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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU
CASSIA MARIA FISCHER RUBIRA
Estudo longitudinal sobre similaridade, transmissão,
e estabilidade de colonização de Estreptococcus
mutans em famílias brasileiras
BAURU
2007
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CASSIA MARIA FISCHER RUBIRA
Estudo longitudinal sobre similaridade, transmissão,
e estabilidade de colonização de Estreptococcus
mutans em famílias brasileiras
v.1
Tese apresentada à Faculdade de Odontologia de
Bauru, da Universidade de São Paulo, como parte
dos requisitos para obtenção do título de Doutor em
Odontologia.
Área de concentração: Estomatologia
Orientadora: Prof
a
Dr
a
Odila Pereira da Silva Rosa
Co-Orientador: Prof. Dr. Walter A. Bretz
BAURU
2007
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Rubira, Cassia Maria Fischer
R825e Estudo longitudinal sobre similaridade, transmissão, e
estabilidade de colonização de Estreptococcus mutans em
famílias brasileiras / Cassia Maria Fischer Rubira.-- Bauru,
2007.
112 p.
Tese. (Doutorado) - Faculdade de Odontologia de
Bauru. Universidade de São Paulo.
Orientadora: Profª Drª Odila Pereira da Silva Rosa
Co-Orientador: Prof Dr Walter A. Bretz
Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e
científicos, a reprodução total ou parcial desta tese, por
processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos.
Assinatura:
Comitê de Ética: Forsyth Institute IRB (Boston, MA, USA)
Protocolo nº: 6-11
Data: August 7, 2007
DEDICATÓRIA
À minha filha, Isabella, pela compreensão
e ajuda. Aos meus pais, Gabriel e Myrthes
que sempre me incentivaram para estudar,
aos quais devo, em grande parte, o que
hoje sou. Às minhas irmãs, Izabel e Cecília,
pelas palavras positivas. Aos meus
sobrinhos, Pedro, Miguel, Juliana e
Eduardo. À minha avó Izabel. Ao José
Augusto. Ao Wilson. Enfim, as pessoas que
por mim, depositaram sua confiança.
AGRADECIMENTOS
A minha orientadora Prof Dra Odila Pereira da Silva Rosa, pela
confiança e a certeza de que eu não a decepcionaria. Ao Prof Dr Walter Bretz,
pela confiança em dobro, a minha eterna gratidão. Aos meus dois
orientadores, espero ter cumprido parte de um belíssimo trabalho realizado
no Projeto Pittsburgh.
Á todos os meus professores desta casa e do curso de doutorado
em Estomatologia, que contribuíram na minha formação como pesquisadora
e educadora. Em especial, ao Prof Dr José Humberto Damante pela a
amizade e paciência, à Profª Drª Ana Lucia Álvares Capelozza pela a alegria e
o carinho, ao Prof Dr Luiz Eduardo Montenegro Chinellato pela atenção e a
serenidade, aos três meus sinceros agradecimentos e eterna gratidão.
Aos demais professores da Cirurgia e da Estomatologia: Profs. Drs.
Paulo Sérgio Perri de Carvalho, Eduardo Sant’Ana, Osny Ferreira Júnior,
Júlio de Araújo Gurgel.
À Profa Dra Maria Fidela de Lima Navarro e ao Prof. Dr. José
Carlos Pereira pelo apoio.
Ao Prof. Dr. José Roberto Pereira Lauris pelas inúmeras
orientações quanto à análise estatística.
Aos funcionários da Estomatologia e da Cirurgia, Josieli, Elza,
Luciana, Camila, Fernanda, Roberto, Roque e Walderez. Em especial à
Marília Gião, minha companheira.
I also thank Dr Anne Tanner and my Forsyth’s friends, Eleni,
Jennifer, Charles, Mohamed and Lila.
Aos amigos de turma de Doutorado, Luís Fernando, Eduardo,
Flávio, Cláudio e Fernando. Aos colegas de Pós-Graduação, Renato, Marcelo,
Etiene, Carla, Zanda, Melissa, Josiane, Tadeu, Renata, Daniele, Gustavo,
Letícia, Marta, Ellen, Manoela, Camila, Marcelo, Gabriel, Ana Raquel,
Adilson, Angélica e o Augusto.
À secretaria de pós-graduação da Faculdade de Odontologia de Bauru. Aos
funcionários do Serviço de Biblioteca e Documentação “Prof Dr Antônio
Gabriel Atta”.
“For all those times you stood by me
For all the truth that you made me see
For all the joy you brought to my life
For all the wrong that you made right
For every dream you made come true
For all the love I found in you
I'll be forever thankful”
Diane Warren
RESUMO
O objetivo deste estudo foi investigar longitudinalmente a transmissão de
Streptococcus mutans em um grupo de famílias brasileiras de baixa renda. Um
critério de inclusão importante foi o de todos os adultos conviverem na mesma casa
com a criança. Participaram da pesquisa 14 mães, pais e crianças e 8 avós.
Amostras de saliva das crianças foram coletadas em quatro visitas durante 22
meses, para pesquisa de S.mutans. Foram positivas apenas 8 crianças, que tiveram
os seus isolados e os isolados de suas famílias identificados pelo método de
hibridização DNA-DNA. Um total de 506 isolados de S.mutans foi genotipado pelo
método de AP-PCR, usando o primer OPA-02. Foram detectados 20 genótipos
diferentes nas 8 famílias, variando de 1 a 5 nos adultos e 1-2 nas crianças. Todas as
mães e alguns pais e avós compartilharam genótipos com as crianças. Em todas as
famílias foram encontrados genótipos homólogos nos adultos. Alguns genótipos
foram estáveis, e outros, se perderam, mas o compartilhamento pode favorecer a
contínua reinfecção. Três crianças desenvolveram cárie no período. O encontro de
genótipos de cada membro da família na criança e o compartilhar de genótipos nos
adultos, sugerem uma reavaliação de modelos preventivos antimicrobianos
focalizados apenas na figura materna.
Palavras-chave: Streptococcus mutans; AP-PCR; Transmissão
ABSTRACT
The objective of this study was to investigate in a longitudinal study the transmission
of Streptococcus mutans in Brazilian families of a low socioeconomic status. An
important entry criterion for the study was to include all members of a household in
the study. The study cohort was comprised of 14 mothers, fathers and children and 8
grandmothers. Saliva samples were collected for S. mutans analysis in 4 visits during
22 months. Only eight children were positive for S. mutans by employing DNA-DNA
hybridization that was also applied to household members. A total of 506 isolates of
S. mutans were genotyped by AP-PCR with the primer OPA-02. Twenty genotypes
were detected in 8 families ranging from 1 to 5 in the adults and 1-2 in the children.
All mothers and some fathers and grandmothers shared similar genotypes with the
children. In all families homologous genotypes were encountered among adults.
Some genotypes were stable, and others were lost although sharing a similar
environment may favor additional transmission episodes. Three children developed
decay during the study period. The fact that children shared genotypes from all
household members suggest that reevaluation of preventive methods aimed at
suppressing S. mutans infections should include additional family members and not
only the mothers.
Key words: Streptococcus mutans; AP-PCR; Transmission
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Ciclos do termociclador, programado segundo SAARELA et
al 1996
46
Figura 2 – Exemplo de um Checkerboard usado para detectar 8 espécies
bacterianas em isolados de algumas crianças. As linhas verticais
contêm as sondas das espécies indicadas abaixo na figura. As
linhas horizontais possuem as amostras dos isolados das
crianças. As duas últimas linhas horizontais estão os controles
padrões 10
5
e 10
6
UFC/ml
55
Figura 3 – Fotografia do gel de agarose, onde os produtos de reação de
amplificação com o iniciador arbitrário de isolados de S.mutans
da família 2 foram submetidos à corrida eletroforética. Linha 1 –
peso molecular (M) utilizado foi DNA 1 kpb; linhas 1 a 7 –
isolados da criança (linhas 2 e 3, V2; linhas 4 e 5, V3; linhas 6 e
7, V4); linhas 8 a 11 – isolados da mãe (linha 8, V1; linha 9, V2;
linhas 10 e 11, V4); linhas 12 a 15 – isolados do pai (linhas 12 e
13, V1; linhas 14 e 15, V2); Linhas 16 a 19 – isolados da
agregada (linhas 16 e 17, V1; linhas 18 e 19, V2)
57
Figura 4 – Transmissão intrafamilial indicado pela similaridade dos
genótipos da Tabela 8
61
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Características clínicas e escores de EM das 14 Famílias 50
Tabela 2 – Médias e desvios-padrão das características clínicas e escores
de EM dos adultos das 14 famílias
51
Tabela 3 – Número de dentes irrompidos, ceos e escores de EM nas 14
crianças
52
Tabela 4 – Correlação entre o número de dentes e o momento de
detecção (MD) inicial de EM pelo teste de Spearman*
52
Tabela 5 – Comparação dos índices CPOS e escores de EM dos pais de
crianças com e sem cárie pelo teste de Mann Whitney*
53
Tabela 6 – Hábitos de risco (n=4) dos adultos das famílias de crianças
com e sem cárie
54
Tabela 7 – Total de isolados de Streptococcus .mutans genotipados nos
membros das 8 famílias
56
Tabela 8 – Distribuição dos genótipos dos Streptococcus mutans
identificados durante as visitas
58
Tabela 9 – Estabilidade dos genótipos nos membros das 7 famílias 59
Tabela 10 – Transmissão dos genótipos das 7 famílias 60
Tabela 11 – Encontro de genótipos em um ou associação de membros das
8 famílias
60
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AP-PCR – Arbitrarily primed Polymerase Chain Reaction (Arbitrarily primed
Polymerase Chain Reaction)
BHI - Brain Heart Infusion
Checkerboard DNA-DNA Hybridization – Painel de hibridização DNA-DNA
CPOS – número de superfícies cariadas, perdidas e obturadas nos dentes
DNA Fingerprinting – Impressão Digital Genômica do DNA
EM – Estreptococos mutans
IG – índice gengival
L - Lactobacillus
RAPD – Random amplification of polymorphic DNA (Polimorfismo no comprimento
de DNA amplificado ao acaso)
p – nível de significância
pb – pares de base
PCR – Polymerase Chain Reaction (Reação em Cadeia de Polimerase)
Primer – oligonucleotídeos
REA – restriction enzyme analysis (Análise com enzimas de restrição)
RFLP – Restriction fragment length polymorphism (Polimorfismo no comprimento de
fragmentos de restrição do DNA)
r.p.m – rotações por minuto
SB-20 – Agar sacarose bacitracina
UFC – unidade formadora de colônia
UPGMA – unweighted pair-group method using arithmetic averages (análise das
medias aritméticas de grupos não-ponderados)
LISTA DE SÍMBOLOS
cm - centímetros
µl - microlitro
ml – mililitro
mg - micrograma
ng - nanograma
mM - milimolar
µg/M - micro
± - desvio-padrão
U/ml – Unidade por mililitro
º.C – grau Celsius
pH - potencial hidrogeniônico'
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 26
2 REVISÃO DA LITERATURA 29
3 PROPOSISÃO 38
4
MATERIAL E MÉTODOS
40
41
41
42
44
4.1 População
4.2 Exame clínico e Questionário
4.3 Exame bacteriológico e isolamento de EM da saliva
4.4 Identificação dos estreptococos mutans
4.5 Genotipagem dos Streptococcus mutans por AP-PCR
4.6 Análise Estatística
47
5
RESULTADOS
5.1 Dados clínicos e quantificações de EM
5.2 Identificação e genotipagem dos estreptococos mutans
49
55
6 DISCUSSÃO 63
7 CONCLUSÕES 71
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 73
ANEXO 1 85
ANEXO 2 93
ANEXO 3 105
1. Introdução
Introdução____________________________________________________________
26
1 INTRODUÇÃO
Os estreptococos mutans (EM) constituem um grupo de cocos Gram
positivos bioquìmica, antigenica e geneticamente heterogêneo, do qual fazem parte,
entre outros, Streptococcus mutans e Streptococcus sobrinus, os principais
responsáveis pela cárie dental humana (LOESCHE, 1986).
O requisito básico para a aquisição e estabelecimento desses
microrganismos é a irrupção dos primeiros dentes decíduos, uma vez que
necessitam de superfícies não descamativas para se implantar (BERKOWITZ,
JORDAN, WHITE, 1975; CARLSSON, GRAHNEN, JONSSON, 1975), tendo sido
observado que, quanto mais precocemente ocorrer a colonização oral por EM, maior
o risco de desenvolvimento de cárie na dentição decídua (ALALUUSUA,
RENKONEN, 1983; KOHLER et al., 1988; FUJIWARA et al., 1991). Por essa razão
existe uma preocupação quanto ao momento da aquisição inicial e a fonte desses
microrganismos.
A colonização pelos EM ocorre num período definido por CAUFIELD et
al. (1993) como “janela da infectividade”, dos 19 aos 31 meses de vida. Esse período
pode variar, conforme o autor, sendo mais precoce (MATTOS-GRANER et al., 1998;
KLEIN et al., 2004), ou mais tardio (EMANUELSSON, LI, BRATTHALL, 1998).
REDMO EMANUELSSON, THORNQVIST, 2001 sugeriram que a criança que não
for colonizada até os três anos pode permanecer livre por anos.
A mãe parece ser a principal fonte de EM para a infecção dos filhos,
pois na maioria das vezes é sua principal cuidadora (BERKOWITZ, JONES, 1975;
LI, CAUFIELD, 1995; ALALUUSUA et al., 1996; EMANUELSSON, LI, BRATTHALL,
1998; REDMO EMANUELSSON, WANG, 1998). Dados experimentais já
demonstraram que mães com altas concentrações de EM salivares tendem a ter
crianças altamente infectadas, ocorrendo o inverso com mães com baixas
concentrações (KOHLER, BRATTHALL, 1978; KOHLER, BRATTHALL, KRASSE,
____________________________________________________________ Introdução
27
1983; CAUFIELD, CUTTER, DASANAYAKE, 1993). Essas observações tornaram-se
a base de estudos que buscam interferir com a transmissão de EM de mãe para filho
diminuindo os níveis salivares de EM nas mães (KOHLER et al., 1982; KOHLER,
BRATTHALL, KRASSE, 1983; TENOVUO et al., 1992; CAUFIELD, CUTTER,
DASANAYAKE, 1993; KOHLER, ANDRÉEN, 1994). Entretanto, existem outras
fontes de infecção (BERKOWITZ et al., 1975; 1980; CAUFIELD, WALKER, 1989;
CAUFIELD, CUTTER, DASANAYAKE, 1993; LI, CAUFIELD, 1993; REDMO
EMANUELSSON, WANG, 1998; SPOLIDORIO et al., 1993; KLEIN et al., 2004;
ERSIN et al., 2004; HAMES-KOCABAS et al., 2006).
Para identificar corretamente a fonte de infecção e o efeito de medidas
preventivas, é preciso saber reconhecer o S.mutans que se pretende eliminar. Nessa
tarefa foram usados vários métodos, como testes bioquímicos, bacteriocinotipagem
e sorotipagem (MASUDA et al., 1979), mas as modernas técnicas moleculares
aprimoraram a identificação e quantificação dos microrganismos, permitindo aos
pesquisadores melhor compreensão sobre a composição da microbiota bucal
(SOCRANSKY et al., 2004). A técnica de hibridização DNA-DNA, por exemplo,
permite a determinação simultânea da presença e da quantidade de espécies
bacterianas em amostras clínicas múltiplas ou únicas (SIQUEIRA et al., 2001). Uma
técnica que vem sendo largamente utilizada na identificação é a AP-PCR, reação em
cadeia da polimerase com primers arbitrários. Trata-se de técnica relativamente fácil
e rápida de executar, comparada à técnicas mais elaboradas para as quais é
necessário o conhecimento prévio da seqüência de DNA da bactéria alvo (SAARELA
et al., 1996).
No Brasil, AZEVEDO, ZELANTE (1994), usando bacteriocinotipagem, e
SPOLIDORIO et al. (2003), com AP-PCR, realizaram estudos transversais com
famílias, tendo observado o compartilhamento de genótipos homólogos de crianças
e seus familiares. Estudo longitudinal completo, pesquisando similaridade,
estabilidade e diversidade genotípica, foi realizado por KLEIN et al. (2004), em pares
de mães e filhos que ficavam em creches. Pela importância do tema, no que diz
respeito a medidas preventivas, são necessárias informações longitudinais
adicionais sobre a aquisição, estabilidade e compartilhamento de genótipos, em
famílias de baixa renda cujos primogênitos sejam cuidados em casa, no período de
aquisição inicial.
2. Revisão de Literatura
____________________________________________________ Revisão de Literatura
29
2. REVISÃO DE LITERATURA
O início e desenvolvimento da cárie dental dependem da quantidade e
qualidade do biofilme, presença de carboidratos (composição, freqüência e
quantidade) e da resistência da superfície do dente à adesão dos EM. O aumento do
nível de EM e lactobacilos está intimamente associado à ingestão de carboidratos,
pois como organismos acidúricos, sobrevivem ao aumento da acidez na placa
quando comparados aos demais organismos menos ácido-resistentes.
Conseqüentemente à elevação do número de EM e lactobacilos, aumenta a
probabilidade de infecção dos dentes vizinhos, especialmente em presença de
sacarose, que favorece a adesão inicial dos EM à superfície dos dentes (VAN
HOUTE, 1993). Outros fatores como a saliva, exposição ao flúor, higiene bucal,
idade, influência familiar, condição sócio-econômica e susceptibilidade do indivíduo
são coadjuvantes no desenvolvimento da cárie, podendo modular a qualidade e
quantidade do biofilme e aumentar ou diminuir a resistência das estruturas dentais
(LOESCHE, 1986; ALALUUSUA et al., 1994).
Os EM constituem um grupo heterogêneo de microrganismos
classificados em 7 espécies e 8 sorotipos: S. cricetus (sorotipo a), S.mutans
(sorotipos c ,e , f), S.sobrinus (sorotipos d, g), S.macacae (sorotipo c), S.downei
(sorotipo h) e S. ferus (sorotipo c). O sorotipo k foi identificado mais recentemente
(NAKANO et al., 2004) e parece sobreviver mais tempo na circulação sanguínea
humana. No homem, os EM prevalentes são os Streptococcus mutans, com o
sorotipo c correspondendo de 70 a 100% dos isolados, seguidos do Streptococcus
sobrinus (LOESCHE, 1986).
A infância é um importante período para o futuro da saúde bucal no
indivíduo, daí o interesse em determinar o momento, o estabelecimento e a fonte de
transmissão dos EM na boca. Durante este período os dentes decíduos irrompem e
os microorganismos os colonizam. No primeiro ano de vida, os EM podem ser ou
Revisão de Literatura_____________________________________________________
30
não detectados ou estar provisoriamente presentes na boca de infantes
(CARLSSON et al.,1970; 1975; BERKOWITZ et al., 1975; 1980; MASUDA et al.,
1979; ALALUUSUA, RENKONEN, 1983; FUJIWARA et al., 1991). Inicialmente, as
crianças abrigam baixos níveis de EM no biofilme e a colonização é transitória
(MASUDA et al., 1979; DAVEY, ROGERS, 1984; ALALUUSUA et al., 1996).
O período de aquisição dos EM é um dos fatores chave para melhor
entendimento da evolução e do desenvolvimento do processo da cárie, pois quanto
mais precocemente a criança for por eles colonizada, maior a chance de
desenvolvimento da doença (KOHLER et al., 1978; 1988; ALALUUSUA,
RENKONEN, 1983). Contudo, os limites do período de aquisição continuam
indefinidos, em face das diferenças reais entre populações ou métodos de
amostragem e de detecção. MASUDA et al. (1979) sugerem que o período de
aquisição inicial ocorra entre os 13 e os 31 meses de idade da criança. CAUFIELD,
CUTTER, DASANAYAKE, em 1993, criaram a hipótese da “Janela de Infectividade”
para EM, segundo a qual a aquisição tem lugar entre os 19 e 31 meses de idade.
KARN et al.(1998) apontam o período dos 8 aos 15 meses, enquanto
TEDJOSASONGKO, KOZAI (2002) relatam uma variação maior no período de
aquisição, dos 8 aos 52 meses. Em média, a aquisição inicial é observada aos 26
meses e pelo menos nos primeiros 5 anos de vida (CAUFIELD, CUTTER,
DASANAYAKE, 1993; LI, CAUFIELD, 1995). Em crianças brasileiras, a aquisição
inicial ocorre mais precocemente, aos 15,4 ± 2,12 meses para S.mutans, e 17,63 ±
3,56 meses para S.sobrinus (KLEIN et al., 2004).
A detecção de EM aumenta com a idade e com o número de dentes e
áreas retentivas em suas superfícies (CARLSSON et al., 1975; MASUDA et al.,
1979; ALALUUSUA, RENKONEN, 1983; KLEIN et al., 2004). A presença de
superfícies não-descamativas parece ser essencial para a colonização (CARLSSON
et al., 1969; 1970; BERKOWITZ, JORDAN, WHITE, 1975; BERKOWITZ, TURNER,
GREEN 1980). Entretanto, há evidências de que os EM podem ser encontrados
antes da erupção dos dentes (MILGROM et al., 2000). TANNER et al. (2002)
detectaram EM na língua de 33 % de bebês edêntulos, com forte relação com a
presença da espécie no adulto.
Conforme demonstrado por KOHLER et al. (1978; 1988), a transmissão
de EM se dá através de objetos contaminados por saliva. Em seu estudo, a infecção
ocorreu pelo compartilhamento de utensílios como copo, colher que o adulto,
____________________________________________________ Revisão de Literatura
31
principalmente a mãe, levava à boca, em questão de horas. Daí a conclusão de que
a fonte natural para a infecção da criança é o indivíduo com quem tem mais contato.
Os autores demonstraram também que a chance da criança se infectar é baixa
quando o cuidador principal (mãe ou outro) abrigar nível inferior a 100.000
S.mutans/ml na saliva.
VAN HOUTE, GREEN (1974) sugeriram que a transmissão de
bactérias entre indivíduos deve-se essencialmente a fatores de afinidade bacteriana
e ao número de UFC (unidades formadoras de colônias) disponíveis para a
aderência, o que inclui, por exemplo, a freqüência de transferência, fatores do
hospedeiro que interferem na aderência ou crescimento bacteriano, sobrevivência
bacteriana durante a transferência, e tipo de dieta do hospedeiro. Esses fatores,
biológicos, bem como os relacionados a hábitos e estilo de vida podem ser
diferentes em diferentes populações e países.
A identificação individual das cepas de EM isoladas das crianças é
essencial para determinar a fonte de infecção. Para tanto, a comparação entre
cepas de crianças e conviventes tem sido realizada com base em características
fenotípicas, usando métodos como a bacteriocinotipagem (BERKOWITZ, JORDAN,
WHITE, 1975; MASUDA et al.,1979; DAVEY, ROGERS, 1984; AZEVEDO,
ZELANTE, 1994; GRONROOS et al., 1998) e a sorotipagem (BERKOWITZ et al.,
1975; MASUDA et al., 1979; LI et al., 2001), bem como em características
genotípicas, investigadas através da determinação de plasmídios em EM
(CAUFIELD et al., 1988), ou de técnicas que analisam os modelos das bandas de
digeridos do DNA cromossômico por endonucleases de restrição, ou impressão
digital de DNA cromossômico - CDF (chromosomal DNA fingerprinting) (CAUFIELD,
WALKER, 1989; KULKARNI, CHAN, SANDHAM, 1989; LI, CAUFIELD, 1995; 1998;
REDMO EMANUELSSON, WANG, 1998; EMANUELSSON, LI, BRATTHALL, 1998;
KOZAI et al., 1999; EMANUELSSON, THORNQUIST, 2001; TEDJOSASONGKO,
KOZAI, 2002; LINDQUIST, EMILSON, 2004); ou estudam o polimorfismo de
comprimento dos fragmentos de restrição - RFLP (restriction fragment length
polymorphism) (MATTOS-GRANER et al. 2001); ou fazem a ribotipagem (SAARELA
et al., 1993; ALALUUSUA et al., 1994;1996; GRONROOS et al., 1998), ou ainda, a
reação em cadeia da polimerase com iniciadores (“primers”) arbitrários – AP-PCR
(arbitrarily primed–polymerase chain reaction) (SAARELA et al., 1996; LI,
CAUFIELD, 1998; LI et al., 2001; SPOLIDORIO et al., 2003; ERSIN et al., 2004;
Revisão de Literatura_____________________________________________________
32
KLEIN et al., 2004, LI et al., 2005). Sem dúvida, os métodos baseados nas
características genotípicas são mais acurados.
Dentre as técnicas de genotipagem, destaca-se a AP-PCR. Trata-se de
um método rápido, com economia de tempo e de recursos laboratoriais, que pode
ser usado na identificação genômica polimórfica nos estudos epidemiológicos e
taxonômicos (WELSH, MACCLELLAND, 1990; LI, CAUFIELD, 1998). Na
comparação entre técnicas, os resultados da AP-PCR correlacionaram-se bem com
a ribotipagem, indicando tratar-se de método adequado quando se investiga grande
número de isolados de EM (SAARELA et al., 1996).
LI; CAUFIELD (1998) também encontraram excelente concordância
entre o fingerprinting de DNA cromossômico e AP-PCR. No estudo de 14 isolados de
S.mutans por AP-PCR e fingerprinting de DNA cromossômico, esta última mostrou
maior capacidade de distinção entre os padrões genotípicos do que técnica de AP-
PCR, mas o nível de discriminação desta comparou-se favoravelmente com o
fingerprinting de DNA. Na avaliação da similaridade intrafamilial, a técnica de AP-
PCR apresentou resultado semelhante ao do fingerprinting de DNA, quando da
comparação dos isolados de 5 pares de mãe-filho com padrões genotípicos
idênticos, 5 pares mãe-filho com padrões não idênticos e de 5 pais, demonstrando
que a AP-PCR pode distinguir homogeneidade e heterogeneidade de genótipos de
EM em famílias. Na comparação entre as duas técnicas, o alto valor de kappa
(κ=0.867, p<0,001) indicou excelente concordância entre ambas. Quanto à
reprodutibilidade, a AP-PCR demonstrou ser uma técnica precisa, com bom
desempenho. Em poucos casos a AP-PCR pareceu menos capaz que o
fingerprinting em discriminar 40 cepas de S.mutans. Por essa razão, os autores
sugerem, em casos de aparente homologia usando AP-PCR, confirmá-la com um
segundo primer ou pelo fingerprinting de DNA cromossômico.
De 40 primers estudados na AP-PCR, o primer OPA-02 (OPERON
Technologies Inc.), com 10 nucleotídeos – 5´-TGCCGAGCTG e 70% de bases G+C
foi o que exibiu o maior potencial discriminador para S.mutans (LI, CAUFIELD,
1998). A capacidade da AP-PCR com OPA-02 diferenciar S.mutans de S.sobrinus foi
comparável à do CDF (LI et al., 2001). SAARELA et al. (1996) empregaram o primer
OPA-05, na AP-PCR para S.mutans, e o OPA-13, para o S.sobrinus. De modo geral,
os autores que estudam similaridade empregam um primer, como o OPA-02 (LI et
al., 2005), o OPA-05 (ERSIN et al., 2004), o OPA-13 (SPOLIDORIO et al., 2003), ou
____________________________________________________ Revisão de Literatura
33
dois primers, como o OPA-02 e OPA-13 (KLEIN et al., 2004). No Brasil, estudo
transversal com 22 famílias e outro longitudinal, com 16 pares de mães e filhos,
confirmaram que a AP-PCR é um método altamente eficiente para diferenciar clones
de S.mutans nas famílias (SPOLIDORIO et al., 2003), bem como para estudar a
transmissão vertical, diversidade genotípica e a estabilidade dos genótipos em
crianças de creche, acompanhadas por 20 meses, e suas mães (KLEIN et al., 2004).
Independentemente do método, as pesquisas apontaram as mães
como principal fonte de infecção por EM para os filhos, levando alguns autores a
sugerir que o atraso da infecção inicial delas originadas seria importante para a
prevenção da cárie nas crianças (ALALUUSUA, RENKONEN, 1983; KOHLER et al.,
1983). No entanto, quando se pesquisa a porcentagem de pares de mães e filhos
que compartilham genótipos observa-se grande variação entre os autores,
encontrando-se desde altas porcentagens, em autores como LI, CAUFIELD, 1995;
KLEIN et al., 2004 e ERSIN et al., 2004, até baixas porcentagens, conforme
EMANUELSSON, LI, BRATTHALL, 1998, e KOZAI et al.,1999 e, em decorrência,
conclusões contraditórias. Assim, LI, CAUFIELD (1995), por exemplo, observaram
relação entre o desenvolvimento de cárie e a similaridade dos S.mutans de mães e
filhos quanto ao gênero e a raça, com maior fidelidade de transmissão de mãe para
filha (88%) do que de mãe para filho (53%). Entretanto, os meninos com genótipos
idênticos aos maternos tiveram 13 vezes maior probabilidade de desenvolver cárie
aos 3 anos do que as meninas. Outros autores, porém, não detectaram influência
significante do gênero das crianças sobre a fidelidade de transmissão (LI et al.,
2000). Portanto, a abrangência das medidas preventivas pode ir além da intervenção
apenas nas mães.
CAUFIELD (1997) observaram que crianças amamentadas no peito
adquirem EM com fidelidade significantemente maior que aquelas não amamentadas
dessa forma. Discutem que as crianças amamentadas no peito têm uma interação
mais intensa com suas mães, favorecendo a transferência das bactérias orais. Mas,
que, além disso, o leite materno contém imunoglobulinas que podem desempenhar
um papel em orientar quais bactérias indígenas podem colonizar. Junto com os
fatores imunológicos transferidos pela placenta, pode ser que esses fatores
desempenhem um papel para levar o bebê a selecionar preferencialmente aqueles
microrganismos indígenas vindos da mãe, enquanto exclui aqueles vindos do pai e
de outras fontes.
Revisão de Literatura_____________________________________________________
34
Embora a homologia dos genótipos de S.mutans seja mais comum
entre mães e filhos, os pais e indivíduos estranhos à família podem ser fonte
importante de transmissão (EMANUELSSON, THORNQUIST, 2001), mas não existe
um modelo válido para todas as famílias ou populações. Há relatos tanto de isolados
semelhantes entre pais e filhos na China (REDMO EMANUELSSON, WANG, 1998),
no Japão (KOZAI et al.,1999; TEDJOSASONGKO, KOZAI, 2002) e Brasil
(SPOLIDORIO et al., 2003), como ausência de transmissão pai-filho, nos Estados
Unidos (LI, CAUFIELD, 1995) e Suécia (EMANUELSSON, LI, BRATTHALL, 1998);
transmissão entre esposos no Canadá (KULKARNI et al., 1989), na China (REDMO
EMANUELSSON, WANG, 1998), na Finlândia (SAARELA et al., 1993) e Turquia
(ERSIN et al., 2004), ou compartilhamento pai-mãe-filho na China (REDMO
EMANUELSSON, WANG, 1998), no Brasil (SPOLIDORIO et al., 2003) e na Turquia
(ERSIN et al., 2004). A existência de genótipos não encontrados na família já foi
relatada por alguns (KULKARNI et al., 1989; KOZAI et al., 1999;
TEDJOSASONGKO, KOZAI, 2002; LINDQUIST, EMILSON, 2004;). Há ainda relatos
de cepas idênticas de S.mutans em crianças de creches (MATTOS GRANER et
al.,2001; TEDJOSASONGKO, KOZAI, 2002; LIU et al., 2007), não encontradas por
outros (KLEIN et al., 2004).
Quanto ao número de genótipos, crianças na faixa de 0-3 anos exibem de 1 a 5
genótipos distintos de EM (CAUFIELD, WALKER, 1989; EMANUELSSON, LI,
BRATTHALL, 1998; GRONROOS et al., 1998; KOZAI et al., 1999; MATTOS
GRANER et al.,2001; SPOLIDORIO et al., 2003; KLEIN et al., 2004), enquanto o
número de genótipos abrigados pelas mães pode ser igual (REDMO
EMANUELSSON, WANG, 1998) ou maior (LI, CAUFIELD, 1995; ALALUUSUA et al.,
1996; EMANUELSSON, LI, BRATTHALL, 1998; LINDQUIST, EMILSON, 2004) que
o encontrado nos filhos. Em geral, os isolados pesquisados provêm da saliva, mas a
colonização pode ser sítio-específica . Quando da amostragem de vários sítios
(saliva sublingual, dorso da língua, mucosa dos rebordos maxilares e mandibulares e
biofilme, quando havia dentes) em crianças, tanto o número de isolados (saliva –
194 e biofilme – 272), como o número de genótipos de S.mutans detectados (saliva
– 29 e biofilme – 35) foi maior na placa (KLEIN et al., 2004). Numa comparação do
total de genótipos detectados na saliva, biofilme de esmalte sem cárie e de lesão
cariosa, feita por GRONRÖOS, ALALUUSUA (2000), 80% apareceram na saliva.
LEMBO (2005) detectou porcentagem ainda menor (62,7%). Significa dizer que a
____________________________________________________ Revisão de Literatura
35
amostragem de saliva é bem eficiente para o isolamento de cepas de EM mas
necessariamente não revela todos os genótipos. Ao se fazer análise qualitativa, é
necessário amostrar múltiplos sítios da dentição (GRONROOS; ALALUUSUA, 2000).
Os adultos geralmente são colonizados por múltiplos genótipos, havendo
estabilidade da colonização por longo tempo (CAUFIELD, WALKER, 1989;
GRONROOS et al., 1995, 1998; EMANUELSSON, THORNQUIST, 2000; REDMO
EMANUELSSON et al. 2003; NAPIMOGA et al., 2004).
A estabilidade da infecção por S.mutans já foi demonstrada por até 25
anos (LI, CAUFIELD, 1995). No entanto, as mesmas flutuações, que ocorrem nos
níveis salivares de EM, são observadas no número de genótipos encontrados ao
longo do tempo em crianças (ALALUUSUA et al., 1994; REDMO EMANUELSSON et
al. 2003) e em crianças e seus pais (CAUFIELD, WALKER, 1989; KULKARNI et al.,
1989). Em relação à aquisição inicial, a estabilidade que se detecta na colonização
de EM não é tão verdadeira quando se estudam os genótipos: 6 de 15 genótipos
inicialmente detectados em 10 crianças suecas permaneceram, os outros 9
desapareceram, significando colonização transitória ou níveis abaixo do nível de
detecção (LINDQUIST, EMILSON, 2004). Em 50% das crianças brasileiras
acompanhadas por KLEIN et al. (2004), de 30 genótipos detectados na aquisição
inicial e coletas confirmatórias subseqüentes, 19 (63,3%) foram transitórios e 11
(36,7%), estáveis. Oito desses 11 genótipos estáveis foram transmitidos pelas mães.
O estudo demonstrou aumento na diversidade genotípica de S.mutans com o passar
do tempo, persistência dos genótipos adquiridos inicialmente, normalmente os
transmitidos pela mãe, perda de alguns, e aquisição de novos genótipos.
Na Suécia, EMANUELSSON, LI, BRATTHALL, (1998) encontraram grande
diversidade genotípica em 18% das crianças que, individualmente, apresentaram de
1 a 3 genótipos de S.mutans. A reavaliação do mesmo grupo de 11 famílias, feita
com um intervalo de 2 a 3 anos (EMANUELSSON, THORNQUIST, 2000) , com a
idade das crianças variando dos 5 aos 8 anos, demonstrou que 9 das 11 crianças
apresentaram de 1 a 2 genótipos semelhantes, e que as duas crianças restantes
perderam os genótipos do estudo anterior e ganharam dois novos. Os 21 adultos
mantiveram de um a dois genótipos idênticos encontrados na primeira vez.
Entretanto, nove deles perderam um genótipo, e 8 ganharam de 1 a 2 novos
genótipos. Em 2001, o reexame de 13 crianças não-colonizadas no estudo de 1998
mostrou que 10 permaneceram negativas para S.mutans. Das 3 crianças restantes
Revisão de Literatura_____________________________________________________
36
positivas para S.mutans, uma apresentou genótipo semelhante ao da mãe, outra
apresentou genótipo semelhante ao do pai e a terceira criança apresentou genótipos
diferentes de seus pais. Nenhum dos pais compartilhou genótipos idênticos entre si,
mas todos os seis adultos mantiveram pelo menos 1 genótipo da primeira visita
(REDMO EMANUELSSON, THORNQUIST, 2001).
3. Proposição
Revisão de Literatura_____________________________________________________
38
3. PROPOSIÇÃO
Membros de 14 famílias brasileiras de baixa renda, com primogênitos
de 7 meses de idade no início, tiveram amostras de saliva coletadas e cultivadas
longitudinalmente até os 30 meses de vida da criança, para isolamento de
estreptococos mutans, com vistas a verificar:
1 - a transmissibilidade dos S. mutans dos adultos para as crianças;
2 - a similaridade dos genótipos entre membros da mesma família;
3 - a estabilidade e variação dos genótipos ao longo do tempo.
4. Material e Métodos
Material e Métodos_____________________________________________________
40
4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1 População
A população em estudo derivou-se de um grupo maior de mães e filhos
do projeto “Prevenção da transmissão de estreptococos mutans de mães para filhos”
realizado na Faculdade de Odontologia de Bauru – USP em conjunto com a
Universidade de Pittsburgh, aprovado pelos Comitês de Ética das duas
Universidades e pelo Conselho Nacional de Ética do Ministério da Saúde (Anexo 1).
Os critérios utilizados para inclusão das mães no projeto foram: ser
primíparas; apresentar níveis altos ( 10
6
UFC/ml) de estreptococcus mutans
(EM/ml), pelo teste simplificado Strip mutans
®
(Orion Diagnostica, Helsinki,
Finlândia), quando a criança tinha dois meses e meio de vida; mais de 20 dentes
presentes e ausência de doença sistêmica ou ingestão de medicamentos. No caso
da sub-amostra (NOCE, 2005), a residência do pai na mesma casa, foi um critério
adicional e o início do estudo coincidiu com os 7 meses da criança. A presença de
outro adulto na casa não foi um critério para participar mas se presente uma
agregada (tia ou avó), esta era convidada a entrar. Somente as mães, por fazerem
parte do grupo controle do projeto, receberam tratamento odontológico desde a
seleção.
Participaram do estudo 14 famílias, classificadas pela renda como de
baixo nível sócio-econômico (GRACIANO, LEHFELD, NEVES FILHO, 1996),
residentes em áreas de concentrações sub-ótimas de flúor (0,60 a 0,79 mg F/L) em
Bauru.
A média de idade dos adultos foi 20,9±4,9 anos, para as mães;
23,6±3,4 anos, para os pais e 41,6±11,5 anos para as agregadas. Todos os
participantes receberam informação detalhada sobre o estudo (Anexo 2), assinando
um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo 2).
______________________________________________________ Material e Métodos
41
4.2 Exame clínico e Questionário
Para definir a prevalência e a atividade de cárie nos adultos, foi
determinado o índice CPOS, segundo os critérios da OMS, através de exames
clínico e radiográfico na visita 1 (V1), ocorrida aos 7 meses de vida da criança,
repetindo-se o exame clínico 4-5 meses depois (V2). Nessas mesmas visitas foram
determinados os níveis de EM na saliva, para estabelecer a intensidade da infecção,
e isolamento de colônias de EM, para estabelecer as vias de transmissão adulto-
criança, e não o inverso, quando a criança fosse colonizada. Com vistas a
determinar a estabilidade de infecção dos isolados, foi feita nova colheita de saliva
ao final do estudo (V4), somente das mães. Ainda na visita 1, foi avaliado o índice de
sangramento papilar (LOESCHE, 1979) de boca toda, posteriormente adaptado ao
índice gengival (IG) de LOE (1967); aplicado questionário simplificado sobre saúde e
levantadas as condições sócio-econômicas e escolaridade dos pais. Em todas as
visitas foram investigados o uso de antibióticos nos últimos 3 meses, hábitos de risco
para transmissão de EM e hábitos de higiene bucal e dieta dos bebês.
As crianças foram examinadas quanto ao número de dentes e cárie
dental, pelo índice ceos, e os níveis salivares de EM em saliva não-estimulada em 4
visitas, quando contavam com 7-8 meses (V1), 11-12 meses (V2), 17-19 meses (V3)
e 29-30 meses (V4).
4.3 Exame bacteriológico e isolamento de EM da saliva
As amostras de saliva dos adultos foram obtidas após mastigação de
goma de parafina e mantidas em gelo até o processamento, dentro de 30-60
minutos. As amostras dos bebês foram colhidas do assoalho da boca, à medida que
a saliva se formava, com uma cânula fina acoplada a uma seringa estéril, transferida
para tubos eppendorf estéreis e mantida em gelo até o processamento. Após
homogeneização durante 60 segundos em agitador “vortex” (Leucotron
®
, Sta.Rita do
Sapucaí, MG, Brasil), e diluição seriada em tampão fosfato de potássio 0,05M, pH
Material e Métodos_____________________________________________________
42
7,1, alíquotas de 50 μl foram semeadas com bastões de vidro em L em placas de
agar SB-20, seletivo para EM, contendo 20% de sacarose e 0,2 U/ml de bacitracina
(DAVEY; ROGERS, 1984), e incubadas em jarras de anaerobiose (Difco, Detroit, MI,
USA), por 48 horas a 37º.C. Com o emprego de microscópio estereoscópico (Wild,
Heerbrurgg, Suíça) as contagens de unidades formadoras de colônias (UFC) foram
feitas baseado na morfologia típica de EM (DAVEY E ROGERS, 1984 e AZEVEDO,
ZELANTE, 1994). A seguir, até 20 colônias representativas de EM de cada placa
foram passadas para caldo BHI (Difco) e incubadas por 24 horas a 37º.C. Uma vez
observada a pureza da cultura, 500 µl foram adicionados a 500 µl de caldo BHI com
20% de glicerol e feita a estocagem à - 86º.C, para posterior identificação definitiva e
genotipagem.
4.4 Identificação dos estreptococos mutans
Os estudos de identificação e similaridade dos EM foram executados
na Universidade de Pittsburgh (PA, EUA) e no Instituto Forsyth (Boston, MA, EUA)
sob a co-orientação do Prof. Dr. Walter A. Bretz e assessoria da Dra. Anne Tanner.
Inicialmente, as amostras foram descongeladas, homogeneizadas no
vortex por 60 segundos e alíquotas de 10 µl foram inoculadas em placas de ágar
sangue e incubadas por 48 horas em câmara de anaerobiose (Anexo 3) (
Innovative
Technology Inc.,
Newburyport, MA, EUA) a 37° C. Observadas a morfologia e
pureza, os isolados removidos de meia placa de ágar sangue foram conservados em
100 µl de solução TE (50 mM Tris HCl, 1 mM EDTA, pH 7.6) e mantidos a - 20° C
até sua identificação pelo método de hibridização DNA-DNA checkerboard
(SOCRANSKY et al,2004) e genotipagem por reação em cadeia da polimerase com
iniciadores arbitrários (AP-PCR).
Hibridização DNA-DNA checkerboard. Alíquotas de 20µl da
suspensão descongelada dos isolados foram adicionadas a tubos
eppendorf
contendo 55µl de T
E (10 mM Tris HCl, 1 mM EDTA, pH 7.6). A seguir, foram
adicionados mais 50 µl NaOH a 0,5 M, as suspensões foram fervidas em banho-
______________________________________________________ Material e Métodos
43
maria por 10 minutos e neutralizadas pela adição de 400 µl de acetato de amônia a
5M filtrado. O DNA liberado foi depositado em uma das canaletas do Minislot 90
(Immunetics, Cambridge, MA, EUA) (Anexo 3), e depois concentrado em uma
membrana de nylon (15 x 15cm) com carga positiva (Roche, Indianápolis, IN, EUA).
O Minislot 90 permite a deposição de 84 amostras diferentes em canaletas
individuais, e de 6 canaletas para os controles representados por um “pool” de
bactérias, com 10
5
e 10
6
UFC/ml, dentre as quais encontram-se 10 espécies de
bactérias Gram positivas – Actinomyces israelii, Actinomyces naeslundii,
Streptococcus gordonii, Streptococcus mitis, Streptococcus sanguinis, Streptococcus
oralis, Streptococcus mutans (2) e Streptococcus sobrinus (2).
Após remoção da membrana do Minislot 90, o DNA foi fixado à mesma
por luz ultravioleta (Stralinker® 1800, Stratagene, La Jolla, CA, EUA), seguido da
secagem da membrana a 80º C por 10 minutos e sua armazenagem a 4° C até os
processos de pré-hibridização e hibridização.
As membranas foram pré-hibridizadas a 42º C por 1 hora, em uma
solução contendo 50% formamida, 2 x SSC (standard saline citrate - 1 x SSC =
150mM NaCl, 15mM de citrato de sódio, pH 7,0), 1% de caseína (Sigma Chemical
Co., St. Louis, MO, USA), 5x de reagente de Denhardt’s (Fischer Scientific,
Pittsburgh, PA, EUA), 25 mM de fosfato de sódio (pH 6,5) e 0,5 mg/ml de RNA de
levedura (Boehringer Mannheim, Indianápolis, IN, EUA).
As sondas de DNA genômico total para as espécies acima citadas
foram preparadas pela marcação de 1 ng e 10 ng de DNA de cada espécie com
digoxigenina (Random primer digoxigenin labeling kit, Boehringer Manheim,
Indianapolis, IN, USA), de acordo com FEINBERG E VOGELSTEIN (1983). As
sondas foram desnaturadas a 100º C por 5 minutos em cada tampão de hibridização
que continha a sonda, e mantidas no gelo.
Para a hibridização, a membrana foi posicionada no Miniblotter
(Immunetics) (Anexo 3) de forma que as linhas de DNA ficassem perpendiculares
aos canais de hibridização. Em cada canal, foi adicionada uma sonda de DNA
(20ng/ml) em 160 μl da solução de hibridização composta de 45% de formamida, 5 X
SSC, 1 X de reagente de Denhardt’s, 20 mM de fosfato de sódio (pH 6,5), 0,2 mg/ml
de RNA de levedura (Boehringer Mannheim), 10% de sulfato de dextrano e 1% de
caseína (Sigma). A hibridização ocorreu por uma noite a 42º.C.
Material e Métodos_____________________________________________________
44
Após a hibridização, as membranas foram removidas do Miniblotter e
lavadas duas vezes (25 minutos cada uma) no aparelho Disk Wisk (Schleicher e
Schuell, Keene, NH, USA) (Anexo 3) a 68° C em solução tampão composta de 1%
de SDS, 1mM de EDTA e 20mM de Na
2
HPO
4
, a fim de remover as sondas que não
foram hibridizadas completamente.
Para a detecção dos híbridos, as membranas foram bloqueadas por
imersão durante 1 hora numa solução contendo 1% de ácido maléico, 3 M de NaCl,
0,2 M de NaOH, 0,3% de Tween 20, 0,5% de caseína, pH 8,0, sob agitação. A
seguir, as membranas foram incubadas numa solução com anticorpos anti-
digoxigenina conjugados a fosfatase alcalina diluída a 1:10.000 por 30 minutos em
agitador.
As membranas foram depois lavadas 4 vezes, por 10 minutos, em
solução de 0,1 M de ácido maleico, 3 M de NaCl, 0,2 M de NaOH, 0,3% de Tween
20, pH 8,0, e 1 vez, por 5 minutos, em uma solução de 0,1 M de Tris HCl, 0,1M de
NaCl, 50 mM de MgCl2, pH 9,5.
Para que os híbridos fossem visualizados, as membranas foram
transferidas para uma película plástica e incubadas a noite toda em temperatura
ambiente em uma solução reveladora à base de fosfato e uma substância
quimioluminescente (Gene Images™ ECF™ Detection Kit - GE Healthcare UK Ltd,
Buckinghamshire, England, UK) sendo feita a sua leitura através do escâner de
fluorescência (Molecular Dynamics Inc, Sunnyvale, CA, EUA) (Anexo 3).
4.5 Genotipagem dos Streptococcus mutans por AP-PCR
Extração do DNA. Para os isolados identificados como S.mutans, o
protocolo de extração de DNA, para a AP-PCR, foi adaptado do manual de extração
do DNeasy Tissue Kit (Anexo 3)(QIAGEN, Valencia, CA, EUA).
Os isolados mantidos em 100 µl de solução TE foram descongelados,
centrifugados por 10 minutos, a 10.000 x g e o sobrenadante descartado. Ao
sedimento foram adicionados 160 µl de solução tampão enzimático (20 mM Tris-HCl,
______________________________________________________ Material e Métodos
45
pH 8.0; 2 mM EDTA; 1.2% Triton
®
X-100), 20 µl de lisozima (180 mg/ml, Difco) e 20
µl de acromopeptidase (2.500 U/ml, Difco) seguidos de incubação em banho-maria
por 1 hora a 37°C.
A seguir, foram adicionados ao tubo 25 µl de Proteinase K e 200 µl de
solução tampão AL, ambas fornecidas pelo kit, e incubação por uma noite a 55°C.
Após essa incubação, foram adicionados à suspensão 200 µl de etanol (96%), com
agitação delicada até a mistura ficar homogênea. Nesta fase observava-se a
precipitação do DNA na solução. Toda a mistura foi então transferida para uma
coluna (DNeasy spin column), com um filtro (DNeasy membrane) e um orifício
(Anexo 3), encaixada em um tubo coletor, e centrifugada a 10.000 x g por 1 minuto,
com descarte do tubo coletor. A coluna foi então adaptada a um novo tubo coletor,
adicionada de 500 µl da solução AW1 (kit) e centrifugada a 9.000 x g por 1 minuto.
Após o descarte, novo tubo coletor foi recolocado, no qual foram adicionados 500 µl
de solução AW2 (kit) e feita a centrifugação a 14.000 x g por 3 minutos. Descartado
o último tubo coletor, a coluna foi colocada num novo tubo eppendorf de 1.5 ml e,
sobre o filtro, colocados 100 µl de solução AE para extração do DNA preso ao
mesmo. Após um período de incubação de 1 minuto a temperatura ambiente, foi
feita a centrifugação a 10.000 x g por 1 minuto e a eliminação da coluna, com a
amostra de DNA sendo então mantida no eppendorf em freezer a -20º.C.
A concentração de DNA de cada amostra foi determinada em
espectrofotômetro (NanoDrop® ND-1000, Atkinson, NH, USA).
Genotipagem por AP-PCR. A amplificação por AP-PCR foi feita num
volume de 50 µl de reação de PCR contendo 25 µl de solução para PCR Choice™
Taq Mastermix DNA polymerase (Denville Scientific Inc. Metuchen, NJ, USA), com
2,5U de Taq DNA Polymerase, 20 mM Tric-HCl (pH 9,0), 3,0 mM MgCl
2
, 20 mMKCl,
16 mM (NH
4
)SO
4
, 0,1% Triton X-100, dNTP mix (1,5mM MgCl
2
); 0,4 mM de primer
OPA-02 (oligonucleotídeo 5’ – TGCCGAGCTG – 3’ - Invitrogen Co. Carlsbad, CA,
USA); 2 µl de amostra de DNA (média de 170 ng/µl) e 22 µl de água destilada
UltraPure DNAase/RNAase-free (Invitrogen).
A amplificação do AP-PCR no termociclador (PTC 200 Thermal Cycler,
GMI Ramsey, Minnesota, EUA) (Anexo 3) seguiu o protocolo de Saarela et al.
Material e Métodos_____________________________________________________
46
(1996), com 35 ciclos nas temperaturas de 94°C durante 1 minuto; 36° por 2
minutos e 72°C durante 2 minutos . A desnaturação inicial foi feita a 94º.C por 5
minutos, e a extensão final a 72º.C por 5 minutos (Figura 1). Um controle negativo
sem amostra de DNA foi incluído a cada reação de AP-PCR. Os controles positivos
foram representados por 3 amostras de S.mutans de membros de famílias diferentes
e uma amostra de S.sobrinus.
94°C 94°C 72°C 72°C
5’ 1’ 36°C 2’ 5’ 4°C
2’
Figura 1 - Ciclos do termociclador, programado segundo SAARELA et al 1996
Os produtos amplificados foram analisados por eletroforose (Model B2
EasyCast™ Mini Gel Electrophoresis System, Thermo Fisher Scientific, Portsmouth,
NH) (Anexo 3) em agarose gel (Seakem
®
LE Agarose, Cambrex Bio Science
Rockland, Inc, Rockland, ME, EUA) a 1,2% em tampão 5 x TBE (Tris-Borato-EDTA)
em corrida a 70V (Power Pac 3000, RIO-RAD, Hercules, CA, USA) (Anexo 3) por
duas horas e trinta minutos em tampão 0.5 x TBE. Um marcador padrão de peso
molecular de 1 kbp (250 a 10.000 pares de base - Promega Co., Madison, WI, EUA)
foi adicionado a cada gel. Após a corrida, o gel foi corado com brometo de etídio a
0,25% (Sigma-Aldrich Co, St. Louis, MO, EUA), visualizado, fotografado por luz
ultravioleta (Multimage Light Cabinet, Alpha Innotech Co., San Leandro, CA, EUA)
(Anexo 3) e suas imagens salvadas no formato TIFF.
Os padrões de banda gerados no gel de cada isolado da mesma
família foram analisados lado a lado, visualmente, e uma matriz de 0 e 1 foi
construída baseada na ausência (0) e presença (1) das bandas marcadas. Os
padrões dos genótipos foram considerados similares quando a maioria das bandas
era idêntica em alcance entre 250 e 1500 bp.
______________________________________________________ Material e Métodos
47
4.6 Análise Estatística
As variáveis do Índice gengival, o índice CPO-S e o nível de EM na saliva
dos adultos foram comparados através do teste de Mann Whitney. As variáveis EM
na saliva e hábitos de risco dos adultos, o tempo de amamentação, e a renda
familiar foram comparadas com a presença e ausência de cárie na criança pelo teste
de Mann Whitney. A relação entre a presença de cárie nas crianças e o tipo de parto
(normal ou cesariana) ou a presença de açúcar em sua dieta foi pesquisada pelo
teste exato de Fisher, e, com a raça, pelo teste Qui-quadrado.
Foi utilizado o teste de Spearman determinar a correlação entre o tempo de
aquisição inicial dos EM na saliva nas crianças e o número de dentes e nível de EM
na saliva nas quatro visitas. O valor de p 0,05 foi considerado estatisticamente
significante.
5. Resultados
___________________________________________________________ Resultados
49
5. RESULTADOS
5.1 Dados clínicos e quantificações de EM
Na tabela 1 estão representados a idade, número de dentes e os
valores médios dos índices CPOS e gengival (IG), bem como os escores médios de
EM quantificados nas salivas dos adultos das 14 famílias nas visitas 1 e 2, enquanto
na tabela 2, as médias e desvios-padrão desses indicadores. Feita a comparação
dos indicadores clínicos entre mães, pais e agregadas pelo teste de Mann Whitney,
não se observou diferença significante entre mães e pais para o índice CPO-S
(p=0,285). Todavia, a comparação de ambos com as agregadas resultou significante
para as mães (p=0,010) e os pais (p=0,002), face ao alto número de extrações nas
agregadas. Não se observou diferença estatisticamente significante entre mães, pais
e agregadas para o IG (p>0,05).
O escore médio de EM na saliva das mães foi bem mais elevado que o
dos pais e agregadas, pelo teste de Mann Whitney, resultando em p=0,027 na
comparação entre os primeiros, e p=0,008 entre mães e agregadas. Não houve
diferença quando comparados os escores de EM na saliva dos pais e agregadas
(p=0,238).
Resultados_____________________________________________________________
50
Tabela 1 – Características clínicas e escores de EM das 14 Famílias
Família Idade dentes IG CPO-S EM*
1 Mãe 16 25 0,85 22 4
Pai 23 30 1,52 21 2
Avó 43 15 1,09 87 2
2
#
Mãe 18 28 1,31 12 4
Pai 25 26 0,64 24 2
Avó 49 24 0,35 47 1
3 Mãe 19 27 1,25 33 3
Pai 20 25 0,70 23 2
4
#
Mãe 23 28 1,61 20 4
Pai 24 30 1,15 34 2
Avó 51 22 1,00 59 1
5
#
Mãe 21 28 0,61 24 4
Pai 20 31 1,68 19 3
6 Mãe 25 31 1,03 13 2
Pai 22 32 1,43 15 2
Avó 44 31 1,32 24 1
7 Mãe 19 27 0,96 24 3
Pai 20 28 1,00 5 2
8 Mãe 18 28 1,42 9 1
Pai 25 30 1,33 17 1
9 Mãe 19 26 1,27 46 1
Pai 24 31 1,14 8 2
10 Mãe 17 27 0,58 9 2
Pai 18 29 1,08 8 1
Avó 36 18 0,86 62 2
11 Mãe 35 30 0,93 47 2
Pai 26 28 1,00 1 0
Tia 16 28 1,27 10 2
12 Mãe 23 25 1,25 42 4
Pai 31 30 1,53 20 4
13 Mãe 23 27 1,50 51 4
Pai 27 27 1,17 43 2
Avó 51 10 1,12 92 1
14 Mãe 17 28 1,77 14 4
Pai 25 26 1,05 39 2
Avó 43 0 128 2
* Escores EM/ml de saliva: 1 - <10
5
; 2 - 10
5
< 5x10
5
; 3 - 5x10
5
<10
6
; 4 - 10
6
#
Famílias onde as crianças apresentaram cárie aos 30 meses
___________________________________________________________ Resultados
51
Tabela 2 – Médias e desvios-padrão das características clínicas e escores de EM dos adultos das 14
famílias
Integrante Idade
nº dentes IG CPOS EM
Mãe
20,93
± 4,89
27,50
± 1,65
1,17
± 0,30
25,50
± 14,96
3,00
± 1,17
Pai
23,57
± 3,41
28,78
± 2,15
1,17
± 0,30
19,57
± 12,24
1,92
± 0,91
Agregada
41,62
± 11,51
18,50
± 10,11
1,00
± 0,33
63,37
± 38,40
1,50
± 0,53
A Tabela 3 apresenta o número de dentes irrompidos, índice ceos e
escores de EM na saliva das crianças nas quatro visitas. Uma criança não
compareceu na visita 4 (# 7). Na V4, todas as crianças apresentavam dentição
completa sendo que apenas três desenvolveram cárie, uma do gênero masculino (#
4) e duas do gênero feminino (# 2 e 5). Além dessas, outras sete apresentaram EM,
restando apenas três crianças (# 3, 6 e 13) sem EM na última visita.
Resultados_____________________________________________________________
52
Tabela 3 – Número de dentes irrompidos, ceos e escores de EM nas 14 crianças
nº dentes ceos Escores de EM/ml
Criança
(Gênero)
V1 V2 V3 V4 V4 V1 V2 V3 V4
1 (F) 0 4 7 20 0 0 0 4 1
2
(F)
0 4 10 20
4
0 1 4 2
3 (M) 0 5 10 20 0 0 0 0 0
4
(M)
0 5 12 20
1
1 0 4 2
5
(F)
0 8 13 20
4
0 0 0 3
6 (F) 0 8 12 20 0 0 0 0 0
7(F) 0 2 7 * * 0 1 0 *
8 (M) 0 6 12 20 0 0 0 0 2
9 (M) 0 6 11 20 0 0 0 0 1
10 (M) 0 4 6 20 0 0 0 0 1
11 (F) 0 2 7 20 0 0 0 0 1
12 (F) 0 8 12 20 0 0 0 0 1
13 (F) 0 5 12 20 0 0 0 0 0
14 (F) 0 2 12 20 0 0 0 0 1
* - Não compareceu à avaliação
- Crianças com cárie
O teste de Spearman não mostrou correlação entre o maior ou menor
número de dentes e o momento de detecção inicial dos EM nas crianças (Tabela 4).
Tabela 4 – Correlação entre o número de dentes e o momento de detecção (MD) inicial de EM
pelo teste de Spearman*
n
r p
nº dentes V2 x MD
14 0,253 0,382
ns
nº dentes V3 x MD
14 0,274 0,341
ns
*Significante: p< 0,05
___________________________________________________________ Resultados
53
Com base na ausência ou presença de cárie, as crianças foram
divididas em dois grupos que foram, então, comparados relativamente a algumas
variáveis já associadas com essa condição. A comparação entre os valores médios
de CPOS e EM na saliva das mães e pais das crianças com e sem cárie pelo teste
de Mann Whitney não revelou diferença estatisticamente significante (p>0,05)
(Tabela 5).
Tabela 5 – Comparação dos índices CPOS e escores de EM dos pais de
crianças com e sem cárie pelo teste de Mann Whitney*
CPOS EM/ml
Crianças (n)
Mãe Pai Mãe Pai
Média 18,67 25,67 4,00 2,33
Com cárie
(3)
DP 6,11 7,64 0 0,57
Média 28,00 19,20 2,70 1,80
Sem cárie
(10)
DP 17,05 12,94 1,25 1,03
p 0,573
ns
0,370
ns
0,160
ns
0,370
ns
*Significante: p< 0,05
Resultados_____________________________________________________________
54
Os dois grupos de crianças não diferiram significantemente quanto a
variáveis como tempo de amamentação (teste de Mann Whitney), gênero, uso de
açúcar ou forma de nascimento - parto normal ou cesariana (teste exato de Fisher)
ou raça (teste do Qui-quadrado). No entanto, a comparação dos escores de EM na
saliva na última visita mostrou que as crianças com cárie apresentaram maior escore
de EM, pelo teste de Mann Whitney (p=0,013). As médias e desvios-padrão dos
escores de EM na saliva de crianças com e sem cárie foram, respectivamente, 2,33
± 0,57 e 0,70 ± 0,67.
A tabela 6 indica o número de hábitos de risco: compartilhar colher;
assoprar colher; dormir na mesma cama e beijar a criança na boca, dos familiares de
crianças dos dois grupos. A comparação entre eles pelo teste de Mann Whitney não
revelou diferença estatisticamente significante (p>0,05).
Tabela 6 - Hábitos de risco (n=4) dos adultos das famílias de crianças com e sem cárie
Crianças Família Mãe Pai Agregada
2 4/4 2/2 2/2
Com cárie
4 1/4 1/4 1/4
5 3/4 4/4 -
Média e DP
2,66
± 1,52
2,33
± 1,52
1,5
± 0,70
1 3/4 4/4 3/4
3 1/4 3/4 -
6 0 2/4 2/4
7 0 3/4 -
8 3/4 3/4 -
Sem cárie
9 2/4 1/4 -
10 4/4 3/4 0
11 2/4 1/4 0
12 1/4 2/4 -
13 4/4 2/4 2/4
14 2/4 3/4 0
Média e DP
2,2
± 1,31
2,4
± 0,96
1,16
± 1,32
p* 0,69
ns
0,93
ns
0,85
ns
*Significante: p< 0,05
___________________________________________________________ Resultados
55
5.2 Identificação e genotipagem dos estreptococos mutans
Identificação. Do total de 565 isolados pesquisados, 551 (97,5%) foram
identificados como estreptococos mutans, sendo 506 Streptococcus mutans, 45
Streptococcus sobrinus e 14 não foram identificados. Para a genotipagem foram
selecionadas apenas 8 famílias por apresentarem EM em todos os membros, como
ilustração, a Figura 2 mostra o resultado da identificação dos EM por hibridização
DNA-DNA de algumas crianças.
2
2
Figura 2 – Exemplo de um Checkerboard usado para detectar 8 espécies bacterianas em isolados
de algumas crianças. As linhas verticais contêm as sondas das espécies indicadas
abaixo na figura. As linhas horizontais possuem as amostras dos isolados das crianças.
As duas últimas linhas horizontais estão os controles padrões 10
5
e 10
6
UFC/ml.
548_1_4th 2 2606_3_4th 2 2584_7_3rd 2
548_1_4th 20 2606_3_4th 20 2584_7_3rd 20
548_2_4th 2 2606_4_4th 2 2584_8_3rd 2
2548_2_4th 20 2606_4_4th 20 2584_8_3rd 20
548_3_4th 2 2606_5_4th 2 2584_9_3rd 2
2548_3_4th 20 2606_5_4th 20 2584_9_3rd 20
548_4_4th 2 2606_6_4th 2 2584_10_3rd 2
2548_4_4th 20 2606_6_4th 20 2584_10_3rd 20
548_5_4th 2 2606_7_4th 2 2638_1_4th 2
548_5_4th 20 2606_7_4th 20 2638_1_4th 20
548_6_4th 2 2606_8_4th 2 2638_2_4th 2
548_6_4th 20 2606_8_4th 20 2638_2_4th 20
548_7_4th 2 2606_9_4th 2 2638_3_4th 2
548_7_4th 20 2606_9_4th 20 2638_3_4th 20
548_8_4th 2 2606_10_4th 2 2638_4_4th 2
548_8_4th 20 2606_10_4th 20 2638_4_4th 20
548_9_4th 2 2584_1_3rd 2 2638_5_4th 2
548_9_4th 20 2584_1_3rd 20 2638_5_4th 20
2548_10_4th 2 2584_2_3rd 2 2638_6_4th 2
548_10_4th 20 2584_2_3rd 20 2638_6_4th 20
2584_1_4th 2 2584_3_3rd 2 2638_7_4th 2
584_1_4th 20 2584_3_3rd 20 2638_7_4th 20
2584_2_4th 2 2584_4_3rd 2 2638_8_4th 2
584_2_4th 20 2584_4_3rd 20 2638_8_4th 20
606_1_4th 2 2584_5_3rd 2 2638_9_4th 2
606_1_4th 20 2584_5_3rd 20 2638_9_4th 20
606_2_4th 2 2584_6_3rd 2 2638_10_4th 2
606_2_4th 20 2584_6_3rd 2638_10_4th #
ixed 10
5
mixed 10
5
mixed 10
5
ixed 10
6
mixed 10
6
mixed 10
6
A. isrealii
A. naeslundii
S. gordonii
S. mitis
S. sanguinis
S. oralis
S. mutans
S. mutans
S. sobrinus
S. sobrinus
A. isrealii
A. naeslundii
S. gordonii
S. mitis
S. sanguinis
S. oralis
S. mutans
S. mutans
S. sobrinus
S. sobrinus
A. isrealii
A. naeslundii
S. gordonii
S. mitis
S. sanguinis
S. oralis
S. mutans
S. mutans
S. sobrinus
S. sobrinus
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
m
m
Resultados_____________________________________________________________
56
Genotipagem. A tabela 7 mostra o total de isolados de S.mutans
examinados nas 8 famílias. As reações com o iniciador OPA-02 dos 506 isolados de
S.mutans geraram até 15 bandas, com peso variando entre 250 e 2500 pb. (Figura
3). A análise dos géis com os produtos do iniciador OPA-02 foi realizada por
comparação visual. O total de genótipos detectados foi 20, com um máximo de 4
genótipos nos adultos e máximo de 2 nas crianças.
Tabela 7 – Total de isolados de Streptococcus .mutans genotipados nos membros das 8 famílias
Família Mãe Pai Agregada Criança Total
1 23 16 19 20 78
2 12 20 19 30 81
4 30 19 21 12 82
5 28 20
NT
10 58
7** 20 10
NT
10 40
8 28 20
NT
10 58
10 23 12 24 6 65
12 20 18
NT
6 44
Total 184 135 83 104 506
NT – Não tem; ** Não compareceu à visita 4
___________________________________________________________ Resultados
57
Na amostra total foram detectados 20 genótipos.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19
Figura 3 – Fotografia do gel de agarose, onde os produtos de reação de amplificação com o iniciador
arbitrário de isolados de S.mutans da família 2 foram submetidos à corrida eletroforética. Linha 1 –
peso molecular (M) utilizado foi DNA 1 kpb; linhas 1 a 7 – isolados da criança (linhas 2 e 3, V2; linhas
4 e 5, V3; linhas 6 e 7, V4); linhas 8 a 11 – isolados da mãe (linha 8, V1; linha 9, V2; linhas 10 e 11,
V4); linhas 12 a 15 – isolados do pai (linhas 12 e 13, V1; linhas 14 e 15, V2); Linhas 16 a 19 –
isolados da agregada (linhas 16 e 17, V1; linhas 18 e 19, V2)
Resultados_____________________________________________________________
58
A tabela 8 apresenta a distribuição dos genótipos de S.mutans nos
membros das famílias longitudinalmente. As letras maiúsculas codificam os
genótipos adquiridos intrafamilial, não havendo similaridade interfamilial.
Tabela 8 – Distribuição dos genótipos dos Streptococcus mutans identificados durante as visitas
Família Mãe Pai Agregado Criança
V1 V2 V4 V1 V2 V1 V2 V1 V2 V3 V4
1 AB B AB A A A AB ¤ ¤ A A
2 A B AB ABC ABC ABC ABC ¤ AB A AB**
4 AC AC ABC ABC AB ABC ABC ¤ ¤ AB AB**
5 AB AB AB AB AB - - ¤ ¤ ¤ A**
7 AD ABC * CD * - - ¤ AB ¤ *
8 AB AB A A AB - - ¤ ¤ ¤ A
10 ABC AB C BD BC B BCDE ¤ ¤ ¤ A
12 ABC BC(FG) * AB (FG) AC (F) - - ¤ ¤ ¤ A
- sem agregada; f – faltou a visita; ¤ cultura negativa para EM
** crianças que apresentaram cárie na última visita; as letras maiúsculas indicam genótipos idênticos
dentro da família; Letras F, G representam genótipos de Streptococcus sobrinus compartilhados na
Família 12.
Convencionando como estável o genótipo detectado em pelo menos
duas ocasiões, em todas as famílias foram encontrados genótipos compartilhados
estavelmente pelos adultos, exceto na família 12, sendo que a família 7 ficou
prejudicada pelas faltas de seus membros. Entre adultos e crianças somente nas
famílias 1, 2 e 4. Necessitando comprovação longitudinal, quer seja por serem
isolados na última visita ou por serem perdidos em visita posterior, alguns genótipos
sugerem transmissão possível ou transitória entre adultos (famílias 1,4,8,10,12) e
entre adultos e crianças (famílias 5, 8, 10, 12). Apenas um genótipo, o E, da
agregada da família 10, entre os 20 detectados, não foi compartilhado (Tabelas 9 e
10)
___________________________________________________________ Resultados
59
Tabela 9 – Estabilidade dos genótipos nos membros das 7 famílias
Família Genótipos
Total de
genótipos
Membros A B C D E
M
E E - - -
P
E - - - -
A
E N - - -
1
2
C
E - - - -
M
E E - - -
P
E E E - -
A
E E E - -
2
4
C
E E - - -
M
E N E - -
P
E E P - -
A
E E E - -
4
2
C
E E - - -
M
E E - - -
P
E E - - -
5
2
C
N - - - -
M
E P - - -
P
E N - - -
8
2
C
N - - - -
M
E E N - -
P
- E N P
-
10
4
A
- E N N N
C
N - - -
-
M
P E E - -
12
3 P
E P N -
-
C
N - - - -
E – estável; N – novo; P – perdido
Resultados_____________________________________________________________
60
Tabela 10 - Transmissão dos genótipos das 7 famílias
FAMÍLIAS
TIPO 1 2 4 5 8 10 12
ESTÁVEL
Adulto x Adulto
A ABC ABC AB A B -
Adulto x Criança
A AB AB - - - -
POSSÍVEL OU TRANSITÓRIA
Adulto x Adulto
B - BC - AB CD ABC
Adulto x Criança
- - - A A A A
SEM TRANSMISSÃO
Agregada
- - - - - E -
A tabela 11 retrata a distribuição dos genótipos em membros isolados
ou associação de 2 ou mais integrantes.
Tabela 11 – Encontro de genótipos em um ou associação de membros das 8 famílias
Famílias
Membros
1 2
#
4
#
5
#
* 7* 8* 10 12*
Total de
Famílias
M
- - - - - - - - 0
P
- - - - - - - - 0
A
- - - - - - - - 0
C
- - - - - - - - 0
M x P
- - - B C,D B - B,C,F,G 4
M x A
B - - - - - - - 1
M x C
- - - - A,B - A - 2
P x A
- C - - - - D - 2
P x C
- - - - - - - - 0
A x C
- - - - - - - - 0
M x P x A
- - C - - - B,C - 2
M x P x C
- - - A - A - A 3
P x A x C
- - - - - - - - 0
M x P x A x C
A A,B A,B - - - - - 3
M – Mãe; P – Pai; A – Agregada; C – Criança; * Família sem agregada;
#
crianças com cárie
___________________________________________________________ Resultados
61
A Figura 4 representa as fontes de transmissão dos Streptococcus
mutans entre os indivíduos da mesma família, quando a criança está envolvida. A
criança compartilhou genótipos com a mãe e o pai em três famílias (modelo I –
famílias 5, 8 e 12); com a mãe, o pai e a agregada em três famílias (modelo II –
famílias 1, 2 e 4); somente com a mãe, que por sua vez compartilhava outros
genótipos com o pai (modelo III – família 7) e somente com a mãe, que
compartilhava outro genótipo só com o pai e outros dois com o pai e a agregada
(modelo IV – família 10).
I II
III IV
P
M
A
P
M
Famílias
1, 2, 4
Famílias
5, 8, 12
Família
10
C
C
C
P
A
M
P
M
Família
7
C
P
M
C
Criança
Mãe
Pai
A
gregada
Legenda
A
Figura 4 - Transmissão intrafamilial indicado pela similaridade dos genótipos da Tabela 8
Nas oito crianças, que tiveram S. mutans identificados e genotipados,
foram encontrados genótipos similares aos maternos em 100%, similares aos
genótipos paternos em 75% (6/8) e em 75% (3/4) das agregadas. Todas as mães
compartilhavam genótipos com todos os membros da família (Tabela 8).
Não houve correlação entre o número de genótipos e a presença de
cárie, pelo teste de Spearman (p>0,05).
A criança da família 5 apresentou Streptococcus sobrinus apenas na
Visita 3. Esses isolados não foram genotipados devido à ausência da subespécie
nas visitas subseqüentes e nos adultos. Os adultos da Família 12 apresentaram e
compartilhavam S. sobrinus, entretanto, este não foi encontrado na criança.
6. Discussão
_____________________________________________________________ Discussão
63
6. DISCUSSÃO
Os estudos de transmissão de EM para crianças geralmente envolvem
pares de mães e filhos, pelo fato óbvio de maior contato entre eles. Em
conseqüência, as medidas preventivas para reduzir a colonização por EM e o
desenvolvimento de cárie nas crianças concentram-se na figura materna. Estudos
clássicos de KOEHLER et al. (1984) e TENOVUO et al. (1992) demonstraram que o
tratamento com gel de clorexidina de mães altamente infectadas por EM reduzia
tanto a colonização, como o desenvolvimento de cárie em seus filhos. Analisando a
literatura posterior, porém, BRAMBILLA (2004) concluiu que aplicações tópicas de
agentes antibacterianos podem reduzir a transmissão de EM de hospedeiro para
hospedeiro, mas que isso não resulta necessariamente em menos cárie, daí o
interesse em examinar o papel dos demais membros da família nesse quadro.
O exame clínico dos membros das famílias deste estudo revelou,
especialmente nas mães e pais, índice CPO-S relativamente alto e leve
sangramento gengival (< 2,0), compatíveis com a idade da população. Todavia, a
presença de superfícies com cárie aberta em todos os membros indica a dificuldade
dessas famílias buscarem tratamento, seja pela condição sócio-econômica, seja pela
desinformação, fato que assume importância considerável quando se constata que
esse grupo faz parte de um universo de 79,9% da população brasileira que recebem
até cinco salários mínimos por mês (IBGE, 2005), e que 50% das mães tinham
apenas o ensino fundamental. PERES et al. (2000) apontam a baixa renda familiar
como o principal fator de risco para a cárie, e uma revisão dos recentes modelos
multifatoriais de avaliação de risco informa que variáveis sócio-demográficas são
Discussão_____________________________________________________________
64
muito importantes para modelos de previsão para crianças pequenas e adultos mais
velhos (POWELL, 1998).
Lesões de cárie não tratadas são uma fonte de EM. Baixos níveis sócio-econômicos
(WAN et al., 2001) e de escolaridade da família, como os vistos neste grupo, têm
sido relacionados com a colonização precoce e altos níveis de EM na saliva das
crianças (KOHLER, ANDREEN, JONSSON, 1984). Significativamente, a colonização
por EM foi observada em todas as famílias, com prevalência de 100% nas mães e
agregadas e de 90% nos pais. Todavia, tem sido sugerido que o maior risco de
infecção nas crianças esteja relacionado com níveis salivares altos de EM nas mães
(KOHLER, BRATTHALL, KRASSE, 1983; ROETERS et al., 1995; BRAMBILLA et al.,
1998; SPOLIDORIO et al., 2003). Escores médios de EM 10
5
UFC/ml de saliva
foram observados em 12 das 14 mães. Esses níveis são compatíveis com maior
risco de transmissão da infecção para as crianças (KOHLER, BRATTHALL, 1978).
Mas não apenas isso: essas mães apresentaram escores de EM significantemente
maiores que os dos pais e agregadas, continuando, com raras exceções, como um
grupo de alto risco de cárie para elas mesmas, e de alto risco para a transmissão de
EM como já o eram no momento da seleção da amostra. Outra observação, que se
faz no grupo, é a de que altos níveis de EM nas mães não implicam,
necessariamente, em automática colonização dos filhos, conforme visto no caso da
mãe da família 13 e já constatado por outros (KOHLER; BRATTHALL, 1978;
EMANUELSSON, LI, BRATTHALL, 1998).
Posto que houvesse vários aspectos comuns entre essas famílias, a
colonização pelos EM e o desenvolvimento de cárie em seus primogênitos foram
heterogêneos, em conformidade com a complexidade dos eventos da transmissão,
que incluem não apenas o número de microrganismos disponíveis para aderir, mas
também sua afinidade pelo hospedeiro, a freqüência de transferência, fatores do
hospedeiro que interferem na aderência ou crescimento bacteriano, sobrevivência
bacteriana durante a transferência, tipo de dieta do hospedeiro (VAN HOUTE,
GREEN,1974), o tipo de parto (LI et al., 2005) ou a duração e intensidade da
amamentação (LI, WANG, CAUFIELD, 2000).
Nas quatro visitas, respectivamente uma, duas, três e dez crianças
mostraram-se positivas para EM, confirmando que o número de crianças
colonizadas aumenta com a idade (KOHLER; BRATTHALL, KRASSE, 1983).
Todavia, nenhuma diferença foi encontrada entre o momento de detecção e o
_____________________________________________________________ Discussão
65
número de dentes nessas crianças, contrariando outros autores (CARLSSON,
GRAHNEN, JONSSON, 1975; MASUDA et al., 1979; ALALUUSUA, RENKONEN,
1983; KLEIN et al., 2004). É preciso, porém, exercer extrema cautela na leitura dos
resultados estatísticos quanto a todos os aspectos pesquisados, em face do
pequeno tamanho da amostra.
A colonização de 21% das crianças pelos EM aos 19 meses de idade,
e de 82%, aos 29-30 meses de idade, corrobora o conceito da “primeira janela da
infectividade”, apregoado por CAUFIELD, CUTTER, DASANAYAKE. (1993). Nesse
grupo especial, não houve a aquisição mais precoce relatada para as crianças
brasileiras por KLEIN et al.(2004)
Os EM podem ser detectados na boca antes da irrupção dos dentes
(MILGROM et al., 2000; TANNER et al., 2002), o que foi aqui constatado, com a
observação de três crianças positivas para EM (# 2, 4 e 7), antes de um ano de
idade, com níveis variando de 280 a 600 UFC/ml de saliva, geralmente considerados
como de colonização transitória (CARLSSON et al., 1970; 1975; BERKOWITZ et al.,
1975; 1980; MASUDA et al., 1979; ALALUUSUA, RENKONEN, 1983; DAVEY,
ROGERS, 1984; FUJIWARA et al., 1991; ALALUUSUA et al., 1996). Todavia, duas
dessas crianças foram densamente colonizadas por EM na visita 3, e mantiveram a
colonização na visita 4. Coincidentemente, ambas exibiram cárie dental aos 30
meses de idade, uma indicação de que as crianças colonizadas mais precocemente
podem apresentar maior suscetibilidade à cárie dental (ALALUUSUA, RENKONEN,
1983; KOHLER, BRATTHALL, 1978; KOHLER ET AL, 1988), e que, certamente
nesses dois casos a infecção não foi transitória. Essa observação torna-se ainda
mais grave, quando a literatura aponta que com a colonização precoce é maior a
probabilidade de desenvolvimento de cáries nos anos seguintes (KOHLER et al.,
1988; THIBODEAU, SULLIVAN, 1995). A outra criança que apresentou cárie (# 5) só
veio a exibir altos níveis de EM (704.000 UFC/ml de saliva) na visita 4. Todavia, essa
criança teve irrupção mais precoce dos seus dentes (13 dentes na visita 3) quando
comparada com a das demais. A presença de cárie apenas nas crianças
colonizadas confirma também a assertiva de que a doença é mais freqüente em
crianças colonizadas do que nas não colonizadas por EM (ALALUUSUA,
RENKONEN, 1983; FUJIWARA et al, 1991).
A explicação para a presença de cárie ou sua ausência não pôde ser
atribuída aos níveis de cárie ou de EM das mães, que não diferiram
Discussão_____________________________________________________________
66
significantemente, conquanto quase todas preenchessem o quesito de > 10
5
EM/ml
de saliva. Pelo menos em parte, porém, a explicação estaria nos níveis de EM
significantemente maiores das crianças com cárie na última visita, confirmando
estudo de MATTOS-GRANER et al. (1998). Nenhuma das outras variáveis
pesquisadas (gênero, raça, tempo de amamentação, uso de açúcar, tipo de parto,
número de hábitos de risco) apontou qualquer diferença entre os dois grupos.
Diferentes estudos, usando técnicas como a bacteriocinotipagem (BERKOWITZ,
JORDAN, 1975; MASUDA et al., 1979; DAVEY, ROGERS, 1984; AZEVEDO,
ZELANTE, 1994; GRONROOS et al., 1998), ou sorotipagem (BERKOWITZ et al.,
1975; MASUDA et al., 1979; LI et al., 2001) apontaram a mãe como a principal fonte
de infecção de EM para os filhos. O primeiro estudo de genotipagem a sugerir que
as bactérias são transmitidas verticalmente de mãe para filho, mostrando em três
pares de mãe e filho que todas as crianças adquiriram um genótipo idêntico ao
materno, foi realizado por CAUFIELD, WALKER (1989), que demonstraram ainda a
estabilidade de colonização em um dos pares, com o reisolamento de genótipos
após intervalo de três anos. Estudos mais abrangentes (CAUFIELD, CUTTER,
DASANAYAKE, 1993; LI, CAUFIELD, 1995) confirmaram a fidelidade de
transmissão. Cepas de EM coincidentes com as das mães foram detectadas em
mais de 70% dos pares de mães e filhos estudados por LI, CAUFIELD (1995), para
os quais, a fidelidade de transmissão poderia ser ainda maior, se o número de
isolados fosse maior. Essa freqüência de similaridade varia, porém, entre as
populações, onde as práticas culturais podem influenciar o grau de contato entre as
crianças, os pais e outros indivíduos (LI, CAUFIELD, 1995; REDMO-
EMANUELSSON, WANG, 1998; EMANUELSSON, LI, BRATTHALL, 1998; KLEIN et
al., 2004).
Para CAUFIELD (1997), a criança deve adquirir vários microrganismos
indígenas de sua mãe, que são complementares aos fatores imunes transferidos
passivamente. Dessa forma, crianças adotadas logo após o nascimento poderiam ter
diferente suscetibilidade a doenças infecciosas, inclusive cárie, devido às diferenças
na aquisição da microbiota indígena de suas mães. FIGUEIREDO et al. (2000),
investigando pares de mães e filhos adotivos, observaram genótipos homólogos em
apenas 19% dos filhos. Oitenta e um por cento dos mesmos foram colonizados por
EM diferentes dos das mães e muitos não apresentavam lesões cariosas e, se as
possuíssem, estavam presentes em menos de 25% das superfícies dentárias.
_____________________________________________________________ Discussão
67
Genótipos idênticos aos maternos foram encontrados em 100% das
crianças cujos isolados foram genotipados neste estudo, sendo a mãe, portanto, a
principal fonte de infecção da amostra. Coincidência alta (81%) de genótipos de
S.mutans em pares de mães e filhos foi verificada também em outra pesquisa feita
no Brasil (KLEIN et al., 2004). Essa fidelidade genotípica entre mães e filhos parece
estar relacionada com a freqüência de contato e com o nível de S.mutans.
Enquanto o encontro de cepas similares de EM em mães e filhos indica
uma linha materna para a transmissão, a pesquisa de genótipos similares entre pais
e filhos ou pais e mães mostra resultados negativos (Li, Caufield, 1995; 1998;
EMANUELSSON, LI, BRATTHALL, 1998; REDMO EMANUELSSON,
THORNQUIST, 2001), ou positivos (KULKARNI et al., 1989; SAARELA et al., 1993;
REDMO EMANUELSSON, WANG, 1998; KOZAI et al., 1999; TEDJOSASONGKO,
KOZAI, 2002; SPOLIDORIO et al., 2003; ERSIN et al., 2004). No estudo feito com
onze famílias chinesas, REDMO EMANUELSSON, WANG (1998) encontraram
genótipos idênticos entre mães e filhos, pais e filhos e também entre esposos, com
maior similaridade entre mães e filhos. Sem mencionar o total de genótipos
detectados nos 374 isolados de membros de vinte e duas famílias brasileiras, nem a
similaridade dos genótipos nos adultos, SPOLIDORIO et al. (2003) encontraram 12
bebês (54,5%) com genótipos de S.mutans similares aos maternos, 3 (14%) com
genótipos homólogos aos paternos e 7(32%) com genótipos homólogos aos dos
irmãos. Esse compartilhamento de cepas de S.mutans em famílias brasileiras, já fora
observado através de bacteriocinotipagem por AZEVEDO, ZELANTE, em 1994.
Neste estudo, num total de 506 isolados, foram detectados 20
genótipos diferentes com ampla difusão dos mesmos entre os membros das
famílias, reflexo provavelmente da maior proximidade das pessoas e do
compartilhamento de utensílios que se pode prever em lares de famílias de baixa
renda. Conforme observado nos modelos da Figura 4, além dos genótipos
homólogos aos da mãe, as crianças compartilharam genótipos com os pais e
agregadas, que por sua vez compartilhavam-nos com as mães. É interessante esse
compartilhamento de genótipos com as agregadas. No Japão, não foi observada
transmissão por cuidadoras outras que as mães (TEDJOSASONGKO E KOZAI,
2002). Convencionalmente, foi estipulado que o encontro do genótipo em duas
ocasiões sucessivas ou não, seria indicação de colonização estável, e a perda ou
aquisição recente, como indicação de colonização transitória ou possível, dada a
Discussão_____________________________________________________________
68
impossibilidade de determiná-la, em face do término do trabalho. O fato de os
genótipos serem encontrados em todas as famílias antes de sua detecção na
criança dá suporte à transmissão com direção única Adulto Criança. O não
encontro de genótipos alheios à família comprova que essas crianças cuidadas em
casa não abrigam cepas provenientes de fontes alternativas desconhecidas,
conforme visto por outros autores (KULKARNI et al., 1989; KOZAI et al., 1999; LI,
CAUFIELD, 1995; EMANUELSSON, LI, BRATTHALL, 1998; TEDJOSASONGKO,
KOZAI, 2002; LINDQUIST, EMILSON, 2004), ou conhecidas, como creches
(MATTOS GRANER et al.2001; TEDJOSASONGKO, KOZAI, 2002; LIU et al., 2007).
De modo geral, crianças de até três anos podem abrigar de 1 a 4 genótipos
(CAUFIELD, WALKER, 1989; GRONROOS et al., 1998; REDMO EMANUELSSON,
WANG, 1998; EMANUELSSON, LI, BRATTHALL, 1998; KOZAI et al., 1999;
MATTOS GRANER et al., 2001; KLEIN et al., 2004), e os adultos são colonizados
por múltiplos clones de EM, verificando-se estabilidade da colonização por longo
tempo (CAUFIELD, WALKER, 1989; GRONROOS et al., 1995; 1998;
EMANUELSSON, THORNQUIST, 2000; REDMO EMANUELSSON et al. 2003;
NAPIMOGA et al., 2004). Nesse estudo, o número de genótipos entre os adultos
variou de 1 a 5 e entre as crianças de 1 a 2 conforme a literatura, observando-se
estabilidade de alguns e flutuação no encontro de outros genótipos. O fato da
maioria das crianças apresentar S.mutans apenas na última visita, impediu que se
visualizasse o aumento na diversidade de genótipos nas mesmas, verificado por
KLEIN et al.(2004).
Nem todos os genótipos, mesmos os maternos se implantaram nas
crianças. ALALUUSUA et al. (1996) apontam as possíveis explicações para as
crianças apresentarem menos genótipos que suas mães: o maior número de
oportunidades de transmissão para as mães ao longo dos anos; maior número de
fontes de infecção dos membros de suas famílias e seus companheiros, que as
crianças de hoje, uma vez que a prevalência de cárie diminuiu; um reflexo, talvez, do
maior nível de EM em sua infância.
Em crianças com cárie, nenhuma associação significante foi observada
entre a diversidade genotípica do microrganismo e a idade, número de dentes
irrompidos, níveis de EM, ou prevalência de cárie (MATTOS-GRANER et al., 2001),
mas a presença de múltiplos genótipos já foi associada à alta atividade de cárie
(ALALUUSUA et al., 1996; LIU et al., 2007). Duas das três crianças com cárie aqui
_____________________________________________________________ Discussão
69
estudadas apresentaram dois genótipos. Além delas, apenas uma criança (# 7), da
qual não foi feita a avaliação final de cárie, por não comparecer, apresentou dois
genótipos na visita 2. As demais exibiram um único genótipo.
O estudo da diversidade genética é limitado pelo custo do
processamento laboratorial, o que dificulta a pesquisa de maior número de isolados
que favorece maior detecção de genótipos. Para aumentar a precisão dos
resultados, o número de isolados examinados em cada família, embora o número
utilizado seja compatível com o pesquisado por outros autores, deveria ser maior,
bem como se poderia acrescentar o exame de isolados da placa, visto que
genótipos de S.mutans podem colonizar seletivamente sítios específicos dos dentes
(GRONROOS, ALALUUSUA, 2000; REDMO EMANUELSSON et al., 2003; KLEIN et
al., 2004). O exame da saliva sozinha, como tem sido feito pela maioria dos autores,
é suficiente para estudar os genótipos mais prevalentes, e, portanto, os mais aptos,
e talvez, mais virulentos.
As famílias das três crianças com cárie exibiram compartilhamento de
genótipos entre todos os membros (modelos I e II, da Figura 4). As mães, como
fonte principal de transmissão, têm sido alvo de medidas preventivas que visam
retardar a reaquisição de EM e diminuir a prevalência de cárie nas crianças. Este
trabalho demonstra, a partir da avaliação de um grupo pequeno, que em famílias de
baixa renda, cujas condições de moradia não são ideais, é freqüente a difusão de
genótipos das mães para outros membros. Dessa forma, a explicação pelo
insucesso de alguns dos programas preventivos de redução de cárie nas crianças,
com medidas aplicadas exclusivamente nas mães, poderia estar na facilidade de
reinfecção, pela intensa transmissão intrafamiliar. Para atingir o objetivo, os
programas que preconizam o uso intensivo de antimicrobianos em mães de famílias
de baixa renda, deveriam se estender aos demais familiares.
7 Conclusões
____________________________________________________________ Conclusões
71
7. CONCLUSÕES
Em famílias de baixa renda, cujos primogênitos são cuidados em casa
pela mãe, pai e eventual agregada, são encontrados genótipos homólogos em todos
os membros. Mesmo sendo a mãe a principal fonte de infecção para a criança, há
também a transmissão de genótipos que são compartilhados pelos adultos, o que
deve favorecer a reinfecção por esses genótipos, quando de uma eventual perda.
Não foram encontrados genótipos de origem extrafamilial.
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