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Universidade de São Paulo
Departamento de Engenharia de Produção
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção
A interação no ensino a distância
sob a ótica dos estilos de aprendizagem
DANIELLE DORNELLAS DINIZ
São Carlos
2007
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DANIELLE DORNELLAS DINIZ
A interação no ensino a distância
sob a ótica dos estilos de aprendizagem
Dissertação apresentada à Escola de
Engenharia de São Carlos da Universidade
de São Paulo, como parte dos requisitos para
a obtenção do título de Mestre em
Engenharia de Produção.
Orientador: Profº Dr. Renato Vairo Belhot
São Carlos
2007
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AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE
TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO,
PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
Ficha catalográfica preparada pela Seção de Tratamento
da Informação do Serviço de Biblioteca – EESC/USP
Diniz, Danielle Doenellas
D585i A interação no ensino a distância sob a ótica dos
estilos de aprendizagem / Danielle Dornellas Diniz ;
orientador Renato Vairo Belhot . –- São Carlos, 2007.
Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação e
Área de Concentração em Engenharia de Produção -- Escola
de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo.
1. Ensino a distância. 2. Interação. 3. Fórum. 4.
Estilos de aprendizagem. I. Título.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente à Deus por me conceder serenidade e força nos momentos de dúvida
e dificuldade.
Ao meu marido e companheiro Junior pela motivação, incentivo, carinho e
compreensão que foram fundamentais para eu chegar até aqui.
À minha família por todo estímulo e confiança, especialmente aos meus pais por
sempre acreditarem em mim.
Ao estimado Profº Dr. Renato Vairo Belhot, grande amigo, pela inestimável ajuda e
por ter me aberto os olhos para o mundo fascinante da educação.
Ao Profº Dr. José Dutra de Oliveira Neto, por toda paciência, apoio e orientação e
principalmente por não medir esforços em todos os momentos que precisei.
Aos funcionários da Escola de Engenharia de São Carlos pelo auxílio e atendimento
sempre prestativo.
À todos que me apoiaram e incentivaram nessa etapa de minha vida.
RESUMO
As pessoas têm diferentes preferências no aprender, que acabam se refletindo nas
suas diversas características acadêmicas e profissionais. Há muito tempo se procura
uma resposta para a pergunta: “por que nas mesmas condições de ambiente e
forma de ensino, dois estudantes de mesmo nível intelectual, possuem níveis de
aprendizagem diferentes?”. Parte da resposta pode ser encontrada nos estilos de
aprendizagem, os diferentes modos pelos quais as pessoas percebem e processam
as informações. Entender os diferentes estilos de aprendizagem é um passo
importante para favorecer a individualidade, tirar proveito das habilidades e também
identificar os modos menos preferidos de aprender. Esse autoconhecimento é
fundamental ao tratamos do ensino a distância (EaD), que requer que os próprios
alunos se organizem e otimizem seu próprio aprendizado. A partir do momento em
que conhecem suas preferências, os estudantes têm a possibilidade de dirigir sua
aprendizagem nessa direção. Por outro lado, o professor também tem subsídios
para planejar atividades e disponibilizar recursos que atendam a uma variedade
maior de alunos, diminuindo assim a taxa de desistência e mantendo a motivação,
uma vez que a mesma também está intimamente ligada com o nível de comunicação
e interação na sala virtual. Assim, o objetivo deste projeto é mapear os estilos de
aprendizagem de estudantes matriculados em um curso de Licenciatura em
Computação na modalidade EaD e analisar a influência desse construto na
interação desses estudantes no fórum. Para a coleta dos estilos de aprendizagem
dos 36 alunos foram usados os instrumentos desenvolvidos por Felder e Soloman
(1991) e o de Keirsey e Bates (1984), ambos traduzidos para o português. Os
resultados identificam uma distribuição dos estilos de aprendizagem bem
característica para alunos de um curso de Licenciatura em Computação a distância.
Além disso, as correlações entre esses estilos de aprendizagem e a interação na
sala virtual na ferramenta fórum demonstram que os alunos ativos (FELDER;
SOLOMAN, 1991) foram os que possuíram níveis de maior interação e de forma
oposta, os racionais (KEIRSEY; BATES, 1984) estavam entre os que menos
participaram das discussões. Verificou-se também uma predominância de indivíduos
ativos dentre os que responderam aos tópicos de forma objetiva (critério de
interação C1), assim como uma tendência de indivíduos dessa dimensão
relacionarem mais os assuntos discutidos (critério de interação C2). Dessa forma, os
resultados confirmam que o modo como os alunos interagem no fórum tem relação
com seus estilos de aprendizagem, os quais podem auxiliar na proposição de
atividades que motivem e incrementem a participação na sala virtual.
Palavras-chave: Interação. Fórum. Ensino a distância. Estilos de aprendizagem.
ABSTRACT
People have different preferences in learning, that reflect in their several professional
and academic characteristics. Long ago it is looking for an answer to the question:
“why, in the same conditions of environment and education form, two students of
same intellectual level, have different learning levels?”. Part of the reply can be found
in the learning styles, the different ways for which people perceive and process the
informations. Understanding the different learning styles is an important step to favor
the individuality, to make good use of the abilities and also identify the ways less
preferred to learn. This self-knowledge is fundamental when we are dealing with the
Long-Distance Education, which request that the own students organize themselves
and optimize their own learning. From the moment when they know their preferences,
the students have the possibility to direct their learning in this direction. On the other
hand, the teacher also has subsidies to plan activities and to arrange resources for a
bigger variety of students, thus diminishing the desistance rate and keeping the
motivation, a time that this one is also deeply connected to the level of
communication and interaction in the virtual room. Thus, the objective of this project
is to map the learning styles of the students registered in a Computer Science
Course in Long-Distance Education, and to analyze the influence in these students’
interaction in the Forum. For the collection of the learning styles of the 36 students, it
had been used the tools developed by Felder and Soloman (1991) and the Keirsey
and Bates’ (1984), both translated into Portuguese. The results identify a distribution
of the learning styles well characterized for students of a long-distance bachelor
course in Computer Science. Moreover, the connections between these learning
styles and the interaction in the virtual room in the forum tool show that the active
students (FELDER; SOLOMAN, 1991) were who had the levels of bigger interaction
and, in contrast, the thinkers students (KEIRSEY; BATES, 1984) were among the
ones that had less participated in the debates. It was also verified a predominance of
active individuals between who had answered to the topics objectively (interaction
criterion C1), as well as a trend of individuals of this dimension relate more the
argued subjects (interaction criterion C2). This way, the results confirm that the way
as the students interact in the forum has a relation with their learning styles, which
can assist in the proposal activities that motivate and develop the participation in the
tools of the virtual classroom.
Keywords: Interaction. Forum. Long-Distance Education. Learning Styles.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1- Arquitetura das hipóteses _____________________________________21
Figura 2- Estrutura do Trabalho ________________________________________22
Figura 3- Etapas para realização da pesquisa _____________________________59
Figura 4 - Processo de avaliação do nível de interação______________________62
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1- Distribuição da amostra por sexo .............................................................49
Gráfico 2- Distribuição da amostra por faixa etária ...................................................50
Gráfico 3- Divisão da amostra por escolaridade........................................................51
Gráfico 4- Estilos de aprendizagem dos alunos de Licenciatura em Computação
segundo o inventário de Felder e Soloman (1991) ............................................67
Gráfico 5- Distribuição dos estilos de aprendizagem dos estudantes do sexo feminino
segundo Felder e Soloman ................................................................................68
Gráfico 6- Distribuição dos estilos de aprendizagem dos estudantes do sexo
masculino segundo Felder e Soloman ...............................................................68
Gráfico 7- Combinações de estilos segundo Felder e Silverman (A=ativo;
R=reflexivo; S=sensorial; I=intuitivo; VI=visual; VE=verbal; Sq=seqüencial;
G=global; M=masculino; F=feminino).................................................................70
Gráfico 8- Estilos de aprendizagem dos alunos de Licenciatura em Computação
segundo Keirsey e Bates ...................................................................................71
Gráfico 9- Estilos de aprendizagem dos alunos masculinos de Licenciatura em
Computação segundo Keirsey e Bates ..............................................................71
Gráfico 10- Estilos de aprendizagem dos alunos do sexo feminino de Licenciatura
em Computação segundo Keirsey e Bates ........................................................72
Gráfico 11- Combinações de estilos segundo Keirsey e Bates (E=extrovertido;
I=introvertido; S=sensorial; N=intuitivo; T=racional; F=emocional; J=estruturado;
P=flexível; M=masculino; F=feminino) ...............................................................73
Gráfico 12- Estilos de aprendizagem predominantes no grupo A segundo modelo de
Felder e Silverman .............................................................................................77
Gráfico 13- Estilos de aprendizagem predominantes no grupo A segundo modelo de
Keirsey e Bates ..................................................................................................79
Gráfico 14- Estilos de aprendizagem predominantes no grupo B segundo modelo de
Felder e Silverman .............................................................................................79
Gráfico 15- Estilos de aprendizagem predominantes no grupo B segundo modelo de
Keirsey e Bates ..................................................................................................80
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Limites de interação mínimos (MIN) para cada disciplina ____________57
Tabela 2- Associação dos critérios de interação ___________________________63
Tabela 3- Freqüência de valores de interação em TEEAD para os 36 alunos_____75
Tabela 4- Freqüência de valores de interação em Filosofia da Educação para os 36
alunos ________________________________________________________75
Tabela 5- Freqüência de valores de interação em Sociologia da Educação para os
36 alunos______________________________________________________76
Tabela 6- Comparação Ativo/Reflexivo com C1____________________________77
Tabela 7- Comparação Ativo/Reflexivo com C2____________________________78
Tabela 8- Número e porcentagem dos alunos relacionados ao nível de interação _86
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 13
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA..................................................................................................................15
1.2 O
BJETIVOS........................................................................................................................................17
1.2.1 G
ERAL 17
1.2.2 E
SPECÍFICOS 18
1.3 J
USTIFICATIVA..................................................................................................................................18
1.4 D
ELIMITAÇÃO TEMÁTICA.................................................................................................................19
1.5 H
IPÓTESES ........................................................................................................................................20
1.6 E
STRUTURA DO TRABALHO..............................................................................................................22
2. REFERENCIAL TEÓRICO 24
2.1 EDUCAÇÃO FORMAL E NÃO FORMAL...............................................................................................24
2.2 E
NSINO A DISTÂNCIA .......................................................................................................................26
2.2.1 H
ISTÓRICO DO EAD 27
2.2.2 C
ONCEITOS 28
2.2.3 C
ARACTERÍSTICAS 29
2.2.4 V
ANTAGENS E DESVANTAGENS 32
2.2.5 I
NTERAÇÃO NO EAD 34
2.3 E
STILOS DE APRENDIZAGEM ............................................................................................................39
2.3.1 E
STILOS DE APRENDIZAGEM NO EAD 40
2.3.2 M
ODELO DE KEIRSEY E BATES (1984) 41
2.3.3 M
ODELO DE FELDER E SILVERMAN (1988) 43
3. MATERIAL E MÉTODOS 47
3.1 LOCAL DA PESQUISA ........................................................................................................................47
3.2 T
IPO DA PESQUISA............................................................................................................................47
3.3 A
MOSTRA .........................................................................................................................................48
3.4 I
NSTRUMENTOS ................................................................................................................................51
3.4.1 I
NVENTÁRIOS DE ESTILOS DE APRENDIZAGEM 51
3.4.2 F
ÓRUM 52
3.4.3 C
RITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DA INTERAÇÃO 53
3.4.4 L
IMITE MÍNIMO DE INTERAÇÃO (MIN) 56
3.4.5 T
AMANHO, COMPLEXIDADE E DENSIDADE 57
3.5 P
ROCEDIMENTOS..............................................................................................................................58
3.5.1 M
APEAMENTO DOS ESTILOS DE APRENDIZAGEM 60
3.5.2 A
VALIAÇÃO DO FÓRUM 61
3.6 T
RATAMENTO DOS DADOS ...............................................................................................................65
3.6.1 L
IMPEZA DOS DADOS 65
3.6.2 T
RATAMENTO ESTATÍSTICO 66
4. RESULTADOS 67
4.1 DISTRIBUIÇÃO DOS ESTILOS DE APRENDIZAGEM.............................................................................67
4.2 A
VALIAÇÃO DA INTERAÇÃO.............................................................................................................73
4.2.1 T
AMANHO, COMPLEXIDADE E DENSIDADE 73
4.2.2 A
NÁLISE QUANTITATIVA 74
4.2.3 A
NÁLISE QUALITATIVA 74
5. DISCUSSÃO 81
5.1 DISTRIBUIÇÃO DOS ESTILOS DE APRENDIZAGEM ............................................................................81
5.2 A
VALIAÇÃO DA INTERAÇÃO.............................................................................................................83
5.2.1 T
AMANHO, COMPLEXIDADE E DENSIDADE 84
5.2.2 A
NÁLISE QUANTITATIVA 84
5.2.3 A
NÁLISE QUALITATIVA 85
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 90
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 92
APÊNDICE A – FORMULÁRIO DE DADOS PESSOAIS 100
ANEXO A – INVENTÁRIO DE ESTILOS DE APRENDIZAGEM DE FELDER E SOLOMAN
(1991) 101
ANEXO B – INVENTÁRIO DE ESTILOS DE APRENDIZAGEM DE KEIRSEY E BATES
(1984) 104
13
1. Introdução
Durante muito tempo o papel da escola restringiu-se a transmitir ao aluno os
conhecimentos adquiridos pelas gerações precedentes. Hoje com o grande número
de informações disponíveis a todo o momento via meios digitais, em uma velocidade
assombrosa, é um contra-senso dizer que o aluno precisa do professor para se
informar.
O uso exclusivo do modelo transmissão-recepção não é mais tão eficiente,
pois coloca o professor no centro do processo como o único detentor do
conhecimento, ignorando a contribuição do aluno e suas particularidades e
submetendo-o a um modo de aprender, o que não irá muitas vezes desenvolver
as habilidades essenciais requeridas de um profissional.
Fazendo um paralelo com a evolução dos sistemas de produção, que
passaram da produção unitária (artesanal) para uma produção em larga escala (em
massa) que mantém as vantagens da economia de escala e privilegiam o serviço ao
cliente (resgate dos benefícios da produção artesanal na produção em massa),
pode-se chegar às bases necessárias à mudança educacional (BELHOT, 2005).
necessidade de um novo paradigma, nos moldes da produção, que
coloque o aluno no centro do processo educacional, tendo sua aprendizagem como
objetivo máximo e substitua essa “educação bancária”, como foi denominada por
Paulo Freire (1970), no qual “o educador é o sujeito do processo e os educandos
meros objetos”.
O desafio é transpor para esse novo modelo, de modo que este incorpore as
mudanças tecnológicas e sociais e ofereça alternativas que valorizem o processo de
ensino-aprendizagem. O professor passa então da posição de único detentor do
14
conhecimento, protagonista principal do ato educacional, para uma posição de
mediador e orientador. O seu papel não é o de pensar pelo aluno, mas o de fazer o
aluno pensar, pensando juntos e assim desconstruindo e reconstruindo o
conhecimento.
No lugar de reprodução passiva de informações existentes, deve-se
privilegiar a criação de novos conhecimentos, através do estímulo à criatividade. Em
vez da transmissão unidirecional de informação, deve ser valorizada cada vez mais
a interação e a troca de informações com e entre os estudantes, uma vez que as
tecnologias podem trazer dados, imagens e resumos de forma rápida e atraente.
O aluno possui sua própria concepção da realidade ou, conforme as palavras
de Freire (2002), sua “própria leitura de mundo”, que não é apagada ou modificada
instantaneamente no momento em que o professor está falando. Suas experiências,
características e preferências podem interferir (ou contribuir) na percepção e
retenção da informação a ser transmitida.
Os diferentes modos e preferências por aprender são estudados por
pesquisadores no mundo inteiro, os quais verificaram que esse conhecimento
pode trazer muitos benefícios ao ato educacional. O trabalho desenvolvido por
Coffield et al. (2004) realiza um levantamento de diferentes instrumentos e
dimensões de estilos de aprendizagem. O mesmo identifica treze dos mais influentes
modelos e faz uma análise comparativa entre eles, nos aspectos referentes à
concepção do modelo, confiabilidade, validade, implicações e evidências de
impactos pedagógicos e avaliação.
Keirsey e Bates (1984), do mesmo modo que Felder e Soloman (1991), se
dedicaram a criar instrumentos para identificar os diferentes estilos de
aprendizagem. De posse deles, o professor pode compreender melhor a diversidade
15
existente entre seus alunos e a conseqüente necessidade de variar seus métodos
de ensino, de forma a atender de maneira mais satisfatória a uma parcela maior de
alunos.
Nessa tentativa de, nas palavras de Dib (1994), desformalizar o ensino
tradicional, o ensino a distância (EaD) é um aliado importante que elimina as
barreiras físicas, de forma a promover a flexibilização de tempo e espaço aos
alunos, através do uso da tecnologia. Embora exista há mais de 150 anos no
mundo, somente duas décadas se tornou alvo de estudos e pesquisas
acadêmicas, de forma sistematizada (MAIA; ABAL, 2001).
Dentro dessa modalidade de ensino, os desafios comuns concernentes à
educação, além de outros relacionados às “distâncias psicológicas” entre alunos e
professor, à criação de material instrucional, às formas de avaliação, entre outras,
que influem diretamente na motivação e na retenção do conhecimento pelos
estudantes. Tal como na denominada “educação presencial”, os educadores no EaD
necessitam discutir e aprimorar formas de motivar e incrementar a participação dos
alunos no meio virtual a fim de contribuir no processo de aprendizagem dos
mesmos.
1.1 Problema de Pesquisa
Inúmeros pesquisadores relatam os problemas do ensino, relacionados com o
papel de especialista do professor, com a avaliação do aprendizado e com a
dificuldade de relacionamento entre aluno e professor dentro da sala de aula,
causadores de falta de diálogo, baixa interação nas aulas, desmotivação e
desinteresse pelo estudo.
16
Para Vygotsky (1988) a motivação é a razão da ação e impulsionadora dos
interesses, desejos e atitudes dos sujeitos. Sem motivação para aprender, o aluno
se desestimula e o processo de ensino-aprendizagem, por sua vez, fica
comprometido.
28 anos, Oliveira (1979) chamava a atenção para o fato de que o aluno
estava se tornando cada vez mais um expectador passivo da instrução. A adoção
pelos professores do método estritamente expositivo, no qual a maioria dos
aprendizes permanece apática, faz com que eles recebam a informação sem o
mínimo de reflexão e debate.
Se os alunos não privilegiam a troca de idéias, conseqüentemente, estão
perdendo a oportunidade de expandir seus conhecimentos, pois segundo Piaget
(1983), o conhecimento não procede, em suas origens, nem de um sujeito
consciente de si mesmo, nem de objetos constituídos que a ele se imporiam. O
conhecimento resultaria de interações que se produzem a meio caminho entre os
dois.
Dib (1994), por sua vez, acrescenta que o modelo tradicional de ensino tem
baixa adequação às necessidades do aluno e da sociedade. Por isto faz-se
necessária uma transição gradual para o modelo não-formal, eliminando-se
características formais com o objetivo final de transferir o foco do ato de ensinar,
para o de aprender. As características que devem ser eliminadas gradualmente com
a finalidade de fazer a transição para um modelo de educação menos formal
incluem: estrutura e layout da sala, tempo, espaço, material instrucional (inclusive o
livro-texto), as estratégias de ensino e as formas de comunicação (escritas, verbais,
virtuais, síncronas e assíncronas).
17
A educação a distância, por eliminar as dimensões tempo e espaço, se coloca
como uma opção para contribuir na alteração desse cenário. Contudo, ela não deve
transpor para o virtual os problemas do ensino presencial. É imperioso então, atentar
se estamos usando um modelo presencial inadequado e aplicando-o a distância,
como alertou Cavallo
1
(2001 apud BLIKSTEIN; ZUFFO, 2003).
A existência de altas taxas de evasão e de projetos pedagógicos de cursos
muitas vezes baseados somente na transmissão de conteúdo ao aluno indicam que
é preciso se voltar a atenção às diferenças na forma de aprender dos alunos, a fim
de que elas possam indicar caminhos mais seguros para minimizar a insatisfação e
desmotivação.
Dessa forma, o problema a ser investigado na presente pesquisa caracteriza-
se pela busca das respostas às questões:
1) Qual a distribuição dos estilos de aprendizagem nos alunos de um curso
a distância em Licenciatura em Computação?
2) relação entre os estilos de aprendizagem dos alunos e o nível de
participação nas discussões no fórum?
1.2 Objetivos
1.2.1 Geral
Verificar a influência dos estilos de aprendizagem dos estudantes que
estejam matriculados em um curso de Licenciatura em Computação da
1
CAVALLO, D. Comunicação pessoal. Boston, 2001.
18
modalidade à distância no modo como interagem no fórum do ambiente
online.
1.2.2 Específicos
Identificar a distribuição dos estilos de aprendizagem dos alunos de um
curso a distância em Licenciatura em Computação.
Analisar as participações no fórum segundo os critérios de interação
definidos e compará-las com os estilos de aprendizagem dos alunos
mensurados pelos inventários de Felder e Soloman (1991) e Keirsey e
Bates (1984).
1.3 Justificativa
Conforme Felder e Brent (2005) afirmam, os estudantes têm diferentes níveis
de motivação, diferentes atitudes sobre ensino e aprendizagem e diferentes
respostas a específicos ambientes educacionais.
Dessa forma, a utilização exclusiva de uma estratégia de ensino, no caso, o
de transmissão-recepção é fator complicador tanto no modo presencial, quanto na
modalidade a distância, uma vez que o aluno acaba condenado a estaticidade do
ouvir ou do ler e por fim à do reduplicar. Normalmente somente uma parcela dos
alunos será atendida; o restante fica à margem do processo de aprendizagem e
muitas vezes torna-se desmotivado, desanima-se com o curso e pode até desistir.
No caso do EaD, seu grande desafio ainda é superar o "conteudismo",
evitando limitar-se somente a disponibilizar as informações programadas ao aluno
(MORAN, 2003). Existe uma alta taxa de evasão, cerca de 68% em alguns cursos
19
(MAIA; MEIRELLES, 2003), o que justifica uma investigação a fim de verificar qual a
influência das preferências de aprendizagem dos alunos na desmotivação e
abandono do curso.
Além disso, o acompanhamento dos aprendizes é mais difícil do que em
cursos presenciais, uma vez que o formador tem a percepção do comportamento
e desenvolvimento do aprendiz quando este participa ativamente do curso,
questionando, expondo dúvidas, participando de discussões, realizando as tarefas
ou contribuindo com os colegas (BENITO; PÉREZ, 2003).
Dificilmente existirá uma abordagem instrucional única que atenda a todos os
estilos de aprendizagem de uma só vez. Kolb (1984), Felder e Brent (2005) e
Keirsey e Bates (1984) afirmam que cada estudante deve ter à sua disposição os
elementos que o conduzam aos melhores resultados de aprendizagem, de forma
que além de ele poder aprender pelo seu método predileto, ele tenha também
contato com outros, de forma a desenvolver habilidades diversas e assim se tornar
um sujeito equilibrado e completo em termos de habilidades e competências.
O mundo atual exige a formação de um profissional crítico, criativo, com
capacidade de pensar por conta própria, de inovar, de aprender a aprender e de
trabalhar em equipe (VALENTE, 1997).
1.4 Delimitação Temática
Nesse estudo propõe-se a investigar os estilos dos alunos de graduação a
distância em Licenciatura em Computação. Devido à amplitude do universo a ser
estudado, optou-se por realizar um levantamento menor, contudo que forneça
indícios para um estudo de maior abrangência. Da mesma forma, com o intuito de
20
aprofundar a análise, foi definido que o estudo da interação terá como base as
comunicações realizadas pelos alunos via fórum, sob o enfoque de três disciplinas
diferentes.
Os resultados encontrados nesta pesquisa podem contribuir para novas
pesquisas em outras áreas, pois de maneira geral espera-se encontrar perfis
semelhantes em outros cursos, assim como em outras universidades, o que
conseqüentemente pode levar futuramente à extensão da aplicação do estudo.
1.5 Hipóteses
O presente trabalho tem como hipótese geral:
Os alunos de EAD possuem diferentes níveis de participação no fórum das
disciplinas e esta participação é influenciada pelo seu estilo de aprendizagem, o qual
possui diversos modelos, dentre eles o de Felder e Silverman e o de Keirsey e
Bates.
Para uma melhor apuração dos resultados, optou-se por subdividir a hipótese
geral em hipóteses específicas numeradas de 1 a 8:
H1 O nível de interação de um aluno de EAD no fórum, segundo o critério
de objetividade (C1), é influenciado pelo seu estilo de aprendizagem no modelo de
Felder e Silverman.
H2 O nível de interação de um aluno de EAD no fórum, segundo o critério
de objetividade (C1), é influenciado pelo seu estilo de aprendizagem no modelo de
Keirsey e Bates.
H3 O nível de interação de um aluno de EAD no fórum, segundo o critério
de relação (C2), é influenciado pelo seu estilo de aprendizagem no modelo de Felder
e Silverman.
21
H4 O nível de interação de um aluno de EAD no fórum, segundo o critério
de relação (C2), é influenciado pelo seu estilo de aprendizagem no modelo de
Keirsey e Bates.
H5 O nível de interação de um aluno de EAD no fórum, segundo o critério
de análise crítica (C3), é influenciado pelo seu estilo de aprendizagem no modelo de
Felder e Silverman.
H6 O nível de interação de um aluno de EAD no fórum, segundo o critério
de análise crítica (C3), é influenciado pelo seu estilo de aprendizagem no modelo de
Keirsey e Bates.
H7 O nível de interação de um aluno de EAD no fórum, segundo o critério
de aplicação (C4), é influenciado pelo seu estilo de aprendizagem no modelo de
Felder e Silverman.
H8 O nível de interação de um aluno de EAD no fórum, segundo o critério
de aplicação (C4), é influenciado pelo seu estilo de aprendizagem no modelo de
Keirsey e Bates.
Figura 1- Arquitetura das hipóteses
Estilos de Aprendizage
m segundo
Felder e Silverman e Keirsey e
Bates
Critério de
Objetividade
(C1)
Critério de
Relação (C2)
Critério de
Análise crítica
(C3)
Critério de
Aplicação (C4)
H1
H2
H3
H4
H5
H6
H7
H8
22
1.6 Estrutura do Trabalho
Este trabalho será desenvolvido em seis capítulos (Figura 2). No primeiro é
feita uma contextualização do tema ao qual o trabalho pertence, mostrando a
contribuição do trabalho para a qualidade dos cursos a distância, uma vez que a
interação é um fator crítico e primordial para essa modalidade. No referencial teórico
irá ser abordada a questão do ensino formal e não formal e sua importância para o
ensino a distância. Também são detalhados os modelos de estilos de aprendizagem
adotados nessa pesquisa e é evidenciado o papel importante que a participação no
fórum tem na aprendizagem do aluno.
Figura 2- Estrutura do Trabalho
O capítulo três aborda a metodologia e os instrumentos (material e método)
utilizados nesta pesquisa. Em seguida os resultados obtidos com relação à influência
REFERENCIAL
TEÓRICO
MATERIAL E MÉTODO
APRESENTAÇÃO DOS
RESULTADOS
DISCUSSÃO
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
APÊNDICE E ANEXOS
23
dos estilos de aprendizagem na interação no fórum são apresentados e discutidos.
Todas as hipóteses são testadas e as conclusões obtidas podem ser vistas no
capítulo seis do trabalho.
24
2. Referencial Teórico
Atualmente discute-se muito a validade da educação formal e a necessidade
da passagem para uma educação com características menos formais. A educação a
distância se apresenta como uma das alternativas para vencer esse desafio indo de
encontro a uma educação menos formal. Logo, nesse referencial teórico será
abordado um panorama sobre a educação formal e não formal para em seguida se
discutir com maior profundidade o impacto da modalidade a distância. Visando
também verificar o quanto essa modalidade é influenciada pelos estilos de
aprendizagem, faz-se necessário também entender melhor o que são esses modelos
e detalhar suas dimensões.
2.1 Educação Formal e Não Formal
A educação formal é caracterizada como uma forma sistemática e organizada
de ensino, a qual se baseia em leis e normas e possui um currículo rígido em termos
de objetivos, conteúdo e metodologia (DIB, 1988).
Nesse modelo, acredita-se que a aprendizagem está condicionada ao tempo
de exposição do aluno face ao professor, uma vez que sem ele acredita-se ser
impossível aprender. Cabe ao professor cumprir um determinado programa, no
prazo estipulado, independentemente do interesse e do nível de desempenho dos
alunos (DIB, 1992).
Esse ensino centrado no professor faz com que a aprendizagem seja
”encarada como um processo passivo: é dever do aluno ser receptivo e do professor
25
providenciar para que o aluno fique abarrotado de conhecimentos” (LINDGREN,
1977, p. 209-210).
Segundo Moran (2003), no ensino atual predominância da fala massiva a
um número excessivo de alunos, acrescido da existência de professores mal
preparados, mal pagos e pouco motivados. Grande parte dos alunos, por sua vez,
valorizam mais o diploma do que o aprender, se comportam de forma passiva e não
exploram todas as possibilidades que existem dentro e fora da instituição.
As conseqüências aparecem na forma de baixa interação entre os alunos e o
professor e entre os próprios alunos, acrescidas da aplicação, desprovida de
reflexão, de fórmulas prontas e a exposição de conceitos, cujo relacionamento com a
vida profissional futura do aluno nem sempre é esclarecido.
O desafio é caminhar para um ensino e educação de qualidade, que atenda
de forma mais satisfatória às necessidades de ambas as partes do processo de
ensino-aprendizagem. Para isso olhar para as diferenças é fundamental.
Segundo Dib (1994), uma alternativa para a educação formal é a não-formal.
Ela é gerada pela supressão de atributos inerentes à educação formal, como, por
exemplo, substituindo o método expositivo que não privilegia a participação, por
atividades que estimulem a interação e a cooperação. Dependendo do número de
características formais que não estão presentes, podemos ter sistemas não-formais
com diferentes graus de "não-formalidade".
O centro do processo é transferido do professor para o aluno, com o professor
assumindo o papel de “facilitador” e com uma ênfase maior no aprender do que no
ensinar. Essa transição para o não-formal implica também reconhecer as variáveis
intervenientes no processo educacional para aproveitar de forma mais efetiva o
tempo, em sala de aula ou fora dela, com estratégias e técnicas que auxiliem o
26
estudante a construir o conhecimento, a enxergar ligações entre conceitos, a
trabalhar em equipe e a desenvolver relações interpessoais (DIB, 1988).
Segundo Barbejat e Leta (2000), nesse novo paradigma de ensino deve haver
o estímulo à análise, à valorização da criatividade e do questionamento,
apresentando o conhecimento de forma interdisciplinar e buscando integração com a
pesquisa e aproximação com a realidade.
Nesse contexto de desenvolvimento de novas habilidades e estabelecimento
de relações, o ensino a distância e o conhecimento dos estilos de aprendizagem
constituem pontos de alavancagem poderosos para auxiliar nessa transição.
2.2 Ensino a Distância
Segundo o Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a Distância
(2007), publicado pelo Instituto Monitor e pela ABED (Associação Brasileira de
Educação a Distância), o número de estudantes de graduação e pós-graduação a
distância no Brasil chegou a 575 mil em 2006, ou seja, houve um aumento de 91%
em relação ao total de alunos do ano anterior.
Vê-se assim que uma demanda por este tipo de curso, o que reafirma a
necessidade de se pensar na transformação das relações professor/aluno e no
papel do aluno em sua própria aprendizagem, de forma que o EaD realmente
assegure novas possibilidades de aprender e amplie de forma cada vez mais
significativa o acesso à educação.
27
2.2.1 Histórico do EAD
Embora atualmente o assunto esteja em grande evidência, os fundamentos
do ensino a distância não são recentes. É comum o uso do termo “educação online”
ao se referir a esta modalidade, todavia, é importante ressaltar que ela não se limitou
e nem se restringe ao uso de uma interface via Internet, como a história nos mostra.
Alguns autores, como Rocha (2001), destacam como marco inicial do ensino
a distância as cartas de Platão e as epístolas de São Paulo. na visão de Alves
(1994), ela se iniciou com a invenção da imprensa, uma vez que antes de
Guttenberg “os livros, copiados manualmente, eram caríssimos e, portanto
inacessíveis à plebe”. Com a criação do livro, tornou-se desnecessário ir às escolas
para ouvir a leitura do mesmo.
Ao redor do mundo tem-se notícia de experiências em EaD desde 1883 na
Suíça, em 1840 na Inglaterra e em 1874 nos Estados Unidos. no Brasil, a data
mais provável de início é em 1904, com a implantação das "Escolas Internacionais”
(ALVES, 1994).
A primeira iniciativa de educação pelo rádio no Brasil começou em 1923, com
a fundação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, por um grupo liderado por
Henrique Morize e Roquete Pinto. Outra experiência surgida em São Paulo foi a do
Instituto Rádio Técnico Monitor, fundado em 1939, com opção no ramo da eletrônica
(ALVES, 1994).
Em 1941 surge o Instituto Universal Brasileiro, objetivando a formação
profissional de nível elementar e médio (ALVES, 1994). Em seguida programas de
TV pré-gravados ou ao vivo passaram a ser usados como meios de comunicação
em massa para o EaD, entre eles, destacam-se os Telecursos Segundo e Primeiro
28
Graus da Fundação Roberto Marinho, que eram específicos para a educação
supletiva.
A partir dos anos 80 o EaD passa a contar com o uso de computadores e da
Internet, o que possibilitou novas possibilidades de produção, organização e
transmissão de informações, além de incrementar as oportunidades de interação
entre professores e alunos e entre os próprios alunos.
2.2.2 Conceitos
Alguns autores, como Chaves (1999), preferem a expressão “ensino a
distância” do que a “educação a distância”, uma vez que consideram que a
educação é um processo particular, que ocorre interiormente e não pode ser
realizado a distância. No entanto, na literatura ambas as terminologias são
amplamente encontradas.
A educação a distância, segundo Moran (2002), é o “processo de ensino e
aprendizagem, mediado por tecnologias, onde professores e alunos estão
separados espacial e/ou temporalmente”. Apesar de não estarem juntos de maneira
presencial, eles podem estar conectados, interligados por tecnologias,
principalmente as telemáticas, como a Internet.
De acordo com o decreto 2.494, de 10 /02 /1998 (BRASIL,1998), em seu
artigo 1º:
Educação a distância é uma forma de ensino que possibilita a auto-
aprendizagem, com a mediação de recursos didáticos sistematicamente
organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados
isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de
comunicação.
Ou seja, no ensino a distância o aluno, que está separado fisicamente de seu
professor e de seus colegas, faz uso de meios tecnológicos para se comunicar e
29
interagir com sua turma, tendo autonomia para buscar seu próprio conhecimento e
realizar a auto-aprendizagem.
O grande diferencial do EaD é a independência do papel do professor na
aprendizagem do aluno e a possibilidade de levar o ensino a todas as pessoas, em
qualquer lugar que elas se encontrem.
Segundo Belloni (2003), a maioria das definições de EaD o definem pelo o
que ele não é, ou seja, a partir da comparação com a perspectiva de ensino
presencial. Dá-se ênfase à distância física entre as partes, ignorando a faceta talvez
mais importante que é a separação dos alunos e professores no tempo.
Litwin (2001) também critica as definições em voga, pois defende que seja
feita uma redefinição que vise a garantia da qualidade no material didático, uma
relação efetiva entre aluno e docente, um bom funcionamento dos meios através dos
quais as perguntas são respondidas e estimuladas; e, mais do que isso, a
possibilidade de encontros, a qual passa a ser viabilizada pelo uso da Internet,
mudando de forma radical o conceito de “distância”. Dessa forma talvez não seja
mais adequado definir o EaD pela distância; o mais apropriado seria propor uma
educação semipresencial, híbrida, que conjugue o que há de melhor nas duas
modalidades de ensino.
2.2.3 Características
Algumas características do ensino a distância são resumidas a seguir
(ARETIO
2
, 1994 apud SENO, 2002): separação física do professor-aluno; o uso de
2
ARETIO, G. L. Educación a distancia hoy. Madrid: UNED, 1994.
30
meios técnicos de comunicação; organização de apoio-tutoria; aprendizagem
independente e flexível; comunicação bidirecional; e comunicação massiva.
O público atendido é bastante heterogêneo, ao contrário do ensino presencial
que possui uma maior homogeneidade quanto à idade e nível de escolaridade.
Embora não se possa generalizar, Paul
3
(1990, apud BELLONI, 2003) apresenta um
perfil que, segundo ele, é característico da maioria dos estudantes a distância: são
adultos entre 25 e 40 anos que trabalham e estudam em tempo parcial, muitos estão
voltando a estudar muitos anos após sua última experiência como aluno, e muito
freqüentemente tiveram experiências educacionais negativas. Além disso, muitos se
acham despreparados, se culpam pelos insucessos e têm dificuldades de se
automotivar.
Essa motivação é fundamental para que os estudantes desenvolvam
estratégias de aprendizagem autônoma, tendo iniciativa para estudar e pesquisar de
forma independente. Além disso, ela também é fundamental para viabilizar a
comunicação entre os colegas do curso via ambiente virtual.
Essa comunicação pode ocorrer por meio de ferramentas síncronas ou
assíncronas. Ambos os tipos de ferramentas ampliam e redimensionam a noção de
tempo e espaço no processo educacional. As do tipo síncrono como os chats,
permitem a comunicação entre vários indivíduos em tempo real. Já nas assíncronas,
como as listas de discussão, e-mails e fóruns, os indivíduos não precisam
necessariamente se comunicar no mesmo momento.
Em se tratando do fórum, podemos defini-lo como um espaço para discussão,
no qual por meio de uma questão proposta, os alunos vão fazendo comentários, que
3
PAUL, R. Towards a new measure of success: developing independent learners. Open Learning, v.
5, n. 1, p. 31-38, 1990.
31
por sua vez serão objeto de novos comentários, gerando uma árvore de idéias a
partir de uma idéia inicial (VILLARDI; OLIVEIRA, 2005).
Oliveira e Lucena Filho (2006) destacam algumas particularidades desse
instrumento de comunicação:
é constituído por discurso escrito (o que permite ao locutor mais tempo
para articular o que será dito, bem como a escolha mais criteriosa de
estratégias textuais);
possui turnos bem marcados e acabados uma vez que não como
“falar ao mesmo tempo” que outro participante no ambiente do fórum,
não havendo, em conseqüência, interrupção ou superposição de
vozes;
com percepção do entendimento ou não da mensagem postada em
momento distanciado da sua emissão (o que impossibilita atos
bastante comuns na fala: a interrupção da locução por se perceber que
o interlocutor já compreendeu o que se estava dizendo; a mudança, em
processo, do texto oralmente construído, por se perceber que a
estratégia textual escolhida não está sendo eficiente; a interferência do
interlocutor para solicitar esclarecimentos adicionais).
É importante salientar que nesse processo se faz presente uma figura
fundamental: o professor, denominado no ambiente online como tutor. Embora ainda
desempenhe o papel do especialista que possui conhecimentos a transmitir, na
maioria das vezes desempenhará o papel de orientador, facilitador da
aprendizagem, trabalhando junto com o aluno em busca dos mesmos objetivos
(MASETTO, 2004). Sua intervenção passa assim a ser primordial para estimular a
32
interação e gerar dinâmica entre os participantes, minimizando um possível
sentimento de solidão e abandono por parte dos alunos.
2.2.4 Vantagens e Desvantagens
O EaD possui uma série de vantagens. Entre elas está o fato de atingir
localidades remotas e incluir faixas populacionais dispersas, além de permitir
flexibilidade de espaço e tempo, propiciando ao aprendiz formar-se, atualizar-se ou
aperfeiçoar-se de acordo com o seu próprio ritmo, em casa ou no local de trabalho.
Outro diferencial é a possibilidade de individualização do ensino, de acordo
com o ritmo de estudo e preferências de cada estudante. Pois, conforme Nunes
(1994, p. 7) afirma, “o estudante é um indivíduo com características próprias, que
devem ser respeitadas; do mesmo modo, deve merecer atenção o ritmo de estudo
individual”.
A autonomia proporcionada aos estudantes que podem escolher o melhor
momento para o estudo, não pode ser, todavia, confundida com autodidatismo,
como ressalta Litwin (2001). Embora o aluno esteja estudando sozinho e tenha
flexibilidade, ainda assim ele precisa ser orientado quanto ao seu rendimento e
sobre os conteúdos mais adequados a serem estudados, segundo uma proposta
pedagógica.
Sem essa orientação e acompanhamento, a sensação de isolamento por
parte do aluno é grande. Hara e Kling (1999) afirmam que a frustração e o
isolamento são os maiores obstáculos para o EaD. Através de seus estudos eles
perceberam a frustração de estudantes ao participarem de cursos a distância e sua
conseqüência na qualidade do ensino.
33
Não é à toa que o ensino a distância, apesar de possuir um grande potencial
e apresentar atualmente alguns milhares de alunos matriculados, possui índices de
evasão em alguns casos muito altos. Uma pesquisa realizada pela Escola de
Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas (FGV),
verificou que a média de abandono em um curso virtual é de 16%, sendo que os
cursos semi-presenciais (aqueles que possuem alguns encontros presenciais
ocasionais) respondem por 8% das evasões e os totalmente a distância, por 30%.
(MAIA; MEIRELLES, 2003).
Maia, Meirelles e Pela (2004) salientam alguns aspectos que podem
determinar o fracasso de um curso: ausência de definição clara do programa, mau
uso do material didático e a má, ou a falta de, utilização dos recursos que facilitem a
interatividade dentro do ambiente virtual.
Coelho (2002) também faz algumas suposições dos motivos relacionados
com a evasão. São eles:
Domínio técnico do computador insuficiente, criando dificuldades em
interagir e acompanhar o curso;
Falta da relação face-a-face entre alunos e professores, o que envolve
questões de cunho afetivo;
Dificuldade de expor idéias de maneira clara numa comunicação escrita a
distância;
Sentimento do aluno de não se perceber incluído num sistema
educacional, causado pela ausência de agrupamento de pessoas e uma
estrutura física.
Com relação ao sentimento do aluno, Mercer e Estepa (2001) destacam que
muitas vezes, mais do que as distâncias físicas, um fator agravante é a chamada
34
“distância psicológica”. É o caso de adultos que passaram por experiências pouco
gratificantes no sistema tradicional, outros que se consideram velhos demais para
voltar a estudar ou enfrentam pressões profissionais ou familiares.
É imperioso também, conforme alerta Moran (2003), a manutenção
permanente da motivação. A motivação que é um aspecto crítico no presencial,
torna-se ainda mais complicada no virtual, se o aluno não for corretamente envolvido
em processos participativos, afetivos e que inspirem confiança.
A pesquisa realizada pela Escola de Administração de Empresas de São
Paulo, da Fundação Getúlio Vargas (FGV) tem como uma de suas conclusões que
os cursos que mais incentivam algum tipo de interação entre professores e alunos
apresentam um menor índice de evasão (MAIA; MEIRELLES; PELA, 2004). Outro
fato que contribui para evitar o sentimento de isolamento, incerteza e apatia por
parte dos alunos que estudam a distância é o retorno das dúvidas em tempo hábil e
o sentimento de constantemente “fazer-se presente online” por parte dos
professores.
2.2.5 Interação no EaD
Cooperar é atuar junto, de forma coordenada, no trabalho ou nas relações
sociais para atingir metas comuns. Quando associamos a cooperação ao processo
de aprendizagem enfatiza-se a participação ativa e a comunicação tanto dos alunos
como dos professores.
Na aprendizagem cooperativa os alunos auxiliam-se no processo de
aprendizagem, atuando como parceiros entre si e com o professor, com o intuito de
adquirir conhecimento sobre um determinado objeto (CAMPOS et al., 2003).
35
Kaye (1991 apud BARROS, 1994)
4
discute seis pontos importantes para uma
definição mais completa do campo da aprendizagem cooperativa:
A aprendizagem é um processo individual influenciado por uma
diversidade de fatores externos, incluindo as interações em grupo e
interpessoais;
As interações em grupo envolvem o uso da linguagem na reorganização e
na modificação dos entendimentos e das estruturas de conhecimento
individuais, logo a aprendizagem é ao mesmo tempo um fenômeno
privado e social;
Aprender cooperativamente envolve a troca entre pares, a interação entre
iguais e o intercâmbio de papéis, de forma que diferentes membros de um
grupo podem assumir papéis diversos em momentos diferentes,
dependendo das necessidades;
A cooperação assume que “o todo é maior do que a soma das partes
individuais”;
Nem sempre os benefícios potenciais esperados são sempre alcançados,
uma vez que sob certas circunstâncias pode haver falta de iniciativa, mal-
entendidos e conflitos;
A aprendizagem cooperativa não significa obrigatoriamente aprender em
grupo, mas ao contrário implica na possibilidade de poder contar com
outras pessoas para apoiar sua aprendizagem e dar retorno quando
necessário.
Assim percebe-se que a aprendizagem é um processo dinâmico de
compreensão e armazenamento de informações que, ao serem acessadas, exigem
4
KAYE, A. R. Learning together apart. In: ______. Collaborative learning through computer
conferencing
. London: Springer-Verlag, 1992. p. 1-24.
36
o desenvolvimento de estratégias cognitivas capazes de promover a evolução das
estruturas do conhecimento e a capacidade de lidar com o novo; o que acontece
prioritariamente por meio da interação com o meio (VILLARDI; OLIVEIRA, 2005).
Embora os termos interação e interatividade estejam em destaque nos dias
de hoje, efetivamente percebe-se um baixo aproveitamento desse potencial.
Conforme o Novo Dicionário Eletrônico Aurélio (2004), a palavra interatividade seria
o
caráter ou condição de interativo ou ainda “a capacidade (de um equipamento,
sistema de comunicação ou de computação, etc.) de interagir ou permitir interação”
.
a interação designa uma “ação que se exerce mutuamente entre duas ou
mais coisas, ou duas ou mais pessoas; ação recíproca”. Contudo, essa ação tem
características próprias, cujos fundamentos são ressaltados pelo professor Marcos
Silva (2000):
“[...]São três basicamente: 1) participação-intervenção: participar não é
apenas responder "sim" ou "não" ou escolher um opção dada, significa
modificar a mensagem; 2) bidirecionalidade-hibridação: a comunicação é
produção conjunta da emissão e da recepção, é co-criação, os dois pólos
codificam e decodificam; 3) permutabilidade-potencialidade: a comunicação
supõe múltiplas redes articulatórias de conexões e liberdade de trocas,
associações e significações.
Estes fundamentos resguardam o sentido não banalizado da interatividade
e inspiram o rompimento com o falar-ditar do mestre que prevalece na sala
de aula. Eles podem modificar o modelo da transmissão abrindo espaço
para o exercício da participação genuína, isto é, participação sensório-
corporal e semântica e não apenas mecânica. Em síntese, a interatividade
contribui para sustentar em nosso tempo, que educar significa preparar para
a participação [...].”
Preparar para a participação é muito mais do que somente adotar uma nova
tecnologia ou ferramenta de interação. É educar os alunos e professores a como
utilizar de forma correta metodologias de interação não presenciais a fim de alcançar
os resultados esperados.
Os sistemas gerenciadores de aprendizagem, em sua maioria, fornecem
relatórios de acesso e de participação dos alunos e tutores na sala virtual,
separados por cada disciplina em que o aluno participa. Todavia os dados desses
37
relatórios restringem-se às análises quantitativas das participações e intervenções
dos envolvidos em um curso a distância. O que resulta é que nem sempre essa é
uma medida confiável, que pode ser facilmente burlada pelos alunos. A avaliação
pelo número de participações na sala virtual pode levar os estudantes a participar de
forma automática, só para obter uma avaliação positiva.
Muitos alunos ainda se sentem isolados e, conforme a afirmação de Azevêdo
(2000), ressentem-se da falta de troca de experiências, apoio e estímulo de outras
pessoas que estejam passando pelas mesmas situações que eles. Situações essas
que poderiam ser evitadas se os fóruns fossem utilizados de forma a atingir e
motivar todos os tipos de alunos.
Muitas vezes os chats e fóruns se tornam meros receptáculos de
informações, provindas de diversas fontes ou alunos. Não ocorre a interação, uma
vez que não existe debate entre as idéias e sim uma divulgação de informações
desvinculadas e isoladas das demais, o que desperdiça todo seu potencial de
intervir como agente no processo de aprendizagem.
Segundo Prado (2001), o professor deve propor questões provocativas, de
interesse dos alunos e que utilizem uma linguagem clara, não muito extensas nem
demasiadamente acadêmicas a fim de preservar a dinâmica e o gerenciamento do
fórum de discussão. O professor também deve saber como intervir de forma
equilibrada nas discussões, a fim de propiciar aos participantes um espaço para
interagir entre si. É importante também orientar as discussões para que as mesmas
possam ampliar as idéias, com o devido cuidado para que não ocorra uma
pulverização de questões desvinculadas.
Além disso, conforme alertam Oliveira e Lucena Filho (2006), muitas vezes o
professor assume uma postura centralizadora no fórum, respondendo a todas as
38
intervenções individualmente, o que leva a uma hipertrofia de seu papel, bem como
ao enfraquecimento das interações aluno X aluno.
Outra situação é quando ele propõe uma pergunta para a turma, para a qual
se tem uma resposta pré-definida, aguardando que os alunos se aproximem ao
máximo dessa predefinição.
Por fim, muitas vezes o professor assume o comportamento de silenciar,
pretendendo com isso incentivar a participação dos alunos. No entanto, esse
procedimento, se pode servir como um incentivo à autonomia, pode também
produzir resultados opostos ao que se pretende, que os alunos, em sua maioria,
interpretam esse “silêncio” do professor-tutor não como incentivo, mas como
desconsideração e abandono.
Talvez como uma herança pelos anos de passividade, vividos no ensino
presencial, os alunos ainda sentem muita dificuldade em se expressar de forma livre,
argumentar e debater idéias em conjunto. Esse é um dos desafios a serem vencidos,
pois de com as palavras de Wickert (1999):
[...] o futuro da EaD não se fundamentará no estudo solitário, em que o
indivíduo conte somente com o material educativo para desenvolver a sua
aprendizagem. E, sim, em ambientes em que a autonomia na condução do
seu processo educativo, conviva com a interatividade. Esta pode ser
conseguida e prevista no planejamento, das mais diferentes formas: entre
aluno/professor; aluno/com suas próprias experiências e conhecimentos
anteriores; aluno/aluno; aluno/conteúdo; e aluno/meio, utilizando os mais
diversos recursos tecnológicos e de comunicação.
Dessa maneira, é importante que os educadores e envolvidos em EaD se
atentem ao papel transformador da interação e da cooperação, que surgem como
aliados no auxílio à dinamização e efetivação do processo de ensino-aprendizagem
nos ambientes online. Outro aliado nessa tarefa é um olhar mais atento para os
diferentes modos preferidos de aprender de cada aluno, denominados de estilos de
aprendizagem e detalhados a seguir.
39
2.3 Estilos de Aprendizagem
Dentro de uma sala de aula existe uma heterogeneidade de tipos de
aprendizes. Essa diversidade abrange os modos como os estudantes preferem
perceber, reter, processar e organizar o conhecimento. Por exemplo, uns têm maior
facilidade em compreender modelos matemáticos e abstrações, outros preferem
trazer as informações recebidas para o mundo real e concreto. Alguns alunos têm
uma preferência por ler e ouvir, enquanto outros necessitam de estímulos visuais.
Segundo Belhot, Freitas e Dornellas (2005) construtos são abstrações que
não podem ser observadas diretamente, todavia servem para explicar
comportamentos, como é o caso dos estilos de aprendizagem. Foram criados vários
modelos para medir as diversas dimensões dos estilos de aprendizagem, cada um
deles muitas vezes captando e analisando conjuntos de dimensões diversas, o que
resulta em uma diversidade de possibilidades e conseqüentemente em
nomenclaturas diferentes para dimensões similares.
Essas tipologias foram propostas por diversos pesquisadores em todo mundo.
Entretanto, nesse trabalho serão enfatizados dois modelos: o de Felder e Silverman
(1988), que gerou o inventário de Felder e Soloman (1991) e o modelo de Keirsey e
Bates (1984). Essa escolha se deu pelo fato do inventário de Felder e Soloman
(1991) ser estritamente voltado para a aprendizagem, o que atende perfeitamente
aos objetivos de nossa pesquisa e o de Keirsey e Bates (1984) trazer elementos
adicionais sobre comportamentos e atitudes, que também são bastante úteis na
avaliação da interação no fórum de discussão.
É importante lembrar que quando se fala em “tipo”, tal como McCaulley (1976)
advertiu, não é no sentido de permanente e invariável e sim, como uma forma de
40
classificação que indica tendências. Ninguém reage durante 100% do tempo de um
só jeito, uma pessoa pode adaptar seu modo de agir se a situação assim exigir.
O estilo preferido é como o aluno tende a abordar o material que estuda, mas
ele também sabe usar outros estilos secundários, que são mais fracos porque não
são utilizados com tanta freqüência (PALLOFF; PRATT, 2004).
O estudo das preferências por aprender é primordial para entender as
diferentes maneiras dos alunos agirem no ambiente online.
2.3.1 Estilos de Aprendizagem no EaD
O estudo de White (1999, p. 456) revela que as diferenças individuais podem
refletir na maior ou menor adaptação ao modelo de aprendizagem via internet.
Tonieto e Machado (2005) também afirmam que os alunos de EaD possuem
diversidades culturais que refletem suas origens, conhecimentos adquiridos na
história da vida, formação acadêmica e fatores inerentes ao ser humano.
Devido a essas diferenças, a adoção de fórmulas e padrões pré-definidos na
elaboração e aplicação dos cursos a distância, assumindo assim que uma
homogeneidade no público atendido, é indesejável e pode explicar o fato de um
aluno ter maior facilidade de interagir no ambiente online do que outros.
Sabe-se que os estudantes necessitam estar ativamente engajados em
atividades que tenham sentido para eles para que a aprendizagem ocorra e um meio
de se obter isso é por meio das discussões online (KEARSLEY; SCHNEIDERMAN,
1998).
Segundo Zhu (2006) é freqüente que, assim como em uma aula presencial,
existam alunos que em uma discussão no fórum se mantêm calados, ou seja,
41
somente lêem as mensagens sem emitir opiniões e outros que participam de forma
ativa com várias mensagens.
Sendo assim, indícios de que essas diferenças podem refletir no
desempenho do aluno no ambiente online. Terrell e Dringus (2000) investigaram o
impacto que os estilos de aprendizagem têm no desempenho e retenção dos
estudantes a distância e constataram que a maioria dos alunos pode ter sucesso no
ambiente online desde que seus estilos sejam considerados e respeitados.
Da mesma maneira, o estudo de Eom e Wen (2006) mostra que os estilos de
aprendizagem e a interação são variáveis de influência na satisfação do aluno a
distância. Eles também sugerem que os alunos com estilo visual têm maior
satisfação do que os demais. Maior satisfação implica em uma aprendizagem
facilitada.
Logo, faz-se importante conhecer e detalhar melhor os dois modelos de
estilos de aprendizagem a fim de compreender melhor a influência que esses estilos
pode ter sobre a aprendizagem dos alunos no EaD, o que é feito nas próximas
seções.
2.3.2 Modelo de Keirsey e Bates (1984)
O primeiro modelo a ser abordado é o de Keirsey e Bates (1984), derivado da
teoria de tipos psicológicos de Jung. O estudo de Kelly e Jugovic (2001) fornece
evidências da validade desse instrumento, por meio do cálculo da correlação de
seus resultados com os obtidos pelo Myers-Briggs Type Indicator (MBTI).
Clouse e Evans (2003) aplicaram o teste de Keirsey e Bates (1984) em 57
alunos de cursos a distância e presenciais de MBA a fim de verificar se seus
42
desempenhos eram influenciados pelas atividades síncronas e assíncronas. O
resultado confirmou a importância de se proporcionar aos alunos momentos de
discussão e reflexão do assunto a ser estudado, como uma forma de incrementar a
aprendizagem.
O teste é composto por 16 tipos psicológicos, compostos pelas seguintes
dimensões bipolares, medidas em termos percentuais (BELHOT; FREITAS;
DORNELLAS, 2005):
Fontes de motivação e energia (Extrovertido (E) / Introvertido (I));
Como você adquire informação (Sensorial (S) / Intuitivo (N));
Como você toma decisões e se relaciona com os outros (Racional (T) /
Emocional (F));
Forma de trabalho (Estruturado (J) / Flexível (P)).
Segundo Keirsey e Bates (1984), os extrovertidos gostam de estar em contato
com as pessoas, são confiantes, sociáveis e costumam agir antes e falar depois. Os
introvertidos por sua vez, são reservados, questionadores, leais e preferem a
reflexão e a análise, o que os levam a pensar antes e fazer depois.
A relação entre pessoas dos dois tipos é curiosa, uma vez que os
extrovertidos podem pensar que os introvertidos estão escondendo informações,
quando, na verdade, as estão processando de forma introspectiva. os
introvertidos podem ter a impressão que os extrovertidos estão sempre mudando de
opinião, porém, o que eles fazem é processá-las verbalmente.
Os sensoriais são detalhistas, realistas, práticos, observadores e evitam
trabalhos e atividades em que a sensação não possa ser usada. Eles preferem obter
informações através dos cinco sentidos. Os intuitivos são imaginativos, inquietos,
inovadores, têm raciocínio abstrato e estão sempre formulando novas alternativas.
43
Os racionais tomam decisões baseando-se na lógica e na razão. Por outro
lado, os emocionais valorizam mais o sentimento e se preocupam com as
conseqüências de suas ações na vida das outras pessoas.
Finalmente, os estruturados são orientados por planos e regras. São
extremamente disciplinados, racionais, objetivos e não gostam de surpresas. Os
flexíveis são adaptáveis, tolerantes, abertos ao inesperado e normalmente protelam
as decisões ao máximo. Além disso, têm preferência por decidir levando em
consideração valores pessoais.
Nesse modelo ainda as dimensões extrovertido/introvertido,
sensorial/intuitivo, racional/emocional e estruturado/flexível, que se referem aos
estudantes que obtiveram cinqüenta por cento em cada uma das dimensões citadas,
mostrando um equilíbrio em ambas (por isso recebem uma dupla classificação).
Sendo assim, Felder e Silverman (1988) ao referirem-se ao modelo de
Keirsey e Bates (1984) afirmam que geralmente o ensino é orientado para os
introvertidos, intuitivos, racionais e estruturados, pois as atividades em grupo e
cooperativas quase não são aplicadas. Além disso, a ênfase ocorre nas questões
abstratas e de análise, ignorando a prática e as considerações interpessoais e
havendo uma forte valorização do planejamento.
2.3.3 Modelo de Felder e Silverman (1988)
O modelo criado por Felder e Silverman (1988) tem o propósito de auxiliar o
processo de aprendizagem, assim como o modelo anterior. Originalmente, ele
possuía cinco dimensões, incluindo a dimensão indutiva/dedutiva. Posteriormente
essa dimensão foi excluída, uma vez que segundo Felder (2002), ele não gostaria
44
que o resultado da pesquisa dos estilos servisse como justificativa para os
professores continuarem a usar o modo dedutivo em suas aulas, tendo em vista a
preferência dos alunos por esse método e o fato de o indutivo obter melhores
resultados.
Dessa forma o modelo passou a ter quatro dimensões, as quais definem
dezesseis tipos de aprendizes. Essas dimensões variam segundo as seguintes
perspectivas (FELDER; SILVERMAN, 1988):
Tipo de informação que é preferencialmente percebida (sensorial ou
intuitivo);
Através de qual meio a informação é mais facilmente percebida (visual ou
verbal);
Como o estudante prefere processar a informação (ativo ou reflexivo);
Como é o progresso do aluno até o entendimento (seqüencial ou global).
Os sensoriais preferem fatos e dados concretos e gostam de resolver
problemas utilizando métodos padrões, sem surpresas, enquanto que os intuitivos
preferem princípios e teorias, gostam de inovações e não se sentem confortáveis
com trabalhos repetitivos.
Aprendizes visuais fixam melhor as informações que vêem; os verbais as que
ouvem e falam. Logo, os visuais devem ser estimulados através de figuras, filmes,
gráficos e diagramas. Os verbais aprendem melhor explicando para os outros ou
assistindo a explanações verbais.
A informação que é percebida é convertida em conhecimento, o qual pode ser
processado de forma ativa, ou seja, através de práticas ou discussões, ou de forma
reflexiva, por meio de exames introspectivos, o que nos leva à definição dos tipos:
ativo e reflexivo.
45
Por fim, os seqüenciais aprendem por passos e por isso se adaptam bem ao
modelo linear que é adotado na maioria das escolas. Os globais precisam
primeiramente entender a finalidade daquele tópico, seu contexto e relacionamento
com os demais assuntos, para poder compreender seu valor. Por isso eles podem
demorar um pouco mais para aprender em comparação com os seqüenciais.
Observando essas diferentes dimensões, percebe-se que o ideal é que o
estudante consiga o equilíbrio entre as várias dimensões. Por exemplo, na dimensão
ativo/reflexivo, se uma pessoa agir sempre antes de refletir, ela pode estar
constantemente se precipitando em suas atitudes. Por outro lado, se ela gasta muito
tempo refletindo, pode retardar demasiado o início da ação. Para ser eficaz
enquanto aprendiz e resolver problemas, o estudante necessita atuar de ambas as
maneiras em todo espectro das quatro dimensões dos estilos (LOPES, 2002).
A fim de medir essas diferentes dimensões Felder e Soloman (1991)
adaptaram o inventário denominado Index of Learning Styles (ILS) para 44
perguntas, que visam identificar as preferências dos indivíduos quanto à
aprendizagem.
Este inventário tem uma aplicação direta nas questões ligadas à
aprendizagem e ao ensino de engenharia. foi usado em inúmeros estudos na
literatura, aplicado em estudantes de áreas diversas como engenharia ambiental
(PATERSON, 1999), ciência da computação (ZUALKERNAN, ALLERT, QADAH;
2006) e ciências contábeis (SILVA, 2006).
Felder e Silverman (1988) afirmam que a maioria dos alunos de engenharia
se enquadra no perfil sensorial, visual e ativo, com os mais criativos sendo globais.
Por outro lado, os professores são intuitivos, verbais, reflexivos e seqüenciais.
Sabendo que os professores tendem a lecionar conforme seu modo preferido de
46
aprender, um total desencontro, o que gera uma baixa performance do aluno,
frustração no professor e desmotivação em ambos os lados.
47
3. Material e Métodos
Nessa etapa são definidos o tipo da pesquisa realizada, o processo de
amostragem, o local da pesquisa e os procedimentos metodológicos adotados.
3.1 Local da Pesquisa
A pesquisa será realizada em um Centro Universitário localizado no interior do
estado de São Paulo.
3.2 Tipo da Pesquisa
As pesquisas podem ser classificadas sob vários aspectos: quanto a
natureza, forma de abordagem do problema, objetivos e procedimentos técnicos
utilizados.
Segundo sua natureza, o trabalho em questão constitui-se por uma pesquisa
aplicada, pois visa gerar conhecimentos para aplicação prática, dirigidos à solução
de problemas específicos (SILVA, MENEZES; 2001).
Quanto ao modo de abordar o problema, uma combinação de métodos
quantitativos e qualitativos. Segundo Neves (1996), embora possamos contrastar os
dois tipos de métodos, não significa que os mesmos se oponham ou se excluam,
uma vez que podem contribuir em um mesmo estudo para um melhor entendimento
do problema.
É quantitativa, pois traduz em números as opiniões e informações para
classificá-las e analisá-las, utilizando técnicas estatísticas (SILVA, MENEZES; 2001).
No entanto, também é qualitativa, uma vez que tenta compreender de forma mais
48
detalhada os significados e características das participações no fórum dos alunos de
EaD, confirmando o conceito de Silva e Menezes (2001) que consideram a
interpretação dos fenômenos e atribuição de significados básicos no processo de
pesquisa qualitativa.
Com relação aos seus objetivos, a presente pesquisa é exploratória e
descritiva. Gil (2002) destaca que a pesquisa exploratória visa proporcionar uma
visão geral acerca de determinado assunto, enquanto que a pesquisa descritiva tem
como principal objetivo descrever as características de determinada população ou
fenômeno ou estabelecimento de relações entre as variáveis.
Finalmente, quanto aos procedimentos técnicos, em uma etapa utilizou-se do
levantamento para medir os estilos de aprendizagem dos alunos, pois houve a
interrogação direta das pessoas cujo comportamento se desejava conhecer (SILVA;
MENEZES, 2001). Em outro momento fez-se uso da pesquisa documental. A
pesquisa documental se aplica bem nesse caso, uma vez que segundo Neves
(1996) ela é constituída pelo “exame de materiais que ainda não receberam um
tratamento analítico ou que podem ser reexaminados com vistas a uma
interpretação nova ou complementar”, o que é adequado ao exame dos registros
dos conteúdos das participações dos alunos no fórum de discussão.
3.3 Amostra
Para a determinação da amostra foi usado um procedimento não
probabilístico intencional. Segundo Barros e Lehfeld (2004) nas amostras não-
probabilísticas intencionais os elementos não são selecionados de forma aleatória,
uma vez que o pesquisador se dirige intencionalmente a grupos de elementos que
se deseja a opinião.
49
No caso da pesquisa em questão selecionou-se uma turma de alunos do
primeiro ano letivo de um curso de graduação em Licenciatura em Computação
ministrado a distância em uma instituição de ensino superior particular do estado de
São Paulo. A opção por este curso foi em virtude da maior facilidade de acesso aos
alunos e pelo fato de não haver dificuldades adicionais de adaptação à tecnologia
que influenciassem na pesquisa.
A amostra de alunos era composta por trinta e seis (n=36) estudantes, sendo
cinco (n=5) do sexo feminino e trinta e um (n=31) do sexo masculino (Gráfico 1). É
importante ressaltar que a amostra nesse caso foi igual ao universo pesquisado, ou
seja, embora a participação tenha sido voluntária, todos os alunos da turma
responderam à pesquisa.
Gráfico 1- Distribuição da amostra por sexo
Todos os alunos responderam ao questionário de Felder e Soloman (1991).
o questionário de Keirsey e Bates (1984) foi respondido por trinta e cinco (n=35)
indivíduos, sendo cinco (n=5) do sexo feminino e trinta (n=30) do sexo masculino, ou
seja, somente um estudante não respondeu a este questionário.
14%
86%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
90,00%
100,00%
%
Feminino
Masculino
Divisão por sexo
50
A análise foi realizada tendo como base as interações e participações em três
disciplinas do curso: sociologia da educação (SE), filosofia da educação (FE) e
tecnologia educacional para educação a distância (TEEAD). Cada uma continha um
número variável de tópicos de discussão propostos pelo tutor da matéria: TEEAD=4;
SE=6; FE=2. As mesmas foram escolhidas pelo fato de envolverem assuntos
teóricos e que por isso poderiam conter mais tópicos de discussão no fórum.
Condizente com o perfil predominante dos alunos de EaD mencionado por
Paul
5
(1990, apud BELLONI, 2003) a faixa etária de maior abrangência da pesquisa
era composta por pessoas acima de 33 anos (Gráfico 2).
Gráfico 2- Distribuição da amostra por faixa etária
Com relação à escolaridade (Gráfico 3), uma predominância de alunos
com nenhuma formação anterior ou com somente curso técnico completo.
5
PAUL, R. Towards a new measure of success: developing independent learners. Open Learning, v.
5, n. 1, p. 31-38, 1990.
14%
25%
50%
11%
25,00%
50,00%
75,00%
100,00%
Divisão por faixa etária
De 17 a 24 anos
De 25 a 32 anos
De 33 a 40 anos
Acima de 40 anos
51
Gráfico 3- Divisão da amostra por escolaridade
Esse fato sugere que nessa instituição o curso na modalidade a distância
se mostra como sendo a primeira opção da maioria dos alunos, fato que reafirma a
importância de se estudar novas contribuições para a qualidade de seus processos
de ensino.
3.4 Instrumentos
3.4.1 Inventários de Estilos de Aprendizagem
Os questionários ou, no contexto estudado também chamados de
inventários, foram utilizados para a coleta dos estilos de aprendizagem dos
alunos. De acordo com os objetivos da pesquisa, foram selecionados os
inventários de Felder e Soloman (1991) e o de Keirsey e Bates (1984), ambos
traduzidos e adaptados para o português por Profº Dr. Marcius F. Giorgetti e
Dra. Nídia Pavan Kuri.
Ambos os questionários tiveram seus usos autorizados para fins de
pesquisa e eram compostos de um conjunto de perguntas, com duas
Divisão por escolaridade
3
9
%
28%
14
%
19
%
25,00%
50,00%
75,00%
100,00%
Somente 2º grau
Curso Técnico
Superior incompleto
Superior
52
alternativas de escolha e de resposta induzida, ou seja, o respondente deve
optar por uma das alternativas para a situação apresentada. O inventário de
Felder e Soloman (1991) contém 44 questões e o de Keirsey e Bates (1984)
um total de 70 perguntas.
Os mesmos estavam acessíveis via
web no endereço
<http://www.prod.eesc.usp.br/aprende/mapeamento.htm> por meio de
identificação e senha, de acesso restrito aos pesquisadores.
3.4.2 Fórum
Para qualificar a interação na sala virtual, optou-se por restringir o
estudo à ferramenta assíncrona fórum. Ele foi escolhido pelo fato de que
nesse curso o mesmo constitui a ferramenta de maior interação entre as
pessoas.
O sistema gerenciador de aprendizagem acesso via web às salas
de aula virtuais, cada uma representando uma disciplina, que por sua vez
possuem um fórum, o qual pode ser dividido em vários tópicos de discussão,
que só podem ser definidos pelo tutor.
O fórum da instituição pesquisada tem o formato de uma árvore de
mensagens na qual o aluno pode escolher a qual tópico ou mensagem deseja
responder e assim sua resposta ficará associada ao mesmo. O número de
mensagens permitido é ilimitado e as mensagens enviadas não podem ser
excluídas. É importante destacar que os alunos são avaliados por sua
participação no fórum e seu peso é de 20% na nota final.
53
Teve-se acesso ao registro do conteúdo integral das comunicações
entre os alunos ocorridas dentro dos fóruns das salas virtuais das três
disciplinas selecionadas.
3.4.3 Critérios de Avaliação da Interação
O registro das comunicações no fórum foi usado para se analisar os
níveis de interação dos alunos. Um bom nível de participação deve envolver
não a resposta a uma pergunta determinada, mas também uma tentativa
de analisar o tema em discussão criticamente, relacionando-a a aplicações ou
fatos reais, além de comentar as demais contribuições dos colegas.
Freire (2002) destacava que para a produção do conhecimento a
ação, a reflexão crítica, a curiosidade, o questionamento exigente, a
inquietação e a incerteza são qualidades indispensáveis.
Da mesma forma, Romiszowski
6
(1994) apud Kawasaki, Carvalho e
Fernandes (2001) destaca a necessidade de se atingir os níveis analítico e
criativo na aprendizagem, ou seja, níveis em que o aluno é capaz de separar
o seu conjunto de significados daquele apresentado pelo autor e compará-los
e mais, transformar o que leu em significados mais profundos.
Com base nesses conceitos, esse estudo propõe uma escala contendo
critérios de avaliação da interação que serão usados como base para medir a
qualidade da participação dos alunos no fórum (Quadro 1).
6
ROMISZOWSKI, A. R. Projeto e desenvolvimento de sistemas em multimídia para educação e
treinamento.
Caderno de textos. Rio de Janeiro: TTS, jul. 1994.
54
Quadro 1- Escala de avaliação das interações do fórum
Identificação Critério Descrição
C1 Objetividade
O aluno somente respondeu ao que o tutor
perguntou; não relacionou sua resposta às
anteriores e nem fez nenhum comentário
adicional para enriquecer sua resposta.
C2 Relação
Comentou a resposta de outros colegas, o que
é uma das indicações que pode estar
ocorrendo um diálogo entre as partes, ou seja,
não é um monólogo onde cada aluno emite
sua opinião isoladamente e não há confronto
de idéias.
C3
Análise
crítica
A análise de maneira crítica ocorre quando o
estudante reflete sobre as questões
envolvidas com o tópico e questiona as
informações para ver se elas fazem sentido
para ele.
C4 Aplicação
Valoriza o aluno que tenta trazer para o
mundo real os assuntos teóricos discutidos,
relacionando-os com sua própria vida ou com
alguma aplicação prática.
A escala recebeu influência do trabalho de Zhu (2006), no qual ele
define seu analytical framework for cognitive engagement in discussion”. O
mesmo propõe uma análise mais complexa, pelo fato de avaliar mais quatro
facetas além da declaração do aluno no fórum. Por exemplo, ele sugere níveis
de avaliação para as perguntas propostas no fórum.
Ainda sim se pode identificar nele algumas equivalências em termos dos
critérios utilizados para avaliar as declarações dos alunos, com os níveis
propostos nesse estudo, tal como demonstrado no Quadro 2.
55
Quadro 2- Comparação do framework de Zhu (2006) com os critérios de avaliação propostos
Analytical Framework for cognitive
engagement in discussion (Zhu, 2006)
Critérios de avaliação das
interações no fórum
Responding Objetividade
Informative _____________
Explanatory _____________
Analytical Relação
Synthesizing _____________
Evaluative Análise crítica
Os critérios também receberam inspiração dos níveis do domínio
cognitivo da Taxonomia de Objetivos Educacionais criada por Bloom. Bloom
define seis níveis (RODRIGUES, 1994):
Conhecimento: o estudante reproduz com exatidão uma informação
que lhe tenha sido dada;
Compreensão: o estudante deverá ser capaz de usar uma
informação original e ampliá-la, reduzi-la ou representá-la de outra
forma;
Aplicação: o estudante transporta uma informação genérica para
uma situação nova e específica;
Análise: caracteriza-se por separar uma informação em elementos
componentes e estabelecer relações entre eles;
Síntese: o estudante reúne elementos de informação para compor
algo novo que terá, necessariamente, traços individuais distintivos;
Avaliação: consiste em confrontar um dado, uma informação, uma
teoria, um produto, etc com um critério ou conjunto de critérios.
Quando o estudante participa de forma objetiva pode-se dizer que ele
está na verdade somente reproduzindo uma informação (nível de
conhecimento). Da mesma maneira, se ele tenta trazer a discussão para o
56
mundo real, ele está tentando transportar uma informação genérica para uma
nova situação (nível de aplicação). Por fim, na análise crítica, assim como no
nível de avaliação da taxonomia de Bloom, a idéia é que o estudante
questione o dado recebido por meio de seus critérios particulares.
3.4.4 Limite Mínimo de Interação (MIN)
A fim de delimitar a interação, estipulou-se um limite mínimo de
interação (MIN) representando a mínima participação que se espera de um
aluno no fórum de um curso de graduação a distância.
O aluno tem uma tarefa mínima a fazer no fórum, que é responder a
pergunta feita pelo professor, uma vez que pelas regras do curso eles
também são avaliados pela interatividade no fórum.
Logo, esse limite mínimo tem duas facetas: um limite quantitativo e um
limite com vistas à qualidade das interações. No caso quantitativo, é esperado
que um aluno envie ao menos doze mensagens no total, uma vez que temos
ao todo doze tópicos dentre as três disciplinas analisadas.
sob a perspectiva qualitativa considerou-se que pelo menos no bit
referente ao critério de objetividade na avaliação de cada tópico cada aluno
deveria obter ‘1’.
Como em cada disciplina o número de tópicos é variável, para o cálculo
do MIN basta agregar o algarismo ‘1’ em n posições, onde n representa o
número de tópicos de discussão do fórum de uma disciplina (Tabela 1).
57
Tabela 1- Limites de interação mínimos (MIN) para cada disciplina
Disciplina Nº de Tópicos MIN
TEEAD 04 1111
FE 02 11
SE 06 111111
TOTAL 12
3.4.5 Tamanho, Complexidade e Densidade
Como a discussão online pode ser comparada a uma rede social de
contatos (FAHY, CRAWFORD e ALLY, 2001; ZHU, 2006), conseqüentemente
ela possui um tamanho, complexidade e densidade. Assim, esses parâmetros
foram considerados neste estudo.
Segundo Ridley e Avery (1979) o tamanho de uma rede consiste no
número de membros participantes da discussão e sua densidade pode ser
definida como o nível de ligações existentes em relação ao nível máximo
possível. vários métodos de cálculo de densidade de uma rede. A fórmula
escolhida nesse estudo foi a de Berkowitz (1982, p. 45), no qual o termo “a” é
o número real de interações observadas e “N” o número de participantes da
rede.
Densidade (D) = 2a / N (N - 1) (1)
Desta forma, imaginando-se que o grupo observado seja composto por
20 alunos e a transcrição das comunicações indique um total de 50 interações
entre os estudantes, aplicando a fórmula acima se encontra o valor de 0.26
para a densidade, ou seja, o valor encontrado representa 26% do valor
máximo esperado.
58
a complexidade representa o número possível de ligações entre os
membros. Quanto maior este número, maior é a possibilidade de interação.
Seu cálculo é indicado pela fórmula (2), na qual “N” é o número de
participantes da rede.
Complexidade = (N *(N-1)) / 2 (2)
Se o estudo contemplasse somente 15 estudantes, o número de
ligações possíveis seria 105. Aumentando o número de estudantes para 100,
as possibilidades aumentariam para 4950 opções.
3.5 Procedimentos
Para atingir os objetivos propostos foram necessárias várias etapas. Para
uma melhor compreensão, as mesmas foram esquematizadas na Figura 3.
59
Figura 3- Etapas para realização da pesquisa
60
3.5.1 Mapeamento dos Estilos de Aprendizagem
Para a coleta dos dados junto aos alunos (Figura 3- etapa 1a) foram
escolhidos dois sábados dos encontros mensais previstos no curso a
distância da instituição pesquisada: um no início de abril de 2006 e outro em
maio de 2006.
A coordenação do curso de Licenciatura em Computação autorizou a
participação dos alunos na pesquisa, desde que o processo não fosse
demorado e o andamento das aulas não fosse prejudicado. O acesso aos
inventários era restrito aos pesquisadores por motivos de segurança e para
preservar a integridade e veracidade dos dados. Sendo assim optou-se por
imprimir os questionários do site e aplicá-los presencialmente aos alunos.
Inicialmente, como uma forma de motivação, os estudantes foram
informados sobre o objetivo da pesquisa e sobre os benefícios do
conhecimento dos estilos de aprendizagem. A adesão foi voluntária. Houve
também uma breve orientação quanto ao modo de responder às questões:
Elas deveriam ser respondidas de maneira ordenada;
Nenhuma questão poderia ficar sem resposta;
Os alunos não deveriam refletir excessivamente quanto à melhor
resposta, para que o resultado não seja influenciado. Essa influência
poderia fazer com que eles inconscientemente respondessem o que
“gostariam de ser” ao invés do “que são” realmente;
Uma vez que uma pergunta foi respondida, os alunos não deveriam
voltar a ela, pelo mesmo motivo do tópico anterior.
Em média os alunos demoraram cerca de trinta minutos para
preencher os dois questionários. Foram também solicitados alguns dados
61
pessoais importantes (Figura 3- etapa 1b), tais como: email (para que eles
pudessem receber os resultados dos testes), idade, telefone e existência ou
não de formação anterior (se sim, deveriam informá-la). Esses dados
pessoais posteriormente foram agrupados a fim de identificar predominâncias
e semelhanças com relação à idade, formação e sexo (Figura 3- etapa 1f).
A próxima etapa foi a inserção por parte dos pesquisadores de todos
os dados coletados dos alunos no banco de dados do sistema (Figura 3-
etapa 1c), hospedado no servidor do Departamento de Engenharia de
Produção da USP - São Carlos. Depois de todos os dados terem sido
digitados, foi possível a apuração dos estilos de aprendizagem dos
estudantes (Figura 3- etapa 1d) por meio de um formulário próprio do sistema.
Em seguida, foi feita uma análise dos resultados dos estilos de
aprendizagem segundo os dois modelos adotados, separados por gênero a
fim de verificar possíveis semelhanças ou diferenças (Figura 3- etapa 1e),
assim como uma análise dos dados pessoais de todos os alunos (Figura 3-
etapa 1f).
3.5.2 Avaliação do Fórum
A coleta dos dados das participações dos alunos no fórum (Figura 3-
etapa 3a) se deu na semana seguinte à última semana de estudos das
disciplinas e foi feita via sistema gerenciador de aprendizagem da própria
instituição. No caso da disciplina Tecnologia Educacional para Educação a
Distância a coleta foi no início de julho de 2006 e nas demais entre os dias 15
e 20 de dezembro de 2006.
62
Participações
dos alunos no
rum de uma
disciplina X
Participações
dos alunos no
rum de uma
disciplina X
são divididas em
npicos
Cada participação de
um aluno em um tópico
recebe um valor Vi de
4 posições, segundo a
obediência a cada
critérios de interação
Vt=
Combina Vi
recebido
com Vi
anteriores
O valor obtido é
transformado para
hexadecimal. Cada
aluno obm um
valor Vt,indicador
do nível de sua
interação
naquele tópico
O nível de interação na
disciplina X de um aluno
(Vd) é um número
hexadecimal, resultado da
combinação dos valores
Vt obtidos para cada
pico.
Legenda:
Vt: Nível de interação de um aluno em um tópico
Vd: Nível de interação de um aluno em uma disciplina
Participações
dos alunos no
rum de uma
disciplina X
Participações
dos alunos no
rum de uma
disciplina X
são divididas em
npicos
Cada participação de
um aluno em um tópico
recebe um valor Vi de
4 posições, segundo a
obediência a cada
critérios de interação
Vt=
Combina Vi
recebido
com Vi
anteriores
O valor obtido é
transformado para
hexadecimal. Cada
aluno obm um
valor Vt,indicador
do nível de sua
interação
naquele tópico
O nível de interação na
disciplina X de um aluno
(Vd) é um número
hexadecimal, resultado da
combinação dos valores
Vt obtidos para cada
pico.
Legenda:
Vt: Nível de interação de um aluno em um tópico
Vd: Nível de interação de um aluno em uma disciplina
Inicialmente foi feita uma análise quantitativa dos dados, isto é, foi
apurado o total de mensagens enviada por cada aluno (Figura 3- etapa 3.1a)
nas três disciplinas.
Por sua vez o trabalho de avaliação qualitativo (Figura 3- etapa 3.2a)
foi dividido por disciplina e conseqüentemente por tópico de discussão (Figura
4). Cada participação do aluno no fórum a respeito de um determinado tema
foi lida pela autora (Figura 3- etapa 3.2b) e avaliada tendo os critérios de
interação como base (Figura 3- etapa 3.2c).
Figura 4 - Processo de avaliação do nível de interação
Considerando a existência de apenas duas possibilidades para cada
critério, ou seja, a obediência (um) ou não (zero) ao mesmo (sistema binário),
teremos dezesseis possíveis combinações (Tabela 2), para as quais foram
atribuídos valores que vão de zero a quinze, associando-os assim ao sistema
hexadecimal de numeração. Essa associação com o sistema hexadecimal
ocorreu de forma natural, uma vez que são quatro critérios e a associação
facilita a avaliação.
63
Tabela 2- Associação dos critérios de interação
com o sistema hexadecimal
C4 C3 C2 C1 Valor
Hexadecimal
1 1 1 1 F
1 1 1 0 E
1 1 0 1 D
1 1 0 0 C
1 0 1 1 B
1 0 1 0 A
1 0 0 1 9
1 0 0 0 8
0 1 1 1 7
0 1 1 0 6
0 1 0 1 5
0 1 0 0 4
0 0 1 1 3
0 0 1 0 2
0 0 0 1 1
0 0 0 0 0
A avaliação de cada estudante por tópico (Figura 3- etapa 3.2d)
considerou o valor dos quatro bits indicativos de obediência ou não aos
critérios C1-C2-C3-C4 (nessa ordem) e sua conversão final em um valor
hexadecimal. Assim, um aluno que obedecesse a todos os quesitos teria
como resultado ‘1111’, que geraria o valor final ‘F’. De forma similar, um outro
estudante que tivesse se limitado a responder o estritamente necessário no
fórum receberia ‘0001’, que resultaria em ‘1’.
Se por acaso existissem mais de uma participação do mesmo aluno
naquele tópico e cada uma obedecesse a critérios diferentes, ou seja,
recebessem valor ‘1’ em outros bits do número binário de tamanho quatro,
haveria uma combinação dos resultados em um só valor.
64
Por exemplo, suponha que exista a discussão no fórum sobre o tema
“inclusão digital”, tendo como questionamento “Como está a inclusão digital
em nosso país?”. Assuma a participação de um determinado aluno por duas
vezes nesse tópico.
Em uma primeira mensagem ao fórum o estudante poderia somente
responder sobre sua opinião sobre o assunto pedido. Logo, ele receberia ‘1’
no critério de objetividade.
Passado algum tempo, o aluno pode resolver compartilhar com seus
colegas a respeito de uma história que aconteceu com sua vizinha, que não
tinha computador e nem acesso a Internet, por exemplo. A partir daí
considera-se que o estudante já está tentando extrapolar o assunto, trazendo-
o para situações do seu dia a dia e sendo assim, o mesmo receberia valor ‘1’
no critério de aplicação.
O valor total do nível de sua interação nesse tópico seria então ‘1001’,
que é a combinação da avaliação de suas duas participações e resultaria no
valor hexadecimal ‘9’. Caso as mesmas tivessem obedecido a critérios iguais,
não haveria necessidade de combiná-las.
Terminados todos os temas em debate daquela disciplina, a
formação de um número hexadecimal por aluno (Figura 3- etapa 3.2e),
composto por algarismos de 0 (zero) a F (nível de interação por tópico)
distribuídos em tantas posições quanto forem os tópicos em uma disciplina.
Esse valor será o nível de interação total do aluno naquela disciplina. Por
exemplo, se esse valor for igual a ‘0’, significa que aquele aluno não
participou em nenhum momento das discussões no fórum.
65
O próximo passo foi avaliar o nível de interação dos estudantes e
relacioná-lo aos estilos de aprendizagem apurados (Figura 3- etapas 4c e 4d).
Com este objetivo se optou por dividir os alunos em dois grupos (Figura 3-
etapa 4b) a fim de estudá-los com mais detalhes.
Para selecionar o primeiro grupo, aplicou-se o limite de interação
mínimo (MIN), definido na etapa 3b (Figura 3). Alunos que tivessem valor de
interação igual ou superior ao valor mínimo, especificado para cada disciplina,
ficariam no grupo A. Da mesma forma, quem obtivesse baixa interação
segundo esse critério, seria inserido no grupo B.
Outro tipo de resultado obtido (Figura 3- etapa 4e) foi por meio do
cálculo da quantidade de vezes que cada aluno obedeceu a cada um dos
critérios estipulados de interação (C1, C2, C3 e C4). Optou-se nesse caso por
não utilizar a divisão por grupos.
Adicionalmente, na etapa 5a (Figura 3) foram calculados o tamanho, a
complexidade e a densidade da rede de contatos estabelecida no fórum
estudado, a fim de auxiliar nas conclusões do estudo.
Finalmente, na etapa 6a da Figura 3 todos os resultados obtidos foram
analisados por meio de ferramentas estatísticas.
3.6 Tratamento dos Dados
3.6.1 Limpeza dos Dados
Na fase de limpeza dos dados (Figura 3- etapa 4a) inicialmente foi
necessário confrontar a situação dos alunos (se ainda matriculados ou não)
no curso no semestre de ocorrência das disciplinas. Isso para que não se
66
julgasse que um aluno não estava participando, quando na verdade ele havia
se evadido do mesmo. Essa observação é importante pelo fato que no EaD
ainda tem-se que lidar com um número grande de desistentes.
No primeiro semestre de 2006 houve dois desistentes dentre os que
participaram da pesquisa e no segundo oito. Os motivos para a evasão foram
vários, dentre eles: falta de tempo, problemas de saúde e problemas
financeiros. Assim, tomou-se cuidado de não incluir os alunos desistentes nas
conclusões do estudo.
3.6.2 Tratamento Estatístico
O tratamento estatístico dos dados (Figura 3- etapa 6a) iniciou-se com
a aplicação do teste não-paramétrico de Mann-Whitney (SIEGEL, 1975) na
comparação de cada dimensão dos modelos de estilos de aprendizagem com
os critérios de avaliação da interação. A escolha desse tipo de teste ocorreu
em função dos tamanhos dos grupos amostrais. Adotou-se p 0,05 como
nível de significância.
Outra análise no qual ele foi adotado foi na comparação das
dimensões dos inventários de estilos de aprendizagem com o número total de
mensagens enviadas no fórum.
Para verificar a predominância dos gêneros de estudante em cada
dimensão dos estilos de aprendizagem, optou-se pela utilização do teste
exato de Fisher.
Todos os resultados obtidos com a aplicação das ferramentas
estatísticas são expostos e analisados na próxima seção.
67
4. Resultados
Tendo em vista os objetivos da pesquisa que eram verificar a distribuição dos
estilos de aprendizagem em uma turma de EaD e em seguida averiguar se existe
relação entre essa distribuição e o nível de interação na sala virtual, foram obtidos
dois tipos de resultados: os da distribuição dos estilos e os relacionados ao nível de
interação.
4.1 Distribuição dos estilos de Aprendizagem
A análise dos dados coletados (Gráfico 4) com relação aos estilos do modelo
de Felder e Silverman (1988) apontou que o perfil predominante dos alunos é: ativo
(60%), sensorial (80%), visual (69%) e seqüencial (77%). Percebe-se uma grande
diferença de valores entre as dimensões, de maneira que se pode visualizar um
perfil bem característico para os alunos.
Gráfico 4- Estilos de aprendizagem dos alunos de Licenciatura em Computação segundo o inventário
de Felder e Soloman (1991)
60%
40%
80%
20%
69%
31%
77%
23%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Perfil dos alunos segundo Felder e Soloman (1991)
Ativo
Reflexivo
Sensorial
Intuitivo
Visual
Verbal
Sequencial
Global
68
Com relação aos Gráficos 5 e 6, os valores representados em porcentagem
são relativos, isto é, considera-se para cada dimensão, a razão entre o número de
indivíduos do mesmo sexo com essa característica e divide-se pelo número total de
indivíduos do mesmo sexo.
Gráfico 5- Distribuição dos estilos de aprendizagem dos estudantes do sexo feminino segundo Felder
e Soloman
Gráfico 6- Distribuição dos estilos de aprendizagem dos estudantes do sexo masculino segundo
Felder e Soloman
100%
0
100%
0
80%
20%
80%
20%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Distribuição dos estilos dos alunos do sexo feminino segundo Felder e Soloman
Ativo
Reflexivo
Sensorial
Intuitivo
Visual
Verbal
Sequencial
Global
53%
47%
77%
23%
67%
33%
77%
23%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Distribuição dos estilos dos alunos do sexo masculino segundo Felder e Soloman
Ativo
Reflexivo
Sensorial
Intuitivo
Visual
Verbal
Sequencial
Global
69
É possível observar que o perfil predominante das mulheres coincidiu com o
perfil dos homens, ambos são ativos, sensoriais, visuais e seqüenciais. No entanto,
por meio da análise estatística vê-se que uma tendência do percentual de
mulheres ser maior na dimensão ativa do que o dos homens, o que pode ser
confirmado pelo fato das mulheres serem 100% ativas.
Inclusive, percebe-se pelo Gráfico 5 que as mulheres mostraram um perfil
bem marcante, com mais de uma dimensão atingindo 100% de abrangência. Por
outro lado, os homens (Gráfico 6) apresentaram uma distribuição dos estilos de
aprendizagem mais equilibrada, com diferenças mais sutis (por exemplo, as
dimensões ativo e reflexivo).
As combinações de estilos de aprendizagem provenientes do modelo de
Felder e Silverman (1988) existentes na turma de Licenciatura em Computação
pesquisada podem ser vistas no Gráfico 7.
Embora dentre os homens a dimensão predominante foi a ativa, quando é
feita a combinação dos estilos, curiosamente percebe-se uma maior quantidade de
homens com o estilo RSViSq, ou seja, reflexivo, sensorial, visual e seqüencial.
dentre as mulheres não diferenças entre o perfil predominante e a combinação
dos estilos.
70
Gráfico 7- Combinações de estilos segundo Felder e Silverman (A=ativo; R=reflexivo;
S=sensorial; I=intuitivo; VI=visual; VE=verbal; Sq=seqüencial; G=global; M=masculino;
F=feminino)
com relação ao inventário de Keirsey e Bates (1984), a análise dos dados
coletados mostrou que as dimensões de estilos de aprendizagem predominantes na
turma de Licenciatura em Computação foram (Gráfico 8): extrovertido (60%),
sensorial (60%), racional (57%) e estruturado (89%). É digna de nota a grande
predominância de alunos estruturados, assim como o certo equilíbrio existente entre
as dimensões racional e emocional.
20%
14%
11%
9%
9% 9%
6%
6%
3% 3% 3% 3%
3%
3%
2%
4%
6%
8%
10%
12%
14%
16%
18%
20%
M M M F M M M M M M M F M F
Sq
Sq Sq Sq
G
Sq
G
Sq Sq
G G
Sq Sq
G
VI VI VE VI VI VE VI VI VE VE VI VE VE VI
S
S S S S S I I I I S S I S
R A A A A R A R A A R A R A
Combinações de perfis segundo Felder e Silverman
71
Gráfico 8- Estilos de aprendizagem dos alunos de Licenciatura em Computação segundo Keirsey e
Bates
A distribuição das preferências por estilo de aprendizagem segundo Keirsey e
Bates (1984), divididas por cada um dos sexos (valores relativos), estão ilustradas
nos Gráficos 9 e 10.
Gráfico 9- Estilos de aprendizagem dos alunos masculinos de Licenciatura em Computação segundo
Keirsey e Bates
Os estudantes do sexo masculino são em sua maioria extrovertidos,
sensoriais, racionais e estruturados. Pode-se ver em comparação com o Gráfico 8,
60%
31%
9%
60%
34%
6%
57%
40%
3%
89%
11%
0
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Perfil dos alunos de Licenciatura em Computação segundo Keirsey e Bates
Extrovertido
Introvertido
Extrov / Introv
Sensorial
Intuitivo
Sensorial/Intuitivo
Racional
Emocional
Racional/Emocional
Estruturado
Flexível
Estruturado/Flexível
53%
37%
10%
57%
37%
6%
57%
40%
3%
87%
13%
0
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Perfil
dos alunos do sexo masculino segundo Keirsey e Bates
Extrovertido
Introvertido
Extrovertido/Introvertido
Sensorial
Intuitivo
Sensorial/Intuitivo
Racional
Emocional
Racional/Emocional
Estruturado
Flexível
Estruturado/Flexível
72
que se mantém a grande diferença na dimensão estruturado, mas diferentemente,
no caso dos homens existe uma certa igualdade nas demais dimensões.
Gráfico 10- Estilos de aprendizagem dos alunos do sexo feminino de Licenciatura em Computação
segundo Keirsey e Bates
as mulheres da turma possuíam predominantemente o perfil extrovertido
(100%), sensorial (80%), racional (60%) e estruturado (100%). Chama a atenção ao
aplicar-se o teste exato de Fisher, a obtenção de p = 0.03, ou seja, há uma diferença
significativa no número de mulheres que percentualmente são extrovertidas face aos
homens. Além disto, mais uma vez a distribuição dos perfis entre as mulheres é
composta por dimensões 100% ou quase 100% presentes.
De forma sucinta, pode-se destacar na turma pesquisada a existência das 16
combinações de estilos segundo Keirsey e Bates (1984) (Gráfico 11). uma maior
concentração geral dos perfis ESTJ e ISFJ, o que demonstra uma preferência dos
alunos por regras bem definidas e pelo lado prático. Tanto entre os homens como
entre as mulheres, o perfil predominante é o ESTJ.
100%
0
0
80%
20%
0
60%
40%
0
100%
0
0
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Perfil dos alunos do sexo feminino segundo Keirsey e Bates
Extrovertido
Introvertido
Extrovertido/Introvertido
Sensorial
Intuitivo
Sensorial/Intuitivo
Racional
Emocional
Racional/Emocional
Estruturado
Flexível
Estruturado/Flexível
73
Gráfico 11- Combinações de estilos segundo Keirsey e Bates (E=extrovertido; I=introvertido;
S=sensorial; N=intuitivo; T=racional; F=emocional; J=estruturado; P=flexível; M=masculino;
F=feminino)
4.2 Avaliação da Interação
4.2.1 Tamanho, Complexidade e Densidade
A rede de comunicação no fórum possuía tamanho igual a trinta e seis,
que representa o número de estudantes pesquisados e aptos a interagir,
excluindo o tutor.
Aplicando-se a fórmula (2), tem-se que a complexidade da rede, ou
seja, o número de possíveis ligações entre os 36 membros era de 630.
Por fim, obteve-se para a densidade (fórmula (1)) o valor de 0.43, ou
seja, a interação no fórum dessa turma representou menos da metade do
máximo possível.
23%
11%
9%
6%
6%
6%
6%
6%6%
3%
3%
3%
3%
3%
3%
3% 3%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
M M M F M M M M M F M F F M M M M
J J J J J P J P J J J J J J J J J
T F T T T F F F F F T/FF T T T T T
S S S
S N N N N N S S S NS/NNS/NS
E I I E E E E I E/I E E E E E I I E/I
Combinações de perfis segundo Keirsey e Bates
74
4.2.2 Análise Quantitativa
A análise quantitativa do número de participações no fórum (Figura 3-
etapa 3.2b) apurou um total de 272 mensagens: 86 delas na disciplina de
TEEAD, 46 na de FE e 140 mensagens na disciplina SE.
Aplicando-se o Limite Mínimo de Interação foi possível selecionar os
alunos que mais participaram dos fóruns em termos numéricos. Com isso
verificou-se uma predominância de 83% de ativos, 83% sensoriais e 66% de
visuais, segundo o inventário de Felder e Soloman (1991). A análise
estatística por meio da aplicação do teste não-paramétrico de Mann-Whitney
confirma o fato dos indivíduos ativos apresentarem valores superiores de
envio de mensagens.
com relação ao segundo inventário utilizado, verificou-se que 66%
dos alunos eram extrovertidos, 83% de sensoriais e 66% emocionais.
4.2.3 Análise Qualitativa
Com relação à avaliação qualitativa da interação, correspondente à
etapa 3.2b da Figura 3, obteve-se um valor único por aluno representativo da
interação em cada disciplina.
Assim, a disciplina Tecnologia Educacional para Educação a Distância
continha quatro assuntos a serem debatidos, os quais foram avaliados
separadamente e posteriormente combinados, resultando nos valores
apresentados na Tabela 3.
75
Tabela 3- Freqüência de valores de interação em TEEAD para os 36 alunos
Valores Quantidade %
0000 13
36%
1000 4
11%
1111 3
8%
1100 2
6%
1110 2
6%
5911 1
3%
5500 1
3%
0900 1
3%
7000 1
3%
9000 1
3%
9110 1
3%
1500 1
3%
998D 1
3%
B111 1
3%
1551 1
3%
1011 1
3%
9500 1
3%
36 100%
Percebe-se a existência de uma grande porcentagem de alunos que
não se manifestou durante as discussões (36%) ou somente interagiu uma
única vez no fórum (19,5%). Cerca de 86% dos alunos cumpriu menos ou o
mínimo esperado (pelo menos uma participação em todos os tópicos) de
interação na disciplina.
A segunda disciplina avaliada foi a Filosofia da Educação, a qual
continha dois tópicos de discussão.
Tabela 4- Freqüência de valores de interação em Filosofia da Educação para os 36 alunos
Valores Quantidade
%
00 18
50%
11 9
25%
10 2
6%
01 1
3%
05 1
3%
06 1
3%
0D 1
3%
13 1
3%
53 1
3%
77 1
3%
36 100%
76
Nota-se pela Tabela 4 que metade da turma não participou de
nenhuma discussão na disciplina de Filosofia da Educação e que 91,6% dos
alunos interagiu minimamente ou abaixo do nível esperado.
Por fim, a disciplina Sociologia da Educação foi a que continha o
número maior de temas para debate (seis no total), o que causou uma
distribuição maior dos valores de interação (Tabela 5).
Tabela 5- Freqüência de valores de interação em Sociologia da Educação para os 36 alunos
Valores Quantidade
%
000000 16
44%
111131 2
6%
111111 2
6%
115111 2
6%
101100 1
3%
111000 1
3%
111100 1
3%
111191 1
3%
111511 1
3%
177BF7 1
3%
315700 1
3%
370737 1
3%
503005 1
3%
515B15 1
3%
717995 1
3%
F00000 1
3%
F31115 1
3%
F775D5 1 3%
36 100%
Em seguida buscou-se analisar a distribuição dos estilos dentro dos
dois subconjuntos de alunos (grupos A e B). Com relação ao modelo de
Felder e Silverman (1988), no grupo A o perfil coincidente de um modo geral
foi ativo-sensorial-visual-seqüencial. Essa predominância inclusive se mostra
de forma bastante semelhante nas três disciplinas, tal como mostra o Gráfico
12.
77
Gráfico 12- Estilos de aprendizagem predominantes no grupo A segundo modelo de Felder e
Silverman
Outro ponto interessante é a concentração de indivíduos com
comportamento mais verbal em disciplinas mais teóricas como Sociologia da
Educação e Filosofia da Educação.
Os indivíduos ativos em comparação aos reflexivos, obtiveram valores
significativamente superiores na obediência ao critério de objetividade C1
(Tabela 6). Isso significa que os indivíduos ativos foram os que mais
responderam às perguntas de forma objetiva.
Tabela 6- Comparação Ativo/Reflexivo com C1
Critério de
objetividade
n mediana média Desvio padrão
Ativo 21 7,00 6,67 3,73
Reflexivo 15 1,00 2,73 3,84
p= 0.003
77%
76%
75%
85%
88%
92%
77%
59%
58%
69%
76%75%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
ativos sensoriais visuais sequenciais
Estilos de aprendizagem segundo Felder e Silverman predominantes no grupo A
TEEAD
SE
FE
78
Da mesma forma, os ativos também se sobressaíram quanto ao critério
C2 denominado ‘relação’. Embora não haja uma diferença significativa,
uma tendência dos ativos apresentarem valores superiores nesse critério
(Tabela 7).
Tabela 7- Comparação Ativo/Reflexivo com C2
Critério de relação n mediana média Desvio padrão
Ativo 21 1,00 1,10 1,67
Reflexivo 15 0,00 0,47 1,36
p= 0.08
Nesta análise estatística não foram percebidas diferenças significativas
nas demais dimensões do modelo de Felder e Silverman (1988) em relação
aos critérios de interação.
Conforme o modelo de Keirsey e Bates (1984), o grupo A foi
predominantemente extrovertido, sensorial, emocional e estruturado. Chama
a atenção na disciplina FE a dimensão emocional-racional, no qual o grupo
ficou composto por 50% de racionais, 42% de emocionais e 8% de
emocionais/racionais, ou seja, com uma pequena diferença entre as
dimensões principais. Essa diferença praticamente não aconteceu no que diz
respeito às dimensões estruturado-flexível e sensorial-intuitivo.
79
Gráfico 13- Estilos de aprendizagem predominantes no grupo A segundo modelo de
Keirsey e Bates
Passando a análise para o grupo B, isto é, o grupo dos alunos com
menor interação no fórum, se chegou a um resultado um pouco diferente do
grupo A.
Gráfico 14- Estilos de aprendizagem predominantes no grupo B segundo modelo
de Felder e Silverman
54%
76%
67%
85%
76%
83%
62%
53%
50%
85%
88%
92%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
extrovertidos sensoriais emocionais estruturados
Estilos de aprendizagem predominantes no Grupo A segundo Keirsey e Bates
TEEAD
SE
FE
67%
73%
67%
80%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Estilos de aprendizagem predominantes
no Grupo B
segundo Felder e Silverman
reflexivos
sensoriais
visuais
seqüenciais
80
Observando-se o Gráfico 14 vê-se que o grupo B era
predominantemente seqüencial e reflexivo, ao contrário do outro grupo.
com relação às outras dimensões não foi percebida nenhuma diferença
significativa.
Sob o modelo de Keirsey e Bates o grupo B (Gráfico 15) também
conseguiu resultados bem semelhantes ao grupo A. A única diferença foi
quanto à dimensão racional-emocional, no qual os que menos interagiram se
mostraram mais racionais.
Gráfico 15- Estilos de aprendizagem predominantes no grupo B segundo
modelo de Keirsey e Bates
Uma informação importante é que do total de alunos do grupo B, 42% é
composto por indivíduos que se evadiram do curso. Ao analisar-se o perfil
predominante desses alunos evadidos, o mesmo foi coincidente com os
demais do grupo B.
57%
50%
71%
86%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Estilos de aprendizagem predominantes no Grupo
B
segundo Keirsey e Bates
extrovertidos
sensoriais
racionais
estruturados
81
5. Discussão
5.1 Distribuição dos Estilos de Aprendizagem
Com relação à distribuição dos estilos de aprendizagem, percebe-se uma
presença marcante dos alunos do tipo ativo-sensorial-visual-seqüencial. Esse perfil
assemelha-se ao perfil do estudante enunciado por Felder e Silverman (1988), os
quais verificaram a existência de uma grande parte de alunos sensoriais, em
contraposição ao grande número de professores intuitivos, focados mais em
abstrações e modelos matemáticos. Além disso, os autores acrescentam outra
discrepância causada pela grande presença dos estudantes visuais, enquanto que
cerca de 90% das disciplinas ministradas são essencialmente dirigidas aos verbais.
Embora o número de indivíduos do sexo feminino comumente ser reduzido
em cursos da área de informática, vê-se que não houve alteração no perfil
comparado com o dos homens.
Acredita-se que as dimensões encontradas estejam também de acordo com o
perfil do curso de Licenciatura em Computação. Pelo fato do mesmo ter o objetivo de
formar professores de informática, exige dos indivíduos uma comunicação mais
apurada, com um bom relacionamento com os demais (dimensão ativa), assim como
uma aptidão maior para as atividades essencialmente técnicas e práticas (dimensão
sensorial). A parte visual é facilmente justificada pelos estímulos visuais do
computador, que faz com que aprendam melhor ao lidar com representações
gráficas do que a serem expostos a longas explanações e atividades de leitura. Da
mesma forma, o fato deles serem em sua maioria seqüenciais é explicado pela
82
necessidade do aluno ter uma visão mais linear e passo a passo dos processos a
fim de poder programá-los no computador.
Os dados nos permitem visualizar que o perfil predominante entre os alunos
segundo Keirsey e Bates (1984) é ESTJ (extrovertido/sensorial/racional/estruturado),
logo os mesmos apresentam uma predileção por atividades que exijam contato com
outras pessoas, são práticos, tomam decisões tendo por base a lógica e regras
previamente estabelecidas e têm tendência a organizar-se e a orientar sua vida de
maneira estruturada.
É curioso notar que, segundo os mesmos autores, a maioria dos professores
de engenharia em suas disciplinas direcionam o desenvolvimento de suas atividades
para os introvertidos, intuitivos, racionais e estruturados (INTJ).
Portanto, os resultados obtidos mostram que os alunos do curso a distância
em Licenciatura em Computação têm um perfil oposto ao citado em duas das
dimensões: 60% são extrovertidos e 60% são sensoriais.
No trabalho de Belhot, Freitas e Dornellas (2005) realizado com alunos de
engenharia de produção e no qual também foram aplicados os dois inventários
utilizados nesta pesquisa, os resultados obtidos vão de encontro dos citados acima.
O perfil predominante foi ativo, sensorial, visual e global no que diz respeito ao
modelo de Felder e Silverman (1988) e no de Keirsey e Bates (1984) os alunos
apresentaram o perfil extrovertido, intuitivo, racional e estruturado. Vê-se assim que
com exceção das dimensões seqüencial-global e sensorial-intuitivo, o que pode ser
explicado pelo próprio perfil dos cursos, os resultados convergem.
A possível associação com o curso de engenharia, ocorre pelo fato do curso
de Licenciatura em Computação também ter uma parte bem característica das
ciências exatas. Logo, imagina-se que os professores também possam estar
83
privilegiando o tipo introvertido e intuitivo em seu modo de ensinar ao enfatizarem
essencialmente os conceitos abstratos, teorias e modelos matemáticos e deixarem
em segundo plano os métodos práticos (em auxílio aos extrovertidos e sensoriais).
O que se espera não é a adoção de uma única forma de ensinar, mas sim
que ocorra uma diversidade nas estratégias de ensino. No EaD, o que se na
maioria das vezes é a estipulação de uma maneira de ensinar: os alunos devem
ler o material didático (teórico e estático) e postar suas considerações nas
ferramentas da sala virtual, que para agravar mais a situação, não são utilizadas da
maneira esperada, constituindo na maioria das vezes em estruturas sem o mínimo
de interação.
O que se questiona é se esse modelo de ensino realmente é atrativo para
alunos do tipo ativo, por exemplo, que necessitam de trocar idéias, se comunicar
com os colegas para poder adquirir a compreensão do assunto. Ou mais, se os
estudantes sensoriais estão ficando satisfeitos, tendo em vista que a abordagem tem
sido na maioria teórica, uma vez que os materiais são compostos de apostilas
estáticas e os sistemas gerenciadores de aprendizagem são ineficientes em termos
de promover a interação.
5.2 Avaliação da Interação
De um modo geral percebeu-se que a interação em todas as disciplinas ficou
muito aquém do seu potencial. Isso pode ser confirmado pelas análises da
densidade, tamanho e complexidade da rede de discussão presente. A análise
quantitativa é apresentada com o intuito de complementar os resultados obtidos por
meio da análise qualitativa.
84
5.2.1 Tamanho, Complexidade e Densidade
O número máximo de possíveis ligações na rede de discussões corresponde
a 630, ou seja, em cada disciplina havia 630 opções de comunicação entre os
alunos por vez. Se analisarmos que o número de mensagens total nas três
disciplinas selecionadas foi de 272 mensagens, tem-se que esse número
corresponde a 14,4% do potencial de comunicação existente.
Essa é uma porcentagem que associada com a baixa densidade da rede, nos
indica que o fórum não está sendo um recurso utilizado pelos alunos, que
conseqüentemente não estão sendo afetados pelos benefícios da discussão
colaborativa e nem tampouco vêem essa ferramenta como sendo útil ao seu
aprendizado.
As análises a seguir poderão contribuir para um maior entendimento dos
motivos desta baixa interação.
5.2.2 Análise Quantitativa
A pesquisa mostrou que os indivíduos do tipo ativo tiveram maior
participação no fórum do que os reflexivos, ou seja, os mesmos postaram um
maior número de respostas no fórum.
Isso confirma as características esperadas, que os ativos apreciam
discutir e trabalhar em grupo, enquanto que os reflexivos preferem processar
as informações introspectivamente. Logo, o fato dos reflexivos participarem
menos pode significar que esses indivíduos lêem e refletem sobre as
intervenções no fórum, mas preferem não se manifestar publicamente. No
entanto, a confirmação dessa afirmação só seria possível por meio do registro
85
do número de acessos ao fórum desses alunos e por meio da suposição de
que em todo acesso eles liam as contribuições dos demais.
Os sensoriais segundo Felder e Soloman (1991) necessitam de ter
contato com o lado prático do assunto e perceber como as coisas funcionam
na realidade. Um modo de fazer isto é por meio das trocas de mensagens e
experiências no fórum e talvez por isso eles constituam outra dimensão
dominante.
Outro ponto importante foi a alta porcentagem de indivíduos
extrovertidos, sensoriais e emocionais, segundo Keirsey e Bates (1984). Os
dados também se relacionam uma vez que os extrovertidos gostam de estar
em contato com outras pessoas e de demonstrar emoções. Os sensoriais são
estimulados pelos sentidos, pela experiência e dados reais. Isso só é possível
também por meio de contato com as pessoas. Finalmente, os emocionais têm
uma natureza mais cooperativa e solidária e procuram ser amigáveis e
interessados nos relacionamentos.
O prisma quantitativo, por sua natureza, possui algumas restrições que
nos impedem de ter uma visão totalmente real do quadro em questão, uma
vez que uma alta quantidade de participações não representa
necessariamente uma boa interação. Por isso, na próxima seção será
estendida essa análise por meio do enfoque mais qualitativo.
5.2.3 Análise Qualitativa
É possível observar que a quantidade de alunos com valores de
interação satisfatórios por disciplina ficaram muito abaixo do esperado. Isso
86
causa estranheza, uma vez que a atividade no fórum é avaliada pelo
professor e tem uma porcentagem considerável na nota final.
Em TEEAD somente 19,4% dos alunos responderam a todos os
tópicos do fórum. Na disciplina de Filosofia da Educação o panorama não é
diferente. 11% dos alunos cumpriram a atividade por completo.
Finalmente, os dados apontam que na disciplina Sociologia da Educação o
interesse dos alunos foi maior, uma vez que 36% deles responderam a todos
os tópicos. A Tabela 8 apresenta a relação numérica e percentual dos níveis
de interação que estes alunos obtiveram em cada disciplina.
Tabela 8- Número e porcentagem dos alunos relacionados ao nível de interação
TEEAD FE SE
Objetividade (C1) 7 (100%) 4 (100%) 13 (100%)
Relação (C2) 3 (43%) 3 (75%) 6 (46%)
Análise Crítica (C3) 1 (14,3%) 2 (50%) 7 (54%)
Aplicação (C4) 3 (43%) 0 6 (46%)
De modo geral, percebe-se que ainda é difícil para os alunos transpor a
teoria discutida para a vida real (critério C4). A análise crítica (critério C3) fica
em segundo lugar em termos de dificuldade, pois poucos alunos têm coragem
de expressar suas próprias opiniões e questionar as que estão sendo
apresentadas a eles. Vê-se também uma tendência dos alunos comentarem
as mensagens dos colegas (critério C2). Embora esse comentário não seja na
maioria das vezes de forma questionadora, ainda sim é um aspecto
importante que pode ser um indício de que é possível haver diálogo e
demonstração de interesse nas discussões do fórum.
87
Ao se analisar todos os alunos que tinham valor de interação maior ou
igual ao limite mínimo (grupo A) com relação aos seus estilos de
aprendizagem no modelo de Felder e Silverman (1988), vê-se que os
resultados estão de acordo com o perfil esperado deste aluno mais
comunicativo.
Os estudantes sensoriais têm necessidade de perceberem algum
aspecto prático ou real no assunto estudado, a fim de perceberem sua real
utilidade. A troca de idéias e experiências via fórum pode surgir como uma
forma de suprir essa lacuna.
Os alunos com dimensão ativa precisam desde contato via ferramenta
virtual para se sentirem menos isolados, uma vez que são indivíduos
naturalmente adeptos da troca de idéias em grupo.
Por último, a presença da dimensão visual nos alunos do grupo A está
mais relacionada com o perfil do curso em si, que é composto quase que
puramente de estímulos visuais do que propriamente com a interação.
O fato da análise estatística ter indicado que os ativos foram os que
atingiram níveis mais altos no critério de objetividade e no critério de relação
parece estar associado mais aos tipos de mensagens predominantes no
fórum com relação aos critérios. Como o fórum é utilizado mais como um
“repositório de respostas” a uma só pergunta e poucos comentários paralelos,
acrescido do fato dos ativos serem maioria, naturalmente eles são os que
mais agem desta forma.
Os resultados são confirmados pelo estudo de Fahy, Crawford e Ally
(2001) que analisou o conteúdo de 462 mensagens de alunos de um curso a
88
distância e constatou que mais da metade dessas mensagens (52%) eram de
resposta direta e objetiva, enquanto 21% continham alguma reflexão.
A análise segundo o modelo de estilos Keirsey e Bates (1984) também
indicou algumas tendências. Cerca de 82% dos estudantes que tiveram um
índice de interação considerado satisfatório eram categorizados como tendo o
estilo extrovertido (KEIRSEY; BATES, 1984), que pela característica sociável
são naturalmente adeptos e entusiastas ao contato com outras pessoas.
As outras dimensões predominantes envolvem as características
sensorial, emocional e estruturado. Da mesma forma, o aspecto sensorial se
faz presente indicando uma busca por certezas e experiências do mundo real.
A dimensão emocional acrescenta o aspecto do sentimento à
comunicação, de forma que as pessoas carecem da troca de mensagens para
se sentirem pessoas mais humanas.
Por fim, a perspectiva estruturada relaciona-se com a necessidade de
disciplina, objetividade, precisão e de obedecer a normas e regras pré-
estabelecidas. Essa última dimensão pode ter contribuído para que os alunos
assumissem e cumprissem o compromisso de participar de todas as
interações no fórum, mas está mais relacionada ao perfil do curso escolhido.
De forma complementar, a análise dos resultados do grupo B, sob o
enfoque de Felder e Soloman (1991), mostra que a maioria dos alunos na
situação de baixa interação possui o perfil reflexivo-sensorial-visual-
seqüencial. Comparando esse perfil com o do grupo A, percebe-se que a
única dimensão conflitante é a ativo-reflexivo, uma vez que as demais não
apresentam variação.
89
Em relação ao inventário de Keirsey e Bates (1984), embora as
dimensões extrovertido e sensorial tenham obtido valores bem próximos do
equilíbrio, o que chama a atenção é a predominância da dimensão racional.
Ela caracteriza indivíduos mais impessoais, que valorizam mais a
lógica do que os relacionamentos e que necessitam manter uma seqüência
lógica a fim de tomar uma decisão. Talvez por isso, os mesmos se sintam
desorientados em discussões no fórum em que não um direcionamento
correto (ou lógico) das participações e uma intervenção coerente do tutor a
fim de orientar os rumos do estudo. Isto pode constituir em uma das causas
da alta taxa de evasão dentre esses mesmos alunos.
De modo geral os resultados obtidos dão indícios que o modo como
está sendo usada a ferramenta fórum está atingindo e motivando alunos
preferencialmente do tipo ativo (FELDER; SILVERMAN, 1988) e tendo baixa
atração para os alunos com os demais perfis.
Além disso, os dados mostram que esses mesmos alunos ainda não
estão aptos a interagirem de uma forma mais benéfica para seu próprio
aprendizado, pois muitos estão interessados em responder objetivamente
o que o professor perguntou e assim cumprir a tarefa. Quando muito,
conseguem emitir alguns comentários sobre as mensagens dos colegas, mas
muitas vezes são comentários desprovidos de reflexão e análise crítica.
Vê-se assim que o EaD deve começar a priorizar a qualidade do ensino
pelo maior estímulo à interação e pela maior flexibilidade e capacidade de
adaptação dos materiais instrucionais e dos sistemas gerenciadores de
aprendizagem, a fim de atender uma ampla faixa de alunos de forma
adequada.
90
6. Considerações Finais
O conhecimento da distribuição dos estilos dos alunos que permanecem em
um curso a distância é interessante para os discentes, que podem se autoconhecer
e compreender melhor seus pares. Além disso, ajuda aos docentes a como planejar
melhor as atividades do curso de modo a torná-lo mais atraente para os alunos,
deixando de satisfazer somente a uma pequena parcela.
Uma vez que o EaD se propõe a ter um estilo de ensino mais individualizado,
que vai de encontro às necessidades e disponibilidades de horário e espaço dos
alunos, seria interessante que esta modalidade também se atente às diferentes
necessidades de aprendizagem dos mesmos.
As abordagens para atender esses alunos devem ser outras, pois as
ferramentas disponíveis são variadas, tais como a lista, o bate-papo e o fórum. A
conexão principal que se terá com o aluno será por meio das palavras escritas, logo,
se faz importante levar em conta muitas questões que são ignoradas na sala de aula
presencial.
Infelizmente a potencialidade de ferramentas como o fórum, ainda é mal
aproveitada por vários motivos, dentre eles a falta de intimidade do professor e a
dificuldade dos alunos com este tipo de aprendizagem dinâmica e interativa. Na
sociedade atual o trabalho é realizado cada vez mais de forma cooperativa, mas
nem sempre se vêem pessoas preparadas para atuar dessa forma, pois ela exige
uma maior flexibilidade para aceitar as idéias do outro e saber se posicionar de
forma clara.
Essa atitude pode ser mais natural para os indivíduos do tipo ativo e talvez
por isso eles constituam maioria dentre os alunos com mais interação no fórum.
91
Assim como pode se tornar mais dificultoso para os racionais. Logo, confirma-se a
hipótese geral de que uma relação entre os estilos dos alunos nos dois modelos
e seus comportamentos nas discussões no fórum.
Com relação aos níveis de interação, se pode perceber relação entre os
critérios C1 e C2 e a dimensão ativa do modelo de Felder e Silverman. Isso
confirma as hipóteses H1 e H3 de que esses critérios são influenciados pelo estilo
de aprendizagem deste modelo.
Não foram encontradas evidências sobre os demais critérios, o que pode nos
levar a pensar que o modo como o fórum está sendo estruturado não está
propiciando condições dos alunos de outros tipos interagirem e assim atingirem
esses níveis mais avançados de interação. Talvez em uma pesquisa com um maior
número de alunos e registros de discussões isso possa ficar mais claro.
Assim, dentre as contribuições deste estudo pode ser citada a identificação
dos estilos de aprendizagem dos alunos de Licenciatura em Computação a
distância, segundo os modelos de Felder e Silverman (1988) e Keirsey e Bates
(1984) e a ligação entre esses estilos e a forma como interagem no fórum da sala
virtual.
Espera-se que os outros pesquisadores se interessem pela problemática e
dêem sua contribuição para melhoria da qualidade do ensino a distância,
principalmente no que concerne ao processo de ensino e aprendizagem e o
atendimento das diferenças dos alunos.
Como sugestão de novas pesquisas têm-se o aprofundamento do estudo,
com outros cursos de áreas diferentes das de exatas, assim como de outras
instituições, a fim de se poder generalizar com mais segurança as descobertas da
relação dos estilos de aprendizagem e os níveis de interação.
92
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100
APÊNDICE A – Formulário de Dados Pessoais
Nome:______________________________________
Telefone:_____________
Idade:________
Data de nascimento: ______________
E-mail: _________________________________
Formação anterior? [ ] não [ ] sim
Qual? ________________________________________
101
ANEXO A – Inventário de Estilos de Aprendizagem de Felder e
Soloman (1991)
1.Eu compreendo melhor alguma coisa depois de
(a) experimentar (b)refletir sobre ela
2. Eu me considero
(a) realista. (b) inovador
3. Quando eu penso sobre o que fiz ontem, é mais provável que aflorem
(a) figuras. (b) palavras
4. Eu tendo a
(a) compreender os detalhes de um assunto, mas a estrutura geral pode ficar imprecisa
(b) compreender a estrutura geral de um assunto, mas os detalhes podem ficar imprecisos
5. Quando estou aprendendo algum assunto novo, me ajuda
(a) falar sobre ele. (b) refletir sobre ele
6. Se eu fosse um professor, eu preferiria ensinar uma disciplina
(a) que trate com fatos e situações reais.
(b) que trate com idéias e teorias
7. Eu prefiro obter novas informações através de
(a) figuras, diagramas, gráficos ou mapas.
(b) instruções escritas ou informações verbais
8. Quando eu compreendo
(a) todas as partes, consigo entender o todo.
(b) o todo, consigo ver como as partes se encaixam
9. Em um grupo de estudo, trabalhando um material difícil, eu provavelmente
(a) tomo a iniciativa e contribuo com idéias.
(b) assumo uma posição discreta e escuto
10. Acho mais fácil
(a) aprender fatos. (b) aprender conceitos
11. Em um livro com uma porção de figuras e desenhos, eu provavelmente
(a) observo as figuras e desenhos cuidadosamente.
(b) atento para o texto escrito
12. Quando resolvo problemas de matemática, eu
(a) usualmente trabalho de maneira a resolver uma etapa de cada vez
(b) freqüentemente antevejo as soluções, mas tenho que me esforçar muito para conceber as etapas
para chegar a elas
13. Nas disciplinas que cursei eu
(a) em geral fiz amizade com muitos dos colegas
(b) raramente fiz amizade com muitos dos colegas
14. Em literatura de não-ficção, eu prefiro
(a) algo que me ensine fatos novos ou me indique como fazer alguma coisa
(b) algo que me apresente novas idéias para pensar
15. Eu gosto de professores
(a) que colocam uma porção de diagramas no quadro
(b) que gastam bastante tempo explicando
102
16. Quando estou analisando uma estória ou novela eu
(a) penso nos incidentes e tento colocá-los juntos para identificar os temas
(b) tenho consciência dos temas quando termino a leitura e então tenho que voltar atrás para
encontrar os incidentes que os confirmem
17. Quando inicio a resolução de uma "tarefa de casa", normalmente eu
(a) começo a trabalhar imediatamente na solução
(b) primeiro tento compreender completamente o problema
18. Prefiro a idéia do
(a) certo. (b) teórico
19. Relembro melhor
(a) o que vejo (b) o que ouço
20. É mais importante para mim que o professor
(a) apresente a matéria em etapas seqüenciais claras
(b) apresente um quadro geral e relacione a matéria com outros assuntos
21. Eu prefiro estudar
(a) em grupo. (b) sozinho
22. Eu costumo ser considerado(a)
(a) cuidadoso(a) com os detalhes do meu trabalho
(b) criativo(a) na maneira de realizar meu trabalho
23. Quando busco orientação para chegar a um lugar desconhecido, eu prefiro
(a) um mapa. (b) instruções por escrito
24. Eu aprendo
(a) em um ritmo bastante regular. Se estudar pesado, eu "chego lá"
(b) em saltos. Fico totalmente confuso(a) por algum tempo, e então, repentinamente eu tenho um
"estalo"
25. Eu prefiro primeiro
(a) experimentar as coisas
(b) pensar sobre como é que eu vou fazer
26. Quando estou lendo por lazer, eu prefiro escritores que
(a) explicitem claramente o que querem dizer
(b) dizem as coisas de maneira criativa, interessante
27. Quando vejo um diagrama ou esquema em uma aula, relembro mais facilmente
(a) a figura.
(b) o que o professor disse a respeito dela
28. Quando considero um conjunto de informações, provavelmente eu
(a) presto mais atenção nos detalhes e não percebo o quadro geral
(b) procuro compreender o quadro geral antes de atentar para os detalhes
29. Relembro mais facilmente
(a) algo que fiz.
(b) algo sobre o que pensei bastante
30. Quando tenho uma tarefa para executar, eu prefiro
(a) dominar uma maneira para a execução da tarefa
(b) encontrar novas maneiras para a execução da tarefa
31. Quando alguém está me mostrando dados, eu prefiro
(a) diagramas ou gráficos
(b) texto sumarizando os resultados
103
32. Quando escrevo um texto, eu prefiro trabalhar (pensar a respeito ou escrever)
(a) a parte inicial do texto e avançar ordenadamente
(b) diferentes partes do texto e ordená-las depois
33. Quando tenho que trabalhar em um projeto em grupo, eu prefiro que se faça primeiro
(a) um debate (brainstorming) em grupo, onde todos contribuem com idéias
(b) um brainstorming individual, seguido de reunião do grupo para comparar as idéias
34. Considero um elogio chamar alguém de
(a) sensível. (b) imaginativo
35. Das pessoas que conheço em uma festa, provavelmente eu me recordo melhor
(a) da sua aparência.
(b) do que eles disseram sobre si mesmas
36. Quando estou aprendendo um assunto novo, eu prefiro
(a) concentrar-me no assunto, aprendendo o máximo possível
(b) tentar estabelecer conexões entre o assunto e outros a ele relacionados
37. Mais provavelmente sou considerado(a)
(a) expansivo(a). (b) reservado(a)
38. Prefiro disciplinas que enfatizam
(a) material concreto (fatos, dados)
(b) material abstrato (conceitos teorias)
39. Para entretenimento, eu prefiro
(a) assistir televisão. (b) ler um livro
40. Alguns professores iniciam suas preleções com um resumo do que irão cobrir. Tais
resumos são
(a) de alguma utilidade para mim.
(b) muito úteis para mim
41. A idéia de fazer o trabalho de casa em grupo, com a mesma nota para todos do grupo
(a) me agrada. (b) não me agrada
42. Quando estou fazendo cálculos longos
(a) tendo a repetir todos os passos e conferir meu trabalho cuidadosamente
(b) acho cansativo conferir o meu trabalho e tenho que me esforçar para fazê-lo
43. Tendo a descrever os lugares onde estive
(a) com facilidade e com bom detalhamento
(b) com dificuldade e sem detalhamento
44. Quando estou resolvendo problemas em grupo, mais provavelmente eu
(a) penso nas etapas do processo de solução
(b) penso nas possíveis conseqüências, ou sobre a aplicação da solução para uma ampla faixa de
áreas
104
ANEXO B – Inventário de Estilos de Aprendizagem de Keirsey e
Bates (1984)
1. Numa festa você
(a) interage com muitos, incluindo estranhos
(b) interage com poucos, seus conhecidos
2. Você se considera mais
(a) realista do que especulativo
(b) especulativo do que realista
3. É muito pior
(a) ter a "cabeça nas nuvens", ser sonhador
(b) ser escravo da rotina
4. Você é mais impressionado(a) por
(a) princípios (b) emoções
5. Você é mais atraído(a) pelo
(a) convincente (b) comovente
6. Você prefere trabalhar
(a) com prazos de entrega (b) sem amarrações
7. Você tende a escolher
(a) cuidadosamente (b) impulsivamente
8. Nas festas você geralmente
(a) permanece até tarde, com energia crescente
(b) retira-se mais cedo, com energia decrescente
9. Você se sente mais atraído(a) por
(a) pessoas sensatas (b) pessoas criativas
10. Você se interessa mais pelo
(a) real (acessível) (b) possível (pode ser atingido)
11. Ao julgar os outros, você se inclina mais para as
(a) leis do que para as circunstâncias
(b) circunstâncias do que para as leis
12. Ao tratar com outras pessoas, você tende a ser mais
(a) objetivo(a) (b) pessoal
13. Você é mais
(a) pontual (b) descompromissado
14. Incomoda-lhe mais ter as coisas
(a) inacabadas (b) concluídas
15. No seu grupo social você em geral
(a) está a par do que acontece com os outros
(b) está por fora das novidades
16. Ao realizar as tarefas de rotina, você prefere fazê-las
(a) da maneira usual (b) da sua própria maneira
105
17. Os escritores deveriam
(a) dizer as coisas com clareza
(b) expressar as idéias com o uso de analogias
18. Você é mais atraído(a)
(a) pela consistência das idéias
(b) pelas relações humanas harmoniosas
19. Você se sente mais confortável fazendo julgamentos baseados
(a) na lógica (b) em valores pessoais
20. Você prefere as coisas
(a) negociadas e decididas
(b) não negociadas e indefinidas
21. Você se definiria como mais
(a) sério(a) e firme (b) condescendente
22. Ao telefonar você
(a) está seguro(a) de que dirá tudo o que precisa
(b) ensaia de antemão o que irá dizer
23. Os fatos
(a) "falam por si mesmos"
(b) ilustram princípios
24. Os visionários lhe
(a) aborrecem (b) fascinam
25. Você é mais freqüentemente uma pessoa
(a) calculista (b) acolhedora
26. É pior ser
(a) injusto(a) (b) impiedoso(a)
27. Usualmente, deve-se permitir que as coisas aconteçam
(a) por seleção e escolha cuidadosa
(b) fortuitamente e ao acaso
28. Você se sente melhor
(a) depois de ter comprado, adquirido
(b) tendo a opção de comprar
29. Na companhia de outras pessoas, vo
(a) inicia a conversação
(b) espera ser abordado(a)
30. O senso comum é
(a) raramente questionável
(b) freqüentemente questionável
31. Com freqüência, as crianças
(a) não se fazem úteis o suficiente
(b) não exercitam suficientemente a sua imaginação
32. Ao tomar decisões, você se sente mais confortável seguindo
(a) as normas (b) a intuição
106
33. Você se considera mais
(a) firme do que gentil (b) gentil do que firme
34. Você considera mais admirável a habilidade
(a) para se organizar e ser metódico(a).
(b) para se adaptar e ser maleável.
35. Você valoriza mais o
(a) fechado, definido. (b) aberto, com opções.
36. Uma interação nova e pouco rotineira com outras pessoas
(a) o(a) estimula e revigora.
(b) consome as suas reservas de energia.
37. Você é mais freqüentemente
(a) uma pessoa do tipo prático.
(b) uma pessoa do tipo fantasioso.
38. Você tem uma maior propensão a ver
(a) como as outras pessoas são úteis.
(b) como os outros vêem.
39. É mais satisfatório
(a) discutir um assunto a fundo.
(b) chegar a um acordo sobre um assunto.
40. O que mais comanda você é
(a) a sua cabeça. (b) o seu coração.
41. Você se sente mais à vontade com um trabalho
(a) que siga um acordo pré-estabelecido.
(b) que se desenvolva sem um plano estabelecido.
42. Você tende a buscar
(a) o sistemático. (b) o imprevisto.
43. Você prefere
(a) muitos amigos com contatos superficiais.
(b) poucos amigos com contatos intensos.
44. Você se deixa guiar mais pelos
(a) fatos. (b) princípios.
45. Você se interessa mais por
(a) produção e distribuição. (b) projeto e pesquisa.
46. É mais elogioso ser considerado(a)
(a) uma pessoa muito lógica.
(b) uma pessoa muito sentimental.
47. Você se autovaloriza mais por ser
(a) decidido(a), firme.
(b) dedicado(a), devotado(a).
48. Com mais freqüência, você prefere
(a) uma afirmação final e inalterável.
(b) uma afirmação preliminar e provisória.
107
49. Você se sente mais confortável
(a) depois de tomar uma decisão.
(b) antes de tomar uma decisão.
50. Com ou para pessoas que não conhece, você
(a) conversa longamente e com facilidade.
(b) tem pouco a dizer.
51. Você confia mais em
(a) sua experiência. (b) sua intuição.
52. Você se considera
(a) mais prático(a) do que criativo(a).
(b) mais criativo(a) do que prático(a).
53. Você aprecia mais em outra pessoa
(a) a clareza do raciocínio.
(b) a força dos sentimentos.
54. Você está mais inclinado(a) a ser
(a) justo(a), imparcial. (b) compreensivo(a).
55. Na maioria das vezes, é preferível
(a) ter certeza de que esteja tudo acertado.
(b) deixar que as coisas simplesmente aconteçam.
56. Nos relacionamentos, a maior parte das coisas deveriam ser
(a) renegociáveis. (b) casuais e circunstanciais.
57. Quando o telefone toca você
(a) se apressa para atender primeiro.
(b) espera que alguém atenda.
58. Você aprecia mais em si mesmo(a)
(a) o forte senso de realidade. (b) a imaginação viva.
59. Você se sente mais atraído(a)
(a) pelos fundamentos. (b) pelas implicações.
60. Parece-lhe pior ser muito
(a) apaixonado(a), veemente.
(b) objetivo(a).
61. Você se vê, basicamente, como
(a) cabeça-dura. (b) coração-mole.
62. Atrai-lhe mais uma situação
(a) estruturada e programada.
(b) não estruturada e imprevista.
63. Você se considera uma pessoa mais
(a) rotineira do que original.
(b) original do que rotineira.
64. Você tende a ser uma pessoa
(a) de fácil aproximação. (b) algo reservada.
65. Você prefere textos
(a) mais literais. (b) mais figurativos e simbólicos.
108
66. É mais difícil para você
(a) identificar-se com os outros.
(b) utilizar-se dos outros.
67. Você prefere possuir
(a) a clareza da razão. (b) a força da compaixão.
68. É maior defeito
(a) não saber discernir. (b) ser crítico.
69. Você prefere os acontecimentos
(a) planejados. (b) imprevistos.
70. Você se considera uma pessoa mais
(a) ponderada e cuidadosa do que espontânea.
(b) espontânea do que ponderada e cuidadosa
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