gives morphological details which enable differentiation between benign and
malignant lesions.
Tumor angiogenesis is critical for the autonomous growth and spread of breast cancers. The
altered hemodynamics that accompany tumor angiogenesis provide a basis for discriminating
between malignant and benign breast masses at color Doppler US.
The Doppler Sonographic study of vascularity includes assessment of parameters like number
of flow signals, peak flow velocity (Vmax), resistivity index (RI), and pulsatility index (PI).
Objective: The aim is to evaluate the role of Power Doppler at breast lesions, studying flow
variables.
Methods: The study was conducted in Setor de Diagnóstico e Imagem of Centro de
Avaliação em Mastologia (CAM), Department of Gynecology, Obstetrics and Mastology -
Faculty of Medicine of Botucatu - UNESP in the period of December 2004 to December
2007. This study is retrospective, observational and analytical.
Results: We studied 613 breast lesions, evaluated by Power Doppler and percutaneous biopsy
or aspiration cytology. By PD study, 462 lesions showed no vascularity: 340 benign (26.41%)
and 122 malignant (73.59%). Vascularization was observed in 151 lesions: 98 malignant
lesions (64.90%) and 53 benign lesions (35.10%). Benign lesions has an average of 1.79
vessels per lesion; Vmax of 15.86 cm / s; PI of 0.99 and RI of 0.61. Already the malignant
lesions with Doppler flow, it was observed an avaerage of 5.6 vessels per lesion; Vmax of
21.0 cm / s; PI of 1.45 and RI of 0.74. For the ROC curve, to predict malignancy, was
observed a sensitivity and specificity of 64,3% and 73,6% for the presence of 1.5 vessels per
lesion; 61,3% and 56,6% for Vmax of 16.50 cm / s, 72,8% and 66,7% for PI of 1.08 and
70,6% and 68,0% for RI of 0.66.
It can be concluded that the Power Doppler study of breast lesions to determine boundaries
that help in differentiating between benign and malignant lesions
Keywords: Breast cancer; Doppler; Breast lesion; Breast sonography
Introdução Geral
21
INTRODUÇÃO GERAL
O câncer de mama ocupa lugar de destaque dentro das neoplasias malignas. É a
maior causa de mortalidade por câncer no sexo feminino no Brasil e sua incidência vem aumentando
nas últimas décadas. As estatísticas indicam elevação tanto nos países desenvolvidos quanto nos países
em desenvolvimento. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), nas décadas de 60 e 70
registrou-se um aumento de 10 vezes em suas taxas de incidência ajustadas por idade nos registros de
câncer com base populacional de diversos continentes
(1)
. De acordo com relatório recente estima-se
que ocorrerão 1,4 milhões de casos novos em 2010, o que representa aumento de 82% em relação a
1990
(2)
. O risco de uma mulher americana desenvolver câncer de mama até os 85 anos é de
aproximadamente 1 em 8. A mulher que morre por esta doença perdeu (em média), 19,3 anos de sua
vida
(3)
Além de ser vítima dos efeitos psicológicos, que afetam a percepção da sexualidade e a própria
imagem pessoal.
No Brasil, o câncer de mama é o principal causador de mortes entre as
mulheres. O número de casos novos esperados para 2008 é de 49.400, com um risco estimado
de 51 casos a cada 100 mil mulheres segundo o Instituto Nacional de Combate ao Câncer
(INCA). As taxas de mortalidade por câncer de mama continuam elevadas no Brasil, muito
provavelmente porque a doença ainda é diagnosticada em estádios avançados
(1)
.
A prevenção primária dessa neoplasia ainda não é totalmente possível
devido à variação dos fatores de risco e as características genéticas que estão envolvidas na
sua etiologia. Assim sendo, o sistema de rastreamento assume papel de primordial
importância na detecção de lesões em estágios iniciais
(4)
.
O principal método de rastreamento para o câncer de mama é a mamografia,
com sensibilidade variando de 52-82% e especificidade de 90%, sendo que apenas 10% dos
cânceres de mama podem não ser detectados
(5)
. Outros exames de imagem (tomografia
Introdução Geral
22
computadorizada, termografia ou auto-exame) não mostraram eficácia equivalente ao
rastreamento mamográfico
(6)
.
A mamografia, no entanto, apresenta certas limitações quando se trata de
mamas densas, mamas de gestantes ou lactantes, ou processos inflamatórios. Nestes casos, a
ultrassonografia foi incorporada como método complementar e auxiliar diagnóstico
(5,7)
, além
de seu indiscutível papel nos casos de mamografias inconclusivas.
A ultra-sonografia tem demonstrado uma evolução progressiva e acelerada
tanto em sua tecnologia quanto em sua aplicabilidade. As mamas foram os primeiros órgãos
humanos a serem examinados pela ultra-sonografia na tentativa de diagnosticar tumores
(8,9)
. A
tecnologia daquela época não permitia imagens com definição adequada e os estudos eram
realizados com aparelhos estáticos que exigiam habilidade, treinamento e longo tempo para
cada exame, porque as imagens tinham que ser montadas, praticamente “esculpidas” com o
transdutor, o que de certo modo acabou frustrando o desenvolvimento de novos estudos.
A partir da metade da década de 1970 o aprimoramento do instrumental
ultra-sonográfico permitiu a publicação de estudos que, realmente, começaram a definir a
importância da ultra-sonografia no estudo da patologia mamária estabelecendo critérios para o
diagnóstico diferencial dos nódulos mamários (contornos das paredes, ecos internos, aspecto
da parede posterior)
(10)
. Aparelhos estáticos que utilizavam varreduras automáticas foram
introduzidos, proporcionando diminuição do tempo de exame e ganhos de definição na
imagem
(11)
. Após, o advento das sondas de tempo real, utilizadas manualmente e com boa
definição, proporcionou um grande desenvolvimento. Os equipamentos manuais trouxeram
maior facilidade e rapidez ao exame
(12-15)
, mantiveram e até mesmo melhoraram a
performance dos equipamentos automáticos
(16-19)
. A melhoria tecnológica associada aos
recursos da informática foram decisivos na adoção da técnica
(20)
.
Introdução Geral
23
Em relação às bases físicas da ultra-sonografia, as ondas sonoras são
mecânicas e precisam de um meio físico para se propagar. Elas viajam alternando compressão
e rarefação nas moléculas, resultando na formação de uma onda sinusoidal relacionando
ciclos em uma unidade de tempo
(21)
. A distância entre duas cristas de onda é denominada
comprimento de onda, e o tempo no qual o comprimento de onda se faz por completo é
chamado de período. Conceitua-se freqüência como um determinado número de ciclos
completos em uma unidade de tempo. A unidade de freqüência acústica é o Hertz (Hz).
O principio da ultra-sonografia baseia-se em pulsos de ultra-som, que em
uma freqüência especifica, são transmitidos pelos tecidos, e os ecos refletidos são captados e
processados no computador a fim de gerar imagens bidimensionais do tecido analisado,
demonstrando-os, graficamente, na escala cinza. Como os diversos tecidos interagem com o
ultra-som de maneiras diversas, diferentes níveis de energia acústica são refletidos ao
transdutor.
A energia do ultra-som é submetida a dois processos básicos enquanto
adentra nos tecidos: atenuação (absorção) e reflexão. Estes dois processos, e mais a variação
de velocidade do som nos diferentes meios são responsáveis pelas características ultra-
sonográficas especificas dos tecidos em análise.
Um fenômeno importante no diagnóstico ultra-sonográfico é a impedância
acústica. É definida como a relação da pressão acústica (força de direcionamento) sobre a
movimentação molecular induzida no meio onde se encontram. Propriedades teciduais tais
como densidade e a compressão entre as moléculas que as constituem são importantes na
formação da imagem, pois é na interface entre dois meios adjacentes de diferentes
características próprias que ocorre a variação da impedância, ou seja, a divisa acústica que
leva a reflexão das ondas sonoras.
Introdução Geral
24
Devido os tecidos do organismo humano serem muito semelhantes apenas
uma pequena quantidade da energia ultra-sônica é refletida ao nível da interface dos tecidos
adjacentes acusticamente não semelhantes, enquanto que, a maior parte é transmitida e vai
adentrando pelos tecidos (99% em media)
(21,22)
.
A forma mais usada no diagnóstico ultra-sonográfico em mama é o modo-B
(brilho, “bright”). É baseada na emissão de energia ultra-sônica dos elementos do transdutor e
leitura dos ecos dos tecidos recebidos de diferentes profundidades. A amplitude do eco
recebido do tecido é usada para controlar o brilho (modo-B) no monitor. Os ecos recebidos de
várias direções são combinadas para construir uma imagem bidimensional (2D) da mama.
Desde que cada pulso transmitido e cada eco recebido ocorram em menos de um milisegundo,
mais de 30 imagens podem ser obtidas por segundo.
As imagens ultra-sonográficas podem revelar as diferentes estruturas da
mama. A pele é altamente refletora e aparece como uma linha brilhante na imagem. Ductos
lactíferos são facilmente visíveis, especialmente quando estão dilatados. Os ligamentos de
Cooper, estruturas de suporte das glândulas, são vistas comumente como finas fibras
ecogênicas. O tecido gorduroso produz baixos níveis de ecos e aparecem como uma imagem
escura. Já o parênquima mamário e o tecido fibroso refletem o som de forma intensa e
aparecem brilhantes, brancos (hiperecogênicas). Lesões mamárias geralmente aparecem mais
escuras (hipoecogênicas) que os tecidos vizinhos
(23)
.
A literatura, a partir de então, tem demonstrado o emprego da ultra-
sonografia na diferenciação das lesões malignas das benignas. Stavros
(18)
publicou trabalho
clássico a respeito das características dos nódulos mamários benignos e malignos, deste então,
vários autores tem reproduzido seus achados na prática clínica
(18)
.
Outros critérios foram sendo acrescidos aos primeiros, na tentativa de
aprimorar a performance do método na distinção de patologias benignas e malignas da mama.
Introdução Geral
25
Assim, critérios morfológicos como a relação largura/profundidade
(18,24,25)
, espessamento dos
ligamentos de Cooper
(26)
, uma maior ecogenicidade ao redor do nódulo, definindo um “halo”
ecogênico
(27-29)
, espessamento da pele e alterações texturais no parênquima circunvizinho ao
nódulo foram citados
(30)
.
Em geral, aceita-se que os nódulos benignos tenham contornos regulares,
forma ovalada, ecotextura hipoecogênica homogênea e parede posterior sem alterações ou
com reforço ecogênico. Os nódulos malignos, por sua vez, têm contornos irregulares,
ecotextura hipoecogênica heterogênea, sombreamento da parede posterior e formas mais
irregulares
(18,28,29,31-34)
Uma tendência recente nesta área é a de tentar aprimorar tecnicamente o
desempenho da US. Vários agentes de contraste têm sido utilizados
(35-37)
. A técnica está nos
seus primórdios de avaliação e provavelmente deverá ter papel de destaque no futuro, embora
os custos dos contrastes e o caráter invasivo, ainda que mínimo, possivelmente representem
obstáculos para seu uso na rotina.
A ultra-sonografia tridimensional (3D) também é promissora e o
extraordinário avanço na tecnologia dos computadores poderá trazer benefícios ao seu
desempenho na Mastologia
(38,39)
. Mas sua utilização na rotina diagnóstica ainda merece
estudos mais aprofundados.
O Doppler é um fenômeno onde a freqüência das ondas emitidas de uma
determinada fonte é refletida por um objeto em movimento com uma maior ou menor
periodicidade que a original, ou seja, a mudança da freqüência da onda emitida ao se refletir
de interfaces em movimento é chamada de efeito Doppler. A freqüência de reflexão será
maior, caso o anteparo esteja se aproximando da fonte, e menor se o objeto que devolve o
som estiver se distanciando. A diferença das freqüências geradas pelas estruturas que se
Introdução Geral
26
aproximam e daquelas que se distanciam em relação à fonte emissora, é denominado efeito
Doppler.
Utiliza-se o Doppler para visualização de fluxos em áreas restritas e
previamente selecionadas. A geração dos sinais se dá pela reflexão (principalmente das
hemáceas) das ondas sonoras emitidas pelo transdutor (fonte). Os vasos que estão
perpendiculares ao feixe são mal detectados. O sangue fluindo na direção do feixe resulta em
uma mudança de freqüência mais alta e um sinal mais intenso.
O espectro Doppler permite a análise dos parâmetros objetivos do fluxo,
realizado com a abertura da janela dupla. A compreensão analítica deve incluir a velocidade
sistólica máxima (Vmax ou S) e a velocidade diastólica final (Vmin ou D). A determinação
destas duas características fluxométricas permite o cálculo dos demais índices: quociente
sístole/diástole (Q), índice de pulsatilidade (IP = (Vmax-Vmin/Q) e índice de resistência (IR =
(Vmax-Vmin)/Vmax). A análise das relações entre estas velocidades traduz a resistência
maior ou menor oferecida à passagem do fluxo sangüíneo nos tecidos
(40-43)
.
O espectro resultante demonstrado no modo duplo mostra a variação das
freqüências em uma fração de tempo selecionado. O gráfico representa as maiores freqüências
da amostra Doppler selecionada no tempo, a largura desta representação gráfica na escala
cinza é a extensão das freqüências em relação ao tempo. A variação de direção e de
velocidade é representada na vertical.
O conhecimento do fenômeno da neovascularização aliado ao conhecimento
do efeito Doppler estimulou a curiosidade dos pesquisadores. Na utilização prática destes
efeitos como critérios diagnósticos para tumores, os primeiros estudos utilizaram onda
contínua
(44)
. O exame era moroso, dificultado pela demora em localizar os vasos para o
estudo. A utilização de ondas pulsáteis, conjuntamente com a imagem bidimensional em
tempo real (“duplex Doppler”) tornava o exame menos demorado e mais eficiente. A
Introdução Geral
27
sensibilidade e a especificidade no diagnóstico diferencial entre patologias malignas e
benignas era de 85%-90%. O exame era ainda, contudo, lento, com duração média de 20
minutos
(45-48)
.
A introdução do sinal colorido ou Color Doppler (CD) para identificar os
vasos sangüíneos permitiu uma maior praticidade do exame mamário, diminuindo o seu
tempo ao facilitar a localização dos vasos. Esta facilidade ocorreu não só com o diagnóstico
da presença, número e distribuição dos vasos
(49,50)
, como no estudo da onda espectral, ao
facilitar a colocação da janela mensuradora
(51)
.
Estudos utilizando o CD evidenciaram que a densidade, padrão e
localização predominante (central ou periférica) do sinal colorido são úteis
(52)
, mas a
morfologia ecográfica do tumor tem melhor desempenho diagnóstico que os achados CD. Isto
ocorreria devido a uma grande superposição de padrões de neovascularização entre as
patologias malignas e benignas
(53)
.
Devido à dependência do ângulo de incidência, que o torna pouco sensível a
pequenos vasos sanguineos e o rastreio muito trabalhoso, a fim de gerar a variação de
freqüência necessária para visualização da imagem no CD, é que se procurou outro método
que pudesse suprir esta deficiência
(21,22,54,55)
.
O CD é baseado na média das freqüências de retorno. O CD tem baixa
sensibilidade, tem dependência do ângulo de insonação e permite artefatos de inversão -
aliasing
(43)
. No PD (“Power Doppler”), a energia total de retorno é representada, não a
velocidade ou direção desta como no CD. Isto permite aumento na sensibilidade de detecção
de fluxos muito baixos, independentemente dos efeitos da angulação e sem artefatos de
inversão - “aliasing”. Este artefato consiste na geração de componentes de baixa freqüência,
na amostragem de fluxos em que a freqüência de insonação é menor que duas vezes a
freqüência de retorno – o limite de Nyquist
(43)
.
Introdução Geral
28
Trabalhos ilustram a superioridade na detecção do fluxo por parte do PD em
comparação com o CD nas lesões de natureza sólida
(56,57)
. Sendo possível afirmar que é mais
sensível que o CD três a cinco vezes
(58)
. O PD consegue detectar um maior número de vasos
que o CD, no entanto é incapaz de demonstrar a direção do fluxo e é extremamente sensível
aos movimentos.
Em algumas séries, observou-se a presença de vascularização ao recurso
Doppler tanto em lesões malignas quanto em benignas, mas os vasos são vistos em maior
numero nas lesões malignas. O estudo utilizando parâmetros objetivos de fluxo como índice
de resistência (IR), índice de pusatilidade (IP) e velocidade máxima sistólica (Vmax) tem
demonstrado valores maiores nas lesões malignas quando comparadas com benignas
(41,51,57)
.
Tais índices têm sido estudados para tentar predizer a resposta à
quimioterapia neoadjuvante. Evidencia-se que altos valores podem estar relacionados a uma
boa resposta ao tratamento primário, coincidindo com achados histológicos da cirurgia
(59)
.
O tamanho do tumor é fator fundamental para a visualização a quantificação
do número de vasos no PD
(58,60,61 )
. Alguns trabalhos tentaram até correlacionar o perfil
Doppler com a graduação histológica do tumor
(62)
.
Os tumores com volume de até 0,5 mm são nutridos e oxigenados por
difusão (fase pré-vascular). Para que haja continuidade no processo de desenvolvimento do
tumor, e estes tenham a capacidade de metastatizar, é importante a formação de vasos
sanguíneos
(63)
. O processo de vascularização do tumor inicia-se pela degradação local da
membrana basal que rodeia os capilares, em seguida há invasão do estroma pelas células
endoteliais subjacentes que irão ao encontro do estímulo angiogênico. Concomitantemente, à
medida que em que as células endoteliais vão migrando, outras entram num processo de
multiplicação celular em três dimensões, de modo a formar túbulos, e estes se ligam a outras
Introdução Geral
29
estruturas similares dando origem a uma rede de vasos sanguíneo que nutrirão e permitirão a
expansão local e à distancia do tumor.
Em princípio, a alteração hemodinâmica que acompanha tal angiogênese
fornece a base para a diferenciação entre lesões mamárias malignas de benignas no Doppler
US
(62)
. No entanto ainda não há consenso em vários aspectos do diagnóstico ultrasonográfico
das patologias da mama. Estas discordâncias permeiam tanto o diagnóstico por critérios
morfológicos, quanto por critérios colordopplervelocimétricos. A falta de homogeneidade,
tanto tecnológica, quanto da técnica do exame propriamente dita, contribuem para isto.
A proposta deste estudo é demonstrar se a presença de vasos no estudo
Power Doppler ao ultra-som, assim como a avaliação dos parâmetros objetivos do fluxo (IR,
IP, Vmax), podem ajudar na diferenciação entre benignidade e malignidade.
Referências Bibliográficas
30
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Introdução
38
ARTIGO PARA PUBLICAÇÃO
INTRODUÇÃO
A ultra-sonografia mamária tem sido um método complementar standard à
mamografia por mais de dez anos. Recentemente, uma enorme revolução tecnológica tem
elevado o nível dos equipamentos eletrônicos, software e transdutores. Isso tem resultado em
um enorme ganho na qualidade de imagem (contraste e resolução) e sensibilidade Doppler. O
uso de transdutores lineares de pelo menos 7,5 MHz é mandatório, e freqüências acima de 10
MHz estão se tornado padrão
(1-5)
.
A ultra-sonografia mamária permite não apenas a diferenciação entre lesões
sólidas de císticas, mas também detalhamento da morfologia capaz de diferenciar lesões
benignas de malignas
(6-10)
. O ultra-som aumenta tanto a sensibilidade como a especificidade
do exame da mama quando combinado com a mamografia
(11,12)
. Também é um método de
escolha para guiar procedimentos intervencionistas, como agulhamento, punção aspirativa por
agulha fina ou biópsia percutânea
(13,14)
. O Doppler tem sido usado desde os anos 70 (ondas
Doppler continuas), mas mais recentemente, tem mostrado sua validade no estudo da
vascularização das lesões mamárias
(15)
.
A angiogênese tumoral é sabidamente crítica para o crescimento autônomo
e desenvolvimento do câncer de mama. É um processo complexo que envolve tanto a
incorporação de vasos sanguíneos já existentes dentro do tumor como a criação de
microvasos. Este processo é moderado pelos principais fatores de angiogênese tumoral. Em
princípio, a alteração hemodinâmica que acompanha tal angiogênese fornece a base para o
estudo das lesões no Doppler US
(16-18,63)
.
Introdução
39
As técnicas de Doppler e o desenvolvimento de agentes de contraste usadas
em ultra-sonografia possibilitam a investigação das características vasculares do tumor, o que
permite a diferenciação de lesões benignas de malignas no que se diz respeito a
vascularização
(1-3)
.
O Doppler é usado na medição da vascularização tumoral desde que se
detecte vasos de pelo menos 2 mm de diâmetro. O estudo Doppler US permite a análise de
parâmetros objetivos do fluxo, incluindo medidas de parâmetros como número de sinais de
fluxo, velocidade máxima sistólica (Vmax), velocidade diastólica final (Vmin), índice de
resistência (RI), e índice de pulsatilidade (PI). Isso permite a visualização não invasiva da
arquitetura vascular anormal nos tumores de mama referentes a neoangiogênese
(20-23)
.
Em algumas séries, observou-se a presença de vascularização ao recurso
Doppler tanto em lesões malignas quanto em benignas, mas os vasos são vistos em maior
numero nas lesões malignas, além destas apresentarem IR, IP e Vmax maiores
(24-26)
.
Trabalhos mostram valores de Vmax de 14,4 cm/seg, IR 0,79 e IP de 1,60 para lesões
malignas. Em outros estudos, no entanto, não se conseguiu fazer a diferenciação entre
fibroadenoma e câncer de mama para a prática clínica
(27)
.
Foi tentado também correlacionar o índice de resistência (IR) com achados
anatomopatológicos. No entanto, nenhuma correlação foi vista com status axilar, receptores
de estrogênio e progesterona, tipo histológico. Mas, observou-se ralação entre baixo IR e grau
histológico (grau 2 e 3)
(16)
.
A vascularização das lesões malignas é maior quando comparada com a das
lesões benignas. O padrão de distribuição e a morfologia dos vasos sangüíneos nos tumores
sólidos das mamas, vistos com Power Doppler, são potencialmente importantes. Estudos
Power Doppler demonstraram que lesões malignas têm a vascularização predominantemente
central (86%) e/ou penetrante (65%), irregular (52%) e desordenada (42%). Devem ser
Introdução
40
considerados conjuntamente com outros critérios ecográficos na predição de malignidade das
lesões mamárias. A associação da escala de cinzas (morfologia sonográfica) com os achados
de Power Doppler alcançam alta sensibilidade e valor preditivo
(26)
.
Crescimento tumoral, invasão e metástase são depedentes da angiogênese.
Depois que o novo tumor atinge um tamanho de poucos milímetros de diâmetro (cerca de 106
células), a expansão da população de células tumorais requerem a indução de novos capilares
sanguíneos. E esses novos vasos aumentam a chance das células tumorais entrarem na
circulação. Estudos mostram que a angiogênese tumoral pode ser um fator prognostico
independente no câncer de mama
(18)
.
A proposta deste estudo é analisar o papel do Power Doppler aplicado à
ultra-sonografia mamária na diferenciação entre lesões benignas e malignas.
Objetivo
42
OBJETIVO
Avaliar o papel do Power Doppler aplicado à ultra-sonografia mamária,
estudando a presença de vasos tumorais, a velocidade do fluxo no interior destes vasos, seus
índices de pulsatilidade e resistência.
Sujeitos e Métodos
44
SUJEITOS E MÉTODOS
O estudo foi realizado no Setor de Diagnóstico e Imagem do Centro de
Avaliação em Mastologia (CAM) do Departamento de Ginecologia, Obstetrícia e Mastologia
da Faculdade de Medicina de Botucatu – UNESP no período dezembro de 2004 a dezembro
de 2007. Todas as informações foram obtidas por meio de levantamento de prontuários do
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu e foi aprovado pelo Comitê de
Ética da Instituição em reunião de 03 de março de 2008.
Este estudo é retrospectivo, analítico e observacional.
Foram estudadas 613 lesões mamárias visualizadas por exame ultra-
sonográfico que foram submetidas a avaliação pelo Power Doppler. Todas as lesões foram
avaliadas por citologia aspirativa ou biópsia percutânea.
A. ULTRA-SONOGRAFIA
Para a realização do procedimento, utilizou-se equipamento Logic 5, da
marca General Eletric, com transdutor multifreqüencial, variando de 7,5 a 12 MHz.
A paciente foi examinada em decúbito dorsal, mantendo os braços erguidos
e com as mãos atrás da cabeça, ou outras posições que facilitassem o acesso às lesões, como a
sentada ou em decúbito lateral. Uma vez detectada a lesão, seguiu-se rigoroso estudo com o
mapeamento ao estudo Power Doppler (PD), com cuidado de realizar pressão manual
discreta, de modo a não colabar os vasos tumorais.
A janela sensível ao PD foi adequada ao tamanho da lesão, englobando até
aproximadamente 1cm de tecido vizinho, permitindo estudar a vascularização interna da lesão
e a do tecido circunvizinho (Figuras 01a e 01b). O ganho do PD foi aumentado até o excesso
de ruído de retorno, que aparece na tela em forma de "tempestade de neve colorida", e então
Sujeitos e Métodos
45
reduzido até que o nível de ruído de retorno fosse apenas suprimido, permitindo assim
máxima sensibilidade. A lesão foi considerada com índice ausente quando não se
evidenciaram vasos com esta técnica
Foram anotados os dados da onda espectral do vaso com a maior velocidade
sistólica máxima dentro da lesão ou na sua periferia, englobada pela janela do CD.
Os dados registrados foram:
Fluxo venoso no tumor: foi mensurada sua velocidade na curva espectral quando esteve
presente no interior do nódulo.
Velocidade sistólica máxima (Vmax): foi avaliada a velocidade sistólica máxima na
periferia e no interior do tumor, medida na onda espectral.
Índice de resistência (IR): fornecida pelo equipamento de ultra-sonografia, após as medidas
da curva espectral, na periferia e no interior do tumor, através da fórmula (Vmax – Vmin) /
Vmax.
Índice de pulsatilidade (IP): fornecida pelo equipamento de ultrasonografia, após as
medidas da curva espectral, na periferia e no interior do tumor, através da fórmula (Vmax
– Vmin) / Q.
Figura 01a – Curva Power Doppler Figura 01b – Vascularização tumoral
B. ESTUDO CITO-HISTOLÓGICO
Sujeitos e Métodos
46
Todas as lesões mamárias enquadradas na categoria 3 do Sistema Birads®
foram selecionadas para Punção aspirativa por agulha fina (PAAF). Utilizou-se agulha de fino
calibre (22 ou 23 gauge) acoplada a seringa de 10 ou 20ml e citoaspirador para realização de
vácuo (figura 02a). O material obtido foi enviado como esfregaço em lâminas para avaliação
citológica (figura 02b).
Figura 02a- Punção aspirativa por agulha fina Figura 02b- Citologia de lesão mamária
Já as lesões mamárias enquadradas na categoria 4 ou 5 do Sistema Birads®
foram selecionadas para biópsia percutânea. Utilizou-se pistola semi-automática descartável
de 14 gauge para a obtenção dos fragmentos (figura 03a). O material obtido foi enviado em
frascos de formol para avaliação histológica (figura 03b).
Sujeitos e Métodos
47
Figura 03a – Biópsia percutânea Figura 03b – Histologia de lesão mamária
C. ESTATÍSTICA
As variáveis de interesse (número de vasos, Vmax, RI e PI) foram estudadas
por estatísticas descritivas com média e foram construídas curvas ROC (receiver operator
carachteristic) para cada variável.
Resultados
49
RESULTADOS
Foram analisados 613 nódulos mamários de mulheres com idade média de
50 anos (variando de 15 a 92 anos) e cujo tamanho médio do tumor foi de 1,5 cm (variando de
0,3 a 15 cm).
Figura 04 - Distribuição das lesões malignas e benignas de acordo com a presença ou
ausência de fluxo Doppler
Pelo estudo Power Doppler, 462 lesões não apresentaram vascularização.
Destas, 340 lesões (26,41%) eram benignas e 122 malignas (73,59%). O tamanho médio das
lesões sem fluxo Doppler foi de 1,49 cm (variando de 0,3 a 15 cm). As lesões benignas
tiveram tamanho médio de 1,43 cm (variando de 0,3 a 15 cm). As lesões malignas tiveram
tamanho médio de 1,64 cm (variando de 0,3 a 7 cm).
A idade média das pacientes que apresentaram lesões sem fluxo Doppler foi
de 49,5 anos (variando de 15 a 88 anos). Dentre as que apresentaram lesões benignas, a idade
média foi de 47,7 anos (variando de 15 a 88 anos) e as que apresentaram lesões malignas, a
idade média foi de 54,6 anos (variando de 18 a 84 anos).
Resultados
50
Foi observado vascularização em 151 lesões, sendo 98 lesões malignas
(64,90%) e 53 lesões benignas (35,10%). O tamanho médio das lesões com fluxo Doppler foi
de 2,67 cm (variando de 0,3 a 10 cm). As lesões benignas tiveram tamanho médio de 2,19 cm
(variando de 0,7 a 6 cm). As lesões malignas tiveram tamanho médio de 2,19 cm (variando de
0,3 a 10 cm).
Observou-se a tendência a maior vascularização nas lesões maiores ou
iguais a 1cm quando comparadas as lesões com tamanho menor que 1 cm. Verificou-se que
das 456 lesões maiores ou iguais a 1cm, 315 lesões (69%) não apresentaram vascularização
enquanto que 141 lesões (31%) apresentaram vascularização. Já entre as 157 lesões menores
que 1cm, 147 lesões (93,7%) não apresentaram vascularização contra 10 lesões (6,3%) que
não apresentaram vascularização.
Figura 05 - Vascularização segundo o tamanho da lesão
A idade média das pacientes que apresentaram lesões com fluxo Doppler foi
de 51 anos (variando de 17 a 92 anos). Dentre as que apresentaram lesões benignas, a média
de idade foi de 41,3 anos (variando de 17 a 88 anos). Dentre as que apresentaram lesões
malignas, a idade média foi de 56,2 anos (variando de 20 a 92 anos).
Não se verificou relação entre maior ou menor idade e presença ou ausência
de vascularização.
Resultados
51
Figura 06 - Idade das pacientes distribuídas nas lesões benignas e malignas com ou sem fluxo
Doppler e idade média
Tabela 01 - Distribuição de idade e tamanho das lesões segundo a presença ou ausência de
fluxo Doppler
Doppler Número Variável Média Mínimo Máximo
Negativo 462 idade 49,5 15 88
tamanho 1,49 0,2 15
Positivo 151 idade 51 17 92
tamanho 2,67 0,3 10
Resultados
52
Tabela 02 - Caracterização das lesões com ausência de fluxo Doppler
Biópsia Número Variável Média Mínimo Máximo
Maligno 122 idade 54,6 18 84
tamanho 1,21 0,3 7
vasos 0
Benigno 340 idade 47,7 15 88
tamanho 1,43 0,2 15
vasos 0
O número médio de vasos encontrados foi de 4,26 (mínimo = 1, máximo =
29) por lesão, com velocidade máxima (Vmax) variando de 2,5 a 57cm/s e média de
19,14cm/s. O índice de pulsatilidade (IR) médio foi de 1,28 (variando de 0,1 a 3,9) e índice de
resistência (IR) médio de 0,69 (variando de 0,2 a 1,0). 131 lesões apresentaram vascularização
intratumoral (86,75%) e 20 apresentaram vascularização periférica (13,25%).
Analisando as lesões benignas com fluxo Doppler, observou-se que em 14
lesões (26,4%) a vascularização encontrava-se perifericamente ao tumor, enquanto que 39
(73,6%) lesões apresentavam vascularização intratumoral. O número de vasos variou de 1 a
15, com média de 1,79 vasos por lesão. A Vmax média foi de 15,86cm/s (variando de 2,5 a 39
cm/s). O IP médio foi de 0,99 (variando de 0,1 a 1,95) e IR médio foi de 0,61 (variando de 0,3
a 1,0).
Já as lesões malignas com fluxo Doppler, observou-se que apenas 6 (6,1%)
lesões apresentavam vascularização periférica, enquanto que 92 (93,9%) lesões apresentavam
vascularização intratumoral. O número de vasos variou de 1 até 29 vasos, com média de 5,6
vasos por lesão. O número de vasos variou de 1 a 15, com média de 1,79 vasos por lesão. A
Resultados
53
Vmax média foi de 21,0cm/s (variando de 4 a 57 cm/s). O IP médio foi de 1,45 (variando de
0,4 a 3,9) e IR médio foi de 0,74 (variando de 0,3 a 1,0)
Tabela 03 - Caracterização das lesões com presença de fluxo Doppler
Biópsia Número Variável Média Mínimo Máximo
Maligno 98 idade 56,2 20 92
tamanho 2,92 0,3 10
vasos 5,6 1 29
Vmax 21 4 57
IP 1,45 0,4 1
IR 0,74 0,2 1
Benigno 53 idade 41,3 17 88
tamanho 2,19 0,7 6
vasos 1,79 1 15
Vmax 15,86 2,5 39
IP 0,99 0,1 1,99
IR 0,61 0,3 1
Pela curva ROC, observou-se que a presença de 1,5 vasos por lesão tem
sensibilidade de 64,3% e especificidade de 73,6% para predizer malignidade.
Resultados
54
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
1 - Specificity
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Sensitivity
Diagonal segments are produced by ties.
ROC Curve
Figura 07 – Curva ROC do número de vasos
A Vmax apresentou curva ROC que prediz sensibilidade de 61,3% e
especificidade de 56,6% para malignidade para um valor de 16,50 cm/s.
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
1 - Specificity
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Sensitivity
Diagonal segments are produced by ties.
ROC Curve
Figura 08 – Curva ROC da Vmax
Resultados
55
O IP apresentou curva ROC que prediz sensibilidade de 72,8% e
especificidade de 66,7% para malignidade para um valor de 1,08.
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
1 - Specificity
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Sensitivity
Diagonal segments are produced by ties.
ROC Curve
Figura 09 – Curva ROC do IP
O IR apresentou curva ROC que prediz sensibilidade de 70,6% e
especificidade de 68,0% para malignidade para um valor de 0,66.
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
1 - Specificity
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Sensitivity
Diagonal segments are produced by ties.
ROC Curve
Figura 10 – Curva ROC do IR
Discussão
57
DISCUSSÃO
A ultra-sonografia consegue identificar lesões mamárias dos tecidos
circunvizinhos e a literatura tem demonstrado seu papel na diferenciação entre lesões
benignas e malignas. Há trabalho clássico na literatura a respeito das características
morfológicas dos nódulos mamários (Stavros) no auxílio de tal diferenciação e desde então,
vários outros critérios vêm sendo adicionados na tentativa de aprimorar a performance do
método na distinção de patologias benignas e malignas da mama, sejam novos parâmetros
morfológicos, o estudo dos vasos tumorais, seus índices dopplervelocimétricos, associação
com contrastes ou dosagens de anticorpos para estudar a densidade tumoral
(28,29)
.
Vários estudos têm investigado a vascularização dos tumores mamários
utilizando o efeito Doppler para tentar diferenciar lesões benignas de malignas
(25,30,31)
. O
estudo mais antigo relacionando efeito Doppler e câncer de mama foi realizado por
Crosgrove
(32)
em 1991. A partir deste trabalho, outros autores também passaram a estudar o
assunto
(24)
.
Os tumores malignos com volume de até 0,5 mm são nutridos e oxigenados
por difusão (fase pré-vascular). Para que haja continuidade no processo de desenvolvimento
do tumor e posteriormente adquiram a capacidade de mestastatização, é importante que haja o
processo de neovascularização. E baseado nas alterações hemodinâmicas que acompanham a
formação destes novos vasos, o estudo do efeito Doppler tem papel na diferenciação de lesões
benignas de malignas.
O tamanho do tumor influencia na detecção de vascularização pelo estudo
Doppler, ou seja, quanto maior o tamanho, maior a vascularização pelo Doppler. Esta relação
foi verificada por vários autores
(19,29 33)
. Nosso estudo também evidenciou tal relação: das 456
Discussão
58
lesões maiores ou iguais a 1cm, 31% apresentaram vascularização enquanto das 157 lesões
menores de 1cm, apenas 6,3% apresentaram vascularização.
Outros autores
(19,33)
utilizaram o Power Doppler na avaliação da
vascularização de lesões mamárias sólidas e encontraram uma vascularização central ou
penetrante (intratumoral) maior nas lesões malignas. Além da vascularização intratumoral
maior, as lesões malignas apresentam maior quantidade de vasos
(10)
. Este achado foi
compatível com nosso estudo: as lesões malignas apresentaram 93,9% de vascularização
intratumoral contra 73,6% entre as lesões benignas. Observando a curva ROC em relação ao
número de vasos, verificou-se que a presença de 1,5 vasos por lesão tem sensibilidade de
64,3% e especificidade de 73,6% para predizer malignidade. Ou seja, quanto maior a
quantidade de vasos por lesão e se estes forem predominantemente intratumorais, maior a
probabilidade de malignidade.
Estudos tentaram correlacionar os parâmetros objetivos de fluxo com maior
ou menor tendência de malignidade. Estudo de 1991 analisou neoplasias benignas e malignas
de vários órgãos, incluindo mama e fígado, utilizando o Doppler. Concluiu-se, utilizando as
curvas ROC, que velocidade sistólica máxima de 40cm/s era o melhor ponto de corte para
diferenciar os tumores malignos dos tumores benignos e que o IR tinha importância nesta
diferenciação.
(34)
Outros dois estudos de um mesmo autor analisaram pacientes somente com
lesões mamárias (carcinomas, lesões benignas e processos inflamatórios) e encontraram
associação estatística significante para a malignidade para todos os critérios quantitativos. A
análise do IR e do IP mostrou tendência de crescimento desses índices nos nódulos
malignos
(30)
. Outros estudos evidenciaram que nódulos malignos têm IR maior que os
benignos, IR igual ou maior que 0,70 associava-se estatisticamente com malignidade (S 82%,
E 81%, VPP 70%, VPN 89%)
(24)
.
Discussão
59
Comparando-se os trabalhos clássicos desenvolvidos para a detecção e o
diagnóstico dos tumores malignos dos ovários, esperava-se que o IR fosse tão baixo nas
neoplasias malignas da mama como o é nas neoplasias malignas ovarianas
(35)
. Nas mamas o
IR, em geral, é maior nos tumores malignos. A explicação, talvez, esteja no fato de os tecidos
mamários terem maior densidade do que os tecidos ovarianos e assim exercerem maior
pressão sobre os microvasos, aumentando a resistência para a passagem do fluxo.
No presente estudo, também utilizando a curva ROC, a velocidade sistólica
máxima (Vmax) de 16,50 cm/s prediz sensibilidade de 61,3% e especificidade de 56,6% para
malignidade. A partir deste valor de Vmax, quanto maior a velocidade, maior a probabilidade
de malignidade.
Este estudo demonstrou, também por meio do estudo da curva ROC, que IR
de 0,66 prediz sensibilidade de 70,6% e especificidade de 68,0% para malignidade e IP de
1,08 prediz sensibilidade de 72,8% e especificidade de 66,7% para malignidade. Então a partir
de destes valores (IR>0,66 e IP>1,08) quanto maiores os valores, maior a probabilidade de
malignidade.
Assim, lesões mamárias que apresentem alta Vmax, altos valores de IR e/ou
IP ao estudo do Power Doppler têm maior suspeita de malignidade. É claro que os fatores
morfológicos continuam a ser os principais elementos na diferenciação entre as lesões
mamárias, mas se associados ao estudo Doppler podem aumentar a acurácia do exame. Por
exemplo: lesões aparentemente benignas ao exame ultra-sonográfico (Birads® 3) podem ter
seu nível de suspeita para malignidade aumentado, caso o estudo Power Doppler demonstre
valores aumentados de Vmax, IR e/ou IP, passando, então, a serem consideradas lesões
Birads® 4.
A questão da variabilidade intra e inter-observador pode influenciar os
resultados dos exames. Estudos com vários radiologistas experientes utilizando os critérios
Discussão
60
clássicos
(36)
e puderam constatar uniformidade de interpretação intra-observadores, mas há
ausência de homogeneidade na interpretação inter-observadores, o que pode resultar em
diagnósticos inconsistentes
(37,38)
. Este trabalho, no entanto, foi realizado por apenas dois
examinadores, aumentando, assim, a homogeneidade dos laudos.
Este estudo contribui para melhor diferenciação entre lesões mamárias
benignas de malignas pelo estudo Power Doppler demonstrando que este tipo de avaliação
ultra-sonográfica é uma ferramenta útil e não deve ser desprezada na avaliação de lesões
mamárias.
Conclusão
62
CONCLUSÃO
O estudo Power Doppler das lesões mamárias, através de suas variáveis
(número de vasos, Vmax, IR e IP), consegue determinar limites que auxiliam na diferenciação
entre lesões benignas e malignas.
Referências Bibliográficas
64
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Anexos
69
Anexo 1. Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa
Anexos
70
Anexo 2. Classificação Birads® - Ultra-sonográfico
Categoria 0 exame inconclusivo
Categoria 1 negativa – nenhuma lesão
encontrada
Categoria 2 achados benignos, sem sinal de
malignidade
Categoria 3 achados provavelmente benignos
Categoria 4 achados suspeitos
Categoria 5 altamente sugestiva de carcinoma
Categoria 6 sabidamente maligno, confirmado
por biópsia
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