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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEODINÂMICA E GEOFÍSICA – PPGG
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
ESTUDO INTEGRADO DE ANÁLOGO A RESERVATÓRIOS
PETROLÍFEROS FLUVIAIS: CARACTERIZAÇÃO, PARAMETRIZAÇÃO E
MODELAGEM TRIDIMENSIONAL DE DEPÓSITOS RECENTES DO RIO
ASSU (RIO GRANDE DO NORTE/BRASIL)
Autor:
DANIEL SIQUEIRA DE GAUW
Orientador:
Dr. FRANCISCO PINHEIRO LIMA FILHO
Natal - RN, agosto de 2007
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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEODINÂMICA E GEOFÍSICA – PPGG
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
ESTUDO INTEGRADO DE ANÁLOGO A RESERVATÓRIOS
PETROLÍFEROS FLUVIAIS: CARACTERIZAÇÃO, PARAMETRIZAÇÃO E
MODELAGEM TRIDIMENSIONAL DE DEPÓSITOS RECENTES DO RIO
ASSU (RIO GRANDE DO NORTE/BRASIL)
Autor:
DANIEL SIQUEIRA DE GAUW
Banca Examinadora:
Dr. FRANCISCO PINHEIRO LIMA FILHO
Drª. VALÉRIA CENTURION CÓRDOBA
Dr. WILSON LUIZ LANZARINI
Natal - RN, agosto de 2007
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A meus pais, irmão, avó e esposa,
que estiveram sempre
presentes nesta nova
fase de minha vida.
A
GRADECIMENTOS
Expresso aqui, meus sinceros agradecimentos a:
Minha família por todos os momentos e oportunidades de minha vida.
Minha esposa Ana Katherina que abriu mão de tantos sonhos e
oportunidades para estar a meu lado durante este ano de grandes mudanças.
Meu orientador Francisco Pinheiro por todo conhecimento passado e pelas
oportunidades que tive como integrante do GEA.
PETROBRAS e FINEP pelo apoio financeiro.
PETROBRAS/UN-SEAL nas pessoas do Marcelo Hardman e Cícero
Francelino, pela oportunidade a mim cedida de finalizar este trabalho, e Vitor Hugo
Simon pelos valiosos ensinamentos a cerca de modelagem de reservatórios.
PETROBRAS/UN-RNCE nas pessoas do José Vieira, pelo espaço a mim
cedido na realização das etapas finais deste trabalho, e do Ronaldo pelos dados
gentilmente concedidos.
Rita Parisi (PEROBRAS/ENGP) pelos livros e artigos.
Fernando Feitosa pela sempre disposição em campo e coleguismo.
Ronaldo Freire, Daniel Alexander, Marcus Vinícius, Leonardo Menezes e
Anderson Souza pela troca de conhecimentos, ajuda e pela amizade incontestável.
Yoe Alain, peça chave neste trabalho, pela parceria firmada nas etapas de
modelagem. Pela amizade, convivência e todo conhecimento permutado.
E, todos que não estão aqui citados, mas que contribuíram direta ou
indiretamente na realização deste trabalho.
Í
NDICE
Resumo........................................................................................................................i
Abstract.......................................................................................................................ii
Capítulo 1 - Introdução .............................................................................................1
1.1 - Apresentação...................................................................................................2
1.2 – Justificativa......................................................................................................2
1.3 – Objetivos .........................................................................................................4
1.4 – Localização e Vias de acesso .........................................................................5
1.5 - Cronograma de Atividades...............................................................................6
Capítulo 2 - Métodos.................................................................................................7
2.1 – Radar de Penetração no Solo (GPR)..............................................................8
2.2 - Estação Total .................................................................................................12
2.3 - GPS Geodésico .............................................................................................13
2.4 - Descrição de Trincheiras................................................................................14
2.5 - Petrel
tm
...........................................................................................................15
Capítulo 3 - Estado da Arte.....................................................................................17
3.1 - Sistema Deposicional Fluvial .........................................................................18
3.2 - Heterogeneidades de Reservatório................................................................31
3.3 - Modelagem Geológica ...................................................................................32
Capítulo 4 - Metodologias e Resultados................................................................37
4.1 - Parametrização..............................................................................................38
4.1.1 - Aplicabilidade do Método .........................................................................38
4.1.2 – Largura e Espessura.................................Error! Bookmark not defined.
4.1.3 – Sinuosidade e Entralaçamento................................................................49
4.2 - Análise Arquitetural........................................................................................56
Capítulo 5 - Modelagem geológica 3D...................................................................37
5.1 - Interpretação e Confecção de Superfícies....................................................2
5.2 - Modelagem Estrutural...................................................................................6
5.3 - Modelagem de Propriedades ........................................................................8
5.3.1 - Dados de Poço........................................................................................8
5.3.2 - Modelagem de Fácies...........................................................................10
5.3.2.1 - Baseada em Pixel................................................................77
5.3.2.2 - Orientada a Objetos (Booleana)..........................................81
5.3.3 - Modelagem de Porosidade ...................................................................17
Capítulo 6 - Conclusões..........................................................................................86
Capítulo 7 - Referências Bibliográficas.................................................................91
Í
NDICE DE FIGURAS
Figura 1.1 – Principais parâmetros passíveis de medição dos canais fluviais
(modificado de Poletto 1996).......................................................................................4
Figura 1.2 – Mapa de localização da área estudada em três diferentes escalas........6
Figura 1.3 – Organograma de desenvolvimento do trabalho. .....................................7
Figura 2.1 - Esquema de funcionamento do sistema GPR evidenciando seus
componentes (modificado de Davis e Annan 1989)....................................................8
Figura 2.2 – Vista geral do equipamento RAMAC/GPR da MALA GeoScience com
todos os seus componentes, com exceção da antena de 25 MHz............................11
Figura 2.3 – A Estação Total, modelo 3305 DR da TRIMBLE, com todos os seus
componentes.............................................................................................................13
Figura 2.4 – O equipamento Hiper – RTK da marca Topcon Positioning System
utilizado nos levantamentos plani-altimétricos. .........................................................14
Figura 3.1 – Os quatros tipos fundamentais de canais (adaptado de Miall 1977).....18
Figura 3.2 – Relação entre largura e profundidade para os principais tipos de canais
fluviais (Rust 1978)....................................................................................................19
Figura 3.3 – Variações nos padrões de canais fluviais em função do tipo de carga
segundo Schumm 1981.. ..........................................................................................19
Figura 3.4 – Bloco diagrama mostrando o modelo deposicional do Sistema Fluvial
Anastomosado com as suas principais feições. 1 – turfeira; 2 – pântano; 3 – lagoa de
inundação; 4 – dique marginal; 5 – depósito de rompimento de dique marginal; 6 –
canal fluvial; 7 – cascalho; 8 – areia; 9 – turfa; 10 – silte arenoso; 11 – lama.
(modificado de Smith e Smith 1980). ........................................................................20
Figura 3.5 – Bloco-diagrama com modelo deposicional do sistema fluvial entrelaçado
e seus constituintes. 1 - planícies de areia emersas recobertas com ondas-de-areia;
2 - ilha coberta por vegetação; 3-núcleo emerso; 4 - barra submersa oblíqua ao
canal; 5 - dunas de cristas sinuosas; 6 –depósitos residuais de canais. (modificado
de Walker e Cant 1984). ...........................................................................................21
Figura 3.6 – Modelo deposicional do sistema fluvial meandrante e seus constituintes.
1 – canal fluvial; 2 – barra em pontal; 3 – dique marginal; 4 – depósito de
rompimento de dique marginal; 5 – meandro abandonado; 6 – atalho em corredeira;
7 – atalho em colo; 8 – planície de inundação; 9 – bacia de inundação. (modificado
de Walker e Cant 1984). ...........................................................................................21
Figura 3.7 - Modelos deposicionais de sistemas aluviais (Miall, 1985). Da esquerda
para direita e de cima para baixo: - entrelaçado de barras cascalhosas dominados
por fluxo gravitacional; - entrelaçado de barras cascalhosas dominados por fluxo
trativo; - entrelaçado de barras cascalhosas de níveis de topografia bem definidos; -
meandrante com barras cascalhosas; - meandrante areno-cascalhoso; - meandrante
com barras arenosas; - meandrante de gronulometria fina; - anastomosado; -
entrelaçado raso de barras arenosas; - entrelaçado profundo de barras arenosas; -
rios distais com barras arenosas e lençóis de inundação; - rios efêmeros. ..............23
Figura 3.8 - Relacionamento entre tamanho de grão e carga sedimentar, com padrão
do canal, capacidade de corrente e outros parâmetros aluvias (Orton e Reading
1993).........................................................................................................................24
Figura 3.9 – Proposta das seis ordens de hierarquias de superfícies limitantes para
depósitos fluviais. Diagrama A para E representa uma sucessiva ampliação de
partes de uma unidade fluvial. Numa superfície de 6a ordem é possível reconhecer
superfícies de ordem menores (Miall 1988). .............................................................28
Figura 3.10 – A série de elementos arquiteturais internos ao canal de depósitos
fluviais segundo Miall (1996), após revisão de sua proposta inicial de 1985. ...........30
Figura 3.11 – Elementos arquiteturais de overbank propostos por Miall (1996). ......31
Figura 3.12 – Cenário de correlação cronoestratigráfica vs. Litoestratgráfica. (Van
Wagoner 1990)..........................................................................................................35
Figura 4.1 – Visão geral de barra cascalhosa no canal do Rio Assu, evidenciando a
ausência de fatores limitantes que pudessem vir a causar interferência . ................40
Figura 4.2 – Arranjos possíveis das antenas de GPR para aquisição de dados
(modificado de Annan 1992.......................................................................................44
Figura 4.3 – Vetorização dos refletores imageados no perfil 18, utilizando o software
CorelDarw (versão 12). .............................................................................................46
Figura 4.4 – Canal imageado no perfil 17 destacando-se a medida da espessura (
diferença entre o ponto mais raso e o mais profundo do canal) e a largura do canal.
Nota-se que este canal apresenta-se completo em suas laterais, isto é, não erodido
por outros canais.......................................................................................................47
Figura 4.5 – Exemplo de canal imageado no perfil 24 onde este encontra-se
truncado (erodido) por outros canais. Sendo a largura imageada uma largura
aparente. Porém associando o padrão geométrico do canal e sua espessura pode-
se obter sua largura. Nota-se também a espessura medida deste canal.................48
Figura 4.6 – Diagrama representando o cálculo da sinuosidade para rios com um
único e multi-canais...................................................................................................51
Figura 4.7 – Diagrama representando o cálculo do índice de entrelaçamento de Brice
(1964), Rust (1978) e de Friend e Sinha (1993)........................................................52
Figura 4.8 – Subdivisão do Rio Assu em seguimentos fixos de 3 Km, utilizando as
ortofotocartas. ...........................................................................................................53
Figura 4.9 – Um dos seguimentos analisados do Rio Assu evidenciando a subdivisão
dos canais: principal e secundário. ...........................................................................54
Figura 4.10 – Seixos de quartzo com 3 cm de diâmetro, encontrados na fácies Gt.
Notam-se as estratificações cruzadas acanaladas e superfícies erosivas................57
Figura 4.11 - Fotomosaico obtido em uma trincheira aberta no canal do Rio Assu,
perpendicular ao fluxo atual, exibindo a fácies Gt. E as interpretação das
estratificações e superfícies limitantes de primeira e segunda ordens......................59
Figura 4.12 - Fotomosaico obtido em uma trincheira aberta no canal do Rio Assu,
perpendicular ao fluxo atual, exibindo as fácies St. E as interpretação das
estratificações e das superfícies limitantes de primeira e segunda ordem................60
Figura 4.13 – Planície de inundação na margem do Rio Assu. Evidencia-se a
coloração marrom avermelhada da fácies Fl e a laminação plano-paralela presente.
No zoom mostra-se as marcas de raízes..................................................................61
Figura 4.14 - Fotomosaicos de trincheira aberta no canal do Rio Assu em posição
paralela ao fluxo atual, com interpretação de estruturas e superfícies limitantes
identificadas no depósito de preenchimento de canal fluvial.....................................63
Figura 4.15 - Fotomosaico de trincheira aberta no leito do Rio Assu em posição
perpendicular ao fluxo atual, com interpretação de estruturas e superfícies limitantes
identificadas no depósito de preenchimento de canal fluvial.....................................64
Figura 4.16 - Radargrama adquirido no leito do Rio Assu, paralelamente ao fluxo
atual, com interpretação dos refletores como superfícies limitantes de terceira e
quarta ordens dos depósitos de preenchimento de canal fluvial (A). Na porção
inferior (B) tem-se um zoom de parte do perfil para melhor visualização dos
refletores imageados.................................................................................................65
Figura 4.17 - Radargrama adquirido no canal do Rio Assu em posição perpendicular
ao fluxo atual, com interpretação dos refletores como superfícies limitantes de
terceira e quarta ordens. Na porção inferior (B) tem-se um zoom de parte do perfil
para melhor visualização dos refletores imageados..................................................66
Figura 4.18 – Limite erosivo entre o depósito de finos de planície de inundação (FF)
e o depósito de preenchimento de canal (CH) interpretado como superfície limitante
de quarta ordem..........................................................................................................1
Figura 5.1 – Croqui mostrando malha de aquisição dos perfis GPR evidenciando o
tamanho deste, além do sentido de aquisição. Nota-se a direção SE-NW das linhas
paralelas entre si e NE-SW da linha transversal.........................................................3
Figura 5.2 – Interpretação dos refletores dos perfis GPR agrupados segundo
correlação entre perfis.................................................................................................4
Figura 5.3 – A, B e C, mostram de diversos ângulos as cinco superfícies geradas
com base na interpretação dos refletores. Em D, é visto as superfícies
representativas do topo e da base do reservatório. ....................................................5
Figura 5.4 – Figura esquemática mostrando o método usado para gerar a base dôo
reservatório, utilizando as porções mais baixas dos canais mais profundos. .............6
Figura 5.5 – Em A e B, é notada a subdivisão das superfícies de topo e base em
células de 5 por 5 metros de arestas. E, em C, a gridagem tridimensional (através do
layering) em 8 camadas com geometria proporcional.................................................7
Figura 5.6 – Perfis faciológico (A) e de porosidade (B) dos poços inseridos no
modelo. Note que as imagens a direita estão em posições semelhantes, sendo fácil
visualmente correlacionar fácies com porosidade.......................................................9
Figura 5.7 – Posição em que os poços foram inseridos no modelo, em visão
tridimensional (A e B) e em planta ©...........................................................................9
Figura 5.8 – No Scale Up as células do grid cujo poço atravessa recebem um valor
de fácies com base na fácies com maior recorrência nesta célula............................13
Figura 5.9 – Modelo gerado através de interpolação por krigagem simples. Nota-se
que o método não conseguiu interpolar os corpos com pouca continuidade, restando
no final quase 100% da fácies St..............................................................................13
Figura 5.10 – Modelo gerado usando o algoritmo SIS e respeitando apenas a curva
de proporção de fácies. Note-se a demasiada concentração da fácies Fl entre os
poços RN1 e RN2 não representado bem o depósito em estudo. ............................14
Figura 5.11 – Modelo gerado usando SIS e honrando tanto a curva de proporção de
fácies quanto a análise dos variogramas. Mostrou-se um modelo bastante
satisfatório, com uma ótima distribuição dos corpos e com geometrias similares as
reais. .........................................................................................................................14
Figura 5.12 – Primeira simulação orientada a objeto, utilizando apenas valores
médios dos parâmetros. Nota-se que os corpos de pelito ficaram com uma
continuidade verticas exagerada...............................................................................18
Figura 5.13 – Segunda simulação orienteda e objeto, usando os parâmetros reais
obtidos ao decorrer deste trabalho. Mostrou-se um modelo faciológicamente e
geometricamente real................................................................................................18
Figura 5.14 – Terceira simulação orientada a objeto, modificando a geometria dos
corpos Gt. Nota-se uma má distribuição dos corpos pelíticos, não representando o
real. ...........................................................................................................................18
Figura 5.15 – Scale Up dos dados de porosidade (A) que, como são valores
numéricos, é usada média aritmética para atribuição dos valores para as células. Em
B e D mostra o modelo de porosidade gerado apenas com condicionamento aos
dados de poços, a distribuição dos valores ficou de forma muito aleatória. Em C e E,
modelo de porosidade gerado honrando os poços e condicionada a fácies, é visto
uma distribuição mais querente dos valores, sendo notada as variações da
porosidade com a distribuição dos corpos sedimentares..........................................19
Í
NDICE DE
T
ABELAS
Tabela 3.1 – Litofácies associadas a depósitos aluviais segundo Miall (1978).........26
Tabela 3.2 – Síntese dos Elementos Arquiteturais de Depósitos Fluviais (modificado
de Miall 1985, 1988)..................................................................................................29
Tabela 4.1 – Tabela com os valores de sinuosidade, entrelaçamento e seus
respectivos seguimentos...........................................................................................55
Í
NDICE DE GRÁFICOS
Gráfico 4.1 – Histograma de freqüências dos dados de sinuosidade calculados no
Rio Assu, é visto que a grande parte dos valores (mais que 40%) encontram-se no
intervalo de 1.02 a 1.07.............................................................................................55
Gráfico 4.1 – Histograma de freqüências dos dados de estrelaçamento calculados no
Rio Assu. É notável que mais de 70% dos valores se encontram no intervalo entre 1
e 2. ............................................................................................................................56
R
ESUMO
Esta dissertação engloba o estudo integrado de análogo recente aos
reservatórios petrolíferos fluviais da formação Açu (Unidade Açu-3). O análogo
estudado é o Rio Assu, em um segmento localizado próximo à cidade homônima no
Estado do Rio Grande do Norte, Brasil. Foi desenvolvida uma nova metodologia para
a parametrização dos corpos sedimentares (canais fluviais) com base em perfis GPR
(utilizando antenas com freqüência central de 200, 100 e 50 MHz). Os principais
parâmetros obtidos foram largura e espessura. Na parametrização foram utilizadas
ainda ortofotocartas para o cálculo dos parâmetros de sinuosidade e entrelaçamento
dos canais. Estas informações estão inclusos em um banco de dados que tem como
finalidade principal a de servir como dado de entrada na modelagem geológica de
reservatórios fluviais. Foi realizada, também, a caracterização arquitetural deste
depósito com base na descrição de trincheiras, interpretação de perfis GPR e estudo
de exposições naturais do depósito para o reconhecimento e descrição das cies e
suas associações, além dos elementos arquiteturais e superfícies limitantes. Por
último, foi realizada a modelagem tridimensional do análogo, no software PETREL
TM
,
com base na associação de todos os dados obtidos neste trabalho com dados reais
de poços de um reservatório ao qual o Rio Assu é aqui adotado como análogo,
utilizando os algoritmos “Krigagem Simples” (determinístico), “SIS” e “Booleano”
(ambos estocásticos) para a modelagem de fácies e o algoritmo estocástico “SGS”
para modelagem de porosidades.
A
BSTRACT
This work shows a integrated study of modern analog to fluvial reservoirs of Açu
Formation (Unit 3). The modern analog studied has been Assu River located in the
same named city, Rio Grande do Norte State, Northeast of Brazil. It has been
developed a new methodology to parameterizating the fluvial geological bodies by
GPR profile (by central frequency antennas of 50, 100 and 200 MHz). The main
parameters obtained were width and thickness. Still in the parameterization,
orthophotomaps have been used to calculate the canal sinuosity and braided
parameters of Assu River. These information are integrated in a database to supply
input data in 3D geological models of fluvial reservoirs. It was made an architectural
characterization of the deposit by trench description, GPR profile interpretation and
natural expositions study to recognize and describe the facies and its associations,
external and internal geometries, boundary surfaces and archtetural elements.
Finally, a three-dimensional modeling has been built using all the acquired data
already in association with real well data of a reservoir which Rio Assu is considered
as analogous. Facies simulations have been used “simple kriging” (deterministic
algorithm), “SIS” and “Boolean” (object-based, both stochastics). And, for modeling
porosities have used the stochastic algorithm “SGS”.
Capítulo 1
Introdução
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
2
1.1 - APRESENTAÇÃO
Esta dissertação é parte dos requisitos exigidos para a conclusão do Curso de
Mestrado desenvolvido no Programa de Pós-graduação em Geodinâmica e
Geofísica (PPGG) do Centro de Ciências Exatas e da Terra (CCET) da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Os custos envolvidos na execução deste relatório foram financiados com
recursos dos projetos: Estratigrafia Física de Depósitos Eólicos Recentes como
Análogos na Predição de Reservatórios em Subsuperfície. Agência:
PETROBRÁS/PROFEX/UN RN-CE (Sigla: DUNAS); Estratigrafia Física de
Depósitos de Ma como Análogos na Predição de Reservatórios em
Subsuperfície. Agência: FINEP/FNDCT/CT-PETRO/PETROBRAS (Sigla:
POTIMARÉ); Estudo de Afloramentos e de Depósitos Recentes, como Análogo
de Reservatório da Formação Açu (Unidade 4). CNPq/CT-PETRO (Sigla:
MAPAÇU).
1.2 JUSTIFICATIVA
vasta literatura internacional referindo-se à presença de aqüíferos e
reservatórios petrolíferos em depósitos de sistemas fluviais (Martin 1993, Bal 1996,
Lunt et al. 2004). Este sistema deposicional também tem uma ocorrência significativa
na Bacia Potiguar, Sergipe/Alagoas e Recôncavo e constitui-se em importantes
reservatórios petrolíferos nos campos produtores onshore.
Para a exploração e explotação racional destes reservatórios torna-se
necessário o entendimento da distribuição das heterogeneidades. Que ocorrem nas
escalas giga, mega, macro, meso e microescala (Galloway e Sharp 1998).
Entretanto, o reconhecimento da dimensão, geometria e orientação dos corpos
sedimentares em macro e megaescala são considerados elementos críticos no
desenvolvimento de campos petrolíferos (Menezes 2004). São essas escalas o
enfoque deste trabalho, tendo em vista que suas características estão intimamente
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
3
ligadas à textura dos sedimentos, geometria e distribuição espacial das formas de
leito.
Estas heterogeneidades são influenciadas por causas diversas como, por
exemplo, a diferença nas propriedades permoporosas das rochas, que por sua vez,
dependem das condições hidrodinâmicas deposicionais e influenciam o
comportamento do fluxo de fluidos (Menezes e Lima Filho 2001).
É neste contexto que todos de investigação indireta da subsuperfície
tornam-se importante, em especial o GPR (para investigações rasas) e a sísmica
(para investigações profundas). Estas técnicas geofísicas auxiliam na caracterização
e entendimento da geometria interna, distribuição espacial e conectividade entre
corpos sedimentares de diferentes permeabilidades.
Desta forma, trabalhos mais recentes (Zeng, et al. 2004, Lunt et al. 2004, Gauw
2004) têm como objetivo principal gerar um modelo realístico e tridimensional a partir
de dados de levantamentos geofísicos, utilizando-se, para aquisição da geometria
externa, o GPS geodésico ou Estação Total associados a imagens de ótima
resolução como, por exemplo, fotografias aéreas de pequeno formato, imagens de
satélite tipo IKONOS ou Quick Bird. Para aquisição das geometrias internas
emprega-se equipamentos como o GPR ou sísmica de alta resolução. Este conjunto
de superfícies, que representa o arcabouço do depósito de interesse, é modelado
tridimensionalmente, em ambiente virtual, com uso de softwares específicos como o
GoCad, o Petrel ou o Cyclone.
Parâmetros obtidos em sistemas fluviais recentes tem sido de extrema
importância no fornecimento de dados para modelagens estocásticas e
determinísticas de reservatórios fluviais, devido a disponibilidade de exposição do
depósito e a aplicabilidade de métodos diretos e indiretos de aquisição de dados.
Estes tipos de modelagem consistem na geração de modelos matemáticos a partir
de parâmetros geológicos.
Os principais parâmetros envolvidos na modelagem estocástica orientada a
objetos de depósitos fluviais são: espessura, largura, sinuosidade e paleocorrente
dos canais (Figura 1.1; Poletto 1996). Outro parâmetro de entrada são os perfis de
poços, pois fornecem os intervalos de fácies reservatórios e não reservatórios, e
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
4
vem validar ou eliminar os modelos gerados estatisticamente, que se tratam de
dados obtidos diretamente do reservatório.
Figura 1.1 Principais parâmetros passíveis de medição dos canais fluviais
(modificado de Poletto 1996).
Além de modelar geometricamente o reservatório é necessário modelar as
propriedades deposicionais e petrofísicas, além de suas respectivas
heterogeneidades. A qual tem como ferramentas poderosas os algoritmos de
modelagem determinística e a estocástica orientada a pixel.
1.3 OBJETIVOS
Os objetivos gerais deste trabalho são:
- Caracterizar geometricamente e arquiteturalmente um depósito fluvial recente
situado no Rio Assu;e,
- Realizar a modelagem tridimensional deste depósito por métodos
determinísticos e estocásticos.
Para isso, foram traçados os seguintes objetivos específicos:
- avaliar a aplicabilidade do método GPR;
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
5
- desenvolver metodologia para parametrização dos canais fluviais com base
em perfis GPR;
- Calcular os parâmetros largura e espessura dos canais fluviais com base em
perfis GPR;
- Calcular os parâmetros sinuosidade e entrelaçamento com base e análise de
ortofotocartas;
- Gerar banco de dados da parametrização;
- Caracterizar arquiteturalmente o depósito, identificando fácies elementos
arquiteturais, superfícies limitantes e hierarquias, segundo a proposta de Miall (1985,
1988 e 1996);
- Realizar modelagem estática representando as características geométricas
do depósito;
- Realizar modelagem de fácies por meio de algoritmo determinístico;
- Realizar simulações de modelagem de fácies com algoritmos estocásticos
(booleano e SIS);
1.4 LOCALIZAÇÃO E VIAS DE ACESSO
A área em estudo está localizada na borda sul da Bacia Potiguar, mais
precisamente em uma porção do canal recente do Rio Assu, próxima à cidade
homônima, na região central do Estado do Rio Grande do Norte (Figura 1.2).
O acesso à área pode ser feito por uma ampla rede de vias tendo a BR-304, a
RN-016 e a RN-118 como as principais e uma gama de estradas de terra transitáveis
como vias secundárias.
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
6
Figura 1.2 – Mapa de localização da área estudada em três diferentes escalas.
1.5 - CRONOGRAMA DE ATIVIDADES
O organograma abaixo (figura 1.3) sumariza as etapas de desenvolvimento
do trabalho adotadas nesta dissertação.
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
7
Figura 1.3 – Organograma de desenvolvimento do trabalho.
Capítulo 2
Ferramentas e Métodos
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
8
2.1 RADAR DE PENETRAÇÃO NO SOLO (GPR)
O GPR (Ground Penetrating Radar) tem como funcionamento básico a emissão
de ondas, em curtos pulsos, de alta freqüência por uma antena transmissora. As
ondas são refletidas e difratadas em subsuperfície e recebidas de volta por uma
antena receptora (Annan 1992b). Estas antenas estão ligadas a unidades
eletrônicas ligadas a uma unidade de controle (por cabos de fibra ótica), que por sua
vez é conectada a um computador portátil (Davis e Annan 1989, vide figura 2.1),
onde serão gerados e gravados os radargramas (perfis-resposta do levantamento).
As antenas podem ser de diversas freqüências de ondas, variando desde 1MHz a
1000 MHz.
A propagação destas ondas emitidas pelas antenas transmissoras depende das
propriedades elétricas dos materiais que serão investigados. São três as principais
propriedades elétricas:
condutividade elétrica - σ (ms/m):
permissividade elétrica - ε (F/m):
permeabilidade magnética - µ (H/m):
Figura 2.1 - Esquema de funcionamento do sistema GPR evidenciando seus
componentes (modificado de Davis e Annan 1989).
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
9
A profundidade máxima de sondagem está relacionada com a freqüência das
antenas utilizadas, sendo que, antenas com menor freqüência tem uma maior
penetração, porém com menor resolução (Schenk et al., 1993). Porém, fatores
adversos como a saturação em água (principalmente com alguma salinidade) pela
presença de lençol freático raso pode vir a dissipar as ondas, fazendo com que haja
a perda do sinal.
Segundo Bristow e Jol (2003), em geologia sedimentar, o GPR é utilizado
primeiramente para estudos estratigráficos, onde perfis de alta resolução ajudam na
determinação da arquitetura estratigráfica, da geometria dos corpos e na correlação
e quantificação das estruturas sedimentares.
Assim, o GPR foi um grande salto tecnológico que antes este tipo de estudo
era realizado apenas com base em correlações entre dados de poços, afloramentos
e trincheiras rasas. Em adição, estudos aplicando GPR 3D pode gerar ótimos
resultados da geometria a arquitetura dos corpos sedimentares. Porém, necessita de
tanto de dados de poços quanto de afloramentos para gerar o modelo 3D de
velocidade (Corbeanu et al. 2001).
uma vasta bibliografia sobre a aplicação de GPR em depósitos fluviais
recentes. Os vários estilos de sistemas fluviais, o caráter heterolítico dos sedimentos
fluviais, suas grandes formas deposicionais (macroformas) combinado com a água
doce, tornam estes depósitos particularmente passíveis a investigação com GPR
(Bristow e Jol 2003). Resultando em artigos bastante significantes como, por
exemplo: Beres e Haeni (1991), Gawthorpe et al. (1993), Huggenberger (1993),
Beres et al. (1995), Bridge et al. (1995, 1998), Birkhead et al. (1996), Taylor e
Macklin (1997), Asprion e Aigner (1997), Baker et al. (2001), Best et al. (2003),
Bristow et al. (1999, 2000), Cardenas e Zlotnik (2003), Leclerc e Hickin (1997), Skelly
et al. (2003), Bristow e Jol (2003), Lunt et al.(2004), dentre muitos outros.
A habilidade do GPR em imagear e caracterizar a geometria tanto em 2D
quanto em 3D mostrou-se importante, também, para os hidrogeólogos. que na
caracterização de aqüíferos aluviais com GPR é obtida informação estratigrafia
fluvial e da arquitetura deposicional (Heinz e Aigner 2003).
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
10
Woodward et al. (2003) usa exemplos de perfis GPR do Rio South
Saskatchewan, um rio entrelaçado com formas de leito arenosas no Canadá, para
ilustrar a coleta e o processamento dos dados.
Ekes e Friele (2003) sugeriu que o GPR pode ser usado para avaliar a
evolução de uma seqüência de leque aluvial e, em conjunto com dados
geocronológicos, de freqüência da ocorrência dos processos, neste caso,
gravitacionais (fluxo de detritos e inundações). Essa informação é importante para
no entendimento da evolução de leques aluviais e avaliações dos perigos
decorrentes destes processos. Entretanto eles relatam uma dificuldade na distinção
entre as fácies de fluxo de detritos e de inundação nos perfis GPR
Best et al. (2003) utilizou perfilagem com GPR, sondagens com vibracoring e
descrição de trincheiras associados a levantamentos batimétricos, durante uma
período de 29 meses, para montar a arquitetura aluvial tridimensional de uma barra
arenosa localizada no meio do canal principal do Rio Jamuna, em Bangladesh.
Individualizaram quatro radares fácies (Van Overmeeren, 1998) dominantes para a
sedimentação desta barra:
Bridge et al. (1995) estudaram a estrutura, em grande escala, de depósitos
fluviais recentes nos rios South Esk (Escócia), utilizando perfilagens com GPR e
sondagens testemunhadas com vibracore.
Neste trabalho foi utilizado o equipamento RAMAC/GPR da MALA GeoScience
(Figura 2.2), e empregadas antenas com freqüência central de 200, 100 e 50 MHz.
Na aquisição dos dados, foi utilizado o software GroundVision, versão 1.3.5, para
leitura do sinal e conversão em radargramas da resposta do sedimento à
propagação das ondas lançadas pela antena transmissora e coletadas pela
receptora. Todos os radargramas foram adquiridos em modo contínuo, com
empilhamento de 64 vezes, janela de tempo de 216 ns, freqüência de amostragem
de 2038, número de amostras por traço 1024 e espaçamento entre traços de 20 cm.
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
11
Figura 2.2 Vista geral do equipamento RAMAC/GPR da MALA GeoScience
com todos os seus componentes, com exceção da antena de 25 MHz.
A velocidade de propagação da onda no meio foi calculada com base em uma
CMP (Common Mid-Point), com comprimento total de 50m. Foi obtida uma constante
dielétrica igual a 12, sendo a velocidade igual a 86 m/ms. Este valor de constante
dielétrica encontra-se abaixo do encontrado na literatura, a qual expõe valores entre
20 e 30 para areia saturada em água (Porsani 2002).
Os dados geofísicos foram levantados com o objetivo de se obter um perfil
transversal ao fluxo do Rio Assu, e, consequentemente, perpendicular ao eixo maior
dos canais. O trabalho compreendeu a aquisição de 26 perfis GPR ao longo do
cinturão de canais deste rio, perfazendo mais de 5.000 metros de perfilagem.
Para o processamento dos radargramas foi utilizado o modo “básico” (Annan
1992b, Porsani 2002, Reyes-Péres 2003) com os softwares GRADIX (versão 1.1.1)
e RADAN (versão 4,0). E consistiu do seguintes passos: 1) No software GRADIX,
aplicou-se o drift removal, que tem como função alinhar os traços do radargrama que
possam estar alterados (com gaps ou falhas). 2) Com o software RADAN, foram
utilizados os seguintes procedimentos: Preenchimento do File Header, com o
devido ajustamento da antena, extensão do perfil, constante dielétrica e número de
amostragem por metro; Edição de marcas, para editar o valor da distância referente
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
12
à primeira e última amostragem; Nomalização da distância, para normalizar a
distância do radargrama segundo a edição realizada no comando anterior; Position
Correction, para a correção do tempo zero; Aplicação de filtro FIR, como filtragem
passa-banda e remoção do background ( ressaltando refletores inclinados, como as
estratificações cruzadas); e, aplicação de ganho. 3) correção topográfica no
GRADIX, já que este software tem melhor resposta a esta correção que o RADAN.
2.2 - ESTAÇÃO TOTAL
A Estação total é o conjunto que integra um teodolito eletrônico, um
distanciômetro e um microprocessador que automaticamente monitoriza o
funcionamento do equipamento e permitirem a aquisição de dados com precisão
milimétrica. O equipamento tem capacidade de medir ângulos verticais e horizontais
e distâncias horizontais verticais e inclinadas, além de processar e mostrar ao
usuário uma gama de informações como, por exemplo, as coordenadas cartesianas
de cada ponto coletado. Por estas características é amplamente empregado tanto
em levantamentos topográficos como geodésicos.
O equipamento empregado neste trabalho foi o modelo 3305 DR, da marca
TRIMBLE. Este equipamento é constituído pela estação propriamente dita, um tripé
(para sustentação da estação), dois bastões acompanhados de primas e suportes
para estes (necessários a realização das leituras nos pontos desejados), figura 2.3.
A Estação Total utilizada apenas na correção topográfica de alguns dos perfis.
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
13
Figura 2.3 Estação Total, modelo 3305 DR da TRIMBLE, com todos os seus
componentes.
2.3 - GPS GEODÉSICO
O princípio básico de funcionamento do sistema GPS consiste na transmissão
de sinais eletrônicos pelos satélites, por meio de ondas eletromagnéticas e na
captação desses sinais por receptores, de tal forma que o intervalo de tempo
decorrido no percurso possa ser determinado. Como a velocidade de propagação
das ondas eletromagnéticas é conhecida (velocidade da luz), as distâncias entre os
satélites e o receptor que os rastreia podem ser calculadas, o que permite
determinar as coordenadas da posição onde foi estacionado o receptor,
independente das condições meteorológicas.
Neste trabalho foi utilizado o equipamento Hiper – RTK da marca Topcon
Positioning System contendo uma antena modelo LegAnt 2, uma modelo Hiper, um
radio base e uma receptor Legacy-H GD (figura 2.4). Este equipamento se enquadra
no tipo D da classificação de Vettorazzi et al. (1994) que atinge precisão milimétrica.
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
14
As aquisições se dão no modo RTK (em tempo real) com pontos coletados em
distância 2D pré-definida.
Figura 2.4 O equipamento Hiper RTK da marca Topcon Positioning System
utilizado nos levantamentos plani-altimétricos.
2.4 - DESCRIÇÃO DE TRINCHEIRAS
Foram realizadas descrições de trincheiras enfatizando-se, os aspectos
texturais, suas estruturas sedimentares, geometrias e arranjos arquiteturais. Para
essa descrição foram empregados os seguintes procedimentos:
Descrição das fácies envolvendo (cor, textura, estrutura sedimentar, e
principalmente geometria).
Levantamento fotográfico das tricheiras, definindo escala e
distanciamento adequado das fotos, com recobrimento entre imagens de 40 a 60%
para reduzir as deformações de bordas. Posteriormente, foi realizada a montagem
de painéis com as fotos digitais (fotomontagem computacional). E, por último, foi
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
15
realizada a interpretação destes painéis quando foram evidenciadas as estruturas
sedimentares e geometria 2D das formas de leito identificadas.
2.5 - PETREL
TM
O Petrel
TM
é um software, desenvolvido pela Schlumberger, voltado à
modelagem geológica de reservatórios, que permite uma integração multidisciplinar
no estudo integrado de reservatórios. Nele é possível trabalhar com dados
geológicos, geofísicos, petrofísicos e de produção (dinâmicos).
Sendo assim, ele é dividido em 5 módulos: Geofísica, Geologia, Engenharia de
Reservatório, Engenharia de Poço e Visualizador de Dados e Resultados.
O módulo Geologia possibilita a geração de modelos estruturais e
estratigráficos de alta resolução e precisão, tão necessários à identificação e
explotação de hidrocarbonetos. O modulo é composto por cinco ferramentas:
Correlação de poços Usa de janelas 2D e 3D para organizar, manipular,
interpretar dados de poços, além de cronstruir seções geológicas com base na
interpretação de marcadores geológicos encontrados nos poços.
Sismogramas sintéticos Realiza a ponte entre os dados no domínio do
tempo e da profundidade.
Modelagem de fácies Estima a distribuição de fácies do reservatório usando
uma variedade de métodos para modelagem tanto orientada a pixel ou quanto a
objetos, através de algoritmos determinísticos e estocásticos.
Modelagem petrofísica Distribui as propriedades petrofísicas do reservatório
obedecendo tendências em 1, 2 e 3D e condicionadas a poço, fácies ou sísmica.
Análise de falhas Calcula as propriedades de fluxo e o potencial selante das
falhas que cortam o reservatório.
Uma das vantagens deste software é trabalhar em plataforma Windows e
adotar a mesma interface, facilitando o manuseio.
Capítulo 3
Fundamentação Teórica
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
18
3.1 - SISTEMA DEPOSICIONAL FLUVIAL
Os canais fluviais podem ser classificados de diferentes formas, sendo a
classificação morfológica a de maior importância geológica. A morfologia dos canais
fluviais é controlada por fatores autogênico, os quais refere-se a redistribuição dos
sedimentos dentro de um sistema deposicional como um resultado de processos
inerentes do sistema, e por fatores alogênico que o variáveis climáticas,
geológicas e tectônicas. Estes fatores estão intimamente relacionados, que os
fatores autogênicos são condicionados pelos fatores alogênicos (Beerbower 1964,
Miall 1996).
A morfologia dos canais, vista em planta, é subdividida em quatro padrões
básicos, designados de: retilíneo, meandrante, entrelaçado e anastomosado (figura
3.1; Maill 1977). Porém, a própria dificuldade de aplicação desses modelos
morfológicos fez com que, na prática, sejam considerados apenas o meandrante e o
entrelaçado como principais. Ficando as outras duas morfologias restritas a
seguimentos dentro das principais.
Rust (1978) mostrou que estes parâmetros são quantificáveis e que em função
do valor da sinuosidade os rios podem ser divididos em: rios de alta (maior que 1,5)
e baixa (menor que 1,5) sinuosidade. O grau de entrelaçamento mede o número de
barras ou ilhas no canal. A relação largura/profundidade oferece também uma boa
discriminação entre os diferentes tipos de rios (Figura 3.2).
Figura 3.1 Os quatros tipos fundamentais de canais (modificado de Miall
1977).
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
19
Figura 3.2 Relação entre largura e profundidade para os principais tipos de
canais fluviais (Rust 1978).
Porém os rios nem sempre estão representados na natureza pelos seus
extremos, sendo comum a observação de padrões intermediários. Ao longo do
tempo, pode ocorrer variação em função da descarga do rio nas épocas de cheia e
de estiagem (Teixeira et al. 2000).
A relação entre regime de transporte da carga sedimentar (suspensão, por
tração ou misto) e a morfologia do canal foi explorada por Schumm (1981), onde
este autor sumariza tipos intermediários dentre os padrões principais (figura 3.3).
Figura 3.3 Variações nos padrões de canais fluviais em função do tipo de carga
segundo Schumm 1981.
Diversos modelos deposicionais fluviais foram apresentadas desde a década
de 70. Smith e Smith (1980) descreveram as características do sistema
anastomosado, sendo este formado, em planta, por uma rede de canais
interconectados, relativamente profundo e estreito, retilíneos a sinuosos (Figura 3.4).
Estes rios transportam uma grande proporção de seus sedimentos em suspensão, e
contém baixo gradiente. Os canais o caracterizados por arenitos grossos e
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
20
conglomerados, e a planície de inundação por sedimentos finos. Neste sistema
predomina agradação vertical.
Figura 3.4 Bloco diagrama mostrando o modelo deposicional do Sistema Fluvial
Anastomosado com as suas principais feições. 1 – turfeira; 2 – pântano; 3 – lagoa de
inundação; 4 dique marginal; 5 depósito de rompimento de dique marginal; 6
canal fluvial; 7 – cascalho; 8 – areia; 9 – turfa; 10 – silte arenoso; 11 lama
(modificado de Smith e Smith 1980).
Walker e Cant (1984) criaram modelos detalhados de sistemas meandrantes e
entrelaçados (Figuras 3.5 e 3.6). O modelo meandrante foi baseado em muitos
exemplos modernos e antigos, com apresentação de seção esquemática ideal para
seqüência vertical de fácies. Neste modelo é visto que a deposição de areia é
restrita ao canal fluvial ou em meandros parcialmente ou completamente
abandonados e, silte e argila ocorre em diques e planícies de inundação. O modelo
entrelaçado baseia-se no sistema recente do Rio South Saskatchevan. Os
elementos morfológicos destes rios são complexos, incluindo desde formas de leito
individual até complexos de barras e ilhas vegetadas.
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
21
Figura 3.5 Bloco-diagrama com modelo deposicional do sistema fluvial entrelaçado
e seus constituintes. 1 - planícies de areia emersas recobertas com sand waves; 2 -
ilha coberta por vegetação; 3-núcleo emerso; 4 - barra submersa oblíqua ao canal; 5
- dunas de cristas sinuosas; 6 –depósitos residuais de canais (modificado de Walker
e Cant 1984).
Figura 3.6 Modelo deposicional do sistema fluvial meandrante e seus constituintes.
1 canal fluvial; 2 barra em pontal; 3 dique marginal; 4 depósito de
rompimento de dique marginal; 5 meandro abandonado; 6 atalho em corredeira;
7 atalho em colo; 8 planície de inundação; 9 bacia de inundação (modificado
de Walker e Cant 1984).
Miall (1985), com base nos trabalhos de Jackson (1975), que classifica as
formas de leito e estruturas em microformas, mesoformas e macroformas, e de Allen
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
22
(1983) que reconhece a hierarquia de contatos em oito tipos de feições
deposicionais fluviais, propôs uma nova metodologia de análise faciológica aplicada
a depósito fluvial, denominado “Análise dos Elementos Arquiteturais”. No trabalho o
autor cria 12 modelos para depósitos aluviais a partir da associação dos elementos
arquiteturais (Figura 3.7). Esta metodologia vem sendo utilizada em vários estudos,
sendo muito útil no estudo da geometria de depósitos fluviais.
Orton e Reading (1993), apresentaram uma síntese das relações entre modelos
fluviais e parâmetros deposicionais e geométricos (Figura 3.8). Mostrando para cada
tipo de modelo a geometria da componente aluvial e a forma do canal, além do
poder de transporte do fluxo e o tipo de transporte de sedimentos.
Além de Richards (1996) que, com o desenvolvimento da Estratigrafia de
Seqüência de alta resolução, este autor procurou caracterizar as arquiteturas fluviais
levando em conta o processo de flutuação do nível de base ao qual o sistema está
relacionado.
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
23
Figura 3.7 - Modelos deposicionais de sistemas aluviais (Miall, 1985). Da esquerda
para direita e de cima para baixo: - entrelaçado de barras cascalhosas dominados
por fluxo gravitacional; - entrelaçado de barras cascalhosas dominados por fluxo
trativo; - entrelaçado de barras cascalhosas de níveis de topografia bem definidos; -
meandrante com barras cascalhosas; - meandrante areno-cascalhoso; - meandrante
com barras arenosas; - meandrante de gronulometria fina; - anastomosado; -
entrelaçado raso de barras arenosas; - entrelaçado profundo de barras arenosas; -
rios distais com barras arenosas e lençóis de inundação; - rios efêmeros.
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
24
Figura 3.8 - Relacionamento entre tamanho de grão e carga sedimentar, com padrão
do canal, capacidade de corrente e outros parâmetros aluviais (Orton e Reading
1993).
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
25
Todos esses modelos estão baseados na hierarquização de superfícies
limitantes, também chamadas de superfícies de acamamento por Borghi (2000).
Dentro desta visão, Miall (1985, 1988 e 1996) introduziu o conceito de
Elementos Arquiteturais, que são definidos como uma componente de um sistema
deposicional equivalente em tamanho a/ou menor que um depósito de
preenchimento de canal e maior que uma unidade de fácies individual, caracterizado
por uma distintiva associação de cies, geometria interna e forma externa,
empilhamento vertical e as superfícies limitantes (Miall, 1996).
A análise de fácies é a ferramenta mais poderosa na caracterização dos
elementos arquiteturais. Ela fundamenta-se nos atributos deposicionais primários
das fácies como, granulometria, textura e estruturas sedimentares, caracterizando
assim o aspecto litológico dos depósitos. Miall em 1977 propôs uma tabela de fáceis
onde estão embutidas as relações genéticas entre litofácies e as condições
hidrodinâmicas responsáveis pela sua deposição em um sistema fluvial (Tabela 3.1).
Na proposta de hierarquização dos elementos arquiteturais, Miall (1988)
propôs as superfícies limitantes, e classificou-as em seis diferentes ordens (figura
3.9), sendo estas caracterizadas por:
1
a
ordem Um limite de set (figura 3.9 E); este apresenta pouca ou nenhuma
erosão interna e não cortam estratificações anteriores. São interpretadas como
resultado das migrações das formas de leitos sob um regime de fluxo constante.
2
a
ordem - Superfícies limitadas por coset (figura 3.9 E); geralmente
erosionais, mais sem significante parada no tempo, são interpretadas como
resultado de uma mudança nas condições ou direção de fluxo.
3
a
ordem São superfícies de truncamentos erosionais dentro de
macroformas que possuem mergulhos de baixo ângulo (normalmente < 15º),
identificados por superfícies de reativação (figuras 3.9 E e D);
4
a
ordem Representam as maiores superfícies limitantes de macroformas
(figura 3.9 C e D);
5
a
ordem Superfícies limitantes que separa complexos de canais e lençóis
de areias (figura 3.9 B e C);
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
26
Tabela 3.1 – Litofácies associadas a depósitos aluviais segundo Miall (1978).
Código da
Fácies
Litofácies Estruturas sedimentares
Interpretação
Gms
Cascalho maciço
suportado por matriz
Agradacional
Depósitos de fluxo de
detritos
Gm
Cascalho maciço ou
pobremente acamadado
Acamamento horizontal,
imbricação
Barras longitudinais,
depósitos residuais,
depósitos tipo peneira
(sieve)
Gt
Cascalho estratificado
Estratificação cruzada
acanalada
Preenchimento de
canais
Gp
Cascalho estratificado
Estratificação cruzada
planar
Barras longitudinais,
crescimento deltáico
de antigas barras
remanescentes
St
Areia média a muito
grossa, podendo conter
seixos
Estratificações cruzadas
acanaladas isoladas os
agrupadas
Dunas (regime de
fluxo inferior)
Sp
Areia média a muito
grossa, podendo conter
seixos
Estratificações cruzadas
planares isoladas os
agrupadas
Barras linguóides
transversais e ondas-
de -areia (regime de
fluxo inferior)
Sr
Areia muito fina a grossa
Marcas onduladas
Ondulações (regime
de fluxo inferior)
Sh
Areia muito fina a grossa,
podendo conter seixos
Laminação horizontal,
lineação de partição ou
de fluxo
Fluxo acamado planar
(regime de fluxo
superior)
Sl
Areia muito fina a grossa,
podendo conter seixos
Estratificação cruzada
de baixo ângulo(<10°)
Preenchimento de
sulcos, erosão de
topo de dunas,
antidunas
Se
Sulcos erosionais com
intraclastos
Estratificação cruzada
incipiente
Preenchimento de
sulco
Ss
Areia fina a muito grossa,
podendo conter seixos
Sulcos largos e rasos
Preenchimento de
sulco
Fl
Areia, silte, lama
Laminação fina,
ondulações de
amplitude muito
pequena
Depósitos de
transbordamento ou
de decantação de
enchentes
Fsc
Silte, lama Laminada a maciça
Depósitos de áreas
pantanosas
Fcf
Lama
Maciça, com moluscos
de água doce
Depósitos de
pântanos alagadiços
Fm
Lama, silte
Maciça, com gretas de
contração (ressecação)
Depósitos de
transbordamento
C
Carvão, lama carbonática
Vegetais, película de
lama
Depósitos de pântano
P
Carbonatos
Feições
pedogenéticas
Solos
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
27
6
a
ordem – Define grupos de canais ou paleovales, mapeadas como unidades
estratigráficas(figura 3.9 A).
Miall (1985) propôs um conjunto de oito elementos arquiteturais que podem
ser usados para descrever a arquitetura e arranjo espacial do sistema fluvial. Sendo
denominados de: canal (CH), forma de leito do tipo barras cascalhosas (GB),
depósitos de fluxo gravitacionais (SG), forma de leito arenosa (SB), macroforma de
acresção frontal (DA), depósito de acresção lateral (LA), lençóis de areias laminados
(LS) e depósito de finos de planície de inundação (FF). Uma síntese desses
elementos é mostrada na Tabela 3.2.
Porém, este mesmo autor em 1996, reviu sua anterior classificação dos
elementos arquiteturais, atestou a necessidade de dividir os elementos em dois
grandes grupos (os elementos internos ao canal e os elementos do overbank) e
acrescentou elementos arquiteturais e este segundo grupo (Figura 3.10 e 3.11).
um problema no reconhecimento das superfícies limitantes de terceira ou
maior ordem, pois estas são difíceis de serem identificadas no campo. Os elementos
são definidos por termos descritivos e interpretativos, não são mutuamente
exclusivos e são descritos somente em duas dimensões com detalhamento
sedimentológico muito pequeno. Devido a estes fatores a necessidade de boas
exposições de afloramentos, dados de poços e ferramentas de investigação indireta
(por exemplo: perfis geofísicos) para uma boa caracterização dos elementos
arquiteturais (Miall, 1996).
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
28
Figura 3.9 Proposta das seis ordens de hierarquias de superfícies limitantes para
depósitos fluviais. Diagrama A para E representa uma sucessiva ampliação de partes
de uma unidade fluvial ( Miall 1988).
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
29
Tabela 3.2 Síntese dos Elementos Arquiteturais de Depósitos Fluviais (modificado
de Miall 1985 e 1988).
Elemento
Arquitetural
Símbolo
Principais
assembleias
de Litofácies
Geometria e relacionamentos
Canais
CH
Várias
combinações
Interdigitação, lente ou camadas; base
erosional, côncava para cima; escala e
forma altamente variáveis; superfícies
internas de erosão secundárias côncavas
para cima são comuns
Formas de leito e
barras cascalhosas
GB Gm, Gp, Gt
Lente, lençol; corpos geralmente tabulares;
geralmente interdigitado
com SB
Formas de leito
arenosas
SB
St, Sp, Sh, Sl,
Sr, Se, Ss
lente, camada, lençol, cunha; ocorre como
preenchimento canal, crevasses splays
, topo
da barras
Macroformas de
acreção frontal
DA
St, Sp, Sh, Sl,
Sr, Se, Ss
Lente repousando em superfície plana ou
base dos canais, com superfícies internas
de segunda ordem convexas para cima e
superfície limitantes superior
Depósitos de acreção
lateral
LA
St, Sp, Sh, Sl,
Se, Ss;
sendo
menos comum
Gm, Gt e Gp
Cunha, camadas, lobo; caracterizado por
superfícies internas de acresção lateral
Sedimento de
fluxo gravitacional
SG Gm, Gms
Lobo, camada; tipicamente interdigitados
com GB
Lençóis de areia
Laminados
LS
Sh, Sl; St
menor
proporção de,
Sp, Sr
Camada e lençol
Depósitos finos de
planície de
inundação
FF Fm, Fl
Lençóis finos a grossos; geralmente
interdigitados com SB; pode preencher
canais abandonadas
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
30
Figura 3.10 A série de elementos arquiteturais internos ao canal de depósitos
fluviais segundo Miall (1996), após revisão de sua proposta inicial de 1985.
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
31
Figura 3.11 – Elementos arquiteturais de overbank propostos por Miall (1996).
3.2 - HETEROGENEIDADES DE RESERVATÓRIO
Heterogeneidades de reservatórios podem ser definidas como o resultado da
variação espacial das propriedades do reservatório nas mais diversas escalas, cujo
as principais são a faciologia, geometrias externa e interna e a conectividade entre
os corpos. Também pode ser expressa como uma função da arquitetura do
reservatório refletindo o estilo deposicional original e subseqüentes modificações
diagenéticas e estruturais.
Os métodos tradicionais de descrever reservatório como mapas e contorno de
parâmetros não estão totalmente hábeis para representar adequadamente as
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
32
heterogeneidades internas dos reservatórios, pois são baseados em dados de
poços, que geralmente o muito espaçados entre si, geralmente, não sendo
possível correlacionar um mesmo corpo entre dois poços. Isso representa uma
incerteza de grande impacto na modelagem de reservatórios.
Segundo Jiang et al. (1996), as relações genéticas entre litofácies e sistema
deposicional, e entre litofácies e propriedades petrofísicas fazem das
heterogeneidades de reservatórios fluviais parâmetros mapeáveis e previsíveis.
As heterogeneidades deposicionais são as inerentes das mudanças
faciológicas e geométricas. Porém, existe também heterogeneidades referentes a
processos diagenéticos que alteram características deposicionais, resultando em
uma mudança na porosidade e permeabilidade original. Mas, ambas tem resultado
no padrão do fluxo de fluido (Shebl 1995), apesar de na maioria dos casos a
primeira representar um controle dominante na heterogeneidade (Hamilton 1998).
Hamilton (1998) determinou quatro passos principais para o estudo
reservatórios fluviais levando em consideração as heterogeneidades (com base no
Campo de Jackson, Autrália), são eles: (i) determinar arquitetura geológica do
reservatório; (ii) investigar tendências no fluxo de fluidos do reservatório; (iii) integrar
estes dois parâmetros e (iv) estimar o VOIP (volume de óleo in place) original,
saturação de óleo residual e identificar oportunidades de crescimento de reservas.
E, é dentro desse contexto que a caracterização de análogos recentes se
torna importante para o entendimento dos processos físicos que depositam os
sedimentos e na predição de mudanças laterais na geometria e na distribuição dos
corpos e fáceis reservatório e não-reservatório.
3.3 - MODELAGEM GEOLÓGICA
Modelagens matemáticas 3D existem a mais de 30 anos, porém seu uso em
estudos geológicos é recente, devido à dificuldade em modelar a complexidade das
características geológicas em uma escala detalhada (Cosentino 2001).
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
33
Mas, nos últimos anos os softwares geológicos têm evoluído neste quesito.
Hoje possibilitam a visualização e manipulação de todos os dados em ambiente
tridimensional no dia a dia do trabalho, onde antes os dados eram tratados em
mapas (ambiente bidimensional) que fatiavam os reservatórios em diversas
profundidades.
Os dois principais tipos de modelagens são a determinística e a estocástica.
Mas, na verdade, estas modelagens caminham sempre juntas e fazem parte de um
grande workflow.
Na modelagem determinística não se tem variáveis aleatórias para modelar, os
dados modelados são interpolações geradas com base em interpretações de dados
diretos e indiretos de reservatórios. Em outras palavras, os algoritmos produzem um
único modelo não levando em consideração as incertezas.
E durante algum tempo essa era a única forma de modelagem de reservatórios
(Cosentino 2001). Mas era necessário entender e modelar melhor as variações das
propriedades internas e foi aí que entrou a geoestatística como uma poderosa
ferramenta. Hoje é uma ferramenta muito usada e eficaz, pois consegue preencher o
modelo do reservatório com variáveis obedecendo as tendências de variações das
propriedades. Como por exemplo, pode-se preencher o reservatório com a faciologia
obedecendo a orientação e extensão dos corpos sedimentares.
E é nisso que se baseia a modelagem estocástica, pois modela variáveis com
base na distribuição de dados pontuais de propriedades do reservatório. Apesar de
existirem vários tipos de modelagens estocásticas as mais usadas na modelagem de
reservatórios petrolíferos são: a orientada a pixel e orientada a objeto. A modelagem
estocástica pode ser usada para descrever ou gerar arquiteturas deposicionais
complexas e a distribuição espacial, o das propriedades, como também dos
corpos sedimentares, além de proporcionar uma integração entre dados estáticos e
dinâmicos (Cosentino 2001).
Segundo Bohling (2005), algoritmos estocásticos também proporcionam a
realização de cenários equiprováveis para distribuição das propriedades do
reservatório condicionada a dados estáticos, proporção global (curvas de proporção
vertical e areal) e a dados de poços.
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
34
No modelo orientado a pixel a variável a ser simulada é assumida como uma
função contínua aleatória, cuja distribuição é caracterizada com ponto inicial fixo que
identifica diferentes intervalos de fácies ou de propriedades petrofísicas. Para isso
são usados algoritmos, que tem a krigagem como o mais popular (Cosentino 2001).
Na modelagem orientada a objeto a distribuição espacial dos corpos
sedimentares é obtida pela sobreposição de geometrias. Os corpos são
caracterizados por parâmetros como espessura, largura, orientação, etc, que tem os
afloramentos análogos como uma importante ferramenta na obtenção destes
parâmetros (Alapepite 2005, Visuer 1999).
Dois tipos de dados de entrada dos modelos são coletados durante a vida do
reservatório, os dados estáticos e os dinâmicos. Os dados estáticos são os
independentes do tempo e não estão associadas com o transporte de fluidos, é onde
se encaixa os dados geológicos do reservatório e de análogos. Os dados dinâmicos
são os intrinsecamente relacionados ao tempo e ao transporte de fluidos pelo
reservatório, são dados derivados de testes de formação, de pressão, história de
produção, sísmica 4D e etc.
Um típico workflow de modelagem de reservatório é realizado no sentido da
grande escala para a pequena e, geralmente, dos métodos determinísticos para os
estocásticos. Seguindo, aproximadamente, os seguintes passos: (i) estabelecer uma
estruturação em larga escala, determinando topo, base e zonas do reservatório.
Onde é geralmente usado interpolações determinísticas; (ii) em cada zona,
preencher com as fácies usando simulação de variáveis discretas para obter
realizações equiprováveis da distribuição desse parâmetro; (iii) preencher o
reservatório com a porosidade condicionado a distribuição faciológica e,
posteriormente, com a permeabilidade condicionada a porosidade usando simulação
de variáveis contínuas (Pyrez et al. 2005).
A definição de um modelo geológico para o reservatório é a fase mais
importante em um típico workflow de estudo de reservatórios e tem impacto direto no
resultado final. O modelo geológico também tem que agregar a estratigrafia de
seqüência como uma ferramenta muito poderosa (Van Wagoner 1990). Isso se dá
por alguns motivos: (i) provem um arranjo estratigráfico detalhado reduzindo o risco
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
35
de correlações errôneas; (ii) possibilita uma melhor integralização entre dados de
diversas escalas; (iii) dentro de uma seqüência é possível predizer a continuidade,
conectividade e extensão dos corpos e para estabelecer parâmetros para a
modelagem estocástica; (iv) ajuda na predição da presença e extensão de
reservatórios fora da área de desenvolvimento de campos maduros; e, (v) os
princípios podem ser aplicados tanto para reservatórios siliciclásticos como
carbonáticos.
Na figura 3.12, está expressa a importância de ter um modelo estratigráfico
bem embasado. Tal figura mostra duas diferentes interpretações de um mesmo
conjunto de poços. Na parte superior da figura está uma interpretação utilizando
como datum um limite de parasseqüência e na porção inferior para correlação usou-
se um marco litológico (topo do reservatório) como datum.
Figura 3.12 Cenário de correlação cronoestratigráfica vs. litoestratgráfica. (Van
Wagoner 1990)
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
36
O resultado da arquitetura do reservatório nos dois casos é muito diferente e
tem conseqüências diferentes em sua aplicação. Utilizando a correlação superior, os
corpos do reservatório estariam desconectados e, conseqüentemente, em regimes
hidráulicos diferentes. Na correlação com datum no marco litológico, os corpos
estariam conectados e com uma boa extensão areal. A aplicação de uma ou de
outra interpretação resultaria em diferentes performances de produção e em
diferente escolha do plano de desenvolvimento do campo, que inclui perfuração de
poços injetores e várias outras ferramentas de produção que demandam altos
gastos.
A caracterização de reservatórios, com o estudo faciológico e a modelagem das
fácies deposicionais de um determinado reservatório é de extrema importância para
guiar a distribuição das características petrofísicas do reservatório que tem impacto
no cálculo de volume de hidrocarboneto in place e no modelo de fluxo de fluidos
(Lima 2005).
A análise de incertezas é uma ferramenta que vem sendo cada vez mais
utilizada e a modelagem estocástica oferece a possibilidade de quantificar as
incertezas referentes à modelagem geológica. Infinitas realizações possíveis de um
reservatório podem ser obtidas variando a semente geradora e podem prover uma
medida das incertezas associadas ao modelo geológico escolhido para o
reservatório (Cosentino 2001).
Outra ferramenta nova e cada vez mais usada são as redes neurais. É uma
ferramenta computacional que é programada para reconhecer padrões em bancos
de dados com o intuito de otimizar a estocagem e separação na entrada de dados.
Sua principal função é estimar funções matemáticas onde a distribuições de
amostragens não tem uma função com forma analítica conhecida (Roger et al.
1995).
O cálculo de volume de óleo in place (VOIP) é o resultado final do estudo e
modelagem de reservatórios e é totalmente influenciada por cada um dos passos
(aqui apresentados) envolvidos na modelagem. Pois o volume é calculado
multiplicando a saturação de óleo pelo espaço poroso, que por sua vez é
dependente da faciologia e da modelagem estrutural.
Capítulo 4
Aplicação eDesenvolvimento de
Métodologias e Resultados Obtidos
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
38
4.1 - PARAMETRIZAÇÃO
4.1.1 APLICABILIDADE DO MÉTODO GPR
Tendo em vista que um dos objetivos deste trabalho é a parametrização dos
canais fluviais com base em perfis GPR para geração de um banco de dados que
venha a ser utilizado em modelagens estocásticas orientadas a objeto de
reservatórios petrolíferos fluviais, o primeiro passo foi atestar a aplicabilidade do
método no depósito em estudo com base na metodologia proposta por Annan
(1992a).
Para isso duas considerações foram tomadas antes de começar a avaliação
das possibilidades de realizar o levantamento com o GPR. Primeiramente, se o alvo
de estudo podia ser estudado empregando a janela do GPR e que seja pouca a
presença de materiais condutivos nas regiões de estudo.
Como o alvo é um depósito atual de preenchimento de canal, o mesmo é
representado por sedimentos areno-cascalhosos saturados em água doce, sendo
geralmente limitado por argilas que encerram ciclo fluvial. Tal situação possibilita um
alto contraste entre a resposta ao método tornando o depósito indicado a aplicação
do GPR.
Análise Inicial
Uma análise referente à aplicabilidade do método de GPR está relacionada
com três questões. Elas são: profundidade do alvo, quantidade de energia refletida,
presença de fatores limitantes.
Profundidade do alvo: A profundidade estimada do alvo corresponde a, no
máximo, 20 metros.
Para determinar se o método será efetivo a esta profundidade é necessário
determinar a profundidade máxima de investigação do GPR (D
max
) a qual deve ser
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
39
maior em 50 % que a profundidade do alvo (p). A profundidade máxima de
investigação foi definida por Annan (1992a) como:
D
max
< 35/ σ
Onde σ representa a condutividade elétrica expressada em mS/m. Sendo,
nesse caso, o meio arenoso-cascalhoso saturado em água com σ variando entre
0,1-1 mS/m (Porsani 2002). Sendo atribuído o valor médio de 0,5 para este trabalho.
D
max
< 35/0,5 = 70 m
Neste caso o valor resultante é maior que o dobro da profundidade máxima
esperada para o alvo, pelo qual o método tem possibilidades de ser empregado.
Quantidade de energia refletida: Para determinar a quantidade de energia
refletida pelo alvo deve-se determinar o coeficiente de reflexão (R) entre o méio
encaixante e o alvo.
Onde K
1
é a constante dielétrica do médio encaixante e K
2
é a constante
dielétrica do alvo.
Os valores de K
1
e K
2
foram atribuídos segundo Porsani (2002), sendo 40 e 20,
respectivamente. Desenvolvendo a fómulo com essses valores o resultado é:
R = 0,1717
Empregando o valor R pode-se determinar o fator de proporcionalidade (F) o
qual está associada a potência refletida (P), sendo necessário que F > 0,01 para que
o alvo possa ser detectado. A fórmula é dada a seguir:
P
α
F = R
2
R =
K
1
11
1
K
2
22
2
K
1
11
1
+
+ +
+
K
2
22
2
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
40
F = 0,03 pelo qual F > 0,01 o alvo pode ser detectado.
Presença de fatores limitantes: Neste caso são considerados os elementos
geológicos e os de natureza humana que possam gerar fontes de interferências
(ruídos). O local de levantamento não apresenta nenhum fator limitantes pois não
está próximo a estradas movimentadas nem a qualquer fonte de campo
eletromagnético que poderia interferir no equipamento (figura 4.1).
Parâmetros de Aquisição
Para o trabalho com GPR é importante uma escolha detalhada dos parâmetros
do levantamento (freqüência, range, intervalo temporal de amostragem,
espaçamento horizontal entre estações, orientação e separação entre antenas).
Figura 4.1 – Visão geral de barra cascalhosa no canal do Rio Assu, evidenciando a
ausência de fatores limitantes que pudessem vir a causar interferência .
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
41
Freqüência: Três fatores estão relacionados com a determinação da
freqüência central de operações (Annan e Cosway, 1994), são eles: resolução
espacial, freqüência de clutter e profundidade de exploração.
Resolução Espacial: Encontra-se relacionada com a separação da ocorrência
de dois eventos para o qual é necessário que a duração do pulso eletromagnético
seja duas vezes menor que a diferença entre os tempos duplos de viagem
correspondentes aos respectivos eventos. Este parâmetro pode ser calculado por:
F
R
> 75 .
δ
R
K
2
Onde F
R
é a freqüência dada em MHz,
δ
R
é a espessura do que deseja
visualizar dado em metros e K
2
a constante dielétrica do alvo. Em nosso trabalho
δ
R
= 0.2 m (referente a largura média esperada para superfícies limitantes de 2º ordem)
e K
2
= 20.
F
R
> 83,89 MHz
Freqüência de Clutter: Estabelece a dimensão mínima abaixo da qual não
poderão ser detectadas estruturas pelo equipamento, sendo expresso pela formula:
F
C
< 30
K
2
δ
c
Sendo F
C
a freqüência de corte e dada em Mhz,
δ
c
a dimensão mínima
expressa em metros e K
2
a constante dielétrica do alvo. Em nosso trabalho
δ
c
=
0,04 m.
F
C
< 223,71 MHz
Profundidade de exploração: Relaciona a profundidade estimada do alvo com a
constante dielétrica do médio encaixante de forma que se possa conhecer qual é o
espalhamento de energia eletromagnética suficiente para a detecção do alvo.
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
42
F
D
<
p
K
11200
1
Sendo F
D
expressado em Mhz, p a profundidade do alvo expresso em metros e
K
1
a constante dielétrica do médio encaixante. Em nosso trabalho p = 10 m.
F
D
< 750 MHz
Para que o levantamento possa ser realizado com sucesso a freqüência central
do levantamento tem que cumprir a seguinte seqüência:
F
R
< F
Lev
< men (F
D
, F
C
)
83,89 MHz < F
Lev
< men (1071,43 MHz, 134,23 MHz)
Range: Corresponde-se com intervalo de tempo predeterminado no qual o
GPR registra o retorno do pulso eletromagnético. Ele pode ser estimado através da
seguinte formula:
R = 1.5 d
τ
Sendo R o range dado em ns, d a profundidade xima de interesse expressa
em metros,
τ
função do tempo duplo de viagem em ns/m. Neste trabalho d = 12 m
e
τ
= 12 ns/m.
R = 216 ns
Step: Encontra-se relacionado com o princípio da amostragem espacial de
Nyquist (espaçamento entre as estações de medida deve ser equivalente a um
quarto do comprimento de onda eletromagnética emitida). É expresso pela formula:
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
43
x
= 75 .
f
C
K
Sendo
x
o espaçamento entre as estações expresso em metros, f
C
freqüência
central dado em Mhz e K é a permissividade do médio material, no caso,
aproximadamente igual a 5 (Neal, 2004).
x
= 75 = 0,33 m
100
K
x
= 75 = 0,17 m
200
K
Arranjo das antenas: As antenas serão orientadas perpendicularmente à
direção do perfil GPR (modo TE; Annan, 1992a (figura 4.2)), correspondendo a área
de maior “pegada” do equipamento.
Separação entre antenas: O sistema Malac/Geoscience que será empregado
no presente trabalho vem com separação fixa entre transmissor e receptor para
todas as antenas. Sendo de 0,5m prara a antena de 200 MHz e de 1 m para a
antena de 100 MHz.
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
44
Figura 4.2 Arranjo possíveis das antenas de GPR para aquisição de dados.
Modificado de Annan, 1992a.
Tendo em vista os resultados obtidos no estudo da etapa prévia do
levantamento, é afirmada a aplicabilidade do método de GPR na concretização dos
objetivos. Sendo o levantamento poderá ser realizado com antenas de 100 MHz e
200 MHz com range de 216 ns, espaçamento em torno de 17cm e antenas
orientados perpendicularmente entre si.
4.1.2 LARGURA E ESPESSURA
Os perfis foram georreferenciados, medidos e corrigidos topograficamente a
partir de informações obtidas com equipamentos de alta precisão. Foi visto, então,
que se poderia medir os parâmetros de espessura e largura dos canais diretamente
nestes perfis.
Assim, após o processamento, os perfis GPR foram exportados como imagens
e importados no software Corel Draw (versão 12). Sabendo-se o comprimento exato
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
45
das linhas e a profundidade exata de imageamento (obtidos no georreferenciamento
de alta precisão) têm-se as imagens espacialmente amarradas em duas dimensões.
Em seguida, iniciou-se a vetorização dos principais refletores (Figura 4.3) de
cada uma das linhas. Foi escolhido o software supracitado devido as facilidades de
manipulação das imagens principalmente no que se refere a ferramentas de zoom.
Foi necessário fazer uma seleção prévia dos canais a serem medidos, tendo
cuidado em escolher canais que apresentem com padrão de terminação para
ambos os lados, isto é, com forma côncava típica do canal fluvial, ou seja, aqueles
que foram “cortados” perpendicularmente. Descartando canais imageados muito
obliquamente, que fornecem imagens assimétricas.
A espessura foi medida diretamente do ponto de a maior profundidade da
geometria em canal até o ponto mais alto do mesmo (figuras 4.4 e 4.5). A análise da
largura por, sua vez, dependerá da arquitetura do canal a ser medido. Se forem
canais não truncados por outros canais, a largura será obtida diretamente medindo
os dois pontos mais extremos (Figura 4.4). Porém, se houver truncamento o
radargrama oferece apenas a possibilidade de se medir a largura aparente (Figura
4.5). Com a informação sobre a largura aparente associada a dado da espessura e
ao padrão geométrico deste canal pode-se inferir a sua largura verdadeira (Figura
4.5). Os dados de espessuras e larguras medidas não correspondem
necessariamente aos valores originais de deposição, que esses canais sofrem
erosão decorrente da deposição subseqüente de outros canais e, eventualmente,
compactação por carga, mas é uma aproximação que permite o uso destas
geometrias como análoga a aquelas encontradas nos reservatórios.
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
46
Figura 4.3 Interpretação das macroformas pela vetorização dos refletores imageados no perfil 18, utilizando o software
CorelDarw (versão 12).
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
47
Figura 4.4 Canal imageado no perfil 17 destacando-
se a medida da espessura ( diferença entre o ponto mais raso e o
mais profundo do canal) e a largura do canal. Nota-se que este canal apresenta-
se completo em suas laterais, isto é, não
erodido por outros canais.
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
48
Figu
ra 4.5 Exemplo de canal imageado no perfil 24 onde este encontra-
se truncado (erodido) por outros canais. Sendo a
largura imegeada uma largura aparente. Porém associando o padrão geométrico do canal e sua espessura pode
-
se obter
sua largura. Nota
-se também a espessura medida deste canal.
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
49
As medidas foram agrupadas em uma tabela contendo o número do perfil, a
data de aquisição, freqüência da antena, canais, largura aparente, espessura e
largura. Com a antena de 200 MHz foram interpretados até dois canais fluviais,
passíveis de parametrização, com exceção dos perfis 23 e 24 que foram
visualizados quatro canais cada um. A largura média dos canais medidos, com esta
antena, foi de 93,40 metros, com o valor mais baixo de 18,5 m e o mais alto de 187
m. a espessura média encontrada foi de 2,14 metros com a menor espessura
sendo de 0,75 m e a maior de 7,4 m.
Com a antena de 50 MHz foi vetorizado um canal passível de medição. Canal
este, que tem largura de 152 metros e espessura de 5,4 metros. a antena de 100
MHz possibilitou a medida de nove canais com média das larguras de 97,53 metros
e espessuras de 2,7 metros.
Os dados obtidos com as três antenas com diferentes freqüências mostram
que a relação “freqüência/profundidade de imageamento” permite que sejam
avaliados diferentes níveis hierárquicos da arquitetura deposicional. Desta forma,
com a antena de 200 MHz foram imageados canais menos espessos que a de 100
MHz que por sua vez imageou canais menos espessos que a de 50 MHz. O mesmo
acontece para a largura que canais maiores são melhores imageados por antena
de menor freqüência e vice versa. Tal fato corrobora a validade do uso de antenas
de diversas freqüências no estudo de análogos.
4.1.3 SINUOSIDADE E ENTRALAÇAMENTO
A partir de ortofotocartas georreferenciadas e agrupadas em um Sistema de
Informações Geográficas (SIG) foi possível calcular os parâmetros de sinuosidade e
entrelaçamento para o rio Assu, seguindo a proposta de Friend e Sinhá (1993).
Ortofocarta é uma base cartográfica (mapa) contendo inúmeros dados como
vias, localidades, topografia, coordenadas em UTM, drenagens, etc., obtidas a partir
de fotografias aéreas que foram submetidas a “ortogonalização”. Isto é, a retirada da
distorção radial presente nestas fotografias.
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
50
Este item aborta a metodologia utilizada para obter estes parâmetros, os
resultados obtidos e a padronização dos dados na forma de histogramas ( melhor
forma de entrada nos softwares de modelagem orientada a objetos, a exemplo do
PetBool).
Frind e Sinha (1993) adaptaram duas modificações aos procedimentos usados
anteriormente para definição da sinuosidade dos canais: o comprimento do canal é
medido por uma linha que percorre o meio do canal entre suas barras. Sendo
possível medir a partir de mapas topográficos, fotografias aéreas e imagens de
satélite.
Como a maioria dos rios mostra transições morfológicas entre canal único e
multi-canais, para caracterização da sinuosidade, foi necessário abandonar a
classificação de rios entrelaçados e meandrantes. Então, o parâmetro sinuosidade
foi estendido para situações com rios de multi-canais, onde foi definido o
comprimento do canal, a partir de uma linha que percorre o meio do canal mais largo
do cinturão de canais.
O parâmetro de sinuosidade (P) foi, então, definido como:
P = L
cmax
/L
R
(1)
Onde L
R
é o comprimento global do segmento do canal em linha reta, e L
cmax
é
o comprimento ao longo canal para o mesmo segmento, ou o comprimento ao longo
do canal mais largo para rios com multi-canais (Figura 4.6).
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
51
Figura 4.6 Diagrama representando o cálculo da sinuosidade para rios com um
único e multi-canais.
A razão de entrelaçamento de canal (B) proposta por Friend e Sinha (1993) é
claramente uma aproximação dos parâmetros usados anteriormente por Brice
(1964) e Rust (1978; vide figura 4.7). Sendo usada também a idéia de “sinuosidade
total” desenvolvida por Richards (1982 apud Friend e Sinhá 1993), para medir o
entrelaçamento em alguns rios com camadas cascalhosas. Esta razão é definida
como:
B = L
ctot
/L
cmax
(4)
Onde L
ctot
é o somatório dos comprimentos, ao longo dos canais, de todos os
segmentos de canais em um seguimento do cinturão de canal, e L
cmax
é o
comprimento ao longo do canal mais largo dentro do seguimento do cinturão.
Sendo assim, para um rio de canal único o L
cmax
vai ser igual ao L
ctot
.
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
52
Figura 4.7 Diagrama representando o cálculo do índice de entrelaçamento de
Brice (1964), Rust (1978) e de Friend e Sinha (1993).
Para o cálculo destes parâmetros no canal atual do Rio Assu, foi escolhido um
seguimento com 57 km de extensão, desde a cidade de Assu até próximo à cidade
de Pendências. Selecionou-se o seguimento supracitado devido ao seu caráter
tipicamente fluvial, isto é, além deste seguimento não compreender nenhum tipo de
obstáculo artificial (barragens), o rio não sofre qualquer influência do mar.
Este trecho foi dividido em seguimentos fixos de 3 km (figura 4.8) e,
posteriormente, o canal foi delimitado diferenciadamente em canal principal (canal
mais largo) e secundário (demais canais) vide figura 4.8. Para todos os seguimentos
foram utilizadas as ortofotocartas e o software ArcView GIS (versão 8.2).
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
53
Figura 4.8 Subdivisão do Rio Assu em seguimentos fixos de 3 Km, utilizando as
ortofotocartas.
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
54
Figura 4.9 – Um dos seguimentos analisados do Rio Assu evidenciando a subdivisão
dos canais: principal e secundário.
Assim, para cada seguimento foi calculado a sinuosidade e o entrelaçamento
do canal com base na fórmula de Friend e Sinha (1993). Os valores foram
agrupados em uma tabela onde a primeira coluna refere-se ao seguimento e a
segunda ao seu respectivo valor de sinuosidade e a terceira ao entrelaçamento
(tabela 4.1). Após organização dos dados em forma de tabela foi gerado
histogramas destes dados (tanto sinuosidade quanto entrelaçamento), que é um
gráfico da distribuição dos dados pela porcentagem de amostragem (gráficos 4.1 e
4.2).
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
55
Tabela 4.1 Tabela com os valores de sinuosidade, entrelaçamento e seus
respectivos seguimentos.
Seguimento Sinuosidade Entrelaçamento
Seguimento
Sinuosidade
Entrelaçamento
1 1,05 3,48 11 1,06 1,54
2 1,11 1,91 12 1,26 1,08
3 1,27 2 13 1,07 1,41
4 1,25 2,03 14 1,03 1,06
5 1,07 1,99 15 1,22 1
6 1,07 2,31 16 1,07 1,57
7 1,12 3,02 17 1,02 1,45
8 1,14 1,68 18 1,24 1,53
9 1,14 1,72 19 1,25 1,82
10 1,08 1,59
Histograma
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
1.02-1.07 1.07-1.12 1.12-1.17 1.17-1.22 1.22-1.27
Sinuosidade
% do total
Gráfico 4.1 Histograma de freqüências dos dados de sinuosidade calculados no
Rio Assu, nota-se que grande parte dos valores (mais que 40%) encontra-se no
intervalo de 1.02 a 1.07.
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
56
Hisograma
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
1-1.5 1.5-2 2-2.5 2.5-3 3-3.5
Entrelaçamento
% do total
Gráfico 4.2 – Histograma de freqüências dos dados de estrelaçamento calculados no
Rio Assu. É notável que mais de 70% dos valores se encontram no intervalo entre 1
e 2.
4.2 - ANÁLISE ARQUITETURAL
Antes de iniciar a modelagem tridimensional do referente análogo foi
necessário entender a arquitetura do depósito como um todo, desde o
reconhecimento das fácies e das associações de fácies presentes até o arranjo dos
elementos arquiteturais. Como dito no capítulo 3, o modelo geológico conceitual é de
extrema importância no resultado final de uma modelagem de reservatório.
Para a análise arquitetural foi utilizada a proposta metodológica de Miall
(1996), no reconhecimento das fácies, associações de fácies, superfícies limitantes
e elementos arquiteturais.
Para a caracterização recorreu-se, além da observação de exposições
naturais dos depósitos, sondagens geofísicas com GPR e a descrição de trincheiras.
Foram encontradas e descritas cinco fácies distintas para este depósito:
cascalho estratificado (Gt), areia muito grossa com estratificação cruzada acanalada
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
57
(St), siltico-argilosa laminada (Fl), areia fina a muito fina com níveis de seixos (She)
e areia fina laminada (Ser). Porém, destas cinco, apenas as três primeiras tem
relevância para modelagem, que as duas últimas estão relacionadas ao
retrabalhamento muito superficial dos sedimentos pela ação dos ventos e não
possuem potencial de preservação sendo sempre erodidas pela cheia subseqüente.
A fáceis Gt representa uma cies grossa constituída por seixos com
tamanhos de até 3 cm (figura 4.10), gradando para areia muito grossa. Estes
sedimentos possuem coloração variando de branca a laranja. Texturalmente, os
grãos mostram-se subangulosos a subarredondados, com baixa a média
esfericidade, sendo a facies moderadamente a pobremente selecionada e
constituída predominantemente por quartzo. o também encontrados clastos de
argila bastante arredondados com a10 cm de tamanho. Apresenta estratificações
cruzadas acanaladas de pequeno a médio porte (figura 4.11). É interpretada como
resultante de migração de formas de leito de crista sinuosa (3D).
Figura 4.10 Seixos de quartzo com 3 cm de diâmetro, encontrados na fácies Gt.
Notam-se as estratificações cruzadas acanaladas e superfícies erosivas.
A fácies St é composta por areia muito grossa com seixos dispersos, com
grãos subangulosos a subarredondados, com esfericidade média, moderadamente
selecionados e constituídos predominantemente por quartzo. Apresenta
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
58
estratificações cruzadas acanaladas, também, de pequeno a médio porte e é
correspondente a formas de leito de crista sinuosa (figura 4.12).
A fácies Fm é representada por sedimentos da fração silte e argila, de
coloração marrom avermelhado. Apresenta como estrutura sedimentar primária
laminação plano-paralela, marcas de raízes e gretas de contração como estruturas
secundárias (figura 4.13). Corresponde a depósitos de planície de inundação e de
fechamento de ciclo de preenchimento dos canais.
As fácies de eólicas She e Ser são adaptações da classificação de Maill
(1978), que não contempla este tipo de fácies mesmo estas estando frequentemente
associadas com fácies fluviais.
A fácies She é composta por areia fina de coloração esbranquiçada, com boa
seleção, grau de esfericidade alto e sub-arrredondados a arredondados. Tem como
principal estrutura sedimentar a laminação por queda e fluxo de grãos, típica de
depósitos de dunas eólicas.
A fácies Ser é composta por sedimentos variando na fração areia fina a muito
fina de coloração bastante esbranquiçada, com intercalações de níveis de seixos
com diâmetro de até 1 cm. Os grãos na fração areia apresentam-se com alto grau
de esfericidade, arrredondados e bem selecionados. os seixos apresentam-se
com grau de esfericidade média, sub-angulosos a sub-arredondados e
moderadamente selecionados. Possui como estrutura sedimentar a laminação
transladante subcrítica (climbing translatent strata), cuja origem está associada à
migração de marcas onduladas eólicas. Estas marcas onduladas apresentam
comprimento de onda variando entre 3 e 4 cm (foto 6.4) e amplitude igual ou inferior
a 1 cm.
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
59
Figura 4.11 - Fotomosaico obtido em uma trincheira aberta no canal do Rio Assu, perpendicular ao fluxo atual, exibindo a fácies Gt. Juntamente com a interpretação das estratificações e
superfícies limitantes de primeira e segunda ordens.
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
60
Figura 4.12 - Fotomosaico obtido em uma trincheira aberta no canal do Rio Assu, perpendicular ao fluxo atual, exibindo as fácies St. Juntamente com a interpretação das estratificações e das
superfícies limitantes de primeira e segunda ordem.
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
61
Figura 4.13 Planície de inundação na margem do Rio Assu. Evidencia-se a
coloração marrom avermelhada da fácies Fm e a laminação plano-paralela
presente. No zoom mostra-se as marcas de raízes.
Menezes (2004) realizou uma análise arquitetural da Formação Assu (principal
reservatório fluvial da Bacia Potiguar) e é bastante relevante ressaltar a extrema
semelhança com as litofácies aqui descritas neste análogo recente.
A associação de fácies deste depósito é caracterizada pela fácies Gt na base
sobreposta pela St que por sua vez é sobreposta pela Fm. Porém dependendo da
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
62
porção do canal a fáceis Fm pode aparecer ou não, pois pode estar erodida pelo
canal subseqüente.
Estudando o arranjo espacial das fácies descritas definiu-se os seguintes
elementos arquiteturais e geometrias.
O elemento arquitetural denominado depósito de preenchimento de canal
(CH) foi definida pela associação entre a fácies Gt, St e Fm estocástico. Porém,
dentro deste elemento foram individualizados outros dois elementos arquiteturais,
todos compostos pelas fáceis Gt e St e depositados sob fluxo subaquoso. São estes:
“barra de acresção frontal” (DA) e “barra de acresção lateral” (LA). É reconhecível
nestes elementos superfícies limitantes de primeira a quarta ordem. As superfícies
de primeira ordem estão relacionadas a migração das barras e, sendo assim,
representadas pelos
foresets
. Estas marcam um pequeno intervalo erosional. As
superfícies limitantes de segunda ordem são representadas pelos limites dos
sets
e
marcam uma mudança nas condições de fluxo ou em sua direção, porém sem uma
parada significante no tempo de deposição. Estas duas superfícies foram
reconhecidas em trincheira. (figuras 4.10, 4.11, 4.14 e 4.15). As superfícies limitantes
de terceira ordem são marcadas por indicar a presença de macroformas (no caso,
barras de crista sinuosa), sendo assim, representada por limites de
cosets
. Marcam
superfícies de truncamento erosional entre as grandes essas barras 3D, depositadas
na época das grandes cheias. Uma superfície de quarta ordem foi identificada pela
presença de camada de argila na base de uma barra de acresção frontal (DA), essa
representa o limite basal do elemento arquitetural DA. foi possível o
reconhecimentos destas duas superfícies limitantes (terceira e quarta ordem) com a
utilização do GPR (figuras 4.16 e 4.17), isso devido a pequena exposição vertical
que as trincheiras proporcionam.
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
63
Figura 4.14 - Fotomosaicos de trincheiras abertas no canal do Rio Assu em posição paralela ao fluxo atual, com interpretação de estruturas e superfícies limitantes identificadas no depósito de
preenchimento de canal fluvial.
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
64
Figura 4.15 - Fotomosaico de trincheira aberta no leito do Rio Assu em posição perpendicular ao fluxo atual, com interpretação de estruturas e superfícies limitantes identificadas no depósito de
preenchimento de canal fluvial.
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
65
Figura 4.16 - Radargrama adquirido no leito do Rio Assu, paralelamente ao fluxo atual, com interpretação dos refletores como superfícies limitantes de terceira e quarta ordens dos depósitos de
preenchimento de canal fluvial (A). Na porção inferior (B) tem-se um zoom de parte do perfil para melhor visualização dos refletores imageados.
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
66
Figura 4.17 - Radargrama adquirido no canal do Rio Assu em posição perpendicular ao fluxo atual, com interpretação dos refletores como superfícies limitantes de terceira e quarta ordens. Na
porção inferior (B) tem-se um zoom de parte do perfil para melhor visualização dos refletores imageados.
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
1
Foi reconhecido também o elemento arquitetural definido como depósito de
finos de planície de inundação (FF) composto pela fácies Fm. Este elemento
arquitetural é caracterizado por apresentar uma geometria tabular com limite basal
marcado por uma superfície limitante, interpretada como de quanta ordem (figura
4.18), que esta marca um limite erosivo entre o depósito de CH (fluxo de alta
energia) e o FF (fluxo com baixa ou nenhuma energia de transporte).
Figura 4.18 Limite erosivo entre o depósito de finos de planície de inundação
(FF) e o depósito de preenchimento de canal (CH) interpretado como superfície
limitante de quarta ordem.
FF
CH
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
1
Capítulo 5
Modelagem Geológica 3D
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
2
A modelagem foi realizada utilizando
workflows,
que nada mais são que
etapas seqüenciais de trabalho onde a etapa que está por vir depende das
anteriores.
O primeiro
workflow
utilizado na modelagem tridimensional foi a Modelagem
Estrutural, que, ao contrário do que possa sugestionar, é um termo operacional que
não tem necessariamente relação com um modelo geológico estrutural. Apesar do
modelo estrutural geológico do campo também ser gerado utilizando este
workflow
.
Nele são geradas todas as superfícies do reservatório como falhas, zonas, e sub-
zonas.
É também neste
workflow,
que realiza-se a “gridagem” do reservatório, onde
ele será “fatiado” em cubos chamados de células. É nesta fase que tem-se que ter
em mente como se estrutura internamente o reservatório para poder se determinar o
tamanho e a geometria das células.
Por último, foi realizado a modelagem de propriedades onde realiza-se o
preenchimento do reservatório com suas propriedades, atribuindo valores as células
previamente criadas. Essas propriedades podem ser as mais diversas porém as
principais são a faciologia, a porosidade e a permeabilidade, provenientes de
testemunhos e de perfilagem de poços.
Todas estas etapas foram realizadas no
software
PETREL
TM
.
5.1 - INTERPRETAÇÃO E CONFECÇÃO DE SUPERFÍCIES
As sondagens geofísicas utilizando GPR foram levantadas seguindo uma
malha com sete linhas de 200 m paralelas e espaçadas entre si em 25m, mais uma
também paralela às anteriores, com 350m, e uma linha transversal a todas as
outras, também com comprimento de 200 m (figura 4.19). Porém para modelagem a
linha que contém 350m foi cortada em 150m para se igualar as outras.
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
3
Figura 5.1 Croqui mostrando a malha de aquisição dos perfis GPR
evidenciando o tamanho deste, além do sentido de aquisição. Nota-se a
direção SE-NW das linhas paralelas entre si e NE-SW da linha transversal.
Após o processamento e exportação como imagem, todos os perfis GPR
importados como imagem e posicionados espacialmente de acordo com o
levantamento, isto é, foram dispostos em suas posições relativas em função do
sistema de coordenadas adotado para a malha de perfilagem (Figura 5.1).
Posteriormente, iniciou-se a interpretação dos perfis vetorizando os principais
refletores em forma de curvas
e agrupando-os de acordo com a correlação entre
linhas, isto é, após imagear os refletores em um determinado perfil, passa-se para
interpretação do outro com uma visão qualitativa, tentando-se correlacionar cada um
dos novos refletores interpretados com os interpretados na(s) linha(s) anterior(es),
figura 5.2.
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
4
Figura 5.2 Interpretação dos refletores dos perfis GPR agrupados segundo
correlação entre perfis.
Gauw (2004) utilizou a metodologia de interpretar os perfis fora do
software
de modelagem e importar as interpretações. Porém, aqui foi visto que, devido a
interface 3D destes
softwares
, a correlação entre perfis é facilitada e mais segura.
Deu-se início, então, a geração das superfícies com base na interpretação
dos perfis e utilizando a interpolação para isso. Foram gerados 5 canais e o topo do
reservatório (figura 5.3 A, B e C).
Devido a pequena extensão da área de estudo e a pouca quantidade de
poços, escolheu-se trabalhar com topo e base do intervalo a ser modelado ao invés
de colapsar os canais e trabalhar como cada canal sendo uma zona diferente do
reservatório.
Sendo assim, teve que ser realizado o artifício de gerar a base do reservatório
através das bases mais profundas dos canais interpetados. Ver figuras 5.4 e 5.3D
para melhor compreensão.
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
5
Figura 5.3 – A, B e C mostram, em diversos ângulos as seis superfícies
geradas com base na interpretação dos refletores. Em D, é visto as superfícies
representativas do topo e da base do reservatório.
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
6
Figura 5.4 Figura esquemática mostrando o todo usado para gerar a base do
reservatório, utilizando as porções mais baixas dos canais mais profundos.
5.2 - MODELAGEM ESTRUTURAL
Após gerado o topo e a base do reservatório iniciou-se o
workflow
da
modelagem estrutural, onde o primeiro passo, que é a modelagem de falhas, não foi
realizado por se tratar de um análogo recente. Ao invés disso, foi criado um limite
para a gridagem.
Foi realizada a geração de horizontes onde informa-se as superfícies (ou
marcadores de poços, quando for caso), para que estas sejam interpoladas ao
limite anteriormente criado. Esse passo é necessário para começar o zoneamento
do reservatório, que no caso tem uma zona, obviamente limitada pelo horizonte
do topo e da base.
Tendo em os o zoneamento do reservatório parte-se para a gridagem do
mesmo, onde foi definido que as células teriam 5x5m arealmente, no passo
chamado
pilar griding
(figura 5.5A e B).
Após gerado o
pilar griding
foi realizado o
layering
onde informa-se o tamanho
e a geometria tridimensional das células. Estas podem ser dispostas seguindo a
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
7
base, seguindo o topo ou proporcional. Avaliando-se o padrão de deposição de
sistemas fluviais e do depósito, optou-se pelo proporcional pois a geometria das
células acompanham as calhas dos canais com larguras variáveis. Além disso, foi
definido que a zona seria cortada por 8 níveis de lulas (figura 5.5C), que a
espessura máxima é em torno de 8m ficando as maiores células com 1m em sua
aresta vertical.
Figura 5.5 Em A e B, é notada a subdivisão das superfícies de topo e base
em células de 5 por 5 metros de arestas. E, em C, a gridagem tridimensional
(através do
layering
) em 8 camadas com geometria proporcional.
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
8
5.3 - MODELAGEM DE PROPRIEDADES
5.3.1 - DADOS DE POÇO
Para a modelagem de fácies foram usados dados de poços reais do
reservatório ao qual o Rio Assu é aqui abordado como análogo, que seria o Açu-3.
Então, foram cedidos 6 poços no intervalo de nosso interece pela UN-
RNCE/ST/CER sob preceito de total mascaramento do dado, isto é, não sendo
informado campo, zona ou qualquer outro dado importante, além de modificado os
nomes e profundidade real dos poços.
Os dados de poços continham as fácies e suas respectivas porosidades
efetivas para todo intervalo. Foi então selecionada uma parte de 10m de cada poço
que tinham as características mais próximas possíveis do depósito aqui estudado
(figura 5.6). E inseridos no
software
com o mesmo
layout
de locação original, para
que o reservatório fosse mais fielmente modelado (Figuras 5.7). Mudado-se apenas
o espaço entre poços devido ao tamanho da área de estudo.
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
9
Figura 5.6 Perfis faciológico (A) e de porosidade (B) dos poços inseridos no modelo. Notasse a fácies St como
fácies de maior recorrência no reservatório e com maiores porosidades e as fácies Gt e Fl com pequena espessura
e média e baixa porosidade, respectivamente (comparar figuras A e B da direita).
Figura 5.7 Posição em que os poços foram inseridos no modelo, em visão
tridimensional (A e B) e em planta (C).
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
10
5.3.2 - MODELAGEM DE FÁCIES
Tendo os dados de poços devidamente inseridos. Deu-se início ao passo
chamado “
scale up
”, que tem como finalidade colocar na mesma escala os dados de
poços e o
grid
gerado. que os valores de fácies e porosidade estão dispostos
de 20 em 20 cm em todo comprimento do poço e o
grid
possui células de no máximo
1 m na vertical. Nesse processo é atribuinda, para cada célula que é cruzada pela
trajetória do poço, uma fácies com base na fácies que tem maior ocorrência naquela
célula (Figura 5.8).
Tendo realizado o
scale up
, inicia-se o passo chamado de “Análise de Dados”
onde se obtém as curvas de proporção de fácies e de modelos variográficos, com
base em análise de variogramas.
A curva de proporção de fácies gerada teve os seguintes valores para cada
fácies: 60,42% para St, 18,75% para Gt e 20,83% para Fl.
Foi obtida a seguinte configuração e valores da análise dos variogramas para
cada fácies:
Tipo: Esférico
Direção principal: 0º Az (zero)
Sill: 1 –
Defaut
para dados padronizados.
Efeito pepita: 0,2
Alcance (em metros):
o
St
:
Vertical: 1
Maior eixo horizontal: 100
Menor eixo horizontal: 87
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
11
o
Gt:
Vertical: 0,5
Maior eixo horizontal: 75
Menor eixo horizontal: 60
o
Fl
Vertical: 1,1
Maior eixo horizontal: 40
Menor eixo horizontal: 30
É importante ressaltar que o variograma da fáceis Fl, o mostrou boa
correlação entre os dados, possivelmente causado pelo caráter estocástico desta
fácies associado a pouca quantidade dos dados de poços.
5.3.2.1 – Modelagem Baseada em Pixel
Interpolação por Krigagem
O primeiro método de modelagem utilizado foi a interpolação por krigagem
simples, que é um método determinístico. Na krigagem temos uma estimativa dos
valores de média e desvio padrão da variável em cada nó do
grid
por interpolação.
Segundo Landim e Sturaro (2002) a krigagem trata-se de um processo de estimativa
por médias, de valores de variáveis distribuídas no espaço a partir de valores
adjacentes. Este método atribui pesos ótimos para as amostras de valores
conhecidos que irão estimar os pontos desconhecidos.
O resultado foi um modelo quase que totalmente preenchido pela fácies St
(97,77%, figura 5.9). Justamente por ser a fácies de grande distribuição vertical e
areal, o peso atribuio a ela como cies mais provavel de ocorrência nos pontos
deconhecidos foi muito alto. as fácies Gt e Fl estão em muito menor proporção e
verticalmente delgadas, tendo peso muito pequeno na interpolação.
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
12
Modelagem por Simulação Seqüencial da Indicatriz (SIS Sequential Indicator
Simulation)
Segundo Deutch (2002) o SIS consiste em “visitar” cada nó do
grid
em ordem
aleatória, onde em cada nó um código de fácies pode ser firmado pelos seguintes
passos:
1º - Achar valores originais e nós do
grid
previamente simulados próximos do nó
a ser simulado;
2º - Construir a distribuição condicional por krigagem, isto é, calcular a
probabilidade de cada fácies estar presente no local atual;
3º - Desenhar uma fácies simulada da série de probabilidades.
Bohling (2005) diz que a SIS utiliza a krigagem da indicatriz para construir
uma função de densidade acumulativa (CDF) discreta para as categorias individuais
em cada caso. Para o nó, é então, atribuída uma categoria aleatória desta CDF
discreta.
Foram testados dois métodos de simulação usando a SIS. Primeiro, foram
geradas simulações equiprováveis respeitando a curva de proporção de fácies e
admitindo um modelo variogfico isotrópico. A proporção final (St=64,81%,
Gt=19,82% e Fl= 15,37%) respeitou bem a proporção de entrada (proveniente da
curva), porém foi visto que sempre a fácies Fl se concentrava mais em torno dos
poços RN1 e RN2 e com caráter bem contínuo, não representando a realidade do
depósito (Figura 5.10).
Posteriormente, foram geradas simulações também com a SIS porém
respeitando tanto a curva de proporção de fácies como o modelo variográfico. A
proporção final de fácies (Figura 5.11C) respeitou bem a proporção de entrada e a
distribuição das fácies foi bastante satisfatória.
Tendo em vista que a fácies Fl está bem difundida no modelo e mostrando
distribuição estocástica (corpos com menor continuidade). A fácies Gt também ficou
bem distribuída e com boa proporção, representando depósitos residuais de fundo
de canal. A St foi devidamente preenchida como a principal fácies do reservatório
(Figura 5.11).
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
13
Figura 5.8 –Exibe o processo Scale Up. Onde é atribuído uma determinada fácies somente às
células do grid que são cortadas pela trajetória do poço. É visível a predominância da fácies St,
e a pouca espessura das fácies Gt e Fl.
Figura 5.9 Modelo gerado através de interpolação por krigagem. Observa-se que o método
não conseguiu interpolar as fácies de pouca espessura (Gt e Fl), restando no final quase 100%
da fácies St.
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
14
Figura 5.10 Modelo gerado usando o algoritmo SIS respeitando apenas a curva de
proporção de fácies. Note-se a demasiada concentração da fácies Fl (em verde) entre os
poços RN1 e RN2 não representado bem o depósito em estudo.
Figura 5.11 Modelo gerado usando SIS honrando tanto a curva de proporção de fácies
quanto a análise dos variogramas. Mostrou-se um modelo bastante satisfatório, com uma ótima
distribuição dos corpos e com geometrias similares as encontradas no campo.
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
15
5.3.2.2 – Modelagem Orientada a objeto (Booleana)
Como explicado no Capítulo 3, este método de modelagem leva em
consideração a geometria dos corpos, representada por parâmetros, para gerar o
modelo.
Este tipo de modelagem leva em consideração três tipos de objetos para o
sistema fluvial: Canal, planície de inundação, dique marginal e depósito de
extravasamento de canal. Os quais (neste software) são preenchidos inteiramente
por uma fácies. Exemplo, o objeto canal é preenchido pela fácies de preenchimento
de canal e não por uma associação de fácies deposicionais.
Sendo assim para este trabalho a fácies St foi adotada como fácies de
preenchimento de canal, que tem como parâmetros a direção principal, largura,
espessura, comprimento de onda e amplitude de onda (estas duas são função da
sinuosidade e do entrelaçamento dos canais).
A fácies Gt foi modelada com geometria de “meio cano” para se tentar
representar melhor uma base côncava de canal e é representada pelos parâmetros
de direção principal, maior comprimento, razão comprimento largura e espessura.
E a fácies Fl foi atribuída como planície de inundação, preenchendo os
espaços do modelo que não foram ocupados pelos outros corpos.
Todos os parâmetros geométricos utilizados nesta modelagem estão
descritos nos primeiros tópicos deste Capítulo 4.
Foram geradas três “rodadas” de simulações com parâmetros diferentes.
Na primeira foi informado ao software apenas os valores médios dos
parâmetros. Após diversas realizações os parâmetros que melhor se adequaram
foram:
Para os canais: Orientação principal=0º Az; Largura média = 93m; Espessura
média = 2m; Amplitude = 80m; e, Comprimento do meandro = 150m.
Para o “meio cano” (fácies Gt): Orientação principal=0ºAz; Maior comprimento
= 50m; Razão Maior/menor = 1,5; e, Espessura média = 1m.
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
16
Também, nesta simulação, foi honrada a proporção de fácies ao invés de
condicionar um número específico de canais a serem gerados. Este primeiro modelo
não se mostrou tão satisfatório, pois os corpos de cies Fl ficaram muito juntos e
com uma continuidade vertical muito exagerada (Figura 5.12).
No segundo, a simulação obedeceu aos parâmetros e espessura e largura
adquiridos durante este trabalho. E foi definido, como condicionante, que seriam
construídos 5 canais (exatamente como interpretados com GPR), e com os
seguintes parâmetros:
Largura:
mínima = 18,5 m
largura máxima = 187m
largura média = 93m
Espesura:
mínima = 0,75 m
máxima = 7,4m
média = 2m
Os valores de amplitude e comprimento dos meandros foram os mesmos
valores da simulação anteriormente descrita.
Os parâmetros usados para o objeto “meio cano” (fácies Gt) foram: maior
comprimento de 75m, espessura média de 0,5m, orientação principal = 0 (norte) e
razão maior/menor comprimento= 1,5.
Esta simulação mostrou-se extremamente representativa do depósito. Vê-se
os principais canais com geometria bem marcada e com distribuição bastante
semelhante as interpretadas com base nos perfis de GPR. Os corpos pelíticos
(fácies Fl) mostram pouca continuidade lateral e a fácies Gt com uma boa
distribuição espacial e geometria de base de canais (Figura 5.13).
Por último, testou-se variar a razão maior/menor comprimento nos corpos de
fácies Gt para saber se poderia representar ainda melhor estes corpos. Porém não
foi gerado nenhum de forma satisfatória, principalmente, no que se refere as corpos
de pelitos que variavam demasiadamente de proporção e geometria (Figura 5.14).
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
17
4.3.3.3
-
M
ODELAGEM DE POROSIDADE
Os dados de porosidades foram modeladas utilizando dois métodos: com
base somente nas curvas de PhiE dos poços e condicionada as fácies.
Foi realizado o Scale Up (Figura 5.15) onde o valor de cada célula cortada
pelo poço é dado pela média aritmética dos valores de porosidade do perfil que
estavam contidos nesta célula.
Na análise de dados atribuiu-se uma função de distribuição normal
(gaussiana) nas transformadas e ara modelo variográfico utilizou-se simulação
Monte Carlo. Que consiste em simular realizações com uma específica
probabilidade, onde ocorre: (1) a geração de um número aleatório (p) uniformemente
distribuído entre 0 e 1, e (2) calculo do inverso da função CDF (previamente
comentada). Através da fórmula: y=F
-1
(p).
Para modelar, foi usado o algoritmo estocástico Simulação Seqüencial
Gaussiana (SGS Sequential Gaussian Simulation). Esse algorítimo utiliza a
estimativa dos valores de média e desvio padrão de uma variável para cada do
grid dada pela krigagem e representa esta variável em cada do grid como uma
variável aleatória seguindo um distribuição normal (Gaussiana). A SGS escolhe
aleatoriamente (utilizando Monte Carlo) um ponto simulado nesta distribuição normal
que será o valor simulado atribuído aquela célula (Deutch, 2002).
Na primeira simulação, honrando somente a poço, vê-se uma distribuição
desordenada desta propriedade (Figura 5.15).
A segunda simulação foi gerada condicionada ao modelo de cies adotado
como o mais fiel ao depósito, gerado na segunda simulação da modelagem
orientada a objeto. Neste modelo de porosidade os corpos com diferentes
propriedades porosas encontram-se bem distintos entre si (Figura 4.333), resultando
em condutos, para o fluxo de fluidos, mais estruturados.
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
18
Figura 5.12 Simulação orientada a objeto utilizando apenas
valores médios dos parâmetros. Nota-se que os corpos de
pelito ficaram com continuidade vertical exagerada.
Figura 5.13 Simulação orientada a objeto, usando os
parâmetros obtidos do análogo. Mostrou-se um modelo
faciológicamente e geometricamente compatível com a
caracterização realizada neste trabalho.
Figura 5.14 Terceira simulação orientada a objeto,
modificando a geometria dos corpos Gt. Nota-se uma
distribuição dos corpos pelíticos, não representando a
distribuição de fácies encontrada..
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
19
Figura 5.15Scale Up dos dados de porosidade (A) com atribuição de valores numéricos de porosidade apenas para as células cortadas pelo poço. Em B e D é mostrado o modelo de porosidade
gerado apenas com condicionamento aos dados de poços: a distribuição dos valores foi excessivamente aleatória. Em C e E, o modelo de porosidade gerado honrando os dados de poços e
condicionada a fácies, é vista uma distribuição mais coerente dos valores, onde se percebe as variações de porosidade honrando com a distribuição faciológica do modelo condicionante.
Capítulo 6
Conclusões
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
87
Concluiu-se com este trabalho que:
O GPR mostrou-se uma eficaz ferramenta na parametrização de canais
fluviais recentes.
Para a medida dos parâmetros espessura e largura é necessário: (1) fazer
uma seleção prévia dos canais a serem medidos, tendo cuidado de escolher
canais que possuam com padrão de terminação para ambos os lados,
descartando canais imageados muito obliquamente; (2) Mensurar a
espessura do ponto de a maior profundidade da geometria em canal até o
ponto mais alto do mesmo ,e; (3) Mensurar a largura de canais não truncados
diretamente dos dois pontos mais extremos. Para canais truncados, associar
a largura aparente, a espessura e o padrão geométrico para inferir a largura
verdadeira.
As antenas de 100 e 200 MHz foram as que melhor deram resultados na
medição dos parâmetros largura e espessura. Pois foi com elas que o maior
número de canais passíveis de medição foram imageados, obtendo-se uma
largura média de 93,40 metros e espessura média de 2,14 metros com a
antena de 200MHz e largura média de 97,53 metros e espessura média de
2,7 metros com a de 100 MHz.
Os valores de sinuosidade estão entre 1,02 a 1,27, com a maior freqüência de
ocorrência dos dados no intervalo de 1,02 a 1,07.
Os valores de entrelaçamento estão entre 1 e 3,48, com a maior freqüência
de ocorrência desses dados no intervalo de 1 a 2.
Existe uma associação de fácies de preenchimento de canal fluvial, composta
por três fácies distintas: St, Gt e Fl. Disposta com a Gt na base, representado
por cascalhos de base da canal, sobreposta pela St, como principal fácies do
depósito e a Fl como fácies de fechamento de ciclo fluvial e apresentando um
caráter estocástico.
Na modelagem, são interpretados, com base em perfis GPR, 5 canais fluviais
distintos.
Gauw, D.S.
Dissertação de Mestrado
88
A curva de proporção de cies ideal desse depósito é: 60,42% para St,
18,75% para Gt e 20,83% para Fl.
O modelo variográfico obtido possue a seguinte configuração e valores da
análise dos variogramas para cada cies: Tipo: Esférico; Direção principal:
0ºAz; Efeito pepita: 0,2; Alcance (metros): St :Variação vertical = 1, maior
variação = 100 e menor variação = 87; Gt:
Variação vertical = 0,5, maior
variação = 75 e menor variação = 60; Fl: Variação vertical = 1,1, maior
variação = 40 e menor variação = 30.
O modelo faciológico gerado por krigagem não obteve resultado satisfatório
preenchendo quase que 100% do modelo com a fácies St., devido a este
método atribuir um peso de probabilidade de ocorrência, para a fácies St,
muito alto.
É importante um bom modelo variográfico para simular fácies com o algoritmo
SIS. que a segunda simulação de fácies usando este algoritmo
representou mais fielmente o depósito estudado.
Na geração de modelos orientados a objetos de um reservatório fluvial é
necessário ter um considerável banco de dados com medidas dos parâmetros
geométricos dos canais. Pois, foi visto que o modelo gerado utilizando todos
os dados da parametrização do Rio Assu foi o que melhor representou-o.
A modelagem orientada o objeto foi a que mais fielmente representou o
depósito. Porém cada geometria simulada pode ser preenchida por uma
única fácies, acarretando numa indesejável limitação do modelo.
Na modelagem de porosidade é fortemente necessário condicionar a um
modelo de fácies.
É aqui recomendado que o mesmo estudo seja realizado em análogos a
reservatórios de diferentes sistemas deposicionais como, por exemplo, eólico,
turbidítico, leque aluvial, etc. Adicionando, quando possível, a modelagem de
permeabilidades e a simulação do fluxo de fluidos destes reservatórios.
Capítulo 7
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