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UNI VERSI DADE FEDERAL DE UBER LÂNDI A
FACULDADE DE ENGENHAR I A CI VI L
PR OGRAMA DE PÓS-GR ADUAÇÃO E M ENGENHAR I A CI VI
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UBERLÂNDI A, 24 DE FEVEREIRO DE 2005
EST UDO DO I MP ACT O DE PROCESSOS EDUCATIVOS SOBRE
A COL ET A SEL ET I VA DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS NO
DI ST RI T O DE TAPUIRAMA UBER LÂNDI A (MG)
Daniela Queir oz Damasceno
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Daniela Queiroz Damasceno
ESTUDO DO I MPACT O DE PROCESSOS EDUCATIVOS SOBRE A
COLET A S EL ET I VA DE REDUOS SÓLIDOS URBANOS NO
DI ST RI T O DE TAPUIRAMA UBERLÂNDI A (MG)
Dissertação apresentada à Faculdade de Engenharia Civil da
Universidade Federal de Uberlândia, como parte dos requisitos
para a obtenção do título de
Mestre em Engenharia Civil
.
Orientadora: Profa. Dra. Ana Luiza Ferreira Campos Maragno
Uberlândia, 24 de fevereiro de 2005
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Agradeço ao pessoal da Secretaria de Meio Ambiente e Serviços Urbanos da Prefeitura
Municipal de Uberlândia, em especial ao secretário Eduardo Bevilaqua, e aos colegas de
trabalho Edna Franco Gouveia, Cristiano Barbosa, Túlio Franco Ribeiro e Maria Aparecida
Silva, por terem acreditado e apostado na idéia do projeto.
À minha orientadora, Ana Luiza, pelas idéias e empenho no desenvolvimento da dissertação.
Ao meu “irmãozinho”, Jayme, pela ajuda no inglês.
À funcionária Sueli da Faculdade de Engenharia Civil, pelo exemplo de profissionalismo e
dedicação.
À empresa LIMPEBRÁS Engenharia Ambiental, na pessoa do Sr. Heitor Eduardo Santos, que
forneceu o apoio necessário à realização da pesquisa.
À Universidade Federal de Uberlândia pela oportunidade e gratuidade.
Aos meus pais, minha irmã Fabiana e meu amor Fábio
pelo apoio e presença constante neste peodo importante
de minha vida.
O Lixo é essencialmente algo semi-identificado ou semi-
identificável. É formado de partes destacadas daquilo que já foi.
São pedaços em decomposição. São restos daquilo que já foi
útil... Em grande medida, o lixo vai deixando de ser tabu, algo
perigoso e ameaçador, na proporção em que vai perdendo sua
identidade já parcial: quando vira cinza, quando volta a ser
terra, quando é queimado e se transforma em fumaça, quando é
reciclado e adquire nova vida...”
José Carlos Rodrigues
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UMÁRIO
LISTA DE FOTOGRAFIAS.......................................................................................... iii
LISTA DE GRÁFICOS .................................................................................................. v
LISTA DE ILUSTRAÇÕES .......................................................................................... vi
LISTA DE QUADROS.................................................................................................. vii
LISTA DE TABELAS.................................................................................................... ix
SIGLAS & SÍMBOLOS.................................................................................................. x
RESUMO....................................................................................................................... xii
ABSTRACT.................................................................................................................. xiii
INTRODUÇÃO............................................................................................................... 1
CAPÍTULO 1 OBJETIVOS......................................................................................... 3
1.1. Objetivo geral ........................................................................................................... 3
1.2. Objetivos Específicos................................................................................................ 3
CAPÍTULO 2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................. 4
2.1. Resíduos Sólidos Urbanos ........................................................................................ 4
2.2. Compostagem ......................................................................................................... 16
2.3. Educação Ambiental............................................................................................... 21
2.4. Coleta Seletiva no Brasil......................................................................................... 24
CAPÍTULO 3 MATERIAIS & MÉTODOS.............................................................. 32
3.1. Descrição da área de estudo Distrito de Tapuirama .......................................... 32
3.2. Caracterização Social Econômica e Ambiental da População.............................. 42
ii
3.3. Caracterização e Quantificação dos Resíduos da Área de Estudo........................ 43
3.4. Projeto de Mobilização Comunitária: Sensibilização e participação da
Comunidade .................................................................................................................. 47
3.5. Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde, referente ao Posto de
Saúde de Tapuirama. .................................................................................................... 48
3.6. Definição do Sistema de Coleta Seletiva ................................................................ 54
CAPÍTULO 4 - RESULTADOS & DISCUSSÃO........................................................ 57
4.1. Perfil sócio-econômico e ambiental relacionado ao distrito de Tapuirama.......... 57
4.2. Caracterização e quantificação dos resíduos da área de estudo. .......................... 64
4.3. Festa do meio ambiente de Tapuirama “Tapuirama Recicla”........................... 68
4.4. Núcleo de Educação Ambiental de Tapuirama ..................................................... 81
4.5. Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde do Posto de Saúde de
Tapuirama..................................................................................................................... 89
CAPÍTULO 5 - CONCLUSÕES & SUGESTÕES....................................................... 99
TERMOS UTILIZADOS NOS SERVIÇOS DE LIMPEZA URBANA.....................103
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................106
ANEXOS
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Fotografia 1 - Praça no centro do Distrito de Tapuirama ................................................36
Fotografia 2 - Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente (RAFA) ......................................39
Fotografia 3 - Aterro Sanitário Municipal de Uberlândia................................................40
Fotografia 4 - Os sacos sendo "estourados" para melhor homogeneização do material.44
Fotografia 5 - Mistura do material para homogeneização ...............................................45
Fotografia 6 - Os “quartis” preparados para a caracterização.....................................46
Fotografia 7 - Lixeiras seletivas implantadas no Distrito de Tapuirama.........................54
Fotografia 8 - Distribuição de mudas de espécies nativas.................................................68
Fotografia 9 - Material arrecadado pela equipe amarela.................................................70
Fotografia 10 “Lixarte”...................................................................................................71
Fotografia 11 - Concurso de Paródias (equipe verde).......................................................72
Fotografia 12 - Boliche seletivo..........................................................................................73
Fotografia 13 “Circuito do lixo”......................................................................................74
Fotografia 14 - Premião: Medalhas e Kit Educativo “Água Cidadã” do Departamento
Municipal de Água e Esgoto.......................................................................................75
Fotografia 15 - Oficina de reciclagem de papel.................................................................76
Fotografia 16 - Oficina de Cestaria com jornal.................................................................77
Fotografia 17 - Oficina Cores do Chão..............................................................................78
Fotografia 18 Palestra sobre Micro e Macrovetores Presentes nos Reduos Sólidos
Urbanos.......................................................................................................................79
iv
Fotografia 19 - Palestra sobre compostagem ....................................................................80
Fotografia 20 - Os mascotes da campanha: o "Seco" e o "Molhado"..............................81
Fotografia 21 Inicio das obras de construção do Núcleo de Educação Ambiental .......84
Fotografia 22 - Aproveitamento de telhas oriundas de demolição ...................................84
Fotografia 23 - Tucano em mosaico na lateral do Núcleo.................................................85
Fotografia 24 - Oficina de Mosaico....................................................................................86
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Gráfico 1 - Composição dos resíduos sólidos no Brasil.......................................................7
Gráfico 2 - Destino dos resíduos sólidos no Brasil ............................................................13
Gráfico 3 - Situação dos Municípios Brasileiros ...............................................................14
Gráfico 4 - Atividades de lazer mais freqüentes da população de Tapuirama ................59
Gráfico 5 - Problemas apontados pela população como os mais freqüentes devido a má
disposição de Reduos Sólidos Urbanos....................................................................60
Gráfico 6 - Caracterização dos Resíduos Sólidos Urbanos do Distrito de Tapuirama...65
Gráfico 7 - Comparativo entre resíduos gerados no distrito sede de Uberlândia e no
distrito de Tapuirama.................................................................................................66
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Ilustração 1- Esquema de Aterro Sanitário......................................................................15
Ilustração 2 - Localização do Município de Uberndia no estado de Minas Gerais.......34
Ilustração 3 - Localização do Distrito de Tapuirama .......................................................34
Ilustração 4 - Sistema viário de Tapuirama......................................................................38
Ilustração 5 - Folder Educativo "Tapuirama Recicla".....................................................56
Ilustração 6 Folder Educativo "Tapuirama Recicla"....................................................56
Ilustração 7 - População que possui animais domésticos e base da alimentação animal.58
Ilustração 8 - Infra estrutura doméstica para conservação de alimentos ........................58
Ilustração 9 - Participação da população quanto à separação de RSU............................61
Ilustração 10 - População informada quanto a questão da coleta seletiva e materiais
recicláveis....................................................................................................................61
Ilustração 11 - Planta baixa do Núcleo de Educação Ambiental de Tapuirama..............83
Ilustração 12 - Caixão Neozelandês para a confecção das composteiras domésticas.......88
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Quadro 1 - Principais fatores que exercem influência nas características dos reduos
sólidos............................................................................................................................8
Quadro 2 - Responsabilidade pelo gerenciamento dos resíduos sólidos..........................10
Quadro 3 - Tempo de sobrevivência de microorganismos patogênicos nos resíduos
sólidos..........................................................................................................................11
Quadro 4 - Materiais que devem e os que não devem ser usados para compostagem.....19
Quadro 5 - Classificação da compostagem com as características do processo...............20
Quadro 6 - Potencial de conservação de Energia Elétrica usando materiais recicláveis no
Brasil (1996)................................................................................................................29
Quadro 7 - Estabelecimentos Comerciais de Tapuirama .................................................37
Quadro 8 - PGRSS do Posto de Saúde de Tapuirama / Identificação do estabelecimento
.....................................................................................................................................90
Quadro 9 - PGRSS do Posto de Saúde de Tapuirama / Identificação dos Serviços
Prestados.....................................................................................................................91
Quadro 10 - PGRSS do Posto de Saúde de Tapuirama / Monitoramento de Impactos
Ambientais..................................................................................................................93
Quadro 11 - PGRSS do Posto de Saúde de Tapuirama / Monitoramento de Resíduos de
Serviços de Saúde (segregação e acondicionamento) ................................................94
Quadro 12 - PGRSS do Posto de Sde de Tapuirama / Manejo de Resíduos de Serviços
de Saúde (Armazenamento e Programa de Reciclagem) ..........................................95
Quadro 13 - PGRSS do Posto de Sde de Tapuirama / Manejo de Resíduos de Serviços
de Saúde (Coleta e Destinação Final).........................................................................96
viii
Quadro 14 - PGRSS do Posto de Saúde de Tapuirama / Pessoal diretamente relacionado
com o manejo dos RSS e controle de riscos...............................................................97
Quadro 15 - PGRSS do Posto de Saúde de Tapuirama / Levantamento de Recursos
Necessários e Objetivos para o Gerenciamento de resíduo.......................................98
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Tabela 1 - Dados populacionais dos distritos de Uberlândia............................................35
Tabela 2 - Incidência de doenças na população de Tapuirama........................................63
Tabela 3 - Caracterização dos Resíduos Sólidos Urbanos gerados no distrito de
Tapuirama ..................................................................................................................64
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SIGLAS
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Social
CEMPRE Compromisso Empresarial para a Reciclagem
CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Brasil
CNEN Comissão Nacional de Energia Nuclear
CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente
CORU Cooperativa de Recicladores de Uberlândia
CTBC Companhia de Telefonia do Brasil Central
DMAE Departamento Municipal de Água e Esgoto de Uberlândia
IBAM Instituto Brasileiro de Administração dos Municípios
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas
NBR Norma Brasileira
NEA Núcleo de Educação Ambiental.
ONG Organização Não Governamental
OMS Organização Mundial da Saúde
xi
PET Polietileno Tereftalato
PEV Posto de Entrega Voluntária
PGRSS Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde
PMU Prefeitura Municipal de Uberlândia
RAFA Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente
RSS Resíduos de Serviço de Saúde
RSU Resíduos Sólidos Urbanos
SISNAMA Sistema Nacional de Meio Ambiente
UAIs Unidades de Atendimento Integrado
UFU Universidade Federal de Uberlândia
SÍMBOLOS
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Dióxido de Carbono
H
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S - Ácido Suldrico
kg - quilograma
km quilometro
L Litro
mL mililitro
pH potencial hidrogeniônico
t - tonelada
xii
Damasceno, D.Q. Estudo do impacto de processos educativos sobre a coleta seletiva de
resíduos sólidos urbanos no distrito de Tapuirama Uberlândia (MG). 140p. Dissertação de
Mestrado, Faculdade de Engenharia Civil, Universidade Federal de Uberlândia, 2005.
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No processo de gestão de reduos sólidos para pequenas localidades, surge, como uma das
mais viáveis técnicas aplicáveis, a coleta seletiva, que, através da Educação Ambiental no
âmbito formal e não formal, trata de promover a conscientização e o comprometimento da
população na busca por um desenvolvimento sustentável. Com o intuito de minimizar a
quantidade de material destinado ao aterro sanitário municipal de Uberlândia, além de
conscientizar a população quanto à problemática ambiental, foi estudada a situação dos
serviços de limpeza urbana no distrito de Tapuirama Uberlândia (MG), tendo como base
informações locais (caracterização social, econômica e ambiental da população envolvida e
caracterização / quantificação dos resíduos gerados). Os resultados alcançados a partir da
implantação de medidas educacionais e alteração no processo de coleta de resíduos nos
primeiros meses do projeto permitem concluir que, a partir de um trabalho contínuo, em
médio prazo se atingirá o objetivo de influir nos hábitos da população, para que esta assuma a
responsabilidade quanto à temática.
Palavras Chave: coleta seletiva, desenvolvimento sustentável, participação popular e
educação ambiental continuada.
xiii
Damasceno, D.Q. Impact study of educative processes about selective collection of urbans
solid residues over the Tapuirama District Uberlândia (MG). 140p. Essay of Master Degree,
Department of Engineering, Federal University of Uberlândia, 2005.
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During the process of management of solid wastes for small towns it appears, as one of the
most plausible and functional techniques, the segregated waste collection which ordinary
works through Environmental Education (at formal and informal sphere), it occur the
population’s engagement in the seeking of a sustainable development. As a tool to minimize
the final amount of solid waste to be delivered at Uberlândia’s landfill, as well as elucidate
local population about the environmental matter, it has been studied the overall conditions of
the urban sanitary services at Tapuirama District Uberlândia (MG). To establish this Project,
local data were needed such as environmental and social-economic characterization of
Tapuirama’s populations and the characterization / quantification of produced solid waste.
The achieved results since the establishment of educational measures and the modification of
the process of waste collection in the beginning of the Project allow concluding that, by
following a continuous work, in a midterm period of time it would be possible to reach the
objective of influencing the population’s habits, so these get the responsibility by means of
the discussion of the solid residues’ problem.
Key Words: segregated waste collection, Sustainable Development, Popular
Participation and Continuous Environmental Education.
Introdução
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A coleta seletiva, aliada à Educação Ambiental, tem sido amplamente considerada e
divulgada como uma solução gerencial para os problemas causados pela alta produção de
resíduos sólidos nas atividades cotidianas das populações urbanas.
A preocupação em gerenciar os resíduos sólidos urbanos de forma a não dispor grande
parte dos mesmos em estruturas técnicas tais como aterros sanitários e controlados, mas
desviá-los, para novamente comporem a linha produtiva, reduzindo custos enerticos de
extração e manufatura de novos recursos naturais, tem suscitado discussões de ordem social,
técnica e ambiental.
A minimização na geração dos resíduos e o envolvimento da população no processo
de coleta diferenciada são as características mais importantes no gerenciamento dos resíduos
sólidos. A adoção de uma abordagem deste tema no ensino formal e não formal, representa
uma das bases do desenvolvimento sustentável. É neste contexto que o presente trabalho
buscou se desenvolver, por meio de um estudo de caso, apoiando-se na necessidade de
participação social motivada por mudanças nos hábitos culturais da população.
Este projeto, que foi idealizado através da pesquisa cientifica descrita nesta
dissertação, está sendo viabilizado financeiramente através de parceria com a Prefeitura
Municipal de Uberlândia - PMU, A Empresa Limpebrás Engenharia Ambiental e a União
Educacional de Minas Gerais UNIMINAS, e visa promover um sistema de gestão integrada
de resíduos sólidos que representará um modelo ambiental para pequenas localidades na
região do triângulo mineiro.
Introdução
2
O objeto deste estudo, o distrito de Tapuirama localizado a 46 km do distrito sede de
Uberlândia - serve para ilustrar a necessidade de inserir a consciência ambiental no processo
educacional das pessoas que vivem em sociedades urbanas.
A proposta para implantação do sistema de gestão de resíduos sólidos no distrito de
Tapuirama se fundamenta na coleta seletiva, através da segregação de resíduos na fonte
geradora (orgânicos, rejeitos e recicláveis) para armazenamento externo em lixeiras
específicas, que foram instaladas no decorrer da malha urbana do distrito. Posteriormente
estes materiais são coletados, os recicláveis pelos catadores cadastrados no projeto os demais
resíduos pelos coletores da prefeitura, ficando a parcela orgânica passível de aproveitamento
através da compostagem.
O envolvimento da população na proposta de trabalho se deu através de atividades de
educação ambiental envolvendo toda comunidade.
Uma vez determinada à metodologia para aplicação do sistema de geso de resíduos
sólidos urbanos para esta comunidade, o modelo poderá ser utilizado para auxiliar a
implantação de outros programas correlatos em comunidades com caractesticas similares.
Capitulo 1 - Objetivos
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O objetivo deste trabalho é conhecer a atual gestão de resíduos sólidos no distrito de
Tapuirama Uberlândia (MG), identificar as suas principais deficiências e implantar, a partir
da análise da situão atual, procedimentos, alternativas e metodologias para o manejo
adequado destes materiais, auxiliando na diminuição da destinação final dos mesmos ao aterro
sanitário municipal e na criação de novos hábitos ambientalmente sustentáveis junto à
população envolvida.
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Caracterizar o distrito de Tapuirama nos aspectos sociais, ambientais e econômicos;
Caracterizar os resíduos sólidos urbanos gerados no distrito de Tapuirama;
Mobilizar a população local, através de atividades voltadas à educação ambiental, para
a melhoria da gestão de resíduos sólidos urbanos.
Implantar procedimentos e técnicas ambientalmente corretos para o manejo
ambientalmente sustentável dos resíduos sólidos domiciliares, comerciais, públicos e
de serviços de saúde.
Capitulo 2 Revisão Bibliográfica
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Os seres vivos, inclusive os do mundo vegetal, produzem e eliminam algum
tipo de resíduo em função do processo vital e de todas as suas atividades
metabólicas. Não existe órgão, máquina ou aparelho tão perfeito que utilize
toda a matéria e energia consumida, por isso as sobras e os rejeitos (LIMA e
CHENNA, 2000).
As cidades da idade média eram caracterizadas como aglomerados humanos aonde se
convivia com detritos de todas as espécies. A sociedade mesclava-se com o abate de animais
nas ruas, estábulos e chiqueiros entre as casas, de onde os resíduos sólidos e quidos eram
atirados pelas janelas. O resultado da ausência de processos educacionais relativos à correta
disposição dos detritos, foi um descontrole na cadeia epidemiológica dos resíduos sólidos,
com o aparecimento de doenças infecto-contagiosas. Um exemplo amplamente conhecido é o
da peste bubônica na Europa, disseminada por roedores encontrados nos resíduos sólidos e
líquidos, que dizimou populações inteiras.
No século XIX, com o advento da máquina a vapor e, conseentemente da Revolução
Industrial, além da intensa mecanização dos meios de produção e de uma forte migração da
população rural para o meio urbano, agravaram-se os problemas relacionados às precárias
condições de saneamento.
A variedade e a quantidade de resíduos, que passaram a ser gerados com o
avanço tecnológico, trouxeram cada vez mais preocupação quanto a
problemas de higiene e saúde, além da preocupação quanto à escolha de
locais para a disposição final adequada, processos de tratamento de resíduos,
redução do lixo etc (PAULELLA e SCAPIM, 1996).
De acordo com Damasceno (2001), no início da Era Cristã havia cerca de 200 milhões
de pessoas no mundo. Em 1750, a população mundial girava em torno de um bilhão de
Capitulo 2 Revisão Bibliográfica
5
habitantes, número que praticamente se manteve até o final do século XIX. Porém, uma série
de fatores, dentre os quais os avanços da medicina e de tecnologia na agricultura criaram
condições favoráveis para o crescimento extraordinário da população mundial, que no
principio do século XXI já ultrapassava seis bilhões de habitantes.
Este aumento da população mundial resultou no uso mais intensivo das reservas
naturais do planeta na produção de bens e, conseqüentemente, na geração de resíduos.
Apesar dos conhecimentos e tecnologias que foram sendo desenvolvidos no decorrer
da história, e utilizados no controle de doenças provocadas pelo aumento indiscriminado da
produção de resíduos, os impactos nocivos sobre os meio social e ambiental continuaram
crescendo.
A visão de um mundo justo é tão essencial para a nossa sobrevivência como
a de um mundo produtivo e a de um meio ambiente sustentável. Discutir
qual dos ts é mais importante é não entender que não se trata de
alternativas e sim de objetivos articulados, onde conseguir o avanço de um
em detrimento dos outros não constitui avanço, e sim recuo para todos
(DOWBOR, 1998).
O aumento da geração dos resíduos sólidos urbanos RSU e à falta de racionalidade
no estabelecimento de tecnologias de produção, do uso de matérias-primas, de recursos não
renováveis e de toda a diversidade de materiais, são exemplos de contrastes entre sociedades
que desperdiçam recursos naturais e alimentos enquanto outras sofrem com a pobreza e
inanição.
A gestão dos RSU aparece, portanto, como assunto relevante na busca do
desenvolvimento sustentável
que visa garantir às populações futuras um ambiente saudável
e equilibrado diminuindo gradativamente o abismo entre as sociedades ricas e as pobres.
Na Agenda 21, uma das maiores conquistas da Conferência Mundial sobre o meio
ambiente que aconteceu na cidade Rio de janeiro em 1992 (ECO 92), a gestão de RSU
Capitulo 2 Revisão Bibliográfica
6
recebeu atenção especial, pela importância que a produção crescente de dejetos desta natureza
vem assumindo. Foram delineadas eno, quatro áreas específicas para a administração dos
resíduos sólidos: redução, reciclagem, disposição ambientalmente saudável e ampliação dos
serviços relacionados aos RSU
.
A busca por soluções integradas para estas quatro áreas
deveria, pois, nortear as ações governamentais e não governamentais dos responsáveis pela
gestão de resíduos.
A Agenda 21 apresenta o tema dos RSU especificamente em dois capítulos:
Capitulo 4 Busca de mudança dos padrões de consumo de forma que não esgotem
reservas e recursos naturais, e que atendam às necessidades básicas das populações.
Capitulo 21 Manejo ambientalmente sustentável dos RSU a partir de ações de
levantamento de informações básicas de produção, tecnologias e experiências
positivas em todos os países.
Na implantação do que reza os capítulos 4 e 21 anteriormente citados, resta aos
responsáveis pela gestão dos serviços blicos - sejam os de urbanização como água, luz e
saneamento básico, sejam os pessoais como transporte coletivo, telecomunicações, educação -
complexos desafios de toda ordem. Porém, o manejo dos RSU deve ser tratado com certa
prioridade, visto que, se negligenciado, pode provocar sérios impactos sociais e ambientais.
De acordo com a NBR 10.004/04 da Associação Brasileira de Normas Técnicas
ABNT, os resíduos sólidos são definidos como:
Resíduos no estado sólido ou semi-sólido que resultam de atividades da
comunidade de origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola,
de serviços e de varrição. Ficam incluídos na definição lodos provenientes
dos sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e
instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas
particularidades tornem inviáveis seu lançamento na rede pública de esgotos
ou corpos d’água, ou exija para isso soluções técnica e economicamente
inviáveis, em face da melhor tecnologia disponível (ABNT, 2004).
Capitulo 2 Revisão Bibliográfica
7
A mesma norma classifica os reduos em: classe I (materiais perigosos) e classe II
(materiais não perigosos), sendo esta segunda classe subdividida em classe IIA (não inertes) e
IIB (inertes).
Uma das formas de classificação dos resíduos é quanto a sua origem, ou seja,
domiciliar, comercial, varrição e feiras livres, serviços de saúde, portos, aeroportos e
terminais ferroviários, industrial, agrícola e entulhos.
A geração diária de resíduos sólidos no Brasil, que chegava em 2000 a 125.281
toneladas, tinha como composição aproximada 16,20% de materiais rejeitáveis, 31,30% de
materiais recicláveis e 52,50% de matéria orgânica (IBGE, 2002), conforme pode ser
visualizado no Gráfico 1.
52,50%
16,20%
31,30%
Orgânicos
Rejeitos
Recicláveis
Gráfico 1 - Composição dos resíduos sólidos no Brasil
Fonte: Adaptado de IBGE (2002).
Capitulo 2 Revisão Bibliográfica
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A composão dos RSU varia bastante de comunidade para comunidade, de acordo
com os hábitos da população, número de habitantes do local, poder aquisitivo, clima e nível
de desenvolvimento, variando ainda, para a mesma comunidade com as estações do ano. Os
principais fatores que influenciam na caracterização dos reduos sólidos estão descriminados
no Quadro 1.
Fatores
Influência
1- Climáticos
Chuvas
Aumento do teor de umidade.
Outono
Aumento do teor de folhas.
Verão
Aumento do teor de embalagens de bebidas (latas, vidros e plásticos rígidos).
2- Épocas especiais
Carnaval
Aumento do teor de embalagens de bebidas (latas, vidros e plásticos rígidos).
Natal/Ano Novo/Páscoa
Aumento de embalagens (papel/papelão, plásticos maleáveis e metais) e de matéria
orgânica.
Dia dos Pais/Mães
Aumento de embalagens (papel/papelão e plásticos maleáveis e metais).
Férias escolares
Esvaziamento de áreas da cidade em locais não turísticos e aumento populacional em
locais turísticos.
3- Demográficos
População urbana
Quanto maior a população urbana, maior a geração per capita.
4- Socioeconômicos
Nível cultural
Quanto maior o nível cultural, maior a incidência de materiais recicláveis e menor a
incidência de matéria orgânica.
Nível educacional
Quanto maior o nível educacional, menor a incidência de matéria orgânica.
Poder aquisitivo
Quanto maior o poder aquisitivo, maior a incidência de materiais recicláveis e menor a
incidência de matéria orgânica.
Poder aquisitivo (no mês)
Maior consumo de supérfluos perto do recebimento do salário (fim e início do mês).
Poder aquisitivo (na semana)
Maior consumo de supérfluos no fim de semana.
Desenvolvimento
tecnológico
Introdução de materiais cada vez mais leves, reduzindo o valor do peso específico
aparente dos resíduos.
Lançamento de novos produtos
Aumento de embalagens.
Promoções de lojas
comerciais
Aumento de embalagens.
Campanhas
ambientais
Redução de materiais não-biodegradáveis (plásticos) e aumento de materiais recicláveis
e / ou biodegradáveis (papéis, metais e vidros).
Quadro 1 - Principais fatores que exercem influência nas características dos resíduos sólidos
Fonte: Adaptado de Instituto Brasileiro de Administração Municipal IBAM (2001).
Capitulo 2 Revisão Bibliográfica
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O gerenciamento integrado de resíduos sólidos urbanos é o envolvimento de diferentes
órgãos públicos e privados com o propósito de realizar a limpeza urbana, a coleta, o
transporte, o tratamento e a disposição final dos mesmos, elevando assim a qualidade de vida
da população. Deve levar em consideração as características das fontes de geração, as
quantidades e características dos resíduos para a eles ser dado tratamento diferenciado e
disposição final técnica adequada e economicamente viável, considerando as peculiaridades
demográficas, climáticas, urbanísticas, políticas e culturais.
Gerenciar RSU de forma integrada significa: limpar o município por meio de
um sistema de coleta, transporte, tratamento e destinação final adequada;
tendo consciência de que todas as ações e operações envolvidas estão
interligadas, influenciando uma às outras; e conceber um modelo de gestão
apropriado para cada município, considerando suas particularidades
(CEMPRE, 2002).
A definição de um modelo de gestão de RSU deve integrar-se à realidade de cada
localidade com base numa caracterização minuciosa.
O conjunto de ações para o gerenciamento do lixo deve ir de encontro às
metas estabelecidas para se atingir os objetivos maiores traçados pelo
município. A experiência tem demonstrado que o caminho para mudanças
nos sistemas de gerenciamento do lixo municipal se faz por meio da
evolução e não da revolução. Pequenas melhorias consistentes mantidas por
vários anos seguidos, são mais prováveis de conduzir ao sucesso que
tentativas de obtê-lo em um único grande salto tecnológico (CEMPRE,
2002).
O Quadro 2 indica a responsabilidade pelo gerenciamento dos resíduos no âmbito dos
municípios brasileiros, de acordo com a origem dos mesmos.
Capitulo 2 Revisão Bibliográfica
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Origem dos resíduos sólidos
Responsável
Domiciliar
Prefeitura
Comercial
Prefeitura*
Público
Prefeitura
Serviços de Saúde
Gerador
Industrial
Gerador
Portos, aeroportos e terminais ferroviários e rodoviários.
Gerador
Agrícola
Gerador
Entulho
Gerador
* A Prefeitura é responsável por quantidades pequenas (geralmente inferiores a 50kg) de
acordo com a legislação municipal específica. Quantidades superiores são de responsabilidade
do gerador.
Quadro 2 - Responsabilidade pelo gerenciamento dos resíduos sólidos
Fonte: Compromisso Empresarial para Reciclagem - CEMPRE, 2002.
As medidas tomadas para a solução adequada dos problemas relacionados aos RSU
têm, sob o aspecto sanitário, objetivo comum a outras medidas de saneamento: de prevenir e
controlar doenças a eles relacionadas.
Saneamento é definido como “o controle de todos os fatores do meio físico do homem
que exercem, ou podem exercer, efeitos deletérios sob seu bem-estar físico, mental ou social
(MOTA, 1999 apud OMS)”.
Dentro dessa definição encaixa-se a limpeza urbana, que engloba, além de outros
serviços, a coleta, o tratamento e a destinação final dos resíduos sólidos.
No Brasil, o serviço sistemático de limpeza urbana foi iniciado oficialmente
em 25 de novembro de 1880, na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro,
então capital do Império. Neste dia, o imperador D. Pedro II assinou o
Decreto n. 3.024, aprovando o contrato de “limpeza e irrigação” da cidade,
que foi executado por Aleixo Gary e, mais tarde, por Luciano Francisco
Gary, de cujo sobrenome origina-se a palavra gari, que hoje denomina os
trabalhadores da limpeza urbana em muitas cidades brasileiras (IBAM,
2001).
Como serviço prestado ao público, a limpeza urbana deve sua importância
basicamente a dois aspectos: tem relação direta com a saúde do homem através do seu contato
com os resíduos sólidos, com vetores transmissores de doenças como moscas, ratos e baratas
Capitulo 2 Revisão Bibliográfica
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e da contaminação da água e do solo; à possibilidade de provocar danos ao meio ambiente
(solo, água e ar) através do gerenciamento inadequado dos resíduos sólidos.
O tema da limpeza urbana está assumindo papel de destaque entre as
crescentes demandas da sociedade brasileira e das comunidades locais. Seja
pelos aspectos ligados à veiculação de doenças e, portanto a saúde pública;
seja pela contaminação de cursos d’água e lençóis freáticos, na abordagem
ambiental; seja pelas questões sociais ligadas a catadores em especiais
ligadas as crianças que vivem nos lixões ou ainda pelas pressões advindas
das atividades turísticas. É fato que vários setores governamentais e da
sociedade civil começam a se mobilizar para enfrentar o problema, por muito
tempo relegado a segundo plano (IBAM, 2001).
No Quadro 3, estão descritos os principais microvetores responsáveis pela
disseminação de doenças ligadas à má disposição de resíduos sólidos.
Microorganismos
Doença
Tempo de sobrevivência
(dias)
Bactérias
Salmonella Typhi
Febre tifóide
29 70
Salmonella Paratyphi
Febre Paratifóide
29 70
Salmonella sp
Salmonelose
29 70
Shigella
Disenteria bacilar
02 07
Coliformes Fecais
Gastrenterites
35
Leptospira
Leptospirose
15 43
Microbacterium tuberculosis
Tuberculose
150 180
Vibrio Cholerae
Cólera
01 13
Vírus
Enterovirus
Poliomielite
20 70
Helmintos
Ascaris Lumbricoides
Ascaridíase
2.000 2.500
Trichuris Trichiura
Trichiuríase
1800
Larvas de Ancilóstomos
Ancilostomose
35
Outras larvas de vermes
-
25 40
Protozoários
Entamoeba Histolytica
Amebíase
08 12
Quadro 3 - Tempo de sobrevivência de microorganismos patogênicos nos resíduos sólidos
Fonte: Ministério da Saúde (1999).
Capitulo 2 Revisão Bibliográfica
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Para evitar a proliferação de doenças, é importante que se observe todas as etapas do
processo de remoção dos resíduos sólidos, quais sejam: armazenamento na fonte produtora,
coleta, transporte e destino final dos mesmos.
Com o crescimento da população das cidades, verifica-se a necessidade de
implantação de um serviço organizado de limpeza das ruas, coleta e
transporte dos detritos, sistema de disposição final e um código de disciplina
no que refere à vida em comunidade. Portanto quanto maiores forem as
cidades, mais significativo é o problema (LIMA e CHENNA, 2000).
E necessário, também, que sejam adotadas soluções diferenciadas para algumas
parcelas constituintes dos RSU que tem um elevado grau de heterogeneidade, isto é, possuem
características diferenciadas.
Os destinos finais adequados e mais utilizados no Brasil para os resíduos sólidos
seriam: para os orgânicos a compostagem; para os inorgânicos a reciclagem (uma série de
atividades e processos, industriais ou não, que permitem separar, recuperar e transformar os
materiais inorgânicos); e para os industriais, hospitalares e sanitários a incineração (processo
de oxidação à alta temperatura, com queima dos gases entre 1000°C e 1450°C, onde há
transformação de materiais e a destruição dos microrganismos dos resíduos sólidos, além da
redução do volume).
De acordo com o IBGE (2002), do total de resíduos sólidos gerados no Brasil 47,10%
o destinados a aterros sanitários, 22,30 % a aterros controlados, 30,50 % a lixões e 0,10%
tem outros destinos tais como a compostagem e a incineração. Essa realidade está
demonstrada no Gráfico 2.
Capitulo 2 Revisão Bibliográfica
13
47,10%
30,50%
22,30%
0,10%
Aterros Sanitários
Lixões
Aterros Controlados
Incineração e Compostagem
Gráfico 2 - Destino dos reduos sólidos no Brasil
Fonte: Adaptado de IBGE (2002).
Entretanto, em número de municípios, o resultado não é tão favorável. Dos 5.507
municípios brasileiros (IBGE, 2002), 67,20 % utilizavam lixões, 32,20 %, aterros adequados
(13,80 % sanitários, 18,40 % aterros controlados) e 0,6% têm outra destinação (Gráfico 3).
Da totalidade dos municípios brasileiros, 73,1% têm população até 20.000 habitantes.
Nestes municípios, 68,5% dos reduos gerados são destinados a lixões e alagados. Apesar
destes pequenos municípios serem responsáveis por apenas 12,8% do total de resíduos sólidos
gerados no Brasil (20.658 t/dia), percentual inferior ao da soma das 13 maiores cidades
brasileiras - com população superior a um milhão de habitantes, que coletam 31,9% (51.635
t/dia), estes valores não podem ser desprezados, pois causam uma poluição descentralizada
em todo território nacional.
Capitulo 2 Revisão Bibliográfica
14
13,80
67,20
8,40
0,60
Aterros Sanitários
Lixões
Aterros Controlados
Incineração e Compostagem
Gráfico 3 - Situação dos Municípios Brasileiros
Fonte: Adaptado de IBGE (2002).
Os números da pesquisa do IBGE (2002) permitem, ainda, uma estimativa sobre a
quantidade coletada de resíduos sólidos diariamente: nas cidades com até 200.000 habitantes
o recolhidos de 450 a 700 gramas por habitante; nas cidades com mais de 200 mil
habitantes essa quantidade aumenta para a faixa entre 800 e 1.200 gramas por habitante.
Algumas cidades, especialmente nas regiões Sul e Sudeste como São
Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba -, alcançam índices de produção mais
elevados. Podendo chegar a 1,3 kg.hab/dia, considerando todos os resíduos
manipulados pelos serviços de limpeza urbana (domiciliar, comerciais, de
limpeza de logradouros, de serviços de saúde e entulhos). (IBAM, 2001).
O aterro sanitário - enterramento planejado dos resíduos sólidos e controlado
tecnicamente nos aspectos sanitários e ambientais é considerado o destino final ideal de boa
parte dos RSU produzidos hoje no Brasil.
A implantação de um aterro sanitário envolve: estudo de localização quanto à
proximidade de habitações, monitoramento das possibilidades de contaminação de águas
subterrâneas e superficiais, acesso facilitado ao local, cercamento, instalação de balança (para
Capitulo 2 Revisão Bibliográfica
15
controle de entrada de reduos), impermeabilizão de base, construção de guarita, escritório,
refeitório e vestiários, drenagem de águas pluviais, drenagem e tratamento dos líquidos
percolados e de gases, dentre outros.
Na Ilustração 1, pode ser visualizada a estrutura para a instalação de um aterro
sanitário, visando o controle e prevenção, impossibilitando desta forma os mais variados tipos
de poluição que este tipo de empreendimento pode vir a acarretar, se houverem falhas na
implantação e operação do sistema.
Ilustração 1- Esquema de Aterro Sanitário
Fonte: Instituto de Pesquisas Tecnológicas - IPT, 2000.
Aterro controlado é a forma de disposição que obedece a alguns critérios técnicos e
princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos, com destaque para: seleção de
área, cercamento, cintuo verde, drenagem de águas pluviais e drenagem de líquidos
percolados.
Capitulo 2 Revisão Bibliográfica
16
Normalmente, um aterro controlado é utilizado para cidades que coletem até 50t/dia de
resíduos urbanos, sendo desaconselhável para cidades maiores.
Os lixões, destino menos recomendável para os RSU, são locais onde os resíduos
sólidos são simplesmente despejados sobre o solo ficando acumulados a céu aberto,
formando-se montanhas de resíduos que resultam num processo contínuo de poluição do solo,
do ar e de cursos d’água superficiais e subterrâneos pela decomposição dos materiais . Além
disso, o material exposto serve como fonte de alimento e abrigo para animais nocivos
transmissores de doenças como ratos, baratas, moscas, dentre outros. De acordo com a
legislação ambiental brasileira, devem ser evitados.
Os lixões, além dos problemas sanitários como a proliferação de vetores de
doenças, tamm se constituem em sério problema social, porque acabam
atraindo os "catadores", indivíduos que fazem da catação do lixo um meio de
sobrevivência, muitas vezes permanecendo na área do aterro, em abrigos e
casebres, criando famílias e até mesmo formando comunidades. Diante desse
quadro, a única forma de se dar destino final adequado aos resíduos sólidos é
através de aterros, sejam eles sanitários, controlados, com lixo triturado ou
com lixo compactado (IBAM, 2001).
2
2
.
.
2
2
.
.
C
C
O
O
M
M
P
P
O
O
S
S
T
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A
A
G
G
E
E
M
M
A compostagem excelente alternativa para destinação de parte orgânica dos RSU - é
o processo controlado de decomposição microbiológica através da oxigenação e oxidação da
matéria orgânica, acontecendo a produção de calor e a liberação de gás carbônico e vapor
d’água. O resultado deste processo é um composto que pode ser utilizado nas mais diversas
culturas agrícolas.
Composto é o produto homogêneo obtido por um processo biológico, pelo
qual a matéria orgânica existente nos reduos é convertida em outra mais
estável pela ação de microrganismos já presentes no próprio resíduo
(LINDENBERG, 1992).
Capitulo 2 Revisão Bibliográfica
17
De acordo com Kielh (1998), “a técnica da compostagem foi desenvolvida com a
finalidade de se obter mais rapidamente e em melhores condições a estabilização da matéria
orgânica”.
O processo de compostagem é muito antigo. Os orientais, assim como outros povos,
produziam composto para suas culturas em “montesque eram revolvidos esporadicamente.
Esse procedimento rudimentar, ainda, é muito utilizado no meio rural.
Atualmente existem inúmeros processos de compostagem, utilizando-se desde as
técnicas mais avançadas em que se obtêm um composto curado em menos de 10 dias, até as
mais rudimentares, nos quais o tempo de fermentação pode chegar a 180 dias (em países
tropicais).
No Brasil, como cerca de 53% (CEMPRE, 2002) dos RSU se constituem de materiais
orgânicos, o processo de compostagem se apresenta como uma técnica extremamente
aplicável para a reciclagem, principalmente para pequenas localidades rurais, que am de não
gerarem uma quantidade muito significativa de resíduos, na maior parte dos casos dise de
grandes áreas para a produção do composto, que exige um tempo elevado de processamento.
O composto produzido nestas localidades, normalmente é utilizado na própria região, pois
localidades rurais geralmente baseiam sua economia na agricultura.
No entanto, em municípios muito populosos, o processo de compostagem para os
resíduos orgânicos se torna inviável para a totalidade destes materiais presentes nos RSU, pois
a demanda de área para o processamento deste material (para obtenção do composto) é
enorme, se considerarmos o tempo necessário para maturação do material além do que,
dificilmente existiriam recursos financeiros nos municípios brasileiros para custear o processo
em larga escala. Neste caso, a parcela de material orgânico, que é economicamente inviável a
sua reutilização na compostagem, poderia ser disposta em aterros sanitários. Como estes
Capitulo 2 Revisão Bibliográfica
18
materiais não possuem características patogênicas (quando adequadamente manuseados,
transportados e aterrados), entrariam em processo de decomposição em um espaço de tempo
relativamente curto, sem acarretar maiores danos ao meio ambiente.
Para a obtenção de um material de qualidade através da compostagem dos RSU,
devem ser observadas algumas condições quanto à matéria prima que será utilizada no
processo. A principal condição é a total separação da parcela orgânica do restante do material
(recicláveis e rejeitos). Caso isso não ocorra, o resultado será um composto de má qualidade
que, em muitos casos, não pode ser utilizado em algumas culturas agrícolas.
A compostagem é realizada a partir de matéria orgânica que contenha carbono e
nitrogênio em proporções favoráveis ao metabolismo dos microrganismos responsáveis pela
biodegradação.
A presença de água é imprescindível para a sobrevivência dos microrganismos
participantes do processo de biodegradação. Se a umidade do composto estiver abaixo de
40%, a decomposição se torna aeróbia e lenta, predominado a ação de fungos (que prejudicam
o processo), pois as bactérias estarão pouco ativas. Se a umidade for superior a 60% a água
substitui os espaços vazios (ar) e a decomposição passa para a situação de anaerobiose,
podendo produzir maus odores. Assim os valores devem estar entre 40% e 60% para que se
tenha um processo rápido e com menor probabilidade de mau cheiro.
Um dos fatores mais importantes a ser observado no processo de decomposição da
matéria orgânica é a presença de oxigênio. Segundo Kiehl (1998), os índices de gás carbônico
existente no interior da leira podem chegar a concentrações cem vezes maiores que seu
conteúdo normal na atmosfera. Faltando oxigênio, haverá formação e acúmulo de dióxido de
carbono e metano, componentes característicos da fermentação anaeróbia.
Capitulo 2 Revisão Bibliográfica
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Na parcela orgânica que será utilizada no processo de compostagem, alguns materiais
ainda devem ser evitados. No entanto, não inviabilizam o processamento. Estes materiais
estão descritos no Quadro 4.
Materiais que podem ser incluídos
Materiais que devem ser excluídos
Plantas aquáticas; restos de pão; pó de café;
casca de ovo; esterco de animais vegetarianos;
frutas; poda de grama; podas de jardim; corte
de cabelo; folhas; papel sujo não reciclável;
pó de serra; palha; galhos de árvores picados;
vegetais e cinzas de madeira.
Ossos; esterco de animais de estimação;
derivados de leite; plantas doentes; restos de
peixe; gordura suína; maionese; restos de
carne; manteiga; óleos de salada; molhos para
salada.
Quadro 4 - Materiais que devem e os que não devem ser usados para compostagem
Fonte: Adaptado de Neto, J.T.P. (1996).
Durante o processo, alguns fatores devem estar sempre sendo monitorados para
garantir sua eficácia. Os principais parâmetros são: temperatura, aeração, pH e umidade.
No processo de compostagem a matéria orgânica atinge dois estágios importantes. Na
fase inicial (digestão), as condições de uso do composto no solo são inadequadas, pois este
apresentará alta relação carbono/nitrogênio (C/N), temperatura elevada e baixo pH, podendo
causar danos à vegetação. À medida que acontece a cura (processo que compreende desde a
digestão até a humidificação), o composto vai melhorando suas características físicas e
químicas, caracterizando o grau de degradação da matéria orgânica, ate estar pronto para o
uso.
O primeiro “sintomado início da compostagem é a elevação da temperatura.
Inicialmente a temperatura do material é inferior à temperatura ambiente (fase criófila),
devido à perda de calor provocada pela evaporação da água presente na massa. No decorrer
do processo ocorre a geração de calor (processo exotérmico natural do metabolismo dos
microrganismos) e a temperatura coma a se elevar (fase mesófila), e à medida que o
Capitulo 2 Revisão Bibliográfica
20
processo microbiológico se intensifica a temperatura tende a aumentar ainda mais (fase
termófila). As fases do processo de compostagem e as características deste processo estão
descritas no Quadro 5.
Aeróbio
Quando a oxidação da maria orgânica está condicionada a
presença de oxigênio. Ocorre elevação de temperatura e
desprendimento de gás carbônico (CO
2)
e vapor d’água.
Biologia
Misto
É a combinação dos processos aeróbio e anaeróbio.
Criófila
Referente a temperaturas baixas.
Mesófila
Temperatura entre 40°C e 55°C. A massa se aquece devido ao
efeito do metabolismo exotérmico dos microrganismos.
Temperatura
Termófila
Temperatura acima de 55°C. É desejável até 60°C, pois elimina os
microrganismos patogênicos presentes na massa.
Aberto
Quando a massa a ser decomposta é colocada em montes a u
aberto ou em pátios de maturação.
Ambiente
Fechado
Quando a massa é encaminhada para equipamentos especiais
como digestores, torres, células de fermentação etc.
Estático /
Natural
Quando o revolvimento da massa é realizado esporadicamente.
Processo
Dinâmico /
Acelerado
A massa em digestão é revolvida continuamente, com o objetivo
de controlar a aeração, umidade, temperatura etc.
Quadro 5 - Classificação da compostagem com as características do processo
Fonte: Adaptado de Kiehl (1998).
A temperatura é conseqüência de diversos fatores como: microrganismos, umidade,
aeração, granulometria da matéria prima etc. Se algum destes parâmetros não for controlado
poderá ocorrer a quebra do ciclo de temperatura e, se excluída alguma das fases, poderá
ocorrer perda da qualidade do produto final.
Se as condições favoráveis durante o processo forem atendidas, pode-se estabelecer
uma relação entre as temperaturas observadas, o tempo de compostagem e o grau de
Capitulo 2 Revisão Bibliográfica
21
decomposição. Considerando-se que o composto, ao passar da fase termófila para a mesófila
está semi-curado ou bioestabilizado, quando a leira (montes de composto) perde calor e fica
em temperatura ambiente (desde que não tenha faltado água e/ou oxigênio), o composto
estará completamente curado ou humidificado. De acordo com Kiehl (1998), “temperaturas
prolongadas de 70°C a 75°C reduzem a atividade benéfica dos microrganismos e aumenta a
possibilidade de perda de nitrogênio por volatilização da amônia”.
Medições dos teores de oxigênio feitas em leiras as minutos ou horas do
revolvimento mostram que a quantidade desse gás é muito baixa,
indetectável ou mesmo zero (POINCELOT, 1975).
Existem duas formas de introduzir oxigênio no composto, ou através de revolvimentos
ou por ingeso mecanizada de ar. A primeira forma tem sido mais aplicada no Brasil para
promover a aeração e está condicionada ao acompanhamento da temperatura e umidade.
O revolvimento, ao mesmo tempo em que introduz ar (rico em oxigênio) no composto,
libera o ar saturado de gás carbônico (liberado pelos microrganismos) que estava contido na
leira.
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A
A
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Nos últimos anos, o meio ambiente tem sido considerado um dos temas emergentes da
sociedade, o que promoveu uma mudança da postura reativa comum anteriormente por uma
atitude pró-ativa em relação a complexas questões ambientais.
A destruição da natureza não é resultado da forma como o ser humano se relaciona
com o planeta, mas da maneira como se relaciona com seus semelhantes.
O ensino do meio ambiente deve contribuir principalmente para o exercício
da cidadania, estimulando a ação transformadora, am de buscar aprofundar
os conhecimentos sobre as questões ambientais de melhores tecnologias,
Capitulo 2 Revisão Bibliográfica
22
estimular mudanças de comportamento e a construção de novos valores
éticos menos antropocêntricos (BERNA, 2002).
A educação ambiental surge, nesse contexto, para promover o equilíbrio na relação do
homem com o seu meio e buscar uma melhor qualidade de vida para as populações, a partir
de suas raízes nos movimentos de controle e recuperação da qualidade ambiental do planeta.
Já na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, destacou-se a
necessidade de “promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente”. Para o cumprimento dos
preceitos constitucionais, as leis federais, estaduais e municipais determinam a
obrigatoriedade da Educação Ambiental.
Assim, o princípio fundamental estabelecido para o desenvolvimento de uma política
ambiental Educação Ambiental em todos os níveis é compatível com os fins, objetivos e
organização do sistema educacional. “Há que se identificar formas alternativas para o seu
desenvolvimento no decorrer do processo educacional e delimitar sua abrangência (MEDINA,
1994)”.
Os objetivos gerais da educação brasileira estão expressos no Art. 1º, da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional que estabelece que “a educação abrange os
processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no
trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da
sociedade civil e nas manifestações culturais”.
No Decreto Federal nº 88.351/83, que regulamenta a Lei nº 6.938/81 sobre a Política
Nacional do Meio Ambiente (BRASIL, 1983), ficou estabelecido que compete ao poder
público, nas diferentes esferas de governo, “orientar a educação, em todos os níveis, para a
participação efetiva do cidao e da comunidade na defesa do meio ambiente, cuidando para
Capitulo 2 Revisão Bibliográfica
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que os currículos escolares das diversas matérias obrigatoriamente complementem o estudo da
ecologia”.
A Educação Ambiental, em seus aspectos formais e não formais - como
processo participativo através do qual o indiduo e as comunidades
constroem novos valores sociais e éticos, adquirem conhecimento, atitudes,
competências e hábitos voltados para o cumprimento do direito a um
ambiente ecologicamente equilibrado, bem comum das gerações presentes e
futuras -, é um instrumento imprescindível para a consolidação dos novos
modelos de desenvolvimento sustentável, com justiça social, visando à
melhoria da qualidade de vida das populações envolvidas (MEDINA, 1994).
A formatação de um programa multidisciplinar de educação ambiental, voltado para a
questão da responsabilidade sobre os resíduos sólidos que cada cidadão produz, constituiu
uma ferramenta indispensável para o sucesso de uma proposta de gestão de RSU. A partir
dessa etapa que se desenvolverão ações transformadoras na cultura e nos hábitos da
população.
Entretanto, a educação ambiental não se faz apenas em sala de aula, através de cursos
e palestras. O processo de sensibilização passa por várias etapas até a plena conscientização
das pessoas.
Desenvolver processos pedagógicos no âmbito formal e não formal, que considerem
os princípios da educação ambiental, deve ser premissa básica da busca de mudanças pessoais
e da participação coletiva nas ações de gerenciamento dos resíduos sólidos.
Segundo Chernicharo et al.(1998), “com relação à coleta seletiva, somente através da
educação ambiental é possível a participão efetiva, alteração de hábitos e comprometimento
dos indivíduos frente a questões relacionadas à geração de resíduos”.
Mallmann (1998) em alise ao programa de educação ambiental aplicado a
problemática dos RSU no município de Porto Alegre (RS), afirma que a educação ambiental
provoca nos indivíduos reflexão ação sobre seus papéis e responsabilidades no que diz
Capitulo 2 Revisão Bibliográfica
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respeito à problemática dos resíduos - desempenhando, portanto, função decisiva no
desenvolvimento sustentável. Neste aspecto, diversos programas no Brasil têm buscado a
educação ambiental como um instrumento para amenizar ou solucionar os problemas
causados pelos resíduos sólidos.
Nos Art. 1º e 2º da Lei N° 9.795, de 27 de abril de 1999 (BRASIL, 1999), que dispõe
sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras
providências, se encontra a definição de educação ambiental.
Art. 1
o
Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais
o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,
habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio
ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e
sua sustentabilidade.
Art. 2
o
A educação ambiental é um componente essencial e permanente da
educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os
níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal.
Como parte de um processo educativo global, todos têm direito à educação ambiental.
A responsabilidade pela divulgação e implantação do processo educacional envolve
diretamente: o Poder Público, as instituições educativas, os órgãos integrantes do Sistema
Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA, os meios de comunicação de massa, as empresas,
entidades de classe, instituições públicas e privadas e a sociedade como um todo.
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Durante os últimos anos no Brasil, o tema da coleta seletiva e reciclagem tem
sido cada vez mais lembrado pela sociedade, principalmente em escolas. A
primeira impressão da população é de que a prática desses programas é
muito simples e de fácil execução pelo poder público, que cuida dos resíduos
de uma cidade (...) É importante lembrarmos que as fases que envolvem todo
processo para que se complete e atenda as regras básicas de higiene e
segurança são imensas. Destacam-se as questões de estocagem, de transporte
e do processamento futuro dos materiais, que dependem muito da educação
do povo, dos espaços físicos e das formas de transporte. Aliados seguem-se
os investimentos necessários para a implantação e a operação do sistema.
Capitulo 2 Revisão Bibliográfica
25
Com freqüência observamos prefeituras de cidades brasileiras que tem um
sistema de limpeza mal estruturado, além do destino final dos resíduos
urbanos longe de ser adequado, normalmente apresentado na forma de lixão
(RODRIGUES, 1999).
Coleta seletiva é um sistema de recolhimento de materiais recicláveis, tais como
papeis, plásticos, vidros, metais e orgânicos, previamente separados na fonte geradora local
onde o reduo é produzido como, por exemplo, nas residências, indústrias, comércios. Estes
materiais podem retornar ao processo produtivo após beneficiamento.
Entende-se que estes resíduos não são o produto final, mas um estágio entre a matéria
transformada ou energia consumida e o destino final.
As vantagens econômicas do processo de coleta seletiva estão relacionadas aos custos
ambientais. A implantação de projetos de coleta seletiva promove dentre outros:
Redução dos custos energéticos nos processos de fabricação de embalagens;
Redução dos custos com a disposição final dos resíduos sólidos nos aterros sanitários
e, conseqüente, aumento da vida útil dos mesmos;
Educação e conscientização ambiental da população;
Melhoria das condições ambientais e de saúde pública.
Em relação aos benefícios sociais pode-se listar:
Geração de empregos diretos e indiretos;
Resgate social dos indivíduos, atras da criação de associações / cooperativas de
catadores voluntários envolvidos na coleta de material reciclável nas ruas -, ou
mesmo através do trabalho autônomo de catação.
Capitulo 2 Revisão Bibliográfica
26
A coleta seletiva visa à melhoria do sistema de limpeza urbana e da qualidade de vida
da população, a partir da ampliação da abrangência e qualidade da coleta convencional até a
adoção de um sistema sanitário adequado para a destinação dos resíduos.
Processos de coleta seletiva vêm sendo implantados basicamente através de dois
modelos:
1.
Coleta seletiva domiciliar ou porta a porta os moradores devem fazer a segregação dos
materiais dentro das resincias e em dias pré-determinados enquanto um caminhão
específico recolhe os materiais recicláveis, geralmente uma vez por semana. Os caminhões
adequados ao recolhimento seletivo devem ser do tipo basculante ou “gaiola”, visto que o
material reciclável não pode ser prensado como ocorre com os resíduos sólidos comuns
recolhidos em caminhões compactadores.
2.
Coleta por entrega voluntária a população faz a separação do material em suas
residências e os leva até contêineres diferenciados para depósito de material reciclável ou
não-reciclável - localizados em pontos estratégicos.
Nos dois modelos, busca-se estimular a participação da população envolvida com todo o
processo de gerenciamento. Esta interação não acontece no caso da coleta convencional, pois
nesta, o indivíduo já está acostumado a simplesmente “colocar o lixo pra fora”, não existindo
necessidade de se informar continuamente dos resultados e dificuldades encontradas no
processo. O ato de separar o material nas fontes geradoras para disponibilização em
contêineres e caminhões já desenvolve no indiduo noções de produção, reutilização,
reciclabilidade dentre outros.
A etapa seguinte à coleta é a triagem separação dos materiais conforme suas
características físico-químicas, dos diversos materiais em um local adequado. O material
Capitulo 2 Revisão Bibliográfica
27
reciclável é então enfardado e armazenado para ser encaminhados para industrias recicladoras
e novamente comporem o processo produtivo como matéria prima.
O processo de triagem é realizado em galpões destinados a este fim. Estes galpões
normalmente dispõem de esteiras mecanizadas que facilitam a separação dos materiais por
funcionários pertencentes a cooperativas ou às prefeituras (a separação pode ser realizada
através de outros dispositivos como, por exemplo, rampas aonde os materiais por gravidade
chegam aos “balcões” para o manuseio). Os funcionários devem fazer uso de equipamentos
de proteção individual, tais como: uniformes, luvas, máscaras e botas, a fim de evitar os
possíveis transtornos a saúde dos mesmos, que estão expostos a uma série de riscos
ergonômicos, físicos, químicos e biológicos.
O número de funcionários envolvidos no processo de coleta e triagem dos materiais
recicláveis é variável em função do número de habitantes que abrange o sistema de coleta
seletiva alem das características particulares de cada localidade (ex: em cidades com o traçado
urbano muito acidentado são necessários mais coletores do que em cidades mais horizontais).
Na maioria dos municípios brasileiros, a presença de catadores é uma realidade,
independente da existência de projetos de coleta seletiva. Portanto, ao se planejar um projeto
deste gênero, deve-se buscar aproveitar estes trabalhadores que já estão engajados com a
temática, valorizando-os profissionalmente e pessoalmente. A coleta seletiva deve ser vista,
além de uma prática sustentável, como uma atividade em prol do beneficio social.
Os sistemas de coleta seletiva e de triagem dos materiais passíveis de reciclagem devem
ser constantemente monitorados - em termos de qualidade e quantidade do material, com o
intuito de sanar as possíveis falhas, acompanhar a dinâmica de consumo e de conscientização
ambiental da população inserida na área de abrangência destes serviços e para a proposição de
alternativas no estabelecimento de metas mais “a mbiciosas” a serem alcanças.
Capitulo 2 Revisão Bibliográfica
28
Os ganhos proporcionados pela reciclagem do lixo decorrem do fato de que é
mais ecomica a produção a partir da reciclagem do que a partir de matérias
primas virgens. Isso se dá porque a produção a partir da reciclagem utiliza
menos energia, matéria prima, recursos hídricos, reduz os custos de controle
ambiental e tamm os de disposição final do lixo (CALDERONI, 1997).
De acordo com o CEMPRE - Compromisso Empresarial para a Reciclagem (2002), a
reciclagem de uma tonelada de aparas de papel pode evitar o corte de 10 a 12 árvores
provenientes de plantações comerciais reflorestadas, além disso, a fabricação de papel com o
uso de aparas consome de 10 a 50 vezes menos água e metade da energia necessária ao
processo tradicional que usa celulose virgem.
Com o uso de plástico reciclável na produção de novos artefatos é possível economizar
até 50% da energia necessária ao processo.
A inclusão de cacos de vidro no processo normal de fabricação de embalagens desse
material também reduz gastos de energia. Para cada 10% de cacos de vidro na mistura
economiza-se 2,5% da energia necessária para a fusão, sem contar que a reciclagem deste tipo
de material não acarreta perda da qualidade no novo produto fabricado.
Em 1997, o CEMPRE publicou que “p ara reciclar uma tonelada de latas de alumínio,
gasta-se 5% da energia necessária para produzir a mesma quantidade de alumínio pelo
processo primário. Isto significa que cada latinha reciclada economiza energia elétrica
equivalente ao consumo de um aparelho de TV ligado por três horas. A reciclagem evita a
extração da bauxita, mineral beneficiado para a fabricação da alumina, que é transformada em
liga de alumínio. Cada tonelada do metal exige cinco do minério”.
O Quadro 6 a seguir mostra a economia de energia elétrica por tonelada de material
reciclado. Estes valores devem ser analisados com cautela, pois para que sejam alcançados
seria necessária a colaboração efetiva da população, do poder público e das industrias que
processam estes materiais. Ainda que este potencial de conservação pareça irreal (corresponde
Capitulo 2 Revisão Bibliográfica
29
à cerca de 10% da oferta atual de energia no Brasil), os números chamam a atenção para a real
importância da reciclagem, que vem sendo negligenciada, sobretudo se vista como uma
atividade de conservação de energia.
Material
Produção ao
reciclada (mil
tonelada / ano
Energia elétrica
economizada por
tonelada de produto
(MWh / ton)
Energia elétrica
economizada total
(GWh / ano)
Metal
546
5.3
2.893
Vidro
550
0,64
352
Papel
3.942
3,51
13.836
Plástico
1.980
5,06
10.018
Total
7.018
-
27.101
Quadro 6 - Potencial de conservação de Energia Elétrica usando materiais recicláveis no
Brasil (1996).
Fonte: Calderoni (1997).
Segundo Grimberg e Blauth (1998), dos 5506 municípios brasileiros, apenas 100
possuíam algum tipo de programa de coleta seletiva em 1998, sendo que algumas das
experiências não consideravam o uso da educação ambiental como ferramenta do processo.
Alguns dos principais projetos de coleta seletiva no Brasil estão descritos
resumidamente nos Quadros do Anexo A. As informações foram extraídas dos levantamentos
realizados por Ruffino (2001), Grimberg e Blauth (1998) am de dados adicionais obtidos
informalmente junto às Prefeituras Municipais.
Os programas de coleta seletiva desenvolvidos em Belo Horizonte (MG), Brasília (DF),
Curitiba (PR), Porto Alegre (RS) e USP (SP) implementaram as iniciativas preconizadas na
Agenda 21 (conscientização individual em busca de um meio ambiente sustentável).Os cinco
programas alcançaram êxito e são referencias internacionais. No entanto, os programas
desenvolvidos em Angra dos Reis (RJ), São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ), cujos objetivos
Capitulo 2 Revisão Bibliográfica
30
se limitaram à problemática da destinação final dos resíduos, sem se preocupar com a
diminuição da gerão, a reutilização e a reciclagem, não apresentaram resultados
expressivos, pois não alteraram os hábitos e costumes da população.
No projeto desenvolvido em Belo Horizonte (MG), de acordo com o Banco Nacional
de Desenvolvimento Social BNDES (2004), além da economia diária de 2,4% no volume de
resíduos sólidos destinados ao aterro sanitário, reutilização de resíduos orgânicos na
agricultura, da melhoria da qualidade de vida dos catadores de papel e funcionários da
limpeza pública, o que tem sido apontado como principal resultado do programa é o ganho
ambiental em termos de consciência pública. A mudança de comportamento da população em
relação ao problema dos reduos sólidos urbanos pode contribuir decisivamente para a
redução de resíduos sólidos na própria fonte de produção.
O programa mineiro propiciou novas formas de diálogo entre o Poder Público e a
sociedade civil, dos movimentos organizados às empresas, passando pelas associações de
bairro, igrejas e o cidadão comum. A estratégia de comunicação e a valorização da discussão
sobre alternativas para a limpeza urbana foram determinantes para o sucesso do projeto BH
reciclando.
Em Curitiba (PR), onde foram alcançados os melhores resultados quanto à coleta
seletiva, o aterro da Caximba já havia ganhado mais quatro anos de vida útil no ano de 2000
porque deixou de receber 419 mil toneladas de materiais recicláveis desde 1989, quando foi
construído. Desde de o inicio do projeto, 16% do papel gerado na cidade foi reciclado, o que
já poupou o corte de 822.570 árvores, além da economia da água e energia.
Porém, em todos os exemplos de experiências citadas, inclusive nas que não tiveram
resultados significativos como é o caso de São Paulo (SP), o processo se mostrou lento e
gradativo. As anos do inicio das atividades foram apresentados pequenos decréscimos na
Capitulo 2 Revisão Bibliográfica
31
totalidade de materiais que chegavam ao destino convencional adotado pelas prefeituras
(Aterros, Lixões, etc).
Processos participativos são demorados pelo fato de trabalharem com dimensões
qualitativas: a dignidade das pessoas, a expectativa de realização histórica, a identidade
cultural e a ideologia da comunidade envolvida. Quando os valores, hábitos e costumes são
alterados, os resultados, na maior parte dos casos, se perpetuam ao longo das gerações.
Capitulo 3 Materiais e Métodos
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A metodologia adotada compreendeu as seguintes etapas: levantamento de dados para
caracterização da localidade; análise das condições sociais, econômicas e ambientais da
população envolvida; sensibilização e envolvimento da comunidade; capacitação de agentes
multiplicadores; elaboração do plano de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde
gerados no posto de saúde de Tapuirama e a proposta de implantação da coleta diferenciada
de materiais provenientes dos RSU gerados no distrito.
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A escolha da área de estudo, distrito de Tapuirama, motivou-se pelas dimensões e
características demográficas locais, que propiciariam bom modelo para futuras ações com o
intuito de estimular práticas ambientalmente sustentáveis em outras pequenas localidades da
região.
De acordo com os dados da Prefeitura Municipal de Uberlândia - PMU (2004), a
região passou a ser conhecida desde 1819, por exploradores das terras bravias que por lá
passaram em rumo às terras goianas. A primeira povoação da localidade chamava-se
“Rocinha”, por ficar às margens do ribeirão assim denominado. O primeiro proprietário da
fazenda Rocinha foi Ricardo de Oliveira Santos.
Em 1894 foi instalada na região uma loja de panos e o seu proprietário, Sr. José
Abalem, foi o fundador da primeira escola local, em 3 de outubro de 1894.
Capitulo 3 Materiais e Métodos
33
Com a necessidade da população de ter um local para a realização de atividades
religiosas, foi erguido um cruzeiro por volta de 1912. Nesse Cruzeiro, todo primeiro domingo
do mês rezava-se o terço. Com a renda arrecadada em leilões organizados pela população, foi
construída a capela de Nossa Senhora da Abadia, padroeira da Rocinha, no ano de 1933, nas
terras doadas pela família de Ricardo Oliveira Santos. O terreno, com extensão de 12.500m²,
foi então denominado “Patrimônio da Rocinha” e aos poucos começaram a ser erguid os
ranchos nas proximidades da capela.
Rocinha começou a ser conhecida por Tapuirama, que significa “terra dos índios
Tapuios”, em 31 de dezembro de 1943, quando através do Decreto-Lei nº 1.058 foi elevada à
condição de Vila pelo então Governador de Minas Gerais, Benedito Valadares.
Em 1950 foi implantada a energia elétrica, e em 1952 a rede telefônica no distrito.
A produção, que antigamente se destacava pela agricultura, com o plantio
principalmente de arroz, feijão e milho, hoje se destaca através da pecuária e o plantio de soja.
Conforme a Ilustração 2 e a Ilustração 3, o distrito de Tapuirama se localiza a 46 km
do distrito sede, na porção sudeste do município, ao longo da rodovia BR 452, que liga
Uberlândia a cidade de Araxá.
Capitulo 3 Materiais e Métodos
34
Ilustração 2 - Localização do município de Uberlândia no estado de Minas Gerais
Fonte: Master On-Line (2004).
Ilustração 3 - Localização do distrito de Tapuirama
Fonte: Adaptado do Ondefica (2004).
Capitulo 3 Materiais e Métodos
35
O distrito de Tapuirama atualmente compreende a maior população urbana dos
distritos de Uberlândia, conforme pode ser visualizado na Tabela 1 a seguir.
Tabela 1 - Dados populacionais dos distritos de Uberlândia
SEXO
Distritos e
Sub-Distritos
Domicílio
Total
Masculino
Feminino
Urbano
134
430
237
193
Cruzeiro dos
Peixotos
Rural
282
867
477
390
Urbano
96
363
200
163
Martinésia
Rural
188
596
328
268
Urbano
41
127
70
57
Miraporanga
Rural
1.348
5.370
2.953
2.417
Urbano
479
1.760
967
793
Tapuirama
Rural
183
584
321
263
Sub-Distritos
-
-
3.390
-
-
Total
-
-
13.487
-
-
Fonte: PMU, 2004.
Na Fotografia 1, pode ser visualizado o principal local de encontro dos moradores da
localidade. Nesta praça estão situados a igrejinha de Nossa Senhora da Abadia, a Associação
de Moradores, a rodoviária, o sao comunitário e o posto de saúde.
Capitulo 3 Materiais e Métodos
36
Fotografia 1 - Pra no centro do distrito de Tapuirama
Fonte: Damasceno, D.Q. (2004).
Com relação às edificações existentes na área urbana, Tapuirama possui: 479
(quatrocentos e setenta e nove) residências, 20 (vinte) estabelecimentos comerciais (Quadro
7) (dois) postos de saúde (sendo que um está desativado), 7 (sete) “templos” rel igiosos, uma
escola municipal (ensino fundamental), uma escola estadual (ensino médio), uma creche,
prédio da associação de moradores, salão comunitário, clube poli-esportivo e uma rodoviária,
além das instalações da CTBC (companhia de telefonia local) e do Departamento Municipal
de Água e Esgoto DMAE, que compreendem escritório, dois poços artesianos, um
reservatório e a estação de tratamento de esgoto.
Capitulo 3 Materiais e Métodos
37
Nome do Proprietário
Endereço
Descrição das atividades
1
Alcino Candido
Jose Pedro Abalem, 908.
Bar
2
Cláudio Roberto Ferreira
Jose Pedro Abalem, 819.
Bar
3
Juarez Lopes de Proença
Said Jorge, 107
Bar
4
Bartolomeu Francisco
Jose Pedro Abalem, 1044.
Bazar, armarinhos e
boutique.
5
Casa de Carnes Tapuirama
LTDA
Melo Montes, 70.
Casa de carnes, peixaria e
aves.
6
João Batista Malaquias
Jose Pedro Abalem, 700.
Comércio em geral
7
Lídia Alves de Carvalho
Jose Pedro Abalem, 816.
Drogas e medicamentos
8
Lucivania Nunes Machado
Rodrigues
Melo Montes, 260.
Eletrodomésticos e materiais
eletrônicos.
9
SJS Transportes LTDA
Jose Custodio de Oliveira,
751.
Transporte de carga
10
o Judas Tadeu Comercio
Farmacêutico LTDA
Alves Pereira, 217.
Farmácia e drogaria
11
Manoel Fernandes da Silveira
Said Jorge, 112.
Flores, reflorestamento e
corte de árvores.
12
Vaguineci Carlos Ferreira
Jose Pedro Abalem, 875.
Hortifrutigranjeiros (sacolão)
13
Serraria Tapuirama Ltda
Herculino de Rocha, s/n.
Madeira e cortiça
14
Epaminondas Lopes de
Proença
Medeiros, 250.
Madeiras
15
Laudelino dos Santos
Jose Pedro Abalem, 682.
Material de construção
16
Adilson Fernandes Rezende
Alves Pereira, 217.
Mercearia, empório,
laticínios.
17
Jose Fernandes Filho
Jose Pedro Abalem, 996.
Mercearia, empório,
laticínios.
18
Ney Jorge
Said Jorge, 1060.
Mercearia, empório,
laticínios.
19
Sebastião Cardoso da Silva
Melo Montes, s/n.
Mercearia, empório,
laticínios.
20
Elci Eduardo da Silva e Cia
Ltda
Jose Pedro Abalem, 816.
Posto de gasolina
Quadro 7 - Estabelecimentos comerciais de Tapuirama
Fonte: Adaptado de PMU, 2004.
O distrito é composto basicamente de quatro avenidas principais cortadas
perpendicularmente por dez ruas secundárias, conforme pode ser visualizado na Ilustração 4.
Capitulo 3 Materiais e Métodos
38
Ilustração 4 - Sistema viário de Tapuirama
Fonte: Adaptado de CEMIG (2002).
Os serviços de abastecimento de água, coleta e disposição final de esgoto sanitário são
realizados e administrados por uma autarquia através do Departamento Municipal de Água e
Esgoto DMAE, que atende a totalidade da área urbana do distrito. Todo efluente líquido
Capitulo 3 Materiais e Métodos
39
coletado é tratado em um Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente RAFA, localizado ao lado
da rodovia que dá acesso à localidade (Fotografia 2).
Fotografia 2 - Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente (RAFA)
Fonte: Damasceno, D.Q. (2004).
Os demais serviços urbanos são realizados e administrados por empresa privada,
cabendo à prefeitura a efetiva fiscalização da execução.
Os serviços de capina e pintura de meio fio são realizados uma vez por ano, na época
de maior pluviosidade (normalmente no mês de janeiro ou fevereiro), em calendário
programando pela Secretaria Municipal de Servos Urbanos, intercalados com as demais
atividades do distrito sede.
Capitulo 3 Materiais e Métodos
40
O serviço de varrição de vias públicas é disponibilizado à comunidade com
periodicidade semanal, em todas as ruas da área urbana do distrito. O material recolhido é
encaminhado ao aterro sanitário municipal, juntamente com a coleta regular.
A coleta regular de RSU na área urbana do distrito é realizada duas vezes por semana
(segunda e quinta-feira), atingindo 100% na área urbana, atualmente com uma população de
aproximadamente 1.760 habitantes (PMU,2004), sendo a destinação final o Aterro Sanitário
Municipal de Uberlândia (ver Fotografia 3) localizado a aproximadamente 60km do distrito
de Tapuirama.
Fotografia 3 - Aterro Sanitário Municipal de Uberlândia
Fonte: LIMPEBRÁS (2003).
Esta freqüência na coleta é equivalente a das áreas urbanas dos distritos de Martinésia
e Cruzeiro dos Peixotos. Somente no distrito de Miraporanga a coleta é realizada apenas uma
Capitulo 3 Materiais e Métodos
41
vez por semana (quartas-feiras), devido à precariedade da rodovia de acesso que não é
pavimentada.
o é realizada a coleta de resíduos na área rural dos distritos. O material, na maior
parte das propriedades, é queimado a céu aberto ou, em algumas situações, é enterrado. Este
procedimento inclui as embalagens de agrotóxicos utilizados nas lavouras. Existem, no
entanto, alguns contêineres espalhados estrategicamente, em pontos de maior concentração da
população rural, que são recolhidos uma vez por semana.
Os entulhos são coletados aleatoriamente, à medida que acontece o acúmulo destes
materiais ao longo da malha urbana do distrito. Os moradores estão habituados a dispor estes
resíduos em frente às residências e estabelecimentos comerciais à espera da coleta da
prefeitura. O material coletado é conduzido a uma área de voçoroca, localizada a 5km do
distrito, em terreno de propriedade particular.
A coleta de resíduos provenientes do Posto de Saúde é realizada conjuntamente com
as parcelas domiciliar e comercial, sendo os resíduos destinados ao aterro sanitário municipal.
o existe avaliação da eficiência dos serviços de limpeza urbana. A maioria das
reclamações direcionadas à Secretaria Municipal de Serviços Urbanos faz refencia a
eventuais falhas nos dias de coleta. Tais falhas decorrem, geralmente, de problemas
operacionais oriundos das más condições de manutenção do veículo coletor.
Capitulo 3 Materiais e Métodos
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Durante os meses de janeiro e fevereiro de 2004, praticamente toda a população da
área urbana do distrito foi questionada quanto às condições sociais, econômicas e ambientais
1
.
A pesquisa foi realizada “porta a p orta” através de questionário (Anexo B) elaborado com a
finalidade de levantar o perfil da comunidade, além de informar quanto à importância de
práticas ambientalmente corretas, como por exemplo, o reaproveitamento de restos
alimentares, a redução de geração de reduos inertes, e o correto armazenamento dos RSU,
dentre outras.
A avaliação do perfil sócio - econômico e ambiental também buscou obter
informações para o projeto de implantação da coleta diferenciada no distrito e para o
desenvolvimento de um programa continuado de educação ambiental não formal.
O questionário foi dividido em três partes, abordando respectivamente: o perfil da
família, o nível de informação a respeito do “lixo” e informações relacionadas à saúde da
família. As perguntas foram elaboradas de forma a obter informações básicas para subsidiar o
modelo de gestão a ser aplicado.
A primeira parte de questões buscava levantar o número de habitantes no domicílio; o
grau de escolaridade; quem era o chefe da família; qual o poder aquisitivo; se havia
participação da população em associações, clubes ou centros comunitários; se eram
desenvolvidas atividades de lazer e se havia animais domésticos, além da alimentação dos
mesmos.
1
Por motivos de divergência política, moradores de duas residências se recusaram a dar as informações alegando
que, por se tratar de um projeto da Universidade, apoiado pela PMU, se tratava de “campanha eleitoreira”,
considerando a proximidade com as eleições municipais.
Capitulo 3 Materiais e Métodos
43
Na segunda parte de questões procurou-se identificar na população conceitos sobre os
problemas gerados pela má disposição de resíduos e sobre coleta seletiva; qual seria o nível de
aceitação quanto a novos costumes e hábitos relacionados ao tema, além de identificação de
problemas locais, causados pela má disposição de resíduos no distrito.
Na terceira parte do questionário foram abordadas questões relacionadas à saúde da
família, buscando uma relação entre as doenças mais freqüentes e as condições ambientais do
distrito de Tapuirama.
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Paralelamente às atividades desenvolvidas na área de estudo, foram realizadas a
caracterização e quantificação dos RSU gerados no distrito. Ao invés de utilizar o processo de
amostragem, a caracterização do material foi efetuada com todo o material proveniente de
Tapuirama. Este procedimento foi viável, por se tratar de uma localidade pouco populosa e o
itinerário do caminhão de coleta regular da prefeitura se restringir unicamente ao local (nas
segundas e quintas-feiras), ou seja, o material coletado no distrito não se mistura ao de outras
localidades.
A caracterização foi realizada no Aterro Sanitário Municipal, através de análise
mensal, no período da tarde (entre os horários de 14:00 e 16:00), seguindo os procedimentos
recomendados pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental CETESB (1990),
através do processo técnico denominado Quarteamento que se constituiu das seguintes etapas:
1.
Ao chegar ao aterro sanitário, todo o material coletado no distrito na última quinta -
feira de cada mês, no período compreendido entre julho de 2003 e junho de 2004, era disposto
Capitulo 3 Materiais e Métodos
44
no pátio de compostagem. Os sacos plásticos eram estourados e todos resíduos misturados até
se obter um material bastante homogêneo (Fotografia 4 e Fotografia 5).
Fotografia 4 - Os sacos sendo "estourados" para melhor homogeneização do material
Fonte: Damasceno, D.Q. (2004).
Capitulo 3 Materiais e Métodos
45
Fotografia 5 - Mistura do material para homogeneização
Fonte: Damasceno, D.Q. (2004).
2.
Em seguida, fazia-se uma pilha e eram retiradas quatro partes de 200 L do material,
sendo uma porção no topo da pilha e as três restantes na base e laterais (Fotografia 6).
3.
O material da nova pilha formada era então separado em orgânico, rejeito e reciclável,
para então ser pesado.
Foram considerados orgânicos todos os materiais passíveis de compostagem e
recicláveis os papéis, plásticos, metais e vidros que possuem indústria de reciclagem no Brasil
(Anexo C). Os demais materiais foram considerados rejeitos.
Capitulo 3 Materiais e Métodos
46
Fotografia 6 - Os “quartis” preparados para a caracterização
Fonte: Damasceno, D.Q. (2004).
O material foi pesado em balança eletrônica de capacidade de 200kg (
±
0,05kg) sendo
posteriormente a parcela reciclável doada aos funcionários do Aterro Sanitário (que
contribuíram no processo) e a parcela orgânica inserida no processo de compostagem
desenvolvido pela PMU com o material provenientes das feiras e restaurantes.
Essa caracterização não incluiu os resíduos de construção civil e industriais, pois estes
materiais são coletados separadamente, de forma aleatória. O Decreto Municipal 9.152 de 29
de abril de 2003 (UBERLÂNDIA, 2003), estabelece que a destinação desses resíduos é de
responsabilidade dos geradores.
Capitulo 3 Materiais e Métodos
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O projeto de educação ambiental de Tapuirama, objeto deste estudo, propõe uma
abordagem da Educação Ambiental em suas complexas relações, visando uma percepção do
meio ambiente em seus aspectos físico, sócio econômicos, políticos, culturais e éticos.
Foram aplicadas três ferramentas amplamente conhecidas para o desenvolvimento do
projeto de educação ambiental para Tapuirama, são elas: redução (é necessária a revisão de
valores e de consumo a fim de se evitar produzir resíduos em excesso); reutilização (são
necessárias a valoração e utilização de bens de consumo duráveis e retornáveis que
permaneçam no sistema por mais tempo); reciclagem (última alternativa a ser adotada com os
materiais que não possuem mais qualidade e/ou capacidade de uso).
“Há um princípio praticado por muitos países na abordagem da queso das
embalagens e outros artigos presentes na parte sólida dos resíduos urbanos,
denominado de Principio dos 3 R’s, que estabelece 3 atitudes práticas e
básicas para o gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos (RUFFINO,
2001)”.
Durante os meses de agosto a dezembro do ano de 2003, foram realizadas atividades
na Escola Municipal Sebastião Rangel no distrito de Tapuirama, voltadas para a questão da
coleta seletiva. O objetivo do desenvolvimento destas atividades foi sensibilizar os
aproximadamente 600 estudantes, professores e funcionários desta escola para a questão da
redução, reutilização e reciclagem dos materiais presentes nos RSU, além de disseminar
outras práticas voltadas para o desenvolvimento sustenvel no distrito de Tapuirama.
Na primeira quinzena de dezembro do ano de 2003, alunos e professores visitaram o
aterro sanitário municipal de Uberlândia com o objetivo de sensibilizar a comunidade
estudantil quanto à problemática da disposição final dos resíduos sólidos, através de
atividades extracurriculares.
Capitulo 3 Materiais e Métodos
48
As atividades não abordaram diretamente a Escola Estadual devido à falta de interesse
do Diretor da instituição em participar do projeto.
Outras atividades, como a realização da I Festa do Meio Ambiente de Tapuirama
“Tapuirama Reciclae a promoção de palestras e oficinas ambientais - ministradas no salão
comunitário e envolvendo toda a população interessada, foram desenvolvidas com o intuito de
estimular a responsabilidade individual dos cidadãos do distrito para a temática proposta.
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O gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde RSS, constitui-se de
um conjunto de procedimentos de gestão planejados e implementados a
partir de bases cientificas e técnicas, normativas e legais, com o objetivo
de minimizar a produção de resíduos e proporcionar aos resíduos gerados
um encaminhamento seguro, de forma eficiente, visando a proteção dos
trabalhadores, a preservação da saúde pública, dos recursos naturais e do
meio ambiente. Deve abranger o planejamento de recursos físicos e
naturais, am da capacitação dos recursos humanos envolvidos no manejo
dos RSS (ANVISA, 2002).
Atendendo à Legislação Federal que estabelece, através da Resolução CONAMA nº05
de 05 de agosto de 1993, a obrigatoriedade da apresentação do Plano de Gerenciamento de
Resíduos de Serviços de Saúde - PGRSS por todos os estabelecimentos prestadores de
serviços de saúde.
No decorrer desse estudo, foi elaborado o PGRSS do Posto de Saúde de Tapuirama
com a intenção primordial de informar aos funcionários do referido estabelecimento sobre a
importância ambiental e social (segurança do trabalhador) do correto manejo destes materiais.
Uma vez estabelecido o plano, que através do suporte legal deverá ser implementado, espera-
se que surja a consciência da importância da participação destas pessoas no o processo de
gestão de resíduos no distrito.
Capitulo 3 Materiais e Métodos
49
De acordo com a resolução RDC 33 da ANVISA (ANVISA, 2003), o PGRSS deve
abranger o planejamento de recursos físicos e materiais além da capacitação de recursos
humanos envolvidos no manejo dos RSS. Uma cópia do documento deve estar disponível
para consulta dos funcionários, dos pacientes e do público em geral, sob solicitação da
autoridade sanitária ou ambiental competente. A mesma resolução também define a
classificação dos RSS em cinco classes:
GRUPO A
(POTENCIALMENTE INFECTANTES) - resíduos com a possível presença de
agentes biológicos que, por suas características de maior virulência ou concentração, podem
apresentar risco de infecção.
Enquadram-se neste grupo:
A1 - culturas e estoques de agentes infecciosos de laboratórios industriais e de pesquisa;
resíduos de fabricação de produtos biológicos, exceto os hemoderivados; descarte de vacinas
de microrganismos vivos ou atenuados; meios de cultura e instrumentais utilizados para
transferência, inoculação ou mistura de culturas; resíduos de laboratórios de engenharia
genética.
A2. - bolsas contendo sangue ou hemocomponentes com volume residual superior a 50 mL;
A3 - peças anatômicas (tecidos, membros e órgãos) do ser humano, que não tenham mais
valor científico ou legal, e/ou quando não houver requisição prévia pelo paciente ou seus
familiares; produto de fecundação sem sinais vitais, com peso menor que 500 gramas ou
estatura menor que 25 centímetros ou idade gestacional menor que 20 semanas, que não
tenham mais valor científico ou legal, e/ou quando não houver requisição prévia pela família;
A4 - carcaças, peças anatômicas e vísceras de animais provenientes de estabelecimentos de
tratamento de saúde animal, de universidades, de centros de experimentação, de unidades de
Capitulo 3 Materiais e Métodos
50
controle de zoonoses e de outros similares, assim como camas desses animais e suas
forrações.
A5 - todos os resíduos provenientes de paciente que contenham ou sejam suspeitos de conter
agentes de risco, que apresentem relencia epidemiológica e risco de disseminação.
A6 - kits de linhas arteriais endovenosas e dialisadores, quando descartados. Filtros de ar e
gases oriundos de áreas críticas.
A7 - órgãos, tecidos e fldos orgânicos com suspeita de contaminação com proteína priônica
e resíduos sólidos resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais com suspeita de
contaminação com proteína priônica.
GRUPO B
(QUÍMICOS) - resíduos contendo substâncias químicas que apresentam risco à
saúde pública ou ao meio ambiente, independente de suas características de inflamabilidade,
corrosividade, reatividade e toxicidade.
Enquadram-se neste grupo:
B1 - Os reduos dos medicamentos ou dos insumos farmacêuticos quando vencidos,
contaminados, apreendidos para descarte, parcialmente utilizados e demais medicamentos
impróprios para consumo, que oferecem risco;
B2 - Os reduos dos medicamentos ou dos insumos farmacêuticos quando vencidos,
contaminados, apreendidos para descarte, parcialmente utilizados e demais medicamentos
impróprios para consumo, que, em função de seu princípio ativo e forma farmacêutica, não
oferecem risco. Inclui-se neste grupo todos os medicamentos não classificados no Grupo B1 e
os antibacterianos e hormônios para uso tópico, quando descartados individualmente pelo
usuário domiciliar;
Capitulo 3 Materiais e Métodos
51
B3 - Os resíduos e insumos farmacêuticos dos medicamentos controlados pelo Ministério da
Saúde;
B4 - Saneantes, desinfetantes e desinfestantes;
B5 - Substâncias para revelação de filmes usados em Raios-X;
B6 - Resíduos contendo metais pesados;
B7 - Reagentes para laborario, isolados ou em conjunto;
B8 - Outros resíduos contaminados com substâncias químicas perigosas.
GRUPO C
(REJEITOS RADIOATIVOS) -o considerados rejeitos radioativos quaisquer
materiais resultantes de atividades humanas que contenham radionuclídeos em altas
quantidades. As fontes seladas não podem ser descartadas, devendo a sua destinação final
seguir orientações específicas da Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN.
GRUPO D
(RESÍDUOS COMUNS) -o todos os resíduos gerados nos serviços abrangidos
por esta resolução que, por suas características, não necessitam de processos diferenciados
relacionados ao acondicionamento, identificação e tratamento.
Enquadram-se neste grupo:
- gesso, luvas, esparadrapo, algodão, gazes, compressas, equipo de soro e outros similares,
que tenham tido contato ou não com sangue, tecidos ou fluidos orgânicos, com exceção dos
enquadrados na classificação A5 e A7;
- bolsas transfundidas vazias ou contendo menos de 50 mL de produto residual;
- sobras de alimentos não enquadrados na classificação A5 e A7;
Capitulo 3 Materiais e Métodos
52
- papéis de uso sanitário e fraldas, não enquadrados na classificação A5 e A7;
- resíduos provenientes das áreas administrativas;
- resíduos de varrição, flores, podas e jardins;
- materiais passíveis de reciclagem;
- embalagens em geral;
- cadáveres de animais, assim como camas desses animais e suas forrações.
GRUPO E
(PERFUROCORTANTES) - são os objetos e instrumentos contendo cantos,
bordas, pontos ou protuberâncias rígidas e agudas, capazes de cortar ou perfurar.
Enquadram-se neste grupo:
- lâminas de barbear, bisturis, agulhas, escalpes, ampolas de vidro, lâminas e outros
assemelhados provenientes de serviços de saúde.
- bolsas de coleta incompleta, descartadas no local da coleta, quando acompanhadas de
agulha, independente do volume coletado.
Já a Resolução CONAMA nº05 de 05 de agosto de 1993, define que é de
responsabilidade dos dirigentes dos estabelecimentos geradores de RSS a definição do
PGRSS referente ao estabelecimento, obedecendo a critérios técnicos, à legislação ambiental,
e a designação de profissional devidamente habilitado em função do tipo de reduo a ser
gerenciado para exercer a função de Responsável pela elaboração e implantação do PGRSS.
Toda atividade de manejo de resíduos apresenta riscos à integridade física de quem a
realiza. As atividades nos estabelecimentos de serviços de saúde não fogem a esta regra.
Capitulo 3 Materiais e Métodos
53
De acordo com o Decreto 9.152 / 2003 (UBERLÂNDIA, 2003), Art. 3, o valor
estipulado para a cobrança do preço público pago pelo transporte e disposição final de
resíduos gerados em grandes estabelecimentos ou nos de serviços de saúde tem como base à
quantidade média diária de resíduos sólidos especiais depositados no mês e obedece à
seguinte gradação:
a) para os estabelecimentos que geram, na média diária do mês:
Até 1 tonelada por dia ---------------------------------------------------- R$ 51,32 por tonelada
Entre 1 e 2 toneladas por dia --------------------------------------------- R$ 56,45 por tonelada
Entre 2 e 3 toneladas por dia -------------------------------------------- R$ 62,10 por tonelada
Entre 3 e 4 toneladas por dia --------------------------------------------- R$ 68,31 por tonelada
Acima de 4 toneladas ----------------------------------------------------- R$ 75,14 por tonelada
b) para os estabelecimentos geradores de resíduos provenientes de prestação de serviços de
saúde que geram, na média diária do mês:
Até 20 litros por dia ----------------------------------------------------- R$ 128,58 por mil litros
Entre 20 e 50 litros por dia --------------------------------------------- R$ 141,44 por mil litros
Entre 50 e 150 litros por dia ------------------------------------------- R$ 155,58 por mil litros
Entre 150 e 300 litros por dia ------------------------------------------ R$ 171,14 por mil litros
Acima de 300 litros por dia -------------------------------------------- R$ 188,25 por mil litros
O PGRSS do Posto de saúde Tapuirama, foi elaborado com o auxilio dos funcionários
do estabelecimento, e por se tratar do único gerador deste tipo de resíduos pode-se, através
deste documento, estabelecer o correto manejo e definir a destinação adequada dos mesmos
no âmbito distrital.
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A partir da analise dos resultados obtidos na caracterização social, econômica e
ambiental - através do questionário, e da caracterização/quantificação dos resíduos gerados no
distrito, foi montada a proposta do sistema de coleta seletiva.
Esta proposta se baseava na separação dos materiais na fonte geradora, ou seja, a
população seria educada e informada a realizar a separação dos materiais (orgânicos, rejeitos
e recicláveis), nas próprias resincias, comércios e posto de saúde e acondicionaria estes
matérias em lixeiras seletivas facilitando a coleta pelo pessoal encarregado da prefeitura e da
Cooperativa de Catadores.
Foram instaladas vinte e duas lixeiras seletivas (Fotografia 7) distribuídas em pontos
estratégicos da localidade.
Fotografia 7 - Lixeiras seletivas implantadas no distrito de Tapuirama
Fonte: Damasceno, D.Q. (2004).
Capitulo 3 Materiais e Métodos
55
As lixeiras, que são divididas em três compartimentos destinados a receber
separadamente as parcelas orgânicas, recicláveis e rejeitáveis, têm a finalidade de segregar os
resíduos sólidos, segundo as destinações que lhes seriam dadas. Pretendia-se que, a partir da
separação dos RSU, os recicláveis fossem coletados pelo catador cooperado local (e por
eventuais catadores que se prepusessem a participar do projeto); os orgânicos fossem levados
para o pátio de compostagem da prefeitura (e posteriormente retornarem para utilização na
horta comunitária, na área utilizada para plantio de ervas medicinais, além dos canteiros
públicos) e os rejeitos aterrados no Aterro Sanitário Municipal.
O estudo para o dimensionamento e localização das lixeiras seletivas levou em
consideração: a)o quantitativo e qualitativo do material gerado no peodo de quatro dias, pois
a coleta é realizada duas vezes por semana (segunda e quinta-feira), desta forma o material
poderia ser armazenado nas lixeiras à espera da coleta sem risco de transbordamento; b)a
densidade da população; c)as regiões com predominância de comércio ou residências; e
d)facilidade para o esvaziamento dos compartimentos pelos encarregados de tal serviço.
O custo do material para a confecção das lixeiras seletivas, de R$ 2.700,00, foi arcado
pela União Educacional de Minas Gerais UNIMINAS que, através do Departamento de
Engenharia de produção, se interessou em apoiar o projeto. As mesmas foram confeccionadas
na oficina da empresa Limpebrás Engenharia Ambiental, empresa terceirizada responsável
pela coleta de resíduos sólidos no município de Uberlândia.
Para informar a população quanto aos diferentes materiais componentes dos reduos
sólidos que deveriam ser separados, foi elaborado folder educativo sobre o tema (Ilustração 5
e Ilustração 6) trazendo informões relativas à população e a geração de resíduos. Atras
deste folder buscou-se, alem de informar a população, resgatar à responsabilidade individual
para o tema, levando em consideração o meio ambiente em que eso inseridos (Anexo D).
Capitulo 3 Materiais e Métodos
56
Ilustração 5 - Folder Educativo "Tapuirama Recicla"
Criação: Damasceno, D.Q. (2003).
Ilustração 6 Folder Educativo "Tapuirama Recicla"
Criação: Damasceno, D.Q. (2003).
Capitulo 4 Resultados e Discussão
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Os resultados do perfil social, econômico e ambiental, o envolvimento da população
nas atividades realizadas e a caracterização / quantificação de resíduos do distrito de
Tapuirama Uberlândia também foram analisados com o objetivo de compor a estratégia de
desenvolvimento do programa de educação ambiental continuada, no qual se fundamenta a
proposta de geso integrada de RSU para esta comunidade.
Detalham-se, a seguir, os dados obtidos nos levantamentos realizados no distrito além
das conclusões deles derivadas.
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Os resultados mais expressivos da parte I do questionário (perfil da família) levaram
aos seguintes números:
Número médio de habitantes por domicilio: 3,7 habitantes.
Renda média percapita: R$ 144,97 (este valor é bastante variável correspondendo
apenas a 43,0% da população, pois 57,0% tem como atividade econômica a agricultura
familiar, não tendo então um valor fixo de renda).
Analfabetos: 3,2%
Animais domésticos: Na Ilustração 7, podem ser visualizados a freqüência da presença
de animais domésticos e seus hábitos alimentares.
Capitulo 4 Resultados e Discussão
58
Animais Domésticos
28,8%
62,3%
2,7%
4,2%
1,9%
Cachorro
Gato
Galinha
Porco
Nenhum
Alimentação Animal
35,7%
55,1%
9,2%
Ração
Restos de comida
Ração/restos
Ilustração 7 - População que possui animais domésticos e base da alimentação animal
Fonte: Damasceno, D.Q. (2004).
No momento em que a população foi questionada quanto à alimentação animal, foram
repassadas informações quanto ao correto aproveitamento de sobras alimentares para este fim,
de significativa importância no processo de redução na geração de resíduos orgânicos para
disposição final.
Domicílios providos de infra-estrutura doméstica (geladeira e freezer) para
conservação de alimentos (Ilustração 8).
Domicílios com geladeira
90,0%
10,0%
possuem geladeira
não possuem geladeira
Domicílios com frezzer
12,3%
87,7%
possuem freezer
o possuem freezer
Ilustração 8 - Infra estrutura doméstica para conservação de alimentos
Fonte: Damasceno, D.Q. (2004).
Atividades de lazer desenvolvidas pela comunidade: No Gráfico 4, podem-se visualizar as
principais atividades de lazer praticadas pela população de Tapuirama.
Capitulo 4 Resultados e Discussão
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7,5%
63,6%
8,2%
9,5%
3,4%
4,1%
3,7%
nenhum
tv
pesca
esporte
música
leitura
outros*
* outros: igreja, artesanato, baralho, dominó, vídeo game, passeios.
Gráfico 4 - Atividades de lazer mais freqüentes da população de Tapuirama
Fonte: Damasceno, D.Q. (2004).
Após constatar-se que 63,6% da população têm apenas a televisão como única opção
de lazer disponível, evidenciou-se a importância da construção de um espaço alternativo para
a promoção de atividades recreativas.
Os resultados obtidos na parte II mostraram as deficiências relativas ao nível de
informações quanto à questão dos RSU:
Comunidade consciente dos problemas causados pela má disposição dos RSU: Os
cidadãos mostraram-se bastante cônscios dos problemas relacionados à má disposição de
RSU (ver Gráfico 5).
Capitulo 4 Resultados e Discussão
60
52,3%
11,5%
3,6%
5,0%
5,4%
12,9%
3,9%
5,4%
doenças
nenhum
dengue
cheiro
visual
insetos
roedores
outros*
*Outros: enchentes e poluição
Gráfico 5 - Problemas apontados pela população como os mais freqüentes devido a má
disposição de Resíduos Sólidos Urbanos
Fonte: Damasceno, D.Q. (2004).
Quanto a problemas localizados, ou seja, problemas relacionados à má disposição de
RSU no distrito de Tapuirama, 95,8% da população responderam que não existe nenhum
tipo de problema e apenas 4,2% da população apontou problemas como: dengue, poluição
visual e sujeira.
Comunidade habituada à segregação dos RSU: 30,0% da população investigada
possuíam, na época do questionário, o hábito de segregar materiais presentes nos RSU por
eles gerados. Esta questão está ilustrada na Ilustração 9, que também mostra o tipo de
material que esta parcela da população está acostumada a separar.
Capitulo 4 Resultados e Discussão
61
População que realiza a separação
de materiais
29,6%
70,4%
sim
não
Qual material que separa?
7,3%
46,3%
39,0%
7,3%
todos os recicláveis
metal
plastico
papel
Ilustração 9 - Participação da população quanto à separação de RSU
Fonte: Damasceno, D.Q. (2004).
Comunidade consciente quanto ao significado da coleta seletiva (Ilustração 10)
População que sabe o significado
do termo "coleta seletiva"
53,5%
46,5%
sim
não
População
que sabe o significado
do termo "material reciclável"
63,1%
36,9%
sim
não
Ilustração 10 - População informada quanto a queso da coleta seletiva e materiais recicláveis
Fonte: Damasceno, D.Q. (2004).
Dos 63% da população que respondeu saber o significado do termo material
reciclável, 6% citaram exemplos errados de material reciclável e 19,4% de materiais não
recicláveis.
Comunidade que deixou de comprar algum produto para evitar o desperdício ou
poluição causada por ele: 23,9
Comunidade habituada a jogar “lixo” na rua: 4,2%
Comunidade habituada a utilizar restos orgânicos como adubo (compostagem): 3,1%
Capitulo 4 Resultados e Discussão
62
Comunidade habituada a reutilizar embalagens: 51,5% (vidro e plástico).
Condições de saneamento do distrito:
O resultado do questionário mostrou que apesar de 98,1% da população dispor seus
resíduos para a coleta regular da prefeitura, apenas 5,2% disseram que o material era
depositado no aterro sanitário, 48,9% afirmaram que o material seria destinado ao“lixãoe os
restantes 45,9% não souberam responder. Outro fator observado foi que 1,9% da população
queima seus resíduos no quintal das residências.
A realização do questionário possibilitou que população fosse informada quanto à real
destinação de resíduos sólidos no Município de Uberlândia valorizando, desta forma, o
serviço prestado pela prefeitura e despertando a curiosidade da população em relação ao tema.
De acordo com os dados fornecidos informalmente pelo DMAE, a totalidade da
população urbana do distrito é abastecida com água potável extraída de poço artesiano.
Apesar de todo distrito possuir esgotamento sanitário ligado à Estação de Tratamento de
Esgoto - RAFA, 1,0% da população afirmou dispor de seus resíduos líquidos em fossas
sépticas.
Na parte III do questionário, foram observadas as condições de saúde da população, de
forma a analisar quais doenças ligadas a problemas de saneamento foram mais freqüentes nos
últimos dois anos. A população também foi indagada quanto às questões de saneamento
básico e, juntamente com as informações obtidas na PMU, foi traçado um “quadro” das atuais
condições de saúde ambiental no distrito.
Condições de saúde da população:
Capitulo 4 Resultados e Discussão
63
Apenas 23,5% da população afirmaram não ter tido qualquer moléstia na família nos
últimos dois anos. No entanto 76,5% afirmou o contrário, sendo que os problemas mais
freqüentes estão descritos na Tabela 2 a seguir.
Tabela 2 - Incidência de doenças na população de Tapuirama
Doenças
Incidência (%)
Pressão Alta
42,3
Pressão baixa
19,6
Problemas Cardíacos
15,0
Anemia
12,3
Respiratórias (pneumonia / bronquite)
9,6
Dengue
8,5
Diarréia
8,1
Verminoses
6,2
Desnutrição
3,9
Alergias
2,3
gripe
2,7
Depressão
1,2
Diabetes
1,2
Problemas de Coluna
0,8
Epilepsia
0,8
Chagas
0,4
Pedra na vesícula
0,4
Sinusite
0,4
Fonte: Damasceno, D.Q. (2004).
Observa-se, no entanto, que o maior numero de doenças incidentes não são oriundas
de problemas relacionados a problemas de saneamento, o que, considerando as condições
privilegiadas do distrito, é perfeitamente compreensível (100% de esgotamento,
abastecimento de água e coleta de reduos sólidos). Apenas os casos de dengue (8,5%),
diarréia (8,1%) e verminose (6,1%) estão diretamente ligados à temática.
Capitulo 4 Resultados e Discussão
64
No entanto, de acordo com a OMS (Apud Escoda, 2004), índices de incidência de
dengue superiores a 5,0% preconizam a probabilidade de epidemia e devem ser tratados como
situação emergencial.
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4
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2
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O
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O resultado das análises de caracterização e quantificação dos RSU realizadas no
período compreendido entre julho de 2003 e junho de 2004 está expresso na Tabela 3,
elaborada através de dados obtidos por técnica de Quarteamento da totalidade do material
coletado em dias específicos no distrito de Tapuirama.
Tabela 3 - Caracterização dos Resíduos Sólidos Urbanos gerados no distrito de Tapuirama
Meses
Total coletado (kg)
Rejeito (%)
Orgânico (%)
Reciclável (%)
Julho / 03
27.520
26,21
52,39
21,40
Agosto / 03
26.450
27,20
52,23
20,57
Setembro / 03
26.200
28,54
51,21
20,25
Outubro / 03
26.480
29,60
50,25
20,15
Novembro / 03
26.170
27,58
50,77
21,65
Dezembro / 03
28.120
26,50
51,04
22,46
Janeiro / 04
27.960
27,60
51,20
21,20
Fevereiro / 04
27.450
27,90
50,86
21,24
Mao / 04
27.140
29,10
50,40
20,50
Abril / 04
23.140
34,39
48,55
17,06
Maio / 04
24.050
33,12
48,52
18,36
Junho / 04
22.580
35,18
46,62
18,20
Fonte: Damasceno, D.Q. (2004).
Pode-se observar a mudaa de hábito da população desde o como das atividades
educacionais no distrito, que inicialmente (julho / 2003) gerava 0,494 kg.hab/dia e no ultimo
s pesquisado (junho / 2004) gerou 0,427 kg.hab/dia, um decréscimo de 18,13% do
quantitativo bruto do material gerado.
Capitulo 4 Resultados e Discussão
65
Através do Gráfico 6 pode-se observar a gradativa mudaa dos percentuais de
matérias presentes nos RSU do distrito. Verifica-se o decréscimo das parcelas de materiais
orgânicos e recicláveis, enquanto que a parcela correspondente quantitativamente aos rejeitos
manteve-se praticamente constante.
0
2500
5000
7500
10000
12500
15000
17500
20000
22500
25000
27500
30000
jul/03
ago/03
set/03
out/03
nov/03
dez/03
jan/04
fev/04
mar/04
abr/04
mai/04
jun/04
Peso (kg)
Total coletado (kg)
Rejeito (kg)
Orgânico (kg)
Reciclável (kg)
Gráfico 6 - Caracterização dos Resíduos Sólidos Urbanos do distrito de Tapuirama
Fonte: Damasceno, D.Q. (2004).
Ao analisar a média de gerão para o período compreendido entre julho / 2003 e
junho / 2004, chega-se ao valor percapita de reduos de 371,23 gramas/hab.dia e aos
percentuais de 33,78%, 47,74% e 18,48 para as parcelas rejeito, orgânica e reciclável
respectivamente.
Nos meses compreendidos entre dezembro / 2003 e mao / 2004 observa-se
crescimento das parcelas orgânicas e recicláveis. Isto ocorre devido ao maior consumo de
produtos industrializados, característico das festividades desta época do ano, somado ao
Capitulo 4 Resultados e Discussão
66
período de maiores atividades de capina, devido aos altos índices pluviométricos que
proporcionam o crescimento acelerado das espécies gramíneas.
Os percentuais de resíduos encontrados no distrito sede de Uberndia - obtidos em
pesquisa realizada por Fehr (2001), mostraram-se bastante diferenciados dos obtidos em
Tapuirama em relação à composão e à geração percapita, conforme se verifica no Gráfico 7.
33,78
47,74
18,48
4,00
72,00
24,00
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Rejeito (%)
Orgânico (%)
Reciclável (%)
Percentual de Material
Distrito de Tapuirama
Distrito sede de Uberlândia
Gráfico 7 - Comparativo entre resíduos gerados no distrito sede de Uberndia e no distrito de
Tapuirama
Fonte: Adaptado de Fehr (2001).
Nesta situação comparativa, observa-se que, no distrito de Tapuirama, ocorre uma
geração percentual superior de rejeitos e inferior quanto às parcelas de recicláveis e orgânicos.
Pode-se afirmar que esta constatação deve-se às características de consumo da população, que
em sua maioria consome produtos originados das próprias culturas (economia voltada para a
agricultura familiar), ou seja, não industrializados e que geram pouco ou nenhum material
Capitulo 4 Resultados e Discussão
67
reciclável. A parcela de orgânicos tamm é menor devido à sua utilização na alimentação
animal e numa característica, observada localmente, de menor desperdício. Esse quadro
resulta num percentual maior de materiais rejeiveis em relação à parcela orgânica e aos
recicláveis.
Diante deste resultado, pode-se afirmar que os modelos de gestão de RSU aplicados
em cada localidade devem levar em consideração determinadas particularidades. O potencial
de valoração dos resíduos varia até mesmo dentro do mesmo município, pois o poder de
compra, os valores, a percepção do meio ambiente e até mesmo a forma de aproveitamento
dos resíduos pode ser bastante diferenciada.
A possibilidade prática de reaproveitamento integral dos recicláveis úmidos no caso de
Tapuirama, que perfazem 47,74% da produção total, é grande, pois, além de existirem áreas
disponíveis para a prática da compostagem (considerando uma população totalmente
horizontal em que todas as residências dispõem de quintal, além de haver áreas púbicas e
privadas que poderiam ser utilizadas para este fim), existe um excelente mercado para o
produto final, visto que a economia do distrito se baseia na agricultura familiar e extensiva.
No entanto, a realização da prática de compostagem com a totalidade dos recicláveis
úmidos do distrito sede de Uberlândia se inviabiliza, pois, com uma geração mensal de 7.200
toneladas (Ministério das Cidades, 2004) e um tempo de maturação de aproximadamente 120
dias (considerando as técnicas mais utilizadas atualmente no Brasil), os custos mensais para o
processamento destes materiais seriam de aproximadamente R$2.592.000,00 -
R$90,00/tonelada, de acordo com a empresa Limpebrás Engenharia Ambiental (2004), valor
superior ao total arrecadado anualmente pela prefeitura para realização de todos os serviços de
limpeza urbana, que é de cerca de R$2.200.000,00 (PMU, 2004).
Capitulo 4 Resultados e Discussão
68
4
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3
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A proposta de gestão de resíduos sólidos - desenvolvida a partir das informações
obtidas com os questionários aplicados à população e com a caracterização / quantificação dos
resíduos gerados no distrito, foi apresentada à comunidade em evento realizado no dia 27 de
março de 2004, a I Festa do Meio Ambiente de Tapuirama “Tapuirama Recicla”.
Na ocasião, foram desenvolvidas atividades como: Distribuição de Mudas de espécies
nativas (Fotografia 8); gincana ecológica com os alunos da Escola Municipal Sebastião
Rangel; oficinas de reciclagem de papel, cestaria e “cores do chão”; palestra sobre
microvetores presentes no “lixo” urbano compostagem e reaproveitamento de sobras
alimentares além da divulgação dos dados obtidos através dos questionários sócio-
econômicos.
Fotografia 8 - Distribuição de mudas de espécies nativas
Fonte: Damasceno, D.Q. (2004).
Capitulo 4 Resultados e Discussão
69
DETALHAMENTO DAS ATIVIDADES REALIZADAS ANTES E DURANTE A
I FESTA DO MEIO AMBIENTE DE TAPUIRAMA TAPUIRAMA RECICLA”
GINCANA ECOLÓGICA
Justificativa
A partir do evento “Tapuirama Recicla”, iniciou -se processo de coleta diferenciada de
RSU que se pretende difundir pelo restante do município. O projeto, que contou com parceria
da Faculdade de Engenharia Civil da UFU e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e
Serviços Urbanos da PMU tem como proposta a mobilização dos moradores daquele distrito a
fazerem a segregão dos reduos domiciliar, comercial e ambulatorial, buscando
transformar Tapuirama em um exemplo para as demais pequenas localidades da região.
Objetivo
Desenvolver atividades recreativas por meio de uma gincana com os alunos das 5ª, 6ª,
7ª e 8ª séries da Escola Municipal Sebastião Rangel com o tema coleta seletiva, buscando
conciliar diversão e educação ambiental.
Proposta para as atividades
Foram formadas quatro equipes, representando as cores principais da coleta seletiva
(vermelho, azul, verde e amarelo). A seleção dos componentes das equipes aconteceu através
de sorteio de quatro casais de alunos em cada uma das séries envolvidas para compor quatro
equipes de dezesseis integrantes.
Atividades P-evento
Capitulo 4 Resultados e Discussão
70
Campanha porta a porta sobre reciclagem e segregação: o distrito foi dividido em
quatro setores e cada equipe ficou responsável por fazer uma campanha de recolhimento de
recicláveis em um destes setores durante a semana que antecedeu ao evento (Fotografia 9).
Para esta campanha, foram distribuídos folderes sobre o assunto e os membros da equipe
também ficaram incumbidos de difundir a idéia de coleta seletiva e da reciclagem. A equipe
que conseguisse envolver o maior número de residências seria a ganhadora desta etapa. Os
materiais recicláveis foram recolhidos no dia do evento e, ao término do mesmo, foram
doados ao Sr. Geraldo Sacramento, único catador de recicláveis da localidade.
Fotografia 9 - Material arrecadado pela equipe amarela
Fonte: Damasceno, D.Q. (2004).
Lixarte”: Durante a semana que antecedeu ao evento, cada equipe construiu, a partir
de materiais recicláveis, uma obra de arte (Fotografia 10).
Capitulo 4 Resultados e Discussão
71
Fotografia 10 “Lixarte”
Fonte: Damasceno, D.Q. (2004).
Concurso de Paródia: A paródia surge de uma nova interpretação de uma obra já
existente e, em geral, seu objetivo é adaptar a obra original a um novo conceito, transmitindo
diferentes mensagens, que freqüentemente se baseiam no humor. Para a Gincana Ecológica
cada equipe escolheu uma música e criou uma paródia com o tema da coleta seletiva ou dos
resíduos sólidos (Fotografia 11).
De mãos bem soltas, os pés descalços
Olhava o lixo que apoluía o ar
Sempre pensava, em resolver
A solução só na escola eu fui encontrar
Reciclar é a palavra e eu faço questão de sempre lembrar
Aceite a tarefa e chamei a turma para trabalhar
Agora eu to em outra
Vidros aqui, plásticos ali
Classificando o lixo e limpando aqui
Papeis aqui, latas ali
Capitulo 4 Resultados e Discussão
72
Vamos tirar esses bichos daqui
Tapuirama, distrito limpo
Causando inveja pra qualquer outro lugar
Ninguém nos vence, estamos unidos
Separe lixo pra depois reciclar
Reciclar é a palavra e eu faço questão de sempre lembrar
Aceitei a tarefa e chamei a turma pra trabalhar
Vidros aqui, plásticos ali
Classificando o lixo e limpando aqui
Papeis aqui, latas ali
Vamos tirar esses bichos daqui
Estamos aqui, estamos ali
Pedindo sua ajuda pra conseguir”
(paródia vencedora - equipe verde música “Tô nem Ai”, artista letra original: Luka).
Fotografia 11 - Concurso de Paródias (equipe verde)
Fonte: Damasceno, D.Q. (2004).
Capitulo 4 Resultados e Discussão
73
Atividades do dia 27
Boliche seletivo: Um jogo de boliche, montado com quinze garrafas plásticas de dois
litros de refrigerante (Fotografia 12). Cada equipe escolheu dois casais para participar da
prova. Estes, por sua vez, tiveram individualmente uma chance de acertar os pinos. A equipe
que acertasse o maior número de pinos ganharia a prova.
Fotografia 12 - Boliche seletivo
Fonte: Damasceno, D.Q. (2004).
Circuito do “Lixo”: Cada integrante da equipe deveria percorrer uma parte do circuito,
a equipe que realizasse as tarefas propostas em menor tempo marcaria ponto (Fotografia 13).
As tarefas realizadas foram: a)seqüência de pneus; b)separação de materiais recicláveis; c)tiro
ao tetrapack (acertar caixinhas de leite com uma bola); d)corrida de sacos com obstáculos de
garrafas plásticas e d) jogo da memória com Fotografia relativas aos principais materiais
recicláveis presentes nos RSU.
Capitulo 4 Resultados e Discussão
74
Fotografia 13 “Circuito do lixo”
Fonte: Damasceno, D.Q. (2004).
Perguntas Conscientes: Cada equipe disponibilizou dois casais para responder
questões relacionadas ao tema proposto. As perguntas propostas foram: a) Cite o significado
dos “3 Rs” da coleta seletiva?; b) Cite duas vantagens da prática da coleta seletiva para a
sociedade e a natureza; c) Qual a diferença entre “Lixo Secoe “Lixo Úmido”?; d) Qual o
material que demora mais tempo para se decompor: o vidro ou o plástico? e e) Cite uma das
vantagens de reciclar o alumínio.
A premiação para os vencedores da gincana, também foi escolhida levando em
consideração a questão ambiental. Foram entregues medalhas para os três primeiros lugares
(Fotografia 14). O primeiro lugar recebeu um troféu confeccionado com peças descartadas de
motocicletas e todos os participantes receberam o Kit do projeto “Água Cidadã”,
desenvolvido pelo Departamento Municipal de Água e Esgoto DMAE, que continha uma
Capitulo 4 Resultados e Discussão
75
série de itens escolares (estojos, cartilhas, blocos de papel etc) que didaticamente discutem
práticas voltadas à redução do desperdício de água.
Fotografia 14 - Premiação: Medalhas e Kit Educativo “Água Cidadãdo Departamento
Municipal de Água e Esgoto
Fonte: Maragno, A. L. F. C. (2004).
Foi disponibilizado também, para todos os alunos e professores que participaram da
atividade, transporte para se deslocarem para o “Parque Victorio Siquieroli”
2
, que é o parque
da cidade que dise de melhor infra-estrutura. Neste evento, com o auxílio de monitores da
Secretaria Municipal de Meio Ambiente, foram feitas trilhas no parque e visitas ao museu de
2
O Parque Municipal Victorio Siquierolli compreende uma área de preservação permanente composta de
vegetação de cerrado no município de Uberlândia e contém o córrego Liso e Carvão. O cerrado, com suas
árvores de folhas coreáceas, troncos retorcidos e cascudos, flores muitos coloridas e frutos, dão à paisagem um
matiz de tons amarelo avermelhado. Essa diversidade de espécie e cores compõe uma formação vegetal pouco
conhecida e bastante complexa.
O parque que possui uma área de 232.300 m², é totalmente cercado com alambrado. Foi construída uma sede
para instalação de parte da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, espo para
o Museu da Biodiversidade da UFU, Sala Verde, Parque Infantil que está aberto à visitações desde o dia
31/08/2002 (quando foi inaugurado), pista para caminhada e também uma trilha ecológica visando o
conhecimento do parque e educação ambiental.
Capitulo 4 Resultados e Discussão
76
espécies da fauna do cerrado, além de apresentação de vídeos educativos voltados para a
questão ambiental.
OFICINAS PEDAGÓGICAS
Oficina de Papel Reciclado e “Cestaria: A oficina de reciclagem de papel, que foi
desenvolvida no dia do evento, foi aberta a toda comunidade e teve como objetivo ensinar os
participantes a arte de fazer papel artesanal e objetos de arte (cestas) a partir de papel usado
(Fotografia 15 e Fotografia 16). Foram desenvolvidas, durante a oficina, abordagens relativas
a redução, reutilização e reciclagem.
Fotografia 15 - Oficina de reciclagem de papel
Fonte: Damasceno, D.Q. (2004).
Capitulo 4 Resultados e Discussão
77
Fotografia 16 - Oficina de Cestaria com jornal
Fonte: Damasceno, D.Q. (2004).
Oficina Cores do Chão: Esta oficina, que também foi aberta a toda comunidade, teve
como objetivo ensinar aos participantes como fazer tinta a partir de amostras de terra
(Fotografia 17).
Capitulo 4 Resultados e Discussão
78
Fotografia 17 - Oficina Cores do Chão
Fonte: Damasceno, D.Q. (2004).
PALESTRAS
Micro e Macrovetores Presentes nos RSU: A palestra, que contou com o auxílio dos
agentes de controle de zoonoses da Secretaria de Saúde da PMU, informou a população dos
perigosos da má disposição de reduos que pode facilitar a proliferação de micro e
macrovetores responsáveis por doenças (Fotografia 18). Foram utilizados folderes e expostos
exemplares de diversas espécies, tais como roedores e insetos.
Capitulo 4 Resultados e Discussão
79
Fotografia 18 Palestra sobre Micro e Macrovetores Presentes nos Resíduos Sólidos Urbanos
Fonte: Damasceno, D.Q. (2004).
Reaproveitamento de Sobras Alimentares: Através da barraca “Sabor do Saber”, que é
uma unidade móvel de educação ambiental da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de
Uberlândia, foram transmitidas informações sobre: direitos do consumidor, coleta seletiva,
hortas caseiras, segurança alimentar, alimentos orgânicos, am da distribuição de livros de
receitas alternativas de doces, salgados e remédios caseiros (anexo E). A palestra contou com
o auxílio de equipamentos audiovisuais como TV e vídeo para a exibição de fitas com temas
relacionados ao meio ambiente.
Compostagem: Através de vídeos, imagens impressas e palestras, foram transmitidas
informações básicas para produção de composto a partir da parcela ornica dos RSU,
utilizando técnicas simples para emprego em escala doméstica (Fotografia 19).
Capitulo 4 Resultados e Discussão
80
Fotografia 19 - Palestra sobre compostagem
Fonte: Damasceno, D.Q. (2004).
Com o intuito de interligar o projeto “Tapuirama Recicla” às atividades correlatas que
começaram a ser desenvolvidas no distrito sede do município, foram utilizados os mesmos
mascotes da campanha Coleta Solidária (Fotografia 20), o “Seco” representado por uma caixa
“Tetrapack” referenciando os resíduos inertes, e o “Molhado”, representado por uma casca de
banana, fazendo referência a parcela orgânica presente nos RSU.
O projeto de coleta seletiva que vem sendo implantado no distrito sede de Uberlândia
(inicialmente somente em seis bairros) não contempla as comunidades rurais, pois não
compreende a utilização da parcela orgânica para a compostagem. Portanto, o projeto de
Tapuirama, servirá como base dos projetos futuros a serem implantados nos distritos de
Cruzeiro dos Peixotos, Martinézia e Miraporanga.
Capitulo 4 Resultados e Discussão
81
Fotografia 20 - Os mascotes da campanha: o "Seco" e o "Molhado"
Fonte: Damasceno, D.Q. (2004).
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Com o intuído de dar continuidade ao processo de educação ambiental de forma
continuada atingindo toda população do distrito e criar um espaço alternativo de recreação na
localidade foi construído o Núcleo de Educação Ambiental de Tapuirama NEA. Todo
processo de execução da obra foi documentado fotograficamente.
O projeto (Ilustração 11) é composto basicamente de um escritório para
desenvolvimento das atividades administrativas, um banheiro, uma copa e duas áreas abertas,
uma na parte frontal e outra no fundo, destinadas respectivamente às oficinas de Educação
Ambiental e ao processo de triagem de materiais recicláveis. Na Fotografia 21 pode ser
visualizado o icio da execução do projeto.
Capitulo 4 Resultados e Discussão
82
Os tijolos foram obtidos de sobras da construção de casas populares. As telhas
(Fotografia 22) e esquadrias foram retiradas de edificações que foram demolidas e o cimento,
a área e a brita foram doados para o projeto pela Secretaria de Obras da PMU. Porém, parte da
brita utilizada foi oriunda de reciclagem de resíduos de construção civil, doada pela empresa
Araguaia Engenharia. As louças sanitárias, a tubulação e as peças hidráulicas foram doadas
pela Secretaria de Habitação. Algumas peças, que estavam defeituosas, foram recuperadas na
oficina da Secretaria de Serviços Urbanos.
A maior dificuldade enfrentada para a execução da obra se deu em conseqüência da
ausência de recursos financeiros. Por se tratar de um distrito distante da sede de Uberlândia,
se tornou inviável a utilização de mão de obra da Prefeitura. Então, foram contratados
pedreiros e serventes da própria comunidade, o que contribuiu para o envolvimento da
população local com o projeto. No entanto a PMU não diss de recursos para a contratação
do quadro de funcionários para execução da obra. Uma parceria com a empresa Limpebrás
Engenharia Ambiental, que custeou a mão de obra e os materiais para o acabamento do
Núcleo de Educação Ambiental (material para pintura, vidros, dentre outros), possibilitou a
conclusão dos trabalhos.
Dois pedreiros e dois serventes que participaram da construção do NEA foram
selecionados para o trabalho justamente por que se mostraram interessados em contribuir para
continuidade do projeto. Estes últimos, ex-alunos da Escola Municipal, haviam participado
das atividades de educação Ambiental desenvolvidas no ano anterior.
Capitulo 4 Resultados e Discussão
83
Ilustração 11 - Planta baixa do Núcleo de Educação Ambiental de Tapuirama
Capitulo 4 Resultados e Discussão
84
Fotografia 21 Inicio da obra de construção do Núcleo de Educação Ambiental
Fonte: Damasceno, D.Q. (2004).
Fotografia 22 - Aproveitamento de telhas oriundas de demolição
Fonte: Damasceno, D.Q. (2004).
Capitulo 4 Resultados e Discussão
85
Aproveitando o momento do acabamento da obra, a professora de artes plásticas,
Isabel de Fátima Pignatti, ministrou o curso de “Utilização de cacos cerâmicos para confecção
de peças em mosaico”. Cinco pessoas da comunidade participaram desta atividade e se
propuseram, posteriormente, a atuar como multiplicadores do aprendizado, o que deve
garantir a continuidade desse trabalho (Fotografia 23 e Fotografia 24).
O NEA tamm será utilizado para realização de palestras, mostras de vídeos e cursos
voltados para redução, reutilização e reciclagem de materiais. O objetivo destas atividades é,
além de capacitar agentes multiplicadores de ações ambientalmente corretas, desenvolver na
comunidade o conceito de aproveitamento de materiais como fonte de geração de renda,
explorando o potencial criativo dos indivíduos.
Fotografia 23 - Tucano em mosaico na lateral do Núcleo
Fonte: Damasceno, D.Q. (2004).
Capitulo 4 Resultados e Discussão
86
Fotografia 24 - Oficina de Mosaico
Fonte: Damasceno, D.Q. (2004).
Outra atividade voltada para a questão ambiental foi o plantio de mudas de espécies
nativas na área do Núcleo criando o “bosque do cerrado”, estas espécies serão identificadas
através de placas (atividade que será desenvolvida pelos alunos da escola municipal Sebastião
Rangel) e, além de criarem um ambiente agradável, auxiliarão no reconhecimento da flora da
região e no resgate da imporncia do cerrado
3
no cenário nacional.
3
O Cerrado é o segundo maior Bioma brasileiro em biodiversidade, com 204 milhões de hectares, superados
apenas pela Amazônia. Esse ecossistema ocupa cerca de 24% da área total do País, estando presente em 13
estados brasileiros e no Distrito Federal.
Possui aproximadamente 6.500 espécies de plantas das quais mais de 200 já têm identificado algum uso
econômico (forrageiro, madeireiro, medicinal e ornamental). Sua fauna abriga mais de trezentas espécies de
vertebrados, com destaque para o Lobo Guará, símbolo de Uberlândia.
A ocupação do cerrado iniciou -se no século XVIII, com o assentamento de povoados para exploração de ouro e
pedras preciosas. Com a exaustão das minas, a região passou a ser explorada para criação extensiva de gado.
Uma ocupação mais intensiva iniciou-se na década de 1930, através da ligação ferroviária entre São Paulo e
Anápolis, passando pelo triângulo mineiro, mas o fator que influenciou de forma marcante para que o cerrado
fosse visto como uma fronteira agrícola foi a construção de Brasília, no final da década de 1950, e da nova malha
rodoviária interligando a nova capital aos demais estados.
Capitulo 4 Resultados e Discussão
87
Lixeiras específicas serão também instaladas no NEA, para armazenamento
temporário de pilhas, baterias e embalagens de agrotóxicos. À medida que já estiverem
armazenadas quantidades que viabilizem o transporte, esse material será encaminhado para os
geradores, responsáveis pela destinação final conforme a resolução do CONAMA nº 257, de
30 de junho de 1999 (CONAMA, 1999), que disciplina o descarte e o gerenciamento
ambientalmente adequado de pilhas e baterias usadas e o Decreto Federal n° 3.550, de 27 de
julho de 2000 (BRASIL, 2000), que dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a
embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda
comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos e embalagens,
o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus
componentes e afins.
Uma pequena biblioteca pública também será instalada no núcleo, com livros doados
pela Cooperativa de Catadores de Uberlândia - CORU. A falta de disponibilidade de livros foi
apontada como uma das carências da comunidade, pois a biblioteca da escola municipal, além
de não emprestar livros a pessoas que não são vinculadas a instituição, só funciona no período
da man, dificultando o acesso da maior parte da população interessada.
Com o objetivo de disseminar a prática da compostagem em escala doméstica, foram
oferecidas, também no espaço do NEA, oficinas a voluntários da comunidade que se
propuseram a multiplicar o conhecimento. Foram ensinadas duas técnicas de compostagem,
em valas abertas no solo e através da utilização do “Caixão Neozelandês”. Na Ilustração 12
encontra-se a descrição do material necessário para a confecção de uma composteira tipo
“Caixão Neozelandês”.
Capitulo 4 Resultados e Discussão
88
Ilustração 12 - Caixão Neozelandês para a confecção das composteiras domésticas
O ensino da prática da compostagem em escala doméstica se mostrou de extrema
importância para o sucesso da proposta de coleta seletiva no distrito, uma vez que, passados
três meses da instalação das lixeiras seletivas, observou-se falta de interesse da população em
separar os reduos rejeitáveis dos orgânicos para a coleta da prefeitura, pois não era
observado, no cotidiano, o beneficiamento do material orgânico, que depois de levado para o
aterro seu processamento demoraria 160 dias.
Chegou-se a conclusão que se este material fosse processado pela própria população,
em suas residências essencialmente horizontais, o objetivo de reaproveitamento seria
alcançado com maior rapidez, principalmente por se tratar de uma comunidade com economia
voltada a agricultura familiar, podendo então o produto da compostagem ser utilizado para
beneficio direto dos que se engajassem no projeto.
Capitulo 4 Resultados e Discussão
89
Complementarmente às atividades do NEA, foi desenvolvido um programa de
educação ambiental na Escola Sebastião Rangel, durante o período compreendido entre
junho/2003 e novembro/2004. Toda a comunidade escolar pôde participar das atividades
realizadas e propor soluções para os problemas ambientais do distrito.
A avaliação desses programas, por se tratar de um processo educacional com o
objetivo de mudança de práticas e valores, é complexa e não apresenta métodos específicos
estabelecidos em literatura. No entanto, pode se dar de maneira indireta atras dos resultados
alcançados. Desde o inicio das atividades, o tema vem sempre sendo “trabalhado” em todas as
disciplinas da grade curricular, e de forma extracurricular, como pode ser observado, por
exemplo, na escolha do tema “Coleta Seletiva” para da Feira de Cncias do Município,
atividade que envolve todos os alunos da rede municipal de ensino de Uberlândia. A escola
Sebastião Rangel também se cadastrou na Campanha “A Cata de Novos Campeões
4
,
relacionada à questão da coleta seletiva.
4
4
.
.
5
5
.
.
P
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A
A
P
P
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I
I
R
R
A
A
M
M
A
A
Após estudo realizado junto ao Posto de Saúde de Tapuirama, utilizando-se de
mecanismos legais, e normas técnicas específicas, foi elaborado o PGRSS do Posto de Saúde
de Tapuirama. Este documento é composto de oito “fichasque, de forma simplificada,
caracterizam o estabelecimento e os resíduos ali gerados, além de traduzir a forma como estes
devem ser manuseados, acondicionados, armazenados, transportados e destinados de forma
4
O ingresso da escola na Campanha “ A Cata de Novos Campeões” aconteceu de forma espontânea e motivada
pelo interesse dos alunos, professores e direção na temática ambiental. A Campanha, que é uma iniciativa de
empresas privadas de Uberlândia, propõe um sistema de troca de materiais recicláveis por bônus que podem ser
revertidos em benefícios para a comunidade escolar, tais como: aulas de xadrez e de capoeira, material de pintura
para as quadras poli-esportivas, passeios em parques, material de educação ambiental etc.
Capitulo 4 Resultados e Discussão
90
ambientalmente correta e garantindo, tamm a segurança da saúde do pessoal encarregado
destes serviços.
No Quadro 8 e Quadro 9 estão disponíveis informações básicas referentes ao Posto de
Saúde de Tapuirama no que diz respeito à localização, horário e capacidade de atendimento,
quadro de funcionários, especialidades oferecidas, dentre outros.
IDENTIFICAÇÃO DO ESTABELECIMENTO
RAZÃO SOCIAL:
Posto de Saúde de Tapuirama
ENDEREÇO:
Avenida José Pedro Abalem, 1.222 Distrito de Tapuirama / Uberlândia
- MG.
FONE:
34- 3244. 1155
HORÁRIOS DE FUNCIONAMENTO:
6:00 12:00 / 13:00 18:00
QUANTO A PROPRIEDADE: ( x ) PÚBLICO ( ) PRIVADO
TIPO DE ESTABELECIMENTO:
Posto de saúde
CAPACIDADE DE ATENDIMENTO:
1.000 pacientes/mês
RESPONSÁVEL TÉCNICO PELO ESTABELECIMENTO:
Tereza Moreira de Souza
Auxiliar de enfermagem
RESPONSÁVEL PELO PGRSS:
Eng. Daniela Queiroz Damasceno
NÚMERO DE PAVIMENTOS: 1
QUANTIDADE DE PRÉDIOS: 1
Quadro 8 - PGRSS do Posto de Saúde de Tapuirama / Identificação do estabelecimento
Fonte: Damasceno, D.Q. (2004).
Capitulo 4 Resultados e Discussão
91
MEMORIAL CNICO DO ESTABELECIMENTO
Atendimento para curativos e primeiros socorros em casos simples.
Marcação e encaminhamentos de consultas em hospitais e unidades de atendimento
integrado UAIs, do distrito sede de Uberndia.
Diagnósticos simples clínica geral.
Aplicação de injeções e vacinas (posto de vacinação em campanhas de saúde
preventiva).
Odontologia preventiva e cirurgias simples (obturações e extrações).
QUADRO CNICO DE FUNCIONÁRIOS
NOME DO FUNCIONÁRIO
FUNÇÃO
Flávio Mendonça Campos
Médico Clínico Geral
Cassimar Dias Ferreira
Enfermeira
Eduardo Savastano Gontijo
Cirurgião Dentista
Tereza Moreira de Souza
Auxiliar de Enfermagem
Claudinéia Martins de Oliveira
Agente Comunitário
Eliane Fernandes de Oliveira
Agente Comunitário
Silvio Pereira Duarte
Agente Comunitário
Natalina Gonzaga
Auxiliar de Serviços Gerais
Quadro 9 - PGRSS do Posto de Saúde de Tapuirama / Identificação dos Serviços Prestados
Fonte: Damasceno, D.Q. (2004).
No Quadro 10, Quadro 11 e Quadro 12 estão caracterizados e classificados os resíduos
gerados no Posto de Saúde de Tapuirama, bem como os locais de armazenamento interno e
externo com o intuito de facilitar o correto manejo destes resíduos: a segregação,
acondicionamento, transporte e disposição final dos mesmos.
No Quadro 13 e Quadro 14 estão descritas as etapas de manejo dos RSS do Posto de
Saúde de Tapuirama, de forma a evitar possíveis riscos a saúde do pessoal envolvido e do
meio ambiente inserido no contexto.
Capitulo 4 Resultados e Discussão
93
MONITORAMENTO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS
LOCAL
RESÍDUOS SÓLIDOS
EFLUENTES LÍQUIDOS
Consultório 01 e 02
Inativa
inativa
Consultório 03
Luvas, espátulas, papel toalha e frascos de remédios.
-
Consultório Odontológico
Luvas, gases, algodão, papel toalha, embalagens de plástico e vidro.
Efluente cirúrgico Rede DMAE
Sala de Vacinação
Seringas, algodão, injeções, luvas, plásticos e papéis descartáveis.
-
Sala de inalação
Embalagens plásticas descartáveis.
-
Sala de Curativos
Algodão, gases, luvas, esparadrapos, papéis contaminados e
embalagens de plástico e vidro (remédios).
-
Copa
Copos plásticos, papel toalha, embalagens de produtos de limpeza,
borras de café e reduos de varrição interna.
Efluente doméstico Rede DMAE.
Banheiros
Papel higiênico e papel toalha.
Efluente doméstico Rede DMAE.
Escritório - Receão
Papel e plástico.
-
Quadro 10 - PGRSS do Posto de Saúde de Tapuirama / Monitoramento de Impactos Ambientais
Fonte: Damasceno, D.Q. (2004).
Capitulo 4 Resultados e Discussão
94
MANEJO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE - SEGREGAÇÃO E ACONDICIONAMENTO
GRUPO
RECIPIENTE UTILIZADO
D
ESTADO
FÍSICO
FÍSICO
LOCAL
A
B
E
R
NR
S
L
DESCRIÇÃO
CAPACIDADE
Consultório 01 e 02
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
Consultório 03
X
X
-
X
X
X
-
A,B = Sacos Brancos Leitosos,
D = Sacos Plásticos Pretos.
100 litros.
Consultório Odontológico
-
X
-
X
X
X
-
B = Sacos Brancos Leitosos,
D = Sacos Plásticos Pretos.
100 litros.
Sala de Vacinação
X
X
X
X
X
X
-
A,B = Sacos Brancos Leitosos,
D = Sacos Plásticos Pretos;
E = caixa de papelão c/ identificação.
100 litros.
Sala de Inalação
-
X
-
X
X
X
X
B = Sacos Brancos Leitosos,
D = Sacos Plásticos Pretos.
100 litros.
Sala de Curativos
-
X
-
X
X
X
-
B = Sacos Brancos Leitosos,
D = Sacos Plásticos Pretos.
100 litros.
Copa
-
-
-
X
X
X
X
Sacos Plásticos Pretos.
100 litros.
Banheiros
-
-
-
-
X
X
X
Sacos Plásticos Pretos.
100 litros.
Escritório - Recepção
-
-
-
X
-
X
X
Sacos Plásticos Pretos.
100 litros.
R Recicláveis
NR o recicláveis
S Sólidos
L quido
Grupo A Potencialmente infectantes
Grupo B Químicos
Grupo D Resíduos Comuns
Grupo E Perfuro-cortantes
Quadro 11 - PGRSS do Posto de Saúde de Tapuirama / Monitoramento de Resíduos de Serviços de Saúde (segregação e acondicionamento)
Capitulo 4 Resultados e Discussão
95
Fonte: Damasceno, D.Q. (2004).
MANEJO DE RESÍDUOS DE SÉRVIÇOS DE SAÚDE - ARMAZENAMENTO TEMPORÁRIO
E/OU EXTERNO
REVESTIMENTO
ABRIGO
GRUPO
PISO
PAREDE
RALO
VENTILAÇÃO
ILUMINAÇÃO
PORTA
DESTINO DO
MATERIAL DESPEJADO
NO RALO
Interno
A, B e E
Cerâmica c/ impermeabilização
Cerâmica c/ impermeabilização
X
X
X
X
ETE - DMAE
Externo
D
Contêiner de Coleta Diferenciada da Prefeitura Municipal de Uberlândia
MANEJO DE RESÍDUOS DE SÉRVIÇOS DE SAÚDE - PROGRAMA DE RECICLAGEM
DESTINAÇÃO
TIPOS DE
RESÍDUOS
LOCAL DE
ARMAZENAGEM
FORMA DE
ARMAZENAGEM
NOME
LOCALIZAÇÃO
UTILIZAÇÃO DOS
RESÍDUOS
Recicláveis
CORU
Tapuirama
Reciclagem
Orgânicos
Contêiner de Coleta
Diferenciada da
Prefeitura Municipal
de Uberlândia
Sacos Plásticos
descartáveis pretos
NEA
Tapuirama
Compostagem
* CORU Cooperativa de Recicladores de Uberndia
* NEA Núcleo de Educação Ambiental de Tapuirama
Quadro 12 - PGRSS do Posto de Saúde de Tapuirama / Manejo de Resíduos de Serviços de Saúde (Armazenamento e Programa de Reciclagem)
Fonte: Damasceno, D.Q. (2004).
Capitulo 4 Resultados e Discussão
96
MANEJO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE - COLETA
GRUPO
VEÍCULO
EPI
FREQUÊNCIA
DIST. DISPOSIÇÃO
EMPRESA
RESPONSÁVE
L
CUSTO
A
utilitário
±
60 km
LIMPEBRÁS
Decreto Municipal 9.152/2003.
B
utilitário
±
60 km
LIMPEBRÁS
Decreto Municipal 9.152/2003.
D*
Carrinho de mão
±
500 m
PMU
-
D**
Caminhão
basculante
±
60 km
LIMPEBRÁS
Decreto Municipal 9.152/2003.
D***
Carrinho de mão
2x por semana
±
500 m
CORU
-
E
utilitário
Luvas, máscara
respiratória,
uniforme, botas
e capa de
chuva
.
1x por semana
±
60 km
LIMPEBRÁS
Decreto Municipal 9.152/2003.
MANEJO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE -
DESTINAÇÃO FINAL
GRUPO
DISPOSIÇÃO FINAL
MÉDIA MENSAL
CUSTO
EMPRESA
A
Vala séptica
±
400 L
Decreto Municipal 9.152/2003.
LIMPEBRÁS
B
Vala séptica
±
300 L
Decreto Municipal 9.152/2003.
LIMPEBRÁS
D*
Compostagem
±
120 L
-
PMU
D**
Aterro Sanitário
±
800 L
Decreto Municipal 9.152/2003.
LIMPEBRÁS
D***
Reciclagem
±
800 L
-
CORU
E
Vala séptica
±
8 L
Decreto Municipal 9.152/2003.
LIMPEBRÁS
D* - Orgânicos
D** - Rejeitos
D*** - Recicveis
Grupo A Potencialmente infectantes
Grupo B Químicos
Grupo D Resíduos Comuns
Grupo E Perfuro-cortantes
Quadro 13 - PGRSS do Posto de Saúde de Tapuirama / Manejo de Resíduos de Serviços de Saúde (Coleta e Destinação Final)
Fonte: Damasceno, D.Q. (2004).
Capitulo 4 Resultados e Discussão
97
PESSOAL DIRETAMENTE RELACIONADO COM O MANEJO DOS RESÍDUOS
Nº DE FUNCIONÁRIOS
DO ESTABELECIMENTO
TERCEIRIZADOS
TOTAL
ATIVIDADE
MANHÃ
TARDE
NOITE
MANHÃ
TARDE
NOITE
SEGREGAÇÃO
um
um
-
-
um
ARMAZENAMENTO
um
um
-
-
um
COLETA
-
-
quatro
-
quatro
TRANSPORTE
-
-
quatro
-
quatro
DISPOSIÇÃO FINAL
-
três
-
três
TOTAL
um
um
onze
-
treze
CONTROLE DE RISCOS AVALIAÇÃO DOS RISCOS
LOCAL
RISCOS
FÍSICOS
RISCOS
BIOLÓGICOS
RISCOS
QUÍMICOS
RISCOS
ERGONÔMICOS
RISCOS DE
ACIDENTES
Consultório 03
X
X
Consultório Odontológico
X
X
Sala de Vacinação
X
X
Sala de Inalação
X
Sala de Curativos
X
Quadro 14 - PGRSS do Posto de Saúde de Tapuirama / Pessoal diretamente relacionado com o manejo dos RSS e controle de riscos
Fonte: Damasceno, D.Q. (2004).
Capitulo 4 Resultados e Discussão
98
No Quadro 15 pode-se visualizar, além dos recursos necessários para a adequação do
estabelecimento ao correto manejo dos reduos (incluindo a capacitação dos funcionários), os
objetivos traçados com a implantação do PGRSS.
LEVANTAMENTO DE RECURSOS NECESSÁRIOS
EQUIPAMENTOS
CAPACITAÇÃO
Lixeiras seletivas para todos os locais
internos de geração de resíduos.
5 (cinco) lixeiras para resíduos A e B;
7 (sete) lixeiras para resíduos D
recicláveis;
7 (sete) lixeiras para reduos D não
recicláveis.
OBS: Além de quatro caixas de papelão por
s para resíduos do grupo E.
Curso de Gestão de Resíduos Sólidos de
Serviços de Saúde ministrado pela Eng.
Sanitarista Daniela Queiroz Damasceno a todo
quadro de funcionários do estabelecimento.
Classificação; legislação; formas de
manejo adequado.
OBJETIVOS
Minimização da quantidade de material gerado, através principalmente da verificação das
datas de validade dos medicamentos e reutilização das folhas e papel no escririo, além da
minimização do desperdício de medicamentos e produtos.
Total aproveitamento da parcela de recicláveis, sendo a destinação a CORU e da parcela
orgânica sendo a destinação o NEA para fins de compostagem.
Quadro 15 - PGRSS do Posto de Saúde de Tapuirama / Levantamento de Recursos
Necessários e Objetivos para o Gerenciamento de resíduo
Fonte: Damasceno, D.Q. (2004).
A PMU determinou, em novembro de 2004, que o PGRSS do Posto de Sde de
Tapuirama, elaborado neste trabalho, fosse tomado como padrão para os planos de
gerenciamento dos estabelecimentos geradores de resíduos de serviços de saúde de pequeno e
médio porte do município.
Capitulo 5 Conclusões e Sugestões
99
C
C
A
A
P
P
Í
Í
T
T
U
U
L
L
O
O
5
5
-
-
C
C
O
O
N
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C
C
L
L
U
U
S
S
Õ
Õ
E
E
S
S
&
&
S
S
U
U
G
G
E
E
S
S
T
T
Õ
Õ
E
E
S
S
Cada localidade apresenta características e potencialidades particulares que devem
ser levadas em consideração no momento de se propor alternativas para a solução de seus
problemas. Portanto, através do levantamento do perfil social, econômico e ambiental, além
da caracterização e quantificação dos resíduos no distrito de Tapuirama, bases deste estudo,
geraram-se informações básicas quanto à qualidade de vida da população local.
Constatou-se também, no decorrer desse levantamento, que a realidade desta
localidade exigiria uma abordagem que buscasse promover enfaticamente a redução da
geração e o reaproveitamento da parcela orgânica presente nos resíduos sólidos, pois se trata
de uma comunidade com características rurais, com edificações horizontais e com
predominância de atividades agrícolas como fonte de renda da população;
A partir destes dados, passou-se à formulação de políticas de gestão de RSU apoiadas
na premissa de que a melhor maneira de levar a cabo tais políticas seria a conscientização da
população atras da educação ambiental.
Foram desenvolvidas atividades voltadas à educação ambiental, inicialmente
envolvendo os alunos da Escola Municipal Sebastião Rangel, com a participão de
aproximadamente 29% da população (alunos, funcionários e professores da escola). Contando
já com a mobilização de toda a comunidade Tapuiramense, foram realizadas diversas ações de
conscientização ecológica tais como a “I Festa do Meio Ambiente de Tapuirama Tapuirama
Recicla”, além da distribuição periódica de folderes educativos quanto à coleta seletiva de
resíduos sólidos e cartilhas de aproveitamento de alimentos.
Capitulo 5 Conclusões e Sugestões
100
Paralelamente, para que a proposta de educação ambiental continuada pudesse se
materializar como atividade formal e não formal, implantou-se o Núcleo de Educação
Ambiental - NEA no distrito.
O projeto do Núcleo de Educação Ambiental, aliado à coleta seletiva no distrito de
Tapuirama tem o apoio da PMU e da UFU e conta também com a parceria da Associação de
Moradores local, Escola Municipal Sebastião Rangel e instituições privadas ligadas ao setor.
Após as primeiras ações educativas realizadas no Núcleo de Educação Ambiental,
ficou evidente o potencial do espo de se tornar uma opção de lazer para comunidade local,
dada à escassez de outras possibilidades dessa natureza no distrito. Aproveitando essa
situação para promover um maior engajamento da população na defesa do meio ambiente,
passaram-se a realizar, no NEA, atividades voltadas principalmente para a terapia ocupacional
e para o aperfeiçoamento profissional através de oficinas de “Papel Artesanal”, “Cestariae
“Peças em Mosaico Cerâmico” entre outras.
O impacto da implantação dessa Política de Educação Ambiental, aliada à Coleta
seletiva de RSU, proposta no âmbito desse estudo, já se fez sentir na diminuição da destinação
final dos reduos do distrito para o Aterro Sanitário de Uberlândia. Houve um decréscimo da
quantidade de material bruto de 18,13%, de acordo com os dados de pesagem mensal, no
decorrer dos doze meses analisados.
Merece destaque, por sua contribuição para os resultados do trabalho, o envolvimento
do Sr. Geraldo do Sacramento, único catador do distrito, que ficou responsável pela coleta de
recicláveis nos conineres instalados nas ruas e armazenagem do material em depósito
disponibilizado pela prefeitura local. Finalmente, o material, já enfardado, é vendido para a
cooperativa de recicladores de Uberlândia CORU deixando de ser destinado ao Aterro
Sanitário Municipal.
Capitulo 5 Conclusões e Sugestões
101
As políticas de gestão de RSU do distrito também contemplaram o gerenciamento dos
Resíduos de Serviço de Saúde gerados pelo posto de atendimento local. Com a implantação
do PGRSS na unidade de saúde de Tapuirama, os funcionários foram capacitados para o
correto manejo de reduos perigosos, mudando a destinação final destes, que eram
incorretamente dispostos em valas comuns, para valas sépticas construídas para esse fim.
Desta forma, se evitam problemas operacionais no trato com esses materiais nos processo de
armazenamento, coleta, transporte e aterramento.
Apesar dos êxitos iniciais alcançados, o programa de educação ambiental e as
políticas de gestão de RSU implantados no distrito devem ser avaliados e reestruturados de
acordo com as futuras mudanças que possam ocorrer na dinâmica social, econômica e cultural
da comunidade envolvida. Somente com atividades permanentes é possível alcançar, de fato,
mudanças culturais, de hábitos e costumes, necessárias ao almejado desenvolvimento local
sustentável, garantindo a conservação da natureza para as futuras gerações.
A experiência de gestão integrada de resíduos sólidos no distrito de Tapuirama, pelos
bons resultados apresentados e por promover o amadurecimento do processo educacional
ambiental, pode ser aplicada a outras localidades que por ventura não possuam uma política
clara em relação a essa questão.
A definição, implantação e operação inicial do projeto representa o resultado de um
modelo ambiental para pequenas localidades, que se está viabilizando através da educação
ambiental e, conseqüentemente, da participação popular e das entidades públicas e privadas
envolvidas.
O processo para implantação de projetos de coleta seletiva e de políticas públicas de
gestão deve envolver: a)elaboração de diagnóstico sobre a situação dos RSU em termos de
caracterização e quantificação, coleta, transporte, disposição final e possibilidades de
Capitulo 5 Conclusões e Sugestões
102
aproveitamento dos mesmos; b)levantamento da dinâmica das relações sociais, econômicas e
ambientais locais; c)envolvimento da comunidade; e d)apresentação de alternativas sob o
ponto de vista cultural, social, econômico e tecnológico capazes de mobilizar a participação
da comunidade, buscando o apoio de instituições públicas e privadas.
O desenvolvimento desse trabalho, e a posterior proposição de políticas de gestão de
RSU e de educação ambiental, significaram o delineamento de ações pedagógicas e técnicas
que geraram respostas positivas da comunidade e promoveram uma melhoria de sua qualidade
de vida. Resultou gratificante atuar junto a uma população carente de possibilidades de
desenvolvimento pessoal, cultural e de cidadania, ampliando seus horizontes e seus
conhecimentos na área, que são de importância capital para o bem-estar das gerações
vindouras.
Termos Utilizados nos Serviços de Limpeza Urbana
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Administração por autarquia:
Administração exercida por autarquia municipal que inclui
em suas atividades os serviços de limpeza pública.
Administração por empresa privada:
administração ou delegação do poder público
municipal da execução dos serviços de limpeza pública a uma empresa privada.
Abrigo de resíduos:
Local destinado ao armazenamento temporário de resíduos sólidos que
aguardam a coleta.
Acondicionamento
: Ato ou efeito de embalar os resíduos sólidos para o seu transporte.
Coleta regular:
Ato de recolher e transportar resíduos sólidos de qualquer natureza,
utilizando-se veículos e equipamentos apropriados para tal fim, com determinada
regularidade.
Coleta de resíduos de serviços de saúde
: Coleta regular dos resíduos produzidos em
farmácias, centros de saúde, laboratórios, ambulatórios, clinicas veterinárias, hospitais e
estabelecimentos congêneres, executada por vculos apropriados.
Coleta domiciliar
: Coleta regular dos resíduos domiciliares, formados por resíduos gerados
em residências, estabelecimentos comerciais, industriais, públicos e de prestação de serviços,
cujos volumes sejam compatíveis com a legislação municipal vigente.
Termos Utilizados nos Serviços de Limpeza Urbana
104
Coleta particular:
Coleta de qualquer natureza pela qual pessoa física ou jurídica,
individualmente ou em grupos executam-na ou pagam terceiros para executá-la.
Coleta regular:
Coleta de resíduos sólidos executada em intervalos pré-determinados.
Coletor de “lixo”:
Operário que recolhe os resíduos acondicionados em recipientes
padronizados, transferindo-os para o veículo da coleta. Faz parte da guarnição do veículo
coletor.
Distância de transporte da coleta
: Distância média a partir do centro geométrico do setor a
ser coletado, até o local efetivamente cumprido, ida e volta, dividido por dois.
Entulho:
Sobra ou resíduo sólido proveniente de construção, reforma, trabalho de conserto e
demolição de edificação, pavimentação e outras obras, sendo predominantemente composto
de material inerte (Classe IIB, conforme NBR 10.004/04).
Freqüência de coleta:
Número de dias por semana em que é efetuada a coleta regular, num
determinado itinerário.
Geração
: Transformação do material utilizável em resíduo.
Identificação:
Conjunto de medidas que permite o reconhecimento dos resíduos contidos nos
sacos e recipientes, fornecendo informações ao correto manejo dos resíduos sólidos.
Riscos biológicos:
A presença de microrganismos como bactérias, vírus ou fungos, por
exemplos, associada a procedimentos inadequados realizados em estabelecimentos de
serviços de saúde, expõe os seres humanos a possíveis infecções. Os pacientes, funcionários e
visitantes eso expostos a este tipo de risco.
Termos Utilizados nos Serviços de Limpeza Urbana
105
Riscos de acidentes:
a permanência no meio ambiente de instalações inadequadas,
insatisfatórias ou deterioradas, como por exemplo, fios elétricos expostos, pisos
escorregadios, escadas sem corrimão, vidros quebrados, dentre outros, contribuem para que
aconteçam acidentes.
Riscos ergonômicos
: a exposição a situações de esforços além dos limites tolerados pelo ser
humano (cargas excessivas, postura inadequada no transporte de cargas), condições
ambientais desfavoráveis (falta de iluminação, rdo excessivo, temperaturas extremas) e a
realização de atividades com movimentos repetitivos, apresentam risco ergonômico podendo
resultar em danos à saúde humana.
Riscos químicos:
materiais tóxicos, como solventes, combustíveis, ácidos e outros
apresentam a característica de possibilitam intoxicação, explosão e queimaduras, dentre
outros.
Segregação
: Consiste na separação no momento e local de geração dos reduos, de acordo
com as características físicas, químicas, biológicas, estado físico e/ou classificação.
Veículo coletor:
Veículo dotado de carroceria especialmente projetada para a coleta de
resíduos a que se destina e com recursos de descarga sem uso de mão humana.
Referências Bibliográficas
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de 2004.
Anexo A
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O
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ESUMO DOS
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RINCIPAIS
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ROJETOS DE
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OLETA
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ELETIVA NO
B
RASIL
Anexo A
Município
Descrição e objetivos
Angra dos Reis (RJ)
1990
A coleta seletiva foi inicialmente implantada em bairros com deficiência na coleta convencional e contou com o
apoio financeiro de organizações não governamentais nacionais e internacionais. Foi utilizado o modelo porta a
porta. O envolvimento a população é grande, principalmente devido à troca de materiais recicláveis por bens de
consumo (os interessados se cadastram no galpão de triagem e são periodicamente visitados pelos veículos
coletores). Foi objetivo da ação, a busca de solução para problemas de falta de espaço na disposição, atendimento a
lugares inacessíveis e atração de turistas, através da melhoria da qualidade ambiental.
Belo Horizonte (MG)
1993
“BH Reciclando”
O projeto de coleta seletiva não é um programa isolado, mas parte do Programa de Manejo Diferenciado de RSU,
englobando os recicláveis, a parcela orgânica presente no “lixo” urbano e entulhos. A coleta é feita através de
aproximadamente 200 postos de entrega voluntária e conta com cinco caminhões coletores. Cerca de 210 catadores
cadastrados, que foram capacitados pela Prefeitura, Pastoral de Rua e CEMPRE estão envolvidos no processo. O
foco é a revisão de conceitos, hábitos e valores ligados ao consumo e ao desperdício. Os principais objetivos são:
diminuir os impactos ambientais, conscientizar a população quanto à responsabilidade individual com relação aos
resíduos sólidos, trazer benefícios sociais e econômicos para o município.
Brasília (DF)
1996
Abrangendo toda a cidade, a coleta diferenciada vem sendo realizada porta a porta, separando os materiais em secos
e molhados. Os dados são monitorados e transmitidos à população freqüentemente. Tem como principal objetivo a
promoção da cidadania com base na consciência individual. A atividade de catação foi regulamentada em Lei
Distrital.
Campinas (SP)
1991
Programa criado através de Lei Municipal de coleta nas modalidades porta a porta e posto de entrega voluntária (14
PEVs). Consiste na coleta diferenciada dos recicláveis secos e da parcela orgânica. O projeto é baseado nos
princípios da Educação Ambiental, sendo as crianças consideradas como agentes do processo desde a p-escola.
Campinas possui a vantagem de possuir empresas de reciclagem, o que valoriza o material por não ter que passar por
intermediários até chegar no destino final para o aproveitamento. Os principais objetivos são aumentar a vida útil do
aterro sanirio, melhorar a qualidade de vida da população e gerar renda para o Fundo Social Municipal.
Curitiba (PR)
1989
“Lixo que não é lixo”
O Programa prevê a coleta os reduos inorgânicos separadamente através do sistema porta a porta. Oferece a
possibilidade da troca de resíduos por vales transporte e alimentos. Tem como objetivo criar o hábito de separar os
materiais, sensibilizar a população quanto à destinação final e reforçar a alimentação das camadas mais
desfavorecidas.
Quadro A.1 - Projetos de Coleta Seletiva em Angra dos Reis (RJ), Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Campinas (SP) e Curitiba (PR)
Fonte: Damasceno, D.Q. (2004).
Anexo A
Florianópolis (SC)
1986
O programa local de coleta atinge 25 bairros da cidade recolhendo porta a porta os materiais recicláveis que são
posteriormente doados à cooperativa de catadores. Não há educação ambiental contínua e sim atividades pontuais
desenvolvidas através de palestras e eventos. A cidade conta com 10 papeleiros, que coletam em média sete toneladas
de papel por semana. Parte deste material é enviado para a PROMENOR, organização não governamental que
trabalha com terapia ocupacional para crianças, através da reciclagem artesanal de papel. Os objetivos iniciais eram de
retirar 10% dos resíduos do Aterro Sanitário, comprometer a população com a qualidade ambiental e gerar renda para
os catadores envolvidos no processo.
Ituiutaba (MG)
“Ituiu taba Recicla”
2001
Os moradores da cidade separam os resíduos sólidos, sendo que os materiais limpos e secos como vidro, plástico,
metal e papel, são recolhidos toda semana, nos dias programados pelo serviço da Coleta Seletiva. A população é
informada, por meio de impressos, de como é feita a Coleta Seletiva, e orientada para a separação de materiais
recicláveis. O Programa Ituiutaba Recicla propõe a Educação Ambiental para todas as pessoas, proporcionando o
esclarecimento, por meio da integração Homem-Ambiente, para a evolução de um novo paradigma de consumo e,
conseqüentemente, do que se entende como bem-estar e qualidade de vida. A Educação Ambiental objetiva esclarecer
a importância de cada pessoa no processo de conservação e utilização dos recursos naturais. O projeto foi elaborado e
vem sendo operado em parceria por todas as secretarias municipais. O principal objetivo é dar uma solução adequada
aos resíduos gerados no município e faz parte da proposta de implantação do aterro sanitário municipal, que deve
entrar em operação no inicio de 2005.
Porto Alegre (RS)
1990
A coleta seletiva faz parte do Programa de Gerenciamento Integrado de RSU que, por sua vez, atende as diretrizes do
Plano Diretor de Meio Ambiente e Saneamento do Município. Em julho de 1997, o programa já atingia 100% dos
bairros, tendo destinado mais de 28 mil toneladas de materiais para a reciclagem ao longo de sua exisncia.A coleta é
feita no sistema porta a porta ou nos 28 postos de entrega voluntária em locais públicos. Am do material reciclável,
também é coletada uma parcela de material orgânico que é encaminhado para compostagem ou para a suinocultura da
região. Os objetivos iniciais eram: reverter às condições do antigo lixão, gerar empregos e consciência ambiental e
tornar o indivíduo agente da construção de soluções para o tratamento destes materiais.
Ribeirão Preto (SP)
1991
“Lixo Útil”
Através de postos de entrega voluntária e coleta porta a porta, o programa atende a aproximadamente 35% da
população. Ribeirão Preto possui algumas indústrias de reciclagem, o que facilita o escoamento dos materiais. O
programa inclui um sistema de compostagem de galhos e poda, além de uma unidade de reciclagem de entulho. O
serviço é terceirizado permitindo a prefeitura dedicação exclusiva à educação ambiental. Os objetivos principais são:
diminuir as quantidades de resíduos sólidos e engajar-se em um contexto sustenvel, através da educação ambiental.
Quadro A.2 - Projetos de Coleta Seletiva em Florianópolis (SC), Ituiutaba (MG), Porto Alegre (RS) e Ribeio Preto (SP)
Fonte: Damasceno, D.Q. (2004).
Anexo A
Rio de Janeiro (RJ)
1992
O programa foi concebido através de cooperativas de catadores (aproximadamente 1.100). Os resíduos são coletados
pelos catadores nas fontes de geração e também são entregues em postos de entrega voluntária. A prefeitura fornece
equipamentos de segurança, uniformes, crachás, carrinhos individuais e três caminhões para a coleta de papéis no
centro da cidade. Os principais objetivos são: reduzir o volume de resíduos destinados ao aterro, valorização da
profissão de catador e fortalecer o mercado de materiais recicláveis.
Santo André (SP)
1997
“Santo And
Recicla”
O projeto se desenvolve dentro do princípio da promoção de organização social. É articulado entre as secretarias da
Prefeitura com o objetivo de: resgatar a cidadania, qualificar espaços urbanos, melhorar as condições de limpeza
urbana, preservar o meio ambiente, gerar renda e assegurar a adequada disposição final dos resíduos. São promovidas
atividades culturais, de lazer, de desenvolvimento econômico e terapias ocupacionais. A Prefeitura é responsável pela
infra-estrutura e pelo desenvolvimento das atividades. Conta também com cerca de 200 carrinheiros na cidade. O
escoamento do material é feito com sucateiros e indústrias sediadas no próprio município.
Santos (SP)
1990
“Lixo Limpo”
O programa se baseia nos princípios da Agenda 21 e se propõe a equacionar a problemática dos RSU, através da
redução, reutilização e reciclagem. A coleta porta a porta atinge aproximadamente 75% da população e conta também
com 46 postos de entrega voluntária distribuídos pelo município. São realizadas atividades periódicas de Educação
Ambiental, através de reuniões, visitas, palestras, oficinas, etc. Objetivos: uso dos recicláveis, redução dos custos da
disposição final e da coleta convencional e o auxílio financeiro a programas sociais, tais como os Programas de Saúde
Mental e Ação Comunitária.
São José dos
Campos (SP)
1990
“Luxo do Lixo”
Com a necessidade de aumentar a vida útil do aterro local e desenvolver a consciência ambiental da população, a
solução encontrada pelo poder executivo municipal foi separar os materiais recicláveis. O programa de coleta,
inicialmente desenvolvido em dois bairros, em 1998 já contava com a inclusão de mais cem. Atualmente mais de 200
mil habitantes são atendidos pela coleta que é realizada porta a porta, semanalmente e por equipe especializada. O
sistema possui ainda postos de entrega de vidros (os “papa -vidros”), que foram fornecidos pela Associação Brasileira
das Indústrias de Vidro, uma das parceiras no projeto. Os lucros arrecadados são convertidos em material de
construção, que são doados a famílias no programa de habitação popular. Uma série de atividades de educação
ambiental são desenvolvidas com a comunidade de forma continuada, dentre elas destaca-se o “Lixo tur, que é a
visitação de alunos de escolas públicas e particulares à Estação de Tratamento de Resíduos.
Quadro A.3 - Projetos de Coleta Seletiva no Rio de Janeiro (RJ), Santo André (SP), Santos (SP) e São José dos Campos (SP)
Fonte: Damasceno, D.Q. (2004).
Anexo A
São Paulo (SP)
O Programa de Coleta Seletiva Solidária está inserido na proposta da Política Municipal de Resíduos Sólidos e no
Plano Diretor de Resíduos Sólidos do município, construídos pela Secretaria de Serviços e Obras, juntamente com
outras dez Secretarias de Governo. A proposta é minimizar a destinação final dos RSU nos aterros sanitários, gerar
renda e diminuir a exclusão social na cidade de São Paulo. São adotadas as duas modalidades de coleta seletiva:
“coleta seletiva domiciliar” e “Postos de Entrega Voluntária - PEVs”. 77% da coleta é realizada com caminhões
próprios da frota da Secretaria de Serviços e Obras, os 23% restantes são coletados com caminhões das
Administrões Regionais. A mão-de-obra (motoristas e coletores) é da própria Prefeitura.
São Sebastião (SP)
1989
“Minimizando
Resíduos em São
Sebastião”
A implantação da coleta seletiva no município teve como objetivo inicial sensibilizar as pessoas para a preservação
ambiental, diminuir o desperdício, reduzir o volume de geração e tornar a cidade mais agradável. O projeto tem como
característica a participação da população, através de idéias que são apresentadas em reuniões, antes do início das
atividades em cada bairro e que se tornaram atividades continuadas. É um programa essencialmente educativo, no
qual se procura desenvolver no individuo o vínculo afetivo com o meio ambiente e a coletividade A coleta é feita
através das modalidades porta a porta e postos de entrega voluntária.
USP (SP)
1994
O programa local de coleta se baseia nas diretrizes da Agenda 21 e em programas de Qualidade Total. Para cada um
dos seis campi da Universidade é realizada a caracterização dos materiais e a avaliação do potencial de redução,
reutilização e reciclagem dos mesmos. Os resultados são transmitidos para a comunidade envolvida através de
encontros educativos. Os objetivos do programa são: desenvolver na Universidade a consciência ambiental, contribuir
para o gerenciamento de RSU nesta instituição e fomentar a pesquisa dos materiais e processos.
Uberlândia (MG)
2004
“Coleta Solidária”
Alternativa encontrada pelo município para aumentar a vida útil do aterro sanitário municipal, o programa de coleta
seletiva, gera renda e valoriza o trabalho dos catadores da cidade, que antes do início da coleta já eram estimados em
2500. Abrange hoje apenas seis bairros do distrito sede, que foram escolhidos levando-se em consideração,
principalmente, a renda da população e a proximidade com o galpão de triagem, que foi disponibilizado para uma
associação de catadores. Dentre os objetivos do projeto, destacam-se: legitimar e capacitar os catadores através de
cooperativas e assegurar melhor renda para estes.
Quadro A.4 - Projetos de Coleta Seletiva em São Paulo (SP), São Sebastião (SP), USP (SP) e Uberndia (MG)
Fonte: Damasceno, D.Q. (2004).
Anexo B
A
A
N
N
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E
X
X
O
O
B
B
Q
UESTIONÁRIO
S
OCIAL
E
CONÔMICO
E
A
MBIENTAL
Anexo B
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA URBANA
Data de realização da entrevista: ___ / ___ / 2004
Nome do Entrevistado: ______________________________________________________
Endereço: ________________________________________________________________
Parte I Perfil familiar
I.1. Quem é o chefe da família ? _______________________________________________
I.2. Pessoas que compõem a família
Parentesco
Idade
Ocupação
Escolaridade
Escola
Período
I.3. Número de pessoas com trabalho remunerado ________
Quem são ________________________________________________________________
I.4. Renda mensal de toda família R$________________
I.5. Animais domésticos:
o possui
!
Possui
!
Se possui, qual? ______________________________________
A alimentação do animal é: Ração
!
Ração + outro alimento
!
Qual? _______________
I.6. Possui: Geladeira
!
Freezer
!
I.7. A família de um modo geral, freqüenta algum clube, associação ou centro comunitário?
Anexo B
o
!
Sim
!
Qual?
_______________________________________________________
I.8. Atividade de lazer mais freqüentemente utilizada pela família (ler / assistir TV / praticar
esportes / cinema / sair com os amigos / ...) ______________________________
Parte II Nível de informação a respeito do lixo
II.1 Conhecimento sobre problemas causados pelo lixo.
a)
Na sua opinião, que tipos de problemas o lixo poderia causar?
_________________________________________________________________________
b)
Em Tapuirama há algum problema causado pelo lixo?
_________________________________________________________________________
II.2 Atividades em relação à disposição e/ou aproveitamento do lixo.
a)
Costuma separar lixo para vender ou doar? Não
!
Sim
!
b)
Se sim, quais os materiais?
___________________________________
II.3 Conhecimento sobre coleta seletiva / material reciclável
a)
Você sabe o que é coleta seletiva de lixo? Não
!
Sim
!
b)
Você sabe o que é lixo (material) recicvel? Não
!
Sim
!
Se sim cite um exemplo de material reciclável e um exemplo de não reciclável?
_________________________________________________________
c)
Você já deixou de comprar algum produto só para evitar o desperdício ou a poluição
causada por ele? Não
!
Sim
!
d)
Costuma jogar algum tipo de lixo na rua? Não
!
Sim
!
e)
Utiliza restos de comida como adubo? Não
!
Sim
!
f)
Geralmente reutiliza embalagens? Não
!
Sim
!
II.4 Qual o destino do seu lixo?
Anexo B
!
Depositado na rua para coleta da prefeitura
!
Queimado
!
Enterrado
!
Outros: ________________________________________________________________
Parte III Saúde da Família
III.1 Quais as doenças que você e sua família tiveram nos últimos 2 anos?
!
Desnutrição infantil
!
Pressão alta
!
Pressão baixa
!
Dengue
!
Problemas Cardíacos
!
Anemia
!
Pneumonia
!
Verminose
!
Diarréia
!
Outras: __________________________
III.2 A sua moradia dise de:
!
Vaso sanitário com descarga
!
Vaso sanitário sem descarga
!
Fossa em construção isolada
!
Outro: _________________
Anexo C
A
A
N
N
E
E
X
X
O
O
C
C
M
ATERIAIS
R
ECICLÁVEIS
COM
I
NDUSTRIA
NO
B
RASIL
Anexo C
Classificação dos materiais recicláveis de acordo com a destinação nas
industrias recicladoras brasileiras
Papel Ondulado: Caixas de papelão em geral, papel Kraft, capas de caderno e
pequenas caixas.
Papel Branco: papeis sulfite ou couchê com pouca impressão (fotocópia, caderno e
apostila sem capa e espiral, livros sem capa, listagem de computador e refilados, sem
umidade).
Papel Misto: Papel colorido com ou sem impressão (papeis couchês, aparas de
gráficas, papel cartão, cartolinas, revistas, material de propaganda).
Jornais: Jornais limpos.
Tetrapack: caixas de embalagens longa vida.
PET 1: garrafas de refrigerantes.
PET 2: garrafas de água mineral, sucos, desinfetantes, óleo de cozinha, vinagre.
Plástico mole (colorido ou incolor): plástico de alta flexibilidade (embalagens de
cereais, lonas, embalagens de bebidas).
PEAD: garrafas coloridas e leitosas, embalagens de produtos de limpeza até 5 litros,
embalagens de amaciantes, detergentes, óleo de motor, xampus etc.
PP 1: garrafas plásticas azuladas de água mineral, vasilhas de alimentos como toddy,
margarina e sorvetes.
PP 2: pra choque preto sem pintura, tanquinhos, cadeiras e mesas de plástico.
Plástico duro: bacias, baldes e brinquedos sem ferros.
PVC rígido: tubos e conees, forros e canaletas.
PVC flexível: mangueiras de jardim sem malha.
Anexo D
A
A
N
N
E
E
X
X
O
O
D
D
F
OLDER
C
AMPANHA “
T
APUIRAMA
R
ECICLA”
Anexo E
A
A
N
N
E
E
X
X
O
O
E
E
C
ARTILHA
“B
ARRACA
S
ABOR DO
S
ABER
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