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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DISTÚRBIOS DA
COMUNICAÇÃO HUMANA
ESTUDO DOS DESVIOS DE FALA EM
PRÉ-ESCOLARES DE ESCOLAS PÚBLICAS
ESTADUAIS DE SANTA MARIA – RS
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Maísa Tatiana Casarin
Santa Maria, RS, Brasil
2006
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ESTUDO DOS DESVIOS DE FALA EM
PRÉ-ESCOLARES DE ESCOLAS PÚBLICAS ESTADUAIS
DE SANTA MARIA – RS
por
Maísa Tatiana Casarin
Dissertação apresentada ao curso de Mestrado do Programa de
Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação Humana,
Área de Concentração em Linguagem Oral e Escrita, da Universidade
Federal de Santa Maria (UFSM, RS),
como requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Distúrbios da Comunicação Humana
Orientadora: Profa. Dra. Márcia Keske-Soares
Co-Orientadora: Profa. Dra. Helena Bolli Mota
Santa Maria, RS, Brasil
2006
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Índice para o catálogo sistemático:
1. Desvios da fala
81’271.14
2. Uso da língua 81’27
3. Educação infantil 37.046.12
4. Comunicação oral 808.51
5. Fonética –
Fonologia 81’34
Catalogação na fonte elaborada pela bibliotecária
Kátia Stefani
CRB 10/1683
C336e Casarin, Maísa Tatiana
Estudo dos desvios de fala em pré-escolares de escolas
públicas estaduais de Santa Maria - RS / Maísa Tatiana
Casarin. Santa Maria, 2006.
114 f. : il. ; 30 cm.
Dissertação (Mestrado) Universidade Federal de
Santa Maria, Programa de Pós-Graduação em Distúrbios
da Comunicação Humana, 2006.
“Orientação: Profª. Drª. Márcia Keske-Soares”.
1. Desvios da fala. 2. Uso da língua. 3. Educação
infantil. 4. Comunicação oral. 5. Fonética Fonologia.
I.Título.
CDU 81’271.14
Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Ciências da Saúde
Programa de Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação
Humana
A Comissão Examinadora, abaixo assinada,
aprova a Dissertação de Mestrado
ESTUDO DOS DESVIOS DE FALA EM PRÉ-ESCOLARES DE
ESCOLAS PÚBLICAS ESTADUAIS DE SANTA MARIA – RS
elaborada por
Maísa Tatiana Casarin
como requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Distúrbios da Comunicação Humana
COMISSÃO EXAMINADORA:
Márcia Keske-Soares, Dra.
(Presidente/Orientadora)
Regina Ritter Lamprecht, Dra. (PUCRS)
Carolina Lisbôa Mezzono, Dra. (UFSM)
Santa Maria, 30 de março de 2006.
Dedico esta dissertação à minha família,
por tudo, e ao André, pelo amor,
compreensão e ajuda.
AGRADECIMENTOS
À Profa. Dr. Márcia Keske-Soares, por sua dedicada orientação, pela
disponibilidade em todos os momentos que precisei, pelo incentivo e competência
profissional. Meu reconhecimento e gratidão.
À Profa. Dr. Helena Bolli-Mota, pela co-orientação neste trabalho e também
pelo apoio e incentivo dados a mim desde a graduação acadêmica.
À Coordenação, professores e funcionários do Programa de Pós-Graduação
em Distúrbios da Comunicação Humana, pela oportunidade de concretizar esta
formação.
À Gigiane Gindri, grande amiga, pela paciência e companheirismo constante.
Aos funcionários do Serviço de Atendimento Fonoaudiológico (SAF-UFSM),
que sempre auxiliaram no que foi preciso.
Aos alunos do Curso de Fonoaudiologia da UFSM: Ana Carolina F. de
Mendonça, Caroline Marini, Cíntia Blini, Danúbia E. Weber, Fernanda S. Aurélio,
Franciele da T. Flores, Gisiane Conterno, Janaína S. Baesso, Jean C. Longhi, Karina
C. Pagliarin, Mardônia A. Checalin, Maria Rita L. Ghisleni, Marizete I. Ceron, Márcia
L. Athayde, Michele Vares, Roberta Dias, Sinéia N. dos Santos, Vanessa Giacchini,
Shana L. Santos e às alunas do Curso de Pós Graduação em Distúrbios da
Comunicação Humana: Ana Paula S. da Silva, Joana Balardin, Leisa Danieli, Maria
das Graças de C. M. Filha. O auxílio de cada um durante a coleta de dados permitiu
que este trabalho fosse realizado. Agradeço a dedicação e o empenho de todos.
Aos sujeitos desta pesquisa e seus familiares, pela confiança e disponibilidade,
sem as quais este trabalho não seria possível.
Aos familiares e amigos que acompanharam e participaram desta jornada e
compreenderam os momentos de ausência.
RESUMO
Dissertação de Mestrado
Programa de Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação Humana
Universidade Federal de Santa Maria, RS, Brasil
ESTUDO DOS DESVIOS DE FALA EM PRÉ-ESCOLARES DE ESCOLAS
PÚBLICAS ESTADUAIS DE SANTA MARIA-RS
AUTORA: MAÍSA TATIANA CASARIN
ORIENTADORA: MÁRCIA KESKE-SOARES
CO-ORIENTADORA: HELENA BOLLI MOTA
Data e Local da Defesa: Santa Maria, 30 de março de 2006.
Este estudo teve por objetivos estimar a prevalência de desvio de fala em uma amostra de
pré-escolares de escolas públicas, verificar a prevalência do desvio quanto ao sexo,
classificar os desvios quanto ao tipo e à severidade, verificar se em crianças com desvios
fonológicos há presença de atraso na aquisição da linguagem, caracterizar o inventário
fonético e o sistema fonológico e verificar quais os fonemas mais alterados. A amostra foi
formada por 91 sujeitos, de ambos os sexos, com idades entre 5:7 e 7:5. Todos foram
submetidos às avaliações fonoaudiológicas e fonológica, realizadas para determinar o tipo e
o grau de severidade do desvio de fala, bem como o inventário fotico e o sistema
fonológico. Para análise estatística, foram utilizados o Teste Qui-quadrado, a análise de
variância, o teste Kruskal-Wallis e o teste t, com nível de significância de 5% (p<0,05). Os
dados foram submetidos ao software SPSS 8.0. Dos 91 sujeitos, 46 (70,3%) apresentaram
fala com desvio, e os outros 27 (29,7%) apresentaram aquisição de fala normalizada
(GAFN). Ao considerar os resultados obtidos por tipo de desvio, a prevalência foi de 18,55%
para os desvios fonológicos (GDFo), 2,10% para o desvio fonético (GDFe) e 5,24% para o
desvio fonológico-fonético (GDFoFe). Não foi constatada associação entre atraso no
processo de aquisição da linguagem e tipo de desvio. Verificou-se associação
estatisticamente significativa entre o sexo masculino e o grupo com desvio de fala, o sexo
feminino e GAFN, o GDFe e a postura alterada de língua, o GDFo e inventário fonético
incompleto, o GAFN e o inventário fonético completo, o GDFo e sistema fonológico alterado
e os GDFe e GAFN e o sistema fonológico adequado. Os sons com maior número de
omissões no inventário fonético foram: / /, /z/, /r/, / / e /g/ no GDFo, e /r/, /g/, /z/, / / e / / no
GDFoFe. Os grupos GDFe e GAFN apresentaram PCC significativamente maior que o do
GDFoFe. Os fonemas com mais alterações no sistema fonológico foram: /r/, / /, / / / / e /z/
no GDFo, e / /, / /, /r/, /g/ no GDFoFe. Em ambos os grupos, a maioria dos sujeitos
apresentou dificuldades com o onset complexo, com apagamento das líquidas /r/ e /l/.
Quanto aos traços distintivos, foi verificado que os GDFo e o GDFoFe apresentaram mero
de traços alterados estatisticamente significativo e maior que o GAFN e que os traços mais
alterados foram [+voz] [-voz], [-ant] [+ant], [+cont] [-cont], [-voc] [+voc], no GDFo, e
[-ant] [+ant], [+voz] [-voz], [+ant] [-ant], no GDFoFe. Conclui-se, dessa forma, que há
alta prevalência de desvios de fala em pré-escolares na população estudada, e quanto
maior o número de sons ausentes no inventário fonético, maior pode ser a severidade do
desvio. Além disso; o maior número de alterações na classe das fricativas e líquidas sugere
que os sujeitos com desvios fonológico ou fonológico-fonético utilizam estratégias
semelhantes, embora o idênticas, às das crianças com desenvolvimento fonológico
adequado, pois essas classes de fonemas são, de acordo com a literatura consultada, as
últimas a serem adquiridas.
Palavras-chaves: desvio de fala, desvio fonológico, desvio fonético,
prevalência, pré-escolares.
ABSTRACT
Master’s degree dissertation
Post-Graduation Program in Human Communication Disorders
Universidade federal de Santa Maria, RS, Brazil
STUDY OF SPEECH DISORDER IN CHILDREN OF PUBLIC
PRE-SCHOOL IN SANTA MARIA-RS
AUTHOR: MAÍSA TATIANA CASARIN
MAIN SUPERVISOR: MÁRCIA KESKE-SOARES
OTHER SUPERVISOR: HELENA BOLLI MOTA
Place and date of public presentation: Santa Maria, March 30th, 2006.
This study aimed to estimate the prevalence of speech disorder in a sample of children from
a public state school, verify the prevalence of disorder in according to sex; classify the
deviation according to type and severity; verify the occurrence of delay in language
acquisition in children with phonological disorder; characterize the phonetic inventory and the
phonological system of this sample, and verify which the most altered phonemes are. The
sample was composed of 91 subjects of both sex, ranging from 5:7 and 7:5. All of them were
submitted to speech-language evaluations and phonological assessments that were applied
to determine the type and degree of severity of speech disorder as well as the phonetic
inventory and the phonological system. For the statistical analysis Qui-Quadrado Test,
Variance analysis, t-test and Kruskal-Wallis were used, with level of significance of 5%
(p<0,05). Analyses were developed using SPSS 8.0 software. Amongst the 91 subjects 46
(70,3%) had speech disorder and the 27 other (29,7%) presented appropriate speech
acquisition (GAFN). Considering the obtained on deviation type, the prevalence was of
18,55% for phonological deviation (GDFo), 2,10% for phonetic deviation (GDFe) and of
5,24% for phonological-phonetic deviation (GDFoFe). Association between delay in language
acquisition process and the disorder type was not observed. It was noticed significant
statistic association between: masculine gender and the group with speech disorder; the
feminine gender and GAFN; GDFe and the tongue altered posture; GDFo and the
incomplete phonetic inventory; GAFN and the complete phonetic inventory; GDFo and
phonological system altered; GDFe and GAFN and the appropriate phonological system. The
sounds with highest omission in the inventory were: / /, /z/, /r/, / / and /g/ for GDFo; and /r/,
/g/, /z/, / / and / for GDFoFe. The groups GDFe and GAFN presented PCC significantly
higher than GDFoFe. The phonemes with most alterations in the phonological system were:
/r/, / /, / / / / and /z/ for GDFo and / /, / /, /r/, /g/ for GDFoFe. In both groups, the majority of
subjects presented difficulties with the complex onset, and with the erasure of the rhotic
consonants /r/ e /l/. As for the distinctive features it was verified that: GDFo and GDFoFe
presented significant statistically altered number of features, more than GAFN; the most
altered features for: [+voz] -voz], [-ant] [+ant], [+cont] [-cont], [-voc] [+voc] in GDFo
and [-ant] [+ant], [+voz] [-voz], [+ant] [-ant] in GDFoFe. Therefore, this research
shows that there is high prevalence on speech deviation/disorder in the group of pre-
schoolers studied, and that the larger the number of missing sounds in the phonetic inventory
the higher the disorder severity. Furthermore, the high number of alterations in the fricative
class and the rhotic consonants suggest that the subjects who present phonological or
phonological-phonetic disorders/deviations adopt similar strategies, however not identical to
the ones used by children with appropriate phonological development because these classes
of phonemes are, according to literature, the last to be acquired.
Palavras-chaves: speech disorder, phonological deviation, phonetic deviation,
prevalence, pre-school.
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - Distrib
uição da amostra quanto à variável sexo e a presença ou
ausência de desvio de fala...........................................................
48
TABELA 2 -
Distribuição da amostra quanto à variável sexo e o tipo de
desvio...........................................................................................
49
TABELA 3 - Distribuição da amostra quanto à variável faixa etária.................
49
TABELA 4 - Distribuição da amostra quanto à média de idade por grupo.......
50
TABELA 5 - Distribuição d
a amostra quanto à ocorrência de atraso na
aquisição da linguagem.................................................................
51
TABELA 6 - Distribuição da amostra quanto à ocorrência de otites.................
52
TABELA 7 - Distribuição da amostr
a quanto à ocorrência de gagueira
durante o período de aquisição da linguagem..............................
53
TABELA 8 -
Distribuição da amostra quanto à presença ou ausência de
trocas na fala, relatada pelos pais no momento da anamnese.....
54
TABELA 9-
Distribuição da amostra quanto aos antecedentes familiares
com trocas de fala.........................................................................
54
TABELA 10 -
Distribuição da amostra quanto aos antecedentes familiares
com gagueira.................................................................................
55
TABELA 11 -
Distribuição da amostra quanto aos antecedentes familiares
com dificuldade de aprendizagem........................................... .....
55
TABELA 12 - Distribuição da amostra quanto ao uso atual da chupeta.............
56
TABELA 13 - Distribuição da amostra quanto ao uso atual da mamadeira .......
57
TABELA 14 - Distribuição da amostra quanto à postura de lábios.....................
57
TABELA 15 - Distribuição da amostra quanto à tonicidade de bios.................
58
TABELA 16 - Distribuição da amostra quanto à mobilidade de lábios................
58
TABELA 17 - Distribuição da amostra quanto à postura de língua.....................
59
TABELA 18 - Distribuição da amostra quanto à tonicidade de língua ................
60
8
TABELA 19 - Distribuição da amostra quanto à mobilidade de língua ...............
60
TABELA 20 - Distribuição da amostra quanto ao frênulo lingual .......................
61
TABELA 21 - Distribuição da amostra quanto ao aspecto do palato duro .........
62
TABELA 22 - Distribuição da amostra quanto à oclusão....................................
63
TABELA 23 - Distribuição da amostra quanto à mordida ...................................
63
TABELA 24 - Distribuição da amostra quanto à respiração ...............................
64
TABELA 25 -
Distribuição da amostra quanto à presença ou ausência de
alergias respiratórias, relatada pelos pais.....................................
65
TABELA 26 - Distribuição da amostra quanto à deglutição................................
66
TABELA 27 - Distribuição da amostra quanto à sucção.....................................
67
TABELA 28 - Distribuição da amostra quanto à mastigação .............................
67
TABELA 29 - Distribuição da amostra quanto ao inventário fonético ................
68
TABELA 30 -
Distribuição da amostra quanto ao número de sons presentes
no inventário fonético....................................................................
69
TABELA 31 - Distribuição da amostra quanto aos índices de PCC ...................
75
TABELA 32 - Distribuição da amostra quanto ao sistema fonológico.................
79
TABELA 33 - Número de traços distintivos alterados por grupo.........................
86
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
GRÁFICO 1 - Percentual de sujeitos com desvio de fala.............................. 44
GRÁFICO 2 - Caracterização dos Grupos..................................................... 45
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 - O inventário fonético dos sujeitos do GDFo.................................. 70
QUADRO 2 - O inventário fonético dos sujeitos do GDFe.................................. 71
QUADRO 3 - O inventário fonético dos sujeitos do GDFoFe.............................. 72
QUADRO 4 - O inventário fonético dos sujeitos do GAFN.................................. 73
QUADRO 5 -
Descrição dos sons ausentes no inventário fonético, índice de PCC
e classificação do grau de severidade do desvio,
GDFo..............................................................................................
76
QUADRO 6 -
Descrição dos sons ausentes no inventário fonético, índice de PCC
e classificação do grau de severidade do desvio,
GDFe..............................................................................................
77
QUADRO 7 -
Descrição dos sons ausentes no inventário fonético, índice de PCC
e classificação do grau de severidade do desvio,
GDFoFe..........................................................................................
77
QUADRO 8 -
Descrição dos sons ausentes no inventário fonético, índice de PCC
e classificação do grau de severidade do desvio,
GAFN..............................................................................................
78
QUADRO 9 - Sistema fonológico dos sujeitos do GDFo...................................... 82
QUADRO 10 - Sistema fonológico dos sujeitos do GDFe...................................... 83
QUADRO 11 - Sistema fonológico dos sujeitos do GDFoFe.................................. 84
QUADRO 12 - Sistema fonológico dos sujeitos do GAFN...................................... 84
QUADRO 13 - Análise dos Traços distintivos dos sujeitos do GDFo..................... 87
QUADRO 14 - Análise dos Traços distintivos dos sujeitos do GDFe..................... 89
QUADRO 15 - Análise dos Traços distintivos dos sujeitos do GDFoFe................. 90
QUADRO 16 - Análise dos Traços distintivos dos sujeitos do GAFN..................... 91
LISTA DE REDUÇÕES
AC – Análise Contrastiva
AFC – Avaliação Fonológica da Criança
CELF – Centro de Estudos da Linguagem e Fala
CF – Coda Final
CM – Coda medial
dbNA – Decibel Nível de Audição
DF – Descrição Fonética
DFE – Desvio Fonológico Evolutivo
GDFo – Grupo com Desvio Fonológico
GDFe – Grupo com Desvio Fonético
GDFoFe - Grupo com Desvio Fonológico-Fonético
GAFN – Grupo Aquisição de Fala Normalizada
PB – Português Brasileiro
PE – Pernambuco
PCC – Percentual de Consoantes Corretas
RS – Rio Grande do Sul
SAF – Serviço de Atendimento Fonoaudiológico
TD – Traços Distintivos
UFSM – Universidade Federal de Santa Maria
5:10 – Idade representada por anos:meses
LISTA DE APÊNDICES
APÊNDICE A - Consentimento Informado Institucional....................................
108
APÊNDICE B -
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Pais ou
Responsáveis...........................................................................
110
APÊNDICE C -
Anamnese Fonoaudiológica.....................................................
112
APÊNDICE D -
Triagem Fonoaudiológica.........................................................
114
SUMÁRIO
RESUMO ....................................................................................................................5
ABSTRACT.................................................................................................................6
LISTA DE TABELAS...................................................................................................7
LISTA DE ILUSTRAÇÕES..........................................................................................9
LISTA DE QUADROS...............................................................................................10
LISTA DE REDUÇÕES.............................................................................................11
LISTA DE APÊNDICES.............................................................................................12
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................15
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...............................................................................17
2.1 Desvios de fala...............................................................................................17
2.2 Prevalência dos desvios de fala.....................................................................21
2.2.1 Estudos de prevalência...............................................................................21
2.2.2 Prevalência de desvio de fala no Brasil ......................................................23
2.3 Fatores correlatos...........................................................................................25
2.3.1 Alterações no processo de aquisição e desenvolvimento da linguagem....25
2.3.2 Desvios de fala e otites de repetição..........................................................26
2.3.3 Alterações no Sistema Estomatognático.....................................................26
2.4 Classificação dos desvios de fala...................................................................29
2.5 Aquisição fonológica.......................................................................................31
2.5.1 Os traços distintivos na avaliação do desvio fonológico.............................32
3 METODOLOGIA ................................................................................................35
3.1 Caracterização da pesquisa...........................................................................35
3.1.1 Amostra.......................................................................................................35
3.1.2 Critérios para inclusão na amostra .............................................................36
3.2 Considerações éticas.....................................................................................36
14
3.3 Procedimentos de coleta................................................................................37
3.3.1 Avaliações realizadas.................................................................................37
3.3.1.1 Anamnese...............................................................................................37
3.3.1.2 Triagem Fonoaudiológica........................................................................37
3.3.1.3 Triagem Auditiva .....................................................................................39
3.4 Avaliação da fala............................................................................................39
3.4.1 Exame de articulação .................................................................................39
3.4.2 Avaliação Fonológica da Criança................................................................39
3.4.3 Análise Contrastiva.....................................................................................40
3.4.4 Análise por Traços Distintivos.....................................................................41
3.5 Composição dos grupos.................................................................................42
3.6 Procedimentos de análise dos dados.............................................................42
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .........................................................................43
4.1 Resultados quanto à prevalência dos desvios de fala na amostra estudada .43
4.1.1 Distribuição da amostra de acordo com a variável sexo.............................47
4.1.2 Distribuição da amostra quanto à variável faixa etária................................49
4.2 Resultados quanto a fatores correlacionados.................................................50
4.3 Resultados quanto à caracterização do Inventário Fonético e do Sistema
Fonológico.................................................................................................................68
5 CONCLUSÃO ....................................................................................................94
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................97
7 OBRAS CONSULTADAS.................................................................................107
8 APÊNDICES ....................................................................................................108
1 INTRODUÇÃO
Os estudos de Hernandorena (1990), Lamprecht (1999), Mota (1990, 1996) e
Yavas (1988) apontam que aos cinco anos (5:0) as crianças adquirem os
contrastes do sistema fonêmico adulto, ou seja, utilizam a língua para comunicar-se
de forma efetiva. Entretanto, é comum encontrar algumas crianças com idade
superior a 5:0 que apresentam desvios na sua fala. Tais dificuldades podem
prejudicar o rendimento pedagógico e ocasionar, além dos distúrbios de
aprendizagem da leitura e da escrita, dificuldades em expressar suas emoções,
gerando frustração e problemas emocionais.
Historicamente, a grande parte da demanda de crianças que chega aos
serviços de fonoaudiologia é encaminhada por professores preocupados com o
processo de alfabetização e com as dificuldades que seus alunos enfrentam na fala.
Mas esse índice ainda é baixo, pois apesar de muitas crianças serem
encaminhadas, outras tantas persistem com os distúrbios por falta de
implementação de um programa de prevenção e estimulação da linguagem oral. Isto
seria básico nas classes pré-escolares, mas efetivamente não ocorre na maioria das
escolas por falta de conhecimento do índice de prevalência de tais distúrbios pelas
autoridades competentes.
Estudos sobre prevalência de desvios de fala em crianças, especificamente na
idade de 6 7 anos, realizados no Brasil ainda são restritos e apontam estimativas
que variam de 4,19% a 34,16% (ANDRADE, 1997; CIGANA et al., 1995; GOULART
e FERREIRA, 2002; SILVA, LIMA e FERRREIRA (2003). Nos estudos internacionais
esses índices variam de 1,7 a 10% (GIERUT, 1998; SHRIBERG, TOMBLIN e
MCSWEENY, 1999; KEATING, TURELL e OZANNE, 2001).
Considerações como as apontadas até aqui motivaram a proposta do
presente trabalho, cujo foco de estudo é a prevalência dos desvios de fala em pré-
escolares de escolas públicas do município de Santa Maria – RS.
Acredita-se que os resultados dessa pesquisa poderão proporcionar um
melhor conhecimento do desenvolvimento e da aquisição fonogica e da linguagem
de pré-escolares. Esse conhecimento, por sua vez, facilitará a implementação de
programas direcionados aos problemas encontrados. Esses programas poderão
focalizar a prevenção da maioria dos casos que só seriam encaminhados para
16
tratamento quando os distúrbios da comunicação já alcançam outras esferas,
prejudicando principalmente o processo de alfabetização.
Este estudo tem por objetivos: estimar a prevalência de desvio de fala em
uma amostra de crianças pré-escolares de escolas blicas; verificar a prevalência
do desvio quanto ao sexo; classificar os desvios quanto ao tipo e à severidade;
verificar se em crianças com desvios fonológicos presença de história de atraso
na aquisição da linguagem; verificar quais os fonemas mais alterados e caracterizar
o inventário fonético e o sistema fonológico dos sujeitos amostrados.
Esta dissertação está organizada em cinco capítulos, distribuídos do seguinte
modo: após este capítulo de Introdução, tem-se o segundo capítulo, que apresenta a
revisão bibliográfica, abordando desvios de fala, prevalência dos desvios de fala,
fatores correlatos, classificação dos desvios de fala e aquisição fonológica; o terceiro
capítulo apresentada a metodologia utilizada, na seqüência, o quarto capítulo expõe
os resultados obtidos e discute-os em razão dos objetivos propostos; por fim, o
quinto capítulo apresenta as conclusões da pesquisa.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Neste capítulo são expostos os fundamentos teóricos e as pesquisas
encontradas na literatura consultada que se relacionam aos temas abordados neste
trabalho. A revisão bibliográfica está dividida em seções para facilitar a leitura:
desvios de fala (2.1); prevalência dos desvios de fala (2.2); fatores correlatos (2.3);
classificação dos desvios fonológicos (2.4); e aquisição fonogica (2.5).
2.1 Desvios de fala
Os desvio de fala podem abranger uma categoria imensa de alterações, seja
na fonologia, na fonética ou em ambas. Dependendo da fonte consultada, os
desvios de fala o abordados como “distúrbios articulatórios”, distúrbios da
articulação”, “distúrbios da fala”, “atraso de fala”, “distúrbio fonogico”, “distúrbio
fonético”, “desvio fonológico”, “desvio fonético”, entre outras.
De acordo com Riper e Emerick (1997), muitas formas de se classificar os
diversos distúrbios de fala, mas observando-se o comportamento em si, eles podem
se enquadrar em quatro categorias principais: articulação, fluência, voz e
simbolização. De todos os distúrbios de fala, os desvios fonológicos são os mais
freqüentes. Pelo menos 80% dos casos dos fonoaudiólogos que trabalham em
escolas públicas americanas tratam de crianças que não dominam a fonologia da
língua inglesa e de crianças que substituem, de forma incorreta, um fonema por
outro ou que omitem ou distorcem sons. Elas têm uma deficiência porque a fala
desvia-se das normas do sistema lingüístico, que depende da comunicação eficaz e
que a exige.
Marcelli (1998) assinalou que os distúrbios de articulação desvios fonéticos
se caracterizam pela existência isolada de deformações fonéticas que ocorrem com
mais freqüência sobre as consoantes do que sobre as vogais. Tais distúrbios são
freqüentes e banais até os cinco anos, mas, passado este período, impõe-se uma
reeducação se eles persistirem.
Lamprecht (1999) definiu a aquisição fonológica com desvios fonológicos como
aquela na qual a adequação ao sistema fonológico da língua-alvo não é atingido
espontaneamente e/ou na mesma seqüência constatada no maior número de
crianças, nem dentro daquela faixa etária esperada.
18
A população de atraso de fala é identificada quando, durante o período de
desenvolvimento da fala, as crianças persistem com erros de apagamento ou
substituição o observados em crianças de mesma idade. Aproximadamente 75%
das crianças com atraso de fala normaliza seus erros de fala aos 6 anos de idade, e,
dentre as 25% restantes, a maioria normaliza aos 9 anos de idade, entretanto
algumas continuam a manifestar erros residuais (SHRIBERG, 1997).
Lamprecht (2004) trouxe importantes considerações a respeito da definição de
desvio fonológico. A autora assinalou que, até pelo menos a década de 1970, o falar
errado era tido como decorrente de um problema articulatório, anatômico, funcional.
Ao lado de distúrbios de fala realmente causados por disfunções de etiologia
conhecida, também foi usado o termo genérico “dislalia”, abrangendo qualquer
distúrbio de fala de origem o-orgânica. Mais tarde, passou-se ao uso do termo
“distúrbio articulatório funcional” para o falar errado sem causa aparente. Entretanto,
através da análise lingüística da fala dessas crianças, ficou evidente a natureza
regular e previsível das omissões e substituições encontradas, o que levou os
estudiosos da área a concluírem que o que existe são desvios de natureza
fonológica. Existe uma dificuldade de organização mental, de estabelecimento do
sistema da língua-alvo, de adequação ao input recebido, motivos para a adoção da
denominação desvio fonológico evolutivo ou desvio fonológico. Portanto, este último
termo descreve e define melhor o que se no tipo de fala em análise, porque se
refere à organização e classificação dos sons que ocorrem contrastivamente na
língua.
Lamprecht (2004), assinalou que o conceito de desvio fonogico faz parte da
premissa de que a fala com desvios constitui um sistema fonológico. Nessa fala
nada é aleatório ou casual, porque existe um sistema consistente, um sistema de
regras que, num primeiro momento, pode não estar claro ao observador em razão do
afastamento daquele que é esperado.
Riper e Emerick (1997) referiram que, no caso de um distúrbio fonético a
pessoa não consegue produzir os sons de forma aceitável devido a deficiências
anatômicas, motoras e sensoriais. nos casos de distúrbios fonológicos, a pessoa
é capaz de produzir os sons, mas os utiliza de forma inconsistente, imatura ou
inventada, revelando que os erros têm uma base lingüística. Muitas das crianças que
fazem parte do quadro de pacientes dos terapeutas da fala de escolas públicas têm
distúrbios fonológicos.
19
Yavas, Hernandorena e Lamprecht (1991), diferenciaram os desvios
fonológicos dos desvios fonéticos. De acordo com os autores, um desvio é
puramente fonético quando sons individuais são articulados incorretamente, mas o
sistema fonológico (o sistema de contrastes) permanece intacto. Esse tipo de desvio
normalmente tem uma causa orgânica identificável, isto é, uma base física ou
mecânica. o desvio do tipo fonológico ocorre quando o sistema de contrastes do
falante falha na correspondência lingüística. o vidas de que um desvio de
base física pode causar modificações no sistema fonológico, mas também
desvios fonológicos sem qualquer etiologia aparente; é esse tipo de problema que
recebe o nome de desvio fonológico evolutivo.
Os autores acrescentaram, ainda, que a criança com desvio fonológico
evolutivo, embora sem problema orgânico detectável, apresenta um sistema
fonológico diferente da norma, podendo também apresentar um inventário fonético
incompleto em relação ao padrão da sua comunidade lingüística.
Keske-Soares (2001) utilizou o termo desvios fonológicos com características
fonéticas adicionais” para denominar um grupo que apresentava, além da
inadequação no nível fonológico, dificuldades no nível fonético, articulatório
(causadas por respiração oral, amígdalas hipertróficas, freio lingual curto, etc).
Para Lowe (1996), os erros fonéticos são aqueles que preservam contrastes
fonêmicos e os erros fonológicos resultam da perda do contraste fonêmico.
Stoel-Gammon e Dunn (1985) referiram que as crianças com desvio fonológico
passam pelo processo de aquisição fonológica de modo diferente das crianças sem
alterações na fala e parecem adotar um cronograma diferente para a emergência e
domínio dos sons e para a ocorrência e supressão de processos fonológicos.
Mota (1996) considerou, a partir de seu estudo, que as crianças com desvios
fonológicos apresentam mais semelhanças do que diferenças com as crianças
normais. A autora relata que crianças com dificuldades fonológicas têm atraso na
aquisição do sistema de sons de sua língua e apresentam padrões muito
semelhantes aos das crianças normais, porém em idade mais avançada, quando
esses processos já deveriam estar eliminados.
Grunwell (1981) caracterizou o desvio fonológico como uma desorganização,
inadaptação ou anormalidade no sistema de sons da criança em relação ao sistema
padrão de sua comunidade lingüística, sem comprometimentos orgânicos. Já o
desvio fonético é caracterizado pela alteração na produção da fala decorrente de
20
uma deficiência orgânica, seja uma simples distorção do som ou resultante de
patologias específicas, como fissuras labiopalatina ou disartria, determinantes de
distúrbios motores na produção da fala. Para o autor, características clínicas,
fonéticas, fonológicas e evolutivas devem ser observadas para a determinação do
desvio fonológico evolutivo.
Conforme Grunwell (1981), as características evolutivas evidenciadas no
desvio fonológico referem-se aos processos normais persistentes, desencontro
cronológico, processos incomuns ou idiossincráticos, preferência sistemática por um
som e uso variável de processos. No desencontro cronológico alguns processos
iniciais de simplificação ocorrem junto com padrões de pronúncia característicos de
estágios posteriores do desenvolvimento fonológico. Os processos incomuns
reduzem muito a inteligibilidade da fala por ocorrem raramente na fonologia normal.
No caso de preferência sistemática por um som, uma única consoante é utilizada no
lugar de uma ampla gama de sons-alvos, tendo como conseqüência a perda de
contrastes fonológicos. No uso varvel de processos ocorre mais de uma realização
no mesmo tipo de estrutura-alvo, de forma que as realizações desses alvos pela
criança são variáveis e imprevisíveis, dificultando muito a inteligibilidade da fala.
Segundo Keske-Soares (2001), crianças com desvios fonogicos geralmente
apresentam um sistema que pode ser único e individual, cujos padrões
organizacionais, às vezes, estão bem distantes daquele que caracteriza a língua que
está sendo adquirida.
Leonard (1997) considerou que, na maioria dos aspectos, as características
fonológicas de crianças com desvios fonológicos assemelham-se às de crianças
menores com desenvolvimento normal, e isto se aplica de diversas maneiras em
termos de precisão do segmento, traços distintivos, processos fonológicos,
tendência a evitar determinados sons, leis implicacionais, distinções subfonêmicas e
sensibilidade aos detalhes da língua do ambiente. O autor não descarta a
possibilidade de imprecisão articulatória, am das dificuldades apresentadas com a
organização dos sons da fala, sendo que as dificuldades que se salientam são
omissão e substituição preferenciais aos erros de distorções de um fonema.
21
2.2 Prevalência dos desvios de fala
2.2.1 Estudos de prevalência
Conforme Jekel, Elmore e Katz (1999), a prevalência é o número de pessoas,
em uma determinada população, que tem uma doença específica ou condição em
um ponto do tempo, geralmente o tempo em que um inquérito é feito. Uma vez que
as taxas de prevalência são influenciadas por muitos fatores, independentes da
causa da doença, os estudos de prevalência geralmente não fornecem evidências
de causalidade. Beaglehole, Bonita e Kjellström (2003) assinalaram que as taxas de
prevalência, entretanto, são úteis na avaliação das necessidades e do planejamento
dos serviços de saúde.
Segundo Fletcher, Fletcher e Wagner (1996), a prevalência é medida pelo
levantamento de uma população definida que contém pessoas com e sem a
condição de interesse, num único corte no tempo. A fração ou proporção da
população que está doente (isto é, casos) constitui a prevalência da doença. Tais
avaliações ou levantamentos “fotográficos” de uma população de indivíduos,
incluindo casos e não-casos, são chamados de estudos de prevancia. Outro termo
usado é estudo transversal porque as pessoas são estudadas em um ponto no
tempo (corte transversal). Esses estudos estão entre os tipos mais comuns de
delineamentos de pesquisa relatados na literatura médica.
Keating, Turell e Ozanne (2001) assinalaram que estimativas de prevalência de
distúrbios de fala na infância mudam dependendo do método utilizado. Estudos que
empregamcnicas de screening ou de diagnóstico relatam uma taxa de prevalência
entre 5% e 15%. Os estudos diagnósticos geralmente envolvem a administração de
instrumentos diagnósticos que examinam as condições de fala em algum detalhe.
Estimativas embasadas em dados coletados na população australiana são
geralmente mais baixas que estudos diagnósticos, com taxas de prevalência que
variam entre 1% e 5%.
Gierut (1998) refere que o distúrbio fonológico afeta aproximadamente 10% da
população americana e está entre as desordens de comunicação mais freqüentes
em escolares e pré-escolares.
Shriberg, Tombline e McSweeny (1999) realizaram um estudo de prevalência
de atraso de fala em crianças com seis anos de idade nos Estados Unidos. A fala e
22
a linguagem de todas as crianças tinham sido previamente avaliadas no projeto
“Epidemiology of specific language impairment”. Também foram avaliadas a
articulação e a fala, através de testes específicos e amostras de fala em
conversação. A prevalência de atraso de fala foi de 3,8% para a população
estudada. O atraso de fala foi aproximadamente 1,5 vezes mais prevalente em
meninos (4,5%) do que em meninas (3,1%) e aproximadamente 11 a 15% das
crianças com atraso de fala persistente tinham distúrbio específico de linguagem e 5
a 8% das crianças com atraso específico de linguagem persistente tinham atraso de
fala.
O estudo de Keating, Turell e Ozanne (2001), realizado com crianças de 0 a 14
anos de idade na Austrália, verificou que a prevalência de distúrbios de fala foi de
1,7%. Nesse grupo 25,8% apresentavam atraso do desenvolvimento ou déficits
intelectuais. Quando essas crianças foram excluídas, a prevalência foi reduzida para
1,3%. Entre meninos, o pico de prevalência ocorreu aos 5 anos (6,5%), nas meninas
as taxas mais altas foram para as que tinham entre 3 e 4 anos (1,8%). Não foi
encontrada relação entre o nível sócio-econômico e a prevalência de distúrbios da
fala na infância.
Gregoire (1993) verificou que entre 5% e 20% dos pré-escolares do Canadá
tinham problemas de linguagem. Esses problemas podem estar relacionados à
perda auditiva, às condições cio-econômicas, ao desenvolvimento intelectual e/ou
a distúrbios psiqutricos. Para o autor, os atrasos de fala e linguagem podem ser
indicadores de outras desordens.
Para Riper e Emerick (1997), é quase impossível dizer com exatidão quantas
pessoas têm distúrbios de comunicação específicos. As pesquisas realizadas por
estudiosos da área utilizaram diversas definições de distúrbios, em populações-alvo
diferentes, confundindo dados referentes à prevancia e à incidência. A prevalência
relativa aos distúrbios em um determinado grupo pode variar, dependendo, entre
outros fatores, da idade cronológica e do sexo dos indivíduos que fazem parte da
amostra.
Shriberg et al. (1986) apontam que três em cada quatro crianças (73%) com
atraso de fala de origem desconhecida são meninos, e a idade predominante do
diagnóstico ocorre aos 5 anos de idade. Em outro estudo realizado com crianças
entre três e seis anos, Shriberg e Kwiatkowski (1994) indicaram que a ocorrência do
desvio de fala é maior em meninos.
23
2.2.2 Prevalência de desvio de fala no Brasil
No Brasil existem poucos estudos publicados sobre a prevalência de desvios
de fala em crianças, especificamente na idade de 6 7 anos, quando essa
habilidade já deveria estar adquirida. Pode-se citar os estudos de Chiari (1995),
Andrade (1997), Goulart e Ferreira (2002), Silva, Lima e Ferreira (2003) e Nacente e
França (2005).
Cigana et al. (1995) estudou o desenvolvimento fonogico dos alunos das
escolas de educação infantil da rede municipal de Santa Maria – RS. Verificou que a
prevalência de desvio fonológico em crianças com idades de 4:0 a 6:2 anos foi de
27%.
O estudo conduzido por Andrade (1997) determinou a prevalência das
desordens de desenvolvimento da fala e da linguagem de causa idiopática, ocorridas
em crianças de 1:0 à 11:11, em São Paulo. A prevalência de desordens da
comunicação variou de 6,2% a 7% na faixa etária dos cinco aos sete anos. Quanto
ao tipo de desordem comunicativa com a idade, verificou que as articulatórias,
dentre todas as patologias primárias, foram as de maior prevalência, principalmente
dos 5 aos 7 anos, cerca de 47% dos casos. A autora acrescenta que existe uma
variável de influência: o fato de serem em número bastante reduzido os locais
públicos para receber atendimento fonoaudiológico.
Um outro agravante, no Brasil, é a precariedade do sistema de saúde no
atendimento aos portadores das desordens de comunicação, que se
tanto pela insuficiência de recursos humanos quanto pelo despreparo do
fonoaudiólogo para a implementação de programas de saúde coletiva.
Existe uma grande resistência, por parte das equipes de planejamento em
saúde, na aceitação que as desordens comunicativas – independentemente
do fato de em sua grande maioria não se caracterizar por sinais e sintomas
mensuráveis laboratorialmente, não chegar à cura pela ingestão de drogas,
não provocar dor física nem levar os indivíduos à morte o ocorrências
que geram sofrimento, insucesso social e limitação da capacidade de, pelo
poder da palavra, criar e transformar o mundo, gerando um grande impacto
na experiência pessoal e comprometendo a qualidade de vida. (ANDRADE,
1997).
Goulart e Ferrreira (2002) estudaram a validação de um novo teste de
rastreamento de distúrbios de fala para crianças de ambos os sexos, matriculadas
na primeira série da rede municipal de ensino de Canoas RS. A prevalência de
desordem de fala para a população estudada foi estimada em torno de 25%. A
prevalência de desvio de fala foi de 30% entre os meninos e de 18% entre as
meninas. Meninos têm 1,7 vezes o risco de apresentar desvios de fala quando
24
comparados a meninas de mesma faixa etária e condição sócio-econômica. Para os
autores, a prevalência de distúrbios de fala em crianças, quer sejam de origem
fonética, fonológica ou mista, parece ser maior do que as estimativas. Esses
distúrbios ainda requerem mais estudos exploratórios, a fim de determinar sua real
prevalência na população.
Silva, Lima e Silveira (2003) estudaram a ocorrência de desvios fonológicos em
120 crianças, na faixa etária de 4:4 a 6:3, pertencentes à alfabetização de escolas
públicas de Camaragibe, Pernambuco (PE). Os dados obtidos através a Avaliação
Fonológica da Criança proposta por Yavas, Hernandorena e Lamprecht (1991),
evidenciaram que das 120 crianças, 41 (34,16%) apresentaram desvio fonogico.
Quanto à ocorrência relacionada ao sexo, das 57 crianças do sexo masculino, 25
(43,85%) apresentaram desvio fonológico; enquanto das 63 crianças do sexo
feminino, 16 delas apresentaram desvio, representando 25,39%, revelando uma
incidência maior no sexo masculino.
França et al. (2005) realizaram estudo longitudinal com um grupo de coorte de
236 crianças provenientes de escola particular da cidade de Porto Alegre RS,
relacionando a aquisição da linguagem oral com o desenvolvimento da escrita. Aos
seis anos de idade, os estudantes do jardim de infância foram divididos em 2 grupos,
com base no teste de Avaliação Fonológica da Criança Yavas, Hernandorena e
Lamprecht (1991). Aos nove anos, as mesmas crianças foram avaliadas através de
ditado balanceado e produção textual. Ao comparar os resultados dos grupos casos
e controles, percebeu-se diferença estatisticamente significativa na quantidade de
erros cometidos na avaliação de escrita, assinalando que a aquisição fonogica é
um fator preditivo para o desenvolvimento da escrita. Para os autores, a
desorganização fonológica pode persistir ainda como uma desorganização da
linguagem escrita. As crianças que apresentavam aquisição fonogica incompleta
aos 6 anos de idade demonstraram tendência a certa continuidade de dificuldades
no desenvolvimento da escrita.
Nacente e França (2005) conduziram estudo de prevalência de alterações na
aquisição fonológica em pré-escolares e escolares, com idades entre 5:4 a 6:11
anos que freqüentavam uma escola particular da cidade de Porto Alegre RS e
foram testadas por meio da Avaliação Fonológica da Criança Yavas,
Hernandorena e Lamprecht (1991). A prevalência foi de 10% para alterações na
aquisição fonológica e de 18% para alterações fonéticas. A aquisição fonológica
25
incompleta foi significativamente mais freqüente nas crianças da educação infantil
quando comparadas às da primeira série.
Wertzner e Oliveira (2002) delinearam um perfil das características de maior
ocorrência de sujeitos com distúrbio fonológico. Verificaram que o distúrbio
fonológico ocorreu em maior proporção no sexo masculino, por volta dos 5:0.
2.3 Fatores correlatos
2.3.1 Alterações no processo de aquisição e desenvolvimento da linguagem
Shriberg, Tomblim e McSweeny (1999) verificaram que aproximadamente 11 a
15% das crianças com atraso de fala persistente tinham distúrbio específico de
linguagem e 5-8% das crianças com atraso específico de linguagem persistente
tinham atraso de fala.
No atraso simples de linguagem a construção da frase e sua organização
sintática são perturbadas. O elemento essencial é o atraso no aparecimento da
primeira frase depois dos três anos, seguido por uma fala “infantilizada” prolongada.
Para Aimard (1998), os problemas da fala parecem ser uma persistência ou
uma amplificação de processos da linguagem infantil. A iia de atraso de
linguagem surge quando a criança não pronuncia nenhuma palavra aos dois anos e
impõem-se mais nitidamente quando isso acontece aos três anos. Mas nem sempre
esta constatação preocupa os familiares. A idéia de que tudo vai ser solucionado
com a entrada na escola maternal, por exemplo, ainda é comum entre os pais e
mesmo entre os pediatras. Pesquisas antigas sobre a evolução a longo prazo de
crianças que não contaram com qualquer tipo de ajuda demonstraram a existência
de diversos tipos de seqüelas, entre elas, os problemas de fala.
Zorzi (1993,1998) tamm compartilha desta idéia e assinala que muitas
crianças com retardo simples de linguagem, embora tenham boa evolução e
recebam ajuda terapêutica, podem apresentar mais tarde distúrbios articulatórios,
capacidade comunicativa pouco desenvolvida e até gagueira.
Para Marquesan (2005), é comum encontrar problemas de fala que fazem
parte de problemas de linguagem. A autora assinala que, em geral, os pais sabem
quais os fonemas que os filhos omitem ou trocam, e a anamnese é uma boa hora
para saber quais são os problemas de fala existentes.
26
2.3.2 Desvios de fala e otites de repetição
Para Shriberg (1997) o atraso de fala associado à história de otite média com
efusão acomete 30% dos casos, e essas crianças o identificadas como tendo
histórico de perda auditiva flutuante em uma ou ambas orelhas. Considerou-se os
casos com o número mínimo de seis episódios de otite média com efusão nos
primeiros três anos de vida.
Wertzner e Oliveira (2002) delinearam um perfil das características de maior
ocorrência de sujeitos com distúrbio fonológico. Verificaram que o distúrbio
fonológico ocorre geralmente em crianças que possuem história de otite média.
Wertzner, Rosal e Pagan (2002) estudaram a ocorrência de otite média e
infecções de vias reas superiores em crianças com distúrbio fonológico.
Observaram que 40% dos sujeitos do sexo feminino e 54,5% do sexo masculino
apresentaram histórico de otite média. O histórico de infecções de vias reas
superiores foi observado em 60% do sexo feminino e 54,5% do sexo masculino.
Para Aimard (1998), otites freqüentes podem provocar períodos de hipoacusia
mais ou menos longos e com freqüência não descobertos na idade em que
normalmente as aquisições de linguagem são mais densas, prejudicando a
aquisição e o desenvolvimento da linguagem.
2.3.3 Alterações no Sistema Estomatognático
A aquisição e o desenvolvimento da fala dependem do desenvolvimento dos
órgãos, das funções do sistema estomatognático e da organização do sistema
fonológico. A ocorrência de alterações de fala em idade pré-escolar pode ser
conseqüência de problemas do sistema estomatognático e/ou da organização dos
fonemas. A fala requer coordenação complexa e planejamento de movimentos de
bios e de língua, que resultam na produção dos sons. Quando essas estruturas
apresentam alterações de tonicidade e de praxia, pode haver interferência na
produção dos fonemas (FARIAS, ÁVILA e VIEIRA, 2005).
Tanigute (1998) assinala que a articulação dos sons da fala está ligada ao
desenvolvimento e maturação do sistema miofuncional oral e às demais funções
neurovegetativas de respiração, sucção, mastigação e deglutição.
Para Marquesan (2005), a fala pode estar alterada por problemas fonológicos
ou por problemas fonéticos. Se forem fonéticos, as distorções de fonemas podem
27
estar relacionadas a problemas de forma, ou seja, as características anatômicas das
estruturas que produzem a fala. Normalmente os problemas de origem fonética são
da área da motricidade oral. Um exame adequado e preciso das estruturas que
produzem a fala podem dar pistas de qual é a procedência do problema.
Cunha (2001), através do manual de orientação prevenindo problemas na
fala pelo uso adequado das funções orais, procura mostrar aos pais e outras
pessoas que se relacionam com crianças como as funções orais são importantes
para que se promova um bom desenvolvimento anatômico e funcional da face,
prevenindo ao mesmo tempo alterações na produção dos sons da fala.
Felício (1999) afirma que, geralmente, o uso prolongado da alimentação
líquida/pastosa por meio da sucção, que se dá pela utilização da mamadeira leva a
maior tendência de hábitos de sucção não-nutritiva. Embora os hábitos de sucção
exerçam inflncias negativas desde idades mais precoces, a fase da dentição mista
é bastante crítica, mais uma razão para que os bitos sejam interrompidos até o
início desta.
De acordo com Cunha (2001), para que haja uma emissão correta dos
fonemas /s/ e /z/, a língua deve estar abaixada e colocada atrás dos dentes. Se
houver uma alteração na tonicidade muscular, esses fonemas serão produzidos com
a língua colocada entre as arcadas dentárias, causando o chamado “ceceio”.
Dintingue-se o ceceio ou sigmatismo interdental do sigmatismo lateral. No
ceceio a extremidade da língua permanece muito próxima dos incisivos ou entre os
dentes. No sigmatismo lateral, um escoamento de ar uniforme ou bilateral. Esse
distúrbio pode se associar ao palato duro ogival, sem que essa associação seja
obrigatória (MARCELLI, 1998).
Felício (1999) refere que o mau posicionamento da ngua também é causa de
distorção do fonema /s/. Se a língua o contactar as laterais dos dentes molares,
permitirá que alguns sons escapem lateralmente. Quando ocorre a interposição
lingual, a fala fica prejudicada, o pela distorção do fone, que muitas vezes é
inaudível, mas também pela alteração do ponto de articulação. A falta de espaço
para que a língua contate as faces palatinas e linguais dos dentes posteriores faz
com que durante a fala, muitas vezes, a língua se posicione entre as arcadas na
região anterior, posterior ou antero-posterior. Desta forma, os fones /s/ e /z/ e outros
poderão apresentar distorções acústicas, e os fonemas línguo-dentais /t/, /d/, /l/ e /n/
serão produzidos com interposição lingual.
28
Segundo Hanson e Barret (1995), o arco palatino deve ter a largura, altura e
conformação adequadas para acomodar a língua em repouso.
Marquesan (2003) afirma que o frênulo lingual, quando alterado, traz várias
modificações para os movimentos da língua e dos lábios, assim como para a correta
e precisa articulação de alguns fones. Os movimentos da língua ficam prejudicados
e a abertura de boca fica reduzida durante a fala, afetando o fonema /r/ e os grupos
consonantais com /l/ e /r/.
Marquesan (2003) propôs uma classificação para os diferentes frênulos
linguais e relacionou as alterações destes com os problemas de fala. Os resultados
de seu estudo foram que, dos 1402 pacientes amostrados, 127 (9%) apresentaram a
inserção do frênulo alterada. Destes, 62 (48,81%) apresentaram alterações de fala.
As alterações mais freqüentes foram: omissões e substituições no /r/, no
arquifonema /R/, nos grupos consonantais com /r/, no /
/, /s/ e /z/. Também foram
encontrados ceceio anterior e lateral. A autora concluiu que o frênulo lingual alterado
predispõe a alterações de fala.
De acordo com a literatura consultada Marquesan e Junqueira (1997),
Marquesan (1998), Cunha (2001) –, as alterações no padrão de deglutição podem
vir acompanhadas de distúrbios em outras funções, afetando a sucção, a
mastigação e comprometendo principalmente a fala.
Para Cunha (op. cit.), o prejuízo que as alterações na deglutição, mastigação e
sucção causam à tonicidade muscular de todos os órgãos utilizados na articulação
da fala influencia a mobilidade destes, causando dificuldades na execução dos
movimentos adequados para a produção dos fones. Sendo assim, haverá distorções
ou até mesmo a troca de um fone por outro. Os sons produzidos com distorções são
aqueles que têm seu ponto de articulação na mesma região onde a língua deve
tocar na situação de repouso ou na deglutição. São eles: [t], [d], [n], [l], [s] e [z].
Marquesan e Junqueira (1997) e Marquesan (1998) também referem que os
problemas de deglutição podem vir acompanhados de alterações de outras funções,
principalmente a fala. A deglutição atípica corresponde à movimentação inadequada
da língua e/ou outras estruturas que participam do ato de deglutir, sem que haja
nenhuma alteração, de forma, na cavidade oral. Porém, na deglutição adaptada, as
alterações ocorrem em função da forma da cavidade oral, do tipo facial, ou ainda
como conseqüência de outras alterações, como, por exemplo, em razão da
respiração alterada.
29
Segundo Bertolini e Pascoal (1998), com freqüência a deglutição adaptada em
crianças e seus efeitos no equilíbrio dentofacial são observados concomitantemente
com alterações do sistema estomatognático. Em estudo com uma amostra de
escolares, na faixa etária dos 7:0 aos 9:0 de idade, na cidade de Campinas SP,
verificaram que a prevalência da deglutição adaptada associada a alterações
posturais de repouso do sistema estomatognático foi de 57%. A deglutição adaptada
sem alteração de forma dentofacial foi observada em 19% dos casos, e 24%
apresentaram padrões de deglutição dentro da normalidade.
Hanson e Barret (1995) assinalam que até os 8:0, aproximadamente, o padrão
de deglutição atípica de muitas crianças ainda se encontra em fase de transição
para o normal. E, embora as pesquisas não tenham demonstrado estatisticamente a
relação entre certos fatores e a persistência da deglutição atípica, alguns deles
podem contribuir significativamente para a ocorrência deste problema. Os autores
citam como exemplos desses fatores o uso da chupeta, as alergias, o tamanho da
língua, o grau de sensibilidade do palato e da língua e até problemas psicológicos.
Carvalho (1996 apud FELÍCIO, 1999, p.40) relata que os respiradores
estritamente bucais são raros. Mais freqüentes são os pacientes que não podem
respirar livremente pelo nariz e realizam uma respiração mista, buco-nasal.
Felício (1999) considera que quando a respiração ocorre pela via aérea nasal,
propicia condições favoráveis para o crescimento e o desenvolvimento dos tecidos
duros, pois os lábios permanecem selados, a mandíbula encontra-se na posição de
repouso e a língua fica contida na cavidade bucal. No indivíduo respirador oral
atrofia das narinas e os lábios deixam de cumprir o seu papel de vedar a cavidade
oral anteriormente, causando alterações no tônus e postura dos lábios. Também
mudanças na retroalimentação sensória e, conseqüentemente, na função da
neuromusculatura craniofacial. Entre os fatores que impedem a respiração pela via
nasal está a obstrução nasal por rinite alérgica.
2.4 Classificação dos desvios de fala
Shriberg (1997) caracterizou um sistema de classificação das desordens da
fala infantil a partir da etiologia. Verificou-se quatro tipos de desordens, a saber: a
aquisição da fala normalizada, a desordem de fala não desenvolvimental, as
diferenças na fala e a aquisição normal da fala/atraso de fala.
30
Os falantes identificados com aquisição normal de fala são aqueles com fala
normal na avaliação e sem história de desordem fonológica. Os com aquisição da
fala normalizada são os com fala normal para a idade, mas que apresentam história
de desordem de fala inicial. A desordem de fala não desenvolvimental é
caracterizada pelas desordens que ocorrem após o período normal de
desenvolvimento da fala, normalmente aos 9 anos de idade. As diferenças na fala
incluem todas as diversidades multiculturais-sotaques. A aquisição normal da
fala/atraso de fala é uma categoria para falantes cujo status é intermediário, ou seja,
crianças que, após ter uma desordem de fala, estão quase, mas não ainda
normalizadas. Esses casos podem ser divididos em dois grupos: aqueles com atraso
de fala e aqueles com padrões de erros que estão entre fala normal e atraso de fala.
Shriberg (1997) identificou cinco subtipos de atraso de fala, a saber: o atraso
simples de fala, o atraso associado à história de otite média com efusão, o atraso
associado à apraxia desenvolvimental da fala, o atraso com envolvimento
psicossocial desenvolvimental e o atraso em populações especiais. Segundo o
autor, o atraso simples de fala acomete 60% dos casos, e essas crianças são
identificadas como tendo uma desordem de origem desconhecida. O atraso de fala
associado à história de otite média com efusão acomete 30% dos casos, e essas
crianças são identificadas como tendo histórico de perda auditiva flutuante em uma
ou ambas orelhas. Considerou-se os casos com o número mínimo de seis episódios
de otite média com efusão nos primeiros três anos de vida. Os demais atrasos de
fala acomete os sujeitos em percentuais inferiores a 7%.
Keske-Soares (2001) estabeleceu uma proposta de caracterização do desvio
fonológico por uma tipologia, a qual está determinada a partir das características
encontradas nos sistemas fonogicos das crianças. Essa classificação divide os
desvios fonológicos em quatro grupos: desvios fonológicos com características
“incomuns”, desvios fonológicos com características iniciais”, desvios fonológicos
com características atrasadas” e desvios fonológicos com características “fonéticas
adicionais”.
Shriberg e Kwiatkowski (1982) classificaram o grau de severidade do desvio
fonológico através do PCC Percentual de Consoantes Corretas –, que pode ser
obtido dividindo-se o número de consoantes corretas pelo número de consoantes
corretas mais o número de consoantes incorretas, multiplicando-se o valor obtido por
cem. Desta forma, têm-se a seguinte classificação: desvio médio, com PCC de 85 a
31
100%; desvio médio-moderado, com PCC de 65 a 85%; desvio moderado-severo,
com PCC entre 50 e 65%; e o desvio severo, com PCC igual ou menor que 50%. O
cálculo da severidade do desvio a partir do PCC é amplamente citado na literatura e
indicado como um índice confiável.
2.5 Aquisição fonológica
É importante apresentar os padrões da aquisição normal, pois é somente a
partir do entendimento de sua emergência, uso e progressão que se pode
estabelecer relações entre um grupo e outro (YAVAS, 1988).
A aquisição fonológica considerada normal é definida como aquela em que o
domínio do sistema fonológico da ngua-alvo é atingido espontaneamente, dentro de
uma determinada faixa etária comum à maior parte das crianças. Essa faixa
estende-se dos 4:0 aos 6:0 anos (LAMPRECHT, 1999). O amadurecimento do
conhecimento fonológico ocorre num processo gradual, não-linear e com variações
individuais para a maioria das crianças, entre o nascimento até em torno de cinco
anos de idade. O resultado deste desenvolvimento é o estabelecimento de um
sistema fonológico condizente com o sistema fonológico adulto (LAMPRECHT,
2004).
Acosta (2003) relata que o processo de aquisição fonológica começa desde o
nascimento e continua de forma progressiva e gradual até a idade de quatro anos
aproximadamente, na qual a maioria dos sons surge discriminados em palavras
simples. O desenvolvimento completo ocorre por volta dos seis ou sete anos, no
caso do espanhol, quando domínio de determinadas estruturas silábicas e
fonemas mais complexos.
Os estudos de Hernandorena (1990), Lamprecht (1990), Mota (1990, 1996) e
Yavas (1988) sobre a aquisição fonológica de falantes da ngua portuguesa falada
na região sul do Brasil mostram que crianças com aproximadamente 4 5 anos
adquirem os contrastes do sistema fonêmico adulto, ou seja, utilizam a língua para
comunicar-se de forma efetiva.
Para Lamprecht (op cit.), é esperado que a aquisição segmental e de todas as
estruturas silábicas estejam concluídas até os 4:0, exceto pelo onset complexo, que
vai alcançar a estabilidade no sistema um ano depois, aos 5:0. Ribas (2004)
32
assinalou que a aquisição do onset complexo no português é caracterizada por ser a
última estrutura a alcançar estabilidade dentro do sistema fonogico da criança.
Conforme Stoel-Gammon (1990), as crianças aprendem a maioria dos sons e
seqüências de sons dangua inglesa até a idade de cinco ou seis anos. No entanto,
crianças com desvio fonológico não conseguem aprender os padrões de sons até
essa idade.
Lowe (1996) assinala que na língua inglesa a pronúncia aceitável de certos
sons não é alcançada antes dos 4:6 a 6:0. Acrescenta, ainda, que, baseando-se na
pronúncia de um único item, a maioria dos investigadores concorda que as crianças
completam seu inventário fonêmico em torno dos seis anos de idade ou, mais tardar,
aos sete anos.
De acordo com Lowe (op. cit.), no momento em que as crianças entram na
escola, seu desenvolvimento fonológico teve um progresso considerável. Aos 5:0,
a maioria delas consegue conversar fluentemente com qualquer pessoa e é
compreendida. Contudo, ainda apresentam dificuldade com certos sons e
combinações de sons. As crianças em idade escolar ainda têm que dominar uma
quantidade considerável de detalhes fonológicos. Caso isso não ocorra, elas podem
sofrer conseqüências no crescimento contínuo de outras capacidades lingüísticas
e/ou em seu desenvolvimento lingüístico total. Outros traços fonológicos ainda não
foram dominados até este momento e os encontros consonantais também provaram
ser difíceis para a criança em idade escolar.
Segundo Pagan e Wertzner (2004) a criança começa a construir suas próprias
regras fonológicas no momento em que começa a produzir suas primeiras palavras.
A fase de aquisição das regras fonológicas termina por volta dos 6:0, com a
aquisição dos últimos sons. Wertzner (1994), em estudo sobre a aquisição da
articulação, observou que o os encontros consonantais com /r/ foram dominados aos
4:1 anos e os com o /l/ aos 5:7 anos.
2.5.1 Os traços distintivos na avaliação do desvio fonogico
Os sons da língua não o segmentos indivisíveis, mas, ao contrário, são o
resultado do conjunto de propriedades que caracterizam a sua produção. Essas
unidades mínimas que se unem para a composição de um segmento da língua o
os traços distintivos. Cada som é, pois, o conjunto de propriedades ou traços, o qual,
33
de forma coocorrente, o identifica e o distingue de todos os outros sons. Os traços
distintivos têm três funções básicas: (a) descrever as propriedades articulatórias e/ou
acústicas que entram na composição do som; (b) diferenciar itens lexicais e (c)
agrupar os sons em classes naturais, isto é, grupos de sons que mantêm correlação
entre si e que sofrem as mesmas mudanças fonológicas (YAVAS,
HERNANDORENA e LAMPRECHT, 1991).
Keske-Soares (2001) salienta que os traços distintivos apresentam implicações
quanto à estruturação do sistema fonológico de uma língua, pois determinam o
modo das oposições contrastivas, regem as regras fonológicas, morfofonêmicas e
seqüenciais. Através da utilização de traços distintivos é possível a identificação
exata da alteração fonológica que uma criança com desordens neste nível
apresenta. As substituições efetuadas pelas crianças podem ser evidenciadas nas
alterações dos traços distintivos, ou seja, verificar os traços alterados.
A importância da análise por traços distintivos na fala de crianças com desvio
fonológico reside no fato de que os erros em segmentos diferentes podem ser
descritos em termos de um único padrão de traço distintivo (LEONARD,1997).
O estudo de Hernandorena (1988), realizado com base na Fonologia Linear,
com sete crianças com desvios fonológicos, na faixa etária de 6:6 a 13:10, indicou a
existência de uma hierarquia de traços e identificou ser possível estabelecer padrões
de desvio. A proposta hierárquica indica que dentre os traços mais estáveis no
Português estão o [silábico], [nasal], [contínuo] e [soante], seguidos do [posterior],
[estridente], e [consonantal]. Os traços [lateral], [sonoro], [coronal] e [anterior] foram
os que mais sofreram substituições e, de acordo com a autora, são os menos
estáveis na língua.
Algumas crianças com idade acima de quatro anos apresentam alterações no
desenvolvimento fonológico devido a dificuldades para adquirir o sistema de
contrastes de sons, os traços distintivos, provocando ininteligibilidade na fala em
graus variados. Nesses casos, o problema está além de uma simples imprecisão
articulatória, o que também não descarta a presença desta. Um só traço é suficiente
para distinguir dois fonemas. Por exemplo, o traço [+sonoro] é suficiente para
diferenciar o /b/ do /p/. Quanto maior a ausência de contrastes, mais difícil será
compreender a criança (PESSOA, 2001).
34
Sávio (2001) encontrou a substituição do traço [-anterior][+anterior] como a
mais freqüente na aquisição de /s/ e /z/. A autora assinala que a estabilização do
traço [anterior] para as fricativas ocorre a partir dos 2:0.
Hernandorena (1990) referiu que os traços [anterior] e [alto] são efetivamente
os últimos a terem seu valor distintivo adequadamente empregado. Oliveira (2004)
que essa instabilidade no traço [anterior], referida por Teixeira (1980 apud
OLIVEIRA 2004, p.91) como “confusão das fricativas”, leva à substituição de
emprego entre elas próprias. Oliveira (2004) referiu que a substituição mais
encontrada no corpus de seu estudo sobre as fricativas /f/, /v/, /
/ e / / foi a que
envolveu o traço [contínuo]. As substituições envolvendo os fonemas /f/ e /v/ podem
ser do valor do traço [sonoro] e [contínuo], entre outras.
De acordo com Mota (2001), a análise fonética da fala de uma criança com
desvio fonogico proporciona uma descrição detalhada e informa sobre as
habilidades e as restrições do mecanismo de sua produção. E a análise fonológica
permite uma descrição de como os recursos fonéticos estão sendo usados na
comunicação através da linguagem oral. Para que se obtenha uma boa amostra de
fala, devem ser coletados registros de fala espontânea, repetição e nomeação de
figuras, a fim de comparar os resultados.
3 METODOLOGIA
3.1 Caracterização da pesquisa
O presente estudo está configurado dentro de um paradigma quantitativo e
qualitativo de investigação em campo, com levantamento de dados e análise
descritivo-exploratória transversal (FLETCHER, FLETCHER e WAGNER, 1996), a
partir do estudo dos desvios de fala em uma amostra de pré-escolares de escolas
públicas de Santa Maria – RS.
3.1.1 Amostra
A população-alvo deste estudo foi composta por uma amostra de pré-
escolares, alunos da educação infantil de 17 escolas regulares da rede pública
estadual de Santa Maria – RS, incluindo crianças dos sexos feminino e masculino.
A amostra foi delimitada através de estudo estatístico, de acordo com os dados
apresentados a seguir. Das 758 crianças matriculadas na pré-escola (durante o ano
letivo de 2005), 248 foram autorizadas pelos pais para participar da triagem
fonoaudiogica. Destas, 112 apresentaram alterações de fala no momento da
triagem.
Para determinar o número de alunos necessário para compor a amostra foram
adotadas as estimativas de 3-8% para prevalência de desvio fonológico, de acordo
com estudos de Shriberg, Tomblin e McSweeny (1999) e Andrade (1997); confiança
de 95%, erro padrão de 5% e diferença de +- 2% na estimativa do intervalo de
confiança (margem de erro), resultando em 91 indivíduos, mero esperado para
estudo significativo estatisticamente, como pode ser observado nos cálculos a
seguir.
= 5% Ci= 95% p*= 0,5 co= 2% Z /2 = 1,96
N = (Z /2)2 p* q* N = (1,96)2 . 0,05. 0,95 . 112 = 90,08 ~ 91
Co2 (N-1) + (Z /2)2 p* q* (0,02)2 . 111 + (1,96)2 .0,05. 0,95
36
3.1.2 Critérios para inclusão na amostra
Foram incluídos no estudo todos os alunos que cursavam a pré-escola da rede
estadual de ensino do município de Santa Maria –RS, independente da idade no
período da pesquisa. Foram adotados como critérios de exclusão: a) os alunos cujos
pais e/ou responsáveis não autorizaram a participação no estudo; b) os alunos que
não completaram todas as avaliações, por não comparecerem por três vezes
consecutivas; c) os alunos que estavam utilizando medicações psicoativas, por
entender que estas poderiam interferir nos resultados das avaliações; d) os alunos
que apresentaram alterações na triagem auditiva; e) os alunos em tratamento
psicológico, neurológico e psiquiátrico; f) os alunos que apresentavam alterações
neurogicas e psicológicas significantes e síndromes informadas durante a
anamnese com pais e entrevista com os professores.
3.2 Considerações éticas
Esta pesquisa foi aprovada pela Comissão de Ensino, Pesquisa e Extensão e
pelo Comitê de Ética do Centro de Saúde da Universidade Federal de Santa Maria,
e está registrada sob o número 137/04, conforme Resolução 196/96 da Comissão
Nacional de Ética e Pesquisa (CONEP). Os diretores das escolas assinaram o
Termo de Autorização Institucional (APÊNDICE A) para a realização da pesquisa,
após expostos os objetivos da mesma pela pesquisadora. Os pais das crianças
foram devidamente esclarecidos sobre os propósitos da pesquisa e assinaram o
Termo de Consentimento Informado (APÊNDICE B).
Mediante as assinaturas do Termo de Autorização Institucional e do Termo de
Consentimento Informado, foram estipulados pelas instituições os dias e horários
para coleta de dados, realizada nas próprias escolas pela pesquisadora, que
também foi responsável pelo treinamento de “auxiliares” na coleta. Os auxiliares
eram alunos do V e VII semestres do Curso de Fonoaudiologia da Universidade
Federal de Santa Maria (UFSM) e fonoaudlogas dos Cursos de Pós-Graduação em
Distúrbios da Comunicação Humana da UFSM.
As crianças que apresentaram alterações nas avaliações foram encaminhadas
para os serviços especializados para buscar o tratamento adequado. Este
atendimento não fez parte deste estudo e o foi obrigatório aos pais. As
37
professoras foram orientadas com o objetivo de propiciar atividades em sala da aula
para auxiliar nos distúrbios fonoaudiológicos detectados nas avaliações.
3.3 Procedimentos de coleta
Inicialmente foi solicitado à coordenação das escolas públicas a colaboração
para realizar a presente pesquisa, através do termo de consentimento livre e
esclarecido (APÊNDICE A). Com os professores foi realizada uma reunião a fim de
esclarecer os propósitos do trabalho.
Após, foi realizado um encontro com os pais ou responsáveis para esclarecer
os objetivos e os procedimentos do estudo. Neste momento também foi solicitada a
autorização por escrito, mediante a assinatura do termo de consentimento informado
(APÊNDICE B).
Este estudo foi realizado em dois momentos distintos. No primeiro momento,
todas as crianças foram submetidas, de forma individual, a diversas avaliações,
dentre elas a anamnese e a triagem fonoaudiológica. Em um segundo momento, foi
realizada a inspeção do meato acústico externo, a triagem auditiva, o exame de
articulação e a avaliação fonológica da criança. Estas avaliações foram realizadas
pela própria autora do projeto em local silencioso e privado, individualmente, na
própria escola.
3.3.1 Avaliações realizadas
3.3.1.1 Anamnese
A anamnese (APÊNDICE C) foi realizada com os pais ou responsáveis por
meio de um questionário com perguntas referentes a dados de identificação, parto,
gestação, desenvolvimento da linguagem e antecedentes fisiopatogicos.
3.3.1.2 Triagem Fonoaudiológica
A triagem fonoaudiológica (APÊNDICE D) teve como objetivos observar o
desenvolvimento da linguagem, observar aspectos do sistema estomatognático e
observar a articulação dos fonemas. Serviu, também, como instrumento para excluir
38
crianças que tivessem alteração de linguagem e as que apresentassem deficiências
evidentes nos aspectos neurogico, cognitivo, psicogico ou emocional. Para tanto,
observaram-se sinais sugestivos de alterações nestes aspectos se havia
incoerência, inadequação ou dificuldade nas respostas dadas pelas crianças,
dificuldade de articulação de origem neurológica (disartria ou dispraxia),
comprometimento motor, excessiva falta de atenção, concentração ou colaboração
da criança, comportamento de inibição ou ansiedade excessivas que dificultassem o
contato com a pesquisadora.
A triagem consistiu de avaliação da linguagem compreensiva e expressiva e do
sistema estomatognático. As observações foram registradas em protocolo individual.
A avaliação da linguagem, quanto aos componentes morfológico, semântico,
sintático e pragmático, foi realizada de modo informal, em conversa com a criança,
solicitando que a mesma contasse o desenho temático “circo”, elaborado por
Hernandorena e Lamprecht, para o projeto de pesquisa "As líquidas do português: o
processo de aquisição e suas implicações", de 1991. Isso permitiu, mediante
comparação com dados da literatura sobre a aquisição normal, a determinação da
ausência de quaisquer aspectos deficientes na linguagem que o sejam exclusivos
do componente fonológico. Observou-se a linguagem dos sujeitos nos aspectos
compreensivo e expressivo em relação à adequação das respostas, à execução das
ordens solicitadas, à organização lógica do pensamento, à estrutura gramatical das
sentenças e ao vocabulário empregado. As crianças que apresentaram alterações
na produção fonoarticulatória fizeram parte da segunda parte do estudo e foram
submetidas ao exame articulatório e à Avaliação Fonológica da Criança, descritas
posteriormente.
Para detectar a existência de quaisquer fatores orgânicos que impedissem a
produção dos sons da fala, realizou-se a avaliação do sistema estomatognático, em
que foram avaliados aspectos como morfologia, tônus, postura e mobilidade dos
órgãos fonoarticulatórios (lábios, ngua, bochechas, palato mole, palato duro,
mandíbula e arcada dentária) e suas funções (mastigação, sucção, deglutição e
respiração). Utilizou-se o protocolo proposto por Junqueira (1998).
39
3.3.1.3 Triagem Auditiva
A inspeção do meato acústico externo foi realizada com o objetivo de verificar a
presença de excesso de cerúmen e/ou corpos estranhos. Nos casos em que não
foram detectadas alterações na meatoscopia, realizou-se a triagem auditiva, através
do audiômetro portátil INTERACOUSTICS - AD 229, nas freqüências de 500, 1000,
2000 e 4000 Hz. As crianças com respostas consistentes nas freqüências testadas,
no nível de 20dBNA, passaram para a etapa seguinte. As crianças com suspeita de
deficiência auditiva foram encaminhadas para avaliação com otorrinolaringologista e
avaliação audiológica completa.
3.4 Avaliação da fala
As crianças que, na triagem fonoaudiológica, apresentaram alterações na
linguagem expressiva foram submetidas ao exame de articulação e à avaliação
fonológica completa, composta por prova de repetição, nomeação e fala
espontânea. O objetivo da utilização dessas avaliações foi de confirmar e
caracterizar o desvio.
3.4.1 Exame de articulação
Para avaliar a articulação dos fones, utilizou-se o exame articulatório utilizado
no Centro de Estudos de Linguagem e Fala (CELF UFSM), composto por 150
palavras (contando com 3 ocorrências de cada fonema do português Brasileiro, nas
posições de onset inicial, onset medial, coda medial, coda final) e 26 palavras que
apresentam onset complexo nas posições de onset inicial e onset medial. A criança
repetiu cada palavra dita pela examinadora sem auxílio de apoio visual. As respostas
foram registradas ao lado de cada palavra como corretas ou incorretas. As respostas
incorretas foram transcritas foneticamente.
3.4.2 Avaliação Fonológica da Criança
A avaliação fonológica realizou-se com a aplicação do instrumento de
avaliação fonológica proposto por Yavas, Hernandorena e Lamprecht (1991)
constituído por cinco desenhos temáticos (“zoológico”, “sala”, “banheiro”, “cozinha” e
“veículos”). Ao aplicar o referido instrumento, foi estimulada a nomeação e a fala
40
espontânea de 125 palavras, oportunizando três produções de cada consoante do
português, nas posições possíveis na sílaba e na palavra, com o objetivo de obter
uma representação equilibrada do sistema fonológico. Durante a sessão de coleta,
os dados de fala foram gravados em ambiente silencioso, através do gravador digital
da marca SONY, modelo ICD-P110, acoplado ao microfone da marca PIONNER,
modelo DM-23. Após o rmino das gravações, os dados foram transferidos para o
computador através do programa “Digital Voice Editor”, versão. 2.3, da SONY. A
pesquisadora realizou a transcrição fonética ampla que, posteriormente, foi
analisada por dois juízes para confirmar as transcrições. Os juízes eram bolsistas de
iniciação científica sob supervisão das professoras orientadoras deste trabalho e
tinham experiência em transcrição de dados de fala.
3.4.3 Análise Contrastiva
Esta análise fundamenta-se na comparação entre o sistema fonológico da
criança e o sistema padrão da comunidade lingüística na qual ela está inserida e
possibilita a verificação da presença ou ausência dos sons, do inventário fonético e
do sistema fonológico da criança.
Delimita-se o inventário fonético da criança, ou seja, sua capacidade
articulatória, conforme as categorias de sonoridade, ponto e modo de articulação.
Nesta pesquisa, considerou-se, para fins de determinação de presença ou ausência
do som no inventário fonético, o mínimo de duas ocorrências do fonema,
procedimento também adotado por Keske-Soares (2001).
Stoel-Gammon (1990) indica que qualquer som ocorrido mais que uma vez em
uma amostra de fala deve ser considerado no inventário fonético daquele sistema.
Para cada sujeito, na análise contrastiva, apresenta-se o quadro do inventário
fonético, mostrando a ocorrência dos sons em uma forma convencional de ponto,
modo e sonoridade.
Yavas, Hernandorena e Lamprecht (1991) assinalam que no estabelecimento
do uso dos sons enquanto sistema contrastivo, esta análise possibilita a obtenção
de, no mínimo, duas ocorrências dos fonemas em diferentes posições na sílaba e na
palavra, e em palavras diferentes quanto à estrutura silábica e ao número de sílabas.
Utilizou-se, para fins de análise, as quatro fichas propostas por Yavas,
Hernandorena e Lamprecht (op cit.) que indicam a descrição fonética (D.F.) e a
41
variabilidade de produção com cálculos percentuais das ocorrências e possibilidades
em termos de substituições e omissões realizadas pela criança, diferenciando-as
quanto à posição na estrutura da sílaba e da palavra.
A ficha DF-1 (descrição fonética-1) registrou as realizações dos segmentos
consonantais, ou seja, os sons produzidos corretamente, os omitidos e os
substituídos. A ficha DF-2 (descrição fonética-2) representa a síntese dos dados
para a efetivação da descrição fonética, dividindo-se em duas partes: o registro do
inventário fonético, de acordo com as categorias de ponto, modo e sonoridade; e as
realizações de encontros consonantais. A variabilidade de produção foi registrada na
ficha AC-1 (análise contrastiva-1), a qual contém o registro das ocorrências e
possibilidades das substituições e omissões realizadas pela criança, com o cálculo
das porcentagens. E, finalmente, a ficha AC-2 (análise contrastiva-2 sistema de
fones contrastivos) apresenta o sistema fonológico empregado pela criança,
registrando os contrastes, as substituições e as omissões por ela produzidas.
Mediante o resultado final das fichas de análise contrastiva (A.C.), determinou-
se o sistema fonológico da criança, considerando-se os critérios de análise
propostos por Bernhardt (1992), segundo os quais o fonema está adquirido quando
sua ocorrência for de 80% a 100%; parcialmente adquirido quando a ocorrência for
de 40% a 79%; e não adquirido quando sua ocorrência for igual ou inferior a 39%.
3.4.4 Análise por Traços Distintivos
Na análise por traços distintivos, o objetivo foi verificar, a partir das
substituições dos fones contrastivos, as regularidades do sistema desviante e
identificar os traços distintivos cujas alterações implicam na diferença entre o
sistema da criança e o sistema padrão do adulto. Nessa análise adotou-se o
percentual de realizações corretas superior a 85% como critério de estabelecimento
do traço. Consideraram-se substituições de alta freqüência todas as que foram
registradas numa percentagem acima de 15%. Esses percentuais foram adotados
também por Hernandorena (1990), Azevedo (1994) e Keske-Soares (2001).
Após ter sido estabelecido o inventário fonético e o sistema contrastivo de cada
sujeito e feita a análise por traços distintivos, foi possível determinar quais traços e
segmentos estavam presentes e quais estavam ausentes nos inventários.
42
A cronologia de aquisição dos fonemas do português brasileiro também foi
considerada para verificar se um fonema já deveria estar sendo produzido
corretamente, conforme Oliveira et al. (2004). Alguns estudos referentes à aquisição
fonológica do português e aos desvios fonológicos foram fundamentais para a
pesquisa, como os de Hernandorena (1988, 1990), Lamprecht (1986, 1990, 1993,),
Lamprecht et al. (2004), Mota (1996), Vidor (2000), Yavas (1988), Yavas,
Hernandorena e Lamprecht (1991).
3.5 Composição dos grupos
Após conclusão das avaliações e análises, a amostra foi subdividida em 4
grupos: crianças com diagnóstico de desvio fonológico (GDFo), crianças com desvio
fonético (GDFe), crianças com desvio fonológico-fonético (GDFoFe) e crianças com
aquisição de fala normalizada (GAFN).
3.6 Procedimentos de análise dos dados
Para avaliar a relação entre anamnese, triagem fonoaudiológica, avaliação do
sistema estomatognático, exame de articulação, AFC e os quatro grupos, foi
utilizado o Teste de Associação Qui-quadrado. Sempre que a associação medida
pelo teste fosse significativa, a Análise de Resíduos Ajustados era utilizada como
complemento para identificar as associações locais.
No comparativo das médias de PCC e número de sons presentes no inventário
fonético com os quatro grupos foi utilizada a Análise de Variância, complementada
pelo Teste de Tukey quando significativa.
Para avaliar a diferença entre os quatro grupos em relação ao total de
alterações de traços distintivos, utilizou-se o Teste Não-Paramétrico Kruskal-Wallis.
Para realizar a comparação de médias de idade em relação à presença e à
ausência de desvio de fala e os quatro grupos, foi utilizado o Teste t.
Em todos os testes, realizados no software SPSS 8.0, o nível de significância
adotado foi de 5% (p<0,05).
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neste capítulo estão apresentados os dados obtidos nas avaliações que
fizeram parte da presente pesquisa, cujos objetivos foram: estimar a prevalência de
desvio de fala em uma amostra de crianças pré-escolares de escolas públicas,
verificar a prevalência de desvio quanto ao sexo, classificar os desvios quanto ao
tipo e severidade, verificar se em crianças com desvios fonológicos presença de
história de atraso na aquisição da linguagem, verificar quais os fonemas mais
alterados e caracterizar o inventário fonético e o sistema fonológico dos sujeitos
amostrados. Para facilitar a apresentação dos mesmos e proporcionar maior clareza,
os resultados estão organizados em tabelas e gráficos. A análise desses dados
fornece fundamentos para a interpretação dos resultados. Ainda, a partir dos
resultados obtidos e do embasamento teórico, serão feitas as discussões
pertinentes.
Para melhor entendimento deste capítulo, os dados foram organizados e
expostos em partes, de acordo com os resultados obtidos: prevancia dos desvios
de fala na amostra estudada (4.1); fatores correlacionados (4.2); e caracterização do
inventário fonético e do sistema fonológico (4.3).
4.1 Resultados quanto à prevalência dos desvios de fala na amostra
estudada
Dos 758 pré-escolares matriculados regularmente nas 17 escolas que
assinaram o termo de autorização institucional, apenas 248 (32,71%) foram
autorizados por seus pais para participar do presente estudo, tendo sido realizada a
triagem fonoaudiológica no primeiro semestre de 2005. Desses, 112 (45,16%)
apresentaram triagem fonoaudiológica alterada na área da expressão oral e
passaram para a segunda fase da pesquisa. Entretanto, 21 (18,75%) sujeitos foram
excluídos da amostra por: utilizar medicações psicoativas (por entender que estas
poderiam interferir nos resultados das avaliações); apresentar alterações na triagem
auditiva; apresentar alterações neurológicas e psicológicas significantes e síndromes
informadas durante a entrevista com pais; não completar todas as avaliações ou não
estar presente por três vezes quando a pesquisadora compareceu na escola,
conforme critérios de exclusão adotados.
44
A prevalência de desvio de fala, considerando todos os sujeitos avaliados na
primeira parte do estudo, isto é, no primeiro semestre de 2005 e que apresentaram
alterações na triagem fonoaudiogica, é de 45,20% (Gráfico 1).
Percentual de sujeitos com desvio de fala
54,8%
45,2%
Sem Desvio Com Desvio
Gráfico 1 – Percentual de sujeitos com desvios de fala
No segundo semestre de 2005 realizou-se a segunda parte do estudo,
composta pela triagem auditiva e avaliação da fala. A amostra final constituiu-se de
91 sujeitos, sendo 53 (58,24%) do sexo masculino e 38 (41,76%) do sexo feminino,
na faixa etária de 5:7 a 7:5, divididos inicialmente em dois grupos distintos de acordo
com a presença ou ausência de desvio de fala (Tabela 1). O grupo sem desvio de
fala” foi composto por 27 sujeitos, que apresentavam aquisição de fala normalizada,
isto é, superaram, no período, as dificuldades detectadas anteriormente na triagem
fonoaudiogica. O grupo “com desvio de fala” foi composto por 64 sujeitos que
ainda apresentavam desvios na fala, considerando-se a idade e os fonemas a serem
adquiridos para a faixa etária.
Assim, os 64 sujeitos que apresentaram fala com desvios foram divididos em
três grupos: “desvio fonológico” (GDFo); desvio fonético” (GDFe); e “desvio
fonológico-fonético”(GDFoFe), de acordo com o diagnóstico das avaliações. Os 27
sujeitos com a fala sem desvio formaram o grupo aquisição de fala normalizada
(GAFN), de acordo com o proposto por Shriberg (1997). A distribuição dos sujeitos
em relação aos grupos está apresentado no Gráfico 2.
45
Gráfico 2 – Distribuição dos sujeitos em relação aos grupos
O alto índice de 45,20% pode ser explicado através do viés de seleção e da
“variável de influência”, relatada por Andrade (1997). De acordo com Beaglehole,
Bonita e Kjellström (2003) em estudos sobre saúde infantil, o viés de seleção pode
ocorrer, em razão de os pais de crianças com problemas estarem mais sensíveis
para aceitar a participação de seu filho no estudo, com o intuito de receber ajuda
para o caso. Por este estudo ser realizado dentro dos preceitos éticos e necessitar
de consentimento voluntário dos responsáveis pelos sujeitos participantes, acredita-
se que parte das famílias que autorizaram a participação das crianças era de um
nível sócio-econômico menos favorecido, não tinham condições de buscar
atendimento especializado particular ou acompanhamento para as crianças, estando
estas também mais suscetíveis a apresentar alterações na comunicação.
Mello (2002) em estudo sobre a interferência da situação socioeconômica no
processo de desenvolvimento fonológico dois grupos de crianças de classes sociais
diferentes constatou que os sujeitos pertencentes à classe média, ao contrário da
classe baixa apresentaram menos problemas no desenvolvimento fonológico. Em
termos gerais, a situação econômica desempenha um papel significativo sobre o uso
dos diferentes códigos lingüísticos. Crianças de classe baixa convivem num terreno
fértil que propicia o uso do código restrito.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
GDFo GDFe GDFoFe GAFN
Distribuição dos sujeitos em relação aos grupos
46
O estudo de Wertzner e Consorti (2004a) sobre os processos fonológicos
detectados em 80 crianças de sete a oito anos de idade, de escolas públicas e
privadas, observou que o tipo de escola freqüentada pela criança foi significativa na
explicação da probabilidade da presença dos processos fonológicos, ao contrário do
sexo e da idade. mais chances de crianças de escola pública apresentarem os
processos de simplificação do encontro consonantal e da consoante final do que as
de escola privada.
Ao considerar os resultados obtidos por tipo de desvio, constatou-se que a
prevalência foi de 18,55% para os desvios fonológicos, 2,10% para o desvio fonético
e de 5,24% para o desvio fonogico-fonético.
Ao confrontar os resultados deste estudo com outras pesquisas, verifica-se
que os valores de prevalência encontrados foram maiores que o apontado em
algumas pesquisas (ANDRADE, 1997; NACENTE e FRANÇA, 2005; GIERUT, 1998;
SHRIBERG, TOMBLIM E MCSWEENY, 1999; KEATING, TURELL E OZANNE,
2001).
No estudo conduzido por Andrade (1997), a prevalência de desordens da
comunicação variou de 7% a 6,2% na faixa etária dos 5:0 aos 7:0.
Nacente e França (2005), verificaram que a prevalência foi de 10% para as
alterações na aquisição fonológica e de 18% para as alterações fonéticas.
O distúrbio fonológico afeta aproximadamente 10% da população americana e
está entre as desordens de comunicação mais freqüentes em escolares e pré-
escolares (GIERUT, 1998). A prevalência de atraso de fala em crianças com seis
anos de idade nos Estados Unidos foi de 3,8%. Não referência se as crianças
freqüentavam escolas públicas ou privadas. (SHRIBERG, TOMBLIM E MCSWEENY,
1999).
O estudo de Keating, Turell e Ozanne (2001) verificou que a prevalência de
distúrbio de fala em crianças com idade de 0 a 14 anos de idade na Austrália foi de
1,7%. Nesse grupo, 25,8% apresentaram atraso do desenvolvimento ou déficits
intelectuais; quando essas crianças foram excluídas, a prevalência foi reduzida para
1,3%.
Os resultados estão de acordo com o apontado por Goulart e Ferreira (2002),
os quais verificaram que a prevalência de desordem de fala para a população
estudada foi de 25%. Para os autores, a prevalência de distúrbios articulatórios de
fala em crianças, quer sejam de origem fonética, fonológica ou mista, parece ser
47
maior do que as estimativas atuais. Talvez isso tenha ocorrido devido ao fato de as
características da amostra serem semelhantes, ambas com crianças de escolas
públicas, sem acesso aos atendimentos de fonoaudiologia.
Os valores são inferiores aos encontrados nos estudos de Cigana et al.
(1995) e Silva, Lima e Ferreira (2003).
Cigana et al. (op. cit.) verificou que 27,7% das crianças de escolas de
educação infantil do município de Santa Maria RS apresentavam desvio
fonológico.
O estudo de Silva, Lima e Ferreira (op. cit.) verificou que a prevalência de
desvio fonológico em crianças com idade de 4:4 a 6:7 foi de 34,16% no município de
Camaragibe - PE.
Para Riper e Emerick (1997), é quase impossível dizer com exatidão quantas
pessoas têm distúrbios de comunicação específicos. As pesquisas realizadas por
estudiosos da área utilizaram diversas definições de distúrbios, em populações-alvo
diferentes.
4.1.1 Distribuição da amostra de acordo com a variável sexo
Na Tabela 1 é apresentada a distribuição da amostra considerando-se a
variável sexo e a presença ou não de desvio de fala. Dos 91 sujeitos avaliados, 27
(29,7%) apresentaram aquisição de fala normalizada e os outros 64 (70,3%)
apresentaram algum tipo de desvio de fala.
Através do Teste Qui-quadrado, verificou-se associação estatisticamente
significativa entre o sexo masculino e o grupo com desvio de fala, e entre o sexo
feminino e o grupo com “aquisição de fala normalizada”.
Ao confrontar esses resultados com os obtidos em outros estudos
referendados na literatura consultada (SHRIBERG et al., 1986; SHRIBERG,
TOMBLIM e MCSWEENY, 1999; FARIAS, ÁVILA e VIEIRA, 2005), constata-se que
concordância dos dados quanto à associação do sexo masculino e os desvios de
fala.
Shriberg et al. (op. cit.) apontaram que três a cada quatro crianças (73%), com
atraso de fala de origem desconhecida são meninos. Em outro estudo, Shrinberg,
Tomblim e McSweeny (op. cit.) verificaram que o atraso de fala foi aproximadamente
1,5 vezes mais prevalente em meninos (4,5%) do que em meninas (3,1%).
48
Wertzner e Oliveira (2002) verificaram que o distúrbio fonológico ocorreu em
maior proporção no sexo masculino. Silva, Lima e Silveira (2003) referiram em seu
estudo que a incidência de desvio fonológico é maior no sexo masculino. Os autores
verificaram que em sua amostra, das 57 crianças do sexo masculino, 25 (43,85%)
apresentaram desvio fonológico. No sexo feminino 25,39% das crianças
apresentaram o desvio.
Farias, Ávila e Vieira (2005), em estudo da fala nos pré-escolares conforme o
sexo e o grupo de fala, encontraram fala alterada em 53,3% das crianças do sexo
masculino.
Tabela 1 - Distribuição da amostra quanto à variável sexo e a presença ou ausência
de desvio de fala
Sexo
Masculino Feminino
Total
Grupo
N % N % N %
Sem desvio 11 20,8 16* 42,1 27 29,7
Com desvio 42* 79,2 22 57,9 64 70,3
Total 53 100,0 38 100,0 91 100,0
2
= 3,87; p=0.049 (*) associação estatisticamente significativa
Na Tabela 2 é apresentada a distribuição da amostra quanto à variável sexo e
o tipo de desvio. O grupo “desvio fonológico” (GDFo) foi composto por 46 sujeitos
(50,5%); o grupo “desvio fonético” (GDFe) foi composto por 5 sujeitos (5,5%); o
grupo desvio fonológico-fonético” (GDFoFe) foi composto por 13 sujeitos (14,3%) e
o grupo “aquisição de fala normalizada” (GAFN) foi composto por 27 sujeitos
(29,7%).
Não associação estatisticamente significativa entre sexo e grupos.
Entretanto, observa-se que 60,4% do sexo masculino apresenta desvio fonológico e
42,1% do sexo feminino apresenta “aquisição de fala normalizada”.
Esses resultados são concordantes com os apontados na literatura
consultada (Shriberg e Kwiatrowski, 1994; Vidor, 2000; Wertzner e Oliveira, 2002;
Silva, Lima e Silveira, 2003) os quais indicaram que a ocorrência do desvio
fonológico é maior em meninos.
49
Tabela 2 - Distribuição da amostra quanto à variável sexo e o tipo de desvio
Sexo
Masculino Feminino
Total
Grupos
N % N % N %
GDFo 32 60,4 14 36,8 46 50,5
GDFe 3 5,7 2 5,3 5 5,5
GDFoFe 7 13,2 6 15,8 13 14,3
GAFN 11 20,8 16 42,1 27 29,7
Total 53 100,0 38 100,0 91 100,0
2
= 5,94; p=0,115
4.1.2 Distribuição da amostra quanto à variável faixa etária
Através do Teste T verificou-se que a média de idade dos sujeitos foi de 6:2
(74,67 meses) no grupo sem desvio e, 6:3 (75,91 meses) no grupo com desvio de
fala. Não há diferença estatisticamente significativa na média de idade em relação
aos grupos, conforme se pode observar nos dados que são apresentados na Tabela
3.
Tabela 3 - Distribuição da amostra quanto à variável faixa etária
Idade
1
Grupos N
Média Desvio-padrão
P
Sem desvio 27 74,67 4,23
Com desvio de fala 64 75,91 4,06
0,192
Legenda: 1- Idade em meses; p = nível mínimo de significância do Teste T
Na Tabela 4 é apresentada a distribuição da amostra quanto à média de
idade, expressa em meses, por grupo.
O grupo “desvio fonogico”, composto por 46 sujeitos na faixa etária de 5:7 à
7:0, obteve média de 6:2 (75,35 meses); o grupo “desvio fonético” composto, por 5
sujeitos na faixa etária de 6:0 à 6:7, obteve média de 6:3 (76 meses); o grupo
“desvio fonológico-fonético”, composto por 13 sujeitos idades entre 6:0 e 7:5 obteve
média de 6:4 (77,85 meses); e o grupo “aquisição de fala normalizada”, composto
por 27 sujeitos com idades entre 5:7 e 7:1, obteve média de 6:2 (74,67 meses). Não
50
diferença estatisticamente significativa na média de idade em relação aos quatro
grupos.
Tabela 4 - Distribuição da amostra quanto à média de idade por grupo
Idade
1
Grupo N
Média
Desvio-
padrão
Mínimo Máximo
P
GDFo 46 75,35 3,85 67 84
GDFe 5 76,00 2,55 73 79
GDFoFe 13 77,85 4,83 72 89
GAFN 27 74,67 4,23 67 85
0,142
Legenda: 1- Idade em meses; p = nível mínimo de significância da Análise de Variância
4.2 Resultados quanto a fatores correlacionados
Através da anamnese, procurou-se informações relevantes sobre o
desenvolvimento da linguagem e outros aspectos relacionados para, a partir do
estudo estatístico, constatar se associação entre essas variáveis e os desvios de
fala.
Ao investigar a história de vida da criança, descobre-se muitas vezes que ela
não demorou para falar as primeiras palavras, mas também apresentou
antecedentes familiares com dificuldades semelhantes. Riper e Emerick (1997)
deram ênfase às influências parentais e da família e aos antecedentes
fisiopatológicos no desenvolvimento da linguagem e distúrbios da articulação.
Na Tabela 5 é apresentada a distribuição da amostra quanto à ocorrência ou
não de atraso na aquisição da linguagem, relatada pelos pais no momento da
anamnese.
Para fins de comparação, considerou-se atraso, os casos em que a criança não
utilizava nenhuma palavra até os 2 anos de idade. Embora não tenha sido verificada
associação estatisticamente significativa entre os grupos, observa-se que dos 91
sujeitos, 30 apresentaram atraso no processo de aquisição da linguagem, sendo 22
dos grupos com desvio de fala. No GDFo, verificou-se que 30,4% dos sujeitos
apresentaram atraso. No GDFoFe, 53,8% dos sujeitos apresentaram atraso. Essas
taxas são maiores do que as relatadas nos outros grupos (GDFe e GAFN).
51
Tabela 5 - Distribuição da amostra quanto à ocorrência de atraso na aquisição da
linguagem
Grupos
GDFo GDFe GDFoFe GAFN
Total
Atraso na
aquisição da
linguagem
N % N % N % N % N %
Sim 14 30,4 1 20,0 7 53,8 8 29,6 30 33,0
Não 32 69,6 4 80,0 6 46,2 19 70,4 61 67,0
Total 46 100,0
5 100,0 14 100,0
27 100,0
91 100,0
2
=3,21; p=0,360
Os dados deste estudo sugerem que o atraso na aquisição da linguagem é
um fator que pode estar relacionado com os desvios fonogicos, e estão de acordo
com os estudos de Aimard (1998), Zorzi (1993, 1998), Shrinberg, Tomblim e
McSweeny (1999), os quais referem que atrasos na aquisição podem refletir-se mais
tarde, em problemas na fala.
Para Aimard (op. cit.), os problemas da fala parecem ser uma persistência ou
uma amplificação de processos da linguagem infantil. Pesquisas antigas sobre a
evolução a longo prazo de crianças que não contaram com qualquer tipo de ajuda
demonstraram a existência de diversos tipos de seqüelas, entre elas os problemas
de fala. A idéia de atraso de linguagem surge quando a criança não pronuncia
nenhuma palavra aos dois anos e impõe-se mais nitidamente quando isso acontece
aos três anos. Mas nem sempre essa constatação preocupa os familiares. A idéia de
que tudo vai ser solucionado com a entrada na escola maternal, por exemplo, ainda
é comum, mesmo entre os pediatras.
Zorzi (op. cit.) também compartilha dessa idéia e assinala que muitas crianças
com retardo simples de linguagem embora tenham boa evolução e recebam ajuda
terapêutica, podem apresentar mais tarde distúrbios articulatórios.
Shriberg, Tomblim e McSweeny (op. cit.) verificaram que aproximadamente
15% das crianças com atraso de fala persistente (n=11) tinham distúrbio específico
de linguagem, e 8% das crianças com atraso específico de linguagem persistente
(n=5) tinham atraso de fala.
Na Tabela 6 é apresentada a distribuição da população quanto à ocorrência ou
não de episódios anteriores de otites, relatada pelos pais no momento da anamnese.
Considerou-se a ocorrência de no mínimo seis episódios de otite, independente se
52
houve ou não tratamento médico adequado. Não houve associação estatisticamente
significativa entre a ocorrência de otites e os grupos. Entretanto, cabe salientar que
no GDFe foi encontrada a maior proporção de crianças com histórico de otites
(40,0%).
Tabela 6 - Distribuição da amostra quanto à ocorrência de otites
Grupos
GDFo GDFe GDFoFe GAFN
Total
Otites
N % N % N % N % N %
Sim 8 17,4 2 40,0 2 15,4 5 18,5 17 18,7
Não 38 82,6 3 60,0 11 84,6 22 81,5 74 81,3
Total 46 100,0 5 100,0 13 100,0 27 100,0
91 100,0
2
=1,64; p=0,650
Ao confrontar os resultados obtidos neste estudo com os relacionados em
outras pesquisas (AIMARD, 1998; WERTZNER e OLIVEIRA, 2002; WERTZNER,
ROSAL e PAGAN, 2002), o houve concordância, pois o número de sujeitos que
apresentava histórico de otites não foi relevante.
Wertzner e Oliveira (op.cit.) delinearam um perfil das características de maior
ocorrência de sujeitos com distúrbio fonológico. Verificaram que o distúrbio
fonológico ocorre geralmente em crianças que possuem história de otite média.
Wertzner, Rosal e Pagan (op.cit.) estudaram a ocorrência de otite média e infecções
de vias aéreas superiores em crianças com distúrbio fonológico. Observaram que
40% dos sujeitos do sexo feminino e 54,5% do sexo masculino apresentaram
histórico de otite média. O histórico de infecções de vias aéreas superiores foi
observado em 60% do sexo feminino e 54,5% do sexo masculino. Para Aimard
(1998), otites freqüentes podem provocar períodos de hipoacusia mais ou menos
longos e com freqüência não descobertos na idade em que normalmente as
aquisições de linguagem são mais densas, prejudicando a aquisição e o
desenvolvimento da linguagem.
Na Tabela 7 é apresentada a distribuição da amostra quanto à ocorrência de
gagueira durante o período de aquisição da linguagem, relatada pelos pais no
momento da anamnese.
53
associação estatisticamente significativa entre o grupo com aquisição de
fala normalizada e a não ocorrência de gagueira.
Tabela 7 - Distribuição da amostra quanto à ocorrência de gagueira durante o
período de aquisição da linguagem
Grupos
GDFo Gdfe GDFoFe GAFN
Total
Ocorrência de
gagueira
N % N % N % N % N %
Sim 17 37,0 3 60,0 7 53,8 4 14,8 31 34,1
Não 29 63,0 2 40,0 6 46,2 23* 85,2 60 65,9
Total 46 100,0 5 100,0
13 100,0
27 100,0
91 100,0
2
=8,39; p=0,039 (*) associação estatisticamente significativa
Os resultados obtidos neste estudo estão de acordo com os apontados na
literatura (AIMARD, 1998).
A gagueira pode ser sintoma de problemas de linguagem e fala (AIMARD,
1998). Desta forma, as crianças que apresentaram gagueira já teriam um
componente da linguagem alterado e deveriam ser, no mínimo, acompanhadas por
um fonoaudiólogo para verificar o desenvolvimento da linguagem, podendo até
mesmo prevenir ou remediar alterações fonológicas.
Na Tabela 8 é apresentada a distribuição da população quanto à presença ou
ausência de trocas na fala, relatada pelos pais no momento da anamnese.
Não houve associação estatisticamente significativa entre os grupos.
Entretanto, é interessante assinalar que 45,7% dos pais dos sujeitos do GDFo
relataram que a criança não apresentava trocas. Isso sugere que muitos pais
desconhecem o processo de aquisição fonológica e evidencia também que, desta
forma, muitas crianças permanecem sem receber a ajuda especializada para
superar os desvios.
Não foi possível relacionar esses dados com a literatura por falta de estudos
publicados com relação ao assunto. Sugere-se que pesquisas abordando o tema
sejam realizadas na área da psicologia, a fim de observar se os pais têm percepção
e estão atentos aos desvios de fala apresentados por seus filhos.
54
Para Marquesan (2005), em geral, os pais sabem quais os fonemas que os
filhos omitem ou trocam, e anamnese é uma boa hora para saber quais são os
problemas de fala existentes.
Aimard (1998) refere que nem sempre os familiares ficam preocupados quando
a criança apresenta atraso na linguagem e não pronuncia nenhuma palavra aos dois
anos.
Nacente e França (2005) referem que para algumas famílias a criança falar
errado não chega a ser um problema e, às vezes, ela é ainda estimulada a
permanecer nesse padrão.
Tabela 8 - Distribuição da amostra quanto à presença ou ausência de trocas na fala,
relatada pelos pais no momento da anamnese
Tipo de desvio
GDFo GDFe GDFoFe
GAFN
Total
Há trocas na fala
N % N % N % N % N %
Sim 25 54,3 2 40,0 8 61,5 14 51,9 49 53,8
Não 21 45,7 3 60,0 5 38,5 13 48,1 42 46,2
Total 46 100,0 5 100,0 13 100,0 27 100,0
91 100,0
2
=0,74; p=0,863
Nas tabelas 9, 10 e 11 são apresentados os dados referentes à distribuição da
amostra quanto aos antecedentes familiares com o histórico de trocas na fala,
gagueira e dificuldade de aprendizagem, respectivamente.
Tabela 9 - Distribuição da amostra quanto aos antecedentes familiares com trocas
de fala
Grupos
GDFo GDFe GDFoFe
GAFN
Total
Antecedentes com
trocas de fala
N % N
%
N % N % N %
Sim 9 19,6 1 20,0 1 7,7 11 40,7 21 24,2
Não 37 80,4 4 80,0 12 92,3 16 59,3 70 75,8
Total 46 100,0 5 100,0 13 100,0 27 100,0
91 100,0
2
=6,55; p=0,088
55
Tabela 10 - Distribuição da amostra quanto aos antecedentes familiares com
gagueira
Grupos
GDFo GDFe GDFoFe
GAFN
Total
Antecedentes com
gagueira
N % N % N % N % N %
Sim 5 10,9 0 0,0 1 7,7 4 14,8 10 11,0
Não 41 89,1 5 100,0 12 92,3 23 85,2 81 89,0
Total 46 100,0 5 100,0 13 100,0 27 100,0
91 100,0
2
=1,17; p=0,761
Tabela 11 - Distribuição da amostra quanto aos antecedentes familiares com
dificuldade de aprendizagem
Grupos
GDFo GDFe GDFoFe GAFN
Total
Antecedentes com
dificuldade de
aprendizagem
N % N % N % N % N %
Sim 5 10,9 0 00,0 2 15,4 5 18,5 12 13,2
Não 41
89,1 5 100,0 11 84,6 22 81,5 79 86,8
Total 46
100,0 5 100,0 13 100,0 27 100,0
91 100,0
2
=1,70; p=0,637
Embora não tenha sido verificada a associação entre os grupos e os
antecedentes familiares para tais dificuldades, é importante salientar que entre as
crianças do grupo com desvio fonológico, 19,6% apresentaram antecedentes com
trocas de fala na família. Além disso, o número total de antecedentes com trocas de
fala (24,2%) foi superior ao número de antecedentes familiares com gagueira
(11,0%) e com dificuldades de aprendizagem (13,2%). Durante a entrevista, foi
comum os pais apontarem que tais dificuldades são de família”, eu também tinha
muita dificuldade”, “com o tempo melhora”. Entre as crianças do GDFe, não foi
relatada a presença de antecedentes familiares com gagueira e com dificuldade de
aprendizagem.
Não foi possível confrontar esses dados com a literatura por falta de pesquisas
publicadas com relação ao assunto.
56
Nas próximas ginas, o apresentados os resultados da avaliação do
sistema estomatognático dos sujeitos amostrados e as influências que as alterações
das estruturas e das funções têm na produção da fala.
Através dos dados apresentados na Tabela 12, pode-se constatar que dos 91
sujeitos da amostra, 26 (28,6%) ainda utilizam a chupeta. Entretanto, não houve
associação entre o uso da chupeta e os grupos estudados. O mero de sujeitos
que ainda utiliza a chupeta é alto, se considerarmos que este hábito deveria ter
sido abandonado, no mais tardar, aos 3 anos de idade.
As desvantagens do uso da chupeta o várias: podem deformar a arcada
dentária e o palato, podem ser um veículo de infecções da boca e do resto do
aparelho digestivo (SOUZA, 1992).
Tabela 12 - Distribuição da amostra quanto ao uso atual da chupeta
Grupos
GDFo GDFe GDFoFe GAFN
Total
Uso de
chupeta
N
%
N % n % N % N %
Sim 9 19,6 2 40,0 5 38,5 10 37,0 26 28,6
Não 37 80,4 3 60,0 8 61,5 17 63,0 65 71,4
Total 46 100,0 5 100,0 13 100,0 27 100,0
91 100,0
2
=3,72; p=0,293
Na Tabela 13 são apresentados os dados referentes à distribuição da amostra
quanto ao uso atual da mamadeira.
Embora o tenha sido constatada associação estatisticamente significativa
entre os grupos e o uso da mamadeira, verificou-se que 45,6% das crianças
amostradas ainda utilizavam a mamadeira, o que não é apropriado para a idade e
pode causar alterações no sistema estomatognático, as quais, por sua vez, poderão
mais tarde causar desvios fonéticos.
Souza (1992) assinala que aos dois anos de idade as crianças podem
dispensar a mamadeira. A partir de um ano e meio e dois anos as crianças m
habilidades suficientes para tomar líquidos em xícaras ou copos.
Felício (1999) afirma que, geralmente, o uso prolongamento da alimentação
líquida / pastosa por meio da sucção se dá pela utilização da mamadeira, a qual leva
a maior tendência de hábitos de sucção o-nutritiva. Embora os hábitos de sucção
57
exerçam inflncias negativas desde idades mais precoces, a fase da dentição mista
é bastante crítica, mais uma razão para que os bitos sejam interrompidos até o
início desta.
Tabela 13 - Distribuição da população quanto ao uso atual da mamadeira
Grupos
GDFo GDFe GDFoFe
GAFN
Total
Uso de
mamadeira
N % N % N % N % N %
Sim 19 42,2 3 60,0 4 30,8 15 55,6 41 45,6
Não 26 57,8 2 40,0 9 69,2 12 44,4 49 54,4
Total 45 100,0 5 100,0 14 100,0 27 100,0
90 100,0
2
=2,86; p=0, 414
Nas tabelas 14, 15 e 16 são apresentados os dados relacionados à distribuição
da amostra quanto à postura, à tonicidade e à mobilidade de lábios,
respectivamente. Em nenhum dos casos houve associação estatisticamente
significativa.
Nas Tabelas 14 e 15, pode-se constatar que 74,7% dos sujeitos apresentaram
postura de lábios adequada, e 80,2% apresentaram tonicidade adequada.
Tabela 14 - Distribuição da amostra quanto à postura de lábios
Grupos
GDFo GDFe GDFoFe GAFN
Total
Postura
N % N % N % N % N %
Adequada 34 73,9 4 80,0 11 84,6 19 70,4 68 74,7
Alterada 12 26,1 1 20,0 2 15,4 8 29,6 23 25,3
Total 46 100,0 5 100,0 13 100,0 27 100,0
91 100,0
2
=1,03; p=0,793
58
Tabela 15 - Distribuição da amostra quanto à tonicidade de lábios
Grupos
GDFo GDFe GDFoFe GAFN
Total
Tonicidade
N % N % N % N % N %
Adequada 36 78,3 5 100,0 11 84,6 21 77,8 73 80,2
Alterada 10 21,7 0 00,0 2 15,4 6 22,2 18 19,8
Total 46 100,0 5 100,0 13 100,0 27 100,0
91 100,0
2
=1,60; p=0,659
Tabela 16 - Distribuição da amostra quanto à mobilidade de lábios
Grupos
GDFo GDFe GDFoFe GAFN
Total
Mobilidade
N % N % N % N % N %
Adequada 22 47,8 2 40,0 6 46,2 16 59,3 46 50,5
Alterada 24 52,2 3 60,0 7 53,8 11 40,7 45 49,5
Total 46 100,0 5 100,0 13 100,0 27 100,0
91 100,0
2
=1,28; p=0,734
Na tabela 16 pode-se observar que 50,5% dos sujeitos apresentaram
mobilidade de lábios alterada, mais especificamente, 60,0% do GDFe e 53,8% do
GDFoFe. A alteração na mobilidade pode interferir na produção de alguns fonemas,
mas neste estudo não foi observada associação significativa.
Esses resultados estão de acordo com os encontrados no estudo de Farias,
Ávila e Vieira (2005). As autoras afirmam que a condição muscular pode interferir na
realização de movimentos seqüenciais de lábios e de língua. Entretanto, não
constataram a relação entre a praxia de lábios e a fala.
Na Tabela 17 é apresentada a distribuição da amostra quanto à postura de
língua.
associação estatististicamente significativa entre o grupo com desvio
fonético e a postura alterada de língua, pois todos sujeitos deste grupo
apresentaram postura alterada. Tais alterações podem ter causado as distorções
dos fonemas fricativos /s/ e /z/.
59
Tabela 17 - Distribuição da amostra quanto à postura língua
Tipo de desvio
GDFo GDFe GDFoFe GAFN
Total
Postura
N % N % N % N % N %
Adequada 27 58,7 0 00,0 10 76,9 19 70,4 56 61,5
Alterada 19 41,3 5* 100,0 3 23,1 8 29,6 35 38,5
Total 46 100,0 5 100,0 13 100,0 27 100,0
91 100,0
2
=10,35; p=0,016 (*) associação estatisticamente significativa
Conforme Cunha (2001), para que haja uma emissão correta dos fonemas /s/ e
/z/, a língua deve estar abaixada e colocada atrás dos dentes. Se houver uma
alteração na tonicidade muscular, esses fonemas serão produzidos com a língua
colocada entre as arcadas dentárias, causando o chamado “ceceio”.
Felício (1999) refere que o mau posicionamento da ngua também é causa de
distorção do fonema /s/. Se a língua o contactar as laterais dos dentes molares,
permitirá que alguns sons escapem lateralmente. Quando ocorre a interposição
lingual, a fala estará prejudicada, não pela distorção do fonema, que muitas
vezes é inaudível, mas pela alteração quanto ao ponto de articulação.
Nas Tabelas 18 e 19 é apresentada a distribuição da amostra quanto à
tonicidade e à mobilidade de língua, respectivamente. Não associação
estatisticamente significativa entre a tonicidade e a mobilidade de língua e os
grupos. Entretanto, 57 sujeitos (62,2%) apresentaram alteração quanto à mobilidade
de língua.
No estudo de Farias, Ávila e Vieira (2005), foi verificado que a alteração práxica
esteve presente em maior proporção nas crianças com tônus alterado, sugerindo
que a condição muscular pode interferir na realização de movimentos seqüenciais de
bios e língua.
Apenas oito sujeitos apresentaram alteração no tônus da língua. De acordo
com Cunha (2001), havendo alteração da tonicidade da língua, haverá maior
dificuldade na sua movimentação e pode se interpor entre as arcadas dentárias na
emissão dos fonemas /t/, /d/, /n/ e /l/.
Hanson e Barret (1995) citam as funções que envolvem os movimentos linguais
de protusão, retração, elevação, depressão, lateralização, alongamento e
afilamento. Para Veiga, Meurer e Capp (1998), durante muitos anos a língua foi
60
considerada como o principal elemento causador de alterações nas oclusões
dentárias e na fonação. Atualmente sabe-se que a língua é uma estrutura de
mobilidade complexa por sua unidade neuromuscular e é o órgão de maior
capacidade adaptativa na boca. Os autores constataram que aos quatro anos de
idade as praxias linguais de varrer o palato, canolar e vibrar ainda estão em fase de
aquisição. No estudo o há dados sobre a idade de estabelecimento desses
movimentos, mas acredita-se que aos 6:0 deveriam estar adquiridos na maior
parte da população.
Farias, Ávila e Vieira (2005) ao estudar a relação entre fala e praxia de língua
em pré-escolares, verificaram fala alterada em 36,2% das crianças do grupo com
praxia alterada (significativa estatisticamente). Constataram inter-relação entre tônus
e praxia de língua. Os resultados mostraram haver influência da praxia de língua
sobre a produção de sons da fala.
Tabela 18 - Distribuição da amostra quanto à tonicidade de língua
Tipo de desvio
GDFo GDFe GDFoFe GAFN
Total
Tonicidade
N % N % N % N % N %
Adequada 43 93,5 4 80,0 11 84,6 25 92,6 83 91,2
Alterada 3 6,5 1 20,0 2 15,4 2 7,4 8 8,8
Total 46 100,0 5 100,0 13 100,0 27 100,0
91 100,0
2
=1,85; p=0,605
Tabela 19 - Distribuição da amostra quanto à mobilidade língua
Tipo de desvio
GDFo GDFe GDFoFe GAFN
Total
Mobilidade
N % N % N % n % N %
Adequada 17 37,0 1 20,0 4 30,8 12 44,4 34 37,4
Alterada 29 63,0 4 80,0 9 69,2 15 55,6 57 62,6
Total 46 100,0 5 100,0 13 100,0 27 100,0
91 100,0
2
=1,47; p=0,690
61
Na tabela 20 é apresentada a distribuição da amostra quanto ao frênulo
lingual.
Dos 91 sujeitos, 9 (9,9%) apresentaram alteração do freio lingual. Não houve
associação estatisticamente significativa entre os grupos e o freio lingual.
Tabela 20 - Distribuição da amostra quanto ao frênulo lingual
Tipo de desvio
GDFo GDFe GDFoFe GAFN
Total
Frênulo lingual
N % N % N % N % N %
Adequado 43 93,5 4 80,0 10 76,9 25 92,6 82 90,1
Alterado 3 6,5 1 20,0 3 23,1 2 7,4 9 9,9
Total 46 100,0 5 100,0 13 100,0 27 100,0
91 100,0
2
=3,88; p= 0,274
Verificou-se concordância de valores ao confrontar os resultados deste estudo
com o realizado por Marquesan (2003), a qual propôs uma classificação para os
diferentes frênulos linguais e relacionou as alterações destes com os problemas de
fala. Os resultados de seu estudo foram que dos 1402 pacientes amostrados, 127
(9%) apresentaram a insersão do frênulo alterada. Destes, 62 (48,81%)
apresentaram alterações de fala. As alterações mais freqüentes foram: omissões e
substituições no /r/, no arquifonema /R/, nos grupos consonantais com /r/, no /
/, /s/
e /z/. Também foram encontrados ceceio anterior e lateral. A autora concluiu que o
frênulo lingual alterado predispõe a alterações de fala.
Na Tabela 21 é apresentada a distribuição da amostra quanto ao aspecto do
palato duro e os tipos de desvio de fala.
Através do Teste Qui-quadrado, observou-se associação estatisticamente
significativa entre o palato duro alterado e o GDFe.
62
Tabela 21 - Distribuição da amostra quanto ao aspecto do palato duro
Tipo de desvio
GDFo GDFe GDFoFe GAFN
Total
Palato duro
N % N % N % N % N %
Adequado 33 71,7 1 20,0 11 84,6 14 51,8 59 64,8
Alterado 13 28,3 4* 80,0 2 15,4 13 48,2 32 35,2
Total 46 100,0 5 100,0 13 100,0 27 100,0
91 100,0
2
=9,60; p=0,022 (*) associação estatisticamente significativa
Os dados sugerem que as alterações no formato do palato duro interferem
diretamente e indiretamente na produção dos sons. Diretamente através da sua
configuração alterada de forma (alto e estreito), e indiretamente prejudicando a
postura correta da língua, que não mantém-se na papila e fica com seu tônus
diminuído, causando distúrbios também na mobilidade. Neste estudo as alterações
verificadas estão relacionadas com o formato do palato (alto e estreito).
Segundo Hanson e Barret (1995), o arco palatino deve ter largura, altura e
conformação adequadas para acomodar a língua em repouso. Marquesan (1993), o
palato em ogiva pode causar imprecisão na articulação dos fonemas /k/ e /g/.
Para Felício (1999), a falta de espaço para que a língua contate as faces
palatinas e linguais dos dentes posteriores faz com que durante a fala, muitas vezes,
a língua se posicione entre as arcadas na região anterior, posterior ou antero-
posterior. Dessa forma, os fonemas /s/ e /z/ e outros poderão apresentar distorções
acústicas e os fonemas línguo-dentais /t/, /d/, /l/ e /n/ serão produzidos com
interposição lingual.
O aspecto, a mobilidade e a sensibilidade do palato mole também foram
avaliados. Todos os sujeitos deste estudo apresentaram normalidade nesses
aspectos, em razão do que não foi realizada análise estatística.
Na Tabela 22 é apresentada a distribuição da amostra quanto ao tipo de
oclusão.
A maioria dos sujeitos da amostra (75,8%) não apresentou alterações no que
diz respeito à relação antero-posterior na oclusão. No GDFe observou-se que 60,0%
da amostra apresentou oclusão Classe II de Angle, sugerindo haver relação desta
com as alterações verificadas na postura de língua e formato do palato duro.
Entretanto, não foi constada associação estatisticamente significativa.
63
Tabela 22 - Distribuição da amostra quanto à oclusão
Tipo de desvio
GDFo GDFe GDFoFe GAFN
Total
Oclusão
N % N % N % N % N %
Adequada e
Classe I – Angle
37 80,4 2 40,0 10 76,9 20 74,1 69 75,8
Classe II – Angle 7 15,2 3 60,0 3 23,1 6 22,2 19 20,9
Classe III – Angle
2 4,3 0 00,0 0 00,0 1 3,7 3 3,3
Total 46 100,0 5 100,0 13 100,0 27 100,0
91 100,0
2
=6,17; p=0,404
Segundo Marquesan (2004), na má oclusão Classe II de Angle, o ceceio lateral
pode ocorrer pelo fato de a parte média dangua manter-se próxima do palato duro,
diminuindo o espaço de saída do ar. Na Classe III de Angle pode-se observar a
mudança do ponto articulatório das fricativas /f/ e /v/.
Na Tabela 23 é apresentada a distribuição da amostra quanto ao tipo de
mordida.
Não foi possível aplicar os teste estatísticos nessa variável. Entretanto,
verificou-se que o tipo de mordida estava adequada em 69,6% no GDFO, 20% no
GDFe, 61,5% no GDFoFe e em 63% do GAFN. Observou-se, mais uma vez, que o
GDFe apresentou maior mero de alterações, sendo a mordida aberta a mais
freqüente (40,0%).
Tabela 23 - Distribuição da amostra quanto à mordida
Tipo de desvio
GDFo
GDFe GDFoFe
GAFN
Total
Mordida
%
N % N % N % N %
Adequada 32
69,6 1 20,0 8 61,5 16 63,0 57 62,6
Aberta 6 13,0 2 40,0 4 30,8 4 14,8 16 17,6
Cruzada 3 6,5 0 00,0 0 00,0 6 22,2 9 9,9
Sobremordida 3 6,5 1 20,0 1 7,7 0 00,0 5 5,5
Topo-a-topo 2 4,3 1 20,0 0 00,0 0 00,0 3 3,0
Total 46
100,0 5 100,0 13 100,0 27 100,0
91 100,0
Hanson e Barret (1995) assinalam que a mordida cruzada lingual parece estar
fortemente associada à deglutição atípica.
64
Marquesan (2004) afirma que as mordidas abertas, cruzadas e sobremordidas
podem modificar o ponto de articulação dos fonemas. Nas sobremordidas é comum
o aparecimento do assobio nos fonemas fricativos. As mordidas abertas podem
favorecer o aparecimento do ceceio anterior e da interposição lingual nos fonemas
linguodentais. As mordidas cruzadas também podem interferir na produção dos
fonemas fricativos.
Na tabela 24 é apresentada a distribuição da amostra quanto à respiração.
Verificou-se que dos 91 sujeitos amostrados, 45 (49,5%) apresentaram
respiração nasal, 29 (31,9%) apresentaram respiração mista e 17 (18,7%)
apresentaram respiração oral. o houve associação entre os grupos e o padrão
respiratório.
Tabela 24 - Distribuição da amostra quanto à respiração
Tipo de desvio
GDFo GDFe GDFoFe GAFN
Total
Respiração
N % N % N % N % N %
Nasal 21 45,7 4 80,0 7 53,8 13 48,1 45 49,5
Mista 17 37,0 1 20,0 2 15,4 9 33,3 29 31,9
Oral 8 17,4 0 00,0 4 30,8 5 18,5 17 18,7
Total 46 100,0 5 100,0 13 100,0 27 100,0
91 100,0
2
=4,885; p=0,563
Ao confrontar os resultados encontrados neste estudo com os apontados na
literatura, verificou-se concordância, pois
Carvalho (1996 apud FELÍCIO, 1999,
p.40), relatou que os respiradores estritamente orais são raros. Mais freqüentes são
os pacientes que não podem respirar livremente pelo nariz e realizam uma
respiração mista, oro-nasal.
Felício (op. cit.) considera que a respiração, quando ocorre pela via aérea
nasal, propicia condições favoráveis para o crescimento e desenvolvimento dos
tecidos duros, pois os lábios permanecem selados, a mandíbula encontra-se na
posição de repouso e a língua fica contida na cavidade oral. No indivíduo respirador
oral atrofia das narinas, os bios deixam de cumprir o seu papel de vedar a
cavidade oral anteriormente, causando alterações no tônus e postura dos lábios.
65
Também mudanças na retroalimentação sensória e, conseqüentemente, na
função da neuromusculatura craniofacial.
Para Hanson e Barret (1995) a respiração oral parece estar fortemente
associada à permanência dos padrões anormais de deglutição durante o período de
dentição mista.
Na Tabela 25 é apresentada a distribuição da população com relação à
presença ou ausência de alergias respiratórias, relatada pelos pais no momento da
anamnese.
Embora não tenha sido verificada associação estatisticamente significativa
entre os grupos, é importante salientar que das 91 crianças amostradas, 34,1%
apresentaram alergias respiratórias do tipo “rinite alérgica”, referenciadas pelos pais
no momento da anamnese. A rinite alérgica pode levar ao quadro de respiração oral,
que, por sua vez, pode alterar o tônus, a forma e a mobilidade das estruturas do
sistema estomatognático.
Felício (1999) cita que entre os fatores que impedem a respiração pela via
nasal está a obstrução nasal por rinite alérgica.
Tabela 25 - Distribuição da amostra quanto à presença ou ausência de alergias
respiratórias, relatada pelos pais
Grupos
GDFo GDFe GDFoFe
GAFN
Total
Presença de
alergias
respiratórias
N % N % N % N % N %
Sim 1 28,3 0 00,0 6 46,2 12 44,4 31 34,1
Não 33 71,7 5 100,0 7 53,8 15 55,6 60 65,9
Total 46 100,0 5 100,0 13 100,0 27 100,0
91 100,0
2
=51,41; p=0,144
Nas Tabelas 26, 27 e 28 são apresentadas a distribuição da amostra quanto à
deglutição, à sucção e à mastigação, observadas no momento da triagem
fonoaudiogica.
Verificou-se deglutição típica em 61,5% dos sujeitos, 30,8% apresentaram
deglutição atípica e outros 7,7% apresentaram deglutição adaptada. No GDFe,
observou-se que 60,0% dos casos apresentaram deglutição atípica. Não houve
associação entre os grupos e o padrão/tipo de deglutição (Tabela 26).
66
Tabela 26 - Distribuição da amostra quanto à deglutição
Tipo de desvio
GDFo GDFe GDFoFe GAFN
Total
Deglutição
N % N % N % N % N %
Adequada 30 65,2 1 20,0 8 61,5 17 63,0 56 61,5
Alterada 13 28,3 3 60,0 4 30,8 8 29,6 28 30,8
Adaptada 3 6,5 1 20,0 1 7,7 2 7,4 7 7,7
Total 46 100,0 5 100,0 13 100,0 27 100,0
91 100,0
2
=9,50; p=0,147
Ao confrontar os resultados deste estudo com os citados na literatura
especializada observou-se concordância.
De acordo com a literatura consultada (MARQUESAN e JUNQUEIRA, 1997;
MARQUESAN, 1998; CUNHA, 2001), as alterações no padrão de deglutição podem
vir acompanhadas de distúrbios em outras funções, comprometendo principalmente
a fala.
Para Marquesan e Junqueira (op. cit.), Marquesan (op. cit.), a deglutição atípica
corresponde à movimentação inadequada dangua e/ou outras estruturas que
participam do ato de deglutir, sem que haja alteração de forma, na cavidade oral.
Porém, na deglutição adaptada, a “atipia” encontrada é conseqüência de algum
outro problema existente, como, por exemplo, má oclusão ou respiração oral.
Os resultados encontrados diferem dos apontados por Bertolini e Pachoal
(1998). Segundo esses autores, com freqüência a deglutição adaptada em crianças
e seus efeitos no equilíbrio dentofacial são observados concomitantemente com
alterações do sistema estomatognático. Em estudo com uma amostra de escolares,
na faixa etária dos 7:0 aos 9:0 de idade, na cidade de Campinas SP, verificaram
que a prevalência da deglutição adaptada associada a alterações posturais de
repouso do sistema estomatognático foi de 57%. Deglutição adaptada sem alteração
de forma dentofacial foi observada em 19% dos casos, e 24% apresentaram padrões
de deglutição dentro da normalidade.
Hanson e Barret (1995) assinalam que até os 8:0, aproximadamente, o padrão
de deglutição atípica de muitas crianças ainda se encontra em fase de transição
para o normal. E, embora as pesquisas não tenham demonstrado estatisticamente a
relação entre certos fatores e a persistência da deglutição atípica, alguns deles
67
podem contribuir significativamente para a ocorrência deste problema. Os autores
citam como exemplos desses fatores o uso da chupeta, as alergias, o tamanho da
língua, o grau de sensibilidade do palato e da língua e até problemas psicológicos.
Tabela 27 - Distribuição da amostra quanto à sucção
Tipo de desvio
GDFo GDFe GDFoFe GAFN
Total
Sucção
N % N % N
%
N % N %
Adequada 44 95,7 4 80,0 11 84,6 25 92,6 84 92,3
Alterada 2 4,3 1 20,0 2 15,4 2 7,4 7 7,7
Total 46 100,0 5 100,0 13 100,0 27 100,0
91 100,0
2
=2,88; p=0,411
Tabela 28 - Distribuição da amostra quanto à mastigação
Tipo de desvio
GDFo GDFe GDFoFe GAFN
Total
Mastigação
N % N % N % N % N %
Adequada 40 87,0 4 80,0 10 81,8 21 77,8 75 82,4
Alterada 6 13,0 1 20,0 3 18,2 6 22,2 16 17,6
Total 46 100,0 5 100,0 13 100,0 27 100,0
91 100,0
2
= 1,35; p=0,718
De acordo com os dados apresentados nas Tabelas 27 e 28, verificou-se que a
maioria dos sujeitos apresentou sucção e mastigação adequadas. O GAFN
apresentou 22,2% dos casos com alteração na mastigação. Esses dados podem
estar relacionados com a ausência dos incisivos centrais, verificada na fase de
dentição mista da maioria das crianças.
Para Cunha (2001), o prejuízo que as alterações na deglutição, mastigação e
sucção causam à tonicidade muscular de todos os órgãos utilizados na articulação
da fala irá influenciar a mobilidade destes, causando dificuldades na execução dos
movimentos adequados para a produção dos fonemas. Sendo assim, haverá
distorções ou até mesmo a troca de um fonema por outro. Os sons produzidos com
distorções são aqueles que têm seu ponto de articulação na mesma região onde a
68
língua deve tocar na situação de repouso ou na deglutição. São eles: /t/, /d/, /n/ /l/,
/s/ e /z/.
Tanigute (1998) assinala que a articulação dos sons da fala está ligada ao
desenvolvimento e maturação do sistema miofuncional oral e às demais funções
neurovegetativas de respiração, sucção, mastigação e deglutição.
Vale salientar que sete sujeitos do GDFo não apresentaram alterações em
nenhumas das estruturas e funções do sistema estomatognático. São, portanto,
sujeitos com desvio fonológico evolutivo. Os outros apresentaram até duas
alterações em diferentes estruturas ou/e funções. Os sujeitos que apresentaram
distorções de sons e também três ou mais alterações nas estruturas e funções do
sistema estomatognático foram classificados como com desvio fonológico e fonético.
4.3 Resultados quanto à caracterização do Inventário Fonético e do Sistema
Fonológico
Na Tabela 29 é apresentada a distribuição da amostra, por grupo, quanto ao
inventário fonético.
Através do teste estatístico Qui-quadrado, observou-se que há associação
estatisticamente significativa entre o GDFo e o inventário fonético incompleto, e
entre o GDFe e o GAFN e inventário fonético completo.
Dos 46 sujeitos do GDFo, 16 (34,8%) apresentaram inventário fonético
incompleto. No GDFoFe esse percentual foi ainda maior (46,2%), entretanto, não se
observou associação estatisticamente significativa. Nos grupos GDFe e GAFN,
todos os sujeitos apresentaram inventário fonético completo.
Tabela 29 - Distribuição da amostra quanto ao inventário fonético
Grupos
GDFo GDFe GDFoFe GAFN
Total
Inventário
Fonético
N % N % N % N % N %
Completo 30 65,2 5* 100,0 7 53,8 27* 100,0
69 75,8
Incompleto 16* 34,8 0 0,0 6 46,2 0 00,0 22 24,2
Total 46 100,0 5 100,0 13 100,0 27 100,0
91 100,0
2
=16,45; p= 0,001 (*) associação estatisticamente significativa
69
Na Tabela 30 são apresentados o número mínimo e máximo, a média e o
desvio-padrão de sons presentes no inventário fonético dos sujeitos.
Através da Análise de Variância, complementada pelo seu Teste de
Comparações Múltiplas de Tukey, ao nível de significância de 5%, verificou-se que
diferença estatisticamente significativa, pois os grupos com aquisição de fala
normalizada e com desvio fonético apresentaram número de sons significativamente
maior que o grupo com desvio fonológico-fonético. O grupo fonológico não diferiu
dos demais grupos e apresentou desvio-padrão de 3,25%. Neste grupo, verificou-se
que, enquanto o S25 apresentou apenas sete sons, outros apresentaram inventário
fonético completo (maiores detalhes consultar os Quadros 5, 6, 7 e 8).
Tabela 30 - Distribuição da amostra quanto ao número de sons presentes no
inventário fonético
Fonemas adquiridos
Grupos N
Média Desvio-padrão
Mínimo Máximo
GDFo 46 18,57
AB
3,25 7 21
GDFe 5 21,00
A
0,00 21 21
GDFoFe 13 17,54
B
3,04 10 21
GAFN 27 21,00
A
0,00 21 21
Médias seguidas de letras distintas diferem significativamente
O inventário fonético dos sujeitos do GDFo é apresentado no Quadro 1.
Através de análise quantitativa, pode-se observar que os fonemas com maior
número de omissões no GDFo foram: / , ausente em 10 indivíduos; /z/ e /r/,
ausente em 4 indivíduos; / / e /g/, ausentes em 3 indivíduos. Quanto à classe de
fonemas, pode-se constatar que as fricativas apresentaram maior número de
omissões do que as líquidas.
70
Quadro 1 – O inventário fonético dos sujeitos do GDFo
Inventário Fonético
Grupo
Sujeito p t m n
b d k g f v s z l
r R
Número
de Sons
Ausentes
S2
p t m n
b d k g f v ø z l ø
r R
2
S5
p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S6
p t m n
b d k g f v s z l
ø r R
1
S7
p t m n
b d k g f v s z l
ø r R ø 2
S8
p t m n
b d k g f v s z l
ø r R
1
S18
p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S19
p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S20
p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S21
p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S22
p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S23
p t m n
ø d k ø f v s z l
ø r R
3
S25
p t m n
ø d k ø f v s ø l
ø r R
4
S29
p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S30
p t m n
b d k g f v s z l
ø ø R
2
S32
p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S33
p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S35
p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S42
p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S44
p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S46
p t m n
b d k g f v s z l
ø r R
1
S47
p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S48
p t m n
b d k g f v s z ø ø ø ø R
4
S51
p t m n
b d k g f v s z l
ø r R
1
S53
p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S55
p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S56
p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S58
p t m n
b d k g f v s z l
ø r R
1
S59
p t m n
b d k g f v s z l
ø R
1
S63
p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S64
p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S65
p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S66
p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S67
p t m n
b d k g f v s z l
ø R ø 2
S70
p t m n
b d k ø f v s ø l
r R
2
S71
p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S72
p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S74
p t m n
b d k g f v s ø l
ø r R
2
S76
p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S78
p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
Desvio Fonológico
S79
p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
71
Quadro 1 – O inventário fonético dos sujeitos do GDFo - Continuação
Todos sujeitos dos GDFe e GAFN apresentaram inventário fonético completo,
conforme pode ser visto nos Quadros 2 e 4, respectivamente.
Inventário Fonético
Grupo
Sujeito p t m n
b d k g f v s z l
r R
Número
de Sons
Ausentes
S14
p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S15
p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S27
p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S90
p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
Desvio
Fonético
S92
p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
TOTAL DE SONS
AUSENTES
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Quadro 2 – O inventário fonético dos sujeitos do GDFe
No Quadro 3 é apresentado o inventário fonético dos sujeitos do GDFoFe. Dos
13 sujeitos do GDFoFe, 4 não apresentavam o fonema /r/. Os fonemas /g/, /z/, / / e
/ / estavam ausentes em 2 indivíduos e os fonemas / / e / / estavam ausentes em 1
indivíduo.
Inventário Fonético
Grupo
Sujeito p t m n
b d k g f v s z l
r R
Número
de Sons
Ausentes
S80 p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S84
p t m n
b d k g f v s z l
r R ø 1
S86 p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S87 p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S89 p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
Desvio Fonológico
S91 p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
TOTAL DE SONS
AUSENTES
0 0 0 0 0 2 0 0 3 0 0 1 4 0
2
10
4
0 3 29
72
Inventário Fonético
Grupo
Sujeito p t m n
b d k g f v s z l
r R
Número
de Sons
Ausentes
S9 p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S12 p t m n
b d k g f v s z l ø ø r R
2
S13 p t m n
b d k g f v s z l
ø R
1
S16 p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S17 p t m n
b d k g f v s z l
r R ø 1
S45 p t m n
b d k g f v s z l ø
r R
1
S50 p t m n
b d k ø f v s z l
ø R
2
S57 p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S62 p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S68 p t m n
b d k g f v s z l
ø R ø 2
S73 p t m n ø b d k ø f v s ø l
ø R
4
S82 p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
Desvio Fonológico-Fonológico
S85 p t m n
b d k g f v s ø l
r R
1
TOTAL DE SONS
AUSENTES
0 0 0 0 1 0 0 0 2 0 0 0 2 0 2 1 4 0 2 14
Quadro 3 – O inventário fonético dos sujeitos do GDFoFe
O fonema /r/ estava ausente em quatro sujeitos do GDFoFe (Quadro 3). Isso
pode indicar que o /r/ depende mais do componente fonético para ser adquirido.
Além disso, todos os sujeitos do GDFoFe apresentavam alterações no sistema
estomatognático.
No Quadro 3 pode-se observar que o S73 omitiu os fonemas / / e /g/, que
deveriam estar presentes no inventário fonético desde os 2:0. Isto evidencia o atraso
fonológico junto à dificuldade fonética com fonemas mais posteriores, uma vez que,
de acordo Freitas (2004), a classe das plosivas e nasais são adquiridas cedo,
apresentando um surgimento concomitante entre 1:6 e 1:8 e a plosiva /g/ e a nasal
/ / são os últimos segmentos a serem estabelecidos.
O maior número de alterações na classe das fricativas e líquidas sugere que os
sujeitos com desvios fonológico ou fonológico-fonético utilizam estratégias
semelhantes, embora o idênticas, às das crianças com desenvolvimento
fonológico adequado. Essas classes de fonemas são, de acordo com a literatura
consultada, as últimas a serem adquiridas (HERNANDORENA e LAMPRECHT,
1997; VIDOR, 2000; MEZZOMO e RIBAS, 2004; PAGAN e WERTZNER, 2004).
73
Inventário Fonético
Grupo
Sujeito p t m n
b d k g f v s z l
r R
Número
de Sons
Ausentes
S1 p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S3 p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S4 p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S10 p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S11 p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S24 p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S26 p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S28 p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S31 p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S34 p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S36 p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S37 p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S38 p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S39 p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S40 p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S41 p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S43 p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S49 p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S52 p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S54 p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S60 p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S61 p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S69 p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S75 p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S77 p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
S81 p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
Aquisição de Fala Normalizada
S83 p t m n
b d k g f v s z l
r R
0
TOTAL DE SONS
AUSENTES
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
QUADRO 4 - O inventário fonético dos sujeitos do GAFN
Oliveira (2004) refere que as coronais /s/, /z/, / /, / / são as de aquisição mais
tardia na classe das fricativas. Em estudos sobre a aquisição dos fonemas /f/, /v/, / /
e / /, constatou-se que as labiais /f/ e /v/ são as primeiras a serem adquiridas na
classe das fricativas. O /v/ encontra-se adquirido aos 1:8, o /f/ aos 1:9, o / / aos 2:6 e
o /
/ está adquirido aos 2:10. O fonema /s/ encontra-se adquirido aos 2:6 e o /z/ aos
2:0 (SÁVIO, 2001; OLIVEIRA, 2003).
74
A constatação de o fonema / / não estar presente no inventário fonético de 3
indivíduos do GDFo deve-se ao fato de a aquisição desse fonema ser bem mais
tardia do que a aquisição de /l/ (presente no inventário fonético de todos sujeitos
amostrados). Hernandorena e Lamprecht (1997), em estudo sobre a aquisição das
consoantes líquidas do português, postularam a idade de 4:0 para a aquisição do / /.
As autoras também assinalam que a líquida não-lateral /r/ na posição de onset
simples está adquirida aos 4:2. Para Mezzomo e Ribas (2004), a classe das líquidas
é a mais tardia na aquisição fonológica em função da peculariedade entre os
fonemas, traduzida na diferença de idade de domínio entre os segmentos. Além
desse fator, o uso de estratégias de reparo é bastante expressivo, em comparação a
outras classes de segmento. A aquisição das líquidas mostra um percurso em que a
ordem de domínio entre elas é intercalada entre laterais e não-laterais.
Pagan e Wertzner (2004), ao estudar a ocorrência de erros em líquidas no
desvio fonogico, concluíram que as crianças que utilizam mais processos
fonológicos tendem a apresentar maior dificuldade na produção dos sons de forma
geral, influenciando particularmente a produção das líquidas.
Conforme Vidor (2000), o fato de a aquisição do r-fraco /r/ estar associada à
posição que ele ocupa na sílaba revela que a aquisição fonética desse segmento
não significa sua aquisição fonológica. Refere ainda que a complexidade fonética
das líquidas não-laterais, aliada à variedade de posições fonotáticas que o /r/ pode
ocupar no PB, é que determina a dificuldade com que são adquiridos pelas crianças
com desvio fonogico.
Os dados deste trabalho estão de acordo com o estudo de Hernandorena
(1990). A autora coloca que, durante a aquisição fonética e fonológica do PB, as
substituições mostram-se mais freqüentes do que as omissões. Entretanto, na
classe das líquidas, ocorre justamente o contrário, elas sofrem mais omissões do
que substituições. Isso é verificado observando-se os Quadros (1 e 3), nos quais
vários sujeitos apresentam os fonemas /
/ e /r/ ausentes.
Vários estudos realizados sobre a aquisição normal da fonologia em diferentes
línguas apontam a classe das líquidas como aquela cujo domínio é o mais complexo
e tardio (STOEL-GAMMON e DUNN, 1985; YAVAS, 1988; HERNANDORENA, 1990;
LAMPRECHT, 1990; VIDOR, 2000; RIBAS, 2002; MEZZOMO e MENEZES, 2001;
OLIVEIRA et al., 2004; RIBAS, 2004).
75
Na Tabela 31 é apresentada a distribuição da amostra quanto ao índice
mínimo, máximo, a média e o desvio-padrão do Percentual de Consoantes Corretas
(PCC), o qual é utilizado para classificar o grau de severidade do desvio proposto
por Shriberg e Kwiatkowski (1982).
Através da Análise de Variância complementada pelo seu Teste de
Comparações Múltiplas de Tukey, ao nível de significância de 5%, verificou-se que
diferença estatisticamente significativa, pois os grupos GDFe e GAFN
apresentaram PCC significativamente maior que do GDFoFe. O GDFo não diferiu
dos demais grupos.
Tabela 31 - Distribuição da amostra quanto aos índices de PCC
PCC
Grupos N
Média Desvio-padrão
Mínimo Máximo
GDFo 46 91,29
AB
8,96 62,96 99,76
GDFe 5 98,84
A
1,14 96,95 100
GDFoFe 13 88,91
B
9,68 66,2 98,99
GAFN 27 99,20
A
0,59 97,99 100
Médias seguidas de letras distintas diferem significativamente.
Nos Quadros 5, 6, 7 e 8 são apresentados os dados referentes à descrição dos
fonemas ausentes, ao índice do PCC e a classificação do grau de severidade do
desvio proposto por Shriberg e Kwiatkowski (1982), por grupo.
Ao confrontar os resultados deste estudo com os referenciados na literatura
especializada, verificou-se que há concordância.
Observou-se que quanto maior o número de sons ausentes no inventário
fonético, maior pode ser a severidade do desvio. Nesse caso os sujeitos apresentam
maiores “lacunas” em termos de contrastes de traços, além de níveis de aquisição
fonológica bastante inferior em relação à idade cronológica. Como a autora Keske-
Soares (2001) afirma, observa-se que quanto menor o grau de severidade do
desvio, a ausência de sons tende a diminuir, determinando um maior número de
contrastes de traços, possibilidades igualmente ampliadas, menores atrasos em
relação à aquisição fonológica e fala mais inteligível.
76
Tipo de Desvio
Sujeito
N° de
sons
Ausentes
Sons Ausentes PCC (%) Grau de severidade
S2 2 /s/, / 69,07 Médio-moderado
S5 0 99,37 Médio
S6 1 / 80,43 Médio-moderado
S7 0 95,74 Médio
S8 1 / 88,46 Médio
S18 0 98,44 Médio
S19 0 99,11 Médio
S20 0 98,14 Médio
S21 0 97,46 Médio
S22 0 96,17 Médio
S23 0 82,78 Médio-moderado
S25 5 /b/, /g/, /z/, / /d 62,96 Moderado-severo
S29 0 96,59 Médio
S30 2 /r/, / 78,38 Médio-moderado
S32 0 95,59 Médio
S33 0 94,26 Médio
S35 0 98,04 Médio
S42 1 / / 88,74 Médio
S44 0 95,42 Médio
S46 0 85,48 Médio
S47 0 92,82 Médio
S48 4 /r/, /z/, / e / 70,88 Médio-moderado
S51 0 91,99 Médio
S53 0 97,02 Médio
S55 0 98,98 Médio
S56 0 94,54 Médio
S58 0 95,19 Médio
S59 1 /R/ 87,60 Médio
S63 0 96,67 Médio
S64 1 96,83 Médio
S65 0 98,20 Médio
S66 0 95,65 Médio
S67 2 /r/, / / 85,31 dio
S70 3 /g/, /z/, /d 75,52 Médio-moderado
S71 0 85,86 Médio
S72 0 95,05 Médio
S74 2 /z/ e / / 77,68 Médio-moderado
S76 0 98,27 Médio
S78 0 97,58 Médio
Desvio Fonológico
S79 0 98,06 Médio
Quadro 5 – Descrição dos sons ausentes no inventário fonético, índice de PCC e classificação
do grau de severidade do desvio, GDFo
77
Tipo de Desvio
Sujeito
N° de
sons
Ausentes
Sons Ausentes PCC (%) Grau de severidade
S2 0 97,77 Médio
S84 2 /r/, / / 89,51 dio
S86 0 92,55 Médio
S87 0 98,12 Médio
S89 0 99,76 Médio
Desvio
Fonológico
S91 0 91,18 Médio
Quadro 5 Descrição dos sons ausentes no inventário fonético, índice de PCC e classificação
do grau de severidade do desvio, GDFo - Continuação
Tipo de Desvio
Sujeito
N° de
sons
Ausentes
Sons Ausentes PCC (%) Grau de severidade
S14 0 100,00 Médio
S15 0 98,78 Médio
S27 0 99,21 Médio
S90 0 97,96 Médio
Desvio
Fonético
S92 0 99,25 Médio
Quadro 6 Descrição dos sons ausentes no inventário fonético, índice de PCC e classificação
do grau de severidade do desvio, GDFe.
Tipo de Desvio
Sujeito
N° de
sons
Ausentes
Sons Ausentes PCC (%) Grau de severidade
S9 0 98,99 Médio
S12 0 94,88 Médio
S13 1 /r/ 85,71 Médio
S16 0 96,95 Médio
S17 1 / / 92,19 Médio
S45 1 / 91,25 Médio
S50 2 /r/, /g/ 73,37 Médio-moderado
S57 0 96,02 Médio
S62 0 83,53 Médio-moderado
S68 1 /r/ 90,29 Médio
S73 4 /g/, /z/, /r/, / / 66,20 Médio-moderado
S82 0 95,08 Médio
Desvio Fonético-Fonológico
S85 0 90,34 Médio
Quadro 7– Descrição dos sons ausentes no inventário fonético, índice de PCC e classificação
do grau de severidade do desvio, GDFoFe.
78
Tipo de Desvio
Sujeito
N° de
sons
Ausentes
Sons Ausentes PCC (%) Grau de severidade
S1 0 100,00 Médio
S3 0 98,67 Médio
S4 0 98,34 Médio
S10 0 97,99 Médio
S11 0 100,00 Médio
S24 0 99,31 Médio
S26 0 99,24 Médio
S28 0 99,72 Médio
S31 0 98,86 Médio
S34 0 98,95 Médio
S36 0 99,44 Médio
S37 0 100,00 Médio
S38 0 99,19 Médio
S39 0 99,72 Médio
S40 0 100,00 Médio
S41 0 99,19 Médio
S43 0 98,59 Médio
S49 0 99,18 Médio
S52 0 99,77 Médio
S54 0 98,17 Médio
S60 0 98,86 Médio
S61 0 99,29 Médio
S69 0 98,76 Médio
S75 0 99,58 Médio
S77 0 98,87 Médio
S81 0 100,00 Médio
Aquisição de Fala Normalizada
S83 0 98,58 Médio
Quadro 8 Descrição dos sons ausentes no inventário fonético, índice de PCC e classificação
do grau de severidade do desvio, GAFN
Na Tabela 32 é apresentada a distribuição da amostra quanto ao sistema
fonológico.
Através do Teste Qui-quadrado complementado pela Análise de Resíduos
Ajustados, ao nível de significância de 5%, constatou-se associação estatisticamente
significativa entre o grupo com desvio fonológico e o sistema fonológico alterado, e
entre os grupos com desvio fonético e o grupo com aquisição de fala normalizada e
o sistema fonológico adequado.
79
Tabela 32 - Distribuição da amostra quanto ao sistema fonológico
Grupos
GDFo GDFe GDFoFe GAFN
Total
Sistema
fonológico
N % N % N % N % N %
Adequado 4 8,7 5* 100,00
1 7,7 27* 100,0
36 39,6
Alterado 42* 91,3 0 00,0 12 92,3 0 0,0 55 60,4
Total 46 100,0 5 100,0 13 100,0 27 100,0
91 100,0
2
= 68,52; p<0,001 (*) associação estatisticamente significativa
O sistema fonológico dos sujeitos dos GDFo, GDFoFe está apresentado nos
Quadros 9 e 11, respectivamente.
Ao analisar o sistema fonológico dos 46 sujeitos do GDFo, observou-se que 42
(91,3%) apresentaram sistema fonológico alterado e 4 (8,7%) apresentaram sistema
fonológico adequado, mas não produziam o onset complexo.
Nesta pesquisa, verificou-se que os fonemas sonoros apresentaram maior
instabilidade, refletindo-se no maior número de alterações. O fonema /
/ estava
alterado em 17 sujeitos, enquanto que seu par homônimo surdo / / estava alterado
em 10 sujeitos. O fonema /z/ estava alterado em 10 sujeitos e o fonema /s/ estava
alterado em apenas 4 sujeitos. O fonema /v/ estava alterado em 8 sujeitos, e o
fonema /f/ em 2 dos sujeitos amostrados no GDFo.
Também observou-se que as fricativas coronais / e / /, e as líquidas /r/,
/ / foram as que mais apresentaram alterações. Ao confrontar estes resultados,
verifica-se que concordância com o relatado por Mota (1996), Keske-Soares
(2001), Casarin et al. (2005) e Wertzner, Sotelo e Amaro (2005) além de outros
estudos relacionados com a aquisição normal (HERNANDORENA, 1990;
LAMPRECHT, 1990).
Nenhum dos sujeitos do GDFo apresentou alteração na classe dos fonemas
nasais. Entretanto, verificou-se que entre as plosivas, os fonemas sonoros /b/, /d/ e
/g/ apresentaram mais alterações que seus pares surdos. Tanto a velar /g/ quanto a
bilabial /b/ apresentaram-se alteradas em sete sujeitos, seguidas pela lábio-dental
/d/, alterada em seis sujeitos.
80
A líquida /r/ foi a que mais apresentou alterações no sistema fonológico dos
sujeitos do GDFo. Dos 46 sujeitos, 21 (45,65%) apresentaram alterações nesse
fonema na posição de onset medial.
Esses resultados estão de acordo com o apontado nos estudos, tanto de
crianças com desvio fonológico (OLIVEIRA e WERTZNER, 2000; VIDOR, 2000;
KESKE-SOARES, 2001) quanto em outros relacionados com a aquisição normal
(HERNANDORENA, 1990; LAMPRECHT, 1990; RIBAS, 2002; MEZZOMO, 2004;
OLIVEIRA et al., 2004).
No GDFoFe 12 (92,3%) sujeitos apresentaram alterações no sistema
fonológico.
As classes de fonemas que apresentaram mais alterações no GDFoFe foram a
das fricativas e das líquidas. O fonema /
/ estava alterado em 7 sujeitos. O fonema
/ / estavam alterados em 6 sujeitos. Os fonemas /z/, /s/ e /v/ estavam alterados em
3 sujeitos. Dentro da classe das líquidas, os fonemas /r/ e / / foram os mais
instáveis, e estavam alterados em 5 e 7 sujeitos, respectivamente (Quadro 11).
Nesse grupo, ocorreram menos alterações envolvendo a classe das plosivas. O
fonema mais instável foi o /g/, alterado em 5 sujeitos. Os fonemas /b/ e /k/ estavam
alterados em 2 sujeitos. É importante salientar que 1 sujeito (S73) apresentou
alteração na classe das nasais, envolvendo o fonema / / (Quadro 11).
Na literatura consultada referência de que as velares estão mais
prejudicadas, dentro da classe das plosivas (LAMPRECHT, 1986;
HERNANDORENA, 1988 e MOTA, 1996). Entretanto, observa-se que neste estudo
os fonemas /b/ e /d/ apresentaram-se ainda mais instáveis que o /g/ e o /k/ no GDFo.
No GDFoFe os fonemas /g/ e /k/ estavam mais prejudicados.
As plosivas e as nasais são adquiridas cedo, com surgimento concomitante
entre os 1:6 e 1:8. A plosiva /g/ e a nasal / / são os últimos segmentos a serem
estabelecidos, dentro da classe de fonemas (FREITAS, 2004).
Os dados referentes à classe das fricativas estão de acordo com o referido nos
estudos de Hernandorena (1990), Lamprecht (1990), Oliveira & Wertzner (2000),
Keske-Soares (2001) e Wertzner, Sotelo e Amaro (2005).
Wertzner, Sotelo e Amaro (op cit.) verificaram que o grupo com transtornos
fonológicos apresentou o maior número de distorções em todas as provas, em
81
relação ao grupo controle. As distorções que mais ocorreram em ambos os grupos
foram as que envolveram os fonemas /s/, /z/ e / O grupo com desvio fonológico
apresentou grande variabilidade nas distorções, pois as crianças deste grupo
possuem um sistema fonológico instável.
Com relação à estrutura silábica, verificou-se que a maioria dos sujeitos de
ambos os grupos apresentou dificuldades no onset complexo, evidenciadas através
do apagamento das líquidas /r/ e /l/. Esse resultado também foi encontrado por
Oliveira e Wertzner (2000), Keske-Soares (2001) e Ribas (2002).
Ribas (2002) assinala que o caso de desvio fonológico em que a criança o
produz o onset complexo pode ser melhor avaliado também com relação à
severidade do quadro. O domínio do onset complexo é tardio comparado à aquisição
segmental e ao de outras estruturas silábicas. O onset complexo é a última estrutura
silábica a ser adquirida pelas crianças falantes do português brasileiro.
Wetzner e Consorti (2004b) verificaram que os grupos de crianças entre 7:1 e
8:11 de escola privada não apresentaram 100% de produção dos encontros
consonantais com /l/. Nos grupos de escola blica, as crianças não atingiram os
100% nos encontros consonantais com /r/ e com /l/.
Tanto os 5 sujeitos do GDFe quanto os 27 do GAFN apresentaram sistema
fonológico adequado (Quadros 10 e 12, respectivamente).
SISTEMA FONOLÓGICO
Sujeito
p t m n b d k g f v s
z
l
r R
S2
p t m n b d k g f v
s t d
z d t
l r t j
t d t d
l ø j ø R l j
l
S5 p t m n
b d k g f v s z l
r R
S6 p t m n b p d k g k f v f s
l
r l j R ø l
S7 p t m n b d k g f v s z l
r R
l
S8 p t m n b d k g f v s z l
s
ø z r l R
S18 p t m n b d k g f v s z l
r R
S19 p t m n b d k g f v s z l
s
r R
S20 p t m n b d k g f v s z l
r R
S21 p t m n b d k g f v s z l
r ø l R
S22 p t m n b d k g f v s z l
r R
l
S23 p t m n
b p d t k g k f v f s z s l
s
r R
l
S25 p t m n b p d t k g k f t k v f ø s t k
ø s l j ø k ø j
l ø r j
R ø l n l
S29 p t m n b d k g f v s z l
r R
S30 p t m n b p d t k g k f v f s z s l
s ø s z
ø l
R
l
S32 p t m n b d k g f v s z l
r ø l R
S33 p t m n b d k g f v s z l
z
r R
S35 p t m n b d k g f v s z l
r R
S42 p t m n b d k g f v s z l j ø
ø w r j R l ø j
S44 p t m n b d k g f v s z l
r R
l j
S46 p t m n b p d t k g k f v f s z s l
s s z
r R
l j
S47 p t m n b d k g f v s z l
r R
S48 p t m n b d k g f d t v b d
s t t
d
l
t t d d
l
R
l
S51 p t m n b d k g f v
s
z l
s z
r R
l
S53 p t m n b d k g f v s z l
r ø R
S55 p t m n b d k g f v s z l
r R
S56 p t m n b d k g f v s z l
ø r j R
S58 p t m n b d k g f v s z l
r ø R
S59 p t m n b d k g f v s z l
ø j w R
Quadro 9 – Sistema fonogico dos sujeitos do grupo com desvio fonológico
SISTEMA FONOLÓGICO
Sujeito
p t m n b d k g f v s z l
r R
S63 p t m n
b d k g f v s z l
r ø R
S64 p t m n
b d k g f v s z l
s z
r R
S65 p t m n
b d k g f v s z l
r R
l r
S66 p t m n b d k g f v s z l
r R
l
S67 p t m n b d k g f v s z l
ø l j R
ø l
S70 p t m n b p d t k g k f v f s s l
s z
r ø R
l j
S71 p t m n b d k g f v s
z s
l
s
r ø l R
l
S72 p t m n b d k g f v s z l
r ø l R
l
S74 p t m n b p d t k g k f v f s s l
s
r R
S76 p t m n b d k g f v s z l
r R
S78 p t m n b d k g f v s z l
r ø l R
S79 p t m n b d k g f v s z l
r R
S80 p t m n b d k g f v s z l
r R
S84 p t m n b d k g f v s z l
ø R
S86 p t m n b d k g f v s z l
l r R
l
S87 p t m n b d k g f v s z l
r ø R
S89 p t m n b d k g f v s z l
r R
S91 p t m n b d k g f v s z l
s z
r R
Quadro 9 – Sistema fonogico dos sujeitos do grupo com desvio fonológico – continuação
SISTEMA FONOLÓGICO
Sujeito
p t m n
b d k g f v s z l
r R
S14 p t m n
b d k g f v s z l
r R
S15 p t m n
b d k g f v s z l
r R
S27 p t m n
b d k g f v s z l
r R
S90 p t m n
b d k g f v s z l
r R
S92 p t m n
b d k g f v s z l
r R
Quadro 10 – Sistema fonológico dos sujeitos do grupo com desvio fonético
SISTEMA FONOLÓGICO
Sujeito
p t m n
b d k g f v s z l
r R
S9 p t m n
b d k g f v s z l
r R
l
S12 p t m n
b d k g f v s z l
s z
r R
S13 p t m n
b d k g f v s z l
s z
l ø l R
l j
S16 p t m n
b d k g f v s z l
r R
S17 p t m n
b d k g f v s z l
r R
l r
S45 p t m n
b d k g k f v f z s z l s
z
r R
S50 p t m n
b d k t d f v
t f z
l
t z
ø l R
l
S57 p t m n
b d k g f v s
z s
l
s
r R
S62 p t m n
b d
k t t
g d l f v s z l
s z t
r ø l R
l j
S68 p t m n
b d k g f v s z l ø j l R y w ø
S73 p t m n ø b p ø d t k g k f v f
s z
l j ø w
ts
l ø w R
j ø
S82 p t m n
b m p d t k g k f v f s z l
z
r R
S85 p t m n
b d k g f v
s z
l
r R
l
Quadro 11 – Sistema fonológico dos sujeitos do grupo com desvio fonológico-fonético
SISTEMA FONOLÓGICO
Sujeito
p t m n
b d k g f v s z l
r R
S1 p t m n
b d k g f v s z l
r R
S3 p t m n
b d k g f v s z l
r R
S4 p t m n
b d k g f v s z l
r R
S10 p t m n
b d k g f v s z l
r R
S11 p t m n
b d k g f v s z l
r R
S24 p t m n
b d k g f v s z l
r R
S26 p t m n
b d k g f v s z l
r R
S28 p t m n
b d k g f v s z l
r R
S31 p t m n
b d k g f v s z l
r R
Quadro 12 – Sistema fonológico dos sujeitos do Grupo com aquisição de fala normalizada
SISTEMA FONOLÓGICO
Sujeito
p t m n
b d k g f v s z l
r R
S34 p t m n
b d k g f v s z l
r R
S37 p t m n
b d k g f v s z l
r R
S38 p t m n
b d k g f v s z l
r R
S39 p t m n
b d k g f v s z l
r R
S40 p t m n
b d k g f v s z l
r R
S41 p t m n
b d k g f v s z l
r R
S43 p t m n
b d k g f v s z l
r R
S49 p t m n
b d k g f v s z l
r R
S52 p t m n
b d k g f v s z l
r R
S54 p t m n
b d k g f v s z l
r R
S60 p t m n
b d k g f v s z l
r R
S61 p t m n
b d k g f v s z l
r R
S69 p t m n
b d k g f v s z l
r R
S75 p t m n
b d k g f v s z l
r R
S77 p t m n
b d k g f v s z l
r R
S81 p t m n
b d k g f v s z l
r R
S83 p t m n
b d k g f v s z l
r R
Quadro 12 – Sistema fonológico dos sujeitos do Grupo com aquisição de fala normalizada – continuação
Legenda:
Cores Classificação porcentagem
.......... Fonema adquirido 80-100%
.......... Fonema parcialmente adquirido 40-79%
.......... Fonema não adquirido 0-39%
86
Na Tabela 33 é apresentado o número de traços distintivos alterados por
grupo.
Para fins de análise estatística utilizou-se Teste não-paramétrico Kruskal-Wallis
complementado pelo seu teste de comparações múltiplas, ao nível de significância
de 5%.
Observou-se que os grupos desvio fonológico e desvio fonológico-fonético
apresentaram número de traços distintivos alterados estatisticamente significativo e
maior que o grupo com aquisição de fala normalizada. O grupo desvio fonético não
diferiu dos demais grupos.
Tabela 33 - Número de traços distintivos alterados por grupo
Total de alterações
Grupos
1º quartil 2º quartil 3º quartil
Rank médio
GDFo 1,0 3,0 6,0 57,5
A
GDFe 0,0 0,0 0,5 25,8
AB
GDFoFe 1,0 3,0 7,5 59,9
A
GAFN 0,0 0,0 0,0 23,4
B
Rank médio seguido de letras distintas diferem significativamente.
A análise de traços distintivos dos sujeitos desta pesquisa é apresentada,
detalhadamente, nos Quadros 13, 14, 15 e 16.
NÓ DE CAVIDADE ORAL
NÓ DE RAIZ
LARÍNGEO
PONTO DE CONSOANTE
Coronal
Soante Aproximante
Vocóide Voz
Contínuo
Labial
Anterior
dorsal
SUJEITO
+ - - + + - - + + - - + + - - + + - - +
coronal
dorsal
Labial
+ - - +
dorsal
labial
Coronal
S2
2 2 4 1 2 3
S5
S6
8 1 2 1
S7
1 1 1
S8
1 2
S18
1
S19
S20
S21
S22
1
S23
6
S25
1 2 3 8 6 1 1 2 3 1 1
S29
1
S30
6 1 3
S32
1 1 1
S33
1 1 1 1
S35
S42
4 4 1 1 2 1
S44
1
S46
6 3
S47
4
S48
1 1 10 2 1 3
S51
2 1
S53
S55
1 1 1
S56
1 1 1 1 1
(*) total de alterações por traço
Quadro 13 – Análise dos traços distintivos dos sujeitos do GDFo
NÓ DE CAVIDADE ORAL
NÓ DE RAIZ
LARÍNGEO
PONTO DE CONSOANTE
Coronal
Soante Aproximante
Vocóide Voz
Contínuo
Labial
Anterior
dorsal
SUJEITO
+ - - + + - - + + - - + + - - + + - - +
coronal
dorsal
Labial
+ - - +
dorsal
labial
Coronal
S58
1 1 1 1
S59
2 2 1 1
S63
S64
1
S65
1 1 1 1
S66
1 1
S67
1 1 1 2
S70
2 2 6 1 1 2
S71
3 1 2 1
S72
1
S74
6
S76
S78
1
S79
S80
1 1 1
S84
1 1
S86
1 1 1 1 1
S87
1 1 1
S89
1
S91
2 1
total (*)
0 5 21 0 0 26 55 0 26 5 3 2 1 11 44 8 8 2
(*) total de alterações por traço
Quadro 13 – Análise dos traços distintivos dos sujeitos do GDFo – continuação
NÓ DE CAVIDADE ORAL
NÓ DE RAIZ
LARÍNGEO
PONTO DE CONSOANTE
coronal
Soante Aproximante
Vocóide Voz
Contínuo
labial
anterior
dorsal
SUJEITO
+ - - + + - - + + - - + + - - + + - - +
coronal
dorsal
Labial
+ - - +
dorsal
labial
Coronal
S14
S15
S27
S90
1
S92
total (*)
0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
(*) total de alterações por traço
Quadro 14 – Análise dos traços distintivos do GDFe
NÓ DE CAVIDADE ORAL
NÓ DE RAIZ
LARÍNGEO
PONTO DE CONSOANTE
Coronal
Soante Aproximante Vocóide Voz
Contínuo
labial
anterior
dorsal
SUJEITO
+ -
- +
+ -
- +
+ -
- +
+ -
- +
+ -
- +
coronal
dorsal
Labial
+ -
- +
dorsal
labial
Coronal
S9
S12
1 2
S13
1 1 1 1 1 2
S16
1
S17
1
S45
1 2
S50
1 1 1 3 4
S57
1 1 1
S62
1 1 1 3 2
S68
1 1 1
S73
2 2 7 1 3 2
S82
1 2
S85
2 1
total (*)
0 0 6 0 0 6 13 0 4 3 0 0 0 8 16 1 0 4
(*) total de alterações por traço
Quadro 15 – Análise de traços distintivos dos sujeitos do GDFoFe
NÓ DE CAVIDADE ORAL
NÓ DE RAIZ
LARÍNGEO
PONTO DE CONSOANTE
Coronal
Soante Aproximante Vocóide Voz
Contínuo
labial
anterior
dorsal
SUJEITO
+ -
- +
+ -
- +
+ -
- +
+ -
- +
+ -
- +
coronal
dorsal
Labial
+ -
- +
dorsal
labial
Coronal
S1
S3 1
S4
S10
S11
S24
S26
S28
S31
S34
S36
S37
S38
S39
S40
S41
S43
S49
S52
S54
S60
S61
S69
S75
S77 1
S81
S83
Total (*) 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0
(*) total de alterações por traço
Quadro 16 – Análise dos traços distintivos dos sujeitos do GAFN
92
Verificou-se que no GDFO (Quadro 13), o traço [+voz] [-voz] foi o que
apresentou maior número de alterações, 55 ocorrências, em 12 sujeitos. O traço [-
anterior] [+anterior] estava alterado para 30 sujeitos, totalizando 44 alterações,
seguido pelo traço [+contínuo] [-contínuo] com 26 alterações, em 11 sujeitos e do
traço [-vocóide] [+vocóide] com 26 alterações, em 18 indivíduos.
No GDFoFe, o traço [-anterior] [+anterior] apresentou 16 alterações, em 8
sujeitos; o traço [+voz] [-voz] apresentou 13 alterações em 7 sujeitos; o traço
[+anterior] [-anterior] estava alterado em 5 sujeitos, totalizando 8 alterações.
Também observou-se alterações nos traços [aproximante], [vocóide], [contínuo],
[dorsal], conforme Quadro 15.
No GDFe (Gráfico 14), apenas 1 sujeito apresentou uma alteração no traço
[+voz] [-voz]. No GAFN, 2 sujeitos apresentaram alterações, uma no traço [+voz]
[-voz] e uma no traço [-anterior] [+anterior].
Ao confrontar os resultados obtidos com a literatura consultada
(HERNANDORENA, 1988, 1990; LAMPRECHT, 1990; VAUCHER, 1996; SÁVIO,
2001; OLIVEIRA, 2004), observou-se concordância em alguns aspectos, descritos a
seguir.
O traço [anterior] apresentou muitas alterações, tanto no GDFo quanto no
GDFoFe. Esse resultado está de acordo com os verificados no trabalho de
Hernandorena (1990), a qual refere que os traços [anterior] e [alto] são efetivamente
os últimos a terem seu valor distintivo adequadamente empregado.
Vaucher (1996), em estudo com crianças com desvios fonológicos, verificou
que, dos 46 sujeitos de sua pesquisa, 34 alteraram o traço [anterior], sendo que a
alteração mais freqüente aconteceu na direção [-][+]. Outra substituição freqüente
foi a que envolveu o traço [contínuo], alterado em 15 dos 46 sujeitos estudados.
Sávio (2001) encontrou a substituição do traço [-anterior][+anterior] como a
mais freqüente na aquisição de /s/ e /z/. A autora assinala que a estabilização do
traço [anterior] para as fricativas ocorre a partir dos 2:0.
Oliveira (2004) que essa instabilidade no traço [anterior], referida por
Teixeira (1980 apud OLIVEIRA, 2004, p.91) como confusão das fricativas”, leva à
substituição de emprego entre elas próprias.
Oliveira (2004) refere que a substituição mais encontrada no corpus de seu
estudo sobre as fricativas /f/, /v/, /
/ e / / foi a que envolveu o traço [contínuo]. As
93
substituições envolvendo os fonemas /f/ e /v/ podem ser do valor do traço [sonoro] e
[contínuo], entre outras.
Hernandorena (1990) mostrou que o traço [coronal] é alterado tanto em onset
absoluto como em onset medial, predominando essa posição em substituição na
classe das fricativas.
O estudo de Hernandorena (1988), realizado com sete crianças com desvios
fonológicos, na faixa etária de 6:6 a 13:10, verificou que os traços [lateral], [sonoro],
[coronal] e [anterior] foram os que mais sofreram substituições e, de acordo com a
autora, são os menos estáveis na língua.
De acordo com Lamprecht (1990), a anteriorização pode ser um processo
persistente por bastante tempo nas crianças em que é encontrado. Esse processo
envolve a alteração dos traços [+anterior] e [-anterior].
É fato que um correto diagnóstico e classificação dos desvios de fala é
primordial para um bom prognóstico e ambos dependem diretamente de como o
fonoaudiólogo classifica, compreende e trata os desvios. Espera-se que este estudo
possa contribuir na atividade clínica dos fonoaudiólogos que atuam na área da
linguagem. Os fatores que estão associados aos desvios de fala e, especificamente,
aos desvios fonológicos devem ser considerados no momento da avaliação.
Acredita-se que os resultados deste estudo podem ser empregados para
auxiliar os profissionais no diagnóstico diferencial e na classificação dos desvios de
fala.
Sugere-se a realização de pesquisas de intervenção nas escolas participantes,
e de investigação entre diferentes grupos sócio-econômicos, para melhor elucidar se
realmente relação entre a prevalência de desvios de fala e às condições sócio-
econômicas das crianças.
Pretende-se que as questões levantadas por este estudo possam contribuir
para a implementação de ações voltadas para a detecção e o tratamento precoce
dos desvios de fala, reduzindo tamm o número de casos de crianças com
distúrbios da leitura e da escrita, tão comuns na atividade clínica de fonoaudlogos.
5 CONCLUSÃO
Ao concluir este estudo, realizado com os objetivos de estimar a prevalência de
desvio de fala em uma amostra de crianças pré-escolares de escolas públicas,
verificar a prevalência quanto ao sexo, classificar os desvios quanto ao tipo e
severidade, verificar se em crianças com desvios fonológicos presença de
histórico de atraso na aquisição da linguagem, verificar quais os fonemas mais
alterados e caracterizar o inventário fonético e o sistema fonológico da amostra,
pode-se chegar às seguintes conclusões:
prevalência de desvio de fala, considerando todos os sujeitos que
apresentaram alterações na triagem fonoaudiológica na primeira parte do estudo, foi
de 45,20%. Ao considerar os resultados obtidos por tipo de desvio, a prevalência foi
de 18,55% para os desvios fonológicos, 2,10% para o desvio fonético e de 5,24%
para o desvio fonológico-fonético;
– há associação estatisticamente significativa entre o sexo masculino e o grupo
com desvio de fala e entre o sexo feminino e o grupo sem desvio;
os sujeitos foram divididos em quatro grupos de acordo com a natureza dos
desvios de fala: desvio fonológico, desvio fonético, desvio fonológico-fonético e
aquisição de fala normalizada;
ao analisar os antecedentes fisiopatológicos, o houve associação
estatisticamente significativa entre a ocorrência de otites e o tipo de desvio e entre a
ocorrência de atraso na aquisição da linguagem e o tipo de desvio, 30 sujeitos
apresentaram atraso no processo de aquisição da linguagem, sendo 30,4% no
GDFo;
– é alta a proporção de crianças que ainda utilizavam a mamadeira (45,6%) e a
chupeta (28,6%);
na avaliação do sistema estomatognático, foi verificado que houve
associação estatististicamente significativa entre o GDFe e a postura alterada de
língua e também o palato duro alterado; 62,2% da amostra apresentou alteração
quanto à mobilidade de língua; 9,9% apresentaram alteração do freio lingual;
quanto ao inventário fonético, foi constatado que houve associação entre o
GDFo e o inventário fonético incompleto e entre o GAFN e inventário fonético
completo;
95
os GAFN e GDFe apresentaram número de sons significativamente maior
que o GDFoFe;
os sons que apresentaram maior número de omissões no GDFo foram: / /,
/z/, /r/, / / e /g/;
no GDFoFe, os sons que apresentaram maior número de omissões foram: /r/,
/g/, /z/, / / e / /;
– houve diferença estatisticamente significativa entre o tipo de desvio e o índice
de PCC, os grupos GDFe e GAFN apresentaram PCC significativamente maior que
do GDFoFe;
quanto maior o número de sons ausentes no inventário fonético, maior pode
ser a severidade do desvio;
quanto ao sistema fonológico, foi constatada associação estatisticamente
significativa do GDFo com o sistema fonológico alterado, e dos GDFe e GAFN com o
sistema fonológico adequado;
– as classes de fonemas que apresentaram mais alterações nos GDFo e
GDFoFe foram a das fricativas e das líquidas. Os fonemas mais alterados no
sistema fonogico do GDFo foram: /r/, /
/, / /, / / e /z/; no GDFoFe, os fonemas / /,
/ /; /r/ e /g/ foram os que apresentaram mais alterações;
em ambos os grupos, a maioria dos sujeitos apresentou dificuldades com as
estruturas onset complexo, evidenciadas através do apagamento das líquidas /r/ e
/l/;
o maior número de alterações na classe das fricativas e líquidas sugere que
os sujeitos com desvios fonológico ou fonológico-fonético utilizam estratégias
semelhantes, embora o idênticas, às das crianças com desenvolvimento
fonológico adequado, pois essas classes de fonemas são, de acordo com a literatura
consultada, as últimas a serem adquiridas;
quanto aos traços distintivos, foi verificado que os GDFo e GDFoFe
apresentaram número de traços alterados estatisticamente significativo e maior que
o GAFN;
no GDFO, os traços mais alterados foram: [+voz] [-voz], [-anterior]
[+anterior], [+contínuo] [-contínuo] e [-vocóide] [+vocóide];
96
no GDFoFe, os traços mais alterados foram: [-anterior] [+anterior], [+voz]
[-voz], e [+anterior] [-anterior];
os fatores associados aos desvios de fala precisam ser definidos com maior
precisão, vários aspectos são apontados na literatura internacional, porém no Brasil
poucos são os dados disponíveis.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ACOSTA, V.M. (Coord.). Avaliação da linguagem: teoria e prática do processo de
avaliação do comportamento lingüístico infantil. São Paulo: Santos, 2003. 214p.
AIMARD, P. O surgimento da linguagem na criança. Porto Alegre: Artmed, 1998.
192p.
ANDRADE, C.R.F. Prevalência de desordens idiopáticas da fala e da linguagem em
crianças de um a onze anos de idade. Revista de Saúde Pública, v.31, n.5, p.495-
501, 1997.
AZEVEDO, C. Aquisição normal e com desvios da fonologia do português:
contrastes de sonoridade e de ponto de articulação. 1994. 132 f. Dissertação
(Mestrado em Letras) – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto
Alegre, 1994.
BEAGLEHOLE, R.; BONITA, R.; KJELLSTRÖM, T. Epidemiologia sica. São
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7 OBRAS CONSULTADAS
CAMPOS, H. de. Estatística Experimental não-paramétrica. 4ed. Piracicaba: Artes
Médicas, 1983. 349p.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA. Manual de estrutura e
Apresentação de Monografias, Dissertações e Tese (MDT). Resolução 013/04, 6 ed.,
Santa Maria, 2004. 48p.
8 APÊNDICES
APÊNDICE A – CONSENTIMENTO INFORMADO INSTITUCIONAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE OTORRINO-FONOAUDIOLOGIA
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DISTÚRBIOS DA COMUNICAÇÃO HUMANA
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: LINGUAGEM
Eu, Maísa Tatiana Casarin, aluna do Curso de Pós-Graduação, Mestrado em
Distúrbios da Comunicação Humana, orientanda da Profa. Dr. Márcia Keske-Soares,
da Universidade Federal de Santa Maria, estou desenvolvendo uma pesquisa que
tem como tulo Estudo da prevalência de distúrbios articulatórios em pré-escolares
da rede estadual de ensino de Santa Maria - RS”. O objetivo geral deste trabalho é
estimar a prevalência dos distúrbios articulatórios em uma amostra de alunos do pré
escola, de escolas estaduais do município de Santa Maria – RS.
Para que este estudo seja realizado, necessito de sua colaboração no sentido
de fornecer seu consentimento, após os devidos esclarecimentos que me proponho
a apresentá-los a seguir. Após as crianças serem encaminhadas, os pais ou
responsáveis deverão responder a anamnese (entrevista sobre a história de vida da
criança, com perguntas sobre a gestação, o parto, o desenvolvimento motor,
desenvolvimento da linguagem, história escolar e saúde em geral). A seguir, as
crianças passarão por diversas avaliações, entre elas: triagem fonoaudiológica que
englobará a avaliação dos órgãos fonoarticulatórios (quando será observado a
postura, o tônus muscular e os movimentos da língua, do palato “céu da boca”, dos
bios e das bochechas, postura dos dentes, tipo e modo de respiração, tipo de voz),
e a avaliação da linguagem compreensiva e expressiva (produção da fala e
compreensão). Após, serão submetidas à inspeção do meato acústico externo
(utilização de um aparelho para verificar a presença de cera e/ou objetos estranhos
no ouvido), audiometria tonal liminar (avaliação da audição através de audiômetro);
avaliação fonológica (gravação da fala quando a criança nomeia figuras). As
avaliações serão realizadas pela autora do projeto no próprio Serviço de
Atendimento Fonoaudiológico (SAF) da Universidade Federal de Santa Maria e na
escola.
Estes procedimentos de avaliação não causarão danos ou risco à saúde da
criança. Todas as avaliações serão realizadas pela pesquisadora, sem nenhum
custo financeiro.
A pesquisadora informa, ainda, que a participação desta Instituição nesta
pesquisa estará sendo totalmente assegurada, quanto ao aspecto do sigilo das
informações obtidas nas avaliações, as quais serão utilizadas para análise
estatística e posterior publicação dos resultados. Afirma também que a participação
de seu aluno neste poderá ser suspensa a qualquer momento sem prejuízo a sua
pessoa.
A Escola Estadual____________________________________________,
representada por _______________________________________ está esclarecida
e ciente das finalidades do estudo realizado pela Fga. Maísa Tatiana Casarin,
109
portanto, dando consentimento para que a coleta de dados seja realizada neste
educandário e com os seus alunos.
_____________________________________
Ass: do Responsável pela Instituição
_____________________________________
Fga. Maísa Tatiana Casarin
Pesquisadora
Coordenadora do Projeto: Profa. Dra. Márcia Keske Soares
Endereço Profissional: Universidade Federal de Santa Maria – UFSM
Campus Universitário Centro de Ciências da Saúde Prédio 26 sala 1432
andar
Telefone: (55) 2208348 ou 2209239
Santa Maria, ___/____/ 2005.
110
APÊNDICE B– CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA PAIS OU
RESPONSÁVEIS
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE OTORRINO-FONOAUDIOLOGIA
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DISTÚRBIOS DA COMUNICAÇÃO HUMANA
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: LINGUAGEM
As informações contidas neste consentimento foram fornecidas pela Fga.
Maísa Tatiana Casarin, sob orientação da Profa. Dr. Márcia Keske-Soares com o
objetivo de autorizar, por escrito, a participação de meu (minha) filho (a), com pleno
conhecimento dos procedimentos aos quais serão submetidas, com livre arbítrio e
sem coação.
1. Título preliminar do estudo: “Estudo da prevalência de distúrbios articulatórios em
crianças de pré e primeira séries de escolas públicas estaduais”.
2. Objetivo principal: estimar a prevalência dos distúrbios articulatórios em uma
amostra de escolares do pré e da primeira série de escolas públicas do município de
Santa Maria – RS.
3. Justificativa: Pretende-se que as questões levantadas por este estudo possam
contribuir para a implementação de ações voltadas para a detecção e o tratamento
precoce dos distúrbios de articulação da fala, reduzindo o número de casos de
crianças com distúrbios da leitura e da escrita, tão comuns na atividade clínica de
fonoaudiólogos.
4. Procedimentos: Inicialmente será solicitada à coordenação das escolas públicas a
colaboração para realizar a presente pesquisa. Após a autorização para as crianças
participarem do estudo, os pais ou responsáveis deverão responder a anamnese
(entrevista sobre a história de vida da criança, com perguntas sobre a gestação, o
parto, o desenvolvimento motor, desenvolvimento da linguagem, história escolar e
saúde em geral). A seguir, as crianças passarão por diversas avaliações, entre elas:
triagem fonoaudiológica que englobará a avaliação dos órgãos fonoarticulatórios
(quando será observado a postura, o tônus muscular e os movimentos da língua, do
palato “céu da boca”, dos lábios e das bochechas, postura dos dentes, tipo e modo
de respiração, tipo de voz) e a avaliação da linguagem compreensiva e expressiva
(produção da fala e compreensão). Após, serão submetidas à inspeção do meato
acústico externo (utilização de um aparelho para verificar a presença de cera e/ou
objetos estranhos no ouvido), audiometria tonal liminar (avaliação da audição
através de audiômetro) e avaliação fonológica (gravação da fala quando a criança
nomeia figuras. As avaliações serão realizadas pela autora do projeto no próprio
Serviço de Atendimento Fonoaudiológico (SAF) da Universidade Federal de Santa
Maria e na escola.
5. Desconforto e riscos esperados: Não existe risco previsível. O desconforto poderá
existir devido ao tempo das avaliações serem de aproximadamente 50 minutos.
6. Benefícios para os examinados: As crianças se favorecerão da avaliação
fonoaudiogica, sem fins lucrativos, quanto às funções de mastigação, sucção,
deglutição, fala, respiração, voz, leitura, escrita, audição e aprendizagem escolar. Os
resultados obtidos determinarão orientação aos profissionais responsáveis e aos
pais quanto a possíveis intervenções para a melhoria da qualidade de vida das
crianças.
7 Informações adicionais: Os dados obtidos estão sob sigilo absoluto em relação à
identificação da criança bem como seus familiares tornando-se, desde já, material
111
confidencial sob responsabilidade da fonoaudióloga-pesquisadora responsável pelo
Projeto. Os resultados serão utilizados para fins de estudo científico, pesquisa e
apresentação de estudos em Congressos da área.
Eu, __________________________________________________________,
portador (a) da carteira de identidade n°___________________________,
responsável por _______________________________________________, certifico
que, após a leitura deste documento e de outras explicações dadas pela Fga. Maísa
Tatiana Casarin, sobre os itens acima, estou de acordo com a realização deste
estudo, autorizando a participação de meu/minha filho (a).
_______________________________
Assinatura do responsável
Coordenadora do Projeto: Profa. Dra. Márcia Keske Soares
Endereço Profissional: Universidade Federal de Santa Maria – UFSM
Campus Universitário – Centro de Ciências da Saúde – Prédio 26 – sala 1432 – 4º andar
Telefone: (55) 2208348 ou 2209239
Santa Maria, ___/ ___/ 2005.
112
APÊNDICE C – ANAMNESE FONOAUDIOLÓGICA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE OTORRINO-FONOAUDIOLOGIA
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DISTÚRBIOS DA COMUNICAÇÃO HUMANA
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: LINGUAGEM
NOME:____________________________________________________________
Data de nascimento: _____ /.____ / _____ Idade___________________
Endereço:_________________________________ Telefone:__________________
Escola:____________________________________________________________
Data da avaliação:_____ / _____ / _____
1) Apresentou problemas na gestação? ( ) sim ( ) não
2) Apresentou problemas no parto? ( ) sim ( ) não
3) Dados sobre o desenvolvimento
Foi amamentado no peito?( ) sim ( ) não Até que época? _______
Usou mamadeira? ( ) sim ( ) não Até que época? _______
Usou chupeta? ( ) sim ( ) não Até que época?_______
Caminhou com: ________________
Apresentou episódios de otites? ( ) sim ( ) não Quantos/ quando?_____
Faz uso de alguma medicação? ( ) sim ( ) não
Qual?_________________ Motivo: ______________________
Apresenta alergias respiratórias? ( ) sim ( ) não Qual?_______
Outros problemas de saúde? ( ) sim ( ) não
Qual? __________________________
4) Desenvolvimento da linguagem verbal
Quando foram as primeiras palavras? ___________________
Quais foram? _____________________________________________________
113
Primeiras frases? ___________________
Apresentou gagueira? ( ) sim ( ) não Quando?________________
Apresenta ou apresentou algum problema de fala? ( ) sim ( ) não
Quais sons?________________________________________________________
Entende o que as pessoas lhe dizem ? ( ) sim ( ) não
As outras pessoas entendem a criança? ( ) sim ( ) não
5) Antecedentes familiares
Há alguém na família com:
( ) dificuldades na fala ( ) gagueira
( ) dificuldades de aprendizagem ( ) deficiência auditiva
( ) deficiência mental ( ) síndromes
114
APÊNDICE D– TRIAGEM FONOAUDIOLÓGICA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE OTORRINO-FONOAUDIOLOGIA
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DISTÚRBIOS DA COMUNICAÇÃO HUMANA
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: LINGUAGEM
TRIAGEM FONOAUDIOLÓGICA
NOME:___________________________________________________________
Data de nascimento: _____ /.____ / _____ Idade:
________________
Data da avaliação:_____ / _____ / _____
1) Desenvolvimento da linguagem compreensiva:
( ) normal ( ) alterado
Tipo de alteração: __________________________________________________
2) Desenvolvimento da linguagem expressiva:
( ) normal ( ) alterado
Tipo de alteração: ___________________________________________________
3) Avaliação do sistema estomatognático:
( ) normal ( ) alterado
Tipo de alteração: ___________________________________________________
4)Voz:
( ) normal ( ) alterada
5) Observações:_____________________________________________________
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