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A Interface entre o Projeto Ético-Político do Serviço Social e a Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente
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uma agenda estratégica da luta democrática e popular no Brasil, visando a
construção de uma sociedade justa e igualitária. Por quê? Algumas razões
nos parecem decisivas na reafirmação dessa direção política. Vejamos:
O conceito de seguridade social expresso na Constituição de 1988 foi um
dos grandes avanços no processo de redemocratização da sociedade
brasileira desencadeado em fins dos anos 70, que culminou na constituinte,
ainda que tenha se mantido restrito à previdência, saúde e assistência
social.
Com ele, deu-se passos no sentido de uma maior socialização da política,
por meio dos mecanismos de gestão e controle social com participação
popular – Conselhos e Conferências nos três níveis de governo. Assim, a
implementação cotidiana das políticas de seguridade politizou-se mais,
tornando-se um ambiente relevante de disputa de projetos societários.
Apontou-se também para uma alocação mais democrática dos recursos
públicos, a partir do orçamento da seguridade social, na perspectiva de
uma ampliação da cobertura, tendo em vista a idéia da universalidade do
acesso a direitos sociais legalmente definidos. Portanto, a seguridade
social é um espaço de disputa de recursos – uma disputa política que
expressa projetos societários, onde se movem os interesses das maiorias,
mas estão presentes as marcas históricas da cultura política autoritária no
Brasil, que se expressa pela pouca distinção entre público e privado, pelo
clientelismo e pelo patrimonialismo. O resultado desse embate tem forte
impacto sobre uma parcela enorme da população que conta com as
políticas de seguridade para sua sobrevivência. É de vida que se trata sob
os números, e cada "tesourada" ou manutenção de recursos interfere no
cotidiano de milhares, milhões de pessoas.
Portanto, a seguridade social é, sobretudo, um campo de luta e de
formação de consciências críticas em relação à desigualdade social no
Brasil, de organização dos trabalhadores. Um terreno de embate que
requer competência teórica, política e técnica. Que exige uma rigorosa
análise crítica da correlação de forças entre classes e segmentos de
classe, que interferem nas decisões em cada conjuntura. Que força a
construção de proposições que se contraponham às reações das elites
político-econômicas do país, difusoras de uma responsabilização dos
pobres pela sua condição, ideologia que expressa uma verdadeira
indisposição de abrir mão de suas taxas de lucro, de juros, de sua renda da
terra.
Os assistentes sociais, pela sua inserção profissional histórica nas políticas
sociais, realizaram a crítica do assistencialismo, do clientelismo e da
ausência de mecanismos democráticos de controle social. Participaram da
luta na constituinte, na definição da legislação complementar das políticas
de seguridade, com destaque para a assistência social. Enfim, constituímos
uma referência política para os demais segmentos dos trabalhadores e
outros movimentos sociais nesse campo. E vimos, neste duro contexto de