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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE ENGENHARIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA
ESTUDO E DESENVOLVIMENTO DE UMA
FERRAMENTA PARA ESTIMAÇÃO DE
PARÂMETROS DE MODELOS DE CARGAS
LINEARES E NÃO-LINEARES PARA SIMULAÇÃO
DIGITAL
Dissertação submetida à
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
como parte dos requisitos para a
obtenção do grau de Mestre em Engenharia Elétrica
Raphael Ronald Noal Souza
Porto Alegre, Fevereiro de 2008
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2
ESTUDO E DESENVOLVIMENTO DE UMA FERRAMENTA
PARA ESTIMAÇÃO DE PARÂMETROS DE MODELOS DE
CARGAS LINEARES E NÃO-LINEARES PARA SIMULAÇÃO
DIGITAL
Raphael Ronald Noal Souza
Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do Título de Mestre em
Engenharia Elétrica, e aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Elétrica da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
_____________________________________
Fernando Soares dos Reis, Dr. Ing.
Orientador
_____________________________________
Daniel Ferreira Coutinho, Dr. Eng.
Co-Orientador
_____________________________________
Álysson Raniere Seidel, Dr. Eng.
_____________________________________
Luís Fernando Alves Pereira, Dr. Eng.
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3
Resumo da Dissertação apresentada à PUCRS como parte dos requisitos necessários para a
obtenção do grau de Mestre em Engenharia Elétrica
ESTUDO E DESENVOLVIMENTO DE UMA FERRAMENTA PARA ESTIMAÇÃO
DE PARÂMETROS DE MODELOS DE CARGAS LINEARES E NÃO-LINEARES
PARA SIMULAÇÃO DIGITAL
Raphael Ronald Noal Souza
Porto Alegre, Fevereiro de 2008
Orientador: Fernando Soares dos Reis.
Co-Orientador: Daniel Ferreira Coutinho.
Área de Concentração: Sistemas de Energia.
Linha de Pesquisa: Eletrônica Industrial, Automação e Controle.
Palavras-Chaves: Cargas não-lineares, Qualidade de energia.
Número de Páginas: 261.
RESUMO: Este trabalho apresenta uma ferramenta aplicada ao estudo do impacto de
cargas não-lineares conectadas a instalações elétricas de qualquer porte ou natureza através do
uso de simuladores digitais. Dentro deste contexto, o seu objetivo consiste na proposição de
uma estratégia de modelagem no domínio do tempo e estimação de parâmetros físicos de
cargas não-lineares a partir da informação presente nas formas de onda de tensão e corrente
de entrada da carga em estudo. Desta forma, os dados resultantes do processo de estimação
permitirão a reprodução em ambiente computacional das formas de onda experimentalmente
coletadas através de simuladores comerciais (ATP, PSIM
®
, Matlab
®
e ORCAD
®
) visando à
avaliação do impacto das características não-lineares sobre a geração de harmônicas e a
obtenção de dados para o dimensionamento de uma determinada instalação ou sistema
elétrico.
4
Abstract of the dissertation submitted to the Engineering Faculty of the PUCRS as partial
accomplishment of the requirements for the degree of Master in Electrical Engineering.
STUDY AND DEVELOPMENT OF APPLIANCE/TOOL FOR LINEAR AND
NONLINEAR LOADS PARAMETERS ESTIMATION FOR DIGITAL SIMULATION
Raphael Ronald Noal Souza
Porto Alegre, February, 2008
Advisor: Fernando Soares dos Reis.
Co-Advisor: Daniel Ferreira Coutinho.
Area of Concentration: Power Systems.
Research Line: Industrial Electronics, Automation and Control.
Keywords: Nonlinear Loads, Power Quality.
Number of Pages: 261.
ABSTRACT: This work presents a tool applied in the study of nonlinear loads,
connected to electrical installations of any type or size, through the application of digital
simulators. In this context, its objective is the proposition of a time-domain modeling strategy
for parameters estimation of nonlinear loads through de information acquired from the voltage
and input current waveforms of the load under analysis. Thus, the resulting data from the
estimation process will allow the reproduction of the collected waveforms in computational
environment through commercial simulators (ATP, PSIM
©
, Matlab
©
e ORCAD
©
), aiming to
evaluate the impact of the considered nonlinear features over the presence of harmonics, in
addition to the acquisition of reference data for electrical systems design.
5
AGRADECIMENTOS
Agradeço inicialmente aos colegas e amigos do LEP (Laboratório de Ensino e
Pesquisa) Edison Pinheiro, Carlos Edegar Bergold, Andrigo Teixeira Alves e Thiago
Almeida Mocinho pelo suporte sempre prestado em quaisquer atividades onde se fazia
necessário o “casamento” entre e a prática e a teoria. Cito ainda o colega Andrigo pela
disponibilidade e pelo envolvimento direto nas atividades que marcaram os últimos dias
de concepção deste trabalho, e que me permitiram galgar degraus que eu já não mais
esperava alcançar.
Agradeço ao amigo Reinaldo Tonkoski Jr. pela presença, pelas conversas, pelos
conselhos, pela confiança nos trabalhos que desenvolvemos em conjunto e pelo período de
convívio que, ainda que marcado pelo plano virtual em função da distância, representou
uma extensão do convívio que tivemos durante o meu ingresso neste mestrado.
Agradeço ao amigo Gert Bolten Maizonave que, ainda na condição de mestrando,
me inseriu no convívio com as pessoas desta universidade e com o LEPUC (Laboratório
de Eletrônica de Potência) que tem sido a minha casa nestes dois últimos anos da minha
vida. Agradeço ainda pela constante presença, pelo incentivo e pela participação, ainda
que de forma fortuita, sutil ou intuitiva em diversos momentos que marcaram a evolução
deste trabalho.
Agradeço ao Professor Julio César Marques de Lima pelo “reconhecimento da
beleza inerente a qualquer assunto” segundo as suas próprias palavras, e pela eterna
disposição e interesse para ouvir e impor uma palavra de auxílio através de sugestões
práticas para que “as coisas realmente funcionem”.
Agradeço ao Professor Daniel Ferreira Coutinho pela contribuição fundamental na
transmissão das idéias de base que conduziram ao desenvolvimento deste trabalho.
Agradeço por fim ao Professor e Orientador Fernando Soares dos Reis não apenas
pela oportunidade e pelos ensinamentos, mas sobretudo pela presença, pela paciência, pela
compreensão das minhas características pessoais e pela orientação e confiança
demonstrada no meu esforço em torno deste trabalho que, ao longo do seu
desenvolvimento, acrescentou uma nova dimensão à percepção da minha própria área de
formação, e que representa uma conquista pessoal almejada há muito tempo.
6
DEDICATÓRIAS
Dedico este trabalho aos meus pais, Sérgio e
Marilane, que me permitiram conhecer este mundo... e
que sempre poderão tomar por suas as minhas próprias
conquistas.
Dedico também ao meu irmão e amigo Filipe
Ronald Noal Souza que, embora sem apoiar de todo a
idéia deste mestrado, deseja como ninguém a minha
felicidade.
Dedico este trabalho por fim à minha família e, em
particular, à minha tia avó Zilda pelo zelo, pela
preocupação e por solidarizar-se dia após dia à minha
própria vigília durante as intermináveis horas de
aguardo pela minha chegada ao longo de cada noite,
ainda que no desconhecimento da minha rotina, mas
dela tomando parte em um incansável esforço de
compreendê-la, durante o período de vigência deste
mestrado.
7
SUMÁRIO
Lista de símbolos e siglas.........................................................................................................20
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................22
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................................22
1.2 NORMAS: ANTECEDENTES E REFERÊNCIAS.............................................................25
1.3 LINHAS DE PESQUISA .....................................................................................................26
1.4 CONCLUSÃO......................................................................................................................31
2 QUALIDADE DE ENERGIA............................................................................................35
2.1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................35
2.2 DISTÚRBIOS NA REDE ELÉTRICA ................................................................................35
2.2.1 Considerações Gerais .................................................................................................................... 35
2.2.2 Variações de Longa Duração......................................................................................................... 38
2.2.3 Desbalanceamento......................................................................................................................... 42
2.2.4 Flutuação de Tensão...................................................................................................................... 42
2.2.5 Variações de Freqüência................................................................................................................ 43
2.2.6 Distorção na Forma de Onda .........................................................................................................44
2.2.7 Distorção Harmônica: Considerações Adicionais ......................................................................... 49
2.2.8 Distorção Harmônica: Indicadores Essenciais............................................................................... 57
2.3 CONCLUSÃO......................................................................................................................63
3 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE MODELAGEM.....................................................66
3.1 Introdução.............................................................................................................................66
3.2 Critérios de Classificação .....................................................................................................67
3.3 Aproximações Analógico-Discretas .....................................................................................70
3.3.1 Considerações Preliminares........................................................................................................... 70
3.3.2 Aproximação Backward ................................................................................................................ 73
3.3.3 Aproximação de Tustin ................................................................................................................. 75
3.4 SISTEMAS DE EQUAÇÕES LINEARES ..........................................................................76
3.5 PERÍODO DE AMOSTRAGEM .........................................................................................80
3.6 CONCLUSÃO......................................................................................................................81
8
4 ANÁLISE QUALITATIVA.................................................................................................84
4.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................................84
4.2 RETIFICADORES MONOFÁSICOS..................................................................................85
4.2.1 Topologia em ponte com carga RL................................................................................................ 85
4.2.2 Topologia em ponte com carga RC................................................................................................87
4.2.3 Topologia em ponte com carga RC e filtro L de entrada ............................................................... 90
4.3 RETIFICADORES TRIFÁSICOS .......................................................................................93
4.3.1 Topologia em ponte com carga RL................................................................................................ 93
4.3.2 Topologia em ponte com carga RC................................................................................................96
4.3.3 Topologia em ponte com carga RC e filtro L de entrada ............................................................... 99
4.3.4 Topologia com ponto médio e carga RC com filtro L de entrada................................................ 102
4.4 RETIFICADOR MONOFÁSICO: APLICAÇÃO EM NÍVEL DE REDE ........................105
4.5 CONCLUSÃO....................................................................................................................107
5 ANÁLISE QUANTITATIVA ............................................................................................110
5.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ..........................................................................................110
5.2 Modelagem de carga RL série.............................................................................................112
5.2.1 Aproximação Backward .............................................................................................................. 112
5.2.2 Aproximação de Tustin ............................................................................................................... 116
5.2.3 Método Fasorial........................................................................................................................... 119
5.3 Modelagem de carga RC série ............................................................................................121
5.3.1 Aproximação Backward .............................................................................................................. 122
5.3.2 Aproximação de Tustin ............................................................................................................... 124
5.3.3 Método Fasorial........................................................................................................................... 127
5.4 Modelagem de carga RC paralelo.......................................................................................129
5.4.1 Aproximação Backward .............................................................................................................. 129
5.4.2 Aproximação de Tustin ............................................................................................................... 131
5.5 Modelagem de carga RLC ..................................................................................................133
5.5.1 Considerações Gerais e Equacionamento.................................................................................... 133
5.5.2 Aproximação Backward .............................................................................................................. 137
5.5.3 Aproximação de Tustin ............................................................................................................... 140
5.6 CONCLUSÃO....................................................................................................................143
6 IMPLEMENTAÇÃO E TESTE DOS ALGORITMOS POR SIMULAÇÃO .....................146
6.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ..........................................................................................146
9
6.2 IMPLEMENTAÇÃO..........................................................................................................147
6.3 TOPOLOGIAS ...................................................................................................................149
6.3.1 Considerações iniciais .................................................................................................................149
6.3.2 Circuito RC série ......................................................................................................................... 151
6.3.3 Circuito RL série..........................................................................................................................156
6.3.4 Considerações adicionais............................................................................................................. 159
6.3.5 Retificador Monofásico de Onda completa com carga RL .......................................................... 160
6.3.6 Retificador Trifásico de Onda completa com carga RL............................................................... 164
6.3.7 Retificador Monofásico de Onda completa com carga RC.......................................................... 168
6.3.8 Retificador Trifásico de Onda completa com carga RC .............................................................. 171
6.3.9 Retificador Monofásico de Onda completa com carga RLC........................................................ 175
6.3.10 Considerações Adicionais: análise complementar do modelo com carga RLC....................... 183
6.3.11 Retificador Trifásico em Ponte com carga RC e Indutor L de entrada.................................... 188
6.3.12 Retificador Trifásico com Ponto Médio e carga RC com filtro L de entrada.......................... 191
6.4 CONCLUSÃO....................................................................................................................194
7 RESULTADOS EXPERIMENTAIS.................................................................................198
7.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ..........................................................................................198
7.2 EXPERIMENTOS COM CARGAS INDIVIDUAIS.........................................................199
7.2.1 Cargas não-lineares construídas em laboratório: modelos de retificadores................................. 201
7.2.2 Cargas não-lineares de uso geral: equipamentos eletrônicos....................................................... 213
7.2.3 Equipamento Eletrônico 2 - Computador Gateway2000......................................................... 217
7.2.4 Equipamento Eletrônico 3 - Computador XP-1......................................................................... 219
7.2.5 Equipamento Eletrônico 4 - Impressora HP1320 ...................................................................... 221
7.2.6 Resultados.................................................................................................................................... 223
7.3 CONCLUSÃO....................................................................................................................224
8 APLICAÇÃO DOS MODELOS À SIMULAÇÃO DE UM SISTEMA .............................227
8.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ..........................................................................................227
8.2 CONCEPÇÃO DA PLANTA DE TESTES MONOFÁSICA............................................228
8.2.1 Rede monofásica 1 - 3 Computadores ....................................................................................... 228
8.2.2 Rede monofásica 2 - 4 Computadores ....................................................................................... 230
8.2.3 Rede Monofásica 3 - 5 Computadores....................................................................................... 232
8.2.4 Rede monofásica 4 - 5 computadores e uma impressora.......................................................... 234
8.2.5 Resultados.................................................................................................................................... 235
8.3 CONCEPÇÃO DA PLANTA DE TESTES TRIFÁSICA..................................................236
8.3.1 Rede Trifásica 1........................................................................................................................... 237
10
8.3.2 Rede Trifásica 2........................................................................................................................... 241
8.3.3 Rede Trifásica 3........................................................................................................................... 243
8.3.4 Rede Trifásica 4........................................................................................................................... 247
8.3.5 Rede Trifásica 5........................................................................................................................... 249
8.3.6 Resultados.................................................................................................................................... 251
8.4 CONCLUSÃO....................................................................................................................251
9 CONCLUSÕES...............................................................................................................254
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..........................................................................260
11
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1.1 Estrutura organizacional do setor elétrico brasileiro........................................24
Figura 2.1 Classificação das perturbações segundo o IEEE Std........................................37
Figura 2.2 Categorias das perturbações segundo o IEEE Std. 1159..................................37
Figura 2.3 Escalas detempo de perturbações de curta duração..........................................38
Figura 2.4 Fenômeno de perturbação da rede: transitórios ou “transients”.......................39
Figura 2.5 Fenômeno de perturbação da rede: afundamentos ou “sags”...........................41
Figura 2.6 Fenômeno de perturbação da rede: sobretensões ou “swells”..........................41
Figura 2.7 Fenômeno de perturbação da rede: sobretensões ou “swells”..........................42
Figura 2.8 Fenômeno de perturbação da rede: flutuação de tensão...................................43
Figura 2.9 Fenômeno de perturbação da rede: variação de freqüência..............................44
Figura 2.10 Fenômeno de perturbação da rede: distorção harmônica. ................................46
Figura 2.11 Fenômeno de perturbação da rede: inter-harmônicas.......................................46
Figura 2.12 Fenômeno de perturbação da rede: corte ou notch...........................................47
Figura 2.13 Fenômeno de perturbação da rede: ruído ou “noise”. ......................................48
Figura 2.14 Topologia típica da fonte de alimentação de circuitos eletrônicos...................51
Figura 2.15 Esquema unifilar: impedância de um circuito de alimentação.........................52
Figura 2.16 Propagação de harmônicas pela rede................................................................53
Figura 2.17 Fundamental e componentes harmônicas.........................................................54
Figura 3.1 Representação geral de um sistema linear........................................................69
Figura 3.2 Discretização de um sinal analógico. ................ Erro! Indicador não definido.
Figura 3.3 Mapeamento exponencial.................................................................................72
Figura 3.4 Determinação da área por aproximação retangular do tipo Backward.............74
Figura 3.5 Mapeamento do plano s para o plano z pela Aproximação Backward.............75
Figura 3.6 Determinação da área por aproximação trapezoidal.........................................75
12
Figura 3.7 Mapeamento do plano s para o plano z pela aproximação de Tustin...............76
Figura 4.1 Retificador monofásico em ponte com carga RL.............................................86
Figura 4.2 Formas de onda do retificador monofásico com carga RL...............................86
Figura 4.3 Circuito Linear equivalente para o modelo de retificador................................87
Figura 4.4 Retificador monofásico em ponte com carga RC.............................................88
Figura 4.5 Formas de onda do retificador trifásico com carga RC....................................89
Figura 4.6 Circuito Linear equivalente para o modelo de retificador................................89
Figura 4.7 Topologia do retificador monofásico com carga RC e filtro indutivo. ............90
Figura 4.8 Formas de onda de tensão e corrente do retificador monofásico com carga
RLC. 91
Figura 4.9 Circuito Linear equivalente para o modelo de retificador................................92
Figura 4.10 Topologia do retificador trifásico em ponte carga RL. ....................................93
Figura 4.11 Formas de onda do retificador trifásico com carga RL. ...................................94
Figura 4.12 Ciclos de condução para a corrente de fase i
a
(t)...............................................94
Figura 4.13 Circuito linear equivalente para o retificador trifásico com carga RL. ............95
Figura 4.14 Topologia do retificador trifásico de onda completa e carga RC.....................96
Figura 4.15 Formas de onda do retificador trifásico com carga RC....................................97
Figura 4.16 Ciclos de condução para a corrente de fase i
a
(t)...............................................97
Figura 4.17 Circuito Linear equivalente para o modelo de retificador................................98
Figura 4.18 Topologia do retificador trifásico em ponte com carga RC e filtro indutivo. ..99
Figura 4.19 Formas de onda do retificador trifásico com carga RC e indutor L de entrada.
100
Figura 4.20 Ciclos de condução para a corrente de fase i
a
(t).............................................101
Figura 4.21 Circuito linear equivalente para o modelo de retificador. ..............................102
Figura 4.22 Topologia do retificador trifásico de três pulsos com carga RC e indutor L..103
Figura 4.23 Formas de onda do retificador em ponte com carga RC e indutor L de entrada.
104
13
Figura 4.24 Circuito linear equivalente para o modelo de retificador. ..............................105
Figura 4.25 Rede de equipamentos eletrônicos monofásicos. ...........................................106
Figura 4.26 Rede de cargas não-lineares iguais.................................................................106
Figura 4.27 Circuito Linear equivalente para o intervalo de operação linear....................107
Figura 5.1 Topologia de Carga RL série..........................................................................112
Figura 5.2 Topologia de Carga RC série. ........................................................................122
Figura 5.3 Topologia de carga RC paralelo.....................................................................129
Figura 5.4 Estrutura típica de uma fonte chaveada..........................................................134
Figura 5.5 Circuito equivalente da etapa de carga do capacitor. .....................................135
Figura 6.1 Diagrama de Blocos do processo de estimação..............................................146
Figura 6.2 Interface do ambiente de desenvolvimento (Matlab
®
). ..................................147
Figura 6.3 Ambiente de execução do código de estimação de parâmetros......................149
Figura 6.4 Diagrama de simulação para a topologia linear RC série...............................152
Figura 6.5 Formas de onda de tensão e corrente (Circuito RC série)..............................153
Figura 6.6 Diagrama de simulação para a topologia linear RL série...............................156
Figura 6.7 Formas de onda de tensão e corrente (Circuito RL série). .............................157
Figura 6.8 Diagrama de simulação para o retificador monofásico com carga RC. .........160
Figura 6.9 Formas de onda de tensão e corrente (retificador monofásico com carga RL).
161
Figura 6.10 Diagrama de simulação para o retificador monofásico com carga RC. .........165
Figura 6.11 Formas de onda de tensão e corrente (retificador trifásico com carga RL)....165
Figura 6.12 Diagrama de simulação para o retificador monofásico com carga RC. .........168
Figura 6.13 Formas de onda de tensão e corrente (retificador com carga RC)..................169
Figura 6.14 Diagrama de simulação do retificador trifásico com carga RC......................172
Figura 6.15 Formas de onda de tensão e corrente (retificador trifásico com carga RC). ..172
Figura 6.16 Diagrama de simulação do retificador monofásico com carga RLC..............175
14
Figura 6.17 Formas de onda de tensão e corrente (retificador monofásico com carga RLC).
176
Figura 6.18 Variação da corrente i(t) com a variação de R (valores elevados). ................184
Figura 6.19 Variação da corrente i(t) com a variação de R (valores mais baixos)............184
Figura 6.20 Variação da corrente i(t) com a variação de R (valores mais baixos)............186
Figura 6.21 Diagrama de simulação do retificador trifásico em ponte com carga RC e
indutor L de entrada................................................................................................................188
Figura 6.22 Formas de onda para estimação do retificador trifásico em ponte com carga RC
e indutor L de entrada.............................................................................................................189
Figura 6.23 Diagrama de simulação do retificador trifásico com carga RLC. ..................191
Figura 6.24 Formas de onda para estimação do retificador com ponto médio e carga RLC.
192
Figura 7.1 Ferramenta de simulação: interface do software ATP....................................199
Figura 7.2 Estimação de parâmetros de cargas individuais. ............................................199
Figura 7.3 Experimento com o retificador monofásico em ponte completa com carga RC.
203
Figura 7.4 Aquisição experimental a partir do osciloscópio............................................203
Figura 7.5 Formas de onda para estimação (etapa de carga do capacitor).......................204
Figura 7.6 Reprodução das formas de onda em ambiente ATP a partir dos valores
estimados. 205
Figura 7.7 Experimento com o retificador monofásico em ponte com carga RC e indutor
L de entrada. 206
Figura 7.8 Formas de onda do osciloscópio para 12 ciclos da rede.................................206
Figura 7.9 Formas de onda para estimação (etapa de carga do capacitor).......................207
Figura 7.10 Reprodução das formas de onda em ambiente ATP. ......................................208
Figura 7.11 Experimento com o retificador trifásico com ponto médio e carga RLC.......208
Figura 7.12 Formas de onda do osciloscópio.....................................................................209
Figura 7.13 Reprodução das formas de onda em ambiente ATP. ......................................210
15
Figura 7.14 Experimento com o retificador trifásico com ponte de Graetz e carga RLC. 210
Figura 7.15 Formas de onda do osciloscópio.....................................................................211
Figura 7.16 Formas de onda para estimação (etapa de carga do capacitor).......................211
Figura 7.17 Reprodução das formas de onda em ambiente ATP. ......................................213
Figura 7.18 Experimento com uma carga não linear: computador Dell............................215
Figura 7.19 Formas de onda do osciloscópio.....................................................................215
Figura 7.20 Resultados da estimação a partir da reconstrução das formas de onda. .........216
Figura 7.21 Reprodução das formas de onda em ambiente ATP. ......................................216
Figura 7.22 Experimento com uma carga não linear: computador Gateway2000.............217
Figura 7.23 Coleta das formas de onda do osciloscópio....................................................217
Figura 7.24 Resultados da estimação a partir da reconstrução das formas de onda. .........218
Figura 7.25 Reprodução das formas de onda em ambiente ATP. ......................................218
Figura 7.26 Experimento com uma carga não linear: computador XP-1...........................219
Figura 7.27 Coleta das formas de onda do osciloscópio....................................................219
Figura 7.28 Resultados da estimação a partir da reconstrução das formas de onda. .........220
Figura 7.29 Reprodução das formas de onda em ambiente ATP. ......................................220
Figura 7.30 Experimento com uma carga não linear: impressora HP1320. ......................221
Figura 7.31 Coleta das formas de onda do osciloscópio....................................................221
Figura 7.32 Resultados da estimação a partir da reconstrução das formas de onda. .........222
Figura 7.33 Reprodução das formas de onda em ambiente ATP. ......................................223
Figura 8.1 Rede monofásica de cargas não-lineares........................................................228
Figura 8.2 Coleta das formas de onda do osciloscópio....................................................229
Figura 8.3 Resultados da estimação a partir da reconstrução das formas de onda. .........229
Figura 8.4 Reprodução das formas de onda em ambiente ATP. ......................................230
Figura 8.5 Experimento com uma rede de cargas não-lineares: computadores Dell.......230
Figura 8.6 Coleta das formas de onda do osciloscópio....................................................231
16
Figura 8.7 Resultados da estimação a partir da reconstrução das formas de onda. .........231
Figura 8.8 Reprodução das formas de onda em ambiente ATP. ......................................232
Figura 8.9 Coleta das formas de onda do osciloscópio....................................................232
Figura 8.10 Resultados da estimação a partir da reconstrução das formas de onda. .........233
Figura 8.11 Reprodução das formas de onda em ambiente ATP. ......................................233
Figura 8.12 Coleta das formas de onda do osciloscópio....................................................234
Figura 8.13 Resultados da estimação a partir da reconstrução das formas de onda. .........235
Figura 8.14 Reprodução das formas de onda em ambiente ATP. ......................................235
Figura 8.15 Rede trifásica de cargas monofásicas não-lineares.........................................237
Figura 8.16 Rede trifásica de cargas equilibradas..............................................................238
Figura 8.17 Formas de onda coletadas do osciloscópio.....................................................238
Figura 8.18 Resultados da estimação a partir da reconstrução das formas de onda. .........239
Figura 8.19 Reprodução das formas de onda em ambiente ATP. ......................................240
Figura 8.20 Relação entre correntes de fase e corrente de neutro......................................240
Figura 8.21 Rede trifásica de cargas desequilibradas: uma fase sem carga.......................241
Figura 8.22 Formas de onda coletadas do osciloscópio.....................................................241
Figura 8.23 Resultados da estimação a partir da reconstrução das formas de onda. .........242
Figura 8.24 Reprodução das formas de onda em ambiente ATP. ......................................243
Figura 8.25 Relação entre correntes de fase e corrente de neutro......................................243
Figura 8.26 Rede trifásica de cargas desequilibradas: uma fase com carga diferente.......244
Figura 8.27 Formas de onda coletadas do osciloscópio.....................................................244
Figura 8.28 Resultados da estimação a partir da reconstrução das formas de onda. .........245
Figura 8.29 Reprodução das formas de onda em ambiente ATP. ......................................246
Figura 8.30 Relação entre correntes de fase e corrente de neutro......................................246
Figura 8.31 Rede trifásica de cargas desequilibradas: uma fase com carga diferente.......247
Figura 8.32 Formas de onda coletadas do osciloscópio.....................................................247
17
Figura 8.33 Reprodução das formas de onda em ambiente ATP. ......................................248
Figura 8.34 Relação entre correntes de fase e corrente de neutro......................................248
Figura 8.35 Rede trifásica de cargas desequilibradas: duas cargas diferentes e uma fase sem
carga. 249
Figura 8.36 Formas de onda coletadas do osciloscópio.....................................................249
Figura 8.37 Reprodução das formas de onda em ambiente ATP. ......................................250
Figura 8.38 Relação entre correntes de fase e corrente de neutro......................................250
18
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 6.1 Dados de estimação obtidos por simulação (Método Fasorial)............................154
Tabela 6.2 Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação Backward) ...............154
Tabela 6.3 Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação Tustin) .....................155
Tabela 6.4 Dados de estimação obtidos por simulação (Método Fasorial)............................157
Tabela 6.5 Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação Backward) ...............158
Tabela 6.6 Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação de Tustin).................158
Tabela 6.7 Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação Backward) ...............161
Tabela 6.8 Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação de Tustin).................162
Tabela 6.9 Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação de Tustin).................163
Tabela 6.10 Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação Backward) .............163
Tabela 6.11 Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação de Tustin)...............164
Tabela 6.12 Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação Backward). ............166
Tabela 6.13 Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação de Tustin)...............166
Tabela 6.14 Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação Backward) .............167
Tabela 6.15 Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação de Tustin)...............167
Tabela 6.16 Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação Backward) .............169
Tabela 6.17 Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação Tustin) ...................170
Tabela 6.18 Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação Backward) .............170
Tabela 6.19 Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação de Tustin)...............171
Tabela 6.20 Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação Backward) .............173
Tabela 6.21 Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação de Tustin)...............173
Tabela 6.22 Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação Backward) .............174
Tabela 6.23 Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação de Tustin)...............174
Tabela 6.24 Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação Backward) .............177
19
Tabela 6.25 Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação de Tustin)...............178
Tabela 6.26 Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação Backward) .............179
Tabela 6.27 Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação de Tustin)...............180
Tabela 6.28 Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação Backward) .............181
Tabela 6.29 Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação de Tustin)...............182
Tabela 6.30 Sensibilidade da precisão da estimação em função da variação de R. ...............185
Tabela 6.31 Sensibilidade da precisão da estimação em função do intervalo da curva
considerado.............................................................................................................................186
Tabela 6.32 Sensibilidade da precisão da estimação em função da variação de T
s
. ..............187
Tabela 6.33 Dados de estimação obtidos por simulação (primeiro segmento) ......................190
Tabela 6.34 Dados de estimação obtidos por simulação (segundo segmento).......................190
Tabela 6.35 Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação Backward) .............192
Tabela 6.36 Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação de Tustin)...............193
Tabela 7.1 Dados de estimação (retificador com carga RC)..................................................204
Tabela 7.2 Dados de estimação (retificador com carga RC e filtro L de entrada). ................207
Tabela 7.3 Dados de estimação (retificador trifásico com ponto médio)...............................209
Tabela 7.4 Dados de estimação (retificador trifásico com ponte de Graetz)..........................212
Tabela 7.5 Síntese de resultados (avaliação de cargas individuais). ......................................223
Tabela 8.1 Síntese de resultados (avaliação de redes de cargas monofásicas).......................236
Tabela 8.2 Síntese de resultados (avaliação de redes de cargas monofásicas).......................251
20
LISTA DE SÍMBOLOS E SIGLAS
AIEE American Institute of Electrical Engineers
ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica
ANSI American National Stardards Institute
CCEE Câmara de Comercialização de Energia Elétrica
CCPE Comitê Coordenador do Planejamento da Expansão
CNPE Conselho Nacional de Política Energética
DDT Distorção de Demanda Total
DHT Distorção Harmônica Total
FC Fator de Crista
FD Fator de Deslocamento
F
s
Freqüência de Amostragem
FT Função de Transferência
IEC International Electrotechnical Commission
IEEE Institute of Electrical and Electronics Engineers
IRE Institue of Radio Engineers
ISO International Stardards Organization
MCE Mercado Comum Europeu
MME Ministério das Minas e Energia
ONS Operador Nacional do Sistema
PAC Ponto de Acoplamento Comum
PC Personal Computer
PFP Pré-Reguladores de Fator de Potência
PQ Power Quality
QEE Qualidade de Energia Elétrica
RMS Root Mean Square
SIN Sistema Interligado Nacional
THD Total Harmonic Distortion
THF Total Harmonic Factor
T
s
Período de Amostragem
21
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
22
1 INTRODUÇÃO
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Como resultado da abertura do sistema energético brasileiro ao capital privado e da
concorrência gerada pelo processo de privatização, as empresas do setor elétrico passaram a
investir seus esforços na qualidade do produto. Contribuíram ainda para este investimento em
qualidade as exigências impostas às concessionárias pela ANEEL, na qualidade de agência
reguladora do setor elétrico.
A qualidade do suprimento de energia elétrica sempre foi objeto de preocupação das
empresas concessionárias e, dentro deste contexto, o aspecto inovador reside na ênfase que
está sendo dada a esta interação, como uma área separada ou mesmo complementar da área de
engenharia de sistemas de energia.
De acordo com [1] o interesse pela qualidade de energia origina-se de um trabalho
desenvolvido e publicado no ano de 1968, no qual a marinha dos Estados Unidos descrevia
um estudo para a especificação das características da energia adequada à alimentação de um
dado equipamento.
Pode-se afirmar que o conceito de “qualidade do setor elétrico”, que está ligado ao
conceito de qualidade de energia, é definido a partir do desempenho das concessionárias no
fornecimento de energia através de parâmetros como conformidade, atendimento ao
consumidor e continuidade [2]. Esses parâmetros representam uma referência para a definição
dos diversos critérios que caracterizam a rede de distribuição.
O conceito de conformidade está ligado aos fenômenos descritivos das perturbações na
forma de onda de tensão, os quais serão desenvolvidos de forma mais apropriada no capítulo
seguinte. O conceito de qualidade se refere, portanto, às modalidades verificadas de variação
da tensão do sistema em relação a uma tensão idealizada, puramente senoidal, ou seja, de
magnitude e freqüência constantes.
De acordo com [3], algumas características indicativas de perturbações na qualidade de
energia seriam os transitórios (transients), afundamentos (sags/dips), elevações (swells),
interrupções (outages), ruído (noise), distorções harmônicas (harmonics), impulsos (surges) e
oscilações (flickers) e tais distúrbios seriam originários de fatores tais como operações da
concessionária e características da rede de consumidores (tipo de cargas ligadas à rede).
23
O atendimento se refere à relação comercial existente entre o consumidor e as
concessionárias. Dentro deste conceito, considera-se a cortesia, o tempo de atendimento às
solicitações de serviços e o respeito aos direitos do consumidor.
A continuidade corresponde ao grau de disponibilidade de energia elétrica ao consumidor,
de forma que a situação ideal envolve a ausência de quaisquer interrupções no processo de
fornecimento. Desta forma, o conceito de continuidade admite a idéia da ocorrência de
interrupções, desde que correspondam ao mínimo intervalo de tempo e desde que sejam
informadas em tempo hábil ao consumidor de forma a evitar possíveis prejuízos oriundos da
falta de energia.
De acordo com [5], o setor elétrico brasileiro está organizado conforme a representação da
Figura 1.1 esquematizada a seguir. Segundo a representação a seguir, a ANEEL é o órgão
mais elevado assumindo a responsabilidade pelo gerenciamento e regulamentação do setor. O
Operador Nacional do Sistema (ONS) tem como atribuição a tarefa de coordenação da
operação das unidades ou instalações de geração e transmissão de energia no Sistema
Interligado Nacional (SIN) de forma a garantir:
A otimização da operação deste sistema segundo procedimentos técnicos
adequados (minimização de custo).
A garantia de acesso irrestrito à rede elétrica de transmissão para todas as
empresas de geração e transmissão de energia.
Contribuição com a expansão do sistema elétrico segundo as condições
operacionais de menor custo e maior efetividade.
24
Figura 1.1 Estrutura organizacional do setor elétrico brasileiro.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), na qualidade de agência reguladora do
setor elétrico brasileiro, está voltada para objetivos como regulamentar os padrões a serem
aplicados e garantir o cumprimento dos mesmos, conduzir a implementação de melhorias,
zelar pela observância à legislação vigente punindo os infratores quando necessário, bem
como definir os indicadores para acompanhamento do desempenho das concessionárias.
Portanto, tais medidas de caráter gerencial fornecem as condições para a interação entre os
órgãos do setor elétrico brasileiro e impactam de uma forma determinante sobre a qualidade
de energia elétrica entregue aos consumidores.
Ao longo dos últimos anos, o conceito de qualidade de energia elétrica tem sofrido
modificações ou mesmo complementações. O surgimento e padronização do termo Qualidade
de Energia Elétrica QEE (do inglês Power Quality PQ) como referência ao estudo das
características das formas de onda de tensão e corrente disponíveis na rede elétrica, é datado
do início da década de 1980. Todavia, a expressão “Qualidade de Energia Elétrica” apenas
ganhou maior popularidade a partir da última década.
Em 1984 ocorria o 1ª ICHPS (International Coference on Harmonics and Power
Systems), bem como o 1ª ICHQP (International Conference on Harmonics and Quality of
Power) na qualidade de eventos internacionais organizados a cada 2 anos para a divulgação
de trabalhos relativos ao tema. Ao longo dos anos seguintes e, em particular, a partir do início
da década de 1990, verificou-se um aumento em ritmo crescente da proliferação de cargas
25
não-lineares conectadas à rede e, paralelamente, deu-se uma intensificação da busca por
soluções na área de qualidade e o conseqüente fortalecimento do tema como área de pesquisa.
Em 1996, a cidade de Uberlândia, MG, sediou o 1ª Seminário Brasileiro de Qualidade de
Energia Elétrica SBQEE e, em 2002, a cidade do Rio de Janeiro sediou o 10ª ICHQP.
No decorrer deste período, novos parâmetros de avaliação de qualidade foram
incorporados para a sua determinação aumentando, desta forma, a complexidade do processo
de avaliação bem como a exigência das regras de conformidade aos padrões de qualidade
estabelecidos. Estes parâmetros foram originados por meio de normas definidas no âmbito
nacional e internacional, exigindo uma constante adequação por parte das empresas do setor
elétrico.
De acordo com o IEEE Std. 1159-1995 [4], o termo qualidade de energia está relacionado
a um conjunto de fenômenos eletromagnéticos, que caracterizam a tensão e a corrente em um
determinado instante de referência.
Ao longo dos últimos anos, o uso crescente de equipamentos que geram distúrbios
eletromagnéticos tem levado ao aumento do interesse pela questão da qualidade de energia.
Por conseguinte, diferentes segmentos da engenharia elétrica têm utilizado diferentes
tecnologias para descrever estes fenômenos. A próxima seção deste capítulo discorre acerca
de algumas linhas de pesquisa que têm sido levadas a efeito no âmbito da qualidade de
energia de forma a definir um contexto apropriado para a apresentação do tema deste trabalho.
A instituição do Mercado Comum Europeu (MCE) conduziu à eliminação de barreiras
tarifárias e alfandegárias e, como resultado, influenciou fortemente a adoção de medidas para
a harmonização de normas técnicas de forma a garantir a compatibilidade na operação da
totalidade de equipamentos eletro-eletrônicos.
1.2 NORMAS: ANTECEDENTES E REFERÊNCIAS
A partir do início do século XX especialistas atentos ao ritmo de crescimento do setor
industrial e do conseqüente aumento do porte de instalações industriais, particularmente na
área elétrica, verificaram a necessidade de adoção de normas técnicas como uma alternativa
para assegurar a continuidade do desenvolvimento do setor. Desta forma, a adoção de normas
para a padronização e conseqüente compatibilização de produtos elétricos conduziu ao
surgimento da International Electrotechnical Commission (IEC) no ano de 1906. Quatro
décadas mais tarde, no ano de 1946, foi criado o International Stardards Organization (ISO)
26
visando à coordenação e unificação de normas industriais. Presentemente, a IEC e a ISO
representam em escala mundial os principais organismos responsáveis pela normalização
técnica.
Instituída no ano de 1914, a American National Standards Institute (ANSI) também está
vinculada à normalização técnica, representando uma associação de organizações comerciais
e industriais, laboratórios, organizações de consumidores e agências governamentais. Cabe
destacar ainda a criação do Institute of Electrical and Electronic Engineers (IEEE) no ano de
1963, representando na atualidade a maior organização profissional do mundo. O IEEE
originou-se da fusão do Institute of Radio Engineers (IRE) com o American Institute of
Electrical Engineers (AIEE) e suas atividades incluem a organização de simpósios
internacionais, publicação de revistas científicas (IEEE Transactions), bem como o
desenvolvimento de normas técnicas. Dentro deste contexto, a série ANSI/IEEE está
estruturada como um conjunto adicional de normas na área técnica enquanto outros
documentos foram registrados e caracterizados como recomendações.
1.3 LINHAS DE PESQUISA
A qualidade de energia elétrica disponível pode ser identificada pela garantia de
funcionamento com segurança, continuidade e adequação às características dos equipamentos
elétricos bem como aos processos, sem o comprometimento do meio ambiente e da qualidade
de vida.
O crescimento natural da complexidade das cargas conectadas à rede exige das
concessionárias uma constante preocupação com o aspecto da qualidade de energia e, neste
contexto, com as características da energia entregue aos seus clientes. Para tanto, a adoção de
índices para os sistemas locais permite avaliar qual o real impacto que os distúrbios elétricos
causam ao consumidor, assim como determinar qual a sua responsabilidade na geração destes
fenômenos. Além disso, busca-se avaliar que parte desta responsabilidade deve ser passada
aos consumidores, que através da inserção de cargas não-lineares e de faltas cometidas no
sistema, acabam produzindo efeitos indesejáveis na rede a qual estão conectados.
Para avaliar o efeito dos distúrbios elétricos presentes na planta elétrica e verificar a
influência de um grande número de cargas não-lineares presentes em uma dada instalação
elétrica, é necessário a aplicação de um sistema de monitoramento dos índices de qualidade.
Tal sistema deve ser capaz de coletar dados de regiões distintas com demandas diferenciadas,
27
centralizar, processar e disponibilizar estes dados, permitindo a elaboração de índices que
meçam o desempenho do sistema de energia.
Os avanços tecnológicos particularmente relacionados às técnicas de processamento
digital de sinais viabilizaram a medição de sinais elétricos com crescente eficiência e
confiabilidade. Contudo, a simples determinação da tensão e da corrente em tempo real (de
modo a coletar distúrbios da rede como transientes, ruído, oscilações, correntes harmônicas e
afundamentos de tensão) não fornece parâmetros para quantificar a qualidade de energia e,
como conseqüência, torna-se necessário a definição de índices e a criação de metodologias
que permitam esta avaliação de qualidade. Com este objetivo, torna-se primordial a avaliação
do impacto que os distúrbios na rede elétrica têm sobre os equipamentos elétricos a ela
conectados.
Tendo como principal objetivo o desenvolvimento de uma ferramenta para análise,
caracterização e modelagem de cargas ligadas a um dado sistema de distribuição, este
trabalho está voltado para o estudo e avaliação dos aspectos relacionados à qualidade de
energia, particularmente no que se refere à geração de harmônicas. Com este objetivo em
vista, será possível avaliar o nível de impacto das cargas em análise sobre os distúrbios
elétricos verificados na rede de forma a caracterizar e quantificar estes efeitos através de
parâmetros de qualidade a serem estabelecidos.
Com relação ao tópico de modelagem de cargas não-lineares para a avaliação de sua
influência na distorção harmônica da rede, algumas referências podem ser citadas. Em [17] é
descrito um método não-invasivo de identificação de cargas trifásicas em ambiente comercial
empregando o conceito de análise de assinatura; desta forma, uma vez verificando-se por
meio de medições que a repetibilidade do conteúdo harmônico das formas de onda de corrente
em regime permanente é superior à repetibilidade do mesmo durante o transitório, a influência
de cada carga é avaliada por meio da análise do seu conteúdo harmônico em regime onde a
característica dos diferentes tipos de carga é particularizada a partir de um vetor com a medida
da fundamental e 8 componentes harmônicas para cada fase (cuja informação é analisada com
a adoção de métricas ou parâmetros de avaliação).
Em [18] é descrito um algoritmo desenvolvido para reconhecimento de cargas residenciais
a partir do perfil de variação descontínua de consumo de potência obtido por monitoração
remota. Desta forma, cada tipo de carga é associada a um perfil de variação de consumo pré-
definido (e representado através de grafos) e identificada por meio de um algoritmo para o
reconhecimento deste perfil a partir das curvas de potência de um conjunto de cargas; como
28
conseqüência, pequenas variações de consumo permitem o reconhecimento de cargas
individuais a partir dos níveis de consumo de um conjunto de cargas.
Em [19] são considerados estudos sobre a impossibilidade ou dificuldade de
reconhecimento de cargas a partir de características de transitório ou regime permanente;
desta forma, este estudo de reconhecimento da assinatura de cargas residenciais inicialmente
desenvolvido considerando a variação descontínua do perfil de consumo de potência é
estendido adicionalmente para determinadas classes de cargas (como bombas de calor,
lavadoras de louças e geladeiras) consideradas de maior complexidade para reconhecimento
(em função de não apresentarem descontinuidade na variação de consumo); tais cargas
residenciais complexas apresentam uma variação de consumo cuja descrição, reconhecimento
e avaliação é considerada a partir da identificação de três estágios distintos: a extremidade ou
borda (edge), a região ascendente ou de declive (slope) e o nível de regime permanente onde
se verifica um nível estável de consumo para a maior parte das cargas, impossibilitando o
reconhecimento.
Em [20] propõe-se um método de identificação não-invasiva de cargas ligadas à rede em
ambiente comercial e industrial através de análise de assinatura, onde as formas de onda de
tensão e corrente de cada carga geram três tipos de assinaturas, uma vez analisadas no
transitório, em regime permanente em suas características dinâmicas de variação no tempo; os
dados resultantes da análise permitem que as cargas sejam classificadas e descritas em um
banco de dados a partir de características presentes em cada assinatura como o formato, a
envoltória, padrões, magnitude, fator de potência e conteúdo harmônico; Esta proposta inclui
algoritmos para processamento, filtragem de ruído, desagregação de sinais e reconhecimento
de cargas individuais.
Dentro de uma abordagem mais próxima a esta proposta de trabalho, propõe-se em [22]
um método de análise no domínio tempo para modelagem e estimação de parâmetros de
cargas lineares e não-lineares trifásicas não-balanceadas na presença ou ausência de distorção
harmônica através do método de componentes simétricos instantâneos; desta forma, o efeito
das não-linearidades é modelado através de uma fonte de corrente e expressões para
estimação de parâmetros equivalentes em uma topologia RLC paralelo são apresentadas
considerando dados de um ciclo completo de tensão e corrente previamente separados
segundo os componentes de seqüência positiva, seqüência negativa e seqüência zero. Em
[23], descreve-se um processo de análise de sensibilidade dos valores de parâmetros RLC
estimados segundo a proposta de modelagem descrita em [22] a partir de uma série de ensaios
29
de aferição das formas de onda de tensão e corrente para diversas cargas; desta forma,
verificou-se que, para a maioria dos casos analisados, a natureza das cargas é indutiva e a
modelagem dispensa a presença do capacitor; verificou-se ainda que, para condições variáveis
do espectro harmônico dos dados de tensão e corrente, a estimação do resistor tem uma maior
robustez de estimação ou menor variação relativa e que os resultados da estimação são mais
sensíveis a variações de fase do que a variações de magnitude.
Em [26] alguns modelos são apresentados para a representação de cargas lineares (cargas
resistivas e cargas indutivas como motores de indução) a partir de associação série ou paralelo
que permitem a estimação de parâmetros a partir de dados como tensão, ângulo de fase,
potência ativa e potência reativa; desta forma, verificou-se que a modelagem harmônica de
cargas lineares é sensível ao tamanho e estrutura da carga, o que dificulta o estabelecimento
de modelos baseados unicamente em análise teórica, de forma que dados experimentais
coletados em pontos de distribuição associadas com informações detalhadas da rede são
necessários para a elaboração de modelos confiáveis/realistas da rede.
Em [27], descreve-se a influência da distorção harmônica da rede elétrica sobre as
características de corrente de cargas não-lineares de maneira que o reconhecimento de cargas
individuais conectadas à rede através de análise de assinatura (a partir de um banco de dados
previamente definido com as características de cada carga) deve levar em consideração a
existência de cargas cuja demanda de corrente varia com as características da tensão de
alimentação; desta forma, propõe-se um procedimento para avaliar o grau de dependência ou
sensibilidade da resposta da carga em relação as variações da tensão de alimentação e o aplica
para a análise de um monitor de PC demonstrando que este tipo de carga é consideravelmente
sensível às variações de distorção harmônica da rede.
Em [9], é descrito o comportamento de cargas não-lineares e estendem a análise do grau
de distorção harmônica gerada pelas mesmas a microscópios eletrônicos avaliando a THD de
tensão e corrente de fase, de linha bem como neutro terra. Neste trabalho, verificou-se ainda a
necessidade de encontrar uma relação entre as características de qualidade de energia
verificadas para uma carga analisada individualmente e as verificadas para um grupo de
cargas idênticas ligadas a um ponto comum uma vez que os dados experimentais
demonstraram que a THD de uma dada carga aumenta para um número crescente de cargas
individuais e a intensidade da corrente total não é um múltiplo inteiro da corrente computada
individualmente.
30
Em [10] analisa-se o efeito de cargas não-lineares a partir da análise de formas de onda e
conteúdo harmônico de tensão e corrente para grupos de 1, 3 e 30 computadores ligados ao
mesmo PAC (ponto de acoplamento comum). Desta forma, verificou-se que a distorção das
formas de onda de corrente gerada por um grupo n de computadores difere do total obtido
pela distorção individual multiplicada pelo fator n. Assim, um circuito para representação da
carga individual e do grupo de cargas é proposta onde as não-linearidades são modeladas
através de 4 fontes de corrente senoidais com a amplitude e fase das componentes harmônicas
mais significativas. Verificou-se ainda que a THD de tensão aumenta com o número de
terminais e a THD de corrente de cada terminal diminui. O modelo proposto não descreve, no
entanto, comportamento das cargas na presença de distorções harmônicas de tensão da rede.
Em [11], propõe-se uma análise matemática não facilmente utilizável em programas de
simulação, onde ferramentas de modelagem para cargas elétricas ligadas ao sistema de
distribuição são baseadas em topologias RLC ou fontes de corrente para a representação de
cargas não-lineares e, no entanto, esses modelos são adequados somente nos casos em que tais
cargas não geram um grande impacto sobre o comportamento do sistema (cargas de baixa ou
média potência). Desta forma, modelos estáticos relacionando tensão e potência ativa e
reativa através de funções polinomiais ou exponenciais ou mesmo modelos dinâmicos
representados por equações diferenciais são apresentados mas considerados pouco adequados
para a representação de sistemas não balanceados ou com distorção harmônica. Uma
representação mais realista para cargas não-lineares é analisada considerando não apenas a
distorção harmônica na resposta de corrente como a sua interação dinâmica sobre a tensão de
alimentação de forma que a resposta não-linear do sistema é analisada separadamente para a
componente fundamental da alimentação bem como para o seu conteúdo harmônico sem a
fundamental. O trabalho apresentado em [12] segue a mesma linha desenvolvida em [11].
Em [13] procede-se à descrição de uma análise completa do sistema elétrico de potência
de aeronaves através de software de forma a avaliar e quantificar o grau de distorção
harmônica gerado por cargas não-lineares; desta forma, a análise de 5 casos distintos com
diferentes combinações de cargas do sistema de potência demonstrou a predominância da
componente de terceira ordem no espectro harmônico das formas de onda de tensão em
função da presença de grande quantidade de retificadores monofásicos; demonstrou-se ainda a
partir dos dados experimentais que o fator harmônico para componentes harmônicas de ordem
mais elevada aumenta com o número de pulsos do retificador bem como que o emprego de
circuitos com PFP (Pré-Reguladores de Fator de Potência) em retificadores monofásicos é
31
capaz de reduzir os níveis de distorção harmônica. Desta foram, este trabalho apresenta uma
abordagem mais próxima àquela que será realizado neste trabalho sem, contudo, abordar o
problema da identificação dos parâmetros do circuito equivalente que compõem estas cargas.
1.4 CONCLUSÃO
Desta forma, tendo em vista as considerações apresentadas, o objetivo do estudo aqui
proposto consiste na implementação de uma metodologia de estimação de parâmetros de
cargas não-lineares segundo as topologias a serem apresentadas nas seções a seguir. Esta
metodologia será considerada e aplicada com particular ênfase na topologia do retificador
monofásico de onda completa com carga RC e indutor de entrada L (cuja presença, conforme
será explicitado no contexto deste trabalho, pode ser verificada na maior parte das cargas
monofásicas não-lineares ligadas à rede) de forma a permitir a estimação dos valores dos
componentes lineares: o capacitor C, o resistor R e o indutor L. Esta proposta envolve um
método não-invasivo de estimação através de uma análise no domínio tempo que emprega
como base de dados a informação presente nas formas de onda de tensão e corrente de entrada
das cargas em estudo.
Este processo de estimação (baseado em algumas propostas de modelagem em estudo)
permitirá a simulação de sistemas elétricos complexos no domínio tempo através de
simuladores comerciais como ATP, PSIM
®
, Matlab
®
e ORCAD
®
de maneira a permitir uma
análise orientada ao impacto de cargas não-lineares na geração de harmônicas e na qualidade
de energia. Desta forma, este trabalho está organizado conforme a disposição de capítulos
apresentada a seguir:
O Capítulo I (Introdução) fornece uma introdução geral ao tema de qualidade de energia
fazendo considerações gerais a respeito da normalização técnica e de algumas linhas de
pesquisa, uma vez caracterizada a organização do setor elétrico brasileiro e os índices de
qualidade adotados como métrica para a avaliação da energia fornecida e consumida.
O Capítulo II (Qualidade de Energia) apresenta o desenvolvimento do tema de qualidade
de energia segundo as perspectivas do sistema elétrico: definição geral, classificação das
perturbações na rede elétrica segundo as normas regulamentadoras (definição, descrição,
origem, ilustração).
O Capítulo III (Considerações Gerais sobre modelagem) fornece uma conceituação geral
sobre modelagem e técnicas de modelagem de sistemas físicos bem como critérios de
32
classificação, e caracterização dos sistemas a serem analisados segundo os conceitos
estabelecidos.
O Capítulo IV (Análise Qualitativa) apresenta uma análise qualitativa da estrutura e da
forma de operação das topologias de cargas não-lineares consideradas neste trabalho
(retificador com ponto médio e em ponte completa nas versões monofásica e trifásica, cuja
análise é levada a efeito considerando uma operação linear por partes) e demonstra a validade
de sua modelagem e representação a partir de modelos lineares aplicáveis segundo
determinados intervalos de sua operação.
O Capítulo V (Análise Quantitativa) propõe e desenvolve uma estratégia de modelagem e
estimação de parâmetros das cargas não-lineares já apresentadas no capítulo III segundo os
conceitos e ferramentas de equacionamento apresentados no capítulo IV deste trabalho.
O Capítulo VI (Implementação e Teste dos Algoritmos por Simulação) descreve o método
e a plataforma de implementação do método de modelagem e estimação proposto,
apresentando resultados obtidos a partir de dados de simulação para as topologias analisadas.
O Capítulo VII (Resultados Experimentais) descreve os procedimentos para a validação
experimental de algumas das cargas não-lineares já analisadas através de simulação a partir da
análise de diferentes estruturas de retificação implementadas em laboratório, bem como a
partir da análise de equipamentos eletrônicos, e apresenta tabelas comparativas confrontando
resultados teóricos e práticos (dados derivados de dados de simulação e aquisição
experimental). Por fim, como procedimento final de validação do método proposto na análise
de cargas individuais, os dados de estimação são aplicados como parâmetro de simulação para
a recuperação (através de modelos computacionais) das curvas reais de cada experimento
(tensão de alimentação v(t) e corrente de entrada i(t)) através do software ATP.
O Capítulo VIII (Aplicação dos Modelos à Simulação de um Sistema) descreve os
procedimentos para a obtenção de dados experimentais visando à validação final do método
de modelagem em caráter experimental, considerando níveis de potência mais elevados
através da conexão de cargas não-lineares (equipamentos eletrônicos) em paralelo. Os ensaios
de estimação descritos compreendem a análise de plantas com alimentação monofásica e
trifásica e, de forma similar aos procedimentos descritos no capítulo anterior, os resultados
computados a partir dos dados experimentais são aplicados como parâmetros para simulação
em ambiente computacional de maneira a reproduzir as formas de onda experimentalmente
coletadas (formas de onda reais), e permitir uma análise de qualidade de energia no domínio
do tempo.
33
Por fim, o capítulo XIX (Conclusões) discorre acerca das conclusões gerais resultantes da
compilação deste trabalho, apresentando as perspectivas atuais de extensão do método
proposto a novas topologias individuais ou novas topologias em nível de rede, bem como a
possibilidade de busca e definição de critérios mais apurados para a aquisição e tratamento de
dados experimentais. Propõe-se ainda a avaliação de novas propostas de estimação que
poderão ser implementadas em substituição ou complementação às técnicas descritas.
34
CAPÍTULO 2
QUALIDADE DE ENERGIA
35
2 QUALIDADE DE ENERGIA
2.1 INTRODUÇÃO
Uma definição geral de qualidade pode ser dada como “um conjunto de atributos ou
características em função das quais um dado produto ou serviço corresponde às expectativas
do consumidor na sua proposta de aplicação”.
Segundo uma concepção de qualidade adequada ao contexto deste trabalho, a qualidade de
energia elétrica (QEE) está ligada à disponibilidade de energia a partir de características que
garantam a continuidade e a funcionalidade do sistema elétrico bem como das cargas por ele
supridas: amplitude constante, freqüência constante e forma de onda senoidal.
2.2 DISTÚRBIOS NA REDE ELÉTRICA
2.2.1 Considerações Gerais
A evolução da tecnologia eletrônica tem conduzido a uma conseqüente diversificação de
equipamentos que apresentam características como configurabilidade, multifuncionalidade,
menor consumo (aumento de eficiência) bem como redução de volume ou espaço físico
ocupado. Tais transformações nas características de concepção dos equipamentos trazem
conseqüências a serem analisadas no contexto deste trabalho como características não-lineares
(que introduzem perturbações na rede elétrica na forma de distorção harmônica) bem como
um aumento da sensibilidade dos mesmos à existência de tais perturbações. Dentro de um
contexto geral, estas perturbações podem ser definidas como fenômenos que geram distorções
da tensão de alimentação culminando no afastamento da sua forma de onda em relação às suas
características ideais.
Em um passado relativamente recente, as conseqüências da má qualidade de energia eram
pouco expressivas uma vez que as cargas apresentavam maior robustez aos distúrbios da rede
elétrica. Contudo, como conseqüência do aumento de sensibilidade, os equipamentos
eletrônicos modernos têm apresentado uma demanda crescente por características particulares
da tensão de alimentação para o seu correto funcionamento, o que tem conduzido a estudos
sobre o tema de qualidade de energia ao longo dos últimos anos. Esta preocupação com o
tema de qualidade de energia (que está diretamente ligada às características da tensão
disponível para consumo) está alicerçada, portanto, em fatores como:
36
Aumento da sensibilidade dos equipamentos às variações nas formas de onda
da tensão fornecida (a exemplo de dispositivos microprocessados ou circuitos
eletrônicos mais sensíveis a certos distúrbios).
Demanda crescente por racionalização e conservação da energia elétrica que
tem conduzido ao uso de equipamentos com menor consumo (maior eficiência)
e características não-lineares geradoras de distorção harmônica na rede
(conforme será comentado em maiores detalhes posteriormente).
Redução da vida útil de componentes elétricos e, como conseqüência, dos
próprios equipamentos, em função de variações nas formas de onda.
Tendência de integração de blocos operativos e processos, o que torna a
estrutura resultante ainda mais propensa à ocorrência de falhas e mais sensível
aos distúrbios da rede.
Maior nível de conscientização dos consumidores que leva a um aumento da
exigência sobre a qualidade de energia fornecida pelas concessionárias.
Os estudos resultantes culminaram na identificação e classificação dos principais
distúrbios verificados na rede, no surgimento de parâmetros para descrição e quantificação da
qualidade das formas de onda bem como no aperfeiçoamento de padrões para a normalização
de tais caracteristicas.
Conforme já comentado anteriormente, as formas de onda de tensão e corrente apresentam
como características ideais um formato perfeitamente senoidal e valores constantes de
amplitude e freqüência. Portanto, a normalização consiste na definição e caracterização das
perturbações a que ele está sujeito (como conseqüência no sistema elétrico bem como de sua
interação com agentes externos) e no estabelecimento de limites máximos de tolerância
admitidos para cada tipo de perturbação verificada.
Segundo a norma IEEE Std. 1159-1995 [6], o termo qualidade de energia está associado a
uma grande diversidade de fenômenos eletromagnéticos que descrevem e interferem nas
características de tensão e corrente em um dado instante de tempo. Dentro de um contexto
mais geral, as variações a que está sujeita a tensão da rede elétrica podem ser classificadas
em:
Variações de Longa Duração
Variações de Curta Duração
37
Desbalanceamento de Tensão
Flutuação de Tensão
Variação de Freqüência
A Figura 2.1 ilustra a classificação geral das perturbações elétricas segundo o padrão
IEEE Std. 1156 enquanto a Figura 2.2 ilustra as categorias existentes, conforme será descrito
em maiores detalhes a seguir.
Figura 2.1 Classificação das perturbações segundo o IEEE Std.
Figura 2.2 Categorias das perturbações segundo o IEEE Std.
A Figura 2.3 ilustrada a seguir representa ainda as escalas de tempo para a definição
de perturbações de curta duração.
38
Figura 2.3 Escalas de tempo de perturbações de curta duração.
Nas seções a seguir será desenvolvida uma descrição e conceituação das perturbações
características da rede elétrica, genericamente classificada segundo os ítens acima e de acordo
com as recomendações da norma IEEE.
2.2.2 Variações de Longa Duração
2.2.2.1 Transitórios (Transients)
Segundo uma abordagem física ou fenomenológica, transitórios consistem em
perturbações no estado de equilíbrio de um sistema (ou estado de regime permanente) em
função da ação de agentes externos e que ocasionam uma redistribuição interna de energia,
cuja duração está associada às características temporais ou constantes de tempo do próprio
sistema. Sistemas elétricos (que envolvem menores constantes de tempo comparativamente a
outros, a exemplo de sistemas mecânicos, hidráulicos ou pneumáticos) apresentam
tipicamente transitórios de curta duração que podem ser descritos a partir de uma variação
abrupta em um ou mais parâmetros da rede a partir da ocorrência de uma onda transitória de
tensão, corrente ou potência. Portanto, no tocante à análise de sistemas de energia elétrica,
transitórios podem ser considerados como fenômenos eletromagnéticos que se originam de
39
alterações abruptas em suas condições de operação. A ilustração à direita da Figura 2.4
representa o transitório resultante do chaveamento de um banco de capacitores.
Figura 2.4 Fenômeno de perturbação da rede: transitórios ou “transients”.
A origem de transitórios em sistemas de potência está ligada à ocorrência de descargas
atmosféricas, correntes de partida de motores de alta potência, chaveamento de bancos de
capacitores em linhas de transmissão ou correntes de magnetização de transformadores.
Podem ser caracterizados segundo duas classes distintas:
Transitórios impulsivos.
Transitórios oscilatórios.
Um transitório impulsivo é definido em função de uma variação abrupta na freqüência da
rede que ocorre com polaridade definida (positiva ou negativa), é descrita em função do seu
tempo de subida e de descida e que tem nas descargas atmosféricas a sua origem mais
comum. A excitação do sistema elétrico a partir de um transitório impulsivo pode gerar uma
reação ou distúrbio oscilatório caracterizando os chamados transitórios oscilatórios, conforme
será descrito a seguir.
Analogamente aos transitórios impulsivos, um transitório oscilatório é definido como uma
variação abrupta na amplitude de tensão ou corrente que modifica a polaridade da forma de
onda (em função de sua característica oscilatória) e é comumente descrito em função de sua
magnitude, freqüência e conteúdo espectral.
Desta forma, os chamados transitórios de alta freqüência têm uma duração típica na
escala de microssegundos (µs) e uma componente de freqüência principal superior a 500 kHz,
sendo comumente originados por operações de comutação do sistema como resposta a um
transitório impulsivo. Os transitórios de média freqüência apresentam duração na escala de
dezenas de microssegundos e sua componente principal de freqüência oscila entre 5 e 500
kHz. Por fim, transitórios oscilatórios de baixa freqüência são caracterizados por uma
duração variável entre 0,3 e 50 ms e a sua componente principal de freqüência varia até um
40
limite superior de 5 kHz. Identificada comumente em sistemas de transmissão e distribuição,
transitórios desta natureza são mais frequentemente originados pela energização de bancos de
capacitores (apresentando, neste caso, componentes de freqüência entre 300 e 900 Hz).
Adicionalmente, é possível ainda identificar em sistemas de distribuição de energia
transitórios cujo componente de freqüência principal é inferior a 300 Hz e cuja ocorrência está
geralmente associada à ressonância do ferro ou à energização de transformadores.
2.2.2.2 Subtensões ou Afundamentos (Sags)
Subtensões ou afundamentos de tensão, conforme ilustrado pela Figura 2.5, são
caracterizados pela redução da amplitude de tensão em relação ao valor padronizado e a sua
verificação está associada a fatores como a ocorrência de falhas no sistema elétrico (que
usualmente são regularizadas em um período variável de 3 a 30 ciclos, conforme a magnitude
da falha em corrente). Está associada ainda à entrada na rede de cargas com grande consumo
de corrente (a exemplo da partida de motores de alta potência que pode ocasionar uma queda
na tensão do sistema) e, portanto, uma vez que a corrente drenada pela carga apresente uma
magnitude comparável à corrente máxima de falha disponível no sistema, um significativo
afundamento resultante de tensão poderá ser verificado.
O termo “sag” que pode ser traduzido por “queda”, “depressão” ou “afundamento”, foi
empregado durante anos para a descrição dos fenômenos de redução de tensão de curta
duração. Entretanto, de acordo com a norma IEC, o mesmo fenômeno é referenciado através
do termo “dip”. Segundo a literatura relacionada ao tema, ambos os termos são empregados
indistintamente ainda que o termo “sag” seja mais aplicado pela comunidade norte-americana
ligada à qualidade de energia.
Devido à falta de padronização, no início a duração dos eventos de afundamento não
estava bem definida. A definição de afundamento em algumas publicações ficava na faixa
entre 2 ms e 2 min. Subtensões com tempos abaixo de meio ciclo de rede não eram
consideradas como sendo uma mudança no valor eficaz da tensão na freqüência fundamental
e por esta razão, estes eventos não eram considerados transitórios.
O tempo de duração associado aos afundamentos é comumente classificado segundo três
grupos distintos que definem as chamadas variações de curta duração: afundamentos
instantâneos, momentâneos e temporários. Contudo, subtensões com duração superior a 1
41
minuto (e, neste caso, controladas por meio de reguladores de tensão) são classificadas como
variações de longa duração.
Figura 2.5 Fenômeno de perturbação da rede: afundamentos ou “sags”.
2.2.2.3 Sobretensões ou Saltos (Swells)
Sobretensão ou salto de tensão (swell) representa a contrapartida conceitual associada à
definição de afundamento de tensão (sag). Desta forma, conforme ilustra a Figura 2.6,
sobretensões são descritas como perturbações que implicam no aumento da amplitude de
tensão do sistema (com variações típicas de 1,1 e 1,8 pu) por um período de 0,5 ciclos a 1
minuto e, portanto, são caracterizados de forma completa por sua duração e magnitude.
Analogamente às subtensões, a ocorrência de sobretensões também está ligada a falhas na
operação do sistema e, portanto, suas características dependerão das condições do sistema no
local da falha, como impedância ou aterramento.
O desligamento de cargas de grande consumo de corrente é tipicamente uma operação que
pode levar a sobretensões em função de uma variação grande e abrupta na demanda de
corrente pelas cargas ligadas à rede.
Figura 2.6 Fenômeno de perturbação da rede: sobretensões ou “swells”.
42
2.2.2.4 Interrupções Sustentadas
Conforme ilustra a Figura 2.7 mostrada a seguir, o termo interrupção está relacionado ao
decaimento a zero dos níveis de tensão da rede e o período de tempo ao longo do qual esta
condição é mantida define a classificação deste tipo de perturbação. Desta forma, as
interrupções sustentadas descrevem o decaimento a zero por períodos não superiores a 1
minuto e são consideradas fenômenos característicos de sistemas de energia, enquanto
interrupções com duração superior a 1 min são consideradas interrupções permanentes e, com
conseqüência, demandam uma intervenção externa (a exemplo de uma operação manual) para
a restauração funcional do sistema. Segundo a norma IEEE Std 100-1992 [7], o termo
outage” não está relacionado a um fenômeno ou evento de perturbação em particular, mas ao
estado de não operação previsto para um dado componente do sistema.
Figura 2.7 Fenômeno de perturbação da rede: interrupções ou “outages”.
2.2.3 Desbalanceamento
Esta classe de distúrbio da rede é definida como a razão expressa percentualmente entre o
desvio máximo e a média dos valores de tensão e corrente envolvendo as três fases.
Adicionalmente, o deslocamento de tensão (fenômeno atribuído a cargas desbalanceadas) é
considerado como a razão entre a componente negativa e a componente positiva de uma dada
seqüência.
2.2.4 Flutuação de Tensão
Este tipo de perturbação ou distúrbio é caracterizado por meio de variações sistemáticas
ou mesmo aleatórias de tensão, de forma que sua amplitude permaneça na faixa de 0,95 e 1,05
43
pu, e tem origem na operação de cargas que apresentam grandes variações de corrente
(particularmente variações na componente reativa). Desta forma, a amplitude de variação da
corrente drenada por uma dada carga pode conduzir a flutuações na tensão, conforme
representado pela Figura 2.8.
Figura 2.8 Fenômeno de perturbação da rede: flutuação de tensão.
De acordo com as recomendações do IEEE Std. 1159-1995 [4], o termo flicker (que pode
ser traduzido como “cintilação”ou “tremulação”) não é adequado para expressar está classe de
perturbação da rede uma vez que se refere particularmente a variações de intensidade
luminosa e tais variações representam a resposta de uma particular classe de cargas
(integrantes de um sistema de iluminação) a uma variação da tensão da rede. Desta forma, o
distúrbio definido com flutuação de tensão se refere a uma resposta da tensão da rede a uma
variação de carga enquanto o termo cintilação está relacionado à forma pela qual a carga
responde a uma variação da própria rede.
2.2.5 Variações de Freqüência
A Figura 2.9 ilustra esta classe de perturbações que estão relacionadas à geração de
energia uma vez que a freqüência da rede depende da velocidade de rotação dos geradores do
sistema elétrico. Desta forma, a manutenção do equilíbrio entre as solicitações de energia de
cada carga ligada ao sistema e a geração disponível é um processo dinâmico que implica no
aumento de força motriz para o acionamento das turbinas de cada unidade geradora em
função da entrada de novas cargas (mantendo-se constante a velocidade de rotação e,
portanto, a freqüência do sistema) bem como na redução de força motriz diante da redução de
solicitação de tais cargas. Um desequilíbrio deste processo (gerado pelo desbalanço entre a
força motriz e a solicitação das cargas em conexão em um dado instante de tempo) pode
ocasionar pequenas variações na velocidade de rotação das unidades de geração e, como
44
conseqüência, na freqüência de operação do sistema elétrico, o que pode conduzir à
degradação estrutural e funcional de equipamentos.
Fatores como faltas no sistema de transmissão, desativação de grandes parques de geração
ou mesmo desconexão de cargas de potência elevada podem levar a variações de freqüência
em maior escala ultrapassando os limites definidos pelas condições de regime permanente. No
que concerne ao aspecto de qualidade de energia, variações de freqüência podem afetar a
operação de máquinas rotativas e outros tipos de equipamentos projetados para operação
normal na freqüência de 60 Hz.
Figura 2.9 Fenômeno de perturbação da rede: variação de freqüência.
2.2.6 Distorção na Forma de Onda
2.2.6.1 Considerações Gerais
Esta classe de perturbações origina-se da totalidade de fatores físicos cujo efeito implica
no afastamento da forma de onda em regime permanente e na freqüência da rede elétrica em
relação ao formato senoidal e, como resultado, conduz ao acréscimo de conteúdo harmônico
em sua composição. Fatores que geram distorção da forma de onda podem ser definidos
como:
Harmônicas
Nível CC
Inter-harmônicas
Cortes
Ruído
45
2.2.6.2 Harmônicas
O Teorema de Fourier afirma que uma função periódica não-senoidal pode ser
representada através de um somatório de expressões segundo a composição a seguir:
Uma componente senoidal com a freqüência fundamental (componente
fundamental).
Componentes senoidais com amplitudes que tendem ao decréscimo e cujas
freqüências correspondem a múltiplos inteiros da fundamental (componentes
harmônicas).
Uma eventual componente contínua (valor médio da composição).
De acordo com [8], harmônicas podem ser definidas como “componentes senoidais de
uma forma de onda periódica ou quantidade cuja freqüência corresponde a um múltiplo
inteiro ou integral da freqüência fundamental (ou freqüência de operação do sistema
considerado)”.
Portanto, dentro do contexto de interesse, harmônicas de tensão ou corrente correspondem
a sinais senoidais de tensão ou corrente presentes em um sistema elétrico cuja freqüência é um
múltiplo inteiro da freqüência fundamental de operação do sistema de energia. Componentes
harmônicas tipicamente presentes em um sistema elétrico de 60 Hz são a quinta harmônica
(f = 300 Hz), a sétima harmônica (f = 420 Hz), e a décima primeira (f = 660 Hz).
A origem de tais componentes harmônicas está associada às características não-lineares
dos dispositivos conectados à rede elétrica e, desta forma, as harmônicas de corrente (cujo
efeito resulta em corrente com distorção harmônica) são produzidas pela presença de cargas
não-lineares. Este processo culmina na geração de harmônicas de tensão (cujo efeito resulta
em tensão com distorção harmônica, conforme representado pela Figura 2.10) a partir da fonte
geradora como conseqüência da circulação de correntes com distorção harmônica pela
instalação. Portanto, a existência de distorção harmônica corresponde à presença combinada
da componente fundamental e das componentes harmônicas cujo somatório resulta em uma
alteração das formas de onda originalmente senoidais de tensão ou corrente.
46
Figura 2.10 Fenômeno de perturbação da rede: distorção harmônica.
2.2.6.3 Inter-Harmônicas
Esta modalidade de distorção da rede está ilustrada pela Figura 2.11 e ocorre em função
da presença de componentes de corrente que não estão relacionados com a componente
fundamental (60 Hz). De acordo com [34], estes componentes são gerados a partir de fornos a
arco ou lâmpadas de descarga, ou mesmo a partir de cicloconversores (equipamentos que
geram como saída tensões e correntes com freqüência inferior à freqüência da tensão de
alimentação).
Figura 2.11 Fenômeno de perturbação da rede: inter-harmônicas.
2.2.6.4 Nível CC
Esta modalidade de distúrbio, conforme o próprio termo sugere, envolve o acréscimo de
um nível de tensão ou corrente com média não nula às formas de onda da rede, e pode ocorrer
em função da presença de distúrbios geomagnéticos ou mesmo pelo efeito de cargas não-
lineares (o retificador recebe como entrada uma tensão periódica e com média
47
aproximadamente nula e fornece na saída um nível de tensão contínuo e, portanto, com média
não nula).
2.2.6.5 Cortes (Notches)
Cortes ou “notches” (que pode ser traduzido por “fenda” ou “entalhe”) são considerados
um fenômeno particular pertencente à classe de fenômenos de distorção da forma de onda de
tensão que tem origem durante a operação de equipamentos de alta potência, como por
exemplo: fornos de arco, conversores estáticos de potência, entre outros. Em retificadores
trifásicos este fenômeno pode ser associado à comutação da corrente de uma fase para outra
(durante o qual ocorre um momentâneo curto-circuito entre as duas fases). A amplitude do
corte está associada ao tempo de comutação (que, por sua vez, depende das constantes de
tempo definidas pelas reatâncias da fonte). Por sua natureza, conforme ilustra a Figura 2.12
representada a seguir, ele tem características de transitório bem como de distorção harmônica
e, uma vez que ocorra durante a operação em regime permanente, pode ser analisado a partir
da decomposição de Fourier revelando componentes harmônicos de alta freqüência.
Figura 2.12 Fenômeno de perturbação da rede: cortes ou “notches”.
2.2.6.6 Ruído (Noise)
Representa uma forma de perturbação dada a partir de um sinal elétrico indesejado de
natureza aleatória que se superpõe às formas de onda de tensão e corrente (fases e condutor de
neutro), acrescentando componentes de alta freqüência (em uma faixa de 0 a 2 MHz). Trata-
se, portanto, conforme a representação da Figura 2.13, de uma forma de perturbação que não
pode ser considerada como distorção harmônica ou transitório.
48
Figura 2.13 Fenômeno de perturbação da rede: ruído ou “noise”.
Estes sinais aleatórios são originários tipicamente de processos internos na operação de
equipamentos alimentados pela rede, a exemplo de circuitos eletrônicos de potência, fontes
chaveadas, equipamentos com arco elétrico e outras cargas não-lineares, ou mesmo circuitos
de controle. Uma fonte complementar de sinais de ruído é dada a partir da operação irregular
de equipamentos, a exemplo de isoladores defeituosos, terminais elétricos com vazamento
para a terra (em função da presença de umidade e impurezas), contatos defeituosos em pólos
de disjuntores ou chaves de alimentação e arcos elétricos. Neste contexto, a sua geração pode
ainda ser agravada em sistemas de energia em função de aterramentos deficientes.
De acordo com [21], o ruído nas linhas de distribuição de ambientes residenciais origina-
se primordialmente da conexão de cargas (equipamentos, eletrodomésticos) ao secundário do
transformador; por meio de duas medições computadas em instantes consecutivos a partir de
um dado ponto de rede em ambiente residencial, foram obtidos diferentes espectros de
potência do ruído presente nas formas de onda coletadas e, no entanto, ambos os conjuntos de
dados mostravam maior amplitude dos componentes na região de baixas freqüências, uma
queda abrupta de energia num intervalo de 20 a 40 kHz e uma distribuição variável com
maior nível de energia na região de altas freqüências.
Em [24] afirma-se que o ruído presente em linhas de distribuição apresenta características
distintas do ruído próprio do cabeamento de sistemas de telecomunicações, uma vez que se
apresenta como um ruído não-branco, não-estacionário e não-gaussiano; medições de tensão
levadas a efeito simultaneamente em diferentes tomadas ou pontos de rede demonstraram que
as formas de onda dos sinais de ruído presentes apresentavam um alto coeficiente de
correlação para amostras tomadas na mesma fase e um baixo coeficiente de correlação
estatística para amostras tomadas de fases diferentes.
A diversidade de processos geradores de perturbações indesejadas na operação de um
sistema elétrico produz sinais de ruído com uma diversidade comparável de características.
49
Uma vez que o ruído representa um sinal aleatório (e, neste caso, composto por uma
seqüência de valores que oscilam dentro de um dado intervalo de incerteza), a descrição da
sua estrutura é dada a partir de seu espectro de freqüências ou mesmo a partir da análise de
suas características estatísticas. Em contrapartida, a operação da rede elétrica é descrita
segundo modelos matemáticos determinísticos. Como resultado, uma descrição adequada da
interação entre estes elementos é dada a partir de modelos matemáticos estocásticos (e que,
portanto, considerem o elemento de incerteza presente nas medições).
2.2.7 Distorção Harmônica: Considerações Adicionais
O primeiro sistema integrado de produção, transporte e distribuição de energia elétrica em
corrente alternada ocorreu a partir da concepção dos primeiros transformadores e é datado do
ano de 1893, o que historicamente deu início ao desenvolvimento dos sistemas de energia em
grande escala. E ao longo dos estágios iniciais de operação destes sistemas, as cargas eram
predominantemente lineares e com valores fixos de impedância, a exemplo de lâmpadas
incandescentes, aquecedores e motores sem dispositivos de acionamento ou controle de
velocidade.
Na atualidade, as cargas conectadas à rede são predominantemente não-lineares e, neste
contexto, frequentemente referidas como cargas eletrônicas. Ao longo dos últimos anos, a
aplicação de tais cargas tem aumentado em quantidade, diversidade e consumo de energia
uma vez que são empregadas em ambiente residencial, comercial e industrial. De acordo com
[28], estima-se que as cargas não-lineares consumam um percentual de 50 % a 60 % da
potência que flui através dos sistemas de distribuição de energia em países industrializados, o
que conduz a uma constante tendência de crescimento de conteúdo harmônico nos sistemas de
distribuição em baixa tensão e, como resultado, a problemas de qualidade de energia. Tais
cargas podem ser exemplificadas pelos equipamentos a seguir.
A. Equipamentos industriais:
Máquinas de solda
Controladores Lógicos programáveis
Inversores de freqüência para motores assíncronos ou motores em corrente
contínua
50
Computadores industriais
B. Equipamentos de escritório:
Máquinas copiadoras
Fax
Computadores pessoais
Projetores multimídia
Monitores e impressoras
C. Equipamentos domésticos:
Equipamentos de áudio e vídeo
Equipamentos de entretenimento
Computadores pessoais
D. Equipamentos de iluminação:
Reatores eletrônicos para lâmpadas de descarga
Para a maior parte das aplicações envolvendo a conexão de cargas à rede, o efeito das não-
linearidades ocorre em função do fato de que o circuito interno destes equipamentos opera em
corrente contínua (CC) e, uma vez que a energia do sistema de distribuição é provida na
forma de corrente alternada (CA), torna-se necessária a existência de uma interface para o
condicionamento das características da energia que trafega entre a rede e o ponto de
alimentação do circuito, de forma a converter a tensão alternada em tensão contínua em níveis
compatíveis com o requerido para a alimentação.
Esta interface de conversão é implementada por meio de circuitos eletrônicos
denominados retificadores que, para aplicações de baixa potência, são predominantemente
monofásicos. Para muitas aplicações, esta interface de conversão de energia é constituída por
uma fonte chaveada na qual o primeiro estágio consiste no circuito retificador e o segundo
estágio é formado por um conversor CC-CC. Uma vez que o conversor esteja presente, a sua
função consiste em estabilizar a tensão retificada da rede (fornecida pelo retificador)
51
adaptando-a, conforme já comentado acima, aos níveis de amplitude requeridos para a
alimentação dos circuitos dos equipamentos eletrônicos.
A Figura 2.14 ilustrada a seguir representa de uma forma simplificada a topologia de
circuito não-linear tipicamente empregada na concepção das fontes de alimentação de tais
equipamentos, bem como suas correspondentes formas de onda.
Figura 2.14 Topologia típica da fonte de alimentação de circuitos eletrônicos.
Conforme ilustrado acima, a estrutura de retificação inclui uma ponte retificadora a
diodos, cuja operação de chaveamento é responsável pela sua não-linearidade, e um capacitor
de elevado valor (para formar uma elevada constante de tempo em conjunto com a carga
resistiva em paralelo) que, atuando como um filtro passa-baixas, atenua a oscilação da tensão
de saída criando um barramento CC. As formas de onda representadas acima tornam claro o
conceito de carga não-linear ou eletrônica, uma vez que não existe uma relação linear entre as
formas de onda de tensão e corrente nos terminais da mesma. Neste contexto, a presença da
indutância parasita de entrada L é benéfica para a rede, uma vez que aumenta o tempo de
duração da corrente na entrada do conversor. Esta estrutura será descrita em detalhes no
capítulo sobre Análise Qualitativa.
Os circuitos retificadores convencionais introduzem uma quantidade significativa de
harmônicas de corrente na rede elétrica, uma vez que drenam corrente da rede somente
durante o estágio de carregamento do capacitor de filtro da fonte. A carga do capacitor ocorre
durante os picos da tensão da rede e, desta forma, toda energia absorvida é transferida ao
capacitor durante um curto intervalo de tempo. Portanto, ao circular pelas impedâncias da
rede, essa corrente não-linear irá produzir distorções nas formas de onda de tensão da rede
elétrica.
52
Dentro de um contexto mais geral, as cargas não-lineares podem ser representadas a partir
de conversores estáticos de potência, empregados em um grande número de aplicações onde
se requer o processamento da energia. Como um elemento básico para o condicionamento da
energia na alimentação de sistemas de potência, conforme já mencionado, os circuitos
retificadores predominam como cargas não-lineares e são encontrados como estágio de
entrada dos principais conversores estáticos existentes em equipamentos como as fontes
chaveadas já mencionadas acima, fontes lineares, reatores eletrônicos, carregadores de
baterias, sistemas de alimentação ininterrupta (UPS - uninterrupted power supply),
acionamento de máquinas elétricas e dispositivos para telecomunicações.
A conexão de cargas não-lineares à rede gera correntes com forma de onda não-senoidal e,
portanto, com conteúdo harmônico de corrente que é injetado no sistema elétrico. A
conseqüente interação deste conteúdo harmônico com as impedâncias presentes na linha,
conforme ilustra a Figura 2.15, produz tensões com distorção harmônica. Portanto, conforme
as considerações já apresentadas, as cargas não-lineares representam uma importante fonte de
distorção harmônica da tensão da rede elétrica.
Figura 2.15 Esquema unifilar: impedância de um circuito de alimentação.
O efeito das não-linearidades das cargas mencionadas sobre a rede elétrica gera uma
corrente de entrada não-senoidal (com distorção harmônica) e, como resultado, injeta
componentes harmônicos na rede elétrica, conforme é ilustrado pela Figura 2.16.
53
Figura 2.16 Propagação de harmônicas pela rede.
Através da Figura 2.17 é possível observar um exemplo onde a composição de um
conjunto de formas de ondas puramente senoidais (uma das quais representando a
componente fundamental e as demais representando as componentes harmônicas até a nona
ordem) resulta em uma forma de onda com um significativo grau de distorção.
54
Figura 2.17 Fundamental e componentes harmônicas.
As distorções presentes na rede levam a uma redução na qualidade de energia disponível
uma vez que interferem diretamente nos equipamentos conectados à mesma. Esta
interferência pode ser considerada a partir do efeito exercido no desempenho do sistema de
energia quanto aos aspectos a seguir:
a. Deformação da tensão: a corrente com a distorção harmônica originária de cargas
não-lineares interage com as impedâncias da rede elétrica gerando tensões com
distorção harmônica (que correspondem ao somatório das quedas de tensão
computadas pelo efeito de cada harmônica de corrente isoladamente considerada).
Portanto, este fenômeno altera as características da tensão de alimentação podendo
ocasionar o funcionamento inadequado de equipamentos eletrônicos com maior grau
de sensibilidade.
b. Redução do fator de potência: a geração de componentes harmônicas reduz o fator
de potência, o que implica no aumento de componentes reativos na rede e, como
55
resultado, na elevação dos níveis de corrente e na necessidade de um
sobredimensionamento do sistema elétrico (aumento de tamanho e de robustez a níveis
mais elevados de corrente, o que impacta diretamente sobre os custos associados).
c. Possibilidade de ressonância do sistema: a presença de componentes harmônicas de
tensão e corrente implica na presença de freqüências adicionais na rede elétrica
(componentes de freqüência superiores à freqüência fundamental) o que pode
ocasionar o fenômeno da ressonância com as freqüências do próprio sistema elétrico e,
como resultado, gerar picos de tensão e corrente que danifiquem os equipamentos a
ele conectados.
d. Elevação da corrente no condutor neutro em sistemas trifásicos: as componentes
harmônicas de seqüência zero (cuja ordem é um múltiplo de 3, como a 3ª, a 9ª e a 15ª)
originárias de cada fase (e, portanto, defasadas de 120°) apresentam um somatório
não-nulo, ao contrário das componentes de seqüência positiva ou negativa; portanto,
em sistemas trifásicos tais características resultam em um efeito aditivo no condutor
neutro, o que eleva a dissipação de energia e conduz também à necessidade de um
sobredimensionamento.
e. Erros em equipamentos de medição e proteção: os equipamentos ou instrumentos
portáteis de medição de tensão e corrente são comumente projetados para uma leitura
apropriada de ondas perfeitamente senoidais (a exemplo de multímetros e alicates para
aferição de corrente, usualmente referidos como instrumentos de “valor médio”). A
construção de tais instrumentos consiste tipicamente em uma ponte de diodos (para a
retificação do sinal), um amplificador linear que multiplica o sinal pelo fator 1,11
(uma vez que este fator representa a relação existente entre o valor eficaz e o valor
médio em meio período de uma senóide) e um circuito para a determinação do valor
médio, de forma que o valor médio multiplicado pelo fator 1,11 corresponde ao valor
eficaz do sinal analisado. Portanto, o emprego de tais equipamentos na análise de
formas de onda com distorção harmônica (para as quais, como conseqüência, a relação
entre o valor médio e o eficaz não corresponde ao fator 1,11) conduzirá a erros de
medição que aumentam com o grau de distorção da forma de onda analisada.
Adicionalmente, dispositivos com discos de indução como medidores de energia
também se mostram sensíveis à presença de harmônicas e podem apresentar erros
significativos de medição para níveis de distorção da ordem de 20%.
56
f. Redução da máxima potência ativa absorvível da rede: a presença de componentes
harmônicas de corrente aumenta a diferença de fase entre os sinais de tensão e
corrente, reduzindo desta forma o fator de potência do conjunto de cargas e, como
resultado, limitando a máxima potência ativa consumida.
g. Interferência Eletromagnética: de acordo com [8], o acoplamento eletromagnético
entre circuitos elétricos de potência e circuitos de comunicação pode ocasionar o que é
conhecido como interferência de comunicação. O fluxo de corrente nos circuitos de
potência produz campos eletromagnéticos que induzem tensões e correntes nos
condutores dos circuitos de comunicação de forma que o grau de interferência
dependerá da magnitude da tensão ou corrente induzida, freqüência e eficiência do
acoplamento.
h. Necessidade de sobredimensionamento das instalações elétricas: a elevação dos
níveis de corrente (em função da presença de componentes harmônicas) e o aumento
das perdas resultantes (que são devidas ao efeito pelicular ou redução da seção do fio
condutor através da qual passa a corrente à proporção em que aumenta a freqüência da
componente harmônica em relação à fundamental) conduzem à necessidade de uma
adequação dos condutores bem como dos transformadores de distribuição a partir de
um sobredimensionamento de suas características para a transmissão de potências
mais elevadas.
i. Efeitos de Sobrecarga: um efeito adicional de sobrecarga, vibração e envelhecimento
ocorre em alternadores, transformadores, motores e capacitores de compensação de
energia reativa (neste caso, sobrecarga e envelhecimento).
O impacto econômico resultante destes efeitos pode ser verificado a partir de
conseqüências como:
Distorções nas formas de onda de corrente que podem ocasionar disparos
fortuitos e a parada de instalações de produção.
Envelhecimento precoce de materiais ou componentes (redução da vida útil)
que cria a necessidade de um sobredimensionamento (neste caso, maior custo
de projeto) ou de uma maior periodicidade na sua substituição (neste caso,
custo de manutenção).
57
Sobrecarga da rede em função do alto valor eficaz da corrente de entrada, que
gera um aumento das perdas nos semicondutores de potência e nos elementos
de transmissão, e implica na elevação de custos para as instalações elétricas e
equipamentos.
Verifica-se, portanto, que a existência de cargas não-lineares com baixo fator de potência
conduz a distorções harmônicas na rede, originando problemas técnicos e elevando os custos
de manutenção do sistema. Desta forma, torna-se técnica e economicamente mais vantajoso o
investimento em tecnologias para a mitigação da distorção harmônica gerada pelas cargas
não-lineares dos equipamentos em uso.
2.2.8 Distorção Harmônica: Indicadores Essenciais
Conforme já mencionado, a amplitude das componentes harmônicas tende a decrescer em
função do aumento da freqüência e, como conseqüência, a interferência de uma dada
componente harmônica sobre a rede elétrica tende a se tornar menos significativa para ordens
mais elevadas. De acordo com [31], considera-se que correntes harmônicas além da 50ª ordem
são desprezíveis e que, portanto, sua medição tem pouca contribuição na determinação do
grau de distorção harmônica. Considera-se ainda que, via de regra, um bom grau de precisão é
obtido para a medição de componentes harmônicas até a 30ª ordem. Adicionalmente,
considerando a influência das componentes harmônicas mais significativas (harmônicas de
maior amplitude), a compensação de harmônicas na rede deve ser estendida até a componente
de 13ª ordem e, no entanto, uma compensação de melhor qualidade deveria contemplar as
componentes até a 25ª ordem.
Os chamados indicadores de distorção harmônica são parâmetros que têm por objetivo
quantificar e avaliar o grau de distorção harmônica das ondas de tensão e corrente, conforme
está relacionado a seguir:
Fator de Potência e Deslocamento
Fator de Crista
Potência de Distorção
Espectro em Freqüência
Taxa de Distorção Harmônica
58
2.2.8.1 Fator de Potência e Deslocamento
Conforme indicado por Erro! Fonte de referência não encontrada., o fator de potência
FP é um parâmetro adimensional (variável entre 0 e 1) e definido como a relação entre a
potência ativa P e a potência aparente S.
00
22
00
11
()() ()
11
() ()
TT
TT
ef ef
u t i t dt p t dt
TT
P
FP
UI S
u t dt i t dt
TT
===
∫∫
∫∫
(2.1)
Fisicamente, este conceito está claramente definido para as cargas lineares e expressa o
defasamento entre a tensão e a corrente, o qual é função das características da carga
considerada. No entanto, quando avaliado com referência a cargas não-lineares, este conceito
não carrega o mesmo sentido físico e, neste caso, pode-se empregar alternativamente o fator
de deslocamento FD, o qual se aplica a sistemas com distorção harmônica, indicando a
relação entre a potência ativa e a componente fundamental de corrente, conforme expresso
por (2.2).
(1)ef ef
P
FD
UI
=
(2.2)
Onde:
P - potência ativa ou potência média.
S - potência aparente.
U
ef
- valor eficaz da tensão de entrada.
I
ef
- valor eficaz da corrente de entrada.
I
(1)ef
- valor eficaz da componente fundamental da corrente de entrada.
Considerando tensão e corrente senoidais defasados através de um ângulo φ, demonstra-se
que as potências aparente S e ativa P são expressas através de (2.3) e (2.4), respectivamente.
.
ef ef
SUI
=
(2.3)
59
cos
ef ef
PUI=
ϕ
(2.4)
Aplicando-se (2.3) e (2.4) em (2.2), obtém-se uma expressão simplificada para o fator de
potência como função do ângulo de fase, conforme representado por (2.5).
cosFP
=
ϕ
(2.5)
A generalização dos conceitos acima indica que:
Para uma carga puramente resistiva, as formas de onda de tensão e corrente
estarão em fase e, considerando tensão senoidal, é possível afirmar que:
FP = FD = 1.
Para carga linear e tensão e corrente senoidais defasados de um ângulo φ, é
válida a relação: FP = FD = cosφ.
Para tensão senoidal e carga não-linear, FP e FD não coincidem e devem ser
determinados a partir de Erro! Fonte de referência não encontrada. e (2.2).
2.2.8.2 Fator de Crista
É definida como a relação entre o valor de pico de tensão ou corrente e o seu valor eficaz
correspondente, conforme é expresso segundo as equações a seguir. Assim, (2.6) indica o
fator de crista de corrente FC
I
e (2.7) indica o fator de crista de tensão FC
U
.
m
I
ef
I
FC
I
=
(2.6)
m
U
ef
U
FC
U
=
(2.7)
Um sinal senoidal (e, portanto, desprovido de componentes harmônicos) tipicamente
apresenta um fator de crista de
2
. Contudo, a presença de componentes harmônicos altera as
60
características geométricas da forma de onda do sinal modificando a distribuição de energia
ao longo do período e, como resultado, o fator de crista de sinais com distorção harmônica
crescente tende a valores cada vez mais elevados. O fator de crista associado às correntes
absorvidas pelas cargas não-lineares é muito superior a
2
podendo chegar a 5 em casos
mais críticos de não-linearidade da carga (e, neste caso, de distorção da corrente resultante).
2.2.8.3 Potência de Distorção
A potência aparente S de um sistema elétrico é definida genericamente conforme (2.3).
Considerando que o valor eficaz de um sinal com distorção harmônica é dado pela raiz
quadrada da soma dos quadrados de cada componente harmônico, para sistemas com
distorção harmônica de tensão e de corrente, a potência aparente S pode ser expressa a partir
de (2.8).
22
hn hn
nn
SU.I
∞∞
⎛⎞
=
⎜⎟
⎝⎠
∑∑
(2.8)
Para tais sistemas, a relação entre os elementos do triângulo de potências (dada por S
2
=
P
2
+ Q
2
e válida apenas para sistemas com tensão e corrente senoidais) é estendida para um
formato mais geral representado de acordo com (2.9) onde o parâmetro adicional D representa
a potência de distorção.
2222
SPQD=++
(2.9)
2.2.8.4 Fator Harmônico
Uma medida ou parâmetro de avaliação quantitativa com maior grau de especificidade
pode ser citado em função do Fator Harmônico ou taxa harmônica de ordem h. Desta forma, o
fator harmônico representa a razão expressa percentualmente entre a amplitude de uma dada
componente harmônica e a componente fundamental. As equações expressas por (2.10) e
(2.11) a seguir apresentam as definições para o fator harmônico de tensão e de corrente,
respectivamente.
61
1
100
h
h
V
V
V
=
(2.10)
1
100
h
h
I
i
I
=
(2.11)
Onde:
V
h
- Componente harmônica de tensão de ordem h.
I
h
- Componente harmônica de corrente de ordem h.
2.2.8.5 Taxa de Distorção Harmônica
Os níveis de distorção harmônica são também avaliados a partir da análise da totalidade
do espectro de harmônicas considerando as amplitudes e ângulos de fase de cada componente
em particular. No âmbito da engenharia elétrica, tais níveis de distorção são comumente
caracterizados e quantificados através de uma medida de avaliação global conhecida como
Distorção Harmônica Total (DHT) ou Total Tarmonic Distortion (THD). A THD corresponde
por definição à medida da razão entre a raíz quadrada do somatório dos quadrados da
amplitude das componentes harmônicas e a amplitude da componente fundamental. Assim, de
acordo com a definição apresentada pela norma IEC 61000-2-2, (2.12) corresponde à THD
V
de tensão enquanto (2.13) representa a THD
I
de corrente.
2
2
1
1
Vh
h
THD V
V
=
=
(2.12)
2
2
1
1
I
h
h
THD I
I
=
=
(2.13)
A THD é comumente expressa em unidades percentuais e, com alguma freqüência, atinge
valores superiores a 100 % para formas de ondas com elevado grau de distorção.
Visando a uma caracterização mais consistente das harmônicas de corrente, o IEEE
definiu a chamada distorção de demanda total (DDT) como a medida percentual da razão
62
entre a corrente de carga e a amplitude da corrente fundamental. Em determinados países,
aplica-se alternativamente a definição de THF (Total Harmonic Factor) para quantificar o
grau de distorção harmônica.
Desta forma, o valor eficaz das formas de onda consideradas é computado no lugar da
amplitude de sua componente fundamental, conforme é indicado através de (2.14).
2
2
1
h
h
eff
THF I
I
=
=
(2.14)
Para sinais com reduzido grau de distorção, a THD e a THF apresentam valores próximos
e, contudo, diferentemente da THD, a THF não atinge valores superiores a 100, ainda que
sejam considerados sinais com elevado grau de distorção.
De acordo com [16], o conceito de THD pode ser empregado para a determinação do fator
de potência considerando uma tensão de alimentação sem distorção (neste caso, desprovida de
conteúdo harmônico) e que, portanto, apenas a componente fundamental da corrente gera
potência útil. Desta forma, a partir desta consideração, (2.14) pode ser expressa segundo a
forma mostrada a seguir através de (2.15).
111
1
ef ()ef () ()ef
()
ef ef ef
UI cos I
FP cos
UI I
⋅⋅
==
ϕ
ϕ
(2.15)
Onde:
U
ef
- Valor eficaz da tensão de alimentação
I
ef(1)
- Valor eficaz da componente fundamental da corrente.
I
ef
-
Valor eficaz total da corrente.
Ф
(1)
- Diferença de fase ou ângulo de fase entre a tensão e a componente fundamental de
corrente de entrada.
A corrente presente na entrada do circuito pode ser expressa segundo um somatório da
componente fundamental (h = 1) com o seu conteúdo harmônico, conforme (2.16).
63
1
h
h
I
(t) I (t)
=
=
(2.16)
Onde:
I - Corrente total de entrada.
I
h
- Amplitude da componente harmônica de ordem h (h-ésima componente).
Por fim, substituindo-se (2.16) em (2.15) e manipulando-se a equação resultante, chega-se
à expressão indicada a seguir através de (2.17).
(1)
2
cos
1
FP
THD
ϕ
=
+
(2.17)
Desta forma, conforme pode ser verificado, a equação (2.17) relaciona o fator de potência
FP com a taxa de distorção harmônica THD. Observa-se que um sistema sem distorção
harmônica representa um caso particular em que se aplica a equação acima, para o qual
THD = 0, cosφ
(1)
= cosφ e, como conseqüência, FP = cosφ.
2.3 CONCLUSÃO
Este capítulo, em uma abordagem complementar ao capítulo inicial, apresentou um
conjunto de considerações acerca do tema de qualidade de energia. Desta forma, ao relacionar
alguns aspectos históricos que conduziram à evolução desta linha de pesquisa, põe em
evidência a demanda crescente pelo conhecimento ligado à forma pela qual a inserção de
tecnologia (visando a aspectos como a gestão da rede, funcionalidade e redução de consumo
em equipamentos) impacta diretamente na forma de processamento da energia no âmbito de
sistemas de potência em função da interação entre as cargas e os sistemas de geração e
distribuição.
Dentro deste contexto, a definição de normas e recomendações conduz ao conceito de
qualidade ao estabelecer as características ideais das formas de onda de tensão e corrente
presentes na rede (forma de onda senoidal com amplitude e freqüência constantes) bem como
os níveis de tolerância idealmente admitidos para o afastamento destas formas de onda em
relação a estas características. Ao estabelecer as diferentes condições segundo as quais este
64
afastamento pode ser verificado (através das perturbações a que estão sujeitas as formas de
onda), este trabalho se volta particularmente para o aspecto da distorção harmônica,
apresentando sua definição, descrição, parâmetros de avaliação quantitativa bem como sua
estreita relação com as características não-lineares das cargas ligadas à rede.
Desta forma, buscou-se explicitar a relação de causa/efeito existente entre a conexão de
cargas eletrônicas na rede elétrica e o surgimento de distorção harmônica em função de suas
características não-lineares de processamento da energia.
A partir das considerações feitas acima, a seqüência deste trabalho compreende a análise
da natureza das cargas não-lineares (estrutura, funcionamento, modos de operação) uma vez
definido o seu contexto de aplicação. Compreende ainda a exploração e proposição de
ferramentas para a modelagem de sua estrutura e de sua relação com a rede, à luz dos
conceitos e ferramentas de modelagem a serem apresentados no próximo capítulo.
65
CAPÍTULO 3
CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE MODELAGEM
66
3 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE MODELAGEM
3.1 Introdução
A metodologia empregada para o desenvolvimento deste trabalho consiste na aplicação de
um processo de modelagem com o objetivo de permitir a estimação dos parâmetros de um
dado sistema elétrico em estudo. Para tanto, é conveniente fazer algumas considerações
iniciais a respeito do conceito e da prática da modelagem de sistemas.
De um modo geral, o conceito de modelagem está relacionado à representação de um
sistema de referência a partir de determinadas características de interesse. Desta forma, a
reprodução em miniatura de um dado objeto representa um modelo deste objeto na medida em
que reproduz, ainda que em menor escala, algumas de suas características geométricas.
Contudo, este modelo não está voltado para a representação das características dinâmicas do
sistema cuja análise é objeto de interesse na engenharia através de modelos matemáticos.
Neste sentido, um modelo pode ser definido como um conjunto de uma ou mais equações que
relaciona um conjunto de parâmetros de interesse de um dado sistema, estabelecendo uma
relação válida para uma faixa de variação de interesse dos valores destes parâmetros.
Portanto, o modelo oferece uma descrição aproximada de determinadas características de
interesse do sistema, sendo válido segundo condições particulares de aplicação.
Ao longo dos séculos, o homem tem procurado descrever e representar sistemas e
fenômenos de interesse através de modelos matemáticos. E, apesar do desenvolvimento
crescente de novas técnicas de modelagem bem como da diversidade de modelos disponíveis,
a diversidade de aplicações tem justificado o aprofundamento das pesquisas. Modelos
matemáticos têm sido empregados para a descrição de sistemas físicos (elétricos, mecânicos,
hidráulicos, pneumáticos), químicos, econômicos, biológicos, entre outros.
Os resultados finais do processo de modelagem (expressos pelo modelo matemático do
sistema analisado) podem diferir quanto à complexidade, à quantidade de parâmetros, ao grau
de não-linearidade e mesmo quanto às condições de aplicação ou faixa de variação dos
parâmetros ao longo da qual o modelo se mostra confiável. De acordo com [29], as
características do modelo obtido estão associadas ao processo de modelagem empregado bem
como à quantidade e natureza do acervo de informações disponíveis sobre o sistema, de forma
67
que o processo pode ser descrito pela seguinte classificação geral: modelagem física e
modelagem empírica.
A modelagem física, também conhecida como modelagem conceitual ou fenomenológica
ou modelagem pela natureza do processo (ou ainda modelagem caixa branca) considera as
características físicas do sistema e, portanto, envolve uma relação de parâmetros descritivos
destas características. A modelagem empírica envolve um processo também conhecido como
identificação de sistemas (ou ainda modelagem caixa preta) onde apenas o comportamento do
sistema (expresso através dos dados de entrada e saída) é tomado como informação para a
elaboração do modelo (cujos parâmetros seriam desprovidos de um significado físico) e,
portanto, as características internas do sistema não são consideradas (não havendo, neste caso,
a necessidade de um conhecimento prévio da física do processo).
Adicionalmente, é possível acrescentar ainda o conceito de modelagem caixa cinza onde
os procedimentos de identificação de sistemas (que remete ao conceito de modelagem caixa
preta) são levados a efeito partindo-se de algum conhecimento acerca da física do sistema
analisado (o que remete ao conceito de modelagem caixa branca). Esta técnica envolve
conceitos de ambos os procedimentos de modelagem comentados acima correspondendo,
portanto, a uma situação intermediária.
3.2 Critérios de Classificação
Uma vez estabelecida a classificação geral dos métodos de modelagem, é conveniente
ainda proceder a uma classificação dos sistemas ou, mais particularmente, dos modelos
descritivos destes sistemas a partir de critérios usuais de classificação. Desta forma, de acordo
com [29], a nomenclatura usualmente empregada pela teoria de sistemas dinâmicos define
alguns parâmetros para a caracterização de modelos, conforme será descrito a seguir.
Modelos Determinísticos e Estocásticos: modelos determinísticos são descritos através
de equações que permitem a determinação exata de uma grandeza. Por outro lado, as
equações que descrevem modelos estocásticos (as chamadas equações estocásticas)
relacionam parâmetros ou quantidades que incluem ao menos um componente ou parcela de
incerteza de forma a impossibilitar a exatidão nas informações;
Modelos Causais e Antecipativos: modelos causais geram saídas que dependem apenas
de entradas aplicadas em instantes de tempo anteriores; em oposição aos primeiros e
caracterizando sistemas inviáveis de implementação prática, modelos antecipativos ou não-
68
causais respondem não apenas às entradas anteriores ao instante em que é gerada a saída,
como também a instantes posteriores a ela (caracterizando uma resposta em antecipação à
entrada);
Modelos Contínuos ou Discretos: para modelos contínuos, a variável t (tempo), que
parametriza as grandezas representativas do sistema, é uma variável contínua e positiva; em
sistemas discretos, a variável t apresenta uma variação discreta de forma que tais sistemas
apresentam resposta definida apenas para estes instantes de tempo;
Modelos Estáticos ou Dinâmicos: modelos estáticos são descritos por equações
algébricas que geram saídas dependentes unicamente do estado atual no qual uma dada
entrada é aplicada, o que caracteriza um sistema sem memória; por outro lado, modelos
dinâmicos são descritos através equações diferenciais (sistemas contínuos) ou equações de
diferenças (sistemas discretos) e apresentam um comportamento temporal que gera saídas
dependentes do estado atual bem como de todos os estados anteriores.
Modelos Monovariáveis e Multivariáveis: modelos monovariáveis relacionam uma
entrada e uma saída e são comumente referidos na literatura pertinente ao tema como modelos
SISO (single input single output), enquanto modelos multivariáveis envolvem mais de uma
entrada caracterizando os chamados modelos SIMO (single input multiple output) ou
alternativamente mais de uma saída, caracterizando os modelos MISO (multiple input single
output). Adicionalmente, os modelos MIMO (multiple input multiple output) relacionam mais
de uma entrada com mais de uma saída.
Modelos Paramétricos e Não-Paramétricos: modelos paramétricos são descritos por
equações paramétricas (compostas por uma relação de quantidades incluindo parâmetros e
variáveis representativas do sistema); modelos não-paramétricos, conforme o próprio termo
sugere, não envolvem parâmetros sendo descritos através um conjunto de valores e, portanto,
podem ser apenas graficamente representados.
Modelos Autônomos e Não-Autônomos: sistemas autônomos são caracterizados pela
geração de saídas na ausência de entradas enquanto sistemas não-autônomos, em
contrapartida, necessitam de entradas para a geração de saídas correspondentes.
Modelos Lineares e Não-Lineares: a definição usualmente aplicada para o conceito de
linearidade está diretamente ligada à conformidade ao principio da linearidade e superposição.
Desta forma, um sistema linear responderá segundo as características indicadas pela Figura
3.1 representada a seguir onde, a partir da aplicação simultânea de excitações independentes,
a resposta do sistema linear corresponde à soma (ou superposição) da resposta a cada uma das
69
entradas individualmente consideradas. Portanto, a determinação da resposta a N entradas ou
excitações independentes pode ser levada a efeito a partir da determinação de N respostas
individuais cuja soma corresponde ao resultado desejado. Como conseqüência deste conceito,
um sistema é dito não-linear quando não atende ao princípio da linearidade e superposição.
Figura 3.1 Representação geral de um sistema linear.
Modelos Variantes e Invariantes no Tempo: sistemas invariantes no tempo são
descritos através de equações a coeficientes constantes (os quais são expressos em função dos
parâmetros físicos do sistema) e, desta forma, estes parâmetros interferem de uma forma
constante no comportamento estático ou dinâmico do sistema considerado. A invariância do
sistema pode ser alternativamente descrita a partir do seu comportamento temporal de forma
que, considerando a resposta y(t) de um sistema invariante no tempo a uma dada entrada x(t),
uma entrada x(t - h) produzirá uma resposta y(t - h). Por outro lado, os modelos de sistemas
variantes no tempo são representados através de equações cujos coeficientes variam no tempo
(com coeficientes temporalmente variáveis). Sistemas dinâmicos com esta característica
apresentam, como conseqüência, um comportamento dinâmico que varia ao longo do tempo.
Desta forma, sistemas físicos são usualmente descritos segundo um modelo matemático
caracterizado em função dos critérios de classificação acima. No âmbito dos conceitos
apresentados nesta seção e segundo a proposta de modelagem e estimação de parâmetros em
desenvolvimento neste trabalho, os sistemas em estudo podem ser considerados como
sistemas não-autônomos, contínuos e não-lineares, cuja dinâmica pode ser representada de
uma forma simplificada por conveniência de modelagem e segundo um determinado intervalo
de interesse, na condição de um sistema paramétrico linear, discreto e invariante no tempo.
As seções a seguir discorrem acerca de alguns conceitos e ferramentas a serem aplicadas
para a formulação da estratégia de modelagem a ser apresentada nos próximos capítulos.
70
3.3 Aproximações Analógico-Discretas
3.3.1 Considerações Preliminares
O objetivo desta seção é apresentar algumas considerações acerca das relações disponíveis
na literatura para o mapeamento e conversão entre pontos nos espaços contínuo e discreto.
De acordo com a Figura 3.2, o gráfico à esquerda representa um sinal contínuo ou
analógico f(t) e o gráfico à direita representa a sua correspondente função equivalente discreta
f
T
(t), na qual as amostras estão espaçadas através do período de amostragem T
s
.
Figura 3.2 Discretização de um sinal analógico.
Assim, a função discreta f
T
(t) pode ser representada pelo somatório de suas amostras
regularmente espaçadas, conforme é representado através de (3.1).
0
s
Tss
k
f
(t) f(kT ) (t kT )
δ
=
=−
(3.1)
De acordo com (3.1), uma função discreta pode ser descrita genericamente por meio de
um somatório de impulsos regularmente espaçados através do período de amostragem T
s
e
cuja intensidade ou magnitude é ponderada através da função f(t).
A aplicação da transformada de Laplace na função descrita acima resulta em sua
representação no domínio freqüência, conforme é expresso por (3.2).
{}
{}
00
s
s
kT
Tsss
kk
L f(t) f(kT)L (t kT) f(kT)e
δ
∞∞
==
=−=
∑∑
(3.2)
71
Aos resultados obtidos a partir do equacionamento ilustrado acima, aplica-se por
conveniência de simplificação a relação expressa por Erro! Fonte de referência não
encontrada..
S
s
T
ze=
(3.3)
Os resultados da substituição algébrica indicada acima conduzem à definição da
Transformada Z cuja notação é expressa por (3.4).
{}
0
s
k
Ts
k
Z
f(t) F(z) f(kT)z
=
==
(3.4)
A transformada Z impõe-se como recurso pela relativa simplicidade e versatilidade como
poderosa ferramenta para análise e descrição de sistemas discretos, bem como para a
representação aproximada das características dinâmicas de sistemas contínuos através de um
modelo equivalente discreto. Todavia, o grau de precisão dos resultados da análise obtidos a
partir desta ferramenta está associado a determinadas características inerentes à sua utilização:
1. Período de Amostragem – O processo de amostragem inerentemente vincula-se à
aplicação de um dado período de amostragem T
s
(espaço regular entre duas amostras
consecutivas) ou freqüência de amostragem (número de amostras consideradas por unidade de
tempo F
s
), de tal forma que estes parâmetros estão relacionados de acordo com Erro! Fonte
de referência não encontrada..
s
s
1
T
F
=
(3.5)
2. Processo de Amostragem – O processo de amostragem é modelado a partir do
conceito de amostrador. Quando considerado em suas características ideais, o amostrador
produz, em teoria, uma seqüência de impulsos (ou amostras de duração infinitesimal)
espaçados pelo período de amostragem T
s
, o que corresponde a um conjunto de amostras com
freqüência de amostragem F
s
. Entretanto, sistemas ou sinais amostrados reais apresentam
amostras com duração não-nula de forma que o conceito de impulso se mostra inadequado
para a descrição rigorosa dos mesmos. Sinais amostrados representam seqüências de pulsos de
pequena duração cujo valor está associado às características inerciais do processo de
amostragem (amostrador).
72
A partir das considerações algébricas demonstradas acima, observa-se adicionalmente que
a igualdade z = e
sT
estabelece uma expressão exata para o mapeamento biunívoco de pontos
envolvendo o espaço contínuo e o espaço discreto, permitindo assim o estabelecimento da
equivalência entre uma expressão contínua e sua representação equivalente discreta e vice-
versa.
A Figura 3.3 ilustra esse mapeamento onde cada ponto do semiplano esquerdo do plano s
(região de estabilidade do espaço contínuo) corresponde a um ponto nos limites do circulo de
raio unitário do plano z (região de estabilidade do espaço discreto).
Figura 3.3 Mapeamento exponencial.
Todavia, este mapeamento envolve uma representação matemática mais complexa e,
como conseqüência, não é usado em situações práticas em função de limitações nas técnicas
digitais para a realização das operações necessárias. Portanto, implementações práticas são
levadas a efeito a partir do uso de expressões aproximadoras.
A literatura disponível sobre o assunto propõe diversos critérios para a determinação de
expressões aproximadoras, conforme é exemplificado pelas ferramentas abaixo:
Aproximação de Euler (Forward e Backward)
Aproximação de Tustin (Bilinear ou Trapezoidal)
Nova-Regra 1
Nova-Regra 2
As duas primeiras integram o conjunto de expressões aproximadoras clássicas e que, por
esse motivo, foram empregadas em um primeiro momento para o desenvolvimento da
73
proposta de modelagem deste trabalho. Todavia, de acordo com [30], a aproximação Forward
se mostra não realizável na prática por representar um sistema não-causal. Adicionalmente,
tem como característica a possibilidade de mapear um sistema contínuo estável em um
sistema discreto instável e, portanto, não será considerada neste trabalho.
De acordo com [32], a Nova-Regra 1 representa uma proposta alternativa de aproximação
para contornar as limitações de métodos clássicos quanto a sistemas de controle com ganhos
elevados ou mesmo altos valores de períodos de amostragem T
s
(que podem conduzir a
resultados imprecisos). A expressão correspondente a esta aproximação apresenta um maior
grau de generalidade (comparativamente às expressões clássicas) de maneira que as
aproximações Backward e de Tustin representam um caso particular deste caso mais geral,
conforme indicado por Erro! Fonte de referência não encontrada., onde ζ é definido como
um fator variável entre 0 e 1.
21
s
z
s
Tz
ζ
=
+
(3.6)
Por fim, ainda de acordo [32] e dentro do contexto do conjunto de mapeamentos
apresentado, a Nova-Regra 2 é a proposta de mapeamento com o maior grau de generalidade,
do qual os mapeamentos anteriores constituem casos particulares. A equação Erro! Fonte de
referência não encontrada. apresenta a expressão para esta aproximação, onde ζ
1
e ζ
2
representam, por analogia com o caso anterior, fatores variáveis entre 0 e 1.
1
2
2
s
z
s
Tz
ζ
ζ
=
+
(3.7)
Em função do elevado grau de generalidade e da complexidade resultante, as duas
aproximações indicadas (através de Erro! Fonte de referência não encontrada. e Erro!
Fonte de referência não encontrada.) não foram aplicadas no contexto deste trabalho. Nas
seções a seguir, as aproximações a serem consideradas (em função da simplicidade de
aplicação) serão descritas e desenvolvidas com maior grau de detalhamento.
3.3.2 Aproximação Backward
A Figura 3.4 ilustra as considerações a serem feitas acerca da aproximação Backward. De
acordo com a ilustração, a área definida pela função f(t) para um dado intervalo considerado
74
pode ser expressa a partir da soma de sucessivos retângulos de forma que o valor da função
empregado corresponda ao valor interior deste intervalo.
Figura 3.4 Determinação da área por aproximação retangular do tipo Backward.
Desta forma, segundo a ilustração indicada acima, a área indicada pode ser expressa em
função dos elementos indicados no gráfico através de Erro! Fonte de referência não
encontrada..
1
s
ssss
y(KT ) y(KT ) T f(KT T )=−+
(3.8)
A aplicação da transformada Z sobre Erro! Fonte de referência não encontrada. resulta
em uma expressão para a aproximação Backward, conforme é expresso por Erro! Fonte de
referência não encontrada..
1
s
z
s
Tz
=
(3.9)
A exemplo da aproximação Forward (não considerada neste trabalho) esta aproximação
também apresenta a simplicidade como vantagem e adicionalmente, conforme ilustra a Figura
3.5, faz o mapeamento de um sistema contínuo estável (semiplano esquerdo do plano-s) em
um sistema discreto correspondentemente estável (espaço interno ao circulo de raio unitário
do plano-z).
75
Figura 3.5 Mapeamento do plano s para o plano z pela Aproximação Backward.
3.3.3 Aproximação de Tustin
O conceito envolvido para a definição da aproximação de Tustin está ilustrado através da
Figura 3.6 onde, conforme pode ser observado, a área definida pela função f(t) para um dado
intervalo de referência é dada através do somatório de uma seqüência de trapézios.
Figura 3.6 Determinação da área por aproximação trapezoidal.
Desta forma, a área indicada pela ilustração acima pode ser expressa por meio dos
elementos geométricos através de Erro! Fonte de referência não encontrada..
76
()
11
2
s
s s ss ss
T
y(KT ) y(KT ) f(KT T ) f(KT T )=−+ +
(3.10)
A equação acima representa a aproximação de Tustin no domínio de tempo discreto. Por
analogia com o desenvolvimento da aproximação anterior, aplicando-se a Transformada Z à
equação acima, chega-se a expressão para esta aproximação no domínio z. Desta forma, a
aproximação de Tustin é dada por Erro! Fonte de referência não encontrada..
21
1
s
z
s
Tz
=
+
(3.11)
Comparativamente aos métodos clássicos já mencionados (Forward e Backward), a
aproximação de Tustin é o mais exato dos métodos de aproximação uma vez que envolve uma
relação mais complexa que reproduz com maior fidelidade o mapeamento de pontos da região
estável do plano s (semiplano esquerdo) para uma região correspondentemente estável no
plano z (interior do circulo de raio unitário), conforme ilustrado através da Figura 3.7 a seguir.
Figura 3.7 Mapeamento do plano s para o plano z pela aproximação de Tustin.
3.4 SISTEMAS DE EQUAÇÕES LINEARES
Sistemas lineares são aplicados na modelagem e representação de sistemas em diferentes
campos de pesquisa a exemplo de sistemas físicos (elétricos, mecânicos, hidráulicos),
financeiros, ou biológicos.
Dentro do contexto deste trabalho, e para fins de representação do sistema físico de
interesse (cargas eletrônicas ligadas à rede), considera-se um sistema de equações lineares
77
composto por N equações de n coeficientes (onde N > n ou N = n). Adotando-se uma
representação matricial para o sistema linear, a equação dada por Erro! Fonte de referência
não encontrada. pode ser considerada.
1
11 1
1
(1) ..
:::.:
() ..
n
NNnn
I
IN
θ
ϕϕ
ϕ
ϕθ
⎡⎤
⎢⎥
=
⎢⎥
⎢⎥
⎣⎦
(5.1)
De forma a adotar uma representação mais compacta, o formato matricial do sistema
linear representado acima pode ser expresso a partir da equação matricial expressa por Erro!
Fonte de referência não encontrada..
I
Ψ
θ
=
(5.2)
Onde:
I - Vetor de corrente (N x 1).
Ψ - Matriz de regressores (matriz do sistema) (N x n).
θ - Vetor solução (n x 1).
Assim, para o caso particular em que N = n e onde, portanto, o número de equações é
igual ao número de coeficientes de cada equação, a matriz de regressores Ψ será uma matriz
quadrada e uma solução poderá ser obtida recorrendo-se a quaisquer métodos de solução de
sistemas lineares (considerando que a matriz Ψ seja não-singular ou inversível). A precisão e
a confiabilidade do vetor solução estará relacionada ao número de condicionamento da matriz
Ψ do sistema.
Considerando a aplicação deste trabalho, a determinação da solução para o sistema
implica na identificação ou estimação dos coeficientes da equação representativa do sistema
em análise a partir dos dados de entrada e saída (vetores de tensão v(t) e corrente de entrada
i(t) como base de dados para a estimação). Portanto, um conjunto mínimo de n equações será
necessário e, conseqüentemente, vetores de n pontos ou amostras de tensão e corrente (dados
de entrada). Para este caso particular onde N = n, a solução do sistema poderá ser determinada
a partir de métodos comuns de inversão matricial.
78
Contudo, para o caso mais geral, tem-se via de regra sistemas lineares onde N > n e onde,
como resultado, o número de equações é superior ao número de coeficientes. Para tais casos, a
matriz de regressores Ψ será uma matriz retangular, caracterizando os chamados sistemas
lineares sobredeterminados.
É importante considerar que a determinação da solução se torna mais representativa do
sistema quando um maior número de pontos ou equações é empregado, o que torna o número
de equações (ou restrições) a ser considerado superior ao número de variáveis (ou liberdades)
e impõe a adoção de algum método de solução que compreenda essa desigualdade. Neste caso
mais geral, considerando dois vetores constituídos por conjuntos de N pontos ou amostras de
tensão e corrente, a matriz de regressores será uma matriz retangular do tipo N x n, de forma
que métodos comuns de solução envolvendo inversão matricial não podem ser empregados.
Uma alternativa viável para determinar a solução do sistema e que compreende a
desigualdade mencionada (mais equações do que variáveis, caracterizando os chamados
sistemas sobredeterminados) consiste na aplicação do método clássico de mínimos quadrados.
De acordo com essa abordagem, a sobredeterminação do sistema pode ser eliminada através
da multiplicação da matriz de regressores pela sua transposta, gerando uma matriz quadrada,
conforme indicado por Erro! Fonte de referência não encontrada., a qual é conhecida como
equação normal.
TT
I
Ψ
Ψθ Ψ
=
(5.3)
Neste caso, manipulando-se os termos de Erro! Fonte de referência não encontrada.
para isolar o vetor de incógnitas, a solução pode ser obtida a partir de Erro! Fonte de
referência não encontrada..
(
)
1
TT
I
θΨΨΨ
=
(5.4)
De acordo com este método, a matriz pseudo-inversa (Ψ
T
Ψ)
-1
Ψ
T
é usada como fator
multiplicativo no lugar da matriz inversa Ψ
-1
.
Contudo, outro fator a ser observado está relacionado ao número de condicionamento da
matriz do sistema linear, ou matriz de regressores, o qual interfere diretamente na precisão
final dos resultados. Deve ser observado ainda que o condicionamento da matriz é
influenciado por suas características dimensionais e numéricas. Ele está associado, portanto,
79
ao grau de similaridade ou correlação entre os elementos da matriz e, desta forma, tende a
aumentar em função do número crescente de colunas bem como em função da proximidade
entre valores de elementos consecutivos na mesma coluna (a qual resulta de um período de
amostragem muito pequeno, caracterizando os chamados sistemas sobreamostrados).
Portanto, o método de solução do sistema linear a ser adotado deve considerar as
características construtivas da matriz. O conceito de solução empregando decomposição em
valores singulares foi levado em consideração uma vez que apresenta uma maior robustez a
sistemas lineares mal-condicionados (se comparado a métodos clássicos), representando a
base dos métodos mais precisos em álgebra linear para a solução de problemas envolvendo
mínimos quadrados. Este conceito envolve a obtenção de duas bases ortonormais de forma
que a matriz de regressores é decomposta em três novas matrizes, conforme está representado
através de Erro! Fonte de referência não encontrada..
T
UsV
Ψ
=
(5.5)
Onde:
U - Matriz unitária ortogonal com dimensão (N-2) x N.
s - Matriz diagonal (N-2) x 4.
V - Matriz unitária ortogonal (4 x 4).
De acordo com a decomposição matricial proposta por Erro! Fonte de referência não
encontrada., as colunas da matriz U correspondem aos autovetores da matriz Ψ
T
.Ψ , as
colunas da matriz V correspondem aos autovetores da matriz Ψ.Ψ
T
, enquanto os elementos da
diagonal da matriz s correspondem aos valores singulares de Ψ ou, mais especificamente, à
raiz quadrada dos autovalores de quaisquer dos produtos matriciais de Ψ (indicados acima).
A solução do sistema é dada pelo vetor solução (ou vetor de incógnitas) θ com dimensão
4 x 1, o qual é obtido a partir de (3.12), expressa como função das matrizes resultantes da
decomposição.
1 T
Vs U
θ
=
(3.12)
80
3.5 PERÍODO DE AMOSTRAGEM
Dentro do contexto da proposta de modelagem e estimação de parâmetros a ser descrita
neste trabalho, a coleta e aplicação de dados envolve um dado período de amostragem T
s
. O
critério de seleção do valor deste parâmetro leva em consideração as características do sistema
a ser analisado, do processo de estimação bem como da capacidade computacional disponível
para o processamento. Sabe-se que um período de amostragem muito grande (que
corresponde a uma proporcionalmente pequena freqüência de amostragem) não preserva as
características dinâmicas do sistema e, de acordo com a teoria de Nyquist/Shannon, um sinal
desprovido de componentes de freqüência abaixo de 1/2T
s
pode ser integralmente representado
e determinado através de um conjunto de amostras espaçadas por um período de amostragem
T
s
(onde F
s
= 1/T
s
e corresponde à freqüência de amostragem de Nyquist) de forma a
caracterizar completamente o comportamento dinâmico do sistema. Portanto, esta
característica de um dado sistema de referência relacionada à existência de um valor mínimo
para a freqüência de amostragem (ou um valor máximo para o período de amostragem)
representa uma limitação física do processo.
Por outro lado, um período de amostragem muito pequeno (ou uma freqüência de
amostragem muito grande) pode gerar uma matriz de regressores mal-condicionada a qual,
conforme representado pela equação Erro! Fonte de referência não encontrada., é
composta por colunas com valores amostrados de entrada e saída em instantes de tempo
consecutivos. Portanto, esta característica relacionada à existência de um valor máximo para
freqüência de amostragem é uma limitação matemática ou computacional do processo.
Quando o sistema em análise envolve unicamente dados de simulação (e uma vez que,
conseqüentemente, os parâmetros a serem estimados sejam previamente conhecidos), a
determinação de T
s
pode considerar as características temporais do sistema através das
constantes de tempo. Para o caso em análise, uma vez que o circuito com componentes RLC
apresenta uma constante de tempo capacitiva (
τ
c
= RC) e uma constante de tempo indutiva (
τ
L
= L/R), o valor de T
s
será determinado de maneira a preservar uma relação de sua ordem de
grandeza com a menor das constantes de tempo consideradas.
Todavia, quando o processo de estimação de parâmetros considera um sistema
desconhecido, a determinação das constantes de tempo não pode ser levada a efeito a partir
das expressões acima, ainda que as características temporais do sistema estejam presentes na
evolução de suas formas de onda. Neste caso, o critério a ser aplicado para a escolha de T
s
81
pode levar em consideração as características temporais ou estatísticas dos dados amostrados
de tensão e corrente.
De acordo com [11], um critério para a determinação do período de amostragem baseado
nas funções de autocovariância linear e não-linear do conjunto de dados. Através destes
parâmetros, é possível avaliar o grau de redundância ou similaridade existente no conjunto de
dados de interesse de forma a definir um valor de T
s
que possa preservar as características
dinâmicas do sistema sem comprometer a precisão dos resultados em função de problemas de
condicionamento da matriz de regressores.
Para as condições deste trabalho, a descrição adequada das características da dinâmica
não-linear para cada estrutura ou sistema em análise envolve a descrição do conteúdo
harmônico da tensão e da corrente de entrada das cargas não-lineares consideradas. Como
conseqüência, uma vez que o valor adotado para T
s
impacta diretamente sobre a informação
presente no conjunto de dados amostrados, adotou-se um critério de determinação que permita
uma adequada descrição deste conteúdo harmônico de forma a preservar a informação
relevante ao processo de estimação.
Desta forma, de acordo com [31], conforme já considerado no capítulo 2, uma descrição
adequada do conteúdo harmônico de uma forma de onda com distorção abrange o seu
espectro de freqüências até a harmônica de 50ª ordem. Segundo este critério, portanto, a
freqüência máxima a ser descrita pelos dados amostrados corresponderá a F
max
= 50 x 60 = 3
kHz (tomando-se a freqüência da rede como fundamental) e, adicionalmente, a freqüência
mínima de amostragem necessária será a freqüência de Nyquist F
s
= 2*F
max
= 6 kHz, e o
período de amostragem associado a este valor de freqüência será T
s
=
1/F
s
= 166 µs. Este
valor corresponde, portanto, ao valor máximo permitido de T
s
para uma descrição da forma de
onda abrangendo o seu conteúdo harmônico até a 50ª ordem. Contudo, considerando as
características e limitações do osciloscópio (como recurso empregado para a aquisição de
dados experimentais), adotou-se como base de aquisição os valores a seguir: T
s
= 100 µs, 50
µs e 25 µs.
3.6 CONCLUSÃO
Este capítulo discorreu acerca de um conjunto de conceitos e ferramentas associadas à
prática da modelagem de sistemas. Desta forma, introduz-se inicialmente uma base conceitual
para a idéia de modelo (concebido como uma representação de um sistema segundo
82
determinadas características de interesse), o qual é particularizado na seqüência de conteúdos
para a noção de modelo matemático de sistemas físicos em engenharia (concebido na forma
de um conjunto de uma ou mais equações matemáticas para a representação aproximada de
quantidades ou grandezas representativas dos parâmetros de interesse no sistema de tal forma
a compor relações válidas segundo uma determinada faixa de valores de interesse).
Os critérios empregados para a modelagem conduziram aos conceitos de modelagem
física ou fenomenológica e modelagem empírica (cuja prática está associada à identificação
de sistemas). A esta classificação dos critérios de modelagem, seguiu-se ainda a descrição dos
critérios de classificação dos sistemas a serem modelados e, desta forma, procedeu-se à
definição de conceitos como: sistemas lineares e sistemas não-lineares, sistemas causais ou
não-antecipativos e sistemas não-causais ou antecipativos, sistemas variantes e sistemas
invariantes no tempo, entre outros.
A adoção de expressões aproximadoras para o mapeamento de pontos do plano contínuo
para o plano discreto (a exemplo das citadas como aproximação Backward, Tustin, nova-
regra1 e nova-regra2) permite a representação aproximada das características dinâmicas de
um modelo contínuo segundo um modelo discreto simplificado que se mostre mais adequado
para o tratamento de dados experimentais (cuja natureza necessariamente discreta é
considerada através do período de amostragem presente em modelos discretos).
Por fim, a natureza das aquisições experimentais oriundas do sistema analisado determina
as características do conjunto de equações que resulta da aplicação do modelo do referido
sistema sobre o volume de dados das aquisições e, como conseqüência, determina também a
escolha do método a ser empregado para a determinação da solução.
A exemplo dos procedimentos adotados nesta proposta de trabalho, a aplicação de um
modelo sobre um grande volume de dados via de regra resulta em sistemas de equações
lineares sobredeterminados (mais equações do que variáveis) e com elevado número de
condicionamento (matriz do sistema próxima da singularidade) e tais características impactam
sobre a natureza e a complexidade do algoritmo de solução a ser adotado (a exemplo dos
algoritmos citados: Mínimos Quadrados e Decomposição em Valores Singulares).
83
CAPÍTULO 4
ANÁLISE QUALITATIVA
84
4 ANÁLISE QUALITATIVA
4.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O capítulo 2 discorreu acerca dos conceitos gerais de qualidade de energia e apresentou a
classificação das modalidades de perturbações da rede elétrica com particular ênfase ao
fenômeno da distorção harmônica (como pertencente à classe dos fenômenos de perturbação
da forma de onda) e sua relação com a ação de cargas não-lineares.
O objetivo deste capítulo é fazer uma descrição e identificação das cargas não-lineares a
serem analisadas no contexto deste trabalho a partir da topologia bem como das características
de operação a ela associadas. Desta forma, cada tipo de circuito de potência em análise
apresenta características próprias de processamento da energia e controle do fluxo de potência
da fonte em direção à carga e tais características conduzem a condições particulares de
rendimento, fator de potência e distorção harmônica. As particularidades de cada carga estão
associadas à tensão de entrada, aos valores dos componentes lineares e à topologia que
condiciona a forma de operação de componentes lineares e não-lineares (semicondutores).
Estes aspectos descritivos são considerados na modelagem de sistemas para a predição das
formas de onda de tensão e corrente em cada componente e para a descrição das não-
linearidades.
Segundo os objetivos deste trabalho, as cargas não-lineares a serem analisadas envolvem
apenas as estruturas retificadoras e, dentro deste contexto em particular, a topologia de
retificador em ponte (onda completa) nas versões monofásica e trifásica, bem como a
topologia do retificador com ponto médio (três pulsos).
Topologias alternativas a exemplo do retificador monofásico de meia onda e do retificador
com transformador (com derivação central) não serão considerados uma vez que não são
empregados em níveis significativos de potência.
Desta forma, as próximas seções discorrem acerca das topologias de retificadores de onda
completa relacionadas a seguir:
85
Retificadores Monofásicos:
Retificador em ponte com carga RL.
Retificador em ponte com carga RC.
Retificador em ponte com carga RC e filtro L de entrada.
Retificadores Trifásicos:
Retificador em ponte com carga RL.
Retificador em ponte com carga RC.
Retificador em ponte com carga RC e filtro L de entrada.
Retificador com ponto médio com carga RC e filtro L de entrada.
A descrição de cada modelo de retificador a ser analisado será acrescida das seguintes
ilustrações:
Esquemático onde a presença de componentes semicondutores é responsável
por operações de chaveamento que caracterizam o comportamento não-linear
da carga.
Formas de onda que tornam claro o conceito de carga não-linear ou eletrônica
em função da relação não-linear existente entre tensão de alimentação v(t) e
corrente de entrada i(t).
Circuito linear equivalente cuja aplicação é válida durante determinadas etapas
de operação a serem indicadas durante a análise.
Por fim, a última seção deste capítulo faz algumas considerações finais acerca do
retificador monofásico com carga RC e filtro indutivo L de entrada (que constitui o foco
principal deste trabalho) a partir de uma abordagem em nível de rede.
4.2 RETIFICADORES MONOFÁSICOS
4.2.1 Topologia em ponte com carga RL
86
A estrutura do retificador monofásico com carga RL é ilustrada através da Figura 4.1 a
seguir:
Figura 4.1 Retificador monofásico em ponte com carga RL.
O funcionamento desta estrutura pode ser descrito a partir das etapas a seguir. Durante
cada semiciclo da rede, dois diodos (um diodo da parte superior da ponte e um da parte
inferior ligado ao terminal oposto da rede) entram em polarização direta e passam a conduzir
de tal forma que a rede excita diretamente a carga linear. Durante deste estágio de energização
da carga, a tensão carrega o indutor cuja corrente evolui segundo a constante de tempo
τ
=
L/R do circuito, e a tensão da carga acompanha a forma de onda da excitação. Portanto, cada
par de diodos está associado a um dado semiciclo da rede e permanece em condução durante
180° (duração do semiciclo) e, e desta forma, a polaridade da corrente de entrada acompanha
a polaridade do semiciclo correspondente tensão de excitação. A Figura 4.2 ilustra as formas
de onda características desta estrutura de retificação.
Figura 4.2 Formas de onda do retificador monofásico com carga RL.
87
A partir da ilustração acima, verifica-se que, a cada semiciclo da rede, a corrente de
entrada representa a resposta dinâmica da carga linear. Portanto, este modelo de retificador,
durante quaisquer das etapas de operação de condução dos diodos (ou durante quaisquer dos
semiciclos da rede), pode ser representado segundo o modelo de circuito linear apresentado a
seguir pela Figura 4.3.
Figura 4.3 Circuito Linear equivalente para o modelo de retificador.
Da mesma forma, o intervalo de operação linear indicado na ilustração acima torna
possível a aplicação de uma modelagem linear para esta topologia não-linear. Este intervalo
de condução inicia a cada novo semiciclo da rede (tendo, portanto, a duração de um
semiciclo) e termina a partir da comutação entre as duas fases.
4.2.2 Topologia em ponte com carga RC
A estrutura ilustrada na Figura 4.4 a seguir representa um retificador com carga RC. Desta
forma, para esta estrutura de retificação, a carga RC atua como um filtro passa-baixas de
primeira ordem para a redução do ripple da tensão retificada de saída.
88
Figura 4.4 Retificador monofásico em ponte com carga RC.
O funcionamento desta estrutura é considerado em duas etapas e, desta forma, a cada
semiciclo da rede, um par distinto de diodos é polarizado diretamente e entra em condução
gerando a excitação da carga. Deste modo, durante o período de condução dos diodos, a
tensão de alimentação (que se encontra em sua etapa ascendente) excita diretamente a carga e
a tensão no capacitor acompanha a forma de onda da excitação enquanto ela se mantiver
superior à sua própria tensão V
c
(t). Durante este intervalo de tempo, a corrente de entrada é
definida em função da carga linear, e é dada pela soma das correntes no capacitor e na carga
resistiva.
A partir do instante em que a excitação estiver abaixo da tensão capacitiva (e, portanto,
após atingir o seu valor de pico), os diodos entram em polarização reversa cessando a etapa de
condução, e o capacitor passa a descarregar na carga resistiva segundo uma evolução
exponencial controlada pela constante de tempo capacitiva
τ
= RC. Durante este intervalo de
tempo de não-condução que ocorre nas extremidades de cada semiciclo da rede, a corrente de
entrada é nula.
A Figura 4.5 apresenta as formas de onda resultantes desta topologia onde verifica-se a
relação não-linear entre tensão de alimentação v(t) e a corrente de entrada.
89
Figura 4.5 Formas de onda do retificador trifásico com carga RC.
Durante a etapa de operação de condução dos diodos t
Don
a cada semiciclo da rede, este
modelo de retificador pode ser representado segundo o modelo de circuito linear apresentado
pela Figura 4.6 a seguir.
Figura 4.6 Circuito Linear equivalente para o modelo de retificador.
90
Portanto, o intervalo de operação linear indicado na ilustração acima também permite a
aplicação de uma modelagem linear para esta topologia não-linear. Todavia, e diferentemente
do retificador em ponte com carga RL descrito na seção anterior, este intervalo inicia a partir
do instante de tempo em que a tensão da rede excita diretamente a carga linear (intervalo t
Don
)
e termina a partir do instante em que a corrente se anula. Nesta etapa, conforme já
mencionado, os diodos entram em polarização reversa e cessam a condução, e o capacitor
passa a descarregar na carga resistiva.
4.2.3 Topologia em ponte com carga RC e filtro L de entrada
Este modelo de retificador pode ser descrito conforme a Figura 4.7 esquematizada a seguir
e, de acordo com [36], representa uma estrutura classicamente empregada nas fontes de
alimentação de uma grande quantidade de equipamentos existentes em ambiente comercial,
residencial e industrial, tais como equipamentos de áudio e vídeo, computadores pessoais,
impressoras, equipamentos de entretenimento, equipamentos industriais e reatores eletrônicos.
Figura 4.7 Topologia do retificador monofásico com carga RC e filtro indutivo.
De acordo com a ilustração acima, o indutor L representa as indutâncias parasitas do
circuito que inclui ainda a indutância de entrada do filtro EMI, o qual é empregado na maioria
das fontes de alimentação. O capacitor C
CC
é o capacitor de filtragem do retificador e, desta
forma, são usualmente empregados capacitores de elevada capacitância de forma a permitir
(por efeito de filtragem) um baixo ripple para a tensão de saida. O resistor R corresponde à
resistência de carga ou resistência do circuito eletrônico a ser alimentado pela fonte, e pode
91
incluir adicionalmente a resistência de entrada de um conversor CC-CC utilizado entre o
retificador e o circuito a ser alimentado para adaptar o nível da tensão retificada.
A forma de operação desta estrutura ocorre de uma forma similar à analisada na seção
anterior (modelo com carga RC). Portanto, conforme a Figura 4.8, a cada semiciclo da rede, o
par de diodos associado a este semiciclo entra em condução a partir do instante em que a
excitação se torna superior à tensão de saída, iniciando o período de condução t
Don
. Durante
este intervalo, a tensão de excitação se distribui entre o indutor L de entrada e o capacitor de
saída C
cc
, uma vez que a queda de tensão nos diodos é desprezível. A partir do instante de
tempo em que a tensão de excitação iguala a tensão de saída (instante em que a corrente de
entrada atinge o valor de pico), a corrente de entrada decresce até decair a zero, o que
corresponde ao final do período de condução.
Figura 4.8 Formas de onda de tensão e corrente do retificador monofásico com carga
RLC.
Desta forma, a grande desvantagem deste circuito consiste no fato do mesmo drenar
energia da rede somente durante a etapa de carga do capacitor (a exemplo do que ocorre com
o retificador com carga RC sem filtro indutivo), o que resulta em elevada distorção harmônica
da corrente de entrada. Como conseqüência deste processo, conforme as considerações do
capítulo 2 deste trabalho, as componentes harmônicas destas correntes circulam pela
impedância da rede e introduzem distorções harmônicas de tensão na rede elétrica.
Verifica-se portanto, a partir da ilustração acima, a existência de um estágio de condução
e de um estágio de não condução da ponte de diodos a cada semiciclo da rede. Desta forma,
92
durante o estágio de não condução t
Doff
, a corrente i(t) é nula, conforme pode ser verificado
nas extremidades de cada semiciclo e, como conseqüência, não há fluxo de potência a partir
da fonte de alimentação. Por outro lado, durante o estágio de condução dos diodos t
Don
, a rede
excita diretamente as cargas lineares e, como conseqüência desta etapa, o fluxo de potência
ocorre da fonte em direção à carga de forma que a corrente elétrica é drenada para a mesma
carregando o capacitor e resultando em valores não-nulos para a corrente de entrada.
Como resultado, durante esta etapa de operação (na qual os diodos entram em condução e
que ocorre a cada semiciclo da rede), este modelo de retificador pode ser representado
segundo a topologia de circuito linear apresentada na Figura 4.9 a seguir.
Figura 4.9 Circuito Linear equivalente para o modelo de retificador.
Assim, conforme representado acima, o circuito linear representa a topologia linear
equivalente para o retificador durante o seu estágio de carregamento. Esta consideração acima
torna possível a aplicação de uma modelagem linear para esta topologia não-linear (que pode
ser analisada como um circuito linear por partes considerado em sua etapa de operação linear)
e, para tanto, é essencial descrever corretamente o momento no qual os sinais de tensão e
corrente passam a operar linearmente. Este estágio inicia a partir do instante de tempo em que
a tensão do capacitor atinge a tensão da fonte (intervalo t
Don
) uma vez que, conforme já citado,
93
a tensão da fonte é aplicada diretamente sobre a carga, e termina a partir do instante em que a
corrente se anula.
4.3 RETIFICADORES TRIFÁSICOS
4.3.1 Topologia em ponte com carga RL
A estrutura deste modelo de retificador trifásico está representada na Figura 4.10 a seguir.
Figura 4.10 Topologia do retificador trifásico em ponte com carga RL.
A forma de operação desta estrutura ocorre de uma forma similar à operação da topologia
trifásica com carga RLC e, todavia, as particularidades desta estrutura estão relacionadas às
características da própria carga uma vez que as operações de chaveamento são controladas
pela resposta da carga à tensão aplicada.
Desta forma, durante o intervalo de 120°, no qual uma das tensões de fase é mais
positiva do que as demais, a condução se dá através do diodo conectado a esta fase (diodo
ligado ao ramo correspondente na parte superior da ponte). De forma similar, a tensão de fase
instantaneamente mais negativa polariza o outro diodo (da parte inferior da ponte) enquanto
os demais diodos permanecem bloqueados dado que se encontram reversamente polarizados.
Uma vez que existe um defasamento de 60° entre o pico positivo e o pico negativo das três
fases, a cada 60°, há uma comutação entre duas fases de forma que um dos diodos em
condução entra em polarização reversa e um diodo de uma das outras fases entra em
condução. Desta forma, sempre haverá apenas um diodo da parte superior e um da parte
inferior da ponte de Graetz em condução.
94
Conforme pode ser observado a seguir, a Figura 4.11 ilustra as formas de onda de tensão
da fase A (tomada como referência) v
a
(t), da corrente de fase correspondente i
a
(t) e da tensão
de saída (tensão na carga RL). As demais tensões e correntes de fase apresentam uma relação
de magnitudes e de fase similar às apresentadas para a fase A.
Figura 4.11 Formas de onda do retificador trifásico com carga RL.
Portanto, cada diodo conduz durante 120° e cada par de diodos conduz durante 60° de tal
forma que, em cada semiciclo da rede, haverá 120° de condução e 60° de não condução. A
Figura 4.12 representa os ciclos de condução ou carga indutiva para a corrente i
a
(t) ilustrada
acima, a partir da excitação das três tensões de linha: v
ab
(t), v
bc
(t), v
ca
(t), onde cada tensão de
linha atua durante 60° na excitação da carga linear.
Figura 4.12 Ciclos de condução para a corrente de fase i
a
(t).
95
Verifica-se que estes segmentos de carga ocorrem durante diferentes intervalos de
excitação ou condução de diodos (com duração de 60°) e, desta forma, são válidas as
considerações a seguir para a corrente de fase i
a
(t).
Primeiro segmento de carga ou condução: a tensão de linha v
ca
(t) excita as
cargas.
Segundo segmento de carga ou condução: a tensão de linha v
ab
(t) excita as
cargas.
O mesmo raciocínio pode ser aplicado para as demais correntes de fase. Da mesma forma,
os intervalos de operação linear indicados na ilustração acima para um período de condução
de 60° tornam possível a aplicação de um modelo linear para esta topologia não-linear a partir
da topologia linear equivalente ilustrada pela Figura 4.13.
Figura 4.13 Circuito linear equivalente para o retificador trifásico com carga RL.
Conforme o ilustrado, os intervalos de operação linear indicados no diagrama acima
permitem a aplicação de uma modelagem monofásica linear para esta topologia trifásica não-
linear. Analogamente às topologias anteriores e conforme as considerações acima, tais
intervalos iniciam a partir do instante de tempo em que ocorre condução de corrente (intervalo
t
Don
) e terminam no instante em que a corrente se anula (início do intervalo t
Doff
).
96
4.3.2 Topologia em ponte com carga RC
A Figura 4.14 a seguir ilustra a estrutura do retificador trifásico em ponte de Graetz com
carga RC. Analogamente ao caso monofásico, a carga RC atua como um filtro passa-baixas
para a redução do ripple da tensão retificada de saída.
Figura 4.14 Topologia do retificador trifásico de onda completa e carga RC.
Desta forma, a operação desta estrutura ocorre de forma que, a cada 120°, a fase com
maior valor de tensão positiva ativa a condução em um dos diodos da parte superior da ponte
e a fase com menor valor de tensão (tensão negativa) ativa a condução de um dos diodos da
parte inferior da ponte (não pertencente ao mesmo ramo). Desta forma, por analogia com a
topologia trifásica com indutor de filtro, a fase restante (com valor intermediário de tensão ou
menor valor em módulo) não gera condução de corrente durante o intervalo considerado.
Durante o período de condução dos diodos, a tensão de alimentação resultante (tensão de
linha associada às fases que geram condução) excita diretamente as cargas lineares e a tensão
capacitiva acompanha a forma de onda da alimentação. Quando a alimentação (tensão de
linha) se torna menor que a tensão do capacitor, os diodos entram em polarização reversa e
interrompem a condução e o capacitor passa a descarregar na carga resistiva segundo uma
função exponencial controlada pela constante de tempo
τ
= RC.
A Figura 4.15 a seguir ilustra as formas de onda associadas a este modelo de retificador: a
tensão de saída, a tensão da fase A v
a
(t) e a corrente de entrada correspondente i
a
(t).
97
Figura 4.15 Formas de onda do retificador trifásico com carga RC.
De acordo com a ilustração acima (que representa a evolução da corrente de fase i
a
(t)),
verifica-se que, a cada semiciclo da tensão da rede, poderá haver dois períodos intermediários
de condução de corrente pelos diodos (intervalos nos quais o capacitor é carregado
acompanhando a forma de onda da tensão de fase resultante) e três períodos de não condução
(intervalos nos quais a tensão de linha que excita o capacitor se torna menor que a tensão
capacitiva).
A Figura 4.16 representa os ciclos de condução ou carga capacitiva para a corrente i
a
(t)
ilustrada acima, a partir da excitação das três tensões de fase: v
ab
(t), v
bc
(t), v
ca
(t).
Figura 4.16 Ciclos de condução para a corrente de fase i
a
(t).
98
Da mesma forma, observa-se que estes segmentos de carga ocorrem durante os intervalos
de excitação indicados acima (com duração de 60°) e, como resultado, são válidas as mesmas
considerações para a corrente de fase i
a
(t) já aplicadas ao modelo com carga RL:
Primeiro segmento de carga ou condução: a tensão de linha v
ca
(t) excita as
cargas.
Segundo segmento de carga ou condução: a tensão de linha v
ab
(t) excita as
cargas.
Analogamente ao caso anterior, durante quaisquer das etapas de operação de condução
dos diodos (que se repetem a cada semiciclo da rede), este modelo de retificador pode ser
representado segundo o modelo de circuito linear apresentado a seguir pela Figura 4.17.
Portanto, os intervalos de operação linear indicados a seguir permitem a aplicação de uma
modelagem monofásica linear para a estrutura trifásica não-linear analisada. Tais intervalos
iniciam a partir do instante de tempo em que a tensão do capacitor atinge a tensão da fonte
(intervalo t
Don
) e terminam a partir do momento em que a corrente se anula.
Figura 4.17 Circuito Linear equivalente para o modelo de retificador.
99
4.3.3 Topologia em ponte com carga RC e filtro L de entrada
Este modelo de retificador trifásico pode ser representado conforme a Figura 4.18 e é
usualmente empregado em aplicações onde se trabalha com cargas de potência mais elevada.
Figura 4.18 Topologia do retificador trifásico em ponte com carga RC e filtro indutivo.
De acordo com a estrutura funcional deste modelo de retificador trifásico, e analogamente
às versões trifásicas já apresentadas, o fluxo de potência fica distribuído entre as 3 fases e a
corrente é drenada a cada intervalo de 60° através de duas fases. Desta forma, a cada intervalo
de 60 graus, as duas fases com tensão em módulo mais elevada ativam a condução nos diodos
de maneira que haverá condução em dois diodos simultaneamente (um da parte superior da
ponte na malha de tensão mais positiva e outro da parte inferior da ponte na malha de tensão
mais negativa), de maneira que na fase restante não haverá condução. Como resultado, para
cada intervalo de condução, a tensão resultante de excitação será a tensão de linha
correspondente às tensões de fase que ativam a condução. Desta forma, cada diodo conduz
durante um intervalo de 120° e cada par de diodos (pertencentes a malhas de fases diferentes)
conduz durante um intervalo de 60° (período de excitação das tensões de linha).
A carga linear RLC atua como um filtro passivo de segunda ordem, onde a freqüência de
corte é dada pela equação (4.1) a seguir:
1
2
c
f
LC
π
=
(4.1)
Os valores dos componentes lineares influenciam diretamente as formas de onda
resultantes. Desta forma, o aumento do fator LC diminui a freqüência de corte do filtro e,
100
como conseqüência, reduz o ripple na tensão de saída. Da mesma forma, o aumento do
indutor de filtro gera uma redução dos picos de corrente de forma que, para determinados
valores da constante de tempo resultante, a corrente pode não se anular (no intervalo entre os
dois picos consecutivos de corrente que ocorrem a cada semiciclo).
A Figura 4.19 a seguir ilustra as seguintes formas de onda: tensão na carga ou tensão
capacitiva v
c
(t), tensão de fase v
a
(t) e corrente de fase ou corrente de entrada i
a
(t). Desta
forma, considerando o conjunto de valores para os componentes da simulação bem como as
formas de onda observadas, verifica-se a presença de dois ciclos de carga para cada semiciclo
da tensão de fase v
a
(t).
Figura 4.19 Formas de onda do retificador trifásico com carga RC e indutor L de
entrada.
Em função dos valores empregados de R, L e C para simulação, as constantes de tempo
envolvidas têm valores suficientemente pequenos para permitir uma rápida descarga e, como
resultado, a corrente se anula entre dois picos consecutivos, o que, segundo a ilustração
acima, corresponde à existência de dois intervalos de tempo de condução t
Don
a cada
semiciclo da tensão de fase v
a
(t). A Figura 4.20 representa os ciclos de condução ou carga
capacitiva para a corrente i
a
(t) ilustrada acima, a partir da excitação das três tensões de fase:
v
ab
(t), v
bc
(t), v
ca
(t).
101
Figura 4.20 Ciclos de condução para a corrente de fase i
a
(t).
Por fim, verifica-se que, tal como nas versões trifásicas já consideradas para esta topologia
de retificador em ponte, estes ciclos de carga ocorrem durante intervalos distintos de
excitação ou condução de diodos e, como resultado, são igualmente válidas as considerações a
seguir para a corrente de fase i
a
(t):
Primeiro segmento de carga ou condução: a tensão de linha v
ca
(t) excita as
cargas.
Segundo segmento de carga ou condução: a tensão de linha v
ab
(t) excita as
cargas.
Portanto, de forma análoga às considerações já apresentadas pela análise descrita nas
seções anteriores, durante quaisquer das etapas de operação de condução dos diodos (que se
repetem a cada semiciclo da rede), este modelo de retificador pode ser representado segundo o
modelo de circuito linear esquematizado pela Figura 4.21.
Por fim, a exemplo do que ocorre com as demais estruturas já analisadas desta topologia,
os intervalos de operação linear indicados acima possibilitam a aplicação um modelo
monofásico linear.
102
Figura 4.21 Circuito linear equivalente para o modelo de retificador.
Como consideração adicional válida para esta estrutura, observa-se a partir das duas
ilustrações acima que o intervalo de condução aplicável para a modelagem linear corresponde
apenas ao segmento de carga, sendo, portanto, inferior a um período de excitação de 60° das
tensões de linha.
4.3.4 Topologia com ponto médio e carga RC com filtro L de entrada
A topologia do retificador com ponto médio difere da topologia inicialmente considerada
neste trabalho (retificador em ponte completa) e a sua estrutura está representada na Figura
4.22 que deverá ser adotada como referência para as considerações a serem feitas sobre o seu
modo de operação.
103
Figura 4.22 Topologia do retificador trifásico de três pulsos com carga RC e indutor L.
Desta forma, e por analogia com os retificadores em ponte com carga RLC
considerados, L representa as indutâncias parasitas do circuito (e atua como um filtro EMI), e
o capacitor C
CC
é o capacitor de filtragem de forma que capacitores de capacitância elevada
são empregados usualmente para a minimização do ripple de saída.
Em função da alimentação trifásica, o fluxo de potência deste modelo de retificador fica
distribuído entre as três fases e, como resultado da disposição dos semicondutores, este fluxo
se dá em uma única fase onde ocorre condução de corrente, de modo que a corrente é drenada
em intervalos máximos de até 120° caracterizando uma etapa de operação, enquanto as
demais fases permanecem em estado de não condução.
Desta forma, a cada intervalo de 120°, a fase com maior tensão em módulo ativa a
condução no diodo correspondente (que, portanto, fica diretamente polarizado) e a tensão da
rede (tensão de fase) excita diretamente as cargas lineares ativando a carga no capacitor.
Durante esta etapa de carga capacitiva, a tensão da rede fica distribuída entre o capacitor C
CC
(ou no resistor de carga R em paralelo) e o indutor L de entrada, de forma que a tensão de
saída não acompanha estritamente a evolução da excitação, tal como ocorreria com um
modelo com carga RC. O ponto máximo de carga (pico de corrente) se dá no instante em que
a tensão capacitiva iguala a tensão de excitação e, como conseqüência, quando a tensão
capacitiva se torna instantaneamente maior que a própria excitação, a corrente começa a
decrescer, o que corresponde ao estágio de descarga (segundo estágio da etapa de condução).
Portanto, analogamente ao comportamento do retificador em ponte, a etapa de condução é
concluída a partir do instante em que a corrente se anula (instante em que a tensão capacitiva
104
atinge seu valor máximo). Este processo está ilustrado na Figura 4.23 onde, conforme pode
ser observado, o período de condução t
Don
ocorre somente durante o semiciclo positivo.
Figura 4.23 Formas de onda do retificador em ponte com carga RC e indutor L de
entrada.
Tal fato ocorre uma vez que um único diodo é ativado em cada período de condução (com
duração de 120°) e, desta forma, o retorno de corrente se dá através do condutor neutro. Como
resultado, considerando um dado período de condução, a corrente de entrada i(t) é igual à
corrente da carga.
Analogamente aos casos anteriores, a Figura 4.23 torna evidente a relação não-linear
existente entre as formas de onda de tensão e corrente em função da presença de um período
de não condução t
Doff
. Portanto, durante esta etapa de carga do capacitor (que ocorre durante o
intervalo t
Don
), a estrutura trifásica acima pode ser representada a partir de uma topologia
monofásica linear equivalente já considerada para o retificador em ponte completa, conforme
esquematizado pela Figura 4.24.
105
Figura 4.24 Circuito linear equivalente para o modelo de retificador.
A relação linear existente entre as formas de onda indicadas para a topologia linear acima
permitem a aplicação de uma modelagem matemática linear, conforme será desenvolvido no
próximo capítulo.
4.4 RETIFICADOR MONOFÁSICO: APLICAÇÃO EM NÍVEL DE REDE
Conforme já considerado no capítulo 2 deste trabalho, a topologia de retificador
apresentada na seção anterior representa a estrutura mais comumente empregada na
concepção do módulo de potência (ou fonte de alimentação) de equipamentos eletrônicos
monofásicos em geral. Desta forma, a Figura 4.25 ilustra uma rede de N equipamentos
eletrônicos monofásicos conectados a um PAC de uma instalação elétrica qualquer.
106
Figura 4.25 Rede de equipamentos eletrônicos monofásicos.
A partir da ilustração acima infere-se que, como resultado da topologia em comum para a
fonte de alimentação das cargas não-lineares (retificador monofásico em ponte completa com
carga RC e filtro L de entrada), cada equipamento individualmente considerado apresentará
um conjunto de curvas de tensão e corrente similares ao representado através da Figura 4.8.
A Figura 4.26 ilustrada a seguir indica a relação não-linear entre as formas de onda de
tensão e corrente explicitando o intervalo de operação linear (segmento de carga do capacitor
durante o estágio de condução dos diodos) para um caso particular de conexão em rede onde
as cargas não-lineares consistem em equipamentos similares.
Figura 4.26 Rede de cargas não-lineares iguais.
107
Desta forma, a corrente de entrada i(t) da rede corresponde ao somatório das correntes
drenadas por cada carga individualmente considerada e, para o caso particularizado acima
onde a rede é composta por N cargas iguais e, consequentemente, N correntes de entrada
iguais e em fase, a corrente total de entrada i(t) pode ser determinada através do produto do
fator N pela corrente de uma carga individual. A Figura 4.27 ilustra o intervalo comum de
operação linear do conjunto de cargas equivalentes em rede (no qual há uma relação linear
entre tensão e corrente), bem como as topologias lineares equivalentes.
Figura 4.27 Circuito Linear equivalente para o intervalo de operação linear.
4.5 CONCLUSÃO
As considerações apresentadas neste capítulo foram conduzidas de maneira a explicitar a
estrutura das cargas não-lineares a serem analisadas neste trabalho: os retificadores.
Assim, as seções acima estabelecem uma comparação envolvendo os modos de operação
de um dado conjunto de estruturas retificadoras onde os diferentes arranjos na disposição dos
semicondutores estabelecem diferentes condições de controle do fluxo de potência (da fonte
em direção à carga) e, portanto, impõem diferentes características de não-linearidade.
A escolha das estruturas a serem analisadas foi levada a efeito a partir da existência de um
nível mínimo de potência dos dispositivos em que são aplicadas, bem como em função da
generalidade de sua aplicação. Portanto, de acordo com este critério, topologias como a do
108
retificador monofásico de meia onda bem como a do retificador com transformador
(derivação central) foram desconsideradas por não apresentarem aplicação em níveis de
potência significativos. Desta forma, procedeu-se à análise de duas estruturas de retificação
em particular: retificador em ponte completa e retificador com ponto médio.
Dentro do conjunto dos retificadores em ponte completa, este trabalho está
particularmente voltado para a estrutura do retificador monofásico em ponte completa com
carga RC e filtro indutivo de entrada uma vez que, conforme já considerado, representa uma
estrutura usualmente empregada na fonte de alimentação de equipamentos eletrônicos
monofásicos com aplicação industrial, comercial ou residencial.
Os modos de operação de tais topologias podem ser descritos e analisados a partir de uma
operação linear por partes (cujo ciclo se repete a cada período da rede) e, desta forma, a
consideração isolada de determinadas etapas de operação (identificadas como intervalos de
operação linear) permite a aplicação de uma modelagem linear a ser particularizada para cada
estrutura, e a partir da qual novas estratégias de equacionamento poderão ser aplicadas.
109
CAPÍTULO 5
ANÁLISE QUANTITATIVA
110
5 ANÁLISE QUANTITATIVA
5.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Nos dois capítulos iniciais e, em particular, no capítulo 2, procedeu-se a uma introdução
de caráter geral a respeito dos conceitos relacionados ao tema de qualidade de energia e, mais
particularmente, à operação de cargas não-lineares e a sua relação com a identificação de uma
particular modalidade de perturbação da rede elétrica: a distorção harmônica.
No capítulo 3, procedeu-se à apresentação de conceitos e ferramentas de modelagem de
sistemas tais como métodos de discretização associados ao uso de aproximações analógico-
discretas (aplicáveis para representação de um sistema linear contínuo a partir de um modelo
linear equivalente discreto), e técnicas matriciais de resolução de sistemas sobredeterminados
de equações lineares (aplicáveis na determinação do vetor solução para estimação de
parâmetros do sistema).
Por fim, o capítulo 4 apresenta uma descrição geral acerca das topologias de cargas não-
lineares cuja influência será analisada dentro do escopo deste trabalho no tocante à geração de
distorção harmônica na rede. Assim, a análise e identificação de um comportamento linear por
partes no modo de operação de cada topologia ou estrutura de retificação apresentada permite
a identificação de um intervalo de comportamento linear que, conseqüentemente, pode ser
representado a partir de um modelo linear (e que, portanto, envolva apenas as cargas lineares).
Com base nas considerações acima e, particularmente, nas considerações do capítulo 4, as
seções a seguir descrevem uma proposta de modelagem e estimação de parâmetros
desenvolvida a partir de um conjunto de topologias lineares que representam o modelo
equivalente de cada estrutura retificadora durante os estágios de operação linear já indicados.
Esta proposta de modelagem será empregada nos capítulos seguintes como estratégia de
estimação de parâmetros para as cargas não-lineares descritas. As topologias lineares a serem
consideradas são as cargas a seguir:
Carga RC série
Carga RL série
Carga RC paralelo
111
Carga RLC (RC paralelo, L série)
A estrutura de carga RC série não corresponde a um modelo linear equivalente para uma
estrutura não-linear de retificação e, no entanto, será considerada para a aplicação da proposta
de modelagem e estimação deste trabalho com o objetivo de comparar o desempenho obtido a
partir dos métodos apresentados.
Desta forma, para cada topologia linear considerada, a modelagem por discretização será
desenvolvida segundo as aproximações Backward e Tustin (destacadas no capítulo 3).
Adicionalmente, o método fasorial tamm será empregado para a modelagem das cargas
lineares, visando a comparar a exatidão da metodologia proposta com relação a esse método
clássico.
A estrutura do equacionamento a ser apresentado pode ser sintetizada segundo a seqüência
de etapas a seguir:
1. Definição do Modelo Linear Contínuo: definição da equação diferencial (modelo
no domínio tempo) e de sua correspondente função de transferência FT (modelo no
domínio freqüência)
2. Discretização: substituição da variável s (plano s - domínio freqüência) pela
variável z (domínio z) através de uma aproximação analógico-discreta (aproximação
Backward dada por Erro! Fonte de referência não encontrada. e aproximação de
Tustin dada por Erro! Fonte de referência não encontrada.).
3. Definição do Modelo Linear Discreto: definição da função de transferência
discreta (modelo discreto no domínio z) e da correspondente equação de diferenças
(domínio tempo).
4. Definição e Solução do Sistema Não-Linear: definição de um sistema de equações
não-lineares a partir dos coeficientes da equação de diferenças resultante (onde cada
coeficiente é expresso em função dos parâmetros do sistema) e determinação da
solução do sistema que corresponde ao conjunto de expressões estimadoras (onde
cada parâmetro estimado é expresso em função dos coeficientes da equação).
112
5.2 Modelagem de carga RL série
Segundo as considerações já apresentadas no capítulo 4, uma topologia linear do tipo RL
série pode ser empregada como circuito linear equivalente para determinadas etapas de
operação de retificadores monofásicos e trifásicos com carga RL e, portanto, uma
apresentação inicial desta estratégia de modelagem será desenvolvida através de sua aplicação
a uma carga RL série, conforme a representação mostrada na Figura 5.1 a seguir.
Figura 5.1 Topologia de Carga RL série.
5.2.1 Aproximação Backward
A topologia apresentada pela figura acima representa um circuito linear de primeira ordem
e pode ser representada através da equação diferencial ordinária linear de primeira ordem
dada por (5.6).
()
() ()
di t
vt L Rit
dt
=+
(5.6)
Conforme pode ser observado, a equação foi expressa de forma a relacionar as variáveis
de interesse (tensão da rede v(t) e corrente de entrada i(t)) para a análise a ser desenvolvida.
Aplicando-se a Transformada de Laplace na equação acima e considerando uma análise
para o sistema sob condições iniciais nulas, obtém-se uma função de transferência que
relaciona as variáveis de interesse indicadas pela equação diferencial, conforme expresso por
(5.7).
113
()
()
()
=
I
s
Gs
Vs
(5.7)
Desta forma, obtém-se uma função de transferência de primeira ordem cujos coeficientes
são expressos como função dos parâmetros físicos do sistema (resistência e indutância),
conforme indicado por (5.8).
11
()Gs
R
L
s
L
=
+
(5.8)
A próxima etapa consiste na aplicação da aproximação Backward, conforme expresso por
Erro! Fonte de referência não encontrada. através da qual, conforme já comentado, os
pólos representativos do sistema no espaço continuo (plano s) são mapeados através de um
conjunto correspondente de pólos no espaço discreto (plano z). Desta forma, o processo pode
ser esquematizado através de (5.9).
(1)
() ()
==
s
z
Gz Gs s
Tz
(5.9)
A substituição algébrica indicada acima conduz a uma função de transferência discreta
(domínio z) representando o modelo linear equivalente discreto para o sistema contínuo
expresso por (5.10).
11
()
1
s
Gs
L
zR
Tz L
=
⎛⎞
+
⎜⎟
⎝⎠
(5.10)
O desenvolvimento algébrico da expressão indicada acima conduz a uma expressão
racional de acordo com (5.11) cuja representação foi normalizada em relação ao coeficiente
de ordem mais elevada do denominador. Conforme pode ser observado, os coeficientes da
função de transferência discreta são uma função dos parâmetros físicos do sistema e,
adicionalmente, do período de amostragem T
s
adotado.
114
()
s
s
T
z
LRT
Gz
L
z
L
RT
⎛⎞
⎜⎟
+
⎝⎠
=
⎛⎞
+
⎜⎟
+
⎝⎠
(5.11)
Portanto, (5.11) é uma função de transferência discreta de primeira ordem cuja
representação racional pode ser expressa em um formato mais geral a partir da equação
(5.12).
()=
+
z
Gz
z
α
β
(5.12)
Segundo a seqüência desta proposta de modelagem, os coeficientes de (5.12) conduzem à
definição de um sistema de equações algébricas não-lineares, conforme indicado através de
(5.13) e (5.14).
=
+
s
s
T
L
RT
α
(5.13)
=
+
s
L
LRT
β
(5.14)
Desta forma, a solução do sistema de equações, obtida a partir da manipulação algébrica
de (5.13) e (5.14), conduz às expressões de estimação para os parâmetros físicos do sistema
(indutor L e resistor R) de acordo com (5.15) e (5.16).
=
s
T
L
β
α
(5.15)
1
+
=R
β
α
(5.16)
115
Conforme pode ser observado, em conformidade com os objetivos deste desenvolvimento,
cada parâmetro é expresso como função dos coeficientes da função de transferência discreta
bem como do período de amostragem
T
s
.
A etapa subseqüente de modelagem consiste na obtenção da equação de diferenças
correspondente à função de transferência discreta expressa por (5.12). Desta forma,
manipulando-se os termos desta equação e aplicando-se a transformada Z inversa, obtém-se
uma equação expressa por
Erro! Fonte de referência não encontrada..
()
{
}
{
}
11
() ()
Z
Iz z Z zVz
βα
−−
+=
(5.17)
A manipulação dos termos da equação através do desenvolvimento dos produtos indicados
de cada lado do sinal de igualdade conduz a
Erro! Fonte de referência não encontrada..
{
}
{
}
11
() () ()
Z
zI z I z Z zV z
βα
−−
+=
(5.18)
Como resultado, obtém-se a equação de diferenças de primeira ordem indicada em
Erro!
Fonte de referência não encontrada. que representa, para um dado valor de T
s,
o modelo
equivalente discreto para o sistema contínuo descrito por (5.6). A ordem da equação é
indicada a partir do termo com nível máximo de atraso.
I
(n) I(n 1) V(n)
β
α
+−=
(5.19)
Onde:
I(n) - Amostra de corrente.
V(n) - Amostra de tensão.
Tomando-se um conjunto de N pontos de tensão e corrente, obtém-se um sistema de N-1
equações lineares que pode ser representado segundo o formato matricial dado por
Erro!
Fonte de referência não encontrada.
.
116
(2) (1) (2)
(3) (2) (3)
.
:::
() (1)()
IIV
IIV
IN IN Vn
β
α
⎡⎤
⎢⎥
⎢⎥
=
⎢⎥
⎢⎥
−−
⎣⎦
(5.20)
Conforme já indicado no capítulo 3, esta representação matricial pode ser expressa
segundo a equação matricial I=Ψθ e, desta forma, as dimensões para cada termo
correspondem às indicadas a seguir:
I: Vetor de corrente (N-1 x 1).
Ψ: Matriz de regressores (matriz do sistema) (N-1 x 2).
θ: Vetor solução (2 x 1).
5.2.2 Aproximação de Tustin
Nesta seção, a mesma proposta ou estratégia de modelagem será estendida para a mesma
estrutura através da aproximação de Tustin em substituição à aproximação Backward. Por
conseguinte, os procedimentos algébricos seguem um caminho similar ao anteriormente
apresentado de tal forma que os resultados de cada etapa do processo serão apresentados a
seguir.
Partindo-se da mesma função de transferência G(s) espressa por (5.8) para a representação
da carga RL, procede-se à substituição algébrica indicada por (5.21) a seguir.
21
() ()
1
z
Gz Gs s
Tz
==
+
(5.21)
O desenvolvimento resultante desta substituição algébrica é expresso a partir de (5.22) e
conduz a uma função de transferência discreta (domínio z), representando o modelo linear
equivalente discreto para o sistema contínuo similar ao expresso através de (5.10).
11
()
21
1
=
⎛⎞
+
⎜⎟
+
⎝⎠
Gs
zR
L
Tz L
(5.22)
117
O desenvolvimento algébrico da expressão indicada acima origina uma expressão
racional, conforme representado por (5.23), cuja representação foi normalizada em relação ao
coeficiente de mais alta ordem do denominador. Conforme pode ser observado, os
coeficientes da função de transferência discreta são uma função dos parâmetros físicos do
sistema (parâmetros R e L) e, adicionalmente, do período de amostragem T
s
adotado.
22
()
2
2
⎛⎞⎛⎞
+
⎜⎟⎜⎟
++
⎝⎠⎝⎠
=
⎛⎞
+
+
⎜⎟
+
⎝⎠
ss
ss
s
s
TT
z
L
RT L RT
Gz
RT L
z
LRT
(5.23)
Portanto, a representação geral da função de transferência como uma função racional de
segunda ordem pode ser expressa segundo o modelo apresentado por (5.24), conforme é
indicado a seguir:
12
()
+
=
+
z
Gz
z
α
α
β
(5.24)
Desta forma, a partir dos coeficientes da função de transferência, um sistema de 3
equações algébricas não-lineares e três variáveis pode ser expresso conforme (5.25), (5.26) e
(5.27).
1
2
=
+
s
s
T
LRT
α
(5.25)
2
2
=
+
s
s
T
LRT
α
(5.26)
2
2
+
=
+
s
s
R
TL
LRT
β
(5.27)
Por conseguinte, a solução do sistema de equações, obtida a partir da manipulação
algébrica de (5.25), (5.26) e (5.27), conduz às expressões de estimação para os parâmetros do
118
sistema. Em conformidade com os objetivos do desenvolvimento, cada parâmetro é expresso
como função dos coeficientes da função de transferência discreta bem como do período de
amostragem T
s
, tal como demonstrado através de Erro! Fonte de referência não
encontrada. e Erro! Fonte de referência não encontrada..
(1 )
4
s
T
L
β
α
=
(5.28)
1
2
R
β
α
+
=
(5.29)
É conveniente observar que, ainda que desenvolvidas a partir de um processo similar ao
aplicado na seção anterior, as expressões estimadoras apresentadas acima originam-se a partir
de um modelo discreto distinto (associado a uma expressão aproximadora distinta). Portanto,
tais expressões estimadoras diferem das obtidas na seção anterior ((5.15) e (5.16)),
apresentam maior complexidade e, conforme será demonstrado nas seções posteriores,
conduzem a melhores resultados de estimação.
A etapa subseqüente de modelagem consiste na aplicação da transformada Z inversa sobre
a função de transferência discreta expressa através de (5.24), conforme indicado por
Erro!
Fonte de referência não encontrada..
()
{
}
(
)
{
}
11
12
() ()ZIzz ZVz z
βαα
−−
+= +
(5.30)
A manipulação dos termos desta equação através do desenvolvimento dos produtos
indicados de cada lado do sinal de igualdade conduz a
Erro! Fonte de referência não
encontrada..
{
}
{
}
11
12
() () () ()
Z
zI z I z Z zV z V z
βαα
−−
+= +
(5.31)
Como resultado, obtém-se a equação de diferenças de primeira ordem indicada em
Erro!
Fonte de referência não encontrada. que representa, para um dado valor de T
s,
o modelo
equivalente discreto para o sistema contínuo descrito por (5.6).
119
12
()(1)()(1)In In Vn Vn
β
αα
+−= +
(5.32)
Observa-se a partir de (5.24) que, diferentemente do caso analisado na seção anterior, a
função de transferência discreta obtida apresenta três coeficientes significativos e, no entanto,
conforme pode ser observado a partir de (5.25) e (5.26), os coeficientes α
1
e α
2
(do
numerador de G(z)) são iguais, o que permite a simplificação de
Erro! Fonte de referência
não encontrada. para o modelo apresentado em Erro! Fonte de referência não
encontrada.
.
() ( 1) ( () ( 1))In In Vn Vn
β
α
+−= +
(5.33)
Analogamente às considerações da seção anterior, tomando-se um conjunto de N pontos
de tensão e corrente, obtém-se um sistema de N-1 equações, segundo o modelo apresentado
acima, o que pode ser representado por meio do formato matricial apresentado em
Erro!
Fonte de referência não encontrada..
(2) (1) (2) (1)
(3) (2) (3) (2)
.
:: :
() (1)()(1)
IIVV
IIVV
IN IN VN VN
β
α
−+
⎡⎤
⎢⎥
−+
⎢⎥
=
⎢⎥
⎢⎥
−− +
⎣⎦
(5.34)
A representação matricial acima pode igualmente ser expressa de uma forma mais
simplificada a partir da equação I = Ψ θ, onde cada elemento apresenta dimensões similares
às indicadas para
Erro! Fonte de referência não encontrada..
5.2.3 Método Fasorial
Para fins de comparação de resultados, uma modelagem alternativa para a topologia RL
série será desenvolvida e analisada nesta seção considerando a abordagem clássica do método
fasorial. Ainda que adequado para a representação e modelagem de topologias lineares, o
método fasorial descreve apenas sistemas sob excitação senoidal (freqüência fixa) e operando
em regime permanente (não descreve o transitório) e, desta forma, não apresenta robustez a
sinais de excitação com componentes harmônicas. Uma alternativa pouco prática para
120
contornar esta limitação consiste em aplicar o princípio da superposição e representar um
sinal segundo um conjunto de N componentes harmônicas e analisar a resposta de N modelos
similares excitados individualmente por cada uma das componentes, de forma que a resposta
do sistema será dada pela soma das respostas isoladamente computadas.
De acordo com o método fasorial, a impedância da carga pode ser representada segundo
um número complexo onde a parte real representa a resistência R e a parte imaginária
representa a reatância indutiva X
L
, conforme ilustrado por Erro! Fonte de referência não
encontrada. a seguir:
L
Z
RjX RjL
ω
=+ =+
(5.35)
Como resultado de Erro! Fonte de referência não encontrada., o módulo e a fase da
impedância complexa podem ser expressos através de
Erro! Fonte de referência não
encontrada. e Erro! Fonte de referência não encontrada..
222
Z
RL
ω
=+
(5.36)
L
atan
R
ω
φ
=
(5.37)
Desta forma, a impedância expressa em
Erro! Fonte de referência não encontrada.
relaciona tensão e corrente de acordo com
Erro! Fonte de referência não encontrada..
mm
VZI
=
(5.38)
Onde:
ω - Freqüência angular da rede elétrica.
φ
- Ângulo de fase entre tensão e corrente.
V
m
- Valor de pico (valor máximo) da tensão da rede.
I
m
- Valor de pico da corrente.
Z - Impedância da carga.
121
Relacionando
Erro! Fonte de referência não encontrada., Erro! Fonte de referência
não encontrada. e Erro! Fonte de referência não encontrada., obtém-se as expressões
para a estimação de R e L, conforme representado a seguir através de (5.39) e (5.40),
respectivamente.
m
m
V
R
cos
I
φ
=
(5.39)
m
m
V
Lsen
I
φ
ω
=
(5.40)
A partir das equações acima, verifica-se que a estimação do resistor emprega como
informação três parâmetros de entrada: 1 ponto de tensão (V
m
), 1 ponto de corrente (I
m
) e o
ângulo de fase (
φ
). A estimação do indutor L exige adicionalmente a freqüência da rede (ω).
Portanto, de acordo com as considerações feitas acima, a análise de formas de onda com
harmônicas para estimação de parâmetros pelo método fasorial envolve a decomposição do
sinal segundo N componentes harmônicos de freqüência n
ω
.
5.3 Modelagem de carga RC série
Conforme as considerações do capítulo 4, um circuito RC série não pode ser empregado
como modelo para a etapa de operação linear das cargas não-lineares a serem analisadas neste
trabalho, uma vez que não corresponde às topologias equivalentes de carga das estruturas
retificadoras (carga RC paralelo, carga RL série, carga RC paralelo L série).
Portanto, esta topologia linear será considerada e modelada neste trabalho para avaliar o
desempenho do processo de estimação diante de diferentes condições de valores de
componentes e segundo os métodos de modelagem desenvolvidos. Desta forma, a proposta de
modelagem apresentada neste trabalho foi adicionalmente empregada para a modelagem de
uma carga RC série, conforme a representação da Figura 5.2.
122
Figura 5.2 Topologia de Carga RC série.
5.3.1 Aproximação Backward
A topologia apresentada pela figura acima representa igualmente um circuito linear de
primeira ordem e, da mesma forma, é também representada através de uma equação
diferencial ordinária linear de primeira ordem, conforme expresso em
Erro! Fonte de
referência não encontrada..
1
() () ()vt it dt Rit
C
=∫ +
(5.41)
Por conveniência de representação, tomando-se a derivada de cada uma das parcelas, a
equação acima pode ser expressa alternativamente através de
Erro! Fonte de referência não
encontrada.
.
() 1 ()
()
dv t di t
it R
dt C dt
=+
(5.42)
Através da aplicação da Transformada de Laplace, obtém-se a função de transferência
correspondente para o sistema de primeira ordem, conforme (5.43).
1
()
1
s
Gs
R
s
R
C
=
+
(5.43)
123
Como próxima etapa do processo algébrico, procede-se à aplicação da expressão
aproximadora a ser considerada nesta seção (aproximação Backward) de forma a possibilitar a
obtenção do modelo linear equivalente discreto para o sistema contínuo considerado. Desta
forma, chega-se à expressão dada a partir de (5.44).
1
1
()
11
⎛⎞
⎜⎟
⎝⎠
=
⎛⎞
⎛⎞
+
⎜⎟
⎜⎟
⎝⎠
⎝⎠
s
s
z
T
Gs
R
z
TRC
(5.44)
A manipulação algébrica da FT indicada acima conduz à expressão racional dada através
de (5.45), a qual foi normalizada em relação ao coeficiente de mais alta ordem do
denominador.
()
⎛⎞⎛⎞
+
⎜⎟⎜⎟
++
⎝⎠⎝⎠
=
⎛⎞
+
⎜⎟
+
⎝⎠
ss
s
CC
z
R
CT RCT
Gz
RC
z
RC T
(5.45)
Como regra geral, e por analogia com o desenvolvimento anterior, observa-se que os
coeficientes da FT discreta são função dos parâmetros físicos do sistema em análise (a
resistência R e a capacitância C) bem como do período de amostragem T
s
considerado.
Uma expressão geral para a função de transferência discreta é dada através de
Erro!
Fonte de referência não encontrada.
.
12
()
()
()
z
Iz
Gz
Vz z
α
α
β
+
==
+
(5.46)
Desta forma, os coeficientes associados à FT discreta apresentada conduzem a um sistema
de 3 equações algébricas não-lineares, conforme é indicado através de
Erro! Fonte de
referência não encontrada., Erro! Fonte de referência não encontrada. e Erro! Fonte de
referência não encontrada.
.
124
1
s
C
R
CT
α
=
+
(5.47)
2
s
C
R
CT
α
=
+
(5.48)
s
R
C
R
CT
β
=
+
(5.49)
A partir de
Erro! Fonte de referência não encontrada. e Erro! Fonte de referência não
encontrada., observa-se que α
1
= -α
2.
A solução do sistema de equações, obtida através da
manipulação algébrica das equações acima, conduz a uma expressão para os parâmetros a
serem estimados, conforme expresso através de
Erro! Fonte de referência não encontrada.
e (5.51).
R
β
α
=
(5.50)
1
1
=
+
s
T
C
α
β
(5.51)
5.3.2 Aproximação de Tustin
Como segunda etapa do processo de modelagem proposto para a carga RC série, o
procedimento desenvolvido será aplicado considerando a aproximação de Tustin. Portanto,
esta análise parte da função de transferência contínua G(s) já apresentada através de (5.43).
Por substituição algébrica a partir desta segunda aproximação, chega-se a (5.52), conforme é
representado a seguir.
21
1
1
()
21 1
1
⎛⎞
⎜⎟
+
⎝⎠
=
⎛⎞
⎛⎞
+
⎜⎟
⎜⎟
+
⎝⎠
⎝⎠
s
s
z
Tz
Gs
R
z
Tz RC
(5.52)
125
Manipulando-se os termos de (5.52) e normalizando-se os coeficientes em função do
coeficiente de ordem mais elevada do denominador, chega-se a (5.53).
22
22
()
2
2
⎛⎞⎛⎞
+
⎜⎟⎜⎟
++
⎝⎠⎝⎠
=
⎛⎞
+
⎜⎟
+
⎝⎠
s
s
s
s
CC
z
R
CT RCT
Gz
TRC
z
TRC
(5.53)
A equação dada por (5.53) representa portanto uma função de transferência discreta de
primeira ordem com 3 coeficientes significativos para a modelagem e, como conseqüência, o
modelo genérico a ser adotado para a FT pode igualmente ser expresso a partir de
Erro!
Fonte de referência não encontrada. já empregada para a modelagem anterior. Desta forma,
e adotando-se a mesma notação empregada anteriormente, este conjunto de coeficientes
compõe um sistema de três equações algébricas não-lineares, conforme
Erro! Fonte de
referência não encontrada., Erro! Fonte de referência não encontrada. e Erro! Fonte de
referência não encontrada..
1
2
2
s
C
R
CT
α
=
+
(5.54)
2
2
2
s
C
R
CT
α
=
+
(5.55)
2
2
s
s
TRC
TRC
β
=
+
(5.56)
Segundo a seqüência desta proposta de modelagem, a solução deste sistema conduz às
expressões para a estimação dos parâmetros da carga a partir de
Erro! Fonte de referência
não encontrada.
e Erro! Fonte de referência não encontrada..
1
2
R
β
α
=
(5.57)
126
1
1
s
T
C
α
β
=
+
(5.58)
Desta forma, e em conformidade com os objetivos do equacionamento, os parâmetros são
computados como função dos coeficientes da FT discreta bem como do período de
amostragem T
s
considerado. Comparando-se Erro! Fonte de referência não encontrada.
mostrada acima com (5.51), observa-se ainda que os resultados de modelagem definidos para
ambas as aproximações conduzem à mesma expressão para a estimação do capacitor.
Portanto, os valores estimados para o capacitor a partir dos modelos de ambas as
aproximações serão os mesmos, o que não ocorre no caso das expressões para o resistor.
Conforme já observado, o modelo geral da FT discreta apresentado em
Erro! Fonte de
referência não encontrada.
aplica-se igualmente a ambos os modelos, o que permite a
generalização dos resultados a seguir para a modelagem da carga RC. Assim, na seqüência
deste processo, aplica-se a Transformada Z neste modelo geral da FT discreta, conforme
indicado através de
Erro! Fonte de referência não encontrada..
()
{
}
(
)
{
}
11
12
() ()ZIzz ZVz z
βαα
−−
+= +
(5.59)
Como resultado, desenvolvendo-se os produtos indicados por
Erro! Fonte de referência
não encontrada., chega-se a Erro! Fonte de referência não encontrada., conforme
representado a seguir.
{
}
{
}
11
12
() () () ()
Z
zI z I z Z zV z V z
βαα
−−
+= +
(5.60)
Por fim, a computação das operações indicadas conduz à equação de diferenças de
primeira ordem representada através de
Erro! Fonte de referência não encontrada..
112
11
I
(n) I(n ) V(n) V(n )
β
αα
+−= +
(5.61)
Por analogia com a modelagem da carga RL apresentada na seção anterior, a partir de
Erro! Fonte de referência não encontrada. e Erro! Fonte de referência não encontrada. é
possível observar que α
1
= -α
2,
o que permite a simplificação algébrica apresentada por Erro!
127
Fonte de referência não encontrada., onde a notação é modificada por conveniência de
representação de forma que α = α
1
.
1
11
I
(n) I(n ) (V(n) V(n ))
β
α
+−=
(5.62)
Tomando-se por fim um conjunto de N pontos de tensão e corrente a partir da equação
acima, obtém-se um sistema de N-1 equações lineares que podem ser expressas de acordo
com o formato matricial esquematizado por
Erro! Fonte de referência não encontrada..
1
2
1
2
(2) (1) (2) (1)
(3) (2) (3) (2)
.
:: :
() (1)()(1)
IIVV
IIVV
IN IN VN VN
α
α
β
β
−−
⎡⎤
⎢⎥
−−
⎢⎥
=
⎢⎥
⎢⎥
−−
⎣⎦
(5.63)
Verifica-se pelo desenvolvimento descrito acima que Erro! Fonte de referência não
encontrada. e sua representação matricial indicada por Erro! Fonte de referência não
encontrada. são modelos válidos para ambas as aproximações e, desta forma, os resultados
da estimação diferem apenas em função das expressões estimadoras para R e C, conforme
sintetizado a seguir.
Equações em Erro! Fonte de referência não encontrada. e (5.51) para a
aproximação Backward.
Equações em Erro! Fonte de referência não encontrada. e Erro! Fonte de
referência não encontrada.
para a aproximação de Tustin.
Observa-se ainda que, aplicando-se a equação matricial I = Ψθ para a representação do
sistema de equações lineares indicado através de
Erro! Fonte de referência não
encontrada., a dimensão dos termos pode ser esquematizada conforme os dados a seguir:
I: Vetor de corrente (N-1 x 1).
Ψ: Matriz de regressores (matriz do sistema) (N-1 x 2).
θ: Vetor solução (4 x 1).
5.3.3 Método Fasorial
128
Por analogia com a seção anterior, será desenvolvida a modelagem da topologia RC serie
considerada através do método fasorial. Desta forma, a impedância da carga pode ser
igualmente expressa por um número complexo onde a parte real representa a resistência R e a
parte imaginária, a reatância capacitiva X
c
, conforme indicado a partir de (5.64).
1
C
ZRjX R
j
C
ω
=+ =+
(5.64)
Da equação acima, resultam as expressões para o módulo e a fase da impedância
complexa, conforme (5.65) e (5.66).
2
22
1
ZR
C
ω
=+
(5.65)
1
atan
R
C
φ
ω
⎛⎞
=
⎜⎟
⎝⎠
(5.66)
Por fim, aplicando (5.65) e (5.66) em
Erro! Fonte de referência não encontrada.,
obtém-se como resultado as expressões para a estimação dos componentes R e C, conforme é
expresso através de (5.67) e
Erro! Fonte de referência não encontrada..
m
m
V
Rcos
I
φ
=
(5.67)
1
m
m
I
Csin
V
φ
ω
=
(5.68)
Analogamente ao observado a partir dos resultados de equacionamento já apresentados
para a topologia RL, verifica-se que as informações requeridas para a estimação consistem em
dois pontos de tensão e corrente, a diferença de fase e a freqüência de operação da rede
(requerida, neste caso, apenas para a determinação do capacitor C).
129
5.4 Modelagem de carga RC paralelo
Segundo as considerações apresentadas no capítulo 3, esta topologia linear pode ser
empregada como circuito linear equivalente para determinadas etapas de operação de
retificadores monofásicos e trifásicos com carga RC.
Nesta seção, a proposta de modelagem em desenvolvimento será estendida para cargas
lineares com a topologia RC paralela, conforme representado pela Figura 5.3.
Figura 5.3
Topologia de carga RC paralelo.
5.4.1 Aproximação Backward
Esta topologia de primeira ordem pode ser modelada a partir de uma equação diferencial
linear de primeira ordem, relacionando as variáveis de interesse (tensão da rede v(t) e corrente
de entrada i(t)), conforme representado através de (5.69).
() 1 () 1
()=+
dv t di t
it
dt R dt RC
(5.69)
A partir da aplicação da transformada de Laplace na equação acima, obtém-se a função de
transferência de primeira ordem apresentada em (5.70).
1
()
()
1
()
s
Is
R
C
Gs
Vs
C
+
==
(5.70)
Aplicando-se novamente a aproximação Backward, obtém-se a expressão definida a partir
de (5.71).
130
11
()
()
1
()
s
z
Tz RC
Iz
Gz
Vz
C
⎛⎞
+
⎜⎟
⎝⎠
==
(5.71)
O desenvolvimento algébrico indicado resulta na expressão em (5.72), a qual está
representada segundo um formato racional, onde os coeficientes do denominador são
novamente normalizados em relação ao termo de mais alta ordem. Esta equação é uma função
de transferência discreta de primeira ordem que, a partir da relação entre as variáveis de
interesse, representa o modelo equivalente discreto para o sistema contínuo.
12
()
()
()
+
==
z
Is
Gs
Vs z
α
α
(5.72)
Por analogia com a seqüência já descrita nas seções anteriores, os coeficientes da FT
discreta podem ser explicitados compondo um sistema algébrico não-linear de duas equações
e duas variáveis, onde cada equação é função dos parâmetros físicos a serem estimados (R e
C) bem como do período de amostragem T
s
. Desta forma, o sistema é dado a partir de (5.73) e
(5.74).
1
+
=
s
s
R
CT
TR
α
(5.73)
2
=
s
C
T
α
(5.74)
A solução de (5.73) e (5.74) é dada pelas expressões de estimação dos parâmetros de
interesse, conforme
Erro! Fonte de referência não encontrada. e Erro! Fonte de
referência não encontrada..
2
s
CT
α
=
(5.75)
12
1
R
α
α
=
+
(5.76)
131
Na seqüência desta proposta de modelagem, o passo final consiste em explicitar a equação
de diferenças correspondente. Desta forma, aplica-se a transformada Z inversa a (5.72) que
representa a FT discreta e, como resultado, chega-se a
Erro! Fonte de referência não
encontrada..
12
1
I
(n) V(n) V(n ))
α
α
=+
(5.77)
Por fim, a partir de N pontos de tensão e corrente tomados como fonte de informação, um
conjunto de N-1 equações lineares pode ser representado matricialmente segundo o formato
apresentado por
Erro! Fonte de referência não encontrada..
1
2
(2) (2) (1)
(3) (3) (2)
.
:::
() () ( 1)
IVV
IVV
IN VN VN
α
α
⎡⎤
⎢⎥
⎢⎥
=
⎢⎥
⎢⎥
⎣⎦
(5.78)
A partir da representação de
Erro! Fonte de referência não encontrada. segundo a
equação matricial I = Ψ θ , as dimensões de cada termo podem ser definidas conforme
indicado a seguir.
I: Vetor de corrente (N-1 x 1) .
Ψ: Matriz de regressores (matriz do sistema) (N-1 x 2).
θ: Vetor solução (2 x 1).
5.4.2 Aproximação de Tustin
Nesta segunda etapa de modelagem aplicada à topologia de carga RC paralelo, parte-se
novamente da função de transferência contínua de primeira ordem já definida pela equação
(5.70). A partir da aplicação da aproximação de Tustin, chega-se a (5.79), tal como
representado a seguir.
132
21 1
1
()
()
1
()
s
z
Tz RC
Iz
Gz
Vz
C
⎛⎞
+
⎜⎟
+
⎝⎠
==
(5.79)
Uma vez desenvolvida, a equação acima conduz à FT discreta de primeira ordem expressa
por
Erro! Fonte de referência não encontrada..
12
()
()
() 1
z
Iz
Gz
Vz z
α
α
+
==
+
(5.80)
Esta equação representa, portanto, para um dado período de amostragem T
s
, um modelo
equivalente discreto aproximado para o sistema contínuo de primeira ordem, definido por
(5.70). Conforme pode ser observado pela equação acima, a FT discreta apresenta 4 termos e
dois coeficientes não unitários e, portanto, significativos que representam uma função de T
s
bem como dos parâmetros R e C a serem estimados. Estes coeficientes são apresentados
através de
Erro! Fonte de referência não encontrada. e Erro! Fonte de referência não
encontrada..
1
2
s
s
R
CT
TR
α
+
=
(5.81)
2
2
s
s
TRC
TR
α
=
(5.82)
A solução do sistema de equações não-lineares acima, definida pelas expressões para a
estimação dos parâmetros de interesse, é dada por meio de
Erro! Fonte de referência não
encontrada. e Erro! Fonte de referência não encontrada..
(
)
12
4
s
T
C
α
α
=
(5.83)
12
2
R
α
α
=
+
(5.84)
133
A última etapa desta seqüência de modelagem consiste em explicitar uma vez mais a
equação de diferenças e, desta forma,
Erro! Fonte de referência não encontrada. que
representa a FT discreta correspondente a este caso será usada como ponto de partida. Assim,
aplicando-se a transformada Z inversa sobre a mesma, obtém-se
Erro! Fonte de referência
não encontrada., tal como mostrado a seguir.
12
11
I
(n) I(n ) V(n) V(n ))
α
α
+−= +
(5.85)
Uma vez que a equação de diferenças acima apresenta dois coeficientes unitários, a
representação matricial assume o formato dado através de
Erro! Fonte de referência não
encontrada.
.
1
2
(2) (1) (2) (1)
(3) (2) (3) (2)
.
:::
()(1) ()(1)
II V V
II V V
IN IN VN VN
α
α
⎡⎤
⎢⎥
⎢⎥
=
⎢⎥
⎢⎥
−−
⎣⎦
(5.86)
Por analogia com o equacionamento anterior,
Erro! Fonte de referência não
encontrada. pode ser sintetizada a partir da equação I = Ψθ e, neste caso, as dimensões de
cada termo são similares às dimensões já indicadas a partir de
Erro! Fonte de referência não
encontrada.
, conforme os dados a seguir.
I: Vetor de corrente (N-1 x 1).
Ψ: Matriz de regressores (matriz do sistema) (N-1 x 2).
θ: Vetor solução (2 x 1).
5.5 Modelagem de carga RLC
5.5.1 Considerações Gerais e Equacionamento
De acordo com as considerações feitas anteriormente, a abordagem empregada para o
desenvolvimento deste trabalho a partir da aplicação dos conceitos de modelagem foi
desenvolvida em função do modelo físico do sistema em análise, o qual é caracterizado como
134
um sistema contínuo, e da aplicação de técnicas de discretização para a obtenção do seu
modelo linear equivalente discreto.
Desta forma, o desenvolvimento da análise desta seção parte das considerações efetuadas
no capítulo 3 a partir da topologia não-linear do retificador em ponte completa com carga RC
e filtro indutivo, o qual, conforme já comentado, está presente nas fontes de alimentação da
maior parte das cargas eletrônicas monofásicas. Este conjunto formado por um retificador em
cascata com um conversor CC-CC representa a estrutura típica de uma fonte chaveada, tal
como representado na Figura 2.14, e pode ser simplificado tratando-se o conversor CC-CC e
sua carga como uma carga resistiva equivalente, conforme é observado na Figura 5.4.
Figura 5.4
Estrutura típica de uma fonte chaveada.
Para obter as equações que representam o modelo físico do sistema, emprega-se a
abordagem clássica da eletrônica de potência na qual o comportamento não-linear de uma
dada topologia é dividido em uma seqüência de etapas lineares a partir das quais são
empregados os modelos lineares correspondentes.
Desta forma, o circuito retificador representado na Figura 5.4 pode ser redesenhado
conforme o esquema ilustrado na Figura 5.5 que representa o seu modelo linear equivalente
durante uma das etapas de funcionamento. Durante esta etapa de operação linear, ocorre o
carregamento do capacitor C
CC
pela tensão da rede aplicada diretamente ao circuito através
dos diodos em condução (no intervalo de tempo t
Don
).
135
Figura 5.5
Circuito equivalente da etapa de carga do capacitor.
Portanto, de acordo com as considerações do capítulo 3, esta topologia linear pode ser
empregada como circuito linear equivalente para as etapas de operação de carregamento do
capacitor em retificadores monofásicos e trifásicos com carga RC e filtro indutivo L. Desta
forma, será descrito a seguir o processo algébrico para o desenvolvimento da equação
diferencial que relaciona as variáveis de interesse e, a partir desta, o método de modelagem e
estimação de parâmetros proposto.
A análise do circuito considerado tem por objetivo identificar uma equação que relacione
os parâmetros de interesse: a corrente de entrada i(t) e a tensão da rede v(t). A partir da Figura
5.5, observa-se que as tensões dos elementos da primeira malha do circuito podem ser
relacionadas através da segunda lei de Kirchhoff a partir da equação diferencial de primeira
ordem (equação dada por (5.87)) a seguir.
()
() ()
c
di t
vt L V t
dt
=+
(5.87)
De acordo com
Erro! Fonte de referência não encontrada., as correntes em cada
malha do circuito são relacionadas pela primeira lei de Kirchhoff.
() () ()
RC
it i t i t
=
+
(5.88)
As componentes i
R
(t) e i
C
(t) da corrente de entrada podem ser expressas como função
da tensão comum de saída v
c
(t) através das relações entre tensão e corrente associadas ao
resistor R e ao capacitor C
CC,
respectivamente. Desta forma, obtém-se (5.89) e Erro! Fonte de
referência não encontrada.
.
136
()
()
C
R
vt
it
R
=
(5.89)
()
()
c
cCC
dv t
it C
dt
=
(5.90)
A partir da substituição algébrica de (5.89) e
Erro! Fonte de referência não encontrada.
em
Erro! Fonte de referência não encontrada., obtém-se uma relação entre corrente de
entrada i(t) e tensão de saída v
c
(t), conforme representado a partir de (5.91).
() ()
()
cc
CC
vt dvt
it C
R
dt
=+
(5.91)
Substituindo (5.87) em (5.91), obtém-se uma expressão que relaciona a tensão de entrada
v(t) com a corrente de entrada i(t), conforme é apresentado em (5.92).
1() ()
() () ()
CC
di t d di t
it vt L C vt L
R
dt dt dt
⎛⎞⎛⎞
=− +
⎜⎟⎜⎟
⎝⎠⎝⎠
(5.92)
Desta forma, desenvolvendo os termos de (5.92), obtém-se a equação diferencial ordinária
linear de segunda ordem não-homogênea que relaciona a tensão da rede com a corrente de
entrada, tal como representado em (5.93).
2
2
11
() () () () ()
CC CC CC
ddLd
Vt Vt L it it it
dt RC dt RC dt C
+=+ +
(5.93)
Manipulando os termos de (5.93) através da transformada de Laplace, obtém-se a função
de transferência de segunda ordem apresentada a seguir (equação dada por (5.94)), que
representa a relação entre as variáveis de interesse no domínio freqüência.
137
2
11
()
()
1
()
s
Is
LRC
Gs
s
Vs
s
RC LC
⎛⎞
+
⎜⎟
⎝⎠
==
⎛⎞
++
⎜⎟
⎝⎠
(5.94)
5.5.2 Aproximação Backward
Por analogia com a seqüência apresentada nas seções anteriores, a modelagem da
topologia considerada nesta seção será analisada empregando-se inicialmente a aproximação
Backward.
Portanto, aplicando-se
Erro! Fonte de referência não encontrada. à função de
transferência representada em (5.94), chega-se a uma função de transferência discreta de
segunda ordem que expressa o modelo linear equivalente discreto para o sistema contínuo
como função do período de amostragem T
s,
conforme pode ser verificado através de (5.95).
2
111
()
()
()
11 11
s
ss
z
LTz RC
Iz
Gz
Vz
zz
Tz RC Tz LC
⎛⎞
+
⎜⎟
⎝⎠
==
⎛⎞ ⎛⎞
−−
++
⎜⎟ ⎜⎟
⎝⎠ ⎝⎠
(5.95)
Contudo, a manipulação algébrica dos termos desta função de transferência conduz a uma
expressão racional, de acordo com o modelo dado por (5.96).
2
12
2
12
()
()
()
zz
Iz
Gz
Vz z z
αα
β
β
+
==
++
(5.96)
Tal como pode ser observado, os coeficientes da função de transferência foram
normalizados em relação ao termo do denominador de ordem mais elevada, o que resulta em
quatro coeficientes significativos com um denominador comum. Estes coeficientes foram
representados por
α
1
,
α
2,
β
1
e
β
2
e são uma função de T
s
bem como dos parâmetros R, L e C
CC
a serem determinados pelo processo de estimação, tal como representado em (5.97), (5.98),
(5.99) e (5.100).
138
2
1
2
ss
ss
TRC T
R
LC T L T L
α
+
=
++
(5.97)
2
2
s
ss
TRC
RLC T L T L
α
=
++
(5.98)
1
2
(2)
s
ss
TL RLC
R
LC T L T L
β
+
=
++
(5.99)
2
2
ss
RLC
R
LC T L T L
β
=
++
(5.100)
Estas relações compõem um sistema de quatro equações algébricas não-lineares. Tais
equações conduzem às expressões algébricas para os parâmetros R, L e
C
CC
a serem
estimados, de forma que tais parâmetros serão expressos como função de T
s
bem como dos
coeficientes da função de transferência discreta, conforme é ilustrado através de (5.101),
(5.102) e (5.103).
1
1
s
T
L
α
β
=
(5.101)
1
12
1
s
T
C
β
αα
=
(5.102)
2
1
2
s
T
R
L
C
α
β
=
(5.103)
Observa-se em (5.103) que, por uma questão de conveniência, o valor estimado para o
resistor R é expresso também em função de L e de C, o que estabelece uma ordem para a
aplicação destas expressões na implementação do processo.
Uma vez desenvolvidas as expressões para a estimação dos parâmetros de interesse, o
próximo passo consiste em explicitar a forma pela qual os coeficientes da função de
transferência discreta (
α
1
,
α
2,
β
1
e
β
2
) são determinados.
139
Redispondo-se os termos de (5.96) e aplicando-se a transformada Z inversa, obtém-se uma
expressão a ser desenvolvida a partir de (5.104), conforme é mostrado a seguir.
(
)
{
}
(
)
{
}
12 1 2
12 1 2
() ()
Z
Iz z z Z Vz z z
ββ α α
−−
++ = +
(5.104)
Desenvolvendo-se os produtos indicados em cada lado da igualdade apresentada em
(5.104), a expressão resultante se apresenta de acordo com (5.105).
{}
{
}
12 1 2
12 1 2
() () () () ()
Z
zIz zIz Iz Z zVz zVz
ββ α α
−−
++ = +
(5.105)
Recorrendo-se à propriedade Z
-1
{z
n
F(z)} = f(k + n) da transformada Z válida para
condições iniciais nulas, obtém-se a equação de diferenças a seguir que representa o modelo
linear equivalente do sistema contínuo no domínio tempo, conforme é dado por
Erro! Fonte
de referência não encontrada..
121 2
21 2 1
I
(n ) I(n ) I(n) V(n ) V(n )
β
βα α
++ ++ = ++ +
(5.106)
Redispondo-se novamente os termos da equação de forma a isolar a parcela de corrente
com coeficiente unitário, e tomando-a como referência para a computação dos atrasos, chega-
se por fim a
Erro! Fonte de referência não encontrada..
12 12
12 1
I
(n) I(n ) I(n ) V(n) V(n )
β
βαα
=− + +
(5.107)
Onde:
I(n) - Amostra da corrente de entrada de ordem n (saída do sistema).
V(n) - Amostra da tensão da rede de ordem n (entrada do sistema).
Portanto, a estimação dos parâmetros envolve a aplicação de (5.101), (5.102) e (5.103) a
partir do conhecimento prévio dos coeficientes
α
1
,
α
2,
β
1
e
β
2 ,
cuja relação no domínio tempo
é dada através de
Erro! Fonte de referência não encontrada.. Para a determinação destes
140
coeficientes, procede-se à elaboração de um sistema de equações de diferenças a partir dos
dados de entrada e saída do sistema. Estes dados consistem nas curvas de entrada e saída
representadas a partir de dois conjuntos de vetores de N pontos associados ao mesmo
intervalo de tempo e espaçados pelo período de amostragem T
s
.
Desta forma, a partir de dois vetores constituídos por N+1 pontos ou amostras, o conjunto
de equações pode ser expresso através de um sistema de N-1 equações lineares, conforme a
representação matricial dada por meio de
Erro! Fonte de referência não encontrada..
1
2
1
2
(2) 2 (1) (0) (1) (1) (2) (2)
(3) 2 (2) (1) (2) (2) (3) (3)
.
:::::
() 2( 1) ( 2) ( 1) ( 1) () ()
IIIIVVV
IIIIVVV
IN IN IN IN VN VN VN
α
α
β
β
−−
⎡⎤
⎡⎤
⎢⎥
⎢⎥
−−
⎢⎥
⎢⎥
=
⎢⎥
⎢⎥
⎢⎥
⎢⎥
−− −−
⎣⎦
⎣⎦
(5.108)
Analogamente aos casos anteriores, aplicando-se a equação matricial I = Ψ
θ
para o
sistema de equações lineares indicado acima, a dimensão dos termos pode ser esquematizada
conforme os dados a seguir:
I : Vetor (N-1 x 1) com N-1 amostras da corrente de saída.
Ψ : Matriz de regressores do sistema com dimensão (N-1 x 4).
θ : Vetor solução do sistema com dimensão (4 x 1).
Por conseguinte, conforme indica a representação matricial do sistema, o número de
equações é definido pelo conjunto de pontos ou amostras dos sinais de referência e as
variáveis correspondem aos coeficientes da equação de diferenças (ou da função de
transferência discreta).
5.5.3 Aproximação de Tustin
A modelagem para a topologia RLC será agora desenvolvida considerando a aplicação da
aproximação de Tustin. Para tanto, considera-se novamente a FT contínua definida em (5.94)
e, por substituição algébrica, aplica-se a aproximação de Tustin dada através de
Erro! Fonte
de referência não encontrada., o que resulta na expressão apresentada em (5.109).
141
2
12 1 1
1
()
()
()
21 121 1
11
⎛⎞
+
⎜⎟
+
⎝⎠
==
⎛⎞⎛⎞
−−
++
⎜⎟⎜⎟
++
⎝⎠⎝⎠
s
ss
z
LTz RC
Iz
Gz
Vz
zz
Tz RC Tz LC
(5.109)
De forma análoga à apresentada na seção anterior, desenvolvendo-se os termos da
expressão acima, a mesma pode ser representada no formato de uma função racional com os
coeficientes normalizados com referência ao termo de ordem mais elevada do denominador.
Desta forma, a expressão resultante é definida por
Erro! Fonte de referência não
encontrada.
.
2
123
2
12
()
()
()
zz
Iz
Gz
Vz z z
α
αα
β
β
+
+
==
++
(5.110)
Portanto, a função de transferência acima apresenta cinco coeficientes significativos
expressos em função dos parâmetros da carga a serem estimados bem como do período de
amostragem considerado T
s
, conforme é indicado por meio de (5.111), (5.112), (5.113),
(5.114) e (5.115).
2
1
2
2
42
+
=
++
ss
ss
RCT T
RLC T L T R
α
(5.111)
2
2
2
2
42
=
++
s
ss
T
RLC T L T R
α
(5.112)
2
3
2
2
42
ss
ss
TTRC
RLC T L T R
α
=
++
(5.113)
2
1
2
28
42
β
=
++
s
ss
RT RLC
RLC T L T R
(5.114)
2
2
2
42
42
−+
=
++
ss
ss
R
LC T L T R
R
LC T L T R
β
(5.115)
142
As expressões acima compõem um sistema de 5 equações algébricas não-lineares cuja
solução, representada pelos parâmetros R, L e C, é dada de acordo com (5.116), (5.117) e
(5.118).
21
23
(1)
4( 2 )
+
=
s
T
L
β
β
αα
(5.116)
23
12
(2)
1
=
+
+
s
T
C
α
α
ββ
(5.117)
12 21
22 3
(1)(1)
4(1 )( 2 )
++ +
=
−−
R
β
βββ
βα α
(5.118)
Por analogia com a seqüência de modelagem apresentada, o próximo passo consiste em
obter a equação de diferenças e, portanto, parte-se novamente da FT discreta dada por
Erro!
Fonte de referência não encontrada., para a aplicação da transformada Z inversa. Desta
forma, chega-se a
Erro! Fonte de referência não encontrada..
() ( ) ( ) () ( ) ( )
12 12 3
I
nIn1In2VnVn1Vn3+β −+β =α +α −+α
(5.119)
Verifica-se que a equação acima é uma equação de diferenças de segunda ordem que
representa, para um dado período de amostragem T
s
, o modelo equivalente discreto definido
para o sistema contínuo dado por (5.93). Verificou-se ainda, durante a manipulação algébrica
do sistema de equações considerado, que os coeficientes do numerador da FT discreta se
relacionam através de
Erro! Fonte de referência não encontrada., conforme é mostrado a
seguir.
213
α
αα
=
+
(5.120)
A relação acima permite a simplificação da equação de diferenças a partir da eliminação
de um dos coeficientes. Desta forma, uma representação simplificada para a equação de
diferenças é dada a partir de
Erro! Fonte de referência não encontrada..
143
[
]
[
]
() ( ) ( ) () ( ) ( ) ( )
12 1 2
I
nIn1In2 VnVn1 Vn1Vn2+β −+β =α + +α −+
(5.121)
Considerando a equação acima e tomando-se N pontos ou amostras de tensão e corrente,
obtém-se como resultado um sistema de (N – 2) equações lineares cuja representação no
formato matricial é dada a partir de
Erro! Fonte de referência não encontrada..
1
2
1
3
(2) (1) (0) (2) (1) (1) (0)
(3) (2) (1) (3) (2) (2) (1)
.
::: : :
() (1) (2)()(1)(1)(2)
IIIVVVV
IIIVVVV
IN IN IN VN VN VN VN
β
β
α
α
−− + +
⎡⎤
⎡⎤
⎢⎥
⎢⎥
−− + +
⎢⎥
⎢⎥
=
⎢⎥
⎢⎥
⎢⎥
⎢⎥
−−−− + +
⎣⎦
⎣⎦
(5.122)
A equação dada por
Erro! Fonte de referência não encontrada. ilustra o último modelo
matricial de equações lineares apresentado neste trabalho e, analogamente aos modelos
anteriores, pode ser expresso de forma simplificada pela equação I = Ψθ, onde os elementos
apresentam as dimensões esquematizadas a seguir:
I : Vetor (N-2 x 1) com N-1 amostras da corrente de saída.
Ψ : Matriz de regressores ou matriz do sistema com dimensão (N-2 x 4).
θ : Vetor solução do sistema com dimensão (4 x 1).
Por conseguinte, conforme indica a representação matricial do sistema, o número de
equações é definido pelo conjunto de pontos ou amostras dos sinais de referência e as
variáveis correspondem aos coeficientes da equação de diferenças (ou da função de
transferência discreta).
5.6 CONCLUSÃO
Uma vez estabelecido o conjunto de cargas não-lineares (estruturas retificadoras) a serem
consideradas neste trabalho, bem como as topologias lineares equivalentes que validam a
representação de tais cargas considerando o intervalo de operação linear (capítulo 4), este
capítulo apresentou a descrição de uma proposta de equacionamento que emprega os modelos
lineares das cargas citadas para a aplicação do conceito de discretização. Desta forma, o
emprego de uma dada expressão de aproximação analógico-discreta para o mapeamento de
144
pontos do plano contínuo para o plano discreto permite a representação de um modelo linear
contínuo através de um modelo linear equivalente discreto a partir da representação de uma
equação diferencial segundo uma equação de diferenças de mesma ordem para um dado
período de amostragem T
s
. Conforme já demonstrado pelo equacionamento descrito nas
seções deste capítulo, esta forma de representação permite a definição de expressões que
relacionam os parâmetros físicos do sistema (componentes R, L e C) com os coeficientes da
equação de diferenças bem como o período de amostragem associado. Como resultado,
chega-se à definição de expressões estimadoras onde cada parâmetro físico é expresso em
função dos demais elementos.
Desta forma, desenvolve-se um método de estimação através de expressões algébricas
simples que contemplam a natureza discreta dos dados experimentais coletados a partir do
período de amostragem e apresentam as características a seguir:
Processo não-invasivo: a estimação dos componentes de cargas não-lineares
(tomadas como o sistema a ser analisado) considera unicamente as formas de onda
associadas (entrada v(t) e saída i(t) do sistema) que representam características
observáveis do sistema.
Independência do processo quanto às formas de onda: as expressões
estimadoras são desenvolvidas considerando unicamente o modelo do sistema
analisado (a partir de sua função de transferência FT) e, portanto, a estimação
aplica-se indistintamente para quaisquer conjuntos de formas de onda tomadas
como entrada e saída do modelo.
145
CAPÍTULO 6
IMPLEMENTAÇÃO E TESTE DOS ALGORITMOS POR
SIMULAÇÃO
146
6 IMPLEMENTAÇÃO E TESTE DOS ALGORITMOS POR
SIMULAÇÃO
6.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Neste capítulo será desenvolvida uma descrição completa acerca da forma de
implementação do processo de estimação proposto em função da estratégia de modelagem
física apresentada. As seções subseqüentes apresentarão um amplo conjunto de dados de
estimação organizados em tabelas (conforme a estrutura de carga linear ou não-linear
considerada) a partir das curvas de tensão e corrente obtidas por simulação.
O diagrama de blocos esquematizado através da Figura 6.1 a seguir ilustra a idéia geral do
processo de estimação onde a informação contida nas curvas de tensão e corrente (entrada e
saída do sistema) é processada segundo um algoritmo baseado no método de modelagem
proposto e implementado em ambiente computacional para a obtenção dos dados de
estimação a partir das características de uma dada topologia ou modelo de referência.
Figura 6.1
Diagrama de Blocos do processo de estimação.
Os dados de tensão e corrente coletados para a validação do processo de estimação foram
obtidos segundo as fontes a seguir:
Simulação: realizada em ambiente computacional a partir de simuladores
comerciais como PSIM
®
, Matlab
®
e ATP, visando a validar a metodologia
proposta sob condições idealizadas (tensão de alimentação puramente senoidal
e componentes ideais e sob condições de completa ausência de interferências
eletromagnéticas).
147
Aquisição experimental: realizada a partir da monitoração das curvas de
interesse (por meio de osciloscópio digital) associadas a protótipos de bancada
(retificadores com valores previamente conhecidos para os componentes RLC
visando à validação da metodologia proposta), bem como a cargas reais (PC e
impressora).
6.2 IMPLEMENTAÇÃO
A plataforma Matlab
®
(versão 6,0) da Mathworks foi empregada como ambiente de
edição, desenvolvimento e compilação do código para a implementação do algoritmo baseado
nesta estratégia de estimação em função dos recursos e da praticidade que oferece na
computação de operações envolvendo vetores e matrizes (operações de atribuição,
manipulação, construção). Desta forma, a Figura 6.2 ilustra a interface deste ambiente de
desenvolvimento.
Figura 6.2
Interface do ambiente de desenvolvimento (Matlab
®
).
Desta forma, o ambiente de edição e desenvolvimento de aplicações em código é
organizado na forma de arquivos-M, permitindo uma fácil execução de operações
matemáticas com variáveis vetoriais e matriciais. O ambiente de execução ou workspace é um
148
ambiente organizado para a execução de linhas de comando que permite a ativação da
execução do código e a visualização dos resultados através de interface gráfica ou mesmo no
próprio ambiente de execução.
O comportamento do sistema elétrico é simulado por meio do utilitário SimPowerSystems,
o qual é integrado ao utilitário Simulink, onde a topologia em estudo é esquematizada através
de modelos determinísticos armazenados no formato de arquivos-MDL. A ativação da
simulação dos modelos e a aquisição dos dados de saída (resposta do sistema através das
curvas de tensão v(t) e corrente de entrada i(t)) é controlada através do código implementado
nos arquivos-M. Como resultado, a construção do código foi organizada segundo a seqüência
a seguir:
- Geração e tratamento dos dados empregados como fonte de informação para a
construção de dois vetores (v(t) e i(t)) de N pontos para estimação.
Aquisição de dados como informação para o método de estimação por meio de
simulação (configurada, ativada e aplicada via software) ou aquisição
experimental a partir de um ambiente físico de coleta de dados (cargas
individuais)
Processamento automatizado dos dados para estimação: etapa de pré-
processamento dos dados experimentais quanto à determinação do período de
amostragem (no caso de dados experimentais) e seleção do intervalo das
curvas para estimação pela identificação do segmento de carregamento do
capacitor (intervalo de operação linear do circuito).
Tratamento dos vetores de pontos segundo o algoritmo de estimação.
Geração de vetores de deslocamento para caracterizar os níveis de atraso
requeridos pelas equações de diferenças (geração dos termos da equação de
diferenças).
Construção das matrizes representativas do sistema (matriz de regressores) de
acordo com a estrutura associada a cada modelo.
Determinação da solução do sistema de equações lineares (coeficientes da FT
discreta) segundo algum algoritmo de solução que compreenda a
sobredeterminação do sistema (sistema com N equações e n variáveis sendo N
> n).
149
Determinação dos parâmetros R, L, C através do conjunto de expressões
estimadoras (que empregam como informação o período de amostragem T
s
bem como a solução do sistema linear).
A Figura 6.3 a seguir ilustra a execução do código para a estimação dos parâmetros da
topologia do retificador monofásico com carga RLC.
Figura 6.3
Ambiente de execução do código de estimação de parâmetros.
6.3 TOPOLOGIAS
6.3.1 Considerações iniciais
Conforme já apresentado, o estágio inicial de implementação envolve a aplicação do
processo de estimação a partir de dados de simulação. Uma vez que os simuladores empregam
modelos determinísticos e que, portanto, não consideram os fenômenos aleatórios da rede
elétrica (cuja característica de incerteza é representada através de modelos estocásticos), o
150
algoritmo de estimação proposto pode ser empregado em seu formato mais simples,
considerando unicamente a característica determinística das topologias analisadas.
Desta forma, as seções a seguir apresentam uma série de dados de estimação obtidos a
partir de curvas de simulação para cada uma das topologias em análise. Os resultados
observados demonstram que, para dados de natureza determinística, a eficácia da estimação
está associada à adequação do modelo, e a precisão dos resultados (que remete ao conceito de
eficiência ou qualidade) está associada ao valor do período de amostragem T
s
empregado
(que, conforme já mencionado, deve ser escolhido levando em consideração as características
temporais do sistema).
As características ou condições da simulação foram definidas com o objetivo de
aproximar situações reais de aplicação em função da escolha da potência. Desta forma, as
tabelas reúnem um acervo de dados segundo as características apresentadas a seguir:
1.
Condições definidas no simulador para cada topologia:
Potência – P(W):
Componentes para simulação e estimação - R
s
(Ω)
, L
s
(mH) e C
s
(µF)
Constantes de tempo -
τ
(s)
2.
Condições de Coleta de Dados
Período de Amostragem - T
s
Número de pontos - N
3.
Dados resultantes
Componentes Estimados - R
e
(Ω), L
e
(mH) e C
e
(µF)
Erro percentual – Erro (%)
Os circuitos apresentados para simulação a seguir que contemplam as topologias lineares
empregadas na modelagem das cargas não-lineares em estudo:
1. Topologias Lineares:
Circuito RC série
Circuito RL série
151
2. Topologias Não-Lineares (Retificadores):
Estrutura monofásica e trifásica em ponte com carga RL
Estrutura monofásica e trifásica em ponte com carga RC
Estrutura monofásica e trifásica em ponte com carga RC e filtro L de entrada
Estrutura trifásica com ponto médio e carga RC e filtro L de entrada.
Por fim, os processos de estimação aplicados em simulação, conforme implementação em
código, correspondem à modelagem proposta no capítulo 5.
Método Fasorial:
Método da Discretização (pelas aproximações Backward e de Tustin):
Cada tabela foi preenchida aplicando quando possível um valor único de indutância L com
o objetivo de observar a variação de precisão obtida na estimação em função da variação dos
demais componentes. O método fasorial é aplicado apenas para os dados de simulação de
cargas lineares (apresentadas no início da seqüência de simulação) de forma a aplicar os
resultados de estimação como parâmetros para comparação de desempenho com o método de
discretização proposto quanto à precisão de resultados. Portanto, as seções a seguir descrevem
os resultados de simulação, conforme a seqüência de cargas citadas acima.
6.3.2 Circuito RC série
6.3.2.1 Implementação
Segundo considerações anteriores, esta topologia de carga linear não corresponde a um
modelo para a etapa de operação linear de estruturas retificadoras (uma vez que não são
empregadas cargas do tipo RC série para a tensão retificada). Desta forma, ela está sendo
analisada visando à validação do método de estimação proposto (método da discretização) em
nível de simulação a partir da avaliação e comparação de resultados com o método de
152
referência (método fasorial). A Figura 6.4 a seguir ilustra o diagrama de simulação para a
topologia RC série.
Figura 6.4
Diagrama de simulação para a topologia linear RC série.
A Figura 6.5 a seguir ilustra as formas de onda coletadas através do arquivo de
simulação e empregadas como informação de entrada para duas aplicações do algoritmo de
estimação. Para as formas de onda ilustradas, bem como para o conjunto restante de
simulações empregou-se uma alimentação de V = 127 V
ef
e, conforme pode ser verificado a
partir das tabelas, T
s
= 100 µs e N (número de pontos) = 167, o que corresponde a um ciclo
completo da rede para f = 60 Hz.
153
Figura 6.5
Formas de onda de tensão e corrente (Circuito RC série).
Esta seção apresenta tabelas comparativas de simulação envolvendo os diferentes
métodos de estimação apresentados para o mesmo conjunto de valores de R e C e em função
de dois valores distintos para o período de amostragem: T
s
= 10 µs e 100 µs. Adotou-se um
valor fixo para o capacitor (C
s
= 50 µs) com o objetivo de observar a evolução da constante de
tempo bem como a evolução do erro percentual de estimação em função da variação do
resistor R. Analogamente à simulação ilustrada acima, os dados de simulação a seguir
consideram V = 127 V
ef
.
6.3.2.2 Método Fasorial
A Tabela 5.1 a seguir apresenta os resultados de estimação empregando o Método Fasorial
a partir de dados de simulação.
154
Tabela 5.1
Dados de estimação obtidos por simulação (Método Fasorial)
Componentes
p/ estimação
Configuração Resultados (Método Fasorial)
Rs
(Ω)
Cs
(µF)
Constante
de tempo
τ
(s)
Ts
(µs)
N
Re (Ω)
Erro
(%)
Ce
(µF)
Erro
(%)
800 50 0,04 100 167 799 0,073 43,9 12,15
400 50 0,02 100 167 398,9 0,28 43,76 12,5
200 50 0,01 100 167 199,7 0,13 49,2 1,7
100 50 0,005 100 167 99,86 0,13 49,7 0,42
800 50 0,04 10 1667 799,91 0,01 48,79 2,41
400 50 0,02 10 1667 400 0,001 49,97 0,07
200 50 0,01 10 1667 199,96 0,02 49,84 0,31
100 50 0,005 10 1667 99,88 0,12 49,78 0,44
6.3.2.3 Aproximação Backward
A Tabela 5.2 a seguir mostra os resultados de estimação empregando o Método da
Discretização por aproximação Backward a partir de dados de simulação.
Tabela 5.2
Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação Backward)
Componentes
p/ estimação
Configuração Resultados (Backward)
Rs
(Ω)
Cs
(µF)
Constante
de tempo
τ
(s)
Ts
(µs)
N
Re (Ω)
Erro
(%)
Ce
(µF)
Erro (%)
800 50 0,04 100 167 799 0,12 50 4,9.10
-7
400 50 0,02 100 167 399 0,25 50 1,3.10
-11
200 50 0,01 100 167 199 0,5 50 2.10
-12
100 50 0,004 100 167 99 1 50 6,2.10
-13
800 50 0,04 10 1667 799,9 0,013 50 6,4.10
-10
400 50 0,02 10 1667 399,9 0,025 50 9,6.10
-12
200 50 0,01 10 1667 199,9 0,05 50 1,3.10
-10
100 50 0,004 10 1667 99,9 0,1 50 3,4.10
-11
6.3.2.4 Aproximação de Tustin
A Tabela 5.3 a seguir mostra os resultados de estimação empregando o Método da
Discretização por aproximação de Tustin a partir de dados de simulação.
155
Tabela 5.3
Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação Tustin)
Componentes
p/ estimação
Configuração Resultados (Tustin)
Rs
(Ω)
Cs
(µF)
Constante
de tempo
τ
(s)
Ts
(µs)
N
Re (Ω)
Erro (%)
Ce
(µF)
Erro
(%)
800 50 0,04 100 167 800 2,4.10
-13
50 4,9.10
-13
400 50 0,02 100 167 400 1,6.10
-13
50 1,3.10
-11
200 50 0,01 100 167 200 4.10
-13
50 2.10
-12
100 50 0,004 100 167 100 1,4.10
-14
50 6,2.10
-13
800 50 0,04 10 1667 800 4,4.10
-12
50 6,4.10
-10
400 50 0,02 10 1667 400 3,8.10
-12
50 9,6.10
-12
200 50 0,01 10 1667 200 2,1.10
-12
50 1,3.10
-10
100 50 0,004 10 1667 100 7,9.10
-12
50 3,4.10
-11
6.3.2.5 Conclusões Parciais
As tabelas esquematizadas acima estabelecem uma comparação de desempenho entre os
métodos de estimação descritos considerando uma dada faixa de variação dos parâmetros R e
C. Desta forma, algumas observações podem ser levadas a efeito quanto aos itens a seguir:
- precisão: considerando o valor empregado para T
s
, a maior precisão (menor erro
percentual para ambos os parâmetros) é obtida pelo método de discretização por aproximação
de Tustin; uma vez que as expressões estimadoras para o capacitor C são equivalentes para
ambas as aproximações, a mesma precisão é obtida para este parâmetro empregando
Backward; para o conjunto de valores considerado, a estimação do resistor R se torna mais
precisa a partir do método fasorial, quando comparado ao método de discretização por
Backward e, todavia, a precisão de ambos os processos evolui para valores crescentes de T
s
.
- variação de precisão: a variação foi verificada conforme os dados a seguir:
Os dados de estimação do capacitor por Backward e Tustin não apresentaram
uma variação significativa de precisão para o conjunto de valores testado.
Os dados de estimação do capacitor pelo método fasorial mostraram uma
variação de até 12 % para o mesmo conjunto de valores.
Os dados de estimação de R por Tustin apresentaram reduzida variação
percentual e um erro inferior a 1.10
-10
%.
Os dados de estimação de R através de Backward apresentaram uma variação
de até 1 %.
156
Os dados de estimação de R pelo Método Fasorial mostraram uma variação
percentual inferior a 1 %.
6.3.3 Circuito RL série
6.3.3.1 Implementação
A Figura 6.6 ilustra o diagrama de simulação em ambiente SymPowerSystems para
esta topologia de circuito linear.
Figura 6.6
Diagrama de simulação para a topologia linear RL série.
A Figura 6.7 a seguir ilustra as formas de onda coletadas através do arquivo de
simulação e empregadas como informação de entrada para o algoritmo de estimação. Para as
formas de onda ilustradas, empregou-se uma alimentação de V = 127 V
ef
e indutor com
indutância mantida fixa em L
s
= 1,5 mH com o objetivo de verificar a sensibilidade da
precisão de estimação obtida diante da variação da carga resistiva.
157
Figura 6.7
Formas de onda de tensão e corrente (Circuito RL série).
6.3.3.2 Método Fasorial
A Tabela 5.4 a seguir sintetiza os resultados de estimação pelo Método Fasorial a partir de
dados de simulação para a carga RL série.
Tabela 5.4
Dados de estimação obtidos por simulação (Método Fasorial)
Componentes
p/ estimação
Configuração Resultados (Método Fasorial)
Rs
(Ω)
Ls
(mH)
Constante
de tempo
τ
(s)
Ts
(µs)
N
Re (Ω)
Erro
(%)
Le
(mH)
Erro
(%)
50 1,5 3.10
-5
100 167 50 0,001 0 100
25 1,5 6.10
-5
100 167 25 0,023 0 100
10 1,5 1,5.10
-4
100 167 10 0,082 1 33,25
2 1,5 7,5.10
-4
100 167 2 0,31 1,44 4,14
50 1,5 3.10
-5
10 1667 50 4,7.10
-7
1,5 0,0042
25 1,5 6.10
-5
10 1667 25 8,2.10
-6
1,5 0,017
10 1,5 1,5.10
-4
10 1667 10 3,3.10
-4
1,5 0,11
2
1,5 7,5.10
-4
10 1667 2 0,008 1,49 0,12
158
6.3.3.3 Aproximação Backward
A Tabela 5.5 mostra os resultados de estimação através da aproximação Backward.
Tabela 5.5
Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação Backward)
Componentes
p/ estimação
Configuração Resultados (Backward)
Rs
(Ω)
Ls
(mH)
Constante
de tempo
τ
(s)
Ts
(µs)
N
Re (Ω)
Erro
(%)
Le
(mH)
Erro
(%)
50 1,5 3.10
-5
100 167 49,99 0,02 1,5 0,036
25 1,5 6.10
-5
100 167 24,99 0,042 1,5 0,036
10 1,5 1,5.10
-4
100 167 9,99 0,11 1,5 0,036
2 1,5 7,5.10
-4
100 167 1,99 0,53 1,5 0,036
50 1,5 3.10
-5
10 1667 50 0,002 1,5 3,6.10
-4
25 1,5 6.10
-5
10 1667 25 0,0043 1,5 3,6.10
-4
10 1,5 1,5.10
-4
10 1667 10 0,01 1,5 3,6.10
-4
2
1,5 7,5e-4 10 1667 2 0,053 1,5 3,6.10
-4
6.3.3.4 Aproximação de Tustin
Por fim, a Tabela 5.6 mostra os resultados de estimação pela aproximação de Tustin.
Tabela 5.6
Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação de Tustin)
Componentes
p/ estimação
Configuração Resultados (Tustin)
Rs
(Ω)
Ls
(mH)
Constante
de tempo
τ
(s)
Ts
(µs)
N
Re (Ω)
Erro (%) Le (mH)
Erro
(%)
50 1,5 3.10
-5
100 167 50 4,9.10
-12
1,5 1.10
-11
25 1,5 6.10
-5
100 167 25 9,5.10
-12
1,5 2,6.10
-11
10 1,5 1,5.10
-4
100 167 10 1,4.10
-13
1,5 1.10
-11
2 1,5 7,5.10
-4
100 167 2 2,2.10
-14
1,5 2,7.10
-13
50 1,5 3.10
-5
10 1667 50 1,7.10
-10
1,5 3,6.10
-11
25 1,5 6.10
-5
10 1667 25 8.10
-11
1,5 2,4.10
-10
10 1,5 1,5.10
-4
10 1667 10 3,8.10
-11
1,5 2.10
-11
2
1,5 7,5.10
-4
10 1667 2 1,4.10
-11
1,5 7,6.10
-11
159
6.3.3.5 Conclusões Parciais
As tabelas acima estabelecem a segunda comparação de desempenho envolvendo os
métodos de estimação descritos: método fasorial, e método da discretização (aplicando as
aproximações Backward e de Tustin). As observações resultantes são descritas quanto aos
mesmos aspectos já considerados na análise do circuito RC série.
- precisão: diferentemente do caso anterior, as aproximações Backward e Tustin
conduzem a expressões distintas para a estimação do capacitor e, novamente através do
método desenvolvido por Tustin, foram obtidos os valores mais precisos de estimação.
- variação de precisão: a variação foi verificada conforme os dados a seguir:
Método fasorial: para cargas predominantemente resistivas (onde o valor de R
é muito elevado comparativamente ao valor de L) o ângulo de fase se torna
quase nulo, o que compromete a precisão de estimação do indutor; o valor de
T
s
determina diretamente o número de pontos empregado na computação da
diferença de fase e, como resultado, a precisão da sua determinação.
Método Backward: Os dados de estimação do capacitor apresentaram uma
variação de erro percentual pouco significativa para o conjunto de valores
considerado.
Método de Tustin: Elevada precisão de estimação (da ordem de 10
-10
) e, como
resultado, variações pouco significativas no erro percentual em função da
variação do valor de T
s
para a faixa de valores considerada.
6.3.4 Considerações adicionais
Para a seqüência de dados de simulação documentada nas seções a seguir (envolvendo
apenas topologias não-lineares), o método fasorial será desconsiderado em função de sua não
adequação à descrição de formas de onda com conteúdo harmônico.
As tabelas apresentadas nas seções subseqüentes foram elaboradas considerando as
características a seguir:
Valores para a tensão de alimentação: V = 127 V
ef
e 220 V
ef
. (e,
adicionalmente, V = 380 V
ef
)
Variação máxima do ripple da tensão capacitiva (tensão de saída): 20%.
160
Valores para o período de amostragem: T
s
= 1 µs, 10 µs e 100 µs.
Valores de potência: os valores dos componentes aplicados na composição das
cargas lineares consideradas (R e C ou R e L ou R, L e C) foram selecionados
de forma a aproximar determinados valores de potência e, desta forma, os
valores registrados na primeira coluna de cada tabela a seguir indicam os
resultados obtidos como aproximação para as seqüências de valores citadas a
seguir:
1. Estruturas monofásicas: 50 W, 100 W, 150 W, 200 W, 250 W, 500 W,
1000 W.
2. Estruturas trifásicas: 500 W, 1000 W, 2000 W, 5000 W, 10.000 W e
15.000 W.
6.3.5 Retificador Monofásico de Onda completa com carga RL
6.3.5.1 Implementação
A Figura 6.8 ilustra o diagrama de simulação em ambiente SymPowerSystems para
este modelo de retificador monofásico.
Figura 6.8
Diagrama de simulação para o retificador monofásico com carga RC.
161
A Figura 6.9 a seguir ilustra as formas de onda coletadas através do arquivo de simulação
e empregadas como informação de entrada para o algoritmo de estimação. Para tanto,
empregou-se uma tensão de alimentação de V = 220 V
ef
, resistência de carga R = 47 Ω e
capacitor L = 20 mH
Figura 6.9
Formas de onda de tensão e corrente (retificador com carga RL).
6.3.5.2 Tensão de Alimentação: V = 127 V
ef
A Tabela 5.7 a seguir mostra os resultados de estimação empregando o Método da
Discretização por aproximação Backward a partir de dados de simulação com V = 127 V
ef.
Para este conjunto de ensaios de simulação com este valor de alimentação, foi empregado um
valor fixo de L
s
= 10 mH.
Tabela 5.7
Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação Backward)
Componentes
p/ estimação
Configuração Resultados (Backward)
Potênci
a
P (W)
Rs
(Ω)
Ls
(mH)
Constante
de tempo
τ
(s)
Ts
(µs)
N
Re
(Ω)
Erro
(%)
Le
(mH)
Erro
(%)
53,17 300 10 3,3.10
-5
10 668 303,3 1,11 8,03 19,71
107,1 150 10 6,7.10
-5
10 668 151,66 1,11 8,85 11,55
158,7 100 10 1.10
-4
10 668 101,11 1,11 9,22 7,83
207 77 10 1,3.10
-4
10 668 77,86 1,11 9,4 5,95
245,6 65 10 1,5.10
-4
10 668 65,73 1,12 9,5 4,93
494,23 32 10 3,1.10
-4
10 668 32,36 1,13 9,79 2,06
992 15,5 10 6,5.10
-4
10 668 15,68 1,17 9,93 0,73
162
A Tabela 5.8 a seguir, conforme pode ser observado, mostra os resultados de estimação
empregando o Método da Discretização por aproximação de Tustin para o mesmo conjunto de
dados e condições de simulação.
Tabela 5.8
Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação de Tustin)
Componentes
p/ estimação
Configuração Resultados (Tustin)
Potência
P (W)
Rs
(Ω)
Ls
(mH)
Constante
de tempo
τ
(s)
Ts
(µs)
N
Re (Ω)
Erro
(%)
Le
(mH)
Erro
(%)
53,17 300 10 3,3.10
-5
10 668 303,3 1,1 10,92 9,23
107,1 150 10 6,7.10
-5
10 668 151,66 1,1 10,34 3,37
158,7 100 10 1.10
-4
10 668 101,1 1,1 10,22 2,18
207 77 10 1,3.10
-4
10 668 77,85 1,1 10,18 1,77
245,6 65 10 1,5.10
-4
10 668 65,72 1,11 10,16 1,59
494,23 32 10 3,1.10
-4
10 668 32,36 1,11 10,12 1,18
992 15,5 10 6,5.10
-4
10 668 15,68 1,17 10,09 0,92
A partir da comparação dos dados relativos a ambas as aproximações (Tabela 5.7 e Tabela
5.8), observa-se a pertinência das considerações a seguir.
Estimação de L: por analogia com o observado em experimentos anteriores, a
estimação do indutor L através do método de Tustin apresenta uma precisão
muito superior à obtida a partir Backward.
Estimação de R: foram observadas diferenças pouco significativas de erro
percentual na estimação do resistor R a partir dos métodos de estimação
considerados.
Os dados tabulados acima indicam uma maior precisão ou confiabilidade para os dados
oriundos da aproximação de Tustin. A Tabela 5.9 a seguir apresenta a estimação para o
mesmo conjunto de dados considerando apenas esta aproximação e um período de
amostragem T
s
= 100 µs.
163
Tabela 5.9
Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação de Tustin)
Componentes
p/ estimação
Configuração Resultados (Tustin)
Potência
P (W)
Rs
(Ω)
Ls
(mH)
Constante
de tempo
τ
(s)
Ts
(µs)
N
Re (Ω)
Erro
(%)
Le
(mH)
Erro
(%)
53,17 300 10 3,3.10
-5
100 68 303,29 1,1 10,79 7,95
107,1 150 10 6,7.10
-5
100 68 151,64 1,1 10,41 4,15
158,7 100 10 1.10
-4
100 68 101,1 1,1 10,3 2,97
207 77 10 1,3.10
-4
100 68 77,84 1,1 10,25 2,47
245,6 65 10 1,5.10
-4
100 68 65,71 1,1 10,22 2,21
494,23 32 10 3,1.10
-4
100 68 32,35 1,1 10,15 1,53
992 15,5 10 6,5.10
-4
100 68 15,67 1,11 10,11 1,09
A partir da comparação entre os dados relacionados na tabela acima (T
s
= 100 µF) com os
dados da Tabela 5.8 (T
s
= 10 µF), observa-se, conforme já esperado, que valores menores de
T
s
conduzem a resultados com menor erro percentual de estimação.
6.3.5.3 Tensão de Alimentação: V = 220 V
ef
As tabelas indicadas a seguir (Tabela 5.10 e 0) a seguir apresentam novamente os
resultados de estimação para o mesmo conjunto de dados inicialmente considerado e para o
mesmo valor de T
s
a partir de ambas as aproximações. Para este conjunto de ensaios, o valor
de L
s
é mantido em 20 mH.
Tabela 5.10
Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação Backward)
Componentes
p/ estimação
Configuração Resultados (Backward)
Potência
P (W)
Rs
(Ω)
Ls
(mH)
Constante
de tempo
τ
(s)
Ts
(µs)
N
Re (Ω)
Erro
(%)
Le
(mH)
Erro
(%)
53,58 900 20 2,2.10
-5
10 668 905,72 0,64 12,2 39,1
106,7 452 20 4,4.10
-5
10 668 454,8 0,64 15,88 20,61
143,7 330 20 6,1.10
-5
10 668 332,11 0,64 16,98 15,12
197,13 245 20 8,1.10
-5
10 668 246,56 0,64 17,76 11,19
247,7 195 20 1.10
-4
10 668 196,25 0,64 18,23 8,84
506,9 95 20 2,1.10
-4
10 668 95,62 0,65 19,19 4,06
1007,5 47 20 4,3.10
-4
10 668 47,31 0,67 19,64 1,81
164
Tabela 5.11
Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação de Tustin)
Componentes
p/ estimação
Configuração Resultados (Tustin)
Potência
P (W)
Rs
(Ω)
Ls
(mH)
Constante
de tempo
τ
(s)
Ts
(µs)
N
Re (Ω)
Erro
(%)
Le
(mH)
Erro
(%)
53,58 900 20 2,2.10
-5
10 668 905,71 0,63 20,95 4,75
106,7 452 20 4,4.10
-5
10 668 454,8 0,63 20,38 1,89
143,7 330 20 6,1.10
-5
10 668 332,1 0,63 20,27 1,36
197,13 245 20 8,2.10
-5
10 668 246,55 0,63 20,21 1,07
247,7 195 20 2.10
-4
10 668 196,23 0,64 20,19 0,93
506,9 95 20 2,1.10
-4
10 668 95,6 0,64 20,14 0,71
1007,5 47 20 4,3.10
-4
10 668 47,3 0,64 20,12 0,59
6.3.5.4 Conclusões Parciais
Os dados relacionados a partir das tabelas apresentadas acima para esta estrutura de
retificador com carga RL conduzem às observações a seguir:
Precisão de estimação: para um dado valor de T
s
, a precisão dos dados
estimados aumenta ou evolui com o aumento da constante de tempo,
particularmente para a estimação do indutor L.
Valor do período de amostragem: conforme já demonstrado, a expressão para
estimação do indutor L é função de T
s
, o que não ocorre para o caso do resistor
R, de forma que variações de T
s
impactam de forma significativa unicamente
na estimação de L (e, portanto, de forma pouco significativa na estimação de
R).
6.3.6 Retificador Trifásico de Onda completa com carga RL
6.3.6.1 Implementação
A Figura 6.10 ilustra o diagrama de simulação em ambiente SymPowerSystems para o
retificador trifásico com carga RL.
165
Figura 6.10
Diagrama de simulação para o retificador monofásico com carga RC.
A Figura 6.11 a seguir ilustra as formas de onda coletadas através do arquivo de
simulação e empregadas como informação de entrada para o algoritmo de estimação. Para
tanto, empregou-se uma tensão de alimentação de V =127 V
ef
, resistência de carga R = 5,8 Ω
e capacitor L = 12 mH. Em função da melhor precisão obtida para a estimação do indutor L,
as tabelas a seguir consideram T
s
= 10 µs.
Figura 6.11
Formas de onda de tensão e corrente (retificador trifásico com carga RL).
166
6.3.6.2 Tensão de Alimentação: V
f
= 127 V
ef
As tabelas a seguir (Tabela 5.12 e Tabela 5.13) relacionam os resultados de estimação
considerando ambas as aproximações, uma tensão de fase V
f
= 127 V
ef
e L
s
= 12 mH.
Tabela 5.12
Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação Backward).
Componentes
p/ estimação
Configuração Resultados (Backward)
Potência
P (W)
Rs
(Ω)
Ls
(mH)
Constante
de tempo
τ
(s)
Ts
(µs)
N
Re (Ω)
Erro
(%)
Le
(mH)
Erro
(%)
496 118 12 1.10
-4
10 133 118,61 0,52 10,43 13,1
1008,56 58 12 2,1.10
-4
10 133 58,31 0,53 11,26 6,15
2017,1 29 12 4,1.10
-4
10 133 29,16 0,56 11,65 2,93
5071,5 11,5 12 10,4.10
-4
10 133 11,07 0,59 11,84 1,3
10075,8 5,8 12 0,0021 10 133 5,84 0,62 11,87 0,95
15088 3,9 12 0,0031 10 133 3,92 0,64 11,9 0,84
Tabela 5.13
Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação de Tustin).
Componentes
p/ estimação
Configuração Resultados (Tustin)
Potência
P (W)
Rs
(Ω)
Ls
(mH)
Constante
de tempo
τ
(s)
Ts
(µs)
N
Re (Ω)
Erro
(%)
Le
(µF)
Erro
(%)
496 118 12 1.10
-4
10 133 118,6 0,51 11,6 3,2
1008,56 58 12 2,1.10
-4
10 133 58,3 0,52 11,84 1,3
2017,1 29 12 4,1.10
-4
10 133 29,15 0,53 11,94 0,45
5071,5 11,5 12 10,4.10
-4
10 133 11,06 0,55 11,99 0,076
10075,8 5,8 12 0,0021 10 133 5,83 0,57 12 0,022
15088 3,9 12 0,0031 10 133 3,92 0,59 12 0,011
6.3.6.3 Tensão de Alimentação: V
f
= 220 V
ef
Por fim, as tabelas indicadas a seguir (Tabela 5.14 e Tabela 5.15) relacionam os resultados
de estimação para ambas as aproximações considerando o mesmo conjunto de valores de
componentes para uma tensão de alimentação V
f
= 220 V
ef
e L
s
= 16 mH.
167
Tabela 5.14
Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação Backward)
Componentes
p/ estimação
Configuração Resultados (Backward)
Potência
P (W)
Rs
(Ω)
Ls
(mH)
Constante
de tempo
τ
(s)
Ts
(µs)
N
Re (Ω)
Erro
(%)
Le
(µF)
Erro
(%)
504 350 16 4,6.10
-5
10 133 351,04 0,3 11,72 26,75
1008 175 16 9,1.10
-5
10 133 175,53 0,3 13,9 13,11
2002,3 88 16 1,8.10
-4
10 133 88,27 0,31 14,97 6,42
4998,83 35,3 16 4,5.10
-4
10 133 35,42 0,34 15,6 2,51
10028 17,6 16 9,1.10
-4
10 133 17,66 0,36 15,77 1,42
15087 11,7 16 0,0014 10 133 11,74 0,37 15,82 1,12
Tabela 5.15
Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação de Tustin)
Componentes
p/ estimação
Configuração Resultados (Tustin)
Potência
P (W)
Rs
(Ω)
Ls
(mH)
Constante
de tempo
τ
(s)
Ts
(µs)
N
Re (Ω)
Erro
(%)
Le
(µF)
Erro
(%)
504 350 16 4,6.10
-5
10 133 351,03 0,29 15,23 4,84
1008 175 16 9,1.10
-5
10 133 175,52 0,3 15,64 2,16
2002,3 88 16 1,8.10
-4
10 133 88,26 0,3 15,85 0,91
4998,83 35,3 16 4,5.10
-4
10 133 35,41 0,31 15,96 0,22
10028 17,6 16 9,1.10
-4
10 133 17,66 0,32 15,99 0,062
15087 11,7 16 0,0014 10 133 11,74 0,33 16 0,029
6.3.6.4 Conclusões parciais
Os dados relacionados a partir das tabelas apresentadas acima para esta estrutura de
retificador com carga RL conduzem às observações a seguir:
Variabilidade da precisão: a precisão dos dados de estimação aumenta ou
evolui com o aumento da constante de tempo
τ
= L/R, particularmente para a
estimação do indutor L.
Estimação do indutor L: para um valor fixo de indutor L (conforme
apresentado nos dados acima), o aumento da constante de tempo está associado
apenas à redução do resistor R, o que implica em aumento da potência útil na
saída; desta forma, o erro percentual no valor de L diminui significativamente
com o aumento de potência, enquanto o erro no valor de R aumenta, mas de
forma pouco significativa.
168
Estimação do resistor R: as tabelas acima demonstram uma tendência de
aumento do erro percentual de estimação do resistor para valores decrescentes
da resistência R e, contudo, as variações percentuais verificadas são
consideradas pouco significativas.
6.3.7 Retificador Monofásico de Onda completa com carga RC
6.3.7.1 Implementação
A Figura 6.12 ilustra o diagrama de simulação em ambiente SymPowerSystems para
este modelo de retificador.
Figura 6.12
Diagrama de simulação para o retificador monofásico com carga RC.
A Figura 6.13 a seguir ilustra as formas de onda coletadas através do arquivo de
simulação e empregadas como informação de entrada para o algoritmo de estimação. Para
tanto, empregou-se uma tensão de alimentação de V =127 V
ef
, resistência de carga R = 15 Ω e
capacitor C = 500
µF.
169
Figura 6.13
Formas de onda de tensão e corrente (retificador com carga RC).
6.3.7.2 Tensão de Alimentação: V = 127 V
ef
A Tabela 5.16 a seguir exibe dados de estimação obtidos a partir da aproximação
Backward e a Tabela 5.17 mostrada na seqüência esquematiza os resultados obtidos pela
aproximação de Tustin para o mesmo conjunto de dados, considerando a tensão de
alimentação V = 127 V
ef
e T
s
= 1 µs.
Tabela 5.16
Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação Backward)
Componentes
p/ estimação
Configuração Resultados (Backward)
Potência
P (W)
Rs
(Ω)
Cs
(µF)
Constante
de tempo
τ
(s)
Ts
(µs)
N
Re (Ω)
Erro
(%)
Ce (µF)
Erro
(%)
47,8 645 200 0,129 1 932 651,96 1,08 199,99 3,2.10
-3
97,5 300 200 0,06 1 1360 302,93 0,98 199,98 9,5.10
-3
148,4 185 200 0,037 1 1721 186,74 0,94 199,96 18,2.10
-3
199,2 135 240 0,032 1 1835 136,2 0,9 239,94 22.10
-3
256 105 300 0,032 1 1857 105,88 0,84 299,93 23,8.10
-3
542,2 52 660 0,032 1 1862 52,25 0,48 659,83 25,5.10
-3
1020 27 1500 0,41 1 1632 26,85 0,55 1499,56 29,1.10
-3
170
Tabela 5.17
Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação de Tustin)
Componentes
p/ estimação
Configuração Resultados (Tustin)
Potência
P (W)
Rs
(Ω)
Cs
(µF)
Constante
de tempo
τ
(s)
Ts
(µs)
N
Re (Ω)
Erro
(%)
Ce (µF)
Erro
(%)
47,8 645 200 0,129 1 932 645,98 0,15 199,99 3,2.10
-3
97,5 300 200 0,06 1 1360 301,63 0,54 199,98 9,5.10
-3
148,4 185 200 0,037 1 1721 186,24 0,67 199,96 18,2.10
-3
199,2 135 240 0,032 1 1835 135,89 0,66 239,94 22.10
-3
256 105 300 0,032 1 1857 105,64 0,61 299,93 23,8.10
-3
542,2 52 660 0,0343 1 1862 52,12 0,23 659,83 25,5.10
-3
1020 27 1500 0,41 1 1632 26,78 0,83 1499,56 29,1.10
-3
6.3.7.3 Tensão de Alimentação: V = 220 V
ef
A Tabela 5.18 apresenta dados de estimação a partir da aproximação Backward e a Tabela
5.19 mostrada na seqüência apresenta os resultados obtidos pela aproximação de Tustin para o
mesmo conjunto de dados, considerando a tensão de alimentação V = 220 V
ef.
Tabela 5.18 Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação Backward)
Componentes
p/ estimação
Configuração Resultados (Backward)
Potência
P (W)
Rs
(Ω)
Cs
(µF)
Constante
de tempo
τ
(s)
Ts
(µs)
N
Re (Ω)
Erro
(%)
Ce
(µF)
Erro
(%)
48,9 1900 100 0,19 1 770 1925,4 1,33 99,99 6,6.10
-4
94,8 950 100 0,095 1 1088 958,77 0,92 99,99 2,5.10
-3
145 600 100 0,06 1 1363 604,62 0,77 99,99 5.10
-3
195,2 430 100 0,043 1 1604 432,99 0,66 99,99 8,1.10
-3
245,8 330 100 0,033 1 1822 332,15 0,65 99,98 11,7.10
-3
516,8 165 300 0,049 1 1496 165,72 0,44 299,97 8,6.10
-3
1005,6 85 600 0,051 1 1469 85 0,0027 599,94 10,7.10
-3
171
Tabela 5.19
Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação de Tustin)
Componentes
p/ estimação
Configuração Resultados (Tustin)
Potência
P (W)
Rs
(Ω)
Cs
(µF)
Constante
de tempo
τ
(s)
Ts
(µs)
N
Re (Ω)
Erro
(%)
Ce (µF)
Erro
(%)
48,9 1900 100 0,19 1 770 1899,5 0,0288 999,9 6,8.10
-4
94,8 950 100 0,095 1 1088 952,28 0,24 999,98 2,5.10
-3
145 600 100 0,06 1 1363 602,03 0,34 999,95 5.10
-3
195,2 430 100 0,043 1 1604 431,66 0,38 999,92 8,1.10
-3
245,8 330 100 0,033 1 1822 331,37 0,41 99,98 11,7.10
-3
516,8 165 300 0,049 1 1496 165,14 0,087 299,97 8,6.10
-3
1005,6 85 600 0,051 1 1469 84,7 0,36 599,94 10,7.10
-3
6.3.7.4 Conclusões parciais
Os dados das tabelas indicadas acima para esta estrutura de retificador com carga RC
conduzem às observações a seguir:
Potência: para valores fixos do capacitor C, a variação da constante de tempo
τ
= R.C está diretamente associada à variação do resistor R e, desta forma, a
redução de R leva à redução do valor de
τ
e ao aumento da potência útil de
saída;
Número de amostras: a redução do resistor R gera aumentos no pico de
corrente e um aumento no intervalo de condução a cada semiciclo o que
conduz a um aumento no número de pontos correspondentes ao intervalo linear
para um dado valor de T
s
, conforme pode ser observado a partir das tabelas.
Precisão: a precisão de estimação dos valores de R e de C aumenta em resposta
ao aumento da constante de tempo.
6.3.8 Retificador Trifásico de Onda completa com carga RC
6.3.8.1 Implementação
A Figura 6.14 ilustra o diagrama de simulação em ambiente SymPowerSystems para
esta topologia de retificador.
172
Figura 6.14
Diagrama de simulação do retificador trifásico com carga RC.
A Figura 6.15 a seguir ilustra as formas de onda coletadas através do arquivo de
simulação e empregadas como informação de entrada para o algoritmo de estimação. Para
esta simulação, empregou-se uma tensão de alimentação de V = 127 V
ef
, resistência de carga
R = 20 Ω e capacitor C = 800 µF.
Figura 6.15
Formas de onda de tensão e corrente (retificador trifásico com carga RC).
173
6.3.8.2 Tensão de Alimentação: V
f
= 127 V
ef
A Tabela 5.20 apresenta dados de estimação a partir da aproximação Backward e a 0
mostrada na seqüência apresenta os resultados obtidos pela aproximação de Tustin para o
mesmo conjunto de dados, considerando a tensão de alimentação V = 127 V
ef
e C
s
= 250 µF.
Tabela 5.20
Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação Backward)
Componentes
p/ estimação
Configuração Resultados (Backward)
Potência
P (W)
Rs
(Ω)
Cs
(µF)
Constante
de tempo
τ
(s)
Ts
(µs)
N
Re (Ω)
Erro
(%)
Ce
(µF)
Erro
(%)
492 125 250 0,313 1 936 125,65 0,52 249,98 8,5.10
-3
1000 60 250 0,015 1 1423 60,31 0,52 249,95 18,1.10
-3
2036 29 250 0,0073 1 2096 29,16 0,54 249,93 28,5.10
-3
4908 12 250 0,003 1 2695 12,07 0,56 249,94 25,6.10
-3
10710 5,5 250 0,0014 1 2577 5,53 0,57 249,92 33.10
-3
12021 4,9 250 0,0012 1 2456 4,93 0,58 249,97 10,9.10
-3
15103 3,9 250 9,8.10
-4
1 2243 3,92 0,58 250,11 43,3.10
-3
Tabela 5.21
Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação de Tustin)
Componentes
p/ estimação
Configuração Resultados (Tustin)
Potência
P (W)
Rs
(Ω)
Cs
(µF)
Constante
de tempo
τ
(s)
Ts
(µs)
N
Re (Ω)
Erro
(%)
Ce
(µF)
Erro
(%)
492 125 250 0,313 1 936 125,37 0,29 249,98 8,5.10
-3
1000 60 250 0,015 1 1423 60,25 0,42 249,95 18,1.10
-3
2036 29 250 0,0073 1 2096 29,14 0,48 249,93 28,5.10
-3
4908 12 250 0,003 1 2695 12,06 0,53 249,94 25,6.10
-3
10710 5,5 250 0,0014 1 2577 5,53 0,56 249,92 33,2.10
-3
12021 4,9 250 0,0012 1 2456 4,93 0,57 249,97 40,8.10
-3
15103 3,9 250 9,8.10
-4
1 2243 3,92 0,57 250,11 43,1.10
-3
6.3.8.3 Tensão de Alimentação: V
f
= 220 V
ef
A Tabela 5.22 apresenta dados de estimação a partir da aproximação Backward e a
Tabela 5.23 mostra os resultados em função da aplicação da aproximação de Tustin para o
mesmo conjunto de dados (readaptados em função do aumento da tensão para V
f
= 220 V
ef
para os mesmos valores de potência).
174
Tabela 5.22
Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação Backward)
Componentes
p/ estimação
Configuração Resultados (Backward)
Potênci
a
P (W)
Rs
(Ω)
Cs
(µF)
Constante
de tempo
τ
(s)
Ts
(µs)
N
Re (Ω)
Erro
(%)
Ce
(µF)
Erro
(%)
498,9 380 250 0,095 1 505 381,14 0,3 250 1,5.10
-3
1036 180 250 0,045 1 792 180,54 0,3 249,99 3,9.10
-3
2007 91 250 0,023 1 1165 91,27 0,3 249,98 8,4.10
-3
5076 35 250 0,088 1 1940 35,11 0,31 249,95 19,5.10
-3
10046 17,6 250 0,0044 1 2695 17,66 0,32 249,95 19,5.10
-3
11947 14,8 250 0,0037 1 2695 14,84 0,32 249,94 23,3.10
-3
14987 11,8 250 0,003 1 2695 11,84 0,33 249,93 29,3.10
-3
Tabela 5.23
Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação de Tustin)
Componentes
p/ estimação
Configuração Resultados (Tustin)
Potência
P (W)
Rs
(Ω)
Cs
(µF)
Constante
de tempo
τ
(s)
Ts
(µs)
N
Re (Ω)
Erro
(%)
Ce
(µF)
Erro
(%)
498,9 380 250 0,095 1 505 378,58 0,37 250 1,5.10
-3
1035,8 180 250 0,045 1 792 179,96 0,02 249,99 3,9.10
-3
2007 91 250 0,023 1 1165 91,13 0,14 249,98 8,4.10
-3
5076 35 250 0,088 1 1940 35,09 0,25 249,95 19,5.10
-3
10046 17,6 250 0,0044 1 2695 17,65 0,29 249,95 19,6.10
-3
12021 14,8 250 0,0037 1 2695 14,84 0,3 249,94 23,3.10
-3
14987 11,8 250 0,003 1 2695 11,84 0,31 249,93 29,3.10
-3
6.3.8.4 Conclusões parciais
A partir dos dados indicados acima para a estrutura de retificador trifásico com carga RC,
depreende-se as considerações a seguir:
Para valores fixos do capacitor C, a redução do valor de R conduz ao aumento
do erro percentual ou (redução de precisão) de estimação;
Precisão: A precisão de estimação do capacitor C aumenta em função do
aumento da constante de tempo
τ
(que corresponde ao aumento do resistor R
para valores fixos de C, conforme indicado nas tabelas).
175
6.3.9 Retificador Monofásico de Onda completa com carga RLC
6.3.9.1 Implementação
A Figura 6.16 ilustra o diagrama de simulação em ambiente SymPowerSystems para
este modelo de retificador.
Figura 6.16
Diagrama de simulação do retificador monofásico com carga RLC.
A Figura 6.17 a seguir ilustra as formas de onda coletadas através do arquivo de
simulação e empregadas como informação de entrada para o algoritmo de estimação. Para
tanto, empregou-se uma tensão de alimentação de V = 127 V
ef
, resistência de carga R = 29 Ω,
capacitor C = 1200 µF e indutor L = 1,3 mH.
176
Figura 6.17
Formas de onda de tensão e corrente (retificador monofásico com carga
RLC).
6.3.9.2 Tensão de Alimentação: V = 127 V
ef
As tabelas a seguir (Tabela 5.24 e Tabela 5.25) apresentam dados de estimação
considerando a simulação desta estrutura retificadora com tensão de alimentação V = 127 V
ef
e indutor L
s
= 1,3 mH. Uma vez que este trabalho está particularmente voltado para a análise
desta topologia de retificador (retificador em ponte com carga RC e filtro L de entrada), os
ensaios de simulação explicitados a partir dos dados a seguir foram levados a efeito
considerando três valores distintos para o período de amostragem T
s
, conforme será indicado
nas tabelas a seguir:
177
Tabela 5.24
Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação Backward)
Componentes
p/ estimação
Configuração Resultados (Backward)
P (W)
Rs
(Ω)
Ls
(mH)
Cs
(µF)
T
s
N
Re
(Ω)
Erro
(%)
Le
(mH)
Erro
(%)
Ce
(µF)
Erro
(%)
52,1 610 1,3 100 1 1259 612,9 0,48 1,3 0,005 100 0,003
105,4 300 1,3 150 1 1592 301,8 0,6 1,3 0,007 150 0,005
206 150 1,3 270 1 1947 151 0,64 1,3 0,005 270 0,002
255,2 120 1,3 390 1 2238 120,7 0,61 1,3 0,004 390 0,0014
495,9 60 1,3 700 1 2791 60,4 0,67 1,3 0,004 700 3,3.10
-4
969
29 1,3 1200 1 3291 29,22 0,75 1,3 0,002 1200 0,002
56,5 610 1,3 100 10 124 589,78 3,31 1,3 0,03 99,98 0,018
101,5 300 1,3 150 10 158 293,3 2,23 1,3 0,03 149,96 0,025
205 150 1,3 270 10 193 147,13 1,91 1,3 0,022 269,9 0,024
246 120 1,3 390 10 222 117,2 2,33 1,3 0,018 389,9 0,021
507 60 1,3 700 10 277 58,8 1,98 1,3 0,017 699,8 0,022
1004 29 1,3 1200 10 327 28,58 1,46 1,3 0,016 1199,7 0,024
56,5 610 1,3 100 100 11 428,4 29,8 1,33 2,1 99,8 0,23
101,5 300 1,3 150 100 14 229 23,7 1,32 1,46 149,6 0,29
205 150 1,3 270 100 19 117,4 21,7 1,31 0,9 269 0,31
246 120 1,3 390 100 22 90,72 24,4 1,31 0,67 389 0,28
507 60 1,3 700 100 26 46,57 22,39 1,31 0,46 698 0,3
1004 29 1,3 1200 100 32 23,44 19,16 1,3 0,37 1195,8 0,35
Conforme pode ser observado a partir dos dados acima bem como em função dos dados
das tabelas a seguir, valores de estimação com menor erro percentual podem ser obtidos pela
redução do período de amostragem T
s
.
178
Tabela 5.25
Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação de Tustin)
Componentes
p/ estimação
Configuração Resultados (Tustin)
P (W)
Rs
(Ω)
Ls
(mH)
Cs
(µF)
T
s
N
Re
(Ω)
Erro
(%)
Le
(mH)
Erro
(%)
Ce
(µF)
Erro
(%)
52,1 610 1,3 100 1 1259 558,8 8,4 1,3 0,004 100 0,015
105,4 300 1,3 150 1 1592 281,3 6,25 1,3 0,005 150 0,003
206 150 1,3 270 1 1947 141,7 5,53 1,3 0,003 270 5,3.10
-4
255,2 120 1,3 390 1 2238 112,4 6,34 1,3 0,003 390 8,6.10
-4
495,9 60 1,3 700 1 2791 56,64 5,6 1,3 0,003 700 0,002
969
29 1,3 1200 1 3291 27,7 4,52 1,3 9,1.10
-4
1200 0,004
56,5 610 1,3 100 10 124 558,8 8,4 1,3 0,003 100 0,001
101,5 300 1,3 150 10 158 281,3 6,26 1,3 0,005 150 0,003
205 150 1,3 270 10 193 141,7 5,55 1,3 0,003 270 8,3.10
-4
246 120 1,3 390 10 222 112,4 6,34 1,3 0,003 390 0,001
507 60 1,3 700 10 277 56,63 5,6 1,3 0,0023 700 0,003
1004 29 1,3 1200 10 327 27,7 4,52 1,3 6,7.10
-4
1200 0,005
56,5 610 1,3 100 100 11 558,2 8,5 1,3 0,002 100 4.10
-4
101,5 300 1,3 150 100 14 280,84 6,4 1,3 0,002 150 0,001
205 150 1,3 270 100 19 141,6 5,6 1,3 0,002 270 0,001
246 120 1,3 390 100 22 112,4 6,4 1,3 0,002 390 0,002
507 60 1,3 700 100 26 56,6 5,7 1,3 9,1.10
-4
700 0,005
1004 29 1,3 1200 100 32 27,7 4,57 1,3 8,9.10
-4
1200 0,009
179
6.3.9.3 Tensão de Alimentação: V = 220 V
ef
As tabelas mostradas a seguir (Tabela 5.26 e Tabela 5.27) apresentam dados de estimação
considerando a simulação desta estrutura retificadora com tensão de alimentação V = 220 V
ef
e L
s
= 1,3 mH.
Tabela 5.26
Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação Backward)
Componentes
p/ estimação
Configuração Resultados (Backward)
P (W)
Rs
(Ω)
Ls
(mH)
Cs
(µF)
T
s
N
Re
(Ω)
Erro
(%)
Le
(mH)
Erro
(%)
Ce
(µF)
Erro
(%)
56,5 1700 1,3 70 1 940 1694,9 0,3 1,3 0,0011 70 2,5.10
-4
101,5 940 1,3 70 1 1136 940,7 0,08 1,3 0,0036 70 0,0029
205 440 1,3 70 1 1315 441,38 0,31 1,3 0,015 70 0,014
246 350 1,3 70 1 1367 351,21 0,35 1,3 0,022 70 0,022
507 160 1,3 100 1 1691 160,64 0,4 1,3 0,04 100 0,04
1004 90 1,3 650 1 2082 90,13 0,15 1,3 5.10
-4
650 4,3.10
-4
56,5 1700 1,3 70 10 93 1580,6 7,02 1,3 0,032 70 0,008
101,5 940 1,3 70 10 112 902,7 3,97 1,3 0,037 70 0,017
205 440 1,3 70 10 130 432,83 1,63 1,3 0,056 70 0,044
246 350 1,3 70 10 135 345,78 1,2 1,3 0,068 70 0,06
507 160 1,3 100 10 167 159,01 0,62 1,3 0,087 99,9 0,097
1004 90 1,3 650 10 206 86,88 3,47 1,3 0,011 649,9 0,016
56,5 1700 1,3 70 100 7 923,9 45,65 1,34 2,86 69,9 0,15
101,5 940 1,3 70 100 9 643 31,6 1,34 2,89 69,8 0,22
205 440 1,3 70 100 13 362,6 17,58 1,34 3 69,7 0,4
246 350 1,3 70 100 12 299,5 14,43 1,34 3,04 69,7 0,49
507 160 1,3 100 100 15 144,4 9,77 1,33 2,34 99,3 0,72
1004 90 1,3 650 100 20 63,8 29,08 1,31 0,44 648,4 0,24
180
Tabela 5.27
Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação de Tustin)
Componentes
p/ estimação
Configuração Resultados (Tustin)
P (W)
Rs
(Ω)
Ls
(mH)
Cs
(µF)
T
s
N
Re
(Ω)
Erro
(%)
Le
(mH)
Erro
(%)
Ce
(µF)
Erro
(%)
56,5 1700 1,3 70 1 940 1438,7 15,4 1,3 5,3.10
-4
70 5,9.10
-4
101,5 940 1,3 70 1 1136 854,4 9,1 1,3 2,7.10
-3
70 1,4.10
-3
205 440 1,3 70 1 1315 420,4 4,45 1,3 12,8.10
-3
70 11,1.10
-3
246 350 1,3 70 1 1367 337,5 3,57 1,3 2.10
-3
69,89 18,5.10
-3
507 160 1,3 100 1 1691 156,3 2,31 1,3 37.10
-3
99,96 35.10
-3
1004 90 1,3 650 1 2082 82,9 7,92 1,3 3,1.10
-4
650 1,3.10
-3
56,5 1700 1,3 70 10 93 1438,6 15,37 1,3 4,8.10
-4
70 6,5.10
-4
101,5 940 1,3 70 10 112 854,3 9,12 1,3 2,5.10
-3
70 1,3.10
-3
205 440 1,3 70 10 130 420,4 4,46 1,3 12,6.10
-3
70 11.10
-3
246 350 1,3 70 10 135 337,5 3,59 1,3 19,8.10
-3
69,9 18,2.10
-3
507 160 1,3 100 10 167 156,3 2,32 1,3 36,6.10
-3
100 34,5.10
-3
1004 90 1,3 650 10 206 82,9 7,9 1,3 3,54.10
-4
650 1,5.10
-4
56,5 1700 1,3 70 100 7 1438,7 15,4 1,3 2,3.10
-4
70 9,5.10
-4
101,5 940 1,3 70 100 9 853,6 9,2 1,3 1,5.10
-3
70 2.10
-4
205 440 1,3 70 100 13 420,2 4,49 1,3 11,6.10
-3
70 10.10
-3
246 350 1,3 70 100 12 337,3 3,62 1,3 17,5.10
-3
70 16.10
-3
507 160 1,3 100 100 15 156,2 2,36 1,3 0,032 100 0,03
1004 90 1,3 650 100 20 82,8 7,96 1,3 7.10
-4
650 0,023
181
6.3.9.4 Tensão de Alimentação: V = 380 V
ef
Por fim, esta seção apresenta o conjunto final de tabelas para a estrutura retificadora
considerada (Tabela 5.28 e Tabela 5.29) a partir de uma tensão de alimentação V = 380 V
ef
(mantendo-se L
s
= 1,3 mH).
Tabela 5.28
Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação Backward)
Componentes
p/ estimação
Configuração Resultados (Backward)
P (W)
Rs
(Ω)
Ls
(mH)
Cs
(µF)
T
s
N
Re
(Ω)
Erro
(%)
Le
(mH)
Erro
(%)
Ce
(µF)
Erro
(%)
110 2600 1,3 50 1 895 2583,9 0,62 1,3 0,001 50 9,6.10
-5
209 1350 1,3 50 1 1027 1347,6 0,18 1,3 0,003 50 0,002
254 1100 1,3 50 1 1067 1099 0,09 1,3 0,004 50 0,003
507 560 1,3 100 1 1370 559,5 0,09 1,3 0,003 100 0,003
1004 280 1,3 270 1 1752 279,4 0,23 1,3 0,001 270 0,001
101,5 2600 1,3 50 10 88 2386,7 8,2 1,3 0,043 50 0,008
205 1350 1,3 50 10 101 1291,9 4,3 1,3 0,047 50 0,016
246 1100 1,3 50 10 104 1061,7 3,48 1,3 0,05 50 0,02
507 560 1,3 100 10 135 540,14 3,55 1,3 0,03 99,98 0,019
1004 280 1,3 270 10 174 266,5 4,82 1,3 0,014 270 0,014
101,5 2600 1,3 50 100 7 1353,9 47,93 1,35 3,95 49,96 0,15
205 1350 1,3 50 100 11 914,47 32,26 1,35 3,99 49,89 0,22
246 1100 1,3 50 100 11 792,8 27,92 1,35 4 49,87 0,25
507 560 1,3 100 100 15 401,6 28,3 1,33 2,08 99,75 0,25
182
Tabela 5.29
Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação de Tustin)
Componentes
p/ estimação
Configuração Resultados (Tustin)
P (W)
Rs
(Ω)
Ls
(mH)
Cs
(µF)
T
s
N
Re
(Ω)
Erro
(%)
Le
(mH)
Erro
(%)
Ce
(µF)
Erro
(%)
110 2600 1,3 50 1 895 2167 16,6 1,3 4,4.10
-4
50 6,8.10
-4
209 1350 1,3 50 1 1027 1223,3 9,4 1,3 0,002 50 6,2.10-4
254 1100 1,3 50 1 1067 1014,4 7,8 1,3 0,003 50 0,002
507 560 1,3 100 1 1370 515,9 7,87 1,3 0,0016 100 8,5.10
-4
1004 280 1,3 270 1 1752 251,2 10,3 1,3 3,4.10
-4
270 2,4.10
-5
101,5 2600 1,3 50 10 88 2167 16,7 1,3 4,1.10
-4
50 7,1.10
-4
205 1350 1,3 50 10 101 1123,2 9,4 1,3 0,002 50 5,6.10
-4
246 1100 1,3 50 10 104 1014,4 7,8 1,3 0,003 50 0,002
507 560 1,3 100 10 135 515,9 7,87 1,3 0,0016 100 7,7.10
-4
1004 280 1,3 270 10 174 2511 10,3 1,3 3,1.10
-4
270 8,9.10
-4
101,5 2600 1,3 50 100 7 2167 16,7 1,3 2,7.10
-4
50 8,6.10
-4
205 1350 1,3 50 100 11 1123,2 9,4 1,3 0,002 50 5,6.10
-4
246 1100 1,3 50 100 11 1014,4 7,8 1,3 0,003 50 0,002
507 560 1,3 100 100 15 515,9 7,86 1,3 0,002 100 9,9.10
-4
6.3.9.5 Conclusões parciais
A partir dos dados indicados acima para a estrutura do retificador monofásico com carga
RC, e filtro L de entrada, observa-se que:
Segmento para estimação: por analogia com a estrutura com carga RC, para
valores fixos de L e de C, valores decrescentes do resistor R produzem o
aumento do pico de corrente de entrada e, como resultado, o aumento do
intervalo de tempo t
Don
(intervalo de condução ou carga do capacitor em cada
semiciclo da rede) e o conseqüente aumento do número de pontos associado a
este intervalo, considerando um dado T
s
;
O período de amostragem: o valor de T
s
influencia diretamente a precisão do
processo de estimação dos valores dos componentes de forma que valores
menores implicam em maior precisão (ou menor erro percentual).
Variação de precisão: Para valores fixos de L e de C, valores crescentes de R
conduzem a uma redução na sua precisão de estimação bem como aumento da
precisão de estimação de L e de C;
183
Desempenho por Backward: grande sensibilidade de precisão de estimação às
variações do período de amostragem de forma que o erro percentual tende a
reduzir-se em função da redução do valor de T
s
.
Desempenho por Tustin: maior robustez ou menor sensibilidade de precisão às
variações de T
s
bem como melhor desempenho para estimação de L e C
segundo a faixa de variação de T
s
verificada através de simulação.
6.3.10 Considerações Adicionais: análise complementar do modelo com carga
RLC
Os resultados obtidos através de simulação demonstram a relação existente entre as
condições do modelo simulado (parâmetros de simulação) e a precisão dos dados resultantes
de estimação e, desta forma, tornam evidente a sensibilidade dos resultados do método de
estimação às condições apresentadas pelos dados de entrada. Para explicitar a influência
isolada de cada parâmetro de simulação sobre a precisão dos resultados, serão consideradas
três situações distintas onde a variação individual de um único parâmetro será considerada
para os demais parâmetros constantes. Desta forma, uma avaliação de sensibilidade da
precisão foi levada a efeito empregando-se a estimação por Tustin e segundo os ítens a seguir.
Valores dos componentes
Período de Amostragem
Segmento do intervalo de operação linear
6.3.10.1 Valores dos componentes
Para a simulação a seguir, foram considerados os seguintes dados: C = 500 µF, L = 1,3
mH, T
s
= 100 µs, V = 127 V
ef
. Para o resistor R, empregou-se a seqüência de valores
apresentados a seguir: R = 200 Ω, 100 Ω, 50 Ω, 25 Ω, 12 Ω, 6 Ω, 3 Ω e 2 Ω.
A Figura 6.18 ilustra a variação da resposta da corrente de entrada i(t) em função variação
de R, conforme os valores indicados a seguir de cada gráfico.
184
Figura 6.18
Variação da corrente i(t) com a variação de R (valores elevados).
A Figura 6.19 ilustra ainda a variação da resposta da corrente de entrada i(t) em função
variação de R, segundo uma nova seqüência de valores mais baixos, conforme indicados
abaixo de cada gráfico.
Figura 6.19
Variação da corrente i(t) com a variação de R (valores mais baixos).
A Tabela 5.30 mostrada a a seguir demonstra a sensibilidade do erro percentual de
estimação à variação do resistor R.
185
Tabela 5.30
Sensibilidade da precisão da estimação em função da variação de R.
Num.
pontos
Rs
(Ω)
Re
Erro
(%)
Le
(mH)
Erro
(%)
Ce
(µF)
Erro
(%)
72 2 1,91 4,34 1,28 1,56 514,8 2,97
65 3 2,95 1,77 1,3 0,18 503,3 0,66
43 6 5,98 0,3 1,3 0,29 499,1 0,18
34 12 11,91 0,73 1,3 0,09 499,7 0,06
29 25 24,6 1,64 1,3 0,02 500 0,05
23 50 48,3 3,42 1,3 0,002 500 0,012
22 100 93.14 6,86 1,3 2,6.10
-4
500 0,0048
16 200 174 13 1,3 5,7.10
-4
500 0,003
Os dados indicados acima demonstram que, para um certo conjunto de dados e condições
de estimação, há uma tendência para o aumento da precisão de estimação de R à medida que o
seu valor diminui, bem como uma redução da precisão para L e C.
6.3.10.2 Intervalo do segmento de operação linear
Para um dado conjunto de valores e condições de simulação, verificou-se a sensibilidade
da precisão do processo de estimação à aplicação de diferentes segmentos do intervalo de
operação linear do circuito. Desta forma, a Figura 6.20 a seguir ilustra a consideração dos
seguintes segmentos do intervalo, respectivamente:
Intervalo completo de carregamento do capacitor.
Metade do intervalo.
Quarta parte do intervalo.
186
Figura 6.20
Variação da corrente i(t) com a variação de R (valores mais baixos).
A Tabela 5.31 sintetiza os resultados da simulações levadas a efeito a partir das condições
acima e considerando T
s
= 10 µs, C = 500 µF, L = 1 mH e três valores distintos de carga
resistiva (R = 10 Ω, 50 Ω e 150 Ω).
Tabela 5.31 Sensibilidade da precisão da estimação em função do intervalo da curva
considerado.
Intervalo
Linear
N.
pontos
Rs
(Ω)
Re
ErroR
(%)
ErroL
(%)
ErroC
(%)
Completo 345 10 9,93 0,66 0,22 0,18
Metade 173 10 9,96 0,41 0,31 0,33
Quarta parte 86 10 9,95 0,42 0,35 0,39
Completo 235 50 47,77 4,45 0,006 2,4.10
-4
Metade 118 50 47,82 4,36 0,018 0,02
Quarta parte 59 50 47,8 4,4 0,024 0,032
Completo 174 150 131 12,68 2.10
-4
0,0022
Metade 87 150 131 12,61 0,0022 0,003
Quarta parte 44 150 131 12,63 0,003 0,0057
187
Os dados da Tabela 5.31 acima demonstram que a precisão obtida na estimação dos
componentes apresenta uma sensível variação percentual segundo o intervalo de estimação
bem como de acordo com o componente considerado. Desta forma, a estimação do resistor
alcança a máxima precisão (ou menor erro percentual) para a metade do intervalo de operação
linear, e a estimação de L e de C alcança a máxima precisão quando se considera o intervalo
completo. Contudo, a variação percentual verificada pode ser considerada pouco significativa.
6.3.10.3 Período de Amostragem (T
s
)
Os dados relacionados através da Tabela 5.32 indicam a resposta de sensibilidade do
processo de estimação para três valores distintos do período de amostragem (já aplicados nas
simulações descritas acima): T
s
= 100 µs (valor adotado como valor base para aquisições
experimentais), 10 µs e 1 µs.
Tabela 5.32
Sensibilidade da precisão da estimação em função da variação de T
s
.
Num.
pontos
Ts
Rs
(Ω)
Re
Erro
(%)
Le
(mH)
Erro
(%)
Ce
(µF)
Erro
(%)
47 100 5 4,98 0,3 1,3 0,34 499 0,18
491 10 5 4,99 0,12 1,3 0,43 498,7 0,24
4922 1 5 4,99 0,09 1,3 0,43 498,7 0,25
24 100 45 43,62 3,1 12,99 6,4.10
-4
500 0,011
255 10 45 43,66 2,99 1,3 0,0036 500 0,0054
2570 1 45 43,66 2,98 1,3 0,004 500 0,00495
16 100 150 135 10 12,99 9,4.10
-4
500 0,0045
178 10 150 135 9,91 12,99 2,5.10
-4
500 0,0032
1797 1 150 135 9,9 12,99 1,7.10
-4
500 0,003
188
6.3.11 Retificador Trifásico em Ponte com carga RC e Indutor L de entrada
6.3.11.1 Implementação
A Figura 6.21 ilustra o diagrama de simulação em ambiente SymPowerSystems para
este modelo de retificador.
Figura 6.21
Diagrama de simulação do retificador trifásico em ponte com carga RC e
indutor L de entrada.
A Figura 6.22 a seguir representa as formas de onda coletadas e empregadas como
entrada para o processo de estimação. Para esta simulação, foi aplicada uma tensão de
alimentação de V = 127 V
ef
, resistência de carga R = 95,5 Ω, capacitor C = 300 µF e indutores
de L = 1,03 mH.
189
Figura 6.22
Formas de onda para estimação do retificador trifásico em ponte com carga
RC e indutor L de entrada.
6.3.11.2 Tensão de Alimentação: V
f
= 127 V
ef
As duas tabelas apresentadas na seqüência (Tabela 5.33 e Tabela 5.34) relacionam um
conjunto de dados de estimação obtidos através da aproximação de Tustin. Os dados de
estimação foram gerados por simulação considerando uma tensão de alimentação de fase V
f
=
127 V
ef
e dois valores distintos para o período de amostragem: T
s
= 10 µs e 100 µs. Os valores
dos componentes variam ao longo do experimento e foram definidos em função de três
condições distintas a serem obtidas: valor da potência de saída, ripple máximo da tensão de
saída e forma de onda de corrente.
Os dados de estimação da Tabela 5.33 foram obtidos considerando o segundo segmento
de carga como intervalo de operação linear esquematizado pela Figura 6.22.
190
Tabela 5.33
Dados de estimação obtidos por simulação (primeiro segmento)
Componentes
p/ estimação
Configuração Resultados (V
ca
– primeiro segmento)
P (W)
Rs
(Ω)
Ls
(mH)
Cs
(µF)
T
s
N
Re
(Ω)
Erro
(%)
Le
(mH)
Erro
(%)
Ce
(µF)
Erro
(%)
501,4 120 2 80 10 194 103,67 13,6 1,97 1,5 81,5 1,87
1008 58 2 80 10 202 57,99 0,022 2 8,2.10
-4
80 0,0076
1952 30 1 160 10 208 32,37 7,89 1,02 1,85 156,73 2,04
5050,5 11,5 0,51 290 10 215 11,95 3,94 0,518 1,61 284,6 1,85
10078 5,7 0,26 620 10 215 5,6 1,52 0,259 0,14 620,95 0,154
14867 3,9 0,18 820 10 214 3,8 2,6 0,179 0,34 822,5 0,31
501,4 120 2 80 100 19 162 35 2,06 3 77 3,7
1008 58 2 80 100 20 58,76 1,3 2 0,13 80 0,12
1952 30 1 160 100 21 29,09 3,02 0,99 0,74 161,53 0,96
5050,5 11,5 0,51 290 100 19 11,28 1,95 0,51 0,56 291,8 0,63
10078 5,7 0,26 620 100 23 1,11 80,49 0,135 48,11 1782 1875
14867 3,9 0,18 820 100 20 3,8 1,74 0,18 0,069 820 0,034
Tabela 5.34
Dados de estimação obtidos por simulação (segundo segmento)
Componentes
p/ estimação
Configuração Resultados (V
ab
– segundo segmento)
P (W)
Rs
(Ω)
Ls
(mH)
Cs
(µF)
T
s
N
Re
(Ω)
Erro
(%)
Le
(mH)
Erro
(%)
Ce
(µF)
Erro
(%)
501,4 120 2 80 10 194 125,2 4,34 2 0,45 79,58 0,52
1008 58 2 80 10 202 62,31 7,4 2 1,78 78,38 2
1952 30 1 160 10 208 27,25 9,18 0,98 2,18 164,34 2,7
5050,5 11,5 0,51 290 10 215 11,72 1,87 0,514 0,74 287,76 0,77
10078 5,7 0,26 620 10 215 5,6 1,52 0,26 0,14 620,95 0,15
14867 3,9 0,18 820 10 220 3,84 1,53 0,18 0,0084 819,8 0,02
501,4 120 2 80 100 19 0,38 99,68 6,3.10
-4
68,34 0,0015 1774
1000 58 2 80 100 20 57,57 0,74 2 0,13 80 0,088
1952 30 1 160 100 21 29,6 1,31 1 0,27 160,55 0,35
5050,5 11,5 0,51 290 100 22 11,41 0,79 0,51 0,08 290,16 0,06
10078 5,7 0,26 620 100 20 1,11 80,48 0,13 48,11 0,0017 187,5
14867 3,9 0,18 820 100 22 3,83 1,7 0,18 0,06 820,2 0,021
6.3.11.3 Conclusões parciais
Os dados esquematizados acima para a estrutura de retificador trifásico com carga RC, e
filtro L de entrada, permitem os apontamentos a seguir:
191
O período de amostragem: o valor de T
s
influencia a precisão dos resultados
obtidos por estimação de forma que, analogamente ao verificado para os casos
anteriores, menores valores de T
s
implicam em maior freqüência de
amostragem F
s
(o que resulta em uma melhor descrição das características
dinâmicas do sistema e, como resultado, em valores mais precisos).
Potência de saída: observa-se que o erro percentual de estimação diminui para
níveis crescentes de potência de saída.
6.3.12 Retificador Trifásico com Ponto Médio e carga RC com filtro L de entrada
6.3.12.1 Implementação
A Figura 6.23 ilustra o diagrama de simulação em ambiente SymPowerSystems para
este modelo de retificador com ponto médio.
Figura 6.23
Diagrama de simulação do retificador trifásico com carga RLC.
A Figura 6.24 exibe as formas de onda coletadas através do arquivo de simulação para
um dos ensaios de estimação descritos a partir da tabela a seguir. Os valores empregados para
192
simulação foram: V = 127 V
ef
, resistência de carga R = 18 Ω , capacitor C = 2000 µF e
indutor L = 1,2 mH.
Figura 6.24
Formas de onda para estimação do retificador com ponto médio e carga
RLC.
Por fim, as tabelas mostradas a seguir (Tabela 5.35 e Tabela 5.36) fornecem dados de
estimação (por Backward e Tustin) a partir de um conjunto de dados de simulação obtidos
para V
f
= 127 V
ef
e T
s
= 100 µs e L
s
= 1,2 mH.
Tabela 5.35
Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação Backward)
Componentes
p/ estimação
Configuração Resultados (Backward)
P (W)
Rs
(Ω)
Ls
(mH)
Cs
(µF)
T
s
N
Re
(Ω)
Erro
(%)
Le
(mH)
Erro
(%)
Ce
(µF)
Erro
(%)
52,06 400 1,2 400 100 11 187,62 53,1 1,21 0,62 399,47 0,13
103,2 200 1,2 400 100 16 127,9 36,04 1,21 0,65 399,22 0,19
205,1 100 1,2 400 100 21 78,18 21,8 1,21 0,71 398,7 0,32
249,7 82 1,2 400 100 20 66,77 18,57 1,21 0,74 398,52 0,37
508,4 40 1,2 400 100 24 36,1 9,8 1,21 0,91 397,4 0,69
1002,2 18 1,2 2000 100 33 14,39 20 1,2 0,31 1993,1 0,34
1992,1 8 1,2 6000 100 41 5,99 25,12 1,2 0,2 5983,1 0,28
5003,3 2,5 1,2 6000 100 55 2,27 9,1 1,2 0,41 5960,5 0,66
193
Tabela 5.36
Dados de estimação obtidos por simulação (Aproximação de Tustin)
Componentes
p/ estimação
Configuração Resultados (Tustin)
P (W)
Rs
(Ω)
Ls
(mH)
Cs
(µF)
T
s
N
Re
(Ω)
Erro
(%)
Le
(mH)
Erro
(%)
Ce
(µF)
Erro
(%)
52,06 400 1,2 400 100 11 353,89 11,53 1,2 2.10
-4
400 9,2.10
-4
103,2 200 1,2 400 100 19 187,8 6,05 1,2 1,6.10
-4
400 0,0011
205,1 100 1,2 400 100 18 96,98 3,02 1,2 11,4.10
-4
400 0,0038
249,7 82 1,2 400 100 22 80 2,5 1,2 10
-3
400 0,0018
508,4 40 1,2 400 100 25 39,54 1,16 1,2 0,0027 400 0,0023
1002,2 18 1,2 2000 100 33 17,54 2,58 1,2 0,0011 2000 0,0033
1992,1 8 1,2 6000 100 41 7,73 3,43 1,2 9.10
-4
5999,8 0,0032
5003,3 2,5 1,2 6000 100 57 2,48 0,67 1,2 0,0022 6004,5 0,075
6.3.12.2 Conclusões Parciais
A análise dos dados de simulação conduzem a conclusões similares às já observadas para
a topologia anterior (retificador trifásico em ponte completa) e, em particular, para a estrutura
com carga RC e indutor de entrada L. Desta forma, observa-se que:
A estimação do resistor R apresenta maior erro percentual, comparativamente à
estimação de L e de C.
Para dados determinísticos (obtidos por simulação), a aproximação de Tustin
conduz a resultados com menor erro percentual e, no entanto, a variação
percentual observada no erro se torna significativa somente para a estimação
do resistor R.
Para valores fixos de L e de C, o aumento de potência é dado a partir da
redução do valor do resistor R, o que conduz a valores mais elevados de
corrente e, como resultado, a um aumento na precisão de estimação (ou
redução do erro percentual) em função da redução do número de
condicionamento do sistema.
194
6.4 CONCLUSÃO
Ao longo da seqüência de desenvolvimento deste trabalho, este capítulo se insere no
contexto da etapa inicial de validação da estratégia de modelagem proposta a partir de
resultados obtidos unicamente por simulação.
Portanto, uma vez caracterizado o ambiente de implementação, a seção seguinte relaciona
as condições segundo as quais a seqüência de simulações foi levada a efeito bem como as
estruturas de cargas lineares e não-lineares a serem consideradas para simulação: circuitos RL
e RC série, a topologia do retificador em ponte nas versões monofásica e trifásica com cargas
RL, RC e RLC, bem como a topologia do retificador trifásico com ponto médio e carga RLC.
A seqüência de simulações foi apresentada considerando inicialmente cargas lineares
simples (com apenas dois parâmetros físicos para estimação), o que tornou possível não
apenas a modelagem das estruturas de cargas lineares mais simples ligadas à rede (carga RL
série) como também a comparação de desempenho entre os dois métodos de estimação
apresentados: o método da discretização (desenvolvido e proposto neste trabalho) e o método
fasorial clássico.
Ambos os métodos de estimação são sensíveis ao valor do período de amostragem T
s
e, no
entanto, comparativamente ao método fasorial clássico e conforme já considerado, o método
da discretização pode ser aplicado a formas de onda com distorção harmônica (a exemplo da
corrente gerada por cargas não-lineares) e é adequado para a descrição de transitório e regime
permanente.
Para a segunda etapa da seqüência (considerando apenas estruturas não-lineares e uma
análise pelo método da discretização), os valores dos componentes físicos foram definidos
para cada particular condição de simulação a partir de certos níveis pretendidos de potência de
saída em um esforço de representar condições reais de aplicação. Como resultado, diferentes
conjuntos de valores de componentes foram empregados considerando as diferentes
topologias, as diferentes cargas lineares bem como os diferentes valores de alimentação. Ao
final de cada seção, as conclusões apresentadas particularizam cada topologia considerada.
A partir dos dados resultantes, analisou-se a forma pelo qual a qualidade dos resultados de
estimação pelo método proposto responde diante das diferentes configurações do processo de
geração e coleta de dados. Observou-se, por exemplo, que, para dados determinísticos, a
precisão de estimação varia de forma pouco significativa em resposta à variação do intervalo
de estimação considerado dentro do intervalo de operação linear de cada estrutura. Observou-
195
se ainda que é de particular importância a compreensão da influência do valor empregado
para o período de amostragem sobre os resultados deste processo, uma vez que este foi
desenvolvido para o processamento de dados de natureza discreta.
Como resultado, observa-se que um valor elevado para T
s
tem como vantagem a
composição de vetores de menor comprimento que implicam em menor tempo de
processamento e menor esforço computacional. Por outro lado, apresentam uma descrição
mais limitada do comportamento dinâmico do sistema, o que pode conduzir a imprecisões de
estimação. Em contrapartida, valores reduzidos para T
s
(que correspondem a uma elevada
freqüência de amostragem F
s
) apresentam uma descrição mais adequada das caracteristicas
dinâmicas do sistema mas tendem a influenciar o número de condicionamento do sistema e
aproximar a matriz de regressores de uma condição de singularidade, o que pode igualmente
conduzir a imprecisões de natureza numérica.
Conforme já demonstrado, as expressões estimadoras para o resistor dependem
unicamente dos coeficientes das equações de diferenças e, portanto, não são uma função do
período de amostragem T
s
. Entretanto, observa-se via de regra que as variações no valor de T
s
influenciam de forma igualmente significativa a precisão obtida para a estimação de R, ainda
que os valores obtidos para L e C apresentem erros percentuais menores e com menor
variação absoluta.
Analisando-se a relação existente entre a precisão dos dados e os níveis de potência
considerados, verifica-se que, para um dado conjunto de valores de L e C e um dado valor de
alimentação, níveis crescentes de potência conduzem a uma redução considerável do erro na
determinação do resistor e a um aumento do erro (porém em menor escala) da determinação
dos componentes L e C. Esta relação de variações pode ser associada às características dos
dados para estimação ou da matriz de regressores resultante, de forma que níveis mais altos de
potência de saída correspondem a uma menor resistência de carga que gera maiores picos de
corrente e, como conseqüência, derivadas mais altas dentro do intervalo linear (ou dados mais
afastados para um mesmo valor de T
s
) que, por sua vez, produzem menores números de
condicionamento para a matriz.
Uma forma alternativa para expor a seqüência de considerações acima consiste em
observar a relação da precisão obtida com os níveis de alimentação aplicados ao circuito.
Desta forma, para a mesma potência de saída, uma maior tensão de alimentação requer menos
corrente, o que implica em maior resistência de carga. Menores níveis de corrente envolvem
menores derivadas e, como resultado, menor precisão de estimação. Portanto, para um dado
196
valor de potência de saída (e um dado conjunto de parâmetros de simulação), maiores tensões
de alimentação conduzem a maiores erros percentuais de estimação.
Para a topologia de retificador em ponte com carga RC e filtro L de entrada (que constitui
o foco deste trabalho), observou-se que a precisão de estimação obtida pelo método de Tustin
se mostra menos sensível às variações de T
s
e, no entanto, uma precisão significativa é obtida
mesmo para o maior dos valores aplicados (T
s
= 100 µs). Por outro lado, a precisão obtida
pela aproximação Backward aumenta de forma significativa com a redução de T
s
e equipara-
se à precisão de Tustin para a estimação do resistor R.
Verifica-se, desta forma, diferentes graus de sensibilidade quanto a precisão obtida para os
resultados de estimação considerando diferentes técnicas de discretização, diferentes
estruturas de carga, bem como diferentes valores para T
s.
197
CAPÍTULO 7
RESULTADOS EXPERIMENTAIS
198
7 RESULTADOS EXPERIMENTAIS
7.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A estratégia de modelagem proposta neste trabalho, uma vez aplicada por meio de
simulação a diferentes topologias de carga não-linear, demonstrou as diferentes vertentes
desta proposta de trabalho. Dispõe-se, portanto, de confirmação da eficácia do processo
através do algoritmo implementado em ambiente Matlab, a partir do qual foram obtidos
resultados concretos com repetibilidade e significativo grau de precisão a partir de dados
gerados por simulação (envolvendo múltiplos conjuntos de amostras para diferentes estruturas
retificadoras). Estes resultados bem sucedidos incluem ainda a modelagem prévia de cargas
mais simples do tipo RL e RC.
No entanto, ainda que a estimação já tenha sido também aplicada de forma bem sucedida
a partir de dados extraídos diretamente do osciloscópio, a precisão de estimação obtida a
partir destes dados experimentais é condicionada adicionalmente à presença de elementos
espúrios da rede elétrica não contemplados pela modelagem determinística aplicada em nível
de simulação. Desta forma, os mesmo fatores que interferem na qualidade de energia
disponível na rede e cuja influência se pretende analisar através da estimação acabam
impactando sobre a própria confiabilidade dos dados gerados pela estimação.
No presente capítulo, a influência destes fatores adicionais da rede será demonstrada a
partir da análise de dados experimentais extraídos de cargas individuais (envolvendo
montagens em bancada e cargas reais conectadas à rede) por meio do osciloscópio. O
algoritmo de estimação empregado aplica as equações desenvolvidas pela aproximação
Backward. Os resultados da estimação obtidos em função dos dados experimentais serão
posteriormente validados a partir da reprodução das formas de onda em ambiente de
simulação (dos modelos das topologias não-lineares em estudo) através do software ATP.
Como consideração adicional, cabe acrescentar que o software ATP (Alternative Transient
Program) consiste em uma ferramenta de simulação disponibilizada gratuitamente e
amplamente utilizada por concessionárias de energia elétrica. Permite a simulação de redes
polifásicas através de um algoritmo que utiliza a matriz de admitâncias de barras e é
considerado um dos melhores simuladores para a análise de transitórios eletromagnéticos em
sistemas de potência. Permite ainda a representação de efeitos não-lineares, elementos com
199
parâmetros concentrados ou distribuídos, reatores, chaves e transformadores. A Figura 7.1
ilustra a sua interface gráfica incluindo ambiente para a edição de esquemáticos de modelos
elétricos e geração de formas de onda.
Figura 7.1
Ferramenta de simulação: interface do software ATP.
7.2 EXPERIMENTOS COM CARGAS INDIVIDUAIS
Este capítulo descreve uma seqüência de experimentos para a validação do método de
estimação proposto a partir da análise de dados obtidos experimentalmente de cargas não-
lineares individuais. Desta forma, o conjunto de procedimentos segue a seqüência
representada pela Figura 7.2 esquematizada a seguir:
Figura 7.2
Estimação de parâmetros de cargas individuais.
200
As cargas analisadas para estimação foram consideradas segundo a descrição geral a
seguir:
1. Cargas montadas em bancada: os parâmetros físicos de carga (componentes
R, L e C) são selecionados conforme disponibilidade em laboratório e,
portanto, previamente conhecidos, o que permite a confirmação da estimação a
partir de dados numéricos.
2. Equipamentos eletrônicos: os parâmetros físicos da carga não são
conhecidos e, neste caso, uma vez que o processo de estimação contempla a
proposta de uma análise não-invasiva, a validação de resultados é realizada
somente a partir da reprodução das formas de onda em ambiente de simulação.
Com este objetivo, conforme já mencionado, será empregado o software ATP.
Para a aquisição de dados experimentais, foi utilizado um osciloscópio digital da Agilent
modelo 54622A. A seqüência de experimentos levados a efeito a partir de cargas individuais
demonstrou a significativa sensibilidade dos resultados de estimação a diferentes condições
para o período de amostragem T
s
em função das não idealidades dos dados oriundos da rede
elétrica (quanto ao aspecto das perturbações das formas de onda).
Conforme as considerações do capítulo 2 (Qualidade de Energia), os fatores geradores de
degradação das formas de onda são: Nível CC, Cortes, Inter-harmônicas, Harmônicas e
Ruído. Contudo, considerando as condições de coleta de dados dos experimentos a serem
apresentados neste trabalho, as formas de onda coletadas em baixa tensão para ensaio
apresentam como fatores predominantes de perturbação:
Distorção Harmônica de tensão e corrente: a tensão da rede v(t) apresenta
algum grau de distorção harmônica, a qual pode ser originada por fatores como
a característica dos geradores, a saturação dos transformadores e a elevada
impedância da rede de distribuição (que, como resultado, se torna sensível às
correntes harmônicas presentes no sistema). A própria natureza das cargas não-
lineares (as quais drenam correntes com valores de THD tipicamente
superiores a 100 %) resulta em elevação da distorção harmônica de tensão no
PAC em função da circulação dessas correntes pela impedância da instalação
201
(transformador da subestação e cabos). Em função da natureza da modelagem
proposta neste trabalho, a presença de conteúdo harmônico nas curvas
coletadas como fonte de dados não compromete a qualidade dos resultados de
estimação (em função da independência do modelo em relação às formas de
onda). Todavia, há um fator de erro presente na estimação das formas de onda
por simulação a partir de parâmetros estimados: o uso de uma tensão de
alimentação com características ideais (sem distorção harmônica) em oposição
às características não ideiais da tensão da rede (com THD não nula), o que
impacta nas características da resposta de corrente do sistema.
Ruído: conforme já citado através de [21], o ruído presente nas linhas de
distribuição da rede elétrica origina-se essencialmente a partir da conexão de
cargas no secundário de transformadores e apresenta uma distribuição variável
de magnitudes em seu espectro de freqüências; desta forma, este espectro
apresenta maiores amplitudes na região de baixas freqüências, uma queda num
intervalo de 20 a 40 kHz e uma nova ascensão com níveis variáveis de
amplitude na faixa de freqüências mais elevadas; portanto, este ruído é não-
branco e representa um elemento espúrio adicionado às características
determinísticas da rede de forma a comprometer a qualidade dos resultados de
estimação obtidos.
Como resultado, considerando a classificação geral acima, a seqüência de carga analisadas
está apresentada segundo as seções a seguir.
7.2.1 Cargas não-lineares construídas em laboratório: modelos de retificadores
7.2.1.1 Considerações Iniciais
Para esta primeira etapa de validação experimental do processo de estimação (a partir as
mesmas topologias de retificadores consideradas por simulação no capítulo anterior), optou-se
pelo uso do mesmo código de estimação a partir de dados coletados segundo dois valores de
período de amostragem, conforme as considerações a seguir:
202
- Condição 1:
Valor do período de amostragem: T
s
= 100 µs :
Freqüência de amostragem (freqüência de Nyquist) associada: F
s
= 1/ T
s
= 10
kHz
Freqüência máxima descrita pelo sinal: F
max
= F
s
/2 = 5 kHz
- Condição 2:
Valor do período de amostragem: T
s
= 50 µs :
Freqüência de amostragem (freqüência de Nyquist) associada: F
s
= 1/ T
s
= 20
kHz
Freqüência máxima descrita pelo sinal: F
max
= F
s
/2 = 10 kHz
7.2.1.2 Retificador Monofásico de Onda completa com carga RC
Esta topologia de retificador foi construída em bancada de laboratório e empregada nos
testes iniciais a partir da obtenção das formas de onda (de tensão v(t) e corrente i(t))
requeridas pelo processo de estimação de parâmetros.
Os ensaios para a aquisição de dados experimentais (curvas de tensão e corrente) foram
levados a efeito considerando os componentes descritos a seguir:
Resistor com R = 63,5 Ω (banco de cargas lineares)
Capacitor com C = 616 µF (associação de capacitores).
A Figura 7.3 a seguir ilustra o ambiente físico para a construção do experimento, a
estrutura física do retificador, e as formas de onda do osciloscópio durante o processo de
aquisição experimental.
203
Figura 7.3
Experimento com o retificador monofásico em ponte completa com carga
RC.
A aquisição experimental ilustrada pela Figura 7.3 é apresentada em maiores detalhes a
partir da Figura 7.4 a seguir e apresenta a seguinte configuração.
Número total de pontos: 2000
Número de ciclos da rede: 12
Período de Amostragem: 100 µs
Figura 7.4
Aquisição experimental a partir do osciloscópio.
A Figura 7.5 a seguir ilustra o segmento de operação linear do retificador extraído a partir
dos pontos da aquisição experimental (Figura 7.4) através do código de estimação, e editado
graficamente através do Matlab em tempo de execução.
204
Figura 7.5
Formas de onda para estimação (etapa de carga do capacitor).
A Tabela 6.1 exibe os dados resultantes de 5 ensaios de estimação a partir dos dados
experimentais coletados e compara a precisão obtida para cada ensaio com os dados
resultantes da estimação por simulação.
Tabela 6.1
Dados de estimação (retificador com carga RC).
Resultados (Estimação)
Configuração
Componentes
Re
(Ω)
Erro
(%)
Ce
(µF)
Erro
(%)
T
s
(µs)
N
(pontos)
Valores Reais
63,5 -- 616 -- -- --
Simulação
69,02 8,7 653,9 6,15 100 7
40,1 36,8 631,9 2,58 100 22
44,31 30,21 581 5,68 100 22
39,63 37,6 615,8 0,03 100 23
43,89 30,88 590,8 4,1 100 21
Valores
Estimados
Aquisição
Experimental
46,86 26,21 617,3 0,26 100 21
Conforme já considerado, a variação presente nos erros percentuais dos resultados de
estimação para o conjunto de ensaios acima indica as diferentes realizações de ruído presente
nos dados de origem experimental A Figura 7.6 ilustra a reprodução (em ambiente ATP) das
formas de onda coletadas através de aquisição experimental a partir de um dado conjunto de
valores resultantes da estimação.
205
Figura 7.6
Reprodução das formas de onda em ambiente ATP a partir dos valores
estimados.
7.2.1.3 Retificador Monofásico de Onda completa com carga RLC
Para a implementação física desta topologia, procedeu-se ao acréscimo de um indutor na
entrada do retificador descrito na seção anterior (para compor a indutância de filtro da
estrutura). e, desta forma, o ensaio apresenta os componentes a seguir.
Resistor R = 53 Ω (conjunto de três lâmpadas ligadas em paralelo)
Capacitor C = 616 µF (associação de capacitores)
Indutor L = 1,3 mH (condutor de cobre esmaltado e enrolado).
A Figura 7.7 a seguir ilustra a estrutura física do retificador (já apresentada pela Figura
7.3), bem como o indutor adicionado a esta topologia para compor o filtro indutivo de
entrada.
206
Figura 7.7
Experimento: retificador em ponte com carga RC e indutor L de entrada.
As formas de onda ilustradas pela Figura 7.8 a seguir foram coletadas segundo as mesmas
configurações de aquisição do experimento anterior (retificador com carga RC) e representam
a informação de natureza experimental para o processo de estimação.
Figura 7.8
Formas de onda do osciloscópio para 12 ciclos da rede.
Por analogia com a ilustração apresentada na seção anterior, a Figura 7.9 representa a
etapa de operação linear do retificador extraída a partir dos pontos da aquisição experimental
durante a execução do código de estimação em ambiente Matlab.
207
Figura 7.9
Formas de onda para estimação (etapa de carga do capacitor).
Os dados resultantes da estimação estão relacionados a partir da Tabela 6.2 a seguir.
Tabela 6.2
Dados de estimação (retificador com carga RC e filtro L de entrada).
Resultados (Estimação)
Configuração
Componentes
Re
(Ω)
Erro
(%)
Le
(mH)
Erro
(%)
Ce
(µF)
Erro
(%)
T
s
N
(pontos)
Valores Reais
53 -- 1,3 -- 616 -- -- --
Simulação
50,68 4,38 1,3 0,004 616 0,002 100 29
47,5 10,3 1,26 2,9 576,3 6,4 100 31
42,2 20,35 1,4 4,6 537,8 12,7 100 31
45,4 14,3 1,17 9,9 605,2 1,8 100 31
44,5 16 1,2 6,5 573,7 6,8 100 31
Valores
Estimados
Aquisição
Experimental
43,4 18 1,28 1,4 530 14 100 31
Conforme pode ser observado a partir da Tabela 6.2, as diferenças verificadas nos
resultados de estimação (obtidos a partir de um dado conjunto de valores e para condições
similares de coleta de dados) estão associadas às diferentes realizações de ruído a cada
aquisição de dados bem como em cada segmento considerado das formas de onda.
208
Por fim, a Figura 7.10 a seguir ilustra a reprodução das formas de onda coletadas através
de simulação em ambiente ATP a partir de um dado conjunto de valores resultantes da
estimação.
Figura 7.10
Reprodução das formas de onda em ambiente ATP.
7.2.1.4 Retificador Trifásico com Ponto Médio e carga RC e indutor L de entrada
A Figura 7.11 ilustra a implementação física do retificador trifásico com ponto médio a
partir dos componentes a seguir:
Três indutores com L = 1,03 mH.
Um capacitor com C = 438 µF.
Um resistor de carga com R = 95,5 Ω.
Figura 7.11
Experimento: retificador trifásico com ponto médio, carga RC e filtro L.
209
As formas de onda ilustradas pela Figura 7.12 a seguir (tensão e corrente em uma das
fases do retificador) representam a aquisição de dados experimentais para este modelo de
retificador, considerando T
s
= 100 µs.
Figura 7.12
Formas de onda do osciloscópio.
Conforme pode ser observado, esta estrutura de retificação apresenta períodos de
condução de corrente apenas durante o semiciclo positivo da rede. A Tabela 6.3 exibe os
dados resultantes de quatro ensaios de estimação a partir de dados experimentais e compara a
precisão obtida para cada ensaio com os dados de simulação.
Tabela 6.3
Dados de estimação (retificador trifásico com ponto médio).
Resultados (Estimação)
Configuração
Componentes
Re
(Ω)
Erro
(%)
Le
(mH)
Erro
(%)
Ce
(µF)
Erro
(%)
T
s
N
(pontos)
Valores Reais
95,5 -- 1,03 -- 438 -- -- --
Simulação
91,97 3,69 1,03 8e-4 438 0,003 100 17
77,7 18,57 1,47 42,5 294 32,9 100 24
104,5 9,4 1,4 36 352 19,6 100 24
84,8 11,1 1,54 49,6 290,5 33,7 100 24
Valores
Estimados
Aquisição
Experimental
78,8 16,4 0,63 38,7 591,7 35 10 49
A Figura 7.13 a seguir ilustra a reprodução das formas de onda coletadas através de
simulação em ambiente ATP a partir de um dado conjunto de valores resultantes da estimação.
210
Figura 7.13
Reprodução das formas de onda em ambiente ATP.
7.2.1.5 Retificador Trifásico com Ponte de Graetz e carga RC e indutor L de entrada
A construção física desta topologia de retificador trifásico é representada a partir da
Figura 7.14 e, para tanto, foram empregados os componentes descritos a seguir:
Três indutores com L = 1,03 mH.
Um capacitor com C = 266 µF.
Um resistor de carga com R = 95,5 Ω.
Figura 7.14
Experimento: retificador com ponte de Graetz e carga RC com filtro L.
A Figura 7.15 representa as formas de onda coletadas a partir do osciloscópio
considerando, conforme pode ser verificado, dois valores distintos para o período de
amostragem T
s
, e de acordo com as configurações descritas a seguir.
211
Número total de pontos: 2000
Número de ciclos da rede: 6 e 12
Período de Amostragem: 50 µs e 100 µs
Figura 7.15
Formas de onda do osciloscópio.
Através da Figura 7.16, observa-se um dos segmentos de operação linear desta estrutura
de retificação extraídos a partir das formas de onda indicadas acima e representadas
graficamente durante a execução do código de estimação.
Figura 7.16
Formas de onda para estimação (etapa de carga do capacitor).
212
A Tabela 6.4 sintetiza os resultados de estimação a partir de dados de simulação e dados
experimentais.
Tabela 6.4
Dados de estimação (retificador trifásico com ponte de Graetz).
Resultados (Estimação)
Configuração
Componentes
Re (Ω)
Erro
(%)
Le
(mH)
Erro
(%)
Ce
(µF)
Erro
(%)
T
s
N
(pontos)
Valores Reais
95,5 -- 1,03 -- 266 -- -- --
48 49,75 1,004 2,57 281,4 5,78 20 91
Simulação
114,72 20,12 1,04 0,54 263,2 1,044 10 183
68,9 27,86 1,22 18,9 186 30,1 50 34
83,3 12,8 1,28 24,1 249,7 6,14 50 33
89 6,8 1,39 35 256,5 3,6 100 17
125,8 31,8 1,49 44,4 272,9 2,6 100 16
Valores
Estimados
Aquisição
Experimental
63,5 33,5 1,17 13,7 400,8 50,7 100 13
A partir dos dados esquematizados acima, observa-se que a simulação foi levada a efeito
considerando o mesmo conjunto de componentes e dois valores distintos de T
s
. Desta forma,
para T
s
= 20 µs, verifica-se um erro percentual próximo de 50 % para o valor estimado do
resistor, e erros percentuais superiores a 1 % para os valores estimados de L e de C. Tais
níveis percentuais de erro estão acima dos valores comumente verificados em ensaios de
simulação e indicam e indicam a inadequação do valor de T
s
em função das constantes de
tempo do circuito (onde a menor das constantes de tempo corresponde à constante indutiva
(
τ
L
= L/R = 10,7 µs).
Para o segundo ensaio de estimação em ambiente de simulação, o valor empregado para o
período de amostragem foi reduzido à metade (T
s
= 10 µs), de forma a garantir a sua
adequação à ordem de grandeza das constantes de tempo envolvidas, o que resultou em
melhora na precisão dos valores resultantes da estimação.
Por fim, o gráfico esquematizado pela Figura 7.17 a seguir representa a reconstrução das
formas de onda coletadas em ambiente de simulação a partir do simulador ATP.
213
Figura 7.17
Reprodução das formas de onda em ambiente ATP.
7.2.2 Cargas não-lineares de uso geral: equipamentos eletrônicos
7.2.2.1 Considerações iniciais
Conforme já considerado, a análise de equipamentos eletrônicos implica na avaliação das
entradas e saídas (formas de onda de tensão e corrente) de um sistema cujos parâmetros
físicos não são previamente conhecidos e, como conseqüência, a validação dos resultados da
estimação será levada efeito tão somente através da avaliação das características das formas
de onda obtidas por simulação a partir dos valores estimados (formas de onda reproduzidas
em ambiente computacional).
Comparativamente à analise e estimação de parâmetros das topologias de retificadores
descritas nas seções anteriores, a análise de equipamentos eletrônicos isolados foi levada a
efeito considerando alguns exemplos de cargas monofásicas (equipamentos de uso geral) que
podem ser representadas pela estrutura do retificador monofásico em ponte completa com
carga RC e filtro L de entrada (que constitui, conforme já mencionado, o foco principal deste
trabalho).
Uma vez que esta análise contempla a avaliação de cargas não-lineares, cujo efeito resulta
na distorção das formas de onda de corrente, a reprodução ou estimação das características da
corrente assume um particular significado para os objetivos da análise proposta.
214
Cabe destacar novamente que as diferenças verificadas no erro percentual para os dados
de estimação das estruturas retificadoras podem ser atribuídas às diferentes realizações de
ruído presente nos dados de tensão e corrente empregados na estimação. Desta forma, este
fator de incerteza representa um parâmetro não considerado pela modelagem determinística
das equações de estimação, o que pode conduzir a imprecisões associadas à relação
sinal/ruído dos dados coletados. Com o objetivo de minimizar o seu efeito sobre os resultados
da estimação preservando as características determinísticas do processo, foram adotados os
procedimentos descritos a seguir:
1.
Filtragem Digital com as características a seguir:
Tipo: filtro FIR (não recursivo) de ordem 140 com freqüência de corte
configurável
Forma de implementação: comando pré-existente do Matlab.
Freqüência de corte adotada: variável entre 1 kHz e 3 kHz.
2.
Ajuste Linear com as características a seguir:
Tipo: correção das formas de onda resultantes da simulação a partir do ajuste
do valor estimado do resistor segundo a expressão linear: R
2
= R
1
*I
max1
/I
max2
(onde R1 é o valor estimado para o resistor de carga, I
max1
é o valor máximo da
corrente real e I
max2
é o valor máximo da corrente estimada).
Forma de implementação: código construído em Matlab.
Segundo os dados a serem apresentados nas seções a seguir, a avaliação das formas de
onda de corrente obtidas como resultado da estimação será levada a efeito a partir da
comparação de três parâmetros de avaliação: valor de pico (I
max
), valor eficaz (I
ef
) e fator de
crista (FC).
7.2.2.2 Equipamento eletrônico 1 - Computador Dell
A Figura 7.18 a seguir ilustra um exemplo inicial de carga não-linear isolada submetida à
análise a partir do processo de estimação: um computador Dell modelo Optiplex GX150.
215
Figura 7.18
Experimento com uma carga não linear: computador Dell
A Figura 7.19 mostra uma aquisição experimental para um período de amostragem
T
s
= 50 µs, a partir de um conjunto de 2000 pontos, o que implica na obtenção de 6 ciclos de
rede.
Figura 7.19
Formas de onda do osciloscópio.
Através do código de estimação, o consumo deste equipamento foi determinado em
aproximadamente P = 88 W. A partir da Figura 7.20, observa-se a comparação entre as
formas de onda de tensão e corrente coletadas experimentalmente e as formas de onda
estimadas. Conforme já mencionado, as formas de onda de corrente são descritas e
comparadas numericamente através de três parâmetros: valor máximo (I
max
), valor eficaz (I
ef
)
e fator de crista (FC).
216
Figura 7.20
Resultados da estimação a partir da reconstrução das formas de onda.
Por fim, a Figura 7.21 representa a reprodução das formas de onda em ambiente ATP, a
partir dos valores de R, L e C obtidos pelo código de estimação.
Figura 7.21
Reprodução das formas de onda em ambiente ATP.
217
7.2.3 Equipamento Eletrônico 2 - Computador Gateway2000
Como um segundo exemplo de carga não-linear similar à apresentada na seção anterior,
procedeu-se ainda a coleta das formas de onda a partir de um computador Gateway2000
modelo P5-90, conforme representado pela Figura 7.22.
Figura 7.22
Experimento com uma carga não-linear: computador Gateway2000.
A Figura 7.23 a seguir mostra as formas de onda obtidas a partir de aquisição
experimental com o osciloscópio.
Figura 7.23
Coleta das formas de onda do osciloscópio.
O consumo deste equipamento foi determinado em aproximadamente P = 107 W. A
Figura 7.24 mostrada a seguir ilustra a comparação entre um semiciclo de tensão e corrente
218
obtido experimentalmente e um semiciclo gerado por simulação a partir dos valores
estimados.
Figura 7.24
Resultados da estimação a partir da reconstrução das formas de onda.
Por fim, a validação da estimação dos parâmetros a partir de dados experimentais é obtida
a partir da reprodução aproximada das formas de onda coletadas em ambiente de simulação
ATP, conforme a Figura 7.25 a seguir.
Figura 7.25
Reprodução das formas de onda em ambiente ATP.
219
7.2.4 Equipamento Eletrônico 3 - Computador XP-1
Uma terceira avaliação de equipamentos do tipo PC foi obtida a partir da análise das
formas de onda de um computador modelo XP-1, conforme a Figura 7.26 a seguir.
Figura 7.26
Experimento com uma carga não linear: computador XP-1.
Por analogia com os casos já analisados para este tipo de equipamento, a análise das
formas de onda foi levada a efeito considerando T
s
= 50 µs, tal como ilustrado pela Figura
7.27.
Figura 7.27
Coleta das formas de onda do osciloscópio.
Através do código, o consumo deste equipamento foi determinado em aproximadamente P
= 183 W. A Figura 7.28 confronta as características dos semiciclos reais de tensão e corrente
(obtidos experimentalmente) com os correspondentes gerados por simulação a partir dos
220
valores estimados. Por fim, a Figura 7.29 ilustra as formas de onda estimadas através do
ambiente de simulação ATP.
Figura 7.28
Resultados da estimação a partir da reconstrução das formas de onda.
Figura 7.29
Reprodução das formas de onda em ambiente ATP.
221
7.2.5 Equipamento Eletrônico 4 - Impressora HP1320
Conforme ilustrado pela Figura 7.30 abaixo, procedeu-se ainda à análise de uma
impressora modelo HP LaserJet 1320.
Figura 7.30
Experimento com uma carga não linear: impressora HP1320.
A Figura 7.31 ilustra as formas de onda obtidas experimentalmente onde é observado um
valor de pico aproximado de 1 A para a corrente de entrada i(t).
Figura 7.31
Coleta das formas de onda do osciloscópio.
222
As formas de onda foram adquiridas durante a impressão, onde ocorre o maior consumo
do equipamento e, durante este estado de operação, este consumo foi determinado em
aproximadamente P = 27 W.
Analogamente aos casos anteriores, a Figura 7.32 apresentada na seqüência exibe a
comparação entre a curvas obtidas experimentalmente e as curvas reproduzidas em ambiente
de simulação a partir dos valores estimados.
Figura 7.32
Resultados da estimação a partir da reconstrução das formas de onda.
Por fim, Figura 7.33 exibe a reprodução das formas de onda coletadas através de
simulação em ATP.
223
Figura 7.33
Reprodução das formas de onda em ambiente ATP.
7.2.6 Resultados
A Tabela 6.5 a seguir sintetiza os resultados numéricos obtidos para este conjunto de
ensaios envolvendo cargas individuais, segundo os mesmos parâmetros de comparação
empregados na análise. Desta forma, os dados estão dispostos de acordo com a seqüência em
que as cargas foram analisadas e, para cada caso considerado, os dados de corrente máxima
I
max
, corrente eficaz I
ef
e fator de crista FC são comparados a partir de valores medidos e
estimados através do erro percentual.
Tabela 6.5
Síntese de resultados (avaliação de cargas individuais).
I
max
(A) I
ef
(A) Fator de Crista FC
EQUIP
P
(W)
Medido Estim.
Erro
(%)
Medido Estim.
Erro
(%)
Medido Estim.
Erro
(%)
1 88 2 2,28 14 0,9 1 11,1 2,23 2,27 1,8
2 107 3,37 3,7 9,8 1,34 1,35 0,7 2,52 2,74 8,7
3 183 4,85 5,85 20,6 2,1 2,35 11,9 2,31 2,48 7,4
4 27 0,95 1,17 23,2 0,36 0,37 2,8 2,64 3,15 18,9
Os dados relacionados na Tabela 6.5 conduzem às considerações a seguir:
Para o primeiro equipamento, obteve-se a melhor precisão de FC indicando
uma boa reprodução da forma de onda analisada;
Para o segundo equipamento, obteve-se a melhor estimação do I
ef
(inferior a 1
%);
224
O erro percentual mais elevado foi de 23 % para o I
max
do equipamento 4, o
que indica que a totalidade de estimações obtidas encontra-se em uma faixa
considerada adequada para análise.
7.3 CONCLUSÃO
A seqüência de considerações apresentadas nos capítulos anteriores conduziram à
proposição e ao desenvolvimento de uma estratégia de modelagem e estimação de parâmetros
de cargas lineares e não-lineares através de modelos lineares válidos segundo um particular
segmento ou intervalo de operação das cargas não-lineares analisadas e representados a partir
de um correspondente modelo linear equivalente discreto (aplicável para a descrição de dados
experimentais em função de um particular período de amostragem T
s
).
Portanto, a partir dos modelos matemáticos desenvolvidos em função desta estratégia de
modelagem, bem como da etapa inicial de validação do processo em ambiente computacional
(capítulo 6), este capítulo sintetizou os resultados da etapa inicial de validação em nível
experimental através da análise de cargas individuais.
Desta forma, procedeu-se inicialmente à implementação física em bancada de laboratório
e à posterior coleta de dados para estimação a partir das estruturas de retificação descritas e
analisadas no capítulo 4 deste trabalho, possibilitando uma complementação experimental aos
dados de simulação do capítulo anterior.
Para este conjunto inicial de ensaios onde, conforme já comentado, empregou-se o mesmo
código de estimação aplicado em dados de simulação, verificou-se a influência dos elementos
espúrios presentes na rede elétrica (ruído) no comprometimento da precisão dos resultados. O
valor base adotado como período de amostragem na maior parte das aquisições de dados foi
de T
s
= 100 µs, permitindo uma descrição de sinais com freqüência máxima de 5 kHz e
atuando, portanto, como um filtro para sinais com freqüência superior a este limite.
Na seqüência desta etapa de validação experimental, a coleta de dados a partir de cargas
reais individualmente consideradas exemplificou o uso do processo de estimação em pequena
escala em uma situação típica para a sua aplicação: análise das formas de onda de cargas
cujos parâmetros não são previamente conhecidos e uso dos valores estimados para a
reprodução destas formas de onda em ambiente de simulação para avaliação do grau de
distorção harmônica resultante.
225
Esta segunda etapa de validação experimental foi desenvolvida a partir de equipamentos
eletrônicos monofásicos (computadores pessoais e impressora) e, portanto, modeláveis através
do retificador em ponte com carga RC e filtro indutivo L. A análise desenvolvida neste
trabalho considerou particularmente equipamentos cujo nível de consumo (quando computado
individualmente ou em nível de rede formada para cargas similares) contribui de uma forma
significativa no consumo total das cargas ligadas à rede e, como conseqüência, em função de
sua natureza não-linear, representa uma fonte significativa de distorção harmônica para a rede
elétrica.
Para este segundo conjunto de ensaios de estimação, empregou-se um período de
amostragem T
s
= 50 µs para a maior parte das aquisições obtendo-se, como resultado, um
maior número de pontos por aquisição e um efeito de filtragem para sinais com freqüência
superior a 10 kHz. A filtragem digital aplicada aos dados após a aquisição (e segundo rotinas
de pré-processamento implementadas no código de estimação) permitiu a remoção de
componentes de freqüência a partir de uma freqüência de corte variável entre 1 kHz e 3 kHz
sem que houvesse uma perda significativa das caracteristicas originais das formas de onda
coletadas quanto ao valor de pico e valor eficaz (conforme testes realizados durante os
experimentos).
Desta forma, a escolha adequada da freqüência de corte para filtragem permite a remoção
de elementos espúrios inerentes a dados de natureza experimental e não considerados através
desta proposta de modelagem determinística, preservando as características essenciais ao
processo de estimação.
226
CAPÍTULO 8
APLICAÇÃO DOS MODELOS À SIMULAÇÃO DE UM
SISTEMA
227
8 APLICAÇÃO DOS MODELOS À SIMULAÇÃO DE UM
SISTEMA
8.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O capítulo anterior descreveu a seqüência adotada de procedimentos para a primeira etapa
de validação experimental do método de modelagem proposto neste trabalho. Com este
objetivo, o algoritmo de estimação de parâmetros foi aplicado para o processamento de dados
experimentais obtidos a partir de cargas individuais. Dentro do escopo desta análise, as
estruturas de retificação (com diferentes modelos de cargas lineares) implementadas
fisicamente e, adicionalmente, um pequeno conjunto de equipamentos eletrônicos foram
empregados visando à coleta de dados experimentais para estimação.
Conforme já explicitado anteriormente, dentro do conjunto de cargas não-lineares
(estruturas retificadoras) analisadas através da aplicação da estratégia de modelagem proposta,
este trabalho está particularmente voltado para a análise do retificador monofásico em ponte
completa com carga RC e filtro L de entrada, uma vez que representa o modelo
predominantemente empregado na concepção da fonte de alimentação de cargas eletrônicas
monofásicas. Portanto, este modelo de retificador se torna particularmente significativo na
geração de distorção harmônica na rede elétrica na medida em que seus efeitos originam-se a
partir da contribuição aditiva da maior parte das cargas empregadas em ambiente industrial,
comercial e residencial.
Desta forma, tendo em vista a dimensão da distorção harmônica resultante de cargas não-
lineares em um contexto de rede, este capítulo descreve a aplicação do processo de estimação
proposto a partir da coleta de dados de um conjunto de plantas piloto (equipamentos ligados
em um ponto comum). Os ensaios de coleta de dados experimentais foram executados
considerando tensão e corrente de entrada i(t) para plantas monofásicas, bem como tensão em
uma das fases e corrente de neutro i
N
(t) para plantas trifásicas.
228
8.2 CONCEPÇÃO DA PLANTA DE TESTES MONOFÁSICA
A seqüência inicial de validação experimental em nível de rede foi levada a efeito
considerando plantas com alimentação monofásica, conforme a representação da Figura 8.1.
Figura 8.1
Rede monofásica de cargas não-lineares.
O comportamento deste sistema pode ser descrito e analisado de acordo com as
considerações a seguir:
Alimentação: o conjunto de cargas é alimentado a partir de um ponto comum
da rede (ligação em paralelo)
Ponto comum: a corrente do condutor neutro i
N
(t) é a soma das correntes
drenadas por cada equipamento individualmente considerado.
Informação para o processo de estimação: tensão da rede e a corrente i
N
(t).
Desta forma, considerando o emprego de PCs como cargas não-lineares, os ensaios de
coleta de dados experimentai foram aplicados a partir de um conjunto de quatro variações de
carga, conforme descrito na seqüência deste trabalho.
8.2.1 Rede monofásica 1 - 3 Computadores
O primeiro ensaio de coleta de dados em nível de rede a ser apresentado envolve a
conexão em paralelo de três computadores de uso pessoal:
Dois computadores Dell GX150
Um computador Gateway2000 PS-50
229
Conforme pode ser observado, a Figura 8.2 a seguir ilustra a aquisição experimental a
partir de um período de amostragem T
s
= 50 µs. As formas de onda de corrente indicam um
valor de pico aproximado de 7 A.
Figura 8.2
Coleta das formas de onda do osciloscópio.
Na seqüência, a Figura 8.3 apresenta os resultados da estimação a partir da reprodução
aproximada das formas de onda coletadas experimentalmente.
Figura 8.3
Resultados da estimação a partir da reconstrução das formas de onda.
230
Como etapa final de validação, as formas de onda resultantes da estimação são
reproduzidas adicionalmente em ambiente de simulação ATP, conforme esquematizado pela
Figura 8.4.
Figura 8.4
Reprodução das formas de onda em ambiente ATP.
8.2.2 Rede monofásica 2 - 4 Computadores
O segundo ensaio de análise de dados experimentais coletados em nível de rede foi
executado considerando um conjunto de cargas não-lineares iguais: uma rede de quatro
computadores Dell (já analisados individualmente na primeira etapa de validação
experimental). A Figura 8.5 a seguir ilustra as unidades componentes da rede.
Figura 8.5
Experimento com uma rede de cargas não-lineares: computadores Dell.
231
A partir da Figura 8.6, observa-se as formas de onda coletadas através do osciloscópio
onde a corrente de entrada exibe um valor de pico aproximado de 9 A.
Figura 8.6
Coleta das formas de onda do osciloscópio.
A partir das formas de onda coletadas, o consumo da rede foi determinado em
aproximadamente P = 375 W. Por analogia com casos já analisados, a Figura 8.7 compara as
curvas coletadas experimentalmente com as curvas obtidas em ambiente de simulação.
Figura 8.7
Resultados da estimação a partir da reconstrução das formas de onda.
232
Por fim, os valores estimados para os parâmetros físicos da carga foram empregados para
simulação em ambiente ATP e as curvas resultantes são mostradas na Figura 8.8 a seguir.
Figura 8.8 Reprodução das formas de onda em ambiente ATP.
8.2.3 Rede Monofásica 3 - 5 Computadores
Neste ensaio de coleta de dados experimentais, procedeu-se à análise das formas de onda a
partir de uma rede de 5 computadores, segundo os modelos a seguir já empregados em
ensaios anteriores.
Quatro computadores Dell
Um computador Gateway2000
A Figura 8.9 ilustra os dados extraídos do osciloscópio conforme o valor indicado para o
período de amostragem T
s
.
Figura 8.9
Coleta das formas de onda do osciloscópio.
233
O consumo da rede foi determinado em P = 489 W. Conforme pode ser observado através
da Figura 8.10 a seguir, a curvas geradas por simulação reproduzem de forma aproximada os
parâmetros das curvas reais coletadas durante o experimento.
Figura 8.10
Resultados da estimação a partir da reconstrução das formas de onda.
Por fim, as curvas da simulação em ambiente ATP aproximam as curvas coletadas no
experimento, conforme ilustrado pela Figura 8.11 a seguir.
Figura 8.11 Reprodução das formas de onda em ambiente ATP.
234
8.2.4 Rede monofásica 4 - 5 computadores e uma impressora
Para este ensaio final envolvendo redes monofásicas, os dados experimentais foram
coletados a partir de uma rede de 5 computadores e uma impressora, conforme os dados a
seguir.
Quatro computadores Dell
Um computador XP-1
Impressora HP LaserJet 1330
A Figura 8.12 ilustra os dados extraídos do osciloscópio para este ensaio.
Figura 8.12
Coleta das formas de onda do osciloscópio.
Para este último experimento em rede, o consumo foi determinado em aproximadamente P
= 581 W. A Figura 8.13 mostrada na seqüência esquematiza a comparação entre curvas reais e
curvas geradas por simulação, segundo os mesmos parâmetros já aplicados nos ensaios
anteriores.
235
Figura 8.13
Resultados da estimação a partir da reconstrução das formas de onda.
Por fim, a Figura 8.14 exibe a reprodução das formas de onda coletadas em ambiente
ATP.
Figura 8.14
Reprodução das formas de onda em ambiente ATP.
8.2.5 Resultados
Com o objetivo de sintetizar os resultados extraídos a partir dos ensaios descritos acima, a
Tabela 7.1 a seguir reúne o conjunto de dados numéricos resultantes da estimação
(envolvendo cargas ligadas em rede com alimentação monofásica).
236
Tabela 7.1
Síntese de resultados (avaliação de redes de cargas monofásicas).
I
max
(A) I
ef
(A) Fator de Crista FC
REDE
P
(W)
Medido Estim.
Erro
(%)
Medido Estim.
Erro
(%)
Medido Estim.
Erro
(%)
1 292 7,27 7,36 1,2 3,12 3,46 10,9 2,33 2,12 9
2 375 9,08 10,28 13,2 4,01 4,06 1,2 2,26 2,53 12
3 489 11,1 11,1 0,07 5,16 4,43 14,1 2,15 2,5 16,3
4 581 10,93 10,91 0,2 5,6 5,29 5,5 1,95 2,06 5,6
A análise dos dados numéricos indicados acima permite as considerações a seguir:
O primeiro e o terceiro experimentos obtiveram boa precisão na estimação de
I
max
e menor precisão na estimação de I
ef
e FC, o que indica menor nível de
conformidade com as formas de onda reais.
O segundo experimento obteve boa precisão na estimação de I
ef
e menor
precisão na estimação de I
max
e FC, o que indica maior conformidade com o
nível de energia presente na forma de onda real.
O quarto experimento obteve estimações com erro percentual entre 0,2 % e 5,6
%, o que indica a melhor qualidade de estimação para o conjunto de dados
analisados nesta seqüência.
8.3 CONCEPÇÃO DA PLANTA DE TESTES TRIFÁSICA
A seqüência final de validação experimental deste processo de estimação em nível de rede
foi desenvolvida a partir da análise de um conjunto de cargas monofásicas não-lineares
dispostas em estrela e supridas através de alimentação trifásica, conforme esquematizado pela
Figura 8.15.
237
Figura 8.15
Rede trifásica de cargas monofásicas não-lineares.
O comportamento deste sistema pode ser descrito e analisado segundo um conjunto de três
circuitos monofásicos com as características a seguir:
Alimentação: cada circuito é alimentado por uma das tensões de fase: v
a
(t),
v
b
(t) ou v
c
(t).
Ponto comum: a corrente do condutor neutro é a soma das três correntes de
fase: i
N
(t) = i
a
(t) + i
b
(t) + i
c
(t).
Informação para o processo de estimação: tensões de fase e a corrente i
N
(t)
(onde a informação presente em cada tensão de fase é avaliada em conjunto o
segmento de i
N
(t) associado à corrente de fase correspondente).
Desta forma, considerando ainda o emprego de PCs como cargas não-lineares, os ensaios
de coleta de dados experimentais (curvas de tensão de fase e corrente de neutro i
N
(t)) foram
levados a efeito a partir de um conjunto de 5 variações de carga, conforme descrito nas seções
a seguir.
8.3.1 Rede Trifásica 1
O primeiro ensaio de coleta de dados em rede com alimentação trifásica foi concebido
segundo a estrutura esquematizada pela Figura 8.16 e de acordo com uma disposição de
cargas equilibradas com cada carga apresentando a composição a seguir:
Computador Dell modelo Optiplex GX150.
Computador Dell com monitor LG modelo Studioworks 700S.
238
Figura 8.16
Rede trifásica de cargas equilibradas.
Para esta estrutura de cargas equilibradas (e, portanto, com a mesma distribuição de
tensão e corrente), a corrente i
N
(t) apresenta valores de pico aproximadamente iguais e, neste
caso, a estimação de parâmetros pode considerar apenas uma das tensões de fase e o segmento
de corrente da fase correspondente. Através da Figura 8.17, é possível observar as formas de
onda de tensão e corrente resultantes da disposição de cargas ilustrada acima.
Figura 8.17
Formas de onda coletadas do osciloscópio.
239
A Figura 8.18 ilustra o processamento executado através do código de estimação a partir
dos dados coletados, no qual um semiciclo de tensão é representado graficamente junto com o
semiciclo da corrente de fase correspondente. Desta forma, a informação extraída a partir
deste semiciclo é aplicada para a obtenção das formas de onda estimadas.
Figura 8.18
Resultados da estimação a partir da reconstrução das formas de onda.
Os valores eficazes de corrente são dados a seguir:
Corrente i
N
(t) real: I
ef
= 3,4 A (valor medido).
Corrente i
N
(t) estimada: I
ef
= 3,3 A (valor estimado).
As formas de onda resultantes da estimação são representadas em ambiente ATP,
conforme a Figura 8.19.
240
Figura 8.19
Reprodução das formas de onda em ambiente ATP.
Por fim, a Figura 8.20 (também gerada em ATP) demonstra a equivalência entre a corrente
de neutro e a soma dos valores instantâneos das correntes de fase (reproduzidas a partir dos
dados de estimação).
Figura 8.20
Relação entre correntes de fase e corrente de neutro.
241
8.3.2 Rede Trifásica 2
O segundo ensaio de coleta de dados envolvendo a rede trifásica foi executado de acordo
com a ilustração da Figura 8.21 e, desta forma, a estrutura de cargas desequilibradas apresenta
a composição descrita a seguir:
Duas fases com carga similar à empregada no primeiro ensaio
A fase restante desprovida de carga.
Figura 8.21
Rede trifásica de cargas desequilibradas: uma fase sem carga.
Para a estrutura descrita acima, as formas de onda foram experimentalmente coletadas
segundo o ilustrado pela Figura 8.22.
Figura 8.22
Formas de onda coletadas do osciloscópio.
242
Os resultados da estimação das formas de onda (segundo o mesmo algoritmo de
processamento empregado no experimento da seção anterior) estão ilustrados a partir da
Figura 8.23 a seguir.
Figura 8.23
Resultados da estimação a partir da reconstrução das formas de onda.
Os valores eficazes de corrente são dados a seguir:
Corrente i
N
(t) real: I
ef
= 2,89 A (valor medido).
Corrente i
N
(t) estimada: I
ef
= 2,64 A (valor estimado).
Como informação adicional, as formas de onda geradas pela estimação são representadas
em ambiente ATP, conforme a Figura 8.24.
243
Figura 8.24
Reprodução das formas de onda em ambiente ATP.
Por fim, a Figura 8.25 demonstra tamm para este caso analisado a equivalência
existente entre a corrente de neutro e a soma dos valores instantâneos das duas correntes de
fase atuantes.
Figura 8.25
Relação entre correntes de fase e corrente de neutro.
8.3.3 Rede Trifásica 3
O terceiro ensaio de coleta de dados foi executado em conformidade com o esquema da
Figura 8.26 e, desta forma, a estrutura de cargas desequilibradas apresenta a composição a
seguir:
Duas fases com carga similar à empregada no primeiro ensaio.
Uma fase com um computador Dell (já empregado em medições anteriores).
244
Figura 8.26
Rede trifásica de cargas desequilibradas: uma fase com carga diferente.
Para este terceiro ensaio, as formas de onda estão ilustradas a partir da Figura 8.27.
Figura 8.27
Formas de onda coletadas do osciloscópio.
A Figura 8.28 ilustra os resultados de estimação das formas de onda.
245
Figura 8.28
Resultados da estimação a partir da reconstrução das formas de onda.
Uma vez que este ensaio apresenta duas fases com cargas distintas, os resultados
apresentados pela Figura 8.28 consideram unicamente os dados presentes na fase em que este
ensaio difere do primeiro ensaio apresentado (fase com carga ainda não analisada). Desta
forma, a informação relativa à fase restante (já analisada) pode ser retirada a partir dos ensaios
anteriores. Como resultado, os valores eficazes de corrente são dados a seguir:
Corrente i
N
(t) real: I
ef
= 3 A (valor medido).
Corrente i
N
(t) estimada: I
ef
= 2,85 A (valor estimado).
Os resultados finais de estimação das formas de onda são apresentados a partir de
simulação em ATP, conforme a Figura 8.29.
246
Figura 8.29
Reprodução das formas de onda em ambiente ATP.
Por fim, a Figura 8.30 demonstra novamente que a soma dos valores instantâneos das
correntes de fase (reproduzidas por simulação em ATP a partir dos dados de estimação)
resulta na corrente de neutro do sistema trifásico.
Figura 8.30
Relação entre correntes de fase e corrente de neutro.
247
8.3.4 Rede Trifásica 4
O quarto ensaio de coleta de dados está esquematizado pela Figura 8.31 e, como resultado,
a estrutura de cargas desequilibradas tem a seguinte composição:
Uma fase com carga similar à empregada no primeiro ensaio.
Duas fases com um computador Dell.
Figura 8.31
Rede trifásica de cargas desequilibradas: uma fase com carga diferente.
As formas de onda correspondentes a este ensaio estão representadas através da Figura
8.32.
Figura 8.32
Formas de onda coletadas do osciloscópio.
248
Uma vez que este experimento consiste de uma combinação alternativa de cargas já
analisadas nos experimentos anteriores, a informação de estimação de parâmetros necessária à
composição das formas estimadas pode ser extraída a partir dos dados já analisados. Desta
forma, os valores eficazes de corrente são dados a seguir:
Corrente i
N
(t) real: I
ef
= 2,39 A (valor medido).
Corrente i
N
(t) estimada: I
ef
= 2,42 A (valor estimado).
Figura 8.33 ilustra a reprodução das formas de onda analisadas em ambiente ATP.
Figura 8.33
Reprodução das formas de onda em ambiente ATP.
Como ilustração final para este ensaio, a Figura 8.34 estabelece a relação entre correntes
de fase e corrente de neutro do sistema trifásico analisado.
Figura 8.34
Relação entre correntes de fase e corrente de neutro.
249
8.3.5 Rede Trifásica 5
O quinto e último ensaio de coleta de dados foi conduzido segundo o esquema da Figura
8.35, a partir da qual a seguinte estrutura de cargas desequilibradas pode ser verificada:
Uma fase com carga similar à empregada no primeiro ensaio.
Uma fase com um computador Dell.
Uma fase desprovida de carga.
Figura 8.35
Rede trifásica de cargas desequilibradas: duas cargas diferentes e uma fase
sem carga.
As formas de onda associadas a este último ensaio são mostrados pela da Figura 8.36 a
seguir.
Figura 8.36
Formas de onda coletadas do osciloscópio.
250
Por analogia com os experimentos 3 e 4, os dados de estimação para este experimento
podem ser extraídos a partir de análises anteriores (com experimentos formados por uma
combinação alternativa de cargas similares). Como resultado, os valores eficazes de corrente
são dados a seguir.
Corrente i
N
(t) real: I
ef
= 2,15 A (valor medido).
Corrente i
N
(t) estimada: I
ef
= 2,17 A (valor estimado).
Por fim, as formas de onda resultantes do processo de estimação são apresentadas a partir
da Figura 8.37.
Figura 8.37
Reprodução das formas de onda em ambiente ATP.
Para este último ensaio envolvendo sistemas trifásicos (e por analogia com os ensaios
anteriormente descritos), a Figura 8.38 representa a relação entre a corrente de neutro e as
correntes de fase ativas.
Figura 8.38
Relação entre correntes de fase e corrente de neutro.
251
8.3.6 Resultados
A Tabela 7.2 a seguir exibe a síntese final de valores dos parâmetros estimados a partir da
montagem de plantas trifásicas. Os percentuais de erro verificados a partir dos dados de
estimação indicam a adequação da informação resultante para a sua aplicação na análise dos
sistemas elétricos considerados.
Tabela 7.2
Síntese de resultados (avaliação de redes de cargas monofásicas).
I
ef
(A)
REDE
Medido Estim.
Erro
(%)
1 3,4 3,3 2,9
2 2,89 2,64 8,7
3 3 2,85 5
4 2,39 2,42 1,3
5 2,15 2,17 0,9
8.4 CONCLUSÃO
Este capítulo sintetizou os resultados oriundos da etapa final de validação experimental do
método de modelagem e estimação de parâmetros proposto neste trabalho. Desta forma, a
partir da descrição de uma proposta de modelagem de determinadas estruturas de cargas não-
lineares (detalhada nos capítulos acima), buscou-se uma validação do processo a partir de
duas etapas.
A etapa inicial (descrita no capítulo 6) foi levada a efeito a partir da coleta de dados
determinísticos gerados em ambiente de simulação a partir da reprodução das topologias de
cargas não-lineares consideradas no capítulo 4 (Análise Qualitativa). A partir dos dados
coletados por simulação, a natureza determinística do processo de estimação de parâmetros
desenvolvido no capítulo 5 através de modelos físicos dinâmicos (expressos por equações
dinâmicas lineares) conduziu a resultados com um grau de precisão significativo.
Por fim, a execução da etapa final de validação conduziu a aplicação do processo a partir
de dados coletados experimentalmente e, portanto, uma vez finalizada a análise de dados
extraídos de cargas individualmente consideradas (etapa descrita no capítulo anterior), este
capítulo sumarizou os dados resultantes da análise de cargas dispostas a partir de conexão em
rede.
252
O primeiro conjunto de ensaios foi executado considerando redes com alimentação
monofásica. Verificou-se que a composição da rede segundo cargas similares (equipamentos
eletrônicos iguais) gera formas de onda com características mais regulares (a exemplo do que
ocorre com cargas individuais) e, como resultado, se obtém uma maior proximidade da forma
de onda estimada em relação à forma de onda real. A partir de redes com cargas distintas,
observa-se que a forma de onda estimada permite uma boa reprodução de características da
forma de onda real quanto ao valor de pico e ao valor eficaz mas, em função de diferenças nas
características geométricas, pode apresentar um maior erro na estimação do fator de crista (e,
portanto, na forma de onda estimada).
O segundo e último conjunto de ensaios foi levado a efeito a partir de redes de cargas
monofásicas com alimentação trifásica. Desta forma, a partir da aplicação das cargas (já
consideradas em ensaios anteriores) para a concepção de uma planta trifásica, foi possível
observar a influência dos elementos não-lineares sobre as correntes de neutro da instalação.
Em oposição ao que ocorre em sistemas trifásicos com cargas lineares onde as correntes de
fase se cancelam no condutor de neutro, sistemas trifásicos com cargas não-lineares
apresentam correntes de fase com distorção harmônica que se somam neste condutor e podem
conduzir a efeitos característicos desta natureza de sobrecarga de corrente: sobreaquecimento
de condutores, falha em instrumentos de medição bem como operação irregular ou
danificação de equipamentos em função da sobre tensão de ressonância gerada pelo conteúdo
harmônico circulante. Tais apontamentos, conforme já mencionado no capítulo 2 deste
trabalho, conduzem à necessidade de um sobredimensionamento dos condutores da
instalação.
A partir da coleta de dados de tensão e corrente de neutro, durante a análise de sistemas
trifásicos não-lineares, o método de modelagem proposto neste trabalho permitiu a estimação
das correntes de fase e a conseqüente reconstrução da corrente de neutro viabilizando a
análise de parâmetros necessários ao dimensionamento requerido para os condutores do
sistema. De acordo com [33], condutores de um sistema elétrico podem ser dimensionados
segundo critérios como capacidade de condução de corrente, queda de tensão, proteção contra
correntes de sobrecarga, proteção contra correntes de curto-circuito, seções dos condutores
neutro e de proteção, proteção contra contatos indiretos, entre outros.
253
CAPÍTULO 9
CONCLUSÕES
254
9 CONCLUSÕES
A proposta de modelagem desenvolvida neste trabalho visa à aplicação de um método
não-invasivo desenvolvido no domínio do tempo e que envolve reduzido esforço
computacional para a estimação de parâmetros relacionados às topologias de cargas lineares e
não-lineares presentes em uma instalação elétrica. Através dos dados gerados pela mesma, o
efeito da carga conectada a uma dada instalação poderá ser reproduzido por meio de
simuladores comerciais permitindo o uso de parâmetros de desempenho para a quantificação
dos níveis de distorção harmônica presentes. Desta forma, o desenvolvimento da proposta
sintetizada segundo as considerações acima foi descrito a partir da seqüência de capítulos a
seguir.
O capítulo 1, conforme já considerado, discorreu acerca de aspectos diversos relacionados
ao tema de qualidade de energia enfatizando sua definição, aspectos históricos, normalização,
organização do setor elétrico nacional e linhas de pesquisa relacionadas ao tema deste
trabalho.
O capítulo 2 desenvolveu o conceito de qualidade de energia elétrica à luz da diversidade
de perturbações da rede elétrica (explicitando causas e efeitos a partir da ação de agentes
internos e externos à própria rede) e, por fim, conduziu as considerações finais à análise da
distorção harmônica (como modalidade em particular pertencente à classe de perturbações da
forma de onda) estabelecendo sua relação com a fonte geradora a ser analisada neste trabalho:
a ação de cargas não-lineares conectadas à rede.
Dentro do conjunto de cargas não-lineares em uso, o objetivo do trabalho foi estabelecido
em torno da análise de estruturas retificadoras e, em particular, da topologia monofásica em
ponte completa com carga RC e filtro indutivo L de entrada, uma vez que representa a
estrutura predominantemente empregada na concepção do módulo de potência como fonte de
alimentação dos equipamentos eletrônicos em uso e, como conseqüência, é responsável pelo
processamento (retificação) de grande parte da energia consumida na atualidade a partir dos
níveis tensão de distribuição.
O capítulo 3 representou a primeira etapa de exposição de conceitos empregados na
estratégia de modelagem descrita nos capítulos seguintes. Com o objetivo de explicitar a base
conceitual utilizada, procedeu-se inicialmente à apresentação de um conceito geral de modelo
e de práticas de modelagem, destacando-se a forma particular pela qual a modelagem
proposta se insere neste contexto (na condição de modelagem matemática de natureza física
255
ou fenomenológica e, portanto, expressa por equações onde cada parâmetro apresenta um
significado físico definido).
Na seqüência de exposição de conceitos, a classificação geral dos modelos e práticas de
modelagem permitiu a particularização do tipo de modelo empregado. Segundo a estratégia de
análise proposta, modelos lineares de natureza contínua são representados de uma forma
aproximada através de modelos lineares discretos (e que, portanto, são representativos de
sistemas discretos) cuja estrutura se mostra adequada ou mesmo necessária ao processamento
de dados gerados externamente e, portanto, de natureza discreta (a exemplo de dados
representativos de curvas formadas por N pontos amostrados segundo um dado período de
amostragem T
s
).
Para tanto, procedeu-se à descrição de ferramentas matemáticas como aproximações
analógico-discretas (para o mapeamento de pontos do espaço contínuo em um conjunto de
pontos do plano discreto) e técnicas de solução de sistemas lineares sobredeterminados.
Uma vez particularizado o objetivo do trabalho a partir da análise de estruturas
retificadoras (como os circuitos de potência predominantes no conjunto de cargas não-lineares
ligadas à rede, conforme considerado no capítulo 2), o capítulo 4 dá seqüência a esta
abordagem a partir da descrição da estrutura e da forma de operação das topologias de
retificação empregadas em níveis de potência mais significativos: topologia em ponte
completa (nas versões monofásica e trifásica com diferentes tipos de carga linear) e topologia
do retificador trifásico em ponto médio (com carga RC e filtro indutivo L de entrada). Desta
forma, estabeleceu-se a estratégia geral de representação dos sistemas físicos em análise (na
condição de cargas inerentemente não-lineares) cuja dinâmica não-linear pode ser expressa
através de modelos dinâmicos lineares aplicáveis segundo os intervalos de operação linear,
conforme o método clássicamente empregado na análise de circuitos não-lineares de potência.
O capítulo 5 aplicou os conceitos de modelagem apresentados no capítulo 3 às topologias
lineares explicitadas no capítulo 4 (representativas, conforme já considerado, de circuitos não-
lineares segundo condições particulares de operação) e, como resultado, obteve-se um
conjunto de expressões algébricas para estimação de parâmetros físicos das estruturas
retificadoras (componentes R, L e C) a partir de modelos dinâmicos discretos adequados à
descrição de dados amostrados.
Uma vez apresentada a plataforma para a implementação dos modelos em ambiente
computacional (a partir do Matlab versão 6.0), o capítulo 6 descreve os procedimentos iniciais
de validação dos modelos a partir de dados gerados por simulação. Desta forma, verificou-se
256
a adequação da modelagem determinística para dados gerados por simulação a partir de
resultados de estimação com reduzido erro percentual (elevado grau de precisão).
O capítulo 7 descreve a primeira etapa de validação experimental onde a mesma análise
apresentada no capítulo 6 é estendida a curvas de tensão e corrente obtidas
experimentalmente. Para tanto, curvas extraídas através do osciloscópio a partir de cargas
individuais (retificadores construídos em ambiente de laboratório e equipamentos eletrônicos)
foram submetidas ao mesmo processo de estimação. Para a análise de retificadores montados
em laboratório, os dados resultantes foram confrontados com os valores reais a partir de
tabelas similares às apresentadas na etapa de simulação. Para a análise de equipamentos
eletrônicos (cargas com parâmetros desconhecidos), os valores resultantes da estimação foram
empregados para a reprodução das curvas de tensão e corrente coletadas em simulação através
do software ATP.
Por fim, o capítulo 8 sumarizou os resultados da aplicação desta estratégia de modelagem
a conjuntos de cargas ligadas a um ponto comum de conexão à rede. Desta forma, foram
executadas duas seqüências de ensaios de obtenção de curvas experimentais:
O primeiro conjunto de ensaios foi concebido dentro do contexto de sistemas monofásicos
e, desta forma, procedeu-se à análise das estruturas a seguir:
Rede de 2 computadores
Rede de 4 computadores
Rede de 5 computadores
Rede de 5 computadores e impressora
O segundo e último conjunto de ensaios contemplou a análise de sistemas com
alimentação trifásica e, como resultado, foram consideradas as estruturas descritas a seguir:
Uma rede com pares iguais de computadores por fase (cargas equilibradas).
Redes com 4 arranjos distintos de computadores por fase (cargas
desequilibradas)
A reconstrução das formas de onda coletadas por meio de ambiente de simulação foi
avaliada segundo três parâmetros distintos:
Corrente máxima I
max
(que informa a magnitude das formas de onda).
257
Corrente eficaz I
ef
(que informa o nível de energia presente nas formas de
onda).
Fator de Crista FC (que, a partir da relação dos fatores acima, informa o grau
de distorção harmônica nas formas de onda).
Segundo os objetivos deste trabalho, o último conjunto de ensaios foi de particular
significado uma vez que permitiu a avaliação e dimensionamento dos efeitos da distorção
harmônica gerada por cargas não-lineares sobre sistemas com alimentação trifásica a partir da
análise da corrente elétrica que circula pelo condutor neutro da instalação.
Desta forma, em um sistema trifásico provido de cargas lineares, a defasagem existente
entre as correntes de fase puramente senoidais gera o cancelamento das mesmas no condutor
de neutro que, como conseqüência, pode ser dimensionado segundo critérios similares aos
aplicados para os condutores de fase. Em contrapartida, a distorção harmônica resultante de
cargas não-lineares em sistemas trifásicos altera as características geométricas das correntes
de fase e elimina o cancelamento no condutor de neutro, cuja corrente corresponderá à soma
das fases. Como resultado desta sobrecarga no condutor de neutro (característica de sistemas
com distorção harmônica), verifica-se a necessidade de um critério para o seu adequado
sobredimensionamento.
Ao longo do desenvolvimento desta proposta de modelagem, cogitou-se da aplicação de
técnicas alternativas. De acordo com [35], a modelagem de cargas não-lineares em sistemas
de distribuição é realizada a partir de recursos como regressão linear, aproximação
hiperbólica, séries de potências, sistemas fuzzy e redes neurais.
Em oposição ao método aplicado, ferramentas de modelagem não-linear como redes
neurais permitem o aproveitamento integral dos dados presentes em um ciclo de rede e não
apenas do intervalo de operação linear, o que torna possível a retirada de informação presente
no intervalo de não condução do circuito. O alcance desta ferramenta para modelagens desta
natureza deverá ser avaliado em implementações futuras.
Como mais um recurso de modelagem não-linear, ferramentas de modelagem empírica
(que, conforme as definições do capítulo 3, consistem de equações não baseadas na física do
processo descrito) permitem a descrição da relação não-linear entre as curvas de tensão e
corrente dos sistemas analisados e, no entanto, são parametrizadas por meio de grandezas sem
significado físico relevante para estimação. Trata-se, portanto de uma proposta que pode ser
258
aplicada para a predição de curvas e que, todavia, não é adequada para estimação de
parâmetros físicos.
Convém acrescentar ainda que, uma vez validada a eficácia do processo de estimação para
dados de simulação, verificou-se que, em função de suas características determinísticas, havia
um comprometimento de precisão para dados experimentais contaminados pela presença de
um elemento adicional não modelado através das equações: o ruído da rede. O esforço para
contornar esta dificuldade resultou em duas implementações distintas:
Estimação a partir de modelagem estocástica através de um algoritmo para a
estimação recursiva do ruído presente nos dados durante a solução do sistema
linear (solução que corresponde à parametrização do ruído nas equações).
Filtragem digital (solução aplicada neste trabalho e que corresponde à remoção
parcial do ruído dos dados experimentais permitindo a aplicação das equações
determinísticas do processo).
Os resultados parciais deste estudo sintetizados através de [36] e já validados
experimentalmente foram submetidos e aceitos para integrar o conjunto de trabalhos da
edição 2007 do International Symposium on Industrial Electronics (ISIE 2007). Esta nova
edição do congresso ocorreu na cidade de Vigo, Espanha no período de 4 a 7 de junho. Estes
resultados foram submetidos ainda à edição 2007 do Congresso Brasileiro de Eletrônica de
Potência
(COBEP 2007) através de [37]. Esta 9ª edição do COBEP ocorreu na cidade de
Blumenau, Santa Catarina no período de 30 de setembro a 4 de outubro.
Os resultados parciais deste estudo sintetizados através deste documento e já validados
experimentalmente foram submetidos e aceitos para integrar o conjunto de trabalhos da
edição 2007 do International Symposium on Industrial Electronics (ISIE 2007) por meio de
um artigo intitulado: “Nonlinear Loads Parameters Estimation and Modeling”. Esta nova
edição do congresso ocorreu na cidade de Vigo, Espanha no período de 4 a 7 de junho. Foram
submetidos ainda à edição 2007 do Congresso Brasileiro de Eletrônica de Potência
(COBEP
2007
) por meio de um trabalho intitulado “Estimating and Modeling Nonlinear Load
Parameters”. Esta 9ª edição do COBEP ocorreu na cidade de Blumenau, Santa Catarina no
período de 30 de setembro a 4 de outubro.
As perspectivas ou possibilidades advindas deste estudo em fase de aperfeiçoamento
apontam para a definição de critérios e métodos mais apurados para a aquisição e tratamento
de dados experimentais e avaliação dos parâmetros estimados.
259
Por fim, dentro do contexto global de avaliação do impacto de cargas não-lineares ou
eletrônicas sobre a qualidade de energia fornecida pela rede, o mesmo processo poderá ser
aplicado a outras topologias e mesmo novas propostas de estimação ainda não cogitadas
poderão ser avaliadas, implementadas e validadas a posteriori.
260
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Estimating and Modeling Nonlinear Load Parameters, Souza, R. N. S.; Coutinho,
D.F.; Dos Reis, F. S.; Ribeiro, P. F.;
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