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abertura entre as células epiteliais e a apoptose. A produção local de enzimas
proteolíticas causa a degeneração do tecido conjuntivo, levando a colite, diarréia e
formação de pseudomembranas. Essas últimas possuem uma aparência distinta
caracterizada por placas branco-amarealdas que histologicamente são compostas
por neutrófilos, fibrina, mucina e restos celulares (POUTANEN & SIMOR, 2004). De
acordo com esses mesmos autores, em suma, pelo menos três eventos devem
ocorrer na patogênese da diarréia induzida pelo C. difficile: alteração da flora fecal
normal, colonização colônica com o C. difficile toxigênico e o crescimento dessa
bactéria com a elaboração de suas toxinas.
3.1. DOENÇAS INTESTINAIS INDUZIDAS PELO Clostridium difficile
Em 1935 o C. difficile foi pela, primeira vez, isolado de fezes de neonatos,
no entanto, apenas quarenta anos mais tarde é que esta bactéria foi admitida como
a principal causa da colite pseudomembranosa e diarréia associada a antibióticos
(SILVA & SALVIANO, 2003), no entanto a colite pseudomembranosa fora descrita
pela primeira vez por Finney em 1893 (FERREIRA et al., 1999). Atualmente,
reconhece-se que esta bactéria é o agente causador de 20-30% dos casos de
diarréia associada a antibioticoterapia, 50-75% da colite associada a antibióticos e
90% da colite pseudomembranosa (BARLETT et al., 1980; BRETTLE et al., 1984;
GEORGE et al., 1982; GILLIGAN et al., 1981; PRICE & DAVIES, 1977).
A colonização pelo C. difficile ocorre principalmente devido à uma baixa
resistência do organismo do paciente durante terapia indiscriminada de antibióticos,
resultando em alteração na flora intestinal. No entanto, outros fatores de riscos
podem estar associados, como: períodos longos de internação hospitalar, doenças
debilitantes e imunossupressoras e idade avançada (JOHNSON et al, 1998; CLIMO
et al, 1998). Adultos hospitalizados têm índices de colonização em torno de 20 a
30%, enquanto que esse índice em pacientes não hospitalizados é apenas de 3%
(BARTLETT, 1992; VISCIDI et al., 1981; McFARLAND et al., 1989). Os antibióticos
mais freqüentemente associados com a diarréia associada ao C. difficile são as
clindamicinas, cefalosporinas e penicilinas de amplo espectro (BARTLETT, 1992;
KELLY, et al., 1994; GERDING, 1989; FEKETY e SHAH, 1989; BARTLETT, 1981).
Porém, segundo BARTLETT (2002), qualquer antibiótico pode conduzir a uma