_______________________________________________________________ Resumo
v
Vários trabalhos demonstram que a febre induzida pelo LPS requer a produção
periférica de citocinas e central de prostaglandina (PG)E
2
e PGF
2α
por uma via sensível à
indometacina. Entretanto, vários estudos de nosso grupo sugerem a existência de uma via
insensível à indometacina e independente de PGE
2
, devido ao fato de que não existe relação
entre a febre induzida pela endotelina (ET)-1 e o aumento das concentrações de PGE
2
no
fluido cerebroespinhal (CSF). Além disso, também mostramos que o veneno de Tityus
serrulatus (vTs) causa uma resposta febril que não é alterada pelos inibidores de
ciclooxigenase (COX) ibuprofeno e celecoxib. Adicionalmente, a febre induzida pela ET-1 ou
vTs foi abolida pela dipirona, uma droga antipirética que parece produzir seu efeito por
mecanismo independente da inibição de COX. Dessa forma, o objetivo desse estudo foi
avaliar a relação entre a quantidade de PGE
2
no CSF e no hipotálamo durante a febre induzida
pelo LPS, ET-1 e vTs em ratos, bem como o efeito da indometacina e da dipirona nesses
parâmetros. Além disso, a participação do receptor EP
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para PGE
2
na febre induzida pelo
LPS, ET-1 e vTs também foi avaliado. O CSF e o hipotálamo foram coletados de acordo com
a curva-temporal da resposta febril induzida por cada um desses estímulos. O presente estudo
demonstrou que a injeção de LPS (5µg/kg, i.v.) e ET-1 (1pmol/rat, i.c.v.) induziu uma
resposta febril acompanhada de um aumento das concentrações de PGE
2
no CSF e no
hipotálamo, enquanto que a injeção de vTs (150 µg/kg, i.p.) induziu febre sem alterar as
concentrações de PGE
2
no CFS e no hipotálamo. A indometacina (2 mg/kg, i.p.) somente
reduziu a resposta febril induzida pelo LPS na terceira hora, entretanto previniu o aumento de
PGE
2
no hipotálamo e no CSF na segunda e terceira horas após a injeção de LPS. Como
esperado, a indometacina não modificou a febre induzida pela ET-1 e vTs, porém diminuiu a
concentração de PGE
2
no CFS e no hipotálamo induzido pela ET-1. Por outro lado, a dipirona
(120 mg/kg, i.p.) inibiu a resposta febril induzida pelo LPS, ET-1 e vTs e reduziu a
concentração de PGE
2
no CSF durante a febre induzida pelo LPS e ET-1, sem modificar a
quantidade de PGE
2
no hipotálamo após a injeção de LPS e ET-1. Adicionalmente,
observamos que a injeção intracerebroventricular do antagonista seletivo de receptores EP
3
L-
826266 inibiu a febre induzida pela PGE
2
(35%), mas não alterou a febre induzida pelo LPS,
ET-1 ou vTs. Em síntese, esses resultados indicam que nem todas as febres dependem de
PGE
2
para o seu desenvolvimento (ex., febre induzida pela ET-1 e vTs) e que a dipirona
exerce seu efeito antipirético sem reduzir a quantidade de PGE
2
no hipotálamo. Uma vez que
a dipirona aboliu a febre insensível à indometacina induzida pela ET-1 e a febre induzida pelo
vTs, que não aumenta a concentração de PGE
2
no CSF ou tecido hipotalâmico, é possível
enfatizar que o efeito antipirético da dipirona pode depender do bloqueio da síntese/liberação